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DIREITO ADMINISTRATIVO

1) A propósito da ocorrência, ou não, de decadência administrativa, há que se aplicar,


em âmbito federal, o disposto no art. 54 da Lei 9.784/99, que assim preceitua:

"Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram


efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé."

Como daí se depreende, o prazo de que dispõe a Administração para anular seus
próprios atos, quando deles decorram efeitos favoráveis a terceiros, é, em princípio, de 5
anos, salvo se houver má-fé do beneficiário, hipótese esta na qual o Poder Público
poderá, a qualquer tempo, rever o ato inválido.

Na espécie, como o enunciado deixou bem evidenciado, a beneficiária da pensão obteve


o benefício mediante fraude, vale dizer, falsificação de documentos, razão por que,
demonstrada a má-fé, não há que se aplicar o prazo quinquenal da Lei 9.784/99, de sorte
que a Administração poderia, sim, exercer seu poder de autotutela administrativa.

Ainda que assim não fosse, é válido frisar que os atos de concessão de aposentadorias e
pensões são, de acordo com firme entendimento doutrinário e jurisprudencial, de
natureza complexa, de maneira que somente se aperfeiçoam com o registro do ato
concessivo após exame de legalidade efetivado pelo TCU (CRFB/88, art. 71, III). É a
partir desse momento, pois, que o ato se torna perfeito, disparando-se, pois, o prazo
decadencial previsto na Lei 9.784/99, art. 54. Neste sentido: STF, MS 25.963/DF, rel.
Ministro CEZAR PELUSO, julgado em 23.10.2008).

Ora, neste caso hipotético, o registro perante o TCU teria ocorrido em julho de 2014, de
modo que, em setembro de 2018, quando constatada a fraude, após devido processo
legal, não teria ainda escoado o prazo decadencial de 5 anos, aqui versado.

Do exposto, por qualquer ângulo que se pretendesse analisar a hipótese, a conclusão


seria no sentido da possibilidade de a Administração exercer seu poder de autotutela
administrativa, seja em razão da má-fé apurada em relação à beneficiária da pensão, seja
porquanto ainda não decorrido o prazo decadencial tratado no art. 54 da Lei 9.784/99.

Correto, pois, este item. Obs. Não se trata de prescrição, mas sim de decadência.

b) Errado:

Como acima demonstrado, tendo havido má-fé, não seria aplicável o sobredito prazo de
cinco anos. Deveras, mesmo que o fosse, seu início deveria ser contado do registro da
concessão do benefício pelo TCU, e não do ato concessivo praticado pelo órgão de
origem, por se tratar de ato administrativo complexo.
2) a) Os atos de improbidade causadores de lesão ao erário, como seria a hipótese,
admitem, sim, a modalidade culposa, como adverte o art. 10, caput, da Lei 8.429/92,
que assim enuncia:

"Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:

(...)

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do


patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;"

c) Os atos que atentam contra os princípios da Administração Pública, na realidade,


somente admitem a modalidade dolosa. A rigor, são os atos causadores de lesão ao
erário que podem ser cometidos de maneira culposa.

d) Como visto acima, nos comentários à opção "b", o servidor Felipe teria, sim,
cometido ato de improbidade administrativa, vazado no art. 10, IV, da Lei 8.429/92.
Deveras, os atos que geram enriquecimento ilícito somente admitem a forma dolosa, e
não a culposa.

3) a) A rigor, o ônus de promover a desapropriação recai sobre a concessionária do


serviço público, que deve dimensionar esse encargo quando da proposta a ser feita
durante o procedimento licitatório. A propósito, eis o teor do art. 31, VI, da Lei
8.987/95:

"Art. 31. Incumbe à concessionária:

(...)

VI - promover as desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder


concedente, conforme previsto no edital e no contrato;"

b) Para casos desta natureza, a legislação de regência prevê o instituto da imissão


provisória na posse, conforme disposto no art. 15, caput, do Decreto-lei 3.365/41, in
verbis:

"Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de


conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo
provisoriamente na posse dos bens."
Logo, não é verdade que se tenha que aguardar o término do processo de licitação para
adentrar os terrenos necessários à ampliação da rodovia.

c) De fato, a teor do art. 10, caput, do Decreto-lei 3.365/41, o prazo para efetivação da
desapropriação é de cinco anos, contados da expedição do decreto expropriatório.
Como, na espécie, decorreram 7 anos desde o referido marco temporal, pode-se concluir
que o decreto, realmente, caducou. No ponto, confira-se:

"Art. 10.  A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se


judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo
decreto e findos os quais este caducará."

d) A competência declaratória de utilidade pública não é atribuída aos concessionários


de serviços públicos, aos quais atribui-se, tão somente, a competência executória, isto é,
promover os atos materiais necessários à efetivação da desapropriação, conforme
estabelece o art. 3º do Decreto-lei 3.365/41:

"Art. 3o  Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater


público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover
desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato."

4) É requisito do acordo de leniência o compromisso da sociedade empresária de fazer


cessar seu envolvimento na irregularidade investigada, qual seja, o pagamento de
propina a servidores públicos em troca das vantagens competitivas.

A questão trata do acordo de leniência previsto na lei 12.846/2013. A este respeito,


analisando as alternativas:

a) CORRETA. Art. 16, §1º, II.

b) INCORRETA. É necessária a identificação dos demais envolvidos na infração. Art.


16, I.

c) INCORRETA. Não há isenção da multa, mas sim a sua redução em até 2/3 do valor
aplicável. Art. 16, §2º.

d) INCORRETA. É possível que a proposta do acordo se torne pública, exceto se


houver interesse das investigações e do processo administrativo. Art. 16, §6º.

5) a) Na realidade, a modalidade de parceria público-privada em que ocorre a


remuneração do parceiro privado através de tarifas e de aportes feitos pelo Poder
Público é denominada como concessão patrocinada, na forma do art. 2º, §1º, da Lei
11.079/2004, que assim preceitua:

"Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na


modalidade patrocinada ou administrativa.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de


que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente
à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado.

b) Existem outras possibilidade de contraprestação a ser feita pela Administração, além


do pagamento em dinheiro, conforme rol previsto no art. 6º da Lei 11.079/2004, de
seguinte redação:

"Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-


privada poderá ser feita por:

I – ordem bancária;

II – cessão de créditos não tributários;

III – outorga de direitos em face da Administração Pública; 

IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;

V – outros meios admitidos em lei."

c) Realmente, à luz do art. 5º, I, da Lei 11.079/2004, o prazo de 35 anos é máximo, não
admitindo mais qualquer prorrogação. No ponto, é ler:

"Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto


no art. 23 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também
prever:

I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos investimentos


realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação;"

d) Cuida-se aqui de assertiva que contraria frontalmente a norma do art. 10, §3º, da Lei
11.079/2004, in verbis:

"Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na


modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitatório condicionada a:

(...)
§ 3º As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública
dependerão de autorização legislativa específica."

Do exposto, a depender da proporção do aporte feito pelo Poder Público, haverá, sim, a
necessidade de autorização legislativa específica.

6) A propósito do tema, aplica-se o disposto no art. 19 do Decreto-lei 25/37, de seguinte


redação:

"Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às
obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas
obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o
dano sofrido pela mesma coisa.

§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço


do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará executá-las, a expensas da União,
devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis meses, ou providenciará para
que seja feita a desapropriação da coisa.

§ 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o


proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa.     

§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou


reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União,
independentemente da comunicação a que alude este artigo, por parte do proprietário."

Com apoio neste dispositivo legal, vejamos as opções:

a) Como se depreende da norma acima, a solução, por óbvio, não consiste na demolição
do bem tombado, mas sim em sua recuperação, por meio de obras emergenciais,
conforme autorizado expressamente pelo texto legal.

Ademais, a demolição é vedada pelo teor do art. 17 do Decreto-lei 25/37, que assim
preceitua:

"Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas,


demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob
pena de multa de cinquenta por cento do dano causado."
7) Atualmente, o limite de valor, para a modalidade convite, em se tratando de obras e
serviços de engenharia, é de R$ 330.000,00, conforme art. 1º, I, "a", do Decreto
9.412/2018. Logo, com a obra versada na questão teria valor estimado de cem mil reais,
seria possível, sim, a utilização de tal modalidade licitatória.

b) A necessidade de publicação dos avisos contendo os resumos dos editais aplica-se às


concorrências, tomada de preços, concursos e leilões, mas não aos convites, conforme
se depreende da leitura do art. 21, caput, da Lei 8.666/93, abaixo transcrito:

"Art. 21.  Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas


de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição
interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de


circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço,
fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o
vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de
competição."

De tal forma, não é verdade que a licitação seria inválida por ausência de publicação do
instrumento convocatório em jornal diário de grande circulação no Município Sigma.

c) A afirmativa em exame tem amparo expresso no teor do §7º do art. 22, que ora
transcrevo:

"Art. 22 (...)
§ 7o  Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for
impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo,
essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no processo, sob pena de
repetição do convite."

d) Ao contrário do aduzido, nada impede a participação de interessados não cadastrados,


no bojo da modalidade convite:

"§ 3o  Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu


objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
quatro) horas da apresentação das propostas."

8) A infração descrita no enunciado da questão configura a denominada inassiduidade


habitual, conforme previsão contida no art. 139 da Lei 8.112/90, que ora transcrevo:
"Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses."

Trata-se de violação passível de demissão, na forma do art. 132, III, do mesmo diploma
legal, in verbis:

"Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos:

(...)

III - inassiduidade habitual;"

Ademais, em assim sendo, o procedimento apuratório a ser adotada deverá ser sumário,
conforme preconiza o art. 140 da Lei 8.112/90, que manda aplicar a técnica vazada no
art. 133. No ponto, confira-se:

"Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habitual, também será


adotado o procedimento sumário a que se refere o art. 133, observando-se especialmente
que:

Confira-se, agora, o teor do citado art. 133:

"Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou


funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento
sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por
dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
transgressão objeto da apuração;

II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;

III - julgamento."

Firmadas estas premissas, vejamos as opções:

b) A incompatibilidade para nova investidura em cargo público, pelo prazo de cinco


anos, por conta de demissão, tem sede no art. 137 da Lei 8.112/90, destinando-se, tão
somente, aos casos previstos no art. 117, incisos IX ("IX - valer-se do cargo para lograr
proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;") e XI
("XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo
quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
grau, e de cônjuge ou companheiro", não se destinando, pois, ao art. 132, III, que trata
da inassiduidade habitual.

Confira-se:

"Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art.


117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.

Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for


demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV,
VIII, X e XI.
c) Súmula Vinculante n.º 21 do STF, que assim dispõe: " É inconstitucional a exigência
de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo."

d) Súmula Vinculante n.º 5 do STF, de seguinte redação: "A falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição."

9) Art. 11 da Lei 8.987/95:

"Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder


concedente prever, em favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de
outras fontes provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de
projetos associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade
das tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei."

b) A hipótese narrada no enunciado da questão seria de concessão de serviço público


precedida da execução de obra pública (construção da estrada), sendo vedado, neste
caso, a delegação a pessoa física, e sim, tão somente, a pessoa jurídica ou consórcio de
empresas, o que deriva da própria definição legal vazada no art. 2º, III, da Lei 8.987/95,
litteris:

"Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:

III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção,


total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras
de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da
obra por prazo determinado;"
c) Como se depreende do conceito legal acima transcrito, a concessão de serviço
público precedida de obra pública deve ser realizada na modalidade concorrência, o que
torna incorreta esta opção, ao sustentar a viabilidade de uso da tomada de preços.

d) A presente assertiva contraria flagrantemente o teor do art. 23, parágrafo único, II, da
Lei 8.987/95, que ora transcrevo:

"Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:

Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido da


execução de obra pública deverão, adicionalmente:

II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações


relativas às obras vinculadas à concessão."

10) Em se tratando de repasse, via convênio, de recursos federais, o TCU ostenta


competência para a respectiva fiscalização, na forma do art. 71, VI,. da CRFB/88, in
verbis:

"Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante


convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município;"

Em reforço, confira-se o seguinte precedente do STF:

"Administrativo. ADI. Fundo Nacional de Assistência Social. Lei n.º 9.604/98.


Procedência parcial. 1. É inconstitucional o art. 1º da Lei n.º 9.604/98, que fixou a
competência dos Tribunais de Contas Estaduais e de Câmaras Municipais para análise
da prestação de contas da aplicação de recursos financeiros oriundos do Fundo Nacional
de Assistência Social, repassados aos Estados e Municípios. A competência para o
controle da prestação de contas da aplicação de recursos federais é do Tribunal de
Contas da União, conforme o art. 70 e incisos da Constituição. 2. O art. 2º da mesma
lei, por sua vez, é compatível com a Constituição. A previsão de repasse automático de
recursos do Fundo para Estados e Municípios, ainda que desvinculado da celebração
prévia de convênio, ajuste, acordo ou contrato, não afasta a competência do TCU
prevista no art. 71, VI, da Carta. 3. Procedência parcial do pedido."
(ADI - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1934, Pleno, rel. Ministro
ROBERTO BARROSO, 7.2.2019)

b) Na verdade, a hipótese descrita no enunciado da questão constitui ato de improbidade


causador de lesão ao erário, com espeque no art. 10, VIII, da Lei 8.429/92, que ora
transcrevo:

"Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração


de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;"

Por conseguinte, referida conduta ímproba se submete às sanções estabelecidas no art.


12, II, do mesmo diploma legal, se seguinte teor:

"Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na


legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;"

c) A presente alternativa ignora o teor do art. 3º da Lei 8.429/92, que expressamente


contempla a possibilidade de particulares responderem nos termos da sobredita lei. A
propósito, é ler:

" Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele
se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta."

11) Analisemos as opções propostas, à procura da correta:

a) De fato, a jurisprudência é tranquila na linha de que compete à Justiça Federal


analisar as implicações decorrentes de movimento paredista realizado por servidores
federais, como se depreende, por exemplo, do seguinte julgado do STJ:

"PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. GREVE NO


SERVIÇO PÚBLICO. DESCONTOS REMUNERATÓRIOS. SERVIDOR GREVISTA
DA JUSTIÇA FEDERAL DO MATO GROSSO/MT. COMPETÊNCIA. TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO. REMESSA DOS AUTOS. 

1. A Primeira Seção, em julgamento realizado em 11.05.11, nos autos da Pet 7933/DF,


decidiu que esta Corte Superior possui competência originária para examinar questões
relacionadas à greve de servidores públicos quando a lide envolver movimento
paredista: a) de âmbito nacional; b) que atinja mais de uma região da justiça federal; c)
que compreenda mais de uma unidade da federação. 

2. Quando a matéria sub judice se restringir à legalidade da greve ou de seus


respectivos consectários ocorridos em único Estado da Federação, a competência
será do correspondente Tribunal Regional Federal - no caso dos servidores
federais - ou do Tribunal de Justiça - em relação aos servidores municipais e estaduais. 

b) "DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. GREVE DE SERVIDORES PÚBLICOS DO MPU E
CNMP. DESCONTO DOS DIAS PARADOS. 

1. O STF fixou, em regime de repercussão geral, a seguinte tese: A administração


pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício
do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo
funcional que dela decorre, permitida a compensação em caso de
acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi
provocada por conduta ilícita do Poder Público (RE 693.456, Rel. Min. Dias Toffoli). 

c) Outra vez, de acordo com compreensão jurisprudencial adotada pelo STF, a falta de
regulamentação legal não impede o exercício do direito de greve, pelos servidores
públicos, aplicando-se, no que couberem, as disposições da Lei 7.783/89.

d) No tocante aos militares das Forças Armadas, os policiais militares e os bombeiros


militares, há expressa vedação constitucional ao exercício do direito de greve, o que
deflui do teor do art. 142, §3º IV, o quela se aplica aos policias militares e bombeiros
por força do art. 42, §1º da Lei Maior.

No ponto, confiram-se:

"Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e
destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de
qualquer destes, da lei e da ordem.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes,
além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares,
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
de 1998)

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,


além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e
do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
governadores."

12) A hipótese descrita no enunciado da questão narra caso de alteração da destinação


do imóvel objeto de desapropriação, sendo mantido, todavia, o interesse público, o que
é denominado pela doutrina como tredestinação lícita, a qual não rende ensejo a pleitos
de retorno do bem ao patrimônio privado, ou mesmo de indenização por perdas e danos.

O comportamento administrativo, em suma, não é censurável, tendo se limitado a


atender a uma necessidade pública de maior urgência, surgida posteriormente ao decreto
expropriatório, sendo certo, ademais, que o interesse público é dinâmico, variável no
tempo, de sorte que não seria razoável engessar o Poder Público, obrigando-o a manter a
destinação inicialmente declarada, se outra necessidade se fez presente, em momento
posterior, de forma ainda mais emergencial.

A propósito do tema, é ler o seguinte precedente do STJ:

"PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO POR


UTILIDADE PÚBLICA. AÇÃO DE RETROCESSÃO. DESTINAÇÃO DIVERSA DO
IMÓVEL. PRESERVAÇÃO DA FINALIDADE PÚBLICA. TREDESTINAÇÃO
LÍCITA.
1. Não há falar em retrocessão se ao bem expropriado for dada destinação que atende ao
interesse público, ainda que diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório.

Refira-se, ademais, que o art. 519 do CC/2002 somente admite a retrocessão se o bem
desapropriado "não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos", o que não é caso, desde que seja, de fato, revertido para
uma finalidade que atenda ao interesse público, in verbis:

"Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em
obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço
atual da coisa."

13) O enunciado da presente questão revela caso de inobservância a um dos princípios


informativos da concessão de serviços públicos, qual seja, o princípio da atualidade ou da
mutabilidade. Trata-se de postulado que encontra expressa base normativa na Lei
8.987/95, mais precisamente em seu art. 6º, §2º, que a seguir colaciono:

"Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao


pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes
e no respectivo contrato.
§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das
instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço."

No ponto, Rafael Oliveira ensina:


"O princípio da mutabilidade ou atualidade leva em consideração o fato de que os serviços
públicos devem se adaptar à evolução social e tecnológica. As necessidades da população
variam no tempo e as tecnologias evoluem rapidamente, havendo a necessidade
constante de adaptação das atividades administrativas."

b) A encampação, ao contrário do que consta desta assertiva, pressupõe, sim, lei


autorizativa, conforme expresso no art. 37 da Lei 8.987/95, in verbis:

"Art. 37. Considera-se encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante
o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior."

c) Apesar de estar correto que a concessão, neste caso, pode ser extinta unilateralmente
pela Administração, porquanto caracterizada um descumprimento contratual, o instituto a
ser aplicado não é o da rescisão, mas sim o da caducidade, prevista no art. 38, caput, da
Lei 8.987/95:

"Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder


concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a aplicação das sanções
contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes."

d) A retomada dos bens reversíveis depende, sim, de previsão no edital e no contrato,


como estatui o §1º do art. 35 da Lei 8.987/95

"Art. 35. Extingue-se a concessão por:


§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos
e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido
no contrato."

14) Em se tratando de questão que aborda o tema do Regime Diferenciado de


Contratações - RDC, há que se aplicar as disposições da Lei 12.462/2011, e, neste caso,
mais precisamente, o que reza seu art. 25, I, que abaixo colaciono:

"Art. 25. Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais propostas, serão utilizados os
seguintes critérios de desempate, nesta ordem:

I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apresentar nova proposta


fechada em ato contínuo à classificação;"

II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde que exista sistema
objetivo de avaliação instituído;

III - os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, e no §
2º do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e

IV - sorteio."

a) À luz do art. 25 da Lei 12.462/2011, o sorteio é apenas o quarto critério de desempate a


ser utilizado, razão pela qual está equivocada aduzir que a Administração deveria, "de
plano", lançar mão de tal expediente.

b) O §2º do art. 3º da Lei 8.666/93, a que se refere o inciso III do sobredito preceito legal,
bem ao contrário do sustentado nesta alternativa, utiliza, sim, como critério de desempate,
o fato de os bens ou serviços serem prestados por empresa brasileira, de sorte que está
errada esta opção.

15) A aposentadoria compulsória dos agentes públicos encontra-se disciplinada, em


âmbito constitucional, pelo art. 40, II, da CRFB/88, que abaixo colaciono:

"Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70


(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
complementar;"

Regulamentando este dispositivo constitucional, veio a ser editada a LC 152/2015, que


assim estabelece em seu art. 2º, inciso I:

"Art. 2º Serão aposentados compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de


contribuição, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade:

I - os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações;"

Com isso, pode-se concluir que, em se tratando, na presente questão, de servidor público
ocupante de cargo efetivo da União, a aposentadoria compulsória a ele aplicável seria aos
75 anos de idade, e não aos 70 anos.

Ademais, no tocante ao cargo em comissão, por ser a ele aplicável o Regime Geral de
Previdência Social - RGPS (CRFB/88, art. 40, §13), inexiste aposentadoria compulsória a
ser imposta, de maneira que o servidor em tela poderia continuar exercendo, tão somente,
referido cargo em comissão.
a) Como acima pontuado, a aposentadoria compulsória, no caso, não seria aos 70 anos, e
sim aos 75 anos, por força do art. 2º, I, da LC 152/2015 c/c art. 40, §13 da Constituição.

c) Ao contrário do aduzido nesta alternativa, a competência do Tribunal de Contas para


exame da legalidade da concessão de aposentadorias não se submete às restrições aqui
indicadas pela Banca. Trata-se, em rigor, de competência ampla, como se extrai da
redação do art. 71, III, da CRFB/88, que a seguir reproduzo:

"Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;"

Logo, incorreta a presente opção, mesmo porque, onde a Lei não distingue, não cabe ao
intérprete fazê-lo.

d) Como se depreende, uma vez mais, da leitura do inciso III do art. 71, são excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, o que torna incorreta esta alternativa.

16) Quanto à responsabilidade civil por danos ambientais: A Constituição estabelece que a
responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa (art. 21, XXIII,
"d", CF/88).

Neste caso, aplica-se a teoria do risco integral, na qual a responsabilidade do Estado é


objetiva, de modo que a União deve se responsabilizar pelos danos causados,
independentemente de culpa da vítima ou de fatos imprevisíveis.

17) a) De fato, em se tratando de empresa pública, é possível a participação de outras


pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública, contanto que o controle acionário
permaneça em poder do ente federativo instituidor, que, no caso, seria a União, conforme
enunciado da questão.

Tal possibilidade encontra respaldo na norma do art. 3º, parágrafo único, da Lei
13.303/2016, que institui o chamado "Estatuto das Estatais". No ponto, confira-se:

"Art. 3o  Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,


com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

Parágrafo único.  Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade


da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital
da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público
interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios."
b) Tendo em vista que as empresas públicas têm personalidade jurídica de direito privado,
conforme, aliás, percebe-se da simples leitura do art. 3º, caput, acima transcrito, a técnica
de sua criação observa a mesma sistemática de tais pessoas jurídicas, vale dizer, o
"nascimento", por assim dizer, pressupõe inscrição dos atos constitutivos no registro
público competente. A lei é meramente autorizativa de sua criação, mas não a institui
desde logo.

c) Como acima pontuado, a personalidade jurídica é de direito privado.

d) As empresas públicas, como regra geral, submetem-se, sim, ao dever de licitar,


porquanto estão abarcadas pela obrigação instituída pelo art. 37, XXI, da CRFB/88 c/c art.
1º, parágrafo único, da Lei 8.666/93, que assim estabelece:

"Art. 1o  Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos


pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no
âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único.  Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da


administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios."

A dispensa de licitação, segundo entendimento remansoso, diz respeito às atividades-fim


das empresas públicas, isto é, aos bens e serviços produzidos ou prestados por tais
entidades, o que não abrange, portanto, as atividades-meio, no que se inclui, como regra,
a contratação de terceiros para prestação de serviços.

18) Em se tratando de construção de um edifício, incide, na espécie, a respeito de


acréscimos contratuais, a norma do art. 65, §1º, da Lei 8.666/93, que ora transcrevo:

"Art. 65.  Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
§ 1o  O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para
os seus acréscimos."

De tal forma, no exemplo da presente questão, o acréscimo seria possível, eis que
enquadrado nos limites estabelecidos pelo texto da lei de regência da matéria.

a) O aditamento do contrato, para fins de contemplar este acréscimo, deveria, sim, ser
reduzido a termo, não sendo admissível mero trato verbal, conforme preconiza
expressamente o art. 60, caput, da Lei 8.666/93, in verbis:

"Art. 60.  Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as


quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento
lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem."
b) Realmente, ao que se depreende da leitura do acima transcrito art. 65, §1º, existe
obrigação do contratado em aceitar o acréscimo. Cuida-se, de fato, de cláusula
exorbitante, na medida em que se trata de alteração unilateral do contrato imposta pela
Administração Pública. Escorreita, pois, a assertiva em análise.

c) Como visto acima, o limite legal é de 25% do valor inicial do contrato, e não de 15%,
como incorretamente sustentado nesta opção.

d)Eventual deficiência do projeto básico não implica, necessariamente, o dever de anular o


contrato, sendo perfeitamente possível e recomendável, nestes casos, que sejam feitos os
devidos ajustes, providência essa que conta com expresso amparo, inclusive, na norma do
Art. 57 (...)
§ 1o  Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem
prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de
seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo:

I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;"

Como se vê, se a Lei prevê a possibilidade de alteração do projeto, não há razão para se
anular o contrato, desperdiçando todo o tempo e recursos públicos envidados na fase
licitatória, solução que não atenderia, em nada, ao interesse público.

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