Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Guia Projetos Sociais Novo
Guia Projetos Sociais Novo
Guia Par
Para Elabor
ara ação de Pr
Elaboração ojet
Projet os Sociais
ojetos
Luis Stephanou
Lúcia Helena Müller
Isabel Cristina de Moura Carvalho
2a Edição – 2003
4
Cip – C
Ca talogação
atalog ação na PPublicação
ublicação
Bibliotecária Responsável: Cristina Troller CRB10/1430
ISBN 85-233-0703-6
Outubro 2003
Sumário 5
Apresentação 6
Introdução 8
Conclusão 88
Bibliografia 93
6 Apresentação
Foi com grande prazer que recebi o convite para escrever algumas
palavras de apresentação deste Guia, produzido a seis mãos pelos
amigos Luis, Lúcia e Isabel.
No atual contexto de crescente complexificação da ação social, de
aparentes consensos sobre o que seja uma boa prática na área social, e
da universalização dos projetos sociais como instrumento de ação, de
parceria e de captação de recursos, torna-se fundamental conceber a
ação social através de projetos como espaços e processos de caráter
estratégico. Estratégico no sentido de que ali - no curso das ações, nos
espaços de reflexão, na gestão dos conflitos, na interlocução com outros
atores e na celebração das vitórias – vão aos poucos emergindo novos
saberes, novas percepções, novas relações, novas energias, enfim, vão se
instituindo novos sujeitos. Se um projeto social contribuir de forma
relevante para fazer brilhar a luz interior de cada indivíduo no processo
de constituição de novos sujeitos coletivos, então ele terá promovido o
resgate da dignidade humana, em suma, terá sido exitoso.
Este Guia para elaboração de projetos sociais representa uma
7
Doming os Armani
Domingos
8 Introdução
Nas últimas décadas o Estado e a sociedade brasileira, são hoje, tanto ou mais do que há cinqüenta anos atrás,
fortemente influenciados pelo contexto internacional, parte dramática de nossa realidade.
passaram por profundas mudanças nas suas relações,
formas de organização e na própria gestão das políti- A Sociedade Civil brasileira, com seus movimentos e organi-
cas públicas. zações também se transformou e, ao mesmo tempo, foi
importante agente de algumas destas mudanças. Em me-
Num sentido, o processo de globalização e a atual re- nos de três décadas saiu de um contexto de resistência ao
volução nas formas de produção e reprodução do ca- regime político para um processo de mobilizações sociais
pital condicionam nossas vidas (e das organizações (eleições livres e diretas, constituinte, greves, impeachment)
que criamos) do ponto de vista social, econômico, po- e, posteriormente, tornar-se sujeito da construção de políti-
lítico e cultural. cas sociais, através da utilização de canais ou mecanismos
de participação na gestão pública.
Em nosso país, saímos de um contexto de ditadura militar
para um longo (e lento!) processo de democratização. No Assim, na atualidade tem-se um quadro no qual Estado e
momento em que escrevemos estas palavras, assistimos Sociedade Civil interagem com mais freqüência e intensi-
a eleição de uma liderança popular, formada nas lutas dos dade do que em outros períodos. Este processo vem pro-
movimentos sociais, para presidente da nação. vocando mudanças, das quais destaca-se o crescimento
do que se convencionou chamar de terceiro setor e, parti-
Nestes 20 ou 25 últimos anos, tendo a Constituição de cularmente, o fortalecimento de determinada espécie de
1988 como um marco do processo democrático, houve organizações da Sociedade Civil – as chamadas ONGs.
importantes mudanças na forma de organização do Esta-
do e na sua articulação com a Sociedade Civil. As organizações que formam o terceiro setor não têm uni-
formidade de ações ou de visão de mundo entre suas orga-
Em primeiro lugar, com a consolidação de um quadro nizações. Contudo, apesar das origens, trajetórias e perspec-
plural de partidos políticos e a realização constante de tivas tão diferenciadas é inegável a presença e a visibilidade
eleições para os mais diversos níveis, conseguiu-se a que, enquanto “bloco”, este conjunto de organizações soci-
implementação de orientações políticas diversificadas, ais vem logrando construir. Essa presença é cada vez mais
tanto do ponto de vista de idéias e prioridades como notável do ponto de vista político e social, mas também
em seus métodos de gestão. A condução do Estado se como catalisador de atividades econômicas.
tornou mais plural; o próprio Estado passou a ser visto
como algo plural. Dentro deste amplo guarda-chuva, vem crescendo o
número e a importância das ONGs para a vida social no
Contudo, é preciso reconhecer que nesta pluralidade Brasil. Há, inclusive, importantes mudanças na legisla-
prevaleceram as políticas neoliberais, que priorizam ção. A lei 9790/99, ao definir o marco das Organizações
ajustes econômicos em detrimento de políticas sociais. da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs e suas
Assim, apesar da democratização política, neste período possibilidades de parceria com organizações do Estado,
aumentou a concentração de renda e, em conseqüência, busca redefinir o perfil destas relações, tradicionalmen-
também aumentou a massa de deserdados do campo e te ancoradas no assistencialismo e em organizações de
da cidade. Os resultados estão aí: a fome e a exclusão caráter filantrópico.
9
Todas estas mudanças contribuem para o crescimento curamos, na medida do possível, extrair exemplos con-
de intervenções públicas sob a forma de projetos. O cretos de projetos existentes para colaborar no enten-
trabalho que segue, de certa forma, também é um fru- dimento de alguns pontos.
to deste novo contexto.
Cabe destacar que este trabalho não teria sido possível
Este Guia para Elaboração de Projetos Sociais começou sem o apoio de muitos amigos e amigas. Gostaríamos de
a ser pensado a partir de cursos, encontros e seminários agradecer aos grupos, citados no decorrer do texto, que
que, nos últimos três anos, seus autores vêm desenvol- cederam parte de seus projetos para serem citados. À Soci-
vendo com organizações governamentais e fóruns de edade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação
entidades ou grupos da Sociedade Civil e universidades. Ambiental – SPVS, na figura de seu diretor, o senhor Clóvis
Também contribuiu na reflexão sobre os projetos a lei- Ricardo Borges, agradecemos a cessão de extratos do livro
tura de propostas que solicitaram apoio junto à Funda- “Práticas para o sucesso de ONGs ambientalistas”. A equi-
ção Luterana de Diaconia. A soma das experiências de pe da Fundação Luterana de Diaconia – FLD e o pessoal da
aula e a leitura de muitos projetos nos convenceram da sede da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –
importância de um material que sistematizasse nosso IECLB prestaram apoio, suporte logístico e animaram nos-
trabalho. Assim nasceu este guia. so trabalho. Domingos Armani, além de gentilmente se
dispor a escrever a apresentação, nos transmitiu confiança
O texto está dividido em três partes: a partir de seus comentários. Cristina Pozzobon e Susanne
Numa primeira, expomos algumas questões que ten- Buchweitz, responsáveis pelo projeto gráfico e pela revisão,
tam responder a seguinte pergunta: por que projetos fizeram muito mais do que isto; estiveram nos apoiando e
sociais? tranqüilizando durante os momentos de incerteza. A todos
Na segunda parte trabalhamos aspectos conceituais, em estes grupos e pessoas, muito obrigado!
busca de algumas definições que consideramos essenci-
ais em torno de projetos sociais. Este material – que já está na segunda edição – foi pen-
Finalmente, na terceira parte, sob a denominação de sado para o público com o qual freqüentemente trabalha-
“itens de um projeto”, analisamos e comentamos o que mos. Assessores de Organizações Não-Governamentais,
pode ser uma proposta de projeto, tratando de destacar lideranças de grupos sociais, associações comunitárias e
um esquema lógico no qual praticamente qualquer servidores de órgãos públicos. A todos desejamos boa lei-
grupo ou iniciativa poderá estruturar seu trabalho ou tura e que algo deste material seja útil em suas iniciativas.
suas demandas.
Em anexo, destacamos uma bibliografia e fontes de con- Luis Stephanou
sulta virtual sobre o assunto e alguns temas relacionados. Lúcia Helena MMüüller
Isabel Cristina de MouraC
Moura ar
Carvalho
arv
Os leitores irão perceber que há uma dinâmica de
apresentação de gráficos e, na seqüência, rápidos co-
mentários sobre estes esquemas visuais. Os comentá-
rios não são cópias exatas dos gráficos, pois estes ser-
vem como um fio condutor das questões que conside-
ramos mais importantes em cada ponto. Também pro-
10
Por que
projetos sociais?
Por que projetos sociais? 11
Os projetos sociais nascem do sempre interagindo, através de di- pação e boa articulação entre os
desejo de mudar uma realidade. ferentes modalidades de relação, setores sociais envolvidos nas ins-
Os pr ojet
projet os são pon
ojetos tes en
pontes tr
entreo
tre com políticas e programas volta- tâncias de gestão compartilhada.
desejo e a rrealidade
ealidade
ealidade.. São ações dos para o desenvolvimento social. Este é o caso dos conselhos
estruturadas e intencionais, de Um pr ojet
projet o não é uma ilha
ojeto ilha.. gestores que vêm se estabelecen-
um grupo ou organização social, Neste sentido, os projetos soci- do em várias áreas das políticas
que partem da reflexão e do diag- ais podem tanto ser indutores de sociais tendo como finalidade um
nóstico sobre uma determinada novas políticas públicas, pelo seu modelo de gestão participativa
problemática e buscam contribuir, caráter demonstrativo de boas Um projeto social é uma uni-
em alguma medida, para “um ou- práticas sociais, quanto atuarem dade menor do que uma política e
tro mundo possível”. Uma boa na gestão e execução de políticas a estratégia de desenvolvimento
definição é formulada por Domin- já existentes. social que esta implementa. Os
gos Armani: Políticas públicas são aquelas projetos contribuem para trans-
“Um projeto é uma ação social ações continuadas no tempo, fi- formação de uma problemática
planejada, estruturada em objeti- nanciadas principalmente com re- social, a partir de uma ação geral-
vos, resultados e atividades, base- cursos públicos, voltadas para o mente mais localizada no tempo e
ados em uma quantidade limita- atendimento das necessidades co- focalizada em seus resultados. A
da de recursos (...) e de tempo” letivas. Resultam de diferentes for- política pública envolve um con-
(Armani, 2000:18). mas de articulação entre Estado e junto de ações diversificadas e
Os projetos sociais tornam-se, sociedade. A tomada de decisão continuadas no tempo, voltadas
assim, espaços permanentes de quanto à direção das ações de de- para manter e regular a oferta de
negociação entre nossas utopias senvolvimento, sua estruturação um determinado bem ou serviço,
pessoais e coletivas – o desejo de em programas e procedimentos envolvendo entre estas ações pro-
mudar as coisas –, e as possibilida- específicos, bem como a dotação jetos sociais específicos.
des concretas que temos para rea- de recursos, é sancionada por inter- Finalmente, vale lembrar que
lizar estas mudanças – a realidade. médio de atores governamentais. há também muitos projetos soci-
A elaboração de um projeto Num modelo de gestão participati- ais que não estão diretamente
implica em diagnosticar uma rea- va, é desejável que estas políticas ligados a uma política pública go-
lidade social, identificar contextos resultem de uma boa articulação vernamental. Operam com recur-
sócio-históricos, compreender re- da Sociedade Civil com o Estado, sos públicos e privados provenien-
lações institucionais, grupais e co- permitindo que a Sociedade Civil tes de agências de cooperação in-
munitárias e, finalmente, planejar compartilhe não apenas a execu- ternacional. Mas, ainda assim,
uma intervenção, considerando os ção, mas, sobretudo, os espaços de nestes casos, os projetos estarão
limites e as oportunidades para a tomada de decisão, atuando no ocupando um espaço de media-
transformação social. planejamento, monitoramento e ção e interlocução com as políti-
Os projetos sociais não são rea- avaliação destas políticas. cas públicas nacionais no campo
lizações isoladas, ou seja, não mu- O desafio das políticas públicas do desenvolvimento social. Ou
dam o mundo sozinhos. Estão é assegurar uma relação de partici- seja, também são públicos.
