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Bronquiolite
A bronquiolite é uma virose, causada principalmente pelo Vírus Sincicial
Respiratório VSR que afeta as Vias Aéreas Inferiores. É a maior causa de
hospitalização em lactentes até 2 anos, e a maior incidência é entre outono e
inverno. É também chamada de Doença da Criança Sadia.
A maioria das crianças são infectadas no primeiro ano de vida, e virtualmente
todas serão expostas ao vírus até o final do 2º ano, com reinfecções durante toda
a vida.

Quais são os agentes etiológicos da bronquiolite?


O vírus mais comum é o VSR 75% dos casos), seguido pelo rinovírus.
Outros vírus que podem causar a bronquiolite são:

metapneumovírus

influenza

adenovírus

coronavírus

bocavírus

Mais de um terço dos casos apresenta mais de um agente infeccioso.


O VSR é um RNA vírus, não segmentado e envelopado, da família
Paramyxoviridae.

Quais são os grupos de maior risco?

Lactentes < 6 meses

Prematuros 32 semanas de IG ao nascer

Bronquiolite 1
Doença pulmonar crônica da prematuridade e cardiopatas

Sistema imune imaturo

Desmame precoce

Anemia

Infecções de repetição

Uso de corticoides

Qual a fisiopatologia da bronquiolite?


O vírus infecta as células epiteliais dos bronquíolos terminais causando dano
celular e inflamação peribonquiolar.
Como consequência da inflamação há edema, excesso de muco, dano ciliar e
necrose de células epiteliais, causando obstrução das pequenas vias aéreas e
atelectasia.

Vias de transmissão do VSR


Contato direto com secreções de pessoas contaminadas ou superfícies e
objetos contaminados. Na pele o VSR vive por cerca de 1 hora, e nas
superfícies por até 24 horas
O VSR atinge o organismo a partir da membrana mucosa dos olhos, boca ou
nariz ou pela inalação de gotículas da tosse ou espirro. Replica na nasofaringe
e o período de excreção viral é de 2 a 8 dias ou até a melhora clínica. O
período de incubação é de 4 a 5 dias.

RN, lactentes jovens e pacientes imunocomprometidos podem disseminar o


vírus até 3 ou 4 semanas.

Qual é o quadro clínico?


A bronquiolite pode se expressar desde forma leve e assintomátiva até grave,
com IRA e comprometimento do estado geral.

Ela se inicia com quadros de Via Aérea Superior, como rinorreia e obstrução
nasal.

Bronquiolite 2
Em seguida aparecem sinais e sintomas de Via Aérea Inferior, como tosse,
taquipneia, sibilos, crepitações e uso de musculatura acessória, podendo
evoluir com apneia e IRA. Vale lembrar que alguns RNs e lactentes podem ter
casos de apneia fisiológica, então é importante diferenciar.

Como se dá o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, baseado na história e exame físico

Em alguns casos, faz-se necessária a detecção do agente etiológico, como:

Pacientes imunocomprometidos

Casos graves da doença

Quando é necessário guiar a terapia antiviral com maior especificidade

Para reduzir o uso de antimicrobianos

Estabelecer medidas de isolamento hospitalar

O isolamento do vírus em cultura de tecido é um método caro, demorado e


difícil de realizar.
A detecção de antígenos virais identifica fragmentos antigênicos por
imunofluorescência ou por testes de detecção antigênica rápida. Sensibilidade
de 80 a 90%
Também pode ser feito o PCR para detecção de sequência de ácidos
nucleicos ou sorologias

Qual é o tratamento para bronquiolite?


Apenas tratamento de suporte, pois não há tratamento que abrevie o curso e
a resolução dos sintomas.

Higiene das mãos

Evitar tabagismo passivo

Antitérmico SN

Higiene de cavidade nasal com solução salina

Alimentação adequada

Bronquiolite 3
Ficar de olho em sinais de alerta de agravamento

Na internação, o tratamento de suporte inclui:

Oxigênio se sat < 92% de 1 a 2 l/min, umidificado. Considerar

Hidratação por sonda ou EV e nutrição. Considerar

Sucção de VAS, pois a higiene das narinas facilita a respiração e a


alimentação, mas tomar cuidado para não causar irritação. Fazer
superificial. Não recomendado

Fisioterapia respiratória (ainda há divergências a respeito). Não


recomendado

Cânula nasal com alto fluxo Considerar

Oximetria Considerar

Sobre os medicamentos:

Broncodilatadores: não há indicativo de redução da taxa de internação.


Não recomendado

Adrenalina por nebulização: também não há comprovações. Pode ser


usado, mas manter apenas se houver melhora clínica imediata. Não
recomendado

Solução Salina Hipertônica SSH por nebulização tem papel indefinido e


não reduz o tempo de internação. Considerar

Corticosteroides: não tem evidência de redução na taxa de internação.


Não recomendado

Antivirais, como ribavirina, não são recomendados por conta da


dificuldade de administração e alto custo. Não recomendado

Quando internar o paciente?


Basta apenas um dos critérios abaixo:

Episódios de apneia não fisiológica

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Piora do estado geral: hipoatividade, prostração, acorda apenas com
estímulos prolongados

Desconforto respiratório: gemência, retração torácica, Sat<92%, FR60,


cianose central

Sinais de desidratação

Recusa alimentar ou ingestão reduzida

Prematuridade 32 semanas

Condição social ruim

Dificuldade de acesso ao serviço de saúde caso haja uma piora clínica

Incapacidade ou falta de confiança para identificar os sinais de alerta

Prognóstico
BVA (bronquiolite viral aguda) com internação hospitalar está associada a um
aumento de sibilância recorrente

Infecções do trato respiratório associam-se a mais episódios de sibilância, que


diminui com a idade

Qual é a profilaxia?

Medidas gerais de prevenção e higiene, principalmente quando os bebês e a


família são mais expostos. Também se aplicam ao ambiente hospitalar

A imunização passiva com Palivizumabe é indicada para alguns grupos


específicos. É um anticorpo monoclonal que tem atividade neutralizante e
inibitória da fusão do VSR no epitélio respiratório. É de rápida eliminação e tem
meia vida de 20 dias, portanto é de administração mensal, iniciando um mês
antes da sazonalidade e totaliza 5 aplicações seguidas. Não interfere em
vacinas. A aplicação é IM na coxa, 15mg/kg.

Desde 2013 o Palivizumabe é fornecido para:

Prematuros até 28 semanas e 6 dias de IG, menores de um ano de idade

Crianças portadoras de cardiopatia congênita com repercussão


hemodinâmica demonstrada até o segundo ano de vida

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Crianças portadoras da Doença Pulmonar Crônica da prematuridade,
independente da IG, até o segundo ano de vida

O que é a Insuficiência Respiratória Aguda IRA?

Incapacidade do sistema respiratório de manter a oxigenação e/ou a


ventilação, gerando falha no suprimento das demandas metabólicas do
organismo.

Os critérios são:

PaO2 < 60 mmHg

PaCO2 > 55mmHg

Sat O2 < 90%

Pela gasometria arterial, define se é tipo I (hipoxêmica PaO2 baixa e PaCO2


normal) ou tipo II PaO2 baixa e PaCO2 elevada)

Pode definir também pela localização anatômica: VAI ou VAS

Ou pode definir pelo tipo de hipóxia:

hipoxêmica: queda de PaO2 no sangue arterial

anêmica: queda de Hb

circulatória: queda da perfusão tissular

histotóxica: incapacidade de metabolizar o O2 disponibilizado

Tempo: aguda ou crônica

Diagnósticos diferenciais

Muito raro encontrar asma em lactente, é uma doença de criança mais


velha. Fala-se, portanto, em bebê chiador ou criança sibilante

História familiar

A bronquite é a inflamação / infecção dos brônquios causado por vírus ou


bactérias

Bronquiolite 6
PNEUMONIA

Precisa ter tosse produtiva e na ausculta deve ter murmúrio diminuído com
crepitações, finas bolhas.

Se for bacteriana não há sibilo, pois há infecção de parênquima e


consolidação. Quando é viral, há inflamação e edema com contração dos
bronquíolos e sibilo.

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