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Digitalizado por:

Ray Johnston

Editora
L
li Betânia
iv r o s q u e f a l a iv í d é D eu s

Caixa Postal 5010 - 31611-970 Venda Nova, MG


Título do original em inglês:
Help! fm a Sunday School Teacher!
Copyright © 1995 by Youth Specialties, Inc.
Publicado originalmente em inglês por Youth Specialties, Inc.,
California 92021.
Tradução de Helen Hope Gordon Silva
Revisão de José Gabriel Said
Primeira edição, 1998
Todos os direitos reservados pela
Editora Betânia S/C
Caixa Postal 5010
31611-970 Venda Nova, MG.
É proibida a reprodução total ou parcial
sem permissão escrita dos editores.
Composto e impresso nas oficinas da
Editora Betânia S/C
Rua Padre Pedro Pinto, 2435
Belo Horizonte (Venda Nova), MG.

Printed in Brazil
DEDICATÓRIA
Com muito carinho, dedico este livro a três casais:

Morgan e Sandy Davis,


que com sua fé contagiante, seu apoio ao nosso ministério e
sua capacidade de apreciar a vida, estão mudando o mundo de
Moscou a Marin.

Jim e Barbara Edens


cujo entusiasmo, generosidade e fidelidade no serviço cristão
constituem para mim e Carol um precioso exemplo e uma
maravilhosa base de apoio.

Ron e Eunice Krieger


cujo compromisso com Cristo, com um viver digno, com a
boa criação dos filhos e um com o outro, tem causado um
impacto tremendo sobre sua família e sobre a nossa também.
AGRADECIMENTOS
Nossa carinhosa gratidão a:

Tic Long, por estar sempre atento àquilo que de fato tem impor­
tância, e sempre pronto a percorrer a segunda milhâ.
#*■
Karl Grubaugh e Bill Romanelli, por sua grande ajuda no prepa­
ro dos originais.

Kim Larson, por sua habilidade na editoração e seu amor para


com nossos quatro filhos.

Cindy Uhler, Stacey Wade, Norma Wilson e Pat Pankratz, por se


encarregarem, com toda a boa vontade, dedicação e gentileza,
dos telefonemas, das interrupções e agendas superlotadas,
tornando o escritório um lugar prazeroso e acolhedor.

Noel Becchetti, pela sua disposição em caminhar a segunda milha.

Bob Gaddini, Jeff Koons e Rob Dirkes, por estarem sempre


prontos a atender à garotada.

Dave e Shelly Olson, pela sua parceria no evangelho.

Burt e Irene Burgess, por terem me dado o melhor presente:


uma esposa que qualquer homem desejaria ter.
INDICE
Introdução: A escola dominical vale a pena?....................... 11

Primeira Parte: Cinqüenta Maneiras de Tornar a Escola


Dominical Mais Vibrante............................ 13
1. Dê aos Seus Alunos Conteúdo............................................ 14
2. Dê Ação à Sua Turma......................................................... 16
3. Providencie Para que a Ttirma Goze de Bons
Relacionamentos................................................................. 18
4. Proporcione Experiência à Sua Túrnia.............................. 20
5. Podem Não lhe Dar Presentes, mas Precisam de Você.... 22
6. Responda às Perguntas dos Seus Alunos........................... 24
7. Mantenha a Curiosidade da Túrma Aguçada.................... 26
8. Cuidado: Você Poderá Gostar Muito Dessa TUrma............ 28
9. Se Tiver Dúvida, Diga: “Não Sei.” ...................................... 30
10. Tente Algo Exagerado........................................................... 32
11. A Aula Deve Ser Divertida.................................................. 34
12. Melhorar Faz Bem............................................................... 36
13. Deixe os Alunos Escolherem o Conteúdo.......................... 38
14. Acrescente Técnicas Para Dar Vida ao Seu Currículo....... 40
15. Quebrar Espelhos e Abrir Janelas...................................... 42
16. Leve Profissionais à Sua Classe...................................... . 44
17. Nem Todas as Crianças São Iguais..................................... 46
18. Mudança Não é Palavrão....................... ............................ 48
19. Uma Classe Pequena Pode Ser Maravilhosa...................... 50
20. Parabéns-Você é um Exemplo!......................................... 52
21. É Bom Tirar um Tempo Para Descansar........................... 54
22. Eles Precisam Sentir-se Queridos....................................... 56
23. Discordar Pode Ser Bom ..................................................... 58
24. Todo Mundo Falha de Vez em Quando............................... 60
25. Espere Grandes Coisas dos Seus Alunos............................. 62
26. Envolva Sua Classe com a Igreja......................................... 64
27. Faça os Alunos Falarem....................................................... 66
28. Dê um Nome Bem Legal à Classe....................................... 68
29. Não Dê as Respostas - Deixe que Eles as Descubram..... 70
30. Não Foi Deus quem Criou 0 Flanelógrafo........................... 72
31. Programe uma Aventura..................................................... 74
32. Pegue a Estrada.................................................................... 76
33. Deixe os Moradores do Manicômio Administrá-lo............. 78
34. Diversão é Para Você Também............................................. 80
35. Tenha 0 Seu “Caderno de Oração” ..................................... 82
36. Aprenda com Seus Alunos................................................... 84
37. Deixe Deus Travar Suas Próprias Batalhas........................ 86
38. Luzes (Vídeo), Câmera, Ação............................................... 89
39- Escutar é um Ótimo Meio de Comunicar......................... 91
40. O Poder do Amor.................................................................. 93
41. Você se Acha Numa Posição Estratégica!............................. 95
42. Ofereça Ponto Extra............................................................. 97
43. Quanto Maior 0 Número, Melhor 0 Trabalho.................... 99
44. “Transparência” Não é Retroprojetor.............................. 101
45. Vamos Dar-lhes Tarefas Difíceis........................................ 103
46. Ligue oVídeo.................................................................... 105
47. Jesus Ama Sua Classe - por Seu Intermédio............ . 107
48. Você Pode Ser Criativo!.................................................... 109
49. Você Também Pode Ser Legai......................................... 111
50. Quando Tlido Mais Falhar, Confie em Deus................... 113

Segunda Parte: Créditos Extras............................................. 115


51. Pesquisa “Escolha os Assuntos” ..................................... 116
52. Formulário de Avaliação do Ensino................................ 119
53. Inventário de Estilos de Aprendizagem........................... 121
54. Folha de Planejamento-Como Aprender Ativamente ... 124
55. Dez Livros que o Ajudarão na Sua Tarefa de Ensinar... 127

