Você está na página 1de 20

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/04/2021

Número: 0024008-63.2014.8.07.0007
Classe: APELAÇÃO CRIMINAL
Órgão julgador colegiado: 3ª Turma Criminal
Órgão julgador: Gabinete do Des. Jesuino Rissato
Última distribuição : 09/12/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0024008-63.2014.8.07.0007
Assuntos: Crimes da Lei de licitações
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITORIOS (APELANTE)
ADELSO THEODORO DE MENEZES JUNIOR (APELADO)
LOURIVAL MOURA E SILVA (ADVOGADO)
EDMUNDO CAMPOS DE CARVALHO (APELADO)
DAVID GOMES FRANCO (ADVOGADO)
LUIZ CARLOS AGUIAR (ADVOGADO)
GUSTAVO HENRIQUE PIRES FREITAS (APELADO)
WILSON SAMPAIO SAHADE FILHO (ADVOGADO)
JOSE ANSELMO DE SOUSA (APELADO)
LOURIVAL MOURA E SILVA (ADVOGADO)
JOSE EDILBERTO LOUREIRO DE OLIVEIRA (APELADO)
NEY MARCIO DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
JOSE RAIMUNDO VIEIRA DE SOUSA (APELADO)
CARLOS ABRAHAO FAIAD (ADVOGADO)

Outros participantes
MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITORIOS (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
24722567 09/04/2021 Acórdão Acórdão
14:52
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS

Órgão 3ª Turma Criminal

Processo N. APELAÇÃO CRIMINAL 0024008-63.2014.8.07.0007

APELANTE(S) MINISTERIO PUBLICO DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS

APELADO(S) ADELSO THEODORO DE MENEZES JUNIOR,EDMUNDO CAMPOS DE


CARVALHO,GUSTAVO HENRIQUE PIRES FREITAS,JOSE ANSELMO DE
SOUSA,JOSE EDILBERTO LOUREIRO DE OLIVEIRA e JOSE RAIMUNDO
VIEIRA DE SOUSA
Relator Desembargador JESUINO RISSATO

Acórdão Nº 1330170

EMENTA

PENAL E PROCESSUAL PENAL. FRAUDE AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. ART. 90, DA LEI


8.666/93. DOLO NÃO COMPROVADO. ABSOLVIÇÃO MANTIDA.

1. Ausente o dolo específico de frustrar ou fraudar a competição, mediante ajuste ou qualquer outro
expediente, bem como inexistente vantagem pela adjudicação do objeto da licitação, não se configura o
crime do art. 90, da Lei 8.666/93, tornando imperativa a absolvição dos acusados.

2. Recurso ministerial conhecido e desprovido.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 3ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e dos Territórios, JESUINO RISSATO - Relator, WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR - 1º Vogal e
SEBASTIÃO COELHO - 2º Vogal, sob a Presidência da Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS
CUSTODIO, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. IMPROVIDO. UNÂNIME., de acordo com a
ata do julgamento e notas taquigráficas.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 1
Brasília (DF), 25 de Março de 2021

Desembargador JESUINO RISSATO


Relator

RELATÓRIO

Trata-se de recurso de apelação interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E


TERRITÓRIOS em face de sentença proferida pelo MM. Juízo da 3ª Vara Criminal de Taguatinga/DF, que
julgou improcedente a pretensão punitiva estatal e absolveu os réus da imputação de terem infringido o
artigo 90, da Lei nº 8.666/93.

A denúncia que deu origem ao presente feito dividiu os fatos em 9 (nove) séries, os quais, após o
desmembramento dos autos, totalizaram 7 (sete) processos, sendo que este abarca a 6ª, 7ª e 8ª séries (ID
22007049, p. 09 e 31/48). Confira-se:

Neste Inquérito Policial constataram-se várias evidências materiais sobre um conluio existente
entre diversas pessoas/empresas para frustrar o caráter competitivo de procedimentos
licitatórios da área de engenharia civil promovidos pelos órgãos do Distrito Federal.

Conforme documento apreendido na sede de uma das empresas:

"(...) as obras do DF são divididas em duas metades: a primeira (50%) refere-se às indicações
que vem (sic) diretamente do Governo e a segunda (50%) refere-se à divisão que acontece na
mesa entre as empresas da área (...).

Nesse mesmo documento, ainda é possível conferir detalhes do funcionamento desse esquema:

(...) a segunda metade é uma divisão feita na associação de classe e leva em consideração o
porte da empresa e também, como em uma fila, a freqüência tem sido atendido pela mesa. (...).

Foi nesse contexto que os réus, unidos em conluio estável em algumas situações e esporádico
em outras, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter competitivo das
licitações em referência, com o fim de favorecer determinadas empresas, conforme a seguinte
dinâmica. (......)

SÉXTA SÉRIE

Os eventos relacionados aos autos nº 300.000.659/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vendedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 2
apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de JOSÉ EDILBERTO que, ciente da
combinação prévia, apresentava propostas de preços em nome das empresas SULINA e EDIL
previamente ajustadas junto ao esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de
engenharia civil locais.

EDMUNDO, sócio-administrador da ECC, também aderiu a esse esquema e apresentou


propostas de preços com a finalidade de consolidar a combinação prévia existente entre os
licitantes.

Assim, no dia 29/12/2008, ADELSO e GUSTAVO, previamente ajustados, frustraram mediante


ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos nº 300.000.659/2008 pela Administração Regional de Águas Claras, com
o intuito de obter para a empresa TEC Construtora Ltda. vantagem decorrente da adjudicação
do objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem efetiva
concorrência de preço.

A seu turno, JOSÉ EDILBERTO apresentou proposta de preço em nome da empresa EDIL
previamente ajustada com ADELSO para frustrar o caráter competitivo desse certame. Nessa
mesma oportunidade, EDMUNDO apresentou uma proposta de preços combinada em nome da
ECC, com o propósito de favorecer ao esquema de direcionamentos.

Essas propostas foram levadas aos autos do referido processo administrativo, tendo sido
declarada vencedora a MENEZES, seguindo-se a expedição da Nota de Empenho, que
consolidou a contratação.

Contudo, grande parte dos documentos autuados não havia sido numerada, nem sequer
constava com as assinaturas dos servidores públicos quando da apreensão dos autos em
13/01/2009, revelando a existência de uma trama mais ampla, ainda não totalmente
esclarecida. Descoberta a fraude, a contratação foi posteriormente anulada, quando já
esgotados todos os atos executórios do crime.

Assim, os réus GUSTAVO, ADELSO e JOSÉ EDILBERTO unidos em conluio, e EDMUNDO,


aderindo de forma consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o
caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos nº 300.000.660/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas

Nessa empreitada, eles contaram com JOSÉ ANSELMO que, ciente da combinação e
previamente ajustado com ADELSON, apresentava propostas de preços para sustentar a
escolha das empresas dos demais.