12
No
Novva fforma
ormatação das rrelaç
ormatação elações
elações
en tr
entr e EEstado
tre stado e Sociedade Civil
l Desc en
Descen tr
entraliz
tralização do EEstado
alização stado
l Par ticipação da Sociedade Civil or
articipação ganiz
org ada
anizada
l Nova cconfigur
Nov onfiguração das fr
onfiguração on
fronteir
onteir as en
teiras tr
entr e
tre
público e priv
público ado
privado
l Comple xidade no quadr
omplexidade o de implemen
quadro tação
implementação
de políticas sociais
l Redefinição de estratégias de ar
estra ticulação
articulação
destas políticas sociais
O novo formato das relações 15
Projeto social é uma ferramen- dade Civil) a adequarem-se a os organismos sociais (instituição
ta de ação, e como tal deve ser en- políticas e linhas de ação que comunitária, ONG, organização
carada. Isso significa que sua apli- não estão necessariamente em privada) ou com o plano de gover-
cação tem limites e acarreta riscos consonância com as suas. no que promoveu sua implemen-
que devem ser alvo de constante tação, os projetos sociais podem
atenção. Vejamos alguns deles: Quando o financiamento das levar a uma descontinuidade das
ações sociais é de origem pública, ações sociais, pois deixarão de ser
No âmbito do Estado ou de pro- a parceria continuada pode criar apoiados, financiados ou tomados
gramas de ação social de larga am- uma excessiva dependência dos como modelos de ação pelos ato-
plitude, a ação realizada exclusiva- parceiros não-governamentais, res que não se identificarem com
mente sob a forma de projetos so- que passam a utilizar os projetos seus implementadores originais.
ciais pode levar à perda de escala, à sociais como garantia de sua so-
duplicidade de ações empreendi- brevivência institucional. Essa de- Por ser uma ferramenta de
das, a desperdícios e pendência pode levar a distorções ação que se define justamente
irracionalidades na implementa- que, no Brasil, já foram a tônica pela delimitação dos objetivos,
ção de políticas sociais. Isto pode das relações entre o Estado e as das metas, do universo a ser atin-
acontecer em razão da fragmenta- organizações da Sociedade Civil, gido, dos custos e dos prazos de
ção da ação entre diversos agentes, tais como o clientelismo, o uso das execução, a intervenção sob a for-
que tendem a estabelecer metas, políticas públicas em função de ma de projeto social dificulta a
procedimentos e formas de avalia- interesses privados etc. avaliação precisa quanto à
ção autônomos e exclusivos. Quan- efetividade de seus resultados.
do excessiva, essa autonomia pode A parceria entre agentes oriun- Isto acontece porque, apesar da
colocar em risco a articulação mais dos de diferentes setores da socie- definição da ação social pressupor
global da ação e os objetivos de dade pode colocar em questão a a realização de um diagnóstico de
políticas sociais mais amplas. legitimidade dos atores que causalidade dos problemas sociais
implementam a ação social. Po- a serem atacados, as mudanças
Sendo também um instru- dem surgir dúvidas a respeito de efetivas no quadro das condições
mento para a obtenção de finan- quem deve arcar com a responsa- sociais mais amplas que geraram
ciamento, os projetos sociais po- bilidade sobre a implementação os problemas dependem da im-
dem se tornar instrumentos de de um determinado projeto; ou plementação de diversas ações
dependência em relação às sobre quem tem direito a receber que tenham continuidade no
agências mantenedoras. A de- os créditos por seus resultados. tempo, o que extrapola o âmbito
pendência financeira pode levar de qualquer projeto social especí-
os executores das ações sociais Por outro lado, se ficarem ex- fico. Um exemplo: um projeto que
(Estado ou organismos da Socie- cessivamente identificados com tenha como objetivo contribuir
20 Projetos sociais e riscos
Per fil do g
erfil est
gest or de pr
estor ojet
projet os sociais
ojetos
l Capacidade de ccompr
ompr eensão do ccon
ompreensão on
ontete xt
text o social,
xto
político e institucional em que se dá a ação
político
l Capacidade de c omunicação e de neg
comunicação ociação
negociação
l Capacidade de definir
definir,, deleg ar e ccobr
delegar obr
obrarar
responsabilidades e tar tarefefas
efas
l Capacidade de c oor
coor denar o pr
oordenar oc
proc esso global
ocesso
da ação
l Capacidade de a valiação e agilidade par
av paraa
propor mudanças e ccorr
propor orr eç
orreç ões
eções
l Capacidade de motiv ar as pessoas
motivar pessoas,, de
administr
administrarar cconflit
onflitos e frustr
onflitos aç
frustraç ões
ões,, de
ações
ger enciar o tr
erenciar abalho em equipe
trabalho
l Capacidade de v aloriz
valoriz ar e de pr
alorizar omo
promo
omov ver a
visibilidade do pr ojet
projet
ojetoo e de seus rresultados
esultados
22 O gestor de projetos sociais
O novo contexto social e Também é necessário conhe- sociais precisa ser capaz de exercer
institucional em que se dá a cer o contexto institucional e o papel de mediador e, muitas
prática da ação social exige uma político mais amplo, com o vezes, de intérprete entre esses
redefinição da qualificação dos objetivo de orientar o encami- atores, a fim de facilitar a comuni-
agentes que atuam nessa área, de nhamento dos projetos às cação e a negociação entre eles.
forma especial dos coordenadores agências da Sociedade Civil ou
e gestores de projetos sociais. A setores governamentais que O projeto social é uma ação
principal mudança está no fato possam apoiá-los financeira, em equipe que deve mobilizar
dos agentes que atuam na área institucional e politicamente todos os atores envolvidos –
social não poderem mais restrin- (conhecer as agências e os proponentes,
gir sua competência aos aspectos mecanismos de apoio e financia- implementadores, parceiros,
técnicos do planejamento e da mento; saber quem financia o público-alvo. Sendo assim, o
implementação da ação. que; quem apóia que tipo de gestor deve saber motivar as
ação; quem já tem experiência pessoas, articular as ações e
A gestão da ação social sob nas áreas em que o projeto gerenciar o trabalho das
a forma de projetos exige, em pretende atuar). equipes. Isto implica em saber
primeiro lugar, o conhecimento definir com clareza as tarefas a
do contexto em que os projetos Os projetos sociais propiciam a serem realizadas, identificando
sociais estão inseridos. Este articulação entre atores sociais que as qualidades dos diferentes
conhecimento compreende a se encontram em diferentes membros da equipe para
capacidade de diagnóstico das posições em relação ao contexto delegar as tarefas de forma
questões sociais a serem ou objeto da ação social – morado- adequada. Implica, também,
abordadas pelo projeto; a res, usuários de serviços públicos, em saber distribuir e cobrar
capacidade de identificar e líderes locais, profissionais que responsabilidades. Além disso,
saber motivar os atores sociais atuam na área social, ocupantes de o gestor precisa ter sempre em
envolvidos na ação (público- cargos políticos, voluntários, mente o processo global da
alvo e parceiros); de identificar representantes de ONGs, técnicos ação, saber avaliar e ter agilida-
e perceber qual o da área privada, militantes de de para propor mudanças e
posicionamento de grupos movimentos sociais. Tais atores são correções de rumo quando
sociais, de organizações e portadores de interesses diferen- estas se fizerem necessárias,
instituições que possam vir a ciados, de lógicas institucionais e sem que haja rupturas nas
auxiliar (apoiar, financiar, políticas diversas e possuem relações entre os membros da
divulgar) ou dificultar diferentes visões acerca da equipe. Ou seja, deve ser capaz
(desmobilizar, boicotar) as realidade social sobre a qual se de administrar os conflitos e as
ações propostas. dará a ação. O gestor de projetos frustrações que surgem ao
23
longo da ação, transformando mesma equipe ou voltadas articulação política e assim por
os desacertos em processos de para o mesmo contexto social. diante. Vale lembrar que a
aprendizagem. gestão é um aprendizado
Ainda, a visibilidade dada a contínuo e que não precisa estar
O gestor também deve ser um projeto pode fazer dele uma concentrada numa única pessoa.
capaz de acionar todos os referência para outros projetos
recursos disponíveis para dar no campo da ação social, trazen-
visibilidade ao projeto e à sua do reconhecimento a todos os
equipe. Isto pode ser feito sob a envolvidos na ação – proponen-
forma de divulgação junto ao tes, executores, financiadores,
universo do projeto e à socieda- parceiros, apoiadores e beneficiá-
de (via mídia), e sob a forma de rios. O reconhecimento obtido
defesa do projeto junto a também tem o efeito de estimu-
instituições financiadoras e a lar os profissionais envolvidos –
instâncias superiores das servidores do Estado, profissio-
instituições e órgãos participan- nais da iniciativa privada, do
tes do projeto – apresentando o terceiro setor –, militantes e
projeto em eventos de divulga- voluntários dos movimentos e
ção da ação social, em espaços causas sociais. Por fim, o reconhe-
de debates acadêmicos, cursos, cimento público de um projeto
palestras, em publicações ou pode contribuir para o fortaleci-
inscrevendo o projeto em mento dos grupos sociais
concursos. envolvidos e ajudar a garantir a
continuidade da ação.
A visibilidade de um projeto
pode, em muitos casos, garan- Seria o gestor um super-
tir sua viabilidade em termos homem ou uma mulher maravi-
econômicos, em termos de lha? Aqui apontamos as caracte-
apoio institucional ou político rísticas que consideramos
e, ainda, em termos de adesão importantes mas, é claro, cada
e engajamento dos beneficiári- agente responsável pela gestão
os. A divulgação de um projeto de projetos tem seu “estilo” e
bem sucedido pode assegurar seus altos e baixos. Há os mais
sua continuidade e viabilizar criativos, os mais agregadores,
novas ações propostas pela os que desenvolvem melhor a
24
O que
são projetos
sociais?
Projet
Projet os sociais são
ojetos
iniciativ
iniciativas de grupos
tivas grupos,,
instituiç ões ou set
instituições or
setor es
ores
governamen
ernamentaistais que
elacionados
estejam rrelacionados
a uma ampla
possibilidade de aç ões
ações
e objetiv os. De
objetivos. Devvem
ter em ccomum
omum o
direcionamen
ecionamentto
direcionamen
de esf or
orçços e o
esfor
planejamen
planejamentto a par tir
partir
de dir etriz
diretriz es e
etrizes
met odologias vvoltadas
metodologias oltadas
par
paraa a ação
ação..
