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CIRCUITOS RESSONANTES 1

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

PRÁTICA DE LABORATÓRIO DE TELECOMUNICAÇÕES

PROF: WANDER RODRIGUES - 3 o e 4 o MÓDULOS DE ELETRÔNICA - 2003

EXPERIÊNCIA No 2

TÍTULO: CIRCUITOS RESSONANTES

Os circuitos que apresentam uma variação marcante em suas caracterís-


ticas de resposta sobre uma faixa de freqüência são chamados de circuitos sintoni-
zados ou circuitos ressonantes, e esse fenômeno é conhecido como ressonâ ncia.

Os circuitos sintonizados são usualmente utilizados em todas as situa-


ções onde existem a necessidade de discriminação entre sinais de diferentes fre-
qüências. Em rádio, ou TV, os circuitos sintonizados são utilizados para separar os
sinais das estações transmissoras.

01 - Ressonância série

Investigaremos o tão conhecido fenômeno da ressonância série.

Considere o circuito série da FIG. 01. A impedância da parte à direita dos


terminais ab é:

Z ab = R L + j ωL −
1 
 Equação 01
 ωC 

Em uma freqüência angular ω r o termo reativo será igual a zero e a impe-


dância, com característica puramente resistiva. Esta condição é conhecida como
ressonância série, e ω r ou ω o ou fr é a sua freqüência de ressonância angular ou fre-

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qüência de ressonância.

Figura 01 - Circuito Série.

Na forma polar, a expressão geral para a impedância, "olhando" a partir


dos terminais ab, é:

 1 
  ω L − 
ω C  
2
 1  −1  
Z ab = R L2 +  ω L −  tg Equação 02
 ω C   RL 
 
 

e a corrente será:

E
I=
(Z g + Z ab )
E
I= Equação 03
Rg + RL + j (ω L ) −
1
ωC

Se a resistência do gerador (Rg = 0), então:

E
I=
Z ab

Da equação 01 podemos ver que Zab exibirá uma impedância mínima


igual a RL ohms. Se a fonte de impedância Rg é puramente resistiva, como indicado,
então a corrente está em fase com a tensão aplicada.

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Se Rg é diferente de zero ele pode ser adicionado a RL para fornecer um


circuito equivalente total Rt, como segue:

Rt = RL + R g Equação 04

A freqüência de ressonância série pode ser expressa em termos dos pa-


râmetros do circuito igualando-se o termo reativo da equação 01 a zero, como se-
gue:

1
ωL − =0
ωC

ω2 LC − 1 = 0

1
ω2 =
LC Equação 05

1
ω = ωr = ωo =
LC Equação 06

1
f = fr = fo =
2 π LC Equação 07

Nota-se que ωr é independente da resistência do circuito e depende ape-


nas dos valores de L e de C. O resistor RL representa a resistência total entre os
pontos ab. Isto inclui a resistência CC do enrolamento mais a resistência CA que
depende das perdas no núcleo e do efeito Skin ou peculiar.

Uma representação da maneira pela qual jXL, -jXC e j(X L-X C) variam com
a freqüência está mostrada na FIG. 02. Para ωr , a distância positiva X é igual à dis-
tância negativa X, e a reatância resultante é zero. A maneira pela qual a corrente va-
ria com a freqüência é a conhecida Curva de Ressonância, mostrada na FIG. 03. A
corrente é máxima para ωr , porque Zab é mínima e igual a RL, se Rg = 0.

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Figura 02 - Variação da reatância com a freqüência.

Figura 03 - Curva de Ressonância.

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02 - Largura de faixa de um circuito ressonante série

Seria interessante termos algum meio de descrever a inclinação da Curva


de Ressonância, uma vez que isso indicaria com que precisão poderíamos selecio-
narmos uma freqüência desejada dentre as freqüências adjacentes. O método usa-
do está baseado nas seguintes considerações: Na ressonância, a potência dissipada
em um circuito ressonante está em um máximo. Existirão então duas freqüências,
uma de cada lado de fr , onde a potência dissipada é a metade da potência na resso-
nância. Essas duas freqüências são chamadas freqüência superior (f2) e freqüência
inferior (f1) de meia potência. Lembre-se que, quando falarmos de potência, estamos
nos referindo à potência real que é dissipada nos elementos resistivos.

