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PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 26/07/20 15

OBSERVATÓRIO BATISTA

Geração COVID (parte 1)


Lourenço Stelio Rega putada em apenas algumas horas ao tar e voar de avião poderá voltar ao que office o volume de trabalho se agigan-
final e início do dia, agora necessitam de era no início “um momento histórico tou. Desta forma, até a área judicial já
Após a declaração da Pandemia do suporte para o trato dos relacionamentos significativo” com glamour de refeições está se adaptando, como mencionei no
SARS-CoV-2, em 11 de março de 2020, mais duradouros em que a negociação oferecidas gratuitamente e outras “lem- último artigo da série passada, trocando
o cenário mundial tem germinado quan- de desejos na convivência interna em brancinhas” para agradar o passageiro longos debates e filigranas argumenta-
tidade infindável de sentimentos que já um lar vão ser objeto de tratamento em que, até pouco tempo, foi tratado como tivas por objetividade e celeridade. No
afetam as diversas gerações e ficarão gestão de conflitos. Ampliando assim um bolso de onde se sacava dinheiro Tribunal de Justiça do Estado de São
registrados não apenas nos livros de espaço para trabalho aos profissionais para qualquer “serviço extra” de baga- Paulo já se instalou o “Projeto Petição
história, mas, muito mais no interior de e atuantes no campo do comportamento gens, venda de refeições durante o voo 10, Sentença 10” que se propõe a limitar
cada pessoa afetando até as matrizes e relacionamento humano. que transformaram os comissários de a extensão de petições e sentenças a
das futuras gerações e alterando pro- Até no campo da religiosidade e bordo em garçons e vendedores, vigi- 10 páginas, pois “extensos arrazoados
fundamente o arquétipo regulador das espiritualidade se descobriu a virtuali- lância centimétrica nos ingressos das geram dificuldades na análise do direito
percepções e escolhas humanas, para zação do sagrado com a supressão da salas de embarque com funcionários controvertido, prejudicando a celeridade
nós valermos deste termo emprestado “presencialidade” nos locais de culto, mal encarados com a famosa caixa de processual, com significativo impacto
de Karl Gustav Jung. Nosso papel tem exigindo a redescoberta de estratégias papelão para saber se sua bagagem es- ambiental pela utilização desneces-
sido decodificar diversos indicadores de atendimento religioso. tava ultrapassando os limites de alguns sária de grande quantidade de papel
que estão construindo novas tendências As implicações e oportunidades são centímetros para ser impedida de ir “on e tinta.” A objetividade tomará o lugar
que já estão afetando o modo de vida praticamente infinitas. No campo da board”. As companhias aéreas precisa- da judicialização instalada em diversas
em todo canto do planeta trazendo nova Tecnologia da Informação, do dia para rão ser mais atrativas. organizações de modo a transformar
dimensão de se ver quase tudo. a noite, houve necessidade da utilização O setor que ainda resiste à reinven- consultorias jurídicas em meios de bus-
Em um primeiro momento vou pro- de recursos na área de segurança digital ção tem sido a Economia, que ainda bus- cas corajosas a respostas em vez de
curar apontar alguns fatores que já para que as atividades saíssem do am- ca analisar as graves consequências da instrumentos impeditivos absolutos dos
sofrem profunda transformação para biente restrito da conexão física direta a área se valendo de suas leis clássicas. empreendimentos. O Direito Trabalhista
depois alcançar os resultados que estão um servidor ultraprotegido para que todo Já se fala na necessidade de se buscar vai precisar se adequar também a este
implicando e implicarão a formação de atendimento pudesse ser feito de modo uma “Economia compartilhada”, mas novo normal do trabalho.
novo “way of life” (modo de vida) do que remoto. As escolas, nos mais variados também no crescimento do voluntaria- Até a dinâmica do processo edu-
podemos chamar de “geração COVID”. níveis, passaram da modalidade presen- do em que o valor é servir mais do que cacional já está se reconstruindo com
Como já se diz, “o mundo não será cial para a remota (para diferenciar do busca por retorno financeiro. Também ampliação de parceiras entre escola e
o mesmo” e o “novo normal” será o nor- Ensino a Distância – EaD). será necessário rever o movimento da empresas em que alunos precisarão
mal para se viver. Muitos marcos, re- Mas também a impossibilidade de economia pelo clássico fator de troca ser mais líderes do que meros opera-
ferenciais e fronteiras que nos davam locomoção para promover o distancia- baseada na confiança monetária em que dores do sistema. Ser líder é ser alguém
segurança foram removidos ou mesmo mento social evitando a ampliação do se você tiver dinheiro ou crédito poderá “fora da curva” que consegue perceber
já não existem mais. Isto está implican- contágio tem causado profundo impacto ter o que quiser dentro dos limites de novas tendências e buscar respostas
do em que nossas escolhas e decisões na economia e funcionamento de prati- suas posses. Como serão os modelos adequadas para que os empreendimen-
precisam ser redescobertas em variados camente tudo. de investimentos? O Neoliberalismo tos consigam sucesso. No campo da
campos da vida. Aliás, quantas reuniões de negócios, econômico, o capitalismo precisarão Administração há algum tempo existe o
O “home office”, que caminhava hoje realizadas por home office, precisa- ser reinventados no mundo ocidental. O incômodo entre o ambiente acadêmico e
lentamente para ser aceito em muitos rão de fato ser presenciais e necessitar Socialismo e suas vertentes me parece o ambiente real da prática. Situação que
países como o Brasil, agora não é mais de deslocamento por custosas e de- que sempre deram certo, mas dentro alcança a necessidade de redescoberta
opção. Me parece que investimentos moradas viagens? O nível de confiança das salas de aulas das Universidades, de uma educação integral. Assunto já
gigantescos em sofisticados edifícios parece ter subido de patamar para além e a sua implantação concreta em várias tratado nesta coluna no campo da Edu-
de escritórios estão sendo substituídos do “olho no olho” e da assinatura em um regiões do mundo provaram o surgimen- cação Teológica e Ministerial.