O que queremos dizer com isso? 25
Projetos sociais são uma forma públicas, isto é, esteja voltada para risco, desemprego etc) e, por con-
de organizar ações para transfor- melhoria da qualidade de vida e ao seqüência, o combate às desigual-
mar uma determinada realidade acesso a direitos e serviços sociais. dades sociais. Esses projetos bus-
social ou institucional. Projetos são cam o retorno social dos benefíci-
ferramentas (instrumentos) de tra- Isto exclui, portanto, o campo os, por exemplo, através da gera-
balho, articuladas de forma a me- de atores e ações orientados exclu- ção de fundos rotativos para novos
lhorar as ações e resultados desen- sivamente para o mercado, onde projetos e/ou oferta de espaços de
volvidos por alguma organização. “projetos” objetivam benefícios capacitação para outros grupos em
privados. De forma distinta dos igual situação de carência.
Portanto, projetos sociais não negócios, o horizonte dos projetos
existem a partir de si mesmos. Em sociais é o de contribuir para a am- Outro ponto a ser considerado
geral, são construídos a partir de pliação dos direitos sociais, e estes é que projetos sociais têm nature-
organizações que têm intervenções não podem ser tratados como za diferente de projetos orientados
sociais de maior amplitude do que bens privados: se tornam então para a pesquisa científica. Estes
os próprios projetos. Também não mercadorias, perdendo a caracte- últimos têm ênfase na construção
se desenvolvem sem a formulação rística de bens públicos. do conhecimento sobre a realida-
de políticas e diretrizes mais am- de. No entanto, isto não retira das
plas, cujas finalidades superam as Há muitos projetos sociais de universidades e institutos de pes-
possibilidades da própria organiza- geração de renda que apóiam co- quisa a possibilidade de elaborar
ção. Projetos costumam ter um ciclo operativas e empreendimentos projetos sociais – com freqüência o
de vida determinado e somente produtivos (confecções, panifica- fazem, embora não seja seu objeti-
podem ter seus objetivos mais ge- doras, grupos de artesanato). O vo principal. Como veremos mais
rais alcançados num tempo e com que distingue esses projetos de adiante, os projetos sociais tam-
um conjunto de iniciativas superio- um empreendimento ou de uma bém podem realizar pesquisas e
res aos seus limites. Assim, estão empresa privada é o caráter co- gerar conhecimento, mas não é o
relacionados com visões de mundo, munitário de sua organização, a seu objetivo principal.
articulações e políticas sociais. sua finalidade social e o retorno
social dos seus rendimentos. Diferente de uma concepção
Os proponentes de um projeto assistencial, os projetos sociais se
social podem ser associações, gru- O projeto social de geração de inscrevem num horizonte de cons-
pos de interesse, movimentos soci- renda tem como finalidade não o trução de direitos e afirmação cida-
ais, organizações não-governamen- lucro, mas o fortalecimento de gru- dã. Sua ênfase é a noção de justiça
tais, organismos de gestão pública, pos vulneráveis (mulheres, popula- social, o que somente pode ser al-
entre outros. O importante é que a ções empobrecidas, agricultores cançado através da participação e
ação proposta tenha finalidades familiares, jovens em situação de do exercício da cidadania.
26
Projetos sociais
Articulação de projetos sociais 27
Para ganhar vida e desenvol- Para isso, é necessário que os grafia deste guia há referências
ver-se, qualquer projeto social diversos grupos sociais sejam sobre estas metodologias.
necessita de um ambiente favo- envolvidos na identificação dos
rável. Este ambiente é formado problemas existentes, na Em resumo, a criação de um
pelas potencialidades políticas, definição de prioridades, na projeto social vai além da sua
sociais e materiais existentes formulação de estratégias de articulação financeira ou
para o seu desenvolvimento. A ação e nos exercícios de avalia- econômica. Implica, fundamen-
construção das condições de ção do projeto. talmente, escolher caminhos por
viabilidade de um projeto exige onde as organizações e a
que se saiba identificar essas Este esforço é essencial para população envolvida entendem
potencialidades. que a população se aproprie do ser mais importante ou adequa-
conhecimento que já existe a do trabalhar.
O que queremos dizer com respeito de sua realidade (fontes
isto? Projetos são relações de dados e resultados de
sociais. E são sempre construídos pesquisas disponíveis), mas
a partir de forças que se articu- também para que aprenda e
lam. Para compreender o quadro incorpore novas formas de
dinâmico de relações no qual produzir tal conhecimento. Para
um projeto se insere, é necessá- auxiliar nesta tarefa, existe um
rio adotar uma atitude grande repertório de
investigativa, que deve estar metodologias participativas que
presente em todos os momentos podem ser utilizadas. Elas são
do projeto. muito eficientes na realização de
pesquisas que visam a levantar
Investigar significa buscar dados sobre a realidade local,
conhecer os atores envolvidos no identificar potenciais atores e
projeto, seus interesses e recursos, colaborar nos projetos
motivações, suas afinidades, de avaliação da ação social.
diferenças e divergências. Estamos falando de pesquisa
Significa fazer com que os atores participante, pesquisa-ação,
participem da produção de técnicas de construção de matriz
conhecimento a respeito da de planejamento – marco lógico,
realidade que vivenciam e que planejamento estratégico e
sejam capazes de se reconhecer técnicas de avaliação a partir de
no conhecimento produzido. grupos de discussão. Na biblio-
31
Identificação de necessidades,
potencialidades e atores
Há ocasiões em que iniciativas as mais urgentes e mobilizadoras dos. Outros, contudo, farão oposi-
naufragam porque seus atores são efetivamente articuladas em ção ao projeto. Talvez por que não
“esqueceram” de fazer a si mes- projetos. As carências financeiras o compreendam com exatidão,
mos perguntas vitais para o de- também contribuem para o esta- mas também por que possuem
senvolvimento do projeto. belecimento de prioridades. uma visão de mundo oposta ao
que se tenta desenvolver. Há ou-
Um grupo de perguntas Outro grupo de perguntas tros que não estão diretamente
relaciona-se com a identificação está relacionado às condições das interessados nos resultados do
de necessidades, demandas e organizações e/ou pessoas envol- projeto e, portanto, não estabele-
prioridades. Será que aquela ONG, vidas no projeto. Será que nós cem um compromisso de apoio ou
realmente compreende as neces- mesmos podemos implantar este uma estratégia de enfrentamento.
sidades da população com a qual conjunto de ações? Não seria mais Com um esforço articulado, é pos-
trabalha? É comum surgirem sur- razoável começar com um peque- sível conquistar novos parceiros
presas quando se verifica as ex- no grupo, através de um projeto que, num primeiro momento, se-
pectativas com relação a um pro- piloto? A demanda não é muito quer haviam sido detectados. O
jeto. Muitas vezes, as organizações grande para o tempo e os recursos envolvimento de novos atores per-
estabelecem mediações com lide- de que vamos dispor? Como o pro- mitirá solucionar questões que
ranças políticas ou sociais locais blema pode realmente ser enfren- ainda estavam em aberto ou in-
que nem sempre representam os tado? Estas são questões que de- corporar novas propostas.
interesses da população. Isso vem ser pensadas antes do proje-
pode tornar o projeto inviável ou to “ganhar as ruas”. Um mau Num esforço de planejamento,
pouco efetivo. dimensionamento das potenciali- será importante reforçar os víncu-
dades poderá trazer frustrações los com os aliados e parceiros, es-
Há uma diferença importante ou desistências. tratégias de enfraquecimento ou
entre necessidades e demandas. isolamento dos opositores e, prin-
Nem todas as necessidades se Também é preciso fazer per- cipalmente, pensar em formas de
transformam em demandas. guntas sobre o perfil dos atores. conquistar o apoio de quem não é
Uma demanda é uma necessida- Esses são indivíduos, grupos, orga- contra mas também não está en-
de que encontrou vontade políti- nizações, representantes políticos, tusiasmado por nossas propostas.
ca de ser enfrentada, respaldo que se relacionam na esfera públi-
ativo em determinada população ca de desenvolvimento das ações. Em resumo, responder com cla-
e condições de ser atendida atra- Há atores que desde o início esta- reza e honestidade a estas ques-
vés de um projeto. Além disso, rão engajados na construção ativa tões colabora decisivamente na
nem todas as demandas são prio- do projeto, e outros que o apoia- diminuição e solução das crises
ridades. Muitas vezes, somente rão de forma eventual. São os alia- que sempre estarão presentes.
33
A articulação entre os atores As regras que valem para gru- promissos públicos que venham a
consiste no estabelecimento de pos envolvidos no projeto também contribuir para o estabelecimento
um consenso mínimo em torno são adequadas para os indivíduos de garantias da execução do pró-
do plano de ação: nem todos os de cada organização participante. prio projeto. Os compromissos vão
atores precisam estar de acordo As crises em torno da ocupação de muito além do repasse correto de
com todos os pontos; esperar que espaços e construção das “autori- informações e do andamento das
todos concordem é paralisar a dades” relacionadas ao desenvolvi- ações: trata-se de incorporar as
execução de um projeto. mento do projeto não devem ser populações nas rotinas de tomada
encobertas ou decididas por pe- de decisões, mesmo considerando
Quando se está trabalhando quenas instâncias de mando. Há as contradições presentes neste
em projetos de maior porte, se tor- necessidade de se estabelecer diá- processo. A credibilidade de um
na impossível estabelecer acordos logos francos e conduzidos dentro projeto se estabelece através des-
absolutos. Além disso, acordos ou de tempo e condições adequadas, tas relações entre proponentes e
consensos se estabelecem histori- o que muitas vezes é difícil. beneficiários.
camente. Em outras palavras, o que
hoje é conformidade entre os ato- Os acordos entre proponentes O pacto em torno destes dois
res do projeto, amanhã poderá ser podem ser relativamente simples itens implica em construir al-
fruto de intensas discussões e dis- num primeiro momento (quando guns pontos relativamente
putas. O contrário, é claro, também há boa vontade de todos), mas consensuais, tais como:
é verdadeiro. Assim, a obtenção são difíceis de serem administra- l Acordo em torno do diagnósti-
de um consenso mínimo deve gi- dos no cotidiano. Em outras pala- co: todos devem concordar que a
rar em torno de dois acordos: vras, trata-se da complicada con- questão é um problema social;
l En tr
Entr e pr
tre oponen
proponen tes: um proje-
oponentes: dução em torno do poder. l Acordo sobre as formas de in-
to no qual diversas organizações l En tr
Entr e pr
tre oponen
proponen tes e benefi
oponentes benefi-- tervenção na realidade: as estra-
se apóiam mutuamente na exe- ciários
ciários: trata-se da articulação en- tégias básicas devem estar cla-
cução de ações deve estabelecer tre as organizações envolvidas di- ras e assumidas por todos;
com clareza as atribuições de retamente na implantação do l Acordo relacionado aos objeti-
cada grupo, bem como quem re- projeto e a população (comunida- vos: devem ser comuns, princi-
presenta o projeto em determi- de, grupo social etc) do local onde palmente entre as organizações
nadas instâncias e como se socia- o projeto se desenvolverá. Como que estão à frente do projeto;
lizam os méritos dos resultados já foi dito anteriormente, esta po- l Acordo em relação aos resulta-
do trabalho. Cobranças em rela- pulação tem interesses diversifi- dos: há necessidade de uma visão
ção a problemas de execução cados e não está associada de for- semelhante entre organizações e
também devem ser construídas ma homogênea às propostas. O público beneficiário quanto aos
em torno de acordos. acordo passa por construir com- resultados desejáveis.