Para fr : Pr = I r2 x Rt

Pr
Em f2 P2 =
2

I r2 x Rt
Todavia, I x Rt =
2
2
2

Ir
I2 = = 0,707 x I r
2

De maneira similar podemos mostrar que para f1,

Ir
I1 = = 0,707 x I r
2

Agora pode ser desejável determinar a largura de faixa do circuito sintoni-


zado pela inspeção dos parâmetros, ao invés de medidas diretas em um circuito
real. Podemos facilmente estabelecer as proporções seguintes, uma vez que temos
desenvolvida a relação entre I na freqüência de ressonância, I r e I na freqüência de
meia potência I 12. O índice 12 é usado para designar um ponto de meia potência

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ocorrendo em ω1 e ω2.

I 12 1
=
Ir 2

E
I12 Rt2 + X 122
=
Ir E
Rt

1 Rt
= Equação 08
2 Rt2 + X 122

1 R2
= 2 t 2
2 Rt + X 12

Resolvendo para a relação entre X12 e Rt, obtemos:

X 12 = ± Rt

Notamos que a reatância resultante é igual à resistência resultante nos


pontos de meia potência. Isso também nos mostra que o ângulo de fase é de mais
ou menos 45o. Para ω2, o circuito comporta-se como indutivo e o ângulo de fase é
45o enquanto que para ω1 a reatância resultante é capacitiva e a corrente avança
45o em relação à tensão. A reatância resultante pode ser expressa em termos de L,
C e ω como segue:

1
X 12 = ω12 L − = ± Rt
ω12 C

ω122 LC − 1 = ± ω12 Rt C

LCω122 ± Rt Cω12 − 1 = 0

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Portanto

± Rt C ± Rt2 C 2 + 4LC
ω12 =
2 LC

Uma vez que o radical é visivelmente muito maior que RtC, o caso onde o
radical é precedido por um sinal negativo resultará em uma freqüência negativa.
Uma freqüência negativa é sem importância para nós e nesse caso é desconsidera-
do. Com apenas o sinal positivo antes do radical, temos duas freqüências possíveis:

± Rt C + Rt2 C 2 + 4LC
ω12 =
2 LC

As duas raízes são então:

− Rt C + Rt2 C 2 + 4 LC
2π f 1 = ω1 =
2 LC

Rt C + Rt2 C 2 + 4LC
2π f 2 = ω2 =
2 LC

Temos agora três fórmulas desenvolvidas, que nos permitem determinar a


freqüência de ressonância e as freqüências de meia potência, em termos dos parâ-
metros do circuito. A faixa de freqüência entre ω1 e ω2 é denominada Largura de
Faixa, Bw. O que significa que Bw = ω2 - ω1. Uma palavra de atenção nesta oportuni-
dade: a quantidade Rt inclui as resistências do gerador e da bobina. A resistência da
bobina varia com a freqüência, devido ao efeito Skin etc., o que significa que Rt de-
vida a RL também varia com a freqüência. O valor de RL não será necessariamente
o mesmo em f1 , fr , ou f2.

Embora a resistência CA da bobina varie com a freqüência, a relação en-


tre a reatância e a resistência da bobina permanece constante aproximadamente
dentro da largura de faixa, na maioria dos casos. Como RL aumenta com a freqüên-

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cia, da mesma forma que XL, a relação de XL para RL permanece aproximadamente


constante. A quantidade XL/R L é conhecida como sendo o Q da bobina, ou QL e
permite-nos analisar de forma conveniente o circuito sintonizado. Enquanto os fabri-
cantes de bobinas não têm comumente gráficos de RL versus freqüência, as curvas
de QL versus freqüência são facilmente disponíveis.