9
INTRODUÇÃO
A escola dominical vale a pena?
Domingo, pouco depois das nove horas da manhã. 0 superin­
tendente fez a abertura, o pastor deu uma palavra curta e você
está pensando:
“Quem sabe se agora dá para sair de fininho e ir assistir à
corrida da Fórmula 1, ou dar uma chegada ao clube para acertar
aquele jogo...”
Você deseja qualquer coisa, menos estar ali na igreja, num
belo domingo de sol: de pé, meio desajeitado, na frente de um
grupinho de adolescentes desinteressados, sentados com os
olhos no chão, as roupas incômodas, o rosto estampando o tédio
de quem veio porque os pais os obrigaram.
Isso é escola dominical!
Uma classe de escola dominical assim (que existe em toda
parte) faz surgir em nossa mente a pergunta se Deus não
poderia nos ter chamado para uma tarefa mais fácil - como
treinar boxe com o Mike Tyson, por exemplo. Também fica no ar
uma indagação que muitos professores fazem:
“Será que adianta? Vale a pena?”
Quarenta anos atrás, uma igreja na cidade de Filadélfia
assistiu ao batismo de três garotos de nove anos que entraram
para o rol de membros. Um deles foi Tony Campolo, que hoje é
sociólogo, professor, escritor e conferencista mundialmente
conhecido.
11
“Anos depois, quando eu estava realizando uma pesquisa nos
arquivos da nossa denominação”, diz Campolo, “decidi procurar
o relatório de minha igreja referente ao ano do meu batismo.
Havia três nomes: Tony Campolo, Dick White e Bert Newman.
Dick hoje é missionário. Bert Newman é atualmente professor de
teologia num seminário africano.
“Então li o que constava do relatório referente àquele ano: ‘O
ano não foi muito bom para a nossa igreja. Perdemos vinte e sete
membros, e ganhamos apenas três, e eram só crianças.’"*
Só crianças! Mas acrescente alguns anos de ensino cristão e
mais alguns de escola dominical, e algumas dessas crianças por
quem você está dando a vida agora poderão um dia ajudar a
formar vidas para Cristo em todos os rincões da terra.
A escola dominical vale a pena, sim. Fico contente de saber
que você concorda.

* Marlene LeFever. “Only Children” (Apenas crianças). Covenant Companion.


1993.
Prim eira Parte

CINQÜENTA
MANEIRAS DE
TORNAR A ESCOLA
DOMINICAL MAIS
VIBRANTE

13
DÊ AOS 1

SEU S ALUNOS
CONTEÚDO

Quatro elementos são essenciais para que as aulas de escola


dominical funcionem: Conteúdo, Ação, Relacionamentos e
Experiência. Juntos formam a sigla inglesa C.A.R.E, cuja pro­
núncia é “quer”, e significa amar, cuidar, ter interesse.
Tradicionalmente, as escolas dominicais têm se caracteriza­
do por um só componente (Conteúdo), e pouca coisa dos
outros três. Isso já levou muitos adolescentes a achar essa
escola no domingo um lugar chato, impessoal, onde eles
recebem informações e quase nada mais. Mas se você bolar
um programa contendo os quatro componentes da sigla, irá
maximizar o que os garotos aprendem (e provavelmente eles
vão gostar disso!)
O processo começa com conteúdo. Que assuntos você vai
ensinar? Algumas vezes escolhemos um tópico apenas porque
está na revista que nossa igreja adota. Em outras, porque cremos
que os alunos precisam saber determinada matéria, ou os pais
pedem que ela seja dada. É possível também que tenhamos ido a
um congresso ou seminário e ouvimos uma boa palestra de um
especialista sobre o assunto. Seja qual for o caso, é muito

14
importante pensar bastante nos assuntos que pretendemos
abordar, em nosso tempo de aula.
A não ser que você dê uma aula puramente recreativa (e não
é errado fazer isso, de vez em quando), um bom conteúdo
bíblico é necessário pará que os alunos saibam em que crêem e
por que crêem. Quer nosso plano seja dar a matéria numa só
aula, ou numa série de quatro, ou em um ano, comecemos
perguntando:
“Que conteúdo quero comunicar?”
Essa pergunta vai apontar-nos o alvo
- aquilo que queremos que nossos
alunos aprendam, sintam e façam
quando terminarmos a aula.
Uma vez identificados um
ou mais tópicos, estamos
preparados para o segundo
passo: criar um plano de
ação para comunicar o r
conteúdo.

15
DÊ AÇÃO À 2
SUA TURMA

Quando penso nos vinte anos em que freqüentei escola


dominical, um fato se destaca: não consigo me lembrar de uma
palestra sequer. Mas me lembro muito bem do dia em que
ficamos quase congelados, ao sairmos à rua para aprendermos a
ter compaixão dos desabrigados. Também me recordo da ocasião
em que nossa classe se reuniu num sopão da cidade, e dos
debates sobre a evolução e a criação. Outra coisa de que me
recordo foi de quando estudamos o livro de Jonas dramatizando-
o, e da sessão de perguntas e respostas sobre sexo, com um casal
recém-casado que se sentia meio acanhado. Também me lembro
de como minha fé foi provada na primeira vez em que dei uma
aula.
Muitas aulas de escola dominical não funcionam porque
passamos diretamente da escolha do assunto à apresentação da
aula. Assim uma aula que poderia ser uma experiência de
aprendizagem criativa, diversificada, cheia de ação, torna-se um
monólogo entediante.
Pense como foi seu próprio desenvolvimento na fé. De que
tipos de lições você se lembra? Quais as aulas que causaram
mais impacto em sua vida? A maioria se recorda daquelas que
exigiram nossa participação, onde tivemos de fazer alguma coisa.

16
Você pode adicionar ação à sua aula simplesmente diversifi­
cando sua maneira de comunicar. As lições ilustradas com
objetos, situações simuladas, dramatizações, excursões, discus­
sões, entrevistas, mesas redondas, debates, cadernos de ativida­
des e jogos educativos interessam à turma e ampliam o volume
de conteúdo retido.
Além disso estaremos fazendo como Jesus. Se ele tivesse
instruído seus discípulos da maneira como ensinamos as classes
da escola dominical, ele os teria levado para dentro de uma sala,
sentando-os em filas de cadeiras, colocando ali um flanelógrafo e
dando uma hora de aula. Em vez disso, ele optou por ação. Saiu
a campo. Esse é um modelo que vale a pena seguir.

y^>> *

17
PROVIDENCIE
PARA QUE A
3
TURMA GOZE
DE BONS
RELACIONAMENTOS

Um conhecido meu que é especialista em crescimento de


igrejas tem uma teoria que ele chama defator amizade. Sua
tese é que as pessoas que visitam uma classe de escola dominical
assumirão o compromisso de se tornarem alunos, sefizerem
amizade dentro do grupo. Os que visitam e não fazem amizades,
com o passar do tempo desaparecem, por melhor que seja a
programação.
Os jovens adoram a companhia uns dos outros. Em vinte
anos de trabalho na direção de programa para jovens, ainda não
encontrei um que me viesse procurar com o formulário do
acampamento ou do congresso para perguntar:
“Ray, qual vai ser o assunto da sua palestra?”
O que eles perguntam (e o que determina se eles vão ou não
participar) é:
“Quem mais vai?”

