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Michele De Souza
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (PCP) 4
CONCEITOS 5 ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO 17
SISTEMAS DE PLANEJAMENTO 18
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
RESUMO 26
Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS
ETAPAS DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO 30
PREVISÃO DA DEMANDA 31
PLANEJAMENTO AGREGADO DE PRODUÇÃO 35
REITOR
PLANEJAMENTO-MESTRE DE PRODUÇÃO 43
Claudino José Meneguzzi Júnior
PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO 46
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
CONTROLE DA PRODUÇÃO 50
Débora Frizzo
RESUMO54
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
GESTÃO DE MATERIAIS 58
Altair Ruzzarin
CONCEITOS59
DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD)
RESUMO66
Rafael Giovanella
SISTEMAS DE PRODUÇÃO 70
PRODUÇÃO EMPURRADA E PRODUÇÃO PUXADA 71
RESUMO 86
Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD)
PLANEJAMENTO DAS NECESSIDADES DE MATERIAIS E DE RECURSOS DE PRODUÇÃO 90
Coordenadora e Designer Instrucional
MRP91
Sabrina Maciel
MRP II 100
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
RESUMO108
Igor Zattera, Julia Oliveira, Thaís Munhoz
TEMPOS E MOVIMENTOS DA PRODUÇÃO 111
Revisora
SEQUENCIAMENTO DA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO 112
Luana dos Reis
SEQUENCIAMENTO NA PRODUÇÃO EM LOTES 124
SEQUENCIAMENTO DE PROJETOS PERT/CPM 128
SÍNTESE 130
APRESENTAÇÃO
É com imenso prazer que trago a você o conteúdo deste e-book, desenvolvido
• compreender os tempos e movimentos do processo produtivo.
para esclarecer o valor deste tema às organizações e mercado profissional.
Para o melhor aproveitamento do conteúdo, aconselho que você o leia com bastante atenção,
Quero salientar que a disciplina de Planejamento e controle da produção é
busque refletir sobre cada conteúdo estudado e faça as atividades de aprendizagem ao final de cada aula.
importantíssima, visto que a conectividade, a globalização, o aumento da concor-
4
SUMÁRIO
CONCEITOS Em outra perspectiva, o PCP é a função administrativa que tem por objetivo fazer os planos que orientarão a
produção e servirão de guia para o seu controle, que também é feito pelo planejamento e controle da produção. De
Nas empresas, muito se fala em estoque mínimo, em aten-
forma descomplicada: o PCP determina o que será produzido, quando será produzido, como será produzido, onde
der o cliente (interno ou externo) no tempo ideal, e em conciliar a
será produzido e quem produzirá (CORRÊA; CORRÊA, 2012).
demanda às capacidades e recursos de produção. Como fazer com
que isto seja eficiente e eficaz? É aí que entra o departamento de O PCP é um setor de coordenação dos departamentos de uma empresa, voltado ao atendimento da demanda de
Planejamento e Controle da Produção (PCP). Neste capítulo, co- vendas e/ou à programação da produção, de modo que elas sejam atendidas nos prazos e quantidades exigidas. Além
nheceremos os conceitos gerais de Planejamento e Controle da disto, o PCP é responsável em suprir várias necessidades do sistema produtivo, tais como: a) reduzir custos de es-
Produção (PCP) e sua relação com as outras funções das empresas. toque (produtos acabados e matéria-prima); b) minimizar o lead time de processo e de produção (tempo ocioso); c)
atender os prazos de entrega e, d) ter velocidade no suporte diante de mudanças na demanda (MESQUITA; CASTRO,
Entende-se como Planejamento e Controle da Produção
2008). O PCP é definido de uma perspectiva estratégica. Tubino (2018) destaca que o PCP é um elo importante entre
(PCP), as atividades que buscam a conciliação das demandas do
as estratégias da empresa e o seu sistema produtivo, em que é possível garantir que os processos de produção ocor-
mercado e a capacidade dos recursos de produção em entregá-las.
ram eficaz e eficientemente, e que produzam produtos conforme demanda do mercado.
Além disso, fornece aos sistemas, procedimentos e decisões que
juntam diferentes aspectos da oferta e da demanda. Chiavenato É fundamental entender a dupla função do PCP: planejar a produção e controlar seu desempenho. Primeiro, o PCP
(2011) define bem o PCP. Para o autor, existem muitas atividades determina, antecipadamente, o que a empresa deverá produzir, resultando em: o que deverá dispor de matérias-primas e
a serem planejadas, organizadas e coordenadas para que a pro- materiais, pessoas, máquinas e equipamentos, bem como estoques de produtos acabados para suprir as vendas. Segundo,
dução ocorra da melhor maneira possível. A complexidade do sis- funciona para monitoramento e controle do desempenho da produção em relação ao que foi planejado, corrigindo eventu-
tema produtivo exige um esquema de planejamento e controle da ais desvios ou erros que possam surgir no decorrer das operações, logo, é possível compreender que o PCP permeia todas
produção: O PCP! Cabe a ele planejar e controlar as atividades pro- as etapas do processo produtivo. Início: planejando o processo produtivo, programando materiais, máquinas, pessoas e
dutivas da empresa, aumentado sua eficiência e eficácia. Partindo estoques. Meio: atua ao controlar o funcionamento do processo produtivo para mantê-lo de acordo com o que foi plane-
dos objetivos da empresa, o PCP planeja e programa a produção e jado. Fim: atua verificando os resultados alcançados e comparando-os com os objetivos previamente definidos (CHIAVE-
as operações da companhia, bem como as controlará adequada- NAT0, 2011). Para tanto, o PCP mantém relações com as demais áreas da empresa: engenharia industrial ou engenharia
mente para tirar o melhor proveito possível. do produto, suprimentos e compras, recursos humanos, finanças, vendas e produção. A Figura 01 demonstra essa relação.
Figura 01 - PCP e as demais áreas da empresa Observaremos o exemplo de Slack (2015), onde o autor traz a perspectiva do PCP em um hospital.
de decisão nas empresas a longo, médio e curto prazo, bem como seus obje-
xa, entre outros relacionamentos. Tubino (2017) informa que o PCP desem- O PCP possui objetivos, ações e metas em horizontes de planejamento de longo, médio e curto
penha uma função de coordenação de apoio ao sistema produtivo e, por isso, prazo, monitorando-os e reagindo de acordo com os resultados obtidos. Os níveis hierárquicos têm
de forma direta ou indireta, se relaciona praticamente com todas as funções como diferença, além da linha de tempo, o nível de agregação dos dados utilizados na tomada de deci-
do sistema anteriormente citadas. sões. Vamos às definições dos três níveis, segundo Tubino (2017).
• No longo prazo, serão estabelecidos o plano de produção que fará a estimativa de vendas de longo Vamos compreender as funções do PCP nos seus três níveis hierárquicos de
prazo e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos, sendo pouco detalhado. planejamento e controle das atividades produtivas de um sistema de produção?
• No médio prazo, o plano-mestre de produção buscará táticas para operar, de forma eficiente, o plano
A seguir, serão detalhadas as funções nos três níveis hierárquicos, segun-
de produção. Este é um plano que analisará diferentes formas de guiar o sistema produtivo disponível.
do as literaturas de Slack, Chambers e Johnston (2009) e Tubino (2017).
Ainda, segundo Tubino (2017), a natureza do planejamento e controle muda ao longo do tempo. Deta-
• Operacional (curto prazo)
lhadamente, analisaremos cada nível segundo o autor. A Figura 03 apresentará um esquema desenvolvido
por Tubino (2017) acerca dos prazos, das atividades e dos objetivos para a tomada de decisão nas empresas.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO (LONGO PRAZO)
Figura 03 – Prazos, atividades e objetivos para a tomada de decisão nas empresas
Prazos Atividades Objetivos
No nível estratégico, em que são definidas as políticas estratégicas de
Previsão de vendas de terminado período (longo prazo), segundo as estimativas de vendas de longo
Planejamento da
Médio prazo Plano-mestre (tático) médio prazo
capacidade prazo e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos. A estimativa
(pedidos em carteira)
de vendas de longo prazo serve para prever os tipos e quantidades de produtos
sos financeiros. No planejamento estratégico da produção, o plano Figura 04 – Fluxo de informações e PCP
de produção gerado é pouco detalhado, normalmente, trabalhan-
em termos agregados.
Slack (2015)!
das suas características específicas. Os gerentes de produção estarão • Previsão de vendas longo prazo.
No nível tático, em que serão estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP de-
prazo, período a período, a partir do plano de produção, com base nas previsões de vendas de médio prazo
ou nos pedidos em carteira já confirmados. Onde o plano de produção considera famílias de produtos, o
PMP especifica itens finais que fazem parte destas famílias, com base nos roteiros de fabricação e nas
estruturas dos produtos fornecidos pela engenharia. A partir do estabelecimento do PMP, o sistema pro-
dutivo passa a assumir compromissos de fabricação e montagem dos bens ou serviços. Ao executarmos o
planejamento-mestre da produção e gerarmos um PMP inicial, o PCP deverá analisá-lo quanto às neces-
sidades de recursos produtivos com a finalidade de identificar possíveis gargalos que possam inviabilizar
este plano, quando da sua execução a curto prazo. Identificados os potenciais problemas e tomadas as
medidas preventivas necessárias, o planejamento-mestre deve ser refeito até chegar-se a um PMP viável.
O planejamento e controle a médio prazo é mais detalhado. Examina à frente para avaliar a de-
manda global que a operação deve atender de maneira parcialmente desagregada. Neste momento, o
hospital deve distinguir entre os diferentes tipos de demanda. O número de casos de pacientes que che-
gam por acidentes e emergência precisará ser separado do número de casos que exigem tratamento de
rotina. Similarmente, diferentes categorias de pessoal deverão ser identificadas e o número de pessoas
de cada categoria precisará ser definido. Não menos importante, planos contingenciais terão que ser
pensados de forma que permitam leves desvios dos planos. Tais contingências agirão como recurso de
“reserva” e farão o planejamento e controle mais fácil a curto prazo (Slack, 2015).
avaliação de desempenho.
tabelece, a curto prazo, quanto e quando comprar, fabricar ou montar cada item
mediárias, bem como a montagem final dos produtos definidos no PMP. Em fun-
O controle da produção - Através da coleta e análise dos dados, hoje, facil- SÍNTESE
mente automatizada por coletores de dados nos pontos de controle, esta função do
PCP busca garantir que o programa de produção emitido seja executado a contento. Objetivos deste capítulo:
dices de quebra de máquinas, etc.) para apoiar outros setores do sistema produtivo. • as atividades de tomada de decisão nas empresas a longo, médio e curto prazo e seus objetivos,
te é que os pacientes terão que ser identificados pelo nome e pelos tempos especí-
mento, improvável que tenham tempo para fazer cálculos detalhados dos efeitos
de suas decisões de planejamento e controle a curto prazo sobre todos esses obje-
tivos, mas um entendimento geral das prioridades formará o pano de fundo para
controle da produção:
4. Quais os três níveis hierárquicos da gestão estratégica e como eles estão inter-relacionados?
5. Por que é importante, ao PCP, ouvir as diversas áreas da empresa na elaboração do planeja-
mento-mestre da produção?
7. Garantir que o programa de produção emitido seja executado a contento é função essencial
9. Cite as atividades relacionadas ao PCP nos três níveis: estratégico, tático e operacional:
1. O PCP é a função administrativa que tem por objetivo fazer os planos que orientarão a produção e servirão de guia para o seu
controle, que é também feito pelo planejamento e controle da produção. De forma descomplicada: o PCP determina o que será
produzido, quando será produzido, como será produzido, onde será produzido e quem produzirá.
2. Planejamento é uma formalização do que deve acontecer em algum tempo. No entanto, um plano não garante que um evento real-
mente ocorrerá. Ao contrário, é uma declaração de intenção. Embora os planos sejam baseados em expectativas, durante sua im-
plementação, as coisas nem sempre ocorreram como esperado. Os clientes mudam de ideia sobre o que desejam e quando desejam.
Os fornecedores nem sempre podem entregar pontualmente, máquinas podem quebrar, colaboradores podem faltar por doença.
Controle é o processo de lidar com essas variações. Pode significar que os planos precisem ser refeitos a curto prazo. Também
pode significar que será preciso fazer uma “intervenção” na operação para trazê-la de volta aos “trilhos” – por exemplo, en-
contrar um novo fornecedor que possa entregar rapidamente, consertar a máquina que quebrou ou mover o pessoal de uma
parte da operação para outra, cobrindo ausências. O controle faz os ajustes que permitem que a operação atinja os objetivos
que o plano estabeleceu, mesmo quando as suposições em que o plano foi baseado não se confirmem.
3. Os principais fatores são as formas de classificação dos sistemas produtivos, o grau de padronização dos produtos, o tipo de
4. Nível estratégico, nível tático e nível operacional. Os níveis são relacionados entre si, cada nível é dependente do outro.
Veja por exemplo, no nível estratégico (planejamento de longo prazo) é estabelecido o plano de produção que fará a esti-
mativa de vendas de longo prazo e a disponibilidade de recursos financeiros e produtivos, sendo pouco detalhado. No nível
tático (planejamento de médio prazo), o plano-mestre de produção buscará táticas para operar de forma eficiente o plano
de produção. Este é um plano que analisará diferentes formas de guiar o sistema produtivo disponível. E, por fim, no nível
operacional (planejamento de curto prazo), a programação da produção se encarregará de estabelecer o quanto e quando
5. A fim de fornecer subsídios para a tomada de decisões, sendo um processo interativo, ao final de sua elaboração, o pla-
nejamento-mestre da produção representará os anseios das diversas áreas da empresa quanto ao planejamento de médio
prazo. Finanças terá seu planejamento de necessidades de capital; Marketing terá seu plano de vendas com datas prováveis
de entregas; Compras poderá negociar seus contratos com os fornecedores; Recursos Humanos terá seu plano de contra-
tação e treinamento de pessoal, e a Produção terá seu planejamento-mestre da Produção para programar suas atividades.
8. Programação da produção: com base no plano-mestre de produção, nos registros de controle de estoques e nas informa-
ções da Engenharia, a Programação da Produção estabelece a curto prazo quanto e quando comprar, fabricar ou montar
cada item necessário à composição dos produtos. Para tanto, são dimensionadas e emitidas Ordens de Compra para os
itens comprados, Ordens de Fabricação para os itens fabricados internamente, e Ordens de Montagem para as submonta-
gens intermediárias e montagem final dos produtos definidos no plano-mestre de Produção. Encontra-se no nível ope-
racional da produção.
Nível operacional: programação da produção (gestão de estoques, sequenciamento de ordens e emissão e liberação delas).
10. Os gerentes de produção devem procurar equilibrar a qualidade, a rapidez, a confiabilidade, a flexibilidade e os custos nas
17
SUMÁRIO
Neste capítulo, abordaremos a evolução tecnológica dos sistemas que executam as mento de estoques na produção industrial. Depois, houve uma evolução para o Planejamento
funções de planejamento e controle da produção. Não pense que tudo que está aprendendo dos Recursos da Manufatura (MRP II, Manufacturing Resource Planning). A necessidade de uma
seja desnecessário, já que os sistemas executam as funções para nós. As tecnologias usadas abrangência maior que ultrapassasse as fronteiras da indústria e alcançasse toda a cadeia de
no planejamento e controle da produção são apenas os executores daquilo que nós, os pro- suprimentos, mais uma evolução ocorreu. Surgiu o Planejamento dos Recursos da Organização
fissionais, definimos e planejamos. A partir das informações inseridas e processadas pelos (ERP, Enterprise Resource Planning), utilizado até hoje pelas empresas. A abrangência do ERP
sistemas, temos condições para a tomada de decisão, portanto, a decisão de fazer ou não o propiciou tratar aspectos mais amplos, a exemplo dos fornecedores, finanças e, principalmen-
que o sistema está propondo, cabe ao profissional de PCP. Para tomarmos a resolução mais te, o cliente. Antes do ERP isto não era possível (CHIAVENATO, 2011; TUBINO, 2017).
MRPI e MRPII
SISTEMAS DE PLANEJAMENTO
Imagine você planejando uma noite de hamburger
para 30 amigos. Para isto, você precisará ir às
A tecnologia está fortemente presente no PCP. Com a evolução industrial e a necessi- compras.
dade de produzir mais e melhor, a tecnologia se tornou uma grande aliada junto ao aprimo- A noite do hamburger foi um sucesso e agora
ramento de práticas e ao desenvolvimento de processos, produtos e pessoas. você e mais dois amigos resolveram montar uma
hamburgueria com capacidade de 100 clientes. Para
isto, você precisará ir às compras novamente.
O começo da evolução, no planejamento da produção, teve início entre as décadas de 1960
O MRP I é um sistema que lhe ajudará a fazer o
e 1970, com o sistema de Planejamento das Necessidades de Materiais (MPR, Material Requeri-
cálculo de quantidades de materiais a comprar e de
ments Planning). Orlicky (1975) desenvolveu, juntamente com Plossl e Wight, o MRP com obje-
quanto em quanto tempo.
tivo de trazer maior eficiência à gerência da produção, através de procedimentos aprimorados.
Agora, você quer controlar, além de materiais, pessoal,
Em 1975, Orlicky publica seu livro “MRP – Material Requirement Planning”. Com o apoio da
dinheiro, equipamentos, serviços e fornecedores. Você
American Production and Inventory Control Society – APICS, o novo conceito passou a ser difun- precisará do MRP II.
dido pelos EUA, sendo apresentado como alternativa às práticas convencionais de gerencia-
Cabe salientar que os sistemas não são apenas uma Figura 06 – Evolução do MRP para o ERP
automatização dos processos de PCP, eles trouxeram be-
dos. Você pode até não ter usado estes sistemas de forma
um sistema de gerenciamento.
O MRP (Material Requeriments Planning) – denominado Planejamento das Necessidades de Materiais – é um sistema computa-
Planeamento de Recursos de cional que permite que as empresas calculem as necessidades de materiais. Esse sistema surgiu em meados da década de 1970, para
DRP
Distribuição
responder basicamente a três questões:
• Quanto produzir?
Planejamento das Necessidades
MRP • Quando produzir?
dos Materiais
Planejamento de Recursos da Segundo CHIAVENATO (2011); LAURINDO, MESQUISTA, (2000), para responder a estas perguntas, observaremos a três elementos:
MRP II
Manufatura
a. programa-mestre de produção;
c. quantidades em estoque.