pelos escritórios domésticos. Isto vai im- papel, para o senso de uma “comunidade to da opressão, da extrema burocracia, No próximo artigo aprofundarei mais
pactar diretamente revisão em diversos de valores”, que supera o presencial, e da marginalização dos menos favore- o tema, pois temos ainda de mencionar
setores. O layout de moradias precisará sobre isso publiquei nesta coluna dias cidos, então também não servirá para sobre a noção de assepsia, higiene, mu-
incluir o espaço reservado para o traba- antes da Pandemia ser declarada. Assi- este “novo mundo” que poderá ser “ad- danças no vestuário, redução e até mes-
lho. Como o trabalho está sendo em um naturas já podem ser feitas com autenti- mirável” ou não a depender desta e de mo as novas oportunidades de trabalho,
ambiente repleto de outras atenções en- cação digital sem o uso de uma caneta outras redescobertas. Os economistas como serão os jovens e adolescentes
volvendo a agenda e prioridades domés- “Mont Blanc” ou mesmo uma “BIC”. No- precisarão encontrar outro meio, pois o dessa geração COVID etc.
ticas, já está surgindo o replanejamento vamente o digital supera barreiras. dinheiro me parece não ser mais a única Estou à disposição para novos conta-
da gestão do tempo, da vida familiar. As companhias aéreas demonstra- referência para as relações humanas. tos se você desejar também os outros ar-
Falando em vida familiar, a convivên- ram a paralisação em cerca de 90% de O tempo hoje se localiza no espaço tigos da série. WhatsApp (11-94596-6688)
cia matrimonial e familiar, que era com- suas operações e vão ter de se reinven- de prioritária preocupação, pois no home ou pelo e-mail (rega@batistas.org). n
PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 09/08/20 15
OBSERVATÓRIO BATISTA

Geração COVID
(parte 2)
Lourenço Stelio Rega amigos, valorizar mais a convivência e para o resto de sua vida e poderão levar rá mais se sentir que está em segundo
isso é indicador de que a geração CO- anos até conseguir melhores condições plano ou em uma nota de rodapé na lista
Estamos vivendo em uma época VID estará mais interessada em dedicar de empregabilidade. de prioridades governamentais.
como nunca antes vista na história hu- seu tempo para amizades, lazer coletivo, Há, portanto, um redesenho do cená- Para enfrentar a maior agonia econô-
mana e no mundo inteiro praticamente troca de experiências. Mas ainda há te- rio profissional. Por um lado, com a redu- mica desde a grande depressão de 1929,
ao mesmo tempo. Um pequeno micro- mor das viagens aéreas, apontando para ção de oportunidades de trabalho e crise há países, como a Inglaterra, a Alemanha
-organismo alterou profundamente diver- passeios mais próximos. no desemprego, mas, por outro, com no- etc., que já se preocupam estrategica-
sos paradigmas, inclusive de como as Isso já está afetando as empresas vas oportunidades especialmente para o mente em prover políticas públicas para
pessoas se relacionam, principalmente ligadas ao setor de turismo, agências de campo da tecnologia, com o surgimento preparar melhor o cenário para atenuar
em áreas coletivas, tais como transpor- viagens, empresas aéreas. Mas não são de novas alternativas de trabalho digitali- os impactos provenientes dessa ampla
te, uso de espaços - trabalho, hotéis, somente estas atividades que precisam zado que vai exigir novas competências, crise pandêmica, tais como incentivo à
escritórios, praças, shoppings centers. ser reinventadas, como já mencionamos habilidades e capacitações. recapacitação profissional, nivelamen-
O que temos, agora, é mais espaço para no artigo anterior. Isto vai ampliar a segregação entre to de estudos e formação, ampliação
menos pessoas. Isso já está impactando A geração COVID tem descoberto profissionais de trabalho, em que os na valorização do conhecimento como
diretamente diversos setores, como a também que sem tecnologia digital e mais “conectados” terão melhores opor- patrimônio concreto e não mais algo
locomoção para o trabalho, para reu- redes sociais a vida se torna pratica- tunidades de emprego, mas também de abstrato, taxação de grandes riquezas
niões, mas também o setor imobiliário mente inviável e insuportável em certo salários, enquanto os “não-conectados” em busca de quantias suficientes para
que terá de descobrir novos caminhos sentido, pois a pandemia foi acelera- ficarão à margem exercendo atividades proteger a oportunidade de empregos
para a utilização dos espaços que es- dora da tecnologia fundeada, isto é, a de menor valorização salarial. Mas com para todos etc.