35
Viabilidade do projeto
36 Viabilidade do projeto
junto à sociedade mais ampla, e avaliação, maior será o necessário, antes de tudo, que
dando-lhes visibilidade pública e engajamento e o compromisso seus executores conheçam,
credibilidade. dos grupos com os resultados e respeitem e dialoguem com as
a continuidade do projeto. representações, os valores e os
Em nível local, é muito impor- saberes próprios aos grupos
tante que os projetos tenham o Outro aspecto que pode ser sociais com os quais pretendem
apoio das instituições que atuam determinante para a viabilida- trabalhar.
junto aos grupos sociais beneficiá- de dos projetos sociais relacio-
rios. Este apoio é essencial para a na-se com a dimensão cultural
criação e manutenção de canais de da vida social. Por mais que um
comunicação entre os grupos projeto queira transformar
envolvidos no projeto, a fim de que determinada realidade através
as propostas ganhem sustentação, da promoção de mudanças na
criando-se uma conjunção de forma de pensar e agir das
esforços na mesma direção. pessoas, é fundamental que
haja o reconhecimento e
Vimos anteriormente que respeito às representações e
um projeto só pode ser conside- saberes próprios ao universo
rado social quando sua imple- cultural das populações
mentação estiver firmada na envolvidas, sob pena do projeto
participação ativa da população, não atingir seus objetivos. Não
e que tenha como objetivo o há dúvidas de que as mudan-
fortalecimento da cidadania. ças nos padrões culturais
Sendo assim, uma das condi- fazem parte das transforma-
ções para a efetivação e o ções da vida social. Contudo,
sucesso deste tipo de projeto propor mudanças não significa
será o enraizamento da ação impor códigos de valores e de
proposta junto aos grupos conduta, por mais corretos que
sociais que ela quer beneficiar. possam parecer a quem está
Quanto mais os grupos sociais propondo a ação.
forem agentes ativos do
processo, estando diretamente Para que novas propostas
envolvidos na definição do que sejam compreendidas e incorpo-
deve ser feito, na construção do radas pela população beneficia-
plano de ação, em sua execução da por um projeto social, é
38
Projetos sociais
Passado, presente e futuro 39
Ao elaborar uma proposta, o além de questões como a idonei- utopias do que se pretende
pensamento está direcionado dade da organização (passado construir, a partir da conjuntura
para o futuro. São ações a serem contábil ou administrativo) ou atual, com a história passada do
implantadas, objetivos a serem resultados obtidos em outros grupo/instituição proponente
atingidos, recursos a serem capta- projetos (passado político ou so- como referência. Isto significa
dos e resultados que se quer al- cial). Significa manter certa fideli- entrelaçar um capital de experi-
cançar. Tudo remete a um tempo dade às linhas temáticas que a ências e aprendizagens anterio-
que há de vir. organização já vem desenvolven- res com as oportunidades e ne-
do, e não apresentar propostas cessidades de intervenção.
Porém, a elaboração de um por que em determinado mo- Quanto mais a ação presente
projeto necessariamente estará mento algum grupo social ou de- estiver em sintonia com a iden-
pondo em diálogo três dimen- manda “virou moda”. tidade e a trajetória do grupo/
sões de tempo: passado, presen- instituição, mais poderá se be-
te e futuro. Através de projetos, qualquer neficiar dos aprendizados e dos
organização está voltada para o reconhecimentos já conquista-
Qualquer organização social futuro e é condicionada pelo pas- dos e contribuir para as trans-
tem uma história. Pode ser uma sado. Mas também deve conside- formações esperadas.
história mais extensa, por ter rar o presente. Ou seja, há um
uma vida mais longa do que ou- contexto e condições concretas Por isso, é recomendável bus-
tras organizações. Pode ser mais nas quais o projeto vai se materi- car a maior sinergia possível en-
intensa, por ter vivido experiên- alizando numa proposta de tra- tre o que se está propondo e/ou
cias de maior impacto ou com balho. Nem sempre este con- implementando e a trajetória
maior intensidade. Pouco impor- texto ou as condições são as pessoal e institucional. É funda-
ta. O essencial é que na história mais favoráveis, pois é comum mental também ter clareza sobre
de cada organização se encontra que responsáveis por trabalhos o horizonte das expectativas, de-
sua memória. Qual é a relação sociais (seja na Sociedade Civil ou sejos e utopias que animam o
disto com projetos sociais? A no Estado) tenham que elaborar projeto. O horizonte utópico é o
memória é uma importante fon- propostas urgentes: o “prazo do leme que estabelece a direção
te de construção da identidade edital está vencendo”, “tivemos que se quer imprimir à ação; sem
de qualquer grupo. informação sobre esta oportuni- ele, o projeto pode se perder
dade, perfeita para o nosso gru- numa realização meramente ins-
Assim, na elaboração de um po, na semana passada”. trumental ou burocrática.
projeto é importante considerar o
passado de quem está conceben- Assim, trata-se de vislum-
do a proposta. Isto vai muito brar um horizonte de desejos e
40
Um projeto não começa nem boração fica ao encargo dessa pe- monitoramento e avaliação, bem
termina na elaboração de sua pro- quena comissão. como um contínuo esforço de arti-
posta. Há um caminho a ser per- culação e mobilização de recursos
corrido. Em geral, no início, há um Com uma proposta redigida, em torno dos objetivos do projeto.
conjunto de idéias e desejos (mais fica mais fácil estabelecer contatos
ou menos vagas) a respeito de al- e articular parcerias ou apoios. A conclusão de um projeto
guns objetivos ou do que se quer Mesmo que ainda existam pontos pressupõe uma avaliação final e
fazer. Estas idéias provêm do tra- obscuros ou idéias imprecisas, relatórios. Em algumas ocasiões,
balho que o grupo já realiza ou de qualquer interlocutor sempre terá por compromissos com finan-
algum problema em vias de trans- mais segurança em apoiar o proje- ciadores e pela dificuldade de
formar-se em demanda. to se conseguir visualizá-lo no pa- agrupar todos participantes, o re-
pel. Por isso, o esforço para a arti- latório acaba sendo terminado
Com freqüência, entre o pro- culação de um projeto ocorre após antes da avaliação final. A conclu-
blema e a elaboração propriamen- sua formulação. Na maioria das são de um projeto nem sempre é
te dita do projeto, existe um perío- vezes, as articulações implicarão seu fim. É comum que surjam ou-
do de consultas e estudos prelimi- em mudanças no que já havia sido tras idéias ou desafios, que podem
nares em que se busca informa- escrito. E isso é muito positivo. se transformar em novos projetos.
ções sobre as questões mais im- Também é comum que o mesmo
portantes e se procura estabelecer A implementação do projeto é projeto – ou uma versão seme-
contatos preliminares com possí- um processo constante de pensar e lhante –, tendo obtido êxito em
veis parceiros. Esta fase combina repensar as ações, resultados e indi- um local, seja adotado por outros
pesquisa e articulação. cadores nos quais se quer chegar. ambientes. Assim, um bom proje-
Significa estabelecer processos de to pode e deve se multiplicar.
Após este momento, se efetu-
ará o trabalho de redação da pro-
posta. Em geral, ele é desenvolvi-
do pelo núcleo central do projeto.
São algumas pessoas de uma or-
ganização ou representantes das
entidades que serão responsáveis
pela implementação de um plano
de trabalho. Em alguns momen-
tos, há necessidade de consultas e
participação ampla dos protago-
nistas, mas a maior parte da ela-
42
Itens de um
projeto social
A lógica de uma proposta 43
Uma vez que os principais No que consiste um bom condições de requerer recursos.
conceitos e elementos relacio- projeto social? Em nossa experi- De outro lado, tem os aspectos
nados à gestão dos projetos so- ência entendemos que um bom de negociação interna. Nestes, o
ciais (o que são e por que de- projeto é aquele que consegue mais importante é reforçar a
senvolver projetos) já foram ex- responder a seis questões: solidez, segurança e identidade
postos, vamos agora trabalhar a das pessoas que compõem o
redação de um projeto – a ela- l Quem? grupo responsável pelo projeto e
boração da proposta. l O quê? suas parcerias.
Itens de um projeto
Itens de uma proposta 45
A redação de uma proposta Muitas vezes alguns itens não A segunda parte do esquema
significa seguir um roteiro básico aparecem na proposta ou estão aspecttos teóric
prioriza os aspec os da
teóricos
de questões que devem ser condensados dentro de um proposta. É aqui que se desen-
respondidas para os leitores. bloco. Tampouco seguem, volve a argumentação em torno
Como foi dito anteriormente, há necessariamente, a ordem de das idéias centrais que moverão
pontos básicos que devem ser apresentação em que são aqui o futuro projeto. A redação de
esclarecidos ao longo da redação expostos. O resumo, por um projeto não é composta
de uma proposta. Para isto o texto exemplo, é a primeira parte que somente de ações e articulações.
deve ser organizado em itens. deve aparecer após a capa. Aqui, Os elementos conceituais e as
pelo fato da redação ser posteri- análises teóricas também são
Duas observações são or ao restante do projeto, importantes. Assim, este é o
importantes: em primeiro lugar, aparece no final. momento de situar o contexto
os itens representam uma no qual o projeto se enquadra e
organização lógica do pensa- Portanto, não há uma norma escrever sua justificativa.
mento, transformando idéias e que diga que este ou aquele Também associamos a este
desejos num futuro projeto. projeto obedece a um esquema momento a construção dos
Esta organização poderia ser “melhor” ou “pior”. Tudo objetivos e a definição do
diferente. Há muitos editais de dependerá de como os redato- universo do projeto, mesmo que
agências, concursos de empre- res organizam o texto e, princi- estes itens tenham um certo
sas ou regras estabelecidas por palmente, dos pontos que a caráter operacional. O fato de
fundos de apoio a projetos que instituição para onde for entrarem nesta parte da redação
fornecem um modelo específico encaminhado o projeto conside- permite uma seqüência de
do que deve ser escrito, definin- ra mais relevantes. leitura fácil e lógica, que colabo-
do partes e títulos de cada item. ra para a compreensão da
Com a Internet, se torna cada Em nosso esquema lógico, proposta.
vez mais comum o preenchi- distinguimos uma proposta a
mento e o envio on-line de partir de cinco áreas. A terceira parte do trabalho é
formulários e propostas. a de articulação. Aqui está o
A primeira parte é a de quadr
quadro o de metas
metas,, que une a
O que cabe aqui é demonstrar apr esen
apresen tação
esentação
tação, onde aparecem parte teórica com a parte prática
a importância do desenvolvimen- as informações que constróem a do projeto – principalmente
to de determinados conteúdos imagem inicial. Aqui estão a através da combinação de
em qualquer projeto, indepen- capa, o resumo e a apresentação objetivos e orçamento. Também
dente do nome ou formato que da organização que encaminha será o primeiro local a ser
venha a ter em sua redação final. o projeto. revisto, caso a proposta venha a
46 Itens de uma proposta
Modelo de capa
48 Capa
A função da capa é identificar uma “marca”, isto é, uma referên- meira impressão.
o projeto. Sendo responsável cia que garante créditos para
pela primeira impressão, deve quem propôs e para quem partici- Alguns eexxemplos de títulos cria-
ser simples, bonita e conter ape- pou da ação. Isto pode facilitar tivos e in
tivos ter
inter essan
teressantes
essantes
nas as informações essenciais: para a obtenção de novos apoios e l A Associação Cubatense de
nome do proponente, título do fazer daquela ação um caso Capacitação para o exercício da
projeto e data. No cabeçalho, exemplar a ser seguido por outros Cidadania (ACCEC), mantém em
pode estar o nome da entidade grupos sociais. Cubatão (SP) um projeto denomi-
que está propondo e/ou encami- nado “Zanzalá – uma alternativa
nhando o projeto. Há que se ter um cuidado: de vida para meninos em situa-
em geral o nome do projeto não ção de risco”. Neste caso, Zanzalá
A escolha do título também deve ser o nome da própria enti- é uma palavra que só se entende
merece atenção: ele será um ele- dade que o apresenta. Neste no contexto local, mas sua sono-
mento importante para o reco- caso, fica uma imagem inicial de ridade é muito boa. O subtítulo é
nhecimento do projeto junto aos que é um projeto que prioriza a bem explicativo.
grupos sociais envolvidos. Sendo promoção da instituição. l Em Rolândia (PR), a Socie-
assim, é interessante que o pro- dade Ambiental, Cultural e Edu-
jeto tenha um título sugestivo e Na capa de uma proposta, o cacional (SOAME) desenvolve o
com significado para a popula- título “fantasia” pode ser seguido projeto “Não damos o peixe...”.
