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Metodologias da
Alfabetização e
Letramento
Prof. Brigitte Klenz Jung
2012
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. Brigitte Klenz Jung
372.414
J951f Jung, Brigitte Klenz
Fundamentos e metodologias da alfabetização e letramento /
Brigitte Klenz Jung. Indaial : Uniasselvi, 2012.
200 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-520-8
Impressão por:
Apresentação
Discutir sobre a alfabetização e o letramento é uma tarefa ampla. Ela
consiste em buscar fundamentar e subsidiar a prática pedagógica, em que
nos encontramos inseridos em nosso cotidiano.
III
Por meio da construção e apresentação dessas unidades, pretendemos
auxiliar você, caro(a) acadêmico(a), a construir conhecimentos. Esperamos
que o ‘saber fazer’ faça mais sentido através dos escritos aqui apresentados.
Por isso, desejamos bons e proveitosos estudos! E, não se esqueça: vá além
do que está escrito, busque nas indicações bibliográficas e de sites outras
informações complementares.
Bom proveito!
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO ........................................ 1
VII
2.3 ALFABETIZADOR ....................................................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75
VIII
TÓPICO 2: PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS
TEXTUAIS ......................................................................................................................... 153
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 153
2 TEXTOS E GÊNEROS TEXTUAIS SÃO SINÔNIMOS? ........................................................... 153
3 DIÁLOGO ENTRE GÊNEROS TEXTUAIS .................................................................................. 159
4 O TRABALHO COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ................................................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 166
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 167
IX
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O conteúdo desta unidade visa:
PLANO DE ESTUDOS
Organizamos esta unidade em quatro tópicos. Cada tópico é seguido de
um resumo e de uma autoatividade. Além disso, ao final da unidade, você
encontrará uma leitura complementar sobre o tema: leitura.
TÓPICO 3 – LEITURA
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
SOBRE A LINGUAGEM
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico do nosso caderno estudaremos sobre a linguagem.
É importante compreendermos alguns aspectos pertinentes a ela. Isso porque,
posteriormente, pretendemos tecer compreensões referentes à escrita, à leitura,
à alfabetização, ao letramento, aspectos estes diretamente ligados à linguagem.
Portanto, sinta-se convidado a percorrer os primeiros passos dessa caminhada!
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
O título desta seção sugere que pensemos a respeito de uma palavra:
CONCEPÇÃO.
NOTA
3
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
NOTA
de
autoativida
O que lhe ocorre quando você lê SISTEMA SIMBÓLICO? Procure explicar nas
linhas a seguir:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Passado um tempo, talvez, este caderno não existirá mais, ou, você
o recuperará para rever algum assunto. Os escritos não mudam, o papel foi
impresso e a versão será essa que você tem em mãos. Porém, você não será mais
5
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
NOTA
6
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
— Não posso nem pensar em ministrar uma palestra! Chego a passar mal só
de imaginar!
— Tenho muita dificuldade em desenvolver um texto escrito, as ideias
estão na cabeça, mas na hora de pôr no papel a coisa desanda.
Estes são só alguns exemplos. Tente lembrar-se de outros. Se, a partir dos
exemplos anteriores, afirmarmos que a linguagem é a expressão do pensamento,
então é como se disséssemos que estas pessoas que encontram dificuldades de
se expressar, não pensam. Sabemos que isso não é verdade. Talvez, poderíamos
acrescentar a essa concepção algumas palavras que ampliariam a nossa compreensão:
ATENCAO
Por meio dessa concepção parece que a linguagem é tida como uma
ferramenta pronta e acabada que está disponível quando necessário. Talvez você
já tenha visto um gráfico como este que apresentaremos a seguir, que demonstra
como a linguagem é compreendida segundo essa concepção:
7
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
NOTA
8
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
O nosso foco, neste momento, está voltado a estes dois tipos de linguagem
verbal. Contudo, sabemos que não é só por meio da linguagem verbal que
podemos atribuir sentidos. Isto está claro para você? Pensemos em um exemplo:
FIGURA 2 – SEMÁFORO
● tanto quem escreve quanto quem lê (a leitura também é uma modalidade oral),
controla o tempo despendido para essas tarefas, de acordo com o resultado que
se almeja;
● a LVO e a LVE podem ser usadas como instrumentos para refletir sobre a nossa
língua (o português);
9
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
● LVO e LVE servem como veículos para a transmissão da cultura. Vale ressaltar,
contudo, que a LVE tem caráter permanente, enquanto a LVO pode ser distorcida
(um exemplo: se contarmos uma história familiar, com o passar do tempo ela
poderá ser (re) contada. A este (re) conto, certamente, serão acrescentadas ou
subtraídas informações. Já quanto à escrita, se esta mesma história for registrada,
é desta forma que ela permanecerá, a não ser que alguém altere os registros).
Diante dos pontos anteriores, podemos ter como certo: entre escrita e
oralidade há aproximações e descontinuidades. Conhecê-las permite refletir,
também, sobre a prática pedagógica.
10
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
de
autoativida
11
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Sim e não. O que acontece é que elas aparecem, também, na escrita. Muitas
ocorrências na escrita são frutos das variações da fala.
12
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
possam ler e compreender o que está escrito”. (BAGNO, 2004, p. 104). Note
bem a menção do autor a TODOS. Isso independe de local. Por isso, também, as
variações podem e devem ser respeitadas tendo em vista, como já mencionado
anteriormente, que a ESCRITA NÃO É MERA REPRODUÇÃO DA FALA.
O que é SOCIOLINGUÍSTICA?
NOTA
de
autoativida
E
IMPORTANT
13
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Diante disso, caberia à escola partir do que a criança já sabe “e sabe bem:
falar a sua língua materna com desenvoltura e eficiência”. (BAGNO, 2007, p. 83).
Assim, os alunos:
● seriam valorizados pelo português que sabem, que conhecem e, a este, seriam
acrescidos novos/outros conhecimentos;
● aprenderiam a não discriminar colegas por falarem diferente, tendo em vista
que, na sociedade, existem variedades linguísticas que são privilegiadas em
detrimento de outras. Algumas são consideradas ‘bonitas’ e ‘certas’, outras
‘feias’ e ‘erradas’. Isso não ocorre somente em relação à língua. Há diversos
tipos de preconceitos. Cabe aqui um alerta! Que tal analisarmos em conjunto o
que foi elaborado por Bagno (2004, p. 205)?
● teriam contato com outras variedades linguísticas que não a sua, acessando
diferentes formas de falar e de escrever. E, quando houvesse necessidade,
poderiam fazer uso desta ou daquela maneira de falar e/ou escrever, conforme
a situação exigisse (uma conversa formal ou informal etc.);
● seriam conscientizadas de que, pela língua, podemos discriminar ou promover
quem convive conosco em nosso entorno;
14
TÓPICO 1 | SOBRE A LINGUAGEM
● teriam seu repertório de leituras e escritas ampliado pela ação dos seus
educadores, os quais visariam à inserção plena dos seus alunos e alunas em
práticas de letramento (Na Unidade 3 deste caderno estudaremos sobre o
letramento).
DICAS
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico:
16
AUTOATIVIDADE
3 Organize uma atividade que você aplicaria em sala de aula cuja abordagem
se volta às variações linguísticas.
17
18
UNIDADE 1
TÓPICO 2
A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico da nossa primeira unidade de estudos, abordaremos
sobre a escrita. Pretendemos apresentar informações que partem do advento, da
descoberta desta importante ferramenta social e que desembocam no ambiente
escolar, local privilegiado para o ensino e a aprendizagem da escrita. Que aspectos
estão ligados à escrita? E o alfabeto, como surgiu? Estas são algumas das questões
que queremos desvendar com você!
2 A HISTÓRIA DA ESCRITA
Você já ouviu a expressão “tudo tem história”? Pois é, a escrita também tem
uma história bastante peculiar. É interessante conhecermos aspectos da história
da escrita. Isso porque podemos compreender, bem como fundamentar nossas
práticas enquanto portadores dessa importante ferramenta social. Além disso,
àqueles que são educadores e lidam diariamente com o ensino e a aprendizagem
da escrita, informamos que conhecer estes aspectos históricos é parte integrante,
indispensável da bagagem de conhecimentos que carregam consigo.
