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Março/Abril 2021
ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95 Ano LI- nº 406
Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL
EDITORIAL
CELEBRAR E VIVER A ção); a preparação da pregação multiforme
(com sinceridade), implicam a adopção do
PÁSCOA EM TEMPO DE silêncio como uma de muitas vias possíveis
PANDEMIA para os meses que se vislumbram.
LAICADO DOMINICANO
ORAÇÃO
Deus Pai, Orienta o nosso coração para a verdade,
Tu nos ensinas que é nas nossas fraquezas para a justiça e para a paz que só Tu nos
que mostras a tua força, podes dar.
Antes de nós falarmos contigo, já tu sabes Confiantes na Tua Divina Providência,
quais as nossas necessidades. entregamos-te toda a nossa vida.
Seja esta oração um momento de encon- Concede-nos os talentos de que precisa-
tro sincero e desinteressado. mos, para continuarmos a obra por Ti co-
meçada.
Laicado Dominicano Março/Abril 2021
NOTÍCIAS
IRMÃ MARIA DOMINGOS (1936-2021) RETIRO VIRTUAL DE QUARESMA
Do site Retalhos da vida De 7 a 12 de Março, as irmãs de Santa Catarina
de um frade, do fr. Fiipe de Sena tiveram o seu retiro de preparação para a
Rodrigues op, retiramos Páscoa, sob orientação do Fr. Rui Carlos Lopes, op.
o seguinte texto referen- O retiro funcionou de forma virtual para as diferen-
te à Irª Maria Domingos:
tes comunidades de irmãs (Parede, Fátima, Benfica,
«Faleceu hoje [15 de Paderne, Leiria, Guarda, Castro Daire, Pinheiro da
Fevereiro], na sequên- Bemposta e Estremoz), por meio da plataforma zo-
cia do Covid, a Irmã om. Vários membros das Fraternidades puderam
Maria Domingos, inscrever-se e assistir, também por zoom, ás conferen-
monja dominicana, cias diárias do Fr. Rui, o que para todos constituiu
fundadora do Mosteiro do Lumiar, encerrado há um importante instrumento de preparação quares-
poucos anos. A Ir. Maria Domingos nasceu a 26 de mal. GS
Fevereiro de 1936. Ingressou no mosteiro de Fátima,
SOLIDARIEDADE COM A UCRÂNIA
onde fez o seu noviciado como monja dominicana.
MÊS PARA PAZ DOMINICANO
De lá partiu para o Porto, para o mosteiro dominica-
As diversas iniciativas levadas a cabo na Província
no que então havia lá. Em 1982, juntamente com
Portuguesa por parte dos vários ramos da Família
outras irmãs, depois de terem passado algum tempo
Dominicana renderam um total de 2.520 euros, in-
em Prouille (primeiro mosteiro da Ordem) fundam o
formou o Promotor de Justiça e Paz, Fr. Rui Grácio
mosteiro do Lumiar, propriedade que pertencia aos
op.
frades dominicanos irlandeses. A Ir. Maria Domin-
O Mês Dominicano para a Paz de 2020 que de-
gos distinguiu-se sempre pela sua forma de estar na
correu durante todo o mês de Dezembro teve como
Igreja e no mundo: simplicidade, humildade, discri-
tema a situação de guerra entre aquele país e a Rús-
ção e muita alegria. Prioresa durante alguns manda-
sia. Os frades, as irmãs e os leigos dominicanos da
tos foi sempre a alma do mosteiro, abrindo as suas
Ucrânia estão envolvidos em vários projectos de
portas e portões às várias pessoas e grupos que viam
apoio aos mais frágeis, as vitimas desta guerra san-
no mosteiro um lugar de acolhimento e de paz. Co-
grenta. As verbas recolhidas serão entregues ao Cen-
mo a beleza está muito ligada à simplicidade, junta-
tro St. Martin de Porres em Fastiv, que, tem vindo a
mente com as irmãs da sua comunidade cuidaram
cuidar de crianças socialmente desfavorecidas: ór-
sempre, muito e bem, do exterior e do interior do
fãos, crianças de rua, crianças doentes e crianças de
mosteiro. Ensinaram-nos que a beleza está nos pe-
famílias desfavorecidas. Desde o início das hostilida-
quenos gestos, que o acolhimento é sempre mais be-
des na Ucrânia Oriental, o Centro abriu as suas por-
lo que a recusa, que há mais alegria em dar do que
tas a crianças cuja infância foi envenenada pela guer-
em receber, que ser contemplativo é um acto de uni-
ra. Adoptou mais de 220 crianças da zona de comba-
ão com Deus e com as pessoas. Aquela comunidade
te, e ofereceu-lhes apoio psicológico e espiritual e a
foi um sinal do que significa viver do trabalho: os
oportunidade de recuperarem num ambiente seguro.
doces que fabricavam, os livros que vendiam, as con-
GS
ferências que promoviam, a arte que disponibiliza-
vam fez delas uma verdadeira casa de pregação. A
Ordem Dominicana deve-lhe muito e nós, dominica-
nos, também muito lhe devemos. Acreditamos que
quando morremos voltamos para junto de Deus. Pa-
ra nós, dominicanos, é mesmo ver face-a-face Aquele
que contemplámos e pregámos. Que agora, junto de
Deus, viva na alegria que não tem fim».
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Laicado Dominicano Março/Abril 2021
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Laicado Dominicano Janeiro/Fevereiro 2021
Por Frei Gonçalo P. Diniz, op que paga ao estalajadeiro, ele dá o seu tempo e a sua
proximidade. O samaritano foi capaz de sacrificar o
CAPÍTULO II – seu tempo, com todo o feixe de compromissos que
Um estranho no caminho encerra, para prestar atenção àquele infeliz que não
conhecia de parte nenhuma, ainda para mais um
O segundo capítulo desta carta habitante da Judeia (judeu, portanto), com quem os
encíclica está todo ele construído a vizinhos samaritanos não se entendiam (animosidade
partir da parábola do bom samari- recíproca).
tano, uma parábola que que nos é Enfim, uma lição para todos nós sempre muito
transmitida pelo evangelista Lucas (Lc 10, 25-37). apressados e preocupados com os nossos cuidados
A atenção devida ao irmão que transpira desta pessoais e imediatos, descurando muitas vezes o ir-
parábola, e em particular ao irmão que se vê, por in- mão que está ao nosso lado, tantas vezes sozinho,
felicidade do destino, numa situação de grave carên- abandonado, invisível aos nossos olhos. A este pro-
cia e simultânea dependência de terceiros para a sua pósito, vale a pena antecipar o que o Papa Francisco
própria sobrevivência, não é um tema inédito na Sa- diz no nº224 desta encíclica, texto que também inte-
grada Escritura, como bem sabemos, mas não deixa gra a sua mensagem para a Quaresma deste ano: “Às
de ser um desafio permanente para todos nós, trans- vezes, para dar esperança, basta ser uma pessoa amá-
versal a todos os tempos. Não por acaso, uma grande vel, que deixa de lado as suas preocupações e urgên-
pensadora e filósofa do século XX, Simone Weil, di- cias para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer
zia, com muita verdade: “A capacidade de prestar uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de
atenção a um infeliz é uma coisa muita rara, muito escuta no meio de tanta indiferença”.
difícil; é quase um milagre, é um milagre!”.
Mesmo na tradição judaica, o preceito de amar o
próximo como a nós mesmos (Lv 19,18), evoluiu pa-
ra além das fronteiras do povo eleito. Hillel, sábio
judaico do século I a.C., irá resumir a Lei e os Profe-
tas ao mandamento de não fazer aos outros aquilo
que não queremos que nos façam a nós. A este pro-
pósito, dirá liminarmente: “Isto é a Lei e os Profetas.
Todo o resto é comentário” (F.T. nº59).
Este preceito de Hillel recebe uma formulação
positiva no Novo Testamento, onde se afirma explici-
tamente: “O que quiserdes que vos façam os ho-
mens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os
Profetas” (Mt 7, 12), e, mais adiante, nas cartas pauli- Em muitas circunstâncias, lamentavelmente, po-
nas, onde se lê: “Toda a Lei se cumpre plenamente demos estar a fazer o papel dos salteadores da pará-
nesta única palavra: ama o teu próximo como a ti bola – quando espoliamos o nosso irmão mais pe-
mesmo” (Gl 5, 14). É esta formulação positiva, ou queno com as nossas acções e opções de vida
activa se quisermos, do mandamento do amor ao (profissionais, políticas, económicas, sociais, até reli-
próximo, que se encontra plasmada na parábola do giosas, quando mal orientadas, entre outras) -, ou
bom samaritano. então a fazer o papel, talvez mais frequente na práti-
Analisando a parábola, o Papa Francisco, com um ca, daqueles que passam ao lado, que fingem não ver,
apontamento pastoral de grande actualidade, chama autojustificando-se que se tratam de problemas alhei-
a atenção para a principal oferta que o bom samarita- os, muitas vezes criados pelo próprio desgraçado
no presta ao desgraçado que está ensanguentado à (“Ele é que se meteu em alhadas, agora que se desen-
beira do caminho: mais que os cuidados de primei- vencilhe”, ou “Não tenho nada a ver com isso”).
ros socorros que presta – ligando-lhe as feridas e der-
ramando sobre elas vinho e azeite – e o dinheiro com (continua na página seguinte)
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F I C H A T É C N I C A
Jornal bimensal Colaboram neste número: Fr. Gonçalo Diniz, Ir. Deolinda Rodrigues;
Publicação Periódica nº 119112 / ISSN: 1645-443X Cremilde Rodrigues, Fr. Martin Gelaber Ballester, Kerk en Leven, ima-
Propriedade: Fraternidades Leigas de São Domingos gem na página 5 de Jared Small,
Contribuinte: 502 294 833
Depósito legal: 86929/95 Administração: Maria do Céu Silva (919506161)
Endereço: Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 PORTO Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2º Dtº
E-mail: laicado@gmail.com 2800– 476 Cova da Piedade
Directora: Cristina Busto
Redacção: José Alberto Oliveira/Gabriel Silva Os artigos publicados expressam apenas a opinião dos seus autores.
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