Planejamento Grosseiro da
RCCP
Capacidade
Em uma perspectiva mais ampla, o MRP consiste em minimizar o investimento em inventário. Sua função é obter o material cer-
to, na quantidade certa, no momento certo, tudo isso por meio de um planejamento das prioridades e da programação-mestre. O MPR
RH Recursos Humanos
inclui funções de planejamento empresarial, previsão de vendas, planejamento dos recursos produtivos da produção e das necessida-
des de produção, controle e acompanhamento da fabricação, compras e contabilização dos custos, bem como a criação e manutenção
SFC Controle de Chão de Fábrica da infraestrutura de informação industrial. A criação e manutenção da infraestrutura de informação industrial passam pelo cadastro de
materiais, estrutura de informação industrial, estrutura do produto (lista de materiais), saldo de estoque, ordens em aberto, rotinas de
Planejamento de Vendas e processo, capacidade do centro de trabalho, entre outros. Uma das vantagens de implantar um sistema de planejamento das necessidades
SOP
Operações
de materiais é permitir ver, rapidamente, o impacto de qualquer replanejamento. Assim, as empresas podem tomar medidas corretivas,
sobre o estoque planejado em excesso para cancelar ou reprogramar pedidos e Vamos ao exemplo proposto por Chiavenato (2011), se uma empresa automobilística pretende mon-
manter os estoques em níveis razoáveis (LOBO, 2010). Slack (2018) evidencia tar e entregar uma quantidade “x” de carros, ela precisa de um número “x” de pneus. Como a maioria
que o MRP permite que as empresas calculem quanto material de determinado das empresas produz mais de um produto, ela requer muitas peças ou componentes comuns, compli-
tipo é necessário e em que momento. Para fazer isso, ele utilizará os pedidos em cando o planejamento dos materiais, por isso, surgiu o MRP. Imagine, antes da década de 70, anterior
carteira, assim como uma previsão dos pedidos que a empresa acha que recebe- ao surgimento do MRP, todos os cálculos de necessidades de materiais eram feitos manualmente. Com o
rá. O MRP verifica todos os ingredientes ou componentes que serão necessários MRP, eles foram automatizados.
dados, contendo a lista de materiais de cada item, as respectivas quantidades para A administração de materiais deve melhorar continuamente a rotatividade de estoque, o atendi-
a produção de determinado produto e os tempos operacionais de cada processo. mento ao cliente, a produtividade da mão de obra, a utilização da capacidade, o custo do material, do
Com os dados, o sistema calcula os materiais necessários para a produção. Apesar transporte e do sistema, atendendo ao cliente da melhor forma, com o menor investimento em estoque.
de executar cálculos considerados simples para os dias de hoje, o MRP demorava, O objetivo do MRP é superar esse desafio. Lobo (2010, p. 125) apresenta as funções e atividades que de-
em média, 12 horas para calcular os materiais em virtude da tecnologia da época. vem ser analisadas pelo sistema MRP.
Mesmo assim, o sistema era mais rápido que fazer os cálculos à mão e a chance de
• Previsão de vendas: prever e antecipar a necessidade do cliente. Planejar e replanejar com vistas à
erro era menor (CHIAVENATO, 2011).
previsibilidade constituem uma das funções do MRP, o que permite programar compras e produ-
Para Corrêa (2018), o conceito de cálculo de necessidade de materiais ção. Nesta etapa, temos o plano mestre para o planejamento ou replanejamento. O desenvolvimen-
baseia-se na ideia de que são conhecidos todos os componentes de determi- to de um plano-mestre se faz necessário para indicar o quanto será produzido na semana atual, na
nados produtos e os tempos de obtenção de cada um deles, podemos, com semana seguinte, na outra, etc. No entanto, não é porque planejamos vender cem unidades que va-
base na visão de futuro das necessidades de disponibilidade do produto em mos produzir 100. Nem sempre o planejado corresponderá às necessidades das vendas. Se há sazo-
questão, calcular os momentos e as quantidades que devem ser obtidas, de nalidade, por exemplo, pode-se produzir mais por um certo período para atender as necessidades
cada um dos componentes, para que não haja falta nem sobra de nenhum de- do pico de vendas. A alta administração também deve perceber que o fluxo de caixa está implícito
les, no suprimento das necessidades dadas pela produção do referido produto. no plano-mestre, chamando-o de plano global.
• Liberação de ordens: essa atividade envolve compra, produção e definição, alteração ou O MRP II mostrou-se mais que uma evolução do MRP. O MRPII é um sistema que pas-
revisão, quando e quanto. São decisões tomadas a todo o instante, independentemente sou a administrar plantas industriais, pessoas e a distribuição dos materiais. Com o avanço da
do número de itens envolvidos, se 1.000, 2.000 ou 50.000 itens. A liberação das ordens tecnologia, o MRPII trocou o processamento de dados locais e passou a ser executado em rede,
está ligada ao plano-mestre, responsável pelas decisões tomadas para o produto. através da conexão com outros computadores, resultando em uma comunicação mais rápida e
eficiente entre os departamentos envolvidos. O MPRII é uma técnica integrada de gestão de ma-
• Follow-up ou planejamento de prioridade: existem dois tipos de segmento, sendo o de
nufatura que possibilita balanceamento do processo produtivo em função da sua capacidade de
compras, com as ordens de compra, e o de controle de produção, com as ordens de pro-
administrar as demandas por recursos, considerando a capacidade disponível. A arquitetura do
dução. Ambos consideram as ordens já liberadas para compra ou produção.
sistema MRPII forma um ciclo fechado de gestão, retroalimentado com informações de todas
as funções dos processos, que controla a ativação dos recursos produtivos e de suprimentos da
• Planejamento da capacidade: a função do MRP de constatar se existem altos e baixos,
organização. Esta arquitetura se organiza numa estrutura modular de sistemas aplicativos que
ou ainda, sobrecarga de capacidade, possibilitando tomar as ações necessárias.
se integram para a gestão dos processos de negócio (MARTINS; LAUGENI, 2012).
lista de materiais. Com a contagem cíclica ou o inventário rotativo, podemos conseguir Ao pensar na instalação dos sistemas, o mais complicado é a parametrização, infor-
a proximidade da realidade do estoque. mar o sistema acerca das necessidades, prioridades e requisitos do negócio. Correa (2018)
MRPII (MANUFACTURING RESOURCE PLANNING) informar ao sistema que determinado processo produtivo gasta 5% mais matéria-prima
Em meados da década de 1980, o MRP foi aprimorado, principalmente, por conta da cesso. A negligência ocorre no momento do cadastro. Muitas vezes, em vez de informar os
evolução tecnológica e da necessidade de melhor planejamento por parte das empresas. Com 5%, ele indica 10% por excesso de cuidado, por achar que o processo pode piorar e para não
essa evolução, desenvolveu-se o Manufacturing Resource Planning (MRPII) – nomeado Pla- precisar atualizar o sistema novamente. A maior negligência ocorre após 2 anos ou mais
nejamento dos Recursos da Manufatura. Além das três perguntas do MRP, uma quarta foi da instalação do software. Em muitos casos, o processo que gastava 5% a mais de matéria-
adicionada: 1) O que produzir?; 2) Quanto produzir?; 3) Quando produzir?; 4) Como produ- -prima foi melhorado e agora gasta apenas 1%. Contudo, no sistema, ele continua pedindo
zir? (CHIAVENATO, 2011; CORREA, 2018). 5%. O erro não é do sistema; é do operador que não o atualizou. Parametrizar um sistema
requer informar restrições e características da realidade: tempos, perdas, lead time, tama- Figura 07 – Esquema de funcionamento de um sistema MRP II
nho de lotes, estoque de segurança. A parametrização e atualização do sistema garantem
à empresa que, no mínimo, o sistema cumpra com o seu papel de proporcionar rapidez e
mos as etapas:
ERP (ENTERPRISE RESOURCE PLANNING) O ERP facilita o fluxo de informações dentro de uma empresa, integrando as suas dife-
rentes áreas. Apresenta uma base de dados que opera em uma única plataforma e que con-
O surgimento do ERP (Enterprise Resource Planning) – denominado Sistemas Integra- solida todas as informações em um único ambiente computacional. Idealmente, o objetivo
dos de Gestão – é apresentado por inúmeras literaturas como uma evolução a partir dos de um ERP é ser capaz de entrar com a informação uma única vez; essa informação poder ser
sistemas MRP e MRPII. Esta evolução foi necessária, pois as empresas precisavam de mais acessada por todos (MARTINS, 2012; TUBINO, 2017). A Figura 08 apresentará a visão geral
controle acerca de suas atividades empresariais. Martins (2012) cita que, na década de 1970, do ERP com seus macroprocessos e sua interligação com o MRP e MPR II.
o foco da manufatura estava centrado nos MRP, planejamento dos recursos de materiais,
Figura 08 – Visão geral do ERP
que traduzia o MPS ou programa-mestre de produção, em necessidades líquidas a todos os
componentes da lista de materiais. O passo seguinte, na década de 1980, foi a evolução para
os sistemas MRP II, planejamento dos recursos da manufatura, incluindo módulos relativos
a custos, dados de engenharia e produção. Na década de 1990, o MRPII foi ampliado para
nológicos, sendo utilizado por muitas empresas. O ERP é dividido em módulos e é caracte-
rístico por suportar uma variedade de áreas de negócios. Tais áreas incluem: custos, manu-
zam em tempo real (Greasley; Wang, 2017), permitindo operações eficientes e competitivas
O ERP possibilita o acesso mais fácil às informações, pelo fato de ser um sistema integrado. As dificuldades que exis- Apesar do grande avanço proporcionado pelo MR-
tiam em compatibilizar informações de sistemas, como MRP e MRPII, necessitavam de transferência de dados e desaparece- PII, os profissionais perceberam que, com a globalização,
ram com o ERP, porque é um sistema integrado que permite melhorar as informações gerenciais e assegura a confiabilidade a ampla concorrência e o foco no cliente, o sistema não
dos dados. A visão dos negócios é estruturada por processos e não mais como funções (HASHEELA-MUFETI;ASMOLANDER, visava ao cliente e à lucratividade, surgindo a necessidade
2017; MAAS et al., 2016). A implantação e uso do sistema ERP exige que a empresa se reorganize, tendo como foco o pro- de integrar os sistemas produtivos com todos os setores
cesso do seu negócio como um todo, eliminando a gestão por departamentos. Isso acaba sendo facilitado pelo sistema ERP, da empresa e com os clientes. O sistema de Planejamento
pois este é integrado e as informações que são geradas por um departamento são compartilhadas por outros (MARTINS, dos Recursos da Organização (ERP) desenvolveu-se com
2012). Vamos a um exemplo da relação do ERP e o PCP, para ampliarmos a nossa compreensão. as empresas e a evolução tecnológica. O ERP deixou de
• Ordens de produção: emissão das ordens de produção planejadas. O ERP responde a todas as questões do MRPII e pro-
• Controle da produção: controle do que foi programado, confecção dos indicadores de produção. porciona uma integração entre todos os departamentos da
• Sistemas auxiliares: como a Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM, Customer Relationship Manage- empresa. Como já mencionado, o ERP é dividido em módu-
ment), o sistema faz o gerenciamento da relação com o cliente, buscando melhorar sua interação com a empresa. los interligados, mas cada um é específico para a sua área.
(LOBO, 2014 p.112) Vamos a algumas das principais, segundo Lobo (2014):
Consiste em cinco etapas: levantamento de dados históricos; planejamento • apresentar as ferramentas tecnológicas de apoio ao Planejamen-
Módulos de Planejamento de
da demanda; de materiais e capacidade; reunião preliminar de S&OP (na qual
Vendas e Operações (S&OP, Sales to e Controle da Produção;
devem estar os setores da empresa para analisar a projeção) e reunião executiva
and Operations Planning)
S&OP (em que os planos são validados pela alta direção da empresa).
Módulos de Operação e Supply Neste módulo, são realizados o gerenciamento de produção, suprimentos,
Chain Management distribuição e engenharias.
• as funções e atividades analisadas pelo sistema MRP. São elas:
Neste, são gerenciados os departamentos relacionados a controle de impostos e Dentre elas, a criação do plano-mestre, dos estoques de ma-
Módulo contábil e fiscal
tributações, contabilização das movimentações e notas fiscais.
teriais, dos estoques de componentes dependentes, da lista de
Controle de Produção.
3. Qual sistema permite que as empresas calculem a quantidade de material que será
6. Cite pelo menos uma diferença entre sistemas MRP, MRPII e ERP.
1. O MRP (Material Requeriments Planning) – denominado Planejamento das Necessidades de Materiais – é um sistema computacional
que permite que as empresas calculem as necessidades de materiais. O MRP inclui funções de planejamento empresarial, previsão de
vendas, planejamento dos recursos produtivos da produção e das necessidades de produção, controle e acompanhamento da fabrica-
ção, compras e contabilização dos custos, e a criação e manutenção da infraestrutura de informação industrial.
2. A partir do plano-mestre, dos estoques de materiais, dos estoques de componentes dependentes, da lista de materiais, das restrições
de mão de obra, da disponibilidade de equipamentos e a partir dos lead times; gera a necessidade de compras, ou até mesmo, as ordens
de compras para os itens fornecidos por terceiros; para os itens de fabricação própria, gera as ordens de produção.
4. O MPRII é uma técnica integrada de gestão de manufatura que possibilita balanceamento do processo produtivo em função da sua capa-
cidade de administrar as demandas por recursos, considerando a capacidade disponível. Além de analisar a quantidade de matéria-prima
disponível, o MRP II analisa outros fatores ligados à produção, como disponibilidade de capital financeiro, máquinas e recursos humanos.
Responde as seguintes perguntas do processo produtivo: O que produzir?; 2) Quanto produzir?; 3) Quando produzir? 4) Como produzir?
O ERP facilita o fluxo de informações dentro de uma empresa, integrando as suas diferentes áreas. Apresenta uma base de dados que
opera em uma única plataforma e que consolida todas as informações em um único ambiente computacional. Idealmente, o objetivo de
um ERP é ser capaz de entrar com a informação uma única vez e essa informação poder ser acessada por todos.
Ou
O ERP ajuda uma empresa a ser mais organizada e mais competitiva no mercado, pois oferece aos gestores uma visão estratégica e de-
talhada de tudo o que acontece na operação, permitindo a correta distribuição de recursos, a otimização dos processos e o direciona-
mento assertivo dos investimentos. No atual ambiente empresarial, o ERP passou a ser uma ferramenta essencial, garantindo as mar-
necessidade de recursos como mão de obra, tempo e máquinas. O ERP detém de um controle mais
abrangente, vai além do setor produtivo das empresas, ele faz o gerenciamento de toda a empre-
7. MRP.
8. Módulos de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP, Sales and Operations Planning) - Consis-
capacidade, reunião preliminar de S&OP (devem estar os setores da empresa para analisar a pro-
jeção) e reunião executiva S&OP (em que os planos são validados pela alta direção da empresa).
Módulos de Operação e Supply Chain Management: neste módulo, são realizados o gerenciamento
Módulos de gestão financeira: são gerenciadas as atividades dos departamentos de contas a pa-
Módulo de gestão de Recursos Humanos (RH): é responsável por gerenciar os recursos humanos
9. Resposta reflexiva
30
SUMÁRIO
Neste capítulo, ampliaremos nosso conhecimento acerca das etapas do PCP. Sabemos que ele é o respon- Vamos pensar em um estabelecimento comercial próximo a nossa casa.
sável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos, de forma a atender da melhor maneira possível Um restaurante, por exemplo. Como o proprietário do restaurante determi-
os planos estabelecidos a níveis estratégico, tático e operacional. Uma vez estabelecidas as metas de produção nará a sua demanda? Como saber quantas pessoas irão ao seu estabeleci-
a serem alcançadas durante o período, inicia-se o processo de Planejamento e Controle da Produção. mento no próximo final de semana?
mercial projetou vender e já vendeu para os próximos meses, seja em curto ou médio prazo. Trabalhar com
• o método casual leva em consideração o mercado, as campanhas pro-
demandas em longo prazo é muito difícil, em razão das mudanças do mercado, por isso, a previsão de vendas
mocionais, as iniciativas dos concorrentes e os dados históricos;
é de extrema importância. É com base nela que se determinam os rumos da produção (LOBO; SILVA, 2014).
Figura 09 - Ciclo de vida do produto Como já comentado, elaborar uma estimativa de vendas é dificílimo e envolve vários
de entrega da matéria-prima?;
todos, selecionando aqueles que melhor se encaixam à nossa empresa e aos produtos?;
sa, como foram as vendas no período? Externamente, como está o mercado? Os concor-
Compreenderemos cada uma das fases do produto no mercado, segundo os autores
rentes estão fazendo alguma promoção?;
Lobo e Silva (2014):
• elaborar a estimativa;
c. maturidade: etapa em que os consumidores já conhecem o produto e suas vendas ainda Ao finalizar a estimativa de vendas, chega o momento de encaminhar ao PCP, para
crescem. Ao final dessa etapa, as vendas do produto começam a cair; que ele determine se será possível atendê-la. Consideraremos este exemplo de estimativa
de uma empresa fictícia de refrigerantes em lata. Ela precisa determinar a previsão de ven-
d. declínio: etapa na qual as vendas do produto começam a cair. Momento no qual o produto
das para o próximo ano. Este exemplo foi adotado e adaptado da literatura de Lobo e Silva
precisa ser reformulado ou substituído por outro, de acordo com a estratégia da empresa.
(2014). A Tabela 01 apresentará as vendas referentes aos dois anos anteriores.
Tabela 01 – Previsão de demanda A empresa tem capacidade produtiva de 19.000 unidades/mês. Nos meses de janeiro, feverei-
ro, março e dezembro, as vendas sempre aumentam por serem os meses de verão e férias escolares.
Vendas ano passado – 2019 Vendas ano retrasado – 2018
No mês de junho, a empresa fez uma promoção que alavancou as vendas no ano de 2019.
Meses Vendas Meses Vendas
Janeiro 20.000 Unid. Janeiro 18.000 Unid. No próximo ano, ela realizará a mesma promoção, só que nos meses de maio, junho e julho.
Fevereiro 21.000 Unid. Fevereiro 19.000 Unid. No próximo ano, haverá um festival de música na cidade, no mês de outubro e, de acordo
com uma pesquisa de mercado, levando em conta o público já confirmado, as vendas de bebidas
Março 19.000 Unid. Março 17.000 Unid.
aumentarão 45%, sendo 20% o aumento esperado para os refrigerantes.
Abril 12.000 Unid. Abril 11.500 Unid.