NOTA
19
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Essas figuras representavam lutas, caças obtidas com êxito etc. Além disso,
aos poucos, os homens passaram a produzir e cultivar produtos que a natureza
lhes oferecia. Surgiu, então, a necessidade de registrarem suas posses, a fim de
não se perderem na estocagem. Esse registro era feito por meio de desenhos.
Vários desenhos combinados representavam uma ideia. Tínhamos um primeiro
tipo de escrita: a escrita PICTOGRÁFICA. Veja que interessante o exemplo de
escrita pictográfica apresentado por Cagliari (2000, p. 107):
20
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
de
autoativida
Tente escrever o sentido dessas figuras. O que será que está escrito?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Um índio e sua mulher tiveram uma discussão: ele queria caçar, e ela, não.
Ele pegou o seu arco e flechas e encaminhou-se para a floresta. Surpreendido por uma
tempestade de neve, ele procurou proteger-se. Avistou duas tendas, examinou-as, mas
descobriu que abrigavam duas pessoas doentes: numa delas havia um garoto com
sarampo, na outra, um homem com varíola. Ele se afastou o mais rápido que pode e
logo se aproximou de um rio. Vendo peixes no rio, ele apanhou um deles, comeu-o
e descansou ali por dois dias. Depois, pôs-se a caminho de novo e avistou um urso.
Disparou uma flecha contra ele, matou-o e fez um belo banquete. Em seguida partiu
novamente e viu uma aldeia indígena, mas como eles se mostraram inimigos, fugiu e foi
ter a um pequeno lago. Enquanto caminhava ao longo do lago, apareceu um cervo. Ele
matou-o com uma flecha e arrastou-o para sua cabana, para sua mulher e seu filhinho.
21
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
22
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
NOTA
23
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
24
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
25
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
NOTA
Sendo assim, quando você quer comunicar algo a alguém por escrito,
é necessário que tanto você quanto quem receba a sua mensagem, conheçam o
conjunto de símbolos, neste caso, as letras do nosso alfabeto, para que haja sentido.
NOTA
A palavra alfabeto vem dos nomes das duas primeiras letras gregas: alfa e beta.
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 23).
26
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
E
IMPORTANT
27
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
UNI
Aa – Bb – Cc – Dd – Ee – Ff – Gg – Hh – Ii – Jj – Kk – Ll – Mm – Nn – Oo – Pp
– Qq – Rr – Ss – Tt – Uu – Vv – Ww – Xx – Yy – Zz
A a a
As letras acima têm o mesmo valor, independente do seu traçado. Isto é
o mesmo que dizer “A” é sempre “A”. Ou, escrever MALA, mala, (O quemala
pode mudar, conforme veremos no Tópico 4 desta unidade, é a função das letras
de acordo com o contexto no qual se encontram dentro de determinada palavra).
Agora, poderíamos tecer outras discussões, levando em consideração as variações
linguísticas etc. Que sentidos a palavra MALA possui? Enquanto você pensa a
respeito, iremos adiante. Na próxima seção pretendemos estudar sobre aspectos
do nosso sistema de escrita.
28
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
NOTA
● Sinais diacríticos (acento agudo, grave, til, circunflexo) que fornecem às letras
valores sonoros especiais.
29
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
TUROS
ESTUDOS FU
30
TÓPICO 2 | A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
E
IMPORTANT
Os grafemas estão ligados ao traçado das letras e os fonemas aos valores sonoros
que os grafemas representam. (SCLIAR-CABRAL, 2003).
● o sistema de escrita;
● o alfabeto (o nome da letra não é o mesmo que o som que ela representa);
● a categorização gráfica das letras – cada letra tem sua função. Mudanças no
traçado não necessariamente alteram a função. Anteriormente, na Seção 3
desta unidade, apresentamos o exemplo da letra A em diversos traçados;
● a categorização funcional das letras – não se pode escrever uma letra qualquer
em qualquer posição da palavra. Ex.: convencionou-se que a palavra BOLA
é escrita nesta sequência. Independente da região do nosso país, BOLA será
BOLA. Existe uma representação para essa palavra. Ela representa um objeto
redondo, usado para jogar futebol e outros esportes etc. Não poderíamos,
simplesmente, mudar a escrita de BOLA para LAOB, pois não haveria
compreensão e nem convenção social para isso;
31
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
● a ortografia (grafia correta) – por ela a escrita pode ser ‘lida’ pelas diferentes
variedades linguísticas;
● relações entre letras e sons (para a leitura. Ex.: CASA). Neste caso, quando o
“s” está entre duas vogais, produz-se o som de “z”.
● nem tudo o que se escreve são letras, há acentos e sinais de pontuação que
modificam a entonação e o valor sonoro;
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, estudamos sobre:
● O nosso alfabeto tem, atualmente, vinte e seis letras. As letras podem variar em
seus traçados, mas não variam em seu valor sonoro. Isso quer dizer que A é A,
independente da sua grafia (maiúscula, minúscula, script, cursiva, caixa alta).
33
AUTOATIVIDADE
34
UNIDADE 1
TÓPICO 3
A LEITURA
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, ao estudarmos sobre a escrita, aprendemos que
escrevemos algo para que alguém o leia, você se lembra disso? Se não fosse assim,
a escrita e sua invenção não teriam sentido algum. Neste tópico, pretendemos
abordar a leitura. Apresentaremos as ideias de alguns autores sobre o assunto e
estabeleceremos elos entre o que apresentam. Desta maneira, queremos construir
compreensões, a fim de tornar a leitura algo muito próximo de nós! “Ler? Sim. E
com muito prazer!” Esperamos que seja esta a sua reação!
2 O QUE É LER?
“A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados”.
(CHARTIER, 1999, p. 77).
FIGURA 11 – A LEITURA
35
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
UNI
● SENTIDO AO MUNDO.
● RELAÇÃO INTERATIVA.
Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que
certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter
acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte
das novas informações ao que já se é [...] ler é o meio de interrogar a
escrita e não tolerar a amputação de nenhum de seus aspectos.
Como destaque:
UNI
Ler é:
36
TÓPICO 3 | A LEITURA
“Ler começa por uma intenção por parte do leitor: a busca por uma informação,
um momento de lazer, de prazer etc. Uma vez reconhecidas e identificadas as letras,
é atribuído o sentido”. (SCLIAR-CABRAL, 2003, p. 80, grifos nossos).
37
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Se não fosse assim, você acha que a criança daria importância ao livro?
Faça uma experiência: entregue um livro sem figuras a uma criança e perceba
a sua reação. Com o passar do tempo, a leitura de imagens dá lugar à leitura
do nosso sistema de escrita e a compreensões provenientes do nosso entorno,
relacionadas aos nossos contextos de vida.
UNI
Você sabia que foi um revendedor de livros chamado John Newbwrry quem,
em 1744 abriu a primeira livraria infantil em Londres, e começou a escrever e a editar, ele
próprio, breves histórias divertidas, ilustradas e baratas?
FONTE: Teberosky; Colomer (2003, p.152)
de
autoativida
● Que sentido têm as palavras de Mafalda diante do que discutimos anteriormente? Pense
em contextos de vida, compreensão, atribuição de sentidos, interação.
● Encontre um deslize na escrita do último quadrinho.
38
TÓPICO 3 | A LEITURA
DICAS
Pois bem, até aqui caminhamos tentando desvendar o que é ler. O uso do
verbo TENTAR, neste momento, dá indícios de que essa tarefa não é unilateral,
ou seja, não encontraremos uma maneira única de dizer “o que é ler”. Além disso,
vale lembrar que muitos autores vêm se debruçando sobre estudos referentes a
essa tentativa, entre eles há concordâncias e divergências. Portanto, o que nós
fizemos foram escolhas. Essas escolhas estão em concordância com o nosso
contexto de vida, nossa prática pedagógica, experiências vivenciadas.
