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PERGUNTA: “Você ressalta muito o amor mútuo e nos convida insistentemente a vivê-lo.
Por quê”?
CHIARA: «Porque prezo muito isso. Penso que o Mandamento Novo é o coração da
espiritualidade do Movimento dos Focolares, porque tenho a impressão de que tudo
converge para o Mandamento Novo. Inclusive o restante da espiritualidade, tudo existe para
poder realizar bem o Mandamento Novo. Passemos brevemente em revista os pontos da
espiritualidade: os senhores verão que é assim.
Deus Amor, porque é amor, é Trindade, é amor mútuo: Deus é o modelo do amor mútuo.
Depois, o segundo ponto é a vontade de Deus. Nós descobrimos – mas porque o Espírito
Santo fez com que descobríssemos – que existe alguma coisa que é particularmente querida a
Deus, a Jesus e, portanto, lhe importa, é justamente o Mandamento Novo, seu e novo.
Depois, o amor pelo próximo: é o caminho para chegar ao amor mútuo.
Outro ponto é o amor mútuo: é o amor mútuo.
A unidade é o efeito do amor mútuo. Jesus no meio é o fruto do amor mútuo. Jesus
Abandonado é o meio para ter o amor mútuo. Jesus Eucaristia é o vínculo da unidade. A
Igreja é o ambiente do amor mútuo.
A Palavra de Deus é essencial para um amor mútuo divino, destilado, como Deus o concebe,
porque sem a humildade, sem a paciência… não existe amor verdadeiro.
Depois, temos Maria, que é o exemplo típico do amor mútuo. […] Nossa Senhora fez a sua
parte porque, para amar segundo o amor mútuo, é necessário amar com a medida de Jesus. E,
aos pés da cruz, ela atingiu essa medida. Com a sua desolação, viveu o abandono. Perdendo
Jesus, perdeu Deus, de certo modo. […]
O Espírito Santo é justamente a expressão do amor mútuo em Deus.
Além disso, vejo os efeitos. Se vivemos o amor mútuo, os efeitos são extraordinários; se não
vivemos o amor mútuo, tudo esmorece.
Tenho a impressão de que o amor mútuo é como a moeda corrente de hoje, e quem não vive
o amor mútuo tem uma moeda fora de circulação, de outras épocas. […]
Então, por que ressalto isso? Oh! Sou fixada no amor mútuo, sou fixada, mas me parece uma
fixação do Espírito Santo: “Mira lá [ao amor mútuo], nele morrem todos os ‘homens velhos’,
com ele você renova a Igreja, com ele você reforma as estruturas”. Sim, sim, absolutamente,
sobre isso falarei ainda e falarei muito, até me certificar de que os cristãos estão
resplandecentes, luminosos».
(Chiara Lubich, “O Amor Mútuo”, Das respostas aos religiosos e sacerdotes de Loppiano, 26
de junho de 1989)
"A FÉ É O AMOR"
CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020✨🕯✨ ️ 🕯️
CHIARA:«Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te
daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível (Mt 17,20).
Para viver essa Palavra no momento presente, para ser essa Palavra no momento presente,
vivo acreditando e agindo de modo que, em mim e à minha volta, seja removida cada
montanha e, em seu lugar, viva o Espírito Santo.
Quero ser este milagre vivo: o Espírito Santo encarnado.
Por isso, desapego-me de tudo, momento por momento, inclusive de Deus por Deus, vivendo
Jesus Abandonado como objetivo do momento presente. Jesus Abandonado é a palavra; cada
Palavra é Ele.
A fé é o amor. Quem crê ama. Como quem conhece ama. Ter fé em transportar as montanhas
é amar transportá-las. E eu amo transportar, momento por momento, a montanha em mim,
para que viva Deus, o Espírito Santo.
Mas – durante o meu dia – quero transportar cada montanha que encontro na alma do irmão
ou dos irmãos. Incinero-as com o amor.
Ou seja, quero aquele peso, aquele abandono, aquela montanha, e acredito (e amo)
transportá-la. É preciso supor que ela não exista, pois quem ama não vê obstáculo.
E a transportarei.
Devo ter no coração apenas uma coisa: amar.
E colocar esse amor na base.
Então, viverei o meu dia inteiro transportando todas as montanhas, incendiando todas as
pessoas».
(Chiara Lubich, de um escrito de 10/12/1949)
UM TABERNÁCULO...
CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020✨🕯✨
️ 🕯️
A “CASETTA” DA PRAÇA
DOS CAPUCHINHOS DE TRENTO
(CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020)✨✨✨
SILVANA: «(...) Não tive tempo, porém, de fazer outras conjecturas, porque logo nos
detivemos na praça e batemos à porta de uma casa sem campainha. Abriram a porta.
Encontrei-me no limiar de uma cozinha um pouco comprida, de assoalho de madeira não
trabalhada. O Chão tinha sido esfregado recentemente e cheirava a limpo. Atrás da porta, à
direita, havia uma pia de pedra bastante gasta.
(...) No sábado, às três e quinze, cheguei à igreja de São Marcos. Chiara veio até mim, a
passos rápidos. Era realmente alegre e comunicativa, tal como eu a tinha visto na quarta-
feira. Angelella, que estava com ela, cumprimentou-me como se já nos conhecêssemos havia
muito tempo (...). Aletta apresentou-se a mim. Confidenciou-me logo (...) que não se
chamava realmente Aletta; este era um “nome novo” que tinham escolhido para ela, pois na
aventura com que se tinham comprometido precisavam correr, voar. Ela, de fato, era leve e
ágil como um passarinho. E seu nome, Aletta, significa, em italiano, pequena asa.
(...) Conheci Lia, com suas mãos pequeninas, delicadas... Dori era uma jovem de rosto um
pouco arredondado, com ar de boneca, vestida à tirolesa, com uma blusa branca de mangas
fofas.
(...) Fiquei sabendo que elas se reuniam também outras vezes num grupo menor, na praça
dos Capuchinhos. Soube também que Chiara tinha ido morar lá porque sua casa fora
destruída pelo bombardeio do dia 13 de maio de 1944. Foi o que me contaram Natália e
Giosi, a quem tinha conhecido melhor no sábado anterior. Chamavam aquele pequeno
apartamento de “casetta” (casinha, em italiano)».
(trechos extraídos do livro “E a vida renasce entre as bombas..”, Silvana Veronesi, ed.
Cidade Nova, 2014)
COM CORAÇÃO DE MÃE
(CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020)✨✨✨
CHIARA LUBICH: «Façamos este propósito: vou comportar-me com todas as pessoas de
quem me aproximar, ou para quem trabalhar, como se fosse a mãe delas.A mãe sempre
acolhe, sempre ajuda, sempre espera, tudo cobre.
A mãe perdoa tudo ao filho, mesmo que ele seja um delinquente ou um terrorista. De fato,
amor de mãe é muito semelhante à caridade de Cristo, de que fala Paulo.Se tivermos um
coração de mãe ou, mais especificamente, se nos propusermos a ter o coração da Mãe por
excelência, Maria, estaremos sempre prontos a amar os outros em todas a circunstâncias.
Amaremos a todos e não apenas aos membros da nossa Igreja, mas também aos membros
das outras. Não apenas os cristãos, mas também os muçulmanos, os budistas, os hinduístas
etc. Inclusive os homens de boa vontade, inclusive cada homem que vive na terra. Porque a
maternidade de Maria é universal, como universal foi a Redenção».
DEUS!
(CHIARA LUBICH 💯ANOS: 1920-2020)✨✨✨
CHIARA: «Quando éramos jovens como vocês, como a maioria aqui, sempre nos
impressionou muito uma frase que Santa Clara disse a São Francisco quando ele a atraiu para
o seu caminho. São Francisco lhe perguntou: “Filhinha, o que desejas?” Poderíamos pensar
em mil coisas, que ela dissesse: “Quero seguir-te no caminho da pobreza, tornar-me freira,
fechar-me num convento”, etc. Ao invés, ela acertou em cheio. “Filhinha, o que desejas?” e
ela respondeu: “Deus”. Desejava Deus, escolhia Deus, porque ele a tinha escolhido.
É a mesma escolha que fizemos no início do Movimento. Fizemos uma única escolha: Deus!
