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O MÉTODO INTERPRETATIVO PROPOSTO POR DWORKIN

Dworkin não nega as inúmeras controvérsias existentes no seio da


jurisprudência e da doutrina. Ao contrário, destaca que os juízes divergem, ao
menos em boa parte dos casos, não apenas sobre questões fáticas – isto é, se
algum fato ou evento relatado efetivamente ocorreu – mas também sobre qual o
sentido das normas jurídicas. Assim, em direito grande parte das discussões seria
teórica não empírica (Dworkin, 1999a, p. 56).

Entretanto, mesmo reconhecendo as divergências quanto ao sentido das normas


jurídicas, Dworkin pretende que, ao se aplicar o método interpretativo proposto por
ele, possa-se conferir à norma jurídica um sentido mais consistente com a nossa
prática jurídica, analisada em uma perspectiva ampla.

Os juízes poderiam ainda assim divergir sobre qual o melhor sentido a ser
atribuído à norma, pois podem ter concepções diversas a respeito de quais
princípios informam nossa prática jurídica e em que medida devem ser levados em
conta (peso dos princípios). Porém, se aceitarem seu método, já não estarão livres
para decidir como quiserem. A visão do direito como integridade – base da teoria de
Dworkin – introduz uma racionalidade na tomada de decisão judicial, capaz de,
inclusive, impor ao juiz uma solução contrária àquela que seria adotada caso sua
preferência prevalecesse.

Como Dworkin adota uma teoria interpretativa, entende que as divergências não
são causadas imediatamente em razão da textura aberta das normas jurídicas, mas
porque há fortes argumentos de que uma interpretação diversa seria mais coerente
com os princípios e virtudes de nossa prática jurídica.

Nesse sentido, a ambigüidade, a imprecisão ou a abstração de alguma palavra


ou expressão apenas tornará uma norma confusa se “houver, pelo menos, uma
dúvida sobre se a lei representaria um melhor desempenho da função legislativa se
interpretada de um modo, e não de outro” (Dworkin, 1999a, p. 422).

Em outras palavras, a obscuridade de uma norma não deve ser apontada como
uma característica inerente à sua própria essência, mas presente pela simples razão
de existirem fortes argumentos de que um outro sentido seria mais adequado frente
ao conjunto de princípios e virtudes de nossa prática jurídica.

E Dworkin considera criativas as interpretações de algo criado pelas partes como


uma entidade distinta delas. Nesse sentido, as interpretações de práticas sociais,
como o direito e a arte, devem ser entendidas como criativas. Ademais, as
interpretações criativas são construtivas na medida em que se preocupam
essencialmente com o propósito, fundamentalmente o do intérprete, não o do autor
(Dworkin, 1999a, p. 63).

Dessa forma, a interpretação construtiva impõe um propósito a um objeto ou


prática a fim de torná-lo o melhor possível. Isto não significa que possa fazer o que
bem entenda, pois a história de uma prática, ou a forma de um objeto, traça limites
às interpretações disponíveis (Dworkin, 1999a, p. 65).
Assim, há dois pressupostos que seriam comuns à atitude interpretativa de uma
prática social: (i) a prática não apenas existe, mas tem uma finalidade segundo o
valor, interesse, propósito ou princípio que leve em conta; e (ii) as regras da prática
social devem ser compreendidas, aplicadas ou modificadas segundo essa finalidade
(Dworkin, 1999a, p. 57-8).

Essa atitude interpretativa procura atribuir um significado à prática que permita


vê-la sob sua melhor luz e, então, reestruturá-la à luz desse significado. “A
interpretação repercute na prática, alterando sua forma, e a nova forma incentiva
uma nova interpretação. Assim, a prática passa por uma dramática transformação,
embora cada etapa do processo seja uma interpretação do que foi conquistado pela
etapa imediatamente anterior” (Dworkin, 1999a, p. 58). Portanto, a interpretação
construtiva procura tornar uma prática a melhor possível em face de sua finalidade.

A crítica em geral levantada contra essa concepção é a de que essa atitude não
pode ser considerada interpretação uma vez que confundiria os pontos de vista do
autor e do intérprete. Para esses críticos, apenas a intenção do autor deve ser
levada em conta e não a finalidade que um intérprete atribua à prática social ou ao
objeto artístico. Ocorre que a ideia de intenção do autor implica as convicções do
próprio intérprete: estas serão determinantes para estabelecer qual intenção está
presente no objeto artístico ou na prática social (Dworkin, 1999a, p. 70). É um misto
de criação e descoberta de significado.