3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Estratégias? Parece coisa de guerra...
39
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
● Obter uma informação de caráter geral: diante desse objetivo de leitura, o leitor
lê algo de maneira geral e decide se quer/precisa aprofundar a sua leitura ou
não. Ex.: leitura de materiais específicos para a elaboração de um trabalho
escolar, leitura das manchetes de notícias etc.
● Revisar um escrito próprio: neste caso, temos que nos colocar no lugar de
escritor e leitor. É uma leitura crítica, útil. Esta leitura pode nos ajudar muito a
aprender a escrever. Afinal, temos que refletir sobre a maneira mais conveniente
de escolhermos as palavras a fim de atingir nossos objetivos diante de quem
nos lê/lerá.
● Obter prazer: cada pessoa sabe o sentido de ‘prazer’ para si. Por isso vale
destacar que esse objetivo envolve a “experiência emocional desencadeada
pela leitura”. (SOLÉ, 1998, p. 97).
● Praticar a leitura em voz alta: a este objetivo, ou, anterior a ele, deve estar
a compreensão. Esta prática é comum em salas de aula. Contudo, é/seria
interessante que os alunos pudessem conhecer e compreender o texto que
devem ler em voz alta. Isso antes de apresentá-lo. Provavelmente na hora da
exposição oral haveria maior segurança.
40
TÓPICO 3 | A LEITURA
de
autoativida
Que tal, agora, tentar descobrir, com base na lista anterior, os objetivos de leitura
presentes nas figuras a seguir?
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
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_________________________
___________________________
FONTE: Chartier (1999, p. 83)
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
___________________________
FONTE: Chartier (1999, p. 80)
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
_________________________
___________________________
FONTE: Disponível em: <http://office.
microsoft.com/pt-br/images>. Acesso em: 15
maio 2011.
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UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Você deve ter observado detalhes nas imagens que interferiram nas suas
respostas, certo? Detalhes como a posição dos leitores, os olhares, a disposição
corporal etc. Uma atividade interessante que você pode promover é a de pedir para
alguém do seu entorno observar como você se comporta ao ler textos diferentes
(ler por prazer, para buscar alguma informação etc.). Será que se percebe alguma
diferença entre uma leitura e outra? Tente.
● Identificar sinais gráficos com fluidez: essa estratégia tem a ver com a
aprendizagem do nosso sistema de escrita. Caso ocorra de forma lenta, difícil,
pode levar à perda do sentido global daquilo que se lê.
42
TÓPICO 3 | A LEITURA
● Conhecer os objetivos da leitura: o quê? Por quê? Para que ler? Isso traz
sentido às atividades de leitura e permite que sejam avaliadas.
43
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
1 Você passa por uma parede em que está afixado um recado: CUIDADO, TINTA
FRESCA! Qual é a sua reação? A leitura deste recado provoca em nós uma
reação, ou seja, geralmente, afastamo-nos da parede. Se não o fizermos, ou, se
não avistarmos o recado, possivelmente haverá uma consequência: parte da
lata de tinta será levada conosco como acessório (talvez até fique interessante!!)
em nossa roupa.
FIGURA 13 – ESPERA
4 Ao adquirir produtos de limpeza você pode ler na embalagem aqueles que possuem
menos agentes químicos, resultando em colaboração com o meio ambiente.
44
TÓPICO 3 | A LEITURA
de
autoativida
FIGURA 14 – A LEITURA
45
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Dessa feita, a leitura na escola deveria ser encarada como uma via dupla:
de um lado, a escola com seus propósitos didáticos – “ensinar certos conteúdos
constitutivos da prática social da leitura, com o objetivo de que o aluno possa
reutilizá-los no futuro, em situações não didáticas” (LERNER, 2002, p. 80) – e, na
outra via o aluno, sendo ‘atendido’ nas suas necessidades atuais, de acordo com
situações comunicativas do seu contexto de vida.
46
TÓPICO 3 | A LEITURA
Assim:
As pessoas reunidas nos “círculos de cultura” iam pouco a pouco
aprendendo e reaprendendo a LER O SEU MUNDO. Iam descobrindo
o que já sabiam e o que não sabiam ainda, para entender melhor como
o nosso Mundo é, como ele poderia ser... e o que deveria ser feito para
ele ser um mundo melhor. Um mundo mais humano, mais solidário e
mais feliz. (BRANDÃO, 2005, p. 69, grifos nossos).
Ler e escrever para essas pessoas tornava-se uma forma de “dizer” o seu
mundo. E mais, dizer a partir de vivências significativas, do compartilhar de
ideias advindas do dia a dia.
Leia que interessante o que outro autor, Cagliari (1999, p. 247), escreve
sobre LER O MUNDO:
DICAS
47
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico:
● Sempre lemos com determinado objetivo. Ter um objetivo para a leitura significa
dizer para que lemos. Alguns objetivos de leitura são: obter informações
precisas e de caráter geral; seguir instruções; aprender; revisar; obter prazer;
comunicar algo a um auditório; ler em voz alta; verificar compreensões.
● Além dos objetivos de leitura (ter um ‘para que’ ler), usamos estratégias de
leitura, ou seja, procedimentos específicos que permitem inferências diante
dos materiais que lemos. Algumas estratégias são: conhecer os sinais gráficos;
ativar conhecimentos prévios; relacionar os conhecimentos prévios com as
novas informações que determinado texto possa nos oferecer etc.
● Pela leitura, podemos ler o nosso mundo. Ler o mundo nos envolve como
pessoas que pertencem e agem em seus contextos de vida.
● Na educação, Paulo Freire teve papel ativo nos seus estudos e práticas que
buscavam o acesso de todas as pessoas ao mundo da leitura e da escrita.
Desenvolveu um método, conhecido como Método Paulo Freire, cujo ponto de
partida eram palavras geradoras, provenientes do contexto em que as pessoas
viviam. Aconteciam reuniões, os círculos de cultura, onde as palavras eram
problematizadas e delas se partia para a ampliação da aprendizagem.
● ‘Ler o mundo’ é poder ‘dizer’ e ‘escrever’ o mundo em que se vive. E mais, é ser
valorizado nisso.
48
AUTOATIVIDADE
b) Esta cena lhe remete a algo do seu contexto de vida? Por quê?
49
50
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Até aqui estudamos sobre a linguagem, a escrita e a leitura. Agora, ao
finalizarmos esta unidade, queremos, ainda, discutir sobre a questão do que
muitos chamam de “erros” na escrita. Descobriremos o porquê da expressão
“erros” não combinar com nossa visão e prática do que o corre quando nossos
alunos utilizam o sistema de escrita. Além disso, contextualizaremos assuntos
pertinentes à avaliação. Acompanhe-nos e reflita sobre esses importantes aspectos.
Leve-os em consideração na sua prática pedagógica!
NOTA
ORTHOS – correto.
GRAFIA – escrita.
Ou seja, grafia correta.
51
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
diferentes. Se não fosse essa uniformidade, a grafia perderia sua utilidade como
sistema de representação da língua falada”. (FARACO, 2001, p. 11).
Sendo assim, se quisermos nos comunicar por escrito com alguém que
mora na região nordeste do nosso país (nós estamos ao sul), escreveremos da
mesma maneira, tanto lá quanto cá. Isso facilita a compreensão, não é mesmo?
No dicionário encontramos:
NOTA
52
TÓPICO 4 | O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
NOTA
2 Além de unidades sonoras, nosso sistema aceita também a origem das palavras,
isso se traduz na grafia (memória etimológica). Ex.: monge (com g) – uma
palavra de origem grega; pajé (com j) – uma palavra de origem tupi.
E
IMPORTANT
Por isso, podemos inferir que não é possível falar em ERROS. Você se
lembra de que anunciamos a retomada de ‘hipótese’? O que é uma hipótese? Para
definir usaremos palavras de um aluno nosso, quando frequentava a primeira
série (hoje segundo ano) do ensino fundamental:
53
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
NOTA
A palavra ERRO está tão impregnada, por isso a apresentamos entre aspas
no título que abriu esta seção.
