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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

UNIDADE 2

– Elementos e Fatores do Clima –


DISCIPLINA: Fundamentos
de Climatologia
PROFESSORA: Daisy Beserra Lucena

E-mail: daisyblucena@gmail.com
Tempo X Clima

Clima e tempo são dois conceitos que, apesar de diferentes,


são freqüentemente usados de forma errônea ou
confundidos na linguagem coloquial,e por vezes também nos
meios de comunicação.

Imagem obtida na internet

02 Profa. Daisy Lucena


Tempo X Clima
TEMPO

Estado momentâneo, CLIMA


“instantâneo”,
da atmosfera em um dado instante
e lugar, caracterizado por uma
combinação definida de todos os é a descrição média das
elementos meteorológicos. condições de tempo
O tempo pode mudar de um dia predominantes (mais prováveis)
para o outro, de uma hora para numa determinada região
outra, e tem duração máxima de
15 dias.

03 Profa. Daisy Lucena


Tempo X Clima

Imagem obtida na internet

Imagem do satélite Meteosat para o dia 02/02/2016 as 16:15


Obtidas no site do CPTEC

04 Profa. Daisy Lucena


Tempo
40,0
38,0 1998
36,0

TEMPERATURA (0C)
34,0
32,0
30,0
JANEIRO
28,0
26,0 JULHO

24,0
22,0
20,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
DIAS
40,0
38,0 2008
36,0
TEMPERATURA (0C)

34,0
32,0
30,0 JANEIRO
28,0 JULHO
26,0
24,0
22,0
20,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
DIAS

Temperatura máxima diária no mês de Janeiro e Julho


Bacia escola – são João do Cariri
05 Profa. Daisy Lucena
Clima

06 Profa. Daisy Lucena


Clima
Como dito anteriormente, as NORMAIS CLIMATOLÓGICAS indicam as
condições médias do estado da atmosfera do local e isso possibilita se
caracterizar o seu CLIMA e a comparação entre localidades.

Observe a figura ao
lado e veja as
diferenças entre os
climas de várias
regiões do Brasil.

07 Profa. Daisy Lucena


Clima
Climatologia da
Temperatura máxima
1961 - 1990

Climatologia da
Temperatura mínima
1961 - 1990

08 Profa. Daisy Lucena


Clima

Fonte: AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba)


09 Profa. Daisy Lucena
Exercitando...
Leia a manchete a seguir e analise as afirmativas em certas ou erradas:

EUA confirmam que El Niño chegou, mas tardio e enfraquecido


'Não estão previstos' efeitos generalizados ou grandes do fenômeno.
El Niño costuma provocar fortes secas em áreas da América do Sul.

(G1, Natureza – 06 mar. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/natureza>. Acesso em: 16/03/2015).

I. A ocorrência do El Niño em março de 2015, conforme relata a reportagem, é um


exemplo de tempo meteorológico, e não de clima. 
II. A frase: “El Niño costuma provocar fortes secas em áreas da América do Sul”
pode ser considerada como um exemplo do conceito de clima. 
III. A previsão acima relatada é do tipo climatológica. x
IV. O fato de o El Niño ter chegado “tardio e enfraquecido” aos EUA indica uma
ocorrência temporal.
10
 Profa. Daisy Lucena
Exercitando...

Analise as frases a seguir e classifique-as em T(tempo) ou C (clima):

I. Fará muito calor hoje em São Paulo. Em Goiânia, as temperaturas serão


mais amenas. Tempo

II. As temperaturas em todo o mundo estão cada vez maiores e vêm


causando preocupações entre os cientistas. Clima

III. Costuma chover muito em Salvador nessa época do ano, é melhor


estarmos preparados! Clima

IV. Li no jornal que essa semana será chuvosa em Belém. Tempo

11 Profa. Daisy Lucena


Evolução do conceito do Clima
“um estado médio dos elementos atmosféricos
Hann (1882) durante um período relativamente longo, sobre
um ponto da superfície terrestre”

“somatório das condições atmosféricas de um


Köppen (1906) determinado lugar”

“ambiente atmosférico constituído pela série de


Sorre (1934) estados atmosféricos sobre um determinado lugar
em sua sucessão habitual”
“conjunto flutuante das condições atmosféricas
caracterizadas pelos estados e evolução do tempo
OMM (1959) no curso de um período suficientemente longo,
para um domínio espacial determinado”
- normal climatológica -
quantitativa qualitativa
caráter

METEOROLOGIA GEOGRAFIA
Clima deriva do grego (klinein) e significa
inclinação (inclinar), referindo-se à
inclinação ou curvatura da terra, que
CLIMATOLOGIA condiciona em grande parte os climas
terrestres.

