UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

Relatório do Estudo de Impacto Ambiental realizado na cidade de

Carbópolis

Pablo Henrique do Nascimento Vasconcelos

João Pessoa – PB
2018
 Pablo Henrique do Nascimento Vasconcelos

Relatório do Estudo de Impacto Ambiental realizado na cidade de Carbópolis

Relatório solicitado como atividade avaliativa

na disciplina de Química Ambiental, lecionada
pela professora Cláudia de Oliveira Cunha, no
curso de Engenharia Ambiental da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

João Pessoa – PB
2018
 Recentemente, moradores de Carbópolis relataram mudanças na
cidade, seja nas áreas urbana, rural e industriais. Muitos nem se quer sabem o
motivo, mas o fato é, houveram muitas reclamações quanto os seguintes
tópicos: qualidade do ar; produtividade das plantações; condições de saúde
dos animais nas fazendas; qualidade da saúde dos habitantes e trabalhadores
(mais especificamente das minas de carvão); entre outras preocupações.
Surgiu, então, a necessidade de uma avaliação perspicaz para descobrir as
causas das mudanças que vem acontecendo em Carbópolis, sendo preciso
entrevistar os habitantes locais, coletar dados para, mais a frente,
comprovarmos quais os motivos de tais acontecimentos.
Primeiramente foi entrevistado o dono da Fazenda Primor, e o mesmo
diz que sua terra não sofreu os mesmos problemas da Granja Soya e Fazenda
Vacaria, afirmando possuir uma plantação de soja constantemente vistosa e
bois mais parecidos com touros de tão saudáveis. Ele aproveitou para falar que
seus gados estão em melhores condições quando comparado aos da Vacaria,
e sua plantação de soja está batendo recordes de produtividade, superando a
Granja Soya, a qual está em risco de ser fechada pelo dono, segundo ele.
Em seguida, entrevistamos o Dono da Fazenda Vacaria, ele declarou um
aumento de custos devido a demanda com veterinários e remédios para seus
gados doentes, e que nem os profissionais sabem a causa desses problemas.
Ele relata a crescente escassez da sua pastagem e nem mesmo o adubo não
está ajudando. Ele também chegou a conclusão do aumento da mortalidade
dos gados, muitos deles com os pulmões todos empedrados. Veterinários
contratados pelo fazendeiro comprovaram não se tratar de uma praga.
O proprietário da Granja Soya conta como a terra da cidade de
Carbópolis era produtiva, porem as coisas têm mudado ultimamente. Ele afirma
diminuição da produção, e falou sobre o fato da soja da área norte da produção
ser a única relativamente sadia, sendo a parte sul a mais deteriorada, onde as
folhas ficam escuras, meio acinzentadas e com manchas claras, vindo a
desmancharem.
Guarda florestal reconhece grande diminuição da área florestal na
cidade ao longo dos anos. Primeiro os fazendeiros desmataram para suas
pastagens e plantação de soja, seguido da descoberta de jazidas de carvão
mineral ao longo de toda a planície, vindo a resultar na implantação da Usina
Termelétrica. Ele conta que os mais antigos da região lamentam o fato do ar
não ser mais tão puro como era antes.
 Na entrevista com o operário da mina de carvão, o mesmo alega
trabalhar em condições insalubres, citando vapores nocivos respirados nas
minas, vindo a causar hospitalização e aposentadoria de seus companheiros
de trabalho devido ao fato de não praticarem o uso de devido EPIs. Ele
relembra de como muitos mineiros morriam com problemas respiratórias
antigamente, e disse ter sido informado por engenheiros sobre o carvão nessa
área ter muito enxofre na sua composição (6%).
Com as informações adquiridas nas entrevistas, e com o intuito de
investigar e solucionar a problemática das mudanças ocorridas na cidade,
surge a necessidade da realização de uma análise através da coletagem de
dados científicos quanto as condições em que se encontra a cidade, e assim
desvendar o que vem degredando a produção agropecuária em Carbópolis.
Logo, precisaremos instalar aparelhos de amostragem em áreas estratégicas
da cidade, baseando-se nas informações passadas pelos moradores. Os
pontos de coletagem são: Aparelho 1 – Minas de carvão; Aparelho 2 – Usina
termelétrica; Aparelho 3 – Fazenda Primor; Aparelho 4 – Granja Soya;
Aparelho 5 – Parque Florestal; Aparelho 6 – Fazenda Vacária; Aparelhos 7 e 8
– Área ubana. Como demonstrado na seguinte imagem:
 Realizada a coletagem das amostras, foram obtidos os seguintes
resultados:
[AMOSTRA] [ CONCENTRAÇÕES (em mg\m)
]
Aparelho SO² NOx CO HC MP pH
Num. 1 1,7 0,14 3,54 0,01 0,1 4,0
Num. 2 1,7 0,14 3, 54 0,01 0,1 4,0
Num. 3 0,09 0,05 0,45 0,01 0,3 5,6
Num. 4 1,44 0,07 1,43 0,01 0,08 4,4
Num. 5 0,06 0,04 0,14 0,01 0,01 5,4
Num. 6 1,61 0,12 2,87 0,01 0,08 4,1
Num. 7 1,17 0,26 5,76 0,02 0,1 5,0
Num. 8 1,17 0,26 5,76 0,02 0,1 5,0