54
TÓPICO 4 | O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
Antes, contudo, gostaríamos de reiterar que “Não existe nada para o qual
não seja possível levantar uma hipótese de interpretação. Tudo que um aluno faz
ou deixa de fazer tem uma razão de ser para ele, e o professor precisa descobri-la
para poder ensinar adequadamente”. (CAGLIARI, 1999, p. 245).
55
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
E
IMPORTANT
56
TÓPICO 4 | O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
de exclusão social. Ou seja, só algumas pessoas têm acesso e, aquelas que não
conseguem por algum motivo se adequar à norma, ficam à mercê. Os pensamentos
incutidos, como resultado disso, são: ‘falo errado’, ‘não penso direito’, logo, ‘não
sou/posso ser nada’.
Entre a norma padrão da nossa língua e o uso real dela, aquele do dia a dia,
existe um abismo. (BAGNO, 2007). Muitas gramáticas, que explicitam NORMAS,
têm como base a escrita literária de PORTUGAL. Aliás, qual é o significado de
gramática? Acompanhe a seguir a ideia de um autor a respeito:
57
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
Todo e qualquer trabalho de reflexão sobre a língua tem que ser precedido
pelo trabalho de prática da língua, ou seja, leitura e escrita, escuta e fala, leitura e
escrita, escuta e fala, leitura e escrita, escuta e fala... (grifos do autor).
58
TÓPICO 4 | O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
Alguns lembretes:
Nestes casos, as palavras são memorizadas pelo uso, pela visão da sua
grafia. Constantemente se recorre ao dicionário, a fim de pesquisar ‘como se
escreve’. Essa prática de consulta ao dicionário nos acompanha mesmo depois de
sairmos da escola.
DICAS
59
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
E
IMPORTANT
Promover avaliação entre os pares. Para tanto, pode-se construir legendas que sirvam de
direcionamentos para os autores dos escritos assim que receberem a devolutiva de seus
materiais por parte dos colegas.
LEITURA COMPLEMENTAR
Jean Foucambert
Para abordar o que esse capítulo tornará mais preciso, pode-se dar uma
primeira definição de leitura através do que é observável no comportamento do
leitor. Colocado diante dos signos escritos que compõem uma mensagem, o leitor
coordena o movimento dos olhos para seguir as linhas da esquerda para a direita e
esse movimento se interrompe várias vezes em cada linha para permitir aos olhos
perceber, enquanto eles estão imóveis, um conjunto de signos, compreendidos
entre várias letras e várias palavras. Essa atividade perceptiva conduz o leitor a
dar uma significação ao texto escrito, associando – entre si e com o conjunto de
suas experiências passadas – os elementos percebidos, e a guardar deles uma
lembrança sob a forma de impressões, julgamentos, ideias.
60
TÓPICO 4 | O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’
61
UNIDADE 1 | ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
62
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, vimos que:
● Pensando a avaliação, vale ressaltar: não aprendemos por repetições, mas sim
mediante práticas significativas.
63
AUTOATIVIDADE
5 Elenque algumas ideias de intervenção. Faça de conta que estes alunos são
da sua classe. Como você os avaliaria? Que estratégias adotaria?
64
UNIDADE 2
A ALFABETIZAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O conteúdo desta unidade visa:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade também é composta por quatro tópicos. Cada tópico é seguido
de um resumo e de uma autoatividade. Novamente, ao final da unidade,
você encontrará uma leitura complementar sobre o tema: alfabetização.
65
66
UNIDADE 2
TÓPICO 1
FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico da segunda unidade do nosso caderno, queremos
estudar sobre a alfabetização, sobre alguns sentidos a ela atribuídos. Ao fazê-lo,
pretendemos construir uma linha de pensamento com você. Portanto, acompanhe-
nos em mais esta etapa de construção de conhecimentos. Ressaltamos que, além
do que você encontrará escrito nas próximas páginas, como conteúdo para o seu
estudo, existe muito material (livros, sites, revistas) que aborda este tema, qual
seja, a alfabetização. Posto isso, vale lembrar que realizamos escolhas teóricas que
servirão de base para o nosso caderno. Ao longo do nosso estudo, indicaremos
alguns materiais que poderão auxiliá-lo na ampliação de seus conhecimentos.
de
autoativida
67
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
NOTA
NOTA
Alfabetizar: ensinar a ler; dar instrução primária; aprender a ler por si mesmo.
FONTE: Ferreira (1999, p. 93)
2.1 ALFABETO
Uma das palavras que está contida na alfabetização é, sem dúvida, o
alfabeto. É em torno dele que se desenvolve o processo de alfabetização. Na
verdade, o surgimento do alfabeto exigiu que se desenvolvessem estratégias de
ensino e de aprendizagem, a fim de que se possa conhecer este sistema de escrita. A
referência a sistema de escrita é feita tendo em mente que o alfabeto é um sistema
de escrita, um conjunto de letras e outros sinais gráficos que servem de apoio
para a nossa escrita. A partir destas letras e sinais, podemos escrever e submeter
a nossa escrita à leitura, sempre com o objetivo de que haja compreensão.
68
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO
2 O nosso alfabeto atual é composto por 26 letras, que podem ser escritas de
diversas maneiras, sem que por este motivo (o tipo de escrita), tenham seu
valor sonoro alterado. Escrevemos o alfabeto cursivo, caixa alta e script. Além
disso, usamos números e sinais.
3 Cada letra possui um nome. O nome da letra não significa o seu valor sonoro.
Ex: H – agá. Quando esta letra aparece no início da grafia de uma palavra, não
se atribui nenhum som à letra mencionada. Ex.: HOJE – lemos OJE/OJI.
- Relações entre os traços numa mesma letra. Ex.: “a única diferença entre
E e F está no fato de E ter um traço horizontal a mais na base, e de ambos
se diferenciarem de L porque esse só possui um traço horizontal na base”.
(SCLIAR-CABRAL, 2010, p. 72).
- Direção para a direita ou para a esquerda, e para cima ou para baixo. Diante
destes aspectos é necessária uma construção neuronal que dê conta da simetria
em relação às letras. Muitas pessoas, ao terem contato com a grafia das letras,
realizam o que chamamos de ‘espelhamento’, ou seja, efetuam uma troca no
traçado das letras. Ex: b, d; M, W; n, u.
69
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Mas, para quê? Qual é o sentido desta discussão tecida até aqui?
Note bem, a última parte dos dizeres de Cagliari (1999, p. 104): “aplicar
esse conhecimento para produzir sua própria escrita”, ou seja, a partir do
conhecimento adquirido, poder usar este conhecimento para agir em seu contexto
de vida. Este assunto será retomado na Unidade 3 do nosso caderno, quando
estudaremos sobre o letramento.
70
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO
NOTA
No próximo item abordaremos com mais rigor o que cabe a quem lida com
o alfabetizar, ou seja, o alfabetizador. Antes, porém, precisamos retornar ao título
deste item. Lá aparece mais alguma coisa ao lado de alfabetizar: alfabetizar + ação.
2.3 ALFABETIZADOR
Antes de nos determos a quem alfabetiza, convidamos você a refletir
conosco sobre algumas profissões. A referência para estas reflexões está no tipo
de conhecimento que se exige para exercer determinada função.
71
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
fim de que conseguisse estudar seus manuais e elaborar seus receituários, teve
que aprender a ler e a escrever? E um engenheiro, para assinar seus projetos e
plantas, bem como organizar suas obras e planilhas de trabalho, também? O
mesmo ocorre com tantas outras profissões, as quais demandam que se conheça
o nosso sistema de escrita e mais, que se faça bom uso dele.
72
TÓPICO 1 | FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO
DICAS
A fim de aprofundar seus conhecimentos sobre o tema que estudamos até aqui,
sugerimos a leitura das seguintes obras:
● CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o BÁ-BÉ-BI-BÓ-BU. São Paulo: Scipione, 1999.
● SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princípios do Sistema Alfabético do português do Brasil. São
Paulo: Contexto, 2003.
● ______. Guia prático de alfabetização. São Paulo: Contexto, 2003.
● SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2008.
