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DIREITO DA INFORMÁTICA

AULA 3

SUMÁRIO:
Direito vs Moral
Espécies de normas jurídicas

Regente: dr. Sérgio Mavie


Maputo, 2018
Sumário:
 Direito vs Moral;
 Regras de cortesia ou de trato social;
 Bons costumes; e
 Espécies de normas jurídicas;

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Ordem moral
 Como foi dito anteriormente, a ordem moral
dirige-se ao aperfeiçoamento (intra-
individual) da pessoa para o bem, e não da
organização social;
 Exprime-se por regras morais. Qualquer que
seja a posição que se adopta quanto à fonte
da norma moral, esta acaba por se repercutir
sobre a ordem social;

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Moral vs Direito
 Como afirma Telles (2001:115), a Justiça –
como “verbo” – faz-se “carne” no Direito tal
como a Ética – como “verbo” – faz-se “carne”
na Moral.
Eis, em linhas gerais, a distrinça entre a Moral
e o Direito:
 O Direito caracteriza-se pela exterioridade, a
Moral pela interioridade;
 No Direito há bilateralidade, na Moral
unilateralidade; 4
Moral vs Direito
Eis, em linhas gerais, a distrinça entre a Moral
e o Direito (cont.):
 O Direito e a Moral, sendo essencialmente
distintos, podem e devem estar, quanto
possível, ao serviço um do outro, mas sem
que essa entreajuda desnature o que há de
específico em cada um deles.

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Moral vs Direito
A exterioridade do Direito: A interioridade da Norma:
 O Direito regula o  A Moral regula o
comportamento exterior comportamento interior
dos homens; dos homens;
 O Direito é menos  A Moral exige que
exigente, satisfaz-se com cumpramos o nosso
a conduta conforme à lei, dever pelo sentimento
considerando, em pleno do dever.
princípio, indiferentes que
outros móbeis, além das
propriamente legais,
concorram para o
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cumprimento.
Moral vs Direito
A exterioridade do Direito: A interioridade da Norma:
 O Direito contenta-se  A Moral reclama uma
com uma atitude externa atitude interior
(observância exterior), ie, (observância íntima), ie,
legalidade. moralidade.

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Moral vs Direito
A bilateralidade do A unilateralidade da
Direito: Moral:
 O Direito dirige-se ao  A Moral dirige-se ao
homem e manda-lhe homem e manda-lhe
praticar o bem para praticar o bem como
satisfazer a sua relação forma de atingir a
com o outro, e com a perfeição;
sociedade em geral;  A Moral decreta só
 O Direito, em deveres.
contrapartida dos
deveres que estabelece,
reconhece direitos.
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Moral vs Direito
A bilateralidade do A unilateralidade da
Direito: Moral:
 O Direito, pelo contrário,  A Moral diz: “ama o teu
diz ao devedor: “paga”; e, próximo”; mas não diz ao
voltando-se ao mesmo próximo: “tens direito a
tempo para o credor, esse amor”;
afirma: “tens direito a  A Moral é a norma dos
exigir esse pagamento”; deveres.
 O Direito é a norma dos
deveres mas também das
faculdades ou
prorrogativas que se lhes
contrapõem.
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Moral vs Direito
A bilateralidade do A unilateralidade da
Direito: Moral:
 O Direito é ainda  A Moral é ainda “interior”
“exterior” por se por se impor às
concretizar numa vontade consequências mediante
estranha imposta às adesão espontânea,
pessoas que lhe estão como fruto da própria
submetidas, e, assim personalidade moral.
envolver a nota da
coercibilidade como
atributo necessário para
forçar as vontades
rebeldes.
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Moral vs Direito
O Direito corresponde a um:
 mínimo ético – porque apenas dá cobertura
jurídica ao número relativamente restrito de
preceitos éticos que forma o substrato do
Direito
 e a um máximo ético – porque dá
regulamentação jurídica, directa ou indirecta,
a exigências éticas, adoptando soluções que
visem satisfazer essas exigências, mas em
termos jurídicos, portanto, com o apoio da
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coerção.
Moral vs Direito
 A Moral impõe, por exemplo, que na
distribuição da riqueza se atenda
preferencialmente aos mais necessitados;
poderá, por via legal indirecta, alcançar-se
este objectivo, isentando os mais
carenciados de fiscalidade ou sujeitando-os a
fiscalidade proporcionalmente mais baixa.

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Regras de cortesia ou de trato
social
 São normas que impõem um dever-ser e
estão, como tais, munidas de sansão;
 São simples normas de convívio, destinadas
a torná-lo mais agradável;
 A sansão correspondente ao não
cumprimento de tais deveres não vai além da
reprovação social do comportamento
observado.

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Bons costumes
 Representam uma concretização, em
determinado país e em determinada época,
da Moral Positiva;
 Dizem-se “bons costumes” as práticas que
se mostram conformes com essa Moral,
segundo critério do julgador;
 Não representam verdadeiramente normas,
mas afloramentos de normas de conduta das
pessoas.
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Espécies de normas jurídicas
Telles (2001) apresenta 12 espécies de
normas a saber:
1. Normas autónomas e normas não
autonomas;
2. Normas interpretativas;

3. Definições legais;

4. Normas de reenvio ou devolução;

5. Normas de conflitos;

6. Ficções jurídicas;
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Espécies de normas jurídicas
7. Normas injutivas e normas dispositivas;
8. Normas preceptivas e normas proibitivas;

TPC:
9. Normas gerais e normas especiais;

10. Normas comuns e normas excepcionais;

11. Normas determinadas e normas


indeterminadas; e
12. Normas primárias e normas secundárias;
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Normas autónomas e normas
não autonomas;
 As normas autónomas formam por si um
comando completo, positivo ou negativo;
 As normas não autónomas só fazem sentido
relacionados ou conexionados com outras
normas que completam, restringem ou
esclarecem;
 São verdadeiramente simples parcelas de
um comando jurídico, apenas sendo tomadas
em conta com referência a esse comando,
em torno do qual gravitam. 17
Normas interpretativas
 São normas que visam fixar o sentido que o
legislador atribui às suas próprias palavras,
precisando o respectivo conteúdo;
 O legislador impõe que se entendam e se
apliquem as suas expressões com o sentido
que ele dá por fixado e não como qualquer
outro.

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Definições legais
 São variantes de normas interpretativas;
 O legislador, posto perante certo instituto que
se propõe regular, interpreta uma vez por
todas o respectivo conteúdo, usando uma
fórmula sintética para precisar esse conteúdo
e delimitar os seus contornos;
 Ex: artigo 874º do Cod. Civil definindo como
compra e venda “o contrato pelo qual se
transmite a propriedade de uma coisa, ou
outro direito, mediante um preço” 19
Normas de reenvio ou
devolução
 Dizem-se normas de reenvio ou devolução
as que, desprovidas de conteúdo material
próprio, chamam a si, para regular
determinado caso, um preceito ou grupo de
preceitos expressamente formulados para
outro ou outros casos, cuja disciplina estende
ao primeiro.

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Normas de conflito
 São análogas/variantes de normas de
devolução que se destinam a resolver os
conflitos entre leis ou vários ordenamentos
jurídicos, conflitos surgidos por estarem em
causa situações ou matérias susceptíveis de
cairem, em princípio, sobre a alçada de
qualquer dessas leis ou ordenamentos.
 Ex: conflitos entre lei revogada e lei nova,
conflito entre lei nacional e lei estrangeira,…
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Ficções jurídicas
 A ficção jurídica, na sua mais rudimentar e
primária formulação, apresenta-se como um
instrumento de técnica legislativa destinada a
transportar a regulamentação jurídica de
certo facto para outro facto, que se
reconhece ser distinto do primeiro mas que,
por uma razão ou outra, se quer sujeitar ao
mesmo tratamento.

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Normas injutivas e normas
dispositivas
 As primeiras são comandos positivos ou
comandos negativos (proibições) que visam
interesses gerais ou interesses individuais
muito fortes, e por isso devem ser acatadas a
todo o custo;
 Contrariamente às primeiras, as dispositivas
não constragem o querer dos indivíduos,
antes deixam a estes margem margem para
se movimentarem mais ou menos livremente
– o Direito apenas intervém aqui para
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esclarecer ou suprir.
Normas preceptivas e normas
proibitivas
 Dizem-se normas preceptivas as que
impõem a prática de um acto; proibitivas, as
que impõem a sua omissão.

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Obrigado!
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