Você está na página 1de 269

Sumário

PARTE 1 – LEGISLAÇÃO
CADASTRAL

TOPOGRAFIA CADASTRAL: PRINCIPAIS LEIS E O


IMPACTO DAS MESMAS NO NOSSO DIA A DIA ........................ 14

Legislação aplicada a topografia cadastral – Parte 1 –


Colonização ................................................................................ 15

Brasil sem leis cadastrais................................................ 16

Parte 2 – O engatinhamento do cadastro .......................... 16

Parte 3 – Estado da arte .................................................... 22

Leis, decretos e instruções normativas que de alguma


maneira impactaram o registro e o cadastro de imóveis ............. 23

Lei 10.267 – Estado da arte ............................................... 25

POSSE E PROPRIEDADE: ENTENDA A DIFERENÇA ENTRE


ESTES TERMOS .......................................................................... 29

O que significa ser proprietário? ........................................ 30

O que significa ter a posse de um imóvel .......................... 31

O efeito colateral de ter-se a simples posse e não a


propriedade do imóvel ................................................................ 32

Tenha a segurança da propriedade de seu imóvel ............ 33

QUAL A DIFERENÇA ENTRE LOTEAMENTO,


DESMEMBRAMENTO E PARCELAMENTO DO SOLO? .............. 34

Parcelamento do solo ........................................................ 34


3

Desmembramento ............................................................. 35

Loteamento de área ........................................................... 36

A diferença entre lote e gleba ............................................ 37

Loteamento de chácara ..................................................... 38

Parcelamento clandestino.................................................. 39

Parcelamento irregular....................................................... 39

DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS – TUDO QUE VOCÊ


PRECISA SABER A RESPEITO! .................................................. 40

Fração mínima de parcelamento ....................................... 41

Desmembramento de imóveis rurais.................................. 42

Desmembramento de imóveis urbanos.............................. 43

Desmembramento de Imóveis Rurais não Georreferenciados


................................................................................................... 46

Desmembramento judicial ............................................... 47

Projeto gleba legal .......................................................... 47

O problema dos imóveis flutuantes ................................. 48

Desmembramento de Imóveis Rurais Georreferenciados .... 49

Como proceder? ............................................................. 51

Características da área ................................................... 52

Procedimento para o desmembramento de terreno rural 52

Desmembramento de terreno rural – hipótese 1 – O


profissional de registro exige que o imóvel rural seja
primeiramente desmembrado .................................................. 53
4

Desmembramento de terreno – hípotese 2 – O profissional


de registro aceite que o desmembramento e o
georreferenciamento sejam feitos em um único processo ....... 55

Desmembramento de terreno – Como resolver o problema


do CCIR? ................................................................................. 56

Porque é necessário desmembrar um imóvel rural? ....... 57

Desmembramento INCRA: como proceder? ...................... 58

Documentos necessários ................................................ 59

Desmembramento INCRA: não cometa este erro ........... 60

Preenchimento da planilha ods para o desmembramento


INCRA ..................................................................................... 62

Preenchimento da guia perímetro ................................... 63

Pega ratão ...................................................................... 64

Planta para o desmembramento INCRA ......................... 65

Cuidado com a fração mínima de parcelamento ................ 65

TRANSCRIÇÃO E MATRICULA DE IMÓVEL: QUAL A


DIFERENÇA + MODELOS E EXEMPLOS PRÁTICOS! ................ 65

Entenda o sistema de transcrições .................................... 67

O sistema de transcrição e a venda de imóveis .............. 69

O impacto do sistema de transcrições no nosso dia a dia70

Entenda o sistema de matriculas ....................................... 71

A estrutura de uma matricula .......................................... 72

Cabeçalho de uma matricula........................................... 74

Descrição do imóvel ........................................................ 74

Proprietário ..................................................................... 75
5

Registro anterior ............................................................. 76

Registros e averbações .................................................. 76

O que é um registro ........................................................ 77

O que é uma averbação.................................................. 77

As matriculas também apresentam problemas ............... 78

A evolução das matriculas .............................................. 81

INCRA X IRIB X RECEITA FEDERAL – QUEM FAZ O QUE?


...................................................................................................... 87

O que é uma fração ideal + 3 exemplos práticos ............... 88

Conceito teórico de fração ideal ...................................... 88

Exemplo da utilização da fração ideal no nosso dia a dia 89

Exemplo de divisão de área pela área útil ......................... 90

Exemplo de fracionamento de gleba pela área útil ............ 92

O QUE É E COMO FAZER O REMEMBRAMENTO DE


IMÓVEIS ....................................................................................... 93

Procedimento necessário para se solicitar o remembramento


de um imóvel rural ...................................................................... 94

Remembramento de imóveis urbanos ............................... 94

Remembramento de propriedade imobiliária rural ............. 95

Remembramento de imóveis que ainda não foram


georreferenciados .................................................................... 96

Remembramento de áreas georreferenciadas – Como


proceder?................................................................................. 97

O papel do INCRA ........................................................... 100

Quando que é exigido o CCIR? .................................... 101


6

Cadastro no INCRA e o georreferenciamento de imóveis


rurais ...................................................................................... 102

O papel do IRIB ............................................................... 102

E o SIGEF nesta história toda.......................................... 104

A relação existente entre a receita federal, o INCRA e


o registro de imóveis? ............................................................... 106

Entendendo o que é o ato declaratório ambiental ............ 108

Interação receita/cartório ................................................. 108

Unificação dos cadastros da receita federal e do INCRA. 109

Uma oportunidade pouco aproveitada ............................. 109

COMO PROCEDER NO CASO DE TERRAS DEVOLUTAS?


.................................................................................................... 110

O que são terras devolutas? ............................................ 111

A origem das terras devolutas ......................................... 112

Legitimação de posse de terras devolutas ....................... 114

OS 4 TIPOS DE RETIFICAÇÃO DE ÁREA EXTRAJUDICIAL


EXISTENTES .............................................................................. 116

Introdução a retificação de área....................................... 116

Retificação de ofício ........................................................ 117

Retificação por simples requerimento .............................. 119

Retificação de área por procedimento sumário ................ 120

Retificação de área por procedimento ordinário............... 121

Como proceder quando o confrontante se negar a assinar a


retificação .............................................................................. 123

Impugnação na retificação de área ............................... 124


7

PARTE 2 – CARTOGRAFIA
APLICADA

SISTEMA DE REFERÊNCIA E DE COORDENADAS: O QUE


É E PARA QUE SERVE? ............................................................ 126

O que é um sistema de referência ................................... 126

Porque foi necessário a criação de elipsoides? ............... 129

Principais sistemas de referência existentes.................... 133

Córrego Alegre (Sistema Geodésico Córrego Alegre)... 134

SAD69 .......................................................................... 135

SIRGAS2000 ................................................................ 136

Materialização de um sistema de referência .................... 137

MODELO DE ONDULAÇÃO GEOIDAL: O QUE É, PARA QUE


SERVE E QUAL O ATUAL? ........................................................ 138

Que dados são utilizados para a atualização do modelo de


ondulação geoidal..................................................................... 140

ALTITUDE ORTOMÉTRICA: O QUE É E PARA QUE SERVE?


.................................................................................................... 142

Qual a diferença entre altitude ortométrica e altitude


geométrica ................................................................................ 143

ESCALA DE UM MAPA: O QUE É E COMO CALCULAR? 144

Escala de um mapa: escala numérica ............................. 145

Escala de mapa – Alguns cuidados importantes quanto a


escala numérica ....................................................................... 146

Escala gráfica .................................................................. 147


8

Exemplos de escala gráfica .......................................... 148

Fórmula da escala: o que é e para que serve? ................ 149

Determinação da distância no mapa ............................. 150

Determinação da distância real ..................................... 151

Os 2 diferentes tipos de escalas utilizadas em mapas ..... 152

Qual é a diferença entre escala grande e pequena?........ 153

O QUE É UM CROQUI ....................................................... 155

ENTENDA O QUE É UMA PLANTA TOPOGRÁFICA ........ 157

Quais elementos que uma planta topográfica precisa ter 158

Quais os diferentes tipos de plantas topográficas existentes?


................................................................................................. 159

Plantas de área ............................................................. 159

Plantas de lote urbano .................................................. 160

Plantas para retificação de área.................................... 161

Plantas para divisão de área ......................................... 162

O QUE É UMA CARTA TOPOGRÁFICA ............................ 163

PLANTA DE LOTEAMENTO .............................................. 165

O que é uma planta de loteamento .................................. 165

Planta de lote ................................................................... 167

ROSA DOS VENTOS E PONTOS CARDEAIS................... 169

BÚSSOLA .......................................................................... 171


9

PARTE 3 – RELEMBRANDO
ALGUNS CONHECIMENTOS
TOPOGRÁFICOS IMPORTANTES

PLANO TOPOGRÁFICO: O QUE É E PARA QUE SERVE?


.................................................................................................... 173

Plano topográfico local versus plano topográfico ............. 174

Entenda o que é o sistema topográfico local.................... 176

Vantagens do plano topográfico local .............................. 182

TOPOMETRIA: O QUE É E PARA QUE SERVE? ............. 183

Planimetria....................................................................... 184

Altimetria.......................................................................... 184

PROCEDIMENTOS PELA TOPOMETRIA ......................... 185

Instrumentos utilizados na topometria.............................. 186

OS DIFERENTES ÂNGULOS UTILIZADOS NA TOPOGRAFIA


.................................................................................................... 187

Ângulos horizontais ......................................................... 187

Ângulos internos ........................................................... 188

Ângulos externos .......................................................... 189

Ângulo de deflexão ....................................................... 190

Método de repetição ..................................................... 191

Método da Reiteração ................................................... 192

Ângulos Verticais ............................................................. 193


10

Ângulo zenital ............................................................... 194

Ângulo nadiral ............................................................... 194

Azimute............................................................................ 195

RUMO.............................................................................. 196

Transformar rumo em azimute ......................................... 196

Exemplos práticos de como transformar rumo em azimute


.............................................................................................. 198

LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO ................................... 200

Norma técnica a respeito da execução de levantamentos


topográficos .............................................................................. 201

Entenda exatamente o que é um levantamento topográfico


................................................................................................. 203

LEVANTAMENTO CADASTRAL: O QUE É E PARA QUE


SERVE? ...................................................................................... 204

Levantamento Topográfico Planimétrico .......................... 206

Resultado final obtido com a realização do levantamento


topográfico planimétrico ......................................................... 207

Técnicas utilizadas no levantamento topográfico


planimétrico ........................................................................... 209

Cuidados ao se realizar um levantamento topográfico por


irradiação .................................................................................. 218

Levantamento Topográfico Altimétrico ............................. 218

Levantamento topográfico planialtimétrico ....................... 219

Levantamento topográfico planialtimétrico cadastral........ 219

Quais as vantagens do levantamento topográfico? ......... 220


11

Equipamentos utilizados no levantamento topográfico .... 222

RBMC: O QUE É, PARA QUE SERVE E COMO FAZER O


DOWNLOAD DE DADOS? .......................................................... 222

Integração RBMC e RIBaC .............................................. 223

Estações da RBMC ......................................................... 224

Para que serve a RBMC? ................................................ 227

Download de relatórios e dados da RBMC ...................... 228

Compactação hatanaka ................................................... 230

Formato rinex 3................................................................ 231

SIRGAS 2000: O QUE É, QUAL SUA HISTÓRIA,


LEGISLAÇÃO, OBJETIVOS E O ESTADO DA ARTE ................. 233

O projeto SIRGAS 2000................................................... 233

Objetivos definidos........................................................ 234

Materialização e densificação dos marcos de rede ITRF


.............................................................................................. 237

SIRGAS 95 ................................................................... 237

SIRGAS 2000 ............................................................... 238

O SIRGAS 2000 no Brasil................................................ 240

Parâmetros do datum SIRGAS 2000 ............................... 241

Porque SIRGAS 2000, época 4? ..................................... 241

Qual a diferença entre SAD 69 e SIRGAS 2000? ............ 243

Como fazer a transformação de dados para o SIRGAS 2000


................................................................................................. 243

TAQUEOMETRIA: O QUE É E PARA QUE SERVE? ...... 244

Equipamento utilizado na taqueometria ........................... 244


12

Taqueometria e determinação de ângulos e distâncias ... 246

NIVELAMENTO TOPOGRÁFICO: CONHEÇA OS


DIFERENTES MÉTODOS ........................................................... 246

Nivelamento topográfico: nivelamento barométrico ......... 247

Nivelamento topográfico: nivelamento trigonométrico ...... 248

Funcionamento do nivelamento trigonométrico................ 248

Nivelamento topográfico: Nivelamento geométrico .......... 249

Nivelamento geométrico simples .................................. 250

Nivelamento geométrico composto ............................... 251

NIVELAMENTO TRIGONOMÉTRICO: O QUE É, PARA QUE


SERVE E AS DIFERENTES FÓRMULAS UTILIZADAS.............. 252

Funcionamento do nivelamento trigonométrico................ 253

Aplicações do nivelamento trigonométrico ....................... 253

INFLUÊNCIA DA CURVATURA TERRESTRE E DA


REFRAÇÃO ................................................................................ 256

Caderneta de campo: Dicas de preenchimento ............... 259

PREPARAÇÃO DA CADERNETA DE CAMPO .................. 260

Dicas extras de preenchimento da caderneta de campo . 261

CURVAS DE NÍVEIS: TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER A


RESPEITO! ................................................................................. 263

O que são as curvas de nível?......................................... 263

Cuidados que você precisa ter ao obter dados para a


produção de curvas de níveis ................................................... 265

Acurácia dos equipamentos utilizados ............................. 266

Dados ASTER E SRTM ................................................ 266


13

Dados obtidos com drones e aviões ............................. 267

Dados obtidos com receptores GNSS e estações totais 268

Cuidados que você precisa ter no processo de abstração de


dados........................................................................................ 268

Algumas das diferentes aplicações das curvas de nível .. 269


14

PARTE 1 – LEGISLAÇÃO
CADASTRAL

TOPOGRAFIA CADASTRAL: PRINCIPAIS


LEIS E O IMPACTO DAS MESMAS NO NOSSO
DIA A DIA

Para que você entenda a evolução da legislação, irei dividir a


mesma em 3 partes. São elas:

 Colonização;
 O engatinhamento do cadastro e;
 Estado da arte.
15

Legislação aplicada a topografia cadastral – Parte


1 – Colonização

Portugal nas primeiras décadas após o “descobrimento” não


queria colonizar estas terras. Isso porque era mais fácil fazer
negócios com a Ásia.

Na realidade, o que Portugal queria era ouro e outros minerais


preciosos, porém isso não foi encontrado no litoral brasileiro.

Somente com o tempo descobriu-se que o pau Brasil, que era


abundante no litoral brasileiro, podia ser utilizado para o tingimento
de roupas. Foi então que foram feitas diversas incursões com o
intuito de extrair-se o mesmo.

Como efeito colateral da febre causada pelo Pau Brasil, esta


terra passou a ser observada por outros países.

Com isso, o Brasil (que na época se chamava Terra de Vera Cruz),


teve várias invasões feitas por outros povos que também queriam extrair
as riquezas aqui existentes.
16

A ocorrência destas invasões fez com que Portugal corresse o


risco de perder estas terras. Isso fez com que em 1530, o rei de
Portugal decidisse implementar o sistema de sesmarias, que fez com
que as terras que até então eram públicas, passassem a serem
particulares.

Este regime perdurou até a independência do Brasil em 1822.

Brasil sem leis cadastrais

Um fato interessante existente na história é que com a


independência do Brasil e consequente queda do sistema de
sesmarias, o pais ficou sem legislação cadastral vigente.

Neste período, entre 1822 e 1850, o que funcionava era a


ocupação do solo mediante a simples tomada de posse.

Talvez isso soe para você como um absurdo, porém lembre-se


que naquela época a grande maioria das terras aqui existente era
ocupada somente pelos índios.

Perceba que com isso não se fazia necessário a existência de


uma legislação rigorosa.

Parte 2 – O engatinhamento do cadastro


17

Passada a fase da colonização, finalmente começou-se a


pensar no cadastro de terras no Brasil…

Quero dizer, não foi exatamente assim…

Existe até um fato muito hilário envolvendo a legislação


cadastral nacional. Em 1843 foi instituída a lei orçamentária 317.

Esta lei teve como finalidade regularizar o crédito. Isso mesmo, o


Brasil teve uma lei de regularização hipotecaria antes mesmo de ter uma
lei que regularizasse a propriedade.

Com isso, a pessoa ainda não era dona, mas podia


hipotecar as terras das quais era posseira.

Somente em 1850 que o Brasil teve sua primeira lei


considerada cadastral. Estou me referindo a lei 601 e seu decreto nº
1.113 de 1854. A novidade trazida por esta lei foi que a
mesma discriminou os bens públicos dos privados.
18

Com isso, esta lei legitimou a aquisição pela


posse, descriminando o que era público do que era posse.

Outro fato interessante é que nesta época o que vigorava era o


chamado registro do vigário. O mesmo tinha este nome porque o
vigário fazia o registro no livro da paróquia.

Este registro era obrigatório aqueles que possuíam terras


devolutas, porém, o mesmo tinha apenas um caráter estatístico. Ele
não garantia a propriedade da terra.

A grande vantagem deste registro é que o mesmo fixou a


percepção de que o registrador deve estar na comunidade a qual está
registrando os imóveis. Como efeito colateral, atualmente,
normalmente cada município possui um tabelionato de registro de
imóveis.

Ou no caso de municípios de pequeno porte, um tabelionato presta


serviços para 2 ou mais municípios.

Além disso, nesta época, a transferência da posse não


era através de contrato, mas sim, pela tradição. A tradição era a
relação de direito real, enquanto o título era apenas a tradução de
uma relação de direito pessoal.

Este modelo de transferência de terras segue os moldes da


teoria romana do “titulo” e do “modo de adquirir”.

Com o passar do tempo, esta forma de transmissão de terras


começou a apresentar problemas. Isso porque tornou-se comum o
vendedor exercer a posse em nome do comprador.
19

Isso fez com que o crédito fosse comprometido e resultou no


surgimento em 1864 de uma lei abordando o registro de terras
propriamente dito.

No caso, a lei 1.237, que criou o Registro Geral.

Entre os avanços trazidos pela mesma está a adoção dos 8


livros principais para e escrituração dos registros.

Devo salientar que esta lei não constitui um sistema registral


completo, mas apenas os primeiros passos. É como que se um gato
recém-nascido abrisse os olhos.

O maior benefício trazido pela mesma, provavelmente foi


quanto ao modo de transferência da propriedade, que passou da
tradição para a transcrição.

Sim, finalmente nasceu o famoso e tanto criticado sistema de


transcrições.

Com a proclamação da república em 1889 a lei 1.237 foi


substituída pelo decreto 169-A e seu regulamento, ambos datados
de 1890.

Este decreto trouxe o princípio da especialização, que foi o


primeiro de uma série de princípios importantíssimos.

Em 1917 com a entrada em vigor do código civil de 1916, o


Registro Geral passou a ser denominado registro de imóveis.

Uma das grandes vantagens desta lei é que a mesma


consagrou o princípio de que a propriedade se adquire pelo registro
e também atraiu para si as transmissões via causa mortis.

O registro civil também trouxe uma série de outros princípios


importantíssimos. São eles:
20

 Princípio da Inscrição;
 Princípio da prioridade;
 Princípio de legalidade;
 Princípio de especialidade;
 Princípio de publicidade;
 Princípio da presunção.

O problema do código civil é que o mesmo uniu a atividade


registral a atividade civil. Com isso, entre os anos de 1917 e 1939 a
atividade registral fazia parte da atividade civil.

Foi então que em 1939 fez-se necessário o surgimento


do regulamento 4.857 que separou essas atividades.

Na realidade, nesta época o cadastro imobiliário era


impraticável, isso porque não existia nenhum método de obtenção de
dados que possibilitasse tal cadastro.

Isso mudou em 1948, devido ao surgimento da aerofotogrametria


que somente mais tarde passou a ser utilizada para o cadastro
propriamente dito.

Além disso, o que predominava era o sistema de transcrições.


Uma transcrição nada mais é do que um breve relato dizendo que
determinada pessoa possui uma área de terras em determinado
local.

Por exemplo:

” Uma fração de terras em nome de Dorival Santos na


localidade de Vila Andrade.”

Perceba a precariedade deste tipo de documento. Com o


passar do tempo as transcrições começaram a trazer mais detalhes,
21

citando os confrontantes. Porém, mesmo assim a descrição era


muito precária.

Ou melhor, era muito precária se levarmos em consideração o atual


estado da arte da topografia cadastral.

Para a época, esta descrição era o que de melhor existia. Perceba


que estamos falando de 1950. Nesta época o que existia era corrente de
agrimensor e os primeiros teodolitos.

Somente a partir da década de 70 foi que surgiram as primeiras


estações totais e posteriormente, nos anos 90 ouve a popularização
do posicionamento pelo GNSS.

A legislação funcionava muito bem para a época, pois o que de


melhor existia em termos de posicionamento era a bussola, que
possibilitava a obtenção de rumos e azimutes.

Quanto ao sistema de transcrições, o mesmo trouxe muitos


problemas ao longo das últimas décadas e continuará trazendo
problemas nas próximas décadas.

Porém, como disse, não é que o mesmo fosse errado e sim que a
tecnologia teve uma evolução brutal nos últimos 50 anos.

Eu digo isso porque o sistema de transcrições foi utilizado até


1973.

Se pegarmos uma pessoa que tinha 30 anos em 1972 e que


adquiriu uma área de terras via transcrição, hoje a mesma possui
menos de 80 anos.

Perceba que existe grande probabilidade desta pessoa não ter


vendido esta área de terras. Ou seja, o documento mais recente que
se encontra da mesma ainda é uma transcrição.
22

Parte 3 – Estado da arte

No dia 31 de dezembro de 1973. Foi homologada a Lei 6.015,


também conhecida como lei dos registros públicos.

Esta lei preocupou-se principalmente com o fluxo interno dos


papéis nos cartórios, que posteriormente passaram a ser chamados de
tabelionatos.

A principal mudança trazida pela mesma foi a união da


inscrição e da transcrição em um só termo, o registro.
23

A outra novidade trazida foi o surgimento da matricula e sua


exigibilidade como pré-requisito para o registro.

A lei também discorreu sobre outros assuntos inerentes ao


registro de imóveis, entre eles:

 Retificação dos assentos;


 Processo de dúvida;
 Desmembramento;
 A união de imóveis contíguos;
 O protocolo.

Existiram várias outras leis, decretos e instruções normativas


entre 1964 e os dias atuais que impactaram o registro e o cadastro
de imóveis.

Irei apenas listar as que de alguma maneira influenciam no


registro e no cadastro de imóveis. Desta maneira, você possuirá um
ponto de partida para estudos mais aprofundados.

Leis, decretos e instruções normativas que de


alguma maneira impactaram o registro e o cadastro de
imóveis

 Lei nº 4.504/64 – Estatuto da terra


 Lei nº 4.591/64 – Condomínio – várias pessoas tem o
domínio de um bem!
 Artigo decreto n° 55.892/65 – Conceituou o que é um
módulo rural;
24

 Lei n°4.947/66 – Fixa normas de direito agrário, dispõe


sobre o sistema de organização e funcionamento do
INCRA;
 Lei nº 5.868/72 – Instituiu o sistema nacional de cadastro
rural e a fração mínima de parcelamento;
 Decreto n° 72.106/73 – Criou o módulo do imóvel rural;
 Instrução especial n° 5/73 – Fixou o tamanho do módulo
rural;
 Lei n° 6015/73 – Dispõe sobre os registro Púbicos;
 Lei nº 6.766/76 – Diretrizes gerais do parcelamento do
solo (conhecida como lei do parcelamento);
 Lei nº 6.766/79 – Parcelamento do solo urbano no registro
imobiliário;
 Lei nº 8.935/94 – Conhecida como lei dos notários e
registradores – Dispõe sobre os serviços cartoriais e de
registro;
 Lei 9.393/96 – Dispõe sobre o ITR – Pagamento das
dívidas por títulos de dívida agrária;
 Lei nº 10.257/2001 – Estatuto da cidade;
 Lei 10.267/ 01 – Serve de instrumento de registro público
e de instrumento de cadastro;
 Decreto nº 4.449/2002 – Regulamentou a lei 10.267
resolvendo muitas questões atinentes a sua
implementação;
 Instrução normativa 256/02 – Dispõe sobre normas de
tributação relativas ao ITR;
 Lei n° 10.931/2004 – Faz uma série de alterações na
legislação vigente;
25

 Provimento nº 07/2005-CGJ – projeto gleba legal;


 Decreto n° 5.570/2005 – Alterou o decreto 4.449/2002;
 Lei n° 11.977/2009 – Dispõe sobre o Programa Minha
Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária
de assentamentos localizados em áreas urbanas;
 Instrução normativa 1467/2014 – Dispõe sobre o cadastro
de imóveis rurais (CEFIR);
 Instrução normativa 82/2015 – Procedimentos para a
atualização cadastral no SNCR;
 Lei n° 13.465/2017 – Faz modificações no procedimento
da alienação fiduciária de bens imóveis;
 Instrução normativa conjunta RFB/INCRA 1581 –
Estabelece prazos e procedimentos para a atualização do
SNCRn e do Cafir (Integração/estruturação do CNIR).

Eu peço desculpas se me esqueci de listar alguma lei, decreto


ou instrução normativa.

Ressalto que este resumo tem por intuito apenas ser o ponto
de partida para os profissionais que atuam na área, ajudando os
mesmos a entenderem um pouco mais sobre a legislação vigente e
o estado da arte da mesma.

Lei 10.267 – Estado da arte

A lei 10.267 não trouxe nenhuma modificação no âmbito


jurídico, o que a mesma fez foi modificar as leis n° 4947/66, 5.868/72,
6.015/73, 6.739/79 e 9.393/96.
26

Esta lei implementou o sistema cadastral nacional que tinha sido


criado pela lei 5.858/72.

A meu ver as principais vantagens trazidas pela implementação


deste sistema são:

 A garantia da propriedade, uma vez que antes da


implantação da mesma era possível a grilagem de terras.
 A implementação de um sistema cadastral moderno
acessível a consulta de qualquer pessoa.

A implementação da lei 10.267 está tendo grande hesito, pois


a mesma aprendeu muito com outros sistemas cujas implementação
foi catastrófica.

Como exemplos temos, os cadastros técnicos urbanos de São Paulo


e de Curitiba.

