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Um conceito para o Direito do Trabalho

Para encontrarmos um conceito para o direito do trabalho, podemos nos socorrer


de três diferentes teorias, uma que leva em conta os sujeitos da relação, outra que se
prende ao conteúdo, e uma terceira, que valora tanto as pessoas quanto o teor da
disciplina, sendo por isso chamada de teoria mista.

Teoria subjetiva: “Conjunto de leis que consideram individualmente o empregado e o


empregador unidos numa relação processual.” (Cesarino Junior).

Teoria objetiva: “Corpo de princípios e normas jurídicas que ordenam a prestação de


trabalho subordinado ou a este equivalente, bem como as relações e os riscos que dela
se originam.” (Messias Donato)

Teoria mista: “Conjunto de princípios e normas que regulam, principalmente, as


relações imediata ou mediatamente ligadas ao trabalho remunerado livre, privado e
subordinado, e, ainda, aspectos relativos à existência dos que o executam.” (Martins
Catharino)
Essa corrente é majoritária e tem como adeptos Sergio Pinto Martins, Sussekind,
Godinho, Orlando Gomes, Evaristo Filho, Magano e Rodrigues Pinto.

Conceito de Vólia Bonfim Cassar: “Sistema jurídico permeado por institutos, valores,
regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos
empregados, empresas coligadas, tomadores de serviço, para a tutela do contrato
mínimo de trabalho, das medidas que visam à proteção da sociedade trabalhadora,
sempre norteado pelos princípios constitucionais, principalmente o da dignidade da
pessoa humana. Também recheado de normas destinadas aos sindicatos e associações
representativas; à atenuação e forma de solução dos conflitos individuais, coletivos e
difusos, existentes entre capital e trabalho; à estabilização da economia social e à
melhoria da condição social de todos os relacionados.”

Para uma melhor sistematização do estudo, o direito do trabalho subdivide-se em dois


ramos: direito do trabalho individual (trata das relações jurídicas concretas, de forma
individualizada) e direito do trabalho coletivo (que se prende a interessem abstratos de
um grupo).

Mas qual seria a natureza jurídica do direito do trabalho?


Pública?
Privada?
Sui generis?

Divisão da Fontes do Direito do Trabalho:

Autônomas seriam as normas cuja produção caracteriza-se pela imediata participação


dos destinatários principais das normas produzidas. Costumes; convenções coletivas de
trabalho; acordos coletivos de trabalho.

Heterônomas seriam as normas cuja produção não se caracteriza pela participação direta
dos destinatários principais das normas regras jurídicas. Constituição; leis, medidas
provisórias; tratados e convenções internacionais favorecidos por ratificação e adesão
internas; regulamentos normativos (expedidos mediante decretos do Presidente da
República); sentenças normativas.

Hierarquia das fontes de direito do trabalho:

Teoria geral: A hierarquia das fontes normativas componentes do Direito Comum é


rígida e inflexível: nada agride a Constituição e, abaixo dessa, nada agride a lei.

A pirâmide de hierarquia normativa apresenta-se com a seguinte disposição:


Constituição, no vértice da pirâmide, acompanhada de emendas à Constituição. Em
seguida, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias. Na
sequência vêm os decretos (regulamento normativo) e, sucessivamente, diplomas
dotados de menor extensão de eficácia e mais tênue intensidade normativa.

No direito do trabalho é diferente:

O critério normativo hierárquico vigorante no Direito do Trabalho opera da seguinte


maneira: a pirâmide normativa constrói-se de modo plástico e variável, elegendo para
seu vértice dominante a norma que mais se aproxime do caráter teleológico (causa final)
do ramo jus trabalhista.

O princípio basilar do Direito do Trabalho, que melhor incorpora e expressa seu sentido
teleológico constitutivo, o princípio da norma mais favorável ao trabalhador. Assim,
aplicar-se-á́ ao caso concreto — sendo naquele caso hierarquicamente superior — a
norma mais favorável ao empregado. O vértice da pirâmide normativa, variável e
mutável — ainda que apreendido segundo um critério permanente —, não será́ a
Constituição Federal ou a lei federal necessariamente, mas a norma mais favorável ao
trabalhador.
Desse modo, nunca há conflito de competência, pois sempre prevalecerá a mais
benéfica.

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