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História da Maçonaria feminina

Maçonaria como a conhecemos hoje nasceu oficialmente em junho de


1717, quando quatro Lojas se reuniram em Londres para formar uma Grande
Loja da Inglaterra, que se espalhou rapidamente. Posteriormente ela foi
introduzida na França depois de 1735. Lá, como na Inglaterra, onde status
legal de uma mulher era menor e sem direitos civis, as mulheres eram
recusadas nas Lojas. Porém, isso não se coadunava com as mulheres
pertencentes à nobreza, bem como alguns homens que as apoiavam e que
consideravam injustos os argumentos usados para manter as mulheres longe
da Irmandade.

França

Cerca de 1740, a "Maçonnerie


d'Adoption", ou " Maçonaria de
Adoção Feminina " foi criada
para "permitir a participação das
mulheres na Irmandade ".

Em 1774. O recém-criado Grande Oriente da França , reconheceu as


Lojas de Adoção Feminina, mas exigiram que fossem subordinados às Lojas
masculinas e permanecendo sob sua supervisão. Os membros eram esposas
de Maçons e sua principal atividade era organização de bailes e eventos
beneficentes.
Eram recrutadas na nobreza e alta burguesia. Por exemplo, a Loja
"Contrat Social" foi presidida pela Princesa Lamballe.

Durante a Revolução Francesa, a Maçonaria tornou-se adormecida,


assim como as Lojas de Adoção Feminina. Elas foram reabertas sob o império
napoleônico e a imperatriz Josefina, esposa de Napoleão I, foi Grã-Mestre.
Apesar de terem sido projetadas especificamente para as mulheres, sempre
estavam sob a supervisão masculina. Os rituais eram alegóricos e não
simbólicos. Eles evocaram qualidades como a humildade, sinceridade,
fidelidade e castidade.
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Suas atividades principais eram sociais e filantrópicas.

No final do século 19, homens e mulheres cada vez mais sentiam a


necessidade de uma organização que fosse além de bailes e recepções de
caridade. Participação feminista nas Lojas ajudou a desenvolver uma
consciência e um gosto pela democracia. Em 1892, a Loja Les Libres-Penseurs
em Le Pecq iniciou Maria Deraismes, uma conhecida escritora feminista e
ativista.

Maria Deraismes

Como Isso era contra as regras do Grande Oriente, este fechou a Loja.
Maria Deraisme permaneceu amiga muito próxima de George Martin, que a
convenceu a criar um Loja, onde homens e mulheres pudessem trabalhar em
plena igualdade. Então, ela reuniu um pequeno número de mulheres e alguns
Maçons e em 1893, criou o Droit Humain 1(DH), uma organização Maçônica
aberta a homens e mulheres, que acabaram por se espalhar para todos os
continentes, inclusive nos Estados Unidos, onde é conhecido como Co-
Maçonaria.

Em 1901, uma Loja de Adoção Feminina foi reativada, mas desta vez sob os
auspícios da Grande Loja da França. Na época da Primeira Guerra Mundial,
mais e mais mulheres se juntaram às forças de trabalho, substituindo os
homens que foram para o campo de batalha.

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Droit Humain: Direitos Humanos
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Logo após a guerra, as mulheres obtiveram o direito de voto. A emancipação


das mulheres foi acompanhada de perto pela emancipação da Maçonaria
Feminina.

Entre 1911 e 1935, vários Lojas de Adoção femininas foram criadas,


mas eles não tinham nada em comum com aqueles dos séculos 18 e 19. Elas
reuniam-se regularmente para debater o mesmo tipo de temas das Lojas
masculinas, embora eles ainda usassem rituais da Maçonaria Adoção do
século anterior. A Grã-Mestre, uma mulher, trabalhava com total liberdade, sem
a supervisão de um irmão.

Em 1935, a Grande Loja da França decidiu conceder autonomia


completa às Lojas de Adoção. Mas as Irmãs francesas não se sentiam
preparadas e pediram para ser dado algum tempo para formar um secretariado
e preparar um congresso de todas as Lojas de Adoção Feminina. Enquanto
isso, a Segunda Guerra Mundial começou e todas as atividades Maçônicas
foram novamente suspensas até 1944. Em 17 de setembro de 1945, um corpo
Maçônico novo foi criado, com a ajuda da Loja Grande da França. Esta Grande
Loja era independente e sua composição era exclusivamente feminina. Ela foi
chamada Union Maçonnique Féminine de France (The Women's Masonic
Union of France), que em 1952 se tornou a Grande Loja Feminina da França
ou GLFF.
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Os rituais em uso nas Lojas de Adoção Feminina foram abandonados


em 1959 e substituídos pelo Rito Escocês Antigo e Aceito. O Rito Francês e o
Rito Tradicional também foram introduzidos em 1973.

Desde então, o G.L.F.F. tem sido fundamental na criação de outras


Grandes Lojas Maçônicas Nacionais. Maçonaria Feminina se espalhou para
outros países como Bélgica, Itália, Suíça, Luxemburgo, Dinamarca, Turquia,
Alemanha, Canadá, Inglaterra, África e Américas.