E
IMPORTANT
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, estudamos:
● A escrita é uma convenção social. Por isso, alfabetizar está relacionado a ensinar
a ler e a escrever. O que não acontece com a fala. Aprendemos a falar em nossos
meios sociais. ‘Nascemos neurológica e fisicamente preparados para falar’.
74
AUTOATIVIDADE
75
76
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico pretendemos percorrer historicamente aspectos pertinentes
à alfabetização. Isso adquire importância a partir da visão de contexto. Ou
melhor, quando refletimos sobre as bases que antecederam o que hoje temos e
compreendemos por alfabetização, podemos tomar decisões pautadas, também,
em fatos históricos. Além disso, é interessante conhecermos onde se fundamentam
as nossas práticas. Afinal, para haver avanço é preciso entrelaçar o passado e o
presente. (ELIAS, 2000). A partir disso podem surgir ‘novas’, ‘outras’ práticas.
2 DO ALEF AO ALFABETO
Já mencionamos no Tópico 1 desta unidade, bem como ao longo da
Unidade 1, que o alfabeto atual se originou a partir de outros sistemas de escrita,
estes, por sua vez, mais antigos. Houve uma economia processual no número
de símbolos a serem utilizados para escrever. O objetivo desta ‘economia de
símbolos’ visou facilitar a escrita para quem dela fizesse uso. Além disso, a
acessibilidade ao código escrito, antes privilégio de poucos (principalmente dos
escribas, os quais se dedicavam ao estudo e escrita de muitos caracteres, afinal,
era esta a sua profissão), passou a estar disponível para todas as pessoas.
Todas as pessoas?
77
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
NOTA
78
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
NOTA
NOTA
Segundo Cagliari (1999), a palavra cartilha tem a ver com carta. O sentido
atribuído é o de orientação, uma espécie de mapa.
79
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
FIGURA 17 – COMENIUS
80
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
81
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
82
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
cartilhas passaram a ser mais elaboradas. Cada lição tinha ênfase em um fato. O
sistema silábico passou a substituir o alfabético. Todo este material se destinava
aos filhos de famílias que tinham certo status social. O povo simples continuava
fora da escola.
83
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
84
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
No ano de 1853 foi publicada a segunda edição desta cartilha. Veja que
interessante o extenso nome dado à obra: Metodo Castilho para o ensino rápido e aprazível
do ler impresso, manuscrito, e numeração do escrever. Obra tão propria para as escólas como
para uso das familias.
Outro autor de cartilhas foi João de Deus (1830-1896). Sua cartilha foi chamada
de Cartilha maternal ou arte de leitura. Destacavam-se letras dentro das palavras. Dessa
forma o aluno prestava atenção no que estava grifado. Havia uma tendência nesta
cartilha de que a escrita fosse mais privilegiada que a leitura. Esta obra propulsionou
a criação de outras, algumas das quais chegaram aos nossos dias.
85
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
NOTA
DICAS
Historicamente, talvez isso faça parte da sua história pessoal, a cartilha foi
usada (e ainda é em alguns locais), como instrumento fechado, o único material
responsável pela alfabetização das crianças, jovens, adultos. Se isto fosse verdade,
com certeza os problemas referentes à alfabetização em nosso país estariam
resolvidos. Afinal, bastaria seguir ‘o manual’ para se obter o ‘sucesso garantido’.
Sabemos que não é este o caso.
86
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
Esperamos que este caderno não seja encarado como uma cartilha. Pelo
contrário, queremos que você amplie seus conhecimentos, por isso mencionamos
PARA ALÉM no título que abriu este item. Podemos continuar?
Agora, queremos tecer uma linha do tempo cujo objetivo se volta ao estudo
dos acontecimentos históricos relacionados à alfabetização. Diversos teóricos se
debruçaram sobre tentativas de tornar a alfabetização algo próximo das pessoas.
87
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
Quantas ideias interessantes, não é mesmo? O que chamou a sua atenção nas
propostas deste autor? Por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
88
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
89
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
UNI
No item 3 deste tópico, Comenius, ou, Comênio, já foi apresentado. Caso queira
contemplar a sua imagem novamente, volte algumas páginas.
90
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
- Deve-se deixar a criança falar, falar no seu dialeto. Afinal, é só falando que ela
aprenderá a falar. Conforme Elias (2000, p. 42), dialeto aqui é compreendido como
“variedade linguística falada pelas pessoas com as quais a criança interage”.
- A criança deve ter contato com palavras acessíveis e não inúteis, ou seja,
palavras descontextualizadas.
91
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
De acordo com o seu contexto de vida, com a sua prática pedagógica, você
consegue traçar algum paralelo entre as ideias de Rousseau e as preocupações atuais
referentes ao processo de alfabetização? Anote no espaço a seguir:
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
92
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
Leia as proposições feitas por Elias (2000, p. 25) quanto aos aspectos da
alfabetização sob a ótica de Pestalozzi e alguns comentários feitos pela autora
referentes à influência ‘pestalozziana’ nos dias atuais:
93
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
94
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
UNI
Fröbel já foi mencionado no item 3 deste tópico. Portanto, caso queira visualizá-
lo, sugerimos que volte algumas páginas.
JOHN DEWEY (1859-1952): este estudioso propõe que não deve haver
nenhuma separação entre a vida e a educação. Além disso, a educação deve
permitir “compreender, projetar, experimentar e conferir os resultados das
aprendizagens”. (ELIAS, 2000, p. 28). Deve haver uma conexão entre escola, vida
social e outras instituições (igreja, estado,...). A ‘pedagogia’ de Dewey tinha uma
fórmula: aprender fazendo.
95
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
96
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
E
IMPORTANT
UNI
97
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
98
TÓPICO 2 | PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO
E
IMPORTANT
NOTA
Nível I e II – Pré-silábico
Hipótese central: (I) escrever é reproduzir os traços típicos da escrita, identificados pela
criança como a forma básica da escrita. (II) Para ler coisas diferentes, isto é, atribuir significados
diferentes, deve haver uma diferença objetiva nas escritas.
Nível IV – Silábico-alfabético
Hipótese central: coexistência de duas formas de corresponder sons e grafias: fonemas para
algumas partes das palavras e sílabas para as outras.
Nível V – Alfabético
Hipótese central: compreensão de que cada som (fonema) corresponde a uma letra e que as
letras se combinam para formar sílabas e palavras.
99
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Vamos adiante?
100
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, vimos que:
101
AUTOATIVIDADE
102
FONTE: Heuer (1935, p. VIII e 13)
b) O que você acha que é parecido com o ensino dos dias atuais?
103
104
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico as nossas atenções se voltam às maneiras de alfabetizar.
Estas maneiras foram construídas ao longo da história e hoje repercutem nas
turmas de alfabetização. Há uma única maneira de alfabetizar? Existe, apenas,
uma maneira correta de alfabetizar? Por que o título deste tópico apresenta a
palavra CONCEPÇÃO (trata-se de um sinônimo de método?)? A estas e a outras
perguntas tentaremos responder ao longo deste nosso estudo.
105
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Como desfecho desta pequena discussão tecida até aqui, podemos dizer
que, pautados em uma concepção de alfabetização conforme aquela apresentada
por Soares (2008), o ‘como’ se alfabetiza perde a sua importância. Você concorda?
E
IMPORTANT
106
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
107
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Qual seria a crítica a este método? Ao ler o quadro anterior com atenção,
encontraremos três palavras que dão indícios de resposta à pergunta lançada:
EXAUSTÃO, MEMORIZAÇÃO CANSATIVA.
108
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
109
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
Retire deste trecho o que para você é mais importante e que serve de alerta
quanto ao método fônico. Para isso, utilize o espaço a seguir:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
110
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
Retire deste trecho alguma passagem que indica o valor dos métodos sintéticos.
Para fazer suas anotações, utilize o espaço que segue:
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
111
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Este método foi adaptado ao ser inserido em algumas escolas. Isso porque
as experiências de Decroly foram feitas com crianças que sofriam de algum déficit
visual, auditivo ou outro.
É isso mesmo?