18
Eles querem ir aonde os amigos vão e onde podem fazer
amizades.
A escola dominical oferece grandes oportunidades para o
desenvolvimento de relacionamentos. Você pode iniciar (ou
encerrar) cada aula separando dez minutos para cumprimentos
ou bate-papos. Assim terá tempo de programar uma variedade
de atividades divertidas que servirão para unir o grupo. Pode
criar, por exemplo, um comitê de boas-vindas e/ou de acompa­
nhamento, encarregado de escrever bilhetinhos de agradecimen­
to aos visitantes, e também ligar para os que faltaram no domin­
go. A classe pode comemorar os aniversários e outros eventos.
Ajudar os alunos a formar elos uns com os outros fará com
que experimentem o que Jesus quis dizer quando ordenou:
“... que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” (Jo
15. 12.)

19
PROPORCIONE
EXPERIÊNCIA
4
À SUA TURMA

üm amigo me contou algo que lhe aconteceu recentemente


quando, pela primeira vez, deixou seu filho encher o tanque no
posto self-service. Ele pôs o revólver da bomba na mão do
menino e entrou no posto para efetuar o pagamento. Quando
voltou, o garoto estava esguichando gasolina no carro todo, ao
invés de encher o tanque. (Felizmente, não pegou em ninguém!)
Ri com ele sobre sua experiência (enquanto procurávamos
telefones de oficinas), e logo me dei conta de como isso se aplica
ao ensino na escola dominical.
Jogar gasolina no carro pode dar certo se a intenção é
incendiá-lo, mas não o ajuda a ir a parte alguma. O mesmo pode
dizer-se da escola dominical. Nosso alvo é ajudar os alunos a
introduzir a verdade no coração.
Comecemos pensando em que o conteúdo pode ajudá-los
especificamente. Façamos perguntas, como:
“O que quero que meus alunos saibam, sintam efaçam?”
“Como esses jovens podem experimentar essas verdades no
seu dia-a-dia?”
Em segundo lugar, demos aos alunos a oportunidade de

20
aplicar o que estão aprendendo. Dentro do período de aula,
temos de dar tempo para perguntas sobre a aplicação da lição,
como por exemplo:
“O que seria diferente em sua vida se você pusesse em prática
essa verdade em casa? na escola? com seus amigos? no grupo de
jovens?”
A coisa mais importante que devemos ter em mente, com
respeito ao ensino da verdade, não é o que os jovens aprendem,
mas como a vida deles poderá ser diferente por causa daquilo
que aprendem.

PS.: No final do livro, apresentamos uma Folha de Planeja­


mento de Atividades Didáticas baseada no modelo C.A.R.E.
É toda sua - e sem nenhuma taxa adicional!
PODEM NÃO 5
LHE DAR
PRESEN TES,
MAS PRECISAM DE VOCÊ

Os evangelistas Tony Campolo e Gordon Aeschliman falam de


como muitos países que passaram por todo o processo de
evangelização e abraçaram o evangelho, depois vieram a abando­
nar a fé cristã.* Isso também tem acontecido nos Estados
Unidos, nos dias de hoje, e tem desanimado aqueles que tentam
incutir convicções e caráter cristão nos jovens.
Estamos instruindo uma geração que pode estar mais neces­
sitada da verdade espiritual do que qualquer outra anterior. Da
próxima vez que formos tentados a largar tudo, lembremos dos
resultados de pesquisa bastante recente, que revelou o seguinte:
• 82% das pessoas disseram que a idéia de que “Deus ajuda
a quem cedo madruga” (isto é, quem salva a pessoa é ela
mesma, pelo esforço), foi tirada diretamente da Bíblia.
• 66% disseram que não existe verdade absoluta; “tudo é
relativo”.

* Gordon Aeschliman e Tony Campolo. Fijty Was You Can Reach the World (50
maneiras de ganhar o mundo). InterVarsity Press, Downers Grove, 1993.

22
• 63% foram incapazes de nomear os quatro evangelhos.
• 58% não souberam citar nem a metade dos Dez Manda­
mentos.
• 58% não sabiam que foi Jesus quem pregou o Sermão do
Monte.*
A falta de informações convincentes sobre a fé pode levar os
adolescentes de hoje a concluir que é impossível sustentar uma
fé cristã genuína. Ou então, mais provavelmente, nem vão
pensar nisso. Quando aceitamos a missão de ensinar na escola
dominical, normalmente recebemos um grupo que se acha na
fase da vida em que são mais sensíveis à mensagem de Cristo.
Nossa grande oportunidade está exatamente quando eles vêm à
igreja. Podem até não nos trazer presentes, mas um dia ouvire­
mos as palavras: “Bem feito, servo bom e fiel.”

* Howard e William Hendricks, Living By the Book (Vivendo de acordo com a


Biblia). Moody Press, Chicago, 1991.

23
RESPONDA 6
ÀS PERGUNTAS 1—
DOS SEU S ALUNOS

Geralmente o que é importante e o que é lembrado cami­


nham de mãos dadas. Decorar os livros do Novo Testamento não
vai prender o interesse de uma criança de 8 ou 9 anos cujos pais
estão se separando. Dificilmente um estudo da vida de Ezequias
vai atrair o estudante de 13 para 14 anos que está lutando para
fazer amigos. A história da Igreja não desperta o rapazinho do
segundo colegial que acaba de descobrir que seu melhor amigo
possui uma arma guardada junto com seu material escolar.
Ao abordarmos os assuntos difíceis, os problemas pelos quais
nossos alunos estão passando, nós os ajudamos a entender a
importância e a realidade de sua fé. Não tenhamos medo de
encarar as dúvidas e os problemas que eles possam estar enfren­
tando. Os alunos mais novos talvez perguntem:
• Que devo fazer quando ninguém gosta de mim?
• Como devo agir com o valentão da escola que quer bater
em todo o mundo?
• Que faço acerca de minhas dúvidas sobre ser crente?
• Como posso melhorar minha aparência?
• Como devo reagir diante da separação de meus pais?

24
• Como vou melhorar as minhas notas?
• Por que não consigo me dar bem com meus pais?
Os adolescentes, por sua vez, podem estar lutando com
questões como:
• Por que devo evitar o sexo antes do casamento?
• Como Deus pode ser justo e permitir que gente inocente
morra?
• E a AIDS, como fica?
• Que há de errado em tomar bebida alcoólica?
• Por que não devo colar para melhorar minhas notas na
escola?
São perguntas para as quais os garotos buscam respostas. E,
para alguns deles, saber as respostas é, literalmente, uma
questão de sobrevivência
Aviso: Quando os assuntos são polêmicos, ou “quentes”,
temos de verificar a posição dos pais com relação a eles, antes de
apresentá-los aos alunos. Se você está planejando uma série de
três aulas sobre sexo, talvez seja bom uma reunião com os pais
antes (ou mandar-lhes uma carta), propondo uma lista de
pontos que planeja abordar. Agindo assim, poderá estar salvando
uma vida - a sua!