Um dos piores erros cometidos por estes cadastros refere-se a


mão de obra contratada para o levantamento de dados.

Os mesmos não se preocuparam em utilizar mão de obra


capacitada e tiveram dados errados cadastrados em suas bases.

Este erro juntamente com outros como, por exemplo, a grande


quantidade de lotes que precisavam ser cadastradas em São
Paulo, inviabilizaram a implementação destes cadastros.

A lei 10.267 está tendo hesito justamente porque definiu que


apenas profissionais com capacitação comprovada podem realizar
serviços de georreferenciamento de imóveis rurais. Isso foi
reforçado a partir do momento que a responsabilidade pelos dados
passou a ser toda do profissional.
27

Muitos profissionais ficaram apavorados com isso, porém sob


a ótica do sistema cadastral nacional isso é ótimo, pois um sistema
como este para ser bem-sucedido deve, acima de tudo, garantir a
qualidade de seus dados.

Lembre-se que o mesmo aborda o direito de propriedade. Ou


seja, a qualidade dos dados precisa ser garantida.

Perceba também a importância do trabalho do agrimensor, pois


é você que mesmo diante das condições climáticas e topográficas
mais adversas, chega aonde nem sequer o dono propriedade
consegue ir para obter os dados necessários.

Todo agrimensor tem um direito/dever quanto aos dados que


obtém, uma vez que a qualidade do trabalho do seu trabalho é um
grande diferencial na implementação deste sistema que está
revolucionando o cadastro de imóveis rurais no Brasil.

A grande vantagem da implementação da lei 10.267 virá a partir


das próximas décadas, quando a grande maioria dos imóveis rurais
estiverem Georreferenciados.

Naturalmente, existe todo tipo de profissional no mercado,


inclusive muitos profissionais que mesmo tendo obtido o cadastro
junto ao INCRA, não estão obedecendo a legislação vigente.

Ao fazerem isso, os mesmos estão cavando a própria


sepultura. Isso porque conforme os imóveis confrontantes forem
georreferenciados, os erros inevitavelmente aparecerão e estes
profissionais terão sérios problemas.

Eu digo isso porque segundo a legislação, o profissional que


cometer algum erro no levantamento dos dados ficará com todos os
custos da retificação destes dados.
28

Imagine o tamanho do transtorno obtido pelos profissionais que


ainda não entenderam o tamanho da responsabilidade que está em
seus ombros.

Ou que em uma busca inconsequente por ganhar dinheiro,


estão utilizando procedimentos inadequados.

Perceba que chegará um momento no qual eles simplesmente


se depararão com o problema de o INCRA exigir que todos ou
praticamente todos os Geos feitos por eles sejam retificados.

Imagine como ficará a imagem destes profissionais junto aos


clientes. Isso sem falar de todo o dinheiro e tempo que eles gastarão
tendo que refazer os serviços.

Vários alunos do Método Georreferenciamento Sem


Mistérios já me procuraram relatando problemas com Geos feitos por
profissionais que levantaram as áreas confrontantes.

Eu estou instruindo os mesmos que uma vez que tenham


certeza que o serviço do outro profissional possui erros, que
primeiramente entrem em contato com o mesmo, informando o
problema e pedindo para que retifique o erro.

Caso eles não estejam dispostos a colaborar, a instrução que eu dou


é que seja encaminhado um requerimento junto ao INCRA, informando o
problema.

Além disso, mostro para o profissional o tamanho da dor de


cabeça que ele pode ter se adulterar seus dados na busca de ser
parceiro do outro profissional.

Isso porque se o outro profissional cometeu erros neste Geo, com


certeza cometeu erros em outros serviços.
29

Ou seja, o profissional que agir de má fé, buscando passar a


mão na cabeça do profissional que fez um serviço mal feito com
certeza terá problemas.

Ressalto que estamos falando da implantação de um sistema


cadastral. Isso exige responsabilidade e ética acima de tudo.

O seu serviço como agrimensor é de grande importância, pois


é ele que vai garantir a implantação deste sistema, garantindo o
direito à propriedade.

Nós devemos, acima de tudo agir de maneira ética, prestando


serviços de altíssima qualidade e cobrando que os outros
profissionais também prestem serviços de altíssima qualidade.

POSSE E PROPRIEDADE: ENTENDA A


DIFERENÇA ENTRE ESTES TERMOS
30

Posse e propriedade são 2 termos que causam muita confusão


na cabeça das pessoas.

Isso sem falar que ao não entenderem a diferença entre estes 2


termos, as mesmas não dão a devida importância aos mesmos, correndo
séries riscos e sofrendo uma série de sansões.

Vamos entender estes termos, suas especificidades e suas


importâncias.

O que significa ser proprietário?

Ser proprietário nada mais significa do que “ser o dono de uma


coisa” mediante a comprovação através do registro do imóvel no
cartório.

Quem é proprietário consegue uma série de direitos, como, por


exemplo:

 Tirar financiamentos e;
 Assegurar a produção.

Isso sem falar de que ao ter a propriedade de uma fração de


terras, a mesma se torna muito mais valorizada do que ao ter-se a
simples posse.

Quem é proprietário também consegue trocar e vender


o imóvel, sendo que a maior vantagem de se ter a propriedade de um
imóvel é a segurança obtida ao se saber que ninguém poderá tomar
o mesmo de você.
31

No que se refere ao assunto, o artigo 1.228 do Código Civil traz


a seguinte passagem:

“O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente
a possua ou detenha”.

O que significa ter a posse de um imóvel

O posseiro ou possuidor, é uma pessoa que possui um imóvel


que não possui matricula em cartório.

Desta maneira, o possuidor não possui a propriedade do imóvel e


sim a simples posse.

Naturalmente, o mesmo costuma agir como que se proprietário


fosse, porém ao não ter o imóvel registrado em cartório, sofre uma
série de sanções, entre elas:

 Não consegue financiar e nem assegurar sua produção;


 Tem mais dificuldades para vender seu imóvel, pois as
pessoas querem a segurança jurídica gerada pela
propriedade. Sendo que caso consiga vender o mesmo,
o fará por um preço bem abaixo do de mercado.

O próprio código civil, em seu artigo 1.196 traz a seguinte


definição para o termo possuidor:

“Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o


exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade”.
32

O efeito colateral de ter-se a simples posse e não a


propriedade do imóvel

O efeito colateral de não se ter a propriedade do imóvel é que


a pessoa não consegue tirar financiamentos e nem assegurar sua
produção.

Como a mesma muitas vezes não possui recursos para


comprar os fertilizantes e agrotóxicos necessários não consegue
cultivar corretamente a terra e, com isso, sua produção será bem
menor do que poderia ser.

Perceba como a mesma acaba entrando em um círculo vicioso


de descapitalização.

Isso porque ao não ter dinheiro para financiar os insumos


necessários, produz pouco, ao produzir pouco, acaba não tendo
dinheiro para financiar a próxima safra, o que faz com que a mesma
fique preza neste círculo vicioso de miséria ano após ano.

Para piorar a situação, como a mesma não consegue assegurar


sua produção, se acontecer algum fator climático adverso, a mesma
corre o risco de a situação ficar ainda pior, mergulhando de vez na
pior das misérias.

Eduque seus clientes a este respeito. Que ao regularizar a


situação de suas terras, muito mais do que conseguir vender,
arrendar e propor em arrendamento, conseguirá tirar financiamentos
e assegurar sua produção..
33

Tenha a segurança da propriedade de seu imóvel

Ao comprar um imóvel, muitas vezes a pessoa se descapitaliza


e, com isso, acaba optando por não contratar um agrimensor para
medir e desmembrar o imóvel.

Como efeito colateral, não consegue registrar o mesmo em


cartório.

Ou seja, entre posse e propriedade, acaba optando em ficar


apenas com a posse e não com a propriedade do imóvel.

Porém, perceba que as vantagens obtidas ao se registrar o


imóvel em cartório, tendo-se a propriedade do mesmo são muitas,
logo, instrua seus clientes que ao comprar um imóvel busquem
sempre medir e registrar o mesmo.

Mostre para seus clientes a importância da obtenção da


propriedade do imóvel.

Eu digo isso porque muitas pessoas não percebem a grande


quantidade de benefícios que obtém ao ter a propriedade do imóvel
e não a simples posse.

Logo, repito, sempre que tiver a oportunidade fale a respeito,


ajude as pessoas a entenderem a importância de terem a
propriedade do imóvel e mostre todos os problemas de ter-se a
simples posse.

Vá até mesmo em eventos, rádios e ministre palestras em sua


região para falar sobre o tema.
34

Não podemos deixar que as pessoas por desconhecimento


deixem de lado o direito de terem a propriedade de seus imóveis.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE LOTEAMENTO,


DESMEMBRAMENTO E PARCELAMENTO DO
SOLO?

Uma dúvida comum entre os profissionais que começam a


trabalhar com topografia cadastral é sobre a diferença entre
loteamento, desmembramento e parcelamento do solo.

Vamos entender que diferença é esta.

Parcelamento do solo

O parcelamento do solo ocorre tanto em áreas rurais como em


áreas urbanas. O mesmo nada mais é do que a divisão da terra em
unidades juridicamente independentes.

Vou dar um exemplo que você entenderá melhor.

Digamos que o seu João possua uma área de 100 Ha e queira


vender a metade da mesma.

Seu Pedro, que é amigo dele, ao ficar sabendo a respeito, decide


comprar as 50 ha do seu João.
35

Perceba que, com isso, será necessário fazer a medição e o


desmembramento desta nova área de terras, que irá receber matricula
própria.

Ou seja, a área que era do seu João foi parcelada.

Na realidade, este é um exemplo clássico de fracionamento do


solo. Porém, eu preciso que você saiba que o mesmo é somente um
dos diferentes tipos de parcelamentos do solo existentes.

Isso porque existem outros 2 tipos de parcelamentos do solo.


São eles:

 Desmembramento;
 Loteamento.
 Vamos entender cada um deles.

Desmembramento

O conceito teórico que melhor descreve o desmembramento é:


tirar uma área de dentro de uma área maior.

Está complicado de entender?

Calma, eu vou dar um exemplo prático que você entenderá


melhor.

Imagine a seguinte situação: seu Paulo, que possuía uma área


de 150 ha morreu.

Diante disso, os bens e deveres que o mesmo possuía passaram


a fazer parte do espólio e deverão ser inventariados pela esposa (dona
Maria) e pelos seus 2 filhos.
36

Ao fazer-se o inventário, dona maria ficou com metade da área


(75 ha) e cada um dos filhos com 1/3 da área (37,5 ha).

Acontece que as novas áreas não foram medidas, o que


impossibilitou a geração de novas matriculas. Com isso, as 3 novas
originadas do fracionamento do imóvel original não receberam novas
matriculas, recebendo registros na matricula original.

Ou seja, formou-se algo parecido com um condomínio, onde


que “teoricamente” todas as áreas aparecem como estando dentro
de uma área maior.

Passados 8 anos do inventário, dona Maria decidiu ajeitar a


situação cadastral de sua área, sendo que para isso, precisará tirar
a mesma de dentro da área maior. Ou seja, desmembrar a área.

É exatamente isso que é desmembrar uma área, dividir uma


área existente em duas ou mais áreas menores.

Eu decidi trazer o exemplo do inventário para que você entenda


que um desmembramento pode ser simples. Porém, que muitas vezes se
torna complexo.

Dito isso, vamos entender o que é lotear uma área.

Loteamento de área

A diferença do loteamento para o desmembramento é que no


loteamento pega-se uma área grande e divide-se a mesma em
enésimas parcelas ou lotes. Com isso, se faz necessária a
construção de estradas e da estrutura urbana necessária.
37

Perceba que o desmembramento é mais simples do que o


loteamento. No mesmo existe o aproveitamento do sistema viário.
Não sendo necessária a abertura de novas vias públicas, nem o
prolongamento, modificação ou amplificação dos logradouros
existentes.

O tipo mais comum de loteamento rural é o realizado


pelo INCRA, quando o mesmo desapropria áreas de terras que não
estão cumprindo sua função social.

Quanto aos loteamentos urbanos, a lei do parcelamento do solo


definiu que os mesmos devem possuir áreas verdes e, além
disso, uma série de equipamentos urbanos, sendo que a aprovação
dos mesmos só acontece mediante o obedecimento da legislação.

Além disso, a lei do parcelamento do solo definiu que o


tamanho mínimo de um lote é de 125 m². Ou seja, é impossível fazer-
se um parcelamento do solo urbano com lotes de tamanho inferior a
125 m². O cartório não irá registrar porque os lotes estão burlando a
lei do parcelamento do solo.

Além disso, cada município deve ter lei própria que defina
aonde que os diferentes usos do solo urbano são possíveis. Desta
maneira, antes de lotear uma área para a construção de moradias,
deve-se consultar a lei municipal. Isso porque do contrário, a
prefeitura se negará a licenciar o loteamento.

A diferença entre lote e gleba

Quando se fala em parcelamento do solo, existem estes 2


termos que costumam causar desentendimento dos profissionais.
38

Se analisarmos a lei 6.766, a mesma traz as seguintes


definições:

Lote: porção de terra dotada dos melhoramentos necessários


para a utilização.

Gleba: origina lote.

Estas definições trazidas pela lei do parcelamento do solo são


um pouco subjetivas, porém, em linhas gerais, podemos dizer que
um lote é uma área de terra urbana que possui a menor área de terra
possível.

Isso porque é impossível parcelar o mesmo de certa forma que a


área resultante obedeça a lei do parcelamento do solo. Ou seja, esteja com
uma área maior do que 125 m².

A gleba, por outro lado é uma área de terra que ainda possibilita
parcelamento.

Loteamento de chácara

Este é outro assunto que gera muitas dúvidas nos profissionais.

Primeiramente, você precisa saber que não existem chácaras


rurais. O INCRA, que é o órgão responsável pelo Sistema Nacional
de Cadastro Rural (SNCR) não possibilita tal parcelamento.

Desta maneira, quem possui área rural inferior a fração mínima de


parcelamento do município não consegue tirar financiamentos e nem
mesmo ter sua produção assegurada. Isso porque para isso é necessário
do CCIR.
39

Por outro lado, existe a possibilidade do loteamento com intuito da


construção de chácaras em áreas urbanas.

Porém, preste atenção: não é em qualquer área. Isso porque toda


área urbana municipal possui um planejamento que consta em lei própria
(municipal).

Desta maneira, alguns municípios possibilitam o loteamento de


chácaras em áreas destinadas ao turismo.

Este é o único lugar do município que possibilita o loteamento


de chácaras.

Parcelamento clandestino

É um parcelamento do solo que não foi aprovado pela


prefeitura.

Veja bem, todo parcelamento do solo urbano precisa de aprovação


pelos engenheiros da prefeitura!

Caso não seja feito tal pedido da licença junto a prefeitura em etapa
prévia ao parcelamento, esta área de terras (loteamento ou condômino)
estará fadada a clandestinidade.

Parcelamento irregular

Parcelamento do solo que foi aprovado pela prefeitura, mas


cujo responsável não emitiu matricula dos lotes ou apartamentos
resultantes.
40

DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS – TUDO


QUE VOCÊ PRECISA SABER A RESPEITO!

O desmembramento de imóveis é um tema complexo e cheio


de especificidades. Por causa disso, neste artigo eu buscarei abordar
o mesmo da maneira mais completa possível.

Primeiramente, preciso que você saiba que o


desmembramento pode ser dividido em desmembramento de
imóveis rurais e desmembramento de imóveis urbanos.

O desmembramento de imóveis rurais, por sua vez, pode ser


dividido em desmembramento de imóveis georreferenciados e
desmembramento de imóveis que ainda não foram
georreferenciados.

Além disso, para o desmembramento de um imóvel é


necessário levar em consideração o tamanho da área a ser
desmembrada. Isso porque existe algo chamado de fração mínima de
parcelamento que vale tanto para áreas urbanas, como para áreas
rurais.

Porém, como que para toda regra existe exceção, existe um


artificio que possibilita o registro de imóveis cujas áreas sejam menor
do que a fração mínima de parcelamento.

Também existem situações nas quais o profissional de registro


se negará a fazer o desmembramento, mesmo a área sendo maior
do que a fração mínima de parcelamento.
41

Perceba que o tema é bem complexo, causando muitas dores


de cabeça nos profissionais da área.

Apenas para finalizar a nossa “sopa mágica“, o


desmembramento também pode ser dividido em judicial e extrajudicial.

Segue um mapa mental que ajudará você a entender melhor o


desmembramento de imóveis.

Perceba que o tema desmembramento do solo é complexo. Por


causa disso, eu irei dividir o tema em uma série de tópicos.

Fração mínima de parcelamento

A fração mínima de parcelamento foi criada pela lei 5.868/72 e


nada mais é do que a área mínima de cada município que pode ser
parcelada.

Na realidade, nós temos 2 situações especificas, o


desmembramento de imóveis rurais e o desmembramento de
imóveis urbanos. Vamos entender os mesmos.
42

Desmembramento de imóveis rurais

O órgão responsável pela regularização do uso do solo em


áreas rurais é o INCRA.

Para isso, o mesmo leva em consideração a função social da


terra. Ou seja, que todo imóvel rural deve dar as condições mínimas
necessárias para que uma família consiga obter sua subsistência.

Além disso, todo imóvel rural deve estar produzindo e, desta


forma, colaborando para o crescimento do pais.

Ou seja, cada imóvel rural deve ter uma área mínima para que
seja produtivo.

Isso irá possibilitar que a família que vive no mesmo consiga se


manter, tendo renda suficiente para pagar suas contas.

Ao respeitar estas características, o imóvel estará cumprindo sua


função social.

Está é a base do termo módulo rural.

Um módulo fiscal, por outro lado, é a média do tamanho dos


módulos rurais do município.

A fração mínima de parcelamento, por sua vez, nada mais é do


que o tamanho do módulo fiscal do município.

Isso significa que um imóvel rural não pode, em hipótese


alguma ser parcelado com um tamanho mínimo menor do que o
tamanho do módulo fiscal do município.
43

Isso é necessário porque uma família não consegue obter sua


subsistência em um imóvel com tamanho menor do que este.

Na pratica, o que acontece é que o profissional de registro se


nega a emitir a matricula de um imóvel cuja área possui
tamanho menor do que o módulo fiscal.

Dica de amigo: você pode consultar o tamanho dos módulos


fiscais por município, através desta tabela:

http://www.INCRA.gov.br/sites/default/files/uploads/estrutura-
fundiaria/regularizacao-fundiaria/indices-
cadastrais/indices_basicos_2013_por_municipio.pdf

Desmembramento de imóveis urbanos

A lei 6.766/79 estabelece que o tamanho de um lote não pode


ser menor do que 125 m².

Isso significa que é impossível um lote ser parcelado com uma


área menor do que 125 m².

Porém, preste atenção, isso não significa que um


desmembramento, mesmo tendo um tamanho superior a 125 m² será
aceito pelo profissional de registro de imóveis.

Isso porque de acordo com a lei 10.257/2001, as cidades


devem fornecer as condições necessárias para que as pessoas
possam viver com dignidade nas mesmas.
44

Além disso, a lei 6.766/79 conhecida como lei de


parcelamento do solo, definiu que as áreas urbanas devem ter áreas
ambientais e áreas de uso público.

Com isso, pode acontecer, por exemplo, de uma área que


originalmente possuía 1.125 metros quadrados ser inicialmente
parcelada em 3 áreas de 375 m².

Posteriormente, de a pessoa que comprou uma destas áreas ir


até o registro de imóveis querendo parcelar a área em 3 áreas de 125
m².

Perceba que a área está dentro da estipulada pela lei do


parcelamento do solo, podendo até mesmo ter recebido a licença da
prefeitura.

Porém, que a mesma não está deixando áreas ambientais e, muito


menos áreas de uso público. Ou seja, está burlando a lei do
parcelamento do solo.

Além disso, o parcelamento do solo urbano não está sujeito


ao INCRA como o parcelamento do solo rural, mas sim, a legislação
de parcelamento do solo municipal.

Isso acontece porque diferentemente do que a maioria das


pessoas pensam, não existe uma hierarquia de leis. Ou seja, não
existem leis que quem faz é a união, leis feitas pelo estado e leis
feitas pelo município.

O que existe são leis que, haja vista suas especificidades,


devem ser feitas por um destes órgãos.
45

Desta maneira, se pegarmos um tema de interesse nacional


como, por exemplo, a educação, torna-se mais interessante a
existência de uma lei que seja aplicável a todo o país.

Por outro lado, cada cidade possui uma topografia única. Além
disso, o uso do solo urbano varia de uma cidade para a outra.

Existem cidades cuja renda é gerada pelo comércio.

Existem cidades cuja renda é gerada principalmente pela


indústria e ainda, cidades com uma boa participação do turismo em
sua renda.

Perceba que devido a estas especificidades, não tem como a


união definir como será o zoneamento do solo urbano municipal.

É o município que deve, através de lei própria definir, por


exemplo:

 Que o local A é de uso do comércio;


 Que o local B é de uso domiciliar;
 Que o local C é de uso industrial;
 Que o local D é uma zona de interesse social e;
 Que o local E é de uso turístico.

Isso deve ser levado em consideração no parcelamento do solo


urbano.

Um exemplo típico disso, conforme abordei anteriormente, são


as chácaras, pois diferentemente do que a maioria das pessoas
pensam, não existe chácara rural.

Isso mesmo, vários alunos do Método Georreferenciamento Sem


Mistérios já me fizeram esta pergunta.
46

A resposta para a mesma é simples, o INCRA não possibilita o


parcelamento do solo com área menor do que a área do módulo fiscal.

Chácaras só podem existir em áreas urbanas. Porém, não em


qualquer local da área urbana, mas sim, normalmente em áreas
classificadas como turísticas.

Desta maneira, a legislação municipal pode permitir a existência de


chácaras nestas áreas especificas do espaço urbano.

Desmembramento de Imóveis Rurais não


Georreferenciados

O desmembramento de imóveis rurais pode ser dividido em


desmembramento judicial e desmembramento extra-judicial.
47

Desmembramento judicial

O desmembramento judicial era o procedimento padrão de


desmembramento até 2005. O mesmo é algo caro, demorado e que
gera uma grande quantidade de processos.

Em 2005 surgiu um provimento revolucionário que


implementou o projeto gleba legal. O mesmo possibilita o
desmembramento de maneira extra-judicial.

Vamos entender melhor este projeto.

Projeto gleba legal

Normalmente, quando uma área é desmembrada, a mesma


precisa ser medida, sendo que a área resultante recebe uma nova
matricula.

O problema é que normalmente não é isso o que acontece. Isso


porque na maioria das vezes a área desmembrada não é medida e,
com isso, ela aparece na matricula original como um registro.

Ou seja, como uma área dentro de uma área maior.

Isso significa que a área não possui uma posição definida no


espaço, estando em uma posição flutuante dentro da área maior.
Pelo menos é isso que a realidade jurídica diz.

Só que a realidade física do imóvel é diferente. O mesmo


possui uma posição definida e respeitada pelos confrontantes.

Se os confrontantes que são os maiores interessados


respeitam esta propriedade, quem é a justiça para não respeitar e
reconhecer a mesma.
48

O projeto gleba legal (provimento nº 07/2005-CGJ) levou isso em


consideração e implementou o desmembramento extrajudicial, o que
agilizou os processos e diminui consideravelmente a quantidade de
processos existentes.

O problema dos imóveis flutuantes

A lei 6.015/73 exigiu que o profissional de registro aceitasse o


levantamento topográfico somente mediante a apresentação
de planta, memorial descritivo e ART.

O problema é que se pegarmos uma área que foi parcelada


várias vezes, gerando diversos registros, o desmembramento de um
destes registros com a geração da planta da área desmembrada,
gera um desmembramento flutuante.

Ou seja, um desmembramento onde que não se sabe em que


posição a área desmembrada está dentro do imóvel original.

Isso traz sérios problemas, principalmente para o profissional


de registro, pois tornasse difícil para o mesmo identificar qual a
posição deste imóvel em relação ao imóvel original e aos outros
imóveis desmembrados do mesmo.

Este problema foi resolvido pela lei 6.766/79, que passou a


exigir uma planta extra localizando o imóvel desmembrado dentro do
imóvel original.
49

Com isso, todo desmembramento deve ter a art, memorial


descritivo e 2 plantas. Uma situando o imóvel dentro do imóvel
original e outra do imóvel desmembrado.

Desmembramento de Imóveis Rurais


Georreferenciados

A outra situação típica de desmembramento é o


desmembramento de uma área que já está no SIGEF. Ou seja, que já
está georreferenciada.

Nestes casos, a área desmembrada deve obrigatoriamente ser


georreferenciada, pouco importa se o tamanho da mesma é inferior
ao tamanho mínimo exigido para o georreferenciamento na
respectiva data.

Isso foi necessário porque do contrário, o sistema cadastral


nacional corria riscos, pois aconteceria de uma área em certa
data estar geo-espacializada no SIGEF e, alguns meses depois,
sofrer um desmembramento, tendo parte ou sua totalidade
retirada do SIGEF.

Por causa disso, o INCRA definiu que uma vez que


determinada área esteja no SIGEF, não tem mais como a mesma sair
do mesmo.

Quanto ao desmembramento de uma área que esteja no


SIGEF, existem 2 situações típicas.

A primeira delas é quando este desmembramento resultar na


criação de um ou mais vértices novos no perímetro do imóvel.
50

Nestes casos, o agrimensor deve ir a campo e locar marcos


geodésicos nestes pontos.

A outra situação é quando se faz a utilização dos marcos já


existentes no desmembramento. Nestes casos não é necessário ir-
se a campo.

Além disso, em todo processo de desmembramento será


necessário o encaminhamento de um requerimento de
desmembramento a partir do site do SIGEF, o qual será analisado
pelo pessoal do INCRA.

Isso é necessário porque diferentemente de um processo de


Georreferenciamento padrão, que é automático. Ou seja, não existe
interferência humana.
51

Um desmembramento é semi-automático, necessitando de análise


prévia por um profissional do INCRA.

Como proceder?

Eu estava conversando com o Elissandro, aluno do método


Georreferenciamento Sem Mistérios e o mesmo me fez a seguinte
pergunta:

“Professor Adenilson, eu possuo uma área de 150 hectares que


preciso georreferenciar. A mesma faz parte de um inventário, onde que a
dona Sonia, que é a viúva do finado Osmar, ficou com 150 hectares e a
Angelica que é a filha dele ficou com os outros 150 hectares. O inventário
foi feito 5 anos atraz sendo que ambas as áreas ficaram registradas na
matricula original.