A empresa também tem como meta aumentar em 5% as vendas dos meses de janeiro, fe-
Maio 14.000 Unid. Maio 14.500 Unid.
vereiro, março, abril, agosto, setembro, novembro e dezembro, com base no que foi vendido
Junho 22.000 Unid. Junho 16.000 Unid. nesses meses, no ano de 2019.
Julho 15.000 Unid. Julho 16.000 Unid. Neste cenário, montaremos a estimativa de demanda.
Setembro 16.000 Unid. Setembro 16.000 Unid. pacidade produtiva da empresa conseguirá atender as estimativas.
Outubro 15.000 Unid. Outubro 14.500 Unid. Média: ((20.000 + 21.000 + 19.000 + 12.000 + 14.000 + 22.000 + 15.000 + 14.000 + 16.000 +
Dezembro 20.000 Unid. Dezembro 19.000 Unid. O aumento de vendas, no mês de julho, quando houve a promoção, foi de 37,5%. Aumento
Para o mês de junho, adotaremos o mesmo valor do ano de 2019. Para os meses de maio Considerando todos os aspectos apresentados, temos a previsão de demanda.
e julho, acrescentaremos 37,5% nas vendas do mesmo ano. Tabela 03 – Previsão de demanda
Maio: 14.000 × 37,5% = 19.250 unidades Vendas ano passado – 2019 Critérios para previsão da demanda - Vendas 2020
esperado = 20% Estimativa para outubro do próximo ano: Março 19.000 5% 19.950 Unid.
Após a elaboração da previsão da demanda, verificaremos se o PCP tem condições de atender a nova previsão. Calcularemos a
demanda média mensal da nova previsão de demanda e verificaremos se ela ficará abaixo da capacidade produtiva mensal da fábrica.
Média: ((21.000 + 22.050 + 19.950 + 12.600 + 19.250 + 22.000 + 20.625 + 14.700 + 16.800 + 18.000 + 16.800 + 21.000) /12) =
18.731 unidades.
Como mencionado, a capacidade produtiva da fábrica de refrigerantes é de 19.000 unidades mês. Ao considerar a capacida-
de e a necessidade, podemos concluir que o PCP terá condições de atender a nova demanda.
O planejamento agregado da produção consiste em validar a estratégia de produção mais adequada à empresa. No plano
agregado, encontram-se as decisões de volumes de produção e estoque mensais, admissão ou demissão de colaboradores, uso de
horas-extras e subcontratação, contratos de fornecimento e serviços logísticos. Normalmente, as empresas realizam o planeja-
mento agregado anual, com revisões mensais dos planos. Neste nível de planejamento, as informações de demanda e capacida-
Para os autores, o planejamento agregado precisa determinar a capacidade efetiva da operação produtiva, de forma que ela
possa responder à demanda, bem como suas flutuações. Após definida a capacidade de longo prazo, a empresa deverá ajustar a
capacidade para os médios e curtos prazos. Martins e Laugeni (2006) explicam que o planejamento agregado visa compatibili-
zar os recursos produtivos da empresa com a demanda agregada no médio prazo – horizonte de tempo entre 5 e 18 meses. Nessa
compatibilização, a empresa define uma estratégia de operações, que pode adequar os recursos necessários ao atendimento da
demanda, ou atuar na demanda a fim de que os recursos disponíveis possam atendê-la. A empresa pode optar por uma estratégia
O planejamento agregado é o processo que planeja as quantidades a produzir em Vamos aos exemplos práticos para compreendermos as definições apresentadas. Uma
médio prazo, por meio do ajuste da velocidade de produção, da mão de obra disponível empresa que produz panelas apresenta sua previsão de vendas conforme demostrado a seguir:
e dos estoques, por exemplo, sendo seu objetivo atender às demandas irregulares, me-
Tabela 04 - Previsão de vendas
diante emprego dos recursos disponíveis na empresa. O planejamento agregado visa
Meses Quantidades
ajustar a produção à demanda prevista (previsão de vendas), para atender a previsão.
Janeiro 21.000
Consiste em verificar o que é necessário para satisfazer a demanda a um custo aceitável. Fevereiro 19.000
Os ajustes, na produção, podem ser feitos de várias formas (LOBO; SILVA, 2014). Lobo e Março 20.000
Abril 19.000
Silva (2014) apresentam algumas estratégias que as empresas podem adotar:
Maio 22.000
Junho 21.000
Julho 22.000
Gráfico 01 – Demanda estimada versus Produção Para que a empresa possa responder a tais questões e determinar o que é ideal, con-
Custos
ideal seria que a produção estivesse nivelada com a estimativa, eliminando custos adicio-
nais e trabalhando com o estoque zero. No entanto, é quase impossível alcançar esse ideal. O
aplicável é trabalhar com o estoque tendendo a zero, mantendo um estoque mínimo. Anali-
Meses Jan Fev. Mar Abr. Mai Jun. Jul. Ago. Set Out Nov. Dez
Admissão 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Demissão 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Estoque inicial 0 0 2.000 3.000 5.000 4.000 4.000 3.000 1.000 4.000 3.000 1.000
Produção média 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000 21.000
Estoque final 0 2.000 3.000 5.000 4.000 4.000 3.000 1.000 4.000 3.000 1.000 0
Nessa primeira estratégia, as empresas trabalham nivelando as oscilações da produção com o estoque. É preciso calcular o custo para manter este estoque.
Estoque final:
Janeiro = 0 unidade Abril = 5.000 unidades Julho = 3.000 unidades Outubro = 3.000 unidades
Fevereiro = 2.000 unidades Maio = 4.000 unidades Agosto = 1.000 unidades Novembro = 1.000 unidades
Março = 3.000 unidades Junho = 4.000 unidades Setembro = 4.000 unidades Dezembro = 0 unidade
Custo do estoque = (2.000 + 3.000 + 5.000 + 4.000 + 4.000 + 3.000 + 1.000 + 4.000 + 3.000 + 1.000) × 1,5 = R$ 45.000.
A literatura evidencia que é uma das estratégias mais adotadas pelas empresas. Ainda que o estoque seja considerado um “vilão”
– dinheiro parado – apoia as empresas a nivelar a produção com a estimativa (LOBO; SILVA, 2014).
Estratégia 2: manter os estoques zerados e controlar as variações da produção com contratações e demissões de colaboradores.
Meses Jan Fev. Mar Abr. Mai Jun. Jul. Ago. Set Out Nov. Dez
Admissão 0 0 1 0 3 0 0 1 0 4 1 0
Demissão 0 2 0 1 0 1 0 0 5 0 0 1
Previsão de vendas 21.000 19.000 20.000 19.000 22.000 21.000 22.000 23.000 18.000 22.000 23.000 22.000
Estoque inicial 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Produção nominal 21.000 19.000 20.000 19.000 22.000 21.000 22.000 23.000 18.000 22.000 23.000 22.000
Estoque Final 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte: Lobo e Silva (2014).
Na estratégia 2, é considerado que a empresa pode contratar e demitir os colaboradores sempre que for conveniente à empresa.
Parece simples? Não se engane! Além dos altos custos, há também a questão das leis trabalhistas. A adoção dessa estratégia precisa ser mui-
to bem planejada e analisada a médio ou longo prazo, já que a empresa precisa considerar tempo de contração e treinamento dos colaboradores.
A estratégia 3 consiste em manter o estoque e a mão de obra, controlando as variações com horas extras.
A estratégia 3 é nivelada à produção, com o acréscimo de horas extras de trabalho, evitando gastos com manutenção de estoque e custos
A estratégia 3 também é muito adotada pelas empresas, pois é possível trabalhar com os recursos que se tem à disposição.
Com os resultados obtidos, podemos observar que a terceira estratégia é a mais indicada, pois é a que terá menor custo (R$ 32.000). Antes de
tomarmos uma decisão, é preciso ponderar todos os pontos, por exemplo, a legislação trabalhista vigente e o tempo de treinamento para novos cola-
boradores começarem a produzir. É necessário estimar férias, absenteísmo e verificar se, com todos os gastos extras, a empresa terá o lucro esperado.
Supondo que a estimativa de vendas da empresa tenha aumentado em 4.000 peças, Gráfico 02 – Nova demanda estimada versus Produção
neste caso, é preciso ajustar a produção e a estimativa; por uma definição estratégica, a em-
presa não contratará novos colaboradores e nem demitirá os existentes. A empresa precisa
Meses Quantidades
Janeiro 23.000
Fevereiro 20.000
Março 22.000
Abril 19.000
Junho 21.000
Julho 22.000
Agosto 23.000
Outubro 22.000
Consideraremos, nessa estratégia, que ajustaremos a produção de acordo com a esti-
Novembro 23.000
mativa, usando o estoque e as horas extras. A seguir, serão apresentados os custos médios.
Dezembro 21.000
Estoque final:
Janeiro = 0 unidade Abril = 2.000 unidades Julho = 0 unidade Outubro = 2.000 unidades
Fevereiro = 1.000 unidades Maio = 1.000 unidades Agosto = 0 unidade Novembro = 0 unidade
Março = 0 unidade Junho = 1.000 unidades Setembro = 3.000 unidades Dezembro = 0 unidade
Após a análise de todas as simulações realizadas, podemos concluir que, mesmo com o aumento das Adotaremos o caso prático de Lobo e Silva (2014), para compreender-
estimativas de produção, se a empresa utilizar a estratégia de estoque junto às horas extras, ela consegui- mos o conceito do PMP na execução do PCP. Umas das principais funções do
rá um custo menor e atenderá às estimativas. A literatura de Lobo e Silva (2014) apresenta tais exemplos, PCP é verificar se a produção tem capacidade para atender as estimativas de
para que possamos compreender o planejamento agregado. Sabemos que, no dia a dia das empresas, os vendas. Na elaboração do plano-mestre, serão alocados os produtos às má-
cenários são mais complexos, promovendo a adoção de estratégias em conjunto, além de ampliação da quinas que irão produzi-los, considerando os tempos de produção de cada
capacidade produtiva ou mudanças de layout. item; os setups; os acertos de manutenções programadas, considerando as
PLANEJAMENTO-MESTRE DE PRODUÇÃO mativas das manutenções corretivas; o lead time de entrega de matérias-pri-
mas, insumos e o tempo para a entrega do item acabado para o cliente. Após
O Planejamento-Mestre de Produção (PMP) é elaborado com o planejamento agregado; eles são a finalização do planejamento mestre, o PCP apresenta uma prévia ao setor
complementares. Ele define o quê, quanto, quando e onde será produzido. O planejamento-mestre é o comercial, indicando se conseguirá ou não atender as demandas. Havendo
resumo da produção àquele período, pode ser elaborado para 1 mês ou para mais de 12 meses. Sua estru- incapacidade de atendimento, o PCP apresenta uma contraproposta ao setor
tura pode ser dividida em semanas, com as quantidades estimadas de produção para cada produto, a fim comercial, que pode aceitar ou negociar alterações com os clientes. Como as
de facilitar sua visualização e interpretação (LOBO; SILVA, 2014). O planejamento-mestre da produção definições, o PCP passa o planejamento das necessidades de materiais para o
faz a conexão, através da montagem do plano-mestre de produção, entre o planejamento estratégico de setor de suprimentos e aguarda a confirmação do departamento de que terá
longo prazo e as atividades operacionais da produção. O planejamento-mestre da produção está encar- as matérias-primas e materiais auxiliares para o atendimento da produção.
regado de desmembrar os planos produtivos estratégicos de longo prazo, em planos específicos de pro- Caso o setor de suprimentos não consiga atender o plano de materiais, ele
dutos acabados (bens ou serviços) para o médio prazo, no sentido de direcionar as etapas de programação informará ao PCP, que fará as alterações no planejamento-mestre e se reu-
e execução das atividades operacionais da empresa (montagem, fabricação e compras). A partir do pla- nirá novamente com o setor comercial, apresentando o planejamento-mes-
nejamento-mestre da produção, a empresa passa a assumir compromissos de montagem dos produtos tre final, com todas as datas de entrega dos produtos acabados, lembrando
acabados, fabricação das partes manufaturadas internamente, e da compra dos itens e matérias-primas que podem ocorrer ajustes após essa reunião, caso o PCP não consiga aten-
produzidos pelos fornecedores externos (TUBINO, 2017). der ao que foi solicitado pelo setor comercial.
o setor de custos, para que sejam estimados os custos de produção. Após, seguirá Setor de corte do solado: duas máquinas de corte com um colaborador para
para o setor de produção e engenharia, para que seja estimada a mão de obra ne- cada máquina. Produção de 162,8 peças/hora.
cessária, bem como os processos verificados e o maquinário necessário. Posterior-
Setor de corte das tiras do chinelo: três máquinas de corte com um colaborador
mente, será enviado para o departamento de manutenção, estimando o consumo
em cada máquina. Produção de 100 peças/hora.
de energia elétrica, vapor e ar comprimido, por fim, será encaminhado para o setor
sobre o produto, os processos e os tempos de execução de cada etapa de produção, Setor de etiquetagem e embalagem: quatro postos de trabalho com um
é comum encontrarmos colaboradores coletando tais informações com papel, ca- colaborador por posto. Produção de 100 peças/hora.
neta e cronômetro. Vale lembrar que a adoção de tecnologias automatiza tais pro-
cessos e garante métricas assertivas para a produção. Veja que esse processo é
Figura 11 – Demonstração do layout da fábrica de calçados
cíclico e envolve vários setores da empresa. Imagine este cenário em uma grande
um exemplo, uma fábrica de chinelos. Essa fábrica produz um único tipo de chi-
nelo. A estimativa de vendas será o máximo de produtos que ela conseguir pro-
a produção daquele mês. Cada colaborador trabalha 8 horas por dia, 22 dias por
Veja que o layout da produção de calçados é simples, em linha e sequencial. Um setor depen- Para montarmos o relatório do planejamento-mestre, adotaremos um mês de 30
de do outro para realizar a sua produção. Calcularemos as quantidades produzidas em cada setor: dias, sendo 22 dias trabalhados. O relatório consiste em multiplicar a produção diária
Setor de corte do solado: duas máquinas que produzem 162,5 peças/hora cada, 8 horas por dia.
Setor de montagem: nove postos que produzem 32 peças/hora cada, 8 horas por dia.
Semana 5: 2.304 × 3 = 6.912 unidades.
Setor de embalagem: quatro postos que produzem 100 peças/hora cada, 8 horas por dia. tre da produção de calçados será apresentado na Tabela 10.
nados à capacidade na execução do programa de produção. Como resultado Lobo e Silva (2014) e Tubino (2017) evidenciam que as atividades da programação da produção,
da programação da produção, serão sequenciadas e emitidas ordens de com- apesar de serem desenvolvidas em simultâneo, podem ser divididas em três grupos:
pra para itens comprados, ordens de fabricação para itens fabricados inter-
a. administração de estoques;
namente, e ordens de montagem para submontagens intermediárias e mon-
curo prazo), segundo Tubino (2017). Vamos compreender cada uma delas?
os estoques dos itens comprados, fabricados e montados, definindo os tamanhos Segundo Chiavenato (2011), a emissão de ordens será destinada aos órgãos
envolvidos direta ou indiretamente no processo produtivo – como produção,
dos lotes, a forma de reposição e os estoques de segurança do sistema.
compras, almoxarifado, depósito, controle de qualidade, custos, contabilidade,
pessoal – para que cada qual faça a sua parte. Os tipos de ordens são:
• A atividade de sequenciamento gera um programa de produção para os itens fa-
bricados e montados, que utilize inteligentemente os recursos disponíveis, pro- a) Ordem de Produção (OP): é a ordem de produzir, enviada para a seção pro-
movendo produtos com qualidade e custos baixos. dutiva, a fim de que ela execute certo volume de produção;
bricação e montagem), liberando-as quando os recursos estiverem disponíveis, nor- c) Ordem de Compra (OC): é a ordem para comprar Matéria-Prima (MP) ou ma-
terial enviado ao órgão de compras;
malmente, em conjunto com a função de acompanhamento e controle da produção.
Por serem rotineiras e constantes, essas ordens são feitas por meio de formu-
lários destinados aos diversos órgãos envolvidos, no processo produtivo, para
que cada um saiba o que e quando fazer. Envolvem um fluxo de comunicação
coordenado pela programação da produção, a fim de integrar o processo pro-
dutivo. As ordens representam decisões previamente tomadas pelo PCP, onde
cada órgão deverá executar, para que o processo produtivo se desenvolva da
melhor maneira possível. Isso significa coordenação e sinergia, para que a ativi-
dade produtiva possa alcançar eficiência e eficácia.
precisa emitir a ordem de produção de 100 peças àquela máquina. As Produto 1 = 1.200 unidades.
ordens podem ser emitidas por máquina ou por setor, por dia ou para a
Produto 2 = 1.000 unidades.
semana, e até mesmo para um período. Para exemplificar a programa-
Total = 2.200 unidades.
ção da produção, adotaremos uma empresa com duas máquinas. Cada
máquina produz 100 peças por dia e a empresa trabalha 22 dias por mês. Produto no 1: 1.200 ÷ 100 = 12 dias.
Produto 4 900
Máquina 2:
Produto 5 500
Máquina 2 = 3 produtos.
Total 4.400
emitidas diariamente, e por máquina. Como resultado temos: Produto 5 = 500 unidades.
Total = 2.200 unidades. os problemas relacionados com as pessoas, como por exemplo, insatisfação com o trabalho,
Ainda temos a situação: a execução de uma ordem não quer dizer que ela foi cum-
Para o produto 3, serão emitidas 8 ordens de produção de 100 peças, sendo 1 ordem por prida. Há casos onde temos as peças reprovadas (chamadas de scraps). Em alguns casos, a
dia, durante 8 dias. ordem de produção foi 10% executada, mas 10% é scrap. Dizemos que a ordem de produ-
ção foi executada, mas o planejamento não foi cumprido. Há também o fator do retraba-
Para o produto 4, serão emitidas 9 ordens de produção de 100 peças, sendo 1 ordem por lho. O retrabalho não é empurrar peças defeituosas para o cliente, mas selecionar entre
dia, durante 9 dias. as peças que foram consideradas impróprias para comercialização, pelo setor de quali-
dade da empresa, bem como as que podem ser submetidas a um reparo, para que passem
Para o produto 5, serão emitidas 5 ordens de produção de 100 peças, sendo 1 ordem por novamente pela análise do setor de qualidade e sejam aprovadas. Na maioria dos casos,
dia, durante 5 dias. os produtos que são enviados para retrabalho apresentam pequenos defeitos, principal-
mente na aparência. São defeitos simples que não comprometem a estrutura e a usabili-
No exemplo, as ordens de compras foram atendidas plenamente, não é mesmo? dade do produto, logo, observamos a importância do PCP neste processo.
