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Protecao Diferencial de Transformadores
Protecao Diferencial de Transformadores
Proteção de sistemas
elétricos de potência
Proteção diferencial de transformadores
Guilherme Albino Pagnussatt Corazza
Fevereiro de 2011
SUMÁRIO
1. A PROTEÇÃO DIFERENCIAL.............................................................................................................3
2. O RELÉ DIFERENCIAL PERCENTUAL.................................................................................................5
3. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES..............................................................................................8
3.1. Proteção diferencial no transformador monofásico...............................................................9
3.2. Proteção diferencial no transformador trifásico.....................................................................9
3.3. Regra de ligação dos TC’s......................................................................................................10
3.3.1. Transformador trifásico sem rotação de fase................................................................11
3.3.2. Transformador - Y.......................................................................................................11
3.4. Ajuste do relé diferencial......................................................................................................17
4. CORRENTES DE INRUSH...............................................................................................................18
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................19
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1. A PROTEÇÃO DIFERENCIAL
Ao longo do tempo vêm surgindo diversas categorias de proteção que visam
impedir condições anormais dos sistemas elétricos de potência. Um tipo de proteção que
vem sendo aprimorada é a proteção diferencial. Apesar de ser largamente empregada na
proteção de cabos subterrâneos, máquinas síncronas, barras e cubículos, neste trabalho
daremos atenção especial à sua utilização na proteção de transformadores.
Esse tipo de proteção compara magnitudes elétricas de entrada e saída do
equipamento protegido, e atua quando o vetor diferença de duas ou mais magnitudes
similares excede um valor predeterminado.
Em condições normais de operação, as correntes que atravessam o primário e
secundário do transformador possuem formas de onda semelhantes, a menos da relação
de transformação. Essas correntes são constantemente monitoradas por transformadores
de corrente (TC’s), acoplados em série com os ramos primário e secundário do
transformador. Os sinais adquiridos pelos TC’s são transferidos para o relé, o qual os
analisará, e, caso estas correntes ultrapassem um valor limiar de operação (pickup), o relé
desligará o sistema.
Quase qualquer tipo de relé pode atuar como parte da proteção diferencial – não
importa muito o tipo construtivo do relé, e sim a forma como é conectado ao sistema. A
maioria das aplicações de relés diferenciais são os relés diferenciais de corrente, mas eles
também podem ser do tipo diferenciais de tensão, operando com o mesmo princípio
daqueles de corrente; a diferença está no fato que o sinal operado é derivado de uma
tensão em uma resistência em paralelo.
Um simples exemplo de uma montagem de proteção diferencial está na figura 1.1.
O secundário dos transformadores de corrente (TC’s) são interconectados e a espira de
um relé de sobrecorrente é conectada entre esses. Apesar de as correntes I1 e I2 poderem
ser diferentes, considerando que ambos os TC’s tenham relações de transformação e
conexões apropriadas, então, sob condições normais de carga ou quando há uma falta fora
da zona de proteção considerada, as correntes do secundário irão circular entre os dois
TC’s e não passarão pelo relé de sobrecorrente. Num caso hipotético em que o
transformador tenha relação de transformação 1:1, as correntes vistas pelos TC’s seriam
de igual magnitude. Entretanto, se uma falta ocorrer na seção entre os dois TC’s, como na
figura 1.2, se o sistema for radial, a corrente I2 = 0, e se o sistema for em anel, a corrente
I2 é uma corrente de curto-circuito, assim como a corrente I1. Em todos os casos, a
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corrente no relé diferencial seria proporcional ao vetor diferença entre as correntes que
entram e saem do elemento protegido, que, no caso da falha interna à zona de proteção
seria |I1| + |I2|; se a corrente que passa pelo relé diferencial exceder os parâmetros
estabelecidos o relé atuará.
Essas situações geram erros nos TC’s, que podem provocar a atuação indevida dos
relés diferenciais.
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2. O RELÉ DIFERENCIAL PERCENTUAL
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Esta prática percentual é comumente aplicada para a proteção de transformadores
de potência com capacidade superior a 2,5 MVA.
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Costuma ocorrer que as correntes no primário dos TC’s não são iguais, pois
normalmente N1 ≠ N2. Portanto, para que as correntes nos secundários sejam iguais, é
necessário que os TC’s possuam relação de tapes, possibilitando realizar a igualdade
N1 / N2 = n2 / n1, fazendo com que i1S = i2S. Já definimos que Irelé = Ientrada - Isaída; daí tira-se
que a corrente de operação id é:
(2.3)
Já a corrente de restrição será, como dito anteriormente, uma média das correntes de
entrada e saída. No caso, tem-se:
(2.4)
Dessa forma, o torque resultante que age no balancim do relé diferencial percentual
é dado pela expressão a seguir:
(2.5)
Fazendo-se , tem-se
(2.6)
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Figura 2.3 Característica de operação de um relé diferencial digital
3. PROTEÇÃO DE TRANSFORMADORES
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3.1. Proteção diferencial no Transformador Monofásico
No esquema da figura 3.1 deve-se observar as regras para a ligação dos TC’s:
1.1.1.1. As ligações dos TC’s devem seguir as mesmas sequências das marcas
de polaridade das bobinas primárias e secundárias do transformador.
1.1.1.2. Os terminais dos TC’s com marcas de polaridade devem se conectar às
bobinas de restrições do relé 87.
1.1.1.3. Dimensionar os TC’s de modo que as correntes secundárias que passam
pelas bobinas de restrições sejam iguais em módulo e ângulo, ou seja, Îps =
Îss .