ção envolvida e os possíveis de um subtítulo que tem a função Uma referência direta a uma fra-
apoiadores. Pode-se usar um tí- de complementar o título. Ele se muito conhecida, que neste
tulo “fantasia”, que sugere ou se deve apontar para informações caso permite ao leitor perceber
refere a algum aspecto que dis- mais descritivas a respeito do que que não se trata de um trabalho
tinga aquela ação social – em se pretende fazer, quais os grupos assistencialista.
função do problema a ser abor- sociais envolvidos e, em alguns l Que tal este? “Liberdade
dado, do grupo social a ser bene- casos, indicar o local onde será de- no mar. Vinte catadores de ca-
ficiado, da metodologia a ser uti- senvolvida a ação. ranguejo no sistema artesanal”.
lizada, da organização ou grupo O nome é de fácil memorização,
que está fazendo a proposta. Embora a capa deva ser sim- poético, e define quem são os
ples e com poucas informações, protagonistas e qual o tema do
Quando bem escolhido, o títu- também deve ser bonita. Alguns projeto. Foi construído pelo Cen-
lo pode ajudar um projeto a se projetos trazem desenhos nas tro Agroecológico Maranhense,
tornar referência para a popula- suas capas, panos de fundo, uso em São Luis (MA).
ção. Além disso, se o projeto for de cores, letras diferentes e ou-
bem sucedido, seu nome torna-se tros recursos para valorizar a pri-
49
Entidade/Organização
50 Dados sobre a organização
Nesta parte, quem está pro- técnica e/ou experiência prática não tenham “vida jurídica”.
pondo o projeto apresenta suas acumulada através de ações so-
credenciais. Devem constar to- ciais similares. Em outras ocasiões, o projeto
dos os dados necessários para a é promovido por uma entidade
identificação, a localização e a Esse texto também deve falar (órgão governamental, funda-
avaliação da qualificação da or- de experiências anteriores que ção, organizações sociais) que
ganização (ou organizações). tenham sido bem sucedidas e tem a função de fomentar e
apresentar eventuais indicadores acompanhar ações sociais que,
Além dos dados de identifica- do reconhecimento positivo des- por sua vez, serão colocadas em
ção e de localização institucional sas experiências – prêmios rece- práticas por outros atores sociais
– nome, endereço, registros fis- bidos; reconhecimento público de menor porte – por exemplo,
cais, números de telefone, ende- por parte de entidades comunitá- organizações comunitárias.
reços eletrônicos – homepage, e- rias e governamentais; referênci-
mail – é importante que as orga- as em fóruns da área social. Mas Nos dois casos é necessário
nizações envolvidas no projeto atenção: as referências devem ser que se faça a identificação de
apresentem algumas informa- breves. Não é intenção da propos- cada uma dessas organizações,
ções sobre a sua trajetória e que ta louvar o trabalho de uma orga- ficando bem definida a função
ofereçam alguns indicadores de nização, mas sim apresentar ex- de proponente ou executora.
sua qualificação para atuarem periências e ações no trato de de-
como agentes sociais. terminados problemas. A apresentação das organiza-
ções envolvidas no projeto – in-
Para isso, devem apresentar Nem sempre quem propõe a dependente se proponentes ou
um brevíssimo texto institucional, ação social será seu executor. Em executoras – deve situá-las em
no qual constará um pequeno his- alguns casos, a organização que relação a outras instituições,
tórico da organização que enfatize levará a cabo o projeto não tem mostrando com quem trabalham
suas qualidades para a ação pro- infra-estrutura ou estatuto jurí- ou já trabalharam e de quais ins-
posta. O texto pode, por exemplo, dico necessários para se apre- tituições já obtiveram apoio.
mostrar que a origem da organi- sentar como a responsável for-
zação está vinculada ao campo mal e financeira das ações, de- Tudo isso permitirá a quem
em que ela pretende atuar; que a vendo recorrer a alguma entida- ler a proposta conhecer e avaliar
instituição tem tradição de atua- de maior, mais bem equipada ou de forma consistente o perfil, a
ção na área social; que está juridicamente qualificada para capacidade e a credibilidade das
enraizada no grupo com o qual fazê-lo. Aqui também cabe um organizações e pessoas envolvi-
pretende trabalhar; que seus alerta: muitas agências não acei- das no projeto.
membros possuem qualificação tam apoiar organizações que
51
O contexto do projeto
52 O contexto do projeto
Uma proposta deve iniciar informações e referências texto deverá apresentar todas as
situando o leitor em relação ao provenientes de diversas fontes, informações e argumentos
contexto e o tema sobre o qual o desde que auxiliem efetivamen- necessários para o entendimen-
projeto social irá intervir. te na caracterização da realidade to da situação. Além disso, é
Significa que deve ser capaz de da região e/ou da população que preciso levar em conta o grau de
demonstrar a quem a lê que os participará do projeto. Pode-se familiaridade que as agências
seus proponentes conhecem a trabalhar com dados estatísticos financiadoras/apoiadoras têm
realidade social na qual o oficiais; textos científicos, com a realidade social em que se
projeto se insere e que soube- notícias e artigos de jornais que dará a ação, para avaliar o tipo
ram diagnosticar os problemas e documentem fatos relevantes de dados a ser fornecido, sob
necessidades que pretendem para a compreensão do contex- pena das informações se
atacar. E mais: esta realidade to; mapas, gráficos e imagens tornarem inúteis ou, ao contrá-
deve ser adequada à realização que ilustrem aspectos relevantes rio, da proposta não ser devida-
do projeto. dessa realidade; relatórios, atas, mente compreendida.
diários de campo resultantes de
De um lado, a análise de projetos anteriores ou de Isso significa que o texto e as
contexto demonstra uma pesquisas realizadas sobre esse informações fornecidas devem
situação de fragilidade e neces- mesmo contexto. estar adequados aos destinatá-
sidade mas, por outro lado, faz rios. Um exemplo: se a proposta
compreender que ali também há É preciso lembrar que a for enviada a uma agência
possibilidades e forças que vão elaboração da proposta escrita internacional, visando a obtenção
contribuir para o desenvolvi- de um projeto social faz com que de recursos para a implementação
mento do projeto. a equipe de trabalho se questio- de um projeto social numa região
ne e consiga ter clareza sobre do Brasil em que essa agência
Para fazer isso, é preciso tais questões. nunca atuou, é necessário
apresentar uma descrição oferecer informações mais amplas
sucinta e objetiva do contexto Por outro lado, também é sobre o país, sobre a diversidade
do projeto, um breve histórico preciso lembrar que, em muitos de sua realidade social e sobre a
que expresse como os proponen- casos, a proposta escrita é a especificidade da região em que
tes compreendem o problema única forma de contato que será realizada a ação.
social que será alvo da ação e as algumas instituições (agências
alternativas para abordá-lo. financiadoras; fundações; órgãos Propostas sobre meio ambien-
governamentais, concursos de te, por sua vez, devem fornecer
Para respaldar essa explana- projetos) terão com o contexto informações específicas sobre a
ção, podem ser utilizados dados, daquele projeto. Sendo assim, o situação ambiental da região.
53
Justificativa
54 Justificativa
Uma vez definido o problema, É preciso lembrar ainda que, pública e institucional para os
o contexto no qual ocorre, a forma apesar de fundamental, a problemas que se deseja atacar.
com que se pretende enfrentá-lo e consistência da argumentação
tendo sido apresentadas as sobre a importância de um Em outras palavras, nem
credenciais de quem se propõem projeto não garante, por si só, a sempre um projeto não aprova-
a realizar essa tarefa, chega-se ao obtenção do apoio ou de financi- do deve ser descartado.
momento de equacionar todos amento para a sua execução. Isso
esses elementos: é a justificativa também vai depender do
de um projeto. momento em que ele está sendo
proposto. Há ocasiões em que um
Este item pode ser conside- projeto, que pode ser considerado
rado como sendo a defesa da bom e viável, trata de questões,
proposta. Ele deve ser capaz de grupos sociais ou regiões para as
relacionar o conteúdo dos itens quais ainda não há um reconhe-
anteriores, dando-lhes um cimento social mais amplo.
encadeamento lógico e, princi- Ainda não há capacidade de
palmente, de apresentar os sustentar a mobilização por
argumentos para que o leitor e/ parte dos agentes que poderiam
ou avaliador da proposta a apoiá-lo, ou capacidade de
compreenda e se sensibilize garantir sua priorização em
para apoiá-la. termos de investimentos
políticos e econômicos.
A justificativa deve ser
capaz de demonstrar e conven- Mesmo assim, a não obten-
cer o leitor de que o projeto ção do apoio esperado não deve
proposto baseia-se numa visão fazer com que se desista.
consistente acerca dos proble- Muitas vezes, o apoio pode ser
mas sociais; que apresenta obtido a partir de uma
formas adequadas e eficientes reavaliação da forma com que o
de abordá-los; que quem projeto foi proposto, de uma
propõe o projeto tem qualifica- redefinição das agências às
ção e legitimidade social quais ele deve ser encaminhado,
necessárias para executá-lo e ou num prazo mais longo, do
que este é o momento adequa- resultado de um trabalho de
do para fazê-lo. sensibilização, de mobilização
55
Objetivos
56 Objetivos
“1. Aumentar o número de agri- ficativa como com o quadro de dação, mas todos devem ter
cultores ecologistas vinculados metas. O objetivo geral está vin- clareza de quais serão os obje-
à rede...; culado aos motivos pelos quais tivos daquele projeto.