Apesar de ser o cenário perfeito, sabemos que, na prática, não é bem assim. Muitos fato- Vamos a mais um exemplo? Uma ordem de produção de 100 peças, 100% delas po-
res podem resultar no não cumprimento de uma ordem de produção. As literaturas de Lobo e dem ser executadas, mas 10% podem ser consideradas, inicialmente, reprovadas (por
Silva (2014) e Brito (2005) apresentam alguns exemplos, tais como: manutenções corretivas inúmeros problemas) com isso, apenas 90 peças de ordem de produção foram cumpridas.
em geral (elétricas, mecânicas, de instrumentação ou de automação), ausência de matérias- Das10 peças reprovadas, após retrabalhá-las, 5 podem ser reaproveitadas, e o cumpri-
-primas e/ou materiais auxiliares, falta de energia, vapor, ar comprimido e água. Há também mento da ordem de produção será de 95 peças, e não apenas 90 (LOBO; SILVA, 2014).
CONTROLE DA PRODUÇÃO
Vamos à última etapa do PCP: o controle da produção. Após a produção, o número das ordens de produ-
ção deve ser igual ao número de peças que deram entrada no estoque e igual ao que foi planejado no plano-
Cabe a este setor, verificar se a ordem de produção foi cumprida. Em caso negativo, cabe ao profissional
do PCP realizar alterações e ajustes nas próximas ordens de produção, para que, ao término do período de
produção, o planejamento seja cumprido. O controle da produção precisa estar controlando e monitorando o
A etapa de controle coleta e analisa os dados dos pontos de controle, procurando garantir que o pro-
grama de produção emitido seja executado conforme o previsto. Além das informações de produção úteis ao
próprio PCP, no desempenho de suas funções, cabe ao controle da produção coletar dados como índices de de-
e outros índices que podem apoiar os outros setores do sistema produtivo. Cabe ressaltar que, quanto antes
os problemas e as dificuldades forem identificados, mais efetivas e assertivas serão as medidas de correção,
logo, será possível garantir o atingimento do programa de produção (LOBO; SILVA, 2014; TUBINO, 2017).
Uma das questões cruciais do controle da produção é saber o que controlar e até que nível. Tubino (2017)
argumenta que o controle deve ser pelos acumulados de produção. Além disso, deve ser feito individualmen-
te, em todos os setores produtivos, com o fechamento dos turnos de produção e, diariamente, mostrando a
O PCP deve publicar, diariamente, os níveis de acuracidade de A partir do apontamento da produção (tempos e rendimentos do processo), o PCP acumula dados atualizados dos
cada setor e suas máquinas. A literatura nos apresenta alguns níveis de processos para utilização nas decisões futuras. Através de gráficos, relatórios diários, semanais, mensais e anuais, ou
controle, que podem fornecer dados importantes para a tomada de de- demais informativos por períodos de produção, os profissionais detêm de informações que demonstram o desempenho
cisão das empresas, como: volume dos produtos acabados, processos da produção. A partir de tais informações, é possível controlar e cobrar melhorias na produção ou apresentar os resulta-
de produção pendentes, utilização das matérias-primas, itens/peças dos obtidos. Para tanto, são utilizados os indicadores de produção, o programado versus o executado, o índice de refugos,
críticas, gargalos de produção. Para garantir a acuracidade das infor- os fatores responsáveis pelo não cumprimento da programação ou indicadores diversos que precisam ser controlados,
mações controladas, alguns relatórios são utilizados: estoque de maté- seja por decisões do PCP ou da alta administração da empresa (LOBO; SILVA, 2014).
nentes manufaturados, relatório diário da produção, relatório de itens/ Para entender como os indicadores funcionam, adotaremos o exemplo exposto por Lobo e Silva (2014). Na Ta-
peças críticas e mapa das ordens de produção (PAOLESCHI, 2001). bela 12, serão apresentadas as informações acerca das peças programadas versus as executadas, e as ocorrências do
INDICADORES DO PCP
Ocorrências Jan. Fev. Mar. Abr. Mai Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez
Manutenções
10 5 8 30 10 0 0 5 12 10 5 5
Como visto, o controle é a última etapa do PCP e consiste em mecânicas
Manutenções
monitorar o processo produtivo para verificar e assegurar o an- 5 0 10 10 25 0 5 0 8 0 5 0
elétricas
damento da produção, conforme o planejado. O controle precisa Falta de
5 0 5 0 5 5 5 0 0 5 0 10
material
verificar se o que foi definido no plano agregado, programa-mes-
Absenteísmo 0 5 5 10 0 0 0 10 0 5 0 5
tre e programação, estão sendo realizados.
Fonte: Lobo e Silva (2014).
O Gráfico 03 apresentará a relação das peças planejadas e as executadas. O Gráfico 04 apresentará as ocorrências no processo produtivo.
Quando falamos de indicadores, os autores Lobo e Silva (2014) revelam o indicador Overall Equipment Effectiveness (OEE) – denominado Índice Global de Eficácia dos Equipamentos –
esse é um dos principais indicadores que viabilizam o monitoramento e as melhorias da eficiência nos processos produtivos. O OEE considera as origens mais importantes de perdas da pro-
dutividade, em três categorias: 1) disponibilidade; 2) performance e 3) qualidade. A fórmula para o cálculo do OEE é definida:
Categorias detalhadas:
• a disponibilidade igual ao tempo disponível menos paradas de produção não planejadas, como “Estudos realizados no mundo inteiro apontam que o número
manutenções corretivas, ausências e falta de mão de obra e de matéria-prima, dividido pelo tem- considerado padrão mundial para o índice OEE, o World
po disponível, resultando no tempo operacional; Class é de 85%; a disponibilidade é 90%; a performance 95%
e a qualidade 99,9%. Caso a empresa alcance o índice OEE
• a performance indica a velocidade da linha de produção. É a capacidade máxima de produção, le- de 100%, poderemos considerá-lá uma empresa perfeita. A
vando em conta o tempo operacional menos os fatores que impedem o atingimento dessa capaci- média mundial que as empresas alcançam está em 60%. Uma
dade, como ineficiência do operador, desgaste do equipamento e materiais fora do especificado, eficiência de 40% seria baixa para o índice OEE. “
divididos pela capacidade máxima, resultando na performance obtida;
• a qualidade abrange as perdas por produtos que não atingiram a qualidade esperada, isto é, os
Vamos aos cálculos!?
produtos produzidos menos os produtos reprovados, divididos pelos produtos produzidos.
a. Disponibilidade (D):
O cálculo do OEE considera o tempo total de produção planejada, que é o tempo total operacio-
Tempo disponível em minutos: 8 × 60 = 480 minutos.
nal, subtraindo todos os tempos de paradas planejadas, como manutenções preventivas e intervalos,
Tempo disponível menos paradas: 480 – 40 = 440 minutos.
resultando no tempo disponível para produção.
Vamos à prática!? Adotaremos e adaptaremos o exemplo de Lobo e Silva (2014), que consiste no
cálculo do índice de uma empresa de garrafas térmicas. A empresa tem como tempo disponível de pro- b. Cálculo da Performance (P):
dução 8 horas por dia, já deduzidos os intervalos programados. A empresa tem apenas uma máquina para
Capacidade de produção com os 440 minutos disponíveis.
produzir as garrafas térmicas. O tempo de produção de cada garrafa é de 10 minutos. Este cálculo é feito
Capacidade: 440 ÷ 10 = 44 peças produzidas pelo operador, neste dia = 36 peças.
para um dia de trabalho. Nesse dia, a máquina teve 40 minutos de manutenção; devido a ineficiência do
operador, a máquina produziu apenas 36 peças e 6 dessas foram reprovadas pelo setor de qualidade. Performance: 36 ÷ 44 = 82%.
c. Cálculo da Qualidade (Q): • no planejamento agregado da produção, vimos que são validadas
Peças aprovadas = 30. acréscimo de horas extras de trabalho. Juntamente com os con-
Considerando os estudos da World Class, consideraremos que a nossa empresa de garrafas térmicas • aprendemos que a programação da produção é encarregada em
tem uma eficiência média. definir quanto e quando comprar; fabricar ou montar de cada
• aprofundamos nossos conhecimentos acerca das etapas do Planejamento e Controle da Produção com
• na etapa de acompanhamento e controle são verificadas as or-
exemplos práticos;
dens cumpridas. Além disto, foram apresentados indicadores de
• Aprendemos sobre a previsão da demanda e técnicas para determinar as estimativas de vendas, como iden- disponibilidade, performance e qualidade, utilizados para apu-
tificar se a empresa terá capacidade para atender as demandas e o ciclo de vida dos produtos no mercado; rar a eficácia da produção.
controle da produção.
para 1 mês ou para mais de 12 meses. Sua estrutura pode ser dividida
8. Programação da produção.
58
SUMÁRIO
Como vimos, o Planejamento e Controle da Produção (PCP) é a função administrati- Lobo e Silva (2014) evidenciam que, independentemente do tamanho da empresa, o
va da empresa que tem como objetivo organizar os planos que conduzirão a produção e seu gerenciamento dos materiais é uma atividade que requer atenção, já que uma gestão equi-
controle. A primeira etapa do PCP corresponde à determinação dos tipos e quantidades de vocada ou superficial pode trazer prejuízos significativos. O estoque é um mal necessário
produtos que serão fabricados. Ao programar a produção – número de máquinas e mão de – como dizem, dinheiro parado. Ao pensarmos que o estoque é um produto que foi manu-
obra necessárias – o PCP também detalha os materiais necessários ao plano de produção da faturado e está pronto para ser vendido, gerou custos, mas ainda não se vendeu, não conta-
empresa e seu gerenciamento. Neste capítulo, aprimoraremos nossos conhecimentos acer- bilizou lucro, logo, é algo prejudicial, sendo o ideal trabalhar com estoque zero, produzindo
ca do gerenciamento dos materiais – ou estoques como apresentado em muitas literaturas apenas o que foi vendido. Por outra perspectiva, se não houver o produto no momento que o
– e sua relação direta com o PCP. cliente precisar, poderemos perdê-lo. Uma gestão aprimorada e equilibrada é fundamental!
CONCEITOS Chiavenato (2011, p. 145) evidencia que a gestão de materiais pode ter inúmeras de-
No processo produtivo, podemos observar uma grande quantidade de materiais, uns po-
dem estar sendo produzidos, alguns parcialmente e outros aguardando a produção. Este inter- • administração de materiais: envolve a totalidade dos fluxos de materiais na em-
valo, no processo de produção, pode resultar em desperdício de capital, tempo e espaço, bem presa, desde o planejamento e controle dos materiais, compras, recepção, trá-
como riscos de acidentes ou até mesmo um incêndio, por isso que as empresas buscam a redu- fego de entrada e controle de qualidade na recepção, almoxarifado e armazéns,
ção do volume de materiais nas fábricas, ao mínimo possível. controle do inventário, movimentação de materiais e transporte interno e exter-
na quantidade certa, no local certo e no tempo certo à disposição dos setores que compõem o • suprimentos: envolve as atividades de programação, aquisição (compras) e movi-
processo produtivo da empresa. O capital investido em materiais faz com que as empresas pro- mentação dos materiais para disponibilizá-los aos setores produtivos. Suprir sig-
curem sempre o mínimo tempo de estocagem e o mínimo volume possível de materiais em pro- nifica programar as necessidades de materiais, comprar, armazenar e movimentar
cessamento, no sentido de garantir a continuidade do processo produtivo, sem interrupções in- (transporte interno) os materiais para abastecer as seções. O termo suprimento tem
desejadas e sem exageros na quantidade (CHIAVENATO, 2011; PAOLESHI, 2014; TUBINO, 2017). sido utilizado com o mesmo significado de fornecimento ou abastecimento;
• compras: o conceito de compras é mais restrito. Envolve o processo de pesquisa de almoxarifado como o de compras, precisam saber com antecedência as necessidades de ma-
e localização de fornecedores, aquisição de materiais por meio de negociação teriais da empresa. A partir da programação de materiais, a empresa ficará sabendo antecipa-
de preço e condições de pagamento e acompanhamento do processo de entrega damente as quantidades de materiais a serem compradas pelo setor de compras, bem como as
para garantir o fornecimento; épocas determinadas para colocá-los à disposição dos setores produtivos.
• logística: é a atividade que coordena estocagem, transporte, inventários, armazéns OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA GESTÃO DE ESTOQUES
e toda a movimentação dos materiais dentro da fábrica até a entrega dos produtos
acabados ao cliente. Nessa conceituação, a logística compreende a coordenação do Voltaremos ao objetivo geral da gestão de estoque: evitar prejuízos. A gestão de estoques e
fluxo de materiais desde o fornecedor, por meio das instalações da empresa, até o suas atividades devem estar associadas com o Planejamento e Controle da Produção (PCP), pla-
recebimento do produto acabado pelo cliente. Quando esse fluxo fica concentrado nejamento, compras, produção, armazenamento de produtos acabados e distribuição. Partindo
em um único órgão, a ênfase é posta na movimentação ou no transporte interno. deste objetivo principal, vamos aos objetivos específicos segundo os autores Lobo e Silva (2014):
de cada item necessário à composição dos produtos acabados propostos pelo plano. • antecipar-se às demandas do mercado, como disponibilidade e necessidade de materiais,
(OC’s) e as Requisições de Materiais (RM’s). Parte dos materiais está estocada no almo-
• buscar a padronização de produtos e fornecedores;
xarifado, enquanto outra parte deverá ser comprada. Com as RM’s, o almoxarifado pla-
neja as suas operações de suprimento e abastecimento das diversas seções. Com as OC’s, • negociar com fornecedores a fim de garantir o cumprimento dos prazos de entrega.
o setor de compras planeja suas atividades de compra. Isso significa que tanto os setores
Ao pensar no estoque de uma empresa, temos que ter em mente que POLÍTICAS DE ESTOQUES
ele não é composto apenas por matérias-primas e itens acabados, há outras
categorias de estoque. De acordo com Lobo e Silva (2014): Dentro de uma conjuntura econômica adversa, é necessário que o gerente de matérias-primas se
prepare de todas as formas às respostas a novas exigências do mercado, variações de preço de venda e
• estoque de matéria-prima: produtos adquiridos que serão manufatu- dos preços de custo.
As políticas de estoque são essenciais para o funcionamento e gestão correta dos materiais. Elas
• estoque de material em processo: produtos nos vários estágios de ma- precisam se enquadrar às políticas da empresa. A alta direção determina diretrizes que servirão de padrão
nufatura. Estoque de produtos semiacabados: produtos que já foram pro- para tal gestão. Os profissionais que atuam na administração de estoque precisam de competências a fim
cessados, mas ficam armazenados, aguardando operações posteriores; de responder as exigências do mercado, as variações de preços das matérias-primas e dos produtos aca-
bados. As políticas de estoque visam o estabelecimento de metas quanto ao tempo de entrega dos produtos
• estoque de produtos acabados: produtos prontos, aguardando ins- aos clientes; definições em relação ao nível de estoque que possa atender uma alta ou baixa de vendas ou
peção. Uma vez aprovados, estarão disponíveis para venda e/ou en- uma alteração de consumo; definições sobre as melhores opções de compra, se vale a pena comprar ante-
trega ao cliente; cipadamente, garantindo um preço mais baixo, ou comprar uma quantidade maior e obter um desconto;
determinações sobre a rotatividade do estoque; determinação de quais itens serão estocados e, por fim,
• estoque de distribuição: produtos inspecionados e aprovados, enviados definição do número de depósitos e da lista de materiais a serem estocados neles (DIAS, 2012).
As políticas de gestão de estoques são diversas, e cada empresa pode adotar a sua de acordo com seu
• estoque consignado: produtos, na maioria das vezes, acabados, ins- modelo de negócio, estratégia e tamanho. Conhecendo suas políticas, as empresas adotam os métodos ou
pecionados e aprovados que estão com os clientes, mas que perten- técnicas para a gestão do estoque que melhor lhe suprir às necessidades. Destacaremos alguns métodos e
cem aos fornecedores até que sejam consumidos. São regidos por técnicas que auxiliarão, na gestão dos estoques, de acordo com aparado teórico dos autores Dias (2012),
meio de acordos e/ou contratos. Lobo e Silva (2014), Paoleschi (2014) e Tubino (2017).
O método de classificação ABC consiste em dividir os No método de gestão de estoque Curva ABC, são levados em conta três fato-
itens de consumo em três categorias, A, B e C, conforme o va- res: lucratividade, faturamento e giro. A utilização deste método permite dividir
lor do item e sua utilização. A literatura de Bertaglia (2009) os produtos em três grupos: Grupo A, Grupo B e Grupo C. Muitas empresas acredi-
indica que a categoria A corresponde a 20% em termos de tam que os itens mais vendidos são os que dão mais lucros, no entanto, o método
quantidade e 80% em valor. Já a classe B, representa 30% Curva ABC comprova que pode não ser bem assim. Vamos entender cada grupo?
classe C, que sua quantidade é de 50% e o valor é de 5%. • Grupo A: são aqueles que possuem giro razoável, mas geram alta lucrati-
tenção de máquinas críticas e de alta necessidade, • Grupo B: são aqueles que, normalmente, estão em maior quantidade em um
pela produção, são exemplos. estoque, pois possuem um giro alto, contribuindo bem para o aumento do
faturamento, mas sem alcançar lucros tão altos quanto os produtos tipo A.
O método de gestão de estoque FIFO (Firts in, First out) ou PEPS (Primeiro FEFO (First Expired, First Out) ou PVPS (Primeiro que Vence, Primeiro que Sai) é um método de
que Entra, Primeiro que Sai) consiste na saída de produtos em uma ordem crono- gestão de estoque baseado na premissa: o primeiro a vencer no estoque será o primeiro a sair. Esta
lógica, controlando a entrada e saída dos produtos, obedecendo a seguinte regra: premissa pode reduzir perdas e gastos que podem acontecer, além do desperdício. Este método é
o último que entrou no estoque será o primeiro a sair. bastante utilizado para produtos de altíssimo giro com produtos com vida útil ou prazo de validade
Este é um dos métodos mais utilizados pelas empresas. O método tem como
objetivo vender os produtos que entraram primeiro em estoque, administrando CUSTO MÉDIO
os lotes. Consideraremos casos dos restaurantes e comércio de perecíveis. Ven-
de-se primeiro o que entrou antes, evitando o desperdício e incentivando a con- Vamos a mais um método de gestão de estoque: custo médio. Algumas literaturas denominam como
corrência. Quando se coloca à venda um produto que já está em estoque há algum média ponderada móvel ou preço médio ponderado. Para utilização do método, as empresas precisam
tempo, se considera o valor pago por ele (que pode ser mais baixo que o atual). realizar cálculos. Vamos compreender por quê? O método utiliza os valores dos produtos já em estoque,
Desta forma, o valor de venda pode estar abaixo do valor do concorrente. com os produtos que deram entrada por último, para calcular seu valor total. O cálculo feito será a soma
de valores de produtos que já se encontravam no estoque com os valores dos produtos novos, divididos
LIFO OU UEPS pela quantidade total de produtos. Agora, um exemplo para aprimorar nosso aprendizado!