Bélgica

Em 1911 presenciou a criação da primeira Loja belga do Droit Humain,


em Bruxelas. A primeira Loja Feminina, Loja Irini, foi criada em abril de 1974
sob os auspícios da GLFF. A Grand Lodge Féminine de Belgique foi fundada
em 1981 e comemorou o seu vigésimo aniversário, em 2001. Nessa época, 35
Lojas com mais de 1500 membros tinham recebido a sua Carta da Grand
Lodge Féminine de Belgique. Três destas Lojas estavam localizadas nos
Estados Unidos: Universalis, criada em 1992 em Nova York, Aletheia, em Los
Angeles, e Emounah, em Washington, DC.
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Inglaterra

Provavelmente houveram poucas Lojas Femininas nas Ilhas Britânicas


no século 17 e início do século 18. Na verdade, a primeira Maçom feminina
conhecida foi Elizabeth St-Leger (1693-1772), posteriormente Sra. Elizabeth
Aldworth (nome de casada), de Cork, na Irlanda, que se diz ter sido iniciada por
seu pai em 1712, depois que foi pega espionando os trabalhos da Loja. Ela até
recebeu um funeral Maçônico no momento de sua morte.

Elizabeth St-Leger /Sra. Elizabeth Aldworth,

de Cork, na Irlanda,

Túmulo de Elizabeth Aldworth na

Catedral de Saint Finbarre, Cork, Irlanda


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No entanto, com a criação da Grande Loja de Londres e da publicação


da Constituição de Anderson em 1723, as mulheres foram impedidas de
participar da Maçonaria regular. Menção é feita a participação de uma Sra.
Harvard, no ano de 1770, em Hereford, e uma senhora Bell, em 1790, em
Londres, mas estes são casos isolados e não provam a presença de mulheres
em Lojas. Maçônicas. Normalmente, a história é que estas senhoras foram
flagradas espionando uma reunião da Loja e desde que aprenderam os
segredos do ofício, então a única forma de impedi-las de divulgação deles era
iniciá-las ali mesmo e fazer-lhes o juramento de silêncio de um Maçom.

Em 1902, Annie Besant, que havia sido iniciada em uma Loja do Droit
Humain em Paris, criou a Loja Human Duty2, em Londres. Este foi o início da
co-Maçonaria na Inglaterra. Em 1908, um grupo dissidente criou a Fraternidade
Ancient Masonry3 cuja participação foi exclusivamente feminina e que adotou o
Rito de Emulação. Em 1958, ela (Human Duty) mudou seu nome para a Order
of Women's Free-Masons4. Em 1913, uma segunda Grande Loja de Mulheres
foi fundada sob o nome de The Honourable Fraternity of Antient Free-Masons5.
Em 1925 viu-se a criação da Order of Ancient, Free and Accepted Masons for
Men and Women6.

Annie Besant

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Human Duty: Dever Humano
3
Ancient Masonry: Maçonaria Antiga
4
Order of Women's Free-Masons: Ordem da Mulheres Maçons Livres.
5
The Honourable Fraternity of Antient Free-Masons: Honorável Fraternidade dos Antigos
Maçons Livres
6
Order of Ancient, Free and Accepted Masons for Men and Women: Ordem dos Maçons Antigos, Livre e
Aceito para Homens e Mulheres.
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Hoje, os dois corpos Maçons Femininos Ingleses contam como 60.000


membros.
Em março de 1999, a Grande Loja da Inglaterra finalmente reconheceu a
existência da Maçonaria Feminina, reconhecendo que "a Maçonaria não está
confinada aos homens" e afirmando que as Lojas compostas por mulheres são
outra maneira de Maçonaria "regular".

Estados Unidos da América

Uma história de grande circulação nos E.U. A. é o de uma mulher


Maçom chamada Catherine Babington, que viveu no Kentucky em 1800. Perto
de sua casa havia um prédio de dois andares usado pelos Maçons como Loja.
Catherine escondeu-se no púlpito e assistiu todas as reuniões da loja por mais
de um ano, vendo as sessões de todos os graus e todos os trabalhos. Ela foi
finalmente descoberta e quando questionada, ela mostrou um notável
conhecimento do ritual.
Ela foi mantida sob custódia por mais de um mês, enquanto a Loja
decidia o que fazer com ela. Acabou por ser permitida a sua presença nas
sessões, mas não admitida na ordem. Porém, este é novamente um caso da
aceitação das mulheres em Lojas Maçônicas.

Catherine Babington

Uma Loja Feminina existiu brevemente em Boston em 1790. Sua


Venerável Mestre, Hannah Mather Crocker (1763-1829) escreveu uma série de
cartas sobre a Maçonaria, que foram publicados em Boston em 1815. Ela
alegava que teve conhecimento do ofício, pois "...parte da vida, foi investigar
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alguns dos princípios da Maçonaria para aplacar os temores de suas amigas


cujos maridos eram Maçons. E ela continua: "Eu tive a honra, alguns anos
atrás, de presidir uma instituição semelhante, constituida apenas de mulheres,
atuando como uma Loja regular, fundada sobre os princípios originais da
Maçonaria". Outro documento menciona o endereço da Loja St-Ann.

