A. São várias as espécies de sucessão. Citando apenas duas:
1. Empresarial, a exemplo de fusões, cisões e incorporações. Oriunda da
vontade.
2. Civil da pessoa humana, poder ser por vontade, através de negócio ou
ato jurídico (contrato ou declaração) e, portanto, inter vivos, ou por fato jurídico. Para nosso estudo, será considerado, exclusivamente, o evento morte, que é um fato jurídico.
B. Autor da sucessão: É a pessoa que morre, também chamado de de cujus
(expressão com origem no Corpus Juris Civilis de Justiniano: persona de cujus successionis agitur, que significa pessoa de cuja sucessão se trata).
C. Objeto da sucessão: Patrimônio = Créditos, débitos, direitos, obrigações,
frutos, rendimentos, benfeitorias e demais acessórios.
D. Sucessor: Aquele que receberá o patrimônio. Por ser determinado por lei (sucessão legítima) ou pela vontade (Sucessão testamentária).
E. Momento da sucessão: O exato instante da morte. Chamado de Droit de
Saisine ou princípio de Saisine, expressão com origem no código de napoleão (Les heritiers sont saisis de plein droit des biens, droits et actions du défunt, au moment de la mort = os herdeiros são investidos de pleno direito nos bens, direitos e ações do defunto no momento da morte). O herdeiro, portanto, torna-se legítimo possuidor, ainda que indireto, e proprietário de todo o patrimônio no exato instante da ocorrência do fato jurídico (Morte). Isto evita que o patrimônio se configure como res nullius (coisa nula, sem vínculo jurídico de direito real), o que permitiria que qualquer pessoa, por ocupação ou apropriação se tornasse possuidora ou proprietária do patrimônio deixado pelo de cujus.
Também influencia a ordem de sucessão, por exemplo:
Pafúncio tem pai (Grozenwaldo) e filho (Wanderkleidon). Pafúncio tem um
patrimônio de 10 e o filho de 5.
1. Pafúncio morre às 9:10 e o filho às 9:11. A herança de Pafúncio (10) se
transmite para o filho para o filho e depois as duas heranças (os 10 de pafúncio e os 5 do filho) vão para o avô, Grozenwaldo.
2. O filho (Wanderkleidson) morre às 9:10 e Pafúncio morre às 9:11. A
herança do filho (5) vai para pafúncio e depois as duas (5 e 10) vão para o avô (Grozenwaldo).
PERGUNTA-SE: E SE HOUVER COMORIÊNCIA, OU SEJA, SE PAFÚNCIO E
O FILHO MORREREM ÀS 9:10, O QUE ACONTECE? (Aguardo resposta na próxima aula)
F. Não há herança de pessoa viva. Qualquer negócio jurídico será nulo,
por exemplo, um contrato de compra e venda ou de cessão antecipada do patrimônio de outrem. PARTE II
Revisão dos regimes de bens.
A. Bens aquestos: Adquiridos a título oneroso e não sub-rogados durante
o casamento ou a união estável.
B. Bens comuns: São os que pertencem a ambos os cônjuges ou
companheiros.
C. Bens particulares: São os que pertencem um único cônjuge ou
companheiro.
D. Bens sub-rogados: Adquiridos, durante o casamento ou a união estável,
com recursos de bens particulares, por exemplo, Pafúncio, casado sob regime de comunhão parcial, recebe uma herança de 100 (bem particular) e, com o valor, compra uma casa. A casa será igualmente um bem particular (propriedade exclusiva de Pafúncio).
Regimes previstos no Direito Brasileiro:
1. Comunhão Universal (depende de pacto antenupcial):
Bens Comuns Bens Particulares
Anteriores, presentes e Instrumentos de Trabalho. futuros, gratuitos (doação e Bens de uso pessoal. herança) ou onerosos Retratos de família. (compra e venda). Gravados com cláusula de Administração comum incomunicabilidade. (necessidade de outorga/assinatura do outro cônjuge). 2. Comunhão Parcial (NÃO depende de pacto antenupcial):
Bens Comuns Bens Particulares
Aquestos. Instrumentos de Trabalho. Administração comum Bens de uso pessoal. (necessidade de Retratos de família. outorga/assinatura do outro Gravados com cláusula de cônjuge). incomunicabilidade. Anteriores. Gratuitos (doação e herança). Sub-rogados.
3. Separação Convencional (depende de pacto antenupcial):
Bens Comuns Bens Particulares
Somente os indicados por Instrumentos de Trabalho. ambos os cônjuges, devendo Bens de uso pessoal. constar do título aquisitivo o Retratos de família. nome e a fração ideal dos Gravados com cláusula de dois. incomunicabilidade. Administração individual. Anteriores. NÃO HÁ NECESSIDADE DE Gratuitos (doação e OUTORGA/ASSINATURA herança) DO OUTRO CÕNJUGE). A Sub-rogados. alienação (venda, doação, Todos os que constarem cessão etc.) só dependerá de em nome exclusivo de assinatura do outro se ele qualquer dos cônjuges. também for co-proprietário. 4. Separação Obrigatória (NÃO depende de pacto antenupcial. Maiores de 70 anos, incapazes que dependem de suprimento (autorização) judicial para se casar e viúvos ou divorciados que ainda não fizeram a partilha dos bens e que, ainda assim, desejam se casar):
Bens Comuns Bens Particulares
Os indicados por ambos os Instrumentos de Trabalho. cônjuges, devendo constar Bens de uso pessoal. do título aquisitivo o nome e Retratos de família. a fração ideal dos dois. Gravados com cláusula de Os comprovadamente incomunicabilidade. adquiridos com participação Anteriores. financeira de ambos (Súmula Gratuitos (doação e 377, do STF) herança) Administração individual. Sub-rogados. NÃO HÁ NECESSIDADE DE Todos os que constarem OUTORGA/ASSINATURA em nome exclusivo de DO OUTRO CÕNJUGE). A qualquer dos cônjuges. alienação (venda, doação, cessão etc.) só dependerá de assinatura do outro se ele também for co-proprietário. 5. Participação Final dos Aquestos (depende de pacto antenupcial):
Bens Comuns Bens Particulares
Aquestos, após a dissolução Instrumentos de Trabalho. do casamento por morte ou Bens de uso pessoal. divórcio. Retratos de família. Administração individual. Gravados com cláusula de NÃO HÁ NECESSIDADE DE incomunicabilidade. OUTORGA/ASSINATURA Anteriores. DO OUTRO CÕNJUGE). A Gratuitos (doação e alienação (venda, doação, herança) cessão etc.) só dependerá de Sub-rogados. assinatura do outro se ele Todos os que constarem também for proprietário. em nome exclusivo de qualquer dos cônjuges.
Exercício: Pafúncio, empresário com patrimônio estimado em R$ 500.000,00,
casa-se com Freguemilda, dentista, proprietária de um veículo no valor de R$ 60.000,00 e de um clínica, avaliada em R$ 140.000,00. Durante o casamento, Pafúncio adquire por compra um apartamento no valor de R$ 300.000,00 e Freguemila uma casa de praia no valor de R$200.000,00, todos com recursos advindos após o casamento, porém em nome próprio. Pafúncio recebe uma herança no valor de R$ 350.000,00 e, pretendendo comprar um sítio, avaliado em R$ 500.000,00, faz um financiamento imobiliário em seu nome, mas é Freguemilda quem arca com as parcelas perante a instituição financeira. O casal não tem filhos. Neste ínterim, Freguemilda percebe que sua irmã, Terebentina, apresenta comportamento duvidoso em relação ao seu marido. Ao descobrir que o caso extraconjugal já dura mais de três anos e a possibilidade de gravidez de Terebentina, Freguemilda, munida de um bisturi, corta a jugular da própria irmã, levando-a a óbito e perfura os olhos e o ventre de Pafúncio, deixando-o em coma profundo e à beira da morte. Antes de fugir, porém, contrata um advogado para fazer seu divórcio. Faça a meação do patrimônio do casal em todos os regimes.