O método de gestão de estoque LIFO (Last in, First out) ou UEPS (Último que
Uma empresa tem um estoque de 30 garrafas térmicas, compradas pelo preço de R$
Entra, Primeiro que Sai) prioriza a saída dos itens que entraram por último. Esse
18,00 cada, mais 40 produtos pelo preço de R$ 15,00 cada. O cálculo é o seguinte:
método não deve ser utilizado por empresas que comercializem produtos perecí-
Custo médio: 30 x 18 + 40 x 15 / 30 + 40 = R$ 16,29
veis, por exemplo, devido à grande possibilidade dos itens estragarem (uma das
Tendo como resultado, o custo médio do produto será R$ 16,29. Esse valor deve ser
grandes questões do método referente ao valor dos itens). Se os lotes que entra-
utilizado para fins de cálculos do preço de vendas.
ram por último são mais caros, eles devem ser vendidos primeiro.
O método de gestão denominado estoque mínimo é quando exige o estoque de segu- O método Just-In-Time (JIT) – denominado No Tempo Certo – consiste na gestão de
rança. Isso quer dizer que, além da quantidade mínima exigida, há um estoque com produtos estoque com o mínimo de estoque, logo, a empresa produz a quantidade exata de produtos
a mais, em caso de um aumento de demanda ou outros possíveis acontecimentos. Este esto- e serviços, de acordo com a demanda, de forma rápida e sem a necessidade da formação de
que pode ser utilizado em caso de uma falta de produto para repor produtos que já saíram. estoques, fazendo com que o produto chegue a seu destino no tempo certo. Dessa forma, se
mantém o mínimo de produtos que atenderão os clientes em estoque. O JIT tem um grande
Este método também possui um cálculo, para que a empresa saiba qual a sua necessi- impacto na produção, alocando apenas a matéria-prima, na quantidade certa, para deter-
dade. O cálculo inclui duas etapas: minado produto em um determinado tempo. Este método se aplica em produções por de-
bens e serviços quando são necessários e não antes, para que não formem estoques. A redu-
• a segunda, é a multiplicação do consumo médio diário e do tempo de reposição de
ção de estoques é elemento-chave do método JIT, mas vai além disso, resultando em vários
um produto.
benefícios às empresas. Alguns deles, segundo os autores:
Utilizando 10 dias como tempo de reposição, o resultado do cálculo de • aprimoramento do sistema produtivo como um todo, uma vez que é submetido a me-
estoque mínimo será de 40 unidades. lhorar seus padrões de qualidade e velocidade.
As principais vantagens da utilização são a agilidade do processo e a redução de COMO AS EMPRESAS PODEM APRIMORAR SUA GESTÃO DE ESTOQUES?
custos de estoque, o que implica nos resultados não só da empresa, mas de toda a cadeia
produtiva. No método Just-In-Time, os fornecedores entregam as matérias-primas em Lobo e Silva (2014) sugerem algumas dicas que poderão contribuir para melhorar a
pequenas quantidades, por isso, o fluxo contínuo de entrega torna o processo de desen- gestão de estoques:
• padronizar os itens e descrições: quem nunca encontrou o mesmo item registrado duas
vezes, em códigos diferentes? Isso gera erros e excesso de estoque. Deve-se criar pa-
dronização, eliminar descrições redundantes e alimentar o saldo dos itens por meio de
descrições corretas;
lhoso, demorado e não ajudará na melhoria dos processos. O giro de estoque, por de-
partamento, permite uma medição precisa dos estoques diários, pesquisa de saldos,
de melhoria contínua;
• zoneamento: se possível, defina áreas fixas para o estoque e o gestor. Cada um é respon-
• gestão da demanda: um dos elementos mais negligenciados pelas empresas. Análise pe-
• pense na cobertura: dividida igualmente para equilibrar a demanda ou o consumo por dia. Depois
de fazer os cálculos, ordenar os itens de menos para mais importante cobertura e preocupar-se
com as extremidades, elementos que não são cobertos ou itens com cobertura excessiva;
• nível de serviço: a medida clássica é o número de solicitações atendidas dividido pelo número
total de pedidos. Uma maneira rápida e fácil é dividir o número de elementos com um saldo pelo
número de itens totais. Medir o nível de serviço será a revisão dos parâmetros de planejamento;
• organizar o armazém, tendo em conta o movimento: multiplicar o custo dos itens pelo consu-
armazém facilitará o manuseio das questões mais importantes nas prateleiras mais baixas.
RESUMO:
• neste capítulo, aprendemos sobre a gestão de materiais (ou estoque) nas empresas e sua importân-
• a gestão de materiais (ou estoque) requer a adoção de políticas de acordo com cada tipo de negócio
e processo produtivo. Discutimos pontos que levam à escolha das políticas a serem utilizadas;
Curva ABC, FIFO ou PEPS, LIFO ou UEPS, FEFO ou PVPS e custo médio;
• vimos que as empresas podem adotar estratégias para aprimorar sua gestão de matérias, evitando
4. O estoque de uma empresa não é composto apenas por matérias-primas e itens acabados,
6. Qual é o método de gestão de estoque que prioriza a saída dos itens que entraram por último?
gens de preço.
nível de estoque que possa atender uma alta ou baixa de vendas ou uma
5. O método de gestão de estoque FIFO (Firts in, First out) ou PEPS (Primeiro
que Entra, Primeiro que Sai) consiste na saída de produtos em uma ordem
6. LIFO ou UEPS.
7. Classificação ABC
8. Estoque Mínimo é quando exige o estoque de segurança. Isso quer dizer que,
Este estoque pode ser utilizado em caso de uma falta de produto para repor
70
SUMÁRIO
Neste capítulo, compreenderemos os diferentes tipos de sistemas produtivos e como os sistemas SISTEMA DE PRODUÇÃO EMPURRADA
de produção são classificados de acordo com a demanda. Serão apresentadas características inerentes a
cada sistema de produção e sua relação com a complexidade das atividades de planejamento e controle O sistema de produção empurrada é definido a partir do comportamento
destes sistemas. Vamos lá!? do mercado, a produção é realizada antes da ocorrência de demanda do produto.
PRODUÇÃO EMPURRADA E PRODUÇÃO PUXADA aos clientes. O sistema de produção empurrada é um dos sistemas de produção
A partir do plano-mestre e os registros de controle de estoques, a programação da produção es- mendado para empresas que precisam de quantidade de produtos, que não têm
tará encarregada de definir quanto e quando comprar, fabricar ou montar de cada item necessário à interferência de sazonalidade, como a indústria de bebidas, por exemplo. Para
composição dos produtos acabados propostos pelo plano-mestre. É na programação da produção que manter o processo de produção empurrada, é necessária a grande eficiência dos
será acionado o uso dos recursos produtivos por intermédio de suas ordens emitidas, sequenciadas e gestores, pois se houver superprodução, será necessário estocar, ou caso seja
liberadas. Essa programação pode ser feita de três formas: empurrada, puxada ou de forma mista. produzido menos do que o consumo, gerará insatisfação no fornecimento.
cada item seja produzido e empurrado para a próxima etapa. Na programação em-
balho fornecedor, ao concluir uma ordem desse conjunto, está autorizado a “em-
nos postos subsequentes, e pegar a próxima ordem da lista para nova execução,
de trabalho, até ficar pronta (TUBINO, 2015). A Figura 14 ilustrará este processo.
Figura 14 – Operação-padrão O sistema de produção empurrada é associado aos sistemas MRP, que empregam um pro-
cesso conhecido como carregamento infinito, fazendo a suposição de que as necessidades que
aberto ou em programa repetitivo) possam ser satisfeitas por uma combinação do inventário
existente e material em processo; mais ordens de serviço em aberto, ordens de serviço plane-
empurrada é através dos sistemas de MRP (Material Requeriments Planning) e MRP II (Material
Resource Planning), no qual tem o propósito de providenciar recursos e materiais a partir dos
dados fornecidos de capacidade das linhas de produção e das previsões de demanda. Tais siste-
mas permitem que os prazos de entrega dos pedidos realizados pelos clientes sejam cumpridos
com mínima formação de estoques, comprando apenas o que foi planejado para produção de
componentes e que ocorram apenas nos momentos e quantidades necessárias. Ele é usado para
definir os materiais necessários, suas quantidades e o tempo certo que devem ficar disponíveis
máquina da fábrica. • cumprimento de prazos, é possível controlar o tempo de produção e há formação de estoques;
Produção (PCP);
Desvantagens:
• devido a concentração no PCP, pois como todos os dados estão sendo gerados por
Fonte: Elaborado pela autora.
ele, o controle e a responsabilidade também ficam centralizados;
cada ciclo da fabricação “puxa” a etapa do processo anterior, no qual a ordem de produção sai
• é mais difícil identificar e corrigir as falhas dos processos, pois como se produz
a partir da demanda dos clientes para só então ser produzida. Quem autoriza a produção é o
em excesso, essas falhas são, muitas vezes, ignoradas.
posto cliente (interno ou externo) que, ao retirar suas necessidades imediatas do supermer-
Para facilitar sua compreensão acerca do sistema de produção empurrada via cado, puxa um novo lote deste item do posto fornecedor. A produção puxada não se submete
MRP, a seguinte imagem foi desenvolvida. a previsão de demanda, pois os clientes realizam os pedidos por encomenda e, somente após o
pedido, será feito o planejamento para que ocorra a montagem e transformação A produção puxada é iniciada a partir da confirmação do pedido pelo cliente, deste modo, é fei-
dos recursos em produto acabado. Para a realização da produção, são defini- ta uma previsão de demanda pelo mesmo, onde quem autoriza a produção é o cliente, tendo em vista
das as quantidades e os modelos de produtos serão produzidos, acompanhan- que, ao recolher suas necessidades imediatas do supermercado, gerará a necessidade de um novo lote
do cada etapa para utilização correta dos recursos a serem transformados em do fornecedor. É evidenciado que os sistemas de controle de produção puxada, ao invés de programar
produtos, sendo efetuado pelo PCP. Neste fluxo de produção puxado, o Just-In- antecipadamente, permitem que seja produzido um item estabelecido em um preciso instante. São
-Time é adotado. Isto quer dizer que o modo de produzir é realizado de forma a sistemas que buscam acertar a demanda à produção, ou melhor, algo será comprado, produzido ou
entregar ao cliente o que ele precisa, na quantidade e na hora que ele deseja. Ao transportado apenas no momento certo em que for indispensável e exclusivamente na quantia que
tempo decorrido, desde o pedido pelo cliente até a entrega final do produto, ou for preciso. Na produção puxada, só há produção se houver demanda, tornando desnecessário o uso
serviço, é dado o nome de lead time. do MRP para as etapas da produção. O controle do estoque na produção puxada é feito pelo operador
Kanban, que fica responsável pelo gerenciamento das demandas. A Figura 15 ilustrará este processo.
Ao longo deste e-book, nos deparamos com o termo Figura 15 – Produção puxada
SUPERMERCADO, muito usado na produção. O que é um
SUPERMERCADO (SM)?
os prazos de entrega (confiabilidade e rapidez). É justamente nesses dois critérios • é dependente da qualidade de entrega dos fornecedores;
Para facilitar sua compreensão acerca do sistema de produção puxada, via Kanban, a seguinte
Vantagens:
imagem foi desenvolvida.
com defeitos;
• flexibilização da produção.
KANBAN
que será produzido e a quantidade que será produzida. O Kanban serve para
dades de seus clientes. Sua aplicabilidade tem se tornado cada vez maior
Como o Kanban consiste em um sistema de cartões que controla os flu- SISTEMA KANBAN E O PROCESSO PRODUTIVO
xos de produção e evoluiu para o Kankan eletrônico, que dispara automa-
ticamente ordens de produção a cada ordem finalizada. A programação e o O sistema Kanban assume que não se deve produzir nada até que o cliente (interno ou externo) de seu
controle da produção também foram beneficiados pela evolução tecnológica, processo solicite a produção de determinado item (produção puxada). Veremos mais conteúdos acerca da
com a automatização de máquinas e processos. Nas plantas fabris, que têm produção puxada, esse tipo de sistema de produção, além de agilizar o processo produtivo, é capaz de re-
estrutura tecnológica avançada, o PCP consegue emitir as ordens de produ- duzir drasticamente os custos com estoques, tanto de produtos acabados, como de materiais em proces-
ção direto para os painéis das máquinas. Não existe mais a necessidade da so. Logo, a ideia de redução de custos é uma das principais características do sistema Kanban de produção
emissão dessas ordens em papel. Por esse mesmo sistema de transferência (MARTINS; LAUGENI, 2012; TUBINO, 2015).
zido para o PCP e para todos os setores que têm acesso a essas informações. A programação da produção usa as informações do plano-mestre de produção para emitir ordens ape-
nas para o último estágio do processo produtivo, normalmente, a montagem final, assim como para dimen-
Os cartões do Kanban , em geral, contêm as seguintes informações: sionar as quantidades de Kanbans dos estoques em processo para os demais setores. À medida que o cliente
de um processo necessita de itens, ele recorre aos Kanbans em estoque neste processo, acionando direta-
• número da peça;
mente o processo para que os Kanbans dos itens consumidores sejam fabricados e repostos aos estoques.
Como mencionado, o sistema Kanban é caracterizado pelo uso de cartões que funcionam como sinalizado-
• descrição da peça;
res dentro de um processo de produção. Funciona de modo que um cartão sinaliza para o processo anterior o
• tamanho do lote a ser produzido; seu status (situação) atual. A finalidade do cartão Kanban é puxar a produção, ou seja, a linha de montagem
final sinaliza a sua necessidade e o processo anterior produz exatamente o que é necessário (TUBINO, 2015).
• container padronizado;
O Kanban utiliza princípios de visibilidade para garantir a técnica do sistema puxado e tem como fi-
• centro de produção responsável;
nalidade direcionar um processo de manufatura, dinamizando à passagem de informações relacionadas em
• local de armazenagem. quando produzir, o que produzir, qual a quantidade e como será realizado seu transporte. Os produtos se-
rão regulados através de cartões preenchidos pelas pessoas que estão relacionadas com o processo. Diante
disso, o PCP tem a necessidade de informações antecipadas, bem como a quantidade Figura 16 - Dispositivos do sistema Kanban
comprá-la, evitando perdas por desvalorização do produto estocado. Uma vez balan-
manda de quantos postos clientes necessitam de itens para trabalhar, eles recorrerão
ordem padrão (cartão Kanban, por exemplo) para o posto fornecedor desse supermer-
Os dispositivos utilizados para operar o sistema Kanban têm seus nomes rela-
• cartão Kanban;
• supermercado. a produção, montagem, movimentação ou compra dos itens a que se destinam (TUBINO, 2015).
O sistema Kanban funciona com a montagem prévia pelo PCP de um • Cartão Kanban de produção: serve para autorizar a fabricação ou montagem de determinado lote de itens,
estoque intermediário (supermercado) entre o fornecedor e o cliente, onde tendo sua área de atuação restrita ao centro de trabalho que executa a atividade produtiva nos itens.
reposição. Por seu turno, o fornecedor está autorizado a sempre que houver
• Cartão Kanban de fornecedor: executa as funções de uma ordem de compra convencional, ou seja, au-
cartões no quadro, segundo regras de prioridade, pegar um cartão e pro-
toriza o fornecedor externo da empresa a fazer entrega de um lote de itens, especificado no cartão, dire-
videnciar sua reposição, recolocando o contenedor com o lote-padrão e o
tamente a seu usuário interno, desde que ele tenha consumido o lote de itens correspondente ao cartão.
cartão de volta no supermercado.
em que há uma variedade de itens muito grande para a operacionalização • especificação do processo e do centro de trabalho fornecedor onde este item é produzido;
manual, o cliente poderá destruir o cartão quando do uso dos itens e o for-
• descrição do item, com seu código e especificação;
necedor poderá emitir um novo cartão em substituição ao mesmo.
• número de emissão deste cartão em relação ao número total de cartões O cartão Kanban de movimentação, também chamado de cartão Kanban de transporte, retirada ou re-
de produção para este item; quisição interna, permite que as movimentações de itens dentro da fábrica sejam incluídas na lógica do sis-
tema puxado. Desta forma, o fluxo de informações para a movimentação, assim como para a produção, se
• relação dos materiais necessários para a produção desse item e local dá sem a interferência do pessoal do PCP. Assim como no cartão Kanban de produção, no cartão Kanban de
onde se deve buscá-los; movimentação, devem constar apenas informações indispensáveis para a movimentação dos itens entre os
• Especificação do centro de trabalho cliente onde o item será consumido, e o local onde se deve depo-
• Número de emissão deste cartão em relação ao número total de cartões de movimentação para este item.
• Código de barras que, ao ser lido, agilizará o fluxo de informações do banco de dados do ERP.
Figura 18 – Cartão Kanban de movimentação A Figura 19 ilustrará a lógica de funcionamento do sistema Kanban nessa situação.
Como pode ser visto nessa figura, no supermercado que fica junto ao posto cliente, os cartões
Kanban são de movimentação, de forma que, quando o cliente consome um lote, ele coloca
levando, colocando os cartões de produção que estavam nos lotes no quadro porta-kanban
O cartão Kanban de movimentação funciona como uma requisição de materiais, autori- Figura 19 – Cartão Kanban de movimentação
zando o fluxo de itens entre dois supermercados do sistema produtivo, que foram projetados
para armazenar o mesmo tipo de item. Deve-se evitar, ao máximo, a duplicação de pontos de
eles são inevitáveis, como por exemplo, para conectar o almoxarifado (supermercado) cen-
tral, que receberá os itens em grandes lotes dos fornecedores externos, com os supermercados
locais junto aos centros de trabalho consumidores desses itens em lotes menores. Também
interno e o supermercado de abastecimento do cliente (ou clientes) que, por alguma limitação
técnica, são obrigados a ficar distantes um do outro, como por exemplo, uma fundição que
abastecerá com a mesma peça, duas ou três linhas de montagem (TUBINO, 2015).