Em meio aos bombardeios e todas as coisas, emergiu Deus. Acreditamos em Deus e o
escolhemos como ideal da nossa vida. Constatamos que esta realidade é sempre nova porque
a escolha de Deus nos faz pospor todas as riquezas que vamos acumulando até mesmo sem
perceber. Pode ser que sejamos ricos do focolare, das coisas, ricos da nossa inteligência, dos
estudos. Somos ricos, não sei, dos nossos parentes, do nosso sacerdócio, de tantas outras
coisas. O nosso ideal, que é Jesus abandonado, que é o nada, que se fez nada, nos ajuda a
pospor tudo para colocar Deus acima de tudo, para viver segundo a vontade de Deus. É o que
Santa Clara nos relembra também hoje. Ela agiu assim escolhendo o caminho da pobreza.
Nós o fazemos escolhendo o caminho da unidade, tendo sempre Jesus entre nós, o
Ressuscitado, e a presença de Jesus em nós em virtude do amor a Jesus abandonado».
(Chiara Lubich, Mollens, Suíça, 11 de agosto de 1987)
UMA CONSTELAÇÃO
CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020 ✨✨✨
CHIARA: «Queremos fazer uma constelação em que cada estrela seja mais bonita porque
está junta com as outras...».
(Chiara Lubich, 1945)
MARIA
CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020 ✨✨✨
CHIARA: «Maria tinha usado para o nosso Movimento o mesmo método que utilizara para a
Igreja: manter-se na sombra para dar todo o relevo a quem o devia ter, isto é, o seu Filho que
é Deus. Mas quando chegou o momento do seu ingresso – por assim dizer, oficial – no nosso
Movimento, ela se mostrou, ou melhor, Deus a revelou grande em proporção de quanto tinha
sabido desaparecer. Foi em 1949 que Maria disse ao nosso coração, verdadeiramente algo de
si. Aquele foi um ano de graças especiais, talvez um “período iluminativo” da nossa história.
Entendemos que Maria, incrustada como rara e única criatura na Santíssima Trindade, era
inteiramente Palavra de Deus, era toda revestida da Palavra de Deus. E se o Verbo, a Palavra,
é a beleza do Pai, Maria, substanciada de Palavra de Deus, era de uma beleza incomparável.
Foi tão forte a nossa impressão, diante desta compreensão, que até hoje não podemos
esquecê-la. Aliás, compreendemos como então nos parecia que somente os anjos poderiam
balbuciar algo sobre ela. Vê-la assim nos atraiu e fez nascer um amor novo por Ela. Amor ao
qual ela respondeu evangelicamente, manifestando-se mais claramente à nossa alma na sua
realidade de Mãe de Deus. Theotókos. Não apenas, portanto, a jovenzinha de Nazaré, a mais
bela criatura do mundo, o coração que contém e supera todos os amores das mães do mundo,
mas: a Mãe de Deus. E naquele momento – não sem uma graça de Deus – Maria nos revelou
uma dimensão de si mesma que, até então, para nós havia permanecido totalmente ignorada.
Sim, porque antes víamos Maria diante de Cristo e dos santos – para fazer uma comparação
– como no céu se vê a lua (Maria), diante do sol (Cristo) e as estrelas (os santos). Agora não.
A Mãe de Deus abraçava, como um enorme céu azul, o próprio sol (…).
Mas esta nova, luminosa compreensão de Maria, não permanecia pura contemplação (…).
Tornou-se claro que Maria representava para nós um modelo, o nosso “dever ser”, enquanto
víamos cada um de nós como um “poder ser” Maria».
(Chiara Lubich, "Maria", 2000/ focolare.org)
IR EM FRENTE COM CORAGEM!
CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020 ✨✨✨
CHIARA: «No cumprimento da vontade de Deus que consiste em amar a Deus e ao próximo
numa medida tal que sejam consumados na Unidade, vocês encontrarão a cruz na qual
devem crucificar-se. Não tenham medo! Pelo contrário, alegrem-se! Caminhem em direção à
Meta de vocês! Jesus precisa de almas que saibam amar assim: que o escolham não pela
alegria que lhes dá o fato de tê-lo seguido; não para ganhar o Paraíso e o prêmio Eterno, e
nem mesmo para sentirem-se com a consciência tranquila. Não, não e não! Mas somente
porque a alma sedenta do Amor verdadeiro, quer ser uma coisa só com Ele, quer consumar a
sua alma na alma Dele, naquela Alma Divina dilacerada até a morte, triste e aflita, forçada a
gritar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste”?