tão ficando ociosos. Há poucos dias tecnologia, que já estava à disposição o tempo também poderão ser substi- A geração COVID vai precisar buscar
tivemos a notícia nos meios de comu- de um público restrito e que, agora, se tuídos por aplicativos de inteligência mais a humanização em seus mais va-
nicação que na cidade do Rio de Janeiro popularizou e se tornou em tecnologia artificial e robotização que já caminha- riados aspectos e relações, que agora
houve desocupação de cerca de 40% de ancorada no porto da convivência do vam a passos largos com a instalação vai além da social e humana, para se
imóveis e salas dedicadas a escritórios. novo normal. Mas, novas tecnologias já da 4ª Revolução, que, antes mesmo da estender com as máquinas (Learning
Também a arquitetura, que vai precisar estão navegando em direção ao uso do pandemia, já dava espaço amplo para Machine) de modo a buscar nelas a fa-
reprogramar a distribuição de espaço cidadão comum, e, neste momento, ten- a transformação digital (Digital Trans- cilitação da vida, mas cuidando para que
nos lares com a previsão de escritórios. do ampliada a sua velocidade em busca formation ou DX), que agora caminha a a vida continue sendo humana e o digital
Já se notam transformações na de melhores condições de vida; claro, passos exponenciais. seja ferramenta e instrumento e não fim
noção de higiene e mudanças no ves- para quem tem condições financeiras. Vejam que ampliei aqui no artigo a em si mesmo, com o risco de tornarmos
tuário, uso compulsório de máscaras e Mesmo quando o vírus deixar de ser abrangência do que seja a geração CO- a “Matrix” algo real em um futuro não
protocolos de entrada e saída do lar, com ameaça, o mundo vai continuar com os VID, que normalmente a expressão tem tão distante.
higienização de pacotes, sapatos e a sintomas da crise, que não será mais sido aplicada apenas aos mais jovens. Passado este momento será neces-
ocupação com a assepsia já chega per- da saúde, mas da economia e a gera- Entendo que a gravidade da crise pro- sário que todos nos unamos para des-
to da neurose coletiva. Pessoas estão ção COVID vai necessitar replanejar a vocada pela pandemia é tal que está cobrir meios para lidarmos melhor com
com medo de se aproximarem umas das vida diante da dificuldade em conseguir modelando a vida de todas as faixas as adversidades, catástrofes e cenários
outras, os olhares são de inquietação e trabalho, falta de recursos para ampliar de idade. Por isso mesmo, sendo todos conflitantes, pois toda crise tem dois
insegurança produzindo afastamento no sua qualificação profissional, especial- afetados, todos são, portanto, de uma lados - o do risco e perigo, mas também
relacionamento e convivência. mente os jovens, que estão na fase da só geração. o da oportunidade - como bem diz no
E, então, quais os efeitos de tudo isso formação universitária para também in- A geração COVID está vivendo, na Kanji a palavra para crise (wei-ji), pois
no imaginário e na dinâmica emocional gressar no mercado de trabalho que os prática, uma situação que parecia existir as crises exigem mudanças e estas mu-
dessa geração COVID? O que se sabe têm levado a uma realidade assustadora apenas em filmes catastróficos ou de danças podem nos dar a oportunidade
é a esperança no surgimento de uma em relação ao seu futuro, que os torna ficção e, hoje, parece se sentir impotente para enxergar além de nossas possibi-
vacina e da cura desta doença. Em uma também em grupo de risco, não neces- não apenas contra um microrganismo, lidades, além de nos tornar melhores e
consulta que estamos realizando há sariamente no campo da saúde, mas da mas diante de um cenário de diversifica- mais inclusivos do próximo em busca
cerca de um mês e com perto de 2000 sobrevivência e de construção de um da complexidade e necessita de melho- da alter-ajuda (do latim “alter”, o outro),
respostas, um dos sentimentos que as futuro saudável em termos integrais de res condições de esperança para vencer pois o mundo nunca será mais muitas
pessoas têm revelado para o período em vida. Os jovens da geração COVID vão o sentimento de que está caminhando ilhas separadas por fronteiras, pois to-
que terminar a quarentena é o de visitar sentir as consequências desta pandemia em direção ao abismo, e que não pode- dos nós somos humanos. n
PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 23/08/20 15
OBSERVATÓRIO BATISTA

Geração COVID - parte 3 -


invasão de privacidade
Lourenço Stelio Rega outro microrganismo que vier a surgir. que, para os mortais comuns, não se tas de sua mão, indicando, por exemplo,
Teorias da conspiração já profetizam pode imaginar a sua usabilidade, para se você está apto para viajar? Ou para
Situações catastróficas e extremas outras pandemias. A China já tentou o bem como a nanotecnologia aplicada substituir algum documento, como uma
acabam tendo diversos efeitos colate- denunciar o surgimento de um novo e à terapia médica, como para outros fins cédula de identidade, carteira de habili-
rais, alguns positivos, outros não. Per- mais perigoso vírus no Cazaquistão. Se- que nem imaginamos. tação, CPF ou mesmo passaporte, de
cepções, cosmovisões, ideias e até in- ria como uma “certificação digital” para No artigo sobre “doação de dados” modo que não necessitaria mais portar
venções que não eram aceitas poderão a Geração COVID? procurei explicar como as pessoas, hoje, nenhum destes documentos para an-
ter facilidade de aceitação e aplicação Já escrevi, nesta Coluna, diversos acabam expondo dados pessoais e até dar por aí e, até se sofrer um acidente,
à vida. Também algumas positivas, mas artigos sobre a Quarta Revolução, que, confidenciais em troca de certos “be- ficando inconsciente, poderia ser socor-
outras, talvez, preocupantes. para mim, é mais do que Industrial, é nefícios”, tal como receber um e-book rido sem problemas e a vida salva, pois
Um exemplo, positivo, ocorreu em tecnológica e muito mais, pois tem tra- de presente ou acesso a algum link. En- no microchip terá dados pessoais de
1912, quando o navio Titanic sofreu o zido também transformações nos rela- tão, é só um passo para imaginar que identificação, tipo sanguíneo, cuidados
acidente e cerca de 700 passageiros cionamentos, nos valores éticos etc. Eu se você desejar ou necessitar de algo necessários com certas doenças inca-
foram salvos graças ao uso de um apa- chamaria de Quarta Revolução Radical. permitirá a “invasão” em sua privacidade pacitantes etc.