25
MANTENHA A
CURIOSIDADE
DA TURMA
AGUÇADA

É domingo de manhã em Miami e faz muito calor! Numa sala


abafada, com uma voz monótona, o professor começa a ler
Marcos 2. É a passagem que fala dos quatro homens que fizeram
uma abertura no telhado de uma casa para descer um amigo
paralítico na frente de Jesus.
Os alunos estão parados, curtindo um tédio total... até que
ouvem passos no telhado. Em seguida, ouvem o barulho de uma
serra elétrica sendo ligada, e o rumor ensurdecedor da serra
abrindo um buraco no telhado da sala. Começam a cair cacos. Os
meninos se agitam e o pó se levanta, enquanto quatro homens
abrem o telhado com a serra. Depois, é a vez deles. Descem um
dos colegas na frente do professor, que sorri e diz: “Filho, os teus
pecados estão perdoados. Levanta-te, toma o teu leito e anda.” E
assim o professor consegue que sua classe acorde e fique atenta!
Observação: A sala, nesse caso, estava para ser reformada.
Não tente fazer isso na sua igreja, antes de conversar com o
pastor!)

26
Um dos motivos de os alunos, nesta faixa etária, estarem tão
saturados com a escola dominical é que a aula é previsível
demais. Eles sempre vão à mesma sala, sentam-se nas mesmas
cadeiras, usam a mesma revista, ouvem as mesmas histórias, e
olham para as mesmas paredes, às vezes com o mesmo mapa da
Palestina ou o mesmo versículo em um cartaz.
Quando quebrarmos a rotina e fizermos com que eles
perguntem: “Que será que vai acontecer por lá hoje?”, teremos
uma classe de gente alerta, cheia de expectativas. Da próxima vez
que você vir a classe parada, entediada, tente fazer algo inespera­
do. Combine com algumas pessoas para aparecerem na classe
vestidas a caráter, representando os personagens bíblicos da
lição.
Seus alunos vão vibrar com as surpresas e, como o
professor da Flórida que quebrou o telhado da
sala, você vai provocar lembranças
que durarão muito tempo.

27
CUIDADO: 8
VOCÊ PODERÁ
GOSTAR MUITO
DESSA TURMA

Cris era o tipo do menino de escola dominical que, só por


estar na classe, já desgastava minha capacidade de ensinar e
minha paciência. Não se interessava por nada que quiséssemos
apresentar. Falava o tempo todo, e nada do que ele dizia era para
ajudar. Ele era um constante fator de distração para os outros
alunos. Tinha ganhado o apelido de “Papa-inseto”, por causa do
hábito de engolir qualquer inseto que os colegas passassem para
ele. Minha vontade era que ele fosse comandado por controle
remoto, para eu ter o prazer de “desligá-lo”.
Semanas depois do início das aulas, quando ele já vinha
comparecendo regularmente, seus pais, que iriam ficar fora uma
semana (será que era por que não o agüentavam mais?), sem
mais nem menos, pediram que eu ficasse com o Cris durante o
fim de semana. Concordei, porque não tinha saída. E foi com a
imagem de um par de algemas na mente que recebi o “Papa-
inseto”, que se instalou em minha casa.
Mas tive uma tremenda surpresa! Tivemos um tempo maravi-

28
lhoso! Por trás daquela fachada de insegurança, descobri um
garoto que era muito boa companhia. Jogamos bola, fizemos
lanches (sem insetos), assistimos a fitas, nos divertimos a valer!
Por ele gostar de conversar (o que na aula me aborrecia), era
ótima companhia para um papo. Na metade daquele fim de
semana me surpreendi quando percebi que gostava da compa­
nhia do Cris.
Faz tempo que saí daquela igreja, mas sempre que vou àquela
cidade faço questão de procurá-lo. Fique de olho nos jovens de
sua classe, pois você poderá conquistar boas amizades, para a
vida inteira.
S E TIVER 9
DÚVIDA, DIGA: 1—
"NÃO S E I.”

À medida que meus filhos estão crescendo, suas perguntas


ficam cada vez mais interessantes:
“A que distância do teto a mosca se vira para pousar nele?”
“Quantos anos Deus tem?”
“Que há do outro lado do céu”?
Quando você aceitar o cargo de professor na escola domini­
cal, é bom ir se acostumando com o fato de que vai ouvir per­
guntas a que não poderá responder. Meu filho de seis anos me
perguntou por que Deus colocou o nariz - uma coisa comprida,
e que às vezes escorre - de cabeça para baixo e logo acima da
boca. Há coisas para as quais não temos mesmo nenhuma
resposta adequada.
Nessas horas, o melhor a fazer é ser sincero, e dizer:
“Não sei.”
Admitir que não sabemos tudo pode ser intelectualmente
humilhante, mas é um presente muito legal para seus alunos.
Quando dizemos “Não sei”, estamos criando uma atmosfera
de liberdade. Como os alunos compreendem que não são
obrigados a saber tudo, sentem liberdade de perguntar o que

30
quiserem, uma vez que você já os livrou do peso de aparentar
que sabem tudo. Eles vão reconhecer também que não saber
tudo faz parte da vida, e que podem perfeitamente viver para
Cristo antes de obter as respostas de todas as perguntas.
Além disso, eles vão ser forçados a pensar por si próprios e
vão sair da sua classe com uma fé pessoal. Será que não foi por
isso que Jesus, em tantas ocasiões, respondeu a uma pergunta
fazendo outra?
A propósito, eu tenho, sim, uma resposta para as perguntas
sem respostas dos meus filhos. Simplesmente digo a eles que
perguntem a seus professores da escola dominical!

31
TENTE ALGO
EXAGERADO 1-------

Certo dia, na hora do recolhimento da oferta numa igreja da


minha região, três homens de roupa preta e encapuzados
entraram de repente e avisaram:
“Não se mexam! Isso é um assalto.”
Depois de exigir o dinheiro das pessoas que ali estavam
paralisadas de susto, saíram, levando a filha adolescente do
pastor como refém.
Depois que os ladrões saíram, o pastor explicou à congrega­
ção, que estava horrorizada, que fora tudo um arranjo dele para
demonstrar como as pessoas que não dão o dízimo roubam a
Deus. Disse que era igual ao roubo que acabavam de testemu­
nhar.
Talvez o pastor dessa igreja tenha exagerado um pouco,
pois pouco tempo depois ele teve de procurar outra igreja.
Entretanto, sem dúvida, ele conseguiu prender a atenção do
povo.
Ensinar a Bíblia à garotada e mantê-la acordada é, igual­
mente, muito difícil. Um método de conseguir as duas coisas
é tentar o exagero. Há uns seis meses levei alguns de meus
32
alunos para praticar bungee jumping *. Não só consegui a
atenção deles, como foi uma ótima lição prática sobre o salto
da fé que precisamos dar!
Observação: Não se esqueça de pedir a permissão dos pais
antes de partir para qualquer atividade muito fora do comum!

*Bugeejumping: esporte radical que consiste em prender os pés a um forte


cabo elástico e saltar de grandes alturas.

