Você está na página 1de 3

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS LITERÁRIOS

NOME DA DISCIPLINA: As formas da fábula


PROFESSOR RESPONSÁVEL: MARIA CELESTE CONSOLIN DEZOTTI
CRÉDITOS: 08

EMENTA:
A fábula entre a prática discursiva e o gênero literário. Estruturas discursivas e textuais:
metalinguagem e intertextualidade. A fábula e os arredores: exemplum, parábola, apólogo, anedota,
símile, alegoria, provérbio, máxima, bestiário. As tradições da fábula (Grécia, Roma, Índia) e suas
confluências em La Fontaine. A fábula na literatura brasileira: do Romantismo à
contemporaneidade.

OBJETIVO:
1. Estudar as várias formas de expressão da fábula como gênero literário oriundo de uma prática
discursiva estruturada no uso do exemplum retórico. 2. Observar a natureza difusa das fronteiras
entre a fábula e outros gêneros textuais populares que dela são próximos. 3. Refletir a respeito da
relação entre o didatismo da fábula e literatura infanto-juvenil. 4. Estudar textos constitutivos das
tradições da fábula. 5. Estudar autores de fábulas na literatura brasileira, sob a perspectiva do
binômio tradição/inovação.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

I. Delimitações da fábula como gênero textual


1. Prática discursiva e gênero literário: fábula e exemplum retórico.
2. Estrutura triádica do texto fabular: os atos de fala e a metalinguagem.
3. Variedades do texto narrativo e do texto moral da fábula.
4. O efeito fábula
5. Gêneros fronteiriços: alegoria, símile, anedota, parábola, apólogo, provérbio, máximas, narrativas
de animais, bestiário.

II. As tradições da fábula


1. Esopo e a fábula esópica
2. Reescrituras greco-latinas da fábula esópica (Fedro, Bábrio, Aviano)
3. Contribuições da Índia e da Mesopotâmia
4. A confluência das tradições em La Fontaine
5. A fábula e a literatura infanto-juvenil.

III. A fábula na literatura brasileira


1. Os primórdios da fábula no século 19: Justiniano José da Rocha, Francisco Vilela Barbosa,
Anastácio Luiz do Bomsucesso, Machado de Assis, Vicente de Carvalho e Olavo Bilac.
2. Fabulistas do século 20: Coelho Neto, Juó Bananere, Laura Brandão, José Oiticica, Catulo da
Paixão Cearense, Raimundo Morais e Monteiro Lobato, Murilo Mendes, Mário Quintana,
Maximiano Gonçalves.
3. Fabulistas modernos: Millôr Fernandes, Chico Buarque (Fazenda modelo), Claudius, Eno
Wanke, Wilson Bueno, Donaldo Schüler, Rachel Gazolla, Antonio Prata.

CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO: Participação em sala de aula; exposição de seminários;


composição de monografia a ser entregue no final da disciplina.
BIBLIOGRAFIA:

I. Fabulistas da tradição
BABRIUS AND PHAEDRUS. Fables. By Ben Edwin Perry. London: Heinemann Ltd., 1975.
DEZOTTI, Maria Celeste C. (Org.). A tradição da fábula. De Esopo a La Fontaine. Brasília:
Editora da UNB; São Paulo: Imprensa Oficial do ESP, 2003.
ESOPO. Fábulas. (bilíngue) Trad. de Manuel Aveleza. Rio de Janeiro: Thex, 1999.
ESOPO. Fábulas completas. Trad. de M.C.C. Dezotti. São Paulo: CosacNaify, 2013.
FACAL, J.L.; LA PEÑA, P.B. Fábulas de Esopo. Vida de Esopo. Fábulas de Babrio. Madrid: Gredos,
1985.
FEDRO. Fábulas. Trad. de Nicolau Firmino. 4a. ed. Lisboa: Inquérito, 1990.
LA FONTAINE. Fábulas. Trad. Milton e Eugênio Amado. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
LA FONTAINE. Fábulas. David Corazzi e José de Melo (Eds.). Rio: Imprensa Nacional, 1886.
Pañcatantra. Fábulas indianas. livro I. Trad. M. G. Tesheiner, M. E. Fleming, M.V.A. de Mello
Vargas. São Paulo: Humanitas, 2003.
Pañcatantra. Fábulas indianas. livro II e III. Trad. M. G. Tesheiner, M. E. Fleming, M.V.A. de
Mello Vargas. São Paulo: Humanitas, 2008.