relho de telégrafo sem fio a bordo do na- Sem querer desenvolver mais um e história. É a clássica lei da economia Algo bom e útil em tudo isso será tra-
vio acidentado, que alertou um cargueiro capítulo de teoria da conspiração, meu e do mercado, da oferta e da procura, zer dados de “ficha limpa” lhe ajudando
próximo sobre o acidente. Na época, papel, vindo da área tecnológica, mas agora no território do virtual. em obter crédito ou fazer compras com
Marconi, o inventor do telégrafo sem fio, também da área ética/bioética, Filosofia, Vejam que o Facebook já usa com facilidade, sem portar qualquer cartão
estava com dificuldades de vender seu Neurociência e Teologia, é levantar algu- grande sucesso a identificação facial e de crédito ou de débito, pois bastará
invento. Um acidente acabou conseguin- mas hipóteses que envolvem tecnologia ficamos maravilhados em ver que este aproximar sua mão a um aparelho lei-
do vender mais daquele equipamento atual, redução e invasão de privacida- aplicativo já nos identifica e coloca nos- tor e tudo será acertado. A economia
do que qualquer campanha publicitária. de, uso desmedido de poder etc. Aliás, so nome abaixo de nossa foto e o nome vai se transformar por completo, pois
Com a pandemia e quarentena, diver- já escrevi um artigo introdutório a isto de amigos que também estão na foto, não precisaremos mais de dinheiro em
sas situações que sofriam resistência nesta Coluna, com o título “Doadores se todos estiverem em seu “Big Data”. papel e o “dinheiro de plástico” (cartões
passam a ocupar prioridade na agenda de sangue, doadores de órgãos e agora, A Google já faz o mesmo com as fotos de crédito) ficará obsoleto. Pontos para
de investimentos. Um exemplo é a utili- doadores de dados!”. que você tem em seu celular e envia para evitar a clonagem de dados! Será? Quem
zação da computação em sala de aula, Vamos partir de um simples uso de o seu “Cloud” para economizar memória trabalha com tecnologia sabe muito bem
que, por muito tempo, passou em com- tecnologia no meio veterinário. Sempre do aparelho. Num caso você tem suas que tudo o que nós humanos fazemos,
passo de dúvidas de sua aplicabilidade, vivi com animais e tenho forte ligação fotos e de amigos nomeadas e, no outro, podemos desfazer ou hackear. A área
se restringindo, na maioria das vezes, a com cães. Meu cãozinho, Tommy, que você ganha memória, mas perde sempre de segurança digital vive às voltas com
um notebook com PowerPoint e projetor cuidei desde os primeiros minutos do a privacidade. E tudo isso você “assinou” tudo isso, e, neste sentido, todos da
de multimídia para projetar alguma aula. nascimento, faleceu de idade há pouco virtualmente concordando, sem ler, com área conhecemos a expressão “Vírus
Com a quarentena, o ensino remoto se tempo. Ainda me recuperando da perda a política de privacidade de cada um de- dia zero”, que é indetectável até que al-
acelerou e as aulas, para quem quises- fui ver um outro cãozinho, quem sabe no les. A facilidade oferecida te levou a doar cance as primeiras vítimas.