2. Ampliar a capacidade da rede o projeto deve ser desenvolvido,
de produzir, processar e distri- ao passo que os objetivos espe- Os objetiv os
os,, mais do que
objetivos
buir alimentos orgânicos,...; cíficos estão vinculados com as qualquer outr
outroo item, sempr
sempre e
3. Reforçar uma cultura de soli- ações e resultados que se espe- de
devvem ser amplamen
amplamente te de-
dariedade e transparência entre ra que o projeto atinja. ba tidos.
batidos.
produtores e consumidores...;
4 . Implantar nas regiões da Serra Em decorrência, o grupo res- Muitas propostas oferecem
e Litoral Norte, núcleos da rede ponsável por um projeto deve redação confusa entre objetivo
Ecovida, assegurando o funciona- esforçar-se para que os objeti- geral, objetivos específicos e
mento de um sistema partici- vos específicos sejam atingi- ações. Isso é muito comum, pela
pativo de certificação por rede; dos. Um pr ojet
projet
ojetoo é ef etiv
efetiv
etivoo na relação direta existente entre
5 . Construir, (...), uma onsegue
medida em que cconsegue estas partes.
metodologia de trabalho que a tingir as metas pr opostas a
propostas
possa contribuir para a implan- par tir de seus objetiv
partir os espe-
objetivos Para evitar ou diminuir este
tação de novas redes.” cífic os. EEsta
cíficos. sta noção ser á fun-
será tendência sugerimos uma medi-
damen
damental tal par aaa
para valiação de
av da prática: numa folha escreva os
Os objetivos específicos qualquer pr ojet
projet
ojetoo. diferentes objetivos propostos.
apontam para os resultados con- Examine-os, verificando a sua hi-
cretos do projeto. São questões Na redação da proposta, os erarquia. O que for superior (mais
que podem ser alcançadas a par- objetivos têm um importante amplo) é o objetivo geral, o que
tir do próprio projeto. Em muitos papel político. É neste local da for intermediário são os objetivos
casos, seus resultados podem – e proposta que se materializam específicos e as questões de or-
devem – ser quantificados. os acordos, os pactos dentro dem mais prática são ações.
do grupo e com seus parceiros.
Ao contrário do objetivo geral, É comum que uma proposta Escrever um projeto é um
os específicos dificilmente serão seja redigida por um pequeno exercício, assim como executá-lo.
somente um. Apenas com um grupo dentro de uma organi- Com o tempo, o grupo e os reda-
conjunto de objetivos específicos zação. Contudo, é fundamental tores ganharão mais segurança
o projeto obterá resultados. que os objetivos sejam debati- nestes aspectos.
dos com o grupo mais amplo,
Os objetivos de um projeto incluindo parceiros. Duas ou
se relacionam tanto com a justi- três pessoas podem fazer a re-
58
Universo do projeto
Universo do projeto 59
Quadro de metas
Quadro de metas 61
O quadro de metas é parte doras, são o conjunto de ativida- para as aulas, contratação de
essencial de uma proposta. É o des práticas que respondem, professores, previsão de outras
local onde os objetivos específicos para cada objetivo, à demanda atividades pedagógicas. O
se traduzem em ações e resulta- ou ao desafio que a proposta detalhamento das ações – tipo
dos. Pode-se dizer que ele comple- torna explícita. É importante de material a ser adquirido,
ta a tarefa, iniciada nos objetivos, lembrar que cada objetivo espe- quais professores ou quais ativi-
respondendo o que se quer de um cífico será trabalhado a partir de dades serão desenvolvidas –
projeto e onde se pretende che- um conjunto de ações. Da mes- não precisam ser descritas no
gar. A existência de um quadro de ma forma que não se alcança quadro de metas. Algumas ou-
metas – que pode ter outras de- um objetivo geral sem a existên- tras questões aparecerão em
nominações – bem elaborado é cia de objetivos específicos, tam- momentos diferentes na pro-
um aspecto que confere consis- bém um objetivo específico ne- posta – como o orçamento,
tência à proposta. Leitores com cessitará ser respondido a partir equipe e parcerias – enquanto
disposição de apoiá-la sentirão de um conjunto de ações. Por outras podem ser apontadas no
que o projeto não é somente isso mesmo, é útil que no quadro posterior planejamento.
retórico, mas tem muita clareza de metas sejam colocados, na
de onde quer chegar. Para o grupo primeira coluna, os objetivos es- Sempre que possível, as
proponente, o quadro de metas pecíficos. Desta forma, será mais ações devem ser quantificadas.
ajuda no amadurecimento da im- fácil verificar se o conjunto de No exemplo acima o ideal seria
plementação do projeto. ações propostas é suficiente. quantificar as pessoas a serem
alfabetizadas. Isto permite asse-
Qual o formato mais ade- Por ações deve-se entender gurar uma melhor relação entre
quado para um quadro de me- os procedimentos necessários a execução e a avaliação. Um
tas? Dependerá, mais uma vez, para a realização dos objetivos projeto com ações pouco defini-
de como cada grupo conduz a específicos. Em termos de elabo- das terá poucas condições de ser
elaboração de suas propostas. A ração do projeto, por exemplo, avaliado.
partir da nossa experiência, uma proposta que tenha como
existem três elementos que de- objetivo geral a melhoria na Os indicadores de resultados
vem ser priorizados: ações, indi- qualidade de vida e educação são desejos práticos de onde se
cadores de resultados e meios de uma população empo- quer chegar. Logo adiante serão
de verificação. brecida, um objetivo específico comentados com mais detalhes.
poderá ser a alfabetização. O
As ações, também chamadas objetivo alfabetização necessi- Os meios de verificação res-
de ações estratégicas, operações, tará de uma série de ações, tais pondem de forma complementar
atividades ou ações nuclea- como: obtenção de um local à questão: como posso saber se
62 Quadro de metas
Objetivos (específic
Objetivos os
os))
(específicos Atividades Met odologia
Metodologia Resultados Recursos físicos
físicos Pr az
Praz
azoo
Indicadores de resultados*
Indicadores de resultados 65
Aqui serão apresentadas Uma família de camponeses ção não resultarão em melhoria
algumas questões relacionadas que tira seu sustento da produ- na qualidade de vida desta
com indicadores de resultados. ção de leite pode elaborar um família. É claro que há o outro
Na elaboração de uma proposta, “projeto” que tenha como um de lado: caso a produção não
é suficiente indicar os resultados seus objetivos específicos dobrar tivesse sido duplicada, acontece-
aos quais se pretende chegar. a produção em dois ou três anos. ria uma piora nas condições
Não há necessidade de muito Para atingir este objetivo desta família.
detalhamento. desenvolverá ações, tais como a
compra de novilhas e Portanto, indicadores medem
Os indicadores de resultado inseminação. O resultado resultados quantitativos e
estão diretamente associados à pretendido será o dobro de leite qualitativos. De certa forma, a
avaliação do projeto. Podem, produzido após a introdução das ênfase se coloca nos aspectos
inclusive, ser denominados melhorias. Os meios de verifica- quantitativos, pois são mais
indicadores de avaliação. São, na ção serão demarcados através da fáceis de se verificar e têm
definição de Valarelli, 1999: medição diária de litros de leite. visibilidade que lhes dá um
“...parâmetros qualificados e/ou Contudo, o resultado está sujeito sentido exato. Em geral, se
quantificados que servem para a muitas variáveis que os traduzem em quantidade de
detalhar em que medida os camponeses não dominam – bens adicionais que o projeto
objetivos de um projeto foram condições climáticas, acidentes proporciona à população de
alcançados, dentro de um prazo com os animais, aumento no onde transcorre. No exemplo,
delimitado de tempo e numa preço de insumos, quebra de seriam os litros de leite extra.
localidade específica. Como o uma máquina, doenças na Nos aspectos qualitativos, os
próprio nome sugere, são uma família, praga na lavoura. Caso indicadores “medem” a qualidade
espécie de ‘marca’ ou sinalizador, os indicadores sejam bem de utilização de algo que o projeto
que busca expressar algum construídos eles consiguirão ao construiu e a profundidade das
aspecto da realidade sob uma menos estimar os resultados da mudanças que ocorreram. São
forma que possamos observá-lo ação, apesar destes aspectos abstratos. De novo, no
ou mensurá-lo”. imponderáveis. exemplo, tais indicadores deveri-
am responder até que ponto os
Nesta definição, o autor Contudo, nem sempre o litros de leite adicionais melhora-
destaca que indicadores de resultado previsto se transforma ram a vida daquela família.
resultados são referências que no produto que se deseja ter. No
apenas apontam a realidade que exemplo, pode ocorrer uma
se quer construir. Não são a desvalorização no valor do leite e
própria realidade. os esforços de duplicar a produ-
66
Metodologia de trabalho/procedimentos
Metodologia 67
Equipe e parcerias
Equipe e parcerias 69
Cronograma
Cronograma 71
Conta a mitologia grega3 que Neste caso, o mais comum é que esteja exposto neste item –
Khronos, após as constantes e montar uma planilha, semelhan- veja no exemplo apresentado.
características lutas pelo poder te ao esquema da página
entre as divindades, assume o anterior. As linhas podem ser as Mas na verdade, a apresenta-
posto de rei dos deuses e senhor ações ou atividades a serem ção em separado é mais interes-
do mundo. Como nada é eterno, desenvolvidas e as colunas, os sante, uma vez que permite
ele sabia que seria destronado intervalos de tempo para realizar visualizar melhor o conjunto de
por um de seus filhos. Assim, para as ações. Os intervalos de tempo ações e sua distribuição no tempo.
evitar a queda, decide devorar podem ser medidos em meses,
seus filhos, um a um, logo após o bimestres, semestres. Tudo Esta nos parece ser a função
nascimento. Como se pode ver, é dependerá da complexidade e do mais importante do
fácil imaginar por que em certas prazo de desenvolvimento cronograma: permitir ao grupo
alusões, Khronos aparece identifi- pensado para o projeto. A medida uma disposição espacial do
cado como o tempo. de tempo mais utilizada é a do tempo em que cada ação será
mês (mensal). desenvolvida. Assim, é possível
Cronograma, derivativo de saber se um período está muito
Cronos, é o esforço de organizar Também é possível, no ocupado e outro pouco preen-
o tempo de existência do cronograma, usar períodos de chido. Também fica claro quais
projeto – para que as pessoas e tempo, sem mencionar datas. Ou ações devem ser executadas
grupos que o desenvolvem não seja, não se coloca um mês antes de outras para permitir o
sejam “devorados” por este ser específico para o início do projeto, correto andamento do projeto.
impiedoso. De fato, isso tam- e sim a marcação de “mês 01”. Isto
bém ocorre na vida de cada um evita que a implementação do
– se não nos organizamos em projeto comece defasada em
torno de instrumentos de relação à proposta, pois é muito
mensuração e controle do comum que um grupo não
tempo, calendários, agendas ou consiga dimensionar com
relógios, logo vamos perceber exatidão o período de negocia-
que se foram os dias ou meses e ções – normalmente maior do que
não foi possível fazer o que se o previsto. É mais fácil mensurar o
havia planejado. período das ações do projeto.
3
Com um projeto não é diferen- Maiores detalhes podem ser encontrados em
O cronograma está direta-
Kury, Mario da Gama. Dicionário de Mitologia
te. É preciso organizar o tempo de mente vinculado ao quadro de Grega e Romana. Rio de Janeiro, Jorge Zahar
desenvolvimento das ações. metas. Com freqüência, ocorre Editor, 1990, pgs. 96-97.