Tubino (2015) evidencia que, quando a empresa desenvolve uma parceria com seus fornecedores ex- • número de emissão deste cartão em relação ao número total de cartões
ternos o sistema puxado pode acionar as reposições de itens comprados, usa-se o chamado cartão Kanban de fornecedor para este item;
atividades logísticas de reposição dos itens comprados, visto que os fornecedores parceiros ficam pre- • código de barras que, ao ser lido, agilizará o fluxo de informações,
viamente autorizados a repor os lotes-padrão, na maioria das vezes, diretamente na linha de produção inclusive o financeiro, para registro e pagamento do fornecimento do
do cliente, a partir do recebimento dos cartões Kanban. Desta forma, além das informações usuais a um banco de dados do ERP.
cartão Kanban de movimentação, o cartão Kanban de fornecedor possui informações detalhadas quanto à
forma e ao momento em que o fornecedor terá acesso às instalações do cliente, promovendo a entrega do A operacionalização do sistema Kanban com fornecedores é semelhan-
lote. As informações básicas de um cartão Kanban de fornecedor são descritas por Tubino (2015): te às apresentadas ao sistema interno, sendo que os fornecedores terão um
• nome e código do fornecedor autorizado a fazer a entrega; onde recolherão os seus cartões e contenedores vazios e, dentro de períodos
• descrição do item a ser entregue, com seu código e especificação; depositá-los nos respectivos supermercados. Com o avanço tecnológico e
• especificação do centro de trabalho onde o lote do item deve ser entregue, e o local onde se deve de- cartão Kanban de fornecedor está cada vez mais sendo substituído por sis-
positar o lote requisitado; temas informatizados que disparam, automaticamente, a ordem de repo-
• lista de horários, ou ciclos diários, em que se devem fazer as entregas dos lotes; ou externa) requer certa ordem em sua execução no curto prazo, dentro dos
• tamanho do lote que será entregue; necedores só poderão responder de forma enxuta às solicitações dos clien-
PAINEL OU QUADRO PORTA-KANBAN O quadro porta-kanban é sinalizado com três faixas de cores: verde,
O painel ou quadro porta-kanban é utilizado em conjunto com o cartão Kanban, dentro do sistema de compõem o estoque de segurança do sistema. A faixa amarela permite afi-
programação puxado, para sinalizar e sequenciar as necessidades de reposições dos supermercados. No xar os cartões referentes à quantidade de itens suficientes para abastecer
porta-kanban, projeta-se uma coluna para cada item existente no respectivo supermercado. Estas colunas a demanda do cliente durante o tempo necessário para uma produção em
são subdivididas em linhas, ou células, onde os cartões Kanban são fixados. Dependendo da quantidade de ritmo normal desse item (lead time de reposição), ou seja, essa quantida-
cartões planejados, pode-se colocar um cartão Kanban por célula ou, em situações em que se utilizam mui- de somada aos estoques de segurança compõe o ponto de pedido. Na faixa
tos cartões por item, estabelecer um número-padrão de cartões por célula. Geralmente, como o dimen- verde, disponibiliza-se o espaço para colocar os demais cartões dimen-
sionamento do número de Kanbans, no sistema, é um processo dinâmico, algumas dessas células, ou até sionados para esse item. As três faixas são utilizadas para sequenciar, de
mesmo colunas, podem não estar sendo usadas. Vejamos a ilustração de um porta-Kanban na Figura 20. forma visual, a reposição dos supermercados, à medida que, quanto mais
• caixas;
• paletes;
Além do cartão Kanban e do quadro porta-kanban, o sistema Kanban utiliza como dispositivo de • sacos;
controle um local predeterminado de armazenagem, chamado de supermercado, onde os contenedo-
• engradados.
res com os lotes-padrão e os cartões kanban dos itens são colocados à disposição dos clientes. Como
a implantação do sistema Kanban tende a diminuir a quantidade de itens estocados, pela redução do
O dimensionamento dependerá do tamanho e peso do pro-
tamanho e pelo aumento do giro dos lotes, os supermercados podem ser posicionados dentro do chão
duto. É preciso estabelecer quantidade padrão de produto
de fábrica, o mais perto possível dos fornecedores e clientes, evitando-se os almoxarifados centrais,
presente em cada contêiner. A venda para o cliente será feita
com a vantagem de se acelerarem os tempos de movimentação na entrega e no consumo dos lotes,
com base em múltiplos de contêineres e não em quantida-
que por si só levam à nova redução dos estoques, num ciclo de melhoramentos contínuos, pregado
des isoladas de produtos.
pela estratégia da manufatura enxuta.
Figura 21 – Supermercados e contenedores • setor de injeção de peças plásticas: na aplicação do sistema kanban, no
reduzidos de 2.000 a 3.000 peças para lotes de 480 a 840 peças, em con-
injeção para próximo da linha de montagem das peças, onde antes não
• malharia: no sistema implantado na malharia, como foi projetado para que cada rolo (de 16 a 37 de contenedores, ou lotes, padrão para cada item no período de programação,
quilos) de malha fosse um lote com seu próprio cartão Kanban, os contenedores são usados no bem como padroniza o próprio lote de produção e armazenagem, apesar de
supermercado apenas para sustentar a estrutura de movimentação e armazenagem dos rolos; não ser exclusividade do sistema kanban, fica mais fácil aplicar os conceitos
Definidos os tamanhos dos lotes por cartão Kanban, pode-se projetar quantos desses lotes serão necessários, no râmetros do sistema, em geral, semanalmente, o PCP deve verifi-
supermercado, para manter o cliente sempre abastecido: car se o supermercado atual está compatível com o supermerca-
• Q = Tamanho do lote do cartão Kanban; entre 10% e 20%, pode ser estabelecido como limite para disparar
A demanda média diária dos itens para a fórmula de cálculo deve ser prevista. Geralmente, as empresas têm uma pre-
• vimos sistemas produtivos com a programação da produ-
visão para o mês, ou para a semana, e se divide a mesma pelos dias úteis. Caso o sistema seja montado apenas para itens de
ção puxada e empurrada, como elas diferenciam acerca do
demandas independentes, como produtos acabados, essa informação da previsão da demanda vem do mercado, ou do pla-
nível de planejamento das informações e no nível opera-
no-mestre de produção. Já para itens de demanda dependente, como os componentes e matérias-primas dentro da fábrica, é
cional do sistema;
conveniente empregar um sistema MRP adaptado para o cálculo das necessidades futuras desses itens que, em geral, já está
instalado dentro do ERP da empresa para a programação empurrada. Na maioria das situações práticas, deve-se limitar em
• aprendemos sobre o sistema Kanban e seus dispositivos
dois o número inferior de cartões no sistema, de forma que, enquanto um cartão esteja no quadro para ser reposto, o outro
operacionais (cartão, quadro, supermercado e contenedor)
estará com os itens no supermercado, à disposição do cliente, no sentido de garantir um atendimento 100% das demandas.
com exemplos de aplicações práticas para ilustrar esses
No caso de trabalhar com apenas um cartão, para itens com demandas muito baixas, por exemplo, deve-se estabelecer uma
dispositivos e sua dinâmica de uso;
regra de disparo do cartão para o quadro porta Kanban, antes do consumo total do lote padrão no supermercado.
6. O sistema de produção puxada – do inglês pull system – é um sistema de produção onde cada ciclo da
fabricação “puxa” a etapa do processo anterior, no qual a ordem de produção sai a partir da demanda
dos clientes para só ser produzida. Ou seja, quem autoriza a produção é o posto cliente (interno ou ex-
terno) que, ao retirar suas necessidades imediatas do supermercado, puxa um novo lote deste item do
posto fornecedor. A produção puxada não se submete a previsão de demanda, pois os clientes realizam
os pedidos por encomenda, e somente após o pedido, será feito o planejamento para que ocorra a mon-
tagem e transformação dos recursos em produto acabado. Para a realização da produção, são definidas
as quantidades e os modelos de produtos serão produzidos, acompanhando cada etapa para utilização
correta dos recursos a serem transformados em produtos, sendo efetuado pelo PCP.
Evita excessos, superprodução e encurta o lead time. Qualidade: a etapa anterior do processo não en-
trega para a etapa posterior, produtos com defeitos. Diminuição do custo operacional do PCP. Flexi-
bilização da produção.
8. Pode gerar ciclos ociosos quando houver baixa demanda; vulnerabilidade da produção a fontes internas
e externas; é dependente da qualidade de entrega dos fornecedores; pode ocorrer atrasos na entrega do
produto ou até a falta dele se houver demanda acima do normal; restrição de variabilidade de produtos.
9. No sistema puxado, os cartões Kanban têm a função, conforme a finalidade para que se destinam, de
90
SUMÁRIO
Neste capítulo, conheceremos as técnicas de planejamento de materiais e de recur- O MRP é utilizado para evitar falta de peças, estabelecendo um plano de prioridades
sos de produção, os princípios em que se baseia, a sua lógica de funcionamento, seu en- que define e apresenta todos os componentes necessários em cada processo de fabricação,
quadramento nos sistemas de planejamento e controle da produção. Além disso, também baseando-se nos tempos de operação e nos lead times, calcula os prazos para se utilizar cada
serão apresentados os tipos de informação de entradas necessárias para o processamento um deles. O processo de utilização do MRP baseia-se em alguns objetivos básicos, que são:
do MRP, entre os quais, as listas de materiais e alguns exemplos de aplicação do MRP serão
• determinar as exigências especificadas no plano-mestre de produção, para ter os
apresentados para clarificar a sua lógica de processamento.
materiais certos, nas quantidades certas e disponíveis no momento certo, atenden-
do à demanda de mercado;
MRP
• com base no lead time, calcular os períodos em que cada componente deve estar dispo-
O MRP (Material Requirements Planning) ou Planejamento das Necessidades de Mate-
nível, determinando o que, quanto e quando é o momento de receber os materiais;
riais inclui todas as etapas de fabricação do produto, desde a aquisição de materiais e com-
ponentes até a transformação destes em produtos acabados. Isto resultou em inúmeros be- • manter as prioridades reconhecendo todas as variáveis que ocorrem constantemente no
nefícios para o processo produtivo das empresas. Dentre eles: mercado, com fornecedores e clientes.
• flexibilidade para a reprogramação da produção; Com base na lista de materiais obtida da folha de operação do produto, ou conjunto, e
com os dados da quantidade vendida, o MRP calcula as necessidades dos materiais requeridos
• redução de custos; para produzir o pedido, verificando a disponibilidade de cada item em estoque. Quando há
falta de material, parcial ou total, ele emite a requisição de compra dos itens que faltam. Se o
• minimização dos desperdícios; item é fabricado internamente, o MRP emite uma ordem de fabricação do item (POZO, 2015).
• controle dos estoques e inventários; a fim de eliminar possíveis interrupções por ausências de peças nas linhas de produção. O
MRP leva em consideração os tempos de operações e o lead time de cada processo, calculando
• encurtamento do tempo de fabricação do produto. os prazos necessários para a utilização de cada um dos componentes. O produto deverá ser
composto de uma lista de materiais estruturada, contendo todos os componentes desse CÁLCULO DE NECESSIDADE DE MATERIAIS
produto. Dependendo do produto, as listas de materiais podem ser muito extensas, con-
tendo diversos níveis de montagens. Esta complexidade e multiplicidade de estágios de Para realizar o cálculo de necessidades de materiais, adota-
produção requer o auxílio de uma ferramenta automatizada, possibilitando mais tempo remos o exemplo prático proposto por Côrrea (2018): fabricação
para análise das incertezas na demanda de mercado, recursos limitados, capacidade dis- de lapiseiras. Durante toda esta seção, adotaremos a literatura
ponível, custos incertos, dentre outros. O MRP permite que a empresa saiba quanto de do autor do processo completo do planejamento das necessida-
quais materiais será necessário e, em que momento, através da explosão do plano-mes- des de materiais para produção de lapiseiras.
quantidades previstas de consumos e as quantidades que serão entregues de cada com- Vamos ao passo a passo:
ponente, necessário para entregar o pedido, também analisa o estoque para verificar se
já existem matérias disponíveis, garantindo que seja comprado somente o necessário a a. definição da estrutura do produto. Estudo sobre processos e
Os diferentes tipos de sistemas de produção também estão intimamente ligados b. estudo sobre a demanda nos meses anteriores;
dos pedidos e a entrega ao cliente. Nos sistemas Make to Stock, o tempo de atendimen- c. lista de materiais para a lapiseira;
to ao cliente é aquele destinado à entrega do produto pronto, uma vez que a empresa
já possui tal estoque, caracterizando-os como sistemas de produção empurrada. Nos d. definição do tempo de chegada de cada produto (lead time).
sistemas puxados pela demanda, sejam eles Make to Order ou Assemble to Order, por
exemplo, o tempo de atendimento ao cliente é formado pela fabricação ou montagem Do projeto do produto, sabemos que a lapiseira é com-
do produto e a posterior entrega. Independentemente do tipo de sistema produtivo, o posta de vários componentes que se agregarão gradualmente,
PCP e o MRP tem a função de suportar a estratégia e a gestão da produção, para que o desde componentes comprados, passando por semiacabados,
tempo de atendimento ao cliente seja atendido dentro do esperado, visando reduzi-lo. até chegarem ao produto acabado.
ITENS PAIS E ITENS FILHOS E ESTRUTURA DE PRODUTO EXPLOSÃO DE NECESSIDADES BRUTAS DE MATERIAIS
No MRP, os componentes principais são os “pais” e os componentes diretos dos A representação da estrutura dos produtos (neste caso a lapiseira) auxilia na resposta
componentes principais são chamados de “filhos”. As informações sobre composição de a duas das questões logísticas fundamentais, que os sistemas de administração da produ-
produtos podem ser organizadas, na forma também chamada de “estrutura de produto”, ção buscam responder:
zidos, permitem saber quantos itens filhos serão necessários para qualquer quantidade de
de materiais auxiliares serão necessários para a fabricação de cada produto. A explosão de maté-
ria-prima é uma lista com todos os insumos e matérias-primas necessários para a produção de
abrange todo o período programado do planejamento-mestre de produção. Para não haver pro-
blemas de falta de insumos, a explosão deve ser enviada para o setor de suprimentos e o lead time
Fonte: Côrrea (2018).
do será levado em conta na hora da realização do planejamento-mestre. Quando um produto é
desenvolvido, formula-se a sua lista de materiais. Com base nessa lista, será feita a explosão de
Nos diversos níveis, os retângulos representam os itens componentes devidamente
matéria-prima, que pode ser comparada a uma receita de bolo, citando todos os ingredientes, suas
identificados, encontra-se um número que representa a quantidade do item filho neces-
respectivas quantidades e o modo de preparo. Na explosão de matéria-prima, temos uma lista com
sário por unidade do correspondente item pai. Na ausência da indicação do número, assu-
todas as matérias-primas para a produção do produto e quando elas serão utilizadas (LOBO, 2014).
me-se uma unidade de item filho para cada unidade de item pai.
Por exemplo, sabemos que, se 1.000 lapiseiras devem ser fabricadas, é necessário Tabela 13 – Itens de composição da lapiseira
comprar 4.000 grafites, produzir 1.000 corpos do miolo. Ainda, 10.000g de plástico ABS
Item Quantidade Comprado/Produzido
para fabricação do corpo externo. Lapiseira P207 1.000 Produzido
Segundo Correa (2018), o cálculo conhecido como explosão de necessidades Tabela 14 – Tempos de obtenção dos itens da lapiseira
brutas, indica a quantidade total de componentes que necessita estar disponível
Item Tempo de obtenção Comprado/produzido
para a fabricação das quantidades necessárias de produtos. Cabe salientar que as
Lapiseira P207 1 semana produzido
empresas precisam definir, gerencialmente, o que comprarão e o que produzirão. Corpo externo 207 2 semanas produzido
possível? Provavelmente, não! Como vimos, as empresas têm a preocupação de Corpo da ponteira 2 semanas comprado
não carregar mais estoques do que seja estritamente necessário. Há o interesse Guia da ponteira 1 semana comprado
em não comprar materiais, nem um dia antes do que seja estritamente neces- Tampa 1 semana produzido
ras para a semana 21, além da estrutura de produto e das quantidades de itens Tira 0,1 mm 1 semana comprado
filho necessários à produção de uma unidade dos itens pai, é imperioso levantar Mola 1 semana comprado
informações sobre tempos: tempos de obtenção dos diversos itens, sejam eles Corpo do miolo 2 semanas produzido
Côrrea (2018), apresenta a representação que inclui as informações da estrutura do produto com os tempos
de obtenção de cada um dos itens. Cada item não mais como um retângulo, mas com um segmento de reta que tenha
um comprimento proporcional ao tempo de obtenção do item ao qual se refere. Como estamos mais acostumados
a enxergar representações em que o tempo varia na direção horizontal, realizaremos uma angulação em 90°, na
representação anterior. Ajustaremos a nova estrutura resultante para que sua extremidade direita coincida com
o momento em que sejam necessárias 1.000 lapiseiras prontas, na semana 21, obtendo a seguinte representação:
Figura 23 – Tempos de obtenção de todos os itens da lapiseira e as relações “pai-filho” entre os itens
Com base na ilustração, temos clareza sobre os momentos em que as diversas atitudes Tabela 15 – Sequência de ações gerenciais para o planejamento da lapiseira
gerenciais logísticas deverão ser tomadas ao longo do tempo, para que as quantidades certas, Semana Ação gerencial referente a pedido de 1.000 lapiseiras p/ semana 21
nos momentos certos, sejam disponibilizadas para a produção da quantidade desejada (infor- Semana 10 Nenhuma
Semana 11 Nenhuma
mada pela melhor visão de futuro que hoje temos, neste caso, dada pelo pedido firme de 1.000
Semana 12 Liberar ordem de compra de 50 g de corante preto.
lapiseiras) de produtos acabados. A sequência de ações gerenciais (lembrando que, em nosso
Liberar ordem de compra de 1.000 capas da garra.
exercício hipotético, estamos na semana 10) será apresentada na Tabela 15. Semana 13
Liberar ordem de compra de 7 kg de plástico ABS.
Liberar ordem de produção de 1.000 corpos do miolo.
Semana 14
Liberar ordem de compra de 1.000 suportes da garra.