se sobreviver, ou melhor SABERviver, o futuro possa inclui-lo em minha história. seus dados que estão sendo utilizados Em tudo isso, o dilema ético para a
uso de computadores, celulares, tablets No petshop, logo fui avisado que todos para rastrear seus hábitos e costumes Geração COVID, a geração sobrevivente
para a transmissão e recepção de aulas os cães à disposição eram “chipados”, e alimentar a Inteligência Artificial, entre da pandemia, passa a ser que, a partir do
passou a ser a ferramenta essencial em isto é, um cão “chipado” tem implantado outros caminhos. Você sabia disso? momento que autoridades sem escrúpu-
salas virtuais de aulas. Diversas platafor- na região subcutânea um dispositivo Neste sentido, já temos notícias de los começarem a exigir de cada cidadão
mas assumiram o comando do ensino (em geral RFId) com seus dados pes- que em países, como a China, a identifi- certas condições para que tenha direito
síncrono (isto é, aulas online com a in- soais de identificação. Se o cão for per- cação facial já é utilizada intensamente, de ter direitos e de escolher o melhor
teração ao vivo entre mestres e alunos), dido, um veterinário com um pequeno por exemplo, para indicar se o cliente, para si, como viajar, ir e vir, poderá ser
no lugar das plataformas assíncronas aparelho receptor poderá identificá-lo que acaba de entrar em uma loja, é bom iniciado o temor dos “apocalipsistas” de
(aulas em que o aluno estuda sem a e seu dono poderá tê-lo de volta. Isso pagador e tem crédito. Não é teoria da que o ser humano passará a ser manipu-
presença online do mestre ao mesmo é muito comum em diversos animais. conspiração, é fato. lado como nunca antes, perdendo toda
tempo, embora possa ter contato com Mas não é só em animais que isso já Durante a pandemia, em alguns paí- privacidade e direito de escolher ou não
ele em outras ocasiões). O computador está sendo utilizado. Humanos também ses, a pessoa tinha seu celular identifi- o que deseja de sua vida. Uma anarquia
foi mais além, a sala de aula é que se já estão recebendo e há abundantes arti- cado e a inserção de um aplicativo (os ao inverso.
virtualizou. Um caminho sem volta. gos técnicos sobre isso. Recentemente famosos APPs), com conexões na rede Com a pandemia ficamos frágeis,
Tudo isso muito positivo e com gran- li um artigo da BBC cujo título é “Como e GPS, que a monitoravam, inclusive, avi- pois, para ter segurança e proteção, es-
des possibilidades de desenvolvimento funcionam os microchips implantados sando se alguém por perto estava com tamos tendo de permitir que até a tec-
da “Geração COVID” e novas oportuni- sob a pele que permitem pagar sem di- o novo coronavírus. Dupla invasão de nologia seja utilizada para nos proteger,
dades de convivência, participação e nheiro ou cartão”, descrevendo como privacidade em troca de proteção contra mas também para nos invadir em nossa
comunicação. Mas, será que tudo ca- funcionam estes dispositivos em hu- o contágio. No estado de São Paulo, pela intimidade. Como aconteceu com o telé-
minhará nesse sentido? manos, geralmente implantados na face ação governamental, e amparo judicial, grafo sem fio de Marconi, que avançou
Já temos notícias de que a Organiza- superior da mão. É um artigo popular em tem ocorrido quase que isso, mas em em seu positivo uso, não estaríamos
ção Mundial da Saúde (OMS) pensa em uma revista séria, mas já li descrições menor proporção. agora também tendo a oportunidades
um tipo de “passaporte de imunidade”, técnicas sobre o funcionamento dos mi- Voltando aos dispositivos digitais destas tecnologias nos ajudarem? Ou
de modo que as pessoas só poderão crochips de identificação. Alguns bem de identificação implantáveis na região nos manipularem? Pois é, a tecnologia é,
viajar se apresentarem imunidade con- sofisticados até com acesso a satélites, subcutânea da pessoa, o que você acha em geral, moralmente neutra, dependerá
tra o novo coronavírus ou contra algum pois a miniaturização chegou a tal ponto de ter um destes, implantado nas cos- de quem a utiliza! n
PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 13/09/20 15
OBSERVATÓRIO BATISTA

Geração COVID - parte 4 - geração do luto interditado


Lourenço Stelio Rega & Abner Morilha impossibilita a retomada das atividades
com qualidade e a aceitação da perda,
Nesta série de artigos entendemos também por profunda tristeza e, muitas
como “Geração COVID” a geração sobre- vezes, disfuncionalidades que impendem
vivente da pandemia, ainda que algumas a pessoa de gerir a vida como antes.
notícias busquem apenas aplicar esta O luto complicado é a exacerbação
expressão aos mais jovens. No fundo as do luto ao ponto de a pessoa sentir-se
transformações são tão radicais que afe- sobrecarregada; é como se ela ficasse
tam praticamente todas as fases da vida. congelada nesse estado, não apresentan-
Hoje, a nossa ocupação é com o luto, do melhora com o tempo. A principal ca-
como um fenômeno que tem ocorrido racterística de um luto complicado é a sua
com frequência, pois, com a pandemia do duração e a intensidade. Muitas vezes a
novo coronavírus e as possibilidades de pessoa precisará de suporte profissional.
