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Caderno Da Figura Complexa de Rey
Caderno Da Figura Complexa de Rey
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
TEXTO DE APOIO
TESTAGEM EM PSICOLOGIA
Caderno n. 3
Os docentes
1 - Autores:
A. Rey
P. A Osterrieth
2 - Utilização:
Utiliza-se como avaliação da percepção, actividade perceptiva analítica e
organizadora e memória visuais. Esta prova é ainda importante para estudar os seguintes
aspectos:
- desenvolvimento mental: através da observação dos diferentes tipos de cópia
e a riqueza ou pobreza de representação gráfica nas diferentes idades, obtêm-se
elementos acerca do grau de desenvolvimento ou de atraso do indivíduo,
3 - Idades de aplicação:
A partir dos quatro anos de idade. Existe um segundo teste de reprodução visual e
de memória de uma figura geométrica mais simples (Modelo B) que a prova original
(Modelo A) que iremos apresentar. Esta forma “B” destina-se a examinar crianças entre os
quatro e os sete anos. Com o Modelo “B” os progressos tornam-se insignificantes a partir
dos sete anos. A prova “B” pode igualmente ser aplicada aos adultos nos quais se supõe
uma forte deterioração intelectual.
4 - Material necessário:
6 - Tempo de Aplicação:
Não há limite de tempo, nem para a cópia nem para a reprodução de memória.
Deve-se contudo cronometrar e registar o tempo gasto. O próprio examinando dirá
quando terminou.
7 - Normas de Aplicação:
A prova divide-se em duas partes, cópia e memória, que devem ser separadas por um
intervalo de cerca de três minutos. A cópia dá-nos indicações sobre a apreensão e
representação gráfica dos dados visuais - supõe portanto uma visão correcta, certo nível de
estruturação da actividade perceptiva e a capacidade de atenção suficiente. A reprodução de
memória faz apelo à memória imediata - exige uma capacidade mnésica suficiente e sem
perturbações.
A. CÓPIA
A lâmina com o modelo a copiar apresenta-se horizontalmente e com o pequeno
losango terminal para a direita e com a ponta virada para baixo.
Dá-se ao examinando uma folha de papel branco liso e um lápis (por exemplo o
vermelho).
Apresenta-se a figura ao examinando e diz-se:
“Vê este desenho? Vai copiá-lo para esta folha. Não é necessário fazer uma cópia
perfeita, basta prestar atenção às proporções e sobretudo não esquecer nada. Não é
necessário trabalhar à pressa. Comece com este lápis .”
Mudança de lápis:
Verificação:
A prova pode ser completada por uma verificação, nos casos em que o
examinando trabalhou de modo primitivo ou pouco racional. Quando terminar pergunta-se
se não haverá uma forma melhor de copiar a figura. Poderá fazer-se a seguinte pergunta:
“Para que cada pormenor esteja colocado no seu devido lugar como é que se deve começar o
desenho? Trace aqui as linhas que melhor possam servir de ponto de partida.” (Esta
pergunta deve ser adaptada à compreensão e vocabulário das crianças, como
por exemplo: “Por onde é que devias ter começado para que este desenho ficasse mesmo
bem?”)
B. REPRODUÇÃO DE MEMÓRIA
Depois de uma pausa de três minutos em que se conversou com o examinando
sobre coisas alheias à prova, passa-se à segunda parte.
Sobre uma nova folha o examinando será convidado a desenhar de memória a
figura anteriormente apresentada. Também a técnica dos lápis de cores diferentes é
vantajosa pois permite-nos contactar ou não um melhoramento do processo de construção
em relação à cópia. Marca-se o tempo. Não há limite de tempo para a reprodução, é o
próprio sujeito que indicará quando terminou. No final, escreve-se memória nesta folha da
prova.
8-Correcção e Pontuação:
A correcção da Figura Complexa de Rey, é feita em função de três variáveis,
válidas para a Reprodução Visual e Reprodução de Memória:
1- O tipo de construção
2- A precisão e a riqueza da reprodução
3- A rapidez do trabalho
TIPO VIII
Poderá falar-se num tipo VIII, ou combinação dos tipos I e II. Baseados sobre o
rectângulo central, servindo de armação ao desenho. O sujeito começa pela cruz e, de
seguida, faz o rectângulo e as diagonais, etc. Presente em todas as idades, esta reacção
mostra um lento crescimento até aos dez anos, passa a ser dominante aos treze, depois de
ter rivalizado com o tipo IV aos onze, doze anos. Continua a progredir para atingir o seu
máximo.
Para uma avaliação prática dos resultados, Osterrieth estabelece uma tabela(Quadro
3)dos tipos de cópia. Os números mostram que crianças muito pequenas já podem
apresentar um tipo superior e revelar, assim, um avanço. Vê-se, também que o tipo I, o
mais evoluído, corresponde à mediana da distribuição das formas de cópia encontradas nos
adultos. Não é possível pois, nestes últimos, utilizar o teste para descriminar aqueles que
possuem facilidade especial na reprodução do desenho, a não ser unicamente para detectar
a eventualidade de uma insuficiência na apreensão perceptiva.
Idade Percentis
(anos) 10 25 50 75 100
4 VII VI V III II
5-6 VI/V III IV II I
7-10 VI/V III IV II I
11-12 III IV IV/II II I
13-15 III IV II I I
Adultos III/IV II I I I
Quadro 3: Tabela dos tipos de reprodução visual (cópia)
Osterrieth deu o mesmo valor a cada uma das unidades acima referidas, simples ou
compostas. Porém, como podem ser correctamente reproduzidas ou ligeiramente
deformadas, bem colocadas na figura ou mal situadas, propôs a seguinte pontuação:
Idade Percentis
(anos) 10 25 50 75 100
4 15 10 8 7 4
5 12 10 8 7 3
6 15 11 9 7 6
7 18 11 9 7 5
8 11 10 7 6 5
9 8 7 6 5 4
10 10 9 8 4 3
11 6 5 4 3 2
12 8 5 4 4 3
13 5 5 4 3 2
14 5 5 4 4 1
15 6 4 4 3 2
Adultos 6 5 4 3 2
Quadro 6:tabela dos tempos de cópia (em minutos)
B- Reprodução da Memória
Para avaliar os resultados da fase de reprodução posterior à cópia, ter-se-ão em
conta as mesmas variáveis que para a primeira fase da prova, isto é, o tipo de construção, a
exactidão e riqueza da reprodução e a rapidez do trabalho.
1- TIPO DE CONSTRUÇÃO:
Idade Percentis
(anos) 10 25 50 75 100
4 VII VI III/V II II
5-6 VI V III IV II
7-10 V III IV II II
12-12 V/II IV II I II
13-Adultos III/IV II I I II
Quadro 7:Tabela dos tipos de reprodução de memória
3- RAPIDEZ DO TRABALHO:
Uma tipificação da duração do processo de reprodução de memória não apresenta
apenas interesse prático; há sujeitos escrupulosos que prolongam o seu esforço enquanto
outros, expeditos, pensam rapidamente que a sua recordação está esgotada. Basta referir
que, dos quatro aos quinze anos, a mediana das distribuições progride de 6 a 3 minutos
para voltar a ser de 4 minutos no grupo dos adultos.
B- Reprodução de Memória
1- Se o processo de cópia é normal ou superior e apesar disso a
reprodução de memória é nitidamente insuficiente, a percepção e a
organização dos dados a fixar não estão em causa, a pobreza da
reprodução de memória traduz bem a da recordação visual.
Neste caso, pensar-se-á então:
B- Crianças normais
Quando os resultados a este teste são muito inferiores aos dos outros testes de
inteligência, pode ser sinal de dificuldades na estruturação da percepção.
Nas crianças normais de inteligência, mas com dificuldades de carácter, há
resultados e tipos de produção médios. Na reprodução de memória aparecem porém coisas
estranhas, detalhes a mais, espaços vazios preenchidos de traços, etc.
C- Adultos
1- nos afásicos:
- verifica-se pobreza de detalhes na cópia e ainda mais na reprodução de
memória
- chegam a ser incapazes de reproduzir o desenho de memória por terem perdido
o sentido do geométrico que lhes permitia encarar o conjunto da figura e
centrá-la.
11-Bibliografia
- BOURGÊS, S. (1979); Approche Génétique et Psychanalytique de l`Enfant, Delachaux
et Niestlé, Neuchátel, Paris
- REY, A. (1959); Manuel du test de Copie d`une Figure Complex; Centre de
Psychologie Apliqué
- REY, A.; Exame Psicológico nos casos de Encefalografia Traumática, Arquivos de
Psicologia, Vol XXVIII, nº 112
rc
en
til Percentil
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Adultos
10 1 3 12 14 19 26 25 28 29 24 25 27 29 10
20 2 8 18 15 23 25 27 30 29 28 28 31 30 20
25 2 11 19 17 27 28 27 30 30 29 30 31 31 25
30 2 12 20 20 29 28 27 30 30 29 30 31 31 30
40 3 10 22 21 29 28 29 32 31 30 31 32 32 40
50 8 19 23 22 30 30 30 33 32 30 31 32 32 50
60 8 19 24 23 31 33 32 34 33 32 32 33 33 60
70 9 21 24 27 32 34 32 35 34 34 34 34 34 70
75 10 21 25 27 32 34 32 35 34 34 34 34 34 75
80 11 22 26 28 33 34 33 35 35 34 34 35 34 80
90 15 26 26 31 33 34 34 36 35 35 35 35 35 90
100 19 31 27 31 35 36 36 36 36 36 36 36 36 100
Média
7,8 17 20,5 22,4 28,7 30,6 30 32,1 31,7 30,6 31 32 32 Média
D.Padrão 4,6 6,4 5 5,19 4,18 2,7 2,6 2,6 2,39 2,6 2,5 2,1 1,8 D.Padrão
Mediana 8 19 23 22 30,5 30,5 30,5 33 32 30,5 31 32,5 32 Mediana
Moda 2/8 19/ 21 24 22/31 -- 34 32 35 /36 -- 30 31 32 /35 32 /33 Moda