Vejamos se podemos relacionar as freqüências de ressonância e de meia


potência diretamente com os parâmetros do circuito. Se multiplicarmos ω1 e ω2, o
resultado é:

Rt2 C 2 + 4 LC − Rt2 C 2 1
ω1ω2 = 2 2
=
4L C LC

Mas ωr = 1 ; Portanto
LC

ω1ω2 = ωr2

Ou f 1 f 2 = f r 2 . Isto é o mesmo que escrever

f1 f
= r Equação 09
fr f2

O termo largura de faixa, como temos usado até agora, não nos diz real-
mente muito, a menos que a freqüência de ressonância seja especificada. Por
exemplo, se você dissesse que a largura de faixa de um circuito ressonante série é
de 100 Hz, poderia assegurar que o circuito é também de características aguda de
sintonia? Certamente, não. Se fr é 500 Hz, 100 Hz seria uma grande porcentagem
de fr , resultado em uma curva achatada de resposta, baixa seletividade. Se fr fosse
1 MHz, a sintonia seria muito aguda. Portanto, o que realmente necessitamos como
um indicador de mérito, para julgarmos a seletividade de um circuito sintonizado, é a
relação de largura de faixa com a freqüência de ressonância. Esta relação algumas
vezes referida por unidade de largura de faixa ou apenas por largura de faixa

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(Bw). Podemos, assim, definir:

ω2 − ω1 f − f1
= 2 = por unidade de Bw
ωr fr Equação 10

e ω2 − ω1 = ∆ω como largura de faixa.

Portanto, vamos desenvolver uma relação simples entre a expressão an-


terior e os parâmetros do circuito. Mostramos que:

Rt C + Rt2 C 2 + 4LC
ω2 = Equação 11
2 LC

− Rt C + Rt2 C 2 + 4LC
ω1 = Equação 12
2 LC

1
ωr =
LC Equação 13

Em geral, f2 - fr é diferente de fr - f1. Ou seja, as freqüências de meia po-


tência não são igualmente espaçadas em relação à freqüência de ressonância. Se
todavia, o Q total do circuito (Qt) é 10, o erro é desprezível e as freqüências de meia
potência podem ser consideradas igualmente espaçadas de fr . Portanto se conhe-
cermos o Q do circuito, podemos escrever, quando Qt ≥ 10:

Bw ω
ω2 = ωr + = ωr + r Equação 14
2 2Qt

Bw ω
ω1 = ωr − = ωr − r Equação 15
2 2Qt

Se o Q do circuito é cerca de 10 ou mais, a tensão através de L ou C será


também máxima em ωr e apresentará uma curva de resposta de freqüência similar

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aquela da corrente. A mesma largura de faixa, Q e outras relações podem ser usa-
das. Por exemplo, o Q do circuito pode ser avaliado medindo pontos de tensão igual
a 0,707 da tensão máxima.

03 - AUMENTO DA TENSÃO RESSONANTE:

Um fenômeno interessante e útil relacionado com os circuitos ressonantes


série é o grande aumento da tensão que ocorre através de L e C para ωr quando Qr
é grande. Podemos provar este fato da seguinte maneira.

A amplitude da tensão através do capacitor é Ec = I.X C, mas na ressonâ n-


cia I = I r = E/R. Portanto, Ecr = E.X Cr / R, mas para ωr , XCr = XLr ou

ECr = EXLr / R = EQtr , Equação 16

onde Qtr é o Q do circuito na ressonância.

Notavelmente, a tensão no indutor ou capacitor na ressonância pode ser


Qtr vezes maior do que a tensão aplicada. Se uma tensão de 10 Volts é aplicada a
um circuito ressonante série tendo um Qtr = 100, a tensão no indutor ou capacitor
será de 1000 Volts. Quando circuitos desse tipo são projetados, a tensão de trabalho
do capacitor deve ser determinada nessa base. Realmente, ωr não é exatamente a
freqüência para a qual EL ou Ec é um máximo, mas a diferença é pequena, se Qtr é
maior ou igual a 10. A freqüência exata para a qual Ec é um máximo é:

1
ω = ωr 1 − Equação 17
Qtr2

que resulta aproximadamente abaixo de ωr . Se Qtr = 10, essa freqüência é essenci-


almente a mesma que ωr e a tensão máxima do capacitor será aproximadamente
igual à tensão do capacitor na ressonância.

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A tensão através da bobina na ressonância ( EL ) é complicada pelo fato


que L tem uma resistência ( RL ) associada. Portanto, usaremos ZL ao i nvés de XL.

Z L = R L2 + (ωL)
2

uma vez que RL não é usualmente especificada, mas QL é especificada, podemos


escrever:

 R 2 + ω2 
Z L = ω2L  L 2 L 
 ωL 

1
Z L = ωL +1
QLr2

EωrL 1
E Lr = I r Z Lr = +1
R QLr2

1
E Lr = EQtr +1
QLr2

E Lr = EQtr quando QLr ≥ 10 Equação 18

A freqüência exata para a qual a tensão da bobina é máxima é ligeira-


mente superior a e é dada por:

ωr
ω= Equação 19
1
1−
2Qtr2

outra vez, se Qtr é maior ou igual a 10, a tensão da bobina pode ser considerada
máxima para ωr .

Uma nota de alerta: Sempre que você fizer qualquer cálculos envolvendo
o Q da bobina nas proximidades de ωr , esteja certo de usar o valor de Q correspon-

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dendo a ωr . QL pode variar largamente sobre uma grande faixa de freqüências, e


portanto, é melhor medir o Q da bobina para a freqüência de interesse, ou usar os
dados do fabricante, que podem representar QL versus freqüência.

04 – ANTI-RESSONÂNCIA PARALELA

Investigaremos, em seguida, o fenômeno da ressonância paralela, ou an-


ti-ressonância, como ele é algumas vezes chamado. O circuito da FIG. 04 ilustra
completamente um circuito geral anti-ressonante.

A impedância “vista”, olhando a partir dos terminais de entrada pode vari-


ar muito, dependendo do Q dos circuitos indutivos e capacitivos. Para freqüências
abaixo da freqüência de ressonância, a impedância do ramo indutivo é pequena e
uma grande corrente fluirá através da bobina. A corrente através do ramo capacitivo
será pequena, porque XC é grande para baixas freqüências. A corrente da linha flu-
indo nos terminais é, portanto, grande. Em altas freqüências, o ramo indutivo oferece
uma alta impedância, mas o ramo capacitivo tem uma baixa impedância, novamen-
te, a corrente da linha é relativamente alta. Qualquer freqüência intermediária, a im-
pedância de entrada será maior e a corrente da linha será mínima. Essa não é ne-
cessariamente a mesma freqüência para a qual a corrente está em fase com a ten-
são aplicada. Se Q for baixo, da ordem de 5, mesmo assim, o erro está em torno de
1,0 % e, portanto, a impedância máxima será considerada como que ocorrendo à
mesma freqüência, que resulta em um fator de potência unitário. Então para uma
determinada freqüência que nós definimos como a freqüência anti - ressonante (far ),
a impedância vista a partir dos terminais de entrada é puramente resistiva. Nosso
primeiro objetivo é determinar como esta freqüência está relacionada com os parâ-
metros do circuito.

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Figura 04 - Circuito ressonante paralelo.

Uma vez que estamos tratando com um circuito paralelo, é mais conveni-
ente trabalhar com as admitâncias.

1 1 1 1 1
Yen = = + = +
Z en Z L Z C RL + jX L RC − jX C

Racionalizando cada termo, obtemos:

Rl − jX L RC + jX C
Yen = + 2
R L2 + X L2 RC + X C2

Separando, e então agrupando as componentes resistivas e reativa,

 R R   X X 
Yen =  2 L 2 + 2 C 2  + j  2 C 2 − 2 L 2 
 RL + X L RC + X C   RC + X C R L + X L 

Para Yen ser puramente resistiva, a componente reativa (susceptância ) de Yen deve
ser nula. Portanto, vamos igualar a susceptância a zero e resolver para aquele valor
de ω, para o qual a afirmação anterior é verdadeira.

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XC X
− 2 L 2 =0
R + X C RL + X L
2 2
C

X C (RL2 + X L2 ) − X L (RC2 + X C2 ) = 0

R L2 + ω2 L2  1 
− ωL RC2 + 2 2  = 0
ωC  ωC 

ω2 C 2 RC2 + 1
RL2 + ω2 L2 − ω2 LC =0
ω2 C 2

ω2 C 2 RL2 + ω4 L2 C 2 − ω2 LC(ω2 C 2 RC2 + 1) = 0

Fatorando ω2C fora de cada termo, temos:

CRL2 + ω2 L2 C − L(ω2 C 2 RC2 + 1) = 0

Expandindo e coletando os termos,

ω2 L2 C − ω2 LC 2 RC2 + CRL2 − L = 0

L − CRL2 L − CRL2
ω2 = =
(
L2 C − LC 2 RC2 LC L − CRC2 )
1 L − CRL2
ω = ωAR = Equação20
LC L − CRC2

Nota-se que a freqüência anti-ressonante paralela é realmente depen-


dente das resistências do circuito. Nos circuitos série, a freqüência de ressonância
era independente das resistências do circuito. A equação 20 é bastante interessante.
Ela indica que a ressonância pode ser estabelecida não apenas variando ω, L ou C,
mas também pelo controle de RL ou RC. Isso, entretanto, raramente é feito na práti-
ca, visto que RL e RC tendem a deteriorar a seletividade do circuito.

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Na maioria dos circuitos para comunicações, a resistência no ramo capa-


citivo é desprezível e a do ramo indutivo é pequena se o Q da bobina é razoavel-
mente alto. Então, L será usualmente maior do que CRL2 ou CRC2 , e a equação 20 se

reduz a:

1
ωAR =
LC

que é a mesma do circuito ressonante série. Se CRL2 ou CRC2 forem maiores do que

L, a quantidade sob o radical será negativa, o que resulta em um valor imaginário de


ωAR. Isto é alguma coisa que não podemos gerar fisicamente e portanto, não tem
outro significado, a não ser o de que não existirá a condição de ressonância em
qualquer freqüência. Se RL = R C , a quantidade sob o radical é igual a 1 e, porta nto,

1
ωAR =
LC

para este caso. Se RL igualar a RC e também igualar a L C , ωAR é indeterminado

e o circuito aparece resistivo para todas as freqüências.

Em circuitos anti-ressonantes práticos, a resistência no ramo capacitivo é


usualmente desprezível e a equação 20 reduz-se a:

1 L − CRL2
ωAR =
LC L

que pode ser manipulada em:

1 L2 − LCRL2
ωAR =
LC L2

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Elevando ao quadrado ambos os lados e substituindo a freqüência ressonante série

ωr por 1 LC , obteremos:

1 2
L2 − RL
ωr2
ωAR
2
= ωr2
L2

 R2 
ωAR = ωr2  1 − 2 L 2 
2

 ωr L 

e desde que ωr L RL = QL , temos:

1
ωAR = ωr 1 − Equação 21
QL2

que indica que as freqüências ressonantes série e paralela são quase idênticas
quando QL é grande nas proximidades da ressonância.

Note que o valor de QL na equação 21 está baseado no Q da bobina para


ωr e não para ωAR. Uma expressão ligeiramente diferente para ωAR é obtida se o Q
da bobina para ωAR é introduzido. Elevando ao quadrado ambos os lados temos:

1  L2 − LCR 2 
ω =
2
AR  
LC  L2 

Substituindo ωr2 por 1 LC e separando o termo entre parênteses em dois termos,

 L2 1 R2 
ωar2 = ω2R  2 − 2 2 
 L ωr L 

Multiplicando numerador e denominador do termo R 2 L2 por ωAR


2

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 ω2 R 2 
ωAR = ωr2 1 − 2 AR2 2 
2

 ωr ωAR L 

 ω2 
ωAR = ωr2  1 − 2 AR 2 
2

 ωR QL 

onde QL agora é o Q da bobina determinado para ωAR . Resolvendo para ωAR, obte-
mos

ωr
ωAR = Equação 22
1
1+
QL2

Comparando as equações 21 e 22, vemos que, embora o Q da bobina


para ωr possa diferir daquele para ωAR, a freqüência anti-ressonante ωAR é ainda es-
sencialmente igual a ωr se QL está em torno de 10 ou mais.

Uma interpretação física das condições do circuito para ωAR pode ser ob-
tida da figura 04. A corrente em cada ramo é determinada pela impedância deste
ramo. A corrente no ramo capacitivo (I C) adiantará da tensão aplicada de um ângulo
θL. Podemos também resolver I L através de uma componente em fase e outra em
quadratura. I L.cos θL e IL.sen θL, respectivamente. Para ωAR, as amplitudes e os ân-
gulos de fase de I L e I C não precisam ser os mesmos, uma vez que RL e RC podem
ser diferentes. As componentes em quadratura I C.sen θC e I L.sen θL se cancelam, o
que resulta em uma corrente total em fase de I C.cos θC mais I L.cos θL. A impedância
vista "olhando" a partir dos terminais de entrada da figura 04 para ωAR é então uma
quantidade finita igual à tensão aplicada dividida pela corrente resultante em fase.

Quando o Q de cada ramo é alto, de forma que a reatância do ramo é


muito maior que a resistência no mesmo ramo do circuito, as correntes em quadratu-
ra serão muito maiores que as correntes em fase. Isso está ilustrado na figura 05,

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diagramas de corrente. A corrente resultante em fase para ωAR é entretanto baixa, o


que significa que a impedância de entrada na anti-ressonância é mais alta que o
mais alto Q do circuito. Para ωAR, as correntes do circuito podem ser bastante gran-
des, mas a sua soma vetorial, se Q é alto, resulta em uma corrente de linha peque-
na.

Figura 05 - Diagramas de Corrente.

05 - CIRCUITO ANTI-RESSOANTE PRÁTICO

A FIG. 06 ilustra um circuito anti-ressonante prático comumente usado em


trabalhos de comunicação. Temos desenvolvido a equação 21, que expressa a fre-
qüência ressonante da FIG. 04. Isto, com RC = 0, é o mesmo que a FIG. 06 uma vez
que de nossos objetivos primários é obter experiências na manipulação e interpreta-
ção das equações com números complexos, vamos iniciar de leve a nossa análise
da FIG. 06. Vamos primeiro verificar a equação 21.

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Figura 06 - Circuito anti-ressonante prático

1 1 1
Yen = = +
Z en R L + jX L − jX C

RL − jX L 1
Yen = +j
RL + X L
2 2
XC

RL  1 X 
Yen = + j  − 2 L 2 
R + XL
2
L
2
 X C RL + X L 

Yen = G + jB

RL R L2 + X L2 − X L X C
Yen = 2 +j
RL _ X L2 (
X C RL2 + X L2) Equação 23

Para Zen ser puramente resistiva, a componente reativa de Yen deve ser igual a zero.
Isto é:

R L2 + X L2 − X L X C
=0
( )
X C RL2 + X L2

a expressão anterior é verdadeira quando o numerador é zero ou

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RL2 + X L2 − X L X C = 0

Resolvendo para o valor de ω que faz a expressão igual a zero,

ωL
RL2 + ω2 L2 − =0
ωC

L R L2 1 RL2
ω2 = − = −
L2 C L2 LC L2

1 RL2
ω = ωAR = −
LC L2

Isto pode ser manipulado na forma da equação 21 se fazermos novamente

1 ωL
ωr2 = e QL = .
LC RL

ωr2 RL2
ωAR = ω − 2 2
2

ωr L
r

ωr2
ωAR = ωr2 −
QL2

1
ωAR = ωR 1 −
QL2

que verifica a equação 21.

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06 - IMPEDÂNCIA DE ENTRADA NA RESSONÂNCIA

A impedância para ωAR, "vista" olhando a partir dos terminais de entrada


da FIG. 05, é facilmente determinada examinando-se a equação 23. Para ωAR, a
componente reativa de Yen é zero, o que faz a admitância de entrada igual a G. Por
outro lado, Zen = Z AR = R AR = 1/G; onde RAR é a impedância anti-ressonante.