contaminação, as determinações legais Doutor Abner ainda nos lembra que é
têm restringido a realização de funerais e importante pontuar que somos indivíduos
cerimonias fúnebres. Esse procedimento, singulares e irrepetíveis e, por isso, cada
ainda que vise prevenir a propagação da um de nós vive o luto com a sua pecu-
doença, acaba provocando graves con- liaridade, não tendo, portanto, maneiras
sequências quanto à vida histórica de melhores ou piores, ou uma sequência
centenas de milhares de famílias que não rígida que uniformizam o processo. O
conseguem fechar o ciclo da vida/morte luto deve ser compreendido como uma
e, em consequência, causando graves experiência de ordem pessoal e única
prejuízos emocionais àqueles que têm para cada um de nós, e assim, deve ser
perdido seus parentes e amigos. reverenciado e respeitado. Lembrando
A psiquiatra doutora Elisabeth Kübler- o que disse o sábio rei Salomão: O es-
-Ross no seu livro “On Death and Dying”, pírito da pessoa a sustenta na doença,
publicado em 1969, desenha o que foi mas tendo o espírito deprimido, quem a
conhecido como “Modelo de Sofrimento levantará? (Pv 18.14)
de Kübler-Ross”, de onde se obtém o “Os Então, o que podemos concluir com
Cinco Estágios do Luto”, cuja explicação tudo isso é que, ao ser promulgada uma
seguirá à frente. norma legal, nem sempre se consegue
Do ponto de visto didático e resumi- mensurar todos seus efeitos colaterais.
do podemos trazer aqui uma figura que que auxilia na construção de significados ideia de reverter o processo, buscando Assim, a Geração COVID tem sido in-
temos em um artigo do Pastor Batista, e oferece conforto ao enlutado. Subtrair estratégias para tornar isso possível. Por serida em um cenário em que a historici-
João Falcão Sobrinho (in memoriam), esse momento, por certo, trará implica- exemplo, é comum as pessoas tentarem dade de uma pessoa, e mesmo de uma
publicado em 1978, com o título “Vale ções psíquicas e intensificará a dor e o negociar com Deus, “entidades divinas” família, passa a ter maior peso. Isso se
da sombra”, em que trabalha o mesmo sofrimento das pessoas. ou “sobrenaturais” para fazer com que a torna significativo diante das tendências
ciclo, mas em quatro fases de modo a Classicamente, para compreender- morte não aconteça ou seja revertida, em que estavam sendo construídas com a
enriquecer a discussão. mos o luto temos um processo composto troca de mudar o estilo de vida e “trans- Hipermodernidade que poderiam nos
Para contribuir com este tão impor- por cinco fases ou cinco estados men- formar-se”. levar à efemeridade, ao vazio, ao indivi-
tante e especializado tema, convidamos tais, que poderão ocorrer em sequência 4. Depressão/Tristeza: nesta fase a dualismo exacerbado pela pregação do
nosso amigo e professor da Teológica, diferente em cada pessoa, provocando realidade da morte e do luto começar triunfo do indivíduo que estava passando
psicólogo, formado em Teologia, com reações que necessitam ser superadas a se tornar mais concreta e deixamos a ser seu legislador e juiz para julgar suas
Mestrado em Ciências Médicas e Dou- para promover reorganização da vida. Na de fantasiar realidades paralelas e nos escolhas e atos desconsiderando, mui-
torado em Psiquiatria, doutor Abner literatura clássica, como Dr. Lourenço já voltamos ao presente com uma profunda tas vezes, sua rede de relacionamentos
Morilha, para nos ajudar a compreender citou acima, temos as fases: sensação de vazio porque nos conscien- históricos.
melhor o tema. 1. Negação: O fato de negar a realida- tizamos plenamente de que a pessoa Com a perda de um ente querido sem
Assim, ele nos ensina que, em tempos de de que alguém já não está mais conos- querida já não está mais entre nós. A que o ciclo do sofrimento ou do luto este-
de pandemia, o sentimento de muitos co por causa da morte permite atenuar tristeza toma lugar da fantasia e pode ja podendo ser superado, cria-se o efeito
é de luto e, com as mudanças nos pro- o golpe e adiar um pouco a dor que essa nos levar a entrar em crise existencial, colateral da perda histórica dos relacio-
tocolos de velórios e enterros, temos o notícia traz. Embora pareça uma opção podendo nos levar ao isolamento e inca- namentos, da convivência ampliando o
surgimento da interdição da vivência do pouco realista, tem sua utilidade para o pacidade de sair desse estado de tristeza sofrimento, o medo, a insegurança e a
ciclo do luto, pois a perda não se limita nosso organismo, já que traz auxílio para e melancolia. sensação de impotência sobre o futuro
apenas à ausência física de uma pessoa que a mudança brusca de humor não nos 5. Aceitação/Resolução: geralmente, e sobre a vida.
querida que partiu, mas, com a dificulda- prejudique. a última etapa do processo, na qual a O senso de pertencimento precisará ser
de do fechamento deste tão importante 2. Raiva/Revolta, como o luto germina pessoa volta à “vida normal”, aceitando a estimulado e vamos necessitar investir na
ciclo na história de uma pessoa e sua profunda tristeza de perda que não pode morte do ente querido e reorganizando a recuperação da historicidade e na valoriza-
família e seus efeitos colaterais. ser revertida, há rompimento e o choque vida. Em parte, essa fase se dá porque o ção dos relacionamentos, da convivência,
O luto pode ser compreendido como de entre a vida que é desejável e a morte traço, que a dor emocional do luto causa, pois poderão ser perdidos de uma hora
uma crise que desencadeia forte instabili- que é inevitável, trazendo a carga emo- vai se extinguindo com o tempo, sendo para outra. Decisões individuais necessi-
dade e que desorganiza a vida da pessoa cional do ressentimento ao nos darmos uma fase necessária para reorganizar tarão considerar estes territórios da con-
trazer sintomas físicos e psíquicos que conta de não há nada que possamos fa- ativamente as próprias ideias e confortar vivência e não apenas o território pessoal.