Espacialização dos elementos e fenômenos


Estudo do clima atmosféricos e de sua evolução, buscando
explicar sua dinâmica.

Estudo isolado dos elementos do tempo e da


Concepções teóricas

Climatologia clássica
Pédélaborde (1955)

(tradicional) atmosfera.

Climatologia Considera conjuntamente os estados do meio


dinâmica (moderna) atmosférico: o tempo e as massas de ar.

13 Profa. Daisy Lucena


Análise dinâmica /climática
 Caráter descritivo e não explicativo
 Atmosfera estática
 Negligência quanto as interações da
atmosfera
CLIMATOLOGIA
 Classificações climáticas baseadas
TRADICIONAL
nos elementos do clima
 Emprego de médias
ANÁLISE
+ CONJUNTA
 Abordagem genética do clima
 Fenômenos atmosféricos
CLIMATOLOGIA
 Interação e interdependência dos
DINÂMICA
atributos climáticos Diferentes
 Ritmo climático escalas de
 Emprego da tendência, variabilidade, tempo e
valores eventuais e episódicos, etc. espaço
 Classificações baseadas nas massas
de ar (sistemas produtores do clima)
Escala de estudos em climatologia

Ao se trabalhar com climatologia, muitas vezes, a dificuldade


está na delimitação da escala a ser trabalhada (escala espacial
e temporal).

Isso é importante porque a partir da definição das escalas é


que pode-se pensar nos dados, equipamentos, procedimentos
(metodologia) que poderão ser utilizados na pesquisa, para
alcançar os objetivos propostos.

ATENÇÃO!

Não é uma atividade restrita a, somente, um recorte


espacial.
15 Profa. Daisy Lucena
Escala de estudos em climatologia
A escala climática diz respeito à dimensão, ou ordem de
grandeza, espacial (extensão) e temporal (duração), segundo o
qual os fenômenos , ou a dinâmica do clima serão estudados.

Nível global
Em climatologia as escalas
espaciais variam de...

Espaços reduzidos

Quando nos aproximamos ou


afastamos... Níveis e número de
variáveis
Alteramos somente a escala???

16 Profa. Daisy Lucena


Escala de estudos em climatologia

ESCALA ESPACIAL ESCALA TEMPORAL

- Planetária - Milenar
- Sinótica - Secular
- Decadal
... - Anual
- Sazonal
- Topoclimática ...
- Microclimática - Diária
- Horária

17 Profa. Daisy Lucena


Escala temporal dos fenômenos atmosféricos
ESCALA DIÁRIA

ESCALA ANUAL
movimento de rotação da Terra

ESCALA DECADAL, SECULAR
Noites e dias Distância Terra-Sol
 
Variação diária das condições Movimento de
meteorológicas (temperatura, translação Os causadores dessa
pressão, nebulosidade, chuva, (Estações do ano) mudança são os fenômenos
umidade relativa, etc).  naturais (vulcões, atividade
 Essas são variações que solar), sem qualquer
Essa variação diária ocorre em ocorrem com uma influência humana, e
todos locais, com maior ou periodicidade (ciclo) mais aqueles desencadeados
menor intensidade, e é um previsível, variação realmente pelas atividades
fenômeno natural. sazonal. humanas (desmatamento,
poluição, urbanização).
18 Profa. Daisy Lucena
Escala espacial dos fenômenos atmosféricos

Os fenômenos atmosféricos ocorrem de forma continuada,


havendo influência de uma escala sobre outra.

No entanto, visando a facilitar o entendimento de suas


ocorrências e os efeitos possíveis da ação humana, pode-se
separá-las em três grandes categorias, ou seja, MACRO, MESO,
E MICRO-ESCALA, que são importantes para estudos de diversas
áreas como por exemplo para a previsão do tempo e para o
manejo agrícola.

19 Profa. Daisy Lucena


Escala espacial dos fenômenos atmosféricos
MACRO-ESCALA

Trata dos fenômenos em escala regional ou geográfica, que caracteriza


o clima de grandes áreas, devido aos fatores geográficos, como a
latitude, altitude, correntes oceânicas, oceanalidade/continentalidade,
atuação de massas de ar, frentes, dentre outros.

Nessa escala, descreve-se, por exemplo, o


(macro)clima de uma região. Esta escala é o
foco quando se fala em mudança climática.

20 Imagem obtida na internet Profa. Daisy Lucena


Escala espacial dos fenômenos atmosféricos
MESO-ESCALA (TOPO-ESCALA)

Refere-se aos fenômenos em escala local, em que a topografia


condiciona o (meso)clima pelas condições do relevo local: exposição
e configuração do terreno. A exposição (N, S, E ou W), a
configuração (vale, espigão, meia encosta), e o grau de inclinação do
terreno determinam o clima local.

Imagem obtida na internet

21 Profa. Daisy Lucena


Escala espacial dos fenômenos atmosféricos
MICRO-ESCALA

É aquela que condiciona as condições


meteorológicas em pequena escala (microclima),
sendo função do tipo de cobertura do terreno (solo
nú, gramado, floresta, cultura rasteira, represa, etc.),
que determina o balanço local de energia.

Desse modo, enfatizando extremos, por exemplo,


florestas não têm variações térmicas acentuadas no
decorrer do dia, enquanto que culturas de menor
porte e menos compactas ou cobertura morta
intensificam a amplitude térmica.

Imagens obtidas na internet


22 Profa. Daisy Lucena
Escala espacial dos fenômenos atmosféricos

 Cada uma das condições de cobertura do terreno irá


gerar um micro-clima diferente, que por sua vez depende
também do macro e do topoclima.

 Portanto, dentro do macroclima da região é possível que


existam vários mesoclima. E dentro de um topoclima
podem existir inúmeros microclima, condição mais comum
na natureza.

23 Profa. Daisy Lucena


Resumo das escala dos fenômenos atmosféricos
ORGANIZAÇÃO DAS ESCALAS ESPACIAL E TEMPORAL DO CLIMA
Temporalidade
Ordem de Escala Escala Exemplificação
Subdivisões das variações mais
grandeza horizontal vertical espacial
representativas
MACROCLIMA Clima zonal > 2.000 km 3 a 12 km Algumas semanas a O globo, um
Clima vários decênios hemisfério, oceano,
regional mares, etc.
MESOCLIMA Clima 2.000 a 12 km a Várias horas a Região natural,
regional 10 km 100 m alguns dias montanha, região
Clima local metropolitana,
topoclima cidade, etc.
MICROCLIMA 10 km a Abaixo de De minutos ao dia Bosque, uma rua,
alguns 100 m uma
metros edificação/casa,
etc.
Fonte: MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA (2007)

24 Profa. Daisy Lucena


Condicionantes do Clima

Para conhecer, ou melhor, entender o CLIMA de um lugar, é


necessário fazer observações do TEMPO atmosférico
diariamente, durante muitos anos, para verificar a regularidade
(mudanças, variabilidade e comportamento) das combinações
dos seus elementos e fatores, e algum tipo de interferência sobre
o local em estudo.

TEMPO ≠ CLIMA

25 Profa. Daisy Lucena


Elementos e fatores do clima
São características de um lugar, que
FATORES influenciam os elementos climáticos.
CONTROLES CLIMÁTICOS
São grandezas meteorológicas que
comunicam ao meio atmosférico suas
propriedades físicas e características
- Latitude peculiares.
- Altitude

ALTERAM A DINÂMICA
- Relevo
-Continentalidade/maritimidade ELEMENTOS
- Massas de ar Aspectos ATRIBUTOS CLIMÁTICOS
- Correntes marítimas dinâmicos
- Etc.

- Fatores cósmicos (manchas - Temperatura


solares, órbita terrestre) - Umidade
- Vulcão - Precipitação
- Atividades humanas - Vento
-Etc. - Pressão
- Etc.
Elementos e fatores do clima
NÍVEIS DE
INFLUENCIA
FATORES CLIMÁTICOS

Atuam sobre.... GLOBAL

ELEMENTOS CLIMÁTICOS
REGIONAL
Que forma o...

TEMPO LOCAL

E define o...

CLIMA

27 Profa. Daisy Lucena


Elementos X Fatores Climáticos

Alguns elementos meteorológicos podem


atuar também como fatores, o que é o
caso da radiação solar, que pode ser
tomada tanto como elemento, por ser
uma variável que quantifica a
disponibilidade de energia solar na
superfície terrestre, como também pode
ser considerada um fator, por condicionar
a temperatura, a pressão e indiretamente
Imagem obtida na internet
outros elementos meteorológicos.

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- Atividade Prática 1-
Leitura complementar
(abordagem crítica)

CUNHA, D.G.F.; VECCHIA, F. As abordagens clássica e dinâmica de


clima: uma revisão bibliográfica aplicada ao tema da compreensão da
realidade climática. Ciência e Natura. UFSM, 29 (1): 137-149, 2007.

29 Profa. Daisy Lucena

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