 R L2   1 
 2  +1   +1
R L2 + X L2  XL   QL2 
R AR = = =
RL RL 1
X L2 QL X L

Todas as reatâncias são tomadas para ωAR.

 1 
R AR = X L QL 1 + 2  Equação 24
 QL 

se QL é grande, digamos 10 ou mais,

Rar ≈ X L QL

Podemos expressar RAR em termos de XC resolvendo a equação do circuito prático


anti-ressonante para XC em termos de XL e podemos, em conseqüência, obter:

RL2 + X L2 − X L X C = 0

R L2
1+
X L2 + RL2 X L2
XC = =
XL 1
XL

 1 
X C = X L 1 + 2  Equação 26
 QL 

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Da equação 26 vemos que XC não pode mais igualar a XL em ωAR, mas a


diferença é pequena se QL é grande. Resolvendo para XL a equação 26, obtemos:

 
 
XL = XC  
1
Equação 27
 1 
1+ 2 
 QL 

e substituindo na equação 24, resulta

R AR ≈ X C QL Equação 28

A equação 28 pode ser usada para expressar RAR diretamente em termos dos pa-
râmetros do circuito como segue:

ωar L L
R AR = X C QL = = Equação 29
ωar CRL RL C

Da equação 29, formas adicionais úteis expressando RAR podem ser derivadas, por
exemplo:

X C X L X C2 X2
R AR = ≈ ≈ L = QL2 RL Equação 30
RL RL RL

Se a resistência está presente no ramo capacitivo, ela poderia ser adicionada a RL


quando determinamos RAR. Por exemplo,

L XC X L X L2 X C2
R AR = = = =
(RL + RC )C RL + RC RL + RC RL + RC Equação 31

A equação 31 não é exata, mas é suficientemente precisa quando os fatores de mé-


rito do circuito são em torno de 10 ou mais.

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O Qtotal do circuito paralelo quando a resistência está' presente em ambos


os ramos pode ser tomado como:

XL
Qtotal = Equação 32
RL + RC

quando Qr é 10 ou mais.

Com a ajuda das várias expressões para RAR pode ser mostrado que as
correntes dos ramos são aproximadamente Qt vezes a corrente da linha para ωAR.
Façamos I s igual à corrente de linha forçada por alguma fonte Eg a partir dos termi-
nais de entrada da FIG. 05. Podemos escrever as seguintes expressões:

Eg
= R AR
Ig

Eg
= ZL
Ig

se Qt é alto, portanto,

I L RAR Qt X L
= ≈ = Qt Equação 33
Ig ZL XL

Desde que X L ≈ X C para ωAR, quando Qt é grande, vemos que:

IC
= Qt Equação 34
Ig

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Observações Pessoais:

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Questionário da Exp. No 02

Nome: _____________________________________ No _____ Turma: _____

01 - Dado o circuito série abaixo, determine: a freqüência de ressonância, a largura


de faixa, a corrente na ressonância se a tensão de entrada é de 15/0 o V, e a
potência dissipada no resistor de 60 Ω na ressonância.

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02 - Dado o circuito ressonante abaixo, determine: a freqüência de ressonância, a


corrente na ressonância e as duas freqüências de meia potência.

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03- Dado o circuito sintonizado paralelo abaixo, determine: a freqüência de anti-


ressonância, a tensão de saída, a corrente na indutância, a potência dissipada
no circuito tanque, a largura de faixa e o fator de mérito do circuito.

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04 - Para o circuito sintonizado paralelo, determine: a freqüência de ressonância, a


corrente no gerador na ressonância, a largura de faixa e o fator de mérito do
circuito, a tensão de saída e a potência dissipada no circuito.

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05 - Represente "eo" versus "freqüência" para o circuito abaixo. Explique a função


do circuito.

Considere: C1 = 0,1 µF C 2 = 0,02 µF L 1 = 1H L 2 = 0,6H

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06- Projete um circuito de filtro que selecione a freqüência de 10kHz e faça o blo-
queio da segunda harmônica, utilizando o princípio da ressonância.

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Guias de Telecomunicações

Wander Rodrigues
CEFET – MG 2003

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