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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE FILOSOFIA E

CIÊNCIAS HUMANAS

Relatório Final de Iniciação Científica

2º Período de vigência do projeto (fevereiro de 2019 a julho de 2019):

Cidadania terrena e cidadania divina: um estudo de caso de uma campanha eleitoral


evangélica pentecostal

Bolsista:​ Adriel Torres de Queiroz Ferreira ​RA:​ 164974

Orientador:​ Prof​º​ Drº Ronaldo Rômulo Machado Almeida

Campinas
2019
I. Introdução
Este relatório expõe as atividades realizadas durante a vigência, em especial ao 2​º
período, ​do projeto Cidadania terrena e Cidadania divina: um estudo de caso de uma
campanha eleitoral evangélica pentecostal. O objeto de estudo compreendido é a campanha
eleitoral de uma candidatura pentecostal da Assembleia de Deus (AD), sendo o candidato
Paulo Costa Freire (PR), representante do Ministério Belém. O estudo de candidaturas em
período eleitorais nos permite compreender as singularidades da trajetória traçada pelas
mesmas, e entender uma candidatura pentecostal se faz importante devido ao sucesso que os
candidatos evangélicos que recebem apoio institucional tem se mostrado ao longo das
pesquisas (Freston, 1993, Oro 2003, Ronaldo 2004, Machado e Burity 2014, Lacerda 2017,
Tanaka 2018). A igreja que maior tem representado a candidatura corporativa pentecostal é a
Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), para a qual há diversos estudos. No entanto,
Lacerda (2017) observa que outras denominações evangélicas passaram a incorporar o
modelo corporativo de candidatura da IURD de forma a lançar seus candidatos, um efeito de
profissionalização das candidaturas evangélicas. Assim, esse estudo busca contribuir para o
estudo da profissionalização das candidaturas eleitorais evangélicas, confirmando o efeito a
partir do estudo de outra denominação, sendo esta a Assembleia de Deus. Esta pesquisa
também busca responder à questão mais ampla: é determinante o apoio da igreja para o
sucesso eleitoral das candidaturas evangélicas? Para isso, há um foco também na análise da
distribuição dos votos recebidos pelo candidato estudado em Campinas – São Paulo, por ser a
cidade na qual Paulo Costa Freire é pastor da AD responsável desta cidade; e na análise do
financiamento de campanha. A primeira parte, da distribuição do voto tem como base
estudar o funcionamento da candidatura oficial evangélica a partir da transferência de carisma
observada por Oro (2003). Para última parte, tenho como base a tese defendida por Netto
(2016) de que os candidatos evangélicos possuem um efeito menor entre despesa de
campanha e sucesso eleitoral em relação aos outros candidatos, por contaram com o apoio de
lideranças religiosas e um eleitorado cativo. Assim, busca-se avaliar essa hipótese a partir dos
dados quantitativos e qualitativos.
A identificação evangélica, na América Latina, corresponde a um campo religioso
extenso, um campo que vai desde as Igrejas protestantes históricas até as Igrejas pentecostais
mais recentes, as chamadas “neopentecostais”, segundo Mariano (1999). De acordo com o
Censo Demográfico do IBGE de 2010, a população brasileira que se declara evangélica é
composta por: 60% de pentecostais; 8,5% de evangélicos de missão e 21,8% de não
determinados. Os evangélicos de missão são os chamados “protestantes históricos” oriundos
das Igrejas formadas na reforma protestante europeia do século XVI, Igrejas como Luterana,
Metodista, Batista, Anglicana e Presbiteriana. Os pentecostais podem ser divididos em dois
grupos, pentecostais tradicionais e neopentecostais. O primeiro grupo, pentecostais
tradicionais, segundo Freston (1993) é oriundo da primeira onda pentecostal no Brasil, na
qual missionários italianos fundaram a Congregação Cristã do Brasil e missionários suecos
fundaram a Assembleia de Deus no final da primeira década do século XX. Os
neopentecostais, por sua vez, são oriundos da terceira pentecostal no Brasil da década de
1970 que enfatiza a prosperidade material, enquanto a primeira onda, o batismo com o
espírito
santo e suas manifestações, como a glossolalia. Sendo a Igreja Universal do Reino de Deus e
a Igreja Mundial do Poder de Deus as maiores igrejas de terceira onda. Essa heterogeneidade
dos evangélicos se expressa, em certa proporção, na participação evangélica no legislativo.
Os protestantes históricos participam do legislativo desde 1930, como apontado por Freston
(1993), porém, sua participação ocorria sem mobilizar a identidade evangélica, ao contrário
dos evangélicos pentecostais que a mobilizam.
Já estes entram no legislativo depois da redemocratização, pós ditadura civil militar.
Machado (2006) aponta que a partir da Constituinte de 1988 o número de representantes
evangélicos pentecostais no legislativo se torna mais relevante. Segundo Pierucci (1989) a
Constituinte de 1988 contou com uma participação de 33 deputados evangélicos, sendo 18
evangélicos pentecostais, em porcentagem, 6,4% de evangélicos e, entre eles, 54,5% de
pentecostais. Lacerda (2017) busca compreender o desempenho dos candidatos evangélicos
nas eleições legislativas brasileiras de 1998 a 2014, nestas identifica que entre este período
houve um aumento no número relativo de candidatos evangélicos, que passou de 1,6% para
2,6%, o qual permaneceu relativamente constante de 2002 a 2014.
Há diferentes formas de mobilização política dentre os candidatos evangélicos para se
inserirem na competição eleitoral. Uma das principais é a candidatura oficial, da qual sua
principal representante é a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Essa grande
capacidade de coordenação do voto da IURD tornou-se objeto de investigações científicas
(Freston 1993, Oro 2003, Mariano 2004, Nascimento 2017). A explosão demográfica
evangélica e a maior participação política ocorrem na terceira onda do pentecostalismo no
Brasil, da qual a IURD faz parte (Freston, 1993). A IURD, em 1998, profissionalizou sua
participação política e seu fazer eleitoral, lançando as "candidaturas oficiais" (Oro, 2003;
Machado, 2006). Fabio Lacerda (2017) caracteriza as candidaturas oficiais para além do que
aponta Freston (1993), na qual seria uma troca de apoio institucional da igreja e do esperado
voto dos fiéis com o candidato eleito. Assim, coloca que as candidaturas oficiais não seriam
somente o apoio da igreja, mas também a seleção do candidato, interno da comunidade
religiosa; como disponibilização de pessoas para formação da militância eleitoral, serviços e a
estrutura eclesiástica em prol do candidato. Além disso, as candidaturas oficiais pentecostais
têm características que a diferenciam das demais, como a não necessidade de publicidade
para fora da comunidade religiosa específica, e a dispensa da utilização do nome de urna com
títulos eclesiásticos, tais como: Pastor, Apóstolo e Bispo, por já serem internos da
comunidade e não precisarem sinalizar para seu eleitorado, diferentemente dos candidatos
evangélicos não oficiais.
O sucesso eleitoral da IURD decorrente dessa profissionalização se observa na
comparação entre os anos 1990, em que ela contava com nove deputados federais e estaduais
eleitos e, em 2002, na qual elegeu 35 deputados federais e estaduais (Oro, 2003). Alguns
esforços qualitativos já foram realizados para entender as candidaturas oficiais, os
quais foram direcionados para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Mariano (2004)
descreve o modus operandi, ressaltando a centralização decisória da IURD. Oro (2003)
observou detalhadamente o funcionamento das candidaturas oficiais na mesma. A instituição
religiosa, IURD, realiza um recenseamento dos dados eleitorais dos membros e fiéis para
decidir quantos candidatos lançarão por município ou estado, sendo que o lançamento das
candidaturas selecionadas é deliberado pelos dirigentes regionais e nacionais. A forma
utilizada para divulgação enquanto um candidato oficial ocorre pela mídia da própria igreja,
bem como a divulgação em seus cultos. Estas candidaturas visam concentrar os votos dos
fiéis nos escolhidos para representar seus interesses no cenário legislativo (Oro, 2003).
Perante a explosão demográfica e a maior participação legislativa da IURD, o
pentecostalismo clássico, como a AD, passou a ser influenciado pelo neopentecostais, na
construção de grandes templos e na inserção no mercado, na mídia, e principalmente na
política institucional (Almeida 2004, Oro 2003, Tanaka 2017). Essa reorganização das igrejas
pentecostais, de primeira e segunda onda, causada pelo impacto da IURD, como a
participação da igreja na política institucional por meio de um modelo de representação
corporativa. Machado e Burity (2014) também atentam a influência dessa profissionalização
eleitoral em outras igrejas pentecostais como a Assembleia de Deus (AD) que adotou o
modelo de representação corporativa, criou espaços de debate, socialização e organização das
iniciativas políticas, como a realização de reuniões de orientação política para os candidatos e
militantes.
Tanaka (2018) traz esta tabela da porcentagem dos votos para deputados estaduais na
ALESP por denominação evangélica em sua dissertação de mestrado que nos possibilita
visualizar o pioneirismo da organização do voto evangélico pela IURD e o posterior
empreendimento sendo realizados pela AD. Um indicativo da tese da profissionalização das
campanhas eleitorais evangélicas pentecostais, o efeito Universal.