33
A AULA
DEVE SER
DIVERTIDA

Certo dia um amigo meu assistiu a uma reunião de adoles­


centes que foi um verdadeiro desastre. 0 programa foi tão chato,
que quase precisaram ligar para o 192 (Pronto-Socorro) durante
uma brincadeira de pegar maçã com a boca, dentro de um tacho
de água, porque dois dos meninos adormeceram e quase se
afogaram. Mais tarde meu amigo soube que o conselho da igreja
tinha estabelecido que o Catecismo de Heidelburg seria o tema
dos estudos da escola dominical para a classe de adolescentes.
Mais maçante, impossível! (Como diz meu amigo David: eu não
estou inventando isso.)
Se usamos jogos e brincadeiras para iniciar outros progra­
mas; por que não a escola dominical? Eles podem ser até mais
úteis na escola dominical, onde é provável que a maioria dos
presentes esteja ali porque alguém os obrigou. Quando bem
feito, um bom jogo ou brincadeira quebra barreiras e traz
sorrisos a rostos desinteressados.
Para muitos jovens a idéia de se divertir está sempre ligada a
fazer alguma coisa ilegal, prejudicial ou eletrônica. Um dos
grandes presentes que podemos lhes oferecer é criar um ambi­

34
ente em que aprendam a brincar, rir e divertir-se juntos. Esse
tipo de ambiente atrai os adolescentes à fé cristã.
Por isso, não dê atenção àquela voz que aparece no fundo de
sua mente, insistindo em que a escola dominical não deve ser
divertida. Ela pode ser muito agradável sim!
MELHORAR
FAZ BEM
12
Certa vez, após uma aula de escola dominical, uma menina
de 13 para 14 anos (por que será que os adolescentes dessa
idade são sempre tão sinceros?) chegou-se para mim, e disse:
“Ray, a aula foi ótima nos primeiros cinco minutos, mas
depois ficou chata.”
Assim que a excomunguei da minha classe (brincadeirinha),
fiquei pensando no que dissera e percebi que eu havia contado
todas as histórias divertidas na introdução. Realmente, dei de
tudo para atrair a atenção deles, mas não consegui mantê-la. A
avaliação sincera daquela garota ajudou tanto meu modo de
ensinar, que estou até pensando em permitir que ela retorne às
aulas.
O processo de avaliação nos capacita a descobrir até onde
estamos alcançando nossos objetivos de ensino, e onde é que
podemos melhorar nossa abordagem e nossos métodos. De vez
em quando costumo gravar minha aula, ouvindo mais tarde a
fita. Isso sempre me deixa meio desconfortável, mas saio com
uma nova percepção daquilo que preciso fazer para melhorar.
Regularmente também peço aos meus alunos e colegas que
me avaliem. Dou-lhes o Formulário de Avaliação do Ensino (no
final do livro), e mando que o preencham após a aula. Depois

36
peço que conversem comigo sobre ele. A avaliação em geral não
é algo divertido, mas, assim como um remédio, produz cresci­
mento e resultados saudáveis.

37
DEIXE OS
ALUNOS
ESCOLHEREM
O CONTEÚDO

Alguns anos atrás, fiquei frustrado com a total falta de interes­


se que meus alunos demonstravam em qualquer coisa que
fizéssemos na escola dominical. Um dia, ao me queixar com um
amigo empresário, com uma pergunta, ele foi direto à raiz do
problema:
“Quem escolhe os tópicos ensinados nas aulas?”
Com muito jeito, ele fez-me ver que é natural as pessoas não
demonstrarem interesse quando não se acham envolvidas no
processo decisório.
Na semana seguinte, levei os alunos para minha casa e fiz
uma pesquisa. Dei a cada um uma lista de assuntos, e deixei que
escolhessem os três mais interessantes. Fiz uma lista dos assun­
tos selecionados e depois deixei a classe inteira votar neles. Os
seis assuntos mais votados tornaram-se os tópicos dos seis
domingos seguintes. Não houve milagres, mas foi surpreendente
descobrir como melhorou o grau de interesse da classe durante
esse período.

38
Geralmente os alunos se mostram desinteressados porque
não puderam dar palpite na escolha do que estão estudando. A
pesquisa é uma boa maneira de você descobrir de que é que
seus alunos necessitam e eles, por sua vez, vão se sentir como se
a escola dominical fossem um pouco mais deles.
No final do livro, apresento minha pesquisa “Escolha os
Assuntos” (páginas 116-118), dividida em quatro categorias:
Bíblia, Crescimento Espiritual, Tópicos Quentes e Técnicas
Para a Vida. Você pode usá-la com sua classe, ou elaborar sua
própria pesquisa. De qualquer forma, verá como o nível de
interesse da turma cresce quando eles mesmos ajudam a
escolher o currículo.

39
ACRESCENTE
TÉCNICAS
14
PARA DAR VIDA AO
SEU CURRÍCULO

Bill ama a Jesus. Freqüenta a igreja desde que era pequenino.


Já foi a todos os retiros, ora, canta no conjunto de jovens, está se
preparando para ser membro da igreja, não falta à escola
dominical, e no momento está decorando o livro de Cantares de
Salomão. Mas não se dá com os amigos, perdeu média em duas
matérias, nunca tem dinheiro, não sabe cuidar do saldo bancá­
rio, nem trocar um pneu, nem usar computador.
À medida que cultivamos a convicção cristã em nossos
alunos, também precisamos ajudá-los a desenvolver suas
habilidades. Para aqueles que têm idade entre 10 e 12 anos, isso
pode implicar aprender a arrumar seu quarto ou usar um
computador, saber participar de atividades esportivas ou admi­
nistrar sua mesada, ou mesmo combinar com seus irmãos.
Para os jovens, as possibilidades são infinitas. Alguns vão
cuidar do talão de cheques, ajustar o carburador do carro, trocar
um pneu, elaborar um currículo, procurar um emprego (mes­
mo que temporário), gastar bem seu tempo, melhorar as notas.

40
Talvez você descubra que à medida que os estudantes desen­
volvem técnicas de vida, podem usá-las na escola dominical. Na
minha igreja, alguns dos videoteipes que mostramos na classe
são filmados e editados por um estudante que aprendeu a usar o
equipamento na própria igreja. (Um dia desses talvez eu lhe peça
para me ensinar a acertar o relógio do meu vídeo.)
QUEBRAR 15
ESPELHO S E -------
ABRIR JANELAS

Alguém descreveu nossos alunos de hoje como sendo uma


geração Kodak: muito tempo de exposição e pouca revelação.
Além disso, são muito voltados para si mesmos. Temos de ajudar
essa turma a quebrar seus espelhos e isso pode começar na
própria classe de escola dominical, para que deixem de se
preocupar consigo mesmos e comecem a agir. Os mais novos
podem ajudar na disposição das cadeiras, na organização da
sala, podem fazer a oração de abertura e a arrumação ao final da
aula. A maioria dos alunos mais velhos consegue recepcionar
visitantes, dirigir brincadeiras ou discussões e procurar relacio­
nar-se com os visitantes visando a que voltem outras vezes.
Podemos criar uma equipe de liderança estudantil para
prestar serviços durante a aula. Coloque no papel algumas
equipes (de boas-vindas, acompanhamento aos visitantes,
decoração, música, mídia, etc.) e deixe cada aluno escolher
aquela em que deseja atuar. Periodicamente, separe alguns
minutos durante a aula para que as equipes façam seu planeja­
mento.
A classe pode também prestar serviço à comunidade e ao