A seu turno, JOSÉ RAIMUNDO, atendendo aos interesses de JOSÉ ANSELMO, ciente da
combinação das empresas para frustração do caráter competitivo de licitações, apresentou

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 3
proposta de preço calçada em favor desse esquema.

Assim, no dia 29/12/2008, ADELSO e GUSTAVO, previamente ajustados, frustraram mediante


ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos nº 300.000.660/2008 pela Administração Regional de Águas Claras, com
o intuito de obter para a empresa MENEZES engenharia e Construção Ltda. vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato
administrativo sem efetiva concorrência de preço.

Nessa mesma oportunidade, JOSÉ RAIMUNDO, sócio da ANGLO, atendendo à JOSÉ


ANSELMO, previamente combinado com ADELSO, apresentou a proposta de preços em nome
da ANGLO, formatada para garantir a escolha preordenada da empresa TEC.

JOSÉ RAIMUNDO mantinha estreita ligação com JOSÉ ANSELMO, que constituíra a empresa
ANGLO e mantinha sua esposa como responsável técnica em engenharia dessa. Diversas
evidências materiais dessa interligação foram arrecadadas na busca e apreensão determinada
por este Juízo, conforme Relatório de Análise Criminal nº 187/2011-SI/DECAP.

A seu turno, ADELSO e JOSÉ ANSELMO mantinham uma histórica combinação envolvendo as
empresas MENEZES e IJ, respectivamente, com a finalidade de frustrar o caráter competitivo
de certames, conforme é possível conferir no Laudo Pericial Criminal nº 23.145/2010 do
Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, que analisou um dos
computadores apreendidos na sede da IJ:

(...)

Nesse contexto, ADELSO, pela MENEZES, GUSTAVO pela TEC e JOSÉ RAIMUNDO pela
ANGLO, combinado com JOSÉ ANSELMO, apresentaram as propostas de preços ajustadas
perante a Administração Regional de Santa Maria para favorecer a primeira empresa.

As propostas de preços combinadas foram levadas aos autos do referido processo


administrativo, tendo sido declarada vendedora a MENEZES, seguindo-se a expedição da Nota
de Empenho, que consolidou a contratação.

Contudo, grande parte dos documentos autuados não havia sido numerada, nem sequer
contava com as assinaturas dos servidores públicos quando da apreensão dos autos em
13/01/2009, revelando a existência de uma trama mais ampla, ainda não totalmente
esclarecida. Descoberta a fraude, a contratação foi posteriormente anulada, quando já
esgotados todos os atos executórios do crime.

Assim, os réus ADELSO, GUSTAVO e JOSÉ ANSELMO unidos em conluio, e JOSÉ


RAIMUNDO, aderindo de forma consciente, produziram propostas de preços combinadas para
frustrar o caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa
MENEZES.

SÉTIMA SÉRIE

Os eventos relacionados aos autos n° 138.001.702/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 4
apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com JOSÉ ANSELMO que, ciente da combinação e
previamente ajustado com ADELSON, apresentava propostas de preços em nome da IJ e de
outra empresa sob sua influência para sustentar a escolha daquelas.

Assim, no dia 11/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados, frustraram mediante


ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos n° 138.001.702/2008 pela Administração Regional de Ceilândia, com o
intuito de obter para a empresa TEC Construtora Ltda vantagem decorrente da adjudicação do
objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem efetiva
concorrência de preço.

A seu turno, JOSÉ ANSELMO, previamente combinado com ADELSO, apresentou a proposta
de preços em nome da IJ, formatada para garantir a escolha preordenada da empresa TEC.

ADELSO e JOSÉ ANSELMO mantinham uma histórica combinação envolvendo as empresas


MENEZES e IJ, respectivamente, com a finalidade de frustrar o caráter competitivo de
certames, conforme é possível conferir no Laudo Pericial Criminal n° 23.145/2010 do Instituto
de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, que analisou um dos computadores
apreendidos na sede da IJ:

(...)

Valendo-se dessas interligações, GUSTAVO pela TEC, ADELSO pena MENEZES e JOSÉ
ANSELMO pela IJ promoveram a elaboração e apresentação de propostas de preços
combinadas perante a Administração Regional de Ceilândia, com o propósito de garantir à
TEC vantagem decorrente da adjudicação sem efetiva concorrência.

Essa contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de serviços de
"asfaltamento da via QNN 33".

Assim, os réus GUSTAVO, ADELSO e JOSÉ ANSELMO, unidos em conluio, frustraram o


caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.001.699/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com JOSÉ ANSELMO que, ciente da combinação e
previamente ajustado com ADELSON, apresentava propostas de preços para sustentar a
escolha das empresas dos demais.

A seu turno, JOSÉ RAIMUNDO, atendendo aos interesses de JOSÉ ANSELMO, ciente da
combinação entre as empresas para frustração do caráter competitivo de licitações, apresentou
propostas de preço calçada em favor desse esquema.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 5
Assim, no dia 12/12/2008, ADELSO e GUSTAVO, previamente ajustados, frustraram mediante
ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos n° 138.001.699/2008 pela Administração Regional de Ceilândia, com o
intuito de obter para a empresa MENEZES Engenharia e Construção Ltda vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato
administrativo sem efetiva concorrência de preço.

Nessa mesma oportunidade, JOSÉ RAIMUNDO, atendendo a JOSÉ ANSELMO, previamente


combinado com ADELSO, apresentou a proposta de preços em nome da ANGLO, formatada
para garantir a escolha preordenada da empresa TEC.

JOSÉ RAIMUNDO, sócio da ANGLO, matinha estreita ligação com JOSÉ ANSELMO, que
constituíra a empresa e mantinha sua esposa como responsável técnica em engenharia dessa.
Diversas evidências materiais dessa interligação foram arrecadas na busca e apreensão
determinada por este Juízo, conforme Relatório de Análise Criminal n° 187/2011 -SI/DECAP.

Nesse contexto, ADELSO, pela MENEZES, GUSTAVO pela TEC e JOSE RAIMUNDO pela
ANGLO, combinado com JOSE ANSELMO, apresentaram as propostas de preços ajustadas
perante a Administração Regional de Santa Maria para favorecer a primeira empresa.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de "cobertura da


feira do PSUL, EQNP 26/30", orçada em R$ 149.745,10 (cento e quarenta e nove mil
setecentos e quarenta e cinco reais e dez centavos).

Assim, os réus ADELSO, GUSTAVO e JOSÉ ANSELMO unidos em conluio, e JOSÉ


RAIMUNDO, aderindo de forma consciente, produziram propostas de preços combinadas para
frustrar o caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa
MENEZES.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.002.266/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de EDMUNDO que, ciente da combinação
prévia, apresentava propostas de preços em nome da ECC previamente ajustados junto ao
esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de engenharia civil locais.

No dia 11/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados, frustraram mediante ajuste


e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos n° 138.002.266/2008 pela Administração Regional de Ceilândia, com o
intuito de obter para a empresa TEC Construtora Ltda vantagem decorrente da adjudicação do
objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem efetiva
concorrência de preço.

Nesse contexto GUSTAVO pela TEC, ADELSO pela MENEZES, e EDMUNDO pela ECC
apresentaram as propostas de preços ajustadas perante a Administração Regional de
Ceilândia, sendo as duas últimas como mesmo valor global.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 6
A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a "construção de uma quadra
poliesportiva na EC 21 da EQNM 04/06".

Assim, os réus GUSTAVO e ADELSO, unidos em conluio, e EDMUNDO, aderindo de forma


consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter competitivo da
licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.002.372/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de EDMUNDO que, ciente da combinação
prévia, apresentava propostas de preços em nome da ECC previamente ajustados junto ao
esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de engenharia civil locais.

No dia 11/12/2008, ADELSO e GUSTAVO, previamente ajustados, frustraram mediante ajuste


e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos n° 138.002.372/2008 pela Administração Regional de Ceilândia, com o
intuito de obter para a empresa MENEZES Engenharia e Construção Ltda vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato
administrativo sem efetiva concorrência de preço.

Nesse contexto ADELSO pela MENEZES, GUSTAVO pela TEC e EDMUNDO pela ECC
apresentaram as propostas de preços ajustadas perante a Administração Regional de
Ceilândia, sendo as duas últimas como mesmo valor global.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a "reforma da quadra de


esportes da Escola Classe 06 na EQNM 04/06".

Assim, os réus ADELSO e GUSTAVO, unidos em conluio, e EDMUNDO, aderindo de forma


consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter competitivo da
licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa MENEZES.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.001.398/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Assim, por volta do dia 11/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados, frustraram
mediante ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade
convite promovido nos autos n° 138.001.398/2008 pela Administração Regional de Ceilândia,
com o intuito de obter para a empresa TEC Construtora LTDA vantagem decorrente da

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 7
adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem
efetiva concorrência de preço.

Nesses autos também foram juntados documentos de uma proposta em nome da empresa
PREDIGÁS, cuja autenticidade não foi reconhecida pelo seu representante legal, que ainda
esclareceu que DANIEL teve acesso a documentos timbrados dessa empresa. Não obstante isso,
foi encontrado gravado no computador da PREDIGÁS um documento que remete a DANIEL e
sua empresa (TEC).

Nesse contexto, GUSTAVO pela TEC e ADELSO pela MENEZES apresentaram as propostas de
preços ajustadas perante a Administração Regional de Ceilândia para favorecer a primeira.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de obras de


"construção de calçada e acessibilidade na EQNP 09/13", orçada em R$ 147.559,65 (cento e
quarenta e sete mil quinhentos cinquenta e nove reais e sessenta e cinco centavos).

Assim, os réus GUSTAVO e ADELSO, unidos em conluio, e EDMUNDO, aderindo de forma


consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter competitivo da
licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.001.987/2008

Por volta do dia 11/12/2008, ADELSO e JOSÉ ANSELMO, previamente ajustados, frustraram
mediante ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade
convite promovido nos autos n° 138.001.987/2008 pela Administração Regional de Ceilândia,
com o intuito de obter para a empresa MENEZES Engenharia e Construção Ltda vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato
administrativo sem efetiva concorrência de preço.

Eles mantinham uma histórica combinação envolvendo as empresas MENEZES E IJ,


respectivamente, com a finalidade de frustrar o caráter competitivo de certames, conforme é
possível conferir no Laudo Pericial Criminal n° 23.145/2010 do Instituto de Criminalística da
Polícia Civil do Distrito Federal, que analisou um dos computadores apreendidos na sede da
IJ.

(...)

Nesses autos também foram juntados documentos de uma proposta em nome da empresa
PREDIGÁS, cuja autenticidade não foi reconhecida pelo seu representante legal.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de obras de


"construção de praça com colocação de parque infantil, kit malhadinha, mesas e bancos, na
EQNM 23/25", orçada em R$ 148.715,42 (cento e quarenta e oito mil setecentos e quinze reais
e quarenta e dois centavos).

Assim, os réus ADELSO e JOSÉ ANSELMO, unidos em conluio, produziram propostas de


preços combinadas para frustrar o caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de
favorecer a empresa MENEZES.

Os eventos relacionados aos autos n° 138.002.242/2008

Por volta do dia 11/12/2008, DANIEL e ADELSO, previamente ajustados, frustraram mediante
ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade convite
promovido nos autos n° 138.002.242/2008 pela Administração Regional de Ceilândia, com o
intuito de obter para a empresa TEC Construtora LTDA vantagem decorrente da adjudicação

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 8
do objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem efetiva
concorrência de preço.

Nessa empreitada, ADELSO contou com a atuação de JOSÉ ANSELMO, que, ciente da
combinação, apresentou proposta de preço em nome da IJ para sustentar a escolha
preordenada da empresa de DANIEL (TEC).

Eles ainda contaram com o auxílio de EDMUNDO nessa empreitada, que, ciente da
combinação prévia e do esquema de acertos existentes entre as empresas de engenharia locais,
apresentou propostas de preços em nome da empresa ECC para frustrar o caráter competitivo
deste e de outros certames.

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

A seu turno, ADELSO e JOSÉ ANSELMO mantinham uma histórica combinação envolvendo as
empresas MENEZES e IJ, respectivamente, com a finalidade de frustrar o caráter competitivo
de certames, conforme é possível conferir no Laudo Pericial Criminal n° 23.145/2010 do
Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, que analisou um dos
computadores apreendidos na seda da IJ.

Valendo-se dessas relações, GUSTAVO pela TEC, EDMUNDO pela ECC e JOSÉ ANSELMO
pela IJ, contando com a atuação de ADELSO, apresentaram as propostas de preços ajustadas
perante a Administração Regional de Ceilândia, sendo as duas últimas como mesmo valor
global.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de obras de "obras
de urbanização de Becos nas EQNP 24, 28/32, 32/36 e 30/34", orçadas em R$ 147.647,27
(cento e quarenta e sete mil seiscentos e quarenta e sete reais e vinte e sete centavos).

Ainda foi constatado que a planta baixa do projeto básico desta contratação teria sido
elaborada por DANIEL, não obstante a natureza pública desse tipo de documento.

Assim, os réus GUSTAVO, ADELSO e JOSÉ ANSELMO, unidos em conluio, e EDMUNDO,


aderindo de forma consciente, produziram propostas de preços combinados para frustrar o
caráter competitivo da licitação em referência, com o fim de favorecer a empresa TEC.

OITAVA SÉRIE

Os eventos relacionados aos autos n° 143.000.852/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 9
Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de JOSÉ EDILBERTO que, ciente da
combinação prévia, apresentava propostas de preços em nome das empresas SULINA e EDIL
previamente ajustadas junto ao esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de
engenharia civil locais.

Assim, por volta do dia 19/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados, frustraram
mediante ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade
convite promovido nos autos n° 143.000.852/2008 pela Administração Regional de Santa
Maria, com o intuito de obter para a empresa TEC Construtora LTDA vantagem decorrente da
adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem
efetiva concorrência de preço.

A seu turno, JOSÉ EDILBERTO apresentou proposta de preço em nome da empresa SULINA
previamente ajustada com ADELSO para frustrar o caráter competitivo desse certame.

Previamente ajustados, GUSTAVO pela TEC, ADELSO pela MENEZES e JOSÉ EDILBERTO
pela SULINA apresentaram as propostas cominadas para favorecer a TEC na contratação
destinada à "manutenção e limpeza de boca de lobo e recolocação de meios-fios", orçada em
R$ 149.790,62 (cento e quarenta e nove mil setecentos e noventa reais e sessenta e dois
centavos). As propostas da MENEZES e da SULINA ainda ostentaram o mesmo valor global.

ssim, os réus GUSTAVO e ADELSO, unidos em conluio, e JOSÉ EDILBERTO, aderindo de


forma consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter
competitivo da licitação em referência com o fim de favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos n° 143.000.938/2008

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de JOSÉ EDILBERTO que, ciente da
combinação prévia, apresentava propostas de preços em nome das empresas SULINA e EDIL
previamente ajustadas junto ao esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de
engenharia civil locais.

ADELSO ainda combinou com JOSÉ RAIMUNDO da empresa ANGLO, que agia sob
determinação de JOSÉ ANSELMO para apresentar proposta destinada a calçar a oferta da
TEC.

Assim, por volta do dia 19/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados, frustraram
mediante ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na modalidade
convite promovido nos autos n° 143.000.938/2008 pela Administração Regional de Santa
Maria, com o intuito de obter para a empresa TEC Construtora Ltda vantagem decorrente da
adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato administrativo sem
efetiva concorrência de preço.

Eles voltaram a contar com a atuação de JOSÉ EDILBERTO que, por meio de outra empresa,
a EDIL, apresentou proposta de preço previamente ajustado junto ao esquema de
direcionamentos vigente entre as empresas de engenharia civil locais.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 10
A seu turno, ADELSO, ajustado com GUSTAVO, solicitou a apresentação de proposta de preço
combinada a JOSÉ RAIMUNDO da empresa ANGLO, que atendia às determinações de JOSÉ
ANSELMO.

ADELSO e JOSÉ ANSELMO mantinham uma histórica combinação envolvendo as empresas


MENEZES e IJ, respectivamente, conforme é possível conferir no Laudo Pericial Criminal n°
23.145/2010 do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, que analisou
um dos computadores apreendidos na seda da IJ:

(...)

Por sua vez, JOSÉ ANSELMO mantinha estreito vínculo com a empresa ANGLO, de JOSÉ
RAIMUNDO, tanto por ter constituído a empresa quanto porque sua esposa era a responsável
técnica em engenharia da empresa.

Nesse contexto, GUSTAVO pela TEC, JOSÉ EDILBERTO pela EDIL e JOSÉ RAIMUNDO pela
ANGLO, combinados com JOSÉ ANSELMO e ADELSO, apresentaram as propostas de preços
ajustados perante a Administração Regional de Santa Maria para favorecer a primeira.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a execução de "obra de


calçamento e acessibilidade nas quadras 301, 201, 312, 316, 117, 106 e 205, na Região
Administrativa de Santa Maria", orçada em R$ 149.973,52 (cento e quarenta e nove mil
novecentos e setenta e três reais e cinqüenta e dois centavos).

Assim, os réus GUSTAVO, ADELSO e JOSÉ ANSELMO unidos em conluio, JOSÉ RAIMUNDO
e JOSÉ EDILBERTO, aderindo de forma consciente, produziram propostas de preços
combinadas para frustrar o caráter competitivo da licitação em referência, com o intuito de
favorecer a empresa TEC.

Os eventos relacionados aos autos n° 143.000.950/2008

Continuando, por volta do dia 19/12/2008, GUSTAVO e ADELSO, previamente ajustados,


frustraram mediante ajuste e combinação o caráter competitivo do procedimento licitatório na
modalidade convite promovido nos autos n° 143.000.950/2008 pela Administração Regional de
Santa Maria, com o intuito de obter para a empresa TEC Construtora Ltda vantagem
decorrente da adjudicação do objeto licitado, consistente na formalização do contrato
administrativo sem efetiva concorrência de preço.

Nessa empreitada, eles contaram com a atuação de EDMUNDO que, na condução dos
interesses da empresa ECC, apresentou proposta de preço previamente ajustada junto ao
esquema de direcionamentos vigente entre as empresas de engenharia civil locais.

Pelo menos no final do ano de 2008, GUSTAVO e ADELSO mantiveram uma combinação
prévia destinada a frustrar o caráter competitivo de diversas licitações promovidas pelas
Administrações Regionais, ora para que fosse vencedora a empresa TEC, do primeiro, ora
para que fosse vencedora a empresa MENEZES, desse último.

Eles dividiram entre si diversos procedimentos de contratação de serviços de engenharia civil,


apresentando propostas de preços calçadas para garantir a escolha preordenada de uma das
duas empresas.

Nessa empreitada, eles contaram com o auxílio de EDMUNDO, que, ciente da combinação
prévia, apresentou propostas de preços em nome da empresa ECC para frustrar o caráter
competitivo deste e de outros certames.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 11
Nesse contexto, GUSTAVO pela TEC, ADELSO pela MENEZES e EDMUNDO pela ECC,
apresentaram as propostas de preços ajustados perante a Administração Regional de Santa
Maria, sendo as duas últimas como mesmo valor global.

A contratação visava à seleção da proposta mais vantajosa para a "implantação de 11 (onze)


equipamentos de ginástica (kit malhação) em diversos pontos da cidade de Santa Maria",
orçada em R$ 149.825,88 (cento e quarenta e nove mil oitocentos e vinte e cinco reais e oitenta
e oito centavos).

Assim, os réus GUSTAVO e ADELSO unidos em conluio, e EDMUNDO, aderindo de forma


consciente, produziram propostas de preços combinadas para frustrar o caráter competitivo da
licitação em referência, com o intuito de favorecer a empresa TEC.

(...)

Em suas razões recursais, o Ministério Público pugna pela condenação dos réus nos termos da denúncia.
Sustenta a existência de provas suficientes para a condenação dos recorridos (ID 22007598).

Contrarrazões dos acusados Gustavo (ID 22007654), José Anselmo e Adelso Theodoro (ID 22007655),
Edmundo (ID 22007657), José Edilberto (ID 22007717) e José Raimundo (ID 22007726), pelo
desprovimento do recurso ministerial.

A d. Procuradoria de Justiça opinou pelo conhecimento e provimento do apelo ministerial (ID 22505902).

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador JESUINO RISSATO - Relator

Conheço do recurso, pois presentes os pressupostos de admissibilidade.

No mérito, sem razão o órgão ministerial.

A versão do Ministério Público é de que os denunciados, investigados na chamada “Operação Loki”,


frustraram mediante ajuste e combinação o caráter competitivo de vários procedimentos licitatórios na
modalidade convite promovidos pelas Administrações Regionais de Águas Claras, Ceilândia e Santa Maria,
com o intuito de obter para as empresas dos réus, vantagem decorrente da adjudicação do objeto licitado,
consistente na formalização do contrato administrativo sem efetiva concorrência de preço.

O Parquet apresentou, por ocasião da inicial, vários indícios que levaram ao recebimento da denúncia. No
entanto, conforme consignou o juiz sentenciante, a acusação não se desincumbiu do ônus de apresentar
provas que demonstrem o alegado. Embora existam elementos de informação graves e preocupantes, não se
comprovaram a materialidade e a autoria de modo conclusivo.

O tipo do art. 90, da Lei de Licitações prevê como crime o ato de “frustrar ou fraudar, mediante ajuste,
combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito
de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação”.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 12
Embora se trate de ilícito formal, por certo cabe ao Parquet provar o efetivo ajuste ou combinação, além da
prática de atos com fim de elidir a competição durante o certame.

Na hipótese, o ônus do órgão persecutório não foi cumprido.

Com efeito, os acusados negaram a prática dos crimes. Vejamos trechos de seus depoimentos transcritos na
sentença (ID 22007597, p. 36/43):

(...) JOSE EDILBERTO LOUREIRO DE OLIVEIRA que participou de duas das licitações em
questão; que uma foi com sua empresa EDIL; que na outra foi com a empresa "Sulina"; que
nunca houve acordos de maneira a decidir quem seria o ganhador de cada licitação; que não
se sabe quem participa de cada licitação; que participou da licitação de recuperação de
alambrado em Águas Claras; que entregou sua proposta com a documentação necessária,
duas horas antes do fechamento; que não participou do momento de abertura dos envelopes;
que soube dessa licitação por meio de mural; que participou da licitação de recuperação de
bocas de lobo em Santa Maria; que colocou um preço final altíssimo no intuito de não ganhar,
pois, o risco de levar prejuízo nesta obra seria muito grande; que a terceira licitação a qual a
EDIL participou também não queria ganhar pelo mesmo motivo da passada; que não tem
conhecimento de que alguém pegaria o papel timbrado de sua empresa; que não deu papel
timbrado em nome de sua empresa para alguém; que pode conhecer um ou outro acusado de
vista devido a natureza de como são os processos licitatórios; que participou de uma licitação
que foi cancelada, no caso, a reforma da Feira do setor P, na Ceilândia, a qual ganhou; que o
administrador dessa feira começou a dificultar a execução desta obra; que após ter iniciado a
obra, foi na administração para falar dessas dificuldades e descobriu que a licitação havia
sido cancelada; que não recuperou o dinheiro gasto até aquele momento; que as mudanças
possíveis nos editais enviados são ínfimas; que somente o administrador conhece quem
participa das licitações; que ninguém o pediu para "encarecidamente" participar da licitação
da recuperação de bocas de lobo em Santa Maria; que, nessa obra em questão, retrata-se no
que disse em relação a ter tomado conhecimento dela pelo mural, que na verdade, teria sido
convidado pelo administrador a participar; que só descobre se uma obra vale a pena, ou não,
quando, chega em casa e começa a analisar o edital, mas, consequentemente já foi assinado
o documento que representaria seu interesse em apresentar uma proposta para aquela obra;
que foi convidado por membros da administração a participar das licitações, mas que esses
membros nunca tentaram convencê-lo a participar de qualquer maneira. (...).

JOSE RAIMUNDO VIEIRA DE SOUZA afirmou que não são verdadeiras as acusações; que
nunca participou de nenhum acordo de licitação fraudulenta; que nunca trabalhou na
empresa "Menezes"; que não foi fundador da empresa "Anglo"; que seu filho e sua esposa são
os sócios desta empresa; que foi sócio de Jose Anselmo e posteriormente comprou a sua parte
da empresa; que comprou a parte de Jose Anselmo em 2008; que Jose Anselmo não assinou
nenhum contrato após ter deixado a empresa; que já participou de negócio na condição de
subempreitado para a empresa "IJ"; que não foi empreiteiro da empresa "IJ"; que trabalhou
previamente nas empreiteiras "Contral" "eliacom"; que ele é o responsável por receber e
analisar os editais; que nunca notou nada de errado nestes editais; que sabe quem é José
Adelson; que sabe quem é Adelson também; que não sabe se Adelson e José Anselmo possuíam
algum laço de amizade; que a esposa de José Anselmo já foi "Responsável Técnica" de sua
empresa; que não calçou ou ajudou a empresa de José Anselmo após ter comprado sua parte
da empresa de maneira alguma; que nunca deixou de prestar o serviço de forma completa;
que não conhece a pessoa de José Edilberto; que não era mais sócio de Anselmo na época dos
fatos. (...)

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 13
Interrogado, GUSTAVO HENRIQUE PIRES REITAS declarou que não são verdadeiras as
acusações; que tomava conhecimento dos convites por meio de funcionários que visitavam
as administrações para pesquisar oportunidades de trabalho; que não conhece os outros
acusados; que não conhece Ângelo; que já trabalhou na administração regional de São
Sebastião, após se formar; que essa foi a única; que, para ganhar a licitação no preço final,
geralmente se abaixava o preço de um material para diminuir o preço da proposta; que sua
preocupação principal era especificamente as obras; que recebiam os editais por pen drive ou
por mídias (CD's); que era registrado também que as pessoas tiveram acesso aos editais; que
não se recorda de nenhum edital que poderia estar eivado de vícios ou que poderia ter algo
estranho em seu conteúdo; que no edital, geralmente, se consta o local da obra; que não sabe
o motivo de ter sido achado um documento da 'TEC' na 'Predigas"; que não costumava buscar
as licitações, pois, havia funcionários específicos para isso; que não possui nenhuma amizade
com funcionário da administração pública; que não conhece Adelson ou qualquer
funcionário de sua empresa; que os preços já eram fornecidos pela própria administração;
que os preços requisitados já eram defasados; que é coincidência tantas repetições de
convites com as mesmas empresas, ou que também, pode ser atribuído ao próprio despreparo
da máquina pública em gerenciar esses convites; que o montante de obras era muito grande
na época; que a margem de lucro girava em torno de seis a sete por cento; que desconhece se
a "TEC" já foi subcontratada por alguma das outras empresas envolvidas neste processo; que
as empresas não tem conhecimento de quais outras empresas estão entrando no processo
licitatório. (...)

JOSE ANSELMO DE SOUSA afirmou que não são verdadeiras as acusações; que não sabe se
nenhum dos outros acusados participou nas práticas destes crimes; que é sabido que há
fraude de licitações no DF; que não trabalhava com carta-consulta; que só trabalhava com
obras grandes; que passava a maior parte do tempo nas obras; que montou a empresa
juntamente com José Raimundo; que a Anglo já existia e estava parada há aproximadamente,
dezesseis anos; que só era proprietário de duas empresas; que uma era para grandes obras e a
outra pequenas obras; que achou uma boa ideia a proposta de negócio de Jose Raimundo,
pois, o mesmo administraria as pequenas obras e isso seria uma nova fonte de renda; que
depois de "racharem" da empresa não teve mais nenhum envolvimento com a Anglo e Jose
Raimundo; que sua esposa continuou como "RT" da Anglo por mais dois ou três anos; que foi
feito um acordo entre Anselmo e José Raimundo, dada a irresignação de Jose Raimundo em
ter sido deixado por Anselmo na Anglo, o qual consistia na "reempreitada de algumas obras
na parte Sul do Distrito Federal, para Jose Raimundo não ficar com tanto prejuízo; que o
acordo só valia de Anselmo para Raimundo, mas não o contrário; que houve uma mistura de
documentos que transitaram por equívoco entre as empresas; que conhece "Rivail", o qual é,
zelador de sua empresa; que conhece o dono da "EBCC"; que se trata de um ex-sócio da "IJ"
mas faz muito tempo que não tem contato; que conhece a "M e N" engenharia, mas apenas
conhecimento profissional; que conhece estas empresas somente de licitações; que já foi sócio
da "Elmo"; que conhece Adelson, mas não tinha contato profissional e que o mesmo era muito
amigo da engenheira Débora, que trabalha para o acusado; que seu ex-sócio, Ramiro, já
trabalhou na "engepol"; que não conhece José de Matos Ribeiro Junior; que quem fazia a
análise do edital quando era recebido em sua empresa era a Débora Aparecida; que nunca foi
notado na época dos fatos nada de estranho com os editais; que os editais são padronizados;
que tanto recebia convites como os buscava nas administrações; que era necessário fazer
registro de que estaria recebendo o edital e também dar um recibo; que tem certo problema
psicológico e isso o afasta do serviço ocasionalmente; que estava afastado na época dos fatos
e só assinava os documentos em casa; que já aconteceu, várias vezes, de a administração
entrar em contato e "implorar" para a sua empresa participar da licitação, e que imagina ser
algo comum; que nunca mais participou de nenhum negócio com Jose Raimundo; que são
concorrentes. (...)

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 14
EDMUNDO CAMPOS DE CARVALHO declarou que não são verdadeiras as acusações; que
não conhece nenhum dos acusados; que não sabe de nenhum conluio; que não participou de
nenhuma das licitações indicadas; que só fez uma obra na Ceilândia, na QNP 38; que foi uma
reforma em um galpão; que não sabe se alguém poderia ter subtraído algum documento para
participar das licitações em seu nome, ou como isso seria possível. O acusado ADELSO foi
dispensado de depor em juízo em razão da ratificação do seu depoimento prestado na fase
extrajudicial.

Em sede inquisitorial alegou que é proprietário da empresa MENEZES ENGENHARIA E


CONSTRUÇÕES LTDA, com 100% das cotas do capital social; que a empresa do declarante
atua no setor de construção civil; que FÁBIO MESSIAS DA SILVA já participou da sociedade
da empresa com 0,5% das cotas de 2007 à 2011, aproximadamente; que neste ato foi
informado de duas licitações por convite nas quais concorreu e teve a proposta vencedora na
Administração Regional de Águas Claras, quais sejam: convite n° 14/2008 (processo n°
0300.000.660/2008), onde também foram licitantes as empresas ANGLO e TEC, referente à
implantação de playground em diversos locais da cidade, sendo que neste convite embora
tenha sido o vencedor, o mesmo não chegou a ser executado, tendo sido cancelado em razão
das irregularidades na contratação; e convite n° 22/2008 (processo 0300.000.664/2008), onde
também foram licitantes as empresas GONTIJO e ESAENGE, referente construção de pista de
skate, esclarecendo também que embora tenha sido vencedor, o projeto não chegou a ser
executado; que informa que é o responsável pelas propostas da empresa, não se recordando se
chegou a comparecer na Administração no dia do recebimento das propostas; que esclarece
que seu sócio à época FÁBIO MESSIAS DA SILVA, às vezes, ficava com essa incumbência de
comparecer na Administração levando as propostas; que informa que conhece de vista os
responsáveis das empresas que também participaram das duas licitações citadas, sabendo
informar nominalmente o representante da FORMATO como SÉRGIO; que com relação à
suposta irregularidade de que no convite 22/2008 a proposta de sua empresa ser semelhante
as das empresas ESAENGE e GONTIJO, esclarece que quando vai participar da licitação, já
recebe o dispositivo em mídia da administração, com a planilha de preços, sendo que na
apresentação de sua proposta altera alguns valores para se adequar a sua necessidade; com
relação as outras três licitações que também concorreu, não se sagrando vencedor, na
Administração de Águas Claras, não sabe dizer se chegaram a ser executadas; que neste ato
foi informado dos convites 10/2008 (processo n° 0300.000.654/2008) onde foram licitantes
ESAENGE, MENEZES e FORMATO, e vencedora a empresa FORMATO, do convite n°
16/2008 (processo n° 0300.000.658/2008) tendo sido licitantes as empresas GONTIJO,
MENEZES e FORMATO, tendo sagrado-se vencedora a empresa FORMATO e do convite
13/2008 (processo 0300.000.659/2008) onde foram licitantes as empresas EDIL, ECC, TEC e
MENEZES, sagrado-se vencedora a empresa TEC; que com relação aos três convites citados o
procedimento de sua empresa era semelhante, ou seja, recebia a planilha de preços da
Administração, adequava de acordo com seu interesse e encaminhava na data determinada à
Administração, esclarecendo que as propostas eram de sua responsabilidade, sendo que
conforme já citado, seu sócio à época FÁBIO representava a empresa em algumas licitações
na data do recebimento das propostas; que informa que nunca recebeu qualquer contato de
sócio ou representante das empresas que participaram das licitações citadas, no sentido de
combinarem preços e propostas para favorecer esta ou aquela empresa; que esclarece que das
licitações que foi convidado sempre participou encaminhando propostas com a intenção de
sagrar-se vencedor; que informa conhecer JOSÉ DE MATOS RIBEIRO JÚNIOR, o qual
trabalhou com o declarante na empresa MENEZES no período entre 2005 a meados de 2006;
que esclarece também que já tinham trabalhados juntos na empresa ENGECOL PROJETOS E
EDIFICAÇÕES; que após JOSÉ DE MATOS sair de sua empresa em 2006, ficou sabendo que
o mesmo passou a trabalhar na empresa FORMATO; que informa conhecer a pessoa de
HAMILTON SEBASTIÃO SOARES, com quem trabalhou na empresa ENGECOL de 2003 até o

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 15
fim de 2004; que, salvo engano, sabe dizer que HAMILTON passou a trabalhar na empresa IJ;
que na Administração Regional da Ceilândia, sua empresa foi convidada para 06 licitações,
tendo se sagrado vencedora em três licitações; que foi vencedora do convite 47/2008 (processo
0138.001.699/2008) onde também foram licitantes as empresas TEC e ANGLO, do convite
41/2008 (processo n° 0138.001.987/2008) onde também foram licitantes PREDIGAS e IJ, e do
convite 42/2008 (processo n° 0138.002.372/2008) onde também participaram do certame as
empresas TEC e ECC; que esclarece que os três convites tiveram a execução cancelada pela
Administração, acreditando que por problemas nas licitações; que conforme já esclareceu as
propostas de sua empresa eram de sua responsabilidade, sendo que em algumas licitações era
representado pelo seu sócio FÁBIO no dia de entrega das mesmas; que também esclarece que
não teve qualquer combinação com os sócios ou representantes das empresas citadas antes de
apresentar sua proposta; que na Administração da Ceilândia, conforme já esclarecido, em
outros três convites também participou, mas não venceu, quais sejam: convite 35/2008
(processo 0138.002.266/2008), onde foram licitantes as empresas TEC, MENEZES e ECC,
sagrando-se vencedora a empresa TEC; convite 37/2008 (processo 0138.001.702/2008), onde
foram licitantes as empresas TEC, MENEZES e IJ, sagrando-se vencedora a empresa TEC; e
convite 38/2008 (processo 0138.001.398/2008), onde foram licitantes as empresas TEC,
PREDIGAS e MENEZES, sagrando-se vencedora a empresa TEC; que conforme já esclarecido
já participou dos três convites com a intenção de vencer, reforçando que não teve qualquer
ajuste ou combinação prévia com outra empresa para apresentação de sua proposta; que ao
ser informado que no convite 35/2008 vencido pela empresa TEC, a sua proposta e a da
empresa ECC foram idênticas, qual seja, R$ 148.178,58 (cento e quarenta e oito mil, cento e
setenta e oito reais e cinqüenta e oito centavos), esclarece que como já anteriormente
informado recebe a planilha de preços da administração com o preço padrão, e em alguns
casos, quando não tem interesse não concede desconto, apresentando sua proposta no valor da
obra já recebido da administração, outra forma de justificar a igualdade das propostas seria
no caso de ambas as empresas terem concedido o mesmo coeficiente de desconto na planilha
recebida; que esclarece que o representante da empresa ECC talvez tenha procedido da
mesma maneira; que com relação a administração Regional de Santa Maria, tomou ciência de
duas licitações em que participou, mas não venceu, quais sejam: convite n° 22/2008 (processo
143.000.852/2008), onde foram licitantes as empresas TEC, SULINA e MENEZES, sagrando-
se vencedora a empresa TEC; e convite n° 24/2008 (processo 143.000.950/2008), onde foram
licitantes as empresas TEC, MENEZES e ECC, sagrando-se vencedora a empresa TEC; que
conforme já esclarecido não teve qualquer ajuste ou combinação de propostas para favorecer
a empresa TEC; que participou dos dois convites com a intenção de vencê-los; que não se
recorda se chegou a comparecer na data dos recebimentos das propostas, ou se foi
representado pelo seu sócio FÁBIO; que foi informado que no convite n° 22/2008 a sua
proposta e a da empresa SULINA tiveram o valor exatamente igual, qual seja, R$ 148.267,08
(cento e quarenta e oito mil, duzentos e sessenta e sete reais e oito centavos), esclarecendo
conforme já mencionado acima que talvez não tenha mudado os valores da planilha
orçamentária recebida da administração, devolvendo os preços conforme recebido; que outra
justificativa que apresenta para semelhança de preço seria no caso de as duas empresas, ao
receberem a planilha de preços da administração, terem concedido o mesmo percentual de
desconto geral, ou seja, ambas terem por exemplo colocado na planilha do excel o mesmo
coeficiente de desconto para todos os itens da planilha; que informa que já prestou serviços
terceirizados para a empresa SUPREMA ENGENHARIA. (fls. 2674-2677). – Grifos nossos

A testemunha Ângelo Melo Cardoso, arrolada pelo Ministério Público e ouvida durante a instrução, prestou
declarações apenas acerca da 7ª série de fatos descrita na denúncia e, apesar de ter declarado na fase
inquisitorial que o acusado Gustavo lhe solicitou papel timbrado de sua empresa, não confirmou tal
declaração em juízo. Ao contrário, afirmou que Gustavo nunca lhe pediu o papel timbrado.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 16
As testemunhas Francisco das Chagas Lima Ramos, Daniel Muller Campos, Joabe Farias Chagas e Wily
Luiz Pereira Martins não apontaram qualquer prática ilícita por parte dos acusados.

Nesse contexto, não há sequer um depoimento em juízo, que confirme o conluio entre os recorridos com o
intuito de obter para as suas empresas vantagem decorrente da adjudicação dos objetos licitados, consistente
na formalização de contrato administrativo sem efetiva concorrência de preço.

De igual modo, os Relatórios e Laudos constantes do processo não permitem concluir, com a certeza
necessária, o dolo dos acusados nos fatos a eles imputados.

Como bem registrou o magistrado de primeiro grau, o fato de os acusados manterem relacionamentos
estreitos em razão de anterior sociedade não é motivo, por si só, para se concluir que se encontravam em
conluio para frustrar o caráter competitivo do procedimento licitatório sob comento.

Em que pese existirem fortes indícios de fraude nos procedimentos licitatórios sob análise realizados pelas
Administrações de Águas Claras, Ceilândia e Santa Maria, os quais teriam sido previamente acordados
entre as empresas convidadas e os agentes públicos envolvidos, em favor das empresas que deveriam sair-se
vencedoras do certame, não é possível concluir, com a certeza necessária, intenção dos recorrentes em
fraudar os procedimentos licitatórios.

Ademais, a similitude entre as propostas pode ser justificada em razão dos modelos que a Administração
Pública oferece para a propositura dos procedimentos licitatórios e do limite de preço fixado pelo órgão.

Também o fato de grande parte dos documentos não ter sido numerada, nem assinada pelos servidores
públicos no momento da sua apreensão, bem como a ausência de informações exigidas pela administração,
não pode ser imputada aos acusados, uma vez que competia aos servidores e membros da comissão de
licitação zelar pela regularidade dessa documentação.

Nesse contexto, a acusação não comprovou a existência de liame subjetivo entre os réus, no sentido de se
unirem para fraudar os processos licitatórios, possibilitando a adjudicação do objeto da licitação às
empresas dos apelados.

Muito embora a grande coincidência entre as propostas possa permitir ilações desfavoráveis aos acusados,
tais conjecturas não chegaram a ganhar, nos autos, qualquer prova que permitisse que as mesmas fossem
tomadas como certeza absoluta de uma pactuação ilícita.

A doutrina é muito clara em estabelecer e conceituar os elementos caracterizadores do delito descrito no art.
90, da Lei de Licitações. E ela nos mostra que é indispensável um começo de prova seguro para que se
desenhe a motivação subjetiva que permite uma condenação criminal. Vejamos alguns estudiosos:

(...) Objetividade jurídica: a moralidade administrativa concernente à regularidade do


procedimento licitatório. (...) Tipo objetivo: A conduta do concorrente é descrita por dois
verbos: frustrar ou fraudar. Frustrar é tornar ineficiente, e fraudar é enganar; portanto o
elemento objetivo do tipo consiste em frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou
qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório. O tipo penal é
misto alternativo. As expressões: ajuste e combinação, ensejam o entendimento de que são
necessários pelo menos dois agentes, ambos concorrentes ou, um deles, funcionário
responsável pela licitação. (...) Tipo subjetivo: é o dolo, que consiste na vontade livre e
consciente de frustrar ou fraudar o caráter competitivo do procedimento licitatório, mediante
ajuste, combinação ou qualquer outro expediente. Exige ainda o tipo penal o elemento
subjetivo especial do tipo, que é o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação. Consumação: o delito se consuma com a
efetiva frustração ou fraude do caráter competitivo do procedimento licitatório. Não é

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 17
necessário que haja frustração ou fraude de eficácia total da licitação. É suficiente que alguns
aspectos do certame sejam atingidos. (...) - grifos nossos (Leis Penais Especiais Anotadas -
JOSÉ GERALDO DA SILVA - Ed. Millennium, 5ª ed., 2004, p. 450/451).

(...) As condutas definidas pela lei como crimes se resumem na prática dos atos em desacordo
com a legislação ou, então, na daqueles que visam frustrar os objetivos da licitação. (...)
frustrar ou fraudar a competição mediante ajuste ou qualquer outro expediente, visando a
obtenção de vantagem, para si ou para outrem. (...) (Curso Prático de Direito Administrativo -
Coordenador Carlos Pinto Coelho Motta - Autora do capítulo: CLÁUDIA FERNANDES
MANTOVANI, Ed. Del Rey, 2ª ed., 2004, p. 419).

(...) As diretrizes de criminalização de condutas, na Lei de Licitações, visam tutelar a


Administração, tipificando circunstâncias em que concorrentes ou servidores tentem obter
vantagens ilicitamente, lesando o patrimônio público. (...) (Eficácia nas Licitações e Contratos
- CARLOS PINTO COELHO MOTTA, Ed. Del Rey, 9ª ed., 2002, p. 535).

A jurisprudência deste Tribunal é no mesmo sentido:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A LEI DE LICITAÇÕES. ART. 96, INCISO II, DA
LEI 8666/93. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. AUSÊNCIA DE PROVA
DO DOLO DE FRAUDAR. MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

1. A ré asseverou que, após sagrar-se vencedora em certame licitatório para venda de toners
de impressora, contou com a intermediação de uma empresa parceira, que realizou a compra
dos produtos junto a terceira sociedade empresária, a qual, por sua vez, procedeu à entrega
dos toners diretamente ao órgão comprador, sem que a ré os conferisse para verificar se eram
falsos.

2. A versão da acusada foi corroborada: pelo depoimento do seu companheiro (que atua junto
com ela nas atividades empresárias); do representante da empresa parceira que efetivamente
adquiriu os toners (posteriormente identificados como falsos); e do representante comercial
(que admitiu ter feito a intermediação da compra dos toners entre as empresas da ré e a
empresa compradora dos produtos, indicando terceira pessoa jurídica como sendo a
vendedora de menor preço e que findou por vender os toners falsos e entregá-los diretamente
junto à Administração Pública).

3. Eventuais irregularidades na parceria informal entre a empresa da acusada e aquela que


efetivamente comprou os produtos objetos da licitação, ou mesmo decorrente do fato de a ré
ter apresentado amostras de cartuchos adquiridos em uma loja e depois comprado cartuchos
de outro fornecedor para entregá-los ao órgão da Administração, não são suficientes para
caracterizar o ilícito penal, o qual exige o dolo em fraudar, enganar, a Administração
Pública, não prevendo a modalidade culposa.

4. A diferença de valores constantes das notas fiscais de aquisição dos toners e a emitida pela
empresa ré não evidencia o dolo da acusada, mesmo porque, não foi devidamente
demonstrando nos autos qual seria o valor de mercado dos cartuchos, para que se pudesse
aferir eventual desproporção.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 18
5. O acervo probatório enseja sérias dúvidas quanto ao dolo da ré em fraudar o produto da
licitação com o intuito de obter vantagem econômica, sendo, portanto, correta a absolvição
com fundamento no inciso VII do art. 386 do Código de Processo Penal.

6. Recurso desprovido. (Acórdão n.1072524, 20140110989317APR, Relator: SILVANIO


BARBOSA DOS SANTOS 2ª TURMA CRIMINAL, Data de Julgamento: 01/02/2018,
Publicado no DJE: 15/02/2018. Pág.: 220/238) – Grifo nosso

Assim, aplicando-se tais orientações e conceitos no exame dos autos, observa-se bastante temerária a
condenação dos acusados simplesmente por conclusões sobre o resultado do processo licitatório. Está
visível que, por mais que possamos estranhar a coincidência das propostas, não há prova alguma de que o
preço dos apelados seria absurdo ou que acarretaria qualquer prejuízo para o erário público.

Ressalte-se que nenhuma prova produzida, quais sejam, documental e testemunhal, foi capaz de confirmar o
cometimento dos delitos. E, salvo melhor juízo, até pelo contrário, as provas colhidas trazem elementos
suficientes para a absolvição dos acusados.

Ausente, portanto, comprovação da conduta específica de frustrar ou fraudar a competição mediante ajuste
ou qualquer outro expediente, bem como inexistente vantagem pela adjudicação do objeto da licitação, não
se configura a hipótese do art. 90, da Lei 8.666/93, sendo a absolvição dos acusados medida impositiva.

Ante o exposto NEGO PROVIMENTO ao recurso ministerial.

É como voto.

O Senhor Desembargador WALDIR LEÔNCIO LOPES JÚNIOR - 1º Vogal


Com o relator
O Senhor Desembargador SEBASTIÃO COELHO - 2º Vogal
Com o relator

DECISÃO

CONHECIDO. IMPROVIDO. UNÂNIME.

Número do documento: 21040914523296300000023964453


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21040914523296300000023964453
Assinado eletronicamente por: JESUINO APARECIDO RISSATO - 09/04/2021 14:52:33 Num. 24722567 - Pág. 19

Você também pode gostar