112
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
Sim. Este método foi desenvolvido por Emilia Ferreiro (já apresentada
anteriormente) e Ana Teberosky. Ambas observaram como as crianças aprendem.
Podemos inferir, a partir disso, que há uma diferença de enfoque neste método: a
ênfase se volta ao ‘como se aprende’ e não ao ‘como se ensina’.
Leia como é interessante uma das explicações dadas pelas autoras e que
julgamos pertinentes para as nossas compreensões diante deste método:
113
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
Paulo Freire via a escrita e a leitura com práticas de liberdade. Por isso,
desenvolveu uma maneira que garantia o acesso de muitas pessoas ao mundo da
leitura e escrita. Isso não seria possível pelos métodos convencionais, os quais, em
muito, tolhiam a participação e desconsideravam o contexto de vida.
114
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
Com as sílabas, são formadas novas palavras: fala, fava, vela, vila, lava,
leva, luva e assim por diante.
de
autoativida
Sugerimos, agora, que você retire desse texto, palavras que confirmem o que
apareceu no título deste item, ou seja, a menção de que as ideias desenvolvidas por Paulo
Freire ultrapassam um método de alfabetização. Para isso, utilize o espaço a seguir:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
115
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
DICAS
4 A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
Estar consciente de alguma ‘coisa’ é, de certa forma, conhecer sobre esta
‘coisa’, a ponto de se expressar sobre ela através de alguma linguagem.
No nosso caso, este ‘estar consciente de’ refere-se aos fonemas. Então, em
outras palavras, consciência fonológica significa compreender, conhecer sobre
fonemas. A linguagem utilizada para nos expressarmos, neste caso, é o alfabeto.
116
TÓPICO 3 | CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
Além disso, esses dois fonemas, /b/ e /m/ possuem traços constitutivos
(SCLIAR-CABRAL, 2010). Observe que traços são estes. Leia e estude com
atenção!
117
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, vimos que:
119
AUTOATIVIDADE
120
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
No último tópico desta unidade queremos construir algumas compreensões
sobre aspectos intrínsecos à alfabetização. Estes aspectos dizem respeito aos
alfabetizadores, ou seja, pessoas que se dedicam ao ensino do nosso sistema de
escrita. Outros, ainda, têm como foco os alfabetizandos, crianças, jovens, adultos
que interagem com os alfabetizadores na construção de conhecimentos. Por
último, queremos apresentar algumas ideias práticas referentes à alfabetização,
as quais não têm o intuito de receituário, apenas contribuem para as reflexões
tecidas até então e, talvez, possam ser adaptadas a algum contexto.
● Nem sempre a criança que escreve de maneira correta sabe como funciona a
escrita.
121
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
de
autoativida
Sugerimos que você retome a leitura do item 2.3 do primeiro tópico desta
unidade. Lá estudamos sobre o ‘alfabetizador’. Recupere algumas compreensões pertinentes:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Este assunto é discutido por alguns teóricos. Com isso, podemos sinalizar
que existem diferenças de opinião. A que nós apresentaremos a seguir tem como
base os estudos de Cagliari (1999). Para este autor, a alfabetização no ambiente
escolar deveria ocorrer entre 5 e 7 anos. Isso devido “à capacidade e experiência
de vida de qualquer criança” (CAGLIARI, 1999, p. 106) com esta idade.
122
TÓPICO 4 | SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE ALFABETIZA
TUROS
ESTUDOS FU
Não ter sido alfabetizado enquanto criança não significa não poder mais
ser alfabetizado. Muitos jovens e adultos retornam à escola após alguns (muitos)
anos sem frequentá-la, ou, até, sem nunca haver frequentado um ambiente
escolar. Quem os acolhe são instituições de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Em muitas delas os professores ainda utilizam materiais infantis para alfabetizar,
como se não pudessem construir conhecimentos a partir dos contextos de vida
destas pessoas. Esta era uma das preocupações de Paulo Freire. Lembram-se dele,
não é mesmo? Para que a alfabetização ocorra com êxito, em qualquer idade, é
necessário, portanto, que haja interesse.
123
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
FIGURA 36 – ALFABETIZAÇÃO
124
TÓPICO 4 | SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE ALFABETIZA
125
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
126
TÓPICO 4 | SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE ALFABETIZA
Esperamos que esta lista de atividades possa lhe ser útil em suas práticas.
Contudo, reiteramos: crie e recrie a partir das sugestões elencadas. Na próxima
unidade estudaremos sobre o letramento. Você perceberá algumas menções a
este tema na leitura complementar desta unidade.
LEITURA COMPLEMENTAR
127
UNIDADE 2 | A ALFABETIZAÇÃO
128
TÓPICO 4 | SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE ALFABETIZA
129
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, vimos que:
● Não ter sido alfabetizado enquanto criança não significa não poder mais ser
alfabetizado.
● Para que a alfabetização ocorra com êxito é necessário que haja interesse de
todos os envolvidos.
130
AUTOATIVIDADE
131
132
UNIDADE 3
O LETRAMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O conteúdo desta unidade visa:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Cada tópico é seguido de um
resumo e de uma autoatividade. Nesta unidade, a leitura complementar que
escolhemos aborda o assunto letramento.
133
134
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Na leitura complementar da unidade anterior (Unidade 2), dentre muitas
passagens interessantes apresentadas pela autora, escolhemos uma que ilustra
as nossas intenções de discussão e aprendizagem para o primeiro tópico desta
unidade: quando se ensina a ler e a escrever, se ensina também um modo de
pensar o mundo por escrito. O que isso tem a ver com o nosso tema, letramento?
Acompanhe-nos e descubra.
NOTA
135
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
de
autoativida
NOTA
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
136
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.
de
autoativida
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
137
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
NOTA
UNI
Preciso deixar um bilhete para um colega. Mas, não sei escrever. Já observei que
quando as pessoas deixam um bilhete para alguém, escrevem alguma coisa.
138
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
Ao mesmo tempo, podemos afirmar, com base nos estudiosos que ancoram
os nossos estudos, que letramento e alfabetização, ou, alfabetização e letramento,
apesar de distintos, são indissociáveis. Em outras palavras, são aliados.
de
autoativida
139
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
2 A escrita tem múltiplas funções (das mais rotineiras àquelas que permitem acesso às esferas
de poder). Como traduzir isto para a prática? Que tipo de escrita faz parte da sua rotina (mais
informal) e que tipo de escrita lhe dá acesso a instâncias de poder (mais formal)? Utilize o
espaço a seguir para escrever a sua resposta:
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Nas observações feitas pela autora percebemos, mais uma vez, a menção
feita às práticas sociais das quais o letramento dá conta.
NOTA
140
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
Sim. Para isso contamos com o auxílio de Chartier, Clesse e Hébrard (1996,
p. 26), autores que pontuam o seguinte:
A partir do que lemos, podemos inferir que a escola serve, também, como
uma espécie de mediação na aliança que se propõe entre a alfabetização e o
letramento. Ou seja, na escola adquirimos (deveríamos adquirir) os conhecimentos
sobre o nosso sistema de escrita. A partir destes conhecimentos ‘estamos munidos’
para atuar em nosso meio social, de acordo com as necessidades que surgirem em
nossos contextos de vida.
de
autoativida
Você percebeu que grifamos também no parágrafo anterior? Será que é somente
na escola que temos acesso a conhecimentos sobre a escrita? Observe a gravura a seguir
e relacione aspectos que você considera pertinentes com as discussões que tecemos até o
momento. Relacione alfabetização, letramento, escola, escrita e contexto de vida. Utilize as
linhas que aparecem após a imagem para escrever a sua resposta:
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
142
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
- Todos os membros reunidos na casa dos nossos amigos receberam este ingresso.
Houve um comunicado, foi feito um convite ao grupo: ‘haverá uma sessão de
cinema’, pelo bilhete ficamos sabendo qual seria o filme apresentado: Potter. Aqui
percebemos aspectos referentes à dimensão social do letramento.
Ao sair da sua casa, você passa por um muro em que há uma placa onde
aparece por escrito:
143
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
FONTE: HOFFMANN, Heinrich. Der Struwwelpeter. Rastatt: Pabel-Moewig Verlag KG, sem ano
de publicação.
144
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
Heinrich Hoffmann
À época do natal de 1844, quando meu filho mais velho tinha três anos,
fui à cidade comprar para ele um livro ilustrado como presente de festas, como
parecia ser apropriado à pequena criatura daquela idade. Mas o que encontrei?
Narrativas longas ou ridículos desenhos reunidos, histórias moralistas que
começavam e terminavam com ameaçadoras prescrições, do tipo: “A criança
boazinha tem de ser sincera”, ou: “A criança boazinha tem de estar sempre
limpa” etc. Quando finalmente encontrei um livro de destaque, no qual estavam
desenhados um banco, uma cadeira, uma panela e tudo o que é natural ou
artificial, um verdadeiro repertório do cotidiano, e no qual em cada desenho se
podia ler claramente: a metade, um terço, ou um décimo do tamanho natural,
perdi a paciência. Quando se desenha um banco para uma criança, que deve
ficar contente com ele, então aquilo parece um banco de verdade. E a criança
145
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
não tem e não precisa ter ideia do tamanho real do banco. A criança ainda não
pensa em termos abstratos, e a advertência comum: “Você não deve mentir!”
teve pouco efeito comparada à história: “Fritz, Fritz, lá vem a ponte!”.
Quando então voltei para casa, tinha mesmo trazido um livro; dei-o à
minha mulher dizendo: “Aqui está o livro que o garoto deseja”. Ela pegou-o e
exclamou admirada: “Isto aqui é um bloco de anotações com folhas em branco”!
E eu: “Pois então, a partir dele faremos um livro”!
E foi assim que tudo começou. Naquele tempo, além de meu trabalho
como médico do manicômio, eu também tinha um consultório na cidade. E é
muito singular o trato do médico com crianças entre três e seis anos. Em dias
saudáveis o médico e o limpador de chaminés são utilizados até didaticamente:
“Filho, se você não ficar bonzinho, o limpador de chaminés vem pegá-lo!”, ou:
“Filho, se você não comer muito, o médico lhe dará um remédio amargo, e
talvez lhe coloque até uma ventosa!”. A consequência é que, quando em tempos
difíceis o médico é chamado e entra no quarto, o pequeno anjo doente começa
a chorar, a defender-se, a espernear. Fica impossível examiná-lo; mas o médico
não pode bancar o tranquilizador, o apaziguador por horas a fio. Usualmente
me ajudavam logo uma folhinha de papel e um lápis; uma das histórias do
livro é rapidamente inventada, desenhada com três traços e narrada da maneira
mais viva possível. O bravo opositor se acalma, as lágrimas secam, e o médico
pode cumprir o seu dever brincando.
Foi assim que surgiu a maioria dessas loucas cenas, e criei-as a partir
de reservas existentes; algumas foram inventadas depois; os desenhos foram
feitos com a mesma pena e tinta com as quais primeiro escrevi as rimas,
tudo diretamente e sem intenções beletrísticas. O bloco foi encadernado e
colocado junto aos presentes de Natal. O efeito sobre o garoto presenteado foi
o esperado; inesperado, porém, foi aquele sobre alguns amigos adultos que
viram o livrinho. Fui intimado de todos os lados a imprimi-lo e publicá-lo.
No início recusei; nem de longe havia pensado em aparecer como escritor e
ilustrador de livros infantis. Quase a contragosto fui levado a isso: um dia estava
bebericando numa agradável roda literária, com um de meus atuais editores.
E assim a modesta cria doméstica de repente apareceu para o grande público,
fazendo a sua viagem – posso dizer – ao redor do mundo; hoje, 31 anos depois,
alcançou a 100ª edição. Das traduções conheço até agora a inglesa, holandesa,
dinamarquesa, sueca, russa, francesa, italiana, espanhola e portuguesa (para o
Brasil).
146
TÓPICO 1 | SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO
Você pode se perguntar: o que isto tem a ver com o nosso tema?
Bem, retomemos a dimensão individual envolvida no letramento, conforme
discutíamos anteriormente: A imagem apresentada, bem como as informações
e textos, provocaram em você, individualmente, alguma reação. Talvez de
estranhamento, distanciamento e desconhecimento. Talvez de identificação com
a língua estrangeira, neste caso, a alemã. Talvez, ainda, você se lembrou de algum
parente que conhece esta língua e com ele/ela tecerá comentários a respeito deste
conteúdo etc. A partir destas reações individuais, com o aporte da leitura e da
escrita, você acionou/ acionará o seu contexto social. Talvez o seu interesse seja
tamanho que realizará uma pesquisa sobre esta obra infantil e suas repercussões
no meio em que vive. Talvez passe em uma livraria para adquirir um exemplar, e,
147
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
148
RESUMO DO TÓPICO 1
149
AUTOATIVIDADE
150
Agora, reflita sobre e responda:
151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Quando discutimos sobre o letramento, levando em consideração que
se trata do uso social da leitura e da escrita, pensamos em materiais reais, que
circulam socialmente. Materiais reais? Sim. Pensamos no que as pessoas leem
e no que escrevem, ou, por que leem e escrevem em seus contextos de vida. Se
quisermos exemplificar, podemos citar o exemplo da leitura do cartaz (Cuidado,
tinta fresca!) mencionado anteriormente. Podemos, também, lembrar-nos de um
bilhete que escrevemos para deixar um recado a alguém. Estes são, apenas, dois
exemplos.
Bem, para início de conversa, vale pontuarmos que o trabalho com gêneros
textuais tem sido integrado aos poucos e gradativamente nas escolas.
153
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
de
autoativida
de
autoativida
154
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
Perceba que já temos uma resposta para a pergunta lançada no título deste
item: textos e gêneros textuais não são sinônimos.
de
autoativida
155
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
“(...) passou por ali um príncipe, todo vestido de azul [...]. O príncipe não podia
acreditar que uma menina tão linda, com a pele branca como a neve, as faces coradas como o
sangue e os cabelos pretos como o ébano estivesse morta. [...] Ajudado pelos anões, levantou
a tampa do caixão, olhou com amor para o rosto de Branca de Neve e levemente beijou
aqueles lábios frios”.
156
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
de
autoativida
A propósito, você poderia identificar, com base no trecho citado sobre o conto
de Branca de Neve, pelo menos, duas passagens de descrição? Utilize o espaço que segue
para anotar a sua resposta:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
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UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
E
IMPORTANT
158
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
E
IMPORTANT
“O suporte firma ou apresenta o texto para que se torne acessível de certo modo”.
(MARCUSCHI, 2008, p.176).
159
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
160
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
161
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
162
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
● Apresentação da situação.
● Primeira produção / produção inicial.
● Módulos.
● Produção Final.
163
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
4 Produção Final: o aluno põe em prática o que construiu nos módulos para
produzir o seu texto final e, em seguida, compara este texto com a produção
inicial, percebendo progressos que teve durante o trabalho.
E
IMPORTANT
Vale lembrar que não existe um tempo determinado para desenvolver uma
sequência didática. O tempo será estipulado de acordo com as necessidades diante dos
gêneros escolhidos para o estudo. É importante incentivar a participação dos alunos no
processo, isso faz parte quando pensamos na perspectiva do letramento!
164
TÓPICO 2 | PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS TEXTUAIS
Produção final: elaborar uma bula com todos os itens trabalhados pelos alunos.
Apresentar o medicamento à turma. (Ainda: criar um poema em forma de
bula, elaborar algum material escrito para divulgação quanto à automedicação,
apresentar a bula elaborada pelos alunos em cartazes afixados pela escola etc.).
DICAS
165
RESUMO DO TÓPICO 2
● Os gêneros (tanto orais quanto escritos) são inúmeros. Ex.: contos, receitas,
artigos, bilhetes, cartas, anúncios, fábulas, listas etc.
● Suportes são os locais nos quais os gêneros ‘são fixados’, com o intuito de que
haja comunicação. Podem ser suportes convencionais (ex.: papel) ou incidentais
(ex.: corpo humano).