Liberar ordem de compra de 1.000 molas.
Semana 15
Liberar ordem de compra de 3.000 garras.
Liberar ordem de produção de 1.000 miolos internos.
Semana 16
Liberar ordem de produção de 10 g de corante azul.
Liberar ordem de compra de 20 m de fio de borracha.
Liberar ordem de compra de 2 kg de tira de 0,1 mm.
Semana 17
Liberar ordem de compra de 4000 grafites.
Liberar ordem de compra de 10 kg de plástico ABS.
Liberar ordem de produção de 1.000 borrachas.
Liberar ordem de produção de 1.000 capas da borracha.
Semana 18
Liberar ordem de produção de 1.000 corpos externos.
Liberar ordem de compra de 2 kg de tira de 0,1 mm.
Liberar ordem de compra de 1.000 presilhas de bolso.
Notamos que o MRP tem uma lógica que parte da visão futura de necessidade de Para que 1.000 lapiseiras possam começar a ser montadas na semana 20, é necessário que
produtos acabados, e depois vem “explodindo” as necessidades de componentes nível a haja disponibilidade (necessidade bruta) de quantidades suficientes de todos os componentes
nível, voltando no tempo, por esse motivo, a lógica do MRP é chamada de lógica de “pro- diretos (filhos) da lapiseira. Isso significa disponibilidade de 1.000 corpos externos, 1.000 mio-
gramação para trás” (em terminologia inglesa, backward scheduling). los, 1.000 corpos da ponteira, 1.000 guias da ponteira e 1.000 presilhas de bolso na semana 20.
A questão agora é, na semana 20, qual será o estoque que projetamos ter de cada um
EXPLOSÃO DE NECESSIDADES LÍQUIDAS DE MATERIAIS
desses componentes (não se esqueça de que estamos na semana 10!)? Por um momento, dei-
xaremos de nos preocupar como teríamos essa informação (mais tarde, voltaremos à questão
Retornaremos ao nosso exemplo do pedido de 1.000 lapiseiras que deverão ser en-
do “como” obter essa informação); apenas assumiremos que tenhamos uma pequena “bola
tregues na semana 21. O MRP faz os cálculos de necessidades de colocação de ordens de
de cristal” que nos informe, sempre que perguntarmos, qual será a quantidade de estoque
compra e produção, considerando a eventual ocorrência de estoques de determinados
projetado, disponível para uso, de determinado item em determinada semana do futuro. Nos-
itens ao longo do tempo. Para facilitar, apenas parte da estrutura de produto da lapiseira
sa pergunta seria: qual será o estoque projetado, disponível para uso, dos itens componentes
será analisada aqui. Vamos lá?!
diretos (filhos) da lapiseira na semana 20? Nossa bola de cristal, nos responderia o conteúdo
Com base na mesma necessidade de disponibilidade de produtos acabados (1.000 da coluna “Estoque projetado disponível na semana 20”, segundo Tabela 16.
lapiseiras a serem entregues na semana 21), os cálculos obedecem a uma dinâmica leve-
Tabela 16 – Necessidades brutas e líquidas para itens filhos da lapiseira
mente diferente. Vamos considerar que, por decisão gerencial, nossa empresa tenha deci-
Necessidade bruta) de Estoque projetado
dido não guardar nenhuma unidade de produtos acabados em estoque. Na semana 21, será Item (filhos do item Necessidade (líquida)
disponibilidade para disponível na
lapiseira P207) de obtenção efetiva
semana 20 semana 20
necessário disponibilizar 1.000 lapiseiras prontas; na semana 20 (ou seja, um “tempo de
Corpo externo 1.000 200 800
obtenção” antes) será necessário, efetivamente, começar a montar 1.000 lapiseiras.
Miolo 1.000 400 600
dade líquida (necessidade de obtenção efetiva via compra ou produção) pelo fato de que Corpo da ponteira 1.000 1.300 0
não projetamos ter nenhuma lapiseira em estoque na semana 21, fruto de alguma pro- Guia da ponteira 1.000 500 500
Com base nessa informação, é possível calcularmos as necessidades líquidas de todos os itens filho
da lapiseira P207. Deduzimos das necessidades brutas, as quantidades projetadas disponíveis em estoque
na semana correspondente, chegando às necessidades dadas pela coluna “necessidade (líquida) de ob-
tenção efetiva”. Essas são as quantidades a serem obtidas com base na liberação, com as antecedências
dadas pelos tempos de obtenção de cada um, de ordens de compra ou de produção (conforme apropria-
do) dos itens em questão. No caso do item miolo, por exemplo, a quantidade de 600 miolos, que terão
que ser produzidos para serem colocados disponíveis na semana 20, requerem uma abertura de ordem de
produção de 600 miolos na semana 19 (pois o tempo de obtenção do item miolo é de uma semana), logo,
o raciocínio será repetido, sequencialmente, para trás: para que seja possível liberarmos uma ordem
de produção de 600 miolos na semana 19, será necessário que os componentes diretos (filhos) do item
miolo estejam disponíveis em quantidades suficientes na semana 19. Isso significa que será necessária
uma disponibilidade (necessidade bruta) de 600 miolos internos, 2.400 grafites (serão necessários qua-
tro grafites para cada miolo), 600 unidades de borracha e 600 unidades de capa da borracha. A pergunta
é: dessas quantidades necessárias, quanto já estará em estoque (podemos perguntar para nossa bola de
Com a repetição desse raciocínio sequencialmente para trás no tempo, chegamos a um panora- MRP II
ma geral de necessidades de liberação de ordens de compra e produção, conforme representado, de
forma simplificada (apenas para alguns itens), na Figura 24. O MRP II é uma ampliação do MRP com a inclusão de recursos como mão de
bem-sucedido do sistema, se faz necessária uma acuracidade alta dos dados ali-
Figura 25 – MRP e MPRII pacidade. Ainda, se houverem problemas grandes, que inviabilizem soluções anterior-
mente citadas, a única saída será reiniciar o processo todo com alterações na decisão
inicial de produção de produtos acabados. Como esse processo poderá se repetir várias
problemas pudessem ser resolvidos apenas com pequenos ajustes. Para abranger toda
Corrêa (2018) argumenta que o MRP II é mais do que apenas o MRP com cálculo de capacida-
de. Para o autor, o MRP II detém uma lógica estruturada de planejamento implícita, que prevê uma
que seja viável, tanto em termos de disponibilidade de materiais como de capacidade produtiva.
materiais, baseado numa decisão de produção de produtos acabados, deve ser feito antes do cál-
culo de capacidade, para que determinemos o momento e a quantidade das ordens de produção.
Se houver problemas quanto a estouros de capacidade, por exemplo, novas capacidades podem
tergar a liberação de ordens, visando ajustar o plano original do MRP a eventuais restrições de ca-
MÓDULOS DO MRP II
A prática de planejamento, adotando MRP II, pode estar suportada em sua totalidade ou
não pelo software que determinada empresa venha a adotar ou desenvolver. Corrêa e Gianesi (2018)
• módulo de planejamento da produção: este módulo visa auxiliar a decisão dos planejadores
quanto aos níveis agregados de estoques e produção. Devido à agregação e quantidade de dados
dução de produtos individualizados, retirado do plano de produção agregado, e tem como objetivo
auxiliar a decisão dos usuários quanto aos planejamentos das quantidades de itens de demanda
independente a serem produzidas, e níveis de estoques a serem mantidos. Através de uma análise
• Módulo de Cálculo de Necessidades de Materiais (MRP): é baseado num registro básico que
representa a posição e os planos referentes à produção e estoque de cada item, sendo maté-
período a período. O registro básico do MRP compreende o período considerado para o plane-
• Módulo de Cálculo de Necessidades de Capaci- Figura 26 – Fluxo de informações e decisões do MRP II CADASTROS BÁSICOS DO MRP II
dade (CRP): o módulo CRP, planejamento das ne-
cessidades de capacidade, calcula, com base nos Um dos aspectos mais importante, para garantir a eficá-
roteiros de produção, a capacidade necessária de cia do MRP II, é a existência de uma base de dados única, não
cada centro de trabalho, identificando ociosida- redundante e acurada que integre toda a empresa por meio da
de ou excesso de capacidade (caso a necessidade informação. As diversas informações necessárias para o pro-
calculada esteja muito abaixo da capacidade dis- cesso de planejamento MRP II, normalmente, são de respon-
ponível) e possíveis insuficiências (caso as ne- sabilidade de setores diferentes, que devem renunciar a seus
cessidades calculadas estejam acima da capaci- controles e bases de dados departamentais, mantendo uma
dade disponível de determinados recursos); única base na qual cada informação estará igualmente dispo-
• cadastro de locais: onde serão definidos os locais de armazenagem dos itens, incluindo que, além de determinar a liberação de ordens, emite relatórios de mensagens de ação, no
unidades fabris, departamentos, corredores, prateleiras, entre outros; caso de não haver disponibilidade de determinados materiais, para que o programador pos-
de datas do ano, armazenando informações de feriados, férias, entre outras; Figura 27 – Carga gerada pelo CRP
os seus benefícios alcançados. O CRP utiliza informações detalhadas a respeito dos roteiros
• o que e quanto produzir em cada período (ou time bucket)? ;
de produção e do consumo de recursos produtivos por item, logo, calcula período a período,
as necessidades de capacidade produtiva de forma detalhada, permitindo a identificação de • o que e quanto comprar em cada período (ou time bucket)? .
Providências especiais a serem tomadas pelo programador: O processo MRP/CRP é considerado o “motor” do sistema MRP II por sua carac-
terística de automação de cálculo, uma vez que os principais parâmetros estejam de-
• apressamento de ordens abertas (recebimentos programados) de compras ou produção; finidos e que a direção principal – o plano de produção de produtos acabados – tenha
O fluxo de informações que inclui esses dois módulos será ilustrado na Figura 28.
dutos, item a item, período a período, que é o dado de entrada para o MRP. O módulo
Tal fórmula indica que dada a previsão de vendas no período, a carteira de pedidos e o SFC (SHOP FLOOR CONTROL) E COMPRAS
estoque inicial, o estoque final é a função da decisão de produção. Essa decisão tem implica-
ções importantes, pois a definição da produção e, consequentemente, dos estoques de pro- Os módulos SFC (Shop Floor Control) e compras são os responsáveis por garantir que o
dutos tem impacto muito grande sobre como a empresa servirá seu mercado consumidor. As plano de materiais detalhado seja cumprido da forma mais fiel possível. O módulo de con-
principais informações necessárias, para a tomada de decisão, são: trole de fábrica é responsável pelo sequenciamento das ordens por centro de produção den-
• a posição dos estoques de produtos, de forma precisa; É um módulo que busca garantir que o que foi planejado será executado da forma mais fiel
possível aos planos. As principais entradas para o módulo de controle de fábrica são os da-
• a previsão de vendas detalhada produto (final) a produto;
dos de roteiro e lead time para cada item (CORRÊA; GIANESI, 2007). A Figura 30 apresentará
produção, quando o sistema faz alocação dos materiais a serem utilizados, descontando-os do
estoque disponível. Logo, o SFC permite que sejam informados os tempos efetivamente gastos
entre outros, para que possamos fazer o controle de utilização de recursos, comparando-se real e
padrão (é óbvio que o grau de controle depende do grau de detalhamento da atividade de aponta-
mento da produção, uma atividade que não agrega valor diretamente ao produto; logo, a necessi-
dade de controle, principalmente de forma centralizada por meio do sistema, deve ser muito bem
avaliada), assim como acompanhar a evolução da ordem de produção ao longo do decorrer do lead
time, de forma a identificar possibilidades de atraso que mereçam atenção especial. Com o fecha-
mento da ordem de produção, os itens produzidos serão transferidos para o estoque, atualizando
Um tipo de informação crítica para o módulo de controle de fábrica são as mudanças nos
planos de materiais, como revisões de prazos e quantidades a entregar das ordens já abertas. Só
de posse desse tipo de informação, o estabelecimento de prioridades locais, na fábrica, pode ser
feito de forma precisa e eficaz. Há importantes interações entre o módulo de controle de fábrica
sidades de Capacidade (CRP). As realimentações são de dois tipos: informações de status (posição
do sistema) e sinais de alerta. Informações de status incluem onde estão as ordens, contagens de
O módulo de compras tem função simular ao SFC, ao controlar as ordens de compra de mate-
riais. Como visto na Figura 30, esse módulo faz a interface entre o planejamento e os fornecedores de
fornecedores, abertura das ordens de compra, emissão e acompanhamento dos pedidos e fechamento
das ordens de compra, quando do recebimento dos materiais, atualizando os registros de estoque na
RESUMO:
controle da produção;
• vimos que o MRP é fundamental para produzir e comprar apenas o necessário e no momento certo.
Além disso, vimos os tipos de informação de entradas necessárias para o processamento do MRP,
o cálculo de necessidade de materiais, a estrutura dos materiais com seus itens pais e filhos, e a
• conhecemos cadastros básicos do MRP II, bem como seus módulos (MRP (Cálculo de Necessida-
Fábrica) e compras;
• exemplos foram apresentados para clarear a aplicação do MRP e a sua lógica de processamento.
1. São objetivos do planejamento de materiais, exceto: 4. A empresa de camas adota o MRP – Planejamento de Mate-
materiais.
6. Módulo _________________ é um plano desagre-
2. Explique o que são itens pais e itens filhos, no pla- decisão dos usuários quanto aos planejamentos das quanti-
nejamento das necessidades dos materiais: dades de itens de demanda independente a serem produzi-
1. LETRA B.
2. MRP: os componentes principais são os “pais” e os componentes diretos dos componentes principais
são chamados de “filhos”. As informações sobre composição de produtos podem ser organizadas na
forma também chamada de “estrutura de produto” ou “árvore do produto”, que traz todas as relações
3. Algumas delas são: flexibilidade para a reprogramação da produção, redução de custos, minimização
dos desperdícios, controle dos estoques e inventário e encurtamento do tempo de fabricação do produto.
4. RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO:
5. Módulo visa auxiliar a decisão dos planejadores quanto aos níveis agregados de estoques e produção.
Devido à agregação e quantidade de dados detalhados, é usado para um planejamento de longo prazo.
individualizados, retirados do plano de produção agregado, tendo como objetivo auxiliar a decisão dos
usuários quanto aos planejamentos das quantidades de itens de demanda independente a serem produ-
7. Cadastro mestre de item, cadastro de estrutura de produto, cadastro de locais, cadastro de centros pro-
111
SUMÁRIO
Este capítulo apresentará o desenvolvimento da função de sequenciamento dentro da di- Figura 31 – Programação da produção e suas atividades
nâmica de programação da produção. Como existem grandes diferenças nos processos produ-
tivos, tanto na demanda como na própria organização física dos recursos a serem sequencia-
produção, gerado para os produtos acabados. A execução destas atividades foi dividida em três
Fonte: Adaptado Tubino (2017).
grupos: a administração dos estoques, o sequenciamento e a emissão e liberação das ordens. No
No que tange às necessidades de fabricação e de montagem, precisam passar por um
que tange à administração de estoques e gestão de materiais, capítulos anteriores detalham as
sistema produtivo com limitações de capacidade. A adequação do programa gerado aos
práticas. Em resumo, está encarregada de planejar e controlar os estoques do sistema produtivo,
recursos disponíveis (máquinas, homens, instalações, etc.) é a função do sequenciamento.
definindo tamanhos de lotes, modelos de reposição e estoques de segurança para os itens. Após
escolher e aplicar uma sistemática de administração dos estoques, serão geradas, a cada período
Como vimos, o sistema de planejamento de produção é uma atividade complexa
de programação, as necessidades de compras, fabricação e montagem dos itens que atenderão
devido ao seu número de variáveis, onde podemos destacar o sequenciamento da produ-
ao plano-mestre de produção. Após geradas as ordens de compras, serão encaminhadas para o
ção, estabelecendo uma sequência propícia à otimização dos recursos e à maximização
setor encarregado das compras e saem da esfera de ação do PCP (TUBINO, 2017; SLACK, 2018).
do atendimento aos clientes no prazo de entrega. A produção sincronizada é a maneira
de movimentação dos materiais dentro de um processo produtivo, de forma rápida e ordenada nos re- Consideraremos as particularidades de cada tipo de sistema produtivo,
cursos disponíveis, atendendo às demandas de mercado. Para organizar este processo, Tubino (2017) de acordo com Tubino (2017):
descreve algumas formas de realizar o sequenciamento, através de meios lógicos para saber qual lote
terá prioridade. A produção pode adotar uma forma ou pode combinar mais de uma. Essa combinação • sistemas de produção contínuos: como a demanda é concentrada em
varia de acordo com o tipo de produção de cada empresa. grandes volumes, em uma pequena variedade de produtos acabados com o
A intensidade e detalhamento com que são executadas as funções de programação da produção mação da produção, incluindo o sequenciamento, se dá apenas no Nível do
pelo PCP em geral, e a função de sequenciamento em particular, dependem do tipo de sistema produ- Produto Acabado (PMP), definindo seus volumes de produção, normal-
tivo que está sendo programado. mente, em lotes únicos para o período; e seus Estoques de Abastecimento
• sistema de produção sob encomenda: o foco da programação da produção SEQUENCIAMENTO NAS LINHAS DE MONTAGEM OU BALANCEAMENTO DE LINHA
deixa de ser a administração dos materiais (que fluem de forma mais lenta)
e passa a ser a administração da capacidade produtiva, via um sistema APS O balanceamento da linha é caracterizado com base no tempo de ciclo e pode ser entendido como
de capacidade finita para sequenciamento e um acompanhamento das ordens o sequenciamento dos postos de trabalho. Este, tem como enfoque implementar um método que vise
emitidas, de forma a garantir ao cliente que seu pedido especial seja atendido uma distribuição mais eficiente das operações no chão de fábrica, fundamentada em estudo de tem-
no prazo acordado. Normalmente, devido à exclusividade do produto, junto pos, fluxo de materiais e redução de desperdício.
nas ou até meses, como no caso da indústria da construção civil, o PCP será
que permite identificar o chamado caminho crítico, que deve ser acompanha-
O sequenciamento em linhas de montagem tem por objetivo fazer com que os diferentes Figura 34 – Sequenciamento em linhas de montagem
centros de trabalho encarregados da montagem das partes componentes do produto acabado
tenham o mesmo ritmo, e que esse ritmo seja associado à demanda proveniente do PMP, razão
pela qual é chamado de balanceamento de linha. Em resumo, é a ordem em que as tarefas serão
do a um Tempo de Ciclo (TC), de forma que, a cada TC, um produto acabado seja montado;
• uma linha de montagem pode ser composta de vários Centros de Trabalho (CT), que podem
Segundo Tubino (2017), a garantia de que os diferentes centros de trabalho da
ser submontagens ou até máquinas para conformações específicas, como por exemplo, uma
linha de montagem estarão balanceados entre si, se dará pelo emprego da mesma de-
estação de pintura ou uma prensa, encarregados de montar ou fabricar partes do produ-
manda gerada no PMP (no caso dos PA) ou no MRP (no caso de componentes) tanto
to que abastecerão a linha principal através de supermercados de componentes, colocados
para dimensionar os supermercados abastecedores entre os centros de trabalho, como
junto à linha a ser abastecida;
para gerar o Tempo de Ciclo (TC) que balizará as diferentes ROP de cada centro de tra-
Figura 35 – Balanceamento de células de fabricação • Primeiro, serão executadas duas atividades de preparação, nas peças, colocadas no su-
• Uma é a lavação de peças do motor elétrico (tampas, carcaças, caixa de ligação, etc.), que
tem como objetivo retirar resíduos de usinagem e excesso de óleo das peças para que a
• A outra, para que seja possível montar a tampa do motor elétrico na carcaça, é uma ope-
bobinados e carcaças já lavadas serão unidas por uma prensa hidráulica que força ver-
uma placa de bornes com uma caixa de ligação na carcaça do motor, que tem por obje-
Fonte: Adaptado Tubino (2017, p. 163). tivo permitir a conexão dos fios de saída do motor com uma ligação externa. Para esse
processo, existe uma bancada onde estão instaladas parafusadeiras pneumáticas, que
Adotaremos o exemplo de Tubino (2017, p. 164) do balanceamento de uma linha de são manuseadas pelos operadores que montam e unem a placa de bornes à carcaça do
montagem de motores elétricos. O balanceamento será ilustrado na Figura 36. motor através de parafusos.
