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1. COMO FUNCIONAM OS RELÉS Os relés se dizem energizados quando estão sendo


percorridos por uma corrente em sua bobina capaz
Os relés são dispositivos comutadores de ativar seus contatos, e se dizem desenergizados
eletromecânicos. A estrutura simplificada de um quando não há corrente circulando por sua bobina.
relé é mostrada na figura 1 e a partir dela A aplicação mais imediata de um relé com contato
explicaremos o seu princípio de funcionamento. simples é no controle de um circuito externo
ligando ou desligando-o, conforme mostra a figura
3. Observe o símbolo usado para representar este
componente.

Quando a chave S1 for ligada, a corrente do


gerador E1 pode circular pela bobina do relé,
Nas proximidades de um eletroimã é instalada uma
energizando-o. Com isso, os contatos do relé
armadura móvel que tem por finalidade abrir ou
fecham, permitindo que a corrente do gerador E2
fechar um jogo de contatos. Quando a bobina é
circule pela carga, ou seja, o circuito controlado
percorrida por uma corrente elétrica é criado um
que pode ser uma lâmpada.
campo magnético que atua sobre a armadura,
Para desligar a carga basta interromper a corrente
atraindo-a. Nesta atração ocorre um movimento
que circula pela bobina do relé, abrindo para isso
que ativa os contatos, os quais podem ser abertos,
S1.
fechados ou comutados, dependendo de sua
Uma das características do relé é que ele pode ser
posição, conforme mostra a figura 2.
energizado com correntes muito pequenas em
relação à corrente que o circuito controlado exige
para funcionar. Isso significa a possibilidade de
controlarmos circuitos de altas correntes como
motores, lâmpadas e máquinas industriais,
diretamente a partir de dispositivos eletrônicos
fracos como transistores, circuitos integrados,
fotoresistores etc.
A corrente fornecida diretamente por um transistor
de pequena potência da ordem de 0,1A não
conseguiria controlar uma máquina industrial, um
motor ou uma lâmpada, mas pode ativar um relé e
através dele controlar a carga de alta potência.
(figura 4)

Outra característica importante dos relés é a


Isso significa que, através de uma corrente de
segurança dada pelo isolamento do circuito de
controle aplicada à bobina de um relé, podemos
controle em relação ao circuito que está sendo
abrir, fechar ou comutar os contatos de uma
controlado. Não existe contato elétrico entre o
determinada forma, controlando assim as correntes
circuito da bobina e os circuitos dos contatos do
que circulam por circuitos externos. Quando a
relé, o que significa que não há passagem de
corrente deixa de circular pela bobina do relé o
qualquer corrente do circuito que ativa o relé para
campo magnético criado desaparece, e com isso a
o circuito que ele controla.
armadura volta a sua posição inicial pela ação da
Se o circuito controlado for de alta tensão, por
mola.
exemplo, este isolamento pode ser importante em
termos de segurança.
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Do mesmo modo, podemos controlar circuitos de


características completamente diferentes usando
relés: um relé, cuja bobina seja energizada com
apenas 6 ou 12V, pode perfeitamente controlar
circuitos de tensões mais altas como 110V ou
220V.
O relé que tomamos como exemplo para analisar o
funcionamento possui uma bobina e um único
contato que abre ou fecha.
Na prática, entretanto, os relés podem ter diversos
tipos de construção, muitos contatos e apresentar
características próprias sendo indicados para
aplicações bem determinadas.
Analisemos como são construídos na prática os
relés:

2. OS RELÉS NA PRÁTICA
As armaduras dos relés devem ser construídas com
O que determina a utilização de um relé numa
materiais que possam ser atraídos pelos campos
aplicação prática são suas características. O
magnéticos gerados, ou seja, devem ser de
entendimento dessas características é fundamental
materiais ferromagnéticos e montadas sobre um
para a escolha do tipo ideal.
sistema de articulação que permita sua
A bobina de um relé é enrolada com um fio
movimentação fácil, e retorno à posição inicial
esmaltado cuja espessura e número de voltas são
quando o campo desaparece.
determinados pelas condições em que se deseja
Peças flexíveis de metal, molas ou articulações são
fazer sua energização.
alguns dos recursos que são usados na montagem
A intensidade do campo magnético produzido e,
das armaduras.
portanto, a força com que a armadura é atraída
A corrente máxima que os relés podem controlar
depende tanto da intensidade da corrente que
depende da maneira como são construídos os
circula pela bobina como do número de voltas que
contatos. Além disso existe o problema do
ela contém.
faiscamento que ocorre
Por outro lado, a espessura do fio e a quantidade
durante a abertura e fechamento dos contatos de
de voltas determinam o comprimento do
relé, principalmente no controle de determinado
enrolamento, o qual é função tanto da corrente
tipo de carga (indutivas).
como da tensão que deve ser aplicada ao relé para
O material usado deve então ser resistente,
sua energização, o que no fundo é a resistência do
apresentar boa capacidade de condução de
componente. Todos
corrente e, além disso, ter um formato próprio,
estes fatores entrelaçados determinam o modo
dependendo da aplicação a que se destina o relé.
como a bobina de cada tipo de relé é enrolada.
Dentre os materiais usados para a fabricação dos
De um modo geral podemos dizer que nos tipos
contatos podemos citar o cobre, a prata e o
sensíveis, que operam com baixas correntes, são
tungstênio. A prata evita a ação de queima
enroladas milhares ou mesmo dezenas de milhares
provocada pelas faíscas, enquanto os contatos de
de voltas de fios
tungstênio evitam a oxidação.
esmaltados extremamente finos, alguns até mesmo
O número de contatos e sua disposição vai
mais finos que um fio de cabelo! (figura 5).
depender das aplicações a que se destinam os
relés.
Temos então diversas possibilidades:
2.1 Contatos NA ou Normalmente Abertos
Os relés são dotados de contatos do tipo
normalmente abertos, quando estes permanecem
desligados até o momento em que o relé seja
energizado. Quando o relé é energizado, os
contatos fecham, e com isso pode circular corrente
pelo circuito externo. Podemos ter relés com um ou
mais contatos do tipo NA, conforme mostra a fig. 6.
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Usamos relés com contatos do tipo NA quando


queremos ligar uma carga externa ao fazer uma
corrente percorrer a bobina do relé, ou seja,
quando o energizarmos.
A energia da fonte E passa então do circuito de
2.2 Contatos NF ou Normalmente Fechados carga 1 para o circuito de carga 2.
Estes relés apresentam um ou mais contatos que O número de contatos NA e NF de um relé pode
estão fechados, permitindo a circulação pela carga variar bastante, o que garante uma enorme
externa, quando a bobina estiver desenergizada. versatilidade para este componente.
Quando a bobina é percorrida por uma corrente, o Assim, jogando com os dois contatos reversíveis,
relé abre seus contatos, interrompendo a circulação podemos fazer inversões do sentido de circulação
de corrente pela carga externa. (figura 7) da corrente.
Os relés podem ainda ter bobinas para operar tanto
com corrente contínua como com corrente
alternada.
No caso de corrente contínua, a constância do
campo garante um fechamento firme, sem
problemas.
No entanto, no caso do acionamento por corrente
alternada, a inversão do sentido da corrente numa
determinada freqüência faz com que o campo
magnético apareça e desapareça dezenas de vezes
por segundo, o que leva a armadura e os contatos
a uma tendência de vibração.
Para evitar este problema técnicas especiais de
construção são usadas, sendo que a mais eficiente
consiste na colocação numa das metades do núcleo
Usamos este tipo de relé para desligar uma carga da bobina de um anel de cobre. Neste anel é então
externa ao fazer uma corrente percorrer a bobina induzida uma forte corrente que cria um segundo
do relé. campo magnético, o qual divide o campo principal
em dois fluxos defasados. Assim, não existe um
2.3 Contatos NA e NF ou Reversíveis instante em que o campo seja nulo, quando a
Os relés podem também ter contatos que permitem armadura pode "descolar", e com isso causar as
a utilização simultânea dos contatos NA e NF ou de vibrações.
modo reversível, conforme mostra a figura 8. Por este motivo, os relés usados em corrente
contínua não são os mesmos empregados em
circuitos de corrente alternada.

2.5 Reles abertos, fechados e selados


Dependendo das aplicações, temos ainda para os
relés montagens diferentes do conjunto de peças
Quando o relé está com a bobina desenergizada, o
que o formam. Os relés podem ser abertos, ou
contato móvel C faz conexão com o contato fixo
seja, sem proteção, se forem usados em
NF, mantendo fechado este circuito.
equipamentos fechados, que não estejam sujeitos
Energizando a bobina do relé o contato C (comum)
a poeira, umidade ou outros elementos que
passa a encostar no contato NA, fechando então o
prejudiquem o componente.
circuito.
Temos também relés fechados mas sem vedação
Podemos usar este tipo de relé para comutar duas
alguma que são utilizados na maioria das
cargas, conforme sugere a figura 9.
aplicações comuns. Estes relés possuem coberturas
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de materiais diversos, como por exemplo o plástico