As regras a) e b) garantem que as correntes que passam nas bobinas do relé tenham
a mesma fase, e para garantir que tenham o mesmo módulo, é necessário que Np / Ns =
RTCs / RTCp, onde RTCs e RTCp são as relações de transformação do TC’s do lado
secundário e primário, respectivamente.
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transformador monofásico. Quando os transformadores trifásicos não possuem defasagem
implícita, pode-se adotar qualquer tipo de ligação no secundário dos TC’s, Y ou , sendo
que a mais utilizada é a Y. Entretanto, quando o transformador de potência está ligado
com a conexão - Y existirá uma defasagem entre as correntes de linha do lado de alta e
a do lado de baixa. A corrente de linha do lado pode estar adiantada ou atrasada em 30º,
60º, 120º, 150º e 180º em relação às correntes de linha do lado Y. Essa rotação angular
depende de como estarão conectados os enrolamentos do lado do transformador.
Esse deslocamento angular produz dois problemas:
a) Diferenças nas correntes no relé diferencial 87, que dependendo do seu
ajuste pode operar para as condições de carga do transformador.
b) Defasamento nas correntes das bobinas de restrição do relé 87, prejudicando
a sua característica de desempenho.
A regra fundamental para o funcionamento do relé 87 é que na condição normal de
operação ou de curtos-circuitos trifásicos fora da zona de proteção, seja atendida a
expressão 3.2.1.
(3.2.1)
Já que as correntes devem ter mesmo módulo e fase, então os TC’s devem
compensar tanto a relação de transformação do transformador, como a rotação angular
provocada pela conexão - Y.
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3.3.1. TRANSFORMADOR TRIFÁSICO SEM ROTAÇÃO DE FASE
3.3.2. TRANSFORMADOR - Y
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Tabela 3.1 – Conexões e Deslocamento Angular dos transformadores
Deslocamento Conexões
angular
0º
30º
Dd2 Dz2
60º
120º
12
150º
180º
-150º
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-120º
-60º
-30º
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1. Os secundários dos TC’s deverão estar conectados em Y no lado do transformador de
potência.
2. Os secundários dos TC’s deverão estar conectados em no lado Y do transformador de
potência.
A figura 3.3 mostra uma ligação para um transformador - Y. Entretanto, essa
ligação é genérica, e serve para transformadores com relação de transformação 1:1
apenas, pois só leva em consideração as ligações dos TC’s e o sentido das correntes.
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ia = iA + ib iA = ia – ib
ib = iB + ic iB = ib – ic
ic = iC + ia iC = ic – ia
As correntes no secundário do transformador nos lados de alta e de baixa do
transformador não são iguais, dessa forma precisa-se adequar a conexão dos TC’s. Faz-se
isso de duas formas possíveis:
Ligando os TC’s em no lado Y do transformador;
Utilizando outro conjunto de TC’s auxiliares intermediários em qualquer
lado visando adequar as correntes nas bobinas de restrição dos relés 87.
Seguindo os passos à risca, teremos a seguinte ordem de montagem:
E para o segundo passo, coloca-se os TC’s auxiliares para que as correntes nas
bobinas de restrição do relé sejam iguais.
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Figura 3.6 Conexões dos TC’s no lado Y do transformador de potência
Existem diversos tipos de conexão, como apresentado na tabela 3.1, dessa forma,
para cada conexão é necessário realizar uma combinação diferente de TC’s para que as
correntes nas bobinas primárias e secundárias sejam iguais.
Nos relés diferenciais convencionais as ligações dos TC’s devem compensar a
rotação angular produzida, podendo-se utilizar TC’s auxiliares para compensar
discrepâncias de relação de transformação e compensação adicional de rotação angular.
Já no caso de relé digital, a única conexão dos TC’s é utilizada para suprir diversas
funções do relé, e neste caso não há necessidade de se fazer as ligações físicas da mesma
conexão do transformador protegido. Portanto, no relé digital deve-se entrar com a
informação do transformador, especificando o tipo de conexão de suas bobinas primária e
secundária.
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bobinas de restrição o mais próximo possível das condições de operação do
transformador de potência.
O múltiplo do tap na bobina de restrição é dado pela expressão 4.1.
(4.1)
A sensibilidade do relé deve ser ajustada num valor maior que o erro total das
correntes diferenciadas.
4. CORRENTES DE INRUSH
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b) A corrente de inrush ou de magnetização do transformador possui forte
conteúdo de harmônicas, e o aspecto dessa corrente é variado. Nos primeiros 6 ciclos (0,1
segundos) a corrente apresenta-se bastante distorcida em decorrências das fortes
harmônicas, mas estas decaem rapidamente.
As correntes de inrush ocorrem nas 3 fases do lado da fonte de alimentação do
transformador, portanto na proteção diferencial, os TC’s do lado fonte são submetidos a
estas correntes, podendo fazer a proteção diferencial atuar.
Para evitar que a proteção diferencial atue no instante de energização do
transformador, pode-se:
a) Bloquear a operação do relé diferencial por 0,1 segundo durante a energização
do transformador;
b) Usar atenuadores de transitórios;
c) Utilizar relés diferenciais com retenção de harmônicas;
d) Utilizar relés digitais com lógicas de detenção de harmônicas.
É importante observar que no caso de transformadores elevadores, acoplados a
geradores síncronos, a corrente de inrush não é considerada, isso porque a energização do
transformador é feita de modo gradual.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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