No balanceamento de uma linha de montagem é que estão apresentados os diferen- • Na sequência, ao longo de linhas com deslocamentos via roletes, os componentes como
tes centros de trabalho necessários para a montagem de motores elétricos, adaptados de tampas, rotores completos, rolamentos, caixas de ligação, etc., vão sendo incorporados
uma situação real. à carcaça até que, finalmente, o motor esteja pronto para ser testado e pintado.
Figura 36 – Linha de montagem de motores elétricos (Centros de trabalho) OPERAÇÕES-PADRÃO E TEMPO DE CICLO
Ainda, o tempo-padrão como a quantidade de tempo necessário para a execução de uma ta-
tempo requerido com margens para acontecimentos, necessidades pessoais, repouso, atra-
padronizar o método e estabelecer o tempo para cada tarefa, fazendo com que o trabalhador
trabalhe em um ritmo considerado normal, com isso, servirá como referência para que pos-
produção. Cabe ressaltar que, atualmente, os tempos-padrão são obtidos em cima de ope-
de ciclo mais longos, dado que o enfoque é de se usar operadores polivalentes e ajuda mú-
Vamos voltar ao exemplo de Tubino (2017, p. 164), do balanceamento de Com base na lista de operações-padrão e tempos de ciclo, vamos aos cálculos. A fórmula é:
Tabela 17 – Lista de operações-padrão e os tempos de ciclo CP = Capacidade de Produção em unidades por dia;
Ordem Operações-padrão Tempo (min.) TD = Tempo Disponível para produção em minutos por dia;
1 Soltar cabos. 0,132
TC = Tempo de Ciclo em minutos por unidade.
2 Fazer ligação na placa de bornes. 0,648
Ciente do limite da linha, seguindo com o exemplo do esquema geral de balanceamento Neste exemplo, admite-se que a linha é focada a uma família de motores, não há se-
de linhas de montagem, o PCP precisa definir qual será o TC que a linha operará no período. tups, e que todas as operações-padrão são operações manuais, exigem a presença do ope-
rador para executá-las, vários operadores estão sendo colocados na linha, sendo um deles
As fórmulas do cálculo do Tempo e Ciclo (TC) e chamada Taxa de Produção (TX), serão dedicado apenas à operação 16, admitindo-se ainda que esse operador precise pegar e de-
montagem da ROP, para cada um desses postos deve-se levar em conta a chamada matriz
TX = Taxa de Produção em unidades por minuto;
de polivalência. Vamos ver um exemplo de balanceamento de linhas de produção (SLACK;
TP = Tempo Disponível para produção em minutos por dia; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2002; TUBINO, 2017).
Admitindo-se que a demanda média esperada, por dia, seja de 200 unidades desses
motores, a linha de montagem tem que ser balanceada para um TC de 2,40 minutos por uni-
rações-padrão para montar ou fabricar um item. De maneira geral, essas atividades são NPT= Número de Postos de Trabalho mínimo necessários.
• atividades manuais: são aquelas que exigem que o operador esteja presente, em con-
tato com o item montado ou fabricado, como por exemplo, a colocação de uma peça em Devem existir, no mínimo, 3 postos de trabalho para que as operações possam ser
um torno e o seu acionamento, ou ainda, a retirada da peça da máquina (normalmente, agrupadas de forma a permitir um tempo de ciclo máximo de 2,4 minutos por unidade, le-
essa atividade pode ser automatizada por gravidade, liberando o operador); vando em consideração que, para a fabricação total, leva-se 6,346 minutos por unidade e
• atividades mecânicas: são aquelas que não exigem que o operador esteja em contato
com o item montado ou fabricado, como por exemplo, o que ocorre durante uma ope-
Tabela 17 – Lista de operações-padrão e os tempos de ciclo Dentro do conceito de gerenciamento visual da fábrica, uma das bases da es-
4 Pegar parafusadeira e fixar porcas na placa de bornes. 0,156 informações úteis como pontos de atenção com a segurança, quantidade-padrão de
Posto 1: 2,186 min +
material permitida dentro do posto (WIP), ferramentas necessárias, etc.
5 Dobrar cabos com terminais. 0,196 0,1 min = 2,286 min
6 Pegar caixa de ligação e posicionar na bancada. 0,102 Figura 38 – Visão geral das rotinas de operações-padrão para a linha
7 Posicionar e prensar aterramento na caixa de ligação. 0,074
A lista de operações-padrão, para a montagem, possui apenas operações manuais, que Figura 41 - Rotinas de operações-padrão do Posto 3
exigem a presença do operador para sua execução – além disso, como o layout da linha é
retilíneo, a sequência de operações-padrão, dentro das três rotinas, deve seguir a ordem
ROP esteja afixado junto às linhas de montagem ou células de fabricação. Cada opera-
dor, ao assumir seu posto de trabalho dentro do rodízio de atividades, que pode chegar
• No documento, junto ao chão de fábrica, podem ser incluídas outras informações úteis
Figura 40 - Rotinas de operações-padrão do Posto 2 • Definidas as ROP para cada posto de trabalho, o último passo para se obter o balance-
amento dos centros de trabalhos consiste em analisar qual será a quantidade padrão
de material que deve ser colocada dentro do centro de trabalho, chamada de Work in
esses postos estão interligados e do acionamento da linha, que pode ser de aciona-
No balanceamento de linhas de produção, com acionamento contínuo, busca-se um Figura 43- Linha de velocidade controlada
incremento de produtividade pelo isolamento e multiplicação da ação individual dos opera-
dores, os operadores são dispostos “fora” da linha de montagem que, por sua vez, segue um
ritmo contínuo de acordo com o TC necessário para atender a demanda do produto que está
do-os a trabalharem suas ROP em sincronia com o TC da linha, caso a demanda (e o TC)
pelo produto montado se altere, acelera-se, ou reduz-se a velocidade da linha pela adição,
ou redução, do número de operadores que passarão a executar novas ROP dentro do novo
SEQUENCIAMENTO NA PRODUÇÃO EM LOTES O foco do sequenciamento, na produção em lotes, não é tanto no equilíbrio e ritmo da
Os processos repetitivos, em lotes, caracterizam-se pela produção de um volume mé- do uma taxa de produção ligada à demanda. Estes sistemas produtivos são relativamen-
dio de itens padronizados produzidos em lotes. Cada lote de itens, ou ordem de fabricação, te flexíveis, empregando equipamentos menos especializados, agrupados em centros de
segue seu roteiro de operações-padrão a ser executado em diferentes centros de trabalho. Ao trabalho (ou departamentos), que permitem, em conjunto com funcionários polivalentes,
chegar ao centro de trabalho, o lote necessita ser priorizado, com base em regras pré-defi- atender a diferentes volumes e variedades de pedidos dos clientes internos, como linhas
nidas, de forma a estabelecer a sequência em que os recursos serão carregados. de montagem da própria empresa, ou dos clientes externos (mercado/produção) (SLACK;
produzidas no período, ele deve decidir pelo sequenciamento dessas ordens em cima de
Quanto à escolha da ordem a ser processada: • tempo de espera: é o tempo consumido pelos lotes para aguardarem sua vez
plo, tempo da operação-padrão, cobertura do estoque e importância do cliente, dentre outros. • tempo de processamento: é o tempo gasto com a transformação do item,
• o foco das regras de sequenciamento é o recurso, como por exemplo, tempo de setup, taxa de pro- está de acordo com as especificações exigidas, podendo ser realizado em sis-
dução e capacidade disponível, dentre outros. temas convencionais apenas uma vez ao final;
• na medida em que o final do mês chega, ele pode mudar as regras para priorizar ordens que gerem
faturamento, e carregar recursos que não sejam tão eficientes, mas que estejam disponíveis para
forme ilustrado na Figura 46, enquanto nos processos contínuos e nas linhas de montagem, os itens
fluem rapidamente, nos processos em lotes, os lead times são formados por uma sequência, para cada
Com base na discussão da formação dos lead times produtivos e de como fazer para re- As regras de sequenciamento são heurísticas usadas para selecionar, a partir de informa-
duzi-los, principalmente no que tange aos tempos de espera (que são desperdícios puros), ções sobre características dos itens ou lotes sobre o estado do sistema produtivo, qual dos lotes,
foi gerada a ideia de transformar a estrutura departamental convencional em uma estrutura esperando na fila de um grupo de recursos, terá prioridade de processamento. Normalmente,
de produção focalizada com layout celular. as informações mais importantes estão relacionadas com o tempo de processamento (custos) e
Figura 47 – Modelos de layout com a data de entrega (atendimento ao cliente), que podem ser estabelecidos, tendo por base as
informações dos produtos para os quais se destinam, ou dos lotes programados individualmente.
• PEPS – Primeira que Entra Primeira que Sai: os lotes são processados de acordo com
• MDE – Menor Data de Entrega: os lotes serão processados de acordo com as menores
datas de entrega.
Com as células focadas, a família de produtos, os setups são minimizados, ou até eli-
minados, fazendo com que os lotes econômicos de produção sejam pequenos e o tempo de • IPI – Índice de Prioridade: os lotes serão processados de acordo com o valor da prio-
conclusão dos mesmos acelerado. Com lotes pequenos girando rápido, os estoques, no sis- ridade atribuída ao cliente ou ao produto.
• IFO - Índice de Folga: os lotes serão processados de acordo com o menor valor do resul-
Elas serão tão eficientes quanto for o PMP e a utilização equilibrada dos recursos produ- • Especializado em programação da produção de bens e serviços que
tivos, via análise da capacidade de produção de médio prazo (RCCP) – sem a visão e o pla- utiliza o conceito de sequenciamento em capacidade finita.
nejamento de médio prazo da capacidade de produção, não será uma regra de decisão que
resolverá o problema de atendimento aos clientes. Além do mais, estudos comprovam que • Considera, simultaneamente, turnos de trabalho e eficiência de máquinas
a eficiência de uma regra dependerá da variedade dos lotes, do tamanho destes lotes, e da e operadores, necessidades de ferramentas, tempos de setup e sequência
participação relativa de cada tipo de peça, o que faz com que uma boa regra, numa situa- de montagem, além de prioridades e datas de entrega prometidas.
ção, não seja necessariamente boa em outra.
pesquisa operacional são viáveis matematicamente e podem ser desenvolvidas para so-
• Considera restrições e regras de negócios para fornecer, em tempo real,
luções particulares.
planos de produção realístico.
• APS (Advanced Planning and Scheduling) ou Sistema de Programação Avançada: ambiente
onde as regras de sequenciamento são implementadas para gerar a sequência de ordens • Permite gerar e avaliar múltiplos cenários de produção.
de produção, normalmente, operados pelo pessoal de programação dos próprios setores
responsáveis pela produção das ordens, identificados como PCP setoriais (TUBINO, 2017).
SEQUENCIAMENTO DE PROJETOS PERT/CPM O PCP de processos por projetos busca sequenciar as diferentes atividades do projeto, de
forma que cada uma delas tenha seu início e conclusão encadeados com as demais atividades que
Nos processos geridos por projetos, a principal questão a ser resolvida pelo PCP, ocorrerão em sequência e/ou paralelo com mesma. A técnica mais empregada para planejar, se-
em particular, pelo sequenciamento das tarefas, está ligada à alocação dos recursos quenciar e acompanhar projetos é a técnica conhecida como PERT/CPM. Vários softwares comer-
disponíveis no sentido de garantir a data de conclusão do projeto. Esta data de conclu- ciais utilizam seus conceitos como base de programação.
• uma visão de quais atividades são críticas para o atendimento do prazo de conclusão do projeto;
• uma visão de quanto tempo de folga se dispõe dentro das atividades não críticas, o qual pode
Quanto ao CPM (Critical Path Method) é um método desenvolvido pela DuPont de Nemours,
atividades é bem conhecida; b) busca-se identificar e definir quais atividades não poderão atra-
F CeD 4-6 5
a. Independentemente do método, chega-se aos mesmos resultados.
G E 5-6 4
b. A diferença é que, no MDP, é possível representar relações de precedência que Fonte: Tubino (2017).
A primeira providência para utilizar a técnica PERT/CPM consiste em elaborar de obra, máquinas, etc.) e/ou tempo, já os nós representam o momento de início e fim das ativi-
uma rede, ou diagrama, que represente as dependências entre todas as atividades dades, os quais serão chamados de eventos. Existe outra forma de montar a rede PERT/COM, na
que compõem o projeto. A partir da montagem da rede, pode-se trabalhar com os qual se assume que as atividades são os nós e as setas caracterizam as dependências. Os eventos
tempos e a distribuição de recursos necessários para atingir a previsão de conclu- são pontos, no tempo, que demarcam o projeto e, diferentemente das atividades, não consomem
são. Neste sentido, especial atenção deve ser dada a esta primeira etapa, pois a va- recursos nem tempo. Os nós são numerados da esquerda à direita e de cima para baixo. O nome
lidade das conclusões obtidas dependerá da correta montagem deste diagrama de da atividade aparece em cima da seta e sua duração em baixo. A direção da seta caracteriza o sen-
SÍNTESE
• Neste capítulo, vimos os principais aspectos relacionadas à função de sequenciamento dentro da dinâmica
de programação da produção.
• Aprendemos as diferenças nos processos produtivos, tanto na demanda como na própria organização física
a. balanceamento de linhas de montagem: abordamos conceitos como tempo de ciclo, rotina de opera-
b. sequenciamento em processos repetitivos em lotes: foram apresentadas as regras de decisão para a escolha
do lote e escolha do recurso e a relação direta entre sequenciamento e formação dos lead times produtivos;
c. o sequenciamento em projetos: caracterizado por possuir atividades que demandam grandes tempos
produtivos, foi apresentado com base na técnica PERT/CPM, que possibilita a montagem de redes em que
1. Qual é a importância do sequenciamento das ativida- ( ) Os montadores, colocados em postos de trabalho, seguem um con-
2. O sequenciamento da produção está relacionado a qual Tempo de Ciclo (TC), de forma que a cada TC um produto acaba-
a. Sequenciamento em linhas
( ) Os lead times são formados por uma sequência, para cada centro
c. Sequenciamento PERT/CPM ( ) Sequenciamento das tarefas, está ligada à alocação dos recursos
dens por recurso (APS). ( ) Logística das MP/PA e PMP para balanceamento da linha.
2. A programação da produção.
3. O sequenciamento em linhas de montagem tem por objetivo fazer com que os di-
tes do produto acabado, tenham o mesmo ritmo, e que esse ritmo seja associado
4. B,B,A,A,B,C,A
nas características do item ou lote a ser produzido, como por exemplo, tempo da
6. Cada sistema de produção tem suas características especificas. O sequenciamento variará de acordo com essas carac-
terísticas - Sistemas de produção contínuos: como a demanda é concentrada em grandes volumes em uma pequena
variedade de produtos acabados, com o sistema produtivo focado no roteiro desses produtos, a função de progra-
mação da produção, incluindo o sequenciamento, se dá apenas no nível do produto acabado (PMP), definindo seus
volumes de produção, normalmente, em lotes únicos para o período, e seus estoques de abastecimento (MP) e dis-
tribuição (PA). Ou seja, o foco é na função de administração de estoques ou logística e não no sequenciamento em si.
Sistemas de produção em massa: em função da baixa variedade e alto volume de produção, esse sistema tem seu
foco na logística de abastecimento e distribuição, bem como na utilização do PMP para a definição dos ritmos de
trabalho, ou Tempos de Ciclo (TC), que serão implantados nas linhas de montagem. A partir da definição dos TCs
se faz o chamado balanceamento da linha, ou balanceamento das rotinas de operações-padrão, que pode ser en-
tendido como o sequenciamento dos postos de trabalho, assunto a ser discutido no próximo tópico. Como esses
sistemas estão focados na montagem de produtos acabados, a função da programação da produção não precisa
Sistema de produção sob encomenda: o foco da programação da produção deixa de ser a administração dos ma-
teriais (que fluem de forma mais lenta) e passa a ser a administração da capacidade produtiva, via um sistema
APS de capacidade finita para sequenciamento e um acompanhamento das ordens emitidas, de forma a garan-
tir ao cliente que seu pedido especial seja atendido no prazo acordado. Normalmente, devido à exclusividade do
produto, junto com as ordens de fabricação e montagem, a programação da produção deve providenciar a rotina
de operações-padrão para cada posto de trabalho. Quando o produto a ser fabricado possui tempos operacionais
altos, como semanas ou até meses, como no caso da indústria da construção civil, o PCP é realizado através do
conceito de rede, aplicando-se à técnica de PERT/CPM, que permite identificar o chamado caminho crítico, que
deve ser acompanhado no detalhe, evitando atrasos na data de entrega negociada com o cliente.
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