Assim, a interpretação não é capaz de descobrir alguma intenção real histórica,


mas simplesmente propõe uma forma de ver o que é interpretado “como se este
fosse o produto de uma decisão de perseguir um conjunto de temas, visões ou
objetivos, uma direção em vez de outra” (Dworkin, 1999a, p. 71).

Ao lado disso, deve-se notar uma diferença entre “interpretar os atos e os


pensamentos dos participantes um a um” e “interpretar a prática em si mesma”
(Dworkin, 1999a, p. 77-8). Trata-se de distinguir o que os membros da comunidade
pensam que a prática exige e o que ela realmente requer.

A interpretação da prática em si mesma obriga o intérprete a aderir à prática que


se propõe compreender, de maneira que suas conclusões não serão relatos neutros
sobre o pensamento dos membros da comunidade, mas enunciados comprometidos
com a visão do intérprete. É justamente esse tipo de interpretação que Dworkin
acredita ser característica do direito.

Na nossa apresentação podemos montar o slide da seguinte forma:

Ronald Dworkin, tem crítica ao positivismo - em especial a Hart

Hart – Casos difíceis – Discricionariedade

Dworkin – Casos Difíceis - Princípios

Um exemplo muito famoso que foi um julgamento da corte americana, que levou
o nome de Riggs V. Palmer (Riggs v. Palmer, 115 N.Y. 506, é um importante
processo civil do estado de Nova York, no qual o Tribunal de Apelações de Nova
York emitiu um parecer de 1889. Riggs foi um exemplo do judiciário usando a regra
de "objetivo social" da construção estatutária, o processo de interpretação e
aplicação da legislação).

O caso foi, o neto matou o avô por herança.

No Direito Positivo, dentro das leis o neto poderia receber a herança mesmo
assim

Decisão Judicial, ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza ( a corte


usou de uma decisão para negar o direito do Neto que era previsto em lei, pois é um
direito positivado ele receber a herança do avô mas com base em outras decisões
optaram por condenar o neto e dar como resposta de que ninguém pode receber
uma herança de sua própria torpeza).

Esse caso nada mais é que o Juiz invocando princípios para se dar uma decisão,
para Dworkin os princípios era o embasamento do Direito em si e não apenas um
auxílio para uma decisão julgada.

Podemos fazer um quadro e colocar a diferença das regras para princípios:

REGRAS PRINCÍPIOS

Subsunção do fato à regra Ponderação de interesses

“Tudo ou nada” “Mais ou menos”

Pouco abstrato Muito abstrato

Específica Genérica

Aplicação Direta Aplicação depende de


interpretação

Para Dworkin existe o juiz Hércules

Mesmo em casos difíceis, há uma única resposta correta.

Juiz Hércules: Todo tempo do mundo, todo o conhecimento do mundo.

Se o Juiz Hércules existisse, sempre conseguiríamos encontrar a resposta certa


para os casos.

Ronald Dworkin ele é um filosofo liberal, quando se fala de um filosofo


liberal é demostrar que ele é o defensor do Direito das minorias, ou seja a filosofia
utilitarista é àquela que defende decisões agregam a maioria, logo ele é crítico do
utilitarismo, para garantir o Direito das minorias ele virou o defensor do Direito da
igualdade. Dworkin era um crítico do Direito Positivismo puro, no seu ponto de vista
ele acaba excluindo os verdadeiros valores do Direito, vai entender que é necessário
que o aplicador do Direito utilize de vários fatores quando ele for ser aplicado diante
de um caso difícil de ser solucionado.

Em notas introdutórias ele diz que todo indivíduo tem Direito, para melhor
entender existem Direitos Individuais que repartem dos direitos institucionais seria a
norma posta, ou seja, o cidadão ele tem um trunfo, quando a corte está diante de um
caso difícil do jeito que a lei é aplicada conforme escrita não faz justiça aos casos.
Conforme um exemplo sempre citado o caso de Riggs V. Palmer, um ato errado ao
extremo o neto ficaria com a herança porque não tem lei que proíbe, de acordo com
positivismo se permite. Pela primeira vez na história da justiça Americana decidiu se
por meio de princípios, ou seja, usou do seu direito individual, sentenciou o neto de
ser proibido de receber a herança de seu avô, aplicaram-se princípios ou trunfos
para garantir os direitos individuais preferências. Para Ronald Dworkin ele faz uma
separação, entre regras e princípios, a ideia quando eu vou poder aplicar princípios,
serão aplicados quando estivermos diante de um caso difícil.

Fonte: https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-106/os-metodos-
interpretativos-de-ronald-dworkin-e-o-direito-como-integridade/

https://www.youtube.com/watch?v=IbhG7YJmaaY

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