Não tenham medo do sofrimento! Pelo contrário: ou sofrer, ou morrer! Mas procurem o
sofrimento que é oferecido pela vontade de Deus, não só a vontade de Deus determinada
pelos superiores (nas simples ordens da obediência), mas aquela que é Amor Recíproco – o
Mandamento Novo – a Pérola do Evangelho! Façam de tudo, façam tudo aquilo que
puderem para ser “uma coisa só” entre vocês e com todas as outras. Elas são os “próximos”
de vocês: portanto amem a todas como a vocês mesmas. (...)
Não se lamentem se é difícil viver o Ideal. Vocês o quiseram, sejam do Ideal. E cantem
aquela alegria, a única que se pode chamar “perfeita”. No final eu faço uma pergunta: “a
vossa alegria seja completa” e “a oferta seja feita com alegria”, vocês acham que Jesus possa
se contradizer? Não. Nunca. Jesus disse: “O meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. E deve
ser sempre assim. Então, vão em frente com coragem! Mesmo se vocês fossem crucificadas
como Ele, vivam o momento presente e no presente sejam felizes por serem como Ele;
(porque alcançando o Ideal vocês experimentarão que todo jugo é suave e todo peso é
leve!)».
(Chiara Lubich, Cartas, Trento, 5 de janeiro de 1947)
AQUELA VOZ
(CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020) ✨✨✨
CHIARA LUBICH: «Tínhamos uma bússola para acertar a vontade de Deus: era “a voz”
dentro de nós, a voz do Espírito. “Ouça aquela voz!” era uma exortação nossa. E, naqueles
tempos, falar de “voz” era arriscar passar por hereges, do mesmo modo que não era fácil para
os leigos falar de Evangelho, nem de amor. Habituamo-nos a ouvir “aquela voz” para
conhecer a vontade de Deus.
Tempos depois, entendemos um dos motivos pelo qual Deus criou o focolare. A presença de
Jesus em meio a nós era como o alto-falante que ampliava a voz de Deus – fazendo-nos
ouvi-la mais claramente – dentro de cada um de nós. No focolare – dizemos – estamos entre
dois fogos: Deus em nós e Deus em meio a nós. Ali, naquela fornalha divina, formamo-nos e
treinamos para ouvir e seguir Jesus. E não é, por acaso, o pensamento de são Paulo que, para
se entender a vontade de Deus, é bom estar inserido numa comunidade cristã onde Cristo
vive (cf. Fl 1,9-10)? […].
[…] Nossa aplicação era cumprir com toda a perfeição a vontade de Deus significada, mas
com a elasticidade de quem sabe mudar de rota assim que Deus manifesta um seu querer
diferente.
E observávamos entre nós as que eram mais propensas a cumprir um ou outro tipo de
vontade de Deus e se constatavam méritos e defeitos disso. […]
Quem era mais propensa a seguir a vontade de Deus significada, descuidando a de
beneplácito, era levada a não ouvir a voz da consciência que a alertava sobre o novo querer
de Deus, portanto, a viver com pouca intimidade com Ele, a não se dar a Ele com todo o
coração, e, mesmo acreditando estar apegada aos próprios deveres, na prática, estava
apegada a si mesma.
Ao contrário, quem seguia mais de bom grado a vontade de Deus de beneplácito conhecia
melhor a poesia do Evangelho e sabia descobrir mais rapidamente a linha de ouro da
providencial mão de Deus em todas as coisas. Mas, às vezes, ajudada pela fantasia,
acreditava ver Deus em toda a parte e mostrava a vida evangélica de modo aventuroso e
romântico demais, tirando dela o que nela existe de mais belo: a normalidade de uma vida
sobrenatural, simples, não artificial nem excessiva, pura e harmoniosa, como é a natureza,
como é Maria.
Aqui está então toda uma aplicação para ser realmente aquilo que Deus queria no momento
presente, para captar, momento por momento, o desígnio de Deus para cada um de nós».
“A FAMÍLIA É O FUTURO”
(CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020) ✨✨✨
[…] Jesus disse: «Onde dois ou três estão unidos no meu nome – ou seja, no meu amor –,
eu estou no meio deles» É uma esplêndida possibilidade oferecida também à família: tornar-
se lugar da presença de Deus.