72
Orçamento
Orçamento 73
Nos dois quadros adiante possível detalhar tanto como no De qualquer maneira, o
apresenta-se o mesmo orça- exemplo apresentado, mas detalhamento do orçamento é
mento, disposto sob formas sempre deve ser feito o esforço uma condição inegociável para
bastante diferentes. No primei- de prestar o maior número de garantir a transparência da
ro caso, o orçamento se organi- informações. Em algumas proposta apresentada. A organi-
za num quadro sem maiores ocasiões, dependendo do item zação ou grupo, se for fiel a esta
detalhes. É praticamente (máquinas, por exemplo) pode proposta ( já considerando
impossível saber quais os ser interessante apresentar possíveis ajustes) estará consoli-
gastos exatos em cada parte duas ou três tomadas de preços. dando uma marca de seriedade
orçada, pois os itens não estão Com isso, haverá certeza sobre o com o trato dos recursos e
discriminados. Assim, é muito valor necessário. respeito aos apoiadores.
genérico (e pouco confiável)
colocar “despesas com recursos Por fim, vale lembrar que as Em outras palavras, confecci-
humanos”. Há a necessidade de grandes agências financiadoras, onar um bom orçamento é mais
estipular quais são os recursos inclusive as do Estado, costu- do que levantar números “que
humanos, quanto se pagará mam ter modelos próprios para fecham”.
para cada um e por quanto a apresentação de orçamentos
tempo. O mesmo ocorrerá nos e/ou resumos de despesas
demais itens. (muitas vezes fornecidos sob a
forma de formulários) aos quais
Uma boa proposta terá um é preciso adequar-se para que a
orçamento detalhado, pois proposta de um projeto seja
somente sabendo as quantida- avaliada. Considerando que um
des de cada espécie de recurso é mesmo projeto pode ser enca-
que os possíveis apoiadores minhado para diversas agências
terão segurança em liberar de apoio, e que o orçamento
estes recursos. Qual é o custo de deve ser um instrumento capaz
determinado projeto? Serão de auxiliar a própria equipe do
mesmo necessários R$ 25 mil ou projeto no gerenciamento de
é possível implementar as suas despesas, o ideal é produzir
mesmas ações propostas com um orçamento completo e
R$ 20 mil. Se não houver uma adequado às necessidades do
discriminação dos gastos é projeto e modificá-lo à medida
impossível responder essa das exigências dos
pergunta. Muitas vezes não é financiadores.
75
Item R$
Supervisão/pessoal 70.500
Publicações 1.700
Equipamento 1.220
Abertura de trilhas 1.775
Veículos 27.500
Pesquisa 12.000
Divulgação comunitária 3.750
Administração do projeto 4.125
Treinamento 1.700
Avaliação 1.000
Total 125.370
Um bom eex
xemplo de orçamen
çamentto
orçamen
Prepar
Prepar ação de mapas/
eparação guia
mapas/guia
Consultor editorial (2 meses a R$ 300/mês 600 - - 600
Cachê de artistas 200 - - 200
Impressão de 1.000 exemplares 500 - 500 1.000
Subtotal 1.300 - 500 1.800
Ar tig
Artig os de escrit
tigos ório par
escritório a a sede do par
para que
parque
Computador 2.000 - - 2.000
Impressora 1.000 - - 1.000
Disquetes e artigos de computador 200 200 200 600
2 mesas 300 - - 300
3 arquivos 225 - - 225
Subtotal 3.752 200 200 4.125
Orçamento 77
Equipamen
Equipamentto de campo para guar
para das-flor
guardas-flor estais (6)
das-florestais
2 barracas 100 - - 100
6 sacos de dormir 435 - - 435
6 pares de botas 180 - 180 360
6 capas de chuva 100 - - 100
6 mochilas 225 - - 225
Subtotal 1.040 - 180 1.220
Divulgação comunitária
(2 workshops 20 pessoas); equipe de viagem 1.000 1.000 1.000 3.000
Material 150 150 150 450
Impressão/correio 100 100 100 300
Subtotal 1.250 1.250 1.250 3.750
Avaliação do projeto
Honorários dos consultores - - 1.000 1.000
Resumo
80 Resumo
O rresumo
esumo não de
devve
apassar uma página.
ultrapassar
ultr
Quan
Quantto menor
menor,, melhor!
Anexos
Anexos 83
Os anexos, como o nome já adianta uma foto que não páginas, se causar forte impres-
indica, não fazem parte do mostra com nitidez o que se está são, será negativa.
núcleo do texto que foi elabora- querendo dizer) e precisos
do. Mas podem ser utilizados de (informações que não reforcem
forma complementar à propos- o projeto não devem aparecer,
ta, como material de apoio. mesmo sendo interessantes).
Avaliação
Avaliação 85
Tendo abordado os itens fundamentais que Quanto à apresentação, vale a pena escolher
devem constar em uma proposta de projeto um ma terial que torne a pr
material oposta a
proposta tr
atraen
traente
aente
te,
social, cabe lembrar que o texto é, muitas vezes, a desde que ele seja adequado e que não seja
única forma pela qual os indivíduos e/ou institui- oneroso. Por exemplo, pode-se utilizar material
ções tomarão conhecimento do projeto que está reciclado ou ilustrações relacionadas ou produzi-
sendo proposto. Sendo assim, vale a pena cuidar das pelos grupos sociais envolvidos no projeto.
com muito carinho de sua redação e apresenta-
ção. Para ajudar nessa tarefa, a seguir apresenta- Também é importante lembrar que toda a vez
mos algumas sugestões e reforçamos questões em que um projeto for enviado a alguma
que já apareceram ao longo do texto: instituição ou agência para solicitar apoio,
recursos ou qualquer outra forma de auxílio, ele
Em primeiro lugar, é bom lembrar que a deve ser acompanhado de uma car ta de apr
carta e-
apre-
proposta de um projeto é um texto de trabalho e sen tação que recomende o projeto, que reforce
sentação
não uma produção literária. Deve ser completa seus pontos fortes e explique a quem recebe o
mas en xuta
enx uta. Sua redação deve ter como princípio sentido daquele contato.
básico o uso de frases claras e diretas, procurando
não utilizar termos rebuscados ou pomposos. Por fim, é bom ter sempre em mente que a
credibilidade a ser obtida por uma proposta de
Caso seja necessário incluir planos ou infor- projeto social depende diretamente de sua efetiva
mações mais detalhados, esses devem ser coloca- execução.
dos em ane
anexxo , no final da proposta, e apenas
mencionados no texto. Mesmo quando colocado
em anexo, o uso de material para ilustrar e
enriquecer a proposta (fotos, mapas, ilustrações
gráficas) deve ser muito criterioso
criterioso.. Deve ser
utilizado somente na medida em que for capaz de
agregar informações que tornem a proposta mais
interessante. O ideal é que as propostas não
desanimem seus leitores. Isso significa que elas
não devem ser longas (mais de 20 páginas já
alcança a saturação). Em geral, os anexos não
devem ultrapassar 50% do volume do projeto.
Chegamos ao final desse Guia tendo apresen- pretende atuar. Além disso, os pr ojet
projet os não são e
ojetos
tado uma série de noções e conceitos relacionados não de vem ser cconsider
dev onsider ados a única fferr
onsiderados erramen-
erramen-
com a atuação social sob a forma de projetos. ta a ser utilizada na implemen
utilizada tação de aç
implementação ões
ações
ou políticas sociais
sociais..
Em primeiro lugar, fizemos uma brevíssima
análise dos processos que, ao longo das últimas Um dos principais méritos deste instrumento
décadas, transformaram as relações entre o Estado está no fato dele exigir que os proponentes de um
e a sociedade e fizeram com que os projetos sociais projeto social tenham uma ccomprompr eensão pr
ompreensão évia
pré
se tornassem uma ferramenta muito utilizada na da rrealidade
ealidade que ser á alv
será alvoo de suas aç ões
ões.. Além
ações
implementação de políticas e ações sociais. disso, os projetos sociais são instrumentos úteis
para construção de ac or
acor dos en
ordos tr
entr e os ag
tre agenen tes
entes
Mas o objetivo principal do Guia para a en
envvolvidos na ação social pois, como já vimos, eles
Elaboração de Projetos Sociais foi o de oferecer devem ser elaborados a partir de uma articulação
uma orientação prática para a elaboração de prévia entre os participantes, que produza um
novos projetos sociais, não importando o seu consenso mínimo quanto às questões a serem
formato. Isso significa que os diversos aspectos abordadas e sobre as formas de fazê-lo. Isso significa
que foram descritos e analisados ao longo desse que os pr ojet
projet os sociais ccomeçam,
ojetos omeçam, na vver er dade,
erdade,
livro não devem ser encarados como itens de um muit
muito o an tes de sua fformulação
antes ormulação escrita
escrita..
formulário a ser preenchido. Eles formam uma
seqüência lógica
lógica,, composta por informações, Sendo assim, a elaboração de um bom pr ojet
projeto
ojeto
interpretações, acordos e proposições que devem social não de
devveria ccomeçar
omeçar pelo or çamen
çamentto, isso
orçamen
estar presentes em qualquer projeto social, não é, ele não deveria ser construído exclusivamente a
importando os títulos que forem dados a cada partir da busca por recursos financeiros ou como
um desses elementos, nem a forma ou a ordem uma forma de adequar a ação a recursos que se
em que eles aparecerem. fizerem eventualmente disponíveis. Pelo contrário,
os projetos devem surgir de avaliações e acordos
Na expectativa de ter alcançado esses objeti- sobre as necessidades e prioridades locais ou de
vos, resta ressaltar algumas idéias importantes avaliações mais amplas, que orientam a imple-
que devem estar sempre presentes na mente de mentação de programas sociais de larga escala
quem vai elaborar uma proposta de projeto social. (políticas públicas).
Em primeiro lugar, vale relembrar que os
projetos sociais são ferr amen
erramentas de ação
amentas ação.. Sendo Da mesma forma, a elaboração de um bom
assim, eles devem ser utilizados somente na projet
projet o social não de
ojeto devveria ccomeçar
omeçar pelas
medida em que forem considerados úteis e aç ões
ações
ões, isto é, ele não deveria ser proposto com o
adequados às realidades sociais em que se objetivo exclusivo de obter recursos para a
89
Bom trabalho!
90 Fontes de consulta virtual
As organizações do chamado “sistema s” – SENAC, SEBRAE, caráter nacional, muito úteis. O INSTITUTO BRASILEIRO DE
SENAI, SESC também são uma boa base de consulta. Fica a GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, no www.ibge.gov.br for-
cargo de cada um organizar uma lista, pois em geral estas nece dados estatísticos e sociais oficiais, a partir dos censos
organizações tem uma base mais regional. e outras pesquisas importantes. A FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS www.fgv.gov.br, é fonte indispensável de consultas.
6. Sugerimos também que se consulte o INSTITUTO DE PES-
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU, tem di- QUISAS ECONÔMICAS APLICADAS www.ipea.gov.br. O IPEA,
versos endereços que podem ser consultados. Aqui colo- vinculado ao Governo Federal, tem um banco de dados so-
camos somente o mais geral: www.un.org bre economia e desenvolvimento e faz pesquisas sobre a
ação social de empresas. Há, também, muitas Fundações ou
7. Institutos de Pesquisa com acento regional. Não os nomea-
Muitos bancos também são fonte de consulta. Aqui, são mos, pois aumentaria muito a lista. Fica a sugestão para
os bancos mesmo e não suas Fundações ou Institutos cada leitor desenvolver.
voltados para a área social. Veja, por exemplo, o BANCO
MUNDIAL www.worldbank.org ou o BANCO NACIONAL 10.