que pode ser opaco ou transparente.
Existem ainda os relés herméticos que são
encerrados em invólucros que impedem a
penetração de ar do meio ambiente.
Em especial estes relés são empregados em A flexibilidade da lâmina usada permite que
aplicações que ficam em atmosferas combustíveis, campos magnéticos muito fracos consigam atuar
já que o acionamento dos contatos pode ser sobre elas fechando os contatos, o que dá origem a
acompanhado de faíscas que causariam a ignição relés extremamente sensíveis e compactos. No
do combustível e com isso o perigo de explosão. entanto, estas mesmas lâminas não suportam
correntes elevadas, o que significa que, se obtemos
2.6 Ligação dos relés ao circuito externo um relé muito sensível, ele não pode operar com
Outro fato importante na construção de um relé é a correntes elevadas nem tensões muito altas.
maneira como ele vai ser ligado ao circuito externo. Existem aplicações em que a miniaturização do
Para esta finalidade, os relés são dotados de reed-relé e a sua sensibilidade tornam este
terminais. O tipo mais simples possui, então, 4 componente ideal. A METALTEX possui na sua linha
terminais sendo 2 para a conexão à bobina e 2 de relés os tipos relés reed da série RD, que podem
para os próprios contatos. (figura 11) ser montados diretamente em placa de circuito
impresso.

4. CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS RELÉS


Como acionar um relé? Que tipo de circuitos
externos podem ser controlados por um relé?
Na utilização de qualquer tipo de relé num projeto
O número de terminais aumentará na proporção é fundamental ter respostas para as duas
em que aumenta o número de contatos e estes perguntas acima, e em alguns casos para outras.
podem ter as mais diversas aparências. Nos manuais de fabricantes de relés, como os da
Em aplicações profissionais, onde a eventual METALTEX, encontramos informações que
substituição rápida de um relé deve ser feita com permitem a avaliação do que um relé pode fazer e
presteza, são usados encaixes em bases fixas. São como deve ser usado. No entanto, é preciso saber
os relés de encaixe ou plug-in. Temos ainda relés interpretar estas informações, para que não
que comutam sinais de altas freqüências, e que aconteçam surpresas desagradáveis num projeto.
utilizam conectores para os contatos do tipo Iniciaremos então nossas explicações pelas
coaxial. Este tipo de configuração é necessário para características elétricas dos relés.
que não ocorram perdas na transferência das
correntes que o relé deve comutar em seus 4.1 Características da bobina
contatos. Para que o relé seja energizado corretamente e os
contatos atuem, é preciso que uma corrente de
3. REED RELÉS intensidade mínima determinada circule pela sua
Reed-switches são interruptores hermeticamente bobina. Devemos então aplicar uma tensão de
encerrados em ampolas de vidro, conforme mostra determinado valor, que em função da resistência
a figura 13. do enrolamento vai permitir que a corrente mínima
determinada seja estabelecida. Na prática os relés
são especificados em termos da corrente que deve
passar pelo enrolamento para uma determinada
tensão que é a tensão de funcionamento. Na
verdade é preciso levar em conta que, para fechar
o relé, precisamos de uma certa intensidade de
campo magnético que puxe a armadura para perto
da bobina com certa força, mas uma vez que a
armadura se aproxima, o campo já não precisa ser
tão forte para mantê-la junto à bobina, e com isso
Duas lâminas no interior de uma ampola podem ser o relé fechado. Devemos então distinguir a tensão
movidas pela ação de um campo magnético. Uma que aciona o relé da tensão que o mantém fechado
das maneiras de fazer um reed-switch fechar os que é muito menor.
contatos, encostando uma lâmina na outra, é A corrente que aciona o relé é denominada
através do campo magnético de um imã. corrente de acionamento, enquanto que a corrente
A outra maneira é colocar este elemento no interior que o mantém fechado (muito menor) é a corrente
de uma bobina, dando origem assim ao de manutenção. Fixando a tensão que deve
componente denominado reed-relé. (figura 14) disparar um relé de corrente contínua, a corrente
que vai circular por sua bobina é função da
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resistência do enrolamento, o que pode ser como por exemplo um transformador, um motor,
calculado facilmente pela lei de Ohm. Assim, se um um solenóide etc.
relé for especificado para uma tensão nominal de A superfície dos contatos determina, por outro
24 volts, quando então circula uma corrente de 20 lado, a intensidade máxima da corrente que pode
mA (0,02 A), podemos calcular a resistência com ser controlada. Estes dois fatores devem ser
uma simples divisão: levados em conta na utilização de um relé. Assim,
temos a especificação da corrente máxima que
R = V/IR = 24/0,02R = 1200 ohms cada contato pode controlar tanto em circuitos
As características da bobina do relé de corrente resistivos como indutivos. Evidentemente, a
contínua (resistência, corrente e tensão) ficam corrente máxima num circuito resistivo é sempre
então perfeitamente definidas quando temos duas maior que a permitida para um circuito indutivo.
das três grandezas acima citadas: Se tivermos a Alguns recursos permitem a proteção dos contatos
tensão (V) e a corrente (I), calculamos a com o prolongamento de sua vida útil, na
resistência (R) pela fórmula: comutação e controle de cargas indutivas
R = V/I "amortecendo" as faíscas, mas isso será visto
Se tivermos a tensão (V) e a resistência (R), posteriormente.
calculamos a corrente pela fórmula: A vida útil de um relé está basicamente
I = V/R determinada pela durabilidade dos contatos, e
Finalmente, se tivermos a corrente (I) e a como o desgaste ocorre nos momentos em que
resistência (R), calculamos a tensão (V) pela ocorrem as comutações, esta característica é dada
fórmula: em termos de abertura e fechamento do relé em
V=RxI milhares ou mesmo milhões de vezes. Temos ainda
Veja que estas tensões são "valores nominais", ou como especificação importante a tensão máxima
seja, aqueles que são recomendados numa que os circuitos do contato podem admitir. Esta
operação normal. Na prática o relé pode fechar característica é importante levando-se em conta a
seus contatos com tensões menores, mas este possibilidade de ocorrer faiscamentos ou mesmo
fator deve, ser levado em conta quando se desejar fugas entre os contatos dado o seu afastamento na
máxima confiabilidade do componente. Os valores posição em aberto, se a tensão máxima for
superiores também são admitidos, apenas até certo superada. Valores típicos estão na faixa dos 150
limite. Se a aplicação de uma tensão num circuito aos 250V. Como a potência controlada no circuito
que tenha uma certa resistência, como a bobina de de carga é dada pelo produto da corrente pela
um relé, significa a produção de calor, temos aí um tensão, em alguns casos especifica-se a potência
motivo claro da limitação. As bobinas podem máxima também.
dissipar apenas uma quantidade definida de calor, Existem casos em que não se recomenda que a
que não deve ser superada. Os fabricantes de relés corrente máxima especificada para os contatos seja
indicam então qual é a porcentagem acima da aplicada também com a tensão máxima. Limita-se
tensão nominal que pode ser aplicada no máximo assim a potência.
na bobina de um relé sem o perigo de haver Uma outra especificação importante em certas
aquecimento. Valores típicos estão entre 10 e 15% aplicações é o tempo que o relé demora para
acima da tensão nominal. Resumindo: as fechar seus contatos. Existe então um intervalo de
características elétricas da bobina de um relé, que tempo mínimo indicado pelo fabricante que decorre
devem ser levadas em conta num projeto, são: entre a aplicação da tensão na bobina e o pleno
 Tensão nominal, tensão de operação e tensão fechamento dos contatos. Este valor varia de tipo
máxima de trabalho para tipo e é dado tipicamente em milisegundos
 Corrente nominal (ms).Veja então que os dois tempos devem ser
 Resistência ôhmica levados em conta quando se deseja que o relé
 Potência nominal dissipada opere em ciclos rápidos.
Do mesmo modo, existe um tempo determinado
4.2 Características dos contatos para o desaparecimento do campo magnético na
Além do número de contatos e o tipo, devemos bobina a partir do instante em que a corrente é
também conhecer características elétricas desses interrompida. As linhas de forças do campo
contatos, para utilizá-los sem problemas em magnético se contraem em velocidade limitada pela
qualquer projeto. A primeira característica que nos indutância da bobina, e isso influi diretamente no
interessa é a corrente máxima que podem tempo em que os contatos demoram para abrir.
controlar. A abertura e fechamento dos contatos de (figura 15) Os fabricantes especificam também o
um relé exige um certo tempo, o que significa que tempo de abertura do relé em milisegundos.
nos pontos de aproximação máxima podem ocorrer
arcos, ou seja, pequenas faíscas que tendem a
queimá-los com o tempo. Estas faíscas são mais
intensas quando se comuta um circuito indutivo
6

se encontram em seu estado de expansão máxima,


começam a se contrair. Nesta contração, as espiras
da bobina do próprio relé são cortadas, havendo
então a indução de uma tensão. Esta tensão tem
polaridade oposta àquela que criou o campo e
pode atingir valores muito altos.
O valor desta tensão depende da velocidade de
contração do campo (di/dt) e da indutância da
bobina (L). Se o componente que faz o
acionamento do relé não estiver dimensionado para
suportar esta tensão, se não houver uma proteção
Uma outra especificação importante em certas adequada, sua queima será inevitável. (figura 16)
aplicações é o tempo que o relé demora para Do mesmo modo, existe um tempo determinado
fechar seus contatos. Existe então um intervalo de para o desaparecimento do campo magnético na
tempo mínimo indicado pelo fabricante que decorre bobina a partir do instante em que a corrente é
entre a aplicação da tensão na bobina e o pleno interrompida. As linhas de forças do campo
fechamento dos contatos. Este valor varia de tipo magnético se contraem em velocidade limitada pela
para tipo e é dado tipicamente em milisegundos indutância da bobina, e isso influi diretamente no
(ms). Veja então que os dois tempos devem ser tempo em que os contatos demoram para abrir.
levados em conta quando se deseja que o relé (figura 15) Os fabricantes especificam também o
opere em ciclos rápidos. tempo de abertura do relé em milisegundos.
Estes tempos determinam a máxima freqüência Diversas são as técnicas empregadas para eliminar
que o relé pode responder. É claro que não se este problema, sendo a mais conhecida a que faz
recomenda a utilização deste tipo de componente uso de um diodo, conforme mostra a figura 17.
em aplicações que exijam a repetição de muitos
ciclos de operação rapidamente, pois existe uma
limitação para a vida útil dos contatos. Esta vida
útil é indicada em termos de quantidade de
operações, ficando tipicamente entre 250 mil e 30
milhões, conforme a corrente controlada.
Finalmente devemos levar em conta a resistência
dos contatos que pode ser expressa de diversas
formas. Uma das maneiras consiste em se indicar a
resistência de contato inicial, que é a resistência de
um contato que ainda não comutou carga e, O que ocorre neste caso é que o diodo está
portanto, ainda não sofreu desgaste pelo polarizado inversamente em relação a tensão que
faiscamento. Esta resistência é expressa em dispara o relé. Assim, quando ocorre a indução de
milésimos de ohm (mohms) situando-se uma alta tensão nos extremos da bobina no
tipicamente entre 10 e 100. Além destas momento da interrupção da corrente, o diodo
especificações todas existem outras que polarizado no sentido direto passa a ter uma baixa
eventualmente podem ser necessárias nas resistência absorvendo assim a energia que, de
aplicações mais críticas. Dentre elas podemos citar outra forma, poderia afetar o componente de
o isolamento entre a bobina e os contatos, a disparo.
capacitância entre os contatos quando eles estão Outra técnica, menos comum dado o custo do
abertos, já que nestas condições podemos componente, é a que faz uso de um varistor ligado
considerá-los como as placas de um capacitor. em paralelo com a bobina do relé, conforme
Temos ainda o peso do componente, a vibração, a mostra a figura 18.
rigidez dielétrica entre bobina e contatos e entre os
contatos etc.

5. COMO USAR UM RELÉ


Alguns pequenos cuidados no projeto de circuitos
com relês podem ser importantes, tanto no sentido
de se obter maior durabilidade para o componente,
como de proteger os próprios componentes do
circuito de acionamento. Analisemos os principais
casos:

5.1 Proteção do circuito de acionamento


No momento em que um relé é desenergizado, as
linhas de força do campo magnético da bobina, que
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faiscamento excessivo e com isso a queima dos


contatos.
Outro recurso consiste no emprego do varistor e
até mesmo de capacitores e resistores.
Os capacitores e resistores são indicados para os
circuitos de corrente alternada, onde o diodo não
pode ser empregado.
Na tabela abaixo temos algumas sugestões de
circuitos para proteção dos contatos em cargas
com tensões alternadas ou contínuas.

APLICA
ÇÃO TIPO DE OBSERVA
CIRCUITO
CARGA ÇÕES
CA CC

em forma de corrente e a dissipe em forma de


calor devido a resistência da carga indutiva.
O diodo conectado em paralelo com a carga faz
com que a energia acumulada na bobina flua

Este circuito aumenta o tempo de desoperação

direta maior que a corrente da carga. Em

muito alta a tensão reversa do diodo pode ser


Use um diodo com tensão reversa mínima de
10 vezes a tensão do circuito e com corrente

circuitos eletrônicos quando a tensão não é


O varistor ou VDR é um componente, normalmente

de 2 a 3 vezes a tensão de alimentação.


de óxido de zinco que apresenta uma característica
não linear de corrente versus tensão, conforme
mostra a curva da mesma figura. Quando a tensão
supera certo valor a resistência do componente cai

Diodo

NÃO

SIM
abruptamente.

se comparado com o RC.


Esta propriedade pode ser usada para absorver a
corrente no instante em que o relé é desenergizado
e que poderia causar problemas aos componentes
de disparo.
A tensão do VDR ou Varistor deve ser escolhida de
tal modo a ser maior que a tensão de disparo do
relé, porém menor que a tensão máxima suportada
pelo elemento usado no disparo.
A utilização de um capacitor + resistor em paralelo

variar dependendo das propriedades da carga e variações das características do


os contatos e a tensão da fonte for 24V ou

C- 0,5 a 1mF por 1A da corrente que passa pelo contato. Os valores acima podem
Se a carga for um relé ou solenóide o tempo

Mais eficaz quando conectado entre ambos

relé. O capacitor deve ter tensão de ruptura de 200V a 300V. Para circuitos em CA
com a bobina é também um meio de proteção, mas

48V e a tensão da carga de 100 a 200V.


que nem sempre é recomendado, dada a
velocidade com que ocorre a comutação.

5.2 Proteção dos contatos


Além da observação das limitações de corrente e Os valores de R e C podem ser selecionados da seguinte forma:
SIM
*

de abertura aumenta.

tensão que devem aparecer nos contatos de um


relé, existem alguns cuidados adicionais que podem
prolongar sua vida e, com isso, a vida do próprio
relé.
Circuito RC

Na comutação de cargas indutivas é conveniente


agregar-se ao circuito elementos de proteção
R- 0,5 a 1W por 1V da tensão de contato.

os capacitores devem ser não-polarizados

contra faiscamento.
* Se este circuito for usado em
tensão CA certifique-se que a
impedância da carga seja menor
que a impedância do circuito RC
SIM

SIM

Na figura 19 temos um diodo usado em paralelo


com a carga indutiva de modo que seja evitado o
aparecimento de altas tensões nos contatos na sua
abertura. Estas elevadas tensões poderiam causar
8

multiplicada pelo ganho. Assim, se o relé tem uma


Diodo e Diodo Zener

Use um diodo zener com


É eficaz quando o tempo
de não condução do

tensão similar a da
resistência de 100 ohms em um acionamento com
6V, com este circuito, ele passará a representar

diodo é muito longo.


uma resistência de 5 000 ohms.

tensão da fonte.
NÃO

SIM
Podemos usar qualquer transistor de silício de uso
geral com o ganho superior a 50 e corrente de
coletor máxima de 100 mA ou mais. Tipos
recomendados são os BC547 e equivalentes.
Observe a utilização de um diodo de proteção em
paralelo como relé. A capacidade de corrente do
Usando a característica de tensão estável do componente,
este circuito previne picos de tensão vindos da comutação

desoperação dos contatos. Mais eficaz quando conectado


dos contatos. Este circuito também aumenta o tempo de

em ambos contatos e a tensão da fonte for 24V ou 48V e


circuito controlado vai depender das características
de contato do relé empregado.

6.2. Driver de 1 transistor PNP


Varistor

a tensão da carga de 100 a 200V.


SIM

SIM

As características do circuito dado a seguir são as


mesmas do anterior, com a diferença que usamos
um transistor PNP. Temos então uma mudança de
todas as polaridades. (figura 21)
Como exemplos de transistores que podem ser
usados nesta aplicação temos os seguintes: BC557,
BC558, 8C559, BC177.
6. CIRCUITOS PRÁTICOS - DRIVERS
Chamamos de drivers os circuitos que permitem
6.3. Driver para C.A.
excitar relés a partir de correntes ou tensões fracas
Os dois circuitos anteriores podem ser usados para
demais para fazerem isso diretamente. Estes
excitar relés a partir de sinais de correntes
circuitos podem ser usados para aumentar a
alternadas áudio ou RF) com a utilização de uma
sensibilidade de um relé, permitir a operação de
ponte de diodos.
relés de corrente contínua a partir de sinais
Esta ponte também permite que sinais de qualquer
alternantes, modificar o tempo de resposta, ou
polaridade seja usados no disparo do relé. (figura
simplesmente responder a faixas determinadas de
22)
tensões.

6.1. Driver de 1 transistor


Este circuito permite a multiplicação por 100 da
sensibilidade de um relé em termos de corrente
(fig. 20).

O capacitor é usado no caso de sinais de áudio ou


RF, enquanto que para simples disparo com
inversão de polaridade ele pode ser eliminado.
O ganho também depende das características do
transistor, podendo ser fixado tipicamente em 50
vezes através de R2. Podemos empregar este
circuito com relés de 6 a 12V. Para tensões
maiores, o transistor deve ser trocado por
O que temos é um seguidor de emissor, onde os equivalente com tensão máxima entre coletor e
valores dos resistores empregados dependem das emissor de pelo menos 50V.
características do relé e do transistor. Este circuito
pode operar com relés tanto de 6 como de 12V 6.4. Driver de alto ganho com 2 transistores NPN
para correntes de acionamento de até 100 mA. A O circuito apresentado a seguir tem uma
resistência R2 deve ser 100 vezes a resistência da sensibilidade maior ainda. Com ele podemos
bobina do relé para um ganho de 50 vezes. multiplicar por 500 a sensibilidade de um relé com
R1 funciona como limitador da corrente de entrada.
A resistência da entrada deste circuito ficará
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tensões de trabalho de 6 a 12V ou mais. (figura A ponte retificadora de entrada se encarrega de


23). aplicar a polaridade certa nos transistores e, com
isso, a ativação. Os valores dos resistores são
calculados da mesma forma que nos circuitos 4 e 5,
já que temos a mesma configuração básica.
O capacitor será necessário se o circuito tiver de
ser acionado com sinais de áudio ou mesmo RF.
Lembramos que existe uma barreira de potencial
da ordem de 0,7 V nos diodos de silício e da ordem
de 0,2 V nos de germânio a ser vencida para haver
Os valores dos componentes dependem das a polarização dos diodos. Como temos dois diodos
características do relé. Assim, o resistor R2 deve neste circuito, para os tipos de silício o sinal de
ser 100 vezes maior que a resistência do relé ativação deve ter uma amplitude mínima da ordem
empregado, enquanto que R3 deve ter 100 vezes a de 1,4 V, e para os tipos de germânio u1-1ia
resistência de R2. amplitude mínima de 0,4 V. Para tensões maiores
Para um relé como o ML2RC1 de 65 ohms de de alimentação os transistores devem ser trocados
bobina, R2 pode ser de 6k8, enquanto que R3 será por tipos de maior VCE.
de 680k. Lembramos também que neste circuito existe uma
Os transistores serão ambos 8C548 ou pequena queda de tensão no circuito de
equivalentes, e o diodo de proteção pode ser o acionamento que deve ser compensada por maior
1N4148 ou equivalente. alimentação em relação ao mínimo requerido para
A corrente de acionamento do relé neste caso o disparo do relé.
passará a ser de apenas 184 uA.
6.7. Driver Darlington
6.5. Driver de alto ganho com transistores PNP A configuração mostrada na figura 26 utiliza dois
O mesmo circuito anterior, na versão com transistores NPN de uso geral na configuração
transistores PNP, é mostrado na figura 24. Darlington, com carga de coletor.

O ganho será dado aproximadamente pelo produto


dos ganhos dos transistores, o que significa uma
Os resistores são calculados de modo análogo ao excelente sensibilidade.
caso anterior, e a sensibilidade será multiplicada Temos também como recurso importante para este
por 500. Lembramos que para estes circuitos será circuito um ajuste de pré- polarização que leva o
interessante que a tensão de alimentação seja pelo relé ao limiar do disparo, isso feito num
menos 2V maior que a tensão de acionamento do potenciômetro de 1M.
relé, para compensar as quedas nos transistores. Com isso, a sensibilidade obtida é enorme,
A tensão de ativação dos relés nestas aplicações devendo o circuito ser disparado com tensões
também fica reduzida sensivelmente: com 0,7.V contínuas.
aproximadamente conseguimos excitar o circuito. Podemos empregar este circuito com relés de 6 ou
12V. Levando em conta a pequena queda de
6.6. Driver de alto ganho para CA tensão que ocorre no transistor Q2 e no resistor R3
Para a ativação de um relé com ganho de será conveniente que a tensão de alimentação seja
sensibilidade da ordem de 500 vezes, mas com 1 a 3V maior que a tensão necessária ao disparo do
sinais alternantes ou sem polaridade definida (duas relé.
polaridades temos o circuito da fig.25 A resistência de entrada deste driver é da ordem
de mega ohms, podendo o mesmo ser disparado
com baixíssimas correntes. Uma ponte de diodos
na entrada permite sua atuação com sinais
alternantes ou sem polaridade definida. O capacitor
C1 influi no
retardo ao disparo e também na filtragem de
eventuais transientes que possam causar um
disparo errático do relé.
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6.8. Driver complementar 700mV x 50mA


O driver apresentado permite o disparo de um relé
de 6 a 12V com uma corrente de apenas 50 uA e
tensão de 700 mV. São usados dois transistores,
um PNP e um NPN. O relé pode ser de qualquer
tipo com corrente até 100 mA e tensão da mesma
ordem do que a usada na alimentação. (figura 27)

Para acionamento com sinais positivos damos o


circuito da figura 30.

O resistor R1 serve de limitador de corrente, e R2


determina a polarização em repouso de Q1. Com a
condução de Q1, o transistor Q2 é polarizado na
saturação, energizando assim a bobina do relé.
Para tensões maiores do que 15V alterações nos Neste circuito é feita a troca do transistor NPN por
valores dos componentes devem ser feitas e Q2 um PNP equivalente, e as relações entre os demais
trocado por um equivalente de maior VCE. componentes são mantidas
Uma ponte de diodos na entrada permite a
ativação com sinais sem polaridade ou alternantes. 6.11. Driver de potência
Este circuito, com um ganho de aproximadamente
6.9. Driver complementar inverso 40 vezes (corrente), permite o acionamento de
Na figura 28 temos o circuito equivalente ao relés com correntes de bobina de até 500 mA e
anterior, mas com polaridade inversa. tensões até 24V. (figura 31)

As características obtidas são as mesmas, exceto


pela polaridade do sinal de disparo. Enquanto o A versão com transistor PNP é mostrada na figura
primeiro é disparado por uma tensão positiva de 32.
700 mV este é disparado por tensões negativas.
As características obtidas são as mesmas, exceto
pela polaridade do sinal de disparo. Enquanto o
primeiro é disparado por uma tensão positiva de
700 mV este é disparado por tensões negativas.

6.10. Driver com operacional


Amplificadores operacionais como o 741 podem ser
usados para excitar relés conforme o circuito
mostrado na figura 29.

O transistor deverá ser montado em radiador de


calor e o diodo é de uso geral como o 1N4148.
A tensão de disparo deve estar em torno de 0,7 V.
O resistor de 470 ohms eventualmente deve ser
aumentado em função da intensidade do sinal para
limitação da corrente de base no transistor.
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6.12. Driver com SCR


O circuito mostrado na figura 33 faz o disparo de Fonte:
um relé através de um SCR apresentando enorme http://www.metaltex.com.br/tudosobrereles/tudo1.html
sensibilidade. Os SCR da série 106 podem ser
disparados com tensões entre 0,7 e 1V tipicamente
e correntes da ordem de 200uA.

Deve ser observado que o SCR, após o disparo,


não desliga, a não ser que a tensão entre seu
ânodo e cátodo seja momentaneamente reduzida a
zero. Isso pode ser conseguido com um interruptor
de pressão ligado entre o ânodo e o cátodo ou
então pela interrupção momentânea da corrente da
fonte.
O SCR também provoca uma queda de tensão da
ordem de 2V que deve ser compensada na fonte,
para que o relé dispare convenientemente.
Podemos ativar relés de corrente de até mais de 1A
com tensões até 48V. Para correntes acima de 500
mA será conveniente dotar o SCR de um radiador
de calor.
O disparo é feito com pulsos de tensão positiva ou
tensões contínuas positivas.

6.13. Driver biestável com SCR


O circuito apresentado na figura 34 é um biestável
com SCR que dispara um relé.
Estando inicialmente SCR1 em condução e SCR2
em não condução, um pulso de entrada inverte
esta situação, ativando o relé. Para desativá-lo
bastará aplicar novo pulso.
O capacitor de 10uF de realimentação é obtido pela
associação de dois eletrolíticos de 22uF em
oposição. O resistor R deve ser dimensionado para
que, na tensão de alimentação do circuito,
tenhamos no disparo do SCR uma corrente maior
que a de manutenção (Ih). Um valor típico para a
corrente neste circuito é de 100mA.
Para relés que exijam correntes maiores, será
conveniente dotar o SCR de um radiador de calor.

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