Para uma família que vive assim, nada é indiferente, daquilo que acontece ao seu
redor. Sendo simplesmente aquilo que é, ela tem a capacidade de testemunhar, anunciar,
sanar o tecido social ao seu redor, porque a vida fala e opera por si só. Sei por experiência
que a família sabe abrir casa e coração para as urgências e os as urgências e as urgências e os
ddramas que invadem a sociedade, e amenizar a sua solidão e marginalização. Ela sabe até
mesmo concretizar e organizar a solidariedade em vasta escala, com ações eficazes que
influenciam as instituições; impedir a aprovação de leis e disposições errôneas, orientar os
políticos. Pela presença ativa dos seus membros nos vários setores da sociedade, a família
abre um diálogo com as instituições, sabe encontrar os meios para atender às necessidades
concretas, criar a consciência e as condições para adequadas políticas familiares e para
formar correntes de opiniões fundadas sobre valores.
Creio que para o mundo não existe nada mais lindo do que uma família assim. Por quê,
perguntemo-nos, o que a humanidade busca? A felicidade. E onde a procura? No amor, na
beleza. E para obtê-la está disposta a qualquer coisa. Lá, naquelas famílias, existe a plenitude
do amor humano e a beleza do amor sobrenatural.
Eu conheço famílias assim e são realmente maravilhosas! Elas exercem uma grande
atração sobre todos. Aparentemente parecem famílias como as outras, mas escondem um
segredo, um segredo de amor. A dor amada as une a Cristo que mora nos seus lares, atraído
pelo amor mútuo e, com estas famílias, ele está transformando o mundo.
Quis partilhar com vocês estas reflexões que tirei do profundo do meu coração e da
experiência de muitas famílias. Gostaria de despertar em todos nós um compromisso
concreto de ação em todas as formas e de todos os modos possíveis para o verdadeiro bem da
família. É extremamente importante a saúde da primeira célula da sociedade para o destino
de toda a humanidade.
“Salvar a família – escreveu o grande escritor católico, Igino Giordani – é salvar a
civilização. O Estado é feito de famílias; se estas decaem, também aquele vacila”. E disse
ainda: «Os esposos se tornam colaboradores de Deus dando à humanidade vida e amor. […]
Amor que da família se expande para a profissão, para a cidade, para a nação, para a
humanidade. É uma distribuição em círculos como uma onda que se propaga até o infinito.
Há vinte séculos arde uma inquietude revolucionária, acesa pelo Evangelho, e requer amor”.
Chiara Lubich
“SEJAM UMA FAMÍLIA”
(CHIARA LUBICH 💯 ANOS: 1920-2020) ✨✨✨
«Se tivesse que deixar esta Terra hoje, e me fosse solicitada uma palavra, como última
palavra que afirma o nosso Ideal, diria a vocês — certa de ser compreendida no sentido mais
exato —: “Sejam uma família ”.
Há entre vocês quem sofra de provações espirituais ou morais? Compreendam-nos como
e mais do que uma mãe, iluminem-nos com a palavra ou com o exemplo. Não deixem que
lhes falte, aliás, aumentem em volta deles, o calor da família.
Há entre vocês quem sofra fisicamente? Sejam eles os irmãos prediletos. Sofram com eles.
Tentem compreender as suas dores até o fim. Façam que participem dos frutos da vida
apostólica de vocês para que saibam que eles, mais do que outros, contribuíram para tanto.
Há quem esteja à beira da morte? Imaginem-se no lugar deles e façam o que gostariam
lhes fosse feito até o último instante.
Há alguém feliz por um sucesso ou por um motivo qualquer? Fiquem felizes com ele,
para que a sua consolação não se contriste, nem se tranque o espírito, mas a alegria seja de
todos.
Há alguém de partida? Não o deixem ir sem lhe ter preenchido o coração com uma única
herança: o sentido da família, para que o leve aonde for.
Não anteponham jamais ao espírito de família com os irmãos com quem vivem qualquer
atividade de qualquer gênero, nem espiritual, nem apostólica.
E aonde quer que forem para levar o ideal de Cristo, para expandir a imensa família da Obra
de Maria, não farão coisa melhor do que procurar criar com discrição, com prudência, mas
com determinação, o espírito de família. É um espírito humilde, quer o bem dos outros, não
se envaidece…, é, enfim, a caridade verdadeira, completa.
Em resumo, se eu tivesse que partir de vocês, deixaria na prática que Jesus em mim
repetisse: “Amai-vos reciprocamente… a fim de que todos sejam um”».
Chiara Lubich (Extraído do livro Ideal e Luz)
Chiara Lubich