42
mundo. Há uma classe de escola dominical que, a cada quinze
dias, durante o horário de aula, faz visitas num hospital de
pacientes em recuperação. Outra classe de crianças apadrinha
um menor através de uma organização chamada Compassion
International (Compaixão Internacional). Uma outra classe de
adolescentes “adota” um país por ano. Eles põem um grande
mapa daquele país na sala, dão as previsões do tempo semanal­
mente, oram por aquele país e, de vez em quando, organizam
telefonemas da classe para os missionários de lá.
Abrir uma janela de serviço cristão pode despertar crianças
que se acham indiferentes, levando-as a aprender lições que
durem a vida inteira.

43
LEVE
PROFISSIONAIS
À SUA CLASSE

Que tal oferecer variedade a seus alunos, apresentando-lhes


adultos competentes, elevando o nível de instrução da classe?
Assim você aproveita e tira uma folga. Pode ser mais fácil do que
se imagina. É só usar os conhecimentos técnicos que estão nos
bancos da igreja, pertinho de você.
Em todas as igrejas de que já participei havia pessoas mais
qualificadas do que eu para tratar de alguns dos assuntos que
estávamos abordando na escola dominical. Há muita gente que
não quer dar aulas, mas terá prazer em fazer uma ou duas
preleções em domingos seguidos na sua área de competência (e
assim conquistar a amizade dessa turma que gosta de fazer
umas travessuras).
Veja como você pode aproveitar ao máximo os peritos da sua
igreja. Primeiro, convide uma grande variedade de pessoas.
Numa certa ocasião, em minha igreja, um farmacêutico falou
sobre os efeitos das drogas no organismo, Outra vez um policial
expôs os males de dirigir embriagado. Em outra realizamos uma
mesa redonda, onde os pais apresentaram questões familiares.
Também tivemos um conselheiro familiar ensinando os filhos a

44
encararem o divórcio dos pais, e um mecânico mostrando aos
alunos como se ajusta a rotação de um carro.
Em segundo lugar, dê a esses profissionais condições de
fazerem uma boa apresentação. Muitos conhecem bem o
assunto da palestra, mas ficam nervosos de estarem à frente de
uma turma. Experimente alguma atividade inicial introdutória,
como entrevistá-los, ou dirija um período de perguntas e respos­
tas. Tenha cuidado com a introdução e a conclusão, para que
esses momentos ajudem a tornar a experiência muito mais
agradável e eficaz para o palestrante e os alunos.

45
NEM TODAS j 7
AS CRIANÇAS 1-------
SÃO IGUAIS
Sei que parece muito simples, mas as três ou quatro primei­
ras aulas que dei foram um desastre. Deram-me uma classe,
entregaram-me a revista de escola dominical adotada pela igreja,
e só. Segui as instruções... mas acabei percebendo que o currícu­
lo e o programa tinham pouco ou nada a ver com os interesses
de meus alunos.
É imprescindível que conheçamos bem o nível espiritual da
classe. Assim adaptaremos melhor a aula às necessidades dela.
No meu livro Developing Spiritual Growth in Junior High
Students (Desenvolvendo o crescimento espiritual em adolescen­
tes de 13 a 15 anos),* demonstro que a maioria dos estudantes
desse grupo se encaixa em uma das três categorias seguintes:
Descomprometidos: ainda não se tomaram seguidores de
Jesus; possuem pouco interesse espiritual.
Curiosos: já começaram a firmar um relacionamento com
Cristo e desejam crescer espiritualmente.

*E1 Cajon, Calif.: Youth Specialties/Zondervan, 1993-

46
Comprometidos: estão prontos a cumprir tarefas, a servir.
(É o tipo de atitude que gostaríamos de ver nos
“descomprometidos”.)
üm dos problemas da escola dominical de hoje é nossa
tendência de usar revistas que foram escritas para os alunos
classificados como curiosos e comprometidos, numa classe
cheia dos descomprometidos, que estão lá só por insistência de
alguém. Um professor de escola dominical da Califórnia perce­
beu que tinha mais alunos do nível descomprometido na sua
classe do que o pastor de jovens, nas reuniões de evangelização
que realizava no meio da semana. Agora o professor está progra­
mando eventos de evangelização nos domingos de manhã e vem
colhendo excelentes resultados.

47
MUDANÇA
NÃO É
PALAVRÃO
Um amigo me contou a seguinte piada:
“Quantas pessoas são necessárias para trocar uma lâmpada
na igreja?”
“Quatro”, disse ele. “Uma para trocá-la e três para ficarem
recordando as vantagens da lâmpada velha.”
A palavra “mudança” não é bem aceita em muitas igrejas. 0
lema delas parece ser: “Como foi no princípio, é hoje, e será
para sempre.” Entretanto sair um pouco do “esquema” da classe
de escola dominical, inserindo nela algumas mudanças ocasio­
nais, pode ter o efeito de quebrar a monotonia, despertar o
interesse e produzir crescimento.
A especialista em educação cristã, Marlene LeFever, ensina
que existe valor até na própria variação em si. Ela exemplifica
citando o caso de uma fábrica que possuía excelentes geren­
tes que fizeram alguns experimentos procurando maneiras
de aumentar a produção. Instalaram música ambiente e a
produção subiu. Aumentaram a iluminação e a produção
subiu. Tiraram a música e a produção subiu. Baixaram a
iluminação e a produção subiu. Ficou claro que não era o

48
tipo de mudança que causava a diferença. Era a própria
mudança.
A lista de inovações que podemos fazer não tem fim. Virar as
cadeiras para outra direção. Trocar de sala. Mudar a rotina da
classe. Dar uma lição diferente da indicada pela revista (guarde a
revista por uma semana). Se a igreja possuir ônibus, dar uma
aula dentro dele um dia. Trocar os professores num domingo.
Preparar a classe para apresentar uma dramatização para outra.
Num domingo qualquer, convidar os pais para assistirem à aula
junto com os filhos. Chamar uma classe de escola dominical de
outra igreja para reunir-se com a sua. Colocar música ambiente;
servir um lanche.
Se os alunos já estão cansados de sentarem numa mesma
sala, olhando para a mesma parede e para o mesmo antigo
mapa da Terra Santa, fazer
algumas mudanças seria
uma boa receita de sucesso.

