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Observação de Contra Capa:

A Teoria dos 4 Discursos!

4º Nível Lógico----> ‘’A Sabedoria das Leis Eternas’’, Introdução,


edição e notas por Olavo de Carvalho.

3º Nível Dialético ---> Revista ‘’Filosofia Concreta’’.

2º Nível Retórico ----> Revista do ‘’Instituto Cultural Logos’’ 2021.

2º Nível Retórico ----> Revista do ‘’Instituto Cultural Logos’’ 2020.

1º Nível Poético ----> História - Mário Ferreira dos Santos:


O Centurião de Legiões.

(Pintura da Capa:
Vista del interior de una catedral, de Genaro Pérez Villaamil, 1807-1854)
Revista

Instituto Cultural
‘’Logos’’

2021
1ª EDição

‘’A nossa Revista é uma Unidade. O todo dá luz às partes e às partes ao todo.
Tudo faz parte de um conjunto ordenado e organizado, com o fim de tornar
claro a imensidão da obra e da admirável pessoa do nosso Professor e
extraordinário Filósofo Mário Ferreira dos Santos’’
(Editor)
Organizador:
Arthur Chagas Viana

Colaboradores:
Elvis Amsterdã Do Nascimento Pachêco
Gabriel Coelho Teixeira
Everton José Santos
Rodrigo Gonçalves
Aldo dos Santos
Diego Ossami
Diego Araújo
Danilo Felix

Observação:
Essa Revista é TOTALMENTE GRATUITA, nós continuamos sem dinheiro
para ISBN, para impressão, para editor, marketing ou para a distribuição nas
‘’Livrarias Importantes’’, essas coisinhas da turminha chique dos ‘’Direitos
Autorais’’!
Faça o que você quiser com essa Revista, só não a mostre para um Professor
Universitário. Ele vai correr e se esconder debaixo da caminha da mamãe.
Mostre para quem ame a Verdade! As Criancinhas, os velhinhos que
conversam nos bancos das praças jogando sinuca ou para as donas de casas que
vivem plantando uma florzinha.
Se você for rápido(a), entregue logo depressa essa revista para um recém
universitário(a), porque depois nós não podemos garantir que ele ou ela vá gostar
muito dessa nossa Revista!
A Universidade muda a alma das pessoas, e pelo que temos visto, não é para
o melhor!
No mais, todos nós do Instituto Cultural ’’Logos’’ esperamos que você leitor
ou leitora faça uma excelente leitura, que aprenda bastante, em um único material,
muitas coisas e também que guarde essa Revista para a Eternidade, porque tudo
aqui é muito importante e fundamental para futuros estudos!
Esperamos que essa Segunda Revista do Insituto Cultural Logos seja um
material de referência para outros trabalhos sobre o Mário Ferreira dos Santos. Se
surgir mais conteúdo faremos a Terceira Revista, mas não prometemos nada,
porque esse mundo continua tão aleatório que é melhor tomar cuidado.

BOA LEITURA!!!
O que é o Instituto Cultural Logos?
Esse versículo de Filipenses 4:8 resume o que pensamos:

"Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é


nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que
deve ocupar vossos pensamentos."

O ‘’Instituto Cultural Logos’’ foi criado pelo Mário Ferreira dos


Santos em 1947 e mantinha cursos orais e por correspondência, estes,
englobados sob o título de Cultura e Filosofia Geral.

A nossa busca é a "Mathesis Megiste" (Ensinamento Supremo),


cuja fonte infinita é o mistério divino, se expressa na criação de tudo
o que há, tem o seu momento mais Alto na Paixão Dolorosa de Cristo
na Cruz, para nos perdoar dos nossos pecados, e vai até o fim do
Mundo e para a Eternidade!

O nosso estudo e material estão desde as civilizações pré-


diluvianas até a culminação da História do Planeta, o Apocalipse e
para a realidade celeste.

Seguindo a Filosofia Positiva e Concreta do nosso fundador,


Mário Ferreira dos Santos, fundamentamos o nosso coração e
pensamento em tudo aquilo que parte e permanece na afirmação, no
que constrói, que eleva, e não naquilo que nega, destrói e abaixa, mas
naquilo que pertence a todos os grandes ciclos culturais da
humanidade, que encontrou o seu desenvolvimento máximo no
pensamento grego e asua coroação no pensamento ocidental, sob as
linhas sem dúvida criadoras e analíticas da Escolástica!

Não somos escolásticos nem neoescolásticos, porque seguimos


também outras idéias, aparentemente afastadas, mas que conciliam,
numa síntese, aquele pensamento com o que provém do pitagórico-
platônico.

O Mário criou o Instituto Cultural "Logos" em 1947.


Há 73 anos!
OS 12 TRABALHOS DE
HÉRCULES
I- O PRIMEIRO trabalho é colocar todos os Áudios online, para quem quiser
baixar e também fazer um box bem profissional e organizado, com 3 DVDs por R$
30 ou R$ 40 reais com os mais de 200 Áudios que existem!

II– O SEGUNDO trabalho é reunir todas as fotos do Mário e colocar num Site
para todo mundo ver raridades e a vida do Mário.

III– O TERCEIRO trabalho é mostrar os livros do Mário, um por um, os avulsos


e a ''Enciclopédia das Ciências Filosóficas'', além de raridades guardadas, coisas
que o Mário escreveu e que não estão publicadas.

IV- O QUARTO trabalho é mostrar aonde o Mário viveu, trabalhava, morava,


escritório eetc. Os lugares por onde passou.

V- O QUINTO trabalho é montar um fórum nacional de discussão da obra do


Mário. Contratar o Olavo e os alunos dele para editar as obras e outros literatos,
como o Rodrigo Gurgel para colocar notas e reeditar os livros de literatura do
Mário.

VI- O SEXTO trabalho é criar histórias em quadrinhos geniais e bem literárias


para as crianças, com a influência virtuosa da personalidade do Mário Ferreira:
O herói, o genial, o filósofo sábio, o excelente, o grandioso, o humilde e etc.

VII - O SÉTIMO trabalho é montar um congresso ''Mário Ferreira dos Santos'', com
palestras de vários estudiosos sobre os temas que o Mário desenvolveu, para
darem novos ares e irem mais longe daquilo que o Mário apenas mencionou.

VIII- O OITAVO trabalho é reunir todos os trabalhos ou citações feitas sobre o


Mário Ferreira, para que as pessoas percebam o sentido e unidade do que os
estudiosos estão conversando sobre o Mário.

IX- O NONO trabalho é lançar a Enciclopédia das Ciências Filosóficas completa


e em capa dura, igual o Mário fez, para as pessoas terem toda ela em casa, e não
partes dela, que perderia todo o sentido de unidade.

X- O DÉCIMO trabalho é fazer um documentário sobre a vida e a obra do Mário


Ferreirados Santos.

XI- O DÉCIMO PRIMEIRO trabalho é construir o Instituto (espaço físico) ‘’Mário


Ferreira dos Santos’’, que fosse um museu, tivesse uma Áudio-Teca, todos os
Livros do Mário e fotos impressas em tamanho de quadro.

XII - O DÉCIMO SEGUNDO trabalho é fazer um filme sobre o Mário Ferreira


dos Santos. Genial, espirituoso, extraordinário. Tentando mostrar como o
Mário passou a ser quem se tornou, a luta e tremendo esforço para publicar
seus livros e as maravilhas que aconteciam em sua imaginação, inteligência e
pensamento.
O Que é preciso é de dezenas de pessoas
debruçadas sobre a obra do Mário.

Existem 5 tipos de frentes nessa empreitada:

1. Editores da Obra do Mário, que precisam ser geniais!

2. Comentadores, que possuem alguma formação

intelectual e são bons em falar sobre a Obra do Mário.

3. Instituto ''Logos'', a ponte, entre as pessoas e o Mário.

4. Leitores, que compram os livros e aprendem muita coisa.

5. Admiradores, que gostam do Mário, porém, que não o

conhecem profundamente e nem o leram!


Árvore Genealógica do
Mário Ferreira dos Santos

Como é fato, a família do Mário desde o seu avô é de ilustres


advogados e intelectuais. Uma curiosidade é que a sua AVÓ foi a
primeira Advogada em Portugal! Algumas dessas informações
estão no livro ''Francisco Santos - Pioneiro no Cinema do Brasil.
Yolanda Lhullier dos Santos e Pedro Henrique Calda. Ano: 1995
Editora: Semeador''
O Pai Nosso

I. Pai nosso que estais no céu


II. Santificado seja o Vosso Nome
III. Venha a nós o Vosso Reino
IV. Seja feita a Vossa Vontade
V. assim na terra como no céu
VI. O pão nosso de cada dia nos dai hoje
VII. Perdoai-nos as nossas dívidas,
VIII. assim como nós perdoamos aos nossos devedores
IX. E não nos deixeis cair em tentação
X. Mas livrai-nos do mal
O Pai Nosso e a Sabedoria das Leis Eternas

I- Pai nosso que estais no Céu. (Unidade)


Quando levantamos os nossos corações aos céus e dizemos ‘’Pai-Nosso’’, buscamos a Unidade da
Realidade para o nosso ser, em nossa busca por sentido e apoio, a nossa origem.

II - Santificado seja o vosso nome (Oposição)


Quando dizemos ‘’Santificado Seja’’, propomos uma ação que precisa partir do movimento do nosso
ser em direção à Excelência da Unidade, que é Deus, então aí se estabelece uma Oposição entre a Nossa
Vontade e a Vontade Divina.

III - Venha a Nós o vosso Reino (Relação)


Quando dizemos ‘’Venha a Nós’’, esperamos que depois da nossa vontade estar se opondo a vontade
de Deus, que se estabelece uma *Relação*, mesmo assim, queremos que os Bens Celestes, a Vontade Boa e
Amorosa de Deus faça Domínio sobre a nossa alma!

IV- Seja feita a tua vontade (Proporcionalidade)


Quando exprimimos ‘’Seja Feita’’, então, nesse momento já não temos a relação entre a oposição de
nossa vontade e a divina, mas sim, uma *Proporcionalidade* ao fato de que Deus, mesmo nos ouvindo, será
justo, pois é Ele quem é infinitamente conhecedor de todos os caminhos, como a um Pai, que ouvindo os
pedidos do Filho para comprar um carrinho de controle remoto de R$ 300,00 reais, vai pagar a conta de
Água e de Luz da Casa!

V- Assim na terra como no Céu (Forma do Objeto/Forma de proporcionalidade intrínseca)


Quando há uma oposição, e disso se estabelece uma relação, resultando na Proporcionalidade, temos
aí uma Unidade do Conjunto e agora temos a *Forma do Objeto*, quer dizer, a Forma Intrínseca da excelência
da Vontade Divina, que será sempre Boa. Nessa nossa percepção, queremos que essa Vontade Excelente de
Deus atue ‘’Assim na Terra como no céu’’, como desde o princípio o é. Conformamo-nos com essa vontade.
Tornamo-nos mais humildes, e, de pouco a pouco, por uma ação do Espírito Santo, conseguimos entender a
vontade Divina que se expressa em todas as coisas, desde os acontecimentos históricos, a bela formação do
Universo, a própria formação da nossa personalidade, o porquê de padecermos ou nos alegrarmos, os
sentidos mais simples das coisas, das plantas, dos animais, dos sentimentos e etc... *ASSIM* é uma afirmação
de *DA MESMA MANEIRA* *CONTINUAMENTE* *ETERNAMENTE*, que a vontade de Deus *DOMINE*

VI- Dai-nos o pão nosso de cada dia (Harmonia)


Quando afirmamos a soberania da Vontade Divina, estabelecemos uma Unidade, e essa Unidade fica
em face de uma outra Unidade, que é a Necessidade do Nosso-Alimento Interior. Dai-nos é um pedido feito
a vontade excelente de Deus, para que nunca nos falte nada, para que nunca nos separemos do alimento e
nunca nos separemos da fonte da vida!
VII- Perdoai-nos as nossas dívidas (Crise)

Quando temos o pedido de Dai-nos, se estabelece uma Crise entre a vontade de Deus e a nossa condição
terrestre de pedir perdão a Deus naquilo que erramos, pois é próprio Dele a retidão dos corações. Se
estabelece, assim uma Crise Ontológica do Ser. Não é que Deus nos deve algo, mas quando não nos
remedamos, quando não buscamos ser perfeitos, quando não buscamos a fonte da vida, que é a vida pura,
em santidade, na preciosidade simples de um coração contrito ante as faltas e as ofensas cometida, fica
impossível Deus nos dar o alimento de que precisamos, e isso é em qualquer Religião do Planeta ou uma
sociedade mais simples, que não estabelece uma voto de sinceridade ou humildade perante ao seus
semelhantes. Dessa maneira, é impossível Deus conceder a inteligência, o espírito de uma ação justa, ou
bondosa, porque Ele é a fonte de tudo!

VIII- Assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Integração)


''Entre essas duas formas individuais, porém, que se aproximam segundo uma HARMONIA e se
separam segundo seus respectivos aspectos CRÍTICOS, é de todo modo possível estabelecer algum tipo de
relação que permita falar de ambas como um mesmo conjunto. Já não se trata da simples harmonia, pois esta
já foi atenuada pelo realce dos elementos de crise. Agora se trata de alguma categoria, de alguma lei que
transcende ambas as formas, indo além tanto de sua harmonia quanto de sua crise. Essa Categoria octonária
se chama Integração''
(Nas palavras do Olavo no Trecho da 8ª Lei no Livro Mário Ferreira dos Santos: Guia para o estudo
de sua Obra, conferir página. 105)
Essa integração é explicada no seguinte sentido:
A Harmonia do Dai-nos, estabelecida pelo ''Seja Feita a vossa vontade'' e ''Assim na Terra como no céu''
em CRISE com o ''Perdoai-nos as nossas dívidas'' possui o seu momento de Integração na frase que parte do
nosso coração, que se realiza na ação: Assim como nós *PERDOAMOS* aos nossos devedores.
Esse ato de *NÓS PERDOAMOS O OUTRO* é a nossa semelhança com Cristo, o nosso voto de se igualar
a fonte da vida e beber do mesmo copo de Deus. Quando NÓS PERDOAMOS OS OUTROS, somos uma graça
na terra e, não que mereçamos ou que Deus nos deve algo, mas quando PERDOAMOS os outros, temos toda
a dignidade de sermos chamados de Filhos do Pai, e então recebemos os maiores presentes dos bens
celestes!

IX- E não nos deixeis cair em tentação (Integração Transcendental)


Quando PERDOAMOS os nossos irmãos, pedimos a Deus que as tentações, adversidades da nossa
alma, não nos tirem da Paz, não nos acometam, não provoque agitação, turbulência em nosso ser, na nossa
vida, não se abatam sobre nós. Que nós não tenhamos que passar por elas. Nessa 9ª Lei, a 9ª Frase quando
oramos o Pai-Nosso, INTEGRAMOS de modo TRANSCENDENTAL a Harmonia e a Crise, porque aponta para
algo maior, para uma realidade metafísica transcendental, o campo dos destinos humanos que atua em nossa
alma.

X- Mas Livrai-nos do Mal. Amém! (Unidade Transcendental)


Quando dizemos ‘’Livrai-nos do Mal’’, repousamos mais uma vez o domínio, a autoridade da
Realidade nas Mãos da Unidade, que é Deus! Já não é mais uma Unidade, um Princípio da Existência, mas a
Unidade da Realidade na Unidade da Consciência de cada um de nós. O que dirige e governa todos os
caminhos e é a totalidade da Realidade. Mesmo que nós não queiramos as Tentações, as tristezas, as
adversidades, o sofrimento, pois a PAZ é própria do Céu e alegria do nosso Ser, Deus percebe que sem as
tentações nesse mundo, sem as adversidades, nós não teríamos como reconhecer aquilo que é bom, aquilo
que é agradável, aquilo que é puro, aquilo que é louvável, aquilo que é a PAZ e a ALEGRIA. Nós não
conseguiríamos reconhecer a Realidade, nós não conseguiríamos reconhecer a própria excelência Dele
mesmo, e com isso, nós não conseguiríamos SER DE VERDADE, seriamos apenas SERES com sentimentos
embutidos na nossa personalidade, robôs, por fim. Por isso, a liberdade é o maior e o mais excelente Dom
Divino, porque é a partir dela que podemos viver justamente com Deus, participar de sua Criação, de sua
alegria, de sua vida Bem aventurada e excelente, de sua Jornada Grandiosa e sem igual!
E esse é o motivo de tudo!
ELE NOS QUER, ELE SEMPRE NOS QUIS!
‘’Mário não morreu na cátedra, mas em casa, cercado de seus
entes queridos - sua esposa Yolanda, suas filhas Yolanda e
Nadiejda, seus genros Fernando e Wilmar: os únicos
verdadeiros aliados e colaboradores que tivera numa vida de
batalhas e construções. Sentindo aproximar-se o instante
derradeiro, o filósofo pediu que os familiares o erguessem.
Morrer deitado, afirmou, era indigno de um homem. Morreu
de pé, recitando as palavras do Pai-Nosso."

(Trecho da introdução de Olavo de Carvalho ao livro "Sabedoria


das Eternas Leis" de Mário Ferreira)
Sumário

Prefácio ......................................................................... 22

1- Relatos .........................................................................23
1. Relatos de vários admiradores do Professor e incomparável
filósofo Mário Ferreira dos Santos. ..........................................23
2. Publicações do Professor e filósofo Olavo de Carvalho no
facebook, de 2012 até 2020 sobre o Mário Ferreira dos Santos.32

2- Textos ......................................................................... 50
1. Transcrição de 10 Áudios preciosos, informativos e de muita
necessidade mostra-los na presente edição dessa Revista..........50
I. Biografia de Mário Ferreira dos Santos ..................................50
II. Entrevista ao Pe. Stanislavs Ladusãns ....................................55
III. Soneto de S. Francisco Xavier ................................................65
IV. Sobre o Comunismo ...............................................................68
V. A Incredulidade do Homem Moderno ..................................69
VI. O Campo Cultural Moderno .................................................71
VII. O Pitagorismo e a Época em que Vivemos .............................73
VIII. Sobre a Verdade ....................................................................77
IX. Sobre a Eternidade .................................................................81
X. Sobre a Felicidade e a Vida Interior.........................................84

2. Artigos de diversos autores, de conteúdo muito valioso para o


estudo da obra do Mário Ferreira dos Santos.............................86

I . Quem tem medo de Mário Ferreira dos Santos?, por Elvis


Amsterdã.........................................................................................86
II. Mário Ferreira dos Santos sou eu e sei do que escrevo, por
Elvis Amsterdã. ...............................................................................89
III. A Metafísica de Mário Ferreira dos Santos, um Autodidata
Brasileiro, por Sidney Silveira. .......................................................91
IV. Mário Ferreira dos Santos e o nosso futuro, por Olavo de
Carvalho. ........................................................................................93
V. A tragédia do estudante sério no Brasil, por Olavo de Carvalho..99
VI. O Futuro do Pensamento Brasileiro, pág. 61-63, Olavo de
Carvalho) .......................................................................................103
VII. O plano e o fato, por Olavo de Carvalho................................105
VIII. Mário Ferreira dos Santos | Homens que você deveria
conhecer, por Shâmtia Ayômide.........................................107
IX. A Profecia de Mário Ferreira dos Santos, por Marcos
Boldrine..................................................................................110
X. Entrevista Bruno Tolentino: Quero o país de volta...............112
XI. Mario Ferreira dos Santos – Entrevista ao Padre Stanislavs
Ladusãns. ..............................................................................118
XII. A redescoberta da filosofia no Brasil I – Panorama Geral, por
Felipe Cherubin. ....................................................................131
XIII. A redescoberta da filosofia no Brasil II – Mário Ferreira dos
Santos, por Por Luis Mauro Sá Martino................................134
XIV. A redescoberta da filosofia no Brasil III – Vicente Ferreira da
Silva, por Rodrigo Petrônio...................................................141
XV. Biografia da “Enciclopedia Filosofica”- Centro di Studi
Filosofici di Gallarate. Firenze, G.C. Sansoni Editore, 1969-146
XVI. Mário Ferreira dos Santos: O Portentoso Criador da Filosofia
Concreta, História da Filosofia no Brasil, 4 volumes, por Jorge
Jaime.......................................................................................148
XVII. Por que reler Mário Ferreira dos Santos Hoje?, por Carlos
Aurélio Mota de Souza. ..........................................................168

3- Os 5 Pontos para o Estudo da Obra do Mário


Ferreira dos Santos.............................................178
1. Lista dos Livros ........................................................................ 178
2. Lista dos Áudios ...................................................................... 186
3. Lista dos Jornais....................................................................... 192
4. Lista dos Trabalhos ou Citações............................................... 199
5. Lista das Fotos ..........................................................................221

4- Futuro ........................................................................ 262


1. O Sonho de uma nova edição completa e em capa dura da
‘’Enciclopédia das Ciências Filosóficas e Sociais’’............262
Feliz Aniversário Mário!
‘’Nesse ano de 2021 o Mário Ferreira dos Santos completaria 114
anos de Idade! Vocês sabiam que a pessoa mais idosa do mundo
atualmente tem 118 anos? É a Kane Tanaka, do Japão, ela fez
aniversário ontem, nasceu dia 02 de janeiro de 1903, não é
extraordinário? Você pode ir até ao Japão e vê-la, conversar com ela, é
algo incrível! O Mário nasceu no dia 03 de janeiro de 1907 e se ainda
vivesse até hoje faria 114 anos, mas a sua Voz é Eterna, a sua
‘’Enciclopédia das Ciências Filosóficas e Sociais’’ permanece para todos
os Séculos da história desse mundo, a sua personalidade influenciará
todas as pessoas virtuosas e que possuem um grandioso coração,
pronto para ouvir a sabedoria e persegui-la!
O Mário está vivo hoje! Continua tocando e ensinando a todas as
pessoas sinceras e que buscam a verdade! Quando nós escutamos a sua
magnífica e poderosa voz, a nossa alma é tocada por uma chama
luminosa e abrasadora da verdade, as questões mais altas clareiam-se
em nosso entendimento e as nossas aspirações em desejar um outro
lugar mais elevado e eterno, justo e bom é preenchida igual a um vale
ou deserto que logo é inundado pela pureza da transparente e
transbordante Água que alivia os nossos corações e preenche todo o
nosso ser com Beleza! O Mário causa esse efeito em nós! E é algo que
mesmo se passarem 300 anos, 500 anos, 1 milénio, ainda vamos
continuar a sentir toda as vezes que ouvirmos a sua voz, porque o
desejo de eternidade, de beleza, de justiça, de amor, de algo sublime e
duradouro, de buscar a verdade de todas as coisas é o que está no mais
íntimo de todo o coração humano!
Feliz Aniversário Mário!! Todos nós te amamos e não vemos a hora
em que o veremos com os nossos próprios olhos, te abraçaremos e te
escutaremos por toda a eternidade, na Glória Celeste!!!’’

(03 de Janeiro de 2021)


Prefácio

É com muita alegria que nós entregamos em suas mãos leitor(a), a Revista
do ICL- Instituto Cultural ‘’Logos’’ 2021!
Nós esperamos que você aprenda muito com os textos que organizamos
aqui e descubra ainda mais quem foi o Filósofo Mário Ferreira dos Santos. Que ao
saber quem ele foi, também saiba a dimensão inabarcável da sua Obra e Filosofia.
Organizamos aqui vários Relatos de admiradores e leitores do Mário, que
escreveram sobre a sua extraordinária e admirável inteligência, personalidade
magnânima e altíssima.
Também organizamos textos publicados pelo Filósofo Olavo de Carvalho
em seu Facebook, dos anos de 2012 até 2020
Logo em seguida organizamos a Lista dos Livros publicados pelo Mário
Ferreira dos Santos, a Lista dos Áudios, que somam mais de 100 Áudios, a Lista
dos Jornais, Lista de Trabalhos ou Citações sobre as obras do Mário e, por fim, a
Lista de Todas as fotos que conseguimos encontrar até agora do nosso querido e
admirável Professor e Filósofo de Importância Mundial.
A alma do Mário é tão organizada e abrangente, unificada e profunda, alta e
luminosa que quando ele fala parece que está lendo um Livro! Isso é o efeito da
educação dos Jesuítas e do crescimento em uma sociedade estruturada, como era
em 1920/30, no Brasil!
Decorar centenas de poemas e histórias da literatura universal, ler em 8
idiomas, transcrever a mão páginas inteiras de textos de filosofia da escolástica,
ler centenas de livros seguindo uma estrutura, um sentido, um método é algo que
já não existe mais na educação atual.
Essa paisagem grandiosa da educação de uma alma é um vislumbre tão
distante dos nossos tempos que toda a educação que recebemos nas escolas e
universidades não passa de agitação do próprio ego, servindo apenas para a
revolução do lumpenproletariado!
A influência da vida, da obra e dos Áudios do Mário correrão os séculos e
triunfarão em glória, sob a coroa laureada de ouro, nos trilhos dos corações de
todos aqueles que são sincero de propósitos e verdadeiros de espírito.
Agora, em suas mãos, está mais uma pequena iniciativa, que tem o objetivo
de tornar mais veloz a corrida gloriosa do legado do pacífico, combativo, caridoso,
indestrutível, Filósofo Excelente, que eleva a todos para os valores mais altos da
humanidade e para a realidade concreta, que paira sobre as nuvens mais altas dos
horizontes celestes das Soberanas Leis Eternas, o Mestre:
Mário Ferreira dos Santos!

Aproveite, aprenda muito e faça correr também mais rápido essa chama
gloriosa, que ilumina todos os cantos do mundo pela Verdade!

[22]
1 - Relatos
1-Relatos de vários admiradores do Professor e incomparável
filósofo Mário Ferreira dos Santos.

‘’Quando eu pensei que tudo estava perdido, veio o Olavo de Carvalho com a
mensagem de Mário Ferreira dos Santos. Ele foi o Sócrates da minha vida. E com
os ensinamentos que adquiri, espero poder um dia ser o Sócrates da vida de
alguém. Entendo que só assim poderemos formar aquela juventude que, como
exclamou Mário Ferreira dos Santos, apoiou Aristóteles.’’ (Petri Marinho)
***

‘’O Mário me ajudou a entender que o conhecimento e a simbólica são as melhores


vias para o homem moderno recuperar a fé. ‘’ (Ítalo Maia)
***

‘’O Mário Ferreira dos Santos me apresentou a teoria dos três graus de abstração
e a partir dela me ajudou a compreender que a metafisica aristotélica não é urna
falsa filosofia construída sobre entes ficcionaís, mas urna ciência fundamentada
em entes reais intuídos pela experiência humana., e, portanto, a metafisica
aristotélica teria a mesma validade objetiva quanto as outras ciências como a
física e a matemática, por exemplo. ‘’ (Lucas Gabriel Alves)
***

‘’Uma ocasião que mostra como ele tinha um grande apreço pelo conhecimento:
Ele abandonou uma das palestras que estava dando, porque havia acabado de
formular, enquanto palestrava, aquilo que viria a ser conhecido como ‘’Filosofia
Concreta’’, a sua grande obra. Isso é fantástico! ‘’ (Fabiano Villas Boas)
***

‘’A Filosofia da Crise trás paz no momento de tristeza e prudência nos momentos
felizes.’’ (Heitor Siva)
***

"Decidi iniciar o estudo da Enciclopédia das Ciências Filosóficas e Sociais. Comecei


pelo Livro ''Curso de Oratória e Retórica. Estou a fazer os exercícios propostos
pelo Mário Ferreira. Estou tão impressionado com o domínio do Autor sobre as
Figuras de Retórica, que chego a conclusão de que este livro deveria estar
figurando entre os essenciais em todas as aulas de Literatura e Produção textual
desde 1953, ano de lançamento.’’ (Aldo dos Santos)

***

[23]
***

'’Cansei de dizer que o Barão de Mauá foi, é, e será um dos maiores exemplos do
nosso pais. Eis que nesse instante, deparo-me com o seguinte relato do Mário
Ferreira dos Santos: "Mauá foi o divisor de águas em nossa história, foi o instante
em que se abriram as portas do nosso destino. Se seguíssemos a linha
recomendada por ele, se o tivéssemos compreendido, se tivéssemos seguido as
suas lições, hoje seriamos a maior nação do mundo.’’ (Londerson Araújo)

***

‘’Eu tenho 15 anos, dois meses antes de fazer 15 anos, eu conheci um grande
filósofo chamado Mário Ferreira dos Santos, eu não lí muito sobre o Mário, mas
ele vem mudando muito a minha forma de entender o mundo. Eu gosto muito de
uma frase dele: ‘’A grandeza do homem está em superar as condições que lhe são
adversas. Quando, pela sua mente, munido apenas do pensamento, penetra no
que há de mais profundo, invade o que se lhe oculta aos olhos, e consegue
descobrir os nexos das causas remotas e da causa primeira de todas as coisas,
descobre ele que há uma fonte de todas as coisas que, pela sua eminência e pelo
seu imenso valor, ele respeita e ama. Só quando o homem consegue elevar-se
acima da sua contingência e alcançar esse ser supremo, e humildemente lhe
presta a homenagem que ele merece, então o homem consegue ultrapassar os
seus próprios limites, porque no mesmo instante em que os vence, ele supera a si
mesmo.’’ – Filosofias da Afirmação e da Negação. (Alan Otero)

***

‘’Mário Ferreira dos Santos para mim é o diamante bruto que precisa ser lapidado
pelos melhores artesões da genialidade da inteligência. É o ouro fino, escondido
entre as profundezas da alma e do solo. É o suspiro do desesperado pelo ar do
Céu. É a água, refrigério dos peregrinos do deserto. O Mário é a Esperança do
Brasil e das Nações. Absolutamente toda a sua Filosofia Prova que ele é um
Presente dos Céus, um milagre que Nosso Senhor nos deu em tempos obscuros.’’
(Arthur Chagas)
***

‘’Mário Ferreira dos Santos é um gigante. Ouvi um Áudio sobre Eras culturais.
Desta aula conseguimos visualizar de forma mais ampla os acontecimentos
revolucionarias que pipocam e se unificam pela história. Interessante que muitas
vezes nos Áudios, aparentemente seus alunos parecem displicentes quanto ao
conhecimento do professor Mário, este fato é um sinal que só um grande gênio
reconhece outro!’’ (Petter Roberto)
***

‘’O nome dele foi citado pelo o Olavo de Carvalho, assim tomei conhecimento da
sua obra’’ (Remo Ferrari)
***

[24]
***
‘’Mário Ferreira dos Santos, podemos passar décadas aqui falando sobre ele! O
que ele fez em mim em relação a vida não tem preço: Aproximou-me do que
realmente é necessário. Hoje eu tenho muito claro em minha mente o que devo
fazer em minha vida e onde eu devo direcionar a minha existência terrena!
Obrigado Mario Ferreira dos Santos!’’ (Maurício de Carvalho)
***

‘’Graças ao Mário Ferreira dos Santos eu aprendi a ter fé no poder de penetração


do intelecto humano. A verdade existe e pode ser encontrada! Num período em
que reinam o relativismo, o ceticismo, e outras correntes anti-intelectuais que no
fim das contas depreciam as capacidades da mente humana, a vida e obra do
Mário são um testemunho poderoso de que é possível ir além das limitações
intrínsecas de nosso ser, desde que estejamos corretamente motivados e
portando as ferramentas filosóficas mais adequadas. Gratidão Eterna!’’
(Alberto Caleus)
***

‘’Ser génio é raridade, em nosso país muito mais que no restante do mundo. Mário
é um tesouro brasileiro que engrandece e existe dentro de cada um que se instruiu
em seus dizeres.‘’ (Heleno Carvalho)
***

‘’O Mário é o Filósofo da Eternidade! Sendo o Filósofo da Eternidade, o conceito


de Eterno do Filósofo me fez ver e perceber que as preocupações e tensões
cotidianas que todos nós temos em alguma medida (rusgas e mágoas do passado,
ansiedade ou medo com o que pode ocorrer conosco no futuro.. etc) são irrisórias
perto da Glória da Vida Eterna, que é a conjunção de todas as nossas alegrias
intensificadas em um encontro com Deus para além do mero tempo cronológico.‘’
(Victor Seiji Endo)
***

‘’O Mário nos faz lembrar que existe uma coisa chamada Realidade Concreta.
E isso nos faz perceber que não há nada mais importante do que O Próprio Deus.’’
(Jessé Silva)
***

‘’Um dos maiores ensinamentos do Mário Ferreira, que me atentaram para a vida
espiritual, que é a única a qual se é possível realmente viver, foi sobre as reflexões
em torno da eternidade, uma grandeza tamanha’’
(Albert Pinheiro Barboza)
***

‘’Aprendi com ele que a lei dos ciclos é verdadeira, portanto, ele me deu uma chave
de interpretação histórica MUITO útil. Devo ao Mário também o que ele
ensinou ao professor Olavo, isso e muitas outras coisas, fora a figura dele que é
para mim um ideal intelectual e, portanto, um dever a ser alcançado!’’
(Tiago Nóbrega de Salles)

[25]
***

‘’Lí pouco as obras do Mário, mas o pouco que li me marcou profundamente.


No prefácio do livro ‘’Filosofias da Afirmação e da Negação’’, ele cita o problema
da modenidade: Uma época de desintegração cultural e da perda do elemento
espiritual cristão na sociodade. Diagnosticado o problema, Mário se aventura a
construir um personagem que ocupe esse vácuo cultural. É nesse contexto que
nasce Pitágoras de Melo, o personagem principal dessa obra. Pitágoras passa a ser
o arquétipo do intelectual que o Mário almejava tornar-se, um homem culto, com
um pensamento dialético e fiel ao espírito filosófico.
Pitágoras de Melo passa a ser o elemento estético salvador na vida do Mário. E
por uma inversão um tanto inusitada vemos que o personagem criou o próprio
autor.’’ (Daniel Magalhães)
***

‘’Quando o Olavo de Carvalho afirma que o Mário Ferreira dos Santos é


comparável ao Platão, ele não está de brincadeira! Não conheço nenhum filósofo
no século XX que tenha sido mais erudito que ele e que tenha, ao mesmo tempo,
sido tão criativo. Para começar, que outro filósofo saberia dar esta lista em uma
entrevista?
"Atualmente, nada se estuda, nas escolas, da Filosofia Portuguesa dos séculos XV,
XVI e XVII. Parece que Portugal nada realizou; desconhece-se que, por quase dois
séculos, a Filosofia Portuguesa imperou no mundo. Desconhecem-se autores
como: Petrus Hispano; Antonio a Santo Domínico,.O.P.: Francisco Suárez, S.J., que
embora espanhol, viveu grande parte da sua vida intelectual em Portugal, onde
adquiriu o seu saber, além dos outros dois Francisco Soares, lusitanos; Martim de
Ledesma, espanhol de origem, cuja formação intelectual realizou-se igualmente
em Portugal; Francisco a Cristo, O.S.A., e Egídio da Apresentação, .O.S.A, Andréias
de Almada, S.J. ; Ludovico de Sotto Mairo, O.P.; Gabriel da Costa; Hector Pinto, O
S.; Hieron; Francisco da Fonseca, O.E.S.A; Manoel Tavares, da Ordem carmelitana
e Francisco Carreiro, da Ordem cisterciense; Jorge O Serrão, S.J.; Ferdnando Peres,
embora nascido em Córdova, foi outro que adquiriu a sua cultura em Portugal;
Ludovico de Molina, S.J., nascido na Espanha, viveu, contudo, a maior parte do seu
tempo em Portugal, onde estudou e foi discípulo de Pedro da Fonseca, S.J., o
Aristóteles português; Petrus Luís, S.J.; Antônio Carvalho, S.J.; Baltazar Álvares,
S.J.; Hieronimus Fernandes, S.J.; Gaspar Gonçalves, S.J.; Ludovicus de Cerqueira,
S.J.; Gaspar Vaz, S.J.; Diogo Alves, S.J.; Francisco de Gouvêa, S.J.; Ferdinando Rebelo,
S.J.; Gaspar Gomes, S.J.; Benedictus Pereira, S.J.; Sebastião de Couto, S.J.; Blásio
Viegas, S.J.; Emanuel de Góis, S.J.; Cosmas de Magalhães, S.J.; Pedro da Orta, S.J.;
João de São Tomás, O.P., para citar apenas alguns, Portugal nos deu esta floração
de filósofos, afora os mais conhecidos, como Sanches e outros, porque
correspondem à atual maneira de filosofar no mundo moderno.". (Fábio Salgado
de Carvalho)
(12 de Novembro de 2014)

***

[26]
***

‘’Todos os grandes filósofos Brasileiros, tais como: Olavo de Carvalho, Mário


Ferreira dos Santos, J. O. de Meira Penna, Otto Maria Carpeaux, são unanimes em
dizer que o verdadeiro problema da débâcle histórica brasileira é a de que o nosso
povo não têm, efetivelmente, uma consciência de eternidade! E, portanto, é
facilmente tragado por modas estrangeiras que chegam aqui e, de uma hora para
outra, como uma hecatombe nuclear, transformam e pervertem as toscas
cabecinhas brasileiras que, invariavelmente, são levadas, por "um vício
antropológico incoercível", a de acharem que bugalhos são alhos e etc! Segundo o
Eric Voegelin, outro grande filosofo alemão, diz que a consciência de eternidade,
é a fonte da historicidade humana consciente, pois, o homem, reconhecendo-se a
si mesmo sob a imediação de um ser divino onipresente e onisciente percebe,
através da sua imutabilidade e perfeição, os elos universais que levam ele a intuir,
naturalmente, o supra-tempo, desde onde a vida humana, bem como toda a
sociedade encontram a sua fundamentação ontológica e justa de ser! Os povos
que não tinham a consciência do eterno e do transcendente, pois não se
reconheciam sob a imediação divina, mas do cosmos, ficavam presos a um circulo
infindável dos ciclos naturais onde, para sincronização da sociedade à ordem
cósmica, faziam-se necessários que fossem realizados ritos periódicos de
reinicialização da ordem cósmica, por via ritual simbólica! Olhando para o Brasil,
para o carnaval, boi bumbá, festa junina e etc, seria um absurdo completo dizer,
portanto, usando aí a malha conceitual dos grandes filósofos citados, que o Brasil,
apesar de ser um país participante do conjunto dos povos cristãos, inserido em
uma civilização ocidental cristã, onde a sua matriz é, efetivamente, a consciência
de eternidade, a consciência de que somos todos feitos à imagem e semelhança de
Deus, é, na verdade e por força dos fatos, um país cosmológico que, por não ter
uma consciência de eternidade, está preso a rituais cíclicos, como o carnaval e etc,
para renovar a constatação da sua existência no cosmos?! O Brasil, a despeito de
ser o "maior país católico do mundo", não seria, portanto, fundado em uma égide
de fundo gnóstica e pagã?! Não seria por causa disso que, as religiões politicas,
encontraram em terras tupiniquins, um solo fértil para as suas concepções
religiosas de fundo imanente?! Na boa, a alma brasileira está totalmente
desordenada e somente poderá ser ordenada pela primeira vez, se cada um de
nós, efetivamente, deixando-nos guiar pelos grandes filósofos, fizermos,
eficazmente, um longo processo de depuração anamnética de nossas tendencias
espirituais nocivas e auto-contraditórias com o verdadeiro espírito cristão e,
infelizmente ou felizmente, não sei, essa tarefa parece que é a responsabilidade
premente dessa geração, pois se não for levada à cabo agora, corremos o risco de
nos inviabilizarmos historicamente como uma nação independente e soberana!’’
(Haroldo Monteiro) (21 de dezembro de 2015)

***

[27]
***

‘’Quanto mais leio da filosofia espanhola, estabelecida por nomes como Xavier
Zubiri, Pedro Laín-Entralgo, José Ortega y Gasset, Julián Marías, Alfonso López-
Quintás, Miguel de Unamuno e Diego Gracia, mais percebo o quanto estamos no
fundo do poço em termos filosóficos. São gigantes que escalaram sobre o ombro
de outros gigantes!
Precisamos de muitos outros como Olavo de Carvalho e Mário Ferreira dos
Santos.’’ (Hélio Angotti Neto) (21 de Julho de 2017)

***

‘’Eu conheci o Mário Ferreira dos Santos antes de conhecer o Olavo de Carvalho,
mas o meu único motivo de me vangloriar é que eu pressenti que o Mário era
muito bom, porque eu lia seus livros e aquilo me despertava grande interesse e
certo receio, já que ele falava de técnicas budistas de respiração, psicologia
profunda, símbolos e religiões e na minha cabeça de adolescente evangélico isso
me despertava temor. Não cheguei nem perto de dimensionar o Mário
devidamente, como o professor Olavo fez, ensinando-nos que ele é um dos
maiores filósofos do mundo do século XX e podia conversar de igual para igual
com Platão. Foi o Olavo quem me mostrou que o Mário é um gênio fantástico e
incompreensível no que diz respeito às mutações drásticas de qualidade que
sofreu na vida, saltos qualitativos impressionantes. Eu achei, certa vez, o "Curso
de Oratória e Retórica" num sebo, pois me interessava muito pela arte de falar; li,
vi que era muito bom e, depois, vieram outros tantos, como "Práticas de Oratória"
e "Técnicas do Discurso Modernos". Comprei vários livros dele, vários num sebo
em Vitória-ES, outros de um amigo e um ou outro eu xeroquei de uma biblioteca.
Particularmente, gosto muito do estilo do Mário.’’ (Jelcimar Rouver Júnior) (25 de
agosto de 2019)
***

‘’O Mário Ferreira dos Santos escreveu que o Ocidente perdeu o sentido
transcendente (katholicon dos pitagóricos) que englobava e harmonizava todas
as oposições da sociedade, conferindo a ela sua unidade. Com a Modernidade, tal
sentido transcendente foi esquecido e sobraram apenas o que o próprio Mário
chama de diácrise e síncrise. A diácrise é um movimento de afastamento, de
agravo da crise, em que as partes em oposição se radizalizam. Já a síncrise é o
movimento contrário; é uma aproximação, em que os opostos aceitam conviver
juntos numa certa proximidade. A síncrise, porém, é forçada, mecãnica, não
orgãnica, justamente porque falta o sentido transcendente da sociedade. Assim,
mais cedo ou mais tarde a pseudounidade se desfaz. Somente a religião, para o
Mário, pode dar essa transcendência e harmonizar os opostos.’’ (Jelcimar Rouver
Júnior) (18 de Janeiro de 2021)

***

[28]
***

‘’O Mário é o maior no sentido de que revelou as leis mais altas dos mais altos
princípios, e tudo de forma englobante, além de ele resolver aporias e contradições. Ou
seja, ele limpou o mato da situação atual da filosofia e revelou o ‘’axis mundi’’ de forma
cristalina, revelando toda a cosmologia natural (Aritmologia) de origem pitagórica que
culmina num saber ontológico riquíssimo e eterno, e o fez de forma original
concretista. Ou seja, o Mário trouxe a Filosofia de volta aos seus criadores e guardiões
pitagóricos-platônicos!
O que é o ‘’Axis Mundi’’?
É a ponte que liga o mundano com o eterno, ao que ele o faz no sentido sapiencial
obviamente. O ‘’Axis Mundi’’ é o Eixo Axiológico, composto por princípios, e que Mário
define muito bem, principalmente no seus tratados de sabedoria dele.
Quando o professor Olavo diz que o Mário é o único que consegue dialogar de Igual
para igual com Platão e Aristóteles, só isto já significa que ele é o maior dos nossos
tempos. Só precisa ser descoberto, tal como um Aristóteles que demorou para ser
devidamente reconhecido.’’ (Caio Mattos)

***
‘’Da escola à universidade, só encontrei escritores de gênio (ensaístas, ficcionistas,
poetas) entre almas muito remotas no tempo e há muito, portanto, ausente no espaço,
tudo levando a crer que solo nacional se havia tornado infertil aos grandes artistas, aos
grandes Filósofos, aos grandes ciêntistas. Um cenário assim parece sobrepairado por
uma mediocridade cósmica, matando no nascedouro, pelo desanimo e pela depressão
qualque aspiração à exceltude espiritual.
Para mim foi alentador descobrir a existência do Filósofo Mário Ferreira dos Santos.
Tudo na sua obra, dos escritos às palestras, parece a extensão literária do homem
empírico, a clareza do estilo, a amplidão e a profundidade do conhecimento, a pureza
das emoções... Não tenho a capacidade para lhe fazer uma homenagem justa, pois ainda
sou amador no estado de sua obra, dentro da qual ainda entendo pouca coisa, tudo
nela, porém, faz transparecer a genialidade, dotação que a gente percebe
instintinvamente, antes de qualquer sondagem racionalista, que só faz conformar
depois os dados da intuição.
O Olavo fez um trabalho inestimável ao disseminar autores que aqui não eram lidos, e
fez, acima de tudo, um trabalho redentor quando desenterrou Mário Ferreira do
anonimato, onde jazia durante anos. Isso prova, talvez, que nosso povo não é obtuso
por natureza, mas que pode, pela recuperação da obra dos nossos gênios, sacudir da
alma o torpor da burrice e desespero que o tem turbado e rebaixado medonhamente.
Talvez a nossa angústia tenha cura, embora esse processo seja muito lento.’’
(Pablo Ferreira)

***

[29]
***

Publicação do Eduardo Levy, (2 de julho de 2020)

A origem dessa história está no começo do Áudio "São Tomas de Aquino e a


Sabedoria - Conferência".

É imperdível e muito bonito o Mário Ferreira contando sobre ela!


‘’Certo dia, o aluno mais talentoso de Mário Ferreira dos Santos procurou-o para
informar-lhe que deixaria o curso do filósofo. "Perdi a fé, tornei-me ateu", disse.
Sereno, o sábio lhe disse mais ou menos o seguinte: "Esqueça a doutrina, a
teologia, a filosofia. Pensemos em Cristo como uma figura literária, um arquétipo.
Temos na literatura alguns ideais de seres humanos perfeitos ou quase perfeitos.
Pense em Cristo como um deles. Se o fizer, você verá que ele é mais perfeito do
que todos. Cristo é maior que Odisseu, que Quixote, que Hamlet, que todos. E você
tem de admitir que Ele é realmente perfeito, é de fato o que o homem seria se
fosse perfeito, e uma sociedade de pessoas como Ele realmente seria perfeita. E
você tem de admitir também que nenhum ser humano seria capaz de inventar
um personagem desses, um Homero, um Cervantes, um Shakespeare não seria
capaz de conceber alguém como Ele.
O aluno era honesto. Incapaz de discordar, teve de concordar. Ele voltou ao curso
e se tornou padre.’’

But you don’t really care for literature, do you...

***

[30]
***

"Meu avô era um ser iluminado, um pensador, um sonhador e as suas Obras são
para a Humanidade.
Hoje moro em Serra Negra - SP, na casa que meu avô mandou construir em 1954
e sonhava um dia vir morar entre as montanhas.
Tenho vagas lembranças do Professor, mas me lembro dele na varanda sentado
a frente de uma pequena mesinha onde ficava sua inseparável máquina de
escrever, ele ficava horas escrevendo, admirando a paisagem e tomando seu
chimarão. Lembro-me dele falando e gesticulando sentado no banco da frente
do Ford Aero Willis à caminho de Serra-Negra. Lembro do seu cheiro e do cheiro
da fumaça dos cachimbos.
Recordo-me dele sentado em sua poltrona em frente à uma mesa enorme e ao
lado o balão de oxigênio, na sala do apartamento 45 na Rua: São Carlos do Pinhal
485, os vários alunos chegando e ele dando aulas, e uma ocasião me chamou a
atenção: Ele adentrar a sala em meio a uma aula, correndo e brincando.
Bons tempos, uma pena ser tão novo e não perceber a grandiosidade desses
momentos.
Me lembro de um dos alunos de meu avô que vocês podem ter conhecido.
Seu nome era Tomas de Aquino.
Me lembro, porque ele acabou por fazer amizade com meu pai e por anos depois
da passagem do Professor ele frequentou nossa casa.
O Tomas era um cara mais jovem. Um dos únicos que lembro de frequentar as
aulas do Professor.
Meu pai, Fernando Santos, conviveu muito com meu avô. Tem várias passagens
na lembrança, pois sempre acompanhava o Professor nas sua palestras.
Meu pai me contou que várias vezes ele perguntava: "Professor, qual vai ser o
tema da palestra de hoje? E meu avô respondia que não fazia a mínima idéia.
Muitas vezes foi de improviso.
Fernando, meu pai, sempre acompanhava meu avô nas idas às palestras e
aulas. Sempre ia dirigindo e conversando, ouvindo o Professor."

(Alberto Lhullier Burguete Santos, neto do Mário Ferreira dos Santos – 2017
Depoimento no Grupo Filosofia e Obra de Mário Ferreira dos Santos)

[31]
2- Publicações do Professor e Filósofo Olavo de Carvalho no
facebook, de 2012 até 2020, sobre o Mário Ferreira dos Santos.

"A compreensão intuitiva dos números 1 a 12 mil como formas lógicas da possibilidade
universal, realização filosófica do nosso Mário Ferreira dos Santos, é UM BILHÃO de
vezes mais importante e mais valiosa do que todos os fenômenos sinestéticos do
mundo. Um calculador prodígio pode ser um idiota completo. O gênio verdadeiro
implica uma compreensão abrangente, uma sabedoria -- noção que parece cada vez
mais inapreensível ao establishment acadêmico deslumbrado ante "fenômenos" e
incapaz de distinguir entre a inteligência e os mecanismos cerebrais de que ela se
serve. A perda da noção da inteligência, substituída por seus símbolos materiais, é
talvez o elemento mais macabro da civilização moderna."
(Olavo de Carvalho) (1 De dezembro de 2013)

***
Eduardo Gabriel -> Olavo de Carvalho
(2 de maio de 2013)

Professor, tenho uma curiosidade:


Se fosse possível, hoje, um encontro com o grande Mário Ferreira dos Santos, o que o
senhor lhe perguntaria?

Olavo de Carvalho
Eu perguntaria como ele desejaria que seus textos fossem editados. A melhor coisa do
mundo, para um editor de textos, é ter um autor vivo para dirigir pessoalmente o
trabalho de edição. E, para um autor falecido, é ter um editor póstumo que compreenda
isso.

Eduardo Gabriel
Imaginei mesmo uma resposta nesse sentido. Porque entre o editor e o autor falecido
deve haver um obstáculo de compreensão.
E alguma pergunta estritamente filósofica, professor, você teria?

Olavo de Carvalho
Eu pediria que ele me esclarecesse tim-tim por tim-tim as relações entre a Mathesis
considerada como pura combinatória formal e como ontologia substantiva.

Comentário do Vitor Matias II:


Essa pergunta do Olavo é um pepinão. Se tem uma coisa que o Mário não faz nos livros
é explicar o processo da coisa - o tim-tim por tim-tim. Aí o leitor precisa reconstruir o
texto enquanto lê e isso equivale a produzir um comentário sobre Mário.

***

[32]
Notas para um artigo:

‘’Admiração é o contentamento em reconhecer uma superioridade objetivamente


invencível; a gratidão a quem fez algo de bom que nós mesmos não conseguiríamos
fazer. Distingue-se do mero aplauso, que o artista ou escritor realizado concede ao
principiante quando este o iguala ou até o supera um pouquinho. Aplaudo
entusiasticamente alguns dos meus alunos, mas reservo minha admiração para Mário
Ferreira dos Santos, Bruno Tolentino, Heitor Villa-Lobos e outros que fizeram algo que
me enriquece e que transcende a minha capacidade de fazer igual, seja porque meus
esforços tomaram outra direção, seja porque, na mesma direção, eles foram mais longe
do que meu fôlego permitiria. Não há admiração, evidentemente, sem gratidão e amor.
Aqueles que foram grandes em fazer o mal merecem nosso espanto, talvez algum
temor que não chega a ser reverencial, às vezes até uma ponta de fascínio hipnótico,
jamais admiração.
A admiração é um sentimento que se tornou raro e quase proibitivo no Brasil dos
últimos anos. Foi substituído, seja pela badalação de conveniência, seja pelo elogio
condescendente. A primeira, lançada na praça por algum grupo ou partido interessado,
consolida-se em senso comum ao ser infindavelmente repetida por uma massa de
patetas que não têm o menor conhecimento pessoal da existência ou inexistência dos
méritos alegados. Pessoas que não conseguiriam ler cinco páginas de “A Nervura do
Real” concederam a D. Marilena Chauí, dias atrás, a homenagem sublime de promovê-
la a co-oficiante de uma missa. Não fariam isso se tivessem lido os escritos da
homenageada, que são efusões de anticatolicismo militante. Fizeram porque alguém
interessado as mandou fazer. Vale tanto quanto títulos de Doutor “Honoris Causa”
concedidos a quem não poderia honrá-los com uma redação de ginásio.
Já o elogio condescendente, num país onde todo mundo sofre críticas aviltantes desde
que nasce, passa às vezes como gesto de simpatia e até mesmo como efusão de
generosidade, que você tem de receber com lágrimas de comoção sob pena de parecer
ingrato.
Mas o elogio condescendente não chega sequer a ser um aplauso. Neste, o homem
vitorioso, o juiz que julga e aprova, se coloca fora do palco, discretamente, não digo
somente para não humilhar, mas para nem mesmo incomodar o homenageado
inexperiente. Fala dos méritos deste como sem compará-lo a um padrão superior que
os diminuiria.
Já no louvor condescendente o juiz vai para o centro do palco e sugere que o candidato
aprovado é quase, quase tão bom quanto ele.’’ (Olavo de Carvalho)
(10 de setembro de 2013)
***
‘’Neste país muitas pessoas só são capazes de elogiar no tom condescendente de um
chefe de banca que aprova um mestrando. Reconhecem qualidades, mas não
superioridade. Louvam de modo a louvar-se implicitamente muito mais. Imaginem o
quanto seria ridiculo eu fazer isso com o Mário Ferreira dos Santos, embora a distância
que me separa dele seja bem menor do que a que existe entre meus apreciadores
condescendentes e eu.’’ (Olavo de Carvalho) (1 de agosto de 2013)

***

[33]
***

‘’Quando me pergunto onde estou na história intelectual do Brasil, a resposta é clara:


como é um princípio historiográfico geral que o que conta na sucessão das gerações de
escritores e pensadores não é a idade cronológica e sim a idade de maturação
intelectual, e considerando que durante bom tempo da minha vida só tive diálogo com
pessoas trinta anos mais velhas ou trinta anos mais novas, o vazio cultural que as
separava apontou o lugar que era o meu e que estou ocupando o melhor que posso:
minha função, nesse quadro, é saltar sobre uma geração de mentecaptos e vigaristas,
fazendo a ponte entre os avós falecidos e os seus netos órfãos, abandonados, rejeitados
ou abusados pelos pais. Espero que meus alunos se sintam mais próximos da geração
de Manuel Bandeira e Mário Ferreira dos Santos do que da dos Janines e similares.’’
(Olavo de Carvalho) (11 de outubro de 2013)

***

‘’O grande erro dos sucessivos ensaios de renovação cultural do Brasil foi modelar-se
pela cultura contemporânea de algum país mais avançado. Isso não é renovação, é
macaqueação, é adoção de modas e estereótipos, como o modernismo de 22, a reforma
educacional de Anísio Teixeira ou o gramcismo-frankfurtianismo dos anos 60. A única
renovação autêntica tem de inspirar-se no patrimônio atemporal da cultura universal.
Mas como é que vou fazer os entojadinhos de todos os naipes entenderem que é mais
importante estudar Aristóteles ou Lao-Tsé do que estar atualizado com a última
opinião do dr. Hawking ou de quem quer que seja? É claro, devemos acompanhar os
debates internacionais, mas não modelar-nos por eles, porque eles passarão e, se os
copiarmos, passaremos com eles.’’ (Olavo de Carvalho) (1 de fevereiro de 2014)

Comentários:

Olavo de Carvalho
O mais irônico de tudo é que temos aqui mesmo pelo menos três modelos excelentes
de como inspirar-nos no patrimônio universal: Mário Ferreira dos Santos, Gilberto
Freyre e Otto Maria Carpeaux ensinaram a fazer isso.
Em resumo : não se faz uma renovação cultural imitando produtos acabados, mas indo
à fonte mais remota. Os modelos do pensamento conservador, por exemplo, não são
Thomas Sowell nem Peter Kreeft. Não é nem mesmo Edmund Burke. São a Bíblia,
Aristóteles e Confúcio.
***

‘’Prestem atenção: O Mário Ferreira dos Santos foi e será PARA SEMPRE mais
inteligente do que eu. Ele é a medida máxima da inteligência no Brasil.
O que o Mário Ferreira deu a este país ultrapassa o total das necessidades nacionais.
Quem precisa dele, por enquanto, são europeus e americanos.’’ (Olavo de Carvalho)
(2 de dezembro de 2014)

***

[34]
***

“Prezo todos os homens inteligentes, mas prezo muito mais aqueles que, além de ser
inteligentes, têm a coragem de prescindir do apoio de grupos e capelas, como fizeram
o Mário Ferreira dos Santos e o Vilém Flusser, ainda que pagando por isso o preço do
ostracismo”. (Olavo de Carvalho)

***
‘’Há muitos filósofos de enorme talento hoje em dia, mas nenhum que eu desejaria
imitar. Talvez Harry Redner, em parte. Mas meus modelos mais recentes ainda são Eric
Voegelin, Louis Lavelle, Bernard Lonergan, Mário Ferreira dos Santos e Rosenstock-
Huessy. Depois não veio mais ninguém que eu desejasse imitar. O próprio Xavier Zubiri
é alguém que admiro mas não tomo como modelo. Lonergan ficou famoso por suas
descobertas no campo da epistemologia e da teologia. Mas leiam os livros de economia
que ele escreveu, e caiam de costas.’’ (Olavo de Carvalho) (19 de dezembro de 2014)

***
‘’Se nem o Olavo de Carvalho eles agüentam, como poderiam tolerar um Mário Ferreira
dos Santos? E nem gritam "Abajo la inteligencia, viva la muerte", porque têm medo de
morrer. Em vez disso, é "Abaixo a inteligência, viva a maconha."
(Olavo de Carvalho) (17 de outubro de 2014)

***

‘’Wellington Ricardo: Sobre a filosofia no Brasil o Julio Lemos escreveu: "Nós temos
Newton da Costa, Oswaldo Chateaubriand, Walter Carnielli, Carolina Dutilh Novaes... E
grandes autoridades em filosofia antiga, como Marco Zingano e Angioni; uma
autoridade em C. S. Peirce (Ivo Assad Ibri). E muitos lógicos de ponta que publicam às
vezes em filosofia."
OBS - O bom trabalhador acadêmico tem seus méritos incontestáveis, mas sobrepô-los
à genialidade pura de um Mário Ferreira dos Santos, como faz o Julio Lesma, indica
uma pequenez de alma quase abjeta. Antes de mim, outros observadores do Brasil já
notaram a propensão nacional de depreciar os méritos maiores e exagerar os menores
-- hábito que é uma defesa instintiva do medíocre contra uma grandeza que o humilha.
By the way, meu próximo artigo do DC, "Da mediocridade obrigatória", é exatamente
sobre esse fenômeno.’’ (Olavo de Carvalho) (22 de agosto de 2014)

Olavo de Carvalho
P. S. Às vezes nem é preciso ser muito medíocre para incorrer nesse vício desprezível.
O José Guilherme Merquior empinava o narizinho para falar de Platão com total
desrespeito, mas enaltecia até o céu as virtudes do seu chefe no Itamaraty, Afonso
Arinos de Melo Franco.
P. S. 2 - Quase sempre essa inversão é determinada pelo interesse de cortejar um grupo
profissional. A hierarquia funcional sobrepõe-se assim ao senso dos valores universais.
O Julio Lesma não é exceção. Seu futuro no mundo acadêmico depende inteiramente
do círculo de profissionais que ele louva e paparica. É uma ética de suínos.
Em outras épocas, esse vicio medonho se expressava no respeito maior que se tinha

[35]
aos gramáticos do que aos artistas criadores da literatura. Hoje, parece ser mais valioso
um trabalhinho técnico de lógica do que as mais altas e arriscadas especulações
filosóficas. O Brasil é assim. "As moscas mudam, mas a merda é a mesma."

Comentário do Thiago Cardoso

Todos esses, e não só o Julio, tendem a diminuir o Mario e você, Olavo.


Quando questionados sobre as obras, o conteúdo, fingem-se de mortos. Sempre se
juntam em torno de demandas pessoais mesquinhas relativas a quais cargos ocuparão,
que trouxas lhes darão dinheiro e na hora de dizerem um mísero conteúdo não dizem
bosta nenhuma. Só peidam. Julio Lemos foi num castelo da Alemanha fazer doutorado
e não consigo aprender nada com ele. O sujeito é vazio, nem como analista político
miserável serve. Peidorreirão de boca. Esses sujeitos se fixam no sr porque o sr tem
uma tendência pessoal à combatividade; o Mario ficaria no canto dele isolado desses
caras, porque esses caras causam doenças psicossomáticas em quem der muita trela.
Já estive algumas vezes pessoalmente e o sujeito só fala de cargos, cursos, onde vai se
dar bem. É um petista do intelecto. Não pensa em idéias, em assuntos, em temas, em
problemas. Pensam em que grupo poderão mistificar em paz. Aí topam com o sr. e
começam a tentar diminuí-lo citando outros autores que em nada tirariam o mérito do
sr ou do Mário.
Essa coisa de brasileiro pensar por cargos e não por si é matéria infinita de estudos em
psiquiatria clínica. Julio Lemos já foi tomista radtrad, já foi uma espécie de
"wittgenstein da roça", e nunca se afirma com nada. Nunca tem nada próprio fruto do
estudo e reflexão pra dizer ao mundo.
Então é um parasita mesmo. E pior, o parasita que cria dualidades imaginárias entre
uma banda que na mente dele produz (esses listados pelo sr) e outros que não
produzem nada.
Julio Lemos, Caio Rossi, Dídimo, esses caras não tem um conteúdo a dizer. O primeiro
é um pateta pernóstico narizinho empinado sem uma obra pra nos dar; o segundo é
uma teratologia humana viciado em pequenas intrigas (personagem de novela global)
e o terceiro gasta o próprio dinheiro do bolso pra acompanhar as andanças do Dugin
no Brasil.
Se você 'estudar' a produção intelectual do Caio Rossi, terá em mãos nada. Nada, nada
por que ele não se dedica à mínima reflexão; e mesmo quando pensa, usa categorias e
conceitos próprios do pensamento Olavo de Carvalho. É um tipo de olavete
enloquecido pela inveja. Quase que uma psicose da inveja.
Julinho se você pega pra ler é ainda pior. É um boçal que escreve teoremas bizarros ou
textos infantis. Na Dicta e Contradicta só sabe repetir coisas bobas que qualquer
criança com poder dedutivo chegaria com meia hora de reflexão.
Dídimo me assombra porque estrutura a vinda desse verme russo ao Brasil sob nossos
olhos e ninguém faz nada. Em países com autoconsciência intelectual o Dugin seria
escurraçado rapidamente.
Agora tem essa galera que fica difamando o sr. com histórias de sua vida, de eventos
passados que misturam à própria imaginação. Que nos importa saber que bife o sr.
comeu em 1973 ou que tariqa frequentou? Agora invocaram que o Gugu é muçulmano
e não param de falar isso como dementes.
São indivíduos que abdicam do próprio espírito e autonomia pra uma simbiose do ódio
e do rancor. E esse rancor como matéria de estudo é interessante; esse recalque contra

[36]
o sucesso alheio que permeia todas as relações. E não é um recalque popular, é um
recalque de sujeitos que, apesar de todo estudo que dizem ter, são hoje vazios, almas
que não dizem nada além de ódio e rancor. Quase que personagens duma novelinha
redigida por um rapsodo bêbado.
Aliás, o Caio Rossi é paulistano e vive por aqui. "Convivendo" pelo Orkut achava que
era um sujeito de uns 17 anos. O jeitinho histérico e burro de se expressar: a forma
leviana de tratar todas as coisas; a idéia delirante de que ele mesmo é um herói
muçulmano configuram esse cara com um caso de patologia pra se estudar e um
grande anti-exemplo. Toda vez que tentei conversar com ele, colocá-lo dentro dos
limites da realidade, ele levanta uma espada guerreira feita de textos.
Fico imaginando sujeitos como Dídimo e Caio Rossi num conflito de bar e já os imagino
cagados e chorando. Imaginar esses caras num conflito de guerra (imaginação de
punheteiro, pensar em guerra e "império yankee vs mama rússia" quando mal sabem
falar) é impossível para mim.
O irrealismo mental de perenialistas brasileiros e um ódio vago ao "ocidente" comeu o
cérebro deles. Logo vai ter Julio Lemos escrevendo junto de Dugin e falando que é russo
desde neném. Porque uma hora esses caras que nunca tem púbico precisam se reunir
pra cuspir megalomanias e ódios que herdaram do próprio fracasso.
A fraqueza e submissão mental desses caras vejo como um câncer, como um doença
mental grave: é uma psicoerotização de si mesmos. "Psicoerotização" seria algo
próprio da psicanálise. Deveriam procurar analistas psicanalíticos porque só um
psicanalista pra tratar ego deformado. Nos termos da religião não dá. Na religião não
pode mentir. Tem que ser honesto. Por isso tanta gente adere a religiões orientais
porque não fazem sentido em suas vidas quotidianas. São religiões usadas como
supositório mental.
Entrei aqui porque é uma briga minha também, ainda que não seja um autor publicado
ou filósofo. É uma briga minha porque cansei de ver gente abandonar a própria
inteligência pra viver em função de seus fracassos, traumas, recalques e rancores.
Julio Lemos, Dídimo, Caio Rossi (entre outros) parecem sereias que ficam tentando
chupar nosso cérebro pelas narinas, e nos deixarem vazios e ressentidos iguais a eles.

Olavo de Carvalho -> Thiago Cardoso

Disse tudo. Não há lugar para esses picaretinhas numa vida intelectual decente.

***
‘’Agradeço de coração o depoimento do prof Ricardo da Costa, e acrescento uns fatos
que me aconteceram anos atrás. Eu estava procurando ajuda dos ex-alunos do prof.
Mário Ferreira dos Santos, com a idéia de promover uma edição decente dos escritos
dele e também a redação de um livro com testemunhos dos que o conheceram.
Procurei pessoas importantes que tinham recebido dele não só ensinamentos
essenciais mas o estímulo pessoal sem o qual jamais teriam subido na vda.
Não vou citar nomes.
O primeiro com quem falei já fez cara de nojinho:
-- Ah, mas isso é comprometedor, porque o Mário tinha aquelas coisas meio
esotéricas...
Para cúmulo, o sujeito era maçom, esotérico portanto ele também até à medula. Se
fosse hoje eu teria respondido:

[37]
-- Isutérc ukralh!
Mas na época eu não sabia falar português.
O segundo foi um padre, que, do alto da sua sapiência, reduziu o Mário a "um bom
estudioso de Nietzsche.
-- Nítch ukralh!
O terceiro até que falou bem do Mário, mas interpretando-o à luz de... Wilhelm Reich.
-- Reich ukralh!
E assim por diante.
No Brasil todo mundo quer subir na vida não erguendo-se sobre os ombros dos seus
antecessores, mas pisando nos seus cadáveres.’’ (Olavo de Carvalho) (22 de agosto de
2014)
***

‘’Gilberto Amado dizia que o Brasil produz "inúmeros pedaços de grandes homens."
Grandes homens INTEIROS, este país só produziu dois: José Bonifácio de Andrada e
Silva e Mário Ferreira dos Santos, cada um perfeito e insuperável na sua área de
atividade. Destruiu o primeiro e jogou fora o segundo.’’ (Olavo de Carvalho) (17 de
outubro de 2014)

Comentários:
Paulo Ramiro Madeira
E Carlos Lacerda?
Olavo de Carvalho: Lacerda nunca chegou à perfeição. Ainda tinha muitas idéias que o
boicotavam desde dentro.

Gabriel Marini
Professor, não dá para dar um 3o lugar o Joaquim Nabuco, não?
Olavo de Carvalho: Não. Ele foi uma promessa que não se realizou.

Filipe G. Martins
O que o senhor acha do Barão do Rio Branco, Professor? Na área em que ele atuou ele
também atingiu o ápice, não?

Olavo de Carvalho: Sim, ele foi um gênio, mas numa área pequena e limitada.

***

‘’Ser filósofo, no Brasil -- ou melhor, ser como tal reconhecido oficialmente --, é
sobretudo uma questão de impostação vocal. Se, falando ou escrevendo, você não
acerta o tom, afrescalhado na medida certa, está fora.
Foi nesse ponto que o Vilém Flusser e o Mário Ferreira dos Santos falharam
irremediavelmente.
Infelizmente, algumas das vozes mais promissoras da nova geração já estão
aprendendo. É irresistível.’’ (Olavo de Carvalho) (9 de dezembro de 2014)
***

[38]
Robert Haeberlin ( 14 de janeiro de 2015)

‘’Professor,

Duas perguntas:

Primeiro, eu noto que no Brasil quando aparece alguém excelente ou até mesmo
genial na área intelectual as outras pessoas se voltam contra esse alguém, seja
desprezando-a, seja hostilizando, e fazem isso por vingança, porque vêem na
excelência ou na genialidade dessa pessoa uma ofensa. Mas acontece que se essas
pessoas aceitassem aprender com um Mário Ferreira dos Santos, com um Carpeaux ou
com um Olavo de Carvalho, etc iriam obter o conhecimento de todo uma experiência
humana, a experiência humana conhecida pelo Mário, pelo Carpeax, pelo senhor, etc, e
ficariam menos idiotas, menos fechados em si mesmos. Consequentemente, com mais
capacidade de amar. Assim, eu estou muito enganado ou essa inveja espiritual e
intelectual tem como uma causa possível o desprezo pela capacidade de amar? O
brasileiro, desprezando a capacidade de amar, não vê necessidade de sair do seu
“mundinho”? E, se for isso mesmo, quais as causas desse desprezo? Seria, na realidade,
um mal entendimento do que é o amor?
Segundo, também em relação a inveja, só que em sentido geral, eu percebo que
quanto mais confiança a pessoas tem em Deus menos vulnerável ao pecado da inveja
ela é, porque ela sabe que é Deus que sabe o que é melhor para ela. Aí eu pensei no caso
dos ateus e cheguei a conclusão que muitos ateus confiam em Deus mas não sabem. Se
não estou muito enganado isso fecha com algo que o senhor escreveu num texto
chamado “ Jesus e a pomba de Stalin”, eu acho. Assim, eu gostaria que o senhor falasse
sobre essa diferença que existe entre o comportamento religioso nominal da pessoa, a
pessoa se dizer católica, ou luterana, ou ateia, etc, e a relação concreta que a pessoa
tem com Deus
Enfim, desculpe encher o saco do senhor e desculpe também pelos possíveis erros
de português. Se não for possível responder aqui , se só for possível responder pelo
COF, não tem problema. Deus abençoe.’’

Olavo de Carvalho -> Robert Haeberlin


(1) Corretíssimo. O amor está fora e acima das possibilidades existenciais dessas
pessoas, que por isso mesmo o odeiam.
(2) A religião é, desde logo, uma instituição social, um grupo de referência e uma
linguagem. Só por meio dessa complexa engenhoca ela tem algo a ver com Deus. Entre
a alma e Deus, o número de falsas pistas que a própria atividade religiosa coloca no
caminho é desnorteante.

Robert Haeberlin
Obrigado pela resposta, vou meditar a respeito!
***
‘’Tenho mil objeções ao que li no Miguel Reale, no Merquior, no Mário Ferreira dos
Santos, mas ficar dizendo “não concordo” só para ostentar independência é veadagem,
além de tremenda falta de educação. Curiosamente, os que agem assim sãos os
primeiros a reclamar dos meus palavrões.’’ (Olavo de Carvalho) (6 de setembro de
2015)

[39]
***

“É preciso despertar da ‘longa noite’ em que a cultura brasileira mergulhou nas últimas
décadas. Temos de voltar a ser os contemporâneos de Manuel Bandeira, de Gilberto
Freyre, de Otto Maria Carpeaux, de Mário Ferreira dos Santos, de Álvaro Lins e de
tantos outros. Temos de fazer a ponte entre as gerações e produzir obras que não
desmereçam o legado desses nossos ancestrais.” (Olavo de Carvalho)

***

‘’O último superior que tive no Brasil foi o Mário Ferreira dos Santos. Depois, só iguais
e inferiores. Recebo a todos com hospitalidade, mas rapapé e beija-mão não é comigo.’’
(Olavo de Carvalho) (14 de outubro de 2015)

***

‘’Tranquem o Leandro Espiritual e o Ovni de Barros num quarto com uma pilha de
livros do Mário Ferreira dos Santos. Abram depois de uma década e verão que os dois
já estão quase uns homenzinhos.’’ (Olavo de Carvalho) (12 de julho de 2016)

***

‘’Cada geração, na história deste país, teve uma ou mais nulidades que brilharam como
estrelas maiores do seu tempo, e depois foram justamente esquecidas para sempre.
Nada mais urgente, na área dos estudos brasileiros, do que uma história das inépcias
fulgurantes. Seria a obra mais reveladora do espírito da nacionalidade.
A revista IstoÉ qualifica o Leandro Espiritual, o Clóvis de Burros e o Mário Sérgio
Costeleta de "os maiores pensadores do Brasil". Nunca ouvi um jornalista dizer isso do
Mário Ferreira dos Santos, nem ouvirei. A mediocridade, no Brasil, é mais que objeto
de culto; é objeto de ADORAÇÃO.’’ (Olavo de Carvalho) (1 de outubro de 2016)

***

‘’Vamos falar o português claro: o nosso Mário Ferreira dos Santos é INFINITAMENTE
superior a Heidegger. Mas quem sabe disso?’’ (Olavo de Carvalho) (29 de dezembro
de 2016)
Artur Silva: "Lendo "The Theology of Arithmetic", de Robin Waterfield, o novo estrelo dos
estudos tradicionais nos EUA. Nos anos 50 do século passado o Mário Ferreira já tinha ido
muito além dele."
***

‘’Se o sucesso é critério de mérito, o Mário Ferreira dos Santos foi o pior dos nossos
filósofos, e o Clóvis de Burros, o melhor.’’ (Olavo de Carvalho) (2 de setembro de 2016)

***

[40]
‘’Um documento precioso que tenho nos meus arquivos (agora guardado no storage) é
o horóscopo do Mário Ferreira dos Santos lido pela D. Emma de Mascheville anos antes
de que ele escrevesse seus livros principais. Um dia mostro para vocês.’’
(Olavo de Carvalho) (16 de novembro de 2016)

***

‘’Momentos inesquecíveis:

Mais de quatro décadas atrás, encontrei no porão da Dona Emma de Mascheville, em


Porto Alegre, junto com os originais do seu livro de astrologia que depois vim a
publicar, das suas "Memórias" que continuam inéditas e outros inumeráveis
documentos interessantíssimos -- entre os quais uma longa interpretação do
horóscopo do Mário Ferreira dos Santos, lido quando este tinha ainda uns trinta e
poucos anos --, os manuscritos de fundação da seção local da Ordem Martinista.
Redigido na bela caligrafia do Grão-Mestre, o então já longamente falecido Albert de
Mascheville, o cartapácio expunha todos os ritos de constituição da Loja e de iniciação
dos seus membros. Hoje me ocorre a obviedade de que, de posse de tão singular
documento, qualquer picareta haveria, no meu lugar, fundado novas Lojas, passado as
iniciações a centenas de bobocas e enchido o cu de dinheiro. Talvez por mera falta de
imaginação, limitei-me a estudar o manuscrito e servir-me dele como modelo
comparativo para me ajudar a entender os ensinamentos de René Guénon em "Aperçus
sur l'Initiation". Decorrido todo esse tempo, já não sei onde foi parar o fabuloso
documento, do qual, autorizado por Dona Emma, conservei apenas uma cópia xerox,
que também acabou sumindo.’’ (Olavo de Carvalho) (03 de julho de 2017)
***

‘’Um dos documentos mais interessantes que já vi sobre a astrologia -- está em algum
lugar do meu arquivo morto -- foi o horóscopo do Mário Ferreira dos Santos lido pela
D. Emma de Mascheville quando ele ainda era muito jovem.’’ (Olavo de Carvalho) (05
de dezembro de 2018)
***

‘’Sempre reconheci, e proclamei mil vezes, que a obra do Mário Ferreira dos Santos
tinha uma amplitude incomparavelmente maior que a minha. Nunca pensei que para
me valorizar fosse preciso achincalhar alguém maior que eu. Mas fazer isso, no Brasil,
parece ser um imperativo categórico. Ninguém quer ser uma parte do grande esforço
que atravessa as gerações. Cada um quer ser o único, o pica das galáxias, ou então se
sente um zero e estoura os miolos.’’ (Olavo de Carvalho) (17 de julho de 2016)
***

‘’Por que, com tanto investimento em estudos sobre fisiologia cerebral, QI,
aprendizado, etc., a sociedade americana não produziu nenhum Aristóteles, nenhum
Tomás de Aquino, nenhum Leibniz, nenhum Schelling, nenhum Bach, nenhum Mário
Ferreira dos Santos?’’ (Olavo de Carvalho) (17 de outubro de 2016)

***

[41]
***
‘’O valor de um filósofo mede-se, EM PRIMEIRÍSSIMO LUGAR, pela quantidade de
trabalho que ele dedica à compreensão e explicação da obra de seus antecessores. É
Platão explicando Sócrates, Aristóteles explicando Platão, Tomás de Aquino explicando
Aristóteles, e assim por diante.
Cumpri minha parte, devotando-me à obra de Mário Ferreira dos Santos, Otto Maria
Carpeaux, Gilberto Freyre, Eric Voegelin, Louis Lavelle e outros.
Mas, como se sabe, no Brasil ninguém tem antecessores. Cada um é um novo Adão no
Paraíso, pronto para brilhar com luz própria.
Só eu tive ancestrais humanos. O resto veio pronto do cu do nada.’’
(Olavo de Carvalho) (18 de julho de 2016)

***

‘’Nos anos 50, todo mundo dizia que Octavio de Faria, grande romancista, era mau
escritor, desleixado com a língua portuguesa. Já houve quem dissesse coisa similar do
próprio Balzac. Mário Ferreira dos Santos, sem dúvida o maior filósofo brasileiro de
todos os tempos, e a meu ver um dos maiores do mundo, reconhecia que seus livros
estavam horrivelmente escritos, e, prevendo que iria morrer logo, esperava que
alguém os consertasse um dia. Mas no Brasil de hoje não se pode dizer que um ensaísta
principiante, a despeito de todo o seu talento de estudioso, escreve mal, que a coisa soa
como ofensa intolerável.’’ (Olavo de Carvalho) (05 de junho de 2016)

***

‘’Há espíritos construtivos, sistemáticos, e há espíritos reativos, crítico-analíticos. Sto.


Tomás, Kant, Hegel e Mário Ferreira dos Santos são exemplos clássicos do primeiro
tipo. Sócrates, Leibniz, Kiekegaard e Max Scheler, do segundo, no qual manifestamente
me incluo, guardadas as devidas proporções. Para escrever, preciso de um estímulo
exterior, e, se não encontro um positivo, o negativo serve. É por isso que leio tanta
merda.’’ (Olavo de Carvalho) (19 de julho de 2016)

***

‘’O Mário Ferreira dos Santos morreu em 1968 e até hoje sua obra transcende
infinitamente a compreensão das nossas classes falantes e arrotantes. Eu, salvo
engano, ainda nem morri.’’ (Olavo de Carvalho) (12 de julho de 2016)

***

‘’Mais uma prova do que acabo de dizer. Mensagem do Sidney Silveira a um nosso
amigo comum. O artigo a que ele se refere é aquele que reproduzi aqui, sobre o Mário
Ferreira dos Santos:
Se não me falha a memória, este artigo foi publicado em julho de 2001 (lá se vão 19
anos!).
Na ocasião, tive praticamente que brigar com a editora do caderno Prosa & Verso, d'O
Globo, Cecília Costa, mulher do falecido presidente da ABL Ivan Junqueira, por haver
sugerido fazer a resenha de um livro apresentado pelo Olavo, já então odiado pelos

[42]
jornalistas.
Ela chegou a exigir que eu retirasse a menção ao Olavo, mas bati o pé e disse que aquilo
era absurdo.
Eu comprara, anos antes, acho que em 1995, grande parte da obra do Mário Ferreira
dos Santos publicada pela Logos, no sebo de um amigo que havia adquirido a biblioteca
do falecido Padre Góes, aqui da paróquia do Cosme Velho (desde meados da década de
50, ele rezava a Missa Tridentina com a camisa do Flamengo por baixo dos
paramentos) , a qual estava há anos com os sobrinhos...
Dessa biblioteca comprei também a "Suma Teológica" da BAC, a "Suma Contra os
Gentios", boa parte da obra de Agostinho, em vários volumes, etc.
Eu só me converti formalmente em 2004 (três anos depois desta resenha), quando fiz
a minha primeira comunhão, aos 39 anos de idade.
Estou ficando velho...hehehe’’ (Olavo de Carvalho) (04 de setembro de 2020)

Comentário do Sidney Silveira


De fato, foi-me sugerido que o nome do Olavo fosse retirado da resenha, o que achei
uma sacanagem porque, afinal de contas, a apresentação da obra e o trabalho editorial
eram dele.
A propósito, ao longo do tempo em que fui resenhista d'O Globo, eu era dos poucos a
sugerir escrever textos sobre livros trazidos à luz por editoras menores (a É, na época,
estava começando).
Enfim...
P. S. Fui depois conferir: a resenha é de 13/07/2002.

***

‘’Por que, sempre que revelo a existência de alguma coisa importante, ou retiro do
subsolo algum tesouro esquecido, os que teriam a obrigação de haver feito isso antes
de mim se emputecem e ficam fazendo fusquinha como crianças ranhetas, em vez de
dizer "obrigado" e prosseguir honestamente o trabalho que comecei? Foi assim com o
Foro de São Paulo, foi assim com os ensaios do Otto Maria Carpeaux, foi assim com a
filosofia do Mário Ferreira dos Santos. Que país de gente mais complexada, caraio!
Da minha parte, sou tão grato aos que me antecederam em qualquer campo das minhas
investigações, como por exemplo o Nelson Lehmann da Silva ou o José Carlos Graça
Wagner, que não só proclamo repetidamente os seus méritos como não ouso criticá-
los nem mesmo em detalhes irrisórios. Mas não é essa, por acaso, a atitude normal de
pessoas adultas?’’ (Olavo de Carvalho) (27 de novembro de 2017)

***

‘’O Mário Ferreira dos Santos foi o Incrível Hulk da filosofia.’’ (Olavo de Carvalho)
(04 de agosto de 2017)

***
‘’Também não era possível obter efeitos pela via do Mário Ferreira dos Santos,
divulgando um sistema filosófico pronto. Era preciso espalhar as sementes sem
nenhuma tentativa de premoldar o formato doutrinal da colheita resultante. Era
preciso INSPIRAR sem controlar.’’ (Olavo de Carvalho) (09 de dezembro de 2017)

[43]
***

‘’A É-Foda-Realizações, num esforço desesperado para dar alguma respeitabilidade às


edições bonitinhas mas ordinárias que vem fazendo das obras do Mário Ferreira dos
Santos, publica fotos dos originais de um ROMANCE escrito pelo filósofo em 1940,
repletos de correções manuscritas, e com isso pretende insinuar que todos os volumes
da "Enciclopédia das Ciências Filosóficas", compostos a partir de QUATORZE ANOS
DEPOIS, receberam do autor o mesmo tratamento e constituem por isso textos
canônicos, dignos de ser publicados sem novas correções.
A desonestidade intelectual dessa gente não tem limites, nem constrangimentos, nem
escrúpulos de qualquer natureza.
Pensem bem. Os volumes da "Enciclopédia" estão tão repletos de anacolutos, que,
admitida a hipótese de o autor tê-los redigido em pessoa e dado a eles uma revisão
criteriosa, seria inescapável a conclusão de que esse autor era um semi-analfabeto.
Conclusão desmentida antecipadamente pela boa qualidade literária dos livros que ele
publicou antes de lançar-se à aventura de compor, às pressas, sua obra magna.
Construida em apenas quatorze anos de trabalho, à base de quatro ou cinco livros por
ano, essa obra resulta obviamente de gravações transcritas de improvisos orais, nos
quais a presença dos anacolutos é normal e praticamente inevitável, em nada depondo
contra a dignidade literária do autor.
A tese -- chamemo-la assim -- da editora é apenas autojustificação forçada "ex post
facto" e, ao mesmo tempo, fusquinha anti-olavética pueril e desprezível.’’ (Olavo de
Carvalho) (30 de novembro de 2017)

***

‘’Está muito bem que as pessoas se interessem pelos escritos da chamada "escola
tradicionalista", mas tudo o que René Guénon, Titus Burckhardt e "tutti quanti"
escreveram sobre o simbolismo dos números -- a linguagem essencial de todo
esoterismo -- é apenas um joguinho de jardim-da-infância quando comparado ao que
o Mário Ferreira dos Santos fez em "Pitágoras e o Tema do Número" e sobretudo em
"A Sabedoria das Leis Eternas" e demais volumes da série "Mathesis". Com a vantagem
adicional de que o Mário não tinha nenhuma agenda secreta, não estava recrutando
ninguém para alguma sociedade esotérica nem muito menos alimentava planos de
islamizar o Ocidente. Não tinha nada a esconder. Explicarei isso melhor nas aulas
vindouras e no meu próximo livro.‘’ (Olavo de Carvalho) (09 de janeiro de 2017)
***

‘’É mais que evidente que, sem o salto para uma visão cultural mais universalista e
abrangente, o Brasil continuará a ser feito de cabra-cega num jogo cuja complexidade
ultrapassa infinitamente o horizonte de consciência do “debate nacional”.
No último meio século, duas tentativas foram feitas para dar à cultura nacional o
“upgrade” sem o qual o país não poderá jamais, não digo escapar da trama globalista,
o que me parece impossível, mas ao menos deslizar vantajosamente entre as suas
malhas conservando um mínimo indispensável de autonomia.
A primeira dessas tentativas foi a obra do Mário Ferreira dos Santos. A segunda, o meu
próprio trabalho que se tornou público desde o início da década de 90.

[44]
A primeira foi recebida com o silêncio e a presunçosa indiferença nascidos da total
incompreensão. A segunda, com a mais virulenta e abjeta campanha de difamação que
já se viu ao longo de toda a história nacional.
Só quem tem a perder com isso é... o país inteiro.’’ (Olavo de Carvalho) (26 de setembro
de 2017)
***

‘’Se esse pessoal da USP gosta tanto de "explication de texte", por que não faz uma de
algum texto do Mário Ferreira dos Santos em vez de tocar punheta literária mediante
comparações descabidas, beletristas em último grau?’’ (Olavo de Carvalho) (23 de
fevereiro de 2017)
***

‘’A aula de ontem, na qual expliquei a pentadialética do Mário Ferreira dos Santos
mediante um exemplo histórico que nunca ocorreu ao seu próprio criador, foi
parcialmente inspirada na idéia dos filósofos pragmatistas -- Charles S. Peirce, William
James e Josiah Royce -- de que o sentido de um conceito é o uso que fazemos dele. Idéia
que não subscrevo como regra geral, mas que pode ser útil em determinadas
circunstâncias.’’ (Olavo de Carvalho) (30 de novembro de 2017)

***

‘’Tudo o que escrevi sobre a técnica filosófica em "A Filosofia e Seu Inverso" foi baseado no
exame de quatro filósofos: Aristóteles, Schelling, Lavelle e Mário Ferreira dos Santos.’’ (Olavo
de Carvalho) (12 de maio de 2017)
***

‘’Não tenho a menor dúvida de que o Mário Ferreira dos Santos foi um MONSTRO, como Balzac
ou Victor Hugo: descomunal, oceânico, informe, mal acabado, indigerível, indefecável. (Olavo
de Carvalho) (04 de agosto de 2017)

***

‘’Os livros mais importantes já escritos no Brasil -- os do Mário Ferreira dos Santos --
circulam até hoje em edições de merda. Até o momento, a única exceção que conheço,
embora parcial e ainda insatisfatória, é a minha própria edição das "Leis Eternas".
(Olavo de Carvalho) (31 de julho de 2017)

***

Transcrição feita pelo JP Netto

(Os Pingos nos Ís) (25 de dezembro de 2018)

‘’Augusto Nunes: Poucas pessoas foram tão patrulhadas como você. Eu testemunhei
isso na época [em que trabalhou junto a Olavo na revista Época]. E você nunca deu
muita bola para isso. Por que? Nunca te incomodou?

[45]
Olavo de Carvalho: Por que esse pessoal tudo é muito burro! Mais muito burro! Esse
é que é o problema: muito burro, muito ignorantes, muito xucro, muito atrasados...
Você, olha, o maior filósofo brasileiro chamou-se Mário Ferreira dos Santos. Ele morreu
em 1968. Até hoje a Universidade e a mídia não conseguiram absorver a presença dele.
Como é que vai absorver a minha, então, que vim depois? Eles tão sempre... eles
pararam nos anos 60. Quando neguinho escreveu aquele negócio de "O ano que nunca
acabou, 1968", é verdade! Eles tão lá na bolha temporal. O que eles leem? Michel
Foucault, Derrida, Pierre Bordieu, as mesmas coisas que eu lia naquela época, meu
Deus do céu! Até hoje eles estão lá, e não perceberam nada do que se passou no
pensamento mundial nos últimos 60 anos! É uma coisa impressionante! Então, você
veja, eu mesmo tive que colocar em circulação temas, problemas e autores totalmente
desconhecidos pela Universidade brasileira e pela grande mídia! Porque, senão, você
não tem nem material sobre o qual conversar. Eu tive que atualizar... então os meus
alunos sempre tiveram uma versão muito mais atualizada do que você pode observar,
obter na grande mídia ou nas Universidades brasileiras. Quer dizer, é uma ignorância,
assim, imensurável. Eu já cheguei a conclusão de que a ignorância é uma força física.’’
***

‘’2018 foi o cinquentenário da morte do Mário Ferreira dos Santos. Se nem a obra dele
a porra da universidade brasileira foi capaz de absorver até agora, por que há de
conseguir absorver a minha? É mais fácil espalhar intrigas. Num país onde o Ruy Fausto
é filósofo, o Mário, com certeza, não o é.’’ (Olavo de Carvalho) (17 de dezembro de
2018)
***

‘’O ano do cinquentenário da morte de Mário Ferreira dos Santos acaba de terminar, a
até hoje o establishment cultural brasileiro, estufado de presunção e verbas, não foi
capaz de assimilar a obra do filósofo. Por que deveria, então, assimilar a minha? Mais
fácil é inventar por trás de mim um bicho-papão e convocar até a ajuda da mídia
estrangeira para dar cabo de mim (mas parece que nem isso funciona).’’ (Olavo de
Carvalho) (31 de janeiro de 2019)
***

‘’Nunca tive o menor problema de reconhecer pessoas mais inteligentes do que eu -- o


prof. Wolfgang Smith ou o falecido Mário Ferreira dos Santos, por exemplo --, mas a
mera sugestão de que talvez eu seja mais inteligente do que a média dos nossos
acadêmicos e jornalistas causa escândalo e chiliques como se fosse uma pretensão
demencial da minha parte, o que revela que essa gente se considera o limite superior e
intransponível da capacidade intelectual humana, que só um louco ousaria tentar
superar. Cá entre nós, minha opinião é: Grande merda, ser mais inteligente do que os
Caggads e Jumensteins que exemplificam tão bem aquelas duas classes sociais!
Mas, mesmo se procurarmos nelas os tipos raros que as exemplifiquem com menos
desonra, encontraremos ali alguém capaz de escrever com igual destreza tanto no
idioma técnico da filosofia escolástica ou fenomenológica quanto no humorístico de "O
Imbecil Coletivo", no ensaístico de "A Dialética Simbólica", no lirico dos meus poemas
ou no aforístico de algumas crônicas deste Facebook? A simples variedade dos campos
da minha atuação LITERÁRIA – já julgada e aprovada pelos maiores escritores
brasileiros, de Jorge Amado a Carlos Heitor Cony – deveria bastar para refrear um

[46]
pouco, nos babacas universitários, a ânsia de me rebaixar.’’ (Olavo de Carvalho) (28 de
novembro de 2018)
***

‘’A usurpação de toda atividade intelectual pela burocracia universitária inventou essa
coisa estúpida que é o "diploma de filósofo" -- devidamente ridicularizada, na época,
por filósofos ilustres -- com o propósito de dar o monopólio da filosofia a meros
"aparatchniks" como Ruy Fausto e a nulidades como Luiz Felipe Miguel, expelindo
filósofos de verdade como Mário Ferreira dos Santos, Vicente Ferreira da Silva e -- sem
modéstia -- eu.
As novas gerações desconhecem a origem da trapaça e imaginam que as coisas sempre
foram assim.’’ (Olavo de Carvalho) (2 de dezembro de 2018)

***
Leda Nagle entrevista Olavo de Carvalho (27 de dezembro de 2018)

‘’A USP quer a burocracia da filosofia. Filosofia não existe nela. Leia o livro de Paulo
Arantes, chamado Um Departamento Francês em Ultramar. Paulo Arantes confessa que
em 70 anos de atividade, a USP não formou um único filósofo! Então, pra que existe
essa instituição? Essa entidade é evidentemente um estelionato! Uma faculdade de
filosofia que não forma filósofo está consumindo dinheiro público apenas para o seu
próprio deleite ou para propaganda política! Evidentemente que a USP é uma entidade
estelionatária, fraudulenta. Já devia ter sido fechada há muito tempo. O maior filósofo
brasileiro, Mario Ferreira dos Santos, a USP nunca tomou conhecimento que esse
homem existia. Esse é um dos grandes filósofos da humanidade. Talvez o maior filósofo
do século XX. A USP não descobriu até hoje! É um negócio incrível. Eles não se
interessam pela filosofia brasileira. ‘’
=============
‘’O filósofo Mario Ferreira dos Santos, em vida, também vendia muito livro, como eu
vendo, Leda Nagle. Os livros dele eram um sucesso. Quando ele morreu, parou de
vender seus livros. Os sucessores decidiram enterrá-lo, e nunca mais se ouviu falar
desse grande filósofo. Ele é um grande gênio da filosofia brasileira. A orientação
filosófica dele é totalmente diferente da minha, mas eu vejo a grandeza do que ele fez.
A USP até hoje não descobriu que existiu o filósofo Mario Ferreira dos Santos. É um
negócio incrível! Já o padre e filósofo Stanislavs Ladusãns da PUC do Rio de Janeiro,
quando ele chegou no Brasil, a primeira coisa que ele fez foi averiguar tudo que havia
de filosofia no Brasil. Ele juntou todas as obras de todos os filósofos brasileiros,
publicou uma antologia apresentando um por um, ou seja, ele tinha interesse pelo
pensamento brasileiro. Quem também tem é o atual ministro da educação indicado
pelo Bolsonaro, Ricardo Velez Rodriguez, que é colombiano. Então, estou citando aqui
os caras que mais se interessaram pelo pensamento brasileiro: um estoniano, o padre
Stanislavs Ladusãns, e um colombiano, Ricardo Velez Rodriguez. Brasileiro, mesmo,
nenhum! Esse pessoal da USP só quer fazer um puxar o saco do outro. É uma auto-
adoração uspiana altamente nojenta! É só oba-oba, não tem substância nenhuma! José
Arthur Giannotti, filósofo, disse que "a filosofia é uma atividade que lida
eminentemente com textos". Eu digo que o sujeito que fala uma coisa dessas tinha que
ser retirado dali e jogado na privada! Porque se é só textos, então Sócrates está fora da
filosofia! ‘’

[47]
***

‘’Já me ocorreram mil objeções às idéias do Mário Ferreira dos Santos, mas isso só
reforça a minha impressão de que ele é muito mais inteligente do que eu.’’ (Olavo de
Carvalho) (14 de novembro de 2019)
***

‘’Parabéns ao olavette Elvis Amsterdam do Nascimento Pacheco pela sua dissertação


sobre Mário Ferreira dos Santos, defendida com justo sucesso na Universidade Federal
de Santa Catarina.’’ (Olavo de Carvalho) (26 de abril de 2019)

Comentário da Ana Caroline Campagnolo

‘’Elvis é meu amigo pessoal. Assisti a apresentação de defesa da dissertação junto com
o David Amato e com o Cristian Derosa ontem à tarde. Eles são testemunhas de que o
trabalho estava excelente. O seu nome foi citado e defendido efusivamente. Já estamos
preparando um vídeo para o Elvis tornar público o conteúdo do trabalho.’’

***

‘’ATÉ HOJE o establishment universitário nacional INTEIRO não conseguiu absorver a


obra do Mário Ferreira dos Santos, que morreu MEIO SÉCULO ATRÁS. Que autoridade
intelectual tem essa horda de incapazes e farsantes?’’ (Olavo de Carvalho) (10 de
março de 2019)
***

‘’A cultura universitária e midiática do Brasil ainda não conseguiu absorver nem o
Mário Ferreira dos Santos, que morreu em 1968. Daqui a meio século talvez apareça
nesse meio alguém capacitado e lidar com a minha obra.’’ (Olavo de Carvalho) (16 de
julho de 2019)
***

‘’Quando conheci o Pe. Ladusans eu já dava cursos de filosofia desde mais de dez anos
antes, e o conheci quando fui levar a ele a minha análise estrutural da "Enciclopédia"
do Mário Ferreira dos Santos (mais tarde publicada em versão resumida como
introdução à "Sabedoria das Leis Eternas"). Resposta do Padre:
-- Isto está tão bom que posso aceitá-lo desde já como trabalho de conclusão de curso.
Você apenas precisa assistir às aulas como formalidade burocrática.
P. S. - Tenho testemunhas.’’ (Olavo de Carvalho) (12 de abril de 2019)
***

"O nosso Mário Ferreira dos Santos era entusiástico apreciador de futebol; terminada
a partida, que parecera absorvê-lo hipnoticamente, ele girava o botão da TV e
derramava sobre a mulher e os filhos as lições de História, de psicologia, de sociologia
e de ética que o jogo lhe havia ensinado." (Olavo de Carvalho) (Instituto Cultural Brasil-
Alemanha, Salvador BA, 9-11 de novembro de 1995)

[48]
[49]
2- Textos
1- Transcrição de 10 Áudios preciosos, informativos e de muita necessidade
mostra-los na presente edição dessa Revista.
I- Biografia de Mário Ferreira dos Santos, por suas filhas
Nadiejda e Yolanda.

Escrever uma biografia, expor em poucas páginas toda a vida de um homem não é
uma tarefa fácil; é difícil, tremendamente difícil e comprometedora.
Narrar fatos cronologicamente é fácil, porém, estes fatos pouco dizem da pessoa que
os viveu.
Ver com o sentimento, com amor, com paixão a pessoa que a nós está tão intimamente
ligada é humano, mas é necessário colocarmo-nos como espectadores e analisar a vida e a
obra.
Elogios são banais, são usados e abusados. São matéria de fácil utilização, para
qualquer um.
As palavras quando não se baseiam em obras são efêmeras, permanecem no tempo,
no passageiro, são frutos da vaidade humana. O que fica de alguém, o que interessa de uma
pessoa que viveu e amou, como todo ser humano, que sofreu todos os problemas, todo o
drama de outro homem igual, que foi em suma um homem é o pensamento, são as idéias.
Sua contribuição para a humanidade foi o pensamento que projetou.
Seguindo esta norma, que para nós é primordial, apresentamos esta breve nota
biográfica de Mário Ferreira dos Santos.
‘’Todo homem deve viver e morrer como um guerreiro’’
Palavras suas, que traduzem toda uma vida. O homem deve lutar por suas idéias,
porém, como é difícil. Os compromissos, os favores unem os homens, mas também os

[50]
perdem. O apoio tão esperado, tão desejado quantas vezes não é o caminho da perdição.
Como é fácil o caminho onde não há obstáculos. Expor suas próprias idéias sem
compromissos alheios, sem favores a pagar. Expô-las, defenda-las e prova-las, exige um
espírito extraordinário.
“Nunca ocupei nenhum cargo em nenhuma escola, por princípio. Deliberei desde os
primeiros anos tomar uma atitude que consiste em nunca disputar cargos que possam ser
ocupados por outros. É uma questão de princípios! Sempre decidi, para mim, criar o meu
cargo, a minha própria posição, construir para mim a própria situação, e não ter de ocupar
o lugar que possa caber a outro. O meu lugar seria o meu lugar, criado por mim, para mim
mesmo; por isso não disputo, nem nunca disputei, nem nunca disputarei qualquer posição,
que possa ser ocupada, por quem quer que seja. Em suma, a minha vida, em síntese, é
simplesmente esta” (Rumos da Filosofia Atual no Brasil, p.410)
Estas palavras de Mário Ferreira dos Santos dizem tudo! Determinam um princípio
de conduta, sintetizam uma norma de vida.
Nasceu em 3 de janeiro de 1907, em Tietê, estado de São Paulo. Filho de Francisco
Dias Ferreira dos Santos e de Maria do Carmo Santos. Tinha 04 anos de idade quando os pais
fixaram residência na cidade de Pelotas, estado do Rio Grande do Sul. Foi nessa cidade que
fez os seus primeiros estudos no ginásio Gonzaga, que então era dirigido pelos padres
Jesuítas.
Desde jovem revelou aquela insaciável sede de conhecimento que o acompanharia
por toda a vida. O eterno viandante pelos caminhos do mundo em busca de respostas que
satisfizessem a sua grande ânsia de alcançar a sabedoria.
Deve ressaltar-se nessa época a figura simpática do Padre Bücher, seu professor de
filosofia, que lhe chamou a atenção para a necessidade de um método seguro, que mais tarde
culminou com a criação de uma metodologia própria: A Dialética Concreta.
Foi com os Jesuítas que recebeu a orientação filosófica que norteou o seu pensamento.
São dele estas palavras:
‘’Com os jesuítas, desde o início, recebi a orientação que me aproximou da filosofia
positiva, e dela fiz a espinha dorsal da estrutura filosófica que hoje tenho: a filosofia positiva
e concreta; positiva no sentido de filosofia que parte e permanece na afirmação, ao que
constrói, que pertence a todos os grandes ciclos culturais da humanidade, mas que
encontrou o seu desenvolvimento máximo no pensamento grego, e a sua coroação no
pensamento ocidental, sob as linhas, sem dúvida, criadoras e analíticas da Escolástica.‘’
(Rumos da Filosofia Atual no Brasil)
Dedicava-se desde então, com grande intensidade, a todas as atividades culturais.
Colaborava assiduamente no jornal do colégio. Escrevia e ensinava peças teatrais,
salientando-se já pelo espírito combativo e inovador.
Ingressou na faculdade de direito de Porto Alegre, obedecendo ao desejo do pai e a
tradição da família. Sentia forte inclinação para a Medicina, tendo o mesmo cursado o
primeiro ano dessa faculdade. Obrigado, porém, a optar, decidiu-se pelo o direito.
Suas primeiras atividades jurídicas revelaram-no como um grande tribuno, orador
brilhante, dotado de excepcional capacidade de argumentação.
Casou-se em 1929 com Dona Yolanda Lhullier de cujo o casamento nasceram duas
filhas: Yolanda e Nadiejda.
Formou-se em 1930, em Direito e Ciências Sociais, pela Faculdade de Direito de Porto
Alegre.
Nesta época colaborava intensamente em jornais locais, com artigos, trabalhos
literários, reportagens e etc...

[51]
Fazia sentir então já o grande interesse pelos problemas sociais, desejava um mundo
melhor para todos e lutava para isso com as armas que possuía.
A leitura da obra de Nietzsche, o grande pensador alemão tão mal compreendido,
levou-o a escrever ‘’O Homem que nasceu Póstumo’’, além da tradução de ‘’Vontade de
Potência’’, acompanhada por um ensaio, O Homem que foi um campo de Batalha’’. Traduziu
e editou: ‘’Assim falava Zaratustra’’, com uma análise simbólica; Além do Bem e do Mal’’, e
‘’Aurora’’.
Em 1944 estabeleceu-se em São Paulo. Espírito independente que fugia de toda
participação nas rodas literárias, passou muitos anos dedicando-se ao magistério particular.
O grande número de alunos que o procuravam deu-lhe a idéia de introduzir em nosso país
nova modalidade de ensino: O curso por correspondência. Foi quando fundou o Instituto
Cultural Logos, que mantinha os seguintes cursos: Filosofia Geral; Economia; Oratória,
Psicologia e etc...
Via em nosso país o povo inculto, necessitando de saber, ávido de conhecimento.
Queria difundir a cultura para todos. Com este objetivo escreveu várias obras de divulgação
popular, livros de bolso vendidos em bancas de livrarias.
Grande orador, tribuno convincente, realizou inúmeras palestras, conferências e
discursos que a todos empolgava. Causava espanto a sua facilidade em discorrer sobre
temas propostos pelo o auditório na hora.
Solicitado por aqueles que desejavam aprender estar nobre arte, publicou os livros:
Curso de Oratória e Retórica; Técnica do Discurso Moderno e Práticas de Oratória.
O grande êxito dos cursos por correspondência levou-o a transforma-los em livros.
Encontrou a nítida má vontade de nossos editores, que a achavam, então, que o brasileiro
não lê filosofia e ainda mais achavam que um brasileiro não pode escrever obras de filosofia.
Fundou a Livraria e Editora Logos, com a finalidade de difundir a cultura e editar as
suas próprias obras. De início, ele sozinho realizava todas as funções necessárias: Comercial;
Administrativa; Industrial e Editorial. Em todas elas eximia-se de suas obrigações com o
senso rigoroso do dever. Auxiliado por seus familiares, ampliou as atividades.
Editou: Filosofia e Cosmovisão; Lógica e Dialética; Psicologia; Teoria do
Conhecimento; Ontologia e Cosmologia; Tratado de Simbólica; O Homem perante o Infinito;
Noologia Geral e Filosofia da Crise.
Obras que reunidas formam a coleção Cultura Moderna.
As nossas editoras até então continuavam praticamente no mesmo sistema
tradicional de vendas, bitoladas nos padrões usuais. Não se interessavam pela a venda de
obras filosóficas em livrarias. Não aceitavam a distribuição. Alegavam desinteresse e falta
de receptividade do público. Lutando contra todos esses obstáculos, o próprio autor, forçado
pelas circunstancias, lançou-se a luta comercial. E também aí a sua atuação foi marcante.
Estabeleceu um sistema inédito no comércio do livro: A venda no crediário. Contra a opinião
geral de todos, que prenunciavam o completo malogre da nova iniciativa, obteve um êxito
extraordinário. A venda de livros atingiu a números que jamais se poderia calcular. Várias
edições foram publicadas em poucos anos. Fato inédito e que provou que o brasileiro
também quer saber, que o brasileiro também pensa, que o brasileiro também lê filosofia.
Fato mais importante ainda: Nunca o Mário Ferreira dos Santos lançou mão de
qualquer publicidade demagógica. Jamais solicitou a quem quer que fosse a escrever sobre
os seus livros. Jamais apoiou-se em autoridade fosse qual fosse. Lutou sempre sozinho.
Apesar da difusão em todo o Brasil de suas obras, a maioria dos professores
universitários silenciaram. E ainda silenciam. E alguns chegam até a desfigurar, deturpar o
seu pensamento para combate-lo, tal fato só é digno de lastima.

[52]
Ele sempre dizia: Há um silêncio em minha volta, mas não me importo com isso. Quero
que o leitor me julgue e só dele quero receber a crítica boa ou má.
Há dois métodos de combater um grande homem: Um deles é pelo o silêncio, pelo o
profundo silêncio e o outro é pela a deturpação do pensamento. São duas armas perigosas,
quando a primeira não consegue matar, a segunda vem em sua ajuda para aniquilar.
Será contra as regras da natureza um brasileiro fazer filosofia? Será contra a ordem
divina um brasileiro conseguir atingir um pensamento mais alto, igualar-se aos grandes
cérebros da humanidade, colocar-se ao lado dos maiores filósofos? Porque não darmos o
merecido valor àqueles que entre nós realmente o têm?
O homem vale por suas obras. O que vale é o que foi feito, a realização, e a obra de
Mário Ferreira dos Santos aí está.
Esplendidamente revelada em 70 volumes à disposição de todos para ser lida,
analisada e discutida. Ela fala pelo o homem que a fez.
Ele não mais está aqui para apresenta-la, para explica-la e para defende-la, mas o seu
espírito aqui está vivo, eternamente vivo. Vivo nestes milhares de páginas que o revelam a
todos. Nestes milhares de páginas que constituem a sua contribuição para o bem da
humanidade.
Destruir é fácil, destruir qualquer um pode, porém, construir poucos o querem e
poucos o podem. Ele sentiu o grande drama do homem. Ele sofria em suas carnes a tremenda
tragédia humana. E a caridade, a sincera caridade norteou sempre a sua vida, a sua obra.
Ensinar, divulgar o saber, elevar o homem foi a sua meta.
Foi esta profunda caridade que o levou a dar apoio a todos aqueles que dele se
aproximavam necessitados. Se houve grandes ingratidões, estas foram compensadas pelo o
dever bem cumprido.
Foi frequentemente procurado no decorrer de sua vida por pessoas aflitas e
angustiadas que apresentavam problemas psicológicos. A sua palavra otimista e amiga,
penetrava até ao fundo da alma, e não foram poucos àqueles que a ele devem a sua
integração, a sua recuperação. Era constantemente solicitado, através de cartas, a dar
conselhos, a resolver problemas. Ensinando as pessoas a compreenderem a si próprios,
segundo o método que criara e que já dera resultado em vários casos particulares, o de
reintegração pessoal, escreveu: ‘’Curso de Integração Pessoal’’ e ‘’Convite a Psicologia
Prática’’.
Em 1957 publicou ‘’Filosofia Concreta’’, novo marco no pensamento filosófico.
Esta obra que deveria ser estudada e criticada pelos nossos intelectuais não teve
nenhum comentário. Fez-se o completo silêncio em sua volta. Se chamamos a atenção para
este fato é por que o lastimamos profundamente, ele apenas revela a incapacidade de nossas
chamadas elites intelectuais.
A ‘’Filosofia Concreta’’ não é um acumulado de aspectos julgados mais seguros e
sistematizados numa totalidade. Ela tem a sua existência autônoma, pois os seus postulados
são congruentes e rigorosamente conexionados uns aos outros. O valor do pensamento
exposto nesse livro não se funda no de autoridades várias da filosofia. Autoridade, e a única
que é a aceita, é a dada pelo próprio pensamento. Quando, se em si mesmo, encontra a sua
validez, a sua justificação, pois cada uma das teses expostas e apresentadas nesse livro é
demonstrada pelas diversas vias pensamentais que são propostas.
O interesse pelas ideias sociais já manifestado na juventude foi uma constante com
altos e baixos durante toda a vida. Este interesse foi altamente benéfico, pois foi um móvel
que o levou a dedicar-se e aprofundar-se intensamente nas mais variadas correntes
ideológicas, conseguindo uma ampla visão que se concretizou numa colocação das questões

[53]
sociais em base fortemente filosóficas, fugindo das meras opiniões que trazem como
decorrência natural a confusão de ideias.
Escreveu e publicou a coleção ‘’Problema Social’’. A importância desta obra está na
nova colocação e na nova visualização dos problemas históricos-sociais.
O novo marco do pensamento filosófico foi estabelecido em 1967 com a Mathese da
Filosofia Concreta, que completava o trabalho iniciado em ‘’Filosofia Concreta’’. Publicou
‘’Sabedoria dos Princípios’’ e ‘’Sabedoria da Unidade’’, seguido pela publicação póstuma de
‘’Sabedoria do Ser e do Nada’’
Há a necessidade de ressaltar aqui uma das críticas constantemente feitas a Mário
Ferreira dos Santos: A sua extrema fertilidade e produtividade, que causam estranheza a
muitos. Realmente, os tipos enciclopédicos são raros na história, mas acontecem. É inerente
ao filósofo a capacidade a capacidade de abranger pela universalidade, a particularidade.
Ele mesmo disse: ‘’Quê filósofo seria eu se não pudesse tratar filosoficamente de cada
ciência?’’
Acreditava nas grandes possibilidades do pensamento brasileiro, são suas estas palavras:
“todos aqueles que no Brasil revelaram possuir mente filosófica, e não foram muito
numerosos, mas, contudo, foram brilhantes, tenderam sempre para um pensamento de
caráter sintético; isto, é, não ficaram totalmente dependentes às correntes filosóficas
europeias.
Sempre houve, entre nós, o desejo de abarcar o universal, esta característica é
naturalmente justa e própria de um povo que vive em si mesmo o universal; por isso o Brasil
é atualmente um dos países existentes, aquele que está melhor capacitado para uma filosofia
universalizante, ou pelo menos, para uma nova linguagem filosófica, capaz de unir o
pensamento que divergiu tão profundamente no campo já esgotado do pensamento
europeu.
Aqueles que não pensam assim, que não admitem essa possibilidade para nós, que
continuem vivendo o seu modo de pensar. Nós preferimos, porém, divergir”.
Foi por amar tão profundamente à pátria, e por amar acima de tudo a sabedoria que a sua
vida foi marcada pela luta constante; contra todas as idéias negativas; contra todos que
destroem em vez de construir; contra tudo que diminui o homem em vez de eleva-lo.
O homem é um fim e não um meio. Utiliza-lo, transforma-lo em peça de um mecanismo é
ofender a sua dignidade.
Finalizando, o nosso maior desejo é que daqui desta faculdade, a única na qual ele
realmente desejou lecionar, o seu pensamento possa ser projetado para o mundo.
Os seus primeiros passos na vida foram guiados pelos Jesuítas.
Esperemos que após a sua morte, sejam deles e de seus discípulos que parta a
consagração do pensamento deste filósofo brasileiro, deste filósofo genuinamente cristão.

[Fim do Áudio]

OBS: (Para mais informações, consultar a monografia-biografia completa do Mário,


por suas filhas Nadiejda Santos Nunes Galvão eYolanda Lhullier dos Santos)

[54]
II - Entrevista ao Pe. Stanislavs Ladusãns

Passo agora a responder ao inquérito do Pe. Stanislavs. Vou responder aos itens.
Peço à senhorita que abra para cada capítulo uma forma-número de cada item.
Primeiro vamos responder ao segundo item.

– Qual é a gênese de desenvolvimento do seu pensamento filosófico e a sua atual


estrutura?

O meu pai, português, era Grão-Mestre da Maçonaria e caracterizava-se por uma


tendência marcante anti-clerical. Revelava em todas as ocasiões a sua oposição ao clero.
Entretanto, tendo eu desde cedo, mal aprendera a ler, me interessado por temas filosóficos
– e a consciência que tenho de mim mesmo nasceu da colocação de um problema de filosofia
para mim –, um dia meu pai chamou-me e disse: “Meu filho, para o teu bem, para que possas
ter maior proveito, eu vou fazer uma coisa que vai escandalizar os meus amigos: tu vais
estudar com os jesuítas”. E no dia seguinte dirigiu-se ele ao ginásio dos jesuítas e lhes disse:
“Todos sabem que eu sou um adversário da Igreja Católica e que eu a tenho combatido desde
moço, mas uma coisa eu sei – que para educar, só vós, os jesuítas, sois os mais capazes. Meu
filho revela propensão para temas filosóficos. Não quero eu exercer sobre ele a minha ação.
Acho que vós sois mais competentes do que eu para guiar no conhecimento. Por minha parte
prometo-vos que em casa respeitarei sempre as suas idéias”. E, declaradas estas condições,
eu fui aceito.
O resultado foi que meu pai passou a ser mal compreendido pelos companheiros, que
julgaram a sua atitude uma verdadeira defecção. O que o levou a afastar-se da atividade
maçônica.
Com os jesuítas, desde início tive uma orientação que me permitiu aproximar-me da
filosofia positiva e dessa filosofia fazer a espinha dorsal da estrutura filosófica hoje que
tenho. Em suma, a minha atual estrutura é a filosofia positiva e concreta. Positiva no sentido
de toda filosofia ter, afirma, constrói e que pertence a todos os grandes ciclos culturais da
humanidade, mas que encontrou o seu desenvolvimento máximo no pensamento grego e a

[55]
sua coroação no pensamento ocidental sob as linhas, sem dúvida, da escolástica. Não me
considero um escolástico – não sou. Porque tenho idéias próprias. O que só poderei explicar
nas respostas aos outros itens.
Publiquei muitas obras com pseudônimos das quais a maior parte hoje é merda.
Mas há vinte anos para cá o que tenho escrito em filosofia tem sido o pensamento
coerente que não tem sofrido nenhuma modificação. Creio, portanto, que a minha atual
estrutura é definitiva.

Abrir agora nova página. Item 4.

A.

– Qual é a missão da filosofia em relação à vida cultura brasileira odierna ou quais são
os problemas vitais brasileiros de atualidade que aguardam a contribuição da parte
da reflexão filosófica?

Essa pergunta, para mim, para a minha posição, está colocada antes de outras sem as
quais não poderia dar uma resposta cabal. Entretanto, coloco-me na seguinte posição: nós,
brasileiros, por vivermos o universal, por não termos compromissos históricos que pesem
demasiadamente sobre nossos rumos, nem também compromissos filosóficos, somos um
povo apto a apresentar uma filosofia de caráter ecumênico, ou seja, uma filosofia que
corresponda ao verdadeiro sentido com que ela foi criada desde o início.
Parto da posição pitagórica.
Pitágoras dizia que era um amante da sabedoria, da suprema sabedoria, desta
sabedoria que nós co-intuímos com a própria divindade. E este afã de alcançá-la, tudo
quanto nós realizamos para chegar lá, os caminhos que percorremos para alcançar essa
sabedoria suprema, que era a suprema instrução – daí chamar ele “Mathesis Megiste”: a
Suprema Instrução –, todos esses caminhos e todo esse afaná era propriamente a filosofia.
Assim, colocando-nos nesta posição, posso admitir que há vários caminhos, mas só
há um caminho certo. E como fundamentava Pitágoras repetido depois por Aristóteles que
a única autoridade na filosofia é a demonstração e esta deve ser apodítica e se possível com
juízos necessários e até exclusivos, a filosofia construída deste modo só pode ser uma,
positiva e necessariamente completa, que é a posição que tomamos.
Nós podemos viver o universal no sentido puramente quantitativo – os modos de ver
e de sentir dos diversos povos – mas não podemos permanecer na situação de ser um povo
que recebe todas as idéias vindas de todas partes e não possa encontrar um caminho para
si mesmo. Nós temos que encontrar esse caminho. A minha luta é essa.
E sem essa visão positiva e concreta da filosofia não será possível dar uma solução
aos inúmeros problemas vitais brasileiros da atualidade, porque a heterogeneidade de
idéias e de posições facilita a heterogeneidade de soluções das quais muitas não são
adequadas às necessidades do Brasil. O tema é vasto e exigiria um trabalho todo especial.

Item B.

Abrir espaço.
B.

[56]
– Que fazer para que a filosofia atinja as grandes massas populares e a juventude
brasileira em grande escala?

Abre linha.

Querer fazer a filosofia atingir as grandes massas populares em primeiro lugar será
obra que se exigirá a descer a filosofia ao baixo grau de cultura das nossas massas populares.
Precisamos é estudar o que devemos fazer para erguer as grandes massas populares à
filosofia e isto só poderá ser feito através de um desenvolvimento da cultura nacional, mas
em linhas distintas das atuais, que tendam à filosofia positiva e não à filosofia negativista e
niilista que penetra em nossas escolas.
Quanto à juventude brasileira, este é o mais grave dos nossos problemas. Somos um
país eminentemente constituído de jovens, que formam a sua quase totalidade.
Dado o grau baixo de cultura que temos, os nossos estudantes passam a formar uma
elite intelectual. Isto demonstra o grau de inferioridade que nos encontramos. A juventude
sempre na história – e é o que decorre da sua própria natureza – apresenta aspectos
positivos e negativos. Positivos pela sua capacidade de ação e de idealismo, mas negativos
pela sua irreflexão, pelo seu despreparo, pelo seu apressamento que a leva a cair facilmente
nas malhas dos grandes agitadores e servir aos interesses dos demagogos e políticos. Em
todas as épocas da humanidade a maior parte da juventude tendeu ou facilitou – ou pelos
menos aquela mais ativa – facilitou a luta a favor das más causas. Foram os jovens que
condenaram Sócrates, foram os jovens que perseguiram Aristóteles, foram os jovens que
antes destruíram o Instituto Pitagórico, foram os jovens que perseguiram Anaximandro,
foram os jovens que perseguiram durante os tempos todos os grandes homens como Tomás
de Aquino, São Boaventura quando eram mestres na Universidade de Paris. Esses jovens
que são ativos, eficientes na sua parte destrutiva, são uma verdadeiro perigo para a
humanidade. À juventude construtiva, então, o que nos cabe fazer é isto: construir
novamente a juventude brasileira, dar uma cultura suficiente a ela, mais clara, positiva e
concreta de modo que ela possa afastar-se completamente das tendências niilistas e possa
pôr o seu desejo de ação, de realização e seu idealismo em alguma coisa concreta e que possa
trazer benefício ao país. Fora disso nada dará resultado.

Abre espaço.

C.

– Quais são as correntes filosóficas que a reflexão filosófica deve ter em conta hoje?

Propriamente, julgamos que todas. Porque encontramos hoje na reflexão filosófica a


restauração ou o ressurgimento de velhos erros já refutados com antecedência de séculos e
milênios que passam a ser inovações extraordinárias e, para aqueles que ignoram o que já
foi feito no passado, como se fossem a última palavra do filosofar. Há necessidade assim de
revisar tudo para mostrar que as novidades atuais nada mais são do que avatares de velhos
erros já refutados.

Abrir linha.

[57]
E.
– Como deve colaborar a filosofia para humanizar a civilização de hoje evidenciando
o valor da pessoa humana e contribuindo para a paz interior e felicidade do homem?

Essa pergunta pode se dividir em três e, portanto, exige três respostas diferentes:
primeira, a humanização da civilização atual; segundo, a evidenciação do valor da pessoa
humana; e terceiro, a contribuição para a paz interior e felicidade do homem.
Respondendo a primeira, vemos o seguinte. Hoje, graças, sobretudo no mundo livre,
ao surgimento de um desejo ecumênico de aproximação dos homens, a humanização da
civilização pode ser obtida em parte, naturalmente, pela colaboração da filosofia, pela
revisão honesta de todos os grandes autores do passado que foram caricaturizados,
falsificados e apresentados num sentido que não é realmente o da sua filosofia. Poderíamos
fazer aqui a citação desde os pitagóricos até o século passado de autores que precisam ser
revisados e reestudados para evitar-se aquelas “fabre convenue”, aquelas mentiras
históricas, os mitos e as interpretações falsas que se fazem da sua obra com o intuito apenas
de denegri-los ou de favorecer a sua posição. Devemos tomar a seguinte posição: primeiro,
procurar muito o que nos une, depois pensemos em estudar o que nos separa para ver que
o que nos separa possa sofrer modificações ou acomodações que permitam que o que nos
una dê força à humanização da própria civilização.
Daí decorreria então, inevitavelmente, uma resposta justa à segunda parte, sobre o
valor da pessoa humana, que inegavelmente sofreu nesse século, graças ao desenvolvimento
dos totalitarismos, uma afronta à sua dignidade. E, de todos os lados, em todos os setores,
evidencia-se que há uma preocupação em reestudar esse tema, e ele pode e deve ser
reestudado em termos positivos e concretos.
E finalmente decorreria então a resposta à terceira parte, porque a paz interior, a
tranquilidade interior, a serenidade do espírito só podem dar-se quando uma mente assenta
plenamente na sabedoria e alcança a tanger aquelas verdades que nós somos aptos a
alcançar e que são o fundamento da nossa verdadeira felicidade. Em suma, seguimos o
preceito de Pitágoras: ama a verdade até o martírio, não ames, porém, a verdade até a
intolerância.
Procurando o que nos une na verdade com todas as outras correntes e posições
filosóficas, nós podemos abrir o caminho para uma compreensão nos aspectos em que
encontramos diferenças que muitas vezes são meramente acidentais, e não aptas a justificar
uma separação profunda. Esse já seria um caminho de maior aproximação entre os homens
porque à proporção que nós nos dedicamos à leitura dos textos é que vamos
compreendendo a ação nefasta dos intermediários, e sabemos que na filosofia – e temos
inúmeros, milhares de exemplos para citar – os intermediários, os discípulos, em regra geral
falsificam as obras de seus mestres segundo determinados interesses, os adversários
caricaturizam segundo outros interesses e o resultado é a deformação total do verdadeiro
pensamento do autor. A obra apresentada de segunda, terceira, quarta e quinta mão está
completamente desfigurada e então permite o fácil ataque ao autor porque é fácil destruir
as caricaturas. Há casos na filosofia até de autores terem recebido refutações de obras ainda
nem sequer publicadas e nem sequer conhecidas a não ser pelo autor. Há exemplos na
história da filosofia. O autor – e isso não é novidade que ainda hoje se faça – muitos livros
meus têm sido refutados antes de serem publicados só pelo simples fato de que eu pretendia
escrever sobre tal ou qual matéria. E nem sabendo qual a minha verdadeira posição no

[58]
assunto, já havia adversários suficientes para tentar refutá-los. Não em público, porque isso
ninguém teve coragem de fazer, mas nos corredores.
Abre espaço.

Letra F.

– Pode existir, e em que sentido, a filosofia nacional? Em que sentido ela pode
beneficiar o pensamento filosófico estrangeiro e beneficiar-se dele?

Quando hoje se visita Portugal e vê-se qual a atitude predominante nesse país em
relação ao patrimônio cultural daquela nação, espanta-nos verificar a completa e absoluta
ignorância sobre o que de grande já se realizou na filosofia portuguesa.
Atualmente, dentro das escolas leigas, nada se estuda da filosofia portuguesa dos
séculos XV, XVI e XVII. Parece que Portugal nada revisou, desconhece-se que por cerca de
quase dois séculos a filosofia portuguesa imperou no mundo. Desconhece-se autores como
estes: Petrus Hispano; Antonio a Santo Domínico, O.P.; Francisco Suárez, S. J., que embora
sendo espanhol viveu grande parte da sua vida intelectual em Portugal, onde ele ergueu-se
incessantemente; além dos outros dois Francisco Soares, lusitanos; Martim de Ledesma,
espanhol de origem, cuja formação intelectual realizou-se igualmente em Portugal;
Francisco a Cristo, O.S.A., e Egídio da Apresentação, .O.S.A, Andréias de Almada, S.J. ;
Ludovico de Sotto Mairo, O.P.; Gabriel da Costa; Hector Pinto, O S.; Hieron; Francisco da
Fonseca, O.E.S.A; Manoel Tavares, da Ordem carmelitana e Francisco Carreiro, da Ordem
cisterciense; Jorge O Serrão, S.J.; Ferdnando Peres, embora nascido em Córdova, foi outro
que adquiriu a sua cultura em Portugal; Ludovico de Molina, S.J., nascido na Espanha, viveu,
contudo, a maior parte do seu tempo em Portugal, onde estudou e foi discípulo de Pedro da
Fonseca, S.J., o Aristóteles português; Petrus Luís, S.J.; Antônio Carvalho, S.J.; Baltazar
Álvares, S.J.; Hieronimus Fernandes, S.J.; Gaspar Gonçalves, S.J.; Ludovicus de Cerqueira, S.J.;
Gaspar Vaz, S.J.; Diogo Alves, S.J.; Francisco de Gouvêa, S.J.; Ferdinando Rebelo, S.J.; Gaspar
Gomes, S.J.; Benedictus Pereira, S.J.; Sebastião de Couto, S.J.; Blásio Viegas, S.J.; Emanuel de
Góis, S.J.; Cosmas de Magalhães, S.J.; Pedro da Orta, S.J.; João de São Tomás, O.P., para citar
apenas alguns, Portugal nos deu esta floração de filósofos, afora os mais conhecidos, como
Sanches e outros, porque correspondem à atual maneira de filosofar no mundo moderno.
Perfeito.
Então, pergunta-se se pode falar de uma filosofia DE Portugal ou apenas de uma
filosofia EM Portugal. Pode-se falar, sim, de uma filosofia DE Portugal e também de uma
filosofia EM Portugal.
Nós, brasileiros, contudo, por um espírito de colonialismo passivo que nos domina
até hoje, não cremos em nós mesmos, só damos valor àquilo que tem origem estrangeira –
que não seja de Portugal! Porque também Portugal está fora da nossa admiração. Então é
natural que eu falasse numa filosofia nacional tem causado no Brasil uma manifestação de
completa descrença. Não se acredita primeiro que haja nem tampouco que possa surgir. Nós
podemos dizer que existe uma filosofia NO Brasil, mas realmente falarmos ainda numa
filosofia DO Brasil, não podemos fazer tal afirmação pelo seguinte.
Em primeiro lugar, não temos obra de criação propriamente peculiar ao nosso modo.
Não podemos apresentar a nossa obra como sendo a primeira a ser feita nesse sentido
porque elogio em boca própria é vitupério.
Agora, o que podemos dizer é que nós, pelas nossas condições de completa libertação
de um passado metafísico ou filosófico e histórico que pese sobre nós, que prenda as nossas

[59]
possibilidades de ação, estamos em condições de criar uma filosofia ecumênica, uma
filosofia que seja realmente A filosofia, porque a verdadeira filosofia ecumênica será A
filosofia, e não modos, modalidades de filosofar.
As características que se apresentam nas modalidades de filosofar é uma decorrência
da predominância do homem, do empresário utilitário no mundo, no contexto de uma
cultura. Quando ele predomina, predomina a moda e a moda penetra em todos os setores.
Penetra na filosofia como penetra na arte, como penetra em qualquer outro setor. E o que
acontece no mundo moderno, essa variância tremenda de idéias que surge de todos os
recantos, não revelam nenhuma pujança. Ao contrário, é uma revelação de fraqueza, como
foi a do período final da cultura grega.
A filosofia positiva, fundada na positividade do ser, que alcança a perenidade porque
alcança as leis eternas – concreta precisamente porque captando essas leis ela conexiona
todos os quartos de todos os matizes e de todos os aspectos formais para dar-lhes uma
unidade superior – ela é naturalmente concreta, terá que ser necessariamente concreta não
no sentido vulgar do termo, mas nesse sentido que acabamos de expor. Só uma filosofia DE
sentido é realmente A filosofia. A ciência felizmente conseguiu libertar-se da moda como se
libertou a matemática. E por isso como se construiu uma matemática, uma física, também
se pode construir uma filosofia. E o que o pensamento brasileiro pode beneficiar-se no
pensamento filosófico estrangeiro é reunir o que há de positivo em todas as grandes
realizações no mundo inteiro, sejam de onde forem, provenham de onde provierem. E
depois dar uma grande síntese, uma nova síntese, uma nova compreensão e oferecê-la ao
mundo. Esta é a única possibilidade que cabe a nós e que estamos em condições de fazê-la,
muito embora a maioria da nossa intelectualidade não creia nessas possibilidades, neguem
terminantemente que tal seja alcançável por nós e se atirará com sanha contra quem tentar
fazer isso.

Abre linha.

Espaço. G.

– Deve abrir-se reflexão filosófica para uma visão transcendental da realidade na


perspectiva das razões metafísicas?

Sem uma visão transcendental da realidade não pode haver filosofia. Porque, se a
filosofia distingue-se da ciência – como é fácil estabelecer nas suas delimitações –, se a
ciência dedica-se ao estudo das causas próximas, a filosofia, das causas primeiras e últimas,
fatalmente a filosofia terá que ter uma visão transcendental da realidade. Pelo menos, terá
que tangê-la, terá que abordá-la.
Ora, além das causas primeiras e últimas, temos de estudar os princípios, que é
matéria fundamental [???], que é objeto fundamental da ‘’Mathesis Megiste’’ dos pitagóricos
e do que nós chamamos matéria em português, cuja obra estamos realizando para
fundamentar esta ciência. Esses princípios são matéria do que constitui propriamente o que
em todos os ciclos culturais de todas as altas religiões chama-se A Sabedoria: a sabedoria
infusa ou a sabedoria de que o homem participa da divindade ou a própria sabedoria divina
que o homem pode abordar, tanger e penetrar. Tema que naturalmente exige discussões
sobre os seus principais aspectos. Mas o que é inegável, e o que não poderá deixar de
alcançar nenhuma visão filosófica em profundidade, é que há princípios eternos, há leis

[60]
eternas que regem e governam todas as coisas, as quais não devem ser confundidas com as
leis naturais nem com as leis da ciência.
Esse estudo inevitavelmente levará para uma visão transcendental da realidade, e
sem esse estudo não se faz filosofia em profundidade, só se fará filosofia na superfície, que
aliás é a tendência predominante no mundo moderno, isto é, de uma filosofia que não
ultrapasse a imanência da esquemática que o homem pode construir dentro apenas da sua
experiência mais vulgar.

Abre espaço.

Letra H.

– Qual é a íntima conexão entre a posição gnoseológica, metafísica e ética; entre a


teoria e prática?

Parece-nos que aqui há duas perguntas. A primeira que pergunta pela íntima conexão
entre a posição gnoseológica, metafísica e ética, e a segunda, a íntima conexão entre a teoria
e a prática. Desdobra-se assim a pergunta em duas partes. Vamos responder a primeira,
depois a outra.
As dificuldades no campo da gnoseologia, no campo da metafísica, inclusive no campo
da ética, surgem naquele filosofar que coloca o homem quase como um ser estranho ante o
seu universo o qual é impermeável para ele, isto é, coloca o homem numa situação de estar
completamente ilhado, completamente bloqueado, sem ter a menor possibilidade de
penetração no mais profundo. E então as consequências desse pensamento pessimista,
negativista, são as seguintes: que não é possível dentro dos nossos meios cognoscitivos
alcançar o que nos transcenda e dar também à nossa própria ética uma visão também
transcendental. Desta forma, há uma tendência a ver- se todo filosofar do homem como
apenas uma obra humana, mas restringida aos limites da nossa experiência fundada nos
dados dos nossos sentidos e dos nossos meios limitados de conhecimento. E ademais, chega-
se ainda à conclusão que todo e qualquer esquema que construamos jamais tenha uma
correspondência com a realidade que nos ultrapassa.
Estamos em pleno gnosticismo, ceticismo, pessimismo, ficcionalismo, pragmatismo,
materialismo, niilismo, desesperismo. São as consequências que surgiram no filosofar
moderno. Portanto, inegavelmente deve-se abrir a reflexão filosófica para uma visão
transcendental da realidade sob pena de nos perdermos dentro de armadilhas que nós
mesmos criamos afirmando uma deficiência que na verdade não temos.
A segunda parte da pergunta é importante. Desde os gregos as discussões em torno
da teoria e da prática, isto é, da filosofia e da ciência especulativa, da filosofia e da ciência
prática, avassalaram a atenção dos filósofos de maior responsabilidade intelectual e, temos
a dizer, que apesar dos grandes trabalhos realizados que fazem a nítida distinção entre a
teoria e a prática, trabalhos realizados através de milênios chegados até nós, estão hoje na
sua melhor parte completamente desconhecidos por aqueles que não têm nenhuma ligação
com a filosofia positiva e concreta que pertence aos grandes círculos culturais da
humanidade. Resultado, estamos hoje vivendo uma completa confusão entre teoria e
prática, estabelecem-se determinadas proposições teóricas e julgam-se que elas são
perfeitamente práticas e vice-versa. Algumas proposições extraídas exclusivamente da
prática passam a constituir então como se fossem verdadeiros axiomas teóricos. O resultado

[61]
é que nós vivemos hoje num mundo de utopia e quimeras. E como consequência: desilusões;
e, resultado final: desespero.

Abre espaço.

Letra I.

– A filosofia é uma ciência objetiva ou uma produção pessoal puramente subjetiva


do pensamento?

Essa pergunta a nosso ver devia ser a primeira a ser feita nesse inquérito, porque aqui
está o ponto de partida. Porque desde o momento que nos coloquemos numa posição de que
a filosofia é uma mera produção pessoal puramente subjetiva de pensador, colocamos a
filosofia no campo da estética, mas se nós nos colocamos que a filosofia é uma ciência
objetiva, isto é, ela é uma busca humana para a Sofia suprema, para o saber que nos
ultrapassa, que nos transcende, ela toma um vulto completamente distinto. Em todos os
ciclos culturais, a filosofia positiva e concreta é uma ciência objetiva e em todos os períodos
de decadência, ou em todos os momentos de decadência que são vários que surgem, a
filosofia torna-se puramente subjetiva. A filosofia moderna está caindo no subjetivismo. Nós
vimos até a tendência de um Heisenberg querer colocar a própria ciência no subjetivismo
pela sua teoria da indeterminação. Há necessidade de esclarecer-se isso, sobretudo para
aqueles que querem fazer filosofia. Aqueles filósofos que queiram fazer obra puramente
subjetiva, dediquem-se à estética, mas deixem em paz a filosofia; assim como nós pedimos
muitas vezes aos senhores positivistas que façam ciência, mas não façam filosofia, porque
são coisas que eles devem distinguir, separar e que não podem coadunar-se com a posição
que eles tomam.

Espaço.

Letra J.

– Que pensar sobre o problema do ateísmo contemporâneo?

Esse tema é de uma vastidão tremenda, já que o ateísmo contemporâneo provém não
propriamente de uma especulação filosófica, mas sim de certas decepções de caráter mais
moral e propriamente ético do que propriamente filosófico. Para nós, o ateísmo em torno,
por exemplo, do Deus-um, em torno dos atributos do Deus-um, não há, só há ateísmo em
torno dos atributos do Deus-trino, do deus pessoal ou os atributos morais de Deus. Não
conhecemos nenhum trabalho de nenhum ateísta que se cinja a atacar propriamente o Deus-
um. Conhecemos sim agnósticos e céticos, mas não ateístas que tomem uma posição
definitiva negadora da possibilidade de um ser supremo. O ateísmo para nós é sempre
produto de uma má colocação do problema de Deus. Aliás, dizemos sempre: na filosofia não
há questões insolúveis, há questões más colocadas. O ateísmo moderno parece uma questão
insolúvel porque é uma questão mal colocada. Em todas as ocasiões que tivemos
oportunidade de nos encontrar com ateístas, bastou-nos pedir-lhes que fizessem descrever
o que entendiam por Deus e nessa descrição verificamos quais as razões do seu ateísmo, e

[62]
foi-nos fácil afastá-los do mesmo, pelo menos colocá-los dentro da aceitação do Deus-um –
para nós, o ponto de partida de ecumênico que se impõe na atualidade.
Abra espaço.

Letra K.

– Em que sentido a reflexão filosófica pode ter tonalidade cristã? Pode o


Cristianismo prestar benefícios ao filósofo?

Eis também outra questão que sendo bem colocada tem a sua solução firme.
Todo o ponto de partida está em saber o que se entende por tonalidade cristã. Se nós
considerarmos Cristo por um aspecto no qual podemos nos encontrar quase todos, isto é,
que ele representa o que o homem tem de mais alto na sua forma perfectiva marchando para
a divindade, o mesmo nesse sentido de reaproximação para o ser supremo e um, nós temos
que dizer que a reflexão filosófica NÃO PODE deixar de ter uma tonalidade cristã. Não pode
haver uma reflexão verdadeiramente filosófica que não ascenda o homem do menos para o
mais. Portanto, o Cristianismo não só presta benefícios, como ao filósofo que sempre o
prestou – e por isso que a filosofia teve seu maior desenvolvimento sob a égide do
Cristianismo –, como será apenas através da concepção cristã que se poderá realizar uma
filosofia superior capaz de unir e fazer os homens compreenderem. Porque Cristo,
representando em nós, no homem, tudo quanto ele tem de mais elevado e de mais alto,
sendo a sua marcha para Deus, Ele representará a elevação do homem.
Já dizia Pitágoras que a verdadeira piedade, aliás a Eusébia, era a justa e nobre
veneração à divindade e essa consistia na prática dos nossos atos perspectivos superiores,
porque nós nos aproximávamos de Deus à proporção que nós praticávamos, de modo mais
perspectivo, os nossos atos. Em suma, a Eusébia, a verdadeira piedade para os pitagóricos
era a assemelhação a Deus. Esse conceito não é exclusivo dos pitagóricos, é universal. É da
revelação universal. É de todos os ciclos culturais. A verdadeira filosofia segue paralela à
religião, porque a religião é esse caminho de levar o homem pelas ações a Deus, e a filosofia
é o caminho de levar o homem pela meditação, pelo pensamento, pela pesquisa, pela
especulação, também a Deus. Por isso, a religião pertence à vida prática e à filosofia,
sobretudo à vida especulativa, o que não impede que a filosofia especule também sobre a
vida prática e nela atue dentro das normas da vida prática que corresponde à vontade, ao
entendimento humano na sua ação em busca do bem. Mas a filosofia é a vontade e a
especulação também em busca da verdade.
Consequentemente o, o homem, à proporção que especula pela verdade, aproxima-se
do ser supremo; o homem, à proporção que busca o seu bem justo, ele aproxima-se de Deus.
Esta é a razão por que o divórcio entre filosofia e religião que se procurou fazer neste
momento em que vivemos no mundo ocidental é o mesmo que já se fez em outros ciclos
culturais em situações que são correspondentes e semelhantes a estas, também de certo
aspecto decadentista. Mas, o que é preciso fazer é fugir desse estado de decadência, não
apenas numa atitude covarde, mas sim numa atitude heroica enfrentando, mostrando os
defeitos dessa posição e propondo os verdadeiros caminhos de ascensão.
O cristianismo é universal olhado sob esse aspeto, porque ele pertence a todos os
ciclos culturais. Ele foi o pensamento mais profundo, o verdadeiramente mais profundo de
todos os ciclos culturais. Por isso ele é inseparável da religião, porque o Cristianismo é uma
religião do homem nos seus aspectos perspectivos, isto é, enquanto vontade, enquanto
entendimento e enquanto amor que corresponde a concepção católica às três pessoas da

[63]
trindade. Caminhando nesse sentido, seguindo esse sentido, nós retiraremos o homem do
pântano em que ele está, do estado de desespero no qual ele emergiu e podemos então
lançar outra vez um novo horizonte para ele, uma nova perspectiva, uma nova esperança
que ele poderá solidificar, uma verdadeira e robusta fé.
Terminamos assim as nossas respostas ao inquérito que nos foi feito pelo Pe.
Stanislavs.

[Fim do Áudio]

(Para mais informações, consultar entrevista publicada no ano de 1976, em “Rumos


da Filosofia no Brasil” — coletânea organizada pelo Padre e Professor Stanislavs
Ladusãns S. J., Edições Loyola)

[64]
III - Soneto de S. Francisco Xavier

-Vamos gravar um Soneto de São Francisco Xavier, intitulado:

Oh Deus, yo te amo!
''No me mueve, Senõr, para quererte
el cielo que me tienes prometido,
ni me mueve el infierno tan temido
para dejar por eso de ofenderte.

Tú me mueves, Señor, muéveme el verte


clavado en una cruz y escarnecido,
muéveme ver tu cuerpo tan moido,
muévenme tus afrentas y tu muerte.

Muéveme, en fin, tu amor, y en tal manera,


que aunque no hubiera cielo, yo te amara,
y aunque no hubiera infierno, te temiera.

No me tienes que dar porque te quiera,


pues aunque lo que espero no esperara,
lo mismo que te quiero te quisiera.''

[65]
Vamos agora fazer uma tradução literal desse soneto, buscando conservar,
tanto quanto possível, as rimas de Francisco Xavier:

''Não me move, Senhor, para querer-te


O céu que me tens prometido;
E nem me move o inferno tão temido
Para deixar, por isso, de ofender-te.

Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te


Cravado numa cruz e escarnecido
Move-me o ver ter corpo tão ferido
Move-me tuas afrontas e tua morte.

Moves-me, enfim, teu amor de tal maneira,


Que embora não houvesse céu eu te amaria,
E embora não houvesse o inferno te temeria.

Não me tens que dar para que eu te queira,


Pois mesmo que eu não esperasse o que espero,
O mesmo que te quero, Eu te quereria! ''

Esse soneto, que merece a nossa mais profunda meditação nos mostra que é
o Cristianismo, no entanto, a verdadeira Religião do Amor.

Porque há aqueles que veem o Cristianismo a Religião do terror. Aqueles que


se aterrorizam com o ostracismo do inferno, mas há, também, o Cristianismo, que é
a religião do temor, daqueles que temem o Purgatório, mas há um Cristianismo, que
é aquele que é apenas a religião do amor, que ama a Deus, através, sobretudo, de seu
filho, pelo o sofrimento humano pelo o qual ele passou, pelo o drama humano pelo
o qual ele passou e pela grandeza divina que ele alcançou através desse sofrimento!
Aqui temos o amor ao Cristo como homem, não ao Cristo Triunfante do
Ressurgimento, porque este é Deus, mas o Cristo sofredor, o Cristo escarnecido. O
Cristo afrontado por todos os mesquinhos. O Cristo da triste morte.
O Amor a este Cristo é que eleva o coração humano até Deus, porque ainda o
verdadeiro caminho de Deus é através de nós!
Este Cristianismo é o meu Cristianismo. É o meu Cristianismo que quando
jovem opus à um homem que hoje é consagrado pela a Igreja e cujo o valor não
quero negar, mas ele era um homem do Cristianismo do temor. Eu contrapunha o
meu Cristianismo do amor, e ele não quis me compreender, ao contrário, escarneceu
de mim. Considerou-me errado. Considerou-me seguindo um caminho que não era
o verdadeiro caminho humano e contribuiu, desse modo, para que eu passasse por
uma longa noite obscura de trevas em que me abismei no Ateísmo, só depois, graças
ter guardado um pouco de amor que me havia ensinado um dos meus grandes
mestres, que era uma devoção que sempre tive para a Virgem Maria, foi por ali
talvez, foi por ali certamente que se abriram novamente os meus olhos e eu então
compreendi que o meu Cristianismo era o verdadeiro Cristianismo, e agora, ao ter
em mãos esse Soneto de São Francisco Xavier, cuja vida pregara, cuja

[66]
vida tão nobre e tão grandiosa é exemplo eterno para todos aqueles que desejarem
guiar os seus passos no caminho do dever, eu compreendi, mais uma vez, que eu
seguia o verdadeiro caminho, e hoje eu estou contente de ter como o meu guia a São
Francisco Xavier!
Este Cristianismo não espera paga, não cumpre o seu dever para que amanhã
receba os presentes dos seus atos dignos, mas cumpre o seu dever por amor aquele
que não temeu também cumprir. Cumpre o seu dever por um amor humano a nossa
própria grandeza, dentro da nossa imensa pequenez.
Mesmo que não houvesse o Céu deveríamos ama-lo, mesmo que não
houvesse o Inferno nós temeríamos a grandeza daquele homem simples que andou
pelos caminhos da Galileia.
Ele é insurrecto, não nos tem nada de dar, porque nós o amemos. Mesmo que
não esperássemos o que esperamos Ele nada teria que nos dar, porque do mesmo
modo que Ele não nos desse, nós deveríamos quere-lo. Quere-lo profundamente.
Não negamos o valor dos outros Cristianismo, não são esses os nossos!
Não negamos que eles sejam forças capazes de mover aos outros, não, porém
a nós!
A nós o que nos move é um outro sentimento, é um sentimento misto de amor
e de dever, de que Cristo, como homem, foi um grande exemplo, o Grande Executor!
Era o que desejávamos dizer.

[Fim do Áudio]

[67]
IV - Sobre o Comunismo, debate com Caio Prado Junior!

E dou muita chance, sempre muita chance para o adversário! Sempre dou
armas para ele e as vezes até ajudo!
Uma vez eu fui fazer um debate contra um comunista. O comunista foi
mandado pelo partido comunista. Começou a fazer a exposição do comunismo, para
depois eu fazer a minha crítica, mas eu virei-me para o auditório e disse:
‘’Francamente, a exposição que esse moço fez do comunismo está frágil. O
comunismo tem mais elementos, mais fortes e mais poderosos. Vai me perdoar o
meu antagonista que ele exponha alguma coisa em favor do comunismo; teses do
comunismo, pontes do comunismo.’’
Tinha nesta ocasião um cidadão que era o Secretário Geral do Partido
Comunista, na época, que era o Luis Carlos Prestes. O Prestes veio ocupar de posse.
Ele estava presente, eu sabia. E eu disse:
‘’Aqui está presente o Secretário Geral do Partido Comunista. Ele vai então
verificar se eu estou apresentando alguma tese falsa, se alguma coisa for falsa, ele
que mecorrija.’’
Então expus, de tal forma, que os meus amigos estavam apavorados, de tal
maneira que Adene disse: O Senhor virou Comunista? Não é possível”
A exposição estava muito favorável ao Comunismo.
Depois que eu expus tudo aquilo, eu disse:
‘’Bom, isto não é o Comunismo, sob todas estas teses, todas estas condições,
agora eu vou rebater, vou rebater ponto por ponto”
Esta é a minha técnica, para a pessoa que debate comigo, mesmo que ela
venha mal intensionada, ela acabe seguindo o rumo que eu quero, porque eu tenho
uma maneira de discutir que não a ofende, que não a torna em, não a convoco nunca
em estado de obstinação, por princípio, porque depois que se obstina, aí a razão dele
não funciona mais, não adianta nada.
Aora, futuramente, nós podemos conversar melhor sobre isso, é que eu
gostaria mesmo, também, de conhecer os métodos dos senhores. Que eu também
tenho as minhas dificuldades né... tem as vezes que eu fracasso né.. [risos do Mário
e da platéia]... eu não consigo né... eu gostaria de somar vitórias né... [risos], e não
derrotas né... muito bem.
[Fim do Áudio]
[68]
V – A Incredulidade do Homem Moderno

Sim, preocupo-me bastante observar como a incredulidade moderna se alastra.


E essa incredulidade se manifesta nas mínimas coisas.
O homem de hoje, de tal modo traumatizado pelos acontecimentos, de tal modo
sacolejado por um periodismo que explora os seus sobressaltados, os seus temores,
as suas dúvidas, as suas inconsequências.
São tão terríveis as manchetes de jornais, que este homem vai, a pouco e pouco,
perdendo a capacidade de emocionar-se, a capacidade de imaginar. Vai se, a pouco
e pouco, secando-se da criação.
A realidade torna-se sempre aquilo que ele menos esperava, e a realidade
torna-se sempre aquilo mesmo que ele menos desejava, e consequêntemente, ele vai
se tornando, cada dia que passa, um inapto a crer, um inapto a admitir a verdade de
uma possibilidade que não seja a reprodução da própria realidade em que ele vive.
Ele vai cada vez mais sendo um descrente e um desesperançado, porque não
aceita mais valores superiores; o melhor torna-se para ele uma mentira. O que ele
desejava de mais profundo, torna-se para ele uma impossibilidade.
As promessas passam para ele a serem apenas falácias. E este homem,
abismando-se cada vez mais da desesperança acaba por não ter fé nem em si mesmo.
Então, quando ele chega a este estado, quando ele nada espera, senão a
constante repetição do que menos lhe agrada; quando este homem não pode mais
vislumbrar valores superiores para o amanhã, que é a falta de esperança!
Quando este homem, enfim, não tem mais fé e não tem mais esperança, também
não ama, e porque não ama, não tem caridade.
Estou, neste momento, recebendo um bilhete, no qual me fazem a seguinte pergunta:

[69]
-Não será a incredulidade – aliás-, não será a credulidade próprio das crianças,
e não dos adultos?
A pergunta merece uma resposta toda especial!
Sem dúvida que não se deve confundir credulidade com capacidade de crer.
Credulidade, pelo o seu diminutivo, na sua formação etimológica, indica que se
trata daquelas crenças menores, das crenças sobre a veracidade de um determinado
acontecimento ou a facilidade com que alguém acredita ser verdadeiro tudo quanto
se lhe diz ou uma certa aptidão a facilmente deixar-se imbuir de que é real qualquer
coisa que lhe contam.
Nesse sentido, a credulidade, ela é um tanto infantil, sobretudo, quando ela
não se estriba em bases mais reais.
Mas eu não quis falar propriamente dessa credulidade, eu quis falar naquela
capacidade comum de aceitar, de aceitar os possíveis com uma certa dose de
otimismo e de fé de que eles possam realizar-se. Quando esses possíveis apresentem
valores superiores ao que comumento se vê, ao que comumente nós assistimos.
Se não houver essa credulidade, esta segunda credulidade, não é possível
nascermos feitos humanos, no ideal, porque todos nós sabemos que os ideais são
praticamente inatingíveis, e o seu valor está precisamente nessa inatingibilidade.
Por que os ideais são como fanais, iluminando o caminho humano. São como
chamas que atraem o seu humano constantemente.
Os ideais, pela a sua característica de perfeição, colocam-se no amanhã, que
tudo nos indica ser-nos impossível, mas de cujo amanhã nós podemos cada vez mais
nos aproximar.
Só desejando o máximo para nós mesmos e lutando por esse máximo, somos
capazes de conseguir alguma coisa, mas aquele que desde início, desde o primeiro
momento não acredita na própria superação. Não acredita na possibilidade de uma
superação humana. Não acredita que seja possível ao homem vencer as suas
deficiências e alcançar a pontos mais altos, este condena a si mesmo à esterilidade
de todo ideal.
Não é possível que alguém que não seja capaz de crer em valores superiores,
que não possa crer que não se instaure amanhã tudo quanto o homem desejou e
todos os valores superiores ou grande parte pelo deles, que foram os seus sonhos,
que foram os seus mais acalentados desejos, que esse homem possa estabelecer
dentro de si um ideal.
Que pode ele esperar, se não a repetição constante, contínua, das coisas?
Se esta chama, que é um tanto infantil, mas que é tão profundamente
humana, não nos alimentar mais, não brilhar dentro de nós e não nos estimular mais,
o homem morrerá a mingua de ideais e apenas será uma coisa entre coisas, e nada
mais!

[Fim do Áudio]

[70]
VI - O Campo Cultural Moderno

“[...] e, mais do que nunca, nos faltam Sócrates. Precisamos não de um, mas de
milhares, centenas de milhares de Sócrates, que vão às praças públicas denunciar
os falsos sábios; homens que venham mostrar que há essa invasão de falsas ideias,
esta invasão de teorias mal fundadas, de velhos erros do passado que são
ressuscitados, retirados dos montes de lixo, de tudo quanto a humanidade produziu
de inferior, e que volta tudo isso agora como se fosse a última palavra do saber; nós
precisamos de centenas de milhares de Sócrates, para denunciar tudo isso, e
mostrar ponto por ponto, onde estão os erros! Onde outra vez o cepticismo e as más
ervas, que são as más ideias, estão invadindo o campo cultural moderno e
ameaçando não corromper apenas uma cidade ou um povo, mas corromper toda a
humanidade.
À essa luta, à essa ação é que eu apelo àqueles que tenham o verdadeiro amor
pelo conhecimento, àqueles que queiram dedicar-se ao genuíno saber, àqueles que
queiram examinar não só a origem dessas ideias, mas também a falsidade dos seus
fundamentos, para poder denunciá-las; são velhos erros refutados com a
antecedência até de milênios, são erros milenares, erros que talvez tenham origem
muito mais antiga, e que já tenham sido refutados por círculos culturais que nós hoje
desconhecemos; pois esses erros retornam com novas embalagens, apresentando-
se como fossem, como se fossem a última novidade, a última criação, o último fruto
da árvore da Ciência, quando na verdade é a má erva, que subiu pelos galhos, e
apresenta os seus frutos ácidos, como se fossem os frutos da verdadeira árvore...
Eu conclamo a juventude de hoje, que não se torne aquela juventude que
perseguiu sempre os grandes homens; aquela juventude que perseguiu Sócrates,
aquela juventude que perseguiu os pitagóricos, aquela juventude que levou à
condenação à morte Anaxágoras; mas sim aquela juventude que apoiou Platão, que
apoiou Aristóteles no Liceu, que apoiou Pitágoras no seu Instituto [Escola
Pitagórica]; aquela juventude estudiosa, aquela juventude que dedica o melhor da
[71]
sua vida para formar o seu conhecimento, aquela juventude que quer ser capaz de
assumir as rédeas do amanhã; e não uma juventude que quer apenas ser uma massa
de manobra de políticos demagógicos e mal intencionados; uma juventude que
apenas quer ser uma juventude de agitação; mas sim uma juventude construtora,
uma juventude realizadora, uma juventude que lança para a História da
humanidade os maiores nomes e os maiores vultos, aqueles que vão servir amanhã
de exemplo, e vão pontilhar a História com chamas gloriosas, que serão para sempre
vivas, iluminando todas as épocas futuras.”
[Aplausos dos presentes.]
Quero agradecer a presença de todos, a boa vontade com que me ouviram e
desejar-lhes uma boa noite!

[Fim do Áudio]

[72]
VII - O Pitagorismo e a Época em que Vivemos

Há 2.500 anos, na magna Grécia, fundava Pitágoras o famoso Instituto


Pitagórico que seria o luminar do pensamento antigo. Pitágoras reunia uma
juventude anelante de saber e transmitia-lhes o seu profundo conhecimento
adquirido através do tempo. Pitágoras deu a essa juventude um sentido, fez-lhes
ver que a filosofia devia ser como a geometria: Demonstrar rigorosamente os seus
postulados. Que há uma só verdade, embora hajam muitos caminhos que nos
levam até ela. São os caminhos que heterogeneízam os homens, não a verdade. O
que os faz perderem-se é julgarem que por terem percorrido determinados lanços
e alcançado algumas visões que os deixam entreve-la, que já tenhamos alcançado,
e então satisfazemo-nos em permanecer num desses lanços, julgando-nos
senhores já do bem mais amado da nossa inteligência.
Então, como em muitos há essa ilusão, os homens disputam entre si a validez
das suas teses, mas a quase totalidade esquece que é necessário continuar a seguir
o caminho até alcançar aquela positividade que não seja fé apenas, porque a fé
exige o assentimento firme da nossa mente sem o receio de erro, mas aquele
conhecimento, aquela Pístis (Na mitologia grega , Pistis / p ɪ s t ɪ s / (Πίστις) era a
personificação da boa-fé , confiança e confiabilidade. No Cristianismo e no Novo
Testamento, pistis é a palavra para "fé".), em que aquieta o nosso espírito, não
apenas aceita, sem o receio de erros, mas aceita, porque sabemo que ela não está
eivada de rros, porque nós a demonstramos, por isso, estabelecia Pitágoras que a
‘’única autoridade na filosofia – e devo repetir bem alto essas palavras – ‘’a única
autoridade na filosofia é a demonstração’’.
Os sectários de todos os tempos não quiseram aceitar assim. Quiseram
sempre estabelecer que a autoridade é a pessoa do filósofo que eles amam, que
eles seguem, ao qual eles se subordinam, e então querem impor aos discípulos
apenas que sejam eles aqueles maus autores de que falava Platão: ‘’Que apenas
compõem o corpo.’’
[73]
Nós temos a obrigação de representar um papel. E todos nós
representaremos o maior dos papeis na filosofia quando nós percorrermos todos
os caminhos possíveis que nos levem à verdade, buscando sempre a rigorosa
demonstração, a demonstração apodítica, a demonstração fundada em juízos
necessários e, se possível, em juízos necessários e exclusivos simultaneamente,
porque só quando nós alcançarmos ao juízo: ‘’Só S é necessariamente P’’, teremos
então alcançado àquela verdade que não admite uma oposição, porque toda a
oposição será contraditória, e toda oposição, se afirmada, será absurda, e
consequentemente será impossível.
Dizer-se que a mente humana é incapaz de alcançar a estes juízos
necessários e exclusivos, mente-se, porque em inúmeras vezes nós os alcançamos.
Bastaria que fossemos capazes de alcançar um só para provar suficientemente o
valor da nossa possibilidade.
Assim deu Pitágoras um caminho e também um método – que também é um
caminho -. ‘’Buscai demonstrar tudo e só vos recolhereis ao descanso quando
tiverdes alcançado o juízo necessário e, se possível também, exclusivo. Enquanto
não tiverdes chegado a este ponto, ainda não chegastes a vislumbrar nada da
verdade’’.
Poderão dizer, como dizem os agnósticos e dizem os cépticos, que nós não
temos vocação para a verdade, porque ela de qualquer forma estará para sempre
longe de nós. O nosso desejo é vão. O Ordeno, que anima a alma humana, não tem
sentido. Mas mentem, mentem também, porque a mente humana jamais se
apazigua no agnosticismo ou no cepticismo. Neles ela se abisma, neles ela se
angustia, neles ela não pode permanecer, porque ela morre. É a vida em nós, é o
ímpeto do nosso espírito, é a razão de ser das nossa próprias interrogações que
nos impelem na mais profunda e mais bela das orexis (Aristóteles nos fornece uma
definição clara de desejo e ainda nos diz que o desejo (orexis) é um gênero que
subsumi três espécies: o querer (boulêsis), o impulso (thumos) e o apetite
(epithumia), que é a orexis da verdade, que é orientar a nossa vontade
racionalmente para dirigir o nosso entendimento a alcançar a verdade.
Não sentimos outra razão de ser para nós que seja mais alta do que esta,
porque sem dúvida a nossa mais alta perfeição é o entendimento, e nenhum ser
será feliz se não alcançar a plenitude daquilo que consiste a sua mais alta perfeição.
Portanto, o homem jamais conquistará a felicidade a não ser quando ele realiza
plenamente a sua mais alta perfeição que é a vontade de um entendimento.
Deste modo Pitágoras traçou para os filósofos uma condição também. Seria
perda de tempo, seria apenas desvio, seria apenas distração tudo quanto nos
levasse à disputa das opiniões, às meras asserções. Só estaríamos realizando com
grandeza o nosso dever de pesquisadores do absoluto quando nós buscamos os
juízos universalmente válidos, que só podem ser aqueles fundados em juízos
necessários e ainda exclusivos.
Pitágoras mostrou assim qual o caminho da filosofia. Não deu ele aos
homens um sistema já pronto e acabado, deu-lhes sim um animo, abriu-lhes sim a
possibilidades de uma grande promessa. E o que fizeram então os seus discípulos,
se não orientados pela a inteligência do mestre? Procurar esta meta, que para
tantos é considerado inatingível, mas que para o pitagórico é sempre algo que o
chama, uma vocação constante do seu espírito, um anseio que não deixará de
anima-lo, de incentiva-lo, para seguir para frente.

[74]
E assim procurou Pitágoras imbuir nos seus discípulos que esse espírito não
deveria permanecer apenas na geometria, nem apenas na matemática, mas que
também penetrasse em todos os setores do conhecimento especulativo e, se
possível, e tanto quanto possível, no conhecimento prático. Que sempre em todas
as nossas investigações houvesse a nos animar esse desejo de alcançar o juízo
necessário. Só assim a mente humana poderia erguer-se cada vez mais e atualizar
cada vez mais as suas imensas e ilimitadas possibilidades.
E deste modo fecundou Pitágoras para sempre todas as grandes realizações
do pensamento humano no ocidente. E não era de admirar que daquela ordem
tivessem provindo todos os grandes filósofos posteriores, todos os grandes
matemáticos, todos os grandes músicos, todos os grandes terapeutas, todos os
grandes arquitetos, todos os grandes escultores, todos os grandes em todas as
grandezas humanas. E esta ordem fecundou através de vinte e cinco séculos direta
ou indiretamente todas as grandes realizações do homem, porque todas elas têm
uma raiz no pitagorismo.
Nós, pitagóricos, nós perseguimos a orientação de Pitágoras, e que também
buscamos na filosofia realizar aquilo que ele nos aconselhou, e o nosso
pensamento será tanto ou mais pitagórico à proporção que ele se aproxime dos
juízos necessários e exclusivos. Não temos feito outra coisa na filosofia do que
seguir este caminho e também não temos feito outra coisa do que aconselhar aos
nossos discípulos e aos que nos leem que também o façam, que também o sigam.
Pertencemos a uma ordem que antecede a todas as outras. Sabemos que
dela surgiu o Cristianismo, quer queiram, quer não os Cristãos, como surgiu tudo
de grande que até hoje houve no mundo.
Nós representamos todo o grande patrimônio cultural do ocidente e
também representamos o patrimônio cultural de outros povos: Do Egito antigo; da
antiga Mesopotâmia; da índia; do Tibete; da China. Porque foi através do
pitagorismo que se fez a ligação entre todos os quadrantes do conhecimento
humano.
O nosso patrimônio é, portanto, Universal.
Nós pertencemos à antiguidade dos tempos e temos as nossas raízes em
todos os caminhos perdidos do conhecimento que nós buscamos reencontrar e que
nós buscamos reerguer e reconstruir.
Podemos falar com aquela dignidade e aquele valor que dá ancianidade do
nosso conhecimento, que nos dá a qualidade de origem de muitas das grandes
construções de todos os tempos.
Temos o direito de repelir toda a afronta a esse patrimônio. Temos o direito
de vituperar contra todos aqueles que querem renuncia-lo ou destruí-lo. Temos o
direito de denunciar todos aqueles que falseiem o verdadeiro ideal.
Nós não somos donos da verdade, mas a amamos, a anelamos, a buscamos
pelo o único caminho que a ela nos poderá levar.
Compreendam isso todos aqueles que em todos os tempos nos caluniaram.
Todos aqueles que em todos os tempos levantaram contra estar ordem as mais
tremendas infâmias, querendo encobrir a grandeza das nossas realizações, para
exaltarem-se assim a custa da nossa depressão e, no entanto, eles nada mais
fizeram do que herdade, bem ou mal, aquilo que por nós foi construído. Mas passai
os olhos pelas páginas da história, procurai nela as grandes figuras do pitagorismo.
Buscai entre ele traidores, e não os encontrareis. Buscai entre ele corruptos, e não
os vereis. Buscai entre eles homens que nunca respeitaram os princípios éticos.
Homens que apenas desejaram o poder. Homens que apenas desejaram
despoticamente exercer a sua vontade sobre a vontade alheia, e vós de modo
[75]
algum conseguireis vislumbrar um sequer nas dobras do caminho da história. Vós
encontrareis sempre homens devotados aos seus mistérios, cumpridores dos seus
deveres e honestos. Não vereis neles orgulhosos e nem soberbos. Humildes que
sabem dar o valor que eles mesmo têm, e que têm os outros, e que buscaram
sempre marcar a sua vida por uma conduta que pudesse servir de exemplo.
Parece incrível que quando passamos os olhos sobre Filolau, e o vemos ser
expulso da ordem dos pitagóricos, porque aceitou dinheiro para dar aulas a outros
ansiosos de saber, e isto dentro de uma concepção da sociedade de então que era
escravagista surgia aos olhos dos pitagóricos como uma verdadeira traição à
ordem, não era, porém.
Filolau encontrava-se em uma situação econômica difícil, e ele teve que
transforma a sua inteligência em um bem econômico como um instrumento pelo o
qual ele poderia adquirir o necessário para atender a sua vida. É um ato que
precisamos compreender e precisamos desculpar, porque aquele que dá o melhor
do seu tempo ao trabalho merece a sua paga.
Cristo depois dirá que é digno do seu salário o obreiro.
Filolau foi um obreiro e também foi digno do seu salário. Na concepção
escravagista de então poderia parecer terrível o seu ato, não para nós hoje, que
bem compreendemos isso graças a lição...

[FIM DO ÁUDIO]

[76]
VIII - Sobre a Verdade

Aluna: Professor, eu tenho aqui uma pergunta do ouvinte que eu vou ler, acho
melhor ler para o senhor.

Mário: Pois não.

Aluna: Posso? É o seguinte: Na ‘’Decadência do Ocidente’’, Spengler diz que a


pergunta de Pilatos a Cristo, ‘’O que é a Verdade’’?, é umapergunta que tem raça, e
mostrava a superioridade cultural de Pilatos sobre Cristo. O que diz o senhor a
isso?

Mário: Bem, realmente esta pergunta ‘’O que é a Verdade?’’, que Pilatos dirigiu a
Cristo, e que está no Novo Testamento, foi o motivo de muitos estudos e debates
entorno dela. Spengler, no livro que o interrogânte cida, ele disse realmente que essa
era uma pergunta de raça, a qual revelava a superioridade da cultura romana sobre
a cultura hebráica na época, e a um mero crente, como Cristo, a pergunta de um
cético, como Pilatos, representava um passo a frente, representava um escalão mais
alto.
Bom, isso é um ponto de vista do senhor Spengler, porque jamais se poderá
conceber e nem se justificar suficientemente que o cepticismo ou o agnosticismo -
que são posições da filosofia passageira transeuntes, e que surgem nos seus
momentos crepusculares, e que afloram nas mentes quando subtamente sofrem
uma perturbação, um momento de deficiência, de desfalecimento - que essas
representem um ponto alto do pensamento humano, ao contrário, elas revelam,
como dissemos, momentos de fraqueza. São aqueles instantes em que o homem,
ante uma grande problemática, sente-se incapaz de dar soluções, de resolver os seus
problemas, de buscar saída para os estados aporéticos em que ele se encontra.
[77]
Mas essa situação agnóstica ou essa situação céptica não é de todos os filósofos
em nenhum momento da história, apenas de alguns, daqueles que nem sempre
foram os maiores, porque realmente entre os grandes criadores do pensamento
humano não há esse cepticismo, não há agnosticismo.
Que Roma estivesse num grau de cultura superior ao grau de cultura Hebreu de
então, graças naturalmente à influência da Grécia, é, de certo modo, indiscutível.
A Judéia era uma das províncias mais atrasadas do Império Romano, mas que a
pergunta de Pilatos representasse um momento alto em relação ao pensamento de
Cristo, não. E a resposta de Cristo, que foi o Silêncio, foi uma grande resposta, era a
única resposta que um homem realmente de raça e de inteligência poderia dar à um
patrício romano petulante ao fazer uma pergunta daquela espécie.
Por que quem pergunta ‘’O que é a Verdade?’’, revela que nada sabe sobre ela, e
se nada sabe sobre ela, é porque não estudou, é porque não meditou, é porque não
procurou informar-se devidamente sobre essa matéria. Essa pergunta revela apenas
uma incompreensão ou um desconhecimento do assunto de que trata.
Antes de examinar a verdade, já que nós examinamos a incredulidade à pouco,
devemos agora examinar, por alto que seja, embora matéria de uma complexidade
muito grande na filosofia, a evidência.
A evidência é quando a mente de quem conhece adere plenamente ao objeto do
seu conhecimento, sem padecer de dúvida quanto à realidade do que ele capta.
Essa evidência manifesta-se de dois modos:
Uma evidência interior e uma evidência exterior.
A interior é aquela que ‘’mana’’ na interioridade do homem, é aquela que temos
da nossa existÊncia pela afirmação da nossa própria consciência.
E uma evidência exterior é aquela que dirige-se ao mundo objetivo. É aquela que
se realiza no mundo objetivo, assim, por exemplo: A evidência intuitiva, captada
pelos sentidos da existência de alguma coisa que tocamos, que apalpamos, que
vemos e etc...
Mas esses dois tipos de evidências ainda por sua vez permite uma outra
classificação:
A evidência interior pode ser imediada, isto é, sem meios, como o exemplo dado
da consciência; da consciência de nós mesmos, cuja existência é uma evidência
interior imediata para nós.
E uma evidência interior mediata seria aquela que realizariamos por qualquer
meio, como, por exemplo: Alcançarmos a conclusão num silogismo, pois dadas duas
premissas, numa das quais há um termo médio, graças à esse termo médio nós
chegamos à uma conclusão, quer dizer, a evidência interior mediata é aquela que se
faz ‘’por meio de’’ um termo médio.
Quanto à evidência exterior, também ela pode ser mediata ou imediata:
A imediata é a que exemplificamos através de um conhecimento puramente
sensível.
A mediata, que se processa através de meio, seria a evidência que nos dá a
experiência ciêntifica, para exemplificar.
De maneira que assim fica para nós claro o que é a evidência.
A evidência é também um dos fundamentos da verdade.

[78]
Mas o conceito de verdade implica - em quando tomado na sua generalidade - em
sentido lato, alguma conformidade entre dois extremos. Quando nenhum desses
dois termos extremos é o intelecto nós temos então a verdade como ela é tomada
comumente no sentido mais lato possível.
Quando se diz, por exemplo: Ouro verdadeiro; a pedra verdadeira. Mas quando
um desses dois termos é o intelecto, então nós já temos a verdade tomada num
sentido mais restrito.
Quando dizemos, por exemplo: Este objeto é uma mesa.
É neste último sentido que os antigos filósofos definiam a verdade.
Assim, por exemplo, na verdade lógica há uma adequação, uma conformidade
entre a coisa e a formalidade correspondênte.
A verdade metafísica já seria a adequação entre a forma e a coisa.
A verdade, por exemplo, material, é a da coisa considerada segundo todas as suas
notas e propriedades; segundo também toda a sua compreensão, e também,
segundo a sua realidade fora de nós.
O conjunto de todas essas verdades, dando-nos uma evidência plena, seria a
verdade concreta.
Ora, de que verdade quereria falar Pilatos? A verdade de que quereria falar Pilatos
é a verdade que procuram em geral os agnósticos e os cépticos. Não é a adequação
entre dois termos. Seria a fusão de ambos num termo só. Seria aquela verdade que
fosse total e exaustivamente a expressão da própria coisa.
Ora, esta verdade não é de modo algum captável e nem possível a um ser limitado
e deficiênte, como o ser humano. Este não pode ter, em sua plenitude, uma verdade
de fusão, mas apenas uma adequação intensional entre o seu intelecto e a coisa,
nunca de uma fusão absoluta com a própria coisa, porque ele é um ser que tem
limites marcados pela a sua finitude.
Creio ter dado uma idéia geral que responde à pergunta que me foi feita. Creio
que a pessoa deve estar satisfeita.

Aluna: Não professor, parece que ele não está satisfeito, eu creio que ainda há
uma outra pergunta a se fazer.

Mário: Pois não.

Aluna: Um momento. Ele está dizendo o seguinte: Por que então que as religiões
prometem esta fusão?

Mário: Interessante. A pergunta assim se completa mesmo.


Realmente, as religiões prometem uma fusão humana, que é o chamado estado
de beatitude, que nós encontramos na beatitude dos Cristãos, e também na Yoga,
dos Hindus, que seria um estado de plenitude cognoscitiva em que haveria a fusão
entre o ser humano com a suprema verdade, que é o próprio Deus das Religiões, mas
como nós observamos, esse estado de beatitude é dado para fora desta vida, não é
dado nesta vida.
As religiões superiores não admitem que o homem no seu estado em que está,
‘’pro stato isto’’, como dizem os escolásticos, que ele seja capaz de atingir a esta fusão
de plenitude com a divindade, o estado de beatitude.
[79]
Ele pode passar por alguns momentos de aproximação desses estados beatíficos,
mas não a plenitude da beatitude prometida pelas religiões.
O que vem a revelar que, quando se fala na verdade, as religiões, ao referirem-se
à verdade que cabe ao homem, referem-se a essa das quais eu tratei.
A outra verdade é uma verdade prometida ao homem depois de liberto da sua
situação, e por merecimeto, por conquista humana, num grau de superação, fora
desta vida. Absolutamente eles não prometem esta verdade a esta vida.
Agora, daí chegar-se a conclusão de que por que nós não alcançamos a essa
verdade beatífica, a essa plena total fusão ao objeto a ser conhecido...

[Fim do Áudio]

Obs.: pela a coerência da palestra e pelo o contexto do discurso, podemos


conceber ou tentar imaginar, que as palavras seguintes que o Mário iria
pronunciar seriam essas:

‘’...de que não seja possível alcançarmos a essa verdade, essa é a posição dos
agnósticos e cépticos, não, porém, a nossa posição.’’

(Julguem vocês mesmos)

[80]
IX - Sobre a Eternidade

Aluna: Professor, eu pediria agora que o senhor falasse sobre a eternidade, esses
momentos que nós desejamos que se tornem eternos.

Mário: Sem dúvida a pergunta é maravilhosa, pois é um dos temas mais


apaixonantes da filosofia e uma das interrogações mais caras da humanidade, pois
são os momentos...

Aluna: Mas para se entender o desejo de tornar os momentos eternos acho que
se precisa compreender ou se entender bem o que seja a Eternidade, não é?

Mário: Certo. Na verdade nós não desejamos tornar os momentos eternos,


porque os momentos eternos se transformariam em um presente constante, sem
uma sucessão, e, as vezes, esses momentos felizes da nossa vida são um conjunto de
várias sucessões agradáveis.
O que nós desejariamos propriamente era perdurar, é que esses momentos
perdurassem, que eles não fossem tão rápidos, tão fluentes, como eles são.
A alegria nos momentos de felicidade escoam-se sempre rapidamente, enquanto
que os de pesar e sofrimento são mais lentos.
É um lugar comum, mas é um ‘’lugar comum’’, verdadeiro de todos os tempos. E é
também um dos grandes problemas da ética, porque como se resolver uma série de
temas que surgem sobre a felicidade, quando nós nos encontramos em face dessa
condição humana de que o sofrimento é tão demorado e a alegria é tão rápida?

[81]
A tristeza nos abate e perdura, enquanto que um instante de felicidade escoa-se
com a rapidez de quase um relâmpago. Mas é da condição humana. E é precisamente
meditando sobre essa condição humana que o homem vislumbrou que havia alguma
coisa mais, porque essa imperfeição, esse vácuo, esse vazio, essa falta, essa carência
indicava a necessidade de alguma coisa para preenche-la, alguma coisa que lhe desse
aquilo que lhe faltava.
Por quê? Seria tão inútil esse nosso desejo de felicidade? Seira tão vazio o
querermos permanecer num estado de agradabilidade constante, que perdurasse
para sempre?
Por que esse desejo humano, vazio e sem fim?
Mas na natureza nada se realiza sem um ‘’veemente’’, nada se realiza sem tender
para alguma coisa. E nós tenderiamos para nada. Todo esse nosso desejo tenderia
para o vazio. Seria apenas um desejo de nada. Mas há uma realidade nesse desejo: A
realidade da nossa própria experiÊncia, porque nós encontramos momentos mais
agradáveis do que outros, em que perdura; essa alegria perdura mais do que em
outras ocasiões. Portanto, nós podemos conceber uma alegria que perdurasse
constantemente, uma felicidade que fosse perene.
Essa felicidade não é uma contradição ontológica. Ela não traz nenhuma
dificuldade em ser admitida. Se nós não a temos, e nós a desejamos, ela contudo, tem
um fundamento real, portanto, ela aponta para alguma coisa mais profunda que nos
escapa, e é precisamente esta coisa mais profunda que nos escapa que constituem
um dos temas fundamentais das religiões.
As religiões buscam responder a esse problema, que a filosofia humana
possivelmente jamais possa dar-lhe uma solução que satisfaça.

Aluna: Professor, professor, pode continuar falando sobre esse tema? Pode
continuar?

Mário: Bom, a eternidade foi um tema de estudo dos grandes teólogos de todos
os tempos, sobretudo, os teólogos cristãos, porque ele implica uma série de
problemas que se ligam às idéias religiosas, que exigem soluções que satisfaçam.
De qualquer forma, o conceito de eternidade implica o conceito de duração. A
duração é a perduração do ser em si mesmo, mas a eternidade é uma perduração
diferente de qualquer outra, porque é uma perduração do ser em si mesmo ‘’tota
simul’’, totalmente simultânea.
Não é um presente perene como muitos julgam, é alguma coisa que não é nem
presente, nem passsado e nem futuro, é a simultaneidade do próprio ser,
perdurando em toda a sua intensidade perfectiva.
Nós conhecemos uma duração das coisas físicas, das coisa cósmicas, que é a
duração das coisas que sucedem, das coisas que acontecem. E nós medimos essa
duração através de comparações com o próprio movimento cósmico, que vai
constituir a medida do nosso tempo.
A duração das coisas cósmicas sucessivas é propriamente o tempo.
Ora, o tempo é assim um aspecto já inferiorizado da duração do ser. Não tem
aquela forma perfectiva da eternidade.
Concebeu, entretanto, os antigos – isso já vem do pensamento gnóstico – de que
existe uma perduração intermédia entre a eternidade e o tempo, que é a
eviternidade, que é a duração das coisas, embora tenha um princípio, jamais terão
[82]
um fim. É aquela eternidade que nos prometem as religiões, é esta eviternidade.
Prometem para o homem uma vida que não tenha fim, embora pereça a vida de
seu corpo, não, porém, a vida de seu espírito, da sua alma.
Ora, estes conceitos todos têm bases ontológicas, são perfeitamente adequados
ontologicamente. Não são eivados de contradição intrínseca. Não têm contradições
formais de qualquer espécie. São, portanto, possíveis, que cabe ao homem estudar a
sua realidade, independentemente da nossa especulação.
Quanto à duração das coisa sucessivas, ela é da nossa experiência, temos dela
uma evidência intrínseca e extrínseca, interna e externa, mediata e imediata.
Quanto às coisas que possam perdurar para sempre sem fim, a nossa
especulação às alcança facilmente. Até o materialista terá que admitir que a matéria
seja indestrutível, que a matéria perdurará para sempre, sendo matéria.
E quem defender outra idéia, aceitar o princípio de todas as coisas uma energia,
também aceitará que ela perdure para sempre.
Podem as coisas sofrerem transformações. Podem elas apresentarem variâncias
acidentais e substânciais, contudo, atrás delas há algo que perdura sempre sendo o
que é. E que é, por sua vez, o sustentáculo de tudo quanto se dá.
A esse sustentáculo supremo os homens deram vários nomes e construíram
diversos conceitos.
As religiões conceberam-no como um Deus, como um ser de máxima e absoluta
perfeição, que é o fundamento último de todas as coisas, fonte/origem de tudo
quanto há, houve ou haverá.
Em meio disso tudo o ser humano, com uma consciência despertada que volve
sobre si mesmo e sobre as suas possibilidades, especula sobre elas, julga do seu
valor, tende a perscrutar o seu fututo e a querer estabelecer as normas do seu
amanhã. Este ser pergunta a si mesmo: Serei eu apenas uma coisas que acontece
entre coisas, dessas que são apenas transformações substânciais e acidentais, que
passam pela existÊncia e nada deixam de sim ou haverá em mim algo que está ligado
mais profundo, algo que dura sempre, algo que atravessa todos os tempos? Será que
não há em mim alguma coisa em comum, alguma coisa a qual seja uma participação
daquela perfeição suprema? Se eu sou capaz de alcança-lo, se eu sou capaz de
especular a tudo isso – pergunta o homem para si – será que entre mim e esse ser
supremo há um vazio imenso, em que o qual jamais poderá ser ultrapassado? Que
sejamos para sempre impermeáveis, ELE, pelo menos, para mim? Sem poder
penetrar, sem poder alcança-lo?
Naturalmente o homem reagiu a uma idéia negativa neste sentido, afirmando o
que constituem as suas religiões, isto é, este desejo de religar-se com este princípio,
com esta fonte/origem de todas as coisas, cujo desejo estrutura-se em: Ritos, em
normas de conduta, em modos de proceder, em práticas, em homenagens, em
reverências a este princípio supremo, que ele precisa penetrar, que ele precisa
descobrir e que, no entanto, ele só poderá alcançar se ele O amar profundamente,
porque só o amor vence todas as barreiras, só o amor aproxima, só o amor é capaz
de ultrapassar todos os vazios.

[Fim do Áudio]

[83]
X - Sobre a Felicidade e a Vida Interior

Nós temos no nosso ambiente, naturalmente, um preconceito inraigado.


Que é um preconceito antireligioso.
Nós confundimos a religião com as religiões.
É muito comum entre nós confundir a necessidade de um amparo religioso do
ser humano, com o amparo que as religiões oferecem, é muito diferente.
O ser humano, de qualquer forma, não encontrará felicidade nos bens materiais,
isso não tem dúvida. O que os bens materiais poderão dar ao homem é apenas o bem
estar, mas não a felicidade.
A felicidade humana só poderá dar-se pelo apaziguamento da mente.
Quando a mente se tranquilize. E a mente humana só se tranquiliza pelo saber,
pelo conhecimento e por aquilo que o possa religar à todo o universo.
Só numa compreensão universal é que o homem vai se sentir tranquilo, porque
não basta ter bens, não basta ter o estômago cheio, não basta ter um leito para
dormir. Não basta ter uma boa residência se dentro de nós não há uma vida interior.
Se dentro de nós não há algo que nos ligue além.
Nós necessitamos disso, sem dúvida.
Esse trabalho que é o verdadeiro e legítimo trabalho sacerdotal, que seria o que
o sacerdócio deveria fazer, e que muitos sacerdotes fizeram, mas nem todos, esse é
o ponto grave da situação.
Por que, a religião, nós não a combatemos pelo o que ela tem de positivo e de
bom.
Nós temos de combate-la pelo o que ela tem de maléfico e de ruim.
Aqueles aspectos positivos como, por exemplo, nós sabemos que uma pessoa
que está sofrendo de qualquer perturbação de caráter, digamos, psíquico, necessita
de amparo, necessita de apoio.
[84]
E esse apoio pode ser dado pelo o médico, mas não é suficiente, há a necessidade
de outros experts, que sejam capazes de dar mais profundidade a esse apoio.
Nós sabemos, quem estuda psicologia sabe perfeitamente que a confissão não
pode ser combatida por nós como uma mera instituição religiosa, porque a confissão
também tem um papel psicológico proveitoso, porque ela é uma catarse. Ela
permitia uma purificação, permitia que a pessoa sentisse um certo amparo e uma
certa confiança de que ele podia melhorar e conquistar aquilo que havia perdido.
Nós temos que dar substitutos para isso, mas substitutos que sejam realmente
substitutos.
Não podemos tirar isso, este amparo. A pessoa que está triste, a pessoa que está
acabrunhada, a pessoa que cuja ira leva para a tristeza, uma tristeza profunda,
necessita de quem o ampare, necessita de quem o anime, necessita de quem o eleve,
de quem lhe dê apoio para sair daquele estado.
Esse trabalho social, esse trabalho humano, alguém terá que fazer. Terá que
haver pessoas competentes e capazes de fazer esse trabalho. Isso nós não podemos
negar. Nós somos obrigados, e é o nosso dever, a estudar este assunto com respeito.
Porque nós não podemos combater e pensar que nós vamos solucionar o
problema humano apenas dando mais comida para os homens, mais roupas e mais
bens.
Nós temos que dar um amparo para o espírito desses homens, uma tranquilidade
para essa almas.
Alguns podem encontrar a tranquilidade até numa doutrina materialista, não
importa, mas encontram, se encontram, vamos respeita-la.

[Fim do Áudio]

[85]
2- Artigos de diversos autores, de conteúdo muito valioso
para o estudo da obra do Mário Ferreira dos Santos

I- Quem tem medo de Mário Ferreira dos Santos?

15, março, 2021 |

Por Elvis Amsterdã

Em pronunciamento do senador Arthur Távola de 29 de maio de 2002,


publicado no Diário do Senado Federal, somos informados de que a Presidência da
República – durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso – foi ocupada pelo
filósofo Henrique Cláudio de Lima Vaz. É o Vaz no poder. Não por ele pessoalmente,
mas por seus alunos, seguidores, militantes, ou como quer que se queira designar.
O fato é que Lima Vaz atuou e certamente atua no pensamento e política nacionais
de modo mais intenso do que se poderia atribuir aos demais filósofos do Brasil.
(Vejam isso
aqui: http://www.padrevaz.com.br/index.php/biografia/depoimentos-sobre-
lima-vaz )
Acrescente-se ainda o artigo Quem tem medo da filosofia brasileira?, do
filósofo brasileiro nascido colombiano Ricardo Vélez Rodrìguez, em que afirma:

“Aconteceu, na seara da filosofia, estranho fenômeno de colonialismo cultural


que foi extinguindo progressivamente tudo quanto, no nosso País, cheirasse a estudo
do pensamento brasileiro ou à consolidação de uma filosofia nacional. Os artífices
dessa façanha (ocorrida nas três últimas décadas do século passado) foram os
burocratas da CAPES no setor da filosofia, comandados pelo Padre jesuíta Henrique
Cláudio de Lima Vaz.”

Certamente a filosofia de Mário Ferreira dos Santos não se enquadra de modo


algum nem nos anseios políticos imediatistas nem nos desejos de poder da classe
universitária. Apesar de tudo, confesso: fui bolsista da CAPES em mestrado sobre
Mário Ferreira dos Santos, certamente por graça de Deus e da Virgem Santíssima.
Na universidade brasileira o Mário é um ilustre desconhecido. Por exemplo, muitos
– ou quase todos – são os que ignoram que o nome do Mário ganhou nova luz do sol
graças ao trabalho do Professor Olavo. Este sim merece o título: Quem tem medo de
Olavo de Carvalho, o maior filósofo brasileiro?
Atualmente, falta quem tenha medo de Mário Ferreira dos Santos, porque
conseguiram silenciar de tal modo seu nome que já não se pode temer um gigante
desconhecido, não um gigante de fábula, mas um gigante do olvido. Culpa nossa, que
temos uma bomba atômica cultural e não lhe damos o protagonismo devido. Eu
mesmo que o estudo há tanto tempo ainda não encontrei os meios lingüísticos
adequados para expô-lo e aproveitá-lo o máximo possível. Na verdade, atualmente
apenas quem o estuda ou sonha em estudá-lo é que o teme, dada a grandiosidade de
sua obra e a dificuldade de alguns passos, sobretudo aqueles que dizem respeito
à Mathesis Megiste, a última fase de seu pensamento.

[86]
Certo temor inibe o sacrilégio. Certo outro nível de temor, induz ao sacrilégio.
No primeiro, amamos e nos desviamos de macular a coisa amada. No segundo, quer-
se destruir o quanto antes o objeto do ódio, para evitar que a coisa odiada cresça em
força e notoriedade. Atualmente, encontramos muita gente que ama Mário Ferreira
dos Santos, mas ainda sem a devida coragem de enfrentar mais audaciosamente
seus livros, com aquele impulso de quem aceita estudá-lo por 20 anos; porém, há
sim aqueles que temem o Mário, temem que o maior brasileiro de sempre seja
esquecido que nem a sua lápide cheia de mato no cemitério do Araçá.
Infelizmente, não há mais quem tema e odeie Mário Ferreira dos Santos.
Odiaram o Mário quando vivo. Odeiam agora só o Olavo, que sintetiza a contento a
independência filosófica não-universitária brasileira. Mário Ferreira, acredito, bem
como o Padre Maurílio Penido, Miguel Reale e alguns outros podem dividir os ódios
e aliviar o alvo supremo da ira, espero.
Porém, agora que tenho um filhinho pequeno, um brasileirinho de dois mês
de idade, preocupo-me com nova afectividade com os destinos de nossa Língua e do
pensamento nacional. Espero que ele saiba amar e odiar (com ódio sagrado) o que
deve ser amado e o que deve ser odiado, o que deve ser temido e o que deve ser
desprezado, em sua insignificância e banalidade.
E quem é Mário Ferreira dos Santos? O brasileiro Mário Ferreira dos Santos
(1907-1968), nascido em Tietê-SP e educado por padres jesuítas em Pelotas-RS, é
autor de um conjunto de obras organizadas sob o título de Enciclopédia de Ciências
Filosóficas e Sociais, das quais publicou pelo menos três dezenas nos últimos
dezesseis anos de sua vida e cujos volumes são dispostos em três séries − síntese,
análise e concreção – em que as fases inicial e última respeitam a uma seqüência
matemática correspondente às dez leis pitagóricas, por ele desenvolvidas em livros
como Pitágoras e o Tema do Número e A Sabedoria das Leis Eternas. A série
sintética, iniciada por Filosofia e Cosmovisão, é encimada por Filosofia Concreta, em
três volumes, obra fundamental, coroa da exposição daquilo que designa como
filosofia positiva e concreta. Filosofia Concreta consiste num tratado de axiomática
que, ao partir de uma intuição iluminadora inicial e através das operações lógicas
mais variadas e complexas, extrai juízos virtuais contidos nos juízos anteriores,
interligados por um “nexo de necessidade”.
De um ponto arquimédico, uma verdade evidente por si mesma, imediata e
indemonstrável, mas mostrável, desenvolve-se esse tratado de matemática
ontológica, de metamatemática, que não se estriba nos recursos da matemática de
cálculo, Logistikê para os pitagóricos, mas numa de grau superior e propriamente
metafísica. Parte do axioma alguma coisa há e o nada absoluto não há e deriva 327
teses, acompanhadas das devidas confrontações dialécticas e demonstrações
lógicas. Mário propõe uma metodologia de “raciocinar tríplice”: um ascendente, um
estabilizador e um descendente; e a dialéctica-ontológica é justamente o método
ascendente, que sobe à cata de verdades que valham para todo o sempre. Ela busca
juízos de necessidade e até de exclusividade, aqueles que nos dão certeza do
conhecimento de algo, universalmente válidos e apodíticos. Incontornavelmente,
essa metodologia impõe-se uma nova fundamentação da Metafísica, provando que
esta não é uma disciplina vã e nem tampouco vagabundeio de idéias. Mário Ferreira
não adere a nenhum ismo, mas se sente perfeitamente confortável como
continuador das linhas sólidas da filosofia clássica grega, e também daquilo que
considera o cume do pensamento ocidental: os séculos XIII e XIV e a filosofia ibérica
dos séculos XVI e XVII.

[87]
Quem não o teme é louco de pedra, não tem noção da força filosófica que nele
há e que pode transformar culturalmente nosso país. Um dia, quem sabe, teremos
em altos postos indivíduos que leram A Sabedoria dos Princípios e professores
universitários que conheçam o Filosofia Concreta. Quando fiz graduação na
Universidade Federal do Maranhão, conheci um único professor que tinha lido o
Mário: Professor Raimundo Portela. Na Federal de Santa Catarina, meu orientador
português João Lupi. Agora, já se ouve falar de Mário Ferreira dos Santos na internet,
mas ainda não com o correspondente e urgente apreço intelectual convertido em
livros e teses acadêmicas.
Mário Ferreira dos Santos é o maior filósofo do Brasil, o maior dos brasileiros
de sempre, a maior inteligência nacional; quem não o teme com amor, ignora o
fundamental deste país. Quem o teme com ódio, odeia o Brasil.

[88]
II- Mário Ferreira dos Santos sou eu e sei do que escrevo

1, abril, 2021

Por Elvis Amsterdã

Tomei café com um dos maiores lógicos do mundo – figura notável, não
apenas pela sua relevância em campo tão disputado, mas também por sua
proficiência lingüística: é um professor de Lógica que sabe falar, consegue terminar
uma frase com sujeito-verbo-complemento, certamente um sobrevivente dos
tempos antigos e ante-diluvianos.
O Professor K sentou-se com um grupo de alunos, saídos havia pouco de sua
aula na universidade, e começou a trocar amenidades com todos. Perguntou-me: “o
que você estuda?” – Faço mestrado sobre a dialéctica-ontológica de Mário Ferreira
dos Santos. Esse professor anteriormente já me tinha indagado a mesma coisa, ao
que àquela altura ele concluiu de minha resposta: “O pessoal do PT deve te achar
um otário.” Dessa vez ele mudou o repertório e devolveu à minha resposta uma
segunda pergunta: “E tem conteúdo para um mestrado?” – Com certeza tem
conteúdo para um doutorado e muito mais, eu lhe disse.
K, então, nos confessou: conheci Mário Ferreira dos Santos na frente de sua
livraria em São Paulo. Eu estava com minha noiva e vi no mostruário aquela penca
de livros de todos os assuntos e disse para ela: “esse cara escreve sobre tudo, não
deve saber nada do que escreve”. Porém, Mário Ferreira dos Santos estava por trás
de mim e me disse: “Mário Ferreira dos Santos sou eu e sei do que escrevo”.
Passaram-se pelo menos 50 anos do encontro de NK com MFS e agora ele me
pergunta “tem conteúdo para um mestrado?” Ele não mudou em nada sua
concepção de diante da vitrine, porque não leu nada dos livros de Lógica do Mário,
a quem ele julgou sem conhecer. Não leu Lógica e Dialéctica nem os 3 volumes
de Métodos Lógicos e Dialécticos nem Grandezas e Misérias da Logística, nem sabe
da axiomática por trás do Filosofia Concreta, para ficarmos no campo de interesses
de K. Não sabe nem vai saber, porque brasileiro não acredita em outro brasileiro.
Vício semelhante se vê em Miguel Reale, que não conseguiu perceber no Mário mais
do que um comentador de Nietzsche.

Pelo que vi no decurso da conversa com K, o que mais o inquietava é que


alguém pudesse escrever tanto sobre tantos assuntos: sobre Lógica, Ontologia,
Psicologia, Noologia, Filosofia da História, Filosofia da Cultura, sobre obras
específicas de Platão, Aristóteles, sobre fragmentos dos pré-socráticos, sobre
Retórica, Simbólica, Sociologia etc. O incrível era que um só homem tratasse de
tantas matérias.
Mário acreditava que não seria verdadeiro filósofo se não pudesse tratar de
todas as matérias filosóficas; mas convenhamos: sempre foi assim. Hoje é que
acreditamos que basta ser especialista em certa disciplina filosófica para ser
considerado filósofo em acepção eminente. Mário também acreditava que o
brasileiro está numa posição privilegiada ante a história da Filosofia, porque
tendemos a abarcar o universal e vivemos na própria carne o universal.

[89]
Sua Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais, que abrange todas as
disciplinas filosóficas conhecidas e mais algumas por ele desenvolvidas, é a
coletânea filosófica mais lógica e mais dialéctica que se poderia esperar do filho de
um povo que vive a dialéctica nos nervos e na mistura das raças. Mário consegue
abarcar horizontes que outrora e ainda agora não foram abarcados por nenhum
outro pensador nacional. Porém, mesmo que muitos (mas não todos) tenham
desacreditado de suas capacidades e das capacidades dos brasileiros em geral, é
digno de observação que o filósofo e Padre letoniano Stanislavs Ladusãns, S.I.,
dedicou-lhe uma nota publicada na Revista Portuguesa de Filosofia (Braga, Janeiro-
Março, 1969, Tomo XXV, Fasc. 1) em que afirma:
‘’Harmoniza o seu pensamento filosófico com a Revelação Cristã, querendo
construir uma ponte entre Metafísica e a Religião revelada, para dar um novo
método apto para instruir e formar as mentes de hoje. Oferece um sistema
sapiencial. Embora manifeste alguns defeitos de autodidatismo no campo filosófico
(é só doutor em Direito), é um filósofo cristão de valor. Durante toda a sua vida
dedicou-se à Filosofia e deu algumas contribuições válidas para o progresso da
Filosofia. (Grifos meus)’’
Igualmente o Padre italiano Carlos Beraldo, S.I., em verbete dedicado ao
Mário na Enciclopedia Filosofica do Centro di Studi Filosofici di Gallarate, depois de
afirmar que a “síntese filosófica” do Mário “é, ao mesmo tempo, tradicional e
pessoal”, conclui:
‘’Apóstolo incansável e solitário da sabedoria, no sentido tradicional e antigo,
M.F. dos S. se esforçou por formular uma filosofia que, embora ficando sempre
aberta a novos problemas, fosse ao mesmo tempo, de nome e de fato, “perene” e
“ecumênica”.
Aqui certamente temos matéria para mestrados, doutorados, livros, enfim,
até mesmo porque, se o Padre Ladusãns está certo, ele “deu contribuições válidas
para o progresso da Filosofia” e, se o Padre Beraldo também acerta, uma filosofia
aberta a novos problemas pode remediar as novas enfermidades filosóficas que nos
atacam. Acredito até que, se a filosofia do Mário é positiva e concreta, ela pode e
deve ser continuada, porque aqui não falamos de fim da Filosofia, nem fim da
sabedoria, exceto fim como destino em Deus.
Por onde, então, começar? Quais os problemas que devemos desenvolver?
Sugiro que se leia as páginas iniciais do Filosofia Concreta, aquelas que dizem
respeito às 10 primeiras teses, o que corresponde a umas 45 páginas. O estudo disso
tudo é matéria para muitas vidas e certamente fortalece nossa confiança psicológica
na busca da verdade e nos dá o fundamento ontológico dessa confiança,
porque alguma coisa há e o nada absoluto não há. Depois, com a leitura de outros
livros da Enciclopédia, cada um pode encontrar um caminho próprio e lutar por
resolver seus próprios problemas. Em Filosofia e Cosmovisão, o Mário afirma que
se deve desenvolver uma Metafísica da Afectividade; em Filosofia Concreta,
podemos encontrar o caminho para uma Metafísica segura; em A Sabedoria dos
Princípios, podemos nos dar conta da insuficiência da abstração para atingir a
verdade apodítica, enfim. Certamente, muitas são as questões que podem responder
à pergunta “e tem conteúdo para um mestrado?”. Porém, hoje precisamos
urgentemente dizer: Mário Ferreira dos Santos eu li e sei do que ele escreve.

[90]
III - A Metafísica de Mário Ferreira dos Santos, um
Autodidata Brasileiro.
Por Sidney Silveira

Pelo dedo se conhece o gigante, e pelas premissas se reconhece um filósofo.


Mas, para revelar as premissas às vezes é necessário percorrer o caminho inverso:
partir das conclusões para chegar à fonte do pensamento ou de um sistema, pelos
efeitos remontar às causas, como fez Tomás de Aquino quando, a partir do
movimento, demonstrou, nas famosas cinco vias, a impossibilidade da inexistência
da Causa Primeira: Deus.
O horizonte de uma filosofia é prefigurado pelas idéias básicas do filósofo, e
os escolásticos sabiam disso. Infelizmente, a sua lição credo ut intelligam (“creio
para saber”) foi desprezada pelos modernos, cujas suposições céticas só poderiam
culminar na visão esquizóide de Wittgenstein, que nos garante: o homem não pode
ter certeza objetiva, nem mesmo de que tem duas mãos; neste caso, haveria uma
“certeza subjetiva”, mas esta, incrivelmente, não lhe facultaria “conhecer” o fato de
ter duas mãos. Em palavras simples: estraga o fubá, mas poupa o farelo.
Para além desse ceticismo hoje imperante, há o silêncio em torno de
pensadores como Mário Ferreira dos Santos, tão desconhecido quanto fulgurante. A
trajetória deste autodidata brasileiro nos remete, por analogia, à tradição judaica do
“santo oculto” (nistar), que vem dos tempos talmúdicos e segundo a qual existem,
em cada geração, 36 homens justos que são os fundamentos do mundo; se o seu
anonimato fosse rompido, eles não seriam nada. Nas palavras de Gershom Scholem,
estudioso da mística hebraica, um deles pode até ser o Messias, mantido em segredo
porque a época não está à sua altura. Mal comparando, o tempo de Mário Ferreira
não esteve à altura dele. Esse homem cumpriu a sua vocação à sombra do período
em que viveu.
É verdade que na “História da Filosofia no Brasil”, da Vozes, Jorge Jaime, da
Academia Brasileira de Filosofia, dedicara 20 páginas ao “portentoso criador da
filosofia concreta”. Mas, se avaliarmos a dimensão do trabalho a que se refere Jorge
Jaime, o reconhecimento soa tímido. Em sua “Filosofia concreta” (1957), Mário
Ferreira parte de um “ponto arquimédico” para demonstrar cerca de 260 teses, num
trabalho de gigante. Esse ponto seria a verdade auto-evidente “alguma coisa há”, e
não o nada absoluto. Demonstrado o postulado inicial, ele nos leva a
concluir, na segunda tese, que “o nada absoluto nada pode”, pois se pudesse não
seria o nada e sim alguma coisa. O filósofo então envereda pelas mais diferentes vias
demonstrativas, até chegar a uma excelsa verdade: a existência do Ser Supremo em
ato.

Nada menos que isso.

Agora, com o lançamento de “A sabedoria das leis eternas”, um texto inédito


(com introdução e notas de Olavo de Carvalho), Mário Ferreira dos Santos reaparece
em trabalho cuja leitura será difícil para quem não tenha familiaridade com o
filósofo. No livro, imprimindo o habitual sentido matematizante à filosofia (Mário
era pitagórico), ele estuda as dez leis ontológicas que, “descendo do plano dos
princípios ao da manifestação, imperam efetivamente em todas as ordens de
realidade”. A essas leis chega-se por vias especulativas, e Mário – precavido contra
[91]
os dogmas do ceticismo e do agnosticismo – expusera e refutara teses contrárias em
trabalhos anteriores, por diferentes sistemas lógicos e uma dialética inventada por
ele: a “decadialética”.
A filosofia de Mário Ferreira se parece com a Escolástica, mas em questões
escolásticas ante as quais filósofos modernos tomaram atalhos de conseqüências
esterilizantes, que acabaram por resultar na negação do estatuto da verdade.
Algumas teses da “Filosofia concreta” são idênticas às do “Tractatus de primo
principio”, de Duns Scot, como nesta questão: “O que não é causado por causas
extrínsecas não é causado por causas intrínsecas”. Há tanto demérito nesta
igualdade de enunciados quanto haveria em constatar que, nos triângulos
retângulos, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.
Ora, a verdade desse teorema não é verdadeira porque Pitágoras a descobriu, mas
Pitágoras a descobriu porque ela é verdadeira. Ademais, ninguém pode ser “dono”
de nenhuma verdade; ao contrário, por seu poder transformador, a verdade é a dona
de quem a consegue contemplar.
O amor de Mário Ferreira à sabedoria deixa-nos uma lição. Ou o homem
procura enxergar, com humildade, os dados da realidade que a ele se apresentam,
cotidianamente, ou os transtornos da personalidade decorrentes desse erro o
transformam num caso psiquiátrico, cujo diagnóstico pode estar na raiz do seu
ceticismo: a crença na inexistência de Deus, primeiro motor da negação da verdade
como baliza dos conceitos humanos e, também, da violência de um sujeito contra si
e contra o seu próximo.
Pergunte-se a um filósofo se Deus existe, para que se conheça, de antemão, o
horizonte de suas especulações. Em 99% dos casos, o ateu e o agnóstico viram
céticos em filosofia, materialistas em política e amoralistas em estética. Mas, neste
último caso, quando a beleza não mais se identifica com o bem e a verdade, uma
civilização começa a se autodestruir.

* Sidney Silveira é jornalista no Rio de Janeiro. Colaborador da “Sociedade Amigos


do Professor Mário Ferreira dos Santos”. Artigo publicado no jornal “O Globo”, em
13/07/2002.

[92]
IV - Mário Ferreira dos Santos e o nosso futuro
Olavo de Carvalho

Dicta & Contradicta, junho de 2009

Quando a obra de um único autor é mais rica e poderosa que a cultura inteira
do seu país, das duas uma: ou o país consente em aprender com ele ou recusa o
presente dos céus e inflige a si próprio o merecido castigo pelo pecado da soberba,
condenando-se ao definhamento intelectual e a todo o cortejo de misérias morais
que necessariamente o acompanham.
Mário Ferreira ocupa no Brasil uma posição similar à de Giambattista Vico na
cultura napolitana do século XVIII ou de Gottfried von Leibniz na Alemanha da
mesma época: um gênio universal perdido num ambiente provinciano incapaz não
só de compreendê-lo, mas de enxergá-lo. Leibniz ainda teve o recurso de escrever
em francês e latim, abrindo assim algum diálogo com interlocutores estrangeiros.
Mário está mais próximo de Vico no seu isolamento absoluto, que faz dele uma
espécie de monstro. Quem, num ambiente intelectual prisioneiro do imediatismo
mais mesquinho e do materialismo mais deprimente – materialismo compreendido
nem mesmo como postura filosófica, mas como vício de só crer no que tem impacto
corporal –, poderia suspeitar que, num escritório modesto da Vila Olimpia, na
verdade uma passagem repleta de livros entre a cozinha e a sala de visitas, um
desconhecido discutia em pé de igualdade com os grandes filósofos de todas as
épocas, demolia com meticulosidade cruel as escolas de pensamento mais em moda
e sobre seus escombros erigia um novo padrão de inteligibilidade universal?
Os problemas que Mário enfrentou foram os mais altos e complexos da
filosofia, mas, por isso mesmo, estão tão acima das cogitações banais da nossa
intelectualidade, que esta não poderia defrontar-se com ele sem passar por uma
metanóia, uma conversão do espírito, a descoberta de uma dimensão ignorada e
infinita. Foi talvez a premonição inconsciente do terror e do espanto –
do thambos aristotélico – que a impeliu a fugir dessa experiência, buscando abrigo
nas suas miudezas usuais e definhando pouco a pouco, até chegar à nulidade
completa; decerto o maior fenômeno de auto-aniquilação intelectual já transcorrido
em tempo tão breve em qualquer época ou país. A desproporção entre o nosso
filósofo e os seus contemporâneos – muito superiores, no entanto, à atual geração –
mede-se por um episódio transcorrido num centro anarquista, em data que agora
me escapa, quando se defrontaram, num debate, Mário e o então mais eminente
intelectual oficial do Partido Comunista Brasileiro, Caio Prado Júnior. Caio falou
primeiro, respondendo desde o ponto de vista marxista à questão proposta
como Leitmotiv do debate. Quando ele terminou, Mário se ergueu e disse mais ou
menos o seguinte:
– Lamento informar, mas o ponto de vista marxista sobre os tópicos
escolhidos não é o que você expôs. Vou portanto refazer a sua conferência antes de
fazer a minha.
E assim fez. Muito apreciado no grupo anarquista, não por ser integralmente
um anarquista ele próprio, mas por defender as idéias econômicas de Pierre-Joseph
Proudhon, Mário jamais foi perdoado pelos comunistas por esse vexame imposto a
uma vaca sagrada do Partidão. O fato pode ter contribuído em algo para o muro de
silêncio que cercou a obra do filósofo desde a sua morte. O Partido Comunista
sempre se arrogou a autoridade de tirar de circulação os autores que o
[93]
incomodavam, usando para isso a rede de seus agentes colocados em altos postos
na mídia, no mundo editorial e no sistema de ensino. A lista dos condenados ao
ostracismo é grande e notável. Mas, no caso de Mário, não creio que tenha sido esse
o fator decisivo. O Brasil preferiu ignorar o filósofo simplesmente porque não sabia
do que ele estava falando. Essa confissão coletiva de inépcia tem, decerto, o
atenuante de que as obras do filósofo, publicadas por ele mesmo e vendidas de porta
em porta com um sucesso que contrastava pateticamente com a ausência completa
de menções a respeito na mídia cultural, vinham impressas com tantas omissões,
frases truncadas e erros gerais de revisão, que sua leitura se tornava um verdadeiro
suplício até para os estudiosos mais interessados – o que, decerto, explica mas não
justifica. A desproporção evidenciada naquele episódio torna-se ainda mais
eloqüente porque o marxismo era o centro dominante ou único dos interesses
intelectuais de Caio Prado Júnior, ao passo que, no horizonte infinitamente mais
vasto dos campos de estudo de Mário Ferreira, era apenas um detalhe ao qual ele
não poderia ter dedicado senão alguns meses de atenção: nesses meses, aprendera
mais do que o especialista que dedicara ao assunto uma vida inteira.
A mente de Mário Ferreira era tão formidavelmente organizada que para ele
era a coisa mais fácil localizar imediatamente no conjunto da ordem intelectual
qualquer conhecimento novo que lhe chegasse desde área estranha e desconhecida.
Numa outra conferência, interrogado por um mineralogista de profissão que
desejava saber como aplicar ao seu campo especializado as técnicas lógicas que
Mário desenvolvera, o filósofo respondeu que nada sabia de mineralogia mas que,
por dedução desde os fundamentos gerais da ciência, os princípios da mineralogia
só poderiam ser tais e quais – e enunciou quatorze. O profissional reconheceu que,
desses, só conhecia oito.
A biografia do filósofo é repleta dessas demonstrações de força, que
assustavam a platéia, mas que para ele não significavam nada. Quem ouve as
gravações das suas aulas, registradas já na voz cambaleante do homem afetado pela
grave doença cardíaca que haveria de matá-lo aos 65 anos, não pode deixar de
reparar na modéstia tocante com que o maior sábio já havido em terras lusófonas
se dirigia, com educação e paciência mais que paternais, mesmo às platéias mais
despreparadas e toscas. Nessas gravações, pouco se nota dos hiatos e
incongruências gramaticais próprios da expressão oral, quase inevitáveis num país
onde a distância entre a fala e a escrita se amplia dia após dia. As frases vêm
completas, acabadas, numa seqüência hierárquica admirável, pronunciadas
em recto tono, como num ditado.
Quando me refiro à organização mental, não estou falando só de uma
habilidade pessoal do filósofo, mas da marca mais característica de sua obra escrita.
Se, num primeiro momento, essa obra dá a impressão de um caos inabarcável, de
um desastre editorial completo, o exame mais demorado acaba revelando nela,
como demonstrei na introdução àSabedoria das Leis Eternas[1], um plano de
excepcional clareza e integridade, realizado quase sem falhas ao longo dos 52
volumes da sua construção monumental, a Enciclopédia das Ciências Filosóficas.
Além dos maus cuidados editoriais – um pecado que o próprio autor
reconhecia e que explicava, com justeza, pela falta de tempo –, outro fator que torna
difícil ao leitor perceber a ordem por trás do caos aparente provém de uma causa
biográfica. A obra escrita de Mário reflete três etapas distintas no seu
desenvolvimento intelectual, das quais a primeira não deixa prever em nada as duas
subseqüentes, e a terceira, comparada à segunda, é um salto tão formidável na
escala dos graus de abstração que aí parecemos nos defrontar já não com um
filósofo em luta com suas incertezas e sim com um profeta-legislador a enunciar leis
[94]
reveladas ante as quais a capacidade humana de discutir tem de ceder à autoridade
da evidência universal.
A biografia interior de Mário Ferreira é realmente um mistério, tão grandes
foram os dois milagres intelectuais que a moldaram. O primeiro transformou um
mero ensaísta e divulgador cultural em filósofo na acepção mais técnica e rigorosa
do termo, um dominador completo das questões debatidas ao longo de dois
milênios, especialmente nos campos da lógica e da dialética. O segundo fez dele o
único – repito, o único – filósofo moderno que suporta uma comparação direta com
Platão e Aristóteles. Este segundo milagre anuncia-se ao longo de toda a segunda
fase da obra, numa seqüência de enigmas e tensões que exigiam, de certo modo,
explodir numa tempestade de evidências e, escapando ao jogo dialético, convidar a
inteligência a uma atitude de êxtase contemplativo. Mas o primeiro milagre,
sobrevindo ao filósofo no seu quadragésimo-terceiro ano de idade, não tem nada,
absolutamente nada, que o deixe prever na obra publicada até então. A família do
filósofo foi testemunha do inesperado. Mário fazia uma conferência, no tom meio
literário, meio filosófico dos seus escritos usuais, quando de repente pediu
desculpas ao auditório e se retirou, alegando que “tivera uma idéia” e precisava
anotá-la urgentemente. A idéia era nada mais, nada menos que as teses numeradas
destinadas a constituir o núcleo da Filosofia Concreta, por sua vez coroamento dos
dez volumes iniciais da Enciclopédia, que viriam a ser escritos uns ao mesmo tempo,
outros em seguida, mas que ali já estavam embutidos de algum modo. A Filosofia
Concreta é construída geometricamente como uma seqüência de afirmações auto-
evidentes e de conclusões exaustivamente fundadas nelas – uma ambiciosa e bem
sucedida tentativa de descrever a estrutura geral da realidade tal como tem de ser
concebida necessariamente para que as afirmações da ciência façam sentido.
Mário denomina a sua filosofia “positiva”, mas não no sentido comteano.
Positividade (do verbo “pôr”) significa aí apenas “afirmação”. O objetivo da filosofia
positiva de Mário Ferreira é buscar aquilo que legitimamente se pode afirmar sobre
o conjunto da realidade à luz do que foi investigado pelos filósofos ao longo de vinte
e quatro séculos. Por baixo das diferenças entre escolas e correntes de pensamento,
Mário discerne uma infinidade de pontos de convergência onde todos estiveram de
acordo, mesmo sem declará-lo, e ao mesmo tempo vai construindo e sintetizando os
métodos de demonstração necessários a fundamentá-los sob todos os ângulos
concebíveis.
Daí que a filosofia positiva seja também “concreta”. Um conhecimento
concreto, enfatiza ele, é um conhecimento circular, que conexiona tudo quanto
pertence ao objeto estudado, desde a sua definição geral até os fatores que
determinam a sua entrada e saída da existência, a sua inserção em totalidades
maiores, o seu posto na ordem dos conhecimentos, etc. Por isso é que à seqüência
de demonstrações geométricas se articula um conjunto de investigações dialéticas,
de modo que aquilo que foi obtido na esfera da alta abstração seja reencontrado no
âmbito da experiência mais singular e imediata. A subida e descida entre os dois
planos opera-se por meio da decadialética, que enfoca o seu objeto sob dez aspectos:
1. Campo sujeito-objeto. Todo e qualquer ser, seja físico, espiritual, existente,
inexistente, hipotético, individual, universal, etc. é simultaneamente objeto e
sujeito, o que é o mesmo que dizer – em termos que não são os usados pelo autor –
receptor e emissor de informações. Se tomarmos o objeto mais alto e universal –
Deus –, Ele é evidentemente sujeito, e só sujeito, ontologicamente: gerando todos os
processos, não é objeto de nenhum. No entanto, para nós, é objeto dos nossos
pensamentos. Deus, que ontologicamente é puro sujeito, pode ser objeto do ponto
de vista cognitivo. No outro extremo, um objeto inerte, como uma pedra, parece ser
[95]
puro objeto, sem nada de sujeito. No entanto, é óbvio que ela está em algum lugar e
emite aos objetos circundantes alguma informação sobre a sua presença, por
exemplo, o peso com que ela repousa sobre outra pedra. Com uma imensa gradação
de diferenciações, cada ente pode ser precisamente descrito nas suas respectivas
funções de sujeito e objeto. Conhecer um ente é, em primeiro lugar, saber a
diferenciação e a articulação dessas funções. Alguns exercícios para o leitor se
aquecer antes de entrar no estudo da obra de Mário Ferreira: (1) Diferencie os
aspectos e ocasiões em que um fantasma é sujeito e objeto. (2) E uma idéia abstrata,
quando é sujeito, quando é objeto? (3) E um personagem de ficção, como Dom
Quixote?

2. Campo da atualidade e virtualidade. Dado um ente qualquer, pode-se distinguir


entre o que ele é efetivamente num certo momento e aquilo em que ele pode (ou
não) se transformar no instante seguinte. Alguns entes abstratos, como por exemplo
a liberdade ou a justiça, podem se transformar nos seus contrários. Mas um gato não
pode se transformar num antigato.

3. Distinção entre as virtualidades (possibilidades reais) e as possibilidades não-


reais, ou meramente hipotéticas. Toda possibilidade, uma vez logicamente
enunciada, pode ser concebida como real ou irreal. Só podemos obter essa gradação
pelo conhecimento dialético que temos das potências do objeto.

4. Intensidade e extensidade. Mário toma esses termos emprestados do físico


alemão Wilhelm Ostwald (1853-1932), separando aquilo que só pode variar em
diferença de estados, como por exemplo o sentimento de temor ou a plenitude de
significados de uma palavra, e aquilo que se pode medir por meio de unidades
homogêneas, como por exemplo linhas e volumes.

5. Intensidade e extensidade nas atualizações. Quando os entes passam por


mudanças, elas podem ser tanto de natureza intensiva quanto extensiva. A descrição
precisa das mudanças exige a articulação dos dois pontos de vista.

6. Campo das oposições no sujeito: razão e intuição. O estudo de qualquer ente sob
os cinco primeiros aspectos não pode ser feito só com base no que se sabe deles,
mas tem de levar em conta a modalidade do seu conhecimento, especialmente a
distinção entre os elementos racionais e intuitivos que entram em jogo.

7. Campo das oposições da razão: conhecimento e desconhecimento. Se a razão


fornece o conhecimento do geral e a intuição o do particular, em ambos os casos há
uma seleção: conhecer é também desconhecer. Todos os dualismos da razão –
concreto-abstrato, objetividade-subjetividade, finito-infinito, etc. – procedem da
articulação entre conhecer e desconhecer. Não se conhece um objeto enquanto não
se sabe o que tem de ser desconhecido para que ele se torne conhecido.
8. Campo das atualizações e virtualizações racionais. A razão opera sobre o trabalho
da intuição, atualizando ou virtualizando, isto é, trazendo para o primeiro plano ou
relegando para um plano de fundo os vários aspectos do objeto percebido. Toda
análise crítica de conceitos abstratos supõe uma clara consciência do que aí foi
atualizado e virtualizado.

9. Campo das oposições da intuição. A mesma separação do atual e do virtual já


acontece no nível da intuição, que é espontaneamente seletiva. Se, por exemplo,
[96]
olhamos esta revista como uma singularidade, fazemos abstração dos demais
exemplares da mesma tiragem. Tal como a razão, a intuição conhece e desconhece.

10. Campo do variante e do invariante. Não há fato absolutamente novo nem


absolutamente idêntico a seus antecessores. Distinguir os vários graus de novidade
e repetição é o décimo e último procedimento da decadialética.
Mário complementa o método com a pentadialética, uma distinção de cinco
planos diferentes nos quais um ente ou fato pode ser examinado: como unidade,
como parte de um todo do qual é elemento, como capítulo de uma série, como peça
de um sistema (ou estrutura de tensões) e como parte do universo.
Nos dez primeiros volumes da Enciclopédia, Mário aplica esses métodos à
resolução de vários problemas filosóficos divididos segundo a distinção tradicional
entre as disciplinas que compõem a filosofia – lógica, ontologia, teoria do
conhecimento, etc. –, compondo assim a armadura geral com que, na segunda série,
se aprofundará no estudo pormenorizado de determinados temas singulares.
Aconteceu que, na elaboração dessa segunda série, ele se deteve mais
demoradamente no estudo dos números em Platão e Pitágoras, o que acabou por
determinar o upgrade espetacular que marca a segunda metanóia do filósofo e os
dez volumes finais da Enciclopédia, tal como expliquei na introdução à Sabedoria
das Leis Eternas. O livro Pitágoras e o Tema do Número, um dos mais importantes
do autor, dá testemunho da mutação. O que chamou a atenção de Mário foi que, na
tradição pitagórico-platônica, os números não eram encarados como meras
quantidades, no sentido em que são usados nas medições, mas sim como formas,
isto é, articulações lógicas de relações possíveis. O que Pitágoras queria dizer com
sua famosa afirmação de que “tudo são números” não é que todas as qualidades
diferenciadoras podiam se reduzir a quantidades, mas que as quantidades mesmas
eram por assim dizer qualitativas: cada uma delas expressava um certo tipo de
articulação de tensões cujo conjunto formava um objeto. Mas, se de fato é assim,
conclui Mário, a seqüência dos números inteiros não é apenas uma contagem, mas
uma série ordenada de categorias lógicas. Contar é, mesmo inconscientemente,
galgar os degraus de uma compreensão progressiva da estrutura do real. Vejamos,
só para exemplificar, o que acontece no trânsito do número um ao número cinco.
Todo e qualquer objeto é necessariamente uma unidade. Ens et unum convertuntur,
“o ser e a unidade são a mesma coisa”, dirá Duns Scot. Ao mesmo tempo, porém, esse
objeto conterá em si alguma dualidade essencial. Mesmo a unidade simples, ou
Deus, não escapa ao dualismo gnoseológico do conhecido e do desconhecido, já que
aquilo que Ele conhece de si mesmo é desconhecido por nós. Ao mesmo tempo, os
dois aspectos da dualidade têm de estar ligados entre si, o que exige a presença de
um terceiro elemento, a relação. Mas a relação, ao articular os dois aspectos
anteriores, estabelece entre eles uma proporção, ou quaternidade. A quaternidade,
considerada como forma diferenciada do ente cuja unidade abstrata captamos no
princípio, é por sua vez uma quinta forma. E assim por diante.
A mera contagem exprime, sinteticamente, o conjunto das determinações
internas e externas que compõem qualquer objeto material ou espiritual, atual ou
possível, real ou irreal. Os números são portanto “leis” que expressam a estrutura
da realidade. O próprio Mário confessa não saber se essa sua versão muito pessoal
do pitagorismo coincide materialmente com a filosofia do Pitágoras histórico. Seja
uma descoberta ou uma redescoberta, a filosofia de Mário descerra diante dos
nossos olhos, de maneira diferenciada e meticulosamente acabada, um edifício
doutrinal inteiro que, em Pitágoras – e mesmo em Platão – estava apenas embutido
de maneira compacta e obscura. Ao mesmo tempo, em A Sabedoria dos Princípios e
[97]
demais volumes finais da Enciclopédia, ele dá ao seu próprio projeto filosófico um
alcance incomparavelmente maior do que se poderia prever até mesmo pela
magistral Filosofia Concreta. A esta altura, aquilo que começara como conjunto de
regras metodológicas se transmuta num sistema completo de metafísica, a mathesis
megiste ou “ensinamento supremo”, ultrapassando de muito a ambição originária
da Enciclopédia e elevando a obra de Mário Ferreira ao estatuto de uma das mais
altas realizações do gênio filosófico de todos os tempos.
Não tenho a menor dúvida de que, quando passar a atual fase de degradação
intelectual e moral do país e for possível pensar numa reconstrução, essa obra, mais
que qualquer outra, deve tornar-se o alicerce de uma nova cultura brasileira. A obra,
em si, não precisa disso: ela sobreviverá muito bem quando a mera recordação da
existência de algo chamado “Brasil” tiver desaparecido. O que está em jogo não é o
futuro de Mário Ferreira dos Santos: é o futuro de um país que a ele não deu nada,
nem mesmo um reconhecimento da boca para fora, mas ao qual ele pode dar uma
nova vida no espírito.

Notas: [1] São Paulo, É-Realizações, 2001.

[98]
V- A tragédia do estudante sério no Brasil
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12 de fevereiro de 2006

Toda semana, recebo dezenas de cartas de estudantes que, em busca de alguma


formação intelectual, encontraram nas universidades que freqüentam apenas
propaganda comunista rasteira, porca, subginasiana.
Não são, como em geral imaginam, vítimas de puras circunstâncias políticas
imediatas. Gemem sob uma montanha de fatores adversos à inteligência humana,
que foram se acumulando no mundo, e não só no Brasil, ao longo das últimas
décadas. Se a primeira metade do século XX trouxe um florescimento intelectual
incomum, a segunda foi uma devastação geral como raramente se viu na História.
A queda foi tão profunda que já não se pode medi-la. Num panorama
inteiramente dominado por charlatães caricatos como Noam Chomsky, Richard
Dawkins, Edward Said, Jacques Derrida, Julia Kristeva, a época em que
floresceram quase que simultaneamente Edmund Husserl, Karl Jaspers, Louis
Lavelle, Alfred North Whitehead, Benedetto Croce, Jan Huizinga, Arnold Toynbee
– e na literatura T. S. Eliot, W. B. Yeats, Ezra Pound, Thomas Mann, Franz Kafka,
Jacob Wassermann, Robert Musil, Hermann Broch, Heimito von Doderer – já se
tornou invisível, inalcançável à imaginação dos nossos contemporâneos. Toda
comparação é entre alguma coisa e alguma outra coisa. Não se pode comparar
tudo com nada.
Isso não quer dizer que as fontes do conhecimento tenham secado. Pensadores
de grande envergadura – um Eric Voegelin, um Bernard Lonergan, um Xavier
Zubiri – sobreviveram à debacle dos anos 60 e continuaram atuantes, o primeiro
até 1985, o segundo até 1984, o terceiro até 1983. Mas seus ensinamentos são
ainda a posse exclusiva de círculos seletos. Não entram na corrente geral das
idéias, nem poderiam entrar sem sujar-se, sem transformar-se em matéria de
discussões idiotas como vem acontecendo, graças à ascensão política de alguns
de seus discípulos, com o infeliz Leo Strauss.
Pois a desgraça se deu justamente na “corrente geral”. O fim da II Guerra Mundial
trouxe uma prodigiosa reorganização das bases sociais e econômicas da vida
intelectual no mundo. Novas instituições, novas redes de comunicação, novos
mecanismos de estocagem e distribuição das informações acadêmicas, novos
públicos e, sobretudo, a ampliação inaudita do apoio estatal e privado à cultura
e a formação dos grandes organismos internacionais como a ONU e a Unesco.
Tudo isso veio junto com o descrédito do marxismo soviético e a profunda
mutação interna da militância esquerdista internacional, a essa altura já
plenamente imbuída das duas lições aprendidas da Escola de Frankfurt e de
Georg Lukacs (mas também, mais discretamente, de Martin Heidegger): (1) a luta
essencial não era propriamente contra o capitalismo, mas contra “a civilização
ocidental”; (2) o agente principal do processo era a classe dos intelectuais.
Nessas condições, o crescimento fabuloso dos meios de atuação veio junto com
o esforço multilateral de apropriação desses meios por parte de grupos
militantes bem pouco interessados em “compreender o mundo” mas totalmente
devotados a “transformá-lo”. A redução drástica da atividade intelectual ao
ativismo político foi a conseqüência desejada e planejada dessa operação,
[99]
realizada em escala mundial a partir dos anos 60.
Não que o fenômeno fosse totalmente desconhecido antes disso. Um vasto ensaio
geral já vinha sendo realizado nos EUA desde a década de 30 pelo menos, através
das grandes fundações “não lucrativas” que descobriram seu poder de orientar e
manipular a seu belprazer a atividade intelectual, científica e educacional
mediante a simples seleção ideologicamente orientada dos destinatários de suas
verbas bilionárias.
Em 1954, uma comissão de investigações do Congresso americano já havia
descoberto que fundações como Rockefeller, Carnegie e Ford exerciam controle
indevido sobre as universidades, as instituições de pesquisa e a cultura em geral,
orientando-as num sentido francamente anti-americano, anticristão e até
anticapitalista. (Não me perguntem pela milésima vez com que interesse os
grandes capitalistas podem agir contra o capitalismo. A explicação está resumida
em http://www.olavodecarvalho.org
/semana/040617jt.htm e http://www.olavodecarvalho.org
/textos/debate_usp_4.htm .) Inevitavelmente, a influência exercida por essas
organizações não consistiu só em introduzir uma determinada cor política na
produção cultural, mas em alterá-la e corrompê-la até às raízes, subordinando
aos objetivos políticos e publicitários visados todas as exigências de honestidade,
veracidade e rigor. Sem essa interferência, fraudes cabeludas como o Relatório
Kinsey ou a pseudo-antropologia de Margaret Mead jamais teriam conseguido
impor-se ao meio acadêmico e à mídia cultural como produtos respeitáveis de
uma atividade científica normal.
A comissão foi alvo de ataques virulentos de toda a grande mídia, e seu trabalho
acabou por ser esquecido, mas ele ainda é uma das melhores fontes de consulta
sobre a instrumentalização política da cultura (v. René Wormser, Foundations,
Their Power and Influence , New York, Devin-Adair, 1958 – vocês podem
comprá-lo pelo site www.bookfinder.com ). Na verdade, sem ele não se pode
compreender nada do que se passou em seguida, pois o que se passou foi que o
experimento tentado em escala americana foi ampliado para o mundo todo: a
apropriação dos meios de ação cultural pelas organizações militantes e o
sacrifício integral da inteligência humana no altar da “vontade de poder”
simplesmente se globalizaram.
Recursos incalculavelmente vastos, que poderiam ter sido utilizados para o
progresso do conhecimento e a melhoria da condição de vida da espécie humana
foram assim desperdiçados para sustentar a guerra geral da estupidez militante
contra a “civilização ocidental” que havia gerado esses mesmos recursos.
Embora esse processo seja de alcance mundial, é claro que o seu peso se fez
sentir mais densamente em países novos do Terceiro Mundo, onde as criações
das épocas anteriores não tinham sido assimiladas com muita profundidade e as
raízes da civilização podiam ser mais facilmente cortadas. No Brasil, da década
de 60 em diante, os progressos da barbárie foram talvez mais rápidos do que em
qualquer outro lugar, destruindo com espantosa facilidade as sementes de
cultura que, embora frágeis, vinham dando alguns frutos promissores. A
comparação impossível entre as duas épocas, que mencionei acima, é ainda mais
impossível no caso brasileiro. Na década de 50, tínhamos, vivos e atuantes,
Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, José Lins do
Rego, Àlvaro Lins, Augusto Meyer, Otto Maria Carpeaux, Mário Ferreira dos
Santos, Vicente Ferreira da Silva, Herberto Sales, Cornélio Penna, Gustavo
[100]
Corção, Nelson Rodrigues, Lúcio Cardoso, Heitor Villa-Lobos, Augusto Frederico
Schmidt, a lista não acaba mais. Hoje, quem representa na mídia a imagem da
“cultura brasileira”? Paulo Coelho, Luís Fernando Veríssimo, Gilberto Gil,
Arnaldo Jabor, Emir Sader, Frei Betto e Leonardo Boff. Perto desses, Chomsky é
Aristóteles. É o grau mais alto pelo qual se medem. Chamar isso de crise, ou
mesmo de decadência, é de um otimismo delirante. A cultura brasileira tornou-
se a caricatura de uma palhaçada. É uma coisa oca, besta, disforme, doente,
incalculavemente irrisória.
A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade:
quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela. O homem inteligente, afeito
a estudos pesados, logo acha que emburreceu quando, cansado, nervoso ou mal
dormido, sente dificuldade em compreender algo. Aquele que nunca entendeu
grande coisa se acha perfeitamente normal quando entende menos ainda, pois
esqueceu o pouco que entendia e já não tem como comparar. Uma das coisas que
me deliciam, que me levam ao êxtase quando contemplo o Brasil de hoje, é o ar
de seriedade com que as pessoas discutem e pretendem sanar os males
econômicos, políticos e administrativos do Brasil, sem ligar a mínima para a
destruição da cultura, como se a inteligencia prática subsistisse incólume ao
emburrecimento geral, como se inteligência fosse um adorno a ser acrescentado
ao sucesso depois de resolvidos todos os problemas ou como se a inépcia
absoluta não fosse de maneira alguma um obstáculo à conquista da felicidade
geral. A prova mais evidente da insensibilidade torpe é o sujeito já nem sentir
saudade da consciência que teve um dia.
Mas não, a inteligência nacional não acabou no dia em que os nossos estudantes
tiraram o último lugar numa avaliação entre alunos do curso secundário de 32
países: acabou logo em seguida, quando o ministro da Educação disse que o
resultado poderia ter sido pior.
Num sentido mais profundo do que o ministro imaginava, poderia mesmo. Na
eleição seguinte, o país colocou na presidência um carreirista enriquecido, de
terno Armani e unhas polidas, que, por orgulhar-se de jamais ler livros, foi
proclamado um símbolo da autenticidade popular. A imagem era falsa, grotesca
e insultuosa, mas ninguém percebeu. Se existe um grau abaixo do grotesco,
porém, ele foi atingido logo em seguida, quando o escritor Raymundo Faoro,
quanto mais bobo mais celebrado nas esquerdas como inteligência luminosa,
sugeriu o nome do então presidenciável para ocupar uma vaga na Academia
Brasileira de Letras. Perto disso, tirar o último lugar num teste chegava a ser
meritório.
Se o desespero dos estudantes que me escrevem viesse só da situação política,
haveria esperança de saná-lo por meio da ação política. Mas a ação política é um
subproduto da cultura e, no estado em que as coisas estão, nenhuma ação política
inteligente, ao menos em escala federal, é previsível nas próximas duas ou três
gerações. Nas próximas eleições, por exemplo, o país terá de optar novamente
entre PT e PSDB, isto é, os dois filhotes monstruosos gerados no ventre da USP,
a mãe da esterilidade nacional, ou como bem a sintetizou o poeta Bruno
Tolentino, a “p... que não pariu”. Sim, a política brasileira virou uma imensa
assembléia de estudantes da USP, com o Partido Comunista de um lado, a Ação
Popular de outro, num torneio de arrogância, presunção, hipocrisia, sadismo
mental, mendacidade ilimitada e estupidez sem fim. A USP levou meio século
para chegar ao poder, e ainda não parou de gerar pseudo-intelectuais
[101]
ambiciosos, ávidos de mandar, sedentos de ministérios. Sua obra de destruição
está longe de haver-se completado.
Da política nada de bom se pode esperar num prazo humanamente suportável.
Uma ação cultural de grande escala – a fundação de uma autêntica instituição de
ensino superior, para contrabalançar a desgraça uspiana – também não é nada
provável, dada a omissão das chamadas “elites”, sempre de rabo entre as pernas,
oscilando entre lamber mais um pouco os pés da canalha petista ou apegar-se ao
primeiro zesserra que apareça.
Ao estudante que consiga ainda vislumbrar o que é vida intelectual e faça dela o
objetivo de sua existência, restam dois caminhos: o exílio, que pode levar ao lugar
errado (a miséria brasileira nasce em Paris), e o isolamento, que pode levar os
mais fracos a um desespero ainda mais profundo do que aquele em que se
encontram.
A única solução viável, que enxergo, é a formação de pequenos grupos solidários,
firmemente decididos a obter uma formação intelectual sólida, de início sem
nenhum reconhecimento oficial ou acadêmico, mas forçando mais tarde a
obtenção desse reconhecimento mediante prova de superioridade acachapante.
Já não leciono no Brasil, mas a experiência mostrou que muito aluno meu, com
alguns anos de aulas e bastante estudo em casa, já está pronto para dar de dez a
zero, não digo em alunos, mas em professores da USP do calibrinho de Demétrio
Magnoli e Emir Sader, o que, bem feitas as contas, é até luta desigual, é até
covardia.
O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo
acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os
clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão,
muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto
possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do
século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações,
absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões, e
então, só então, ler Marx, Nietzsche, Foucault. Se depois desse regime você ainda
se impressionar com esses três, é porque é burro mesmo e eu nada posso fazer
por você.
Mas o ambiente universitário brasileiro de hoje é tão baixo, tão torpe, que só de
a gente apresentar essa lista – o mínimo requerido para uma formação séria de
filósofo ou erudito –, o pessoal já arregala os olhos de susto. Na verdade, o
estudante brasileiro não lê nada, só resumo e orelha, além de Emir Sader e da
dupla Betto & Boff, que não valem o resumo de uma orelha. É tudo farsa,
chanchada, pose. Não há quem não saiba disso e não há quem não acabe se
acomodando a essa situação como se fosse natural e inevitável. A abjeção
intelectual deste país é sem fim.

[102]
VI - (O Futuro do Pensamento Brasileiro, pág. 61-63,
Olavo de Carvalho)

IV. AS CRIAÇÕES DO GÊNIO INDIVIDUAL


9. As quatro nascentes

Mas, como dizia Reinhold Niebuhr, a consciência do homem está sempre


um pouco acima da sociedade em que vive. O melhor do que o Brasil guardou para
o futuro está nas criações do gênio individual. Ao contrário do que se passa com
a língua e com a religião nacionais, elas sobrevivem às perguntas: Qual o valor da
contribuição brasileira para a inteligência humana em sua caminhada sobre a
Terra? Demos à humanidade algo de que ela realmente necessite, ou limitamo-
nos a solicitar sua atenção para as nossas necessidades?
Na esfera do pensamento — e excluindo portanto as manifestações
artísticas, que escapam ao tema do presente capítulo —, o Brasil deu pelo menos
quatro contribuições maiores, que sobreviverão à passagem dos séculos.
Absolutamente incomparáveis, a sociologia de Gilberto Freyre, o
pensamento jurídico e político de Miguel Reale, a obra crítica e historiográfica de
Otto Maria Carpeaux e a filosofia de Mário Ferreira dos Santos são os pontos mais
altos alcançados pelo pensamento brasileiro no seu esforço de cinco séculos para
erguer-se à escala do universalmente humano. Se o povo brasileiro fosse varrido
da existência na data de hoje, seria a eles que caberia comparecer em nosso nome
ante o trono do Altíssimo para responder à cobrança temível: — Que fizeste dos
talentos que te dei?
As razões que sustentam essa avaliação podem ser resumidas em quatro
palavras, que definem as esferas de realização abrangidas por cada uma dessas
obras ciclópicas: cada uma delas é, mais que qualquer outra produzida neste país,
abrangente, consistente, única e universal. Estes quatro adjetivos não têm apenas
uma função enfática e laudatória, mas traduzem critérios precisos:
1º Cada uma delas abrange numa visão sintética a totalidade temática e
problemática de um determinado campo do conhecimento até o ponto a que este
havia chegado, em sua evolução histórica, no momento em que essa obra atingia
seu ponto culminante.
2º Cada uma delas possui uma unidade orgânica que coere em torno de
princípios fundamentais simples a vastidão do campo abrangido.
3º Cada uma delas é sem similares que as possam substituir em qualquer
outra língua ou cultura.
4º Cada uma delas fala aos homens de todos os quadrantes, levando-lhes,
desde o Brasil, um conhecimento essencial, a respeito não apenas do Brasil, mas
a respeito deles mesmos e do mundo em que vivem. Dito de outro modo: nessas
obras e somente através delas entramos plenamente no diálogo universal dos
homens, superando o complexo egocêntrico de uma cultura voltada para si
mesma.
Todas elas e somente elas atendem a esses requisitos . 26
[103]
(26 No que diz respeito a contribuições parciais de elevado valor, não se poderia
esquecer nunca as obras do Pe. Maurílio Penido, de Vicente Ferreira da Silva, de
Romano Galeffi, de José Guilherme Merquior, de Darcy Ribeiro, de Mário Vieira
de Mello, de Alceu Amoroso Lima, de Paulo Mercadante e de muitos outros, que
no entanto escapam à escala macroscópica adotada no presente trabalho.)
Se alguém quiser por em dúvida a validade dos quatro critérios, movido
por escrúpulos que lhe pareçam muito científicos no que diz respeito à
possibilidade de fixar objetivamente o “mais alto” e o “menos alto”, direi que toma
suas inibições pessoais como rigores de método.

10. Mário Ferreira dos Santos

Quando tudo o que hoje se escreve no Brasil tiver se desfeito em farrapos,


quando até mesmo os melhores tiverem se tornado apenas verbetes de uma
enciclopédia jamais consultada, as palavras de um pensador brasileiro ainda
estarão vivas para mostrar, sobre as ruínas dos tempos, a perenidade do espírito
humano.
Ninguém neste país ergueu mais alto o estandarte da inteligência nem
levou o pensamento de língua portuguesa mais perto de uma universalidade
supratemporal do que o filósofo paulista Mário Ferreira dos Santos (1903-1968).
Cultuado e respeitado, temido e odiado em vida, Mário tornou-se, uma vez
morto, objeto de uma conspiração de silêncios destinada a abafar o mais
paradoxal dos escândalos: este país sem cultura filosófica deu ao mundo um dos
maiores filósofos do século, talvez de muitos séculos.
A obra de Mário não tem similar, nem por sua extensão oceânica, mais de
cem volumes publicados e trinta inéditos, nem pela orientação muito peculiar de
seu pensamento, onde as influências mais díspares, de Sto. Tomás a Nietzsche, de
Pitágoras a Leibniz, de Platão a Proudhon, se harmonizam numa síntese
radicalmente original.
Um dos segredos dessa originalidade é justamente a absorção e
superação de um imenso legado filosófico. Dono de uma cultura prodigiosamente
vasta, Mário se ocupou de buscar, na filosofia universal, as constantes ocultas, os
pressupostos latentes que, por trás da variedade e dos antagonismos aparentes
entre os sistemas, configurassem o quod semper, quod ubique, quod ab omnia
credita est (aquilo que todos, em toda parte, sempre acreditaram. E não somente
encontrou um núcleo de princípios que estruturam algo como uma unidade
transcendente das filosofias, mas ainda o formulou em expressão sistemática e
lhe deu variadas aplicações na solução de alguns dos mais difíceis problemas da
metafísica, da teoria do conhecimento, da ética e da filosofia da história.
Para sondar esse sistema de princípios, que ele denominava, usando uma
expressão pitagórica, mathesis megiste (“ensinamento supremo”), Mário criou
um método próprio, a dialética concreta, que sintetiza a lógica analítica
tradicional com a lógica matemática e com as dialéticas de Aristóteles, Hegel e
Nietszche (um método de espantosa flexibilidade que lhe permite levar suas
demonstrações até requintes de evidência que superam tudo o que a mente mais
rigorosa poderia exigir.

[104]
VII - O plano e o fato
Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 11 de março de 2013

O caso do Dicionário Crítico, que lembrei no artigo “Devotos de um vigarista”, é


somente a figura mais extrema, caricatural e grotesca que o fenômeno assume no
Terceiro Mundo, mas ignorar o pensamento do adversário e tampar os ouvidos às
objeções são hábitos gerais e infalíveis da intelectualidade esquerdista em toda
parte.
Em Thinkers of the New Left (1985), onde examina os principais expoentes de uma
escola de pensamento que ainda é a mais influente na esquerda hoje em dia, Roger
Scruton observa que nenhum deles jamais deu o menor sinal de querer responder
às críticas feitas à teoria marxista por Max Weber, Werner Sombart, F. W. Maitland,
Raymond Aron, W. H. Mattlock, Böhm-Bawerk, Popper, Hayek ou von Mises.
Poderia acrescentar Eric Voegelin, Cornelio Fabro, Rosenstock-Huessy, Norman
Cohn, Dietrich von Hildebrand, Alain Besançon e uma infinidade de outros autores
merecidamente tidos também como clássicos.
No Brasil você não verá nenhum marxista discutindo as objeções de Gilberto Freyre,
Mário Ferreira dos Santos, J. O. de Meira Penna, Paulo Mercadante, Antonio Paim,
Orlando Tambosi, Ricardo Velez Rodriguez, Gustavo Corção, João Camilo de Oliveira
Torres, José Guilherme Merquior.
O marxismo universitário vive e prospera de ignorar a cultura universal das ideéias
e sonegá-la aos estudantes. Ao mesmo tempo, infunde neles a impressão sedutora e
enganosa de que, por terem lido os autores aprovados pelo Partido, são muito cultos.
Trata-se da forma mais extrema e radical da incultura organizada, da ignorância
obrigatória, da burrice prepotente e intolerante.
Enquanto os anticomunistas de todos os matizes não cessam de analisar e refutar o
marxismo, escrevendo milhares de livros a respeito, os marxistas fogem
sistematicamente ao debate.
Quando não se contentam em baixar sobre os adversários a mais pesada cortina de
silêncio, dedicam-se a difamá-los pelas costas, inventando a respeito as histórias
mais escabrosas, tratando-os como criminosos, colocando-os em “listas de inimigos”
e cumprindo à risca a regra de Lênin: não discutir com o contestador, mas destrui-
lo politicamente, socialmente e, se possível, fisicamente.
Que maior prova se poderia exigir de que essas pessoas, que se atribuem o
monopólio de todas as virtudes, são as mais perversas, malignas e desprezíveis que
já infestaram a profissão intelectual?
A ascensão da escória marxista ao primeiro plano da vida nacional foi e é a causa
principal ou única da destruição da cultura superior e do sistema educacional no
Brasil.
Com ares de escândalo e indignação, a Folha noticia a descoberta de um plano do
governo militar, concebido pelo ministro Alfredo Buzaid nos anos 70, para refrear a
infiltração comunista nas universidades e órgãos de mídia. O plano não foi levado a
efeito, tanto que a era dos militares foi o período de maior prosperidade da indústria
do livro esquerdista no Brasil e a época da conquista da mídia pelos comunistas. Mas
o jornal do sr. Frias não perdoa nem a simples ideia. Que horror, que coisa mais
tirânica, mais nazista, pensar em impedir o acesso dos comunistas a todas as
[105]
cátedras, a todas as páginas de jornais, a todos os megafones!
Oque o sr. Frias e seus empregados fingem ignorar é que aquilo que a ditadura quis
fazer e não fez é exatamente o que os comunistas já fizeram e que já está em plena
vigência neste País, com uma amplitude e uma rigidez que ultrapassa tudo o que os
militares pudessem ter sonhado em matéria de controle hegemônico dos canais de
comunicação e ensino. As gerações mais novas, que não conheceram o Brasil dos
anos 50-60, já nasceram dentro dessa atmosfera, que lhes parece normal, e não
notam a diferença.
Mas um simples detalhe basta para mostrar o que aconteceu: o ponto de vista
cristão-conservador, que era oficialmente o do Estadão, do Globo e parcialmente da
própria Folha naquela época, está totalmente excluído, proibido e criminalizado em
toda a mídia.
Os editoriais escritos pelos srs. Roberto Marinho e Júlio de Mesquita Filho jamais
poderiam ser publicados, hoje, nos próprios jornais que esses homens fundaram,
onde o máximo que se permite, num espacinho minoritário, é um pouco de
liberalismo chocho e inofensivo, quando não a pura crítica de esquerda a algum
desmando ou patifaria mais vistosa do governo petista. Se até essa oposição mole e
parcial é hoje abertamente condenada como “extremismo de direita”, é notório que
a medida geral de aferição mudou, e quem a mudou foi a própria mídia. E se jornais
e canais de TV dão alguma cobertura à Sra. Yoani Sanchez, é precisamente porque
esta é anticastrista sem ser anticomunista e suas críticas ao governo cubano são
brandas e autocensuradas em comparação com as de outros dissidentes, que contam
a história inteira. Estes jamais aparecerão no Globo ou na Folha. E alguém é capaz
de imaginar, hoje em dia, uma novela da Globo defendendo os valores cristãos que
eram tão caros ao sr. Roberto Marinho?
Por que uma simples intenção não realizada do governo militar deveria ser
considerada mais repugnante e assustadora do que o fato consumado, a mesmíssima
intenção realizada em muito maior escala pela esquerda triunfante e dominadora,
senhora absoluta das páginas da própria Folha? A simples redação dessa mesma
notícia já não revela a inversão de critérios, imposta como norma universal e
inquestionável que só loucos e extremistas ousariam contestar? O sr. Frias não sabe
ler o seu próprio jornal? Não enxerga que ele mesmo foi, em pessoa, um dos artífices
do plano do ministro Buzaid realizado com signo oposto?

[106]
VIII - Mário Ferreira dos Santos | Homens que você
deveria conhecer

Da Página: Papo de Homem, 20 de Maio de 2010, por Shâmtia Ayômide

Filósofo brasileiro, nasceu em Tietê, São Paulo, em 1907.


Na primeira vez que ouvi esse nome, eu pensei comigo mesmo: “Mais um
brasileiro”. Ignorante, permeado pelo vitimismo típico de brasileiro, imaginava
que filósofos eram só estrangeiros.
Curioso como sou, não resisti e decidi investigar a respeito, ao ler sobre a vida
deste autor fiquei assustado. Não no aspecto negativo, mas no positivo, do tipo de
susto que resulta em admiração. Dividirei com vocês as minhas impressões.
Antes do perfil, porém, uma pequena história.
Como fortalecer o inimigo antes de meter porrada
Mário Ferreira dos Santos demoliu com maestria vários modismos intelectuais da
época, com destaque ao vexame imposto a Caio Prado Júnior, um intelectual
comunista muito prestigiado. Na ocasião, foi convidado para um debate, onde
estariam figuras conhecidas como Luis Carlos Prestes. Após Caio Prado terminar
sua apresentação, Mário se levantou e disse mais ou menos o seguinte:
"Me desculpe, mas creio que o comunismo tem elementos mais fortes que esses
que expôs. Vou refazer sua exposição e assim depois farei a minha. Aqui está
presente o secretário do partido comunista, e ele poderá averiguar se errarei em
algo."
Mário então refez a exposição de Caio de tal modo que alguns de seus amigos
presentes, espantados, colocavam a mão na cabeça dizendo: “Meu Deus! O
professor virou comunista!”. Depois que terminou a apresentação, Mário começou
a sua própria exposição e refutou a si mesmo.
Tais demonstrações de força intelectual não eram raras na vida do filósofo.

Uma obra que nós levaríamos 500 anos para produzir.


Quantidade nunca foi um critério bom para se avaliar a qualidade de um autor.
Tratando-se de Mário Ferreira dos Santos, o volume de suas publicações – não só
físico, mas também intelectual – é impressionante: cerca de 50
publicações formaram sua coleção Enciclopédia de Ciências Filosóficas. Sem
contar outros ensaios e traduções diretas do grego, latim, alemão e francês.
É o único filosofo brasileiro a ter um verbete de uma página inteira numa
enciclopédia de filosofia europeia, no caso a italiana, que o define como um filósofo
de pensamento universal.
Ele trouxe Nietzsche para o idioma português, traduziu diretamente do alemão as
obras Vontade de Potência (Der Wille zur Macht), Além do Bem e do Mal (Jenseits
von Gut und Bose), Aurora (Morgenröthe) e o clássico Assim falava
Zaratrusta (Also sprach Zarathustra).
Pensador fértil, em seus escritos ia de Nietzsche a São Tomas de Aquino, de
Pitágoras a Proudhon. Ler Mário Ferreira é ao mesmo tempo entrar nas portas que
ele abre para dezenas de outros pensadores. Como todo homem sábio, foi um tipo
inclassificável, meio gnóstico pitagórico ou cristão tomista – no campo econômico
era anarquista proudhoniano. Seu primeiro ensaio filosófico foi Se a Esfinge
[107]
falasse, usando o pseudônimo de Dan Andersen, também usado na tradução do
fabuloso Saudação ao Mundo, de Walt Whitman.
Ele é um dos raros bons introdutores de Nietzsche. Na sua obra As Filosofias da
Afirmação e da Negação, Mário Ferreira diagnostica o fenômeno do niilismo
moderno profetizado por Nietzsche, contudo um pensador de envergadura de
Mário Ferreira nunca se limita a somente a problematizar. Ele aponta a cura e a
solução. Na obra A Invasão Vertical dos Bárbaros, denuncia a decadência cultural
brasileira, outra análise com o mesmo teor de denúncia encontramos em A
Filosofia da Crise.
A universalidade de seu pensamento não se limita somente à filosofia em si.
Escreveu também Análise de Temas Sociais (3 volumes), Tratado de
Psicologia e Tradado de Economia (2 Volumes). O auge do seu pensamento é a
majestosa Filosofia Concreta, que utiliza um método criado pelo próprio Mário
Ferreira: a decadialética.
Deixou para quem desejar iniciar nos estudos filosóficos: História da Filosofia e da
Cultura (3 volumes), o fantástico Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. Uma
lida em alguns verbetes deste dicionário como (“Homem”, por exemplo) é o
suficiente para perceber ai distância gritante entre Mário Ferreira e os pensadores
da moda.

Filósofo e empreendedor

Mário era filho de um cineasta, sua juventude e infância decorreram no Rio Grande
do Sul, onde se formou em Direito e Ciências Sociais. Depois, com cerca de 30 anos,
retornou a São Paulo para ajudar o pai nas suas indústrias de filmagens. Antes, em
Porto Alegre, ainda fez vários trabalhos como comentarista político e escrevendo
artigos para jornais e revistas.
Era um tipo empreendedor, contrariando a imagem clichê que os brasileiros atuais
têm de que filósofos são monges intelectualizados longe da vida prática. Com
dificuldades em publicar seus livros, fundou suas próprias editoras, a Logos S.A. e
a Matese S.A. Como todo bom brasileiro, não perdia uma partida de futebol. E às
vezes colocava suas filhas para ajudá-lo nas suas traduções.
Foi pioneiro no sistema de venda de livro a crédito, vendidos de porta em porta.
Ainda arranjava tempo para responder cartas de pessoas com problemas que
procuravam sua sabedoria. Aliás, foi com o intuito de ajudar as pessoas que ele
escreveu os ensaios de auto-ajuda Curso de Oratória e Retórica, Curso de
Integração Pessoal e Convite a Psicologia Prática, todos tiveram sucesso entre
empresários e outras pessoas notáveis da época.
Segundo suas diversas biografias, ele nunca foi à universidade para ensinar, exceto
no seu último ano de vida, convidado por um amigo e admirador, justo na época
em que seu problema cardíaco avançava – daí a curta duração das aulas.
Ele faleceu em casa, com os familiares presentes, seus únicos e verdadeiros aliados.
Ao sentir que o suspiro final estava próximo, pediu para que fosse colocado de pé,
pois considerava indigno que um homem morresse deitado. Sua luz se encerrou
com ele pé rezando o "Pai Nosso".

Um legado para as traças?

A Filosofia Concreta não deixou escolas ou discípulos. Não sei os motivos certos,
mas é fato que a maioria dos brasileiros desconhece Mário Ferreira dos
Santos (pois é, os leitores PapodeHomem são privilegiados). Seus livros ainda
[108]
estão entregues as traças em sebos, apesar de serem de fácil leitura devido à
didática de Mário e estarem sendo relançados por iniciativa dos familiares.
A tragédia cultural brasileira só não é pior graças à Internet. Atualmente leitores
de Mário Ferreira se reúnem numa simplória comunidade do Orkut, onde trocam
ideias a respeito de suas obras.
Mário Ferreira deixa aos brasileiros uma grande lição de vida. Em seu
livro Filosofia Concreta, exorta os brasileiros a terem coragem de ousar.
Poderíamos começar, no mínimo, ousando ler um de seus escritos, não?

[109]
IX – A Profecia de Mário Ferreira dos Santos, por
Marcos Boldrine
quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Na obra A Invasão Vertical dos Bárbaros (É Realizações, 2012), o filósofo Mário


Ferreira dos Santos faz uma série de denúncias de barbarização da cultura: o que não
presta, o que é mesquinho, baixo e secundário foi elevado à condição de alta cultura,
de valores e princípios norteadores da civilização, enquanto que seus reais
fundamentos são rebaixados à condição de dispensáveis e ou são mesmo censurados.

Na segunda parte do livro, o autor relaciona a ascensão dos bárbaros com


corrupção da inteligência, cujo efeito mais profundo e deletério é justamente o
abandono dos princípios e juízos universalmente válidos e sua substituição por ideias
questionáveis, que mudam ao sabor do tempo e dos desejos da elite cultural.

O conhecimento depende um fundamento seguro. "O que é exigível no


verdadeiro filosofar", afirma, "é a demonstração apodítica, aquela que não admite a
possibilidade de erros, pois os juízos são universalmente válidos" (p. 92). Em outras
palavras, a Filosofia, que, junto com a Teologia, constitui a ciência mais elevada do
pensamento humano, deve se fundamentar em pressupostos que sejam
inquestionáveis e aceitos por toda a plêiade de intelectuais, pensadores, artistas e
formadores de opinião. O mesmo é válido para os princípios advindo das tradições
religiosas.

Caso as premissas não sejam apodíticas (irrefutáveis), temos a confusão, fruto


de um erro que desemboca em relativismo e que retroalimenta esta mesma confusão.
Este é o fundamento das filosofias que circulam entre os intelectuais de hoje, aos
quais Mário chama de "sábios". Substantivo este, penso, que mereceria muitas aspas.

Sobre os sábios, Mário afirma:

"...embora muitos não creiam nisso, o sábio formará, com o tempo, uma casta,
incluindo nela, também, os técnicos, e formarão uma espécie de aristocracia do
amanhã, que não demorará muito para tomar o poder econômico, depois aspirará o
poder político, e terminará por obtê-lo" (p. 96)

Hoje, somos formados, orientados e governados pelos sábios que, abdicando


dos princípios universais, elegem suas especialidades, suas posições particulares e
relativas, como horizonte da cultura universal. Afirmam que não é possível saber a
verdade e, julgando toda a humanidade por sua régua, que ninguém pode conhecê-la.
Desta forma, impedem o engrandecimento da inteligência, fecham "as portas por onde
os jovens, que serão os cientistas e técnicos de amanhã, poderiam enveredar e
encontrar apoio sólido para seus estudos" (p. 98).

No capítulo "Barbarização da ciência e da técnica", Mário Ferreira dos Santos


resume as consequências concretas desta decadência cultural num mundo
cientificamente avançado.

[110]
Primeiro, começa apontando a estreiteza e a relativista visão de mundo dos
especialistas.

"Consequências que podem surgir do que acima dissemos, ao se desligar, como se fez,
o cientista da filosofia perene [válida para todas as épocas], o sábio, graças a esse
desvinculamento, pensando que filosofia é essa mixórdia que se apresenta por aí,
despreza-a totalmente e, entregue apenas à aridez da sua especialidade, desligado
da universalidade, poderá tornar-se um monstro que vê tudo segundo a cor de sua
proveta, e dentro do campo estreito que lhe permite ver a sua viseira. E então será
ele um candidato nato ao barbarismo. Imaginai todo o poder da ciência e da técnica
atual em mãos de bárbaros. Não é preciso muito esforço para conceber o que de
terrível se passaria sobre o mundo. Não é exigível uma imaginação fértil demais para
conceber o que seria de nós se dependêssemos de meros especialistas, que nada
entendem do que estiver fora de sua especialidade, pois só a filosofia pode tratar
desses princípios e, por isso mesmo, nem a sua especialidade conhecem bem. (grifo
do autor)

Na sequência, mostra as consequências desta aliança entre barbárie e técnica


sobre a vida das pessoas:

Todos esses seres, estranhos desconhecidos, ignotos, incomunicáveis uns aos


outros, servindo a algum césar que deles surja, e que será forçosamente
bárbaro, nos transformariam em cobaias, em tubos de experiência, em coisas
numeradas e protocoladas. Que mundo terrível esse! E esse mundo vem aí,
senhores, esse mundo se aproxima a passos de gigante. Não é para séculos, é
para decênios. E tudo isso não se soube evitar." (grifo meu)

Fomos devidamente avisados por essas palavras proféticas escritas em 1967.

Qualquer semelhança com o mundo atual, e mais especificamente com a crise


a qual estamos passando, não é mera coincidência.

[111]
X - Entrevista Bruno Tolentino

Quero o país de volta

O poeta que passou trinta anos na Europa se diz horrorizado com o baixo nível,
acha que o país regrediu e parte para a briga.

Geraldo Mayrink

Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino, menino carioca de família


aristocrática, gosta de dizer que é de um tempo em que rico não roubava. O avô
foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal e seus tios
eram intelectuais, como os escritores Lúcia Miguel Pereira e Otávio Tarquinio dos
Santos, além dos primos Barbara Heliodora, a crítica teatral, e Antonio Candido,
o crítico literário. Ainda era analfabeto em português quando duas preceptoras,
mlle. Bouriau e mrs. Morrison, o ensinaram a conversar em francês e inglês
dentro de casa. Tolentino saiu do Brasil em 1964 e, no estrangeiro, ocupou-se de
árvores genealógicas de origem erudita. Orgulha-se de ter filhos com mulheres
descendentes do filósofo Bertrand Russell e do poeta Rainer Maria Rilke. O mais
novo, Rafael, de 8 anos, nascido em Oxford, Inglaterra, onde o pai ensinou
literatura durante onze anos, é filho da francesa Martine, neta do poeta René
Char. Bruno publicou livros de poesia em inglês e francês. Em 1994, lançou no
Brasil As Horas de Katharina, e no fim do ano passado mais dois, Os Deuses de
Hoje e Os Sapos de Ontem - todos ignorados pela crítica, pelo público e pelos
curiosos.
Aos 56 anos, já de volta ao Brasil, Tolentino tem feito força para tornar-se
herdeiro do embaixador José Guilherme Merquior, intelectual de boa formação e
polemista musculoso. Tem conseguido aparecer. Brigou com os poetas concretos,
depois com o que considera máquina de propaganda de Caetano Veloso e sua
turma. Em seguida, com os críticos literários e os filósofos, elevando ainda mais
o tom numa entrevista publicada por O Globo, duas semanas atrás.
Fora do país, Tolentino ensinou em Oxford, Essex e Bristol e trabalhou com
o grande poeta inglês W.H. Auden. Conheceu celebridades como Samuel Beckett
e Giuseppe Ungaretti. Horrorizado com a possibilidade de ver o filho mais novo
crescendo em escolas que ensinam as obras de letristas da MPB ao lado de
Machado de Assis, abriu fogo contra o que considera o lado ruim de sua pátria,
como explica em sua entrevista a VEJA:

VEJA - Por que tantas brigas ao mesmo tempo?

TOLENTINO - Para ver se o pessoal cai em si e muda de mentalidade. O Brasil é


um país vital que está caindo aos pedaços. Não quero sair outra vez da minha
terra, mas não posso ficar aqui sem minha família, que está na França. Não posso
educar filho em escola daqui.

[112]
VEJA - Por que não?

TOLENTINO - Foi minha mulher quem disse não. Educar um filho ao lado de Olavo
Bilac, última flor do Lácio inculta e bela, que aconteceu e sobreviveu, ao lado de
um violeiro qualquer que ela nem sabe quem é, este Velosô, causou-lhe espanto.
A escola que ela procurou para fazer a matrícula tem uma Cartilha Comentada
com nomes como Camões, Fernando Pessoa, Drummond, Manuel Bandeira e
Caetano. O menino seria levado a acreditar que é tudo a mesma coisa. Ele nasceu
em Oxford, viveu na França e poderá morar no Rio de Janeiro. Ele diz que seu
cérebro tem três partes. Mas não aceitamos que uma dessas partes seja ocupada
pelo show business.

VEJA - Qual o problema?

TOLENTINO - Minha mulher já havia se conformado com os seqüestros e balas


perdidas do Rio, mas ficou indignada e espantada pelo fato de se seqüestrar o
miolo de uma criança na sala de aula. Se fosse estudar no Liceu Condorcet, em
Paris, jamais seria confundido sobre os valores do poeta Paul Valéry e do roqueiro
Johnny Hallyday, por exemplo. Uma vez entortado o pepino, não se desentorta
mais. Jamais educaria um filho meu numa escola ou universidade brasileira.

VEJA - Não é levar Caetano Veloso a sério demais? Ele não é só um tema de
currículo, entre tantos outros?

TOLENTINO - Não. Ele está também virando tese de professores universitários.


Tenho aqui um livro, Esse Cara, sobre Caetano, uma espécie de guia para
mongolóides, e a mesma editora desse livro me pede para escrever um outro, sob
o título Caetano Se Engana. É preciso botar os pingos nos is. Cada macaco no seu
galho, e o galho de Caetano é o show biz. Por mais poético que seja, é
entretenimento. E entretenimento não é cultura.

VEJA - O que você tem contra a música popular?

TOLENTINO - Se fizerem um show com todas as músicas de Noel Rosa, Tom Jobim
ou Ary Barroso, eu vou e assisto dez vezes. Mas saio de lá sem achar que passei a
tarde numa biblioteca. Não se trata de cultura e muito menos de alta cultura.
Gosto da música popular brasileira e também da de outros países, mas a música
popular não se confunde com a erudita. Então, como é que letra de música vai se
confundir com poesia?

VEJA - O senhor não está ressentido por ele ter assinado um manifesto
contra um artigo seu sobre uma tradução do poeta Augusto de Campos? No
fundo, parece que o senhor está querendo aparecer à custa deles.

TOLENTINO - Não tenho ressentimento nem ciúme. Nem tenho nada contra quem
assina manifesto. Se você vê um amigo seu brigando na rua, o mínimo que pode
fazer é ir lá apartar. Foi o que ele fez no caso do Augusto de Campos. Só que
assinou um cheque em branco. A princípio achei que ele tinha entrado de gaiato,
e lhe dei o benefício da dúvida, sobre uma questão muito delicada de tradução e
de cultura que ele não está capacitado para julgar. Nem ele nem Gal Costa. Que
intelectuais são esses? Se os irmãos Campos não sabem inglês, imagine eles.
[113]
VEJA - Os poetas e tradutores Augusto e Haroldo de Campos não sabem
inglês?

TOLENTINO - Não sabem inglês, nem alemão, nem grego. Por exemplo,
traduziram Rainer Maria Rilke e criaram a frase "ele tem um pássaro", que é
literal, mas que em alemão quer dizer que alguém tem uma telha a menos, é meio
doido. São péssimos poetas e péssimos escritores. Não sabem absolutamente
nada do que alardeiam saber.

VEJA - Por que só o senhor, e não outros críticos, diz essas coisas?

TOLENTINO - Na República das Letras ainda estamos à espera das diretas já. A
usurpação do poder legal por vinte anos deixou-nos seus legados nas patotas
literárias que desde então controlam a entrada em circulação, ou a exclusão pelo
silêncio, de livros, autores, obras inteiras. Nas redações dos jornais como nas
universidades prevalece a censura, e o único critério para sancionar uma obra
parece ser o bom comportamento do neófito, sua genuflexão aos ícones da hora.
Nossa crítica suicidou-se matando o diálogo, o debate e a polêmica. Mascarados
de universitários, esses anõezinhos conseguem dar a impressão de que a
inteligência nacional encolheu, que em Lilliput só se sabe da cintura para baixo.
Quem já ouviu falar de Alberto Cunha Melo, que vive escondido no Recife, e é
nosso maior poeta desde João Cabral? São dele estas palavras: "Viver,
simplesmente viver, meu cão faz isso muito bem". Mas José Miguel Wisnik ora é
crítico, ora é letrista e compositor, portanto é catedrático. Os violeiros
empoleiraram-se nas cátedras e Fernando Pessoa virou afluente da MPB. Não é à
toa que até em Portugal os brasileiros viraram piada. Ouvi uma que provocava
gargalhada logo à primeira frase: "Um intelectual brasileiro ia começar a ler
Camões quando a banda passou e..." É preciso perguntar dia e noite: por que
Chico, Caetano e Benjor no lugar de Bandeira, Adélia Prado e Ferreira Gullar?

VEJA - Por que o senhor acha os críticos brasileiros ruins?

TOLENTINO - O que os críticos disseram sobre meus trinta anos de poesia? Só,
desonestamente, que minha poesia é arcaizante e não suficientemente
progressista. Que eu, o escritor Diogo Mainardi e - como é mesmo o nome do
marido da Fernandinha Torres? - o diretor Gerald Thomas somos figurinhas
carimbadas porque somos amigos de gente famosa. Quer dizer, chamam a
atenção para a pessoa e não para a obra. E toda pessoa é discutível. Eu sou meio
apalhaçado mesmo. A minha biografia é interessante, meio cinematográfica, e
assim é como se eu não tivesse escrito nada. Uma espécie de Ibrahim Sued das
letras.

VEJA - Mas o que aconteceu com os críticos para que se tornassem tão
incapazes, na sua opinião?

TOLENTINO - A crítica brasileira não existe mais. Cometeu um haraquiri muito


bem pago. Trocou sua independência por cátedras e verbas. É uma gente venal,
vendida, que controla as nomeações para as cátedras, bolsas e verbas. Vão se
meter com um maluco como eu? Todos, de Roberto Schwarz a David Arrigucci,
foram formados pelo meu primo Antonio Candido, que é um geriatra nato.
[114]
VEJA - Caramba... Não sobra nenhum crítico brasileiro?

TOLENTINO - Sobra, evidentemente, Wilson Martins, que não tem lá muito gosto
poético, mas enfim...

VEJA - O senhor também não sobra?

TOLENTINO - Em vários sentidos. Não tenho onde escrever. Sou herdeiro, e me


considero assim, da combatividade crítica de José Guilherme Merquior.
Crescemos e fomos amigos juntos, tínhamos idéias convergentes embora nem
sempre coincidentes. Quando ele morreu, em 1991, houve um grande suspiro de
alívio entre nossos crititicos e poetômanos. Infelizmente ele era embaixador. Eu
não sou embaixador de nada. Essa gente está morta de medo de que eu venha a
ter uma tribuna. Não me importa ser celebrado lá fora. Não faço falta lá, há muitos
outros como eu. Aqui, com esta independência, cultura, erudição e
combatividade, não tem outro que nem eu.

VEJA - Sem embaixada, o senhor vai ser só poeta?

TOLENTINO - Minha obra poética está basicamente terminada. Escrevi poesia por
mais de trinta anos e não conheço nenhum outro poeta, além de Manuel Bandeira,
que tenha conseguido escrever bem além dessa média. A partir daí, decai. Estou
transferindo o meu esforço para o ensaio. Falar, por exemplo, dos males que a
ditadura causou ao país me parece cada vez mais um sintoma do que uma causa.
É um sintoma do Febeapá, vem no bojo dele. A imbecilidade já crescia. A ditadura
simplesmente institucionalizou a falta de respeito pela realidade, pelo próximo,
pela legalidade. A verdade foi substituída pela verossimilhança, a literatura, pela
imitação da literatura.

VEJA - O senhor poderia dar exemplos disso?

TOLENTINO - Foi Wilson Martins quem levantou essa idéia, ao dizer que as obras
de Chico Buarque e Jô Soares eram imitações da literatura. Auden, o Drummond
lá dos ingleses, também dizia algo parecido. A gente lia um cara e concluía que ele
era muito ruim. Auden discordava, dizendo que ele era muito bom. "Faz a melhor
imitação de poesia que já li", dizia. Parecia piada mas não era.

VEJA - O senhor acha que a imitação é ruim?

TOLENTINO - A imitação da literatura se dá quando se fecha no círculo de ferro


na modernidade. Ela obriga o leitor a seguir moda, busca efeito imediato, como
se tudo começasse por você, naquele momento. A verdadeira literatura está
sempre acuando tudo que a precedeu. Quincas Borba, de Machado, contém toda
a novelística russa, e também Balzac. Wilson mostrou com muita acuidade e
mordacidade que os romances de Chico são uma reedição do nouveau roman, que
já morreu. Agora morreu a última representante dele, Marguerite Duras. Conheci
toda aquela gente do nouveau roman, Alain Robbe-Grillet, Michel Butor, e saí
correndo. Chato existe em todo lugar, não só no Brasil. Mas Wilson foi injusto com
a imitação do Jô. É uma coisa que não pretende ser mais do que aquilo mesmo,
divertir.
[115]
VEJA - Por que o senhor não vai ensinar o que sabe nas universidades?

TOLENTINO - Só entro numa universidade disfarçado de cachorro ou levado por


uma escolta de estudantes. Sou um vira-lata muito barulhento. Não vão me
convidar para nada porque eu quero acabar com os empregos e mordomias deles.
Quero que eles passem por todos os exames de Oxford para ver se sabem mesmo
alguma coisa.

VEJA - Então as universidades não servem para nada?

TOLENTINO - A escola pública desapareceu. A fórmula de sobrevivência do país


é a trilogia emprego público, de preferência com aposentadoria acumulada,
condomínio fechado e plano de saúde. Esse é o apartheid construído por uma elite
analfabeta e totalmente irresponsável que entregou nossa cultura. Nem estou
falando da nossa classe média, que tem dinheiro para gastar em boates e shows e
sair de lá gargarejando cultura.

VEJA - O senhor tem acompanhado a produção intelectual das


universidades brasileiras?

TOLENTINO - O departamento de filosofia da Universidade de São Paulo nunca


produziu filosofia nenhuma, não por inépcia ou preguiça, mas por um estranho
espírito de renúncia parecido ao espírito de porco. Cultivavam a crença de que só
poderia nascer uma filosofia no Brasil "ao término de um infindável aprendizado
de técnicas intelectuais criteriosamente importadas", como diz um professor de
lá. Mais urgente do que filosofar era macaquear os debates dos "grandes centros"
produtores de cultura filosófica. O que significava tomar o padrão europeu do dia
como norma de aferição do valor e da importância do pensamento local.
Imaginando ou fingindo preservar a mente brasileira de uma independência
prematura, o que os maîtres à penser da USP fizeram foi apenas incentivar a
prática generalizada do aborto filosófico preventivo. Não espanta que, por quatro
décadas, o "rigor" (com aspas) uspiano não produziu outro resultado senão o
rigor mortis de uma filosofia que poderia ter sido o que não foi.

VEJA - Mas José Arthur Giannotti escreveu um livro de filosofia,


Apresentação do Mundo, que foi muito elogiado...

TOLENTINO - É, ele escreveu um besteirol sobre Ludwig Wittgenstein saudado


em suplementos de várias páginas como marco do nascimento da filosofia no
Brasil. É uma audácia depois de Mário Ferreira dos Santos, Miguel Reale, Vicente
Pereira da Silva e Olavo de Carvalho. Nós temos uma filosofia nativa, isso sem
falar da filosofia de cunho religioso, teológico, que eu não vou citar porque sou
católico e vão dizer que estou puxando a brasa para a sardinha da Virgem Maria.
Passei cinco meses garimpando nas páginas daquele livro e não encontrei nada
que não fosse uma leitura do que Wittgenstein acha da dificuldade lingüística de
compreender a realidade. Isso a gente já sabe, a partir do próprio Wittgenstein.
Uma filosofia nacional não tem nada a ver com isso.

[116]
VEJA - Tem a ver com o quê?

TOLENTINO - A cultura filosófica brasileira é quase nula. Nossos professores


gastaram décadas lendo Marx, em vez de Husserl. Aqui só dá o tripé Kant, Hegel
e Marx. E onde está a grande tradição escolástica que vai de Aristóteles a Husserl?
Isso não é lido nem discutido aqui. Mas existe uma filosofia brasileira. Reale e
Olavo de Carvalho, que não se formaram em lugar algum, não perderam tempo
com essa estupidez. Foram estudar e aprender as tantas línguas que falam. Eu,
quando tenho dificuldade com latim, grego ou alemão, é para eles que telefono.

VEJA - O senhor não está exagerando, sendo duro demais?

TOLENTINO - Não. Não passei nenhum dia aborrecido aqui. Sempre encontro
gente inteligente. Quando cheguei à Europa, não tive nenhum complexo de
inferioridade. É verdade que eu conheci em casa o que o Brasil tinha de melhor.
Faço parte do patriciado brasileiro. E não via diferença entre Ungaretti e Manuel
Bandeira, só de língua. Era a mesma coisa. Não havia um Terceiro Mundo na
minha cabeça. Eu, quando pequeno, conheci Graciliano Ramos e Elisabeth Bishop.
Só havia gente dessa categoria.

VEJA - Dá a impressão de que só agora se começou a falar e a escrever


besteira no país...

TOLENTINO - O besteirol, se havia, estava lá longe, nos cantos. Hoje ele está no
centro. Tem razões mercadológicas, de dinheiro. Os artistas devem ganhar muito,
muito dinheiro, para ir gastar em Miami. Só não é possível que esses senhores
usurpem a posição do intelectual. Eles são um formigueiro com pretensão a
Everest.

VEJA - Não é bom para o país ter um intelectual na Presidência da


República?

TOLENTINO - Votei no Fernando Henrique Cardoso porque era uma


oportunidade única, desde Rui Barbosa, de ter um intelectual no poder. E o que
ele fez na sua primeira entrevista coletiva? Citou Machado de Assis ou Euclides
da Cunha? Não. Citou o mano Caetano. Uma coisa tão espantosa quanto Rui
Barbosa, se tivesse ganho a eleição, citasse Chiquinha Gonzaga. O Brasil que eu
conheci, e do qual me recordo vivamente, era um país de grande vivacidade
intelectual, mesmo sendo uma província. Não estou sendo duro com o Brasil.
Quero saber quem seqüestrou a inteligência brasileira. Quero meu país de volta.

Publicado nas Páginas Amarelas da revista Veja, em 20 de março de 1996

[117]
XI - Mario Ferreira dos Santos – Entrevista ao
Padre Stanislavs Ladusãns
Esta entrevista foi publicada no ano de 1976, em “Rumos da Filosofia no Brasil” —
coletânea organizada pelo Padre e Professor Stanislavs Ladusãns S. J., Edições
Loyola —, onde foram registrados os depoimentos de 27 autores e pensadores que
traçam um panorama geral dos caminhos da Filosofia no Brasil da época. O autor,
Pe. Stanislavs Ladusãns (1912-1993), nasceu na Lituânia, doutorou-se em Filosofia
em Roma. Veio ao Brasil pela Ordem dos Jesuítas; aqui fundou a Sociedade Brasileira
de Filósofos Católicos, em 1970, e o Centro de Pesquisas Filosóficas em São Paulo.
Ladusãns, ao recomendar a obra do filósofo Mário Ferreira dos Santos às Academias
e Sociedades de Filosofia da Europa fez a seguinte declaração: “Estou realizando
uma pesquisa científica sobre a situação atual do pensamento filosófico brasileiro,
a fim de constatar, com objetividade, em que ponto se encontra a Filosofia hoje no
Brasil, como ela se desenvolve, que metas está visando e que objetivos deve atingir.
Durante esta pesquisa científica, ainda em curso, descobri um Pensador de
extraordinário valor – Dr. Mário Ferreira dos Santos, nascido no dia 3 de janeiro de
1907 e falecido no dia 11 de abril de 1968. A descoberta deste filósofo solitário,
dedicado a uma intensa atividade de pensamento e produção literária,
surpreendeu-me não pouco e proporcionou-me a grata oportunidade de entrar em
frequentes contatos pessoais com ele, homem que ainda não foi descoberto no
Brasil”…” Autorretrato Mário Sou natural do Estado de São Paulo, filho de pai
português, de família de intelectuais e de mãe amazonense, de ilustre família
cearense. Iniciei meus estudos num ginásio de jesuítas, onde cursei até os dezoito
anos de idade, ingressando, depois, no curso superior, onde me formei em Direito e
Ciências Sociais. Casei-me aos 23 anos, com D. Yolanda Lhullier dos Santos, então
com 19 anos, companheira fiel e sempre a estimuladora e inspiradora de meu
trabalho. Tenho duas filhas, Iolanda e Nadiejda, ambas hoje casadas, dedicadas ao
estudo, autoras de inúmeras obras que, com grande êxito, se expandem pelo país,
algumas com mais de dez edições. Mantive sempre uma atitude de independência e
de liberdade, fugindo de toda participação, tanto quanto possível, da vida política e
das rodas literárias, por considerar dissolvente o primeiro ambiente e deletério o
segundo. Em silêncio, passei os anos estudando, dedicando aos trabalhos de
advocacia e ao magistério particular, bem como ao ramo editorial, até que tivesse
meios de poder editar minhas obras, que iniciei, primeiramente, lançandoas sob
pseudônimos, dos quais possuo um número de mais ou menos quinze. Só por volta
de 1945 comecei a editar alguns livros com o meu próprio nome. Procedia assim por
saber que havia nascido num pa se ís onde domina o preconceito de que obras de
Filosofia não podem surgir e ainda provocam a desaprovação de muitos, que não
toleram a audácia de um brasileiro tentar fazer o que julga Na verdade, registrouse
que apenas possível a intelectuais europeus . os meus livros editados com
pseudônimos estrangeiros tiveram realmente grande venda, sendo que alguns
atingiram até dezenas de milhares de exemplares. Mas quando em 1952 resolvi,
definitivamente, enfrentar a realidade e editar os livros com meu próprio nom e,
contra a opinião geral de todos, que prenunciavam o completo malogro dessa
iniciativa, fiz uma experiência impressionante. Não só obtive um êxito que foi muito
além de minha expectativa — porque a venda atingiu a números que eu jamais
poderia calcular — como muitas de minhas obras chegaram a ter, no decorrer dos
anos, cinco, seis, nove, dez e até doze edições, alcançando a milhões de exemplares
[118]
vendidos, o que, à primeira vista, pareceria impossível. Este fato impressionou-- me
vivamente, porque, durante todo esse período, não lancei mão de nenhuma
demagogia publicitária, não solicitei a quem quer que fosse neste país a escrever
sobre os meus livros, pois não enviei exemplares a ninguém, de modo a não
constrangê-lo a escrever alguma coisa a respeito de minh a obra . Meus livros foram,
pois, entregues ao seu próprio destino, sendo que os leitores foram os únicos
propagandistas que eles tiveram. Foram aqueles que os aconselharam a outros
leitores e assim as obras foram tornandose conhecidas e procuradas. Nunca foram
vendidas, mas compradas; nunca obtive a menor boa vontade de quem quer que
fosse e poucos livreiros se interessaram pela colocação de meus livros, pois a quase
totalidade afirmava que não havia a menor procura de obras de Filosofia . Eram os
leitores que as procuravam, eram eles que vinham à minha residência buscar os
livros e que me escreviam cartas solicitando as obras. Foi assim que as vendi, sendo
que a Livraria e Editora Logos Ltda. e a Editora Matese, as editoras de minhas obras,
estão hoje organ izadas e são, praticamente, as únicas que as vendem, pois poucas
editoras ou livrarias no Brasil trabalham com meus livros, mesmo porque não me
interessa a distribuição dos mesmos, dadas as dificuldades de reedição, que são
muito grandes . Dediqueime, no d ecorrer de minha vida, ao estudo e durante grande
parte dela, ao magistério particular. Nunca ocupei nenhum cargo em nenhuma
escola, por princípio. Deliberei, desde os primeiros anos, tomar uma atitude que
consiste em nunca disputar cargos que podem ser oc upados por outros. É uma
questão de princípio. Sempre decidi, criar o meu próprio cargo, a minha própria
posição e situação, sem ter de ocupar o lugar que possa caber a outro. O meu lugar
seria exclusivamente meu, criado por mim para mim mesmo. Eis por que não
disputo, nunca disputei, nem disputarei qualquer posição que possa ser ocupada
por quem quer que seja . A minha vida, em síntese, é simplesmente esta.
“Sempre decidi, criar o meu próprio cargo, a minha própria posição e situação, sem
ter de ocupar o lugar que possa caber a outro. O meu lugar seria exclusivamente
meu, criado por mim para mim mesmo. Eis por que não disputo, nunca disputei, nem
disputarei qualquer posição que possa ser ocupada por quem quer que seja.”

1- Qual a gênese e o desenvolvimento do seu pensamento filosófico e a


sua atual estrutura?

Mário Meu pai, português de nascimento, caracterizava-se por acentuado ateísmo e


por uma marcante tendência anticlerical. Revelava, em todas as ocasiões, a sua
oposição ao clero. Entretanto, tendo eu, desde cedo, mal aprendera a ler, me
interessado por temas filosóficos (e a consciência que tenho de mim mesmo nasceu
da colocação de um problema filosófico que tentei resolver), um dia meu pai me
chamou e disse: “Meu filho, para teu bem vou fazer uma coisa que vai escandalizar
os meus amigos: tu vais estudar com os jesuítas”. No dia seguinte, dirigiu-se ao
ginásio dos jesuítas e, segundo o que ele me relatou depois, disse-lhes: “Todos
sabem que sou adversário da Igreja Católica e que a tenho combatido desde moço,
mas sei que, para educar, vós, jesuítas, sois os mais capazes. Meu filho revela
propensão para temas filosóficos; não quero exercer sobre ele a minha ação. Julgo
que sois mais competentes do que eu para guiá-lo no conhecimento. De minha parte,
prometo-vos que, em casa, respeitarei sempre as suas ideias”. Declaradas estas
condições, fui aceito. O resultado foi que meu pai passou a ser mal compreendido
pelos companheiros do grupo que ele dirigia, que julgaram a sua atitude uma
verdadeira defecção, o que o levou a afastar-se totalmente das atividades
anticlericais e ateístas. Com os jesuítas, desde o início, recebi a orientação que me
[119]
aproximou da Filosofia Positiva, dela fazendo a espinha dorsal da estrutura
filosófica que hoje tenho: a Filosofia Positiva e Concreta. Positiva no sentido da
Filosofia que parte e permanece na afirmação, no que constrói, que pertence a todos
os grandes ciclos culturais da humanidade, mas que encontrou o seu
desenvolvimento máximo no pensamento grego e a sua coroação no pensamento
ocidental, sob as linhas, sem dúvida, criadoras e analíticas da Escolástica. Não sou
escolástico nem neoescolástico, porque sigo também outras ideias, aparentemente
afastadas, mas que conciliam, numa síntese, aquele pensamento com o que provém
do pitagórico-platônico, fato que exponho e demonstro em meus livros.

2 - Missão da Filosofia na vida cultural brasileira hodierna

Posso colocar-me na seguinte posição: nós, brasileiros, por vivermos materialmente


o universal humano, por não termos compromissos históricos que pesem
demasiadamente sobre os nossos ombros, nem tampouco compromissos filosóficos,
somos um povo apto para uma Filosofia de caráter ecumênico, uma Filosofia que
corresponda ao verdadeiro sentido com que ela foi criada desde o inicio.

Parto da posição pitagórica: Pitágoras, diz-se, afirmou que era um amante da


Sabedoria (sophia), da suprema Sabedoria, que cointuímos com a própria
Divindade. Este afã de alcançá-la, os esforços para atingi-la, os caminhos que
percorremos para obter essa suprema instrução (daí chamá-la de Mathesis Megiste,
que é a suprema instrução), todo esse afanar é propriamente a Filosofia.

Assim, posso admitir que há vários caminhos, embora só haja um caminho real.
Como fundamentava Pitágoras, repetido depois por Aristóteles, que a única
autoridade na Filosofia é a demonstração, sendo que esta deve ser apodítica, e, se
possível, com juízos necessários e até exclusivos, a Filosofia construída deste modo
só pode ser uma: positiva e necessariamente concreta, que é a posição que tomo
aqui.

Podemos viver o universal, no sentido puramente quantitativo, os modos de ver e


de sentir dos diversos povos, mas não podemos permanecer na situação de ser um
povo que recebe todas as idéias vindas de todas as partes, que não possa encontrar
um caminho para si mesmo; temos de criar este caminho.

A minha luta é esta, dar solução aos inúmeros problemas vitais brasileiros da
atualidade, porque a heterogeneidade de idéias e posições facilita a de soluções, das
quais muitas não são adequadas às necessidades do Brasil. O tema é vasto e exigiria
um trabalho especial.

3 - Que fazer para que a Filosofia atinja as grandes massas populares e a


juventude brasileira?

Fazer a Filosofia atingir as grandes massas populares será em primeiro lugar, obra
que se cingirá a descê-la ao baixo grau de cultura de nossas massas populares.
Precisamos estudar o que devemos fazer para erguê-las até à Filosofia, o que só
poderá ser feito através de um desenvolvimento da cultura nacional – em linhas
distintas das atuais, que tendam à Filosofia Positiva e não à Filosofia negativista e
niilista que penetra em nossas escolas.

[120]
Quanto à juventude brasileira, este é o mais grave de nossos problemas: somos um
país constituído de jovens, que formam a sua quase totalidade. Dado o baixo grau de
cultura que temos, nossos estudantes passam a formar uma elite intelectual, o que
demonstra a inferioridade em que nos encontramos.

Na História, a juventude sempre é o que decorre da sua própria natureza,


apresentando aspectos positivos e negativos. Positivos, pela sua capacidade de ação
e de idealismo; mas negativos, pela sua irreflexão, pelo seu despreparo e
apressamento, que a leva a cair, facilmente, nas malhas dos grandes agitadores e a
servir aos interesses de demagogos e políticos. Em todas as épocas da humanidade,
uma parte da juventude mais ativa tendeu à luta a favor das más causas, facilitando-
as.

Foram jovens que destruíram o Instituto Pitagórico, condenaram Sócrates,


perseguiram Anaximandro, Aristóteles, assassinaram Hipátia de Alexandria e
perseguiram Santo Alberto, S. Tomás de Aquino, S. Boaventura, quando mestres na
Universidade de Paris; que uivavam pelas ruas pedindo a cabeça de Dante, de
Savonarola, de Giordano Bruno; que acusavam Pasteur de “charlatão” e atiravam
pedras em Einstein. Esses jovens são ativos, eficientes na sua parte destrutiva. Mas
há também uma juventude construtiva.

Então, o que nos cabe fazer é orientar a juventude brasileira, dar-lhe suficiente
sabedoria: clara, positiva, concreta, de modo a imunizá-la contra as tendências
niilistas, para que possa pôr a sua capacidade de ação e de idealismo em algo
concreto que beneficie o país. Fora disso, nada dará resultado.

4 - Quais são as correntes filosóficas que a reflexão filosófica deve levar


em conta hoje?

Propriamente, julgamos que todas, porque encontramos hoje, na reflexão filosófica,


a restauração ou o ressurgimento de velhos erros já refutados há séculos e milênios,
que passam por inovações extraordinárias para aqueles que ignoram as aquisições
do passado. É necessário, assim, revisar tudo, para mostrar que muitas novidades
atuais nada mais são que velhos erros já refutados, travestidos de “verdades
superantes”.

5 - Relações entre ciência e filosofia

Como a pergunta exigiria uma análise longa, sintetizar aqui o que penso, torna-se,
para mim, um trabalho mais difícil do que expor as grandes contribuições que a
ciência traz para as novas especulações filosóficas.

Não que esta venha modificar as linhas mestras da Filosofia Positiva e Concreta;
veio, ao contrário, robustecê-las, mas trouxe contribuições que permitiram abrir
campo não só para novas análises, como também para melhor colocação de outros
problemas, além de uma revisão da Metodologia, sobretudo na parte da Dialética
Concreta.

Trata-se da Dialética que possa de melhor modo aplicar-se à análise especulativa,


para que ela não se torne meramente abstrata e sem correspondência com a
realidade concreta. Basta que salientemos três pontos importantíssimos da ciência
[121]
moderna. Primeiro, as pesquisas em torno da estrutura da matéria sensível, que
levaram a ciência a penetrar na constituição da matéria, afastando-se o conceito de
matéria do século dezenove.

Temos, assim, uma visão muito mais profunda e ampla do que aquela que os
filósofos anteriores possuíam, também a Filosofia Positiva de séculos anteriores,
aproximando-se a passos gigantescos da concepção que os pitagóricos haviam
apresentado, e que fora considerada por muitos como extravagante, tornou-se
muito mais compreensível.

Naturalmente, se alguém considera que o número é apenas o da matemática vulgar,


o da extensão, da quantidade, ou o esquema da participação quantitativa, é lógico
que a definição pitagórica de que as coisas são números passa a ter um sentido
demasiadamente brutal e inaceitável.

Mas no momento que se compreender que número não é apenas isso, mas todo o
esquema de participação de qualquer espécie de unidade, porque é a manifestação
da unidade sob todos os seus aspectos e, portanto, sob todas as formas
manifestativas em que se exija o numeroso e, portanto, participado, participante e
logos da participação e que, segundo o logos, existem tantos números quantos logoi
de participação, já muda completamente o sentido e então poder-se-á compreender
que, segundo todos os possíveis aspectos em que se possa tomar a unidade,
podemos construir matemáticas.

A ciência moderna, graças à penetração da Matemática, de início na parte


quantitativa e depois no qualitativo – como se viu nas graduações – e nos relacionais
– como se vê nos funtores – caminha hoje, inevitavelmente, para uma penetração
cada vez maior no caminho que já fora percorrido pelos antigos pitagóricos.

O progresso científico processou-se e firmou-se na medida em que a ciência se


matematizou; a ciência, por outro lado, separou-se da Filosofia, não devido a essa
matematização, mas em virtude dos filósofos, que não compreenderam bem essa
matematização, que deveria ter permanecido no campo da Filosofia Positiva, se
realmente fosse concreta.

Por isso, o aparente abismo hodierno entre Filosofia e ciência pode perfeitamente
ser ultrapassado, flanqueado pela Filosofia Concreta; é o que estamos fazendo com
as nossas obras, apesar de muitos julgarem ser impossível a um brasileiro tentar
fazê-lo.

Segundo, ainda no campo da pesquisa da estrutura da matéria, a descoberta das


tensões, sobre as quais os físicos modernos, estarrecidos ante a sua realidade,
procuram escamoteá-la, sem poder enfrentar, devidamente, a implicância que a
aceitação desta realidade exigiria, e que os levaria a uma especulação filosófica para
a qual não estão preparados.

A terceira contribuição importante é a referente à genética, que dá novos subsídios


para a melhor compreensão do homem, para novos estudos antropológicos e uma
nova reflexão em torno da significação do ser humano.

[122]
Poderíamos citar inúmeros outros aspectos, que também são imprescindíveis para
a reflexão filosófica. Aliás, são tantos, que não caberiam, naturalmente, no espaço
que temos para responder.

O que queremos apenas salientar é que devemos compreender que, das causas às
leis e aos princípios de cada ciência, podemos alcançar uma sabedoria que está
acima de toda ciência, uma sabedoria como a estudaram os grandes pensadores de
todos os tempos, que é a “Décima Ciência” dos antigos, de que nos falava São
Boaventura.

Essa Ciência, cabe-nos construí-la; será a metalinguagem do homem, unindo todos


os especialistas numa visão global. Essa construção é a nossa grande tarefa atual,
para que possamos aproveitar as grandes contribuições da ciência na elaboração de
uma visão filosófica mais completa, mais perfeita e mais atuante apara um melhor
futuro da humanidade.

Assim abriremos campo para novas análises, não mais as que colocavam mal as
questões, de modo a torná-las, por isso mesmo, insolúveis e estéreis suas disputas,
mas lançando novas disputas num campo mais fértil, mais criador, sob aspectos
mais seguros, que poderão abrir ao homem novas perspectivas, com dados
extraordinários, em benefício da cultura do homem de amanhã.

É diante deste horizonte, ante esta aurora que se anuncia, que me anima o que tenho
realizado, muito embora eu não seja compreendido por muitos daqueles que se
dizem amantes dessa sofia, a Matese, a sabedoria, a intuição sapiencial.

Posso, agora, completar a minha resposta ao item IV, dando, assim, o sentido da
reflexão filosófica que se pode atribuir ao pensamento brasileiro, se ele quiser ser
genuinamente filosófico.

Todos aqueles que, no Brasil, revelaram que possuíam mente filosófica – e não
foram muito numerosos, porém brilhantes – tenderam sempre para um
pensamento de caráter sintético, isto é, não ficaram totalmente presos às correntes
filosóficas européias e dependentes delas. Sempre houve, entre nós, o desejo de
abarcar o universal e esta característica é naturalmente justa e própria de um povo
que vive em si mesmo este universal.

Por isso, o Brasil é, dos países atualmente existentes, mais capacitado para uma
Filosofia universalizante ou, pelo menos, para uma nova linguagem filosófica, capaz
de unir o pensamento que divergiu tão profundamente no campo já esgotado do
pensamento europeu. Aqueles que não pensam assim, que não admitem essa
possibilidade para nós, que continuem vivendo o seu modo de pensar. Nós
preferimos, porém, divergir.

6 - Colaboração da Filosofia para humanizar a civilização

Esse item pode-se dividir em três: 1º) a humanização da civilização atual; 2 ) a


evidenciação do valor da pessoa humana e 3º) a contribuição para a paz interior e
felicidade do homem.

[123]
Primeiro: hoje, sobretudo no mundo livre, graças ao surgimento de um desejo
ecumênico de aproximação dos homens, a humanização da civilização pode ser
obtida – em parte, naturalmente – pela colaboração da Filosofia, pela revisão
honesta de todos os grandes autores do passado, que foram caricaturizados,
falsificados e apresentados num sentido que não é realmente o da sua Filosofia.

Poderíamos citar aqui, desde os pitagóricos até o século passado, autores que
precisam ser revisados e reestruturados, para evitar-se aquelas “fables convenues”,
aquelas mentiras históricas, os mitos e as interpretações falsas que se fazem da sua
obra, com o simples intuito de denegri-los ou de favorecer outras posições.

Devemos tomar a seguinte posição: procurando primeiro tudo o que nos une, depois
pensemos em estudar o que nos separa, para ver se, o que nos separa, pode sofrer
modificações ou acomodações, que permitam que aquilo que nos une, fomente a
humanização da própria civilização. Daí decorreria, pois, inevitavelmente, a
segunda parte, sobre o valor da pessoa humana que, sem dúvida, sofreu, neste
século, devido ao desenvolvimento dos totalitarismos, uma afronta à sua dignidade.

De todos os lados surge este tema, que pode e deve ser reestruturado em termos
positivos e concretos. Finalmente, resultaria, então, a terceira parte, porque a paz, a
tranqüilidade interior, a serenidade do espírito só podem ser alcançadas quando a
mente assenta plenamente na Sabedoria, alcançando aquelas verdades, que estão
ao nosso alcance e que são o fundamento de nossa verdadeira felicidade.

Seguimos em suma, o preceito de Pitágoras: “Ama a verdade até o martírio; não


ames, porém, a verdade até à intolerância”! Procurando o que nos une realmente
com todas as outras correntes e posições filosóficas, podemos abrir caminho para
uma compreensão nos aspectos em que encontramos diferenças, que, muitas vezes,
são apenas acidentais e não aptas a justificar uma separação profunda.

Esse já seria um caminho de maior aproximação entre os homens, porque, na


medida em que nos dedicamos à leitura dos textos, vamos compreendendo a ação
nefasta dos intermediários.

Sabemos que, na Filosofia e temos milhares de exemplos para citar, os


intermediários, os discípulos, em regra geral, falsificam a obra dos mestres segundo
determinados interesses. Os adversários caricaturizam segundo outros interesses,
e o resultado é a deformação total do verdadeiro pensamento do autor.

A obra apresentada de segunda, terceira ou quarta mão está completamente


desfigurada, o que permite ao autor um ataque fácil, pois não é difícil destruir
caricaturas. Há casos, na Filosofia, em que autores tiveram suas obras refutadas
antes de as terem publicado, eram, pois, obras conhecidas só pelo autor.

Muitos livros meus foram “refutados” antes de serem publicado, pelo simples fato
de eu pretender tratar de tal ou qual matéria. Sem nem ao menos saberem qual a
minha verdadeira posição num assunto, já haviam adversários para refutá-los. Não
em público, porque isso eles não têm coragem de fazer, mas nos “corredores”.

[124]
7- Filosofia nacional e o pensamento filosófico estrangeiro

Quando hoje se visita Portugal e se vê qual a atitude predominante neste país em


relação ao seu patrimônio filosófico, espanta verificar a completa ignorância sobre
o que de grande já se realizou na Filosofia Portuguesa.

Atualmente, nada se estuda, nas escolas, da Filosofia Portuguesa dos séculos XV, XVI
e XVII. Parece que Portugal nada realizou; desconhece-se que, por quase dois
séculos, a Filosofia Portuguesa imperou no mundo.

Desconhecem-se autores como: Petrus Hispano; Antonio a Santo Domínico,.O.P.:


Francisco Suárez, S.J., que embora espanhol, viveu grande parte da sua vida
intelectual em Portugal, onde adquiriu o seu saber, além dos outros dois Francisco
Soares, lusitanos; Martim de Ledesma, espanhol de origem, cuja formação
intelectual realizou-se igualmente em Portugal; Francisco a Cristo, O.S.A., e Egídio
da Apresentação, .O.S.A, Andréias de Almada, S.J. ; Ludovico de Sotto Mairo, O.P.;
Gabriel da Costa; Hector Pinto, O S.; Hieron; Francisco da Fonseca, O.E.S.A; Manoel
Tavares, da Ordem carmelitana e Francisco Carreiro, da Ordem cisterciense; Jorge
O Serrão, S.J.; Ferdnando Peres, embora nascido em Córdova, foi outro que adquiriu
a sua cultura em Portugal; Ludovico de Molina, S.J., nascido na Espanha, viveu,
contudo, a maior parte do seu tempo em Portugal, onde estudou e foi discípulo de
Pedro da Fonseca, S.J., o Aristóteles português; Petrus Luís, S.J.; Antônio Carvalho,
S.J.; Baltazar Álvares, S.J.; Hieronimus Fernandes, S.J.; Gaspar Gonçalves, S.J.;
Ludovicus de Cerqueira, S.J.; Gaspar Vaz, S.J.; Diogo Alves, S.J.; Francisco de Gouvêa,
S.J.; Ferdinando Rebelo, S.J.; Gaspar Gomes, S.J.; Benedictus Pereira, S.J.; Sebastião de
Couto, S.J.; Blásio Viegas, S.J.; Emanuel de Góis, S.J.; Cosmas de Magalhães, S.J.; Pedro
da Orta, S.J.; João de São Tomás, O.P., para citar apenas alguns, Portugal nos deu esta
floração de filósofos, afora os mais conhecidos, como Sanches e outros, porque
correspondem à atual maneira de filosofar no mundo moderno.

8 - Pergunta-se: Pode-se falar numa Filosofia de Portugal ou apenas


numa Filosofia em Portugal?

Respondo: Pode-se falar, sim, numa Filosofia de Portugal e também numa Filosofia
em Portugal.

Nós, brasileiros, contudo, por um espírito de colonialismo passivo, que nos domina
até hoje, não cremos em nós mesmos. Só damos valor àquilo que tem origem
estrangeira, e não seja de Portugal, porque também esta procedência não goza de
nossa admiração. É natural, pois, que falar numa Filosofia Nacional cause
manifestações de completa descrença.

Não acreditar que ela existe, nem tampouco que possa surgir, é atitude geral. Ainda
hoje, “famosos professores de Filosofia” em Portugal dizem que é impossível criar-
se uma Filosofia autóctone naquele país.

Para o português, o que vale é: “Penso, logo não existo” ou “Existo, logo não penso”.
Podemos dizer que existe uma Filosofia no Brasil, mas se quiséssemos realmente
falar numa Filosofia do Brasil, tal afirmação exigiria exame. Não conhecemos obra
de criação propriamente peculiar. Se estamos tentando realizar algo nesse sentido,
[125]
não podemos afirmar, por motivos óbvios, que o seja.

Podemos dizer que, pela nossa completa libertação de um passado metafísico,


filosófico, histórico, que pese sobre nós e entrave as nossas possibilidades de ação,
estamos em condições de criar uma Filosofia Ecumênica, uma Filosofia que seja
realmente a Filosofia, por entre os muitos modos de filosofar.

A heterogeneidade nas modalidades de filosofar surge nos períodos de


predominância do empresário utilitário no contexto de uma cultura. Quando este
predomina, prevalece a moda que penetra em todos os setores: na Filosofia, na Arte
etc., como acontece no mundo atual.

Esta variação tremenda de idéias, as quais surgem de todos os lados, não revela
nenhuma pujança; é ao contrário, um índice de fraqueza, como a do período final da
cultura grega e alexandrina. A Filosofia Positiva (fundada na positividade do ser, que
alcança a perenidade, porque atinge as leis eternas) e Concreta, precisamente,
porque, captando estas leis, relaciona todos os matizes de todos os aspectos formais
– para dar-lhes uma unidade superior- é necessariamente Concreta, embora não no
sentido vulgar do termo.

A Ciência, felizmente, conseguiu libertar-se da moda, como o fez a Matemática; por


isso, como se construiu uma Matemática, uma Ciência, também se pode construir
uma Filosofia.

Em que o pensamento brasileiro pode beneficiar-se do pensamento filosófico


estrangeiro; reunindo o que há de positivo em todas as grandes realizações,
provenham de onde provierem, construindo, depois, uma nova concreção e
oferecendo-a ao mundo.

Esta é a única possibilidade que nos cabe e que estamos em condições de realizar,
muito embora a maioria de nossos intelectuais não creia nisto e negue,
terminantemente, que tal seja alcançável por nós, açulando-se com sanha contra
quem tentar fazê-lo.

9 - Deve abrir-se a reflexão filosófica para uma visão transcendental da


realidade, na perspectiva das razões metafísicas?

Sem uma visão transcendental da realidade não pode haver Filosofia, porque se esta
se distingue da Ciência por dedicar-se esta ao estudo das causas próximas e a
Filosofia às causas primeiras e últimas, fatalmente esta deverá ter uma visão
transcendental da realidade ou, pelo menos, tocá-la, abordá-la.

Ora, além das causas primeiras e últimas, temos de estudar os princípios, objeto
fundamental da Mathesis Megiste – dos pitagóricos que chamamos Matese em
português – cuja elaboração estou realizando em obra especial, que é a Axiomática
baseada em Boécio. É a Décima ciência dos pitagóricos, a Contemplação sapiencial
de São Boaventura, a Sapiência de Santo Tomás etc.

Esses princípios são matéria que constitui, propriamente, o que em todos os ciclos
culturais, em todas as altas religiões se chama de Sabedoria: Sabedoria infusa ou
[126]
Sabedoria em que o homem participa da Divindade, ou ainda a própria Sabedoria
divina que o homem pode abordar, tocar e na qual consegue penetrar. São temas
que, naturalmente, exigem discussões sobre os seus principais aspectos.

Mas o que é inegável, e não poderá deixar de abranger nenhuma visão filosófica em
profundidade, é que há princípios eternos, leis eternas, que dominam todas as
coisas, as quais não devem ser confundidas com as leis naturais nem com as da
ciência. Este estudo levará, inevitavelmente, a uma visão transcendental da
realidade, e sem ele não se faz Filosofia em profundidade, mas apenas de superfície.

Esta tendência, a de uma Filosofia que não ultrapassa a imanência da esquemática –


que o homem pode construir apenas dentro de sua experiência mais vulgar –
predomina no mundo moderno.

10- Qual é a íntima conexão entre a posição gnosiológica, metafísica e


ética; entre a teoria e a prática?

Parece-nos que aqui há duas perguntas: lª) a que interroga sobre íntima conexão
entre a posição gnosiológica, metafísica e ética e 2ª) a íntima conexão entre a teoria
e a prática.

Responderei à primeira, depois à outra. As dificuldades no campo da Gnosiologia,


da Metafísica, inclusive no da Ética, surgem naquele filosofar que coloca o homem
quase como um ser estranho ante o universo, o qual é impermeável para ele. Coloca,
assim o homem numa situação de ser completamente ilhado, bloqueado, sem a
menor possibilidade de penetração mais profunda.

As conseqüências deste pensamento pessimista, negativista, são as seguintes: não é


possível, com os nossos meios cognoscitivos, alcançar o que nos transcende e dar,
também à própria Ética, uma visão transcendental. Desta forma existe a tendência
a considerar todo o filosofar do homem apenas como uma obra humana -–
restringida, portanto, aos limites de nossa experiência – fundamentada nos dados
de nossos sentidos e meios limitados de conhecimento.

Chega-se, ademais, à conclusão de que todo e qualquer esquema que construamos


jamais corresponde à realidade que nos ultrapassa. Estamos em pleno agnosticismo,
ceticismo, pessimismo, ficcionismo, pragmatismo, materialismo, niilismo,
“desesperismo”; são conseqüências que surgiram do filosofar moderno.

Portanto, inegavelmente, a reflexão filosófica deve abrir-se para uma visão


transcendental da realidade, sob pena de nos perdermos em armadilhas feitas por
nós mesmos, afirmando uma deficiência que, na verdade, não temos.

A segunda parte da pergunta é importantíssima. Surgem nos gregos as discussões


em torno da teoria e da prática, da Filosofia e da Ciência Especulativa, da Filosofia e
da Ciência prática.

Avassalaram a atenção dos filósofos de maior responsabilidade intelectual e, apesar


dos grandes trabalhos realizados – que fazem a nítida distinção entre a teoria e
prática – que chegaram até nós, a maior parte deles é completamente desconhecida
para aqueles que não tem nenhuma ligação com a Filosofia Positiva e Concreta, a
[127]
qual pertence aos grandes ciclos culturais da humanidade.

Resultado: estamos hoje vivendo uma completa confusão entre teoria e prática.
Estabelece-se determinadas proposições teóricas, julgando-se que elas são
perfeitamente práticas e vice-versa. Algumas proposições, extraídas
exclusivamente da prática, passam a constituir verdadeiros axiomas teóricos. O
resultado é que vivemos hoje num mundo de utopias e quimeras; como
conseqüência, há desilusões, cujo resultado final é desespero.

11 - A Filosofia é uma ciência objetiva ou uma produção pessoal,


puramente subjetiva, do pensamento?

Aqui está um ponto de partida, verdadeiro divisor de águas. Desde o momento em


que nos coloquemos na posição de quem pensa que a Filosofia é mera produção
pessoal, puramente subjetiva do pensador, pomos aquela no campo da Estética.

Mas se admitimos que a Filosofia é uma ciência objetiva, isto é, uma busca humana
da sophia suprema, que nos ultrapassa e transcende, ela adquire uma feição
completamente distinta. Em todos os ciclos culturais, a Filosofia Positiva e Concreta
é uma ciência objetiva. Em todos os momentos de decadência ou refluxo, que são
vários, ela se torna puramente subjetiva.

A Filosofia Moderna está caindo no subjetivismo. Vimos até a tendência de um


Heisenberg querendo colocar a própria Ciência no subjetivismo, pela sua teoria da
indeterminação. Há necessidade de esclarecer-se, sobretudo para aqueles que
querem fazer Filosofia, o seguinte: se desejam fazer obra puramente subjetiva,
dediquem-se à Estética e deixem em paz a Filosofia, assim como se pede aos
positivistas que façam Ciência e não Filosofia, porque são coisas que devem ser
distinguidas, cuja confusão só atrasa o progresso intelectual da humanidade.

Filosofia exige demonstração e não meras asserções. Ademais, não devemos


confundir filósofo com pensador que também trata de Filosofia – e muito menos
ainda com professor de Filosofia. Em nossa época, o professor já se julga “dono” da
Filosofia e, neste caso, há o perigo de se pensar que o fim é uma Filosofia de
professores para professores de Filosofia.

12- Que pensar sobre o problema do ateísmo contemporâneo?

Este tema é de uma vastidão tremenda, já que o ateísmo contemporâneo não surge
a rigor de uma especulação filosófica, mas sim, de certas decepções de caráter mais
ético do que filosófico. A meu ver, o ateísmo não surge, propriamente, em torno do
Deus Uno e de seus atributos, mas, em torno dos atributos do Deus Treino, ou Deus
pessoal ou dos atributos morais de Deus.

Não conheço nenhum trabalho, de nenhum ateísta, que se limite a atacar,


especificamente, o Deus Uno. Conheço agnósticos e cépticos, mas não ateístas que
tomem uma posição definitiva, negadora da possibilidade de um Ser Supremo. O
ateísmo é sempre o produto de uma má colocação do problema de Deus.

Como “na Filosofia não há questões insolúveis, mas apenas mal colocadas”, o
ateísmo moderno parece uma questão insolúvel, porque é mal colocada. Todas as
[128]
ocasiões em que tive a oportunidade de me encontrar com ateístas, bastou-me
pedir-lhes que descrevessem o que entendiam por Deus, para, nessa descrição,
verificar quais as razões de seu ateísmo.

Foi-me fácil afastá-los de sua posição e colocá-los na aceitação de um Ser Supremo,


o que é, para nós cristãos, o ponto de partida para uma total recuperação.

13 - Em que sentido a reflexão filosófica pode ter tonalidade cristã? Pode


o cristianismo prestar benefícios ao filósofo?

Eis também outra questão que, bem colocada, é de solução fácil. O ponto de partida
está em saber o que se entende por tonalidade cristã. Se considerarmos Cristo sob
um aspecto, no qual podemos encontrar-nos quase todos, isto é, representando Ele
o que o homem tem de mais alto na sua forma perfectiva, caminhando para a
Divindade – ou mesmo, neste sentido, reaproximando-se do Ser Supremo –
podemos afirmar que a reflexão filosófica não pode deixar de ter uma tonalidade
cristã.

Não pode haver uma reflexão verdadeiramente filosófica que não erga o homem do
menos para o mais. Portanto, o Cristianismo presta e sempre prestou benefícios ao
filósofo, razão pela qual a Filosofia teve o seu maior desenvolvimento sob a égide do
Cristianismo. Será também apenas através da concepção cristã, que se poderá
realizar uma Filosofia superior capaz de unir os homens e fazê-los se
compreenderem, pois Cristo representa, no homem, tudo quanto ele tem de mais
elevado.

Já dizia Pitágoras que a verdadeira piedade – aliás, a eusébeia – era a justa e nobre
veneração da Divindade, consistindo aquela na prática de nossos atos perfectivos
superiores. Aproximando-nos, pois, de Deus na medida em que praticamos, de modo
mais perfeito, os nossos atos. Em suma: a eusébeia (a verdadeira piedade), para os
pitagóricos, é a assemelhação a Deus.

Este conceito não é exclusivo dos pitagóricos, mas de revelação universal, de todos
os ciclos culturais. A verdadeira Filosofia caminha paralela à Religião, porque, se
esta é o caminho para elevar o homem a Deus pelas ações, aquela é o caminho para
elevar o homem – pela meditação, pelo pensamento, pela pesquisa, pela especulação
– também, a Deus. Por isso, a Religião pertence à vida prática e a Filosofia sobretudo
à vida especulativa – o que não impede que a Filosofia especule também sobre a vida
prática e nela atue dentro das normas desta.

Isto corresponde à vontade, ao entendimento humano na sua ação em busca do


bem; mas a Filosofia é a vontade e a especulação em busca da verdade.
Consequentemente, o homem, à medida que especula pela verdade, aproxima-se do
Ser Supremo e à proporção que busca o seu justo bem aproxima-se de Deus.

Esta é a razão por que o divórcio entre Filosofia e Religião – que se procurou fazer
no mundo ocidental como também já se fez em outros ciclos culturais, em situações
correspondentes a esta – é apenas uma covardia, a ser substituída por uma atitude
heróica, enfrentando, mostrando os defeitos dessa posição e propondo os
verdadeiros caminhos de ascensão.
[129]
Visto sob este aspecto, o Cristianismo é universal, porque pertence a todos os ciclos
culturais. Ele foi o pensamento verdadeiro mais profundo de todos os ciclos
culturais, sendo, por isso, inseparável da religião do homem nos seus aspectos
perfectivos. É o homem enquanto Vontade, Entendimento e Amor, correspondendo,
na concepção católica, às Três Pessoas da Trindade.

Caminhando neste sentido, retiraremos o homem do pântano em que está afundado,


do estado de desespero no qual imergiu, podendo tornar a oferecer-lhe uma nova
perspectiva e esperança, que poderá solidificar uma fé verdadeira e robusta.
_______________

LADUSÃNS, S. Rumos da filosofia atual no Brasil, São Paulo, Loyola, 1976, pp.
407-428.

[130]
XII - A redescoberta da filosofia no Brasil I –
Panorama Geral
dicta / 31 de agosto de 2010

A Dicta.com começa a publicar uma série de artigos e entrevistas a respeito do tema


“A redescoberta da filosofia no Brasil”, feita por um de nossos colaboradores, Felipe
Cherubin. Hoje teremos um pequeno panorama histórico de um problema que até
agora parece ser insolúvel: temos ou não temos condições de entender o que
realmente significa a Filosofia? Somos capazes de pensá-la e, sobretudo, fazê-la
como os mestres da tradição? Para Cherubin, este impasse é resolvido com a
redescoberta das obras de Mario Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva.
(M.V.C.)
Por Felipe Cherubin, jornalista, formado em Direito e estudou Filosofia na
Harvard Extension School.

A reedição das obras dos filósofos Mário Ferreira dos Santos e Vicente
Ferreira da Silva dão novos ares ao estudo da filosofia no país e demonstram que é
possível um pensamento original e de alcance universal em terras brasileiras.
Mário Ferreira dos Santos (1907-1968) e Vicente Ferreira da Silva (1916-
1963) estão entre os filósofos brasileiros mais importantes do século 20. Foram
pensadores independentes que trataram dos mais importantes temas da filosofia
com impressionante interdisciplinaridade, dialogando tanto com a tradição quanto
com o que havia de mais importante e atual no debate intelectual de seu tempo. A
redescoberta de suas obras lança novas bases para a construção de uma cultura
mais refinada e autoconsciente, recolocando o Brasil, definitivamente, no cenário
global da história da filosofia.
***
Em 1986, o Embaixador Mário Vieira de Mello publicava O Conceito de uma
Educação da Cultura, retomando a reflexão de seu livro anterior sobre o tema do
esteticismo na formação da cultura brasileira e como a partir daí lançar bases para
a criação de um espírito ético no Brasil.
Seguindo o espírito da letra de Vieira de Mello, podemos compreender de que
a proposta de transformar a consciência que temos da realidade brasileira, de uma
percepção estética para uma percepção ética, nada tem de um empreendimento
moralista e tampouco se trata de menosprezar as realizações e experiências
brasileiras no campo das artes e do sentimento nacional.
O problema que se coloca é se devemos manter nossa auto complacência ao
repetir erros que nos saltam aos olhos ou se não seria a hora de tentarmos uma
arrancada, elevando o nível de nossas realizações e da nossa inteligência
combinando assim fatores culturais mais sólidos e abrangentes.
A educação é um processo limitado que se encerra onde começa a cultura que
nada mais é que o reflexo social do esforço intelectual de cada ser humano de educar
os outros e a si mesmo. Educação e cultura são as duas faces de uma mesma moeda
chamada pedagogia e não se deve confundida com o que hoje entendemos por
ensino, esse rito social intimamente ligado com o mercado de trabalho e com as
pressões da empregabilidade e nos discursos recheados por palavras de ordem
como “educação para a democracia”.
[131]
A questão não é polarizar a discussão entre democracia versus aristocracia
ou em educação de elite e educação para as massas, mas sim entre poder versus
cultura e reconhecer que a pedagogia deve ter independência em relação a
democracia, assim como de qualquer regime político, como bem perceberam
Sócrates e Platão quando criticaram os sofistas por exercerem um magistério à
revelia da sociedade, abrindo um perigoso espaço para corrompê-lo por distorções
da vida democrática e as exigências do poder, na perda a longo prazo da noção exata
do que realmente é a educação.
No século 21, países colonizados como o Brasil vêem-se diante do dilema em
optar entre o artificialismo de uma cultura cerrada no passado e o funcionalismo de
uma cultura desvinculada da tradição. Como equacionar esse desafio? Para um país
da dimensão do Brasil recorrer ao mito da brasilidade e das formas mais esdrúxulas
de provincianismos apenas produz documentos para etnólogos do futuro e nunca
expressões de alta cultura e patrimônios para a humanidade.
Esse comportamento, muitas vezes travestido de falsa inovação e rebeldia
resultam, segundo Vieira de Mello, numa emulação que produziu apenas uma
caricatura pueril daquilo que de pior herdamos de nossos pais portugueses, o
medievalismo mais retrógrado e residual daquela Portugal dos séculos 16 até
Pombal, que havia assimilado o lado mais reacionário da Contra Reforma e
decretava sua incapacidade em absorver o que de melhor o Renascimento oferecia.
Diferentemente, os espanhóis e depois os países hispano americanos,
desenvolviam-se culturalmente de forma mais harmoniosa e integrada ao ponto de
surgirem escritores de importância universal como Gárcia Marquez , Borges ,
Cortázar, Neruda e Vargas Llosa. A cultura espanhola ainda foi capaz de abrigar uma
série de filósofos de grande envergadura como Unamuno, Ortega Y Gasset, Julian
Marias e Xavier Zubiri.
Dessa forma, não sem razão, com a emancipação política do Brasil, fomos
bombardeados pela cultura francesa sem a menor condição de assimilá-la, uma
cultura mais modernizada que em terras brasileiras teve efeitos traumáticos e
pouco benéficos como mostra Paulo Arantes em seu livro Um Departamento
Francês de Ultramar.
Expressões de alta cultura no Brasil, como a filosofia, tornaram-se ao longo
de nossa história um enredo mal digerido de tomismo, comtismo, marxismo e
desenvolvimentismo. A história da filosofia no Brasil ainda é uma das histórias mais
obscuras e a espera de uma sistematização, não obstante os esforços heróicos de
contribuições histográficas de Sílvio Romero, dos Padres Leonel Franca e Stanislavs
Ladusãns e mais recentemente por Antônio Paim e Jorge Jaime, para citar as
principais.
Tratar sobre o tema da Filosofia no Brasil é sempre algo problemático. O
primeiro problema que enfrentamos diz respeito ao critério do que é e do que não
é filosofia. Como separar o joio do trigo?
Depois, nos perguntamos se a originalidade é o único critério válido ou exige-
se também uma profundidade de temas e enorme erudição, ou mesmo, se a chave
da questão não estaria na enunciação de um novo problema ou a solução definitiva
e racional de problemas clássicos.
Até que ponto a simples exposição de uma filosofia alheia transcende a uma
verdadeira criatividade? Como se reconhece um filósofo e como se determina se ele
é digno ou não de figurar no rol da história da Filosofia?
Essas são perguntas que precisam ser feitas. A filosofia precisa dialogar com a
tradição, ocupar-se dos problemas atuais e lançar bases para um futuro mais
consciente. No Brasil, muitos se lançaram a essa tarefa e corroboraram com
[132]
respostas a velha questão “Quem somos nós?”, fazendo da cultura brasileira mais
consciente e preparada para a Grande Conversação, nos termos de Mortimer Adler.
A rigor, a filosofia no Brasil, segundo Jorge Jaime no seu volumoso História da
Filosofia no Brasil, começa já na fase colonial com a instituição do governo-geral em
1549 e o desembarque do padre Manuel da Nóbrega com a armada de Tomé de
Sousa, dando inicio à missão jesuítica no país e à construção dos alicerces
fundamentais que moldariam a sociedade brasileira.
Neste inicio, a contribuição da Companhia de Jesus foi enorme. Os primeiros
mestres gramáticos no Brasil foram os padres Blázquez e Anchieta sendo que o
Padre Anchieta escreveu o primeiro tratado filosófico no Brasil expondo seu
pensamento, hoje infelizmente perdido.
Assim, a fase colonial é marcada pelas influências da tradição filosófica e
cultural portuguesa e os esforços no sentido de civilizar uma terra virgem e
antropofágica. Na fase imperial, a grande influência será o positivismo de Comte,
inspirador da nossa Republica com o lema “Ordem e Progresso”, o surgimento da
escola de Recife e a presença de homens do quilate de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco
e José Bonifácio. Daí em diante, o Brasil entrou na onda do desenvolvimentismo,
tendência ambígua que foi capaz de absorver linhas tão distintas que vão do
marxismo ao neoliberalismo.
Portanto, a reedição das obras de dois filósofos brasileiros do século 20,
Mario Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva acendem velas nessa
penumbra e jogam um material ainda incompreendido daquilo que de melhor
realizamos em termos de alta cultura ao longo do século 20.

[133]
XIII - A redescoberta da filosofia no Brasil II –
Mário Ferreira dos Santos
dicta / 31 de agosto de 2010

Por Felipe Cherubin, jornalista, formado em Direito e estudou Filosofia na


Harvard Extension School.

Mário Ferreira dos Santos nasceu em Tietê, São Paulo. Formado em Direito e
Ciências Sociais pela Universidade de Porto Alegre, muda-se para São Paulo e funda
as Editoras Logos e a Matese com o objetivo de publicar e divulgar sua obra. Foi um
pensador incrivelmente fecundo que legou uma obra monumental com mais de 90
títulos publicados, alguns inéditos e outros inacabados.
Em menos de 15 anos publica a “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais”, que
abrange cerca de 50 volumes, parte de caráter teorético e parte histórico-crítico.
Sua obra vai além das exposições de temas filosóficos e se encontram romances,
dicionários, cursos de oratória e traduções comentadas. Seguindo tradição
pitagórico-platônica, a obra de Mário explora com originalidade os caminhos da
Metafísica.
Em 1957, publicou “Filosofia Concreta”, que estabelece o seu modo de filosofar.
Mário Ferreira dos Santos considera a Filosofia como ciência rigorosa, aceitando o
que é demonstrado e não o problemático e provável. Para ele, a Filosofia possui o
genuíno valor de ciência, seja na investigação e na sistematização, seja na análise e
na síntese de temas expositivos e polêmicos. Em 1959, a edição de “Métodos Lógicos
e Dialéticos” expõe uma nova metodologia para guiar com segurança o estudioso no
campo do saber.
A década de 1960 foi o período em que suas obras tiveram maior difusão em todo o
território nacional.

***
Luís Mauro Sá Martino, professor da Fundação Cásper Líbero e estudioso da
obra de Mário Ferreira dos Santos, fala a seguir em entrevista exclusiva
concedida à Dicta.com, sobre o filósofo.

Quem foi Mário Ferreira dos Santos?

Mário Ferreira dos Santos foi um filósofo brasileiro que desenvolveu um


pensamento bastante original na segunda metade do século 20, dialogando com
filosofias aparentemente dispares como, por exemplo, a escolástica medieval,
Nietzsche e Sartre, trabalhando também com descobertas e pesquisas recentes para
sua época .Foi um dos primeiros leitores de Piaget no Brasil, por exemplo. Dedicou
a vida à filosofia, daquele preceito de Schopenhauer que se deve viver para a
filosofia e não da filosofia. Mário conseguiu uma síntese original: vivia para filosofia
e ao mesmo tempo vivia da filosofia sem nenhuma incongruência entre as duas.

[134]
Como foi seu primeiro contato com a obra do Mário Ferreira dos Santos e a
partir de que ponto você começou a se dedicar a um estudo sistemático de sua
obra?

Meu contato foi acidental, por meio dos sebos. De tanto ver os livros dele um dia
acabei me interessando e à medida que eu ia lendo percebi que tinha alguma coisa
muito boa embora na época eu não soubesse exatamente o que; me faltava ainda
como sempre vai faltar, mas faltava mais ainda naquela época bagagem para
entender o que ele estava querendo dizer, com quem estava dialogando e a partir
daí que eu comecei a estudar sistematicamente a obra dele, fora do circuito
acadêmico – como um desafio pessoal.

A obra do Mário é imensa, mais de uma centena de livros publicados, inéditos


e alguns inacabados. A sua produção também é variada: romances,
enciclopédias, dicionários, diálogos, cursos e traduções. É possível identificar
uma unidade ou mesmo uma divisão didática dentro dessa avalanche de
escritos?

Sim, mas essa afirmação tem que ser levada com todo cuidado.
Toda divisão da obra do Mário vai esbarrar com problemas e ela só funciona vista
no plano geral. Então, essa divisão além de arbitrária é também bastante fluida e eu
preciso deixar claro que isso não é uma classificação fechada, mas apenas para efeito
didático: Em termos de gênero, Mário cultivou alguns gêneros dentro de sua obra.
O primeiro desses gêneros foi a literatura: escreveu contos , livros e prosa
filosófica.Há um livro dele, por exemplo, que reúne alguns desses contos e crônicas
chamado Páginas Várias – um livro literário com teor filosófico que bem que poderia
ser incluído na área da literatura. Outro gênero que desenvolvidofoi o livro filosófico
no sentido mais estrito: exposição de um problema, argumentos, contra-
argumentos, conclusão e síntese. Um terceiro gênero foi o ensaio: alguns livros deles
são claramente ensaísticos, lidando até mesmo com problemas cotidianos. Fora isso,
os inéditos e dispersos :são artigos, palestras, exposições, aulas (ele também era
professor em boa parte do dia), cursos livres, o curso de oratória e retórica e
apostilas de aula. Em termos de fases é mais complicado porque ao longo de sua
obra Mário reelabora o que havia escrito anteriormente. Daria para separar da
seguinte forma: as primeiras obras que ele escreve ainda sem saber que estava
escrevendo a enciclopédia( só depois da Filosofia Concreta ele irá perceber a
extensão de sua obra, embora há indícios, por exemplo, uma carta onde ele propõe
uma coleção de filosofia para o povo; nela, ele propõe ao Ministro da Cultura, pede
um subsidio que lhe é negado mas ali já expõe o projeto de uma obra ampla, mas
ainda não caracterizada como a enciclopédia). Dentro dessa produção
aparentemente desorganizada há um senso de unidade do próprio Mário que eu
poderia dizer que é a Lógica Dialética – num primeiro momento. Essa lógica dialética
desemboca no ápice da filosofia dele que é a filosofia concreta e em seguida para
outra fase que é a aplicação da lógica dialética e da filosofia concreta a vários
problemas: metafísicos, históricos, sociais. Finalmente, numa última fase : começa a
tratar diretamente de Metafísica, ele vai para os campos da metafísica pura que é
fase da “Sabedoria das leis Eternas”, “Esquematologia”, “Tratado Geral das Tensões”
aonde ele se volta para a mente humana em relação com o objeto, reestruturando a
relação sujeito/objeto com base numa tensão de consciência intersubjetiva.

[135]
O Mário muitas vezes é considerado um dos maiores filósofos do século 20 ao
mesmo tempo em que foi a figura mais solitária da história intelectual
brasileira. Não obstante foi muito lido e muito ativo em seus cursos
particulares e palestras (alguns de seus livros foram o que hoje chamaríamos
de um best-seller). Qual a razão desse isolamento e por que seus escritos
caíram em esquecimento logo após sua morte?

Bom, as duas coisas estão interrelacionadas. Mario prezava muito a própria


independência e ele acreditava que se fosse lecionar na universidade, em qualquer
universidade teria que cumprir prazos, programas e se submeter a
constrangimentos acadêmicos de seguir este ou aquele; então, radicalmente opta
por não ficar na universidade, foi um outsider por vontade própria. Com isso teve
uma vantagem grande que foi poder escrever o que ele quisesse, na hora que
quisesse do jeito que bem entendesse, mas teve uma desvantagem: ele não forma
discípulos, alunos organizados que vão reconhecendo a obra dele por meio de
títulos de pós-graduação, etc. Portanto, ao se afastar do campo acadêmico ele
também fecha o campo acadêmico para si, por isso que após sua morte em poucos
anos sua obra é completamente esquecida. Ele não formou uma escola de
pensadores – gente que vai discutir sua obra – daí esse isolamento resultando numa
solidão muito grande como pensador e no esquecimento da obra após sua morte.

Além de tudo, Mario tinha um grande tino comercial, tendo sido proprietário
das editoras que publicaram suas obras, como era esse outro lado do filósofo?

As experiências institucionais do Mário foram todas ruins. Seja como profissional,


seja como estudante. Ele era um anarquista e a anarquia dele não era militância
política e externa, era princípio. Então, ele simplesmente fugia dos ambientes
institucionais. Situação essa que o levou a caminhos próprios. O que ele tinha era
um tino comercial fenomenal: quando percebeu que ninguém editaria seus livros
começou a editar, partindo de um principio: se os livros estiverem à venda, as
pessoas comprarão, principio simples e que deu resultado. Então, ele vendia livro
de porta em porta, depois teve uma equipe de vendedores que ia vender livro de
porta em porta e funcionava – as pessoas achavam a encadernação bonita,
compravam; outras achavam o conteúdo ótimo, compravam; o fato é que a julgar
pelas notas de faturamento das empresas dele e hoje pela quantidade dos livros dele
em sebos,vendeu que nem água.

Mário sempre se preocupou com a questão da acessibilidade da filosofia e a


educação da juventude, a função da filosofia no sentido de humanizar a
civilização sempre esteve presente no seu filosofar. Como o Mário via a
questão da barbárie, da modernidade e da civilização?

Mário foi um critico radical da modernidade. Ele entendia que o excesso de


racionalização, o controle de pontos e entradas e saídas e fluxos, esses controles
todos embruteciam o homem porque tiravam a dimensão simbólica, a dimensão
afetiva, a dimensão espiritual, a dimensão religiosa, a dimensão lúdica e
transformavam o homem numa máquina racional , uma máquina programada para
trabalhar e essa programação incluía o ensino universitário; daí uma das críticas
dele, de que a universidade estava programada para trabalhar e que até na hora de
se divertir seria levado a se divertir pelas mesmas instituições que o obrigavam a
[136]
trabalhar. Mario faz essa critica radical chegando a conclusão do por que do
esvaziamento do homem moderno, o por que da crise, o por que dos problemas
psíquicos da solidão e da angustia: porque nós perdemos a relação humana; a
modernidade destruiu no ser humano o que havia de bonito, o que havia de
simbólico e o que havia de transcendente e não estou falando de transcendência
religiosa, mas sim da transcendência da relação com o outro. Tudo é organizado,
tudo é matematicamente certo, portanto ,não há espaço para a subjetividade e nem
para a intersubjetividade.

O Mário foi um pensador cristão, ele tem um interessante livro sobre o


Cristianismo, mas na parte filosófica ele sempre usa a noção de
transcendência como parte da ontologia, não entra a questão religiosa dentro
deste contexto, é isso?

É.

Mário era cristão, mas se dizia avesso a qualquer denominação religiosa, em uma de
suasele fala com todas as letras “Não professo nenhuma religião”. Ou seja, ele não
era católico, não era protestante, mas era cristão e a abordagem dele do cristianismo
era uma abordagem em primeiro lugar filosófica, ele entendia que o cristianismo
era a melhor doutrina ética que alguém poderia ter e chegou a essa conclusão, por
ironia, lendo Nietzsche.

O pensamento do Mário é um pensamento marcado pela positividade (no


sentido de uma filosofia da afirmação), conseguindo abarcar em seu sistema
os mais diferentes matizes intelectuais:pitagorismo, a filosofia de Nietzsche,
Cristianismo, Anarquismo e a Escolástica. Como isso foi possível?

É tentador responder: porque ele era um gênio.


Mas há uma razão filosófica para isso. Mário entendia que a filosofia era algo para
ser vivida e ele não fazia filosofia, vivia filosofia. Isso significava extrair das outras
filosofias e de qualquer sistema de pensamento, de qualquer ideia boa o que havia
de bom para contribuir com a compreensão de qualquer problema; são poucos os
espaços na obra dele onde identificamos a crítica, ou seja, o pensamento negativo.
Ele trabalhava dentro de um pensamento de afirmação aonde ele irá procurar em
cada filosofia o que há de melhor. Se Nietzsche tem alguma coisa a dizer sobre um
problema e sobre o problema seguinte quem tem algo a dizer é Kant e no outro
Suarez, não tem problema porque ele não está confrontando, está aplicando, está
desenvolvendo.

Quais foram os pensadores que mais contribuíram para a formação da atitude


filosófica do Mário? E qual sua relação com a Filosofia Portuguesa?

Para fazer uma lista minúscula: Pitágoras, Santo Tómas de Aquino e Nietzsche.
Curiosamente, um pagão, um cristão e um anticristão. Ele tem também algumas
ressonâncias kantianas – e alguma coisa de Hegel, mas bem residual. Em relação à
filosofia portuguesa ele irá trabalhar um pouco com a escolástica, sobretudo com
Suarez. Não vai desenvolver um trabalho sistemático com a filosofia portuguesa,
mas irá resgatar a filosofia de Suarez.

[137]
O Mário apresenta a decadialética e a filosofia concreta como suas
contribuições pessoais á Filosofia, ele está sempre buscado o ideal pitagórico
da Mathesis Magiste , que marcará a tônica dos seus últimos escritos. Qual o
significado de tudo isso?

A procura do conhecimento final : da Mathesis Magiste. O conhecimento último que


é a chave de todos os outros conhecimentos e que ele procurará a vida toda. Eu não
sei se ele encontrou porque deve estar em algum manuscrito, minha frustração
pessoal é não ter tempo para mergulhar nos manuscritos finais dos últimos anos
dele, são cerca de 5.000 páginas. Nesse caminho enorme que ele faz ele vai procurar
sempre subir, a filosofia dele vai alçando em planos diferentes até chegar nesse
conhecimento supremo. O que é esse conhecimento supremo? A rigor, seria a
definição inicial a partir da qual os outros conhecimentos podem ser derivados. Por
que não dá pra dizer o que é? Porque está na obra dele depois da Metafísica. Então,
isso começa na “Filosofia e Cosmovisão” onde tem uma preocupação didática muito
forte de explicar o que é filosofia. Vai progredindo num segundo livro “Lógica e
Dialética”, no qual ele já especifica a lógica, a dialética e a decadialética em dez
princípios que permitem a inclusão. A dialética dele é uma dialética da inclusividade
– não é uma dialética do “ou” é uma dialética do “e”- Eu não vou escolher entre A ou
B, eu vou dialeticamente, num processo concreto- afirmativo- sintetizar A e B não
para chegar numa síntese hegeliana, mas para continuar o meu percurso dentro da
Filosofia. O primeiro grande ponto é a decadialética, porque a partir daí ele elimina
a contradição, vai contornar o princípio da contradição que está lá no Organon de
Aristóteles.Esse é o primeiro grande salto dado. Continua nos livros seguintes:
Noologia Geral, Filosofia da Crise até chegar ao primeiro grande planalto metafísico
da obra dele que é a Filosofia Concreta – Por que é um grande planalto metafísico?
Porque é aonde ele vai voltar para a estaca zero, reconstruindo o conhecimento
humano. Vai voltar e falar “olha, isso aqui não está legal” vamos voltar à certeza, mas
a uma certeza completamente apodítica, que não possa ser refutada e chega a
seguinte afirmação: tese número 1 da Filosofia Concreta – “Alguma coisa há” e a
partir desse ponto deriva todos os outros conhecimentos. Pode-se imaginar que o
conhecimento final ou Mathesis Magiste seja algo mais ou menos assim: a uma
afirmação simples, talvez uma proposição, talvez até mesmo um símbolo(porque ele
trabalha com a simbólica o tempo todo) que permita decifrar os outros elementos
do conhecimento.

Uma marca das traduções realizadas pelo Mário são os comentários e as


interpretações simbólicas. Você poderia comentar essa característica do
Mário tradutor?

Mário falava várias línguas – inglês, francês, espanhol, latim, rudimentos de grego e
alemão. Começou sua carreira como tradutor ainda em Porto Alegre; nasceu em São
Paulo e foi pequeno para Porto Alegre retornando para São Paulo depois de adulto
já casado começando então a traduzir Nietzsche e outras tantas obras. O Mário
tradutor respeita muito o estilo do autor e vai decifrando comentários. Vai lendo o
livro que ele está traduzindo e os resultados dessa leitura são anexados,
publicadoscom os livros. Ele faz isso no “Vontade de Potência” – aliás por qual ele
escreve um prefácio imenso e muito bom “O Homem que foi um Campo de Batalha”,
analisando Nietzsche já sob essa perspectiva da modernidade; no caso do
Zarathustra ele faz uma análise simbólica da simbologia de Nietzsche e do uso que
[138]
Nietzsche faz de várias simbologia dentro do Zarathustra . Com Pitágoras, traduz os
“Versos Áureos” e um comentário aos Versos Áureos e faz um comentário aos
comentários. Traduziu também o Isagoge de Porfírio comentando sentença por
sentença do primeiro livro, não tendo conseguido terminar todos. Traduziu e
comentou o “Parmênides” de Platão e “Da Geração e Corrupção das Coisas Visíveis
de Aristóteles”. Qual é o método de leitura dele? É um método de explicação
escolástico, a leitura e a explicação do texto; não faz analise estrutural, não vai
procurar outras referências na filosofia, diz o que o texto quer dizer a partir de
outros referenciais da própria filosofia do autor – neste ponto, Mário é um
comentarista como Averroes, Santo Tomás e São Alberto Magno foram.

Por que ler Mário Ferreira dos Santos hoje? Qual a originalidade e a
contribuição deste filósofo para a história da filosofia?

Porque Mário tem um pensamento que permite a você abstrair de outros sistemas
de pensamento e de outras filosofias e outras ideias aquilo que há de melhor numa
síntese original e que não é caótica, então, por que ler Mário hoje? Porque ensina
você a pensar.

Como era Mário Ferreira no cotidiano da vida privada?

Olha, arriscando uma imagem: um dia normal do Mário começaria muito cedo, ele
acordava muito cedo, coisa de 6:30, 6:00 horas da manhã em seguida tomava café
com a família, sempre com a família – a mulher Yolanda e as duas filhas Nadiejda e
Yolanda e em seguida ia trabalhar na editora Logos aonde cuidava das edições de
suas obras , cuidava das traduções, cuidava de tudo e se vinha alguma boa ideia
escrevia. O filósofo conseguia transitar muito rapidamente do mundo intelectual
para o mundo cotidiano. Dava aulas, algumas tardes ou noites os alunos iam àsua
casa e tinham aulas de temas filosóficos variados. Várias dessas aulas foram
gravadas e hoje nós temos um acervo enorme. Almoçava com a família sempre que
possível, às vezes não dava, porque trabalhava com a editora, mas jantava com a
família e às vezes durante o jantar ou durante o almoço, pedia pra que alguma das
filhas lesse algum trecho de filosofia, às vezes em latim e pedia para filha traduzir
logo em seguida. Suas filhas achavam isso muito divertido, ao contrário do que a
gente pode imaginar. Mário não era aquele filósofo sério, compenetrado 24hrs por
dia. Não: ele gostava de carnaval, tinha um bloco que se chama “fica aí pra ir
dizendo”, torcia pro São Paulo, assistia jogos de futebol e torcia mesmo, não era
assim, só nominal, gostava de assistir televisão em especial programas de pergunta
e resposta. Ele tinha uma vida que, exceto pelo fato de ele ter escrito mais ou menos
10.000 páginas no total, seria uma vida normal.

[139]
Outro filósofo contemporâneo de grande força e originalidade foi Vicente
Ferreira da Silva, contemporâneo de Mário, que chegou a visitá-lo e nutria
forte admiração por seu trabalho; no entanto, os dois não chegaram a
estabelecer um vinculo de amizade e esse diálogo acabou ficando para a
imaginação da posterioridade. O pensamento dos dois, em geral, é muito
diferente, contudo há também semelhanças. Como você entende a
comparação entre os pensamentos de Mário e Vicente?

Os sistemas de ambos são muitos diferentes. Se levarmos em conta que a validade


de uma proposição filosófica é tanto maior quanto mais ela esteja integrada dentro
do sistema onde ela é formulada, seria um ato temerário comparar essas duas
filosofias uma vez que elas não têm muita coisa em comum. Então, o máximo que eu
posso traçar são alguns paralelos, vamos dizer assim, mais numa afinidade do que
propriamente numa comparação. Quanto aos temas em comum :primeiro, existe
uma transcendência que percorre a obra de ambos, um desejo do sair do real, sair
do real não para o plano da ideia, mas sair do real para algo que possa transcender
o real e se voltar sobre esse próprio real. Segundo, existe nos dois uma vertente
simbólica que no caso do Vicente me parece um pouco mais desenvolvida pelos seus
estudos de lógica matemática e que em Mário está representado pelo Tratado de
Simbólica; um dia – talvez – alguém possa fazer esse trabalho de comparação entre
o simbolismo de Vicente e a simbólica de Mário. Terceiro, os dois chegam num
momento também do indizível, por caminhos bem diferentes, mas chega uma hora
que Vicente precisa se expressar nesse simbolismo que é onde o Mário vai encontrar
sua transcendência na Filosofia Concreta e no Tratado de Simbólica. Os dois eram
homens, vamos dizer assim, de família que prezavam muito algo que na época era
estranha: a capacidade da mulher de filosofar, porque a poetiza Dora Ferreira da
Silva fez um ótimo trabalho na área de Filosofia e Mário também estimulava as filhas
a filosofar; falando isso hoje é obvio, mas pense em 1960, antes da liberação da
mulher, do feminismo e de tudo isso, era um pensamento bastante avançado que me
parece ambos também compartilhavam.

Luis Mauro Sá Martino é professor de comunicação na Faculdade Casper


Líberto e autor do livro “Mídia e Poder Simbólico”.

Para mais informações sobre Mario Ferreira dos Santos, leia o ensaio de Olavo de
Carvalho publicado na Dicta&Contradicta 3.

[140]
XIV - A redescoberta da filosofia no Brasil
III – Vicente Ferreira da Silva
dicta / 1 de setembro de 2010

Por Felipe Cherubin, jornalista, formado em Direito e estudou Filosofia na


Harvard Extension School.

Vicente Ferreira da Silva nasceu em São Paulo e formou-se em Direito na Faculdade


do Largo de São Francisco, mas nunca exerceu a profissão, tendo-se dedicado
inteiramente a vida acadêmica.
Em 1933, aproximou-se do grande matemático italiano Fantappié, então professor
em São Paulo. Torna-se logo um dos primeiros leitores dos Principia
mathematica de Russel e Whitehead e com a publicação de seu primeiro
livro, Elementos de Lógica Matemática torna-se o primeiro a publicar um
livro sobre este assunto no país. Com a vinda, em 1942, do lógico Willard Van
Orman Quine, da universidade de Harvard, Vicente é convidado para ser seu
assistente.
O contato com a filosofia alemã promove uma guinada em seu pensamento, que o
aproxima cada vez mais das reflexões existenciais e conscienciológicas que tomam
corpo em seu segundo livro, Ensaios Filosóficos (1948). Paralelamente,
desenvolveu uma atividade importante que o aproxima da pedagogia filosófica de
Ortega y Gasset: o jornalismo.
Em 1949 representa o Brasil no Congresso de Filosofia de Mendonza, ao lado de
Eugen Fink, Nicolau Abbagnano, Delfin Santos, além de exercer o cargo de diretor
da divisão de Difusão Cultural da Reitoria da USP e de organizar os Seminários de
Filosofia do Museu de Arte Moderna. Ainda neste ano funda, com Miguel Reale e
outros intelectuais, o Instituto Brasileiro de Filosofia e, em seguida, a Revista
Brasileira de Filosofia.
Seu terceiro livro, Exegese da Ação, sai em 1950, ano em que finaliza um de seus
mais importantes trabalhos Dialética das Consciências, onde expressa de modo
definitivo sua fenomenologia da existência. Esta obra é apresentada na Faculdade
de Filosofia da USP para o concurso de professor, mas sob o vão protesto de
intelectuais, Vicente é impedido de concorrer ao cargo com o aviltante pretexto de
não possuir diploma de Filosofia. Em 1951 publica Idéias para um novo conceito de
homem, em 1953 Teologia e anti-humanismo e em 1954 colabora na organização
do primeiro Congresso Internacional de Filosofia realizado no Brasil, nos quais se
reúnem Enzo Paci, Julián Marías, Leopoldo Zea; Vicente é escolhido para fazer parte
do Conselho Cientifico da coleção Rowohlts Deutsche Enzyklopaedie, ao lado de
Mircea Eliade, Romano Guardini, Karl Kerényi, Robert Oppenheimer.
Em 1955, funda em São Paulo, juntamente com sua esposa, a poetiza Dora Ferreira
da Silva, e Milton Vargas a revista Diálogo, na qual publica seus ensaios mais
importantes sobre Filosofia da arte e religião. Em 1963, morre prematuramente de
acidente de automóvel aos 47 anos de idade.

***

[141]
Rodrigo Petronio, é escritor, editor e professor e organizador das obras
completas do filósofo Vicente Ferreira da Silva, fala a seguir em entrevista
exclusiva concedida à Dicta.com, sobre o homem e a obra.

Quem foi Vicente Ferreira da Silva?

Vicente foi muitas pessoas. Ele foi um pensador brasileiro marcado por uma atitude
filosófica original. Não estava só preocupado em submeter o texto filosófico a um
trabalho técnico ou a uma exegese filosófica, mas também incorporar os conceitos
e as obras da filosofia a isso que eu chamo de uma atitude filosófica e a obra dele é
um testemunho desta atitude, seja do ponto de vista da lógica matemática, em que
ele está mais preocupado com o instrumental do pensamento, seja no período
posterior, nos seus estudos ligados a fenomenologia e ao mito.

Como organizador da reedição das obras completas, você a organizou não só


no conteúdo por meio de ensaios introdutórios e notas, mas também
fisicamente (em 3 Volumes) ressaltando as 3 fases da filosofia de Vicente. Você
poderia comentar esse processo de reorganização da obra?

A divisão da obra de Vicente em três fases é quase um consenso entre os


especialistas que eu li e conheço no sentido de a identificarem, mas sempre
didaticamente. O Antônio Brás Teixeira, que editou uma seleção da obra de Vicente
em Portugal, fala dessas três fases; Constança Marcondes César, talvez a maior
estudiosa de Vicente, também a sinaliza.

Na primeira fase, dedicada aos estudos da lógica matemática Vicente deixou


algumas importantes contribuições, rendendo um elogioso ensaio do lógico
brasileiro Newton da Costa e reconhecendo o valor desses estudos. Você
poderia comentar essa fase?

O interesse de Vicente pela matemática começou desde a adolescência, mesmo


tendo cursado Direito depois; desde o colégio já começou a tomar aulas particulares
de matemática e se interessar por Filosofia. Essa primeira incursão dele pela lógica
matemática foi um pouco natural e muito precoce; aos 20 anos ele já estava lendo
os Principia Mathematica de Russel e Whitehead, ou seja, já estava incorporando
um tipo de lógica, a chamada lógica formal, lógica simbólica, logística, isto é, são
diversos nomes dados a uma lógica que tenta reestruturar e dar respostas àquilo
que a lógica aristotélica não contemplava. Esse pioneirismo do Vicente é muito
importante e Newton da Costa fala disso. Há um ensaio, por exemplo, do Euríalo
Canabrava sobre o Vicente lógico, e diz que ele também já está esboçando muitas
questões da lingüística que só viriam a tona nas décadas de 50 , 60 e 70. É como se
ele já estivesse lidando ali com paradigmas ou com limites da linguagem que depois
vão se tornar questões mesmo de debate internacional. Para mim, o importante do
Vicente lógico, além do pioneirismo, é a maneira prudente que ele lida com lógica,
ou seja, não quer dar um golpe de estado na filosofia, substituindo toda a filosofia e
toda a metafísica pela lógica, o que às vezes, em minha opinião, é o caso de
Wittgenstein.

[142]
Vicente foi assistente do filósofo Willard Van Orman Quine, professor de
Harvard, que foi aluno de Rudolph Carnap e A.N Whitehead, enquanto passava
uma temporada no Brasil. Além disso, seu livro sobre lógica foi uma espécie
de marco.

Sim. O livro Elementos de Lógica Matemática foi o primeiro livro no Brasil que trata
de lógica matemática, ou seja, que trata da lógica desde esse ponto de vista novo,
que tenta reformular – eu não diria romper – mas operar uma reformulação bem
drástica com a lógica clássica. Há ensaios de estudos lógicos do Padre Feijó,
Amoroso Costa tem estudos sobre lógica, mas o pioneiro – o primeiro livro de lógica
matemática no Brasil – foi do Vicente e é de 1940.

Em sua segunda fase, a fase da filosofia da existência, Vicente foi um precursor


do estudo da obra dos fenomenólogos e um interprete original do filósofo
alemão Martim Heidegger. No entanto, o estudo de Heidegger lhe rendeu
problemas, já que estávamos numa época em que este filósofo era visto com
reservas nos meios acadêmicos brasileiros. Como foi isso?

Bom, tem um episódio que vale a pena comentar. Por exemplo, o professor Cruz
Costa, que assumiu a cátedra de Filosofia da USP no lugar de Vicente e que foi o
responsável pela formação de várias gerações, proibia seus alunos de citar
Heidegger em qualquer circunstância em trabalhos acadêmicos. O limite da
polarização ideológica chegava nesses termos. O Vicente como um heideggeriano
era um pressuposto que já o isolava de alguns círculos, instituições e etc.

Primeiro, Vicente faz uma apologia ao trabalho fenomenológico de Sartre;


contudo, depois ele o critica por ter se rendido a uma politização da filosofia
de forma gradual, escapando assim do livre pensamento, tornando-se um
ideólogo e fazendo de seu pensamento servo de determinados sistemas
políticos. Qual foi a relação do Vicente com a filosofia de Sartre?

Há dois ensaios de Vicente sobre Sartre. O primeiro que é muito elogioso e um


segundo chamado Sartre: um equivoco filosófico. Nesse segundo ensaio, para o
Vicente, Sartre transformou a filosofia da existência numa peça dentro da dialética
material histórica, operando o que Marx operou com Hegel. A idéia de autonomia de
Vicente é como se a filosofia fosse autotélica: a questão filosófica é a questão
investigativa e não pode ser uma plataforma ideológica ou instrumentalizada. Ele
foi um crítico ferrenho da razão burguesa instrumental; está a todo o momento
tratando do clássico tema filosófico da autenticidade e da inautenticidade.

Na jornada intelectual do Vicente ele transparece ter sido um homem muito


audaz, curioso, criativo e sempre perseguindo um caminho próprio,
respondendo por seus próprios atos e por meio de suas próprias palavras, e
isso ficará muito evidente na terceira fase (a fase mítico-aórgica) – uma fase
marcada pela busca do divino, uma admissão da transcendência – ainda que
tampouco religiosa no sentido de filiação a alguma das grandes tradições
religiosas, marcado por um toque muito pessoal e peculiar.

Esta fase, que é porosa comparada à anterior, é a que mais me toca pela ousadia. É
uma fase mais inacabada, em que os ensaios não são tão bem estruturados como
o Dialética das Consciências. Todavia, a quantidade de lampejos e de aberturas ali
[143]
presentes para a questão do pensamento são muitas. Vicente irá trabalhar muito na
chave de Heidegger, Max Scheler, Schelling e do poeta Hölderlin: entre as noções do
ser e do sagrado, da finitude e da dimensão transcendente. Nesta fase, irá enfatizar
cada vez mais o mito, a arte e a poesia. Para ele, o mito não é um ornamento, não é
a mitologia dos povos arcaicos propriamente ditos, não é um epos literário, não é
um princípio ornamental e nem estético – o mito é um principio de inteligibilidade
do mundo, ou seja, uma espécie de raiz de onde brotam todas as representações, é
o fundamento ontológico do real de onde brotam todas as configurações. Para
Vicente, o mito é o radical, a raiz que uniria todas as perspectivas e cosmovisões, e
mesmo a ciência dependeria da Mitologia, pelo menos como o Vicente a
compreende.

Por que a preferência de Vicente pelo ensaio como estilo literário para
exprimir sua filosofia?

Uma das virtudes do Vicente é que ele é um pensador muito sugestivo, e ele é breve.
Nós percebemos uma quantidade muito grande de leituras, mas as conexões que ele
estabelece com as leituras não fica evidente em todo encadeamento lógico que
haveria para se chegar de A até Z. Há uma tendência para condensar. O próprio
gênero do ensaio é um gênero em aberto, um gênero inacabado. Essa é a grande
virtude do ensaio – não é exaustivo e também não é um tratado, ou seja, você não
vai documentar tudo de existente, não vai expor passo a passo, não é demonstrativo.
Acredito que foi essa a razão de sua escolha.

Quais foram os pensadores que mais contribuíram para a formação do


Vicente? E quais intelectuais nacionais e internacionais ele manteve contato e
amizade?

Vicente dialogou com as filosofias da existência e a fenomenologia, incorporou


elementos da história das religiões, da antropologia, arte e literatura. Ele começa
com a lógica matemática na linha de Russel e Whitehead, mas a abandona tão logo
se embrenha na fenomenologia das consciências seguindo os passos de Husserl,
Scheler, Heidegger, Berdiaev, Zubiri e Ortega. Por fim, acolheu ainda contribuições
de Schelling, dos mitólogos Bachofen, Kerényi, Eliade, Otto e Frobenius e dos poetas
Rilke , Lawrence e Hölderlin. No Brasil, cultivou amizade e diálogo com Eudoro de
Souza, Agostinho Silva, Miguel Reale, Hélio Jaguaribe, Vilem Flusser e Guimarães
Rosa. Do exterior, ele manteve grande amizade e contato com Gabriel Marcel, Julian
Marias, Bagolini, Grassi, entre outros.

Vicente fez parte de um capítulo importante do pensamento brasileiro, que se


desenrolava em São Paulo entre as décadas de 40 a 60 do século XX. Qual era
o panorama da intelectualidade paulista neste período?

Havia basicamente quatro núcleos. O primeiro gravitava em torno de Miguel Reale


e do Instituto Brasileiro de Filosofia, um segundo se concentrou na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Rua Maria Antônia, embrião da futura USP. Um
terceiro, que foi o grupo de Vicente, e por fim o do filósofo Mário Ferreira dos Santos,
trabalhando de forma quase que totalmente independente.

Vicente foi contemporâneo de Mário Ferreira dos Santos. Como você


compararia a obra desses dois pensadores?
[144]
São dois dos pensadores mais importantes de língua portuguesa no século 20. Em
termos de estudos metafísicos e pitagóricos, o Mário é o um dos maiores do mundo,
o Vicente talvez seja um dos mais audaciosos e originais, em nível internacional
também. As matrizes deles são diferentes, porque o Vicente vem de uma crítica da
metafísica enquanto o Mário é um continuador e aprofundador excepcional da
Metafísica. O Vicente parte do pressuposto que o pensamento de tipo metafísico está
muito preso a raiz aristotélico-tomista, um pensamento de certa forma
substancialista. A idéia dele é resgatar nos pré-socráticos, poetas e mitos arcaicos
uma nova perspectiva do pensar. Também está o tempo todo dialogando com Kant,
Fichte, Hegel, os Românticos, Heidegger e a fenomenologia. O Mário dialoga com
uma filosofia muito antiga, que é o pitagorismo, mas que é uma filosofia que
estrutura toda a unidade do mundo real, a partir dos matema, a Mathesis Magiste,
os arithmoi arkhai, ou seja, os princípios arcanos, que são princípios arquetípicos:
leis invariáveis, eternas, universais. O Mário solidifica mais a idéia de uma tradição,
de um retorno. Já a fundamentação do Vicente é mais fluida, mais próxima de um
Heráclito, por exemplo, do que de um pitagorismo ou da escolástica. Ambos são
filósofos no sentido mais profundo da palavra. O Vicente dizia que o pensador é
aquele que chega na tradição mas ao mesmo tempo tem que ser uma espécie de
colonizador do futuro, está sempre propondo novos conceitos, arriscando mais, no
sentido da fluidez, do condensado de idéias e de novas perspectivas.

[145]
XV - Biografia da “Enciclopedia Filosofica”- Centro di Studi
Filosofici di Gallarate. Firenze, G.C. Sansoni Editore, 1969.
SANTOS, Mário Ferreira dos – Filosofo brasiliano, n.a Tietê (San Paulo) da
famiglia portoghese il 3 genn.1907, m. ivi l'11 apr. 1968.

Fece gli studi secondari nel collegio Gonzaga di Pelotas (Rio Grande do Sul) e si lecenziò indiritto
e scienze sociali nell'Università di Porto Alegre. Dopo breve periodo di avvocatura e
insegnamento, si ritirò a vida privata, dedicandosi esclusivamente allo studio della filosofia e
scienze connesse. Fondò a San Paolo due case editrici per la divulgzione delle proprie opere (Ed.
Logos ed Ed. Matese).

Scrittore e pensatore straordinariamente fecondo, in appena tre lustri publicò una


collezione dal titolo “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais” che consta di 45
voll., in parte di carattere teoretico in parte storico-critico. I più importanti sono:
Tratado de Simbólica (5 edd.), Filosofia da Crise (4 edd.), Filosofia Concreta, 3 voll. (5 edd.),
Filosofia Concreta dos Valores (3 edd.), Sociologia Fundamental e Ética Fundamental (3 edd.),
Pitágoras e o Tema do Número (3edd.), Aristóteles e as Mutações (3 edd.), O Um e o Múltiplo em
Platão (3 edd.), Métodos Lógicos e Dialéticos, 3 voll. (5 edd.), Dicionário de Filosofia e Ciências
Culturais, 4 voll. (5 edd.), ecc.

La sintesi filosofica del F. dos S. è ad un tempo tradizionale e personale. Utilizzando le più recenti
scoperte intorno a Pitagora, fatte specialmente dall'Associazione internazionale dei Pitagorici
sotto la direzione del dott. Sakellariou, dell'Università di Atene, tenta una conciliazione fra la
pitagorica Mathesis Megiste e la sapienza infusa di s. Tommaso, como èpresentata specialmente nel
commentario del De hebdomadibus di Boezio. Essa si otterrebbe, secondo lo stesso Aquinate, per
mezzo di una “cointuizione sapienziale” e di un certo “istinto divino”. In questo M. F. dos S. fa
consistere la filosofia come scienza, o meglio super-scienzae sapienza dei principi in quanto principi.
Essa è concreta, cioè ci fa conoscere la realtà stessa dellecose nelle loro intime radici e non solo
problematica e probabile. Essa potrà gettare un pontetra la metafisica e la religione cristiana
rivelata, e potrebbe costituire un nuovo metodo di apologetica e catechesi specialmente adatto
algi ambienti colti di oggi. Raccogliendo in un sintesi più profonda gli elementi di convergenza
dei maggiori filosofi, da Plitagora, Platone, Aristotele e s. Tommaso, Scoto e Suárez, e
interpretando com maggior oggettività, alla luce delle contingenze storiche del pensiero, i punti
di divergenza, F. dos S. elabora un sistema alquale, in omaggio a Pitagora e per il metodo dialettico
adottato, há dato il nome di Matese .Adesso há dedicato una serie di opere, già pronte e in corso di
pubblicazione. Comprenderà 15 voll., fra i quali: Sabedoria dos Princípios, Sabedoria da Unidade, Sabedoria
do Ser e do Nada, Sabedoria das Tensões, Sabedoria das Leis Eternas, ecc.

Alla filosofia moderna e contemporanea F. dos S. rimprovera atteggiamenti


negativi, come: soggettivismo e astrattismo, scetticismo, finzionismo, nichilismo,
disperazionismo..., e ne denuncia i frutti nefasti nel libro dal titolo significativo Invasào
Vertical dos Bárbaro (1967). Tuttavia nei grandi maestri della filosofia moderna
scopre e mette a profitto verità parziali dinon poco valore. Esemplo di ció è la sua
interpetazione di Nietzsche, al quale, oltre la traduzione portoghese delle opere
principali, ha dedicato varie monografie. Meritano di esserecitati anche alcuni lavori
letterari, como Curso de Oratória e Retórica (1953 12 edd.), Técnica do Discurso Moderno
(5edd.),Práticas de Oratória (5 edd.), e vari volumi di divulgazione, como Conviteà Filosofia,
Convite à Psicologia Prática, Convite à Estética, tutti alla 6ª ed.

[146]
Apostolo indefeso e solitario della “sapienza” nel senso tradizionale antico, M. F. dos S. si è
sforzato di formulare una filosofia che, rimanendo sempre aperta a nuovi problemi, fosse alto
stesso tempo, di nome e di fatto, “perenne “ ed “ecumenica”.

C.Beraldo
Tradução

SANTOS, Mário Ferreira dos – Filósofo brasileiro, n. em Tietê (São Paulo), de família
portuguesa, aos 3 de janeiro de 1907, fal. Aos 11 de abril de 1968. Fez seus estudos
secundários no colégio Gonzaga de Pelotas (Rio Grande do Sul) e licenciou-se em
direito e ciências sociaisna Universidade de Porto Alegre. Após ter exercido, por breve
período advocacia e o ensino, retirou-se a vida privada, dedicando-se exclusivamente
ao estudo da filosofia e das ciências conexas com a mesma. Fundou em São Paulo duas
casas editoras, para a divulgação das suasobras (Ed. Logos e Ed. Matese). Escritor e
pensador extraordinariamente fecundo publicou em menos de quinze anos, uma
coleção com o título de “Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais” que abrange
45 volumes, em parte com caráter teorético, em parte histórico-críticos. Os mais
importantes são: Tratado de Simbólica (5 ed.),Filosofia da Crise (4 ed.), Filosofia Concreta, 3 vols.
(5 ed.), Filosofia Concreta dos Valores (3 ed.). Sociologia Fundamental e Ética Fundamental (3
ed.), Pitágoras e o Tema do Número (3 d.), Aristóteles e as Mutações (3 ed.),O Um e o Múltiplo
emPlatão (3 ed.). Métodos Lógicos e Dialéticos, 3 vols. (5 ed.), Dicionário de Filosofia e Ciências
Culturais,4 vols. (5 ed.) etc.

F. dos S. acusa a filosofia moderna e contemporânea de atitudes negativas, como


subjetivismo, abstratismo, cepticismo, ficcionismo, nihilismo, desesperacionismo...
Ele aponta os frutos deletérios de tudo isto num livro recente ao qual deu o título
significativo de Invasão Vertical dosBárbaros (1967). Entretanto nos grandes mestres
da filosofia moderna descobre a aproveita verdades parciais de relevante valor. Ele
nos deixou um exemplo disto na sua interpretação deNietzsche, ao qual, além da
tradução em português das obras principais, dedicou várias monografias. Merecem
ser citados também alguns trabalhos literários, como : Curso de Oratória eRetórica(1953-
12 ed.), Técnica do Discurso Moderno (5 ed.), Práticas de Oratória (5 ed.), e vários volumes de
divulgação, como Convite à Filosofia, Convite à Psicologia Prática, Convite à Estética, todos
já n 6ª edição.

Apóstolo incansável e solitário da sabedoria no sentido tradicional e antigo, M. F. dos S. se esforçou


por formular uma filosofia que, embora ficando sempre aberta a novos problemas, fosse ao
mesmo tempo, de nome e de fato, “perenne” e “ecumênica”

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XVI -

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XVII - POR QUE RELER MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS
HOJE?
1. INTRODUÇÃO

Autor de uma Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais, com mais de 35 títulos,


dezenas de traduções diretas do grego, do latim, do alemão e o francês, de obras do
Platão, Aristóteles, Pitágoras, Nietzche, Kant, Pascal, Santo Tomás, Duns Scott, Amiel,
Walt Whitman, incursionando sobre todos os temas da filosofia clássica, escolástica,
tomista, moderna e contemporânea, ainda dissertou sobre oratória e retórica, lógica
e dialética, além de escrever ensaios e romances, muitos sob pseudônimos diversos.

Estudando e lecionando silenciosamente por mais de 30 anos, desenvolveu um


método particular de pesquisa, a decadialética, e criou uma filosofia própria, que
denominou de Filosofia Positiva e Concreta, e que divulgou largamente em sucessivas
edições de suas obras, através de editoras que constituiu e dirigiu pessoalmente, a
Livraria e Editora Logos e a Editora Matese.

2. QUEM FOI ESTE FILÓSOFO ?

Em autobiografia publicada-postumamente em Rumos da Filosofia Atual no Brasil (1)


, conta que nasceu a 3 de janeiro de 1907, em Tietê, São Paulo, mas foi educado em
Pelotas , Rio Grande do Sul, estudando direito em Porto Alegre, onde se formou em
1930.

Escrevia em jornais de Pelotas e no “Diário de Notícias” e “Correio do Povo”, daquela


capital, e como jornalista participou da revolução de 30, mas por seu caráter
Independente e liberal, conheceu a prisão pelas criticas ao novo regime.

Durante a Segunda Guerra analisou em dezenas de artigos os episódios da


conflagração, posteriormente reunidos nos livros Páginas Várias, Certas Sutilezas
Humanas, A Luta dos Contrários e Assim Deus falou aos Homens.

Nessa época já traduzira Nietzche (Vontade de Potência, Além do Bem e do Mal,


Aurora, e Assim falava Zaratrusta) (2); Pascal (Os Pensamentos e Cartas Provinciais)
(3); Amiel (Diário Íntimo) (4); e Balzac (5).

Sentindo restrito aquele círculo cultural, transferiu-se para São Paulo, em 1944, a fim
de publicar seus estudos.

Sob o pseudônimo de Dan Andersen, editou primeiro ensaio filosófico, Se a Esfinge


falasse, (6), e ainda traduziu as notáveis obras Saudação ao Mundo, de Walt Whitman,
Adolphe de Benjamin Constant; Herrmann e Dorotea, de Goethe e Histórias de Natal
(7).

[168]
3. O QUE ELE DISSE DE SI MESMO

Que filósofo “sui generis” foi este que tinha uma vida intelectual livre e independente,
que fugia da vida política e das rodas literárias, e viveu exclusivamente de sua
advocacia, do magistério particular e como empresário editorial?

“Nunca ocupei, escreveu ele, nenhum cargo em nenhuma escola, por princípio.
Deliberei, desde os primeiros anos, tomar uma atitude que consiste em nunca
disputar cargos que podem ser ocupados por outros. Sempre decidi criar o meu
próprio cargo, a minha própria posição e situação, sem ter de ocupar o lugar que
possa caber a outro... Eis porque não disputo, nunca disputei nem disputarei qualquer
posição possa que ser ocupada por quem quer que seja.” (8)

Com seu trabalho demonstrou ser possível escrever filosofia para o grande público,
principalmente o brasileiro, enfrentando o preconceito sobre obras que não fossem
estrangeiras, contra o que sempre se bateu, procurando afirmar nossa independência
e capacidade para desenvolvimento de uma inteligência filosófica nacional. (9)

Entendeu que “somos um povo apto para uma Filosofia de caráter ecumênico, uma
Filosofia que corresponda ao verdadeiro sentido com que foi criada desde o início”, a
posição pitagórica, de ser “amante da sabedoria (sophia), da suprema Sabedoria, que
cointuimos com a própria Divindade. Este afã de alcançá-la, os esforços para atingi-
la, os caminhos que percorremos para obter essa suprema instrução (daí chamá-la de
‘Mathesis Megiste’ , que é a suprema instrução), todo esse afanar é propriamente a
Filosofia”. (10)

Essa foi sua grande luta, como disse: “não podemos permanecer na situação de ser
um povo que recebe todas as idéias vindas de todas as partes, que não possa
encontrar um caminho para si mesmo; temos de criar este caminho... Sem esta visão
positiva e concreta da Filosofia não será possível dar solução aos inúmeros problemas
vitais brasileiros da atualidade, porque a heterogeneidade de idéias e posições facilita
a de soluções, das quais muitas não são adequadas às necessidades do Brasil.” (11)

4. QUE É A SUA FILOSOFIA CONCRETA ?

Concebia o mundo segundo uma filosofia que pretende não separar o homem das
realidades que ele abstrai (pela “via abstractiva” do filosofar) , mas devolvê-lo à
realidade que o cerca e à qual se integra (pela “via concretiva”).

Em sua Filosofia Concreta procurou desenvolver uma metamatematização da


filosofia, dentro de um critério pitagórico, dissertando 258 teses com rigorosas
demonstrações, tal como exigido para a geometria.

Fundamentou essa filosofia em juízos apodíticos, universalmente válidos para todas


as ciências, e não em juízos assertóricos, válidos particularmente apenas para alguns.

[169]
a. “Alguma coisa há”

Partindo dessa proposição, desenvolveu suas teses defendendo e demonstrando


afirmações positivas de todas as filosofias, e refutando erros de outras, sem lhes
destruir o positivo.

Respondendo, por exemplo, a pergunta heideggeriana: “Por que antes o ser do que o
nada?”, ensina: O porque não procede pois se em vez do ser fosse o nada, não haveria
por que, pois o nada não teria uma razão de ser em si mesmo. Há o ser e este não tem
porque. Caberia a colocação de um por que, de um para que, de um qual a razão, de
qual o motivo, se houvesse um antes do ser que pudesse ser interrogado. Mas o ser
infinito é eterno, e não cabe perguntar por um antes, porque não há um antes. A
pergunta é descabida de positividade; é uma pseudo-pergunta.”

E arremata: “Repetimos: ela tem o seu fundamento apenas na acosmia, no desejo de


não ser isto que esta aí, na decepção ante o desenvolvimento histórico que gera o
esquema de tender para o não ser. Eis o que leva alguns a exclamar perguntando por
que não antes o nada do que o ser?” (12)

b. “A Filosofia só é válida quando concreta”

Explica melhor o grande pensador sua filosofia como aquela “dialeticamente


construída, sem esquecer o que une, o que está incluso, o que exige para ser, o que
implica, o que, enfim, se correlaciona, se entrosa e se análoga”.

“Costuma-se considerar como pensamento concreto, esclarece, aquele que não


esquece de meditar com as representações e os conteúdos fácticos, que são dados
pela intuição sensível. A Filosofia Concreta tem assim a sua justificação. E ademais
parte de uma consideração importante. Não há rupturas no ser; conseqüentemente
tudo está integrado no Todo, que o é pela dependência absoluta que o cinge ao Ser
infinito e absoluto. A análise jamais deve esquecer este ponto importante, e eis por
que o verdadeiro dever do filosofo concreto é jamais desdenhar (ao contrário,
obstinar-se em procurar) o nexo de concreção, o que une, o que liga, o que conexiona.”
(13)

c. A procura do método mais hábil

Em outra tese o mestre filósofo demonstra que “... como a verdadeira e absoluta
ciência de todo o ser já está contido no próprio ser, há de haver, indubitavelmente,
um caminho mais hábil para ser alcançado pelo homem que outros. Se uns são mais
hábeis que outros, há de haver um que será o mais hábil.”

Revela que “em todos os tempos se considerou que o ponto de partida deve ser um
ponto arquimédico, apodítico, de validez universal. Propusemos um que é de validez
universal (“alguma coisa há”), sobre o qual não pode pairar nenhuma dúvida séria,
pois ultrapassa até a esquemática humana. Conseqüentemente, a análise dessa

[170]
proposição apodítica revela-se como um caminho hábil. E como não conhecemos
outro melhor, propomo-lo como o mais hábil até prova em contrário”.

d. Filosofar é ação

Nessa original obra, que é uma síntese do seu pensamento, Mário Ferreira dos Santos
em sua última tese encerra toda a grandiosidade de seu pensar, e revela os mais altos
anseios espirituais do filósofo: “A Filosofia é ação; é o afanar-se para alcançar a
‘Mathesis suprema’. Se essa é ou não alcançável pelo homem, este, como um
viandante (homo viator), deve buscá-la sempre, até quando lhe paire a dúvida, de
certo modo bem fundada, de que ela não lhe está totalmente ao alcance. Esse afanar-
se acompanhará sempre o homem, e estabelecido um ponto sólido de esteio, devemos
esperar por melhores frutos”. (15)

5. COMO ENTENDIA A SOCIOLOGIA E A ÉTICA

Para o filósofo patrício, a sociologia e uma ciência ética, pois não apenas descreve as
relações humanas mas também o dever-ser dessas relações, e, por isso, a questão
social é tratada eticamente em sua obra Sociologia Fundamental e Ética Fundamental.
Distinguindo a Moral como o estudo dos costumes, do variante e das relações
humanas, e a Ética como revelação filosófica das normas invariantes, eternas, que
informam o dever-ser do homem, aponta a confusão provocada por “todo
abstractismo moderno, que visualiza o mundo ou do ângulo físico-químico ou do
biológico, como procedem materialistas mecaniscistas e os biologistas, ou então do
ângulo psicológico como psicologistas, ou do ângulo ecológico como ecologistas, ou
do ângulo historico-social como historicistas, ou do ângulo econômico como
materialistas históricos, etc., todos eles descuraram do seu verdadeiro sentido, pois
confundiram a Ética com a Moral, emprestando àquela as características variantes
que esta última apresenta”. (16)

6. MÁRIO E O ATEÍSMO

a. Cuidados com a juventude

Verdadeiro mestre, sempre revelou uma preocupação especial em relação aos jovens,
ora advertindo-os, ora exortando-os , ora os conclamando para tomadas de posições
enérgicas sobretudo contra os negativismo oferecidos por filosofias hodiernas.

Via a juventude brasileira como o mais grave de nossos problemas, por formarem os
jovens a quase totalidade do país; e lançando verdadeiro programa educacional, dizia:
“devemos erguer as massas populares até a Filosofia, através de um desenvolvimento
da cultura nacional, que tenda à Filosofia Positiva e não a Filosofia negativista e
niilista que penetra em nossas escolas. (17)

Por isso, enfatizou, “devemos orientar a juventude para ser construtiva. que receba
uma sabedoria clara. positiva, concreta, de modo a imunizá-la contra as tendências

[171]
niilistas”. (18)

b. Alerta contra o ceticismo

Sempre verberou os velhos erros do passado, ressuscitados como a última palavra do


saber, em que o ceticismo é a má erva, as más idéias que estão invadindo o campo
cultural moderno, ameaçando não corromper apenas uma cidade ou um povo, mas
toda a humanidade.

Em suas aulas, sobretudo, podia se sentir toda a grandeza espiritual do educador que
era; em uma delas, dissertando sobre este tema, concluiu, apolíneo: “Eu conclamo a
juventude de hoje que não se torne aquela juventude que perseguiu sempre os
grandes homens, aquela juventude que perseguiu Sócrates, aquela juventude que
perseguiu os pitagóricos, aquela juventude que levou à condenação, à morte a
Anaxágoras, mas sim aquela juventude que apoiou Platão, que apoiou Aristóteles no
Liceu, que apoiou Pitágoras no seu Instituto, aquela juventude estudiosa, aquela
juventude que dedica o melhor de sua vida para formar o seu conhecimento, aquela
juventude que quer ser capaz de assumir as rédeas do amanhã, e não a juventude que
quer apenas ser uma massa de manobras de políticos demagógicos e mal-
intencionados, uma juventude de agitação, mas sim uma juventude construtora, uma
juventude realizadora, uma juventude que lance para a história da humanidade os
maiores nomes e os maiores vultos...” (19)

c. A crise moderna

Aprofundando esse assunto, Mário Ferreira dos Santos apontou para a perplexidade
do homem moderno em todos os campos da existência, na história, na economia, na
religião, na estética, na filosofia, e sobretudo a do especialista, que denomina “crise
analítica”, indicando a necessidade da concreção, superando velhas ideologias, que
geraram as violências que hoje assistimos.
Falando em tom apostolar, candente e convocativo, exclama: “Como não haver ‘crisis’
se cada vez nos separamos mais?”, “não separamos em vez de unir?”, “que fazem
nossos ‘especialistas’, senão separarem-se, abstrairem-se na ‘espécie’ no que
aprofunda a ‘crisis’?”

E adverte: “nossa inteligência, em vez de unir, incluir, ela separa, desune, exclui.
Seccionamos, sectarizamos, e queremos totalizar o todo, homogeneizando-o ao
heterogêneo que separamos. Eis aí a ‘crisis’ agravada por nós.(20).

Por tais intuições, denunciou também em seus livros Origem dos Grandes Erros
Filosóficos e Erros na Filosofia da Natureza, as velhas teorias sempre refutadas e que
ressurgem como novidades, multiplicando-se, gerando atitudes e firmando posições
que levaram o homem a profundos conflitos.

Ali admoesta “os bem intencionados para que não sejam vitimas de tais erros, para
que possam compreender porque a perplexidade avassala o homem moderno,

[172]
entendendo, então, por que tais erros se repetem e conquistam adeptos. É mister
fazer essa obra de denúncia, porque não é mais possível deixar que tantos males se
repitam e se multipliquem”. (21)

d. O problema do mal no mundo

Nenhum assunto escapou à lúcida e penetrante análise filosófica do grande escritor,


inclusive o problema de Deus e do mal.

Estudando o teísmo e o deísmo, a possibilidade gnoseológica de conhecermos a Deus,


através das inúmeras provas já apresentadas, e outras correntes, chega a discutir
qual a causa do mal no mundo, em seu livro O Homem perante o Infinito.

<

Aí ele afirma: “O mal só pode ter uma causa: o bem. Uma causa por necessidade, tem
que ser e ter o ser; e ter o ser é bem; conseqüentemente, é o bem, mas um bem
distintivo do bem do sujeito, no qual imediatamente se encontra tal privação. Mas a
causa do mal não pode ser ‘eficiente’ e sim ‘deficiente’, pois o mal, em si, não é ser,
nem efeito, mas defeito, falta de ser. Logo, Deus, que é indefectível, não é diretamente
causa do mal, nem eficiente, nem deficiente.”(22)

Continua analisando que “também não é causa do mal moral e de nenhum modo, nem
direta nem indiretamente, porque a liberdade dada ao homem permite-lhe não pecar
e, se peca, o faz por sua vontade. O mal físico pode ordenar-se e querer-se por um bem
maior, e assim o quer e o permite Deus. Mas um mal moral não admite nenhuma
compensação que o justifique; por isso, conclui Tomás de Aquino que Deus não pode
querê-lo de modo algum. Deus tira maiores bens dos males; por isso, os tolera. O
defeituoso provém do defectível; ora, Deus não é defeituoso; logo, a causa do mal vem
das causas deficientes, que são as causas segundas de onde procede o mal”. (25)

Em profunda crítica discute que “o conceito de mal corno positividade ôntica e


ontológica levaria ao nada, pois o mal seria a negação total do ser; portanto, neste
sentido, o mal não tem positividade. Um mal absoluto seria destruição do ser e,
portanto do próprio mal. O bem supremo é um valor supremo, e não deve ser
confundido com o valor ônticamente fundado. Deus, como bem supremo, é o Bem, e
a Felicidade Suprema. Como ser subsistente e coordenador de tudo quanto há, é o
bem de tudo quanto há.” (24)

Enfeixando todas essas afirmações termina positivamente admitindo que “a própria


análise do bem e do mal leva nos a construir mais um argumento em favor da
existência de Deus. O mal não é um argumento contra Deus, mas um argumento a seu
favor. ‘É preciso que haja Deus, porque há o mal’”. (25)

[173]
7. O QUE DIZER DESTE PENSADOR, HOJE

Mário Ferreira dos Santos faleceu a 11 de Outubro de 1968, após longa enfermidade
cardíaca. Quase uma década e meia se passaram; e as centenas de obras que publicou,
em milhões de exemplares, certamente não se perderam.

Há de estar latente, a todos que com ele privaram, como nós em seus círculos
particulares de estudo, ou nas concorridas sessões culturaIs do Centro de Oratória
“Rui Barbosa” (CORB), de São Paulo, ou mesmo em trabalhos para a Editora Logos
(26), a vivacidade, a lhaneza no trato, a atenção pessoal que dedicava aos problemas
que lhe eram lançados.

Multiplicavam-se os cursos e palestras, a que nunca recusava quando abordava com


profundidade todos os assuntos propostos, demonstrando cultura humanística
invulgar, assentando suas afirmações em filósofos de todas as épocas, e autores de
todas as culturas.

Sua afanosa procura da Unidade em todos os campos do saber, dirigindo o


pensamento, em conseqüência, para a Sabedoria Suprema, para o Deus unificador, é
sabedoria atualíssima, que merece ser estudada e continuada.

Foi um pensador completo, que procurou nada rejeitar em seus estudos e pesquisas,
mas apenas refutar o que não fosse positivo, e não levasse o Homem a conhecer-se
em totalidade.
Por isso, e nesse sentido, foi um gnoseólogo humanizante, de pensamento total, que
nada exclui do homem ou em desvalorização deste.

Homem teórico no pensamento, foi extremamente prático em suas ações, desde a


forma popular e simples de apresentar os grandes problemas da Filosofia (27), como
no assumir empresas para divulgar pessoalmente suas obras, sem depender de
barganhas publicitárias, críticas de encomenda, ou apelos de vendagem (28).

Daí a tremenda penetração de suas obras com dezenas de reedições, demonstrando


ser escritor acessível ao entendimento do homem de sua época, conseguindo seu
intento de quebrar preconceitos de que filósofos nacionais não seriam bem recebidos.

A extrema fecundidade de trabalho de Mário Ferreira dos Santos legou-nos uma obra
filosófica, e como tal não desapareceu dentre os estudiosos.

8. CONCLUSÕES

Se de um lado não deixou discípulos organizados em escola, a Filosofia Positiva e


Concreta de Mário Ferreira dos Santos é uma Escola Filosófica adequada ao homem
dos nossos dias, para entendimento e solução dos problemas que afligem o mundo.

[174]
Restam, ainda, dezenas de obras inéditas (29), que o público atual mereceria
conhecer, não só para memória desse extraordinário pensador brasileiro, mas
também para o coroamento de sua extensa obra, produzida em momentos de sua
maior e melhor intuição filosófica.
Relegada progressivamente a planos inferiores na cultura nacional, urge resgatar a
Filosofia Humanizante, centrada na realidade do Ser Supremo.

E este filósofo buscou incessantemente a integração, abordando o ecumenismo, a


busca da Unidade, procurando “um método capaz de reunir as positividades de
diversas posições filosóficas”, “método incidente e não excludente, que concilie
positividades” (30), combatendo ao mesmo tempo as filosofias niilistas, negativistas
e pessimistas, que alienam, desesperam e dividem o. homem e o mundo, sem lhes dar
a devida concreção, e a certeza do Bem Supremo.

Bem por isso concluiu sua autobiografia apontando para a reconciliação da Filosofia
com a religião cristã, como Filosofia Superior capaz de unir os homens e faze-los se
compreenderem, pois para ele Cristo representa tudo quanto há de mais elevado, é o
homem enquanto Vontade, Entendimento e Amor, correspondente à concepção
católica das Três Pessoas da Trindade (31).

9. BIBLIOGRAFIA CITADA

1. SANTOS, Mário Ferreira dos. Meu Filosofar Positivo e Concreto. In. Rumos da
Filosofia Atual no Brasil. Organizado por LADUSANS, Pe Stanislaus, S.J., São Paulo,
Loyola, 1976, lº Vol., pp.407-427.
2. Vontade de Potência, Ed. Globo, 1945; Além do Bem e do Mal, Ed. Sagitário, 1946;
Aurora, Edit. Sagitário, 1947; Assim Falava Zaratrustra, Edit. Logos, 1954.
3. Edit. Flama, 1945.
4. Edit. Globo.
5. “A Fisiologia do Casamento”.
6. Edit. Sagitário, 1946.
7. Edit. Flama, 1945.
8. Rumos, p.410.
9. Idem, p.409; Filosofia Concreta, S.P, Logos, 1957, pp.11-12.
10. Idem, p.415.
11. Idem, p.416.
12. Filosofia Concreta, Tese 251, p.277.
13. Idem, Tese 253, p.281.
14. Idem, Tese 257, p.283.
15. Idem, Tese 258, p.284.
16. São Paulo, Edir. Logos, 1957, 1ª ed., p.12.
17. Rumos, p.416.
18. Idem, p.417.
19. Aula gravada em Agosto de 1965, inédita; dos arquivos do Conpefil
20. Filosofia da Crise. São Paulo, Logos, 1956, p.14.
21. Edit. Matese, 1965, p.16.

[175]
22. Edit. Logos, 1963, 5ª ed., p. 245.
23. Idem, p.246.
24. Idem, p.249.
25. Idem, p.250.
26. SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. Antologia de Famosos Discursos Brasileiros., 1ª
serie, 1ª ed, 1957.
27. Filosofia e Cosmovisão; Convite à Filosofia; Convite à Psicologia Prática; Convite
à Arte, etc.
28. Rumos, p.410.
29. A Sabedoria das Leis; A Sabedoria da Dialética Concreta; A Sabedoria dos
Esquemas (Tratado de Esquematologia); A Sabedoria das Tensões (Teoria Geral das
Tensões); Cristianismo, religião do Homem, Psicologia; Brasil: um país sem
esperança? Brasil: um país de exceção. Além das traduções de As Enêadas de Plotino,
Páginas Sublimes de São Boaventura; De Primo Princípio de Duns Scott; As Três
Críticas de Kant; Interpretação do Apocalipse de São João; Poemas de Lao-Tsé do Tau
Te King; Versos Áureos de Pitágoras, e Opúsculos Famosos de São Tomás de Aquino;
algumas destas obras restaram inacabadas.
30. Teoria do Conhecimento. São Paulo, Logos, p.11.
31. Rumos, p. 427.

Publicado na Revista Verbo, Madrid, Editora Speiro, nº 295-296, p. 785-794, mayo-


junio, 1991

Autor(es)
Carlos Aurélio Mota de Souza

Possui graduação em Geografia e História pela Universidade de São Paulo (1955),


graduação em Direito - Instituição Toledo de Ensino (1963), mestrado em Direito pela
Universidade de São Paulo (1985) e doutorado em Direito pela Universidade de São
Paulo (1989). Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Teoria Geral do
Direito, atuando principalmente nos seguintes temas: dignidade humana, ética,
sociedade, direitos humanos e direito - filosofia.

[176]
[177]
2- Os 5 Pontos para o Estudo da Obra do
Mário Ferreira dos Santos
1. Lista dos Livros:

[178]
Lista Organizada e Atualizada das Obras do Mário Ferreira
dos Santos, por suas filhas Nadiejda Santos Nunes Galvão e
Yolanda Lhullier dos Santos! Série Completa!

Seção I – Enciclopédia das Ciências Filosóficas

(Primeira Série)

I Filosofia e Cosmovisão. São Paulo: Edanee, 1952 (6.ed., São Paulo:


Logos, 1961).

II Lógica e Dialéctica. São Paulo: Logos, 1953 (5.ed., São Paulo:


Logos, 1964).

III Psicologia. São Paulo: Logos, 1953 (5.ec., São Paulo: Logos, 1963).

IV Teoria do Conhecimento (Gnosiologia e Criteriologia). São Paulo:


Logos, 1954 (4.ed., São Paulo: Logos, 1964)

V Ontologia e Cosmologia. São Paulo: Logos, 1954 (4.ed., São Paulo:


Logos, 1964).

VI Tratado de Simbólica. São Paulo: Logos, 1956 (5.ed., São Paulo:


Logos, 1964).

VII Filosofia da Crise. São Paulo: Logos, 1956 (5.ed., São Paulo:
Logos, 1964).

VIII O Homem perante o Infinito: Teologia. São Paulo: Logos, 1956


(5.ed., São Paulo: Logos, 1963).

IX Noologia geral: A Ciência do Espírito. São Paulo: Logos, 1956


(3.e., São Paulo: Logos, 1961).

X Filosofia Concreta. São Paulo: Logos, 1957 (4.ed., revista e


ampliada, São Paulo: Logos, 1961, 3v.).

(Segunda Série)

(A) Publicados

XI Filosofia Concreta dos Valores. São Paulo: Logos, 1960 (3.ed., São
Paulo: Logos, 1964).

[179]
XII Sociologia Fundamental e Ética Fundamental São Paulo: Logos,
1957 (3.ed., São Paulo: Logos, 1957 (3.e., São Paulo: Logos, 1964).

XIII Pitágoras e o Tema do Número. São Paulo: Logos, 1956 (2.ed.,


São Paulo: Matese, 1965), Ibrasa, 2000.

XIV Aristóteles e as Mutações (tradução e comentário de Da Geração e


da Corrupção das Coisas Físicas, de Aristóteles). São Paulo: Logos,
1955 (2.ed., São Paulo: Logos, 1958).

XV O Um e o Múltiplo em Platão (tradução e comentário do


Parmênides, de Platão). São Paulo: Logos, 1958.

XVI Métodos Lógicos e Dialécticos. São Paulo: Logos. 1959 (4.ed.,


revista e ampliada, São Paulo: Logos, 1965, 3v.)

XVII Filosofias da Afirmação e da Negação. São Paulo: Logos, 1959.

XVIII Tratado de Economia.. São Paulo: Logos, 1962, 2v.

XIX Filosofia e História da Cultura. São Paulo: Logos, 1962, 3v.

XX Análise de Temas Sociais. São Paulo: Logos, 1962, 3v. (2.ed., São
Paulo: Logos, 1964).

XXI O Problema Social. São Paulo: Logos, 1964 (2.ed., São Paulo:
Logos, 1064).

XXII Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. São Paulo: Matese,


1963, 4v. (4.ed., São Paulo: Matese, 1966).

XXIII Origem dos Grandes Erros Filosóficos. São Paulo: Matese,


1964.

XXIV Grandezas e Misérias da Logística. São Paulo: Matese, 1967.

XXV Erros na Filosofia da Natureza. São Paulo: Matese, 1967.

XXVI Das Categorias, de Aristóteles (tradução, notas e comentários).


São Paulo: Matese, 1960 (2.ed., São Paulo, Matese, 1965).

XXVII Isagoge, de Porfírio (tradução, notas e comentários). São Paulo:

[180]
Matese, 1965.

XXVIII Protágoras, de Platão (tradução, notas e introdução). São


Paulo: Matese, 1965.

XXIX O Apocalipse de S. João: A Revelação dos Livros Sagrados. São


Paulo: Cone Sul, 1998.

(B) Inéditos

XXX Comentários a S. Boaventura. Original datilografado, 100p.

XXXI As três críticas de Kant. Original datilografado, 226p.

XXXII Comentários aos “Versos Áureos” de Pitágoras. Original


datilografado, 88p.: mais tradução dos Comentários de Hiérocles, 57p.

XXXIII Cristianismo, a Religião do Homem. Original datilografado,


69p.

XXXIV Tao-Te-Ching,de Lao-Tsê (tradução e comentários). Original


datilografado, 85p.

(B) Dispersos e Fragmentos

XXXV Filosofia e Romantismo. Inacabado. Original datilografado,


42p.

XXXVI Brasil, País de Excepção. Inacabado. Original datilografado,


50p.

XXXVII Santo Tomás e a Sabedoria – e outras palestras inéditas.


Transcrição datilografada, 159p.

XXXVIII Enéadas, de Plotino. Tradução. Original datilografado, 179p.

XXXIX De Primo Principio, de John Duns Scot. Tradução. Original


datilografado, 68p.

XL Da Interpretação, de Aristóteles. Tradução. Original datilografado,


36p.

[181]
(Terceira Série)

(A) Publicados

XLI A Sabedoria dos Princípios. São Paulo: Matese, 1967.

XLII A Sabedoria da Unidade. São Paulo: Matese, 1968.

XLIII A Sabedoria do Ser e do Nada. São Paulo: Matese, 1968


(póstumo), 2v.

XLIV A Sabedoria das Leis Eternas. Introdução, edição e notas por


Olavo de Carvalho. São Paulo: É Realizações, 2001.

B) Inéditos

XLV Dialéctica Concreta. Original datilografado,196p.

XLVII Tratado de Esquematologia. Original datilografado, 215p.

XLVII Teoria Geral das Tensões. Inacabado. Original datilografado,


131p. XLVIII Deus. Original datilografado, 228p.

Seção II – Livros Avulsos

I. O Problema Social. São Paulo: Logos, 1962 (2.ed., São Paulo,


Logos).

II. Curso de Oratória e Retórica. São Paulo: Logos, 1953 (12.ed., São
Paulo: Logos)

III O Homem que Nasceu Póstumo: Temas nietzscheanos. São Paulo:


Logos, 1954 (3.ed., São Paulo: Logos). (coleção minimax em 2
volumes)

IV. Assim Falava Zaratustra. São Paulo: Logos, 1954 (3.ed., São Paulo:
Logos).

V. Técnica do Discurso Moderno. São Paulo, Logos, 1953 (5.ed., São


Paulo: Logos).

VI. Práticas de Oratória. São Paulo: Logos, 1957 (5.ed., São Paulo:
Logos).

[182]
VII. Curso de Integração Pessoal. São Paulo: Logos, 1954 (6.ed., São
Paulo: Logos).

VIII. Análise Dialética do Marxismo. São Paulo: Logos, 1954.

IX. Páginas Várias. São Paulo: Logos, 1960 (10.ed., São Paulo: Logos).

X. Assim Deus Falou aos Homens. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São
Paulo: Logos). (coleção minimax)

XI. Vida não é Argumento. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São Paulo:
Logos). (minimax)

XII. A Casa das Paredes Geladas. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São
Paulo: Logos). (minimax)

XIII. Escutai em Silêncio. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São Paulo:
Logos). (minimax)

XIV. A Verdade e o Símbolo. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São


Paulo: Logos). (minimax)

XV. A Arte e a Vida. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São Paulo:
Logos). (minimax)

XVI. A luta dos Contrários. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São Paulo:
Logos). (minimax)

XVII. Certas Sutilezas Humanas. São Paulo: Logos, 1958 (2.ed., São
Paulo: Logos). (minimax)

XVIII. Convite à Estética. São Paulo: Logos, 1961 (6.ed.., São Paulo:
Logos).

XIX. Convite à Psicologia prática. São Paulo: Logos, 1961 (6.ed.,São


Paulo: Logos).

XX. Convite à Filosofia. São Paulo: Logos, 1961 (6.ed., São Paulo:
Logos).

XXI. Dicionário de Pedagogia e Puericultura. São Paulo: Matese, 1965.


3v.

[183]
XXII. Invasão Vertical dos Bárbaros. São Paulo: Matese, 1967

XXIII. Brasil, país sem esperança? (Texto incluído no livro


Humanismo Pluridimensional, em 2 volumes)

XXIV. Se a esfinge falasse (pseudônimo Dan Andersen) São Paulo,


Editora e Distribuidora Sagitário, 1946.

XXV. Realidade do homem (pseudônimo Dan Andersen) São Paulo,


Editora e Distribuidora Sagitário, 1947.

XXVI. Teses da existência e inexistência de Deus (pseudônimo Charles


Duclos) São Paulo, Editora e Distribuidora Sagitário, 1946.

XXVII. Auto-biografia - incluso na obra Rumos da filosofia atual no


Brasil organizada pelo Padre Stanislavs Ladusãns

XXVIII. Catálogo geral das obras

XXIX. Páginas várias (englobada na coleção Antologia da literatura


mundial)
XXX. Conselhos úteis ao leitor no volume antologia de grandes
discursos brasileiros (englobada na coleção Antologia da literatura
mundial)

XXXI. Prólogos da vida de Pitágoras e Platão (englobos na coleção


Antologia de vidas célebres)

XXXII. Homens da Tarde, escrito Inédito.

Traduções:

I. Diário íntimo - Henri Amiel (tradução)


II. Vontade de potência - Friedrich Nietzsche (tradução)
III. Assim falava Zaratustra - Friedrich Nietzsche (tradução e análise
simbólica)
IV. Além do bem e do mal - Friedrich Nietzsche (tradução)
V. Aurora - Friedrich Nietzsche (tradução)
VI. A fisiologia do casamento - Honoré de Balzac (tradução englobada
na Comédia da vida humana, volume VIII)
VII. As idéias absolutistas do socialismo - Rudolf Rocker (tradução)
VIII. Histórias de natal (seleção, adaptação e tradução)
IX. Herman e Doroteia - Goethe (tradução)

[184]
X. Saudação ao mundo - Walt Whitman (tradução)

Não estão inclusos aqui as obras inéditas não publicadas e as obras


publicadas sob pseudônimos não reconhecidos e nunca revelados pelo
Professor Mário (que segundo ele, foram em torno de 20 volumes)

[185]
2. LISTA DOS ÁUDIOS

Mário Ferreira dos Santos


LISTA DOS ÁUDIOS
1. Biografia de Mário Ferreira dos Santos
2. Entrevista ao Pe. Stanislavs Ladusãns
3. Soneto de S. Francisco Xavier
4. Sobre o Comunismo
5. A Incredulidade do Homem Moderno
6. O Campo Cultural Moderno
7. A luta Pelo Poder
8. Crise no Mundo Moderno
Parte 1
Parte 1 (Continuação)
Parte 2
9. Conferência na ABI
10. Economia Política e Pecado Original
11. Cristianismo e Economia Política
12. Sociologia e Metodologia Científica
13. Sobre a Existência de Apenas uma Filosofia

[186]
14. Da Abstração e Metafísica
15. Exemplos de Filosofias nos Diversos Períodos da História
16. A Construção e Destruição dos Ciclos Culturais
17. O Fundamento do Ser e a Causa Final
18. Palestra no Centro de Conferência Cultural (Completa)
19. Líder -Hitler
20. Sobre o Infinito
21. Estudos sobre os Pensamentos
22. Sobre a Literatura Hindu (Aula Completa)
Aula 1
Aula 2
Aula 3
23. Filósofos Portugueses
24. Filosofia Especulativa e Filosofia Prática
25. Respostas sobre a Filosofia Especulativa e a Filosofia Prática
26. O Pitagorismo e a Época em que Vivemos
27. Tema Teológico Cristão em face do Pitagorismo
28. Sobre a Psicologia
Parte 1
Parte 3 (Palestra sobre Unidade do Saber)
Parte 4 (Psicologia e Cristianismo)
Palestra sobre Psicologia (Parte 3)
Palestra sobre Psicologia (Parte 3 - Continuação)
Palestra sobre Psicologia (Parte 4)
Palestra sobre Psicologia (Parte 4 - Continuação)
Palestra Sobre Psicologia (Parte 10)
Palestra Sobre Psicologia (Parte 11)
Palestra Sobre Psicologia (Parte 12)
Psicologia - A Vontade Humana (Parte 1)
Psicologia - A Vontade Humana (Parte 2)
29. Sobre a Eternidade
30. Economia - (Aula Completa)
Aula 1
Aula 2
Aula 3
Aula 4
Aula 5
Aula 6
Aula 7
Aula 8

[187]
Aula 9
Aula 10
Aula 11
Aula 12
31. Filosofia Concreta (Aula Completa)
1. Filosofia Concreta.
2. Mitos fundamentais do pensamento grego.
3. Anarquismo e filosofia concreta.
4. Neopositivismo e filosofia concreta.
5. Infinito.
6. Sobre o ser o nada.
32. Lógica Simbólica (Aula Completa)
1. Filosofia Antiga e Simbólica
2. Simbólica e Antropologia
3. Simbólica e Religião
4. Simbólica e Ordem Religiosa
5. Interpretação Simbólica
6. Natureza dos Símbolos
7. Signos e Símbolos
8. Simbólica e Interpretação 1
9. Simbólica e Interpretação 2
33. Sobre o Verdadeiro Cristianismo
34. Respostas aos Alunos
1. O Eterno Retorno
2. A Eucaristia
3. A Teosofia
4. O Problema da Magia e o Problema de Certas Práticas
35. Sobre São Boaventura
36. Sobre a Verdade
37. Sobre o Ceticismo
38. Juventude, Justiça, Humildade e Cristianismo
39. O Significado da Lógica
40. Sobre a Axiologia das Ciências
41. Palestra Sobre a Analogia do Ser
42. Temas Vários
Parte 1
Parte 2

[188]
43. Temas Brasileiros e Filosofia
Parte 1
Parte 2
44. Sobre o Anarquismo
1. Anarquismo e a sua Atualidade
2. Perguntas sobre o Anarquismo
45. Sobre as Ideias Eternas
46. Os Números e as Leis Eternas
47. Sobre a Cibernetica!
48. O Papel da Filosofia e da Ciência
49. Seminário Medianeira
Aula 1
Aula 2
Aula 3
Aula 4
50. O Pecado Original
51. O Mito de Caim
52. Livros Sagrados
53. Interpretação do Apocalipse de São João
54. Conferência - Teilhard de Chardin e a Filosofia Atual
55. Encontros Filosóficos
Encontro 1
Encontro 2
Encontro 3
Encontro 4 (Respostas sobre a Filosofia Especulativa e a Filosofia
Prática)
56. Aulas sobre a Dialética
Aula de Dialética ( Aula 1ª)
Aula de Dialética Concreta (Aula 4ª)
Aula de Dialética Concreta (Aula 6ª)
Aula de Dialética Concreta (Aula 7ª)
Aula de Dialética Concreta (Aula 8ª)
Aula de Dialética Concreta da Sociologia (Aula 1ª)
Aula de Dialética Concreta da Sociologia (Aula 2ª)
Aula de Dialética Concreta da Sociologia (Regravações da Aula
1ª)
Aula de Dialética Concreta da Sociologia (Regravações da Aula
2ª)
Aula de Dialética Concreta na Faculdade São Bento
Aula de Dialética na Faculdade N. S. Medianeira (Parte 1)

[189]
Aula de Dialética na Faculdade N. S. Medianeira (Parte 2)
57. São Boa-Ventura e a Mathesis
58. Sobre São Tomás de Aquino
São Tomas de Aquino - Concepção de Liberdade
São Tomás de Aquino e a Eternidade
São Tomás de Aquino e a Sabedoria - Conferência
São Tomás de Aquino e As Operações
59. Scot e Aristóteles em face da Mathese
Aula 1
Aula 2
60. A Mathese em Uráburu e Suarez
61. Matheses
Aula 72
Aula 73
Aula 74
Aula 75
Aula 76
Aula 77
Aula 78
Aula 79
Aula 80
Aula 81
Aula 82
Aula 83
Aula 84
Aula 85
Aula 86
Aula 87
Aula 88
Aula 89
Aula 90
Aula 91
Aula 93
Aula 94
Aula 95
Aula 96
Aula 97
Aula 98
Aula 99
Aula 100
Aula 101

[190]
Aula 102
Aula 103
Aula 104
Aula 107
Aula 108
Aula 109
Aula 110
Aula 110 (Continuação)
Aula 111
Aula 112

[191]
3. JORNAIS E REVISTAS COM TEXTOS
SOBRE O MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS

*Primeiro Período da Vida do Mário


-Em Pelotas - RS

Arquivos de jornais obtidos na Biblioteca Pública


Pelotense (Fonte: Elvis Amsterdã - A DIALÉCTICA-
ONTOLÓGICA DE MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS)

1. Jury.
Diário Popular de 14 de novembro de 1928, em que está registrada a estréia de
Mário Ferreira dos Santos como advogado.

2. PORQUE FUI DETIDO?


A Opinião Pública de 19 de dezembro de 1930

3. A HISTÓRIA QUE AINDA NÃO FOI


CONTADA
Diário Popular de 16 de abril de 1942.

4. UMA NOVA IDADE MÉDIA


Diário Popular de 13 de maio de 1942.

[192]
*Segundo Período da Vida do Mário
Em São Paulo
(Fontes: Biblioteca Nacional e Biblioteca da Unesp)

1. O Homem Livre, 1964, Outubro. Ano I, nº 001 – Revista que o


Mário escreveu com participação de outras pessoas!

2. O Homem Livre, 1965, Março. Ano I, nº 002 – Revista que o


Mário escreveu com participação de outras pessoas! (Biblioteca
Digital Unesp)

3. Ação Direta, 1947, Fevereiro. Ano I, nº 31. Fala sobre o Mário


Ferreira dos Santos.(Biblioteca Digital Unesp)

4. Ação Direta, 1954, Novembro e Dezembro. Ano VI, nº 096 –


Há um texto sobre a obra análise dialética do Marxismo do Mário
Ferreira dos Santos.(Biblioteca Digital Unesp)

5. Ação Direta, Agosto e setembro de 1957, Ano 11, Nº 120. Há


um texto do Mário chamado Política e Ação Direta. (Biblioteca
Digital Unesp)

6. Ação Direta, 1958, Março. Ano 12, nº 125. (Biblioteca Digital


Unesp)

7. Delbar, 1965, Setembro, Ano 1, Nº 1. (Biblioteca Digital Unesp)

8. Delbar, 1965, Outubro a Novembro, Ano 1, Nº 2. (Biblioteca


Digital Unesp)

[193]
9. Delbar, 1968 , Abril e Maio, Ano 2, Nºrs 14 e 15. (Biblioteca
Digital Unesp)

10. Centro de Cultura Social, 1991, n 21. (Biblioteca Digital


Unesp)

11. Revista Portuguesa de Filosofia – 1969 - Janeiro/Março - Há


um texto do Pe. Stanilavs Ladusãns sobre o Mário Ferreira dos
Santos, muito bom mesmo.

12. Artigo no Jornal - ''Diário Popular''- de 24 de Julho de 2020 -


Mário Ferreira dos Santos, um filósofo Pelotense? – escrito por
Luís Rubira, professor do Departamento de Filosofia da UFPel. –
Artigo extraordinário de tão bom!

13. Revista Unesp-Ciência, Agosto de 2014 – Há uma citação


sobre o Mário Ferreira dos Santos

14. Revista – Filosofia, Ciência e Vida – Há um texto de Ana


Maria Haddad Baptista sobre o Livro Filosofia e Cosmovisão do
Mário Ferreira dos Santos, muito bom!

15. A CASA RJ – Edição de 1947 – Jornal publicado entre 1923


até 1952. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

16. Letras da Província: Publicação Mensal das Casas de Cultura


de Limeira e Jaú, oficializadas pela Associação Brasileira de
Escritores de São Paulo (SP) Edição de 1982. Jornal publicado
entre 1952 até 1985.(Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

17. A Cruz - Órgão da Paroquia de S. João Baptista (RJ) Edição


de 1954. - Jornal publicado entre 1919 até 1923. (Parte
1). (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

[194]
17. A Cruz - Órgão da Paroquia de S. João Baptista (RJ) Edição
de 1954. - Jornal publicado entre 1919 até 1923. (Parte
2). (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

18. BRASIL REVISTA (RJ) – Edição de 1947 - Jornal publicado


entre 1933 até 1960.(Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

19. A TARDE (PR) – Edição de 1956 - Jornal publicado entre


1930 até 1960. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

20. A TRIBUNA (SP) – Edição de 1963 - Jornal publicado entre


1960 até 1969.(Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

21. Diário de Natal RN – Edição de 1953 - Jornal publicado entre


1948 até 1969 (Parte 1) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

21. Diário de Natal RN - Edição de 1953 - Jornal publicado entre


1948 até 1969 (Parte 2) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

21. Diário de Natal RN - Edição de 1953 - Jornal publicado entre


1948 até 1969 (Parte 3) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

22. Diário de Notícias (RJ) Edição de 1953 - Jornal publicado


entre 1950 até 1959 (Parte 1) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

22. Diário de Notícias (RJ) Edição de 1953 - Jornal publicado


entre 1950 até 1959 (Parte 2) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

[195]
22. Diário de Notícias (RJ) Edição de 1953 - Jornal publicado
entre 1950 até 1959 (Parte 3) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

22. Diário de Notícias (RJ) Edição de 1953 - Jornal publicado


entre 1950 até 1959 (Parte 4) (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

23. DIÁRIO DE PERNAMBUCO – Edição de 1972 - Jornal


publicado entre 1970 até 1979. (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

24. Diário do Paraná - Órgão dos Diários Associados (PR) Ano de


1957 – Edição 628 - Jornal publicado entre 1955 até
1983. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

25. Diário do Paraná - Órgão dos Diários Associados (PR) Ano de


1957 – Edição 978 - Jornal publicado entre 1955 até
1983. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

26. Jornal de Notícias (SP) – Artigo de 1951 - Jornal publicado


entre 1946 até 1951. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

27. Leitura (RJ) – Artigo de 1958 - Jornal publicado entre 1923


até 1973. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

28. Letras da Província - Publicação Mensal das Casas de Cultura


de Limeira e Jaú, oficializadas pela Associação Brasileira de
Escritores de São Paulo (SP) – Edição de 1969. (Biblioteca Digital
da Biblioteca Nacional)

29. O DIA (PR) – Edição de 1954 - Jornal publicado entre 1923


até 1961. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

[196]
30. O DIA (PR) – Edição de 1958 - Jornal publicado entre 1923
até 1961. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

31. O Estado de Florianópolis (SC) - Edição de 1958. - Jornal


publicado entre 1915 até 1965. (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

32. A Cruz - Órgão da Paróquia de S. João Baptista (RJ) – Edição


de 1954 - Jornal publicado entre 1919 até 1923 (Parte
1) (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

32. A Cruz - Órgão da Paróquia de S. João Baptista (RJ) – Edição


de 1954 - Jornal publicado entre 1919 até 1923 (Parte
2) (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

33. O Dia (PR) – 1954 - Edição de 1954 - Jornal publicado entre


1923 até 1961. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

34. Voz Diocesana (MG) – Edição de 1968 - Jornal publicado


entre 1965 até 1978. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

35. Tribuna da Imprensa (RJ) – Edição de 1963 - Jornal


publicado entre 1960 até 1969. (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

36. Tribuna da Imprensa (RJ) – Edição de 1991 - Jornal


publicado entre 1990 até 2000 (Parte 1) (Biblioteca Digital da
Biblioteca Nacional)

36. Tribuna da Imprensa (RJ) – Edição de 1991 - Jornal


publicado entre 1990 até 2000 (Parte 2) (Biblioteca Digital da
Biblioteca Nacional)

[197]
37. Tribuna da Imprensa (RJ) Edição de 2003 - Jornal publicado
entre 2000 até 2008. (Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional)

38. Suplemento Literário (SP) – Edição de 1970 - Jornal


publicado entre 1956 até 1985. (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

39. Suplemento Literário (SP) – Edição de 1976 - Jornal


publicado entre 1956 até 1985 (Parte 1) (Biblioteca Digital da
Biblioteca Nacional)

39. Suplemento Literário (SP) – Edição de 1976 - Jornal


publicado entre 1956 até 1985 (Parte 2) (Biblioteca Digital da
Biblioteca Nacional)

40. Suplemento Literário (SP) – Edição de 1979 - Jornal


publicado entre 1956 até 1985. (Biblioteca Digital da Biblioteca
Nacional)

41. THOT (SP) - Edição Nº 24 de 1981- Revista publicada entre


1975 até 2004, pertencente a Associação Palas Athena – O Texto
do Livro do Mário – ‘’Assim Deus Falou aos Homens’’ está na
Edição dessa Revista quase de maneira integral, da página 19 até
a 25!
(https://palasathena.org.br/arquivos/thot/)

[198]
4. Trabalhos sobre Mário Ferreira dos Santos
Primeiro da Lista: Mário Ferreira dos Santos: Guia para o
estudo de sua Obra – Olavo de Carvalho, Vide Editorial (2020)

1. A Redescoberta da Filosofia no Brasil II - Luís Mauro Sá Martino


2. Biografia completa do Mário – por suas filhas Nadiejda Santos Nunes Galvão e
Yolanda Lhullier dos Santos

3. Carlos Aurélio Mota de Souza - Por que reler Mário Ferreira dos Santos hoje?

4. Elvis Amsterdã do Nascimento Pachêco - A DIALÉCTICA-ONTOLÓGICA


DE MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS

5. Mário Ferreira dos Santos - Uma Esfinge no Labirinto - por suas


filhas Nadiejda Santos Nunes Galvão e Yolanda Lhullier dos Santos

6. Joelson Lima Vale - A Retórica Simbólica: Implicações de Mário Ferreira Dos


Santos À Pragmática do Direito

7. Roger Moura dos Santos - A Via Simbólica na Fundamentação da Matese de


Mário Ferreira Dos Santos

8. Carlos Eduardo de Carvalho Vargas - Contribuições Filosóficas de Mário


Ferreira Dos Santos À Metodologia da Pesquisa Sobre Religião
9. Igor Machado Correia; Lucas Emmanuel Plaça Margueiro - Mário Ferreira Dos
Santos: Um Estudo Sobre Cultura

10. Sidney Silveira - A Metafísica de Mário Ferreira dos Santos, um autodidata


brasileiro

11. Revista - Filosofia Concreta (Artigos de Vários Estudiosos)


12. Mário Ferreira dos Santos e o nosso futuro - Olavo de Carvalho
13. (Curso) Mário Ferreira dos Santos: Guia para o estudo de sua obra (em 5
Aulas) – Olavo de Carvalho
14. Entrevista com o Filósofo Mário Ferreira dos Santos I - Esta entrevista foi
publicada no ano de 1976, em “Rumos da Filosofia no Brasil” — coletânea
organizada pelo Padre e Professor Stanislavs Ladusãns S. J., Edições Loyola —,

[199]
onde foram registrados os depoimentos de 27 autores e pensadores que traçam um
panorama geral dos caminhos da Filosofia no Brasil da época.

15. Dissertação de Mestrado em Filosofia - A Antessala da Argumentação: por


uma abordagem negativa. (2015) Fábio Salgado de Carvalho

16. O Volume 1: do Trivium e Quadrivium que é primeiro livro da Coleção 7


Artes Liberais do Instituto Cultural Hugo de São Vítor e trata da doutrina geral do
Trivium e do Quadrivium também cita o Mário Ferreira dos Santos

17. Introdução ao Livro A Sabedoria das Leis Eternas - Olavo de Carvalho. (20
Páginas Frente e Verso a Introdução)

18. "O futuro do pensamento brasileiro" - Olavo de Carvalho


19. A filosofia de Mário Ferreira dos Santos Olavo de Carvalho -Aulas do
Seminário de Filosofia de 25 e 26 de Julho de 1997.
20. "Perspectivas Filosófico-Sociais na Obra de Mário Ferreira dos Santos", de
Wadson Machado Neto (Universidade Federal de Juiz de Fora, 1988)
21. Extenso verbete sobre Mário Ferreira dos Santos na Enciclopedia Filosofica
do Centro di Studi Filosofici di Gallarate, por Pe. Carlos Beraldo
22. Mário Ferreira dos Santos: o portentoso criador da filosofia concreta, de Jorge
Jaime (História da Filosofia no Brasil (1997) Capítulo Dedicado ao Mário no
Segundo Volume da Obra, que consta de 4 volumes!
23. Entrevista: Depoimento de Jaime Cubero entre 05 e 09 de maio de 1989. Ele
cita o Mário Ferreira dos Santos, como uma grande pessoa e um fantástico
professor.
24. Jaime Cubero, em entrevistas a Rodrigo Rosa da Silva (Imprensa Marginal).
Há muitas citações sobre o Mário Ferreira dos Santos
25. Maíra Moraes dos Santos "Jaime Cubero: Uma trajetória de práticas
libertárias para a educação e para a vida" Cita o nome do Mário Ferreira dos
Santos várias vezes.
26. Monografia de uma Pesquisadora da Letônia -Māra Kiope - Latviešu
Latgaliešu Un Brazīliešu Filozofa Jezuīta Staņislava Ladusāna Daudzpusīgais
Humānisms. Possui uma citação do Mário Ferreira dos Santos
27. Tese de Doutorado, por Antonio José Bezerra de Menezes Jr - Joaquim
Guerra S.J. (1908-1993): Releitura universalizante dos Clássicos Chineses. Há
uma citação de Mário Ferreira dos Santos

[200]
28. Ramus, Gustavo - «Anarquismo cristão e sua influência no Brasil» - Há
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos
29. Monografia de Licenciatura em Filosofia - Orlando Joaquim Inácio - A
Objetividade Da Verdade Em Santo Tomás De Aquino (2015) Várias Citações
Sobre Mário Ferreira dos Santos.

30. A MUSICALIDADE EXTRA MUSICAL OU A EXTRA MUSICALIDADE


MUSICAL DE RICARDO RIZEK - Prof. Dr. Paulo José de Siqueira Tiné – Há
Citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

31. (Livro) O trivium: as artes liberais da lógica, da gramática e da retórica -


Irmã Miriam Joseph – (2018) Sister Miriam Joseph (1947 Original) – Na
Tradução Brasileira há uma citação sobre o Mário Ferreira dos Santos, feita
pelo José Monir Nasser

32. (Curso) Arte, Ordem e Símbolo – Prof. Diogo Cruxen – (2020) – Há


citação sobre o Mário Ferreira dos Santos. Plataforma – (Brasil Paralelo)

33. (Livro) – Desenho: Um Desígnio Humano. Ensaio Através da Tradição do


Desenho na Arte. - Diogo Felipe Cruxên – Colaboração: Erica Priscila de
Souza Cruxên (2019) – Há várias citações muito boas sobre o Mário Ferreira
dos Santos

34. Tese de Doutorado em Enfermagem - A Enfermagem Militar Operativa


Gerenciando O Cuidado Em Situações De Guerra - Leila Milman Alcantara –
(2005) - Há Citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

35. Artigo - Mário Ferreira dos Santos leitor de Nietzsche, Roger Moura dos
Santos e Edmilson Alves de Azevêdo.

36. Prefácio (20 Páginas, frente e Verso) de Ricardo Rizek da Obra ‘’Pitágoras e
o Tema dos Números’’ (Edição de 2000)

37. A Educação Segundo Paulo Freire: Uma Primeira Análise Filosófica José
Junio Souza da Costa – Cita o Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais do
Mário Ferreira dos Santos.

38. O Contraponto De Mário Ferreira Dos Santos À Epistemologia Cartesiana -


Roger Silva Aguiar E Maycon Zeni Gonçalves

39. Monografia -Licenciatura em Filosofia. ‘’A Antítese Eterna: Análise Do


Materialismo Dialético Segundo Mário Ferreira Dos Santos’’ - Wallece José

[201]
Silva Lima (2015)

40. A dialética de valor de uso e de troca e direcionamentos da ação humana


percipiente e propositiva em Mário Ferreira dos Santos – Murilo Carlos Muniz
Veras. Artigo de 2017

41. As relações entre vida e moralidade em Nietzsche e as possibilidades de uma


filosofia do direito a partir da interpretação de Mario Ferreira dos Santos - Abraão
Lincoln Costa. (Artigo de 2017)

42. Nietzsche no Brasil (1933-1943): Da ascensão do nacionalsocialismo ao


Grande Reich Alemão - Luís Rubira. Há várias citações do Mário Ferreira dos
Santos

43. A Decadialética De Mário Ferreira Do Santos: O Uso Da Dialética Como


Método Para Analisar A Realidade Concreta - Rafael Luis Boemo . (Artigo De
2018)

44. Trabalho De Conclusão De Curso Bacharel Em Comunicação Social Na


Faculdade De Comunicação Social Da Ufjf - O Esoterismo No Expressionismo
Alemão:A Obra De F.W Murnau - Thauan De Assis Monteiro - 2012. Várias
citações do Mário Ferreira dos Santos.

45. Capim Limão: Ensaios sobre produção do conhecimento, material didático e


outros textos - Organização: Maurício Castanheira. 2015. Há várias citações sobre
o Mário Ferreira dos Santos

46. A Influência Do Pensamento Pitagórico Para A Compreensão Da Metafísica.


Jasmine Marlena De Sousa Nascimento E Ivan Jorge Sousa Pessoa. Artigo De
2016.

47. A Teoria Tridimensional Realeana: Da Ontologia À Ontognoseologia


Jurídica. - Marco Antônio Correia Bomfim. Artigo

48. Dossiê “Crise”. Revista Em Construção. (Artigo De 2018)

49. A Psicologia em suas Diversas áreas de atuação (Volume 3) Tallys Newton


Fernandes de Matos. (Organizador) (2020). Atena Editora. Nesse livro HÁ um
Capítulo de Título: Uma Análise Da Obra Nietzschiana A Partir Da Lógica
Simbólica De Mário Ferreira Dos Santos, De Tiago Teixeira Vieira.

50. Disciplina ‘’Seminário De Leitura Em Temas De Lógica B’’. Universidade


Federal Do Estado Do Rio De Janeiro, Professor Rodolfo Petrônio. Leitura do

[202]
“Tratado de Simbólica” de Mário Ferreira dos Santos, subsidiada por textos
diversos, desde o conceito de participação em Platão até as abordagens de Jean
Borella e de Carl G. Jung. (Emenda de Disciplina)

51. CONCEITO DE DIREITO: CONTRIBUTO PARA SEU RESTAURO -


Marcelo Jucá Lisboa (Juiz Federal No Tribunal Regional Federal De São Paulo.)
Há Inúmeras Citações Sobre O Mário Ferreira Dos Santos (2020)

52. A Educação Como Crítica À Modernidade Na Filosofia De Friedrich


Nietzsche – Vanilda Honória Santos. Há Várias Citações Sobre O Mário Ferreira
dos Santos

53. Os Valores E Sua Importância Para A Interpretação Constitucional E Para Os


Direitos Fundamentais - Cezário Corrêa Filho

54. Mestrado em Metafísica da Universidade de Brasília – UnB. ‘’A Questão Da


Autoralidade Na Filosofia Brasileira: Um Exame Cartográfico E Metafilosófico’’
(2019) - Everton Frask Lucero. Há Uma Citação Muito Importante Sobre O
Encobrimento Do Mário Ferreira Dos Santos.

55. Trabalho de Conclusão de Curso em Direito. Fundamentos conceituais do


direito a partir da filosofia de Mário Ferreira dos Santos - Kaleo Dornaika
Guaraty

56. Desporto, Paideia e a Não Dualidade- Ensaio de Alberto de Oliveira Monteiro


(2011) – Há Citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

57. Dissertação de Mestrado – ‘’Análise Crítica da Jurisdição Constitucional do


Supremo Tribunal Federal na Perspectiva da Teoria dos "Neutral Principles" -
LUCIANO ANDRASCHKO (2016)

58. Artigo: Considerações Propedêuticas À Filosofia Do Direito - Rogério


Moreira Orrutea Filho (2018)

59. Mário Ferreira dos Santos: a obra do maior filósofo brasileiro de todos os
tempos - Por Dante Henrique Mantovani (Doutor em Estudos da Linguagem pela
Universidade Estadual de Londrina)

60. CARA-DE-BRONZE: FACE DIVINA? - Diego Gomes do Valle (Artigo de


2014) Há várias citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

[203]
61. Curso De Formação De Diplomatas 2019 – Bibliografias. Inclui O Mário
Ferreira Como Um Autor Brasileiro Importantíssimo - Controladoria-Geral Da
União

62. A Formação Sensível Dos Docentes Por Meio Da Formação Estética Dos
Coordenadores Pedagógicos - Andrey Felipe Cé Soares (Artigo De 2013). Há
Citações Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

63. A Relação Do Imoralismo Com A Aquiescência Do Amor Fati Em Nietzsche


- Wagner Soares França. (Artigo De 2014) - Há Citações Do Mário Ferreira Dos
Santos

64. A ciência da guerra num mundo em movimento: aulas, obras e academias


militares na cidade do Rio de Janeiro (1763-1810) - Carlos Eduardo de Medeiros
Gama (18 Páginas) - 35º Encontro Anual da Anpocs; GT 14 – Forças Armadas,
Estado e sociedade;

65. Diário de um filósofo no Brasil. Julio Cabrera (2010)

66. Trabalho De Conclusão De Curso ‘’João Cabral: O Humano Nas Coisas’’ -


Robson Deon - Licenciatura Em Letras Português-Inglês (2017). Há Incontáveis
Citações Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

67. A suficiência como categoria de verdade em Tucídides - Pedro Barbieri –


(Artigo de 2017). Há citações sobre o Mário Ferreira dos Santos.

68. Sentidos Da Voz: Uma Análise Das Unidades De Discurso Presentes No


Campo Da Oratória - Thiago Barbosa Soares (Artigo De 2019) Há Citação Sobre
O Mário Ferreira Dos Santos.

69. Relativizando A Tortura Ou O Retorno Da Barbárie - Eduardo Luiz Santos


Cabette, Delegado De Polícia, Mestre Em Direito Social, Pós – Graduado Em
Direito Penal E Criminologia, Professor De Direito Penal, Processo Penal,
Criminologia E Legislação Penal E Processual Penal Especial Na Graduação E
Na Pós – Graduação Do Unisal E Membro Do Grupo De Pesquisa De Ética E
Direitos Fundamentais Do Programa De Mestrado Do Unisal. (Artigo De 2017).
Há Citação Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

70. O Proslogion de Santo Anselmo na perspectiva de Mário Ferreira dos Santos


e Julián Marías. - Vítor Meireles (Estudo de 2013)

[204]
71. Conceito de Inconstitucionalidade Fundamento de uma teoria concreta do
controle de constitucionalidade - Paulo Serejo (Procurador do Distrito Federal e
Advogado) (Artigo de 2000). Há Citações sobre o Mário Ferreira dos Santos.

72. Presentation By The Brazilian Minister Of Foreign Affairs, Ambassador


Ernesto Araújo, At The Federal Senate - Fundação Alexandre De Gusmão (4 De
Maio De 2019). Há uma citação sobre o Mário Ferreira dos Santos.

73. Parmênides: O Não Ser Como Contradição - Nicola Stefano Galgano. (2019)
Livro Com Citações Do Mário Ferreira Dos Santos.

74. A Gênese Niilista De João Gilberto Noll - Diego Gomes Do Valle – (Artigo
De 2019) Há Citação Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

75. A Simbologia Da Água Em Água Viva, Uma Aprendizagem Ou O Livro Dos


Prazeres E Perto Do Coração Selvagem De Clarice Lispector - Victor Hugo
Pereira De Oliveira (Artigo De 2017) Há Citação Sobre O Mário Ferreira Dos
Santos.

76. A Diferença Entre Fator E Causa Para O Entendimento Da Justiça E Do


Direito - Tiago Tondinelli- (Artigo De 2009) Há Inúmeras Citações Sobre O
Mário Ferreira Dos Santos.

77. Livro: Teoria Do Conhecimento - Prof. Sandro Luiz Bazzanella (2012) Há


Inúmeras Citações Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

78. Projeto Pedagógico Do Curso De Bacharelado Em Filosofia (2009) Há


Citação Sobre O Mário Ferreira Dos Santos.

79. A Fantasia Está Sendo Criada Nas Mídias - Pesquisa Apresentada No XVII
Congresso De Ciências Da Comunicação Na Região Sul – Curitiba - PR - 26 A
28 De Maio De 2016 - Adriano Luís FONSACA E Paula Ávila NUNES

80. CURSO DE LEITURA FILOSÓFICA - Ministrante: Prof. Dr. Galileu Galilei


Medeiros De Souza. No Curso Terá Vários Livros Do Mário Ferreira Dos Santos
Para Serem Lidos (2020)

81. Educação Jurídica: Pressupostos De Uma Atividade Docente - Maurício


Marques Canto Júnior. Há Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos.

82. Uma Teoria do Discurso Constitucional - Luiz Vergilio Dalla Rosa (2002)

[205]
83. Pizzo - História e Administração da Máfia - Fabiano Barraca . Há citação
Sobre o Mário Ferreira Dos Santos.

84. Estrutura e Sentido da Enciclopédia das Ciências Filosóficas de Mário


Ferreira dos Santos. (Trabalho de Conclusão de Curso) - Olavo de Carvalho

85. A Axiomática De Mário Ferreira Dos Santos. – Elvis Amsterdâ Do


Nascimento

86. Memorização De Textos: Uma Proposta Educacional - Jelcimar Rouver


Júnior . Há citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos.

87. A anedota de abstração na obra de Roberto Gómez Bolaños Wilson Filho


Ribeiro de Almeida Universidade Federal de Uberlândia – Artigo de 2013,
publicado em 2014, numa Revista do México chamada ‘’Toda gente’’

88. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Curso de Licenciatura em


Filosofia Noturno) - "A Dialética em Mário Ferreira dos Santos" (2010)- Bruno
Bertoni Cunha - Universidade Federal de Uberlândia.

89. Trabalho de Conclusão de Curso em Matemática (Unopar) – Ensino das


Funções Básicas – Rodrigo Gonçalves Pereira. Dedicatória ao Mário Ferreira dos
Santos, além de Olavo de Carvalho e Leibniz. Há citação sobre o Mário Ferreira
dos Santos!

90. “Amizade e direito”, as extremidades umbilicais da justiça: implicações


teoréticas entre amizade e direito e tradução comentada do De Amicitia de
Boncompagno de Signa - Tiago Tondinelli - Instituto Memória – 2019. Baseada
na obra do Mário Ferreira dos Santos

91. Dissertação Mestrado - A Relação Entre Direito E Poder: Uma Reflexão A


Partir Da Filosofia De Miguel Reale – Luiz Gustavo De Castro Oliveira (2013) -
Há Várias Citações Sobre o Mário Ferreira dos Santos

92. Doutorado em Filosofia do Direito – Justiça e Liberdade: A Dignidade da


Pessoa Humana e o Equilíbrio Social – Ricardo Cardoso de Mello Tucunduva
(2014) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

93. Dissertação de Mestrado - A Política De Valor e Des-Valor Do Trabalho


Docente Nos Documentos Da Ocde - José Rogério De Oliveira (2018) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

[206]
94. Dissertação de Mestrado - O Formalismo No Direito e a Ética Dos Valores:
Teoria Dos Valores Em Hans Kelsen E Max Scheler - Yuri Ikeda Fonseca (2018)
- Há várias citações sobre o Mário Ferreira Dos Santos

95. Doutorado em Direito - O direito fundamental à verdade: divulgação e acesso


à informação - Carlos Roberto Ibanez Castro (2016) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

96. Artigo - Utilização Da Técnica Laddering Em Estudos Sobre Valor Em


Inovação Diego Luiz Teixeira Boava, Dr.; Fernanda Maria Felicio Macedo, Dra.;
Iaisa Helena Magalhães, Bel.; Renato Duarte Da Silva, Bel. (2013) - Há Citação
Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

97. Redescobrindo O Filósofo Brasileiro Mário Ferreira Dos Santos: Uma Pontual
Abordagem Criminológico – Cultural - Eduardo Luiz Santos Cabette, Delegado
de Polícia (2014)

98. Tese de Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa – A neologia no


entrecruzar das ciências médicas e biológicas e da engenharia: estudo
terminológico do léxico pertinente à engenharia biomédica. – Márcia de Souza
Luz Freitas – (2019) Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

99. Artigo - Meditações acerca da canção Sobre Todas as Coisas de Edu Lobo &
Chico Buarque - Paulo José de Siqueira Tiné – (2017) - Há Citação Sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

100. Dissertação De Mestrado - Sacrificium Christi: Um Estudo Sobre o


Sacrifício Das Personagens Crísticas em o Senhor Dos Anéis - Ribanna Martins
De Paula (2019) - Há Várias Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

101. Mestrado em Filosofia – A crítica da prova Ontológica em Kant – Bruno


Bertoni Cunha – (2015) - Há Várias Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

102. Artigo - Chatterbots Em Língua Portuguesa: Problema Da Quebra De


Sentido E As Categorias Ontológicas - Egon Sewald Junior, Aires José Rover,
Nivaldo Machado, Celso R. Braida, Edson Rosa Gomes Da Silva. - (2009) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

103. Artigo - Breves Anotações Sobre As Espécies Normativas Do Código Civil -


Thiago Sales De Oliveira (2014) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

[207]
104. Artigo - As Sombras Do Inconcebível: Reflexões Sobre os Mundos
Possíveis Impossíveis Em Eco - Elisa Hoerlle – (2015) Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

105. Doutorado Em Educação - Noodramatização Do Currículo: Arquiarquivo Do


Projeto Escrileituras - Polyana Olini – (2017) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

106. Mestrado em Filosofia – Os Poetas duelistas e suas armas narrativas: O


Duelo de Cantoria como signo complexo – (2019) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

107. Livro – Numerologia: A Chave do ser – Luiz Alexandre Junior (2002) - Há


Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

108. Artigo - Docência Animal: Um Estudo Noológico A Partir De Kafka E


Deleuze - Josimara Wikboldt Schwantz; Carla Gonçalves Rodrigues. (2016) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

109. Artigo - Noologia Do Currículo: Dramatizações Do Projeto Escrileituras -


Polyana Olini; Sandra Mara Corazza; -(2016) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

110. Artigo - O Problema Da Aplicação Técnica Do Orçamento Empresarial Na


Azienda Pública: Uma Discussão Teórica No Contexto De Sua Aplicação - Prof.
Rodrigo Antonio Chaves Da Silva - Há Várias Citações Sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

111. Mestrado em Poéticas Visuais - UN TONTO CON TINNITUS - Peter


Francis Correa Gossweiler – (2018) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

112. Dissertação De Mestrado - Fatores Comportamentais Dos Voluntários Nas


Organizações Da Sociedade Civil À Luz Da Sociologia Pragmática – Tandara
Dias Gonçalves (2016) - Há Várias Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

113. Bibliografia filosófica Brasileira: Período contemporâneo (1931.1977) –


Antônio Paim - Há menções sobre os livros do Mário Ferreira Dos Santos

114. Licenciatura em Matemática – Uma Introdução ao Estudo dos Anéis e dos


Corpos – Cássio Volpato Selbach (2015) - Há Várias Citações muito boas sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

[208]
115. Mestrado Em História - Mais Fúria E Mais Titãs: Observações Sobre O Uso
Da Narrativa Mítica E Do Mito Do Herói A Partir Dos Filmes Fúria De Titãs
(1981-2010) - Tobias Dias Goulão – (2015) - Há Várias Citações Muito Boas
Sobre O Mário Ferreira Dos Santos

116. Doutorado em Geografia - Sig - Sistema De Informação Geográfico ou Sig -


Sintetizador De Ilusões Geográficas: Desconstruindo Uma Formação Discursiva -
Murilo Cardoso De Castro (1999) - Há Várias Citações Muito Boas Sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

117. Mestrado Em Filosofia - Percepção e Imaginação Em Aristóteles - Vitor


Duarte Ferreira (2017) - Há Várias Citações Muito Boas Sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

118. Mestrado Em Filosofia – Consciências Religiosa E Secularismo A Partir De


John Finnis – Leandro Da Silva Bertoncello – (2019) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

119. Artigo - Uma Aplicação Do Hexágono Lógico: Organizando


Sistematicamente Os Conceitos De Razão E Causalidade - Guilherme De Freitas
Kubiszeski – (2018) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

120. Mestrado Em Design - Topografias Narrativas: A Escrita Coletiva Da


Memória Urbana De Brasília Por Meio Do Processamento de Dados de Redes
Sociais - Claudia Schirmbeck Peixoto (2017) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

121. Graduação em Filosofia (Bacharelado) - A ORIGEM DA ALMA: do


Orfismo a Platão - Anna Maria Casoretti – (2010) - Há Várias Citações Muito
Boas Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

122. Mestrado em Filosofia – O Surgimento da Ascética da alma na Antiguidade


Grega: Orfismo e Pitagorismo - Anna Maria Casoretti (2014) - Há Várias
Citações Muito Boas Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

123. Artigo - O Desejo Como Motor Da Maquinaria Arltiana - Gaston Cosentino


(2012) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

124. Tese de Doutorado em Filosofia – Racionalidade Filosófica, Racionalidade


Científica e os limites da tradição analítica: Uma contribuição à teoria das
tradições de pesquisa racional de Alasdair Macintyre – Alberto Leopoldo Batista
Neto (2017) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos *NA NOTA 250.

[209]
125. Artigo - A filosofia contemporânea da mente em perspectiva tomista -
Alberto Leopoldo Batista Neto (2017) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos
Santos *NA NOTA 80.

126. Artigo – Imagens e auto-imagens: uma análise sobre as representações da


profissão docente – Arnaldo Nogaro; Aline Dall’ Agnol. (2003) - Há Citação
Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

127. Mestrado em Direito - O ARTÍSTICO E O OBSCENO NO DIREITO


PENAL: Por uma ressignificação hermenêutica do artigo 234 do Código Penal
Brasileiro - Paulo Roberto Santos Romero – (2019) - Há Várias Citações Muito
Boas Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

128. Artigo - Ciência processual e ciência jurisdicional - Marcelo Pichioli da


Silveira – (2018) - Há Várias Citações Muito Boas Sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

129. Tese de Doutorado em Linguistica - Vozes Do Sucesso: Uma Análise Dos


Discursos Sobre Os Vícios E Virtudes Da Voz Na Mídia Brasileira
Contemporânea - Thiago Barbosa Soares (2018) - Há Várias Citações Muito Boas
Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

130. Mestrado em Filosofia - A Coordenação Entre As Provas Lógicas E As


Provas Psicológicas Na Retórica De Aristóteles - Moisés Do Vale Dos Santos –
(2014) - Há Várias Citações Muito Boas Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

131. Mestrado em História - O Estado, a ciência e a revolução na história em


Peter Kropotkin - Marcelo Da Cruz Cortes (2017) - Há Várias Citações Sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

132. Artigo – Notas Sobre o Governo do Direito, Ética das Virtudes e Direitos
Humanos – Carlos Ignacio Massini Correas; Frederico Bonaldo. – (2016) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

133. Artigo - Regulação Jurídica, Políticas Públicas Municipais e


Responsabilidade Social Das Empresas - Saulo de Tarso Silvestre Sanhueza
Manriquez; Fabiane Lopes Bueno Netto Bessa. - (2007) - Há Citação Sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

134. Artigo - As Matrizes Geográficas Na Modernidade E O Desenvolvimento


Da Ciência Sob Vista De Gaston Bachelard - Maurício Sérgio Bergamo - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

[210]
135. Artigo - A Voz Do Povo É A Voz De Deus? O Mito Do Valor Axiológico
Da Democracia - Guilherme Dourado Aragão Sá Araujo – (2018) - Há Citação
Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

136. Artigo - A democracia contemporânea e a crítica aos limites entre público e


privado: por uma nova teoria da cidadania- Newton de Menezes Albuquerque;
Newton de Menezes Albuquerque. - (2015) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

137. Artigo - A Crise de Legitimidade Democrática e a Necessária Revisão de seu


Objeto Deliberativo - Guilherme Dourado Aragão Sá Araujo – (2017) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

138. Artigo - Série online como sala de aula no limiar do sensível - Alessandro
Flaviano de Souza; Andrea Ferraz Fernandez; Naiara Cristina Gonçalves Rocha
Passos. – (2020) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

139. Mestrado em Filosofia - A União Mística Na Enéada Vi, 9, De Plotino -


Rodrigo Moreira De Almeida – (2017) - Há várias citações sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

140. (Livro) – Planejamento da Criação Publicitária: Os Arquétipos e a Bússola


Cognitiva (Volume 3) (2019) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

141. Artigo - A MISSÃO PERMANENTE DA MAÇONARIA: Um sacerdócio


maçônico - Rubi Rodrigues – (2013) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

142. Artigo - ENTRE O PARMÊNIDES E O SOFISTA DE PLATÃO - Izabela


Bocayuva – (2014) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

143. Doutorado em Direito – Direitos Humanos Sociais: Necessidade de


Positivação das Regras de Interpretação? - Maria Cristina de Luca Barongeno –
(2009) - Há várias citações sobre o Mário Ferreira Dos Santos

144. Artigo - Educação, Currículo, Cultura: Novos Conceitos No Âmbito Da


Nova Gestão Pública: Relevância Da Formação Do Lider Gestor - Dorosnil Alves
Moreira; Fábio Robson Casara Cavalcante. – (2019) – Há uma citação muito boa
sobre o Mário Ferreira dos Santos.

145. Artigo - O Indivíduo e as éticas kantiana e utilitarista - Sara Louise Aquino


Almeida Peixoto – (2017) - Há várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

[211]
146. Doutorado em Comunicação e Semiótica – A comunicação como Jogo:
Sobre a dimensão lúdica como política da diversão programada em Vilém
Flusser. – Raphael Dall’ Anese Durante – (2013) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

147. Doutorado em Ciências – Física - Sobre A Emergência E A Lei De


Proporcionalidade Intrínseca - Pedro Jeferson Miranda – (2018) - Há várias
Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

148. Doutorado em Comunicação e Semiótica - Quantum Critic: Conhecimento e


Comunicação em Transmutação Físico-Matemática - Willis Santiago Guerra
Filho – (2017) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

149. Artigo - Katéchon: O Direito Entre o Sacrifício e o Perdão - Milton Gustavo


Vasconcelos Barbosa – (2014) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

150. Artigo - Doping e teomania: breves considerações éticas para as aulas de


Educação Física - Marcos Paulo do Nascimento Silva; Bruno Rodrigo da Silva
Lippo. – (2018) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

151. Artigo - O Cristo Do Anticristo: Uma Resposta Ao Anticristo De Nietzsche -


Willibaldo Ruppenthal Neto – (2019) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

152. Mestrado em Administração – Um Estudo sobre a Influência dos


Mecanismos Culturais e de Integração em Gestão de Projetos: Estudo de
Múltiplos Casos numa Multinacional Dinamarquesa – Dorizon Alberto Navarro –
(2013) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

153. Mestrado em Educação - Educação e Crítica Da Modernidade: Um Encontro


Entre Rousseau e Horkheimer - Mirela Moraes – (2013) - Há Citação Sobre o
Mário Ferreira Dos Santos

154. Artigo - Para uma filosofia da cultura: sobre as relações entre Cultura e
Éthōs (e/)qoj; h)/qoj), por intermédio da Bildung alemã e da Paidéia (paide/ia)
grega. - Emmanuel Victor Hugo Moraes – (2012) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

155. Doutorado em Educação - O Ensino De Ciências No Timor-Leste Pós-


Colonial e Independente, Desafios e Perspectivas – Hélio José Santos Maia -
(2016) - Há várias Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

[212]
156. Doutorado em Letras – Ficção de Formação na Era Audiovisual: Salinger e
Anderson & Wilson – André Corrêa Rollo – (2013) – Há uma citação muito boa
sobre o Mário Ferreira dos Santos

157. (Livro) Política Prática – Everton Maciel; Sergio Corrêa; Tiaraju Andreazza.
(Organizadores) - (2020) - Há Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

158. Mestrado em Ciências da Comunicação - Construtos De Experiência De


Limiar No Cinema - Rumenig Eduardo Pereira Pires – (2018) - Há várias
Citações Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

159. Artigo - Inconstitucionalidade da Manutenção Das Medidas De Segurança -


Mayara D’Agostini Camargo; Fernanda Cibelle Bones Silva; Raquel Minuzzi
Wild; Marcos Vinícius Tombini Munaro. – (2018) - Há Citação Sobre o Mário
Ferreira Dos Santos

160. Mestrado em Educação - A CALMARIA DOS CAMINHOS TORTUOSOS:


Construção e método do Trivium Medieval - Carlos Henrique da Silva – (2017) -
Há várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

161. Mestrado em Administração – A Passagem de Bastão para Herdeiras: O


Caso de uma Empresa do ABC Paulista em Fase de Preparação para a sucessão
Familiar – Cristiany Bim Gurati Eloi – (2014) - Há uma citação muito boa sobre o
Mário Ferreira dos Santos

162. Artigo - Aprendizagem Transdisciplinar: a Experiência do Conflito - Prof.


Dr. Álvaro Augusto Schmidt Neto; Profa. Dra. Izabel Petraglia. – (2010) - Há
Citação Sobre o Mário Ferreira Dos Santos

163. Mestrado em Comunicação Social - Identidade Visual Nos Suportes


Impresso e Digital: Unimed Noroeste/Rs, Um Estudo De Caso - Leila Gisele
Krüger – (2011) - Há uma citação muito boa sobre o Mário Ferreira dos Santos

164. Doutorado em Educação – Proposição para Atualizar a Habilidade de


Identificar com Professores de Biologia: contribuições da teoria de assimilação de
P. Ya. Galperin – Maria da Glória Fernandes do Nascimento Albino – (2016) –
Há várias citações muito boas sobre o Mário Ferreira dos Santos

165. Doutorado em Psicologia - A Conjectura Lógica De Jacques Lacan: A


Lógica Como Ciência Do Real - Mardem Leandro Silva – (2019) - Há várias
Citações sobre o Mário Ferreira Dos Santos

[213]
166. Mestrado em Ensino de Física – O Conceito De Generalização a Partir de
um Olhar Dialético-Complexo sobre o Modelo de Perfil Conceitual – Felipe
Prado Pazello dos Santos – (2011) – Há uma citação muito boa sobre o Mário
Ferreira dos Santos.

167. (Livro) Alternativas para combater o racismo: Um estudo sobre o


preconceito racial e o racismo. Uma proposta de intervenção científica para
eliminá-los. – (1989) – Há uma citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

168. Artigo - O Controle Social Como Forma De Resistência Frente A Crise De


Representatividade Das Instituições Democráticas - Davi Michels Ilha – (2019) -
Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos.

169. Doutorado em Letras – Giovanni Papini iconoclasta religioso: diferentes


fases da recepção do escritor florentino no Brasil – Aline Fogaça dos Santos Reis
e Silva – (2017) - Há várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

170. Mestrado em Filosofia - VALOR E RACIONALIDADE: o problema do


Direito Natural em Direito Natural e História de Leo Strauss - Eduardo Emanuel
Ferreira Leal – (2019) – Há várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira
Dos Santos

171. Artigo - Crónica de un drama político: el conflicto de las ‘escuchas ilegales’


en la Burocracia Parlamentaria de Misiones, (Arg.) - Laura Andrea Ebenau –
(2012) - Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos.

172. Artigo - A Divinização Do Estado Moderno E A Crença Na Sociedade


Racional E Perfeita: Uma Conseqüência Do Iluminismo - Paulo Henrique Vieira
da Costa - Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos.
173. Artigo (V Simpósio de Pós-Graduação do IFTM.) - O Pensamento De
Álvaro Vieira Pinto Sobre A Educação: A Elaboração De Uma Tendência
Pedagógica Seria Possível? - Breno Augusto Da Costa; Adriano Eurípedes
Medeiros Martins; Geraldo Gonçalves De Lima; - (2018) - Há citação sobre o
Mário Ferreira dos Santos.

174. Artigo - A MORAL FECHADA E A MORAL ABERTA: as duas


modalidades de ação na filosofia de Bergson - Felipe Ribeiro – (2018) - Há várias
Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

175. Mestrado em Literatura - A DEFESA DA POESIA OU A PAIXÃO DO


POETA (o caráter soteriológico da poesia na concepção hilstiana) - Nívia Maria

[214]
Santos Silva – (2009) - Há várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos
Santos

176. Doutorado em Artes – O Crítico e o Trágico: A Morte da Arte Moderna em


Sergio Milliet – Naum Simão de Santana – (2009) - Há várias Citações muito
boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

177. Artigo - A “Crise Orgânica” Estimulada na Segurança Pública Brasileira -


Dequex Araújo Silva Júnior; Gilberto Protásio dos Reis. – (2018) - Há várias
Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

178. Doutorado em Ciências Políticas - Entre a liberdade e a virtude: pensamento


social e político de Michael Oakeshott - Felipe Gava Cardoso – (2018) - Há
várias Citações muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

179. Artigo - UMA TEORIA DA PRÁTICA POLICIAL MILITAR - Gilberto


Protásio Dos Reis; Reinaldo Brezinski Nunes – (2019) - Há citação sobre o Mário
Ferreira dos Santos.

180. Doutorado em História – A Invenção da Juventude Transviada no Brasil


(1950- 1970) – Lidia Noemia Silvia dos Santos – (2013) - Há várias Citações
muito boas sobre o Mário Ferreira Dos Santos

181. Graduação em Direito - A Usucapião Extrajudicial Em Face Do Fenômeno


Da Desjudicialização - Neil Sant’ana Silva – (2017) - Há citação sobre o Mário
Ferreira dos Santos.

182. Artigo - Elementos para uma apresentação do pensamento conservador: da


disposição conservadora aos conservadorismos decorrentes - Mário Jorge de
Paiva – (2019) - Há uma citação muito boa sobre o Mário Ferreira dos Santos.

183. Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura - Barbárie


contemporânea: a construção de novas formas de individualismo – Lamartine
Gaspar de Oliveira – (2014) - Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos.

184. Mestrado em Estudos Literários – A Montanha De Vidro e O Feminino: Do


Poder Ao Desvanecimento – Therezinha Maria Hernandes - (2018) - Há citação
sobre o Mário Ferreira dos Santos.

185. Mestrado em Filosofia - Mito, Símbolo E Imaginação: Um Percurso A Partir


Da Hermenêutica De Paul Ricoeur - Jonas Torres Medeiros – (2015) – Há citação
muito boa sobre o Mário Ferreira dos Santos.

[215]
186. Artigo - João Cabral de Melo Neto: O lirismo de um “Poeta sem Alma -
Robson Deon; Marcos Hidemi de Lima. - Há várias citações sobre o Mário
Ferreira dos Santos.

187. Artigo - A Recriação da Grafia do Planeta na Produção da Natureza e Do


Espaço: A Necessidade De se Saltar Escalas - Fabrício Pedroso BAUAB – (2003)
- Há citações sobre o Mário Ferreira dos Santos.

188. Artigo - Campbell, Jung e Frazer e os Estudos em Simbologia. - Marcel


Henrique Rodrigues – (2013) – Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

189. Doutorado em Letras - Exato Oceano: A Escrita de Lêdo Ivo, da Geração de


45 À Metapoética da Água – Wladimir Saldanha Dos Santos - (2014) Há várias
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

190. Mestrado em Filosofia - Scala Amoris: Síntese Da Educação Filosófica No


Banquete De Platão - Yuri Galvão Oberlaender de Almeida – (2018) – Há
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos nas NOTAS *323 e NOTA *324

191. Mestrado em Letras - Ironia, Paradoxo e Poiésis: À Experiência da


Libertação no texto de Rosiano - Irney Costa Brito – (2010) – Há várias citações
sobre o Mário Ferreira dos Santos

192. Doutorado em Letras - A Temática Da Libertação, A Dialógica Ascensional


e a Disposição Para a Experiência Da Graça: Ironia, Paradoxo e Poiésis Na
Linguagem Rosiana - Irney Costa Brito – (2013) – Há várias citações sobre o
Mário Ferreira dos Santos

193. Artigo - O Aspecto Felino do bVI7 do Blues Menor em Tigresa de Caetano


Veloso: uma proposta hermenêutica - Paulo José de Siqueira Tiné - Há citação
sobre o Mário Ferreira dos Santos

194. Artigo - Nas Profundezas do Physei Dikaion: O Direito Natural À Luz Do


Símbolo Em Eric Voegelin - Horácio Lopes Mousinho Neiva - (2010) - Há
citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

195. Graduação (Bacharel) em Letras - Estudo Preliminar De Três Símbolos


Mbyá-Guarani Contidos No Primeiro Poema Do Ayvu Rapyta - Felipe Espinola
Baptista Da Silva – (2016) – Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

196. Mestrado em Ciências das Religiões - Mysterium Pansophicum: imaginário


e esoterismo em Jacob Boehme – João Florentino Batista Segundo – (2017) - Há
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

[216]
197. Mestrado em Letras - “Lugar De Ser Feliz Não É Supermercado”: A
Modernidade Tardia Em Canções De Zeca Baleiro - Ricardo Costa Salvalaio –
(2018) - Há citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

198. Doutorado em Educação - Sujeito, natureza e sociedade: uma análise


pitagórica e transdisciplinar da educação - Álvaro Augusto Schmidt Neto –
(2009) – Há várias citações muito boas sobre o Mário Ferreira dos Santos

199. Artigo (Comunicação apresentada ao 10º Encontro Internacional de Música


e Mídia.) - Três cantigas infantis brasileiras: memória, experiência simbólica e
estética na formação humanística e musical da infância - Eusiel Rego – (2014) -
Há citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

200. Mestrado em Pós-Graduação em História da Ciência, das Técnicas e


Epistemologia da UFRJ - Subjetividade Epistemológica e Objetividade Poética:
por uma Poética Hermenêutica do Infinito - Jean Felipe de Assis – (2015) - Há
citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

201. Pós-Graduação Lato Sensu em Marketing - Marca: Os Fatores Que Agregam


Valor Ao Produto - Hudson de Pinho Araújo – (2009) - Há citação sobre o Mário
Ferreira dos Santos

202. Mestrado em Desenvolvimento Local - Potencialidades Para o


Desenvolvimento Local Na Comunidade Espírita Amor E Caridade E Nos Postos
De Assistência Centro Espírita Francisco Thiesen E Associação Espírita Anália
Franco: Subsídios Para A Política Pública De Assistência Social No Contexto
Local - Edilene Xavier Rocha Garcia – (2007) - Há citação sobre o Mário Ferreira
dos Santos

203. Doutorado em História - “Por uma religião nacional”: a separação entre


Igreja e Estado e a disputa religiosa entre católicos e protestantes em Belém do
Pará (1889-1931) - Rafael da Gama – (2019) - Há citação sobre o Mário Ferreira
dos Santos

204. Mestrado em Direito - O direito como experiência: a construção da


individualidade do homem frente à sociedade, ao Estado e às instituições - Cesar
Augusto Cavazzola Junior – (2015) – Há várias citações EXCELENTES sobre o
Mário Ferreira dos Santos. NOTA 70*

205. Artigo - Parnasianismo e Simbolismo: Um Olhar Crítico - Tairiny Wolski –


(2017) - Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

[217]
206. Artigo - Algumas considerações sobre o estudo da simbologia religiosa. -
Marcel Henrique Rodrigues – (2012) - Há várias citações muito boas sobre o
Mário Ferreira dos Santos

207. Artigo - As Marcas e a Simbologia da Imagem: Uma análise da Logomarca


do Estado do RS. - Elizete de Azevedo Kreutz – (2001) - Há várias citações sobre
o Mário Ferreira dos Santos

208. Artigo (9º Simpósio de Ensino de Graduação) (2011) - A Queda do


Simbólico Na Vida Contemporânea: Uma Interpretação Da Relação Dos Sujeitos
Com Os Símbolos Da Igreja Matriz De Americana - Marcel Henrique Rodrigues -
Há citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

209. Sacred Music in Goiás (1737-1936) and Balthasar de Freitas's Collection -


Marshal Gaioso Pinto – (2010) – Há Citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

210. Mestrado em Letras - Beatriz: A Figura Do Conhecimento Como Uma


Ascese Em Direção Ao Espírito - Márcio José Strapação – (2009) - Há várias
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

211. Artigo - Reflexões sobre unidade em música - Lucas de Paula Barbosa –


(2008) - Há Citação sobre o Mário Ferreira dos Santos

212. (Livro) Urvater, O Senhor Do Tempo - Gustavo Torres Rebello Horta –


(2013) - Há uma citação muito boa sobre o Mário Ferreira dos Santos

213. Tese de Doutorado em Direito - O Confronto Entre o Concurso Formal De


Crimes e o Concurso Aparente De Normas Penais no Direito Brasileiro:
revisão crítica sob os influxos de uma hermenêutica emancipatória. - FLAVIO
ANTÔNIO DA CRUZ – (2014) - Há uma citação sobre o Mário Ferreira dos
Santos

214. Mestrado em Ciências das Religião - A magia do ponto riscado na


Umbanda esotérica - Osvaldo Olavo Ortiz Solera – (2014) - Há uma citação
sobre o Mário Ferreira dos Santos

215. Doutorado em Geografia - Da Geografia Medieval às origens da


Geografia Moderna: contrastes entre diferentes noções de natureza, espaço e
tempo - Fabricio Pedroso Bauab – (2005) - Há várias citações sobre o Mário
Ferreira dos Santos

[218]
216. Artigo - Oikós: Topofilia, ancestralidade e ecossistema arquetípico - Prof.
Dr. Marcos Ferreira Santos – (2006) - Há Citação sobre o Mário Ferreira dos
Santos

217. Tese de Doutorado - O Dogmatismo Do Binômio Acusatoriedade-


Inquisitoriedade e o Processo Penal Democrático - Prof. Dr. Dário José Soares
Júnior – (2014) – Há inumeráveis citações sobre o Mário Ferreira e o autor
dedica o seu doutorado ao Mário e a vários outros brilhantes e excepcionais
filósofos.

218. (Livro) - A Crise Dogmática do Processo Penal - Prof. Dr. Dário José
Soares – (2016) – Livro baseado na tese de Doutorado do Autor - Há
inumeráveis citações sobre o Mário Ferreira e o autor dedica o seu doutorado
ao Mário e a vários outros brilhantes e excepcionais filósofos.

219. (Curso) Astrocaracterologia – (1991-1992-1993) Olavo de Carvalho – Há


inúmeras citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

220. (Livro) O caráter como forma pura da personalidade - Breve tratado de


Astrocaracterologia. (1997) Olavo de Carvalho – Há inumeráveis citações
sobre o Mário Ferreira dos Santos

221. (Livro) Bandidolatria e Democídio: Ensaios sobre Garantismo Penal e a


Criminalidade no Brasil (2017) Diego Pessi e Leonardo Giardin de Souza – Há
citações sobre o Mário Ferreira dos Santos
222. (Livro) Violência, Laxismo Penal e Corrupção do Ciclo Cultural – 2020 -
Diego Pessi - Há citações sobre o Mário Ferreira dos Santos

223. (Rascunho de Palestra) Notas para um Estudo da Obra de Mário Ferreira


dos Santos - (2015) Rascunho das palestras proferidas sobre a vida e obra de
Mário Ferreira dos Santos na Faculdade Católica de Anápolis, em ocasião da
reunião do grupo de pesquisas em filosofia do direito e história da filosofia, nos
dias 21/11/2015 e 05/12/2015

224. (Livro) Bioética - Hélio Angoti Neto - (2018) - Há citações sobre o Mário
Ferreira dos Santos.

225. (Livro) A Soberania do Destino: Uma Busca Pelo Sentido da Vida (2020)
Diogo Mateus Garmatz - Há inúmeras citações sobre o Mário Ferreira dos
Santos. O filósofo é citado quando o livro trata do cientificismo moderno, da
falsidade do evolucionismo, da existência da verdade absoluta, da estrutura da
realidade e também quando trata da existência de Deus.

[219]
226. (Tese de Doutorado em Letras) A RISADA É UM TRIUNFO DO
CÉREBRO
Aspectos cômicos, filosóficos e literários de El Chavo e El Chapulín - 2020 -
Wilson Filho Ribeiro de Almeida - Há citações sobre o Mário Ferreira dos
Santos

227. (Livro) A Experiência da Constituição – O dever ontológico e o Hábito


Constituindo – (Ramon Laurindo Cardoso, formado em Direito na
Universidade Católica de Santos.) - Editora Thoth - Há várias citações sobre o
Mário Ferreira dos Santos.

[220]
5- Lista das Fotos

1. Mário com 6 anos no filme ''Os Óculos do Vovô''


de 1913

[221]
2. Aqui ele está com uns 7 anos, talvez no Colégio Ginásio
Gonzaga, de Pelotas - RS.

O Aldo conseguiu aumentar essa foto do Mário em 8x, agora ela tem
968x1332. O Mário aqui está com uns 7 anos, talvez no Colégio Ginásio
Gonzaga, de Pelotas - RS. Agora dá para ver melhor o semblante dele. Só
pelo olhar dá para ver uma firmeza e tenacidade incomum, o que acabaria
sendo transformado em uma tempestade de livros, conferências e a
história de um guerreiro num campo de batalha!

[222]
3. O jovem Mário, primeiro de baixo para cima, em 1924, no
Colégio Ginásio Gonzaga. Ele está entre seus colegas: da Esquerda
para a Direita - Mário Ferreira dos Santos, João Alfredo Pitrez,
Procopio G. de Freitas e Pedro D. Carduz. Fotografia contida no
livro de Lembranças do Gymnasio Gonzaga - Pelotas, ano escolar
de 1924, turma do V ano. (Fonte: Elvis Amsterdã - A DIALÉCTICA-
ONTOLÓGICA DE MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS)

[223]
4. Legenda: Ao bom amigo Joaquim/ Com um abraço do
Mário'' (Dedicatória de Mário Ferreira dos Santos a seu
amigo Joaquim Monteiro da Cunha, escrita no verso da
foto de 29/01/1926)
Arquivo Pessoal de Joaquim Alfredo Lhullier da Cunha
(Fonte: Elvis Amsterdã - A DIALÉCTICA-ONTOLÓGICA
DE MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS)

[224]
5. Foto do Mário, essa é de 1928/29, aqui ele está na
chácara em Pelotas- RS, ao lado dele está Yolanda, sua
amada Mulher, e o menino é o irmão caçula dela. Eles se
casaram em 1929. O Mário nessa foto tem 22 anos!
(Fonte: Desconhecida)

[225]
6. Mário Ferreira e a sua Esposa Yolanda, na França. Foto
de 1954!! (Fonte: Facebook)

[226]
6.Nós Colorimos e melhoramos essa Foto com todo o
Carinho usando o Photoshop e Remini.

[227]
7. Uma foto na Carteira de Jornalista no Diário de
Notícias de Porto Alegre. (Fonte: Facebook)

8. Mário, o segundo da esquerda para a direita, recebendo


o vice-presidente da Fox Films do Brasil em 1940 (Fonte:
Diário Popular, por Luís Rubira. 24/07/2020)

[228]
9. Mário à esquerda, na década de 1930, fazendo
propaganda de sua empresa cinematográfica. (Fonte:
Diário Popular, por Luís Rubira. 24/07/2020)

10. Foto do Jornal A Tribuna de 1964. Mário profere uma


conferência no Instituto Santista de Filosofia. Discorre
sobre o tema daquele que, segundo o jornal, seria seu
próximo livro: Integração e Desintegração na Filosofia.

[229]
11. Mário Ferreira dos Santos, sua esposa Yolanda Duro
Lhullier e as filhas Yolanda e Nadiejda na Avenida São
João - SP. Que linda foto, com mais de 50 anos!
(Fonte: Facebook)

[230]
Nós Colorimos e melhoramos essa Foto usando os
Programas: Photoshop; Remini; Recolourise;

[231]
12. Mário Ferreira no casamento de sua Filha em 1958!!
Quê linda Foto! (Fonte: Facebook)

[232]
Nós Colorimos e melhoramos essa Foto usando os
Programas: Photoshop; Remini; Colourise.

[233]
13. Mário Ferreira dos Santos, sua esposa Yolanda Duro
Lhullier e a sua netinha Cláudia! (Fonte: Facebook)

[234]
Nós Colorimos e melhoramos essa Foto usando os
Programas: Photoshop; Remini.

[235]
14. Mário, sua filha Yolanda e o seu netinho
Alberto na Chácara da Casa na Serra Negra – SP

[236]
Nós Colorimos e melhoramos essa Foto usando os
Programas: Photoshop; Remini.

[237]
15. Mário, sua filha Yolanda e o seu netinho Alberto na
Chácara da Casa na Serra Negra – SP (Fonte: Facebook)

[238]
16. Mário, sua filha Yolanda e o seu netinho Alberto na
Chácara da Casa na Serra Negra – SP (Fonte: Facebook)

[239]
17. Mário, sua filha Yolanda e o seu netinho Alberto
na Chácara da Casa na Serra Negra – SP (Fonte:
Facebook)

[240]
Nós Colorimos essa foto usando os programas:
Photoshop; Remini.

[241]
18. O Mário nessa Foto está na Chácara da Casa na Serra
Negra - SP, onde passava as Férias, descansando na
cadeira, mas sempre lendo e anotando algo!
O Mário era incansável! (Fonte: Facebook)

19. Mário na Chácara da Casa na Serra Negra – SP

[242]
20. O Mário nessa foto está num encontro em
Família! (Fonte: Facebook)

21. Não Sabemos qual o ano ou lugar dessa foto,


mas é muito bonita! (Fonte: Facebook)

[243]
22. Mário Ferreira dos Santos, sua esposa Yolanda
Duro Lhullier e a filha Yolanda, Não sabemos qual
o lugar dessa linda foto! (Fonte: Facebook)

[244]
23. Mário Ferreira e o seu netinho Alberto. Ele está
segurando um Cachimbo! (Fonte: Facebook)

[245]
24. Mário Ferreira no Batizado! Não Sabemos qual é o
nome do Bebezinho, parece que ele é o Padrinho! (Fonte:
Facebook)

[246]
25. Mário Ferreira dos Santos, sua esposa Yolanda
Duro Lhullier e sua filha Yolanda, na Esquerda.
Não sabemos os nomes das criancinhas!

[247]
26. Aqui o Mário está em seu escritório na Editora Logos,
não sabemos qual o nome do homem que aparece nessa
foto, se alguém souber, nos avise! (Fonte: Facebook)

[248]
27. Quem coloriu essa foto foi o Danilo Felix, é a melhor foto
colorida que eu já vi do Mário, o trabalho ficou fantástico,
Parabéns! Agora dá para ver a feição do Mário perfeito, e eu
vou te falar, o Mário tem um rosto de pessoa destemida, muito
valente e com uma profundidade no olhar inigualável!

[249]
28. Mais uma foto do Mário Ferreira!
(Fonte: Facebook)

[250]
29. Aqui o Mário está em seu escritório na Editora Logos
(Fonte: Humanismo pluridimensional, Loyola, 1974, v. 2, 1037 p.)
(Foto concedida por Gabriel Coelho Teixeira)

[251]
30. Mário Ferreira ao fundo na Editora Logos.
(Fonte Facebook)

[252]
31. Mário Ferreira na Editora Logos (Fonte: Contra Capa do
Livro ‘’Filosofias da Afirmação e da Negação’’, É Realizações)

[253]
32. Aqui o Mário está junto de amigos na Editora
Logos

33. Aqui o Mário está lá no canto da sala na


Editora Logos

[254]
34. Editora Logos

35. Editora Logos - Vários Funcionários

[255]
36. Editora Logos - Vários Funcionários

[256]
37. Editora Logos. Portifólio da Empresa do Mário!

[257]
38. Onde o Mário Ferreira dos Santos descansa?
(Foto de 2015)

[258]
Relíquia que achamos no Instagram:
Programa do Curso de Filosofia Geral do Prof. Mário Ferreira Dos Santos.

[259]
[260]
Dona Yolanda Lhullier dos Santos, uma das filhas do Mário Ferreira dos
Santos. Ela faleceu em 2013. Se não fosse por ela, por sua mãe e por sua irmã,
juntamente com toda a família Santos, e também com a ajuda preciosa e
incomparável do Olavo, hoje nós não teríamos nada do Mário Ferreira dos
Santos. Entre 1968 e 1983, ano em que o Olavo tomou conhecimento do
Mário, a Família do Mário antes e depois lutou muito para que a sua obra de
algum modo fosse cuidada, mesmo com muitas despesas com fechamento
de empresas, despensa de funcionários, transformar aqueles rolos enormes
de fitas em CDs e muito mais!

[261]
4- Futuro
O Sonho de uma nova Edição da Enciclopédia das Ciências
Filosóficas
A Enciclopédia das Ciências Filosóficas é uma unidade. Ela possui
uma lógica interna e não pode ser publicada separadamente.
De acordo com o estudo do Olavo de Carvalho sobre essa
monumental obra do Mário Ferreira dos Santos, podemos conhecer
como o Mário organizou e estruturou a sua obra Máxima, vejamos
no quadro abaixo:

[262]
O Quadro acima é explicado nessa exata relação dos títulos
dos Livros, logo abaixo:
1- Primeira Série

I Filosofia e Cosmovisão. ------------- Unidade (Síntese)

II Lógica e Dialéctica. ---------------------------- Oposição (Análise)

III Psicologia.---------------------------------------Relação (Análise)

IV Teoria do Conhecimento----------------------Reciprocidade (Análise)

V Ontologia e Cosmologia.----------------------- Forma (Análise)

VI Tratado de Simbólica. ------------------------- Harmonia (Análise)

VII Filosofia da Crise. --------------------------- Mutação (Análise)

VIII O Homem perante o Infinito -------------- Assunção (Análise)

IX Noologia geral: --------------------------------- Integração (Análise)

X Filosofia Concreta. ------------------------------ Unidade Transcendente (Concreção)

2- Segunda Série
Série Intermediária de estudos práticos dos conceitos estudados na
Primeira Série
(Numeração Livre)

(A) Publicados

I Filosofia Concreta dos Valores.

II Sociologia Fundamental e Ética Fundamental

III Pitágoras e o Tema do Número.

IV Aristóteles e as Mutações (tradução e comentário de Da Geração e da

[263]
Corrupção das Coisas Físicas, de Aristóteles).

V O Um e o Múltiplo em Platão (tradução e comentário do Parmênides, de Platão).

VI Métodos Lógicos e Dialécticos.

VII Filosofias da Afirmação e da Negação.

VIII Tratado de Economia.

IX Filosofia e História da Cultura.

X Análise de Temas Sociais.

XI O Problema Social.

XII Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais.

XIII Origem dos Grandes Erros Filosóficos.

XIV Grandezas e Misérias da Logística.

XV Erros na Filosofia da Natureza.

XVI Das Categorias, de Aristóteles (tradução, notas e comentários).

XVII Isagoge, de Porfírio (tradução, notas e comentários).

XVIII Protágoras, de Platão (tradução, notas e introdução).

XIX O Apocalipse de S. João: A Revelação dos Livros Sagrados.

XX Comentários a S. Boaventura. Original datilografado, 100p.

XXI As três críticas de Kant. Original datilografado, 226p.

XXII Comentários aos “Versos Áureos” de Pitágoras. Original datilografado, 88p.:


mais tradução dos Comentários de Hiérocles, 57p.

XXIII Cristianismo, a Religião do Homem. Original datilografado, 69p.

[264]
XXIV Tao-Te-Ching,de Lao-Tsê (tradução e comentários). Original datilografado,
85p.

XXV Filosofia e Romantismo. Inacabado. Original datilografado, 42p.

XXVI Brasil, País de Excepção. Inacabado. Original datilografado, 50p.

XXVII Santo Tomás e a Sabedoria – e outras palestras inéditas. Transcrição


datilografada, 159p.

XXVIII Enéadas, de Plotino. Tradução. Original datilografado, 179p.

XXIX De Primo Principio, de John Duns Scot. Tradução. Original datilografado,


68p.

XXX Da Interpretação, de Aristóteles. Tradução. Original datilografado, 36p.

3 - Terceira Série

I A Sabedoria dos Princípios. ------------- Unidade (Síntese)

II A Sabedoria da Unidade. ------------------ Oposição (Síntese)

III/ IV A Sabedoria do Ser e do Nada ------- Relação/Reciprocidade (Síntese).


(2 Volumes)

V A Sabedoria das Leis Eternas -------------- Forma (Análise).

VI Dialéctica Concreta. ------------------------ Harmonia (Análise)

VII/ VIII Tratado de Esquematologia------- Mutação/ Assunção (Análise).


(2 Volumes)

IX Teoria Geral das Tensões. -----------------Integração (Análise).


X Deus ------------------------------------------- Unidade Transcendente (Concreção)
(Fonte: Livro: A Sabedoria das Leis Eternas, Introdução, Edição e
Notas de Olavo de Carvalho, É Realizações 2001)

[265]
O nosso sonho um dia vai se tornar real: A Enciclopédia das Ciências
Filosóficas Completa, Editada e em Capa Dura. Assim é o sonho de todo mundo.
Temos vários exemplos de Enciclopédias e Coleções de Livros publicados
pelo mundo que são um verdadeiro ponto de inspiração e de partida para que a
obra do Mário seja publicada da maneira que se deve.

I - La Biblioteca del Sapere del Corriere della Sera


Enciclopedia Rizzoli Larousse 2003
35 volumes – completa

1 - 22 - Enciclopedia
23 - 26 - Dizionario della lingua
italiana
27 - 28 - Dizionario Inglese /
Italiana e Italiano / Inglese
29 - Atlante geografico
30 - Atlante storico
31 - 32 - Dizionario medico
33 - 35 - Storia dell'arte italiana

[266]
II - Storia Universale
Começando do Antigo Egito (vol.I) até a Segunda Guerra Mundial (vol. XXIV) e com a
adição de mais 5 vols. dedicado à história do mundo islâmico, China, Rússia, Estados
Unidos e Índia, reúne o que de melhor se produziu nos últimos anos pelas editoras
italianas e europeias.

O colar é indivisível.

Plano da obra:

-Vol, 1 “Antigo Egito” de Nicolas Grimal


-Vol. 2 “Grécia Clássica” de Domenico Musti
-Vol. 3 “Civilizações mesopotâmicas” por Mario Liverani
-Vol. 4 “Roma: das origens à era republicana” de Robert M. Ogilvie e Michael H.
Crawford
-Vol. 5 “O Império Romano” por Colin M. Wells
-Vol. 6 “O Nascimento da Europa Cristã” por Peter Brown
-Vol. 7 “The Middle Ages” de Giovanni Tabacco e Grado G. Merlo
-Vol. 8 “The Age of Charlemagne” por Heinrich Fichtenau
-Vol. 9 “A civilização bizantina” por Cyril Mango
-Vol. 10 “The Maya Civilization” por Herbert
Wilhelmy -Vol. 11 “The Renaissance” de Peter Burke
-Vol. 12 “Europa do século XVI” por HG Koenigsberger-GL Mosse-GQ Bowler
-Vol. 13 “A Europa do século XVII”, de Henry Kamen
-Vol. 14 “Europa do século XVIII” por William Doyle
[267]
-Vol. 15 “A Revolução Francesa” de François Furet e Denis Richet
-Vol. 16 “The Napoleonic Empire” por Stuart J. Woolf
-Vol. 17 “The Age of Nations” de Eric J. Hobabwm
-Vol. 18 “O Risorgimento Italiano” de Alfonso Scirocco
-Vol. 19 “The Age of Empires”, de Eric J. Hobsbawm
-Vol. 20 “Século XX °” de Marcello Flores
-Vol. 21 “A Primeira Guerra Mundial” por David Stevenson
-Vol. 22 “A Revolução Russa” por Ettore Cinnella
-Vol. 23 “Fascismo” de Pierre Milza e Serge Berstein
-Vol. 24 “A Segunda Guerra Mundial” por John Keegan
-Vol. 25 “História dos Estados Unidos” por Maldwin A. Jones
-Vol. 26 “História da China” de Mario Sabattini e Paolo Santangelo
-Vol. 27 “História da Rússia”, de Nicholas V. Riasanovsky
-Vol. 28 “O Mundo Islâmico” de Pier Giovanni Donini
-Vol. 29 “História da Índia” Michelguglielmo Torri
-Vol. 30 Cronologia Universal

3- A grande enciclopédia médica 2010 da Repubblica e L'Espresso"

Projeto editorial impressionante e confiável, o resultado da colaboração com a UTET Medical


Sciences.
Uma grande obra que reúne, de A a Z, todo o conhecimento sobre as questões de saúde e
medicina.
Volumes 1-15 de A a Z;
Vol. 16 Dicionário de Homeopatia
Vol. 17 Healing with Plants
Vol. 18 Baby's Health
Vol. 19 Guia de Nutrição

[268]
4-ENCYCLOPEDIA SUMMA ARTIS

História Geral da Arte. Editado por Espasa Calpe. Perfeitamente conhecido em todo o
mundo. É composto por 47 volumes. Encadernado em capa dura e todos os volumes
com capa da mesma editora.

V - Grande enciclopédia Universal 2004 (espasa), em


30 volumes.

[269]
VI - The Encyclopedia of Religion
É uma enciclopédia internacional, em inglês, que apresenta as principais ideias,
práticas e personalidades da história das religiões humana desde o Paleolítico até o
período contemporâneo. A obra foi publicada pela editora americana Macmillan
Reference USA, que pertence ao grupo editorial Thomson-Gale, que por sua vez é
propriedade da Thomson Corporation. A primeira edição da Encyclopedia of Religion,
contendo 16 volumes, foi publicada em 1987 sob a coordenação de Mircea Eliade, um
cientista e escritor romeno, que organizou e liderou o programa de História das
Religiões na Universidade de Chicago.

[270]
VII -Quando é que teremos algo assim com as Obras do Mário Ferreira
dos Santos? Olha que Beleza de Edição!! Que Linda!! Que
profissionalismo! Saiu agora! Lançamento das Obras Completas do Pe.
Leonel Franca. S.J

[271]
VIII - Obra do Mário Ferreira dos Santos que está sendo editada
pela É-Realizações, comparativo entre a Enciclopédia Britânica e as
edições esculhambadas e sem unidade nenhum com o conteúdo
organizado nos 48 Volumes que o Mário publicou!

[272]
Não permitem o compartilhamento de um simples Áudio,
basta ver os inúmeros que foram removidos do Youtube e
dos arquivos em PDF que são difíceis de se encontrar na
Internet!

A História:

Laudelino A. De Oliveira Lima, no grupo Filosofia e Obra


de Mário Ferreira dos Santos (15 de agosto de 2017)
‘’Comunicado ao grupo. Trabalhando no sentido de unificar gratuitamente e
em um único local, disponibilizar as dezenas de aulas do filósofo Mario
Ferreira dos Santos (tal como fiz com o professor Jo'se Monir Nasser
http://www.monircom.br), fui informado pela editora É Realizações, de que
a mesma possui todos os direitos e que tal ação não poderia ser realizada.
Estou interrompendo o trabalho. Segue a mensagem:

Prezado Laudelino,
Bom dia.
Confirmamos o recebimento de seu e-mail.
Informamos que a Editora É Realizações adquiriu os direitos autorais
patrimoniais da obra completa do autor MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS,
englobando todas as suas aulas.
Nossa editora, através do departamento jurídico, realiza o trabalho de buscar
eventuais disponibilizações das obras sem autorização e solicita sua imediata
retirada do ar quando as identifica.
Desta forma, informamos que não temos interesse na sua proposta de criação
do site e utilização de nosso domínio, pois temos projeto já elaborado para
criação do referido site e comercialização da obra.
Solicitamos, ainda, que não disponibilize as referidas aulas sob pena de
termos que notificá-lo para a imediata retirada por violação aos direitos
autorais.
Qualquer dúvida estamos à disposição.

Comentário do: Wilson Filho Ribeiro de Almeida

O problema começou antes disso. Conforme uma anotação que fiz lá no grupo
do Mário, foi no dia 16 de junho de 2015 que o Facebook apagou a maioria
dos arquivos que a gente tinha lá no arquivo do grupo.
Acho que ela já tinha comprado bem antes disso (ali por volta de 2010). Mas
foi em 2015 que ela entrou em contato com o Facebook, fazendo a denúncia
por direitos autorais. Daí eu lembro que quem tinha colocado alguma obra do
Mário no grupo recebeu um e-mail do Facebook, pedindo pra tirar os
arquivos (sob ameaça de ser bloqueado, se não me engano). E acho que
também teve alguns arquivos que já foram apagados automaticamente, mas
não tenho certeza. ‘’

[273]
[274]

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