II. Fabulistas brasileiros


ASSIS, Machado de. Poesias Completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1976.
ASSIS, Machado de. "Um apólogo". In: M. T. Gonçalves; Z. T. de Aquino; Z. B. Silva (Orgs.).
Antologia de Antologias. Prosadores brasileiros 'revisitados'. São Paulo: Musa, 1996. p. 221-222.
BANANÉRE, Juó. La divina increnca. São Paulo: Folco Masucci, 1966.
BILAC, Olavo. Poesias infantis. in: Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 291-344.
BRANDÃO, Laura. Meia dúzia de fábulas. 1917. [edição do autor]
BUENO, Wilson. Cachorros do céu. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005.
BUENO, Wilson. Jardim zoológico. São Paulo: Iluminuras, 1999.
CARVALHO, Vicente de. A flor e a fonte. In: M. T. Gonçalves; Z. T. Aquino; Z. B. Silva (Orgs.).
Antologia de Antologias. 101 poetas brasileiros 'revisitados'. São Paulo: Musa, 1995. p. 361-362.
CEARENSE, Catullo da P. Fábulas e alegorias. 6a ed. Rio de Janeiro: A Noite, 1945.
CLAUDIUS. Era uma vez...fábulas políticas. São Paulo: Brasiliense, 1980.
COELHO NETO. Fabulário. 2a ed. Porto: Chardron, 1919.
COELHO NETO. Apólogos - Contos para crianças. 4a ed. Porto: Chardron, 1924.
FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. 5a.ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1977.
FERNANDES, Millôr. Novas Fábulas Fabulosas. 3a.ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985.
FERNANDES, Millôr. Cem fábulas fabulosas. 2a. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
GAZOLLA, Rachel. Fábulas nuas e cruas. São Paulo: Parábola, 2005.
GONÇALVES, Maximiano A. Fabulário em verso popular. Rio de Janeiro: H. Antunes, 1950.
LAGÓRIO, Eduardo. Cem Kixti Tukano. Brasília: Funai, 1983.
MARICÁ, Mariano José Pereira da Fonseca, Marquês de. Máximas, pensamentos e reflexões do
Marquês de Maricá. Rio de Janeiro: MEC; Casa Rui Barbosa, 1958.
MONTEIRO LOBATO. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MORAIS, Raimundo. Histórias silvestres do tempo em que animais e vegetais falavam na
Amazônia. Belo Horizonte-MG: Itatiaia, 1986.
OITICICA, José. Manual de Estilo. 2a ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1933.
PARANAGUÁ, Francisco Vilela Barbosa, Marquês de. "O rio e o regato". in: João Manuel Pereira
da Silva (Org.). Parnaso brasileiro. t.2. Rio de Janeiro: Laemert, 1848.
ROCHA, Justiniano José da. Coleção de Fábulas, imitadas de Esopo e de La Fontaine. Rio de
Janeiro: Typ. Episcopal de Agostinho de Freitas Guimarães, 1852.
SCHÜLER, Donaldo. Refabular Esopo. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.
WANKE, Eno Teodoro. Fábulas. Rio de Janeiro: Plaquete, 1993.