49
UMA CLASSE
PEQUENA
PODE SER
MARAVILHOSA

Você aceitou lecionar uma classe de escola dominical. Já vem


se preparando durante várias semanas, e hoje é o grande mo­
mento. São 9:45 - hora de começar a aula. O único problema é
que só tem você na sala. Você se senta e espera. Finalmente, dez
minutos depois, tem um grupo de quatro garotos, sentados
desconfortavelmente, olhando para você e aguardando o início
do estudo.
Ficou desanimado porque sua classe toda cabe no banco de
trás do seu carro? Não fique. Existem muitas coisas que pode­
mos fazer com uma classe pequena e que nunca dariam certo
com um grupo maior.
A primeira é que você pode ficar conhecendo melhor seus
alunos. Pode ter a participação de todos na discussão dos assun­
tos. E você pode dar a lição de maneira muito mais vibrante. É
difícil permanecer anônimo num grupo pequeno, porque não há
onde se esconder.
Como a classe inteira cabe no seu carro, você pode decidir

50
dar a aula numa lanchonete, tomando café com torradas. (Não
se esqueça de pedir antes a permissão dos pais.)
Existem outras atividades e projetos fáceis de se realizar
juntos. Servir um sopão na favela. Cuidar do berçário da igreja
num domingo. Dirigir um culto num asilo de velhos, e assim por
diante.
Se sua classe é pequena, anime-se. Você tem um ministério
do tamanho daquele que Jesus teve. Ele passou a maior parte de
seu tempo com apenas três discípulos: Pedro, Tiago e João.
Quem sabe? Talvez um desses garotos poderá ser o seu próximo
pastor!
PARABÉNS -
VOCÊ É UM
EXEMPLO!
Certa vez, o evangelista Billy Graham perguntou a um garoti-
nho como chegar à agência de correio mais próxima. Depois que
o menino lhe deu a explicação, o Dr. Graham lhe agradeceu, e
disse:
- Se você for à cruzada hoje, irá ouvir-me explicar como se
chega ao céu.
- Acho que não vou, não, respondeu o menino. Você nem
sabe onde fica o correio.
Como esse menino, é provável que seus alunos não sejam de
fazer muito elogio e já estejam acostumados demais com você.
Mas não se engane, eles o vêem como um verdadeiro exemplo!
Sei que na maioria das vezes você não se sente como um
grande exemplo para ninguém. Seu carpete não tem aquela
marca de joelhos que passam cinco horas diárias em oração. Há
meses você interrompeu sua memorização do livro de Levítico, e
há semanas não prega numa cruzada evangelística da cidade.
Contudo são as pequenas coisas que fazemos que nos tornam
exemplo para outros. São nossas atitudes de bondade e gentileza.
É o fato de escutarmos os outros sem interrompê-los. É

52
lembrarmo-nos do aniversário de cada um. É darmos uma
carona a alguém. É estarmos dispostos a dar a esses alunos uma
hora de nosso tempo (uma hora que a maioria dos adultos não
lhes dá).
Essas coisas parecem insignificantes, mas, somadas, elas
representam muito e têm um grande valor. As crianças e os
adolescentes de hoje estão desejosos de que os adultos se inte­
ressem por eles. Parabéns! Você é um exemplo. Um dia, se tiver
sorte, podem até procurá-lo e lhe dizer isso.

53
É BOM TIRAR 21
UM TEMPO
PARA DESCANSAR
A maioria das pessoas leva uma vida muito agitada. Estamos
sempre muito ocupados. Como Marta, citada nos evangelhos (e
que daria uma ótima superintendente de escola dominical),
temos múltiplas responsabilidades, ficamos estressados com
tudo que temos que fazer, e com sentimento de culpa pelo que
deixamos de fazer. Não é isso mesmo?
Faça a auto-avaliação seguinte, que tem apenas uma questão,
e verá se está ocupado demais

Preparei a lição de escola dominical para o domingo passado


(marque uma resposta só):
- no sábado à noite, assistindo a um programa de TV;
- no carro, a caminho da igreja;
- durante o sermão do pastor;
- durante a entrega dos dízimos e ofertas;
- domingo, no café da manhã, e cheguei à igreja um pouco
atrasado;
- durante os avisos de abertura da escola dominical;
- não a preparei, mas tive duas ótimas idéias depois da aula.

54
Se a hipótese de tirar uma folga da classe pode causar enfarto
nos dirigentes da igreja, arranje um substituto um domingo por
mês. Peça a um amigo (ou ex-amigo) para dar aula no primeiro
domingo do mês. Ofereça-lhe todas as ferramentas de que vai
precisar, e depois vá passar o fim de semana fora.
Talvez você queira tirar umas férias de fim de ano. Procure
algum seminarista, estudante de faculdade ou professor que
esteja de férias nessa época e pratique a esquecida arte de D & D
(delegar e desaparecer). A folga lhe fará bem e irá restaurar-lhe a
sanidade mental. Assim você será bem mais eficiente quando
retornar.

55
ELES
PRECISAM
22
SENTIR-SE
QUERIDOS

Você já foi a um acampamento de jovens, por exemplo, e a


primeira coisa que ouviu foram os regulamentos? Desse modo a
reunião já começa com uma nota negativa. O que estamos
comunicando a eles é:
“Ei! Isso aqui é um evento adulto. Vocês têm sorte de estar
aqui, e esperamos que se comportem bem, facilitando assim as
coisas para nós.”
Muitos garotos, quando pisam dentro da igreja, sentem-se
como se estivessem no meio de estrangeiros. Não conhecem os
hinos. A linguagem parece de outro planeta. O templo lembra
uma cela de prisão, e para a maioria, um sermão de trinta
minutos poderia ter como título: “A meia hora que durou dias.”
Você pode ajudar a mudar isso, criando um ambiente caloroso e
convidativo em sua classe de escola dominical.
Não é tão difícil assim criar uma atmosfera alegre e jovial
para a turma. Ligue uma música ou ponha uma fita no vídeo
enquanto estão chegando. Arrume as cadeiras em círculos, em

56
vez de em fileiras. Tire aquele mapa da Terra Santa que está lá há
meses e coloque retratos dos próprios garotos. Que tal cartazes
de eventos programados? Providencie alguns joguinhos para
deixar na sala, e algumas coisas para comer.
Recentemente tive o privilégio de dar aula para uma turma
cujo professor queria que os alunos sentissem que a sala de aula
era deles. Afixados à parede havia saquinhos de papel com o
nome de cada participante. Os alunos deveriam escrever mensa­
gens de apoio, de incentivo uns para os outros e colocar ali. Toda
semana esse professor mandava um bilhete para cada aluno,
com um elogio ou estímulo. Ali a atmosfera era elétrica!

57
DISCORDAR 2 3
PODE SER -------
BOM

Em muitas igrejas, discordar é considerado um ato de


rebelião. 0 resultado acaba sendo uma geração de jovens que
não têm a capacidade de pensar por si. A base de fé deles é:

“Jesus me ama,
Jesus me ama,
Jesus me ama,
Meu professor de escola dominical assim o diz.”

