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Universidade Federal Fluminense

Curso de Ciências Sociais - Bacharelado


Trabalho para a matéria: Teorias Políticas Contemporâneas I
Aluno: Matheus Nubile Porto da Silva
Professor: Cláudio de Farias Augusto

Crise na Democracia Representativa

O descontentamento com as instituições democráticas e a enorme descrença


no sistema representativo tiveram um aumento exponencial das Jornadas de
Junho em 2013 até as eleições presidenciais em 2018. Essa repulsa pela
chamada Velha Política e pelos partidos que a fomentam abriram espaço para
políticos do considerado “Baixo Clero” ocuparem cada vez mais espaço em
posições importantes, se apresentando como “outsiders”, anti-stablishment ou
de forma mais vulgar “contra tudo que tá aí”.

Para uma parcela significativa da população a eleição de 2018 significou


um rompimento com práticas corruptas da política. Foi o rompimento,
principalmente, com os dezesseis anos de governos PTistas que na visão
deles fomentaram o aparelhamento do Estado e a corrupção generalizada. O
bolsonarismo veio para alguma coisa de fato, mas não para romper com a
velha política ou “mudar isso daí”.

As práticas adotadas pelo PSL no legislativo e executivo mostram que o


partido é apenas mais um que está aos poucos sendo percebido como parte da
engrenagem do sistema. Com exceção dos eleitores mais radicais, quem votou
com esperança de mudança já se mostra insatisfeito. Uma pesquisa recente do
Datafolha mostra que Bolsonaro teve a pior avaliação entre presidentes de
primeiro mandato. O Atual governo seria ruim ou péssimo para 30% dos
brasileiros.

Talvez se essa pesquisa saísse hoje, após aprovação da Reforma da


Previdência o resultado seria ainda pior para o governo. A compra de votos dos
parlamentares – prática que fez o Partido dos Trabalhadores cair no
descontentamento – não passa despercebido pelos trabalhadores que foram
afetados pela reforma. Em redes sociais eleitores do Bolsonaro que se
sentiram diretamente atacados pelo projeto já demonstram o seu
descontentamento.

O fato é que o bolsonarismo se apresentou como uma saída à crise


política e econômica do país, mas seja pela inaptidão de seus deputados,
senadores e presidente, e pela falta de “tato político”, ou seja por eles fazerem
parte da velha política – afinal Bolsonaro é deputado faz 30 anos – o que se
mostra é apenas mais um reforço das práticas que a população vem
recriminando desde 2013.

Não se apresenta de forma alguma um modelo de política mais


aproximada do eleitorado. Pelo contrário. Ao seguir uma agenda ideológica de
cunho Olavista, Bolsonaro se afasta cada vez mais de seu eleitorado mais
moderado e passa a priorizar políticas que tratem do que diz respeito à vida
privado do que à vida coletiva. Na realidade o privado se torna público no
bolsonarismo.

A propaganda nos mostra um homem comum, gente como a gente, que


usa meia e chinelo para um encontro com empresários, mas que ainda assim,
gasta uma fortuna com o cartão especial da presidência, e mantém suas
regalias como o auxílio moradia, mesmo tendo uma casa. A estética e a
propaganda bolsonarista conseguiram elevá-lo ao posto de presidente, mas
serão insuficientes para que o povo retome a crença nas instituições
democráticas (uma vez que o próprio PSL promove o oposto) e mais ainda,
serão ineficazes para retomar a crença na política representativa.

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