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES Praticamente todas as homepages de universidades indicam
em www.bndes.gov.br. OIKOCREDIT www.oikocredit.org pesquisas, investigações, grupos de pesquisadores, trabalhos
é uma Sociedade Cooperativa Ecumênica de Desenvolvi- de extensão e outras possibilidades de relação com projetos
mento localizada em diversos países, inclusive Brasil. Já sociais. Digite a palavra “universidades” em qualquer
o SICREDI, www.sicredi.com.br, é a mais antiga institui- buscador e comece a ver o que encontra. Ainda neste campo,
ção financeira cooperativada da América Latina. A INSTI- outra possibilidade é o acesso a uma rede que congrega uni-
TUIÇÃO DE CRÉDITO PORTOSOL, www.portosol.com, tra- versidades e instituições relacionados com o mundo do tra-
balha com micro-crédito na cidade de porto Alegre. balho , a UNITRABALHO, em www.unitrabalho.org.br
8. 11.
O Governo Federal tem uma ampla variedade de endere- Em www.eb-brazil.com/gestaolocal se pode encontrar
ços virtuais. Antes de mais nada, o ótimo site oficial do Go- uma rede de bancos de dados sobre gestão local, abran-
verno do Brasil: www.brasil.org. Aí se encontram informa- gendo todo Brasil.
ções sobre todas políticas públicas e muitas outras ques-
tões de interesse geral. Transcrevemos também alguns 12.
específicos, tais como o do MINISTÉRIO DA SAÚDE, O vasto mundo das organizações da sociedade civil tam-
www.saude.gov.br ou o MINISTÉRIO DO DESENVOLVI- bém já é significativo no mundo virtual. Destacamos dois
MENTO AGRÁRIO, em especial sobre o PROGRAMA NACIO- sites. Na REDE DE INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SE-
NAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR – TOR - RITS www.rits.org.br é possível encontrar o maior
PRONAF que está em www.pronaf.gov.br e o MINISTÉRIO catálogo do terceiro setor brasileiro, além de boas seções
DO MEIO AMBIENTE em www.mma.gov.br. O MINISTÉRIO com temas relacionados. O www.abong.org.br é o site da
DA EDUCAÇÃO tem o seguinte endereço: www.mec.gov.br ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ONGs - ABONG.
9. 13.
Pesquisa é uma questão muito importante para o desen- Há algumas ONGs brasileiras que se destacam por sua
volvimento de projetos sociais. Assinalamos três sites, de atuação na construção de políticas públicas. Dentre ou-
92 Fontes de consulta virtual
A listagem apresentada a seguir inclui a bibliografia que serviu de referência para a elaboração desse Guia e, também,
referências de diversas outras publicações cuja leitura poderá ser muito útil e interessante para quem busca conhecer
e, sobretudo, para quem quer trabalhar no campo das ações e políticas sociais.
1. AGUILAR, M. J. e ANDER-EGG, Ezequiel. Avaliação de serviços e programas sociais. Petrópolis, Vozes, 1995.
2. ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetos sociais. Porto
Alegre, Tomo/AMENCAR, 2000.
3. __________________. PMA: conceitos, origens e desafios. In: Caminhos: planejamento, monitoramento e avaliação.
Encontro de agentes de projetos. Salvador, CESE, set. 1998.
4. __________________. Promovendo ações sociais transformadoras: um guia prático para a elaboração e gestão de
projetos sociais. AMENCAR, São Leopoldo, maio 2000.
5. ARRETCHE, Marta. Estado federativo e políticas sociais: determinantes da descentralização. São Paulo, FAPESP/
Revan, 2000.
6. BAPTISTA, Eduardo. ONGs: Planejamento ou estratégia? Rio de Janeiro, NOVA: Pesquisa e Assessoria em Educação,
2000 (Cadernos de Educação Popular, n. 26).
7. BEAUDOUX, Etienne et al. Guia metodologica de apoyo a proyectos y acciones para el desarrollo: de la identificación
a la evaluación. Madrid, IEPALA, 1992.
8. BEHR, Izabella Müller. Guia de financiadores. Bananal, SP, Associação Pró-Bocaina, 1999.
9. BELLONI, Isaura et al. Metodologia de avaliação em políticas públicas: uma experiência em educação profissional.
São Paulo, Cortez, 2001.
10. CIVITAS: Revista de Ciências Sociais. Organizações e movimentos sociais. P.P.G. em Ciências Sociais, PUCRS, Porto
Alegre, ano 1, n.1, junho 2001.
11. COHEN, Ernesto e FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis, Vozes, 1993.
12. COSTA, Nilson Rosário. Políticas públicas, justiça distributiva e inovação: saúde e saneamento na agenda social.
São Paulo, Hucitec, 1998.
13. DEMO, Pedro. Avaliação qualitativa. Cortez, São Paulo, 1991.
14. DOREA, Alfredo e COSTA, Iraneidson (Coords.). Catálogo das entidades afro-baianas. Salvador. Centro de Estudos
de Ação Social -CEAS, Julho 2000.
15. FACHIN, Roberto e CHANLAT, Alain (Orgs.). Governo municipal na América Latina: inovações e perplexidades. Porto
Alegre, Sulina/Editora da Universidade/UFRGS, 1998.
16. FALCONER, Andrés Pablo e VILELA, Roberto. Recursos privados para fins públicos: as grantmakers brasileiras. São
Paulo, Peirópolis/ GIFE, 2001.
17. FERNANDES, Rubem Cesar. Privado porém público: o terceiro setor na América Latina. Civicus, 1994
18. GUIMARÃES, Gleny T. D. Entidades assistenciais: rede de serviços para a constituição de uma política de assistência
social. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2002.
19. HUMANAS: Revista do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS. Projetos Sociais. IFCH, Porto Alegre, v.
24, n. ½, 2001.
20. INSTITUTO ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL e Jornal Valor Econômico. Responsabilidade social das empresas:
a contribuição das universidades (Prêmio Ethos/Valor). São Paulo, Peirópolis, 2002.
94 Bibliografia
21. INSTITUTO FONTE (org). Coleção Gestão e Sustentabilidade. São Paulo, Global Editora, 2001 (7 volumes)
22. IOSCHPE, Evelyn Berg (Org.) 3º Setor: desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro, GIFE/Paz e Terra, 1997.
23. ISER, Manual para elaboração projetos. Rio de Janeiro, 1992.
24. LANDIN, Leilah. (org.). Ações em sociedade: militância, caridade, assistência etc. Rio de Janeiro, ISER/Nau, 1998.
25. MANUAL DE FUNDOS PÚBLICOS: controle social e acesso aos recursos públicos. São Paulo, ABONG/Peirópolis, 2002.
(Série Desenvolvimento Institucional).
26. MEDEIROS, M. O Welfare state no Brasil: papel redistributivo das políticas sociais no Brasil dos anos 1930 aos 1990.
Textos para discussão. Brasília, IPEA, 2001. www.ipea.gov.br.
27. MELO NETO, Francisco Paulo de e FROES, César. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração
do terceiro setor. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1999.
28. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids. Metodologia de
planejamento estratégico para o HIV/aids e outras DST no Brasil. Brasília, 2001.
29. MØGEDAL, Sigrun (Coord.). Guide to planning and evaluating NGO projects. Part I: Principles and policies of
development assistance. Oslo, Norwegian Agency for Development Cooperation (NORAD), 1989.
30. __________________. Guide to planning and evaluating NGO projects . Part II: Core elements in planning
development assistance. Oslo, Norwegian Agency for Development Cooperation (NORAD), 1989.
31. PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. São Paulo, Martins Fontes, 2000.
32. PINTO, J. B. G. A Pesquisa-ação como prática social. Contexto e Educação, n 2, p. 27 - 46, abr/jun 1986.
33. REVISTA EXAME. Guia de boa cidadania corporativa. São Paulo, dezembro 2002. Edição Especial.
34. RICO, Elizabeth de Melo e RAICHELIS, Raquel (orgs.). Gestão social: uma questão em debate. São Paulo, EDUC/IEE
PUC-SP, 1999.
35. RICO, Elizabeth de Melo (Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. São Paulo, Cortez/ Instituto
de Estudos Especiais, 1999.
36. ROCHA, Paulo Eduardo (Org.). Políticas públicas sociais: um novo olhar sobre o orçamento da união – 1995/1998.
Brasília, INESC, 1999.
37. TENÓRIO, Fernando Guilherme et al. Elaboração de projetos comunitários: uma abordagem prática. Rio de Janeiro,
Marques Saraiva, 1991.
38. TENÓRIO, Fernando Guilherme. Gestão de ONG’s: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro, Editora Fundação
Getúlio Vargas, 1997.
39. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo, Cortez, 2000.
40. URBAN, Teresa. (Coord). Práticas para o sucesso de ONGs ambientalistas. Curitiba, Sociedade de Pesquisa em Vida
Selvagem e Educação Ambiental/ Unibanco Ecologia, 1997.
41. VALARELLI, Leandro. Indicadores de resultado de projetos sociais, 1999 www.fase.org.br.
42. VICTORA, Ceres. (org) Pesquisa qualitativa em saúde. Porto Alegre, Tomo, 2000.
43. ZANETI, Lorenzo e SILVEIRA, Cléia. No caminho da organização: projetos, recursos e cooperação. Rio de Janeiro,
FASE/SAAP, 1995.
Sobre os autores 95
Luis Stephanou formou-se em Lúcia Helena Müller é Doutora Isabel Cristina de Mour
Moura a
Ciências Sociais pela Universida- em Antropologia Social pela Car valho é psicóloga, formada
arv
de Federal do Rio Grande do Sul Universidade de Brasília; Profes- pela PUC-SP, especialista em
– UFRGS, é doutorando no sora do Programa de Pós- educação não-formal pela
Programa de Sociologia Urbana Graduação em Ciências Sociais Universidade Santa Úrsula (RJ),
da Universidade de Zaragoza, da PUC-RS. Atuou como pesqui- mestre em psicologia da educa-
Espanha. Tem experiência de sadora e professora em projetos ção pelo IESAE/FGV – RJ e
assessoria para grupos popula- de educação popular (GEEMPA e doutora em Educação pela
res urbanos e trabalhou na UFRGS). Tem experiência em UFRGS. Tem atuado como
prefeitura de porto Alegre, em elaboração e avaliação de pesquisadora, gestora e avalia-
planejamento e gestão de projetos de extensão universitá- dora de projetos sociais. Traba-
projetos de reforma urbana. ria (como técnica e membro da lhou em ONGs no Rio de Janeiro,
Atualmente trabalha como Comissão de Extensão do IFCH/ tais como IBASE e ISER. Tem
assessor de projetos na Funda- UFRGS). Foi responsável pelo participado como avaliadora e
ção Luterana de Diaconia e vem Núcleo de Informações e pesquisadora na área de proje-
atuando com avaliação, acompa- Projetos do IFCH/UFRGS. Atuou tos sociais e ambientais junto a
nhamento e planejamento como consultora em pesquisa diversas instituições. No Rio
estratégico para diversas social aplicada (subsídios para a Grande do Sul, foi assessora da
organizações sociais brasileiras. construção de instrumentos EMATER e é professora colabora-
É professor de elaboração de para o gerenciamento social do dora do Curso de Elaboração e
projetos sociais na Fundação de meio ambiente). Atua como Avaliação de Projetos Sociais e
Desenvolvimento e Recursos professora em cursos de elabora- Culturais da UFRGS. Atualmente
Humanos – FDRH, do Estado do ção de projetos sociais (UFRGS; leciona no curso de Pós-gradua-
Rio Grande do Sul. UNISC; FDRH). ção em Educação e na Faculdade
de Psicologia da Universidade
riglos@portoweb.com.br iucaam@terra.com.br Luterana do Brasil - ULBRA
icmcarvalho@uol.com.br
96 Fundação Luterana de Diaconia