Uma fé que não for examinada e questionada, muitas vezes


não sobreviverá às perguntas que surgirão mais tarde na vida.
Quando nos dispomos a incentivar o questionamento,
levamos os alunos a serem sinceros com relação às suas dúvidas,
verificar criteriosamente as indagações e assumir com firmeza a
fé cristã.
Uma boa maneira de fazer isso é organizar debates em classe.
São ótimos para incentivar o raciocínio. Existem vários modos de
realizá-los. O professor pode debater com a classe, isto é, ele
defende um lado de uma questão e a classe, o outro.

58
Podemos ainda levar os alunos a debater entre si. O professor
apresentará material sobre um assunto controvertido (evolução
versus criação, por exemplo), dividirá a classe em dois grupos, e
cada um defenderá uma posição. Os alunos poderão ter trinta
minutos para a preparação e trinta para o debate.
Esse estilo de ensino obtém bons resultados com adolescen­
tes. Aqueles que adotam o estilo “sabe-tudo” e não escutam
muito o que o professor diz na aula, quase nunca hesitam
quando é para discordar. Já vi debates despertarem toda uma
classe que se achava desmotivada, levando os alunos a pensar
para valer. No caso de alguns, isso foi um ótimo começo!

59
TODO MUNDO 2 4
FALHA DE VEZ 1-------
EM QUANDO
É, a dramatização da história de Natal em sua classe não saiu
exatamente como você esperava. Da próxima vez você não vai
incluir aquele bode na história. No momento, os garotos estão
deprimidos, os pais querem você fora do quadro de professores,
e 0 que você mais quer é procurar um buraco e se enfiar nele. O
ar que se respira na sala nada tem de natalino.
Vejamos outra situação (um pouco mais provável). 0 número
de alunos presentes está diminuindo ultimamente, e os que
ainda estão vindo parecem desinteressados. Para piorar, quando
um garoto perguntou por que
ele devia crer em Deus, você
não soube responder direito.
E como se isso fosse pouco,
no domingo seguinte ele
faltou.
Um fracasso não é fatal,
mas 0 desânimo pode ser!
Quando eu cometo falhas (e
isso acontece regularmente),

60
lembro-me de duas coisas que me dão ânimo para prosse­
guir.
Primeira, nenhum professor pode acertar com todos os
alunos. Nenhum professor de escola dominical consegue ser
interessante todos os domingos, nem agrada a todos. Há sempre
alunos que são sabidos demais, malucos demais ou se acham
entediados demais - ou simplesmente não gostam do professor.
Vamos dar um desconto para nós mesmos. E se formos bem
sinceros, teremos de admitir que também temos as nossas
preferências.
Segunda, nenhuma criança ou adolescente está fora do
alcance de Deus. Pense um pouco sobre os discípulos. Tomé
duvidava. Pedro falava demais. Tiago e João pareciam estar
sempre discutindo sobre quem
era o mais importante. Nós não
somos assim também? Da
próxima vez que você estiver
prestes a desistir, lembre-se dos
discípulos de Jesus, e confie que
Deus pode usá-lo para alcançar
seus alunos na hora determinada
por ele.
ESPERE
GRANDES
COISAS DOS
SEUS ALUNOS
Anos atrás, fizeram uma experiência com a classe de certa
professora. Disseram-lhe que ela tinha alguns alunos excepcio­
nalmente dotados e alguns muito vagarosos. Na verdade, eles
tinham escolhido os estudantes de forma aleatória. O que
aconteceu? Ela fazia mais perguntas aos estudantes “dotados”,
dava-lhes mais atenção e eles tiraram melhores notas do que o
resto da classe. Os que foram apontados como “vagarosos” não
receberam atenção quando levantaram as mãos, foram mais
repreendidos em vez de incentivados, e receberam notas mais
baixas do que os colegas. Com o passar do tempo, pararam de
se esforçar e tomaram-se realmentefracassados, como se
esperava quefossem.
Recentemente, falando a um grupo de onze adolescentes, dei
uma série de estudos sobre como podemos descobrir nosso dom
espiritual. Os alunos estavam praticamente dormindo, até o
momento em que pedi a cada um que se sentasse à mesa, na
frente da classe, e fosse tomando nota, enquanto os outros

62
diziam quais, na sua opinião, eram os dons daqueles que, um a
um, se colocavam à frente.
A atmosfera da classe mudou completamente! Quando eles
descobriram que os colegas realmente acreditavam que ele (ou
ela) possuía dons e aptidões, o nível da sua confiança e interesse
aumentou. Dois daqueles jovens, Ben e Stacy, passaram a
realizar um estudo bíblico na hora do almoço, ao qual já estive­
ram presentes trinta colegas.
Nem todos os jovens da sua classe (nem da minha) passarão
por uma experiência de transformação desse tipo. Entretanto os
professores que acreditam no potencial dos seus alunos esten­
dem consideravelmente os limites das possibilidades de cresci­
mento desses jovens.
Aquele pedaço de carvão, que ocupa uma das cadeiras de sua
classe de escola dominical, pode ser um diamante em estado
bruto que só precisa de tempo para ser transformado naquilo
que realmente é.

63
ENVOLVA SUA
CLASSE COM 1-------
A IGREJA
Em seu livro Keeping Your Teens in Touch With God (Mante­
nha seus adolescentes em contato com Deus)*, Robert Laurent
conta que fez uma pesquisa para descobrir as dez principais
razões pelas quais os adolescentes se afastam da igreja. Para sua
surpresa, descobriu que a que os jovens mais citaram foi “a falta
de oportunidade de um envolvimento significativo com a igreja”.
A maioria dos adolescentes se convenceu de que há pouco
espaço para eles na igreja, e pouquíssimas oportunidades para
prestar serviços e exercer liderança.
Aprende-se melhor uma fé positiva no contexto do compro­
metimento, do serviço e do envolvimento. Esses três pontos
essenciais adquirem vida quando damos oportunidades aos
alunos para que causem impacto.
O melhor meio de fazer essa mudança é levar a classe a
trabalhar e exercer liderança. As possibilidades são infinitas. Os
mais novos podem fazer cartazes, confeccionar e levar presentes

* Elgin II: David C. Cook, 1988.

64
para pessoas idosas ou acamadas, ou então ajudar nas várias
atividades da classe. Os maiores podem dirigir quase todas as
partes da aula (recepcionar, fazer avisos, ajudar com o lanche,
dar aula), ou participar em projetos da classe inteira, como
apadrinhar uma criança ou visitar aqueles que estão doentes. Os
resultados em geral são um “caos” total e o crescimento espiri­
tual da turma. A soma é fantástica!

65
FAÇA OS
ALUNOS
FALAREM
Aqui está você, à frente da sua classe, explicando como Saulo
perseguia os cristãos. Então, para acordar a turma, você pergun­
ta:
“O.k., e depois, o que aconteceu a Saulo?”
Infelizmente, nesse exato momento os alunos estão totalmen­
te preocupados com seu sapato. Todos, menos um, cujos olhos
se acham tão parados, que parecem artificiais.
Essa situação ocorre com todos os professores, até mesmo
com os melhores. A aula orientada para a discussão aberta é
mