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Isadora Souza de Oliveira – Urgência e Emergência – 4º etapa

KED – Dispositivo de Extricação de Kendrick

-Foi criado por Rick Kendrick em 1978

-Extricação é retirar uma vítima de um local em que está presa ou não consegue
sair com segurança usando suas próprias capacidades. Portanto, a principal
função dessa ferramenta é a imobilização e estabilização, em conjunto com o
colar cervical, de toda a coluna vertebral para que a retirada do paciente possa
acontecer.

-Trata-se de um equipamento tipo veste ou colete com a parte posterior rígida,


que fica em contato com a cabeça, pescoço e a coluna vertebral, até a cintura
pélvica. A parte anterior consiste em duas “abas” que envolvem a coluna em
sua porção final e a pelve do paciente, que são presas uma à outra por três
tirantes de diferentes cores (conforme o fabricante).

-O KED foi idealizado e criado para a extricação de vítimas de veículos


automotores, nos casos em que não é possível estabilizar seguramente o
paciente em prancha longa, devido à sua posição dentro do veículo.

-O objetivo é estabilizar a coluna vertebral antes de proceder à imobilização


completa em prancha longa.

-Deve ser usado em vítimas conscientes e estáveis (sem risco imediato de


morte ou complicação), em cenas seguras, que também não ofereçam risco à
equipe de socorristas e somente quando o tempo não for a principal
preocupação.

-Não se recomenda o uso do KED para pacientes inconscientes e/ou instáveis,


devido à duração necessária para a sua correta colocação. Para esses
pacientes, podemos utilizar técnicas de extricação rápida como a “Chave de
Rauteck” e a “Anaconda”. A vantagem em usá-las está na rapidez de aplicação
e no fato de que não demandam o uso de muitos equipamentos. Porém, não
oferecem tanta estabilidade e proteção quanto o KED.
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TÉCNICA DE COLOCAÇÃO DO KED

-A realização da técnica exige de 2 a 3 socorristas.

-Feitas a avaliação e a sinalização da cena, a vítima deve ser abordada


juntamente com a estabilização manual da cabeça, mantendo-a em posição
neutra, alinhada à coluna cervical.

-Um segundo socorrista deve então colocar o colar cervical de tamanho


adequado e proceder com a Avaliação Primária Completa (ABCDE).

-A vítima deve ser movimentada em bloco para frente, liberando espaço entre
ela e o banco para a passagem do KED. 

-O dispositivo deve ser colocado alinhado à coluna, com as abas posicionadas


logo abaixo das axilas.

-Os tirantes longos (tirantes da virilha) devem ser soltos e posicionados por cima
do colete, para facilitar sua fixação ao final.
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-Os tirantes devem ser bem presos e ajustados na ordem correta (por isso as
cores diferentes) com o objetivo de envolver a vítima de forma uniforme.

-O primeiro a ser preso é o tirante central (abdominal), seguido pelo tirante


inferior (quadril) e o superior (tórax).

-Em gestantes, por exemplo, o tirante abdominal e o torácico não devem ser
tracionados, evitando a compressão abdominal.

-Em todos os pacientes, os tirantes longos (virilha) devem ser então passados
por baixo dos joelhos, de fora para dentro, e posicionados em linha reta com a
prega glútea, acoplados e bem ajustados.

-Por último, a imobilização completa da cabeça. É Importante observar se há 


espaço não preenchido entre a cabeça/coluna e o KED, dificultando o
alinhamento correto. Se isso ocorrer, pode-se colocar um acolchoamento entre
a cabeça ou coluna e o KED, para mantê-las alinhadas e em posição neutra.
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-As abas superiores devem ser posicionadas (segure-as juntamente com o


colar cervical, pois isso permite uma troca cuidadosa e segura da imobilização
manual da cabeça).

- Para proceder à imobilização completa da cabeça, prenda-a com os tirantes


(tirantes de cabeça) na lateral das abas, passando um tirante na altura da
região frontal da cabeça e outro na altura da mandíbula, tomando cuidado
para não comprimi-la ou prejudicar a ventilação por tração excessiva.

-Não é necessária a imobilização manual da cabeça, pois a mesma está


completamente estabilizada.

-Depois que todos os tirantes estiverem acoplados, verifique o ajuste de cada


um, e então tracione o tirante do tórax de maneira que ele fique firme e não
impeça ou prejudique a ventilação do paciente.
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-O próximo passo é a retirada segura do veículo. Para isso, posicionamos a


prancha longa na abertura do veículo (porta) com sua porção final entre o
banco e as nádegas da vítima.

-Um socorrista deve segurar e tracionar a prancha contra o banco, impedindo


que ela se movimente ou caia durante a movimentação do paciente.

-O KED possui quatro alças, posicionadas paralelamente umas às outras: duas


na altura da cabeça (superiores) e duas na altura do quadril (inferiores). Essas
abas são necessárias para girar o KED com o paciente e retirá-lo do veiculo
para a prancha longa.

-Um socorrista deve segurar as abas do lado direito (superior e inferior) e


outro socorrista as do lado esquerdo (superior e inferior). A vítima então vai
sendo virada em sincronia, ao comando do profissional que está à direita da
vítima.

-À medida que se gira a vítima, suas pernas devem ser soltas da parte inferior
do painel (uma por vez) e elevadas para o assento, impedindo que fiquem
presas e sejam tracionadas. O paciente então é colocado sentado na prancha
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longa e, nesse momento, devem-se soltar os tirantes da virilha e das pernas


abaixadas.

Os socorristas então fazem um movimento sincronizado para posicionar a


vítima na prancha. O tirante de tórax pode ser afrouxado durante esse
processo.

-Com a vítima posicionada na prancha, o KED não pode ser removido e deve ser
iniciada a imobilização completa (tirantes de tórax, quadril, membros inferiores
e imobilização da cabeça – Head block e tirantes).

Apesar da função do KED ser a extricação de vítimas do interior de veículos, ao


longo do tempo percebeu-se que o mesmo seria útil para outras técnicas, como
a imobilização de quadril e fêmur em casos de fraturas (KED invertido) e para
imobilização de crianças (na ausência da prancha infantil). Por isso é importante
saber das peculiaridades de cada caso para não errar.

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