necessitam de atenção e cuidado. zer para corrigir ou reverter a situação. o nosso esquema mental. Educadores, profissionais da saúde
O velar do corpo faz parte de uma 3. Negociação/Barganha: nesta fase Quando estas fases são suprimidas mental e emocional, clérigos, e outros
etapa em um ritual importante para a tenta-se criar uma ficção de alguma for- por um luto interditado, não vivenciado, profissionais precisarão entrar em ação
despedida da pessoa que já não está ma, criarmos um cenário de estarmos a pessoa pode entrar no que chamamos colegiadamente, cada um dando sua
mais entre nós. Chorar, dizer adeus é no controle da situação e ficamos ela- de luto complicado que se caracteriza contribuição. Novos desafios temos pela
fundamental, pois têm valor simbólico borando a possibilidade fantasiando a por uma desorganização prolongada que frente! n
PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 27/09/20 15
OBSERVATÓRIO BATISTA

Geração COVID - parte 5 -


Transformações de mindset!
Lourenço Stelio Rega situação das vias em que precisará pas- comunicaram a devolução de lajes co- juízos sejam evitados. Há vantagens,
sar, por meio da colaboração gratuita merciais, redimensionando seu espaço mas também desvantagens. Trabalhar
A geração COVID, em nossa série de de outros usuários. São participantes para um número menor de pessoas com em casa pode funcionar adequadamen-
artigos, somos todos nós que estamos pertencentes ao “staff on demand”, que postos permanentes no escritório. Mas te do ponto de vista individual, mas
conseguindo sobreviver à maior crise não cobram nada para dar sua colabora- há empresas que não acreditam neste quais efeitos teremos em longo prazo?
mundial que não foi apenas no terreno ção. Isso já vinha sendo estimulado pela sistema de trabalho. A pessoa se recolhe em sua redoma pro-
da saúde, mas alcançou quase todos os Quarta Revolução antes da pandemia; Com isso, se descobre que o cres- tegida, participa de reuniões virtuais até
aspectos da vida contemporânea com agora passa a ter maior velocidade nes- cimento do uso de tecnologia informá- mesmo protegida por uma tela e teclado
a propagação do SARS-Cov-2, vírus que sa transição da sociedade do consumo tica tem crescido não mais linear, mas e pode se envolver em mais do que uma
tem provocado a doença do novo coro- do Século XX para a sociedade do uso exponencialmente, especialmente com atividade, enquanto temas de reuniões
navírus, a COVID-19, que, nos próximos e do descarte atual. Aliás, com a Quarta o deslocamento do trabalho em gran- não são de sua área. Mas, como subs-
dias, terá ceifado mais de um milhão de Revolução já é possível até nem mais de monta para o ambiente doméstico tituir o contato pessoal, troca de ideias
vidas em todo mundo. usar o “dinheiro de plástico” com a im- que, do dia para a noite, teve adicionado a sensação de pertencimento que se
O mundo parou, a vida se congelou plantação subcutânea de microchips e o considerável volume de trabalho e ocu- pode ter com toda equipe em um mes-
do dia para a noite. Nos primeiros dias sistema de crédito poderá envolver não pação. E, neste cenário, diversos com- mo ambiente, o intervalo para o cafezi-
reinaram incertezas, dúvidas, inseguran- apenas valores monetários, mas crédito ponentes desta nova configuração do nho que produz importantes endorfinas
ças. As ruas ficaram vazias, as fábricas, em méritos por perfil. Já pensou que trabalho remoto estão caracterizando a atenuadoras aos efeitos da produção
os escritórios, as conduções coletivas mudança radical na economia? Geração COVID, que está necessitando de adrenalina e cortisol pela tensão da
se escassearam. Para sobreviver foi A Economia compartilhada surgiu redescobrir estratégias para conseguir produção e das decisões no trabalho?