III. Estudos sobre a fábula


ADRADOS, Francisco Rodrigues. Historia de la fabula greco-latina. Madrid: Editorial de la
Universidad Complutense. Tomo I, 1979; tomo II, 1985; tomo III, 1987.
BLACKHAM, H. J. The fable as literature. London: The Athlone Press, 1985.
CARNES, Pack. The american face of Aesop: Thurber's fables and tradition. in: Carnes, P. (Ed.).
Proverbia in fabula. Essays on the relationship of the fable and the proverb. Bern: Peter Lang,
1988. p. 311-332.
CHAMPLIN, E. Phaedrus the Fabulous. The Journal of Roman Studies. 95, 2005, p.97-123.
CORRÊA, Paula da Cunha. Um bestiário arcaico. Fábulas e imagens de animais na poesia de
Arquíloco. Campinas: Editora Unicamp, 2010.
DEZOTTI, M. Celeste C. A Fábula esópica anônima: uma contribuição ao estudo dos atos de
fábula. Araraquara, 1988. (Dissertação).
DIJK, Gert-Jan van. Ainoi, logoi, mythoi. Fables in Archaic, Classical and Hellenistic Greek
Literature. Leiden: Brill. 1997.
Fábula. Revista Forma breve, no 3. Universidade de Aveiro, 2005. Disponível em
http://revistas.ua.pt/index.php/formabreve/issue/view/23
FIORIN, José Luis. Millôr e a destruição da fábula. Alfa, 30-31, p.85-94, 1986-1987.
HOLSBERG, N. The ancient fable: an introduction. Transl. by Christine Jackson-Holzberg.
Bloomington: Indiana Univ. Press, 2002.
JOLLES, A. Formas simples. Trad. de Á. Cabral. São Paulo: Cultrix, 1976.
KLEVELAND, Anne Karine. Augusto Monterroso y la fábula en la literatura contemporánea.
América Latina Hoy, 30, 2002, p. 119-155.
La Fontaine, maître des eaux et forêts. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
2003. Disponível em https://sigarra.up.pt
LARDINOIS, André. Modern paroemiology and the use of gnomai in Homer's Iliad. Classical
Philology, 92 (3), 1997, p. 213-234.
LIMA, Alceu Dias. A forma da fábula. Significação, 4, p.60-69, 1984.
MORAIS, Ana Paiva. Formas e deformações da fábula: o imaginário fabulístico na ficção narrativa
contemporânea. A fábula na literatura portuguesa: catálogo e história crítica. Capítulo 10.
Lisboa, 2008. Disponível em http://www.memoriamedia.net/fabula/index.php/historia-critica
NEVES, Márcia. O animal fabular: elementos para uma genealogia conceptual. in: MORAIS, Ana
Paiva (Coord.). A fábula na literatura portuguesa: catálogo e história crítica. Capítulo 6.
Lisboa, 2008. Disponível em http://www.memoriamedia.net/fabula/index.php/historia-critica
NOJGAARD, Morten. La Fable Antique. (2 vol.) Copenhague: Nyt Nordish Forlag, 1964.
PEREIRA, Paulo Alexandre. Da fábula e dos seus arredores: a exemplaridade animal na literatura
medieval portuguesa. In: MORAIS, Ana Paiva (Coord.). A fábula na literatura portuguesa:
catálogo e história crítica. Capítulo 1. Lisboa, 2008. Disponível em
http://www.memoriamedia.net/fabula/index.php/historia-critica
PERRY, B. E. Fable. in: Carnes, P. (Ed.). Proverbia in fabula. Essays on the relaionship of the
fable and the proverb. Bern: Peter Lang, 1988. p. 65-116.
SCHAEFFER, J-M. Aesopus auctor inventus. Naissance d’un genre: la fable ésopique. Poétique,
63, p. 345-364,1985.
SOUZA, Loide Nascimento de (2009). "Monteiro Lobato e o processo de reescritura das fábulas."
In: Marisa Lajolo e João Luís Ceccantini (Orgs.). Monteiro Lobato, livro a livro. Obra infantil.
São Paulo: Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, p. 103-119.
SULEIMAN, S.Le récit exemplaire. Parabole, fable, roman à thèse. Poétique, 32, p. 468-489, 1977.
TODOROV, T. Os gêneros do discurso. Trad. E. A. Kossovitch. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

Você também pode gostar