Acredita-se que a primeira Loja Norte-Americana de Adoção Feminina


foi formada na Filadélfia em 1778 por oficiais franceses. No século 19, Albert
Pike, comandante Supremo do Rito Escocês, criou um rito de Adoção baseado
no Rito Francês. Uma das primeiras mulheres a ser iniciada na Loja de Adoção
foi a escultora Vinnie Resma Hoxie, que criou a estátua de Abraham Lincoln
exibido no Capitólio.

Vinnie Resma Hoxie


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No entanto a Maçonaria de Adoção, nos Estados Unidos deve mais a


Rob Morris de Kentucky.

Em 1850, ele publicou um ritual de Adoção sob o nome de "The Rosary


of the Eastern Star" ou em português "O Rosário da Estrela do Oriente", o que
levaria à criação da Order of the Eastern Star ou Ordem da Estrela do Oriente
(OES), um corpo Para-Maçônico aberto à Maçons e seus parentes femininos. A
Ordem Estrela do Oriente foi baseada, em parte, no Rito Francês de Adoção e
parcialmente em diversos outros. Alguns desses grupos iniciais eram
denominados de Filhas de Maçom, Esposas de Maçom, Heroínas de Jericó
(Heroine of Jericho), Verdadeiras Parentes (True Kindred) e outras.

Order of the Eastern Star ou


Ordem da Estrela do Oriente (OES)

Rob Morris primeiro concebeu e organizou os graus da Estrela em 1850,


simplificando o ritual em 1860. De 1865 à 1868, Robert Macoy reformulou o
ritual e organizou o sistema de capítulos. O ritual Macoy é o fundamento da
OES tal como a conhecemos hoje. O OES possui mais de um milhão de
membros em todo o mundo.
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Robert Macoy

A primeira Loja Co-Maçônica foi fundada nos Estados Unidos em 1903.


Em 1907, a Federação Americana dos Direitos Humanos (Droit Humain ) foi
criada em Washington, DC. Ela tem várias Lojas nos E. U. A. Tambem existem
outros corpos Co-Maçônicos, entre eles estão a União George Washington e
Grande Loja Simbólica de Memphis-Misraim.
Devemos também mencionar a existência de Lojas Femininas que
trabalham exclusivamente em espanhol, francês ou alemão.

Há três Lojas criadas pela Grande Loja Feminina da Bélgica desde 1992,
e espera-se que ocorra a formação da Grande Loja Feminina dos Estados
Unidos.

America Latina

A primeira Loja chilena Feminina, Respetable Logia Araucaria Nº1 , foi


criada em 1970 para "dar às mulheres chilenas um espaço para o
desenvolvimento intelectual e espiritual em um quadro não dogmático livre de
preconceitos religiosos". Dela nasce em 1983, a Respetable Logia Acacia Nº2
e se forma no Valle de Rancagua o Triángulo Armonía.
Em 1983 foi criada a Grande Loja Feminina do Chile, que também
semeou Lojas na Bolívia e na Argentina, graças a sua Loja itinerante, Cruz del
Sur ". Hoje, há Lojas Femininas no Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Venezuela
e México.
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CELEBRAÇÕES DO CENTENARIO

A Ordem da Maçonaria Feminina comemorou o seu centenário em junho


de 2008. O Encontro foi realizado no Royal Albert Hall em Londres,
com a participação de membros da Ordem, amigos e convidados.

O programa incluiu um desfile de todas os estandartes das Lojas da


Ordem, introduzido. Abaixo está apenas um grupo - os estandartes das Lojas
de Gales do Sul e do Norte, Shropshire, Oxfordshire, Berkshire e
Buckinghamshire. Eles estão atrás da Venerável Grã-Mestre (centro), Brenda
Fleming-Taylor, e (esquerda para a direita), o Grã-Mestre Adjunta, Margaret
Masters e os duas Grã-Mestre Adjunta, Betty Wildman e Zuzanka Penn.
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Os maiores graus eram


demonstrados para uma assembléia com representantes de
cada Grau e Ordem, com a vestimenta adequada.

Durante a Cerimônia a Grã-


Camilla, Condessa de Halifax,
Mestre doou um cheque de
recebendo um cheque similar da
£25.,000 à David Newbigging da
Grã-Mestre para a Sociedade
Sociedade de Pesquisa contra
Macmillan de Combate ao Cânce.
Câncer no Reino Unido.
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Referencias bibliográficas

History of Women's Freemasonry.


http://www.womenfreemasonsusa.com/history.html

The Order of Women Freemasonry. http://www.owf.org.uk/News.htm

The Traditional History of The Order of Women Freemasons.


http://freemasonry.bcy.ca/texts/women_order.html

Breve Historia de la Masonería Femenina Chilena.

http://www.geocities.com/glfem/brevehist.html

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