Para analisarmos a tabela, iremos adotar os parâmetros estabelecidos

pela Legislação que rege na cidade de Carbópolis, estes são:

LEGISLAÇÃO – Capítulo 2: Dos Padrões de Qualidade

Artigo 8º - Ficam estabelecidos para todo o território de Carbópolis
os seguintes padrões de qualidade do ar:
I - para material particulado:
a) 0,2 (um quinto de) miligrama por metro cúbico, ou valor
inferior - concentração média geométrica anual;
II - para dióxido de enxofre:
a) 0,1 (um décimo de) miligrama por metro cúbico, ou valor
inferior - concentração média geométrica anual;
III - para monóxido de carbono:
a) 10 (dez) miligrama por metro cúbico, ou valor inferior -
concentração máxima média de 8 (oito) horas consecutivas,
não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano;
IV - para oxidantes fotoquímicos e óxidos de nitrogênio:
a) 0,2 (um quinto de) miligrama por metro cúbico, ou valor
inferior - concentração da máxima média de 1 (uma) hora,
não podendo ser ultrapassada mais de uma vez por ano.

Fazendo uma observação da tabela e correlacionando com os limites

permitidos de cada composto no domínio atmosférico (ar) da cidade, pode-se
notar a elevação acima do permitido (>0,1) da concentração do composto
Dióxido de Enxofre (SO²) e um pH desregulado abaixo de 5,0 em algumas
áreas, caracterizando chuva ácida. Observa-se que aparelhos instalados nas
proximidades das Minas de Carvão tendem a apresentar maior índice de
elevação de SO². Com base nisso e pensando em maneiras de como restaurar
a qualidade do ar da cidade, instalaremos um Dessulfurizador nas redondezas
da Mina de Carvão e da Usina, onde há maior emissão de Enxofre. Este
aparelho funciona como um redutor da concentração de Enxofre no ar.
 Realizado o processo de dessulfurização, será executado mais uma
coleta de dados para verificar os resultados obtidos, os quais podem ser vistos
na tabela a seguir:
[AMOSTRA] [ CONCENTRAÇÕES (em mg/m)
]
Aparelho SO² pH
Num. 1 0,17 5,59
Num. 2 0,17 5,59
Num. 3 0,01 5,8
Num. 4 0,14 5,65
Num. 5 0,01 5,79
Num. 6 0,16 5,62
Num. 7 0,12 5,8
Num. 8 0,12 5,8

Analisando a tabela e comparando com os dados obtidos antes do

Dessulfurizador, pode-se perceber o aumento do nível do pH e diminuição
relativa da concentração de enxofre. Quanto ao pH, pode-se ver uma total
eficiência do aparelho, pois ele regulou a concentração para um nível onde não
se qualifica como chuva ácida. Já no caso da concentração do Dióxido de
Enxofre (SO²), interpretamos uma notável diminuição, porém não o suficiente
para estar dentro dos limites estabelecidos por lei, na cidade de Carbópolis.
Com os resultados obtidos, se torna possível a descoberta das causas
dos problemas na cidade. Percebe-se um alto nível de emissão de Dióxido de
Enxofre pelas Minas de Carvão e Usina Termelétrica, justificando a decaída na
produtividade da Fazenda Vacaria e adoecimento dos bois, pois ela se localiza
extremamente próxima desses principais pontos e emissão, provocando a
morte dos gados pela constante inalação do Enxofre. Também podemos
responsabilizar essa proximidade pela deterioração da plantação na Fazenda
Primor, como é perceptível na imagem:

Em relação aos problemas citados em áreas um pouco mais distantes

das Minas de Carvão e da Usina, esses podem ser relacionados ao índice de
pH abaixo de 5,0 na chuva, ou seja, a chuva ácida tem sido a culpada pelos
problemas vivenciados na Granja Soya, havendo também uma certa
danificação por conta da proximidade, relembrando o fato de seu proprietário
ter mencionado o fato da parte sul, área mais próxima aos emissores de
Enxofre, estar em condições não saudáveis.

Com o estudo de Impacto Ambiental realizado na cidade de Carbópolis,

podemos observar a influência exercida pela existência e alta atividade das
Minas de Carvão e Usina Termelétrica, as quais são grandes responsáveis
pelos altos índices de Dióxido de Enxofre na cidade e ocorrência de Chuva
Ácida, sendo possível relacionar todos os problemas de produtividade no setor
de agropecuária da cidade, seja pela proximidade aos pontos de emissão de
SO², ou por consequência da alta acidez das águas pluviais na cidade. É
imprescindível um revigoramento da regularização e fiscalização pelos setores
públicos em relação aos impactos causados pela industrialização na cidade,
visto que nem mesmo a Legislação regularizadora da emissão de SO² estava
sendo respeitada pelos polos industriais, demostrando descaso com o meio
ambiente, tanto dos donos das Minas e Usina quanto das autoridades públicas
da cidade. Os moradores, assim como o meio ambiente, têm sido vítimas das
consequências dessas desregulamentações no município, pois tal afeta a
qualidade do ar que eles respiram e o alimento consumido por eles, logo a
população deve juntar-se e reivindicar por uma opressão mais rigorosa do
governo quanto as atividades exercidas na cidade daqui por diante, visto o
constante e inevitável crescimento da cidade, procurando sempre preservar o
ambiente em que vivemos para que possa ser proporcionado às futuras
gerações condições favoráveis e harmoniosas para se viver.