166
AUTOATIVIDADE
167
2 Pense no seu contexto de vida. Liste alguns gêneros orais e alguns gêneros
escritos que fazem parte do seu cotidiano. Se necessário, consulte a lista que
apresentamos nas páginas anteriores, de Marcuschi (2008).
a) Gêneros orais:
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
b) Gêneros escritos:
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
168
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A nossa pretensão neste tópico se volta à reflexão sobre práticas da
alfabetização com vistas ao letramento. Por isso, visitaremos algumas áreas da
educação, as quais têm como um dos seus principais objetivos o trabalho com o
nosso sistema de escrita, ou seja, tornar a escrita conhecida e acessível, visando à
possibilidade de inserção e conquista de espaços sociais.
- deveria haver por parte da escola uma dinâmica de trabalho que considera,
primeiramente, os contextos de vida e, a partir deles, estruturar planejamentos
sobre como proceder com a alfabetização. Isso, muitas vezes, não ocorre. Afinal,
os materiais adotados (livros didáticos e afins) já vêm prontos. Se o professor
não estiver atento a possíveis inserções de conteúdos pertinentes, de acordo
com as vivências de sua turma, o livro é ‘cumprido’ do início ao fim. Contudo,
a pergunta que fazemos é a seguinte: Tudo isso faz algum sentido?
170
TÓPICO 3 | ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS
E
IMPORTANT
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UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
UNI
de
autoativida
172
TÓPICO 3 | ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS
Podemos dizer que este foi um caso em que se obteve certo êxito como
resultado. Um resultado, aparentemente e em alguns aspectos, positivo.
E
IMPORTANT
173
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
DICAS
FONTE: TAS, Marcelo. “Super Caxorrão” da alfabetização. Revista Crescer, set. 2011.
de
autoativida
Qual é o trecho do escrito acima que, de acordo com o seu ponto de vista, tem
ou pode ter a ver com a Educação de Jovens e Adultos (EJA)?
_________________________________________________________________________________
_________________________ ____________________________________________________ ___
174
TÓPICO 3 | ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS
É com essa finalidade que pensamos ser relevante abordar, ainda que tão
sucintamente, algumas considerações sobre o alfabetizar letrando na EJA. Paulo
Freire ficou mundialmente conhecido por seus ideais, dentre os quais aqueles
pelos quais sublinhava que a leitura de mundo precedia a leitura de palavras.
175
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
176
TÓPICO 3 | ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS
177
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
de
autoativida
Agora, com base na atividade apresentada, responda: você considera este tipo
de atividade uma atividade contextualizada? Por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
E, que cada vez mais, “olhos se encham de lágrimas” diante das descobertas
do mundo da leitura e da escrita (cf. TAS, 2011 - na abertura deste item)!
DICAS
E
IMPORTANT
178
RESUMO DO TÓPICO 3
179
AUTOATIVIDADE
180
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Neste último tópico da nossa unidade, bem como do nosso Caderno de
Estudos, queremos estudar sobre a avaliação. O nosso intuito é o de que você
reflita sobre o assunto. Desde já anunciamos que as nossas discussões são
costuradas sobre um tecido contextual. Aceite o nosso convite para construir suas
compreensões. Acompanhe-nos nas páginas que seguem!
NOTA
181
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
E quanto a monitorar:
E
IMPORTANT
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TÓPICO 4 | PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO
183
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
184
TÓPICO 4 | PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO
185
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
186
TÓPICO 4 | PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO
Parece um pouco estranho iniciar este item por uma citação como esta que
foi apresentada. Ainda mais quando no título apareceu uma referência a ‘medir’,
não é mesmo? Já, já desvendaremos a que as autoras citadas se referiram.
NOTA
Agora, acompanhe a reflexão que Rojo (2009, p. 98) faz sobre esse exemplo:
187
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
Pois bem, ressaltamos que o que apresentamos neste item tem como base
as reflexões e hipóteses de duas pesquisadoras. Além disso, buscamos o auxílio
do Rojo (2009), como suporte teórico. Contudo, vale destacar que não chegamos a
uma conclusão. Novamente afirmamos: diante do contexto de vida das pessoas e
da maneira como estas reagem frente à leitura e à escrita, são muitas as variáveis
a serem analisadas.
188
TÓPICO 4 | PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO
de
autoativida
Destaque da citação anterior aquilo que, para você, soa como o mais importante.
Anote a sua resposta no espaço que segue:
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
DICAS
Para conhecer a pesquisa completa feita por Mollica e Leal (2009), sugerimos
que você leia:
MOLLICA, Maria Cecília; LEAL, Marisa. Letramento em EJA. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
189
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
certeza não é tarefa fácil tendo em vista tantos complicadores que, usualmente,
compõem nossas atividades.
190
TÓPICO 4 | PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
AS ATIVIDADES ESCOLARES
Angela Kleiman
Essa atividade analítica não traz grande dificuldade a uma criança que
já conhece as funções de muitos textos que circulam na sociedade (como as do
livro de histórias, do jornal, do bilhete, da receita médica) e que já brincou de ser
leitora e escritora, fazendo de conta – ela e o adulto que interpreta seus balbucios
imitando a leitura e seus rabiscos, suas garatujas – que está lendo e escrevendo.
No entanto, essa será uma atividade extremamente penosa e sem sentido para a
criança que não conhece essas funções, que não experimentou ler nem escrever
de brincadeira. É o que acontece quando os textos não circulam no cotidiano
doméstico da criança, ou quando sua família não usa a escrita porque não sabe ler
e escrever – ou sabe, mas o faz com pouca frequência ou com grande dificuldade
ou, ainda, em situações e com funções que a escola desconhece e não legitima.
A escola é uma instituição de peso, por isso tem o poder de legitimar algumas
práticas em detrimento de outras. Numa turma de adolescentes, garotos e garotas
costumam enviar bilhetinhos pessoais uns aos outros. Quando se pergunta a uma jovem,
que acaba de enviar um bilhete à amiga, se ela costuma escrever, ela diz que não, porque
escrever esse tipo de bilhete não é algo realizado com o professor, mas escondido dele. Não
corresponde àquilo que a escola chama de “escrever”.
191
UNIDADE 3 | O LETRAMENTO
192
RESUMO DO TÓPICO 4
● Avaliar de forma diagnóstica é coletar dados que sejam relevantes, por meio de
instrumentos que expressem o estado de aprendizagem do aluno.
193
AUTOATIVIDADE
194
REFERÊNCIAS
ADAMS, Marilyn J. et al. Consciência fonológica em crianças pequenas. Porto
Alegre: Artmed, 2006.
ALVARADO, M. O Leiturão – Jogos para despertar leitores. São Paulo: Ática, 2002.
______. Nada na língua é por acaso – por uma Pedagogia da Variação Linguística.
São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 25. ed. Cortez: São Paulo, 2010.
GERALDI, J. W. (Org.). O texto em sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. p. 39-45.
196
HOFFMANN, Heinrich. João Felpudo ou histórias divertidas com desenhos
cômicos/ do Dr. Heinrich Hoffmann. Tradução e apresentação de Claudia
Cavalcanti. São Paulo: Iluminuras, 2011. p. 7.
MOÇO, A. O que cada um sabe. Revista Nova Escola, São Paulo, p. 32-34, 2010.
Edição Especial – Produção de Texto.
197
POSSENTI, S. Sobre o ensino de português na escola. In: GERALDI, João W. (Org.).
O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006. p. 32-38.
REVISTA NOVA ESCOLA. Produção de texto. Edição Especial. São Paulo: Editora
Abril, 2010.
______. Grandes Pensadores. Edição Especial São Paulo: Editora Abril, jul. 2008.
SMOLKA, A. L. B. A Criança na fase inicial da escrita. 11. ed. São Paulo: Cortez,
2003.
198
VISCONTI, M. C.; JUNQUEIRA, Z. A. Escrita – das paredes ao computador. 7. ed.
São Paulo: Ática, 2001.
YUNES, E. Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará, 2009.
199
ANOTAÇÕES
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200