Eu preciso desmembrar e georreferenciar a área da Angelica, sendo


que tanto a área dela como a área da Sonia possuem CCIR. O problema é
que ambos os CCIRs estão cadastrados como tendo 300 ha que era o valor
da área total. Como que eu devo proceder neste caso?”

Este é um ótimo exemplo de desmembramento de imóveis. O


mesmo possibilitará que eu traga vários conceitos para você.

Vamos primeiramente entender bem as características da área


para posteriormente entendermos como proceder.
52

Características da área

Perceba que a área que o nosso amigo Elissandro precisa


Georreferenciar passou pelo processo de sucessão, aparecendo
como um registro na matricula original. O outro problema é que a
mesma está com o CCIR errado, sendo que o mesmo precisa ser
retificado.

As dúvidas que o nosso amigo possui são:

“Qual o procedimento para fazer o desmembramento do imóvel?“

“Vou conseguir fazer o georreferenciamento mesmo o CCIR errado,


ou devo primeiramente retificar o cadastro junto ao INCRA?“

Procedimento para o desmembramento de terreno rural

Atualmente, existe uma divergência entre os profissionais de


registro de imóveis quanto ao desmembramento de terreno.

Alguns exigem que o terreno seja primeiramente desmembrado


para somente depois ser georreferenciado.

Outros aceitam fazer o desmembramento e o georreferenciamento


do imóvel em uma única etapa.

Perceba que diante disso, nosso amigo Elissandro precisa


primeiramente ir conversar com o profissional de registro, para ver
qual o procedimento exigido pelo mesmo.
53

Caso ele precise primeiramente fazer o desmembramento de


terreno, terá que emitir 2 ARTs, uma para o desmembramento do
imóvel e outra para o georreferenciamento.

Do contrário precisará emitir somente 1 ART.

Vamos estudar detalhadamente as 2 hipóteses.

Desmembramento de terreno rural – hipótese 1 – O


profissional de registro exige que o imóvel rural seja
primeiramente desmembrado

Caso o profissional de registro solicite que o imóvel rural seja


primeiramente desmembrado, nosso amigo terá que ir a campo, fazer
o levantamento da área total e da área a ser desmembrada e
posteriormente produzir 2 plantas.

A primeira situando a área a ser desmembrada dentro da área


total e a segunda com a área do imóvel a ser desmembrado.

Veja na imagem abaixo um exemplo de projeto do AutoCAD


situando a área a ser desmembrada (em cinza) dentro da área total.
54

Além disso, o nosso amigo também terá que produzir


o memorial descritivo e que emitir a ART.

Perceba que o mesmo pode levantar os dados a campo para o


georreferenciamento, aproveitando a mesma ida a campo para
levantar os dados da área total e utilizar os dados da área a ser
georreferenciada 2 vezes.

Primeiramente, para produzir as plantas para o


desmembramento do imóvel e posteriormente para produzir
a planilha ods, subindo a mesma para o SIGEF e gerando a planta e
o memorial descritivo.
55

O próprio Eduardo Agostinho Arruda Augusto em seu livro


“Registro de imóveis, retificação de registro e georreferenciamento:
Fundamentos e prática” fala que não teria porque os profissionais de
registro pedirem para que a área seja primeiramente desmembrada.

Segundo o mesmo, o que acontece é que alguns profissionais


de registro estão desatualizados, ou um pouco receosos em fazer
tudo em um único processo.

A tendência é que, com o tempo, todos os profissionais de


registro se adequem e deixem de exigir que os imóveis sejam
primeiramente desmembrados.

Desmembramento de terreno – hípotese 2 – O profissional


de registro aceite que o desmembramento e o
georreferenciamento sejam feitos em um único processo

Neste caso, o procedimento padrão é a produção de apenas 2


plantas, a primeira da área total situando a área a ser desmembrada
e a segunda com a área do imóvel a ser desmembrado.

Perceba que, na realidade, a segunda planta pode ser a planta


gerada pelo SIGEF.

Estes são os 2 procedimentos padrões junto ao cartório de


registro de imóveis:

 Desmembrar-se primeiramente a área e posteriormente


encaminhar o processo de georreferenciamento ou;
 Encaminhar-se o georreferenciamento e o desmembramento
em um único processo.
56

Outro sim, quando o assunto é o procedimento junto ao registro


de imóveis, estamos falando de profissionais de registro e de suas
interpretações. Ou seja, é normal a existência de pequenas
diferenças de interpretação entre os mesmos.

Por causa disso, recomendo que quando você for prestar um


serviço, que tenha que ser registrado em um cartório com o qual você
ainda não tenha trabalhado, que sempre vá primeiramente conversar
com o profissional de registro.

Desmembramento de terreno – Como resolver o problema


do CCIR?

Perceba que conforme falei antes, o outro problema existente


no processo é que consta no cadastro do imóvel rural que o mesmo
possui 300 ha, quando que na realidade ele possui somente 150 ha.

Se olharmos para a legislação, o Art. 2º da Lei 5.868, alterado


pela Lei 10.267, tornou obrigatória a atualização do cadastro do
imóvel rural junto ao INCRA.

Com isso, na etapa de produção das peças técnicas do processo de


georreferenciamento, deve-se atualizar o cadastro junto ao INCRA. Caso
isso não ocorra, o agrimensor corre o risco de ter o processo de
georreferenciamento travado até que o cadastro do imóvel rural seja
atualizado.

A atualização deve atender a nova sistemática publicada nos


Diários Oficiais de 14 e 18 de novembro/02 e ser entregue junto com
o requerimento de certificação do georreferenciamento.
57

A boa notícia é que o cadastro junto ao INCRA pode ser


atualizado pela internet, por meio da declaração para cadastro rural.

Na realidade, com o advento do georreferenciamento, do CAR e


com o fechamento do cerco pela receita federal, os imóveis rurais
estão precisando de uma série de serviços. Alguns destes, como, por
exemplo, as atualizações cadastrais são anuais.

Com isso, existe a possibilidade da prestação de uma série de


serviços que podem ser feitos pelo agrimensor, que já nem pode mais ser
chamado de agrimensor, pois os mesmos estão se tornando especialistas
em cadastro, registro, GNSS e Geotecnologias.

Quanto aos imóveis rurais, o georreferenciamento dos mesmos


está possibilitando que as áreas cadastradas estejam cada vez mais
próximas as áreas reais dos mesmos. Esta é mais uma vantagem
do georreferenciamento de imóveis rurais.

Porque é necessário desmembrar um imóvel rural?

Quando alguém compra uma área de terras não precisa


necessariamente medir a mesma.

Desta maneira, a área não constituirá uma


nova matricula, aparecendo na matricula original como um novo
registro.

Ou seja, é como que se esta propriedade estivesse ocupando


uma posição flutuante dentro da propriedade da qual fazia parte.
58

Neste tipo de situação é necessário fazer-se o


desmembramento de área, tirando a mesma de dentro da área maior
e, gerando-se uma nova matricula.

Desmembramento INCRA: como proceder?

A outra situação típica de desmembramento é de uma área que


foi Georreferenciada e que o dono da mesma vendeu parte da área,
precisando desmembrar a mesma.

Nestes casos, você terá que encaminhar um requerimento de


desmembramento a partir do SIGEF, o qual, será analisado pelo pessoal
do INCRA.

Para que você possa entrar com um requerimento de


desmembramento de uma propriedade junto ao INCRA, o mesmo
exige:

 Um documento que comprove a existência da transação;


 Um requerimento do proprietário do imóvel solicitando o
cancelamento do imóvel e o desmembramento do
mesmo;
 Um arquivo dxf com os dados a serem desmembrados.

O procedimento para o desmembramento INCRA consiste em


enviar a planilha ods da área desmembrada para o SIGEF, enviando
como anexo os 2 documentos mencionados acima e o arquivo
dxf com os dados a serem desmembrados.
59

Documentos necessários

Vamos entender melhor os diferentes documentos solicitados


para o desmembramento INCRA.

Documento 1 – Documento que comprove a existência da


transação.

Como exemplos temos:

 Escritura pública de compra e venda;


 Formal de partilha;
 Carta de doação.

Documento 2 – Requerimento do proprietário do imóvel


solicitando o cancelamento do georreferenciamento do imóvel e o
desmembramento do mesmo.

Veja abaixo um modelo deste requerimento.


60

Desmembramento INCRA: não cometa este erro

Um erro cometido por muitos profissionais ao encaminharem o


desmembramento de uma área georreferenciada é a produção do
requerimento de cancelamento da certificação em nome da pessoa
que comprou parte da área que está sendo desmembrada.

Perceba que esta pessoa não é dona da propriedade, que


somente o proprietário que pode pedir o cancelamento da
certificação.
61

Desta maneira, se tal pedido for feito em nome de qualquer outra


pessoa, o mesmo será negado.

Como você deve ter imaginado, o INCRA nega o pedido porque


do contrário qualquer pessoa poderia entrar com o pedido de
cancelamento de propriedades de terceiros, o que avacalharia com
o sistema.

Isso porque o direito à propriedade não estaria mais seguro.

O responsável técnico que vai encaminhar o pedido do


desmembramento INCRA tem que ser o mesmo que georreferenciou
a área?

É normal a pessoa que comprou parte de um imóvel que já está


georreferenciando contratar um profissional diferente do que
georreferenciou a propriedade mãe.

Diante disso, a pergunta que muitos profissionais já me fizeram foi:

“Eu devo proceder o levantamento e desmembramento da


área ou somente o profissional que levantou a área mãe que
pode fazer o desmembramento?”

Não tem nenhum problema em outro profissional levantar a


área a ser desmembrada. Na realidade, não faria nenhum sentido
exigir que o mesmo profissional fizesse o levantamento da área a ser
desmembrada.

Perceba que pode acontecer algum desentendimento entre o


profissional e o cliente, ou o cliente pode simplesmente decidir
contratar outro profissional.
62

Preenchimento da planilha ods para o desmembramento


INCRA

Além dos documentos citados acima, o desmembramento


INCRA necessita que você suba a planilha ods para o SIGEF.

Porém, você deve ter o máximo de cuidado ao preencher a


mesma, pois tal preenchimento foge a lógica. Segue a descrição
detalhada de como proceder:

Guia identificação – Deve ser preenchida com os dados da


propriedade a partir da qual está se efetuando o desmembramento.

Isso mesmo, pode parecer estranho, porém, perceba que o


comprador possuirá a propriedade da área que comprou somente
após o término do desmembramento.

No exato momento do encaminhamento do pedido de


cancelamento da certificação, a área a ser desmembrada pertence ao
dono da área mãe.

Desta maneira, a planilha ods deve ser preenchida com os


dados do proprietário da mesma.

Lembre-se que nos tópicos anteriores eu te mostrei o porquê


de somente o proprietário poder encaminhar o pedido de
cancelamento da certificação.

Perceba que na prática o que acontece é que se você


preencher a planilha ods com os dados da pessoa que comprou a
área a ser desmembrada, é como que se ela fosse dona, quando não
é.
63

Resumindo, o profissional do INCRA, diante destas condições, irá


simplesmente negar o pedido de cancelamento da certificação.

Logo, preste atenção, sempre preencha a planilha ods com os


dados da propriedade mãe e do proprietário da mesma.

Preenchimento da guia perímetro

A guia perímetro deve conter tantas guias quantas forem


necessárias, sendo que a primeira parcela terá a denominação de
Gleba 1 e o número será o 1. Veja o detalhe na imagem abaixo.
64

A segunda parcela terá a denominação de Gleba 2 e o número


(campo parcela número) será o 2. Quanto ao campo lado, tome o
cuidado de escolher sempre a opção externo, isso porque não se
trata de uma área encravada.

Uma vez que a planilha ods esteja preenchida é só enviar a


mesma para o SIGEF, com os demais documentos e o arquivo dxf
em anexo.

Pega ratão

Se o imóvel tiver sido georreferenciado pela primeira ou pela


segunda edição da lei 10.267, o SIGEF não possuirá um campo
próprio para este tipo de situação.

Nestes casos, a única maneira de solicitar-se o


desmembramento da propriedade será através de uma análise de
sobreposição.

O procedimento padrão nestas situações é enviar-se a planilha


ods para o SIGEF, através de um requerimento de certificação.

Quando este envio for feito, o SIGEF vai informar que existem erros,
pois existe sobreposição de área.

Diante disso, o mesmo vai dar 2 opções: o cancelamento do


envio ou o requerimento de análise de sobreposição. Nestes casos,
você irá requerer a análise de sobreposição.
65

Planta para o desmembramento INCRA

A planta deve estar no formato dxf e deve possuir no mínimo 2


polígonos, um com a área desmembrada e outro com a área
remanescente.

Cuidado com a fração mínima de parcelamento

O desmembramento de um imóvel rural já certificado ou não,


deve obedecer a Fração Mínima de Parcelamento estabelecida na
legislação em vigor que é a área mínima fixada para cada município.

Perceba que tanto a área mãe como a área desmembrada, ao


final do processo de desmembramento, devem ter uma área maior
do que está, pois, do contrário, o pedido de desmembramento não
será aceito pelo profissional de registro de imóveis.

A lei que aborda tal temática é a nº 5.868/72.

TRANSCRIÇÃO E MATRICULA DE IMÓVEL:


QUAL A DIFERENÇA + MODELOS E EXEMPLOS
PRÁTICOS!

Uma dúvida comum entre os profissionais da área é quanto a


diferença entre transcrição e matricula de imóvel.

Ou ainda, o que é uma transcrição?


66

E você já parou para pensar no assunto? Já se fez alguma


destas perguntas:

 Qual a diferença entre transcrição e matricula de imóvel?


 Qual é o impacto causado pelo sistema de matriculas no
nosso dia a dia?
 Quais modelos de matricula que são aceitos pelos
cartórios?
 Que elementos que constituem uma matricula?

Será que o sistema de transcrições ainda exerce impacto no


nosso dia a dia?

Neste artigo, eu vou abordar esta temática, mostrando


exatamente tudo que você precisa saber sobre matriculas e
transcrições.

Desta maneira, você entenderá quais são as exigências dos


profissionais de registro, conseguindo prestar serviços com grande
velocidade e com segurança.

Na realidade, eu dividirei este artigo em 2 partes.

Em um primeiro momento falarei a respeito do sistema de


transcrições e do impacto do mesmo.

Já em um segundo momento, falarei sobre as matriculas de


imóvel. Você entenderá a estrutura de uma matricula e também quais são
os modelos de matriculas existentes no mercado.

Você também entenderá quais exigências os profissionais de


registro costumam fazer.
67

Fato interessante: A lei nº 8.935/94, Conhecida como lei


dos notários e registradores, fez sérias alterações no registro de
imóveis.

Até então a função de profissional de registro era passada de


pai para filho, ficando na família.

Esta lei impôs que o cargo de profissional de registro passasse


a ser assumido por um profissional concursado.

Alias, esta lei também mudou o título do profissional, que de


profissional de registro passou a se chamar tabelião e do local, que
de cartório passou a se chamar tabelionato de registro de imóveis.

Logo, no seu dia, dependendo com quem você estiver


conversado e sempre que for produzir algum documento leve isso em
consideração.

Digo isso porque os termos “profissional de registro” e “cartório”


são os que costumamos utilizar no nosso dia a dia, porém sob a ótica
da legislação não estão corretos.

Entenda o sistema de transcrições

O sistema de transcrições causa impactos até hoje no registro


imobiliário. Na realidade, o mesmo continuará causando impactos
pelas próximas décadas.

Isso acontece, pois a migração do sistema de transcrições para


o sistema de matriculas é recente.
68

O sistema de transcrições foi criado pela lei 1.236 de 1864, que


criou o registro geral.

O mesmo atraiu para si todos os direitos reais imobiliários, o


que apesar de não consistir em um sistema registral completo,
apresentava um grande avanço na formalização do registro.

A lei 1.236 indicou os 8 livros principais para a escrituração dos


registros. Os mesmos perduram até hoje, sofrendo apenas pequenas
alterações.

Logo que surgiram, as transcrições eram bem mais simples.


Veja abaixo um modelo hipotético de transcrição e perceba que a
mesma apresentava apenas a localização do imóvel:

“Uma fazenda com 130 ha localizada na localidade de Rincão


do Espigão!”

Com o tempo, as transcrições começaram a receber uma


descrição mais detalhada da localização do imóvel. Veja um modelo
de transcrição mais detalhada no exemplo abaixo:

“Um sitio com 18 alqueires localizado no Bairro dos Almeidas,


Confrontando, de um lado, com Pedro Linhares, por 140 metros,
Com Paulo da Silva, por 580 metros, de outro, com Maria de
Albuquerque, por 570 metros e, de um lado, com a estrada municipal
que liga Porto Alegre ao estado de Santa Catarina, por 1.170 metros.”

Posteriormente, as transcrições receberam alguns dados a


mais, como o nome do proprietário.

O problema do sistema de transcrições é que o mesmo não


obedecia aos princípios da especialidade, da continuidade e da
unitariedade da matricula.
69

O sistema de transcrição e a venda de imóveis

Uma peculiaridade no mínimo interessante do sistema de


transcrições é que sempre que um imóvel sofria uma alteração
cadastral, um novo número de transcrição era gerado. Com isso, o
número de transcrição anterior era simplesmente finalizado.

O problema era que nenhuma referência era feita a transcrição


antiga. Ou seja, não havia um amarramento que possibilitasse uma
rápida identificação do histórico imobiliário.

Isso acarretava um problema enorme na venda de frações


ideais.

Eu digo isso, pois se você acha complicado conseguir


interpretar uma matricula que tenha 20 ou 30 registros, então imagine
fazer isso com transcrições.

Isso porque no sistema de transcrições, normalmente os títulos


eram transcritos no antigo livro 3, sendo que a transcrição fazia
menção apenas ao objeto constante do título, quer fosse este uma
fração ideal de um ou de vários imóveis.

Com isso, surgiu uma dificuldade enorme para “montar o todo


do imóvel”. Isso porque as frações ideais estavam individualmente
descritas em transcrições diversas, que muitas vezes eram
inclusive transmitidas a terceiros, resultando em muitas outras
transcrições que não estavam amaradas a suas origens.
70

Perceba que nesta época, para conseguir-se identificar a


situação do imóvel era necessário montar-se um quebra-cabeça
cujas peças estavam misturadas com as peças de outras centenas
de quebra-cabeças dentro “de uma cesta” chamada registro de
imóveis. Ou seja, o sistema era falho.

O impacto do sistema de transcrições no nosso dia a dia

O sistema de transcrições causa enormes impactos no nosso


dia a dia. Isso porque a mudança da lei não excluiu o sistema de
transcrições, nem mesmo mudou a situação dos imóveis registrados
no livro de transcrição. Com isso, as transcrições não sofreram
atualizações.

Isso significa que, ainda hoje, existem transcrições no mercado.

Isso é fácil de ser percebido se analisarmos que o sistema de


matriculas foi implementado através da lei 6.015/73.

Se pegarmos uma pessoa que tinha entre 20 e 40 anos naquela


época, hoje a mesma possui entre 60 e 80 anos. Ou seja, é bem
possível que a mesma tenha adquirido áreas de terra através do
sistema de transcrições.

Se esta pessoa não fez nenhuma movimentação que


implicasse no parcelamento ou na venda deste imóvel, o mesmo
ainda possui a transcrição.

Ou seja, a descrição do imóvel ainda é duvidosa e está sujeita


a erros, não garantindo o direito à propriedade.
71

Entenda o sistema de matriculas

A lei dos registros públicos trouxe como novidade a migração


do sistema de transcrições para o sistema de matriculas.

A matricula de imóvel é como que se fosse a certidão de


nascimento de uma propriedade imobiliária, pois a mesma registra
todas as informações importantes da mesma.

Na realidade, a lei dos registros públicos foi revolucionária,


principalmente porque implementou o princípio da unitariedade da
matricula.

Ou seja, que cada propriedade imobiliária deve ser descrita e


caracterizada em uma única matrícula, que por sua vez pode conter
apenas uma única propriedade imobiliária.

Este princípio consagrou o conceito de propriedade imobiliária


para o direito civil, que é o imóvel-matrícula, diferentemente do
conceito de imóvel rural utilizado pelo INCRA para fins cadastrais e
pela receita federal para a cobrança do imposto territorial rural.

Na prática, isso significa que enquanto que no sistema de


transcrições uma transcrição poderia possuir vários imóveis em
localizações distintas, uma matricula pode conter somente uma
propriedade imobiliária cuja área deve ser continua.

Em outras palavras…

Não se pode abrir matrícula de fração ideal de imóvel nem


constar numa mesma matrícula mais de um imóvel.
72

A estrutura de uma matricula


73

O registro imobiliário aprendeu muito com o sistema de


transcrições, principalmente pelos erros existentes no mesmo, sendo
que o sistema de matriculas tentou evitar estes erros.

Para isso, o sistema de matriculas incorporou uma estrutura


lógica seguida por todas as matriculas.

Na realidade, existe uma pequena diferença entre as matriculas


antigas e as atuais, pois as atuais passaram a ter a certificação e os
dados do contribuinte junto ao INCRA.

Esta foi uma inovação possibilitada pela lei 10.267, isso porque
com o advento da mesma, a troca de informações entre o INCRA e
o IRIB passou a ser intensa.

Com isso para ser registrado, todo imóvel rural


georreferenciado deve estar cadastrado no sistema nacional de
cadastro rural (SNCR).

Vamos entender quais que são os elementos que uma


matricula deve ter. Para isso, vou analisar os elementos existentes
em uma matricula de um lote urbano.

Em seguida trarei um estudo de caso mostrando uma matricula


moderna. Ou seja, uma matricula que possui a certificação e os
dados do contribuinte junto ao INCRA.

Antes disso, preciso que você saiba que o registro torna público
o conhecimento do ato registrario. Ou seja, obedece ao princípio da
publicidade.

A partir do registro ninguém poderá alegar ignorância do fato.


74

Cabeçalho de uma matricula

Este é o primeiro elemento de uma matricula. No mesmo


devem aparecer o nome do registro de imóveis, o número da
matricula e a data.

Perceba que a data é importante por causa do princípio da


prioridade. Ou seja, que os direitos são classificados através da
ordem cronológica.

Com isso, pode acontecer, por exemplo, de o senhor joão


apresentar uma certidão no intuito de vender o imóvel para o senhor
Pedro, porém a certidão estar defasada.

Desta maneira, ao exigir-se do mesmo uma


certidão atualizada, percebe-se que o mesmo vendeu sua
propriedade para o senhor Claudio. Ou seja, que ele não tem como
vender algo que não é seu.

Descrição do imóvel

A descrição traz a localização exata do imóvel, a área e as


medidas do mesmo.
75

Matriculas mais antigas trazem a descrição dos vértices através


da utilização de azimutes ou rumos e de distâncias.

Matriculas mais modernas, de áreas georreferenciadas, trazem


esta descrição indicando o número e as coordenadas dos vértices.

Esta descrição obedece ao princípio da especialidade objetiva.


Este princípio impõe que os atos de registro de Imóveis sejam
individualizados quanto ao objeto e aos sujeitos que tenham direitos
em relação a ele.

Proprietário

Nesta seção deve aparecer de forma detalhada a descrição do


proprietário (ou proprietária. Não me esqueci de vocês mulheres!), do
conjugue e do endereço dos mesmos.
76

Registro anterior

Nesta seção aparecem os dados do registro anterior.


Normalmente o número da matricula, o CNS e a data do registro
anterior.

Registros e averbações
77

Esta seção conta o histórico da propriedade através de


registros e de averbações.

O que é um registro

O registro é o ato cartorial que declara quem é o proprietário


formal e legal do imóvel. O mesmo também informa se a propriedade
deste bem está sendo transmitida de uma pessoa para outra.

Sempre que houver compra, venda ou hipoteca de um imóvel as


escrituras serão registradas na matrícula.

Ou seja, o profissional de registro faz a anotação dos dados


referentes ao negócio que se efetivou na matrícula do imóvel.

O que é uma averbação


78

A averbação é o ato que anota todas as alterações ou


acréscimos referentes ao imóvel ou às pessoas que constam do
registro ou da matrícula do imóvel.

São exemplos clássicos de situações nas quais se faz


necessário a averbação, sempre que houver a alteração de
informações que alteram a situação do imóvel ou das pessoas a que
o imóvel se vincula.

Como exemplos de averbações temos:

 As mudanças de nome;
 O habite-se expedido pela Prefeitura Municipal;
 As modificações de estado civil decorrentes de
casamento ou divórcio etc.

A averbação também é utilizada para informar formal e


juridicamente sobre os eventuais cancelamentos de hipoteca,
penhoras, arresto, entre outros.

As matriculas também apresentam problemas

Todo mundo costuma meter o pau no sistema de transcrições,


porém o sistema de matriculas também possui diversas falhas. A
principal delas é que o mesmo permite a grilagem de terras.

Perceba que este problema é catastrófico, pois a principal


função do registro de imóveis é garantir o direito à propriedade.
Direito este que todas as pessoas possuem.
79

Garantir este direito é a que eu considero a maior vantagem


trazida pelo Georreferenciamento de Imóveis Rurais.

Além disso, a descrição existente em uma matricula com a


utilização de rumos ou de azimutes não possibilita a rápida
percepção do formato do imóvel. O profissional teria que reconstituir
a poligonal para conseguir visualizar o mesmo.

O problema é que os agrimensores podem sem querer cometer


um erro.

Como que o profissional de registro de imóveis no ato de


registro não faz a reconstituição da poligonal, até mesmo porque não
possui os conhecimentos matemáticos necessários para
isso, acontece de, em alguns casos, uma transcrição antiga
descrever melhor um imóvel do que uma matricula moderna.

Este problema é ressaltado pelo Eduardo Agostinho Arruda


Augusto em seu livro: Registro de Imóveis, Retificação de Registro e
Georreferenciamento: Fundamento e Prática!

Veja na imagem abaixo um print tirado deste livro que


apresenta a descrição da transcrição e a da matricula:
80

Em uma primeira análise parece que a matricula descreve o


imóvel melhor do que a transcrição antiga, pois a mesma traz as
mudanças de ângulo e as distâncias entre os vértices.

Porém, se reconstituirmos a poligonal descrita nesta matricula,


perceberemos que ouve problemas na descrição dos azimutes, o que
torna a matricula como um todo falha.
81

Por outro lado, se analisarmos uma transcrição perceberemos


que a mesma consegue descrever perfeitamente a propriedade
imobiliária.

A evolução das matriculas

O sistema de matriculas está buscando se adequar as


evoluções trazidas, principalmente pelo avanço tecnológico que
culminou na implementação do SIGEF.

Com isso, é normal que o sistema de matriculas sofra


modificações ao longo dos tempos.

Vamos analisar o estado da arte e a tendência de evolução do


sistema de matriculas, buscando entender (e até mesmo nos
adaptarmos) as exigências dos profissionais de registro.

O modelo de matricula amplamente exigido pelos profissionais


de registro é o cuja descrição do perímetro da propriedade imobiliária
se faz de maneira descritiva.

Veja um exemplo deste tipo de matricula na imagem abaixo:


82

Fonte: Livro Georreferenciamento de imóvel Rural: Doutrina e Pratica no


Registro de imóveis
83

Existe um segundo tipo de matricula que está passando a ser


exigido pelos profissionais de registro que é o modelo nos quais para
a descrição dos vértices das propriedades não utiliza-se rumos ou
azimutes e distâncias, mas sim, a denominação do ponto e suas
coordenadas.

Este tipo de descrição exige que o imóvel seja


georreferenciado, sendo muito melhor, pois traz a geoespacialização
dos dados, tendo como base o datum SIRGAS 2000, época 4.

Este tipo de matricula garante o direito à propriedade, pois


torna impossível a grilagem de terras.

A produção deste tipo de matricula exige que o memorial


descritivo traga em seu teor a descrição dos vértices através de uma
tabela na qual aparece o nome do vértice e suas coordenadas.

Veja um exemplo deste tipo de matricula na imagem abaixo:


84

Fonte: Livro Georreferenciamento de imóvel Rural: Doutrina e Pratica


no Registro de imóveis

O terceiro tipo de matricula ainda é pouco exigido pelos


profissionais de registro, porém tudo indica que com o tempo terá
85

produção massiva. O mesmo é o próximo passo na busca por


garantir o direito à propriedade.

Me refiro a matricula que traz em seu teor, além dos vértices e


suas coordenadas, um croqui com a poligonal da propriedade. Este
modelo de matricula exige que o memorial descritivo possua um
croqui da propriedade.

Veja um exemplo deste tipo de matricula na imagem abaixo:


86

Fonte: Livro Georreferenciamento de imóvel Rural: Doutrina e Pratica


no Registro de imóveis
87

INCRA X IRIB X RECEITA FEDERAL – QUEM


FAZ O QUE?

Este é um tema que deixa muitos profissionais da área c0om


sérias dúvidas.

A boa notícia é que ao dominar o assunto, você poderá prestar


serviços de atualização cadastral para seus clientes, sendo esta uma
ótima maneira de colocar mais dinheiro no caixa de seu escritório.

Outra vantagem que você terá ao dominar o tema é que poderá


informar seus clientes sobre como proceder, ganhando a confiança
dos mesmos.

Lembre-se sempre que ter a confiança de potenciais clientes


é o maior ativo que você pode ter. Isso porque os mesmos não só
irão adquirir seus serviços, como também indicarão você para os
amigos deles.

Você deve ter percebido que ao dominar este assunto, várias


portas de oportunidade irão se abrir para você. Isso sem falar que
88

você terá muito mais entendimento de como proceder no seu dia a


dia.

Então vamos entender quais que são as funções do INCRA,


do IRIB e da Receita Federal e também o significado de algumas siglas
como, por exemplo: SNCR, CCIR, ITR, IRIB, CAFIR.

O que é uma fração ideal + 3 exemplos práticos

Não sei se você percebeu ainda, mas entender o que é uma


fração ideal e muito mais do que isso, saber utilizar a mesma no seu
dia a dia é importantíssimo.

Isso pouco importa se você é um profissional de registro, um


proprietário rural ou um agrimensor.

Eu irei trazer 2 exemplos práticos que vão ajudar você a


dominar a temática.

Antes disso, preciso explicar exatamente o que é uma fração ideal.

Conceito teórico de fração ideal

Fração ideal é a porção comum de um terreno correspondente


a unidade autônoma de cada condômino. Esta parte é indivisível e
indeterminável. O Novo Código Civil – Art. 1.331 §3o diz o seguinte:

“A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável,


uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será
identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de
89

instituição do condomínio. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de


2004)”

Vou lhe dar um exemplo, pois assim você entenderá melhor o


assunto.

Um condomínio possui apartamentos que pertencem a cada


um dos condôminos.

Além disso, o mesmo também possui locais como o pátio, a piscina,


a área de festas, a lavanderia e outras áreas que são públicas.

Desta maneira, não tem como um dos condôminos separar


determinada área deste espaço que é de uso de todos e cercar.

É isso que é uma fração ideal, o pedaço da porção comum


que pertence a determinado condômino.

Desta maneira, se a porção comum de um condomínio tiver


2.000 m² e o mesmo possuir 20 condôminos, cada condômino terá
uma porção de 100 metros quadrados da área comum.

Com este exemplo, você entendeu bem o que é uma fração


ideal.

O problema é que mesmo assim, você ainda pode cometer um


seríssimo erro. Vamos entender que erro é este.

Exemplo da utilização da fração ideal no nosso dia a dia


90

A divisão do solo pela fração ideal é muito mais justa do que a


divisão pela área. Isso porque nas propriedades sempre existirão as
áreas mais nobres e as áreas de menor valor.

O erro que alguns profissionais cometem é justamente


este, dizer que todas as áreas de uma propriedade são iguais.

Perceba que isso é uma falácia, que uma propriedade possui áreas
de maior e áreas de menor valor, sendo que sempre que possível, isso
deve ser levado em consideração.

Na realidade, normalmente o que definirá o método de


parcelamento será o contrato.

Se o mesmo disser que a divisão é por hectares, não tem como


considerar-se a fração ideal.

Isso pode ser feito somente se a sociedade foi criada levando em


consideração a fração ideal pertencente a cada sócio e não a percentagem
do imóvel.

Existem outros exemplos nos quais a utilização da fração ideal


traz vantagens.

Um deles é em processos de sucessão. No inventário a divisão


da terra será muito mais justa se a mesma for feita pela fração ideal e não
pela área. Desta maneira, os herdeiros que pegarem áreas mais nobres,
ficarão com áreas menores e os outros com áreas maiores.

Exemplo de divisão de área pela área útil


91

Em processos de sucessão, quando não se tem uma divisão


pela fração ideal, uma maneira de dividir-se os imóveis de maneira
justa é levando-se em consideração as áreas úteis dos imóveis. O
grande objetivo é que o parcelamento seja feito de certa forma que
as áreas divididas estejam de acordo com a legislação.

A grande diferença neste caso é que ao invés de levantar-se


somente o perímetro da propriedade, levanta-se também os usos do
solo da mesma.

Posteriormente, faz-se o rotacionamento das linhas divisórias, de


certa forma que a proporção entre a área útil e as demais áreas da
propriedade original sejam divididas de maneira proporcional entre os
diferentes herdeiros.

Desta maneira, se a área original possuí 100 ha e precisa ser


parcelada entre 3 herdeiros, o procedimento padrão é fazer-se o
levantamento cadastral da área, calcular-se quanto de área útil a
mesma possui e, posteriormente fazer-se a divisão, de certa forma
que a proporção de área útil seja igual entre todos os herdeiros.

Desta maneira, se uma propriedade de 100 ha deve ser dividida


entre 2 herdeiros e a mesma possui 70% de área útil, torna-se fácil
fazer-se a divisão de certa forma que cada uma das áreas
remanescentes tenha 70% de área útil. Para isso, é necessário
apenas achar-se a rotação certa da linha divisória.

Infelizmente, este procedimento dá um pouco de trabalho. Isso


porque não existe nenhum software com capacidade de fazer tal
divisão.

Por causa disso, a divisão deve ser feita com a utilização do método
interativo, onde que se levanta o uso do solo da propriedade e
92

posteriormente, com a utilização de um software da família CAD, utiliza-


se uma série de interações para fazer-se a divisão da área.

Exemplo de fracionamento de gleba pela área útil

Um exemplo de fracionamento de gleba pode ser visto na


imagem abaixo. Perceba que eu fiz o levantamento da área útil da
propriedade e, em seguida, a divisão da área total entre os 3
herdeiros, utilizando um software que faz automaticamente tal
fracionamento.

Posteriormente, rotacionei as linhas de certa forma que a


proporção entre as áreas úteis, a área que cada uma das glebas
deveria ter e as demais áreas ficasse igual.
93

Desta maneira, mesmo sem poder fazer o parcelamento com base


na fração ideal, eu consegui fazer com que o parcelamento do solo ficasse
mais justo.

Na realidade, o maior benefício foi a restauração da paz entre


os herdeiros. Isso porque o inventário estava causando uma briga
familiar.

Outro sim, certa vez, conversando com um engenheiro


florestal, eu comentei com ele que utilizava este procedimento.

O mesmo comentou comigo que esta divisão não é justa, pois as


áreas de floresta também possuem valor econômico.

Diante disso, o que eu disse para o mesmo é que não adianta muito
a área ter valor econômico se este valor não é usufruído pelo proprietário.

Por causa disso, eu faço uma ressalva. O parcelamento do solo


utilizando este método é o mais justo?

Com certeza não, o justo seria um fracionamento feito com base em


um estudo avançado que precificasse de maneira correta os diferentes
ativos da propriedade.

Porém, é muito mais justo do que não se levar em consideração as


áreas úteis das propriedades.

O QUE É E COMO FAZER O


REMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS
94

O remembramento é um procedimento administrativo que


possui como intuito a unificação de 2 ou mais imóveis, criando-se
uma propriedade imobiliária maior.

Desta maneira, quando do advento do remembramento, o


imóvel resultante passa a ser uma nova propriedade imobiliária.

Procedimento necessário para se solicitar o


remembramento de um imóvel rural

Quando se fala em remembramento, primeiramente você


precisa ter em mente que o procedimento a ser adotado quando o
imóvel é urbano é um pouco diferente do procedimento que deve ser
adotado quando o imóvel é rural.

Vamos estudar cada uma das situações.

Remembramento de imóveis urbanos

Para realizar o remembramento de um imóvel urbano, o


proprietário precisa realizar uma série de procedimentos junto a
prefeitura e junto ao registro de imóveis.
95

Primeiramente, o mesmo deve ir até a prefeitura e apresentar


os seguintes documentos:

 As certidões de propriedade dos imóveis;


 As certidões negativas de débitos de IPTU;
 O memorial descritivo e;
 As plantas de situação dos terrenos, antes e após o
remembramento.

Após a aprovação do projeto, o órgão público emitirá uma


licença autorizando a prática.

A mesma deve ser levada até o cartório de Registro de Imóveis,


sendo que o profissional de registro fara a averbação da licença e
emitirá uma nova matricula para a área resultante.

Ou seja, as matrículas dos lotes que forem


remembrados serão extintos, sendo que a nova matricula resultante
deve possuir as respectivas áreas, limites e confrontações do imóvel
remembrado.

Lembrando que o profissional de registro também solicitara que


você apresente os seguintes documentos:

 O memorial descritivo e;
 As plantas de situação dos terrenos, antes e após o
remembramento e;
 A ART.

Remembramento de propriedade imobiliária rural


96

Primeiramente, você precisa saber que quando se fala em


remembramento, obrigatoriamente estamos falando de propriedades
imobiliárias, ou seja, de imóveis registrados em cartórios.

Quando se fala no remembramento de propriedades


imobiliárias rurais, o mesmo envolverá o INCRA e o registro de
imóveis, sendo que o remembramento de imóveis rurais pode ser
classificado em:

 Remembramento de imóveis georreferenciados e;


 Remembramento de imóveis que ainda não foram
georreferenciados.

Vamos ver qual procedimento que deve ser adotado em cada


uma destas situações.

Remembramento de imóveis que ainda não foram


georreferenciados

O remembramento de imóveis que ainda não foram


georreferenciados é bem mais simples, sendo que para o mesmo,
uma vez que você tenha medido as áreas basta ir até o registro de
imóveis munido de:

 Memorial descritivo e;
 Plantas de situação dos terrenos, antes e após o
remembramento e;
 ART.
97

Feito isso, também é aconselhável que a atualização do


cadastro junto ao SNCR (Sistema nacional de cadastro Rural) seja
feito.

A maioria dos profissionais de registro costuma fazer esta


atualização. Porém, alguns deles irão solicitar que o agrimensor
acesse o site do INCRA e faça a mesma.

Remembramento de áreas georreferenciadas – Como


proceder?

No que se refere ao remembramento de imóveis rurais


georreferenciados, o Manual Técnico de Limites e Confrontações traz
a seguinte passagem:

“Em remembramento que envolver parcela(s) certificada(s) e


parcela(s) ainda não certificada(s), primeiramente deverá ser
efetuada a certificação desta(s), para posterior fusão. Observação:
Quando houver interesse em remembrar parcelas ainda não
certificadas, poderá optar por georreferenciar diretamente o
perímetro externo, correspondente ao conjunto de parcelas.”

Veja na figura abaixo o esboço da situação atual do imóvel


rural, contendo 3 matrículas e, em vermelho, a matrícula resultante
do remembramento.
98

Perceba que as matrículas 177, 2.825 e 10.449 darão origem


ao perímetro representado pela cor vermelha.

Como fica a planilha ODS neste caso?


Na planilha ODS será gerada somente uma aba de perímetro e
na parte da identificação assim será preenchido:
99

No campo referente às matrículas serão informadas todas as


matrículas dos imóveis que estão sendo remembrados, sem ponto,
separados por vírgula e sem espaço entre eles.

Para cumprimento do que preceitua o manual, ao enviarmos a


planilha nos depararemos com uma das duas situações descritas no
item 6.2:

Em remembramento que envolver parcela (s) certificada (s) e


parcela (s) ainda não certificada (s) o seguinte procedimento deverá
ser adotado:

Efetua-se a certificação da (s) parcela (s) ainda não


certificadas;

Prepara-se a planilha ODS do remembramento com a aba


única referente ao polígono das matrículas a serem remembradas;

Solicita-se o cancelamento das áreas certificadas (e/ou análise


de sobreposição, caso haja algum imóvel certificado pelas normas
anteriores) já enviando a planilha a ser certificada.

Em anexo enviar também os requerimentos do (s) proprietário


(s), solicitando o cancelamento para fins de remembramento e a
planta onde demonstra as matrículas objeto da unificação.

Dica de amigo: Lembre-se que eu já trouxe o modelo de


solicitação de cancelamento na parte de desmembramento. É só
adaptar aquele respectivo modelo.

Quanto a planta, a mesma também deve estar no formato dxf.

O analista irá enviar as parcelas já certificadas para o histórico


e proceder a certificação da planilha.
100

Quando houver interesse em remembrar parcelas ainda não


certificadas, o profissional poderá optar por georreferenciar
diretamente o perímetro externo, correspondente ao conjunto de
parcelas.

Neste caso é necessário preencher-se a planilha ODS


exatamente da mesma maneira que eu expliquei no item anterior.

Perceba que na realidade você irá se deparar com um dilema,


pois cada área georreferenciada possui um código único.

Com isso, o procedimento que você deve adotar é a utilização


do código da área maior.

Você também precisará fazer a atualização junto ao INCRA,


encerrando os demais cadastros e deixando somente 1 que terá
atualizada a área do perímetro e as demais áreas informadas
(Reserva Legal, APP, pastagens, etc).

O papel do INCRA

O INCRA foi criado pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970.


Atualmente o mesmo está implantado em todo o território nacional
por meio de 30 superintendências regionais.

A função do INCRA é garantir que os imóveis rurais estejam


cumprindo sua função social. Isso mesmo, todo imóvel rural deve
estar sendo produtivo e, desta maneira, colaborando para o
crescimento do país.
101

O INCRA também é o responsável pela manutenção do sistema


nacional de cadastro rural (SNCR). O mesmo é um cadastro de todos
os imóveis rurais do pais e que pode ser feito através da internet,
sendo que o INCRA disponibilizou um manual passo a passo
mostrando como fazer o mesmo.

Link de acesso ao manual:

http://www.INCRA.gov.br/sites/default/files/uploads/estrutura-
fundiaria/regularizacao-
fundiaria/manual_declaracao_eletronica_final_13032015_1.pdf

Este é um serviço que sua empresa pode prestar para seus


clientes, o de cadastramento e de atualização cadastral junto ao
INCRA. Além disso, este cadastro precisa ser seguidamente
atualizado, com isso, você conseguirá uma fonte de receitas
recorrentes.

São exemplos de situações nas quais o cadastro no INCRA


precisa ser atualizado:

 Quando a pessoa se casar ou divorciar-se;


 Sempre que houver alguma mudança na área.

Quando que é exigido o CCIR?

O CCIR é necessário nas seguintes situações:

 É essencial para a concessão de crédito agrícola, exigido


por bancos e agentes financeiros;
102

 Sempre que houver desmembramento, arrendamento,


hipoteca, venda ou que o imóvel for prometido em venda;
 Para a homologação de partilha;
 Para o registro do imóvel após a sentença de usucapião.

Cadastro no INCRA e o georreferenciamento de imóveis


rurais

Os profissionais que trabalham com topografia possuem muitas


dúvidas sobre este assunto. A principal delas é sobre a emissão do CCIR.

Esta sigla significa Certificado de cadastro do Imóvel Rural. Isso


mesmo, a emissão do CCIR garante que o imóvel está cadastrado no
INCRA.

Perceba então que todo imóvel rural deve possuir tal cadastro e
que, por outro lado, existe algo chamado SIGEF, que possibilita a análise
geoespacial da localização dos imóveis rurais cadastrados no INCRA e que
são propriedades imobiliárias.

Perceba que se o imóvel não está cadastrado no INCRA, não tem


como subir a planilha ods para o SIGEF, pois não existe um cadastro ao
qual a propriedade imobiliária possa ser associada.

Para que você entenda exatamente o que eu quero dizer com


propriedade imobiliária, precisarei falar sobre o papel do IRIB.

O papel do IRIB
103

O Instituto de registro imobiliário do Brasil (IRIB) através de


seus representantes locais, os profissionais de registro, faz o
cadastramento das propriedades imobiliárias do pais, sejam estas
rurais ou urbanas.

O direito à propriedade é um direto de todas as pessoas, sendo


o profissional de registro, a pessoa de fé pública que cuida do registro
deste direito.

Perceba que o registro imobiliário, assim como o sistema


nacional de cadastro imobiliário, nada mais é do que um cadastro. A
necessidade da existência destes diferentes cadastros surgiu devido
as diferentes funções do INCRA e do IRIB.

Outra característica interessante do SNCR é que, o INCRA não


cadastra no mesmo, imóveis rurais cuja área seja inferior a fração
mínima de parcelamento.

Isso porque conforme informei anteriormente, uma família não


consegue se manter em uma área inferior a esta área que equivale a
renda de um salário mínimo.

Por causa disso, o registro de imóveis também não registra


imóveis cujo parcelamento gere áreas inferiores a fração mínima de
parcelamento.

Quanto aos papéis, o INCRA possui em seu cerne, o dever de


garantir que os imóveis rurais estejam cumprindo sua função social.
Já o IRIB, por outro lado, zela pelo direito de propriedade que todas
as pessoas possuem.

Perceba que ao terem razões de existência diferentes, estes


órgãos se comportam de maneira diferente.
104

Desta maneira, o SNCR aceita o cadastramento de áreas de posse,


propriedades e situações mistas. Isso porque o INCRA olha apenas se o
imóvel rural está ou não cumprindo sua função social.

Além disso, eu não estou utilizando o termo imóvel rural de


maneira aleatória, mas sim porque este é o termo que expressa a
visão do INCRA.

O Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) em seu art. 4º, inciso I


define “Imóvel rural”, como sendo:

O prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua


localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária
ou agro-industrial, quer através de planos públicos de valorização,
quer através de iniciativa privada.

Este é o conceito utilizado pelo INCRA. Perceba que é um


prédio rústico, que para o INCRA não interessa se este prédio é
formado por uma área de posse, uma ou mais matriculas ou é uma
situação mista.

Já para o IRIB esta visão é uma deturpação completa, pois a


mesma não garante o direito à propriedade. Por causa disso,
o conceito utilizado pelo mesmo é o de propriedade imobiliária.

E o SIGEF nesta história toda

Perceba que ao o INCRA e o IRIB terem diferentes visões,


tornasse complicado a existência de uma ferramenta compartilhada
entre estes órgãos. Desta maneira, o INCRA, embora aceite áreas
105

de posse no SNCR, aceita somente propriedades imobiliárias no


SIGEF.

As etapas do georreferenciamento de um imóvel rural são as


seguintes:

 A planilha ods é enviada para o SIGEF pelo agrimensor;


 Caso não haja sobreposição de área o profissional pode
proceder com o processo, caso contrário precisará
retificar o erro;
 O agrimensor leva o dossiê com todos os documentos
necessários até o cartório;
 O profissional de registro de imóveis verifica se está tudo
certo com o processo de georreferenciamento. Ou seja,
se o direito de propriedade do proprietário e também dos
confrontantes é respeitado;
 Se estiver tudo certo com o processo o profissional de
registro de imóveis gera a nova matricula da propriedade,
acessa o SIGEF e em um campo especifico dá o ok dele;
 Um profissional do INCRA analisa o processo e se estiver
tudo ok, atribui um novo número ao imóvel no SNCR;
 O profissional do INCRA entra em contato com o
profissional do registro de imóveis, informando o novo
número do imóvel no SNCR;
 O profissional de registro através de uma retificação de
ofício, averba o novo número na matricula.
106

Perceba que a troca de informações entre o registro de imóveis


e o INCRA é grande e, que o SIGEF é um sistema 100% seguro, no
qual apenas propriedades imobiliárias estão cadastradas.

A relação existente entre a receita federal, o INCRA


e o registro de imóveis?

A receita federal, assim como o INCRA e o IRIB, possui um


cadastro próprio, o CAFIR. O site cadastrorural.gov.br traz a seguinte
definição do CAFIR:

“É o cadastro administrativo pela receita federal do Brasil, com


informações cadastrais referentes aos imóveis rurais do país, seus
titulares e, se for o caso, os condôminos e compossuidores. É o ato
cadastral por meio do qual é atribuído o NIRF ao imóvel.”

Este cadastro serve para o gerenciamento do pagamento


do imposto territorial rural (ITR).

A receita federal em seu cadastro, assim como o INCRA, aceita


o cadastro de áreas de posse, de propriedades imobiliárias e de
situações mistas.

Talvez, seus olhos tenham brilhando ou seu coração tenha


disparado quando você viu a sigla NIRF, isso porque em processos
de georreferenciamento é exigida uma negativa da NIRF.

Isso significa que o imóvel rural conseguirá ser


georreferenciado somente se o mesmo estiver com o imposto
quitado.

Eu tenho até 2 cases para compartilhar com você.


107

O primeiro deles é de um problema que tive com a negativa da


NIRF. Isso porque no dia no qual levei o dossiê de documentos até o
cartório, resolvi gerar uma nova negativa da NIRF.

Foi quando algo que eu não esperava aconteceu: me vi diante


de uma mensagem dizendo que o dono do imóvel estava com o nome
negativado junto a receita federal.

Ou seja, como o CPF do (s) proprietários estão relacionados no


CAFIR, se o proprietário estiver com o nome negativado, não será possível
georreferenciar a propriedade do mesmo.

Exatamente o que aconteceu neste Geo especifico, eu liguei


para o proprietário, o mesmo precisou ajeitar o problema e somente
depois disso, que eu pude levar o dossiê até o profissional de
registro.

O segundo estudo de caso que eu quero compartilhar com


você é o de um Geo cuja produção da papelada teve que ficar parada
por vários meses. Isso porque eu não conseguia a anuência de um
confrontante.

Quando eu finalmente consegui a anuência do mesmo, levei o


dossiê até o profissional de registro e o mesmo me disse que vários
dos documentos estavam desatualizados e que eu teria que gerar os
mesmos novamente. Isso porque fazia mais de 3 meses que eu tinha
gerado eles.

Em seus processos de georreferenciamento tome sempre


cuidado com estes detalhes.
108

Entendendo o que é o ato declaratório ambiental

Como estou conversando com você sobre os diferentes


cadastros existentes, achei interessante falar sobre o Ato Declaratório
Ambiental (ADA).

O ADA é o documento de cadastro das áreas do imóvel rural


junto ao IBAMA e das áreas de interesse ambiental que o integram
para fins de isenção do imposto sobre a propriedade territorial rural
(ITR).

A obrigatoriedade do ADA não está vinculada ao tamanho do


imóvel rural e, sim, especialmente ao lançamento de informações
referentes ás áreas de interesse ambiental (APP), Reserva Legal,
Servidão Ambiental, RPPN, etc.

Na declaração do imposto sobre a propriedade territorial rural –


DITR/Receita Federal do Brasil. A secretaria da Receita Federal do
Brasil concede isenção do pagamento do ITR sobre as referidas
áreas e o ADA habilita tal isenção.

Algo interessante é que se a receita federal por qualquer motivo


desconfiar que o ITR foi declarado de maneira errada, a mesma irá
verificar o ADA e se necessário, enviar fiscalização até o imóvel rural.

Naturalmente, as áreas declaradas no ADA devem bater com


as do CAR, sendo que a receita federal irá solicitar o CAR.

Interação receita/cartório
109

A interação receita/cartório se faz necessária, pois a legislação


diz que, para que o proprietário tenha um desconto no ITR, que
o imóvel deve ter a reserva legal averbada na matricula.

Perceba como que a área averbada e a área cadastrada no


ADA devem ser a mesma do CAR.

Unificação dos cadastros da receita federal e do


INCRA

Atualmente a legislação exige a unificação dos cadastros da


receita federal, o CAFIR com o cadastro do INCRA, o SNCR.

Após o envio da DCR para o INCRA, o mesmo analisará se o


NIRF informado é o mesmo cadastrado.

Após este procedimento ser feito, sempre que for necessária


uma atualização cadastral, aparecerá um aviso no coletor WEB do
Cafir.

Perceba que existe comunicação entre os cadastros do INCRA


e da receita federal.

O que aconteceu é que o cerco se fechou, sendo que não tem


mais como um proprietário rural burlar o sistema.

Uma oportunidade pouco aproveitada


110

Se para nós que somos especialistas da área é complicado de


entender todos estes sistemas e as siglas inerentes aos mesmos,
imagine para um proprietário rural.

Perceba que existe a possibilidade do fornecimento de uma


série de serviços para os mesmos. Alguns deles inclusive anuais.

Serviços estes que poucos profissionais da área perceberam


que podem prestar.

Perceba que além do CAR e do georreferenciamento de imóveis


rurais, você pode prestar serviços de cadastramento e atualização de
cadastro junto ao INCRA e fazer a declaração do cadastro rural
(DCR).

Além disso, se a região na qual você atua possui propriedades


de médio a grande porte, você pode fazer o ADA e a declaração do
imposto de renda de seus clientes.

Enfim, prestar uma série de serviços customizados,


aumentando suas vendas e seus lucros ao mesmo tempo que facilita
a vida dos agricultores.

COMO PROCEDER NO CASO DE TERRAS


DEVOLUTAS?

Quando se fala em topografia cadastral, as anuâncias são


tantas, que por mais que o cara atue a anos na área, seguidamente
111

se depara com algum termo ou situação na qual não sabe como


proceder.

Comigo mesmo, pouco tempo atrás aconteceu isso.

Certo dia, um aluno do Método Georreferenciamento Sem


Mistérios me mandou um áudio no WhatsAPP relando que um cliente
possuía uma área de terras devoluta.

O mesmo me perguntou como que deveria proceder nesta


situação?

Confesso que nunca antes tinha ouvido este termo. Ou seja, lá


fui eu estudar sobre o assunto.

Como percebi que provavelmente você também não domina o


assunto, decidi abordar o mesmo.

O que são terras devolutas?

O termo “devoluta” se relaciona ao conceito de terra devolvida


ou a ser devolvida ao Estado.

Ou seja, terras devolutas são terras públicas, que por não


estarem sendo utilizadas pelo poder público, em nenhum momento
passaram a integrar o patrimônio de um particular, ainda que estejam
irregularmente sob sua posse.

Ou seja, em algum momento o seu cliente passou a utilizar esta


área de terras.
112

A origem das terras devolutas

Com a descoberta do Brasil, todo o território passou a integrar


o domínio da Coroa Portuguesa. Acontece que os portugueses, logo
que descobriram o Brasil, só queriam saber de ouro.

Como não descobriram ouro no litoral, meio que abandonaram


a colônia.

Somente com o tempo, foi que perceberam que o Pau Brasil


possuía um pigmento que poderia ser utilizado para o tingimento de
roupas.

Foi então que passaram a fazer expedições, extraindo e


levando esta riqueza para a Europa.
113

Acontece que isso não passou batido pelas demais nações. As


mesmas também se interessaram pelo Pau Brasil, passando a
piratear esta riqueza.

Com isso, a coroa portuguesa percebeu que corria o risco de


perdeu partes da colônia para outras nações.

Isso levou Portugal a adotar o sistema de concessão


de sesmarias.

Ou seja, colonizadores ganharam largas faixas de terras


denominadas capitanias hereditárias, sendo que os mesmos
tinham a obrigação de medir, demarcar e cultivar estas faixas de
terras.

Acontece que algumas faixas de terras não foram


trespassadas. Além disso, alguns colonizadores não tiveram
sucesso, sendo que as faixas de terras ocupadas pelos mesmos
foram revertidas à Coroa.

Ambas as situações, faixas de terras não foram trespassadas


e faixas de terras revertidas à Coroa, constituem as terras devolutas.

Com a independência do Brasil, estas faixas de terras


passaram a integrar o domínio imobiliário do estado brasileiro,
englobando todas essas terras que não ingressaram no domínio
privado por título legítimo ou não receberam destinação pública.

Para estabelecer o real domínio da terra. Ou seja, se é


particular ou devoluta, o estado propõe ações judiciais chamadas
ações discriminatórias, que são reguladas pela Lei 6.383/76.

As Constituições republicanas seguintes deram maior


abrangência ao conceito de terra devoluta, sendo que a Constituição
114

no seu art. 20, Inciso II, inclui entre os bens pertencentes à


União, toda terra devoluta:

 Indispensável a defesa das fronteiras;


 Das fortificações e construções militares;
 Das vias federais de comunicação;
 Á preservação ambiental.

As demais áreas de terras devolutas pertencem aos estados.

Legitimação de posse de terras devolutas

Em 1976 foi promulgada a Lei nº 6.383, que trata do processo


discriminatório de terras devolutas.

A mesma dispõe em seu art. 29 que o ocupante de terras


públicas, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o de
sua família, fará jus à legitimação da posse de área contínua até 100
(cem) hectares, desde que preencha os requisitos:

 Que não seja proprietário de imóvel rural;


 Comprove morada permanente e cultura efetiva, pelo
prazo mínimo de 1 (um) ano.

A legitimação da posse de que trata a lei consiste no


fornecimento de uma Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de
mais 4 (quatro) anos.

Passado este período, o ocupante terá a preferência para a


aquisição do lote, o que deve ser feito pelo valor histórico da terra
nua.

Para isso, o mesmo deve satisfazer os seguintes requisitos:


115

 Moradia permanente;
 Cultura efetiva;
 Comprovação da capacidade para desenvolver a área
ocupada.

A obtenção da licença de ocupação, consiste em um processo


administrativo, mais simples que o processo judicial da usucapião.

Perceba como que diante da destinação econômico-social


dada à terra devoluta pelo possuidor, a lei facilita a sua aquisição,
alavancando o acesso à moradia, em cumprimento aos princípios
constitucionais.

Além disso, com o objetivo de regularizar as ocupações nos


imóveis da União, publicou-se no ano de 2007, a Lei nº 11.481 que
alterou alguns dispositivos da Lei nº 9.636/98.

A nova lei dispõe que, ao fiscalizar e cadastrar os bens imóveis


da união, a Secretaria do Patrimônio da União deverá fazer a
inscrição de ocupação, se o ocupante efetivamente aproveita o
terreno.

Ressalte-se que a inscrição é ato administrativo precário,


resolúvel a qualquer tempo e gera a obrigação de pagamento anual
da taxa de ocupação.

A respeito do tema, Amorin, K. S. (2010) diz que:

“Apesar da manutenção do sistema agrário brasileiro, que é


formado por latifúndios e, portanto, é injusto e excludente, a
legitimação da posse sobre terras devolutas funciona como um
processo capaz de proporcionar às pessoas mais carentes o acesso
116

à cidadania e às condições necessárias para a garantia de uma vida


digna, através da efetivação do direito à moradia.”

OS 4 TIPOS DE RETIFICAÇÃO DE ÁREA


EXTRAJUDICIAL EXISTENTES

Quando se fala em topografia cadastral, um dos temas que


gera maior preocupação é a retificação de área. Isso porque o
mesmo é um tema bem complexo, existindo a retificação de área
judicial e a retificação de área extrajudicial.

Neste artigo eu irei abordar a retificação de área extrajudicial


mostrando os 4 tipos existentes. Ao dominar este assunto você
saberá exatamente como proceder, tendo mais segurança no seu dia
a dia.

Introdução a retificação de área

Imagine a seguinte situação: você possui um lote que tem 10


metros de testada por 50 metros de comprimento. O problema é que
no cartório de registro de imóveis este mesmo lote aparece como
tendo 10 metros de testada por 25 metros de comprimento.
117

Diante disso, a pergunta que fica é: qual destes valores está


certo?

Se você pegar imagens de satélite feitas a 40 anos atrás e


imagens atuais, perceberá que em ambas o lote aparece como tendo
o tamanho existente in loco.

Ou seja, a 40 anos atrás ele já possuía 10 metros de frente por


50 metros de comprimento. Esta é a realidade física do imóvel. Caso
um perito faça uma perícia irá apresentar este fato.

O problema é que para o registro de imóveis o que interessa é


a realidade jurídica e não a realidade física. Isso porque a única coisa
que a realidade física prova é que esta pessoa utiliza esta extensão
de terras a pelo menos 40 anos.

Uma análise jurídica detalhada irá mostrar que, na realidade,


esta pessoa agiu de forma criminosa, anexando o lote existente nos
fundos ao seu lote.

Este exemplo mostra bem a importância da realidade jurídica,


sendo que a correta análise do documental existente é o melhor
caminho para ter-se o direito à propriedade garantido.

Quanto a retificação de área, neste artigo eu me deterei em


mostrar quais são os 4 tipos de retificação de área extrajudicial
existentes. Vamos entender cada um deles.

Retificação de ofício
118

Sempre que o profissional do registro perceber a existência de


algum problema na matricula deve proceder a retificação de ofício.
Como exemplos de retificação de área por ofício temos:

 O nome do proprietário do imóvel ou do conjugue possui


algum problema;
 Uma rua lindeira ao imóvel teve seu nome mudado;
 Um imóvel lindeiro foi desmembrado, recebendo um novo
confrontante.

Nestes casos, não tem porque o profissional de registro chamar


o dono da propriedade até o cartório, somente para mudar estas
informações.

Enfim, a retificação de oficio é qualquer situação na qual o


profissional de registro possa corrigir o erro sem precisar recorrer ao
proprietário ou ao agrimensor.

Veja abaixo um print tirado do livro “Registro de imóveis,


retificação de registro e georreferenciamento: Fundamento e prática”
de autoria do Eduardo Augusto Arruda Augusto com as hipóteses
nas quais o profissional de registro pode fazer a retificação de oficio.
119

Um exemplo típico de retificação de oficio é a


de matriculas antigas, pois nas mesmas não constava o CPF do
proprietário. Somente as matriculas mais novas passaram a constar
o mesmo. Por causa disso, os profissionais de registro estão aos
poucos retificando as matriculas antigas.

Retificação por simples requerimento

A única diferença entre a retificação de área por ofício e a


retificação de área por simples requerimento é que em algumas
situações o proprietário precisa comparecer no cartório.

Nestes casos, será realizada a retificação de área por simples


requerimento.
120

Um exemplo deste tipo de retificação é quando que o


profissional de registro se depara com 2 nomes parecidos.

Por exemplo, ele percebe que existe uma matricula em nome


do senhor João da Silva e certo dia se depara com o nome João da
Silva Junior.

Nesta situação especifica, o profissional de registro fica com


dúvida se o nome do proprietário é João da Silva ou João da Sila
Junior.

Diante disso, o mesmo encaminha um requerimento para que


o proprietário compareça ao cartório, com intuito de verificar se a
matricula apresenta um erro que precisa ser retificado, ou se
realmente existem 2 pessoas com nomes parecidos.

Retificação de área por procedimento sumário

Este tipo de retificação é necessário sempre que houver


mudança nos dados tabulares da propriedade. São exemplos de
dados tabulares:

 Distâncias;
 Mudança de ângulo de deflexão;
 Coordenadas.

Sempre que o profissional de registro desconfiar que algum


dado tabular esteja errado, entrará em contato com o agrimensor que
fez o levantamento dos dados.
121

Isso é necessário, pois o profissional de registro entende muito


a respeito da legislação pertinente, porém não domina a parte
matemática.

Desta forma, o agrimensor é o profissional que possui os


conhecimentos matemáticos necessários para fazer os cálculos e as
verificações necessárias.

A outra situação na qual faz-se necessária a retificação por


procedimento sumário é quando nós agrimensores cometermos
algum erro.

Por exemplo, João é agrimensor e ao trabalhar em um


processo de desmembramento, sem querer transcreveu a distância
entre 2 vértices da propriedade de maneira errada no memorial
descritivo.

A distância era de 122,58 metros e o mesmo distraidamente


colocou 102,58 metros. Nestes casos, ou em qualquer outro caso
que envolva erro tabular, o agrimensor precisará ir até o cartório
munido de uma nova planta e de um novo memorial descritivo e
solicitar a retificação.

Retificação de área por procedimento ordinário

Este tipo de retificação é necessária sempre que existir a


possibilidade do direito de propriedade do confrontante ser
prejudicado. Nestes casos, os confrontantes devem anuir a
retificação.
Você também precisará emitir a planta, memorial descritivo e
ART que devem ter o reconhecimento de firma dos confrontantes.
122

Segue o chacklist com a estrutura básica necessária de


documentos para a retificação por procedimento ordinário:

 Requerimento de certificação;
 Certidão atualizada da matricula ou transcrição;
 Laudo técnico do agrimensor;
 Memorial descritivo;
 Levantamento planimétrico;
 Certidões cadastrais e quaisquer outras provas que
possam ajudar no processo, sejam estas provas fotos
tiradas em diferentes épocas, imagens de satélite,
recibos, contratos…

Enfim, qualquer coisa que sirva de prova.

Além disso, existem aquelas situações nas quais algum


confrontante mora em uma cidade distante ou em outro estado.

Com isso, torna-se inviável para o agrimensor ir até esta


pessoa e demorado para enviar a planta e o memorial descritivo para
a mesma pelos correios.

Nestes casos, nós devemos enviar uma carta de anuência


inequívoca por email ou, algum outro meio, para que o confrontante
imprima, assine a mesma e nos envie de volta pelos correios.

Segue um modelo de carta de anuência inequívoca para a


retificação de área.
123

Um cuidado que você deve ter é o de colocar as coordenadas


dos vértices da confrontação na carta de anuência, pois isso torna a
mesma inequívoca.

Caso a carta de anuência não possua estes dados,


provavelmente o profissional do registro não aceitará a mesma.

Como proceder quando o confrontante se negar a assinar a


retificação

Caso você não consiga a assinatura de algum confrontante,


pois não conseguiu entrar em contato com o mesmo ou porque o
mesmo se recusou a assinar a planta e o memorial descritivo, você
deve juntar o dossiê com todos os demais documentos necessários
e ir até o cartório.
124

O profissional do registro irá entrar em contato com este


confrontante, dando o prazo de 15 dias para ele ir até o cartório.
Diante disso, o confrontante possui apenas 3 opções:

 Ir até o cartório e anuir a retificação;


 Não fazer nada e, neste caso, passados os 15 dias o
profissional do registro de imóveis entenderá que o
confrontante concorda com a retificação;
 Apresentar uma impugnação fundamentada.

Caso o confrontante não seja encontrado, o profissional de


registro de imóveis irá colocar 2 notícias em um jornal de grande
circulação, buscando informar o mesmo do processo de retificação.

Se o confrontante não aparecer no cartório no prazo de 15 dias


da publicação da primeira notícia, considera-se que o mesmo está
ciente da retificação e que concorda com a mesma.

Caso o confrontante apresente uma impugnação


fundamentada, o profissional de registro de imóveis irá marcar uma
reunião de conciliação entre ambas as partes.

Se mesmo após a reunião não haver acordo entre as partes, o


profissional de registro irá entrar em contato com o proprietário para
saber se o mesmo deseja encaminhar a retificação pela via judicial.

Impugnação na retificação de área

Sempre que um confrontante impugnar uma retificação 3


coisas podem acontecer:
125

 A impugnação é procedente, pois trouxe informações que


comprovam a existência de falhas no pedido de
retificação;
 A impugnação trouxe informações que merecem melhor
atenção e estudo para verificar se procedem ou não;
 O pedido de impugnação não procede.

Nos casos em que um pedido de impugnação necessitar de


uma melhor atenção, o profissional de registro vai dar 5 dias úteis ou
o tempo que for necessário. Normalmente de 5 a 15 dias úteis para
que o agrimensor, juntamente com o dono da propriedade, obtenha
os dados necessários para comprovar que a impugnação não
procede.

A legislação diz que este tempo deve ser de 5 dias ou o tempo


que o profissional de registro de imóveis achar necessário.

No caso, como disse, os profissionais de registro costumam dar


de 5 a 15 dias úteis, dependendo do tempo necessário para a
obtenção dos dados necessários. Este tempo pode variar
dependendo das especificidades do pedido de impugnação.
126

PARTE 2 – CARTOGRAFIA
APLICADA

SISTEMA DE REFERÊNCIA E DE
COORDENADAS: O QUE É E PARA QUE SERVE?

Sistema de referência, geoide, elipsoide, superfície física. São


tantos termos que talvez você esteja confuso. Não é verdade?

Pois bem, nesta seção do livro você aprenderá tudo que precisa
saber sobre o assunto, descobrindo:

 O que é um sistema de referência;


 Para que o mesmo serve;
 Quais são os data ativos.

E muito mais, leia atentamente os próximos parágrafos porque


o conteúdo é ouro puro.

O que é um sistema de referência

Provavelmente no seu dia a dia, você em alguns momentos


escute o termo sistema de referência, em outros a palavra datum.

A verdade é que datum e sistema de referência são a mesma


coisa.
127

Na realidade, um sistema de referência nada mais é do que um


modelo matemático teórico que representa a superfície da terra.
Desta maneira, todo sistema de referência possui 3 parâmetros. São
eles:

 Um ponto de amarração;
 Um norte (orientação);
 Um elipsoide.

O surgimento dos sistemas de referência foi necessário


justamente pela necessidade de se amarrar as diferentes superfícies
existentes:

 Geoide;
 Elipsoide e;
 Superfície física.

A NBR 14.166, em sua contracapa traz uma imagem que


ajudará você a entender melhor estas superfícies.
128

Perceba que conforme falei, existe a superfície física, o geoide


e o elipsoide.

Além disso, existe a altitude geométrica, que é em relação ao


elipsoide e a altitude ortométrica que é em relação ao geoide.

Diante da existência destas superfícies, o problema enfrentado


pelos cartógrafos era como amarar as mesmas.

Por exemplo, a altitude obtida com receptores GNSS é em


relação ao elipsoide, ou seja, altitude geométrica. Porém, a mesma
não pode ser utilizada em obras de engenharia.

Isso porque em obras de engenharia deve-se utilizar a


altitude ortométrica que é em relação ao geoide.

Enfim, os cartógrafos precisavam de alguma maneira amarrar


as diferentes superfícies e altitudes existentes.
129

Foi neste contexto que os mesmos criaram o sistema de


referência, sendo que um sistema de referência possui 3 parâmetros.
São eles:

 Um elipsoide;
 Um ponto de amarração que serve para amarar
o elipsoide a superfície física e ao geoide;
 E um norte que faz com que o datum fique orientado de
maneira certa.

Perceba que é por isso que quando se utiliza um software de


geoprocessamento, o que se faz é a transformação, por exemplo:

 Do datum SAD 69 para o datum SIRGAS 2000!

E não do:

 Elipsoide sad 69 para o elipsoide SIRGAS 2000.

Perceba que o elipsoide é apenas um dos parâmetros que


compõem o datum (lembre-se que datum e sistema de referência são
a mesma coisa).

Detalhe atípico: O plural da palavra datum é data e não


“datuns” como a regra geral nos induz a acreditar.

Por exemplo:

“Os data SAD 69 e SIRGAS 2000 são geocêntricos”

Porque foi necessário a criação de elipsoides?

Talvez você esteja pensando:


130

Professor Adenilson…

Mas porque é que existe o geoide e o elipsoide?

A existência de apenas uma destas superfícies não seria o


suficiente?

Para entender o porquê desta necessidade, você precisa


entender a evolução da forma da terra.

No início, as pessoas consideravam a terra plana. Com o


tempo, passamos a considerar a mesma uma esfera.

Porém, existia o mar e as montanhas. Desta maneira, a terra


não era uma esfera, sendo que os cartógrafos com o
tempo atribuíram a terra o formato de geoide.

Lembre-se que o geoide possui como conceito:

“O nível médio dos mares, suposto em equilíbrio, prolongado


para dentro dos continentes e sobre a influência da massa da terra e
da força da gravidade.”

Resumindo, é esta figurinha:


131

Porém, é importante que você saiba que esta figura é um


modelo exagerado que possui como intuito, ajudar as pessoas a
entenderem melhor o que é um geoide.

Esta forma, geoidal, é a forma que mais se aproxima a forma


real do planeta. Só existia um problema, o posicionamento sobre a
mesma necessitava da utilização de fórmulas matemáticas
complexas.

Com isso, os cartógrafos perceberam que precisavam criar


uma forma mais simples. Uma forma matemática que fosse mais fácil
de ser utilizada pelos profissionais.

Foi então que foi criado o elipsoide.


132

O mesmo é uma forma matemática dotada de 2 parâmetros,


são eles:

 Semi-eixo menor e;
 Semi-eixo maior.
133

Por causa disso, passou a existir o geoide e o elipsoide e


consequentemente 2 altitudes:

 Geométrica – Em relação ao elipsoide e;


 Ortométrica – Em relação ao geoide.

Naturalmente, o próximo passo na evolução seria, de alguma


maneira amarrar-se tudo. Isso porque a altitude geométrica não pode
ser utilizada em obras de engenharia.

Neste contexto, foi que se criou o sistema de referência. O


mesmo possui este objetivo, fazer uma amarração entre o geoide, o
elipsoide e a superfície topográfica.

Principais sistemas de referência existentes

Após a criação do conceito datum, passou-se a existir-se um


problema secundário, o mesmo utiliza um elipsoide de base, que
possui apenas 2 parâmetros.

Com isso, ao se configurar os parâmetros para que o datum se


adeque mais a determinada porção da superfície terrestre, em outros
locais, o mesmo ficava muito distante da superfície.

Ou seja, acontecia algo parecido com um cobertor de pobre.

Imagine esta cena:

Uma pessoa grande tentando se cobrir com um cobertor menor


do que ela. Se a mesma cobrir os pés descobre a cabeça, se cobrir
a cabeça, descobre os pés.

Ou seja, com isso surgiram diferentes data, cada um se


adequando mais a determinado continente ou pais.
134

A única exceção é o WGS84 que tenta se adequar o melhor


possível a todo o planeta. Com isso, mundialmente falando, existem
vários DATA (plural de DATUM).

Veja na imagem abaixo os sistemas de


referência SAD69 e WGS84.

Perceba que o SAD69 foi configurado sob medida para o Brasil,


enquanto o WGS84 tenta se adequar a todo o planeta.

Porém, no Brasil três sistemas de referência foram oficialmente


reconhecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e utilizados por algum período.

Córrego Alegre (Sistema Geodésico Córrego Alegre)

O córrego alegre foi adotado na década de 50, tendo como


parâmetros:

 Ponto de amarração – O ponto Córrego Alegre;


135

 Elipsoide (superfície de referência) – Elipsoide


Internacional de Hayford de 1924
 Orientação – Determinada astronomicamente.

SAD69

O IBGE através de PDF disponível em seu site, traz as


seguintes informações a respeito do SAD 69.

“O SAD69 é um sistema geodésico regional de concepção


clássica. A sua utilização pelos países Sul-americanos foi
recomendada em 1969 através da aprovação do relatório final do
Grupo de Trabalho sobre o Datum Sul-americano, pelo Comitê de
Geodésia reunido na XI Reunião Panamericana de Consulta sobre
Cartografia, recomendação não seguida pela totalidade dos países
do continente. Apenas em 1979 ele foi oficialmente adotado como
sistema de referência para trabalhos geodésicos e cartográficos
desenvolvidos em território brasileiro.”

Fonte: ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_sobre_posicionam
ento_geodesico/sirgas/sisref_2.pdf

Parâmetros do SAD69:

 Elipsoide – Elipsoide do sistema geodésico de referência


GRS-67, aceito e recomendado pela UGGI, em Lucerna,
no ano de 1967.
 Ponto de amarração – Vértice chuá.
 orientação – Azimute geodésico da direção inicial Chuá-
Uberaba (ξ=0.31 η=-3.52 N=0 m)
136

 Origem: topocêntrico

SIRGAS2000

O SIRGAS2000 (sistema de referência geocêntrico para as


Américas) foi definido pelo IBGE como o Sistema Geodésico
Brasileiro.

O mesmo foi criado em outubro de 1993, e possui como


principal objetivo, estabelecer um sistema de referência geocêntrico
para a América do Sul.

As constantes do mesmo são idênticas às do WGS 84, sendo


que o mesmo possui origem geocêntrica.

Na imagem abaixo você pode ver os parâmetros de


transformação entre os diferentes sistemas de referência:
137

Materialização de um sistema de referência

A materialização de um sistema de referência se dá através do


estabelecimento de uma rede de estações geodésicas implantadas
pelo IBGE.

Estas estações possuem coordenadas tridimensionais


estabelecidas através de técnicas de posicionamento espacial de alta
precisão.

Utilizando-se do posicionamento pelo GNSS, o IBGE implantou


uma série destas estações estrategicamente distribuídas ao longo do
território nacional.

Veja na imagem abaixo um exemplo de marco implantado pelo


IBGE.
138

MODELO DE ONDULAÇÃO GEOIDAL: O QUE


É, PARA QUE SERVE E QUAL O ATUAL?

Se você analisar cuidadosamente a imagem existente na


contracapa da NBR 14.166, perceberá que existe uma linha N entre
o geoide e o elipsoide.
139

Esta linha é a ondulação geoidal.

Perceba que a tecnologia não é estanque e sim dinâmica. Ou


seja, conforme a tecnologia evolui, surgem equipamentos e
metodologias mais complexas, que por sua vez, possibilitam cálculos
mais exatos.

No caso da ondulação geoidal, conforme o tempo passou,


diferentes modelos foram adotados pelo IBGE. O último e atualmente
ativo é o MAPGEO 2015.

P.S.: dependendo do momento que você esteja lendo este livro


pode ser que este modelo já esteja ultrapassado.

Ou seja, o MAPGEO nada mais é do que um modelo de


ondulação geoidal que possibilita a transformação de altitudes
geométricas (em relação ao elipsoide) para ortométricas (em relação
ao geoide).
140

Que dados são utilizados para a atualização do


modelo de ondulação geoidal

A atualização do modelo de ondulação geoidal é feita através


da utilização de dados gravimétricos coletados no território brasileiro
e de novos modelos globais do geopotencial. Também se faz a
utilização do aprimoramento das técnicas utilizadas nos cálculos.

No caso, todas as atualizações são feitas pelo IBGE,


juntamente com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
141

O resultado destas atualizações é uma aplicação desktop para


ambiente Windows denominada MAPGEO, que possibilita a
interpolação dos valores da ondulação geoidal a partir da grade
regular que representa o modelo.

Conforme informei anteriormente, a última versão


disponibilizada pelo IBGE é o modelo geoidal MAPGEO2015. Veja o
mesmo na imagem abaixo.

Juntamente com este último modelo, o IBGE trouxe uma


grande novidade, isso porque também é possível calcular-se a
142

ondulação geoidal a partir do site do IBGE no


link: https://ww2.ibge.gov.br/mapgeo/mapgeo.htm.

Após o usuário enviar os dados para o aplicativo online, o site


do IBGE faz a transformação dos mesmos, sendo que os resultados
são disponibilizados via download através de um link.

Dependendo da quantidade de pontos submetidos ao serviço, o


processamento dos mesmos pode levar até alguns minutos.

Uma vez que você tenha entendido esta temática, quero relembrar
mais alguns conceitos cartográficos.

ALTITUDE ORTOMÉTRICA: O QUE É E PARA


QUE SERVE?

A altitude ortométrica é a distância entre um ponto na superfície


terrestre e o geoide.

A mesma é medida ao longo da vertical.


143

Veja a mesma destacada na imagem abaixo. No caso, é a linha


dada pela letra “H”.

Qual a diferença entre altitude ortométrica e


altitude geométrica
144

A altitude geométrica é a altitude em relação ao elipsoide,


sendo que a diferença entre a altitude geométrica e a altitude
ortométrica é chamada de ondulação geoidal.

A fórmula que possibilita o cálculo da ondulação geoidal é:

N=h-H

Onde:

 N= Ondulação geoidal;
 H = Altitude ortométrica e;
 h= Altitude geométrica.

ESCALA DE UM MAPA: O QUE É E COMO


CALCULAR?
145

No que se refere a escala de um mapa, existem 3 diferentes


tipos de escalas:

 Escala gráfica;
 Escala de equivalência e;
 Escala numérica.

Porém, dentre estes 3 tipos, os 2 corriqueiramente utilizados


em mapas são a escala gráfica e a escala numérica. Vamos conhecer
melhor estes 2 diferentes tipos de escalas.

Escala de um mapa: escala numérica

A escala numérica, como o próprio nome sugere, é formada


basicamente por números, sendo que a mesma nada mais é do que
uma relação entre a distância ou área no mapa e a mesma distância
ou área no mundo real.

Desta maneira, se a escala de um mapa for de 1:50.000, como


mostrado na imagem acima. Isso significa que 1 metro no mapa
equivale a 50.0000 metros no mundo real.
146

Desta maneira, a grande vantagem da escala numérica é o fato


de sem nenhum cálculo conseguirmos saber qual é o fator de escala
de um mapa.

Por exemplo, ao pegar um mapa em mãos, se nas informações


referentes ao sistema de referência estiver informado que a escala é
de 1:10.000, você imediatamente perceberá que isso significa que 1
cm no mapa equivale a 5.000 cm no mundo real.

Porém, o problema da escala numérica é que se o mapa for


ampliado ou reduzido a mesma se perderá. Desta maneira, é
aconselhável que se coloque ambas as escalas, gráfica e numérica
nos mapas.

Escala de mapa – Alguns cuidados importantes


quanto a escala numérica

O primeiro dos cuidados importantes no que se refere a escala


numérica é que é importante deixar sempre o numerador como 1.

Isso porque conforme mostrei acima, ao proceder desta


maneira, a pessoa conseguirá rapidamente identificar qual é a escala
do mapa.

Uma segunda dica importante é que normalmente os mapas


não possuem nenhuma indicação de em quais unidades os dados
estão.

Por causa disso, se você é um profissional iniciante, pode ficar


com certo receio quanto a unidade utilizada.
147

Saiba que é de praxe, o sistema de medidas estar em


centímetros. Ou seja, em uma escala de 1:5.000, 1 cm no mapa
equivale a 5.000 centímetros no terreno ou, se transformarmos para
metros, a 50 metros.

Por isso, sempre ao interpretar a escala de um mapa, cuide se


juntamente com a mesma está informado a medida utilizada e caso
não diga nada, significa que o sistema de medidas utilizado é o
centímetro.

Escala gráfica

A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de


reta graduado, sobre o qual está estabelecida diretamente a relação
148

entre as distâncias no mapa, indicadas a cada trecho deste segmento


e a distância real de um território.

Observe, de acordo com o exemplo acima que cada segmento


de 1 cm é equivalente a 50 metros no terreno, 2 cm a 100 metros, e
assim sucessivamente.

Desta maneira, caso a distância entre 2 construções no mapa


seja de 5 cm, a distância real entre elas será de 250 metros.

A grande vantagem da escala gráfica é que a mesma possibilita


que a pessoa estabeleça direta e visualmente a relação de proporção
existente entre as distâncias no mapa e no mundo real.

Exemplos de escala gráfica

Nos esquemas acima podemos perceber que cada intervalo


entre um número e outro representa uma distância específica que é
devidamente apontada pela escala.
149

O grande benefício da utilização da escala gráfica está no fato


de que ao se reproduzir um mapa, a mesma se amplia e se reduz
juntamente com o mesmo.

Assim, se transferirmos um mapa que estava em um papel


menor para um pôster grande, a escala continuará correta, o que não
acontece com a escala numérica que teria de ser recalculada.

Fórmula da escala: o que é e para que serve?

A fórmula da escala que é 1/e=d/D pode ser vista abaixo.

Na mesma:

 E = Escala
 d = Distância gráfica (Distância no mapa)
 D = Distância real

A mesma normalmente é utilizada para calcular a escala de um


mapa.

Por exemplo, digamos que você tenha uma distância no mundo


real de 500 metros que é representada no mapa como tendo 5 cm.

Utilizando a fórmula da escala é possível determinar-se qual a


escala do mapa.
150

A primeira etapa para a determinação da escala do mapa


consiste em transformarmos ambos os dados para a mesma
unidade. Para isso, transformaremos os centímetros em metros. Ou
seja, 5 centímetros são 0,05 metros.

Lembre-se que na transformação entre unidades temos o


metro, o decímetro, o centímetro e por último o milímetro. Conforme
você pode ver na imagem abaixo.

Ou seja, para transformar de centímetros para metros a virgula


anda duas casas para traz, o que dá como resultado 0,05 metros.

Colocando isso na fórmula da escala fica:

Efetuando-se os devidos cálculos obteremos o valor de 10.000.


Ou seja, a escala do mapa é de 1/10.000.

Determinação da distância no mapa

Da mesma maneira, se tivéssemos a escala e a distância real


conseguiríamos calcular a distância no mapa.
151

Por exemplo, se a escala fosse de 1/5.000 e a distância real


fosse de 1.000 metros.

Encontraríamos o valor de 0,20 metros. Transformando para


centímetros encontraríamos o valor de 20 centímetros.

Ou seja, na escala de 1/5.000, 1000 metros no mundo real


correspondem a 20 centímetros no mapa.

Determinação da distância real

Por último, caso desejarmos, também poderemos calcular a


distância real.

Por exemplo, digamos que em um mapa cuja escala é de


1/5.000, você precisa descobrir qual é a distância real entre 2
elementos que no mapa se encontram a uma distância de 5 Cm.

Calculando, encontraremos o valor de 25.000 centímetros. Ou


seja, 250 metros.
152

Os 2 diferentes tipos de escalas utilizadas em


mapas

Existem 3 diferentes tipos de escalas:

 Escala gráfica;
 Escala de equivalência e;
 Escala numérica.

Porém, dentre estes 3 tipos, os 2 utilizados em mapas


são escala gráfica que pode ser vista na imagem abaixo.

E escala numérica.
153

A escala numérica possui uma grande vantagem que é o fato


de sem nenhum cálculo sabermos qual a escala do mapa.

Porém, o problema da mesma é que se o mapa for ampliado


ou reduzido ela se perde.

Por outro lado, a escala gráfica precisa de cálculo para a


determinação da escala do mapa.

Porém, a grande vantagem da mesma é que se o mapa for


ampliado ou reduzido ela não se perderá.

Desta maneira, é aconselhável que se coloque ambas as


escalas, gráfica e numérica nos mapas.

Qual é a diferença entre escala grande e pequena?

Todo mapa nada mais é do que uma visão aérea de


determinado espaço. Desta maneira, para saber se uma escala é
grande ou pequena, ou se ela é maior do que outra, basta entender
que a escala nada mais é do que o nível de aproximação da visão
aérea do mapa.

Por exemplo, considere essas duas escalas:

 1:5000;
 1:10000.

A primeira escala é uma divisão de 1 para cinco mil que,


quando calculada, com certeza dará um número maior que uma
divisão de 1 para dez mil. Portanto, a primeira escala é maior do que
a segunda.
154

Assim, é possível perceber que, quanto maior for a escala,


menor será a área representada no mapa e vice-versa. Isso porque
quanto maior for a escala, maior é a aproximação da visão aérea do
local representado.

Isso possibilita um maior nível de detalhamento das


informações, pois quanto mais próximos estamos de um local, mais
detalhes conseguimos visualizar.

Em resumo, a sentença é:

“Quanto maior a escala, menor a área representada e maior


é o nível de detalhamento.”

Um mapa-múndi possui uma escala muito pequena, com uma


área grande representada e, com certeza, apresentará menos
detalhes do que, por exemplo, um mapa do estado de Santa
Catarina, que teria, nesse caso, uma escala grande.
155

O QUE É UM CROQUI
156

A NBR 13.133 traz a seguinte definição para croqui:

“Esboço gráfico sem escala, em breves traços, que facilite a


identificação de detalhes.”

Ou seja, um croqui é um desenho rápido, cujo objetivo é ajudar


os profissionais da área a identificarem detalhes importantes.

Desta maneira, croquis normalmente são produzidos a campo


durante o levantamento topográfico, de certa maneira que o
profissional anota no mesmo toda e qualquer informação que possa
ser importante.

Por exemplo:

 A numeração dos vértices;


 Os nomes dos confrontantes;
 Onde começa e termina a confrontação.
 Enfim, qualquer informação que posteriormente possa ser útil.
157

ENTENDA O QUE É UMA PLANTA


TOPOGRÁFICA

A planta topográfica é uma das peças técnicas que devem


serem apresentadas ao registro de imóveis, juntamente com o
memorial descritivo e a ART.
A NBR 13.133 traz a seguinte definição:

“Representação gráfica de uma parte limitada da superfície


terrestre, sobre um plano horizontal local, em escalas maiores que
1:10000, para fins específicos, na qual não se considera a curvatura
da Terra.”

Perceba que de acordo com a NBR 13133, uma planta é uma


representação gráfica de uma parte limitada da superfície. Ou seja,
possui uma escala grande, servindo, desta maneira, para a
representação das características de uma área.

Na topografia cadastral a planta é utilizada para:

 A representação da área de uma propriedade;


158

 A retificação de área;
 O desmembramento de área; e
 O remembramento de área.

Porém, a planta topográfica também serve para a


representação de diferentes elementos cadastrais, podendo
representar graficamente todas as características de uma área,
incluindo:

 O relevo;
 Curvas de nível;
 Perfis longitudinais;
 Seções transversais;
 Pontos cotados;
 Acidentes geográficos;
 etc.

Ou seja, uma planta topográfica deve obrigatoriamente possuir


uma escala grande. Isso porque a mesma deve representar
determinada porção da superfície terrestre de maneira detalhada.

Quais elementos que uma planta topográfica


precisa ter

Os elementos que toda planta ou mapa deve ter são:

 Título;
159

 Legenda;
 Escala;
 Orientação e;
 Projeção cartográfica.

Quais os diferentes tipos de plantas topográficas


existentes?

Outro sim, diferentes tipos de plantas são produzidas no dia a


dia de um escritório de topografia. Como exemplos temos:

Plantas de área
160

Plantas de lote urbano


161

Plantas para retificação de área


162

Plantas para divisão de área


163

O QUE É UMA CARTA TOPOGRÁFICA

A NBR 13.133 traz a seguinte definição para mapa, sendo que


entre parênteses coloca o termo (carta).
164

“Representação gráfica sobre uma superfície plana, dos


detalhes físicos, naturais e artificiais, de parte ou de toda a superfície
terrestre – mediante símbolos ou convenções e meios de orientação
indicados, que permitem a avaliação das distâncias, a orientação das
direções e a localização geográfica de pontos, áreas e detalhes -,
podendo ser subdividida em folhas, de forma sistemática, obedecido
um plano nacional ou internacional.”

A NBR 13.133 ainda complementa que:

“Esta representação em escalas médias e pequenas leva em


consideração a curvatura da Terra, dentro da mais rigorosa
localização possível relacionada a um sistema de referência de
coordenadas. A carta também pode constituir-se numa
representação sucinta de detalhes terrestres, destacando, omitindo
ou generalizando certos detalhes para satisfazer requisitos
específicos. A classe de informações, que uma carta, ou mapa, se
propõe a fornecer, é indicada, freqüentemente, sob a forma adjetiva,
para diferenciação de outros tipos, como, por exemplo, carta
aeronáutica, carta náutica, mapa de comunicação, mapa geológico.”

Ou seja, carta topográfica e mapa são exatamente a mesma


coisa. Tanto que a NBR 13.133 ainda traz a seguinte nota:

Nota: Os ingleses e americanos dão preferência ao termo


mapa, enquanto os franceses e demais países de origem latina ao
termo carta.
165

PLANTA DE LOTEAMENTO

Planta de loteamento e planta de lote são plantas distintas com


finalidades diferenciadas.

Vamos ver exatamente o que as mesmas são e para que


servem.

O que é uma planta de loteamento

Uma planta de loteamento é uma planta que possui todos os


lotes de um loteamento.

Veja 2 exemplos de planta de loteamento:


166
167

Uma planta de loteamento deve ser produzida em um software


especifico de topografia.

Como exemplos de softwares topográfico que produzem


plantas para loteamento temos:

 Topograph;
 Métrica topo e
 Trimble Business Center.

Planta de lote

A diferença entre planta de loteamento e planta de lote é que a


planta de loteamento possui todos os lotes de um loteamento.

Por outro lado, a planta de lote é especifica de um dos lotes do


loteamento.

Veja na imagem abaixo uma planta de situação, que é uma


planta que mostra o lote e as ruas próximas ao mesmo.
168

Na imagem abaixo você pode ver uma planta de lote


propriamente dita.
169

ROSA DOS VENTOS E PONTOS CARDEAIS

A rosa dos ventos é a figura mais popular quando o tema é


orientação. Provavelmente toda pessoa adulta tenha visto uma pelo
menos 1 vez na vida.

No caso, uma rosa dos ventos mostra os pontos cardeais,


colaterais e subcolaterais.
170

Os pontos cardeais são quatro:

 Norte (N), também chamado “Setentrional, Boreal”.


 Sul (S), também chamado “Meridional ou Austral”.
 leste(L) ou Este (E), também chamado “Oriente,
Nascente ou Levante”.
 Oeste (inicial O ou W), também chamado “Ocidente ou
Poente”.

Há também quatro pontos colaterais:

 Nordeste – NE,
 Sudeste – SE,
 Sudoeste – SO ou SW,
 Noroeste – NO ou NW.

E oito pontos subcolaterais:

 Nor-nordeste – NNE,
 Ès-nordeste – ENE,
 Ès-sudeste – ESE,
 Su-sudeste – SSE,
 Su-sudoeste – SSO ou SSW,
 Oés-sudoeste – OSO ou WSW,
 Oés-noroeste – ONO ou WNW,
 Nor-noroeste – NNO ou NNW.
171

A imagem abaixo traz um resumo da rosa dos ventos e sua


nomenclatura.

BÚSSOLA
172

A palavra bússola vem do italiano bussola, que significa


“pequena caixa” de madeira de bruxo.

Uma bússola é um instrumento de navegação e orientação que


se baseia em propriedades magnéticas dos materiais
ferromagnéticos e do campo magnético terrestre.

As bússolas são geralmente compostas por uma agulha


magnetizada colocada num plano horizontal e suspensa pelo seu
centro de gravidade de forma que possa girar livremente.

Desta maneira, devido a suas características magnéticas, a


agulha da bussola irá se alinhar com o sentido norte-sul magnético
terrestre.

Para facilitar a orientação, a agulha normalmente possui a


ponta que ficará orienta a norte destacada na cor vermelha.

Com isso qualquer pessoa consegue rapidamente identificar o


alinhamento norte-sul, conseguindo através da rosa dos ventos
existente na própria bússola, encontrar os outros quadrantes.
173

PARTE 3 – RELEMBRANDO
ALGUNS CONHECIMENTOS
TOPOGRÁFICOS IMPORTANTES

PLANO TOPOGRÁFICO: O QUE É E PARA


QUE SERVE?

O plano topográfico é um plano horizontal, finito, tangente à


superfície terrestre e de dimensões limitadas ao campo topográfico.
174

A adoção de um plano na Topografia se fez necessário por


causa da curvatura da terra. Isso porque no cálculo de áreas,
a mesma acaba exercendo grande impacto.

É por este motivo que na Topografia utiliza-se um plano, sendo


que conforme a literatura consultada o mesmo varia um pouco, tendo
de 50 a 55 KM².

A NBR 14.166 traz a seguinte definição para plano topográfico:

“Plano topográfico: Superfície definida pelas tangentes, no


ponto origem do Sistema Topográfico, ao meridiano deste ponto e à
geodésica normal a este meridiano.”

Plano topográfico local versus plano topográfico


175

Quando comparado ao plano topográfico, o plano topográfico


local é completamente diferenciado.

Isso porque enquanto o plano topográfico é aleatório, não


possuindo posição geoespacial definida, o plano topográfico local é
georreferenciado, de certa maneira que é possível calcular-se a área
sem que a mesma tenha distorções ao mesmo tempo que os dados
podem serem georreferenciados.

Esta característica torna o mesmo perfeito para ser utilizado em


obras de engenharia. Tanto que o Georreferenciamento de Imóveis
176

Rurais adotou o Plano topográfico local como superfície oficial para


o cálculo de áreas.

Entenda o que é o sistema topográfico local

A primeira norma técnica a abordar o assunto foi a NBR 13.133,


em sua página 5, que trouxe a seguinte definição para o sistema de
projeção topográfica (ou sistema topográfico local):

“Sistema de projeção utilizado nos levantamentos topográficos


pelo método direto clássico para a representação das posições
relativas dos acidentes levantados, através de medições angulares e
lineares, horizontais e verticais, cujas características são:
177

a) as projetantes são ortogonais à superfície de projeção,


significando estar o centro de projeção localizado no infinito;

b) a superfície de projeção é um plano normal à vertical do lugar


no ponto da superfície terrestre considerado como origem do
levantamento, sendo seu referencial altimétrico referido ao datum
vertical brasileiro;

c) as deformações máximas inerentes à desconsideração da


curvatura terrestre e à refração atmosférica têm as seguintes
expressões aproximadas:

∆l (mm) = – 0,004 l3 (km)

∆h (mm) = + 78,5 l2 (km)

∆h’ (mm) = + 67 l2 (km)

Onde:

∆l = deformação planimétrica devida à curvatura da Terra, em


mm

∆h = deformação altimétrica devida à curvatura da Terra, em


mm

∆h’= deformação altimétrica devida ao efeito conjunto da


curvatura da Terra e da refração atmosférica, em mm

l = distância considerada no terreno, em km

d) o plano de projeção tem a sua dimensão máxima limitada a


80 km, a partir da origem, de maneira que o erro relativo, decorrente
da desconsideração da curvatura terrestre, não ultrapasse 1/35000
nesta dimensão e 1/15000 nas imediações da extremidade desta
dimensão;
178

e) a localização planimétrica dos pontos, medidos no terreno e


projetados no plano de projeção, se dá por intermédio de um sistema
de coordenadas cartesianas, cuja origem coincide com a do
levantamento topográfico;

f) o eixo das ordenadas é a referência azimutal, que,


dependendo das peculiaridades do levantamento, pode estar
orientado para o norte geográfico, para o norte magnético ou para
uma direção notável do terreno, julgada importante.

Embora o plano Topográfico tenha sido inserido pela NBR


13.133, foi a NBR 14.166 que descreveu bem o mesmo.

No caso, a NBR 14.166, no item 3.39.2 (Página 5) traz a


seguinte definição para coordenadas plano-retangulares:

“Coordenadas cartesianas definidoras da localização


planimétrica dos pontos medidos no terreno e representados no
plano topográfico do sistema topográfico local, cuja origem está no
ponto de tangência deste plano com a superfície de referência
adotada pelo Sistema Geodésico Brasileiro – SGB”

A NBR 14.166 ainda traz 5 notas extras. São elas:

“1 O sistema de coordenadas plano-retangulares tem a mesma


origem do Sistema Topográfico Local.

2 A orientação do sistema de coordenadas plano-retangulares


é em relação ao eixo das ordenadas (Y).

3 A fim de serem evitados valores negativos para as


coordenadas plano-retangulares, a estas são adicionados termos
constantes adequados a esta finalidade.
179

4 A fim de elevar o plano topográfico de projeção ao nível médio


da área objeto do sistema topográfico, as coordenadas plano-
retangulares são afetadas por um fator de elevação, caracterizando
o Plano Topográfico Local.

5 A origem do Sistema Topográfico Local deve estar


posicionada, geograficamente, de modo a que nenhuma coordenada
plano-retangular, isenta do seu termo constante, tenha valor superior
a 50 km”

Trazendo na folha 6 a seguinte representação para o sistema


topográfico local:
180

Na figura acima:

“OA’’’ é a projeção ortogonal de OA sobre o Plano Topográfico


Local;

OB’’’ é a projeção ortogonal de OB sobre o Plano Topográfico


Local;

A’’’A’’ é o erro devido à desconsideração da curvatura terrestre


de OA;
181

B’’’B’’ é o erro devido à desconsideração da curvatura terrestre


de OB;

OA’’ é a representação do arco OA sobre o Plano Topográfico


Local;

OB’’ é a representação do arco OB sobre o Plano Topográfico


Local;

AB é a projeção gnomônica ou central de uma distância ( ) ab


medida no terreno, sobre a superfície do nível médio do terreno,
correspondendo à distância horizontal entre “a” e “b”;

A’B’ é a projeção gnomônica ou central de AB sobre a


superfície da esfera de adaptação de Gauss (superfície de nível
zero);

A’’B’’ é a projeção (representação) em verdadeira grandeza de


AB sobre o Plano Topográfico Local.”

Perceba como que o Plano Topográfico Local possui origem


bem definida, de certa maneira que é possível calcular-se a área sem
perder-se o georreferenciamento dos dados.

O que a imagem e os parâmetros acima fazem nada mais é do


que demostrar isso.

Em seguida a Própria NBR 14.166 traz a seguinte definição


para plano topográfico local:

“Plano topográfico elevado ao nível médio do terreno da área


de abrangência do Sistema Topográfico Local, segundo a normal à
superfície de referência no ponto de origem do sistema (ponto de
182

tangência do plano topográfico de projeção no elipsoide de


referência).”

Vantagens do plano topográfico local

Ao ser georreferenciado, o plano topográfico local (PTL)


representa uma alternativa aos sistemas UTM, RTM e LTM,
facilitando os cálculos e simplificações nas aplicações topográficas.

O uso da projeção UTM na locação de obras, por exemplo,


requer a transformação da distância plana na sua equivalente na
superfície topográfica, através da aplicação do coeficiente de
deformação linear e do fator de ampliação devido à altitude da
superfície topográfica, onde se desenvolverá o trabalho ou se
analisará as informações.

Um outro exemplo é a determinação de áreas, que são mais


próximas à realidade da superfície topográfica quando representadas
no PTL.

Outro sim, embora o plano topográfico local tenha menor


abrangência espacial que os sistemas UTM, RTM e LTM, o mesmo
também guarda uma relação precisa com as coordenadas
geodésicas.

Isso justamente pelo fato de possuir sua origem (O) do sistema


de coordenadas geo-referenciada, o que possibilita que seja possível
calcular-se as coordenadas geodésicas de qualquer par de
coordenadas topográficas locais.
183

TOPOMETRIA: O QUE É E PARA QUE


SERVE?

A topometria é um conjunto de métodos e procedimentos


utilizados para obtenção de medidas da superfície topográfica. A
mesma baseia-se na geometria, sendo utilizada para a medição de:

 Distâncias;
 Diferenças de nível e;
 Ângulos.

Desta maneira, a mesma mede grandezas angulares e lineares


nos planos horizontal e vertical, definindo a posição relativa dos
pontos de interesse.
184

A mesma divide-se em planimetria e altimetria.

Planimetria

A planimetria é a sub-divisão da topografia responsável pela


determinação de coordenadas, distâncias, ângulos e áreas de um
determinado lugar.

Altimetria
185

A altimetria é a sub-divisão da Topografia responsável por


estudar os métodos e procedimentos utilizados para a medição
de diferenças de nível ou de distâncias verticais.

PROCEDIMENTOS PELA TOPOMETRIA

Os principais procedimentos são:

Efetuar-se a medição de grandezas lineares e angulares em


relação ao plano horizontal ou vertical de referência.

Efetuar-se a medição de distâncias, ângulos e de diferenças de


nível, através de fotos tiradas de aeronaves ou de pontos do terreno.
186

Efetuar-se ao mesmo tempo medidas de grandezas lineares e


angulares em relação aos planos vertical e horizontal.

Instrumentos utilizados na topometria

Entre os diferentes equipamentos e instrumentos utilizados na


topometria temos:

Mira ou régua graduada: é uma régua de alumínio, madeira


ou PVC, que possui de 0 a 4 metros.

Graduada em metros, decímetros e milímetros e é usada para


determinar as distâncias verticais e horizontais entre pontos. Mais
para gente eu explicarei melhor a estrutura de uma mira.

Teodolito: é utilizado na leitura de ângulos verticais e


horizontais da régua graduada. No início era mecânico e depois
começaram a ser usados o ótico e o eletrônico.
187

Laser scanner: equipamento que varre os pontos ao seu redor


e obtém um grande número de pontos tridimensionais.

Acessórios: tripé, fio de prumo (sua função é posicionar o


equipamento sobre o ponto exato no terreno) e lupa.

Baliza: é usada juntamente com o teodolito para medir os


ângulos horizontais e localizar os pontos no terreno.

OS DIFERENTES ÂNGULOS UTILIZADOS NA


TOPOGRAFIA

Existem diferentes ângulos que são utilizados na topografia.

Os mesmos se dividem em ângulos horizontais e ângulos


verticais. Vamos entender os mesmos.

Ângulos horizontais
188

Os ângulos horizontais existentes na topografia podem serem


internos ou externos.

Ângulos internos

Os ângulos internos normalmente são medidos em poligonais


fechadas, sendo que para isso o aparelho deve estar corretamente
estacionado, nivelado e centrado sobre um dos pontos.
189

O procedimento para a leitura de um ângulo utilizando-se


um teodolito eletrônico ou uma estação total consiste em:

 Executar a pontaria (fina) sobre o ponto a vante (primeiro


alinhamento);
 Zerar o círculo horizontal do aparelho nesta posição
(procedimento padrão Hz = 000°00’00”);
 Liberar e girar o aparelho (sentido horário ou anti-horário),
executando a pontaria (fina) sobre o ponto a ré (segundo
alinhamento);
 Anotar ou registrar o ângulo (Hz) marcado no visor LCD
que corresponde ao ângulo horizontal interno medido.

Ângulos externos

Os ângulos externos também são medidos em poligonais


fechadas, sendo que para a medição de um ângulo horizontal
externo, o aparelho deve ser estacionado, nivelado e centrado sobre
um dos pontos que a definem.
190

Desta maneira, a litura dos ângulos externos com a utilização


de um teodolito eletrônico ou de uma estação total consiste em:

 Executar a pontaria (fina) sobre o ponto a ré (primeiro


alinhamento);
 Zerar o círculo horizontal do aparelho nesta posição
(procedimento padrão ® Hz = 000°00’00”);
 Liberar e girar o aparelho (sentido horário ou anti-horário),
executando a pontaria (fina) sobre o ponto a
vante (segundo alinhamento);
 Anotar ou registrar o ângulo (Hz) marcado no visor LCD
que corresponde ao ângulo horizontal externo medido.

Ângulo de deflexão

O ângulo de deflexão é um ângulo horizontal que varia de 0° a


180°. O mesmo é o ângulo formado entre o alinhamento à vante e o
prolongamento do alinhamento à ré e pode ser:

 Positivo, ou à direita, se o sentido de giro for horário;


 Negativo, ou à esquerda, se o sentido de giro for anti-
horário.
191

Além disso, também temos o método da repetição e o método


da reiteração.

Método de repetição

Segundo ESPARTEL (1977) e DOMINGUES (1979) este


método consiste em visar sucessivamente os alinhamentos a vante
e a ré de um determinado ponto ou estação, fixando o ângulo
horizontal lido e tomando-o como partida para a medida seguinte.

Entenda melhor o método de repetição a partir da imagem


abaixo que é um print da apostila do professor Lucio, da Universidade
federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri.
192

Método da Reiteração

Segundo ESPARTEL (1977) e DOMINGUES (1979) o método


da reiteração consiste em visar sucessivamente os alinhamentos a
vante e a ré de um determinado ponto ou estação, tomando como
partida para a medida dos ângulos horizontais, intervalos regulares
do círculo.
193

Ângulos Verticais

Como descrito anteriormente, os ângulos verticais são divididos


em ângulos nadirais e zenitais.

Normalmente a estação total ou teodolito será um dos 2,


dependendo se a mesma está zerada na parte de cima ou na parte
de baixo da linha que cruza pelo seu centro e vai em direção ao
centro da terra.
194

Ângulo zenital

Quando a origem estiver no zênite. Ou seja, na parte superior


da linha que atravessa pelo centro do equipamento e vai em direção
ao centro da terra.

Ângulo nadiral

Quando a origem estiver no Nadir. Ou seja, na parte inferior da


linha que atravessa pelo centro do equipamento e vai em direção ao
centro da terra.

Na imagem abaixo, que utiliza uma pessoa de exemplo, você


pode ver o zênite e o nadir.
195

Azimute
196

A palavra azimute é de origem árabe e significa “as direções”,


sendo o azimute determinado sempre em sentido horário.

Na Topografia, o conceito de azimute é bastante utilizado


em levantamentos topográficos, onde o azimute é o ângulo entre o
norte magnético, e um ponto levantado, ou entre o norte e um lado
de um determinado polígono.

Quanto ao valor, o azimute varia de 0° a 360°.

RUMO

Rumo é o menor ângulo formado pelo alinhamento norte sul e


a direção considerada. O mesmo varia de 0º a 90º e é obtido a partir
do norte ou do sul por leste e oeste.

Esse sistema expressa o ângulo em função do quadrante em


que se encontra, sendo que além do valor numérico do ângulo,
acrescenta-se uma sigla (NE, SE, SW, NW), cuja primeira letra indica
a origem a partir do qual se realiza a contagem e a segunda indica a
direção do giro ou quadrante.

Sua determinação é realizada a partir do Norte ou do Sul em


direção ao ponto de interesse e varia em graus, minutos e segundos
de 0° a 90°.

Transformar rumo em azimute


197

Para transformar rumo em azimute e vice-versa é só você se


guiar pela tabela abaixo.

Perceba que para transformar rumo em azimute:

 No primeiro quadrante o rumo será igual ao azimute;


 No segundo quadrante, como o rumo é em relação ao
alinhamento norte sul, é só tirar 180° do valor do azimute;
198

 No terceiro quadrante é só retirar 180 do azimute


encontrado e;
 No quarto quadrante é só diminuir o valor do azimute de
360°.

Veja na imagem abaixo a posição exata dos diferentes


quadrantes.

Exemplos práticos de como transformar rumo em azimute

Para fixar melhor os conhecimentos, vamos fazer a


transformação de 4 valores diferentes de azimutes em rumos. São
eles:

 1 – 57°
 2 – 119°
 3 – 243
199

 4 – 317°

Aplicando as fórmulas de conversão

Azimute 1 – 57°

Neste caso, o azimute está no primeiro quadrante (varia entre


0° e 90°), logo devemos aplicar a seguinte fórmula:

Rumo = azimute

Ou seja, o rumo será de 57° NE

P.S.: Coloque sempre a nomenclatura porque senão você não


saberá a qual quadrante o rumo pertence.

Azimute 2 – 119°

Neste caso, o azimute está no segundo quadrante (varia entre


90° e 180 °), logo devemos aplica a seguinte fórmula:

Rumo= 180° 1- azimute

Logo

Rumo= 180° – 119°

Rumo= 61° SE

Azimute 3 – 243°

Neste caso, o azimute está no terceiro quadrante (varia entre


180° e 270°), logo devemos aplicar a seguinte fórmula:

Rumo = Azimute – 180°

Rumo = 243° – 180°


200

Rumo = 63° SW (reforçando, sempre coloque a nomenclatura


correta)

Azimute 4 – 317°

Neste caso, o azimute está no quarto quadrante (varia entre


270° e 360 °), logo devemos aplica a seguinte fórmula:

Rumo = 360° – Azimute

Rumo = 360° – 317°

Rumo = 43°NO.

LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO

O levantamento topográfico é utilizado em diferentes situações,


fornecendo uma série de dados importantes para os processos de
tomada de decisão.

Como exemplos de situações nas quais se faz necessária a


realização de levantamentos topográficos temos:

 Topografia cadastral;
 Topografia de obras;
 Topografia de estradas;
 Topografia de minas.

O importante é que você saiba que o levantamento topográfico


é uma das etapas essenciais em qualquer obra de engenharia.
201

Isso porque o mesmo possibilitará a obtenção de uma série de


dados que servirão como parâmetros para a tomada de decisão
pelos engenheiros.

Além disso, o levantamento topográfico, quando corretamente


feito também garante o direito à propriedade.

Isso porque o mesmo é utilizado para o levantamento de


áreas urbanas e rurais e a posterior produção de
plantas e memoriais descritivos. Documentos estes que são exigidos
pelo profissional de registro para a emissão da matricula.

Norma técnica a respeito da execução de


levantamentos topográficos
202

A norma técnica que aborda o tema é a NBR 13.133. A


mesma faz toda uma contextualização ao tema, trazendo:

 Uma série de definições sobre o assunto;


 Os diferentes métodos de levantamento topográfico;
 Os diferentes equipamentos utilizados e suas
classificações;
 E uma série de outras informações inerentes ao tema.

Mas agora que você conseguiu perceber a importância do


levantamento topográfico, vamos entender exatamente o que o
mesmo é.
203

Entenda exatamente o que é um levantamento


topográfico

Um levantamento topográfico nada mais é do que o


mapeamento da superfície de um terreno, sendo que o mesmo
mostra uma série de características do terreno.

Na realidade, existem diferentes tipos de levantamentos


topográficos, sendo que dependendo da aplicação, determinada
categoria será utilizada.

Conforme mostrei no tópico anterior, a norma técnica a respeito


do assunto é a NBR 13133. A mesma traz os 6 diferentes tipos de
levantamento topográfico existentes.

São eles:

 Levantamento topográfico expedito;


 Levantamento topográfico planimétrico;
 Levantamento topográfico altimétrico;
204

 Levantamento topográfico planialtimétrico;


 Levantamento topográfico planimétrico cadastral e;
 Levantamento topográfico planialtimétrico cadastral.

LEVANTAMENTO CADASTRAL: O QUE É E


PARA QUE SERVE?

Um levantamento cadastral nada mais é do que um


levantamento de todos os detalhes e construções de um terreno ou
lote.

Diferentes profissionais realizam levantamentos cadastrais


utilizando diferentes técnicas e equipamentos. Cada um dos
mesmos, levando em consideração os conhecimentos técnicos que
possui.
205

Por exemplo, para um arquiteto, o grande objetivo de um


levantamento cadastral é a elaboração de um documento que ateste
o que existe construído em um lote ou terreno.

Desta maneira, o mesmo pode pegar uma trena, fazer


medições e levantar tudo que existe construído em um lote. Porém,
sua prioridade será a medição e representação das construções,
produzindo inclusive plantas das mesmas.

Já para um agrimensor, o grande objetivo de um levantamento


cadastral é a Geoespacialização de todos os detalhes e construções
de um lote ou terreno.

Com isso, o mesmo irá utilizar uma estação total ou


um receptor GNSS para fazer o levantamento de todos os detalhes.

Posteriormente, a partir dos dados obtidos poderá


construir MDTs, plantas e SIGs, que irão servir de base em
processos de tomada de decisão.

Por exemplo, digamos que este levantamento cadastral seja do


campus de uma universidade. Posteriormente, os engenheiros
poderão utilizar o modelo digital de elevação gerado para identificar
o melhor local para a construção de novas estruturas e salas de aula.

Veja na imagem abaixo um exemplo de MDT.


206

Ou seja:

“Um levantamento cadastral nada mais é do que um


levantamento da maior quantidade possível de detalhes de uma área
de interesse.”

Porém, como disse, diferentes profissionais terão diferentes


visões e objetivos ao elaborarem um levantamento cadastral.

Levantamento Topográfico Planimétrico

Possui como objetivo a determinação somente de coordenadas


planimétricas (X e Y).

A NBR 13133 traz a seguinte definição a respeito do mesmo:

“Levantamento dos limites e confrontações de uma


propriedade, pela determinação do seu perímetro, incluindo, quando
207

houver, o alinhamento da via ou logradouro com o qual faça frente,


bem como a sua orientação e a sua amarração a pontos
materializados no terreno de uma rede de referência cadastral, ou,
no caso de sua inexistência, a pontos notáveis e estáveis nas suas
imediações. Quando este levantamento se destinar à identificação
dominial do imóvel, são necessários outros elementos
complementares, tais como: perícia técnico-judicial, memorial
descritivo, etc.”

Este tipo de levantamento topográfico conforme ressaltado


acima, é utilizado na Topografia Cadastral, com a determinação dos
limites e confrontações de uma propriedade.

Na realidade, sempre que realizar um levantamento


topográfico, você precisa, tendo como base a aplicação de interesse,
cuidar qual método de obtenção de dados irá utilizar.

Resultado final obtido com a realização do levantamento


topográfico planimétrico

O resultado final do levantamento topográfico planimétrico


será formado pela planta e pelo o memorial descritivo do imóvel.
Peças técnicas estas exigidas pelos profissionais de registro em
todos os diferentes levantamentos cadastrais.

Veja na imagem abaixo uma planta que produzi após realizar o


levantamento do perímetro de um imóvel rural.
208

Já nesta segunda imagem você pode ver um modelo de


memorial descritivo.
209

Técnicas utilizadas no levantamento topográfico


planimétrico

Os métodos de levantamentos de dados aceitos pela legislação


são:

Poligonação e,
210

Irradiação.

Vamos entender mais detalhadamente estes 2 métodos.

Poligonação
A poligonação é um dos levantamentos topográficos mais
utilizados na topografia cadastral.

Esta técnica normalmente é utilizada principalmente para a


determinação de pontos de apoio planimétricos.

Uma poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas,


onde são conhecidos os comprimentos e direções, obtidos através
de medições em campo (Veiga Et. Al. Apostila de Topografia, 2007 –
Link: https://pt.scribd.com/doc/135557040/Fundamentos-de-
Topografia).

O método normalmente utilizado para o levantamento de uma


poligonal é o levantamento perimétrico, sendo que no mesmo o
profissional, tendo como base um azimute de partida, percorre um
itinerário pré-definido, medindo todas as mudanças de ângulo e
lados.

Desta maneira, a partir das coordenadas do ponto de partida é


possível calcular-se as coordenadas de todos os pontos que formam
esta poligonal.
211

A NBR 13133 (ABNT, 1994) classifica as poligonais em


principal, secundária e auxiliar.

Poligonal principal: poligonal que determina os pontos de


apoio topográfico de primeira ordem;

Poligonal secundária: aquela que, apoiada nos vértices da


poligonal principal determina os pontos de apoio topográfico de
segunda ordem;

Poligonal auxiliar: poligonal que, baseada nos pontos de


apoio topográfico planimétrico, tem seus vértices distribuídos na área
ou faixa a ser levantada, de tal forma que seja possível coletar, direta
ou indiretamente, por irradiação, interseção ou ordenadas sobre uma
linha de base, os pontos de detalhes julgados importantes, que
devem ser estabelecidos pela escala ou nível de detalhamento do
levantamento.

As poligonais levantadas em campo também se classificam em:

 Fechadas;
 Enquadradas ou;
212

 Abertas.

Uma poligonal fechada parte de um ponto com coordenadas


conhecidas e retorna ao mesmo ponto. Sua principal vantagem é
permitir a verificação dos erros angulares e lineares.

Poligonal enquadrada
Uma poligonal enquadrada parte de dois pontos com
coordenadas conhecidas e acaba em outros dois pontos com
coordenadas conhecidas.

Com isso, a mesma possibilita a verificação dos erros de


fechamento angular e linear.
213

Poligonal aberta
Uma poligonal aberta parte de um ponto com coordenadas
conhecidas e acaba em um ponto cujas coordenadas deseja-se
determinar.

Devido a estas características não é possível determinar-se os


erros de fechamento. Logo, ao utilizar este tipo de poligonal você
deve tomar todos os cuidados necessários para evitar erros.

Irradiação
O levantamento de dados através do método de irradiação
consiste em, a partir de uma linha de referência conhecida, medir um
ângulo e uma distância.
214

O mesmo é semelhante a um sistema de coordenadas polares,


que pode ser visto na imagem abaixo.

Sendo que a distância pode ser obtida utilizando-se uma


trena, distanciômetro eletrônico, estação total ou através de métodos
taqueométricos.

Ao efetuar-se um levantamento topográfico planimétrico pelo


método da irradiação, o equipamento fica estacionado sobre um
ponto e faz-se uma série de visadas dos pontos de interesse,
medindo-se direções e distâncias para cada elemento a ser
representado.

Vantagens do levantamento topográfico por irradiação


O levantamento topográfico por irradiação, também é
conhecido como método da Decomposição em Triângulos ou
das Coordenadas Polares (ESPARTEL, 1977), sendo que o mesmo
baseia-se na utilização do plano topográfico para
a determinação de pequenas superfícies.
215

Devido as suas características, este método possibilita um


grande ganho de produtividade no levantamento de pequenas áreas,
sendo muito utilizado para o levantamento de terrenos urbanos
e demais serviços cadastrais.

Enfim, pode ser utilizado para levantamentos planimétricos,


altimétricos e planialtimétricos, possibilitando grande ganho de
produtividade em pequenas áreas.

Como funciona o levantamento topográfico por irradiação


O procedimento de obtenção de dados consiste em uma vez
demarcado o contorno da superfície a ser levantada, locar-se
a estação total em posição estratégica e a partir desta fazer-se uma
série de visadas no prisma, enquanto que um ou mais auxiliares se
descolam pelos pontos de interesse.

Na imagem abaixo você pode ver o levantamento de uma curva


existente em uma estrada. Perceba como que com a colocação de 6
pontos é possível representar-se perfeitamente a mesma.
216

Perceba também como que a partir de uma única estação o


operador da estação total consegue fazer visada de todos os pontos
de interesse.

Naturalmente, caso seja necessário, o operador irá utilizar 2 ou


mais bases, fazendo a troca de estação entre as mesmas.

Porém, como disse, este é um ótimo método para ser utilizado


em áreas pequenas. A utilização do mesmo em áreas maiores,
quando comparada a utilização de receptores GNSS, torna
o levantamento por irradiação um método pouco produtivo.

Utilização do levantamento topográfico por irradiação em


propriedades rurais e urbanas
O levantamento topográfico por irradiação ainda é bastante
utilizado em propriedades de pequeno porte e por causa do problema
de multicaminhamento existente na obtenção de dados com
receptores GNSS, é um método altamente aceitável e produtivo para
a realização de serviços que envolvam topografia cadastral urbana.

O levantamento de áreas com a utilização do método de


irradiação exige que inicialmente o agrimensor adote um ângulo e um
ponto cujas coordenadas podem serem conhecidas ou arbitrárias.
217

A partir deste ponto inicial, realizando-se uma série de visadas


é possível determinar-se:

 Os diferentes ângulos e distâncias;


 As coordenadas dos demais pontos e;
 A área da propriedade.
218

Veja na imagem abaixo um exemplo de local ótimo para a


instalação do equipamento ao efetuar-se um levantamento
topográfico planimétrico pelo método da irradiação.

Perceba que o equipamento fica estacionado sobre um ponto e


faz-se uma série de visadas dos pontos de interesse, medindo-se
direções e distâncias para cada elemento a ser representado.

Cuidados ao se realizar um levantamento


topográfico por irradiação

Ao se realizar um levantamento topográfico por irradiação, os


principais cuidados que você deve ter são:

1: quanto a realização de visadas longas, isso porque ao


realizar visadas superiores 300 metros a interferência da reflectância
e da pressão atmosféricas costumam ser maior.

2: Na realização de trocas de estação. Este é um erro que todo


profissional que operou uma estação já cometeu.

Levantamento Topográfico Altimétrico

A NBR 13133 traz a seguinte passagem a respeito do mesmo:

“Levantamento que objetiva, exclusivamente, a determinação


das alturas relativas a uma superfície de referência, dos pontos de
219

apoio e/ou dos pontos de detalhes, pressupondo-se o conhecimento


de suas posições planimétricas, visando à representação altimétrica
da superfície levantada.”

Levantamento topográfico planialtimétrico

A NBR 13133 traz a seguinte passagem a respeito do mesmo:

“Levantamento topográfico planimétrico acrescido da


determinação altimétrica do relevo do terreno e da drenagem
natural.”

Levantamento topográfico planialtimétrico


cadastral

Este é um quarto tipo de levantamento cadastral. O mesmo


normalmente possui como finalidade a construção de MDTs
(modelos digitais de terreno) ou o mapeamento de pontos de
interesse.

A principal diferença do levantamento topográfico altimétrico


para o planialtimétrico cadastral é que no levantamento topográfico
planialtimétrico cadastral, tem-se um grande adensamento de
pontos.

A NBR 13133 traz a seguinte passagem a respeito do mesmo:


220

“Levantamento topográfico planialtimétrico acrescido dos


elementos planimétricos inerentes ao levantamento planimétrico
cadastral, que devem ser discriminados e relacionados nos editais de
licitação, propostas e instrumentos legais entre as partes
interessadas na sua execução.”

Quais as vantagens do levantamento topográfico?

Existem aplicações como a Topografia Cadastral, na qual o


levantamento topográfico é obrigatório.

Porém, mesmo em áreas nas quais o mesmo não é obrigatório


como, por exemplo, na topografia de obras, a utilização do mesmo
traz grandes vantagens.

Isso porque os dados planialtimétricos acabam sendo a base


que guiará todos os demais serviços.

Por exemplo, durante a fase de nivelamento, o levantamento


topográfico possibilita a correta determinação dos volumes de corte
e aterro, possibilitando a determinação dos exatos locais nos quais
serão necessárias as respectivas atividades.

Durante a locação das estruturas, o levantamento topográfico


possibilita uma locação centimétrica, evitando que o projeto tenha
erros e muito mais do que isso, agilizando a velocidade dos trabalhos.

Durante a fase de construção, a utilização de equipamentos


topográficos ajuda a identificar e mitigar erros.
221

Não fosse o bastante, após a construção, a utilização de


equipamentos topográficos possibilita o acompanhamento das
estruturas e, desta maneira, que se evite acidentes.

Como você percebeu, o levantamento topográfico e a utilização


de equipamentos topográficos fornecem uma série de informações
precisas que possibilitam que cada etapa seja feita corretamente.

Muitos órgãos do governo inclusive exigem que os projetos de


construção tenham levantamentos topográficos como parte
obrigatória.

As vantagens do mesmo são inúmeras, de certa maneira que


praticamente qualquer atividade que envolva a tomada de decisões
espaciais se beneficia da realização do levantamento topográfico.

Porém, em um contexto geral, as principais vantagens


do mesmo são:

 Determinação das condições existentes e identificação


de problemas existentes em determinado local ou área
natural;
 Fornecimento aos engenheiros e arquitetos de
informações necessárias para uma melhor tomada de
decisão, haja vista as peculiaridades do local de
interesse;
 Indicar se a construção de estruturas, valas e pontes é
possível e qual a melhor localização espacial para as
mesmas.
222

Equipamentos utilizados no levantamento


topográfico

Os levantamentos topográficos utilizam principalmente:

 Imagens de sensores orbitais, suborbitais e de


drones para a determinação de contornos da superfície
de grandes áreas via sensoriamento remoto;
 Receptores GNSS para o mapeamento de áreas e de
locais nos quais não se faz possível a aplicação
do sensoriamento remoto;
 Estações totais em áreas menores e em locais nos quais
não se faz possível a utilização de receptores GNSS e do
sensoriamento remoto.

RBMC: O QUE É, PARA QUE SERVE E


COMO FAZER O DOWNLOAD DE DADOS?

A RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo) é um


conjunto receptores GNSS, também chamados de estações de
referência, que possuem alta capacidade para rastrear satélites de
forma contínua.

Os receptores da RBMC possuem alta precisão e alto


desempenho, sendo que suas observações para a determinação de
coordenadas são disponibilizadas em arquivos diários ou em tempo
real.
223

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística), juntamente com seu departamento de Geodésia,
estabeleceu a RBMC em 1996, sendo que desde então esta rede de
receptores rastreia diariamente os dados de uma série de estações.

Dados estes que são utilizados em uma série de diferentes


aplicações em todo território brasileiro. Na cartografia, por exemplo,
ela está presente na fotogrametria, atualização cartográfica e no
controle de qualidade posicional.

A RBMC sofreu uma revolução com a utilização da tecnologia


GNSS, onde as atividades relacionadas a navegação e
posicionamento passaram a ser realizadas de forma mais rápida,
precisa e econômica.

Conforme as técnicas de posicionamento evoluem, o papel da


RBMC se torna cada vez mais importante.

Integração RBMC e RIBaC


224

O IBGE, em parceria com o INCRA, está trabalhando no plano


de expansão e modernização da RBMC e da Rede INCRA de Bases
Comunitárias (RIBaC).

O primeiro passo do plano foi dotar a RBMC/RIBaC de uma


infra-estrutura adequada para a coleta de dados dos sistemas GPS,
Glonass e futuramente do Galileo.

Estações da RBMC
225

Além dos receptores GNSS que coletam e armazenam

continuamente as informações, as estações de referência possuem


antenas e sistemas de fornecimento de energia elétrica.

Por exemplo, na imagem abaixo você pode ver a estação


instalada na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em Pelotas,
no RS.
226

Cada estação da RBMC possui um receptor e uma antena


geodésica, conexão com internet e fornecimento contínuo de
energia. Veja abaixo uma imagem da estação da RBMC em
Ourinhos, SP.
227

No caso, ambas as estações são novas, resultantes do plano


de expansão e modernização da RBMC.

Algumas das estações operam em tempo real, através do


serviço RBMC-IP. Este serviço, disponibilizado pelo IBGE, atende os
usuários que fazem uso da técnica RTK (relativo cinemático em
tempo real).

Os receptores também foram atualizados, sendo que as


estações possuem receptores configurados para rastrear as
constelações GPS, GLONASS, Galileo e Beidou.

As coordenadas das estações são determinadas com alta


precisão e estão no Datum SIRGAS2000 – Sistema de Referência
Geocêntrico para as Américas, sistema geodésico oficial do Brasil.

As estações são materializadas através de pinos de centragem


forçada, cravados em pilares estáveis.

Para que serve a RBMC?


228

A RBMC possui um importante papel nas atividades e


aplicações geodésicas e topográficas do país, sendo a principal rede
ativa do Brasil.

Suas estações disponibilizam gratuitamente aos usuários


observações de grande confiabilidade e qualidade.

Totalmente automatizadas, as mesmas permitem que as


observações permaneçam organizadas na memória do receptor
armazenadas em arquivos diários.

Arquivos estes que podem serem baixados pela internet em até


24 horas após a data de observação.

Como todas as estações da RBMC estão em SIRGAS2000, as


mesmas desempenham o papel do ponto de coordenadas
conhecidas do SGB – Sistema Geodésico Brasileiro.

Isso possibilita que os usuários realizem transportes de


coordenadas por meio de posicionamento relativo (pós-
processamento de dados) ou trabalhem com RTK via NTRIP/Internet.
Além de referenciar todos os levantamentos/trabalhos ao SGB.

Download de relatórios e dados da RBMC

Para pesquisar e baixar o relatório de qualquer uma das


estações geodésicas da RBMC é só você acessar o Banco de dados
geodésico do IBGE. O link de acesso ao mesmo é:

http://www.bdg.ibge.gov.br/appbdg/
229

Nesta página, na opção camadas, é só você selecionar a opção


RBMC que as estações ativas serão mostradas.

Atualmente, com a expansão da rede, existem 150 estações


ativas.

É só você utilizar a guia de pesquisa para digitar a estação da


qual deseja obter dados, pesquisar e clicar na mesma.

Ao fazer isso uma janela popup irá se abrir.


230

Na mesma é só você clicar sobre o link “Relatório de


Informação de Estação RBMC” que o download do relatório será
feito.

Para baixar dados da RBMC é só você acessar este link:

Link:

https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoe
s-sobre-posicionamento-geodesico/rede-
geodesica/16258-rede-brasileira-de-monitoramento-
continuo-dos-sistemas-gnss-
rbmc.html?=&t=downloads

Navegar e baixar os dados do dia e da estação de interesse.

Compactação hatanaka

Com o passar do tempo o número de constelações e satélites


rastreados aumentou.

A solução encontrada foi compactar o arquivo de observações,


de certa maneira que o mesmo ficasse mais leve.

O algoritmo de compressão escolhido pelos profissionais do


IBGE foi o HATANAKA. O mesmo foi desenvolvido pelo pesquisador
japonês Yuki Hatanaka, do Geospatial Information Authority of Japan
(GSI).
231

A estratégia de compactação do arquivo HATANAKA consiste


em aglutinar informações redundantes e com isso permitir uma
redução significativa do tamanho do arquivo.

Vale salientar que com as novas constelações GNSS e, com a


adição de novas observáveis implementadas com a modernização
dos sistemas, os arquivos de observações tendem a aumentar
consideravelmente de tamanho nos próximos anos.

Dessa forma, as principais vantagens de se utilizar o Hatanaka


são:

 Economia de espaço nos dispositivos de


armazenamento;
 Ganho de desempenho nas transferências (download);
Possibilidade de uma maior série histórica de dados on-
line.

Para realizar a descompressão do arquivo, deve-se realizar o


download do programa CRX2RNX na página do GSI
(http://terras.gsi.go.jp/ja/crx2rnx.html).

Formato rinex 3

O formato RINEX3 suporta todos os sinais das constelações


GPS, GLONASS, Galileo, BeiDou, IRNSS, QZSS e SBAS.

Portanto, as estações da RBMC que rastreiam constelações


além do GPS e GLONASS, chamadas de multiconstelação, também
tem seus dados publicados no formato RINEX 3.
232

Os arquivos são disponibilizados diariamente com intervalo de


15 segundos, no endereço:

ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_sobre_posicionamento_geo
desico/rbmc/dados_RINEX3/

Possuindo dupla compressão, Hatanaka (.crx) e gzip (.gz).

O arquivo de navegação é publicado separadamente no


diretório: /ano/orbitas/.

A nomenclatura dos arquivos segue a estrutura universal,


descrita abaixo:

Arquivo de dados de rastreio no formato RINEX 3:

 XXXX00BRA_R_AAAADDDHHMM_01D_15S_MO.crx.g
z

Onde:

XXXX00BRA – Nome da estação, tipo de estação e código do


país;

R – Arquivo gerado por um receptor GNSS;

AAAADDD0000 – Ano, dia do ano, hora e minuto;

15S – Intervalo de rastreio;

MO – Indica que o arquivo é de observações;

crx – Compressão Hatanaka;

gz – Gzip.
233

Mais informações sobre o formato RINEX 3


em https://kb.igs.org/hc/en-us/articles/201096516-IGS-Formats

SIRGAS 2000: O QUE É, QUAL SUA


HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO, OBJETIVOS E O
ESTADO DA ARTE

O SIRGAS 2000 também é conhecido como Sistema de


Referência Geocêntrico para as Américas. O mesmo foi oficializado
como o novo referencial geodésico para o sistema geodésico
brasileiro em fevereiro de 2005, através da resolução 01\2005 do
IBGE.

A adoção de um referencial geocêntrico era uma necessidade


latente do Brasil, sendo que o SIRGAS 2000:

 Atende os padrões globais de posicionamento pelo


GNSS;
 Garante a qualidade dos dados levantados realizados em
todo o território nacional com a utilização desta
tecnologia;
 Cria um único referencial geodésico para o continente
americano.

O projeto SIRGAS 2000


234

O projeto SIRGAS 2000 foi criado na Conferência Internacional


para Definição de um Referencial Geocêntrico para América do Sul,
realizada em outubro de 1993, em Assunção, no Paraguai, a partir
de um convite feito pelas seguintes instituições:

 Associação Internacional de Geodésia (IAG);


 Instituto Pan-Americano de Geografia e História (IPGH)
e;
 National Imagery and Mapping Agency (NIMA).

Esta Conferência contou com uma expressiva participação de


representantes de vários países da América do Sul.

Objetivos definidos

Na ocasião, os objetivos definidos para o projeto foram:

(1) Definição de um sistema geocêntrico de referência para a


América do Sul, adotando-se o ITRS, realizado na época pelo
Internacional Terrestrial Reference Frame (ITRF) de 1993 e
o elipsoide do GRS-80.

(2) Estabelecimento e manutenção de uma rede de referência;


tarefa atribuída ao Grupo de Trabalho I (GT I) – Sistema de
Referência.

(3) Estabelecimento e Manutenção de um datum geocêntrico;


tarefa atribuída ao Grupo de Trabalho II (GT II) – Datum Geocêntrico.
235

Parte dos primeiros resultados obtidos foram apresentados


no Rio de Janeiro em 1997, durante a assembleia científica
da Associação Internacional de Geodésia (AIG).

Basicamente o que foi apresentado consistiu em uma rede com


58 estações GNSS distribuídas pelo continente que conformaram o
sistema SIRGAS unindo-o a ITRF94 época 1995.4.

Inicialmente a sigla SIRGAS correspondia à Sistema de


Referência Geocêntrico para a América do Sul.

Porém, desde 2001, devido a integração ao sistema de


estações na América Central, Estados Unidos e Canadá, definiu-se
novamente a sigla para Sistema de Referência Geocêntrico para
as Américas, significado utilizado atualmente.

Como resultado deste processo, o sistema completo possui


184 estações, calculadas no ITRF2000, época 2000.1.

O SIRGAS 2000 é um sistema de referência


geodésico resultante do levantamento de dados realizado por
uma rede de estações GNSS de alta precisão distribuídas em todo o
continente americano.
236

Na realidade, a rede de referência SIRGAS 2000 é uma


densificação dos marcos de rede ITRF (International Terrestrial
Reference System - Sistema Internacional de Referência
Terrestre) realizada para a América latina.
237

Materialização e densificação dos marcos de rede ITRF

A materialização deste levantamento foi realizada em várias


campanhas.

SIRGAS 95

A SIRGAS 95, realizada em 1995 e que teve a materialização


de 58 estações.

As coordenadas finais desta realização estão referidas à


estrutura de referência internacional mais precisa na ocasião, o
ITRF94, época 1995.4, estabelecendo, desta forma, o Sistema
SIRGAS.

Os dados GPS coletados durante esta campanha estão


disponibilizados para transferência no site do DGFI.
238

SIRGAS 2000

Na reunião do Projeto realizada durante a Assembleia


Científica da IAG em Setembro de 1997, no Rio de Janeiro, foram
discutidos os desdobramentos do Projeto com relação à componente
altimétrica do sistema de referência.

Como resultado, foi criado o Grupo de Trabalho III, com o


propósito de promover a definição e implantação de um sistema
altimétrico único para o continente sul-americano.

Na ocasião da primeira reunião do projeto em outubro de 1993


em Assunção, recomendou-se a re-observação da rede de referência
a cada 5 anos, visando a manutenção do SIRGAS como referencial
geodésico capaz de atender aos padrões atuais de posicionamento.

Com a criação do GT III, orientou-se a observação da


campanha SIRGAS2000 no sentido de também atender à
componente altimétrica do SIRGAS.

Os sistemas de referência altimétricos são definidos


classicamente através de estações maregráficas (geralmente uma
estação em cada país) e materializados pelas redes observadas por
nivelamento geométrico.

A intenção é que no futuro estas redes sejam observadas por


GPS e referidas diretamente ao geoide.

O relacionamento entre as estações maregráficas e o geoide,


bem como entre as altitudes ortométricas e as altitudes elipsoidais
observadas por GPS constitui o escopo das atividades do GT III.
239

Com este propósito, o planejamento da segunda campanha do


SIRGAS incluiu a ocupação das estações maregráficas que definem
o referencial altimétrico em cada país.

Além destas estações, foram observadas as estações


altimétricas próximas às fronteiras entre os países, bem como
aquelas que participaram da campanha de 1995.

O período de observação foi de 10 a 19 de maio de 2000, sendo


levantadas 184 estações.

Da mesma forma que na campanha de 1995, as observações


GPS serão disponibilizadas brevemente nos servidores do IBGE e
DGFI.

Atualmente a campanha que está ativa é a SIRGAS-CON que


será composta por 170 estações, 50 delas pertencendo a rede global
do IGS.

Na imagem abaixo estão as diferentes estações da rede


do Sistema Internacional de Referência Terrestre.
240

As informações coletadas nestas estações são semanalmente


processadas pelo Deutsches Geodätisches Forschungsinstitut –
DGFI (Instituto de Pesquisa Alemão).

O SIRGAS 2000 no Brasil

No Brasil, em 2005 o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) definiu o SIRGAS em seu levantamento no ano
2000, época 4, que abrange somente a América do Sul, como o
Datum Geodésico padrão para o Brasil.

Desta maneira, o Sirgas 2000 passou oficialmente a substituir


o SAD69 e o Córrego Alegre, sendo que todo e qualquer
levantamento realizado em território nacional deve possui o mesmo
como sistema de referência.

Pouco a pouco os diferentes órgãos públicos e privados se


adequaram, sendo que atualmente toda obra de engenharia e peça
cartográfica (plantas e mapas) devem estar georreferenciadas a este
sistema de referência.

Eu mesmo, na empresa na qual fui trabalhar em 2014, tive que


reproduzir uma série de mapas ambientais que estavam
referenciados ao SAD 69 e não foram aceitos pelo IBAMA, pois o
mesmo havia passado a exigir que todos trabalhos estivessem
referenciados ao SIRGAS 2000.
241

Parâmetros do datum SIRGAS 2000

O datum SIRGAS 2000 possui como elipsoide o GRS80, sendo


considerado idêntico ao WGS84 para efeitos práticos de Cartografia.

As constantes são praticamente as mesmas, sendo que a única


diferença está no achatamento terrestre. Porém, a diferença
apresentada está na ordem de um centímetro.

WGS84 – 1/298,257223563

GRS80 – 1/298,257222101

Devido as características dos receptores GNSS, este


parâmetro pode ser indicado diretamente no receptor, não sendo
necessário a realização de transformações.

Porque SIRGAS 2000, época 4?

Quando se fala na transformação de dados geodésicos, muitos


profissionais ficam com esta dúvida.

Porque época 4?

Simples, uma série de forças interagem com um marco


geodésico, entre elas o deslocamento das placas tectônicas.
242

Enfim, o deslocamento das placas tectônicas faz com que


determinada posição varie aproximadamente 1 cm por ano.

Imagine que um marco de base em um processo de


georeferenciamento de imóveis rurais locado a 15 anos atrás. Logo,
a acurácia do mesmo deve ser melhor do que 10 cm.

Ou seja, se um profissional reocupar este marco hoje sem levar


em consideração o movimento das placas tectônicas, encontrará
uma coordenada com pelo menos 15 cm de diferença.

É por causa disso que as coordenadas SIRGAS 2000 devem


serem época 4.

Isso significa que o deslocamento das placas tectônicas foi


corrigido, de certa maneira que é atribuído ao marco a posição que o
mesmo estaria ocupando naquele exato momento.
243

Qual a diferença entre SAD 69 e SIRGAS 2000?

São sistemas de concepção diferente. A orientação do SAD69


é topocêntrica, ou seja, o ponto de origem e orientação está na
superfície terrestre, já a orientação do SIRGAS2000 é geocêntrica.

Isso significa que esse sistema adota um referencial que é um


ponto calculado computacionalmente no centro da terra.

Como fazer a transformação de dados para o


SIRGAS 2000

Existem diversos softwares que fazem a transformação de


dados entre os diferentes sistemas de referência. Como exemplos
posso citar:

 ProGriD;
244

 ArcGIS e
 QGIS.

TAQUEOMETRIA: O QUE É E PARA QUE SERVE?

A taqueometria compreende uma série de operações que


constituem um processo rápido e econômico para a obtenção indireta
da distância horizontal e diferença de nível.

A mesma resulta da união de 2 palavras de origem grega


“takhys” (rápido), “metren” (medição).

Ou seja, significa medição rápida.

Equipamento utilizado na taqueometria


245

O equipamento normalmente utilizado na taqueometria é o


taqueômetro, mais popularmente conhecido como teodolito, sendo
que existem teodolitos óticos e eletrônicos.

Por exemplo, o da imagem acima é um teodolito ótico já o da


próxima imagem é um taqueômetro eletrônico.

Agora quando você escutar ou ler, por exemplo, o termo


taqueômetro eletrônico, saberá que o mesmo é um sinônimo utilizado
para descrever o bom e velho teodolito.
246

Taqueometria e determinação de ângulos e


distâncias

O teodolito, por sua vez, possui uma luneta formada por 4 fios
estadimétricos, 3 horizontais e 1 vertical. Veja os mesmos na imagem
abaixo.

NIVELAMENTO TOPOGRÁFICO: CONHEÇA


OS DIFERENTES MÉTODOS

O nivelamento topográfico se divide em nivelamento


barométrico, nivelamento geométrico e nivelamento trigonométrico.

O nivelamento barométrico é feito através da utilização de


equipamentos que se baseiam na utilização da força da gravidade.
247

Para nivelamento trigonométrico se utiliza o teodolito e para


o nivelamento geométrico se utiliza nível, sendo que o nivelamento
geométrico se divide em:

 Nivelamento geométrico simples e;


 Nivelamento geométrico composto.

Vamos entender melhor cada um destes diferentes métodos de


nivelamento topográfico.

Nivelamento topográfico: nivelamento barométrico

O nivelamento barométrico é um método de nivelamento


topográfico que se baseia na relação existente entre a pressão
atmosférica e a altitude. O mesmo possui uma baixa precisão, sendo
que existe a necessidade de se efetuar correções devido à Maré
Barométrica.
248

A vantagem deste método de nivelamento é que o mesmo


dispensa visibilidade entre os pontos a nivelar. Porém, como disse,
sua precisão deixa bastante a desejar.

Nivelamento topográfico: nivelamento


trigonométrico

O nivelamento trigonométrico é um método de nivelamento


topográfico realizado através de Teodolitos e Estações Totais com
visadas com qualquer inclinação.

Devido ao fato de utilizar teodolitos e estações totais, acaba se


tornando bem mais rápido do que o nivelamento geométrico, porém
o mesmo é menos preciso.

Funcionamento do nivelamento trigonométrico


249

O nivelamento trigonométrico baseia-se nas relações


trigonométricas para determinação das diferenças de altura dos
pontos onde o terreno muda de declividade.

Veja na imagem abaixo as fórmulas utilizadas no mesmo.

Nivelamento topográfico: Nivelamento geométrico


250

O nivelamento geométrico é o mais preciso dos métodos de


nivelamento.

O mesmo é realizado através de visadas horizontais, utilizando-


se níveis topográficos e miras falantes, dividindo-se em 2 métodos.
São eles:

 Nivelamento geométrico simples e;


 Nivelamento geométrico composto.

Nivelamento geométrico simples

No nivelamento geométrico simples, instala-se o nível em local


estrategicamente escolhido e faz-se a leituras da régua.

O mesmo pode ser utilizado somente em levantamentos nos


quais o desnível entre os pontos não exceda 4 metros que é o
comprimento da mira falante, também conhecida como régua
graduada.
251

O levantamento de dados consiste em fazer uma série de


leituras da régua, sendo que devesse ler os 3 fios estadimétricos nos
pontos de ré e de vante. No caso o:

 Fio estadimétrico superior (FS);


 O fio estadimétrico médio (FM) e o;
 Fio estadimétrico inferior (FI).

Nivelamento geométrico composto

O nivelamento geométrico composto nada mais é do que uma


série de nivelamentos geométricos simples feitos em sequência.

O mesmo é utilizado para o levantamento de locais cuja


diferença de nível é superior a 4 metros, que é o comprimento da
régua.
252

Uma vez que você tenha percebido que precisará fazer um


nivelamento composto, deve instalar o nível de maneira
equidistante entre aos pontos de ré e intermediário da primeira
sequência de leituras.

Em seguida, é só fazer a leitura dos fios estadimétricos (FS, FM


e FI).

O ideal é que ao realizar um nivelamento composto, você


aproveite ao máximo a altura da régua, realizando visadas nos
extremos da mesma.

NIVELAMENTO TRIGONOMÉTRICO: O QUE


É, PARA QUE SERVE E AS DIFERENTES
FÓRMULAS UTILIZADAS

O nivelamento trigonométrico consiste em uma série de


operações de campo e de escritório utilizadas para a determinação
de alturas.
253

Para a realização de um nivelamento trigonométrico se faz


necessária a obtenção a campo de uma série de dados relativos:

 A distância que pode ser horizontal ou inclinada;


 Aos ângulos que podem ser verticais, zenitais ou nadirais.

Além disso, também é necessário obter-se a altura do


instrumento e do sinal.

Funcionamento do nivelamento trigonométrico

O nivelamento trigonométrico baseia-se nas relações


trigonométricas para a determinação das diferenças de altura dos
pontos onde o terreno muda de declividade.

Veja na imagem abaixo as fórmulas utilizadas no mesmo.

Aplicações do nivelamento trigonométrico

O principal objetivo do mesmo, conforme o próprio nome


sugere é a determinação das diferenças de níveis, sendo que
254

o nivelamento trigonométrico pode ser utilizado até mesmo


no levantamento de áreas extensas.

Áreas estas que normalmente possuem grandes desníveis,


sendo que o mesmo também é utilizado para a determinação
de alturas de morros, torres, prédios, etc.

Outro sim, ao realizar um nivelamento, o profissional deve ter


um pouco de cuidado quanto a curvatura da terra. Isso porque a
mesma deve ser levada em consideração no levantamento de linhas
superiores a 150 metros.

Veja na imagem abaixo a equação geral do nivelamento


trigonométrico.
255
256

INFLUÊNCIA DA CURVATURA TERRESTRE E


DA REFRAÇÃO

De acordo com Carvalho e macedo 2014


(http://topografiapoli.pbworks.com/w/file/fetch/77583296/MMacedo_
TopoAlt_Nivelamento_Trigonometrico.pdf), a curvatura terrestre e as
diferentes densidades nas camadas da atmosfera afetam os
nivelamentos principalmente quando as visadas são extensas.

Os mesmos ainda informam que pode-se afirmar que a um


ponto na superfície terrestre correspondem 3 horizontes distintos.
São eles:

 Horizonte Aparente – Ha
 Horizonte Ótico – Ho
 Horizonte Verdadeiro – Hv
257

Na imagem abaixo você pode ver a fórmula utilizada para a


correção da curvatura terrestre.
258

Lembrando que todo o aparelho após ser transportado deve ter


seu erro zenital ou erro residual de seu limbo vertical verificado. No
caso, este erro é um desvio da verticalidade da linha 0° – 180º
do teodolito.

Para a correção do mesmo você deve utilizar a fórmula da


imagem abaixo:
259

Caderneta de campo: Dicas de preenchimento


260

A caderneta de campo é a planilha na qual são anotadas todas


as informações referentes ao levantamento de dados a campo. A
mesma possibilita a interpretação dos trabalhos realizados durante a
obtenção de dados.

Ao produzir uma caderneta de campo, você sempre deve levar


em consideração que a mesma servirá não apenas para você, mas
também para outros profissionais. Ou seja, a mesma deve ser escrita
de maneira legível, organizada e de fácil compreensão.

PREPARAÇÃO DA CADERNETA DE CAMPO

Você deve ter modelos de caderneta de campo para os


diferentes serviços que for prestar.
261

Além disso, alguns cuidados extras que você precisa ter


durante a produção da caderneta de campo são:

1 – Utilizar dê preferência lápis grafite ou caneta com tinta


resistente à água.

2 – Colocar uma seção de identificação na caderneta na qual


você irá escrever:

 Seu nome;
 Endereço;
 Nome do projeto;
 Ano; e
 Número da caderneta (caso o projeto necessite).

3 – Numere as páginas de forma sequencial. Este


procedimento facilitará sua organização.

4 – Outra dica importante é você reservar as primeiras folhas


para a elaboração de um índice que fará menção do conteúdo às
datas e ao número das páginas.

Além disso, coloque como anexo, nas últimas folhas, fotocópias


de tabelas, gráficos, figuras e outras informações que lhes serão
úteis em campo.

Dicas extras de preenchimento da caderneta de


campo
262

Comece as anotações de cada dia em uma nova página,


tomando o cuidado de anotar sempre:

 A data e o dia da semana;


 As condições do tempo (se estas forem excepcionais, tais
como nevasca, chuva intensa, nevoeiro, etc.);
 O planejamento do dia (perfil a ser levantado ou follow-up de
anomalias);
 As condições de acesso e a equipe participante, inclusive o
nome dos auxiliares locais.

Destes últimos, é sempre bom ter o contato (endereço e


telefone) anotado ao final da caderneta. Eles podem ser muito úteis
para trabalhos futuros.
263

CURVAS DE NÍVEIS: TUDO QUE VOCÊ


PRECISA SABER A RESPEITO!

As curvas de níveis nada mais são do que linhas que unem


pontos de mesma cota, sendo que a representação da superfície
topográfica através de curvas de níveis necessária, pois de alguma
maneira o ser humano precisa abstrair dados da topografia de um
lugar.

Desta maneira, a representação da superfície topográfica


através de curvas de níveis fornece uma série de dados que os
engenheiros e arquitetos podem utilizar em seus processos de
tomada de decisão.

Por exemplo:

Em um projeto de terraplanagem é possível calcular-se


o volume exato de corte e aterro que será necessário, bem como as
respectivas cotas.

Em um projeto de irrigação sistematizada é possível construir-


se canais e taipas, de certa maneira que toda a área seja irrigada de
maneira homogênea.

O que são as curvas de nível?


264

Ao se realizar o levantamento de dados normalmente os


profissionais costumam produzir modelos digitais de elevação,
como o mostrado na imagem abaixo.
265

Embora um modelo digital de elevação possibilite a percepção


da topografia de um local, o problema é que os arquitetos e
engenheiros possuem certa dificuldade na utilização destes modelos
em seus processos de tomada de decisão.

Isso porque os mesmos precisam de dados mais exatos


referentes as altitudes e diferenças de níveis do terreno.

É justamente esta a grande vantagem da utilização de curvas


de níveis.

Isso porque ao unirem pontos de mesma cota, as mesmas


possibilitam que os profissionais tenham informações mais exatas
para utilizarem em seus projetos.

Desta maneira, as curvas de níveis, também conhecidas como


linhas isoípsas, ajudam a verificar a altitude de um terreno, bem
como a representar qualquer irregularidade existente em sua
superfície.

Cuidados que você precisa ter ao obter dados para


a produção de curvas de níveis

As curvas de níveis e os modelos digitais de elevação nada


mais são do que processos de representação do mundo real em meio
computacional.

Desta maneira, o que irá definir a qualidade dos resultados


gerados será:

 A acurácia dos equipamentos utilizados;


266

 O grau de detalhamento utilizado pelo usuário.

Vamos entender melhor como você deve proceder para


produzir curvas de níveis que representem a superfície terrestre de
forma adequada.

Acurácia dos equipamentos utilizados

Você possui um leque de possibilidades que poderá utilizar


para a obtenção dos dados que servirão de base para a produção
das curvas de níveis. Podendo utilizar, por exemplo:

 Dados ASTER E SRTM;


 Dados obtidos com o uso de drones e aviões;
 Dados obtidos a campo com estações totais e receptores
GNSS.

Vamos analisar melhor cada uma destas diferentes possíveis


fontes de dados.

Dados ASTER E SRTM

Os dados obtidos com estes sensores possuem uma resolução


espacial que varia de 15 a 90 metros, dependendo do sensor
considerado.
267

Haja vista esta característica, dados obtidos a partir destas


plataformas podem serem utilizados para a produção de modelos
digitais de elevação e curvas de níveis de áreas amplas como, por
exemplo, bacias hidrográficas ou municípios.

Porém, não podem serem utilizados em obras de engenharia,


haja vista a grande generalização existente na altitude.

Dados obtidos com drones e aviões

Os dados obtidos com drones e aviões normalmente possuem


uma acurácia sub-métrica, chegando até mesmo na casa dos
centímetros, o que significa que são dados ótimos para serem
utilizados em obras de engenharia.

Porém, os mesmos precisam serem tratados da maneira certa,


devendo serem georreferenciados e ortorretificados.

Além disso, também precisam que uma série de pontos de


controles sejam obtidos a campo para serem utilizados no processo
de georreferenciamento, os quais devem serem obtidos com os
equipamentos e metodologias certas.

Devido ao baixo custo, quando comparado a utilização de


aviões, a utilização de drones simplesmente explodiu nos últimos
anos, existindo drones que possibilitam o mapeamento de até 400 ha
a 600 ha por dia.
268

Dados obtidos com receptores GNSS e


estações totais

Naturalmente, a produtividade da utilização de estações totais


e receptores GNSS é muito menor do que a utilização de drones. Isso
sem falar que na obtenção de dados com drones é possível obter-se
uma acurácia melhor do que 5 cm.

Porém, dependendo das características do local, não é


possível utilizar-se drones. Com isso faz-se necessária a utilização
de receptores GNSS e/ou estações totais.

Isso acontece porque em locais de mata fechada, o drone não


consegue obter um número satisfatório de dados a nível do solo, o
que impede a correta produção das curvas de níveis.

Cuidados que você precisa ter no processo de


abstração de dados

Ao obter dados a campo com estações totais e receptores


GNSS você precisa fazer a correta abstração da superfície
topográfica.

Desta maneira, em locais mais planos você irá espaçar mais os


dados e em locais mais montanhosos você irá adensar mais os
dados.
269

O grande objetivo é a correta representação da superfície


topográfica. Perceba que se a área é plana não tem porque perder
tempo obtendo-se uma grande quantidade de dados.

Por outro lado, quando existir uma maior transição na superfície


você precisará obrigatoriamente obter um maior número de dados.

Algumas das diferentes aplicações das curvas de


nível

Existe uma ampla gama de aplicações que utilizam


informações referentes ás curvas de níveis.

Por exemplo, na agricultura, as mesmas são utilizadas para o


planejamento e implantação de sistemas de irrigação.

Também são utilizadas no plantio, de certa maneira que o


agricultor aproveita melhor o terreno e obtém menos problemas
naturais, como por exemplo, de erosão.

Em obras de engenharia, as curvas de níveis possibilitam a


determinação do exato local do terreno no qual as obras devem
serem realizadas. Ajudando também a diminuir e calcular os exatos
volumes de corte e aterro.

Você também pode gostar