preciso descobrir como SABERviver especialmente após a crise mundial de coadunar este novo cenário com o equi- Mas, também, o abraço na convivência
diante do novo cenário que começou a 2008 e tem sua essência nos relaciona- líbrio da vivência familiar. pessoal que ajuda na produção de oci-
ser chamado de “o novo normal”. Diver- mentos e transações na configuração E, neste sentido, imagine que no “anti- tocina? Ainda não se conseguiu provar
sas áreas de trabalho continuaram sua “P2P”, isto é, de pessoa para pessoa, go normal” o expediente de um escritório que todo esses “neuro-efeitos” possam
trajetória, como supermercados, farmá- mas, também, “peer to peer”, em que se se encerrava em determinada hora e a ser produzidos pela virtualização do tra-
cias, informática etc., outras foram afe- estimula o aproveitamento de recursos semana em determinado dia. Os com- balho. O que, talvez, possa ser compro-
tadas, algumas de forma intensa, como ociosos, havendo aqui a ênfase no uso, putadores eram desligados, o escritório vado é que o trabalho recolhido nesse
as companhias aéreas, as agências de e não necessariamente na posse. Com era fechado, o horário de atendimento ambiente de redoma deixa de estimular
viagens, setor imobiliário, táxis. Esse a inversão de valores em que o TER va- se encerrava e cada um ia para o “ha- importantes funções neuronais. O ser
SABERviver envolve transformações lorizava o SER, que nesta configuração ppy hour”, para curtir a família etc. Tudo humano foi criado para conviver, não
no “mindset”, isto é, transformações econômica é substituído pela usabilida- voltava a funcionar no dia ou semana para a solidão. Os profissionais da área
dos modelos mentais ou variáveis que de de bens e serviços em que as pes- seguinte. No “novo normal” já não existe da saúde mental já mapeiam com temor
utilizamos para fazer nossas escolhas. soas preferem alugar, tomar emprestado mais horário para iniciar e encerrar o e tremor as doenças da solidão com
Até hoje, a Economia busca um ou compartilhar, em vez de comprar e expediente. A pessoa está em seu lar, suas trágicas consequências. Portanto,
meio para dar respostas ao novo nor- possuir. Nesse rumo temos “empresas- o celular toca, mensagens chegam a ainda não temos “segurança-segura”
mal, talvez esquecendo-se de que as -conceito” como Netflix, aplicativos para qualquer momento, tudo demandando para legitimar o home office absoluto.
fronteiras, os marcos e sinalizadores do reserva de passagens e hospedagens atenção e respostas imediatas. Se a pes- Creio que um modelo híbrido poderá
antigo normal foram removidos e, até (Airbnb, TripAdvisor), Uber etc. soa não tomar cuidado, isso prossegue ser o caminho. Pois é, mais transforma-
mesmo, desapareceram, e, com isso, as Desta forma, a Economia pós pande- pela noite, madrugada, finais de semana ções no mindset da vida profissional e
métricas normais, os fundamentos, que mia vai necessitar se redescobrir em vez etc. Torna-se necessário que a pessoa doméstica.
até antes da pandemia cimentavam os de continuar a buscar a compreensão do consiga um espaço físico separado em Teremos muito a aprender com o
referenciais econômicos, se fragmen- novo normal por meio de suas leis clás- seu lar, aprenda como gerenciar seu tem- “novo normal”, necessitaremos ouvir
taram. Novos referenciais, novas métri- sicas, vai precisar mudar seu mindset. po e sua atenção, especialmente se for especialistas da área de saúde men-
cas precisam ser descobertas também A pandemia da COVID-19 e o con- casada e, mais ainda, se tiver filhos, para tal; necessitaremos aprender uns com
pelos economistas. Já se fala em eco- finamento em diversos países levou à que a irritabilidade e outros sentimentos os outros, aprender a valorizar a con-
nomia compartilhada, das trocas parti- necessidade de as empresas funciona- prejudiciais não provoquem desgastes e vivência familiar, com amigos, a curtir
lhadas em que o papel-moeda deixa de rem com a maioria (ou a integralidade) ainda assim haja a entrega do trabalho mais momentos de trocas relacionais
ter prioridade no lugar do voluntariado, de seus quadros em home office. O fato com qualidade. Pois é, agora temos o e emocionais. A vida vai precisar ser
da colaboração. Essa configuração da de boa parte das pessoas contar com “trabalhador doméstico” e não apenas menos racional e produtiva e ser mais
Economia se apresenta como um novo plano de dados ou banda larga, além a “empregada doméstica”. O “mindset” vida. Como Geração COVID nos resta
sistema social e econômico, que é fun- da disponibilidade de ferramentas de do trabalhador precisa ser transforma- transformar a crise em oportunidade,
dada no compartilhamento de recursos vídeo-call, possibilitou uma transição do, mas também, nesta configuração, bem ao sabor da palavra crise no Kanji
humanos, mas também de recursos fí- relativamente suave. Em geral, o home o Direito do Trabalho necessita ser ra- (caracteres/ideogramas usados pelos
sicos ou mesmo intelectuais. Por exem- office tem funcionado bem. Algumas pidamente atualizado para garantir a japoneses e chineses) que é compos-
plo, os tradicionais e caros aparelhos de empresas rapidamente anunciaram o sobrevivência de quem trabalha nesse ta de dois ideogramas (wei-ji) – risco/
GPS estão sendo substituídos por um regime até o fim de 2020. Outras, mais regime. perigo e oportunidade. Que os riscos
aplicativo em seu celular - Waze - em vanguardistas, já decretaram que ofere- Mas, existem ainda outros pontos a e perigos desse cenário nos deem a
que os usuários têm à sua disposição cerão a opção indefinidamente aos seus serem considerados no regime do home oportunidade de ampliar a dignidade e
a atualização praticamente “online” da funcionários. Algumas companhias já office para que erros estratégicos e pre- qualidade de vida! n

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