Portanto se faz necessária a pesquisa acerca dessas candidaturas oficiais lançadas por
outras igrejas que não a IURD, que já possui seu sucesso reconhecido. Nesse sentido que o
presente trabalho possui como objetivo contribuir para a discussão, a partir do estudo de caso
de uma candidatura oficial em uma das maiores divisões da AD - Ministério Belém. Além
disso, visamos também preencher a lacuna aberta por Netto (2016) para o estudo acerca do
financiamento de campanha em relação aos candidatos evangélicos. A autora ao defender que
o financiamento possui um menor impacto nestas candidaturas em relação as demais, coloca
que uma futura agenda de pesquisa que vise uma análise quantitativa e qualitativa
possibilitaria compreender o porquê o dinheiro importa menos para alguns candidatos
evangélicos, na qual nossa pesquisa se insere. Uma das causas para esse efeito é que a
instituição religiosa que lança seu candidato pode utilizar o espaço dos templos como local de
divulgação das candidaturas (Valle, 2013), pois com alta fidelidade ligada à líderes
religiosos, estes podem funcionar como mobilizadores políticos desse eleitorado, ou seja
brokers, indivíduos que dispõe de redes interpessoais em nível local (Nascimento, 2017),
além de ter um alto número de cabos eleitorais voluntários (Almeida e Peixoto, 2017).

II. M​ateriais e Métodos

A metodologia utilizada para a elaboração desse artigo é mista. Possuímos a


metodologia qualitativa centrada em três eixos principais: (i) observação participante e
reflexiva, das atividades eleitorais da campanha observada, das reuniões de recrutamento e
formação dos cabos eleitorais, dos cultos religiosos na igreja sede da AD - Belém em
Campinas; (ii) Coleta de documentação como: material da campanha, jornais e informativos
da igreja que tratam da eleição, material de formação distribuídos aos cabos eleitorais e slides
utilizados nas reuniões de formação dos mesmos; (iii) Entrevistas com auxílio de um
questionamento semi-estruturado com os pastores e com os cabos eleitorais. Esta
metodologia foi desenvolvida por Valle (2013) para sua dissertação de mestrado, na qual
realizou uma etnografia política de uma igreja da AD na periferia de São Paulo durante o
período eleitoral.
Este trabalho tem suas delimitações e determinação do objeto de estudo que precisam
ser defendidas. Meu objeto de estudo de campo é uma campanha eleitoral de um evangélico
pentecostal específico, o Paulo Freire Roberto da Costa, que por sua vez, é pastor de uma
Igreja específica a Assembléia de Deus - ministério Belém. Além da delimitação de igreja e
candidatos, existiu também a delimitação da região de observação de campo e do
georreferenciamento, que no caso, foi a cidade de Campinas.
A escolha da Igreja Assembléia de Deus se dá dentro do contexto da participação política
evangélica contemporânea e dentro do contexto da produção acadêmica já elaborada. Um dos
dados elaborados pela pesquisa ​A onda quebrada: evangélicos e conservadorismo ​é a filiação
institucional religiosa dos deputados eleitos de 2014 e 2018. Em ambas as legislaturas os
deputados filiados às igrejas pentecostais AD e IURD são maioria em relação às outras
instituições religiosas. Dentre elas a AD foi maioria em relação a IURD, em 2014 a relação
foi de 25 para 12 e, 29 para 18 em 2018. Além da significativa participação dos deputados da
AD, os maiores empreendimentos acadêmicos foram exercidos sobre a IURD, inclusive os
trabalhos sobre as estratégias de campanha dos evangélicos que identificaram uma
profissionalização a partir dos modelos de representação corporativa ​(Lacerda, 2017).
Segundo alguns destes trabalhos a profissionalização eleitoral da Universal estaria
produzindo um efeito mimético nas outras igrejas pentecostais como a AD (Oro, 2003).
Sendo assim, a escolha da AD também colabora com a verificação da hipótese dessa
profissionalização eleitoral das igrejas evangélicas pentecostais.
A Assembleia de Deus se organiza de forma descentralizada e fragmentada em
ministérios que se congregam compondo as convenções nacionais (Valle, 2013). No Brasil
existem duas convenções principais, a CGADB - Convenção Geral das Assembleias de Deus
do Brasil e a CONAMAD - Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil. Cada
Convenção tem sua principal denominação e seu patriarca. A CGADB tem como principal
ministério Belém e, seu patriarca, o José Wellington. A CONAMAD tem como principal
ministério Madureira e, seu patriarca, o Manoel Ferreira. Elas também se concentram em
regiões distintas, Belém em São Paulo e Madureira no Rio de Janeiro.
Por causa da proximidade do centro ministerial da AD Belém e, da minha já inserção
na comunidade religiosa pastoreada pelo Paulo Freire da Costa, o ministério Belém foi
escolhido. Essa pré inserção no campo auxilia na pesquisa e é valorizada por autores deste
campo de trabalho. Lacerda (2017) elenca, na sua metodologia de levantamento das
candidaturas oficiais, o contato direto com as igrejas como uma das quatro formas. Ricardo
Mariano, sociólogo que também estuda a participação política dos evangélicos, relata que a
experiência de campo, relembra que para construir uma relação de confiança com os nativos é
necessário anos de observação de campo contínua. A não ser que o observante seja se certa
forma um nativo, segundo Mariano, no vídeo documentário sobre as memórias de trabalho de
campo do acervo Nau1
O ministério Belém nas eleições de 2018 trabalhou institucionalmente em prol de
duas candidaturas. Marta Costa, do PSD, para deputada estadual, e Paulo Freire da Costa, do
PR, para deputado federal. Ambos são filhos do patriarca da AD, José Wellington, portanto,
eles detêm e, também transferem com mais facilidade, o carisma da instituição religiosa.

1
​O
Chamado à Antropologia: Memórias de Trabalhos de Campo (15m45s)​. Direção:
Diana D. Gómez Maters. Produção: Ana Letícia Fiori, Cleto Junior Pinto de Abreu. Denise
Moraes Pimenta, Jacqueline Teixeira, José Agnello Andrade, Lucas Lopes de Moraes,
Leonardo Fuzer e Rodrigo Valentim Chiquetto. Apoio: Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
Universitária da USP. Realização: LISA/USP e NAU/USP. Brasil, Colorido, 18min, 2013.
Segundo Oro (2003) a estratégia eleitoral das candidaturas oficiais envolvem uma
transferência de carisma, que com a utilização da teoria weberiana pertence a instituição e
está centralizado na figura do fundador ou patriarca, no nosso caso, para a candidatura
escolhida para representação a igreja. Dessa forma as candidaturas da AD Belém se
apresentaram como ideias para o estudo do funcionamento das candidaturas oficiais.
A Marta Costa eclesiasticamente ocupa o cargo de líder do departamento infantil no
templo Sede do ministério Belém na capital paulista, pastoreado pelo pai José Wellington.
Enquanto, o Paulo Freire da Costa ocupa o cargo de pastor presidente da AD Belém em
Campinas. Pela proximidade e pela minha inserção no templo pastoreado pelo Paulo esta foi
a escolha para o estudo de caso.
Já a delimitação na cidade de Campinas para a observação de campo e o
georreferenciamento se deu pelo reconhecimento do funcionamento do cargo eclesiástico do
Paulo. Ele como pastor presidente é o responsável por todos os templos da AD Belém em
Campinas, por isso também, seu comitê político e eleitoral atua nestas igreja, em seu
território de responsabilidade.

III. Resultados

Há três eixos de exposição dos resultados: o funcionamento da campanha eleitoral


pela etnografia política; o financiamento da campanha eleitoral a partir de uma análise
quantitativa, ao utilizar estatística descritiva, e qualitativa com a observação de campo; o
desempenho eleitoral geográfico com a utilização da metodologia quantitativa de
georreferenciamento dos templos da AD em Campinas-SP, juntamente com a distribuição dos
votos do candidato no município.

Funcionamento da campanha eleitoral


Expor a estrutura da AD é essencial para entender e explorar a estratégia eleitoral da
AD. Ela se estruturou em um modelo oligárquico e caudilhesco (Freston, 1993) de igrejas
mães e igrejas dependentes, concentrando poder nas figuras dos pastores presidentes (Tanaka,
2018). Segundo Valle (2013) a AD possui como diferencial organizacional, em relação a
IURD, uma descentralização geral devido a não existência de uma ordem centralizada -
chamada episcopal, mas possui mecanismos de centralização internos que são os
“ministérios”. A AD ministério Belém possui em Campinas 173 templos, divididos em quatro
setores, e com uma igreja mãe, próxima ao centro. Essa igreja mãe está localizada na Rua
Pastor Cícero Canuto de Lima, 160, Parque Industrial, é o templo que o Paulo Freire
pastoreia.
Porém a observação não se restringe a igreja em que o Paulo está presente, mas na
mobilização feita para difundir a “candidatura oficial” nos outros 172 templos da AD –
Belém em Campinas, e no restante dos templos pelo estado de São Paulo, pois o Paulo é o
único candidato oficial da denominação a deputado federal no estado. A AD – Belém no
estado de São Paulo tem duas candidaturas oficiais, o Paulo para deputado federal, e sua
irmã, Marta Costa, para deputada estadual, ambos são da família do presidente da CGADB,
ou seja, fazem parte da elite eclesiástica da AD – Belém. A informação do processo de
seleção das candidaturas e a explicação do parentesco foi dada pelo próprio Paulo em
entrevista.
Durante o início da campanha eleitoral Paulo aceitou ser entrevistado pela pesquisa de
iniciação científica, já apontada. Em resposta à pergunta inicial do porquê participar do
legislativo ele iniciou sua resposta explicando que sua candidatura é um projeto da AD -
Belém. A candidatura não teria partido de um desejo individual seu, mas de uma decisão da
Instituição. Segundo Paulo este projeto é o Projeto Cidadania AD criado pelo seu pai para
“disputar a um país que está um caos pelos treze anos de um executivo da ultra esquerda, no
sentido de orientar a Sociedade de marxista e esquerdista para conservadora”. A sua
candidatura e de sua irmã foram nomes escolhidos pelo conselho político da AD - Belém
dentre outros nomes pelo seu maior apreço e confiança.
A escolha dos nomes para as candidaturas evangélicas, e no caso observado, os
próprios nomes das candidaturas oficiais, demonstram um centralismo decisório, como
Mariano (2014) observou na IURD. Esse centralismo decisório não é afirmado na literatura
em relação a AD, pois esta é observada como uma denominação descentralizada, a qual é
compreendida em suas fragmentações ministeriais, no entanto, nestas há centralismo
decisório. A existência de um conselho político também denota um centralismo decisório das
iniciativas políticas, uma coordenação de um projeto político, mas principalmente a postura
institucional da igreja em relação a candidatura, uma postura de encarar como um
empreendimento seu. No caso observado, a igreja, através do conselho político, coordenou e
executou todas as etapas da campanha eleitoral, a escolha da representação; a contratação de
cabos eleitorais; a construção de um plano de trabalho; a distribuição de material da
campanha; e a realização de palestras e reuniões com os cabos eleitorais, pastores e
apoiadores. Esse conselho político é formado por pastores que já ocupam cargos remunerados
na instituição religiosa e são direcionados para o trabalho na campanha
eleitoral.
“A paz do Senhor a todos os irmãos, hoje começa a reunião e amanhã começa o
trabalho”. Assim foi aberta a reunião de contratação dos cabos eleitorais para a campanha
eleitoral do Paulo por Daniel Bueno, sargento aposentado, primeiro tesoureiro e pastor
supervisor de um dos doze setores em que a AD-Belém Campinas se divide. Daniel Bueno
também é líder da comissão política e durante o período eleitoral se divide entre a sua função
administrativa e política na igreja. Essa situação foi encontrada em muitos outros pastores da
comissão política e do conselho político, os quais são em sua maioria pastores de alta
hierarquia eclesiástica e que compõe o quadro administrativo da igreja AD-Belém.
No período eleitoral a AD – Belém alugou um depósito, próximo à igreja mãe em Campinas,
para receber, guardar e distribuir material. O galpão também foi usado para reunir os cabos
eleitorais, contratá-los e formá-los, enquanto o que pode ser feito na panfletagem dentro da
comunidade religiosa. Esses cabos eleitorais são remunerados e foram indicados pelos
pastores de cada congregação, que tinham que indicar alguém de “confiança”, por sua vez,
essa pessoa é responsável ao final dos cultos de entregarem o material eleitoral, do portão
para fora, como o TSE regulamenta ​(as diretrizes do TSE era uma grande preocupação nas
reuniões de formação dos cabos eleitorais).
As falas na reunião, como a da abertura e as instruções passadas em outras, deixavam
evidente que o corpo dos cabos eleitorais eram “irmãos da igreja”. Os cabos eleitorais
também atuaram nas redes sociais, segundo a orientação do conselho político. Eles foram
ensinados a fazer listas de transmissão no whatsapp, cada agente político era responsável por
enviar o material eleitoral para dez nomes, esses dez nomes, por sua vez, eram responsáveis
por replicar para mais dez pessoas. Os cabos eleitorais eram um corpo bem plural enquanto
faixa etária e bem equilibrado enquanto número de homens e mulheres. Porém todos
presentes se vestiam como pertencentes daquela comunidade religiosa, os homens de calça e
sem barba; as mulheres de saia e cabelo comprido. Portanto, a militância interna observada
em outras campanhas eleitorais de candidatos evangélicos (Almeida e Peixoto, 2017) se
confirma na campanha do Paulo, todos os cabos entrevistados eram membros da AD-Belém.
Uma forma de fazer a figura do Paulo, e o discurso da candidatura oficial, presente nos outros
templos é a partir do discurso do pastor daquele templo ou congregação. O pastor local,
chamado dirigente, aquele que dirige uma congregação, é a conexão do candidato político a
sua base eleitoral, a membresia local. A instituição religiosa que lança seu candidato pode se
utilizar dos templos como local de campanha (Valle, 2013), com alta fidelidade ligada a
líderes religiosos que podem funcionar como mobilizadores políticos desse eleitorado, ou
seja, brokers, indivíduos que dispõe de redes interpessoais em nível local (Nascimento,
2017), além de ter um alto número de cabos eleitorais voluntários (Almeida e Peixoto, 2017).
No trabalho de campo também foi analisada a reunião de obreiros na igreja sede da
AD-Belém em Campinas. Essa reunião acontece todo segundo domingo do mês, a tarde e é
uma reunião administrativa e também um culto para todos os obreiros dos 173 templos da
AD-Belém em Campinas, sendo que quando em votações somente evangelista e cargos
eclesiásticos acima tem direito ao voto, deixando os obreiros que são diáconos de fora. Ou
seja, é o lugar e o momento do mês onde todos os pastores que dirigem as 173 congregações
espalhadas por Campinas se reúnem.Em agosto de 2018 a reunião de obreiros seguia como
sempre com o templo lotado somente com presenças masculinas e em sua maioria, para não
dizer totalidade, vestindo terno e gravata. As mulheres dos obreiros, que vão a reunião, têm
um culto num salão à parte dentro das dependências da igreja. Entretanto, essa reunião contou
com a presença da Marta Costa, ela junto com seu irmão, Paulo Freire da Costa que presidia a
reunião, lançavam as candidaturas, ou “apresentavam” como foi dito pelos atores. Marta
Costa fez uma saudação a igreja e falou um pouco sobre sua atuação na câmara legislativa de
São Paulo focando-se na sua “luta contra a ideologia de gênero e na luta pelas crianças”, nas
palavras dos atores, ela que na comunidade religiosa é líder do departamento infantil da
AD-Belém na cidade de São Paulo. Ao fim da reunião, durante os avisos administrativos, o
Daniel Bueno, líder da comissão política de Campinas, deu um breve aviso aos pastores
dirigente. Entrava em ação o projeto cidadania, e que as igrejas locais receberiam os agentes
políticos que distribuiriam o material, não dizendo na sua fala nenhum complemento para
“material”.
Houve uma reunião voltada para legislação eleitoral, a qual foi ministrada pelo
vereador e pastor no templo do Paulo, Alberto Alves da Fonseca, que apresentou o que seria
permitido e proibido nas campanhas eleitorais nas comunidades religiosas. As explicações
foram principalmente para pastores sobre o que dizer e o que não dizer no púlpito. “Falar
‘vamos orar pelo nosso deputado pode, mas dizer ‘vamos votar em nosso deputado, não!”.
Com esta fala se confirma que os interlocutores daquela reunião eram pastores. Essa reunião
pode ser entendida não só como uma tentativa de conquistar os pastores de cada congregação,
como também uma tentativa de formá-los politicamente, fornece métodos e ferramentas para
que mobilizem seus públicos, a membresia da igreja, agindo como brokers.
Outra função do pastor dirigente na campanha eleitoral da AD - Belém é a de
recrutador dos cabos eleitorais. Numa entrevista com o líder da comissão política do Paulo, o
citado acima Daniel Bueno, foi colocado que os agentes políticos, nome interno dado aos
cabos eleitorais, não seriam recrutados a partir de uma função eclesiástica específica como,
por exemplo, o corpo de obreiros, ou o diaconato. A orientação é apenas para cada pastor
dirigente indicar alguém de confiança para realizar este trabalho. Portanto, as funções
eclesiásticas dos cabos eleitorais variam e estes podem ser de um membro da igreja à um
pastor líder de algum departamento eclesiástico, como o departamento de adolescentes,
jovens, círculo de oração e família. Essa diversidade que foi observada na reunião de
contratação dos cabos eleitorais é uma diferença com o recrutamento dos cabos eleitorais da
IURD que já constituíam um grupo assistencialista da igreja ou do corpo de obreiros
(Almeida e Peixoto, 2017).

Financiamento de campanha
Com o objetivo de compreender de maneira mais complexa a estruturação da
candidatura oficial de Paulo Costa Freire (PR) analisaremos seu financiamento de campanha.
Para essa parte esperamos que possua um maior gasto com campanhas impressa e carro de
som (Netto, 2016). E que sua média de gastos totais seja menor em relação aos demais
candidatos, de forma a sustentar o argumento de que candidatos evangélicos gastam menos,
como também verificar que a relação do gasto sobre o voto, denominado como custo do voto,
seja menor em relação aos demais candidatos, pois o fato de ser um candidato evangélico
oficial seria mais importante que seu financiamento no sucesso eleitoral, aqui entendido em
ser eleito (Netto 2016, Lacerda 2017).
O resultado foi é que em relação aos demais candidatos eleitos o custo do voto do
Paulo Costa Freire foi menor, no entanto seu custo foi consideravelmente maior em relação
aos candidatos evangélicos. Assim, a hipótese para se comprovar quando comparamos a
todos os candidatos eleitos às cadeiras paulistas na Câmara dos Deputados, no entanto, o que
difere é que a diferença é baixa, pois o custo do voto do Paulo foi de R$ 18,98 e o dos
candidatos a deputado federal foi de R$21,51. Outro ponto que não esperávamos é que o
resultado do custo do voto do Paulo foi bem maior em comparação aos outros candidatos
evangélicos, sendo maior que a mediana da IURD, denominação que elegeu cinco candidatos,
e maior que a própria denominação. De acordo com a literatura (Lacerda, 2017), o esperado
seria de que os candidatos que possuem uma candidatura oficial teriam um impacto do
financiamento menor do que aqueles que não possuem apoio institucional da igreja,
precisando mobilizar outros métodos para a obtenção de votos do eleitorado evangélico,
como por exemplo o nome de urna com título religioso.

Geografia eleitoral
Outro eixo que envolve nossa pesquisa é verificar a relação entre o eleitorado e o retorno de
votos obtidos pelo candidato investigado. Assim, partimos da literatura acerca do
comportamento eleitoral da Escola Sociológica do voto e da Geografia eleitoral. Foi realizado
o georreferenciamento dos templos da AD em Campinas-SP, juntamente com a distribuição
dos votos do candidato no município, colaborando para compreensão do fenômeno político
(Terron, 2012) ao esperar a sobreposição da base eclesiástica e da eleitoral como encontrado
por Tanaka (2018). O mapa do georreferenciamento foi elaborado e discutido em conjunto
com a pesquisadora Gabriella Gontijo2

2
​Graduando em Ciências Sociais com ênfase em Ciência Política (IFCH/Unicamp). Pesquisadora da Iniciação
Científica intitulada: ​Os evangélicos nas eleições de 2018 em São Paulo: recrutamento de candidatos e
financiamento de campanha. ​Iniciação Científica, também, realizada pelo Programas de Iniciação Científica e
Tecnológica da Unicamp, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, sob a orientação do Prof. Dr. Ronaldo
Rômulo Machado Almeida, com financiamento do Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPQ) articuladas em torno de seu projeto “A onda quebrada: evangélicos e conservadorismo”
(Bolsa PQ-CNPq, Nível 2).
É observado neste mapa do georreferenciamento que houve sobreposição dos votos do paulo
com os templos, ou seja, a base social da denominação Assembleia de Deus - ministério
Belém. Com o georreferenciamento comprovamos uma maior votação do candidato oficial
em questão nos locais em que há mais templos e membros da Igreja. A partir da
generalização deste estudo de caso fortalecemos a tese de que o apoio institucional da igreja é
determinante para alcançar o sucesso eleitoral, ou seja, ser eleito.

IV. Discussão

Com o trabalho qualitativo, concluímos que uma das principais caraterísticas da


organização institucional da IURD em campanhas eleitorais observadas pela literatura foram
observadas na organização institucional da AD – Belém, em seu momento de trabalho
eleitoral. Essas características são o centralismo decisório, enquanto modus operandi, e os
espaços de socialização, nos quais ocorre o debate e organização das iniciativas políticas,
como as reuniões de orientação política para candidatos e militantes (Mariano 2004,
Machado e Burity 2014). Assim, para a AD a escolha dos nomes para candidatos oficiais, e a
atuação semelhante a um partido da elite eclesiástica como um conselho político denotam o
centralismo decisório. Além disso, as reuniões do Projeto Cidadania AD, podem ser
entendidas como reuniões de orientação política para candidatos e militantes, ou seja, espaços
de socialização, debate e organização política. Tais aspectos confirmam a profissionalização
desta candidatura e indica uma possível tendência geral das candidaturas evangélicas.

Ao avaliar a distribuição do valor entre os materiais observa-se que Cartões e Impressos


Jornais foram os mais utilizados. A partir da coleta dos materiais da campanha durante a
observação de campo conhecemos e analisamos especificamente os materiais. Os Cartões são
santinhos com a imagens do Paulo e de sua irmã que foi eleita para deputada estadual. Os
jornais foi o material mais encontrado durante a campanha e era o material com mais
informações, contendo seis páginas. Neste jornal eram apresentados quatro pontos: suas
emendas parlamentares destinadas a área da saúde, suas emendas parlamentares destinadas
aos municípios, a defesa dos valores e princípios da fé cristã na militância pelo projeto Escola
Sem Partido e o projeto de lei de sua autoria que torna hediondo o crime de pedofilia. O
interessante é perceber o direcionamento do material para um receptor evangélico pela
escolha dos léxicos, como “combateu um bom combate” em referência ao “combati um bom
combate” escrito em 2 Timóteo 4.7; pelas frases destacadas como “valores e princípios da fé
cristã”, “Escola Sem Partido” e “Não ao aborto”; e pela presença de uma foto com seu pai, o
ex-presidente da CGADB, José Wellington da Costa, ocupando uma página inteira de um
total de quatro páginas do material. Valle (2013) em sua etnografia política da campanha da
Marta Costa, irmã de Paulo, numa igreja da AD observa também o material de campanha e
afirma que o material é voltado exclusivamente ao público evangélicos pelo apelo fortemente
direcionado às características religiosas e ao pertencimento à comunidade.
A partir da observação de campo compreendemos que heterogeneidade da votação do
Paulo mesmo entre as zonas eleitorais com grande concentração de templos da AD – Belém.
A AD – Belém se divide em quatro regiões administrativas, como já abordado, cada região
corresponde a administração de um pastor supervisor que está subordinado ao Paulo,
responsável por Campinas. Sua campanha era coordenada por uma comissão, esta era
liderada pelo atual 1° tesoureiro, que é pastor responsável pela região que recebeu mais votos,
a sudoeste. Com o detalhamento da despesa da campanha compreende-se que esta comissão
possuí cargos remunerados e a coordenadoria da mesma não é diferente, portanto, ela um
espaço de disputas políticas internas da instituição religiosa AD – Belém. As dinâmicas de
poder particulares de cada instituição religiosa se expressarem no resultado da votação das
candidaturas oficiais é um forte indício da dependência do apoio da igreja e, dos
consequentes serviços prestados, para o sucesso eleitoral destes candidatos evangélicos.

V. Conclusões

A observação de campo da campanha eleitoral do Paulo Freire da Costa, pastor da


Igreja evangélica pentecostal Assembleia de Deus - Belém responsável pela cidade de
Campinas-SP revela o funcionamento da estratégia eleitoral das candidaturas oficiais, oriunda
da IURD, em outra igreja pentecostal. As caraterísticas da organização institucional da IURD
em campanhas eleitorais observadas pela literatura são o centralismo decisório, como modus
operandi (Mariano, 2004) e os espaços de socialização, debate e organização das iniciativas
políticas, como as reuniões de orientação política para candidatos e militantes (Machado e
Burity, 2014). O centralismo decisório foi identificado na atuação do conselho político da AD
- Belém, que constitui a candidatura, seleciona os candidatos e atua como comitê eleitoral,
disponibilizando os pastores para coordenar a campanha. Os espaços de socialização foram
formados também pela instituição religiosa AD - Belém, estes constituíram as reuniões de
formação dos cabos eleitorais e, principalmente, dos pastores dirigentes.
A constância dos pastores dirigentes como interlocutores da instituição religiosa
nestas reuniões mostra o sistema de brokerage, ou seja, o sistema de mobilização do voto da
AD - Belém. Esse sistema tem na figura dos pastores dirigentes, hierarquia responsável pela
direção dos cultos em cada congregação na AD - Belém, os mobilizadores do voto e
recrutadores dos cabos eleitorais. Esse sistema de brokerage é particular da estratégia eleitoral
da AD, portanto, para além do efeito universal as outras igrejas que se apropriam do modelo
de representação corporativo, a candidatura oficial, ao incorporar a estratégia eleitoral em
características próprias de organização eclesiástica de cada denominação produzem-se
particularidades na profissionalização das campanhas.
Essas particularidades do funcionamento das candidaturas oficiais se expressam
também nas despesas da campanha eleitoral, com possibilidade de se diferenciar das
hipóteses levantadas pela literatura. Netto (2016) defende que a identidade religiosa reduz os
custos da campanha, em comparação com candidatos não evangélicos, pois as apresentações
das propostas e do candidato ocorrem com maior eficiência dentro das Igrejas, como
apontado acima sobre as estratégias das campanhas. O custo do voto do Paulo é superior a
mediana do custo dos votos dos evangélicos e se aproxima da mediana do custo do voto dos
candidatos a deputado federal eleitos. A partir da escuta dos próprios atores da campanha
eleitoral do Paulo na observação de campo incorporamos o argumento da dificuldade que a
AD tem de atender com material de campanha todos os templos espalhados pela cidade e
pelo estado de São Paulo. Obtivemos o resultado, então, que o valor adicional despendido
para assegurar o sucesso eleitoral do candidato Paulo (PR) foi empregado numa maior
divulgação da candidatura oficial para a base usocial da AD ministério Belém.
O georreferenciamento permitiu observar a sobreposição da localização de templos e
votos no candidato oficial da igreja, como esperado. Além disso, o detalhamento das despesas
revelou a informação do material de campanha mais gasto. No caso, este material, era o
material com vocativos religiosos. Valle (2013) afirma que estes materiais que denotam o seu
interlocutor como alguém da comunidade religiosa revelam a circulação apenas
interdenominacional do discurso da candidatura evangélica. Portanto, assim como na
campanha do Paulo, estas candidaturas esperam se eleger inicialmente com os votos da base
social que a igreja disponibiliza. Concluímos também que esta estratégia eleitoral na qual a
igreja concede espaço, pessoas e serviços, cria uma campanha eleitoral dependente do apoio e
atuação da igreja, ao mesmo tempo em que a campanha não depende significativamente da
rede de relações e carisma do candidato (Oro, 2003). O sucesso eleitoral se dá sobre a rede de
relações, a conversão de base eclesiástica em eleitorado e carisma, não do candidato mas da
Instituição religiosa.
A partir dos resultados desse estudo de caso confirmamos a tese de Netto (2016) o elemento
religioso para as candidaturas oficiais é mais relevante do que o financiamento. O apoio da
igreja, dado desta forma da estratégia das candidaturas oficiais é imprescindível para o
sucesso eleitoral.

VI. Produção Científica

No segundo período de vigência do projeto (janeiro de 2019 a julho de 2019) foi


realizado enquanto produção científica:
● Apresentação do trabalho: “Estudo de caso de uma candidatura evangélica
oficial: Georreferenciamento eleitoral e financiamento de campanha”, com a
3
coautoria de Gabriella Gontijo Souza Macedo , na modalidade pôster no Grupo
de Trabalhos 1 – Partidos, Eleições e Representação Política do VI Fórum
Brasileiro de Pós-Graduação em Ciência Política (VIFBCP), realizado no
período de 9 a 12 de julho de 2019 na Universidade Federal do Pará em Belém.

VII. Agradecimentos

Agradeço ao CNPq pelo fomento da bolsa durante o período de agosto de 2018 a julho
de 2019. Ao orientador da pesquisa, Professor Dr. Ronaldo Rômulo Machado de Almeida
pela oportunidade de realizar a pesquisa. Agradeço também a Ms. Marcela Tanaka pela
participação no processo de elaboração do projeto e pela leitura crítica do trabalho "Estudo de
caso de uma candidatura evangélica oficial: Georreferenciamento eleitoral e financiamento de
campanha" no VIFBCP. Agradeço também aos orientandos Gabriel Kikumoto e a Gabriella

3
Graduando em Ciências Sociais com ênfase em Ciência Política (IFCH/Unicamp). Pesquisadora da Iniciação
Científica intitulada: ​Os evangélicos nas eleições de 2018 em São Paulo: recrutamento de candidatos e
financiamento de campanha. I​ niciação Científica, também, realizada pelo Programas de Iniciação Científica e
Tecnológica da Unicamp, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, sob a orientação do Prof. Dr. Ronaldo
Rômulo Machado Almeida, com financiamento do Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPQ) articuladas em torno de seu projeto “A onda quebrada: evangélicos e conservadorismo”
(Bolsa PQ-CNPq, Nível 2).
Gontijo pelas contribuições nas reuniões de orientação, pelos trabalhos elaborados
conjuntamente e pela elaboração dos dados quantitativos.

VIII. Bibliografia

ALMEIDA, Jheniffer Vieira De e PEIXOTO, Vitor​. Servir e Obedecer: uma análise de


cabos eleitorais neopentecostais. In: 41 ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 2017,
Caxambu, MG. Anais... Caxambu, MG.: [s.n.], 2017.
ALMEIDA, Ronaldo de​. Religião na metrópole paulista. Revista Brasileira de Ciências
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FIGUEIREDO, Marcus. A decisão do voto: Democracia e Racionalidade. São Paulo: Ed.
Sumaré, 1991.
FRESTON, Paul.​ Protestantes e Política no Brasil: da Constituinte ao Impeachment.
1993. Tese de Doutorado – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1993.
LACERDA, Fábio. Pentecostalismo, Eleições e Representação política no Brasil
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MACHADO, Maria D. C.; BURITY, Joanildo​. A Ascensão Política dos Pentecostais no
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MARIANO, Ricard​o. Expansão Pentecostal no Brasil: o cargo da Igreja Universal. Estudos
Avançados, vol. 18, no. 52, pp. 121-138, 2004.
NASCIMENTO, Claudia Cerqueira. Igreja como partido: capacidade de coordenação
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NETTO, Gabriela Figueiredo. Quando o dinheiro importa menos: uma análise do
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TERRON, Sonia Luiza. Geografia eleitoral em foco. Em Debate. Belo Horizonte, v.4, n.2,
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VALLE, Vinicius Saragiotto Magalhães do (2013). Pentecostalismo e lulismo na periferia
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2013. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Faculdade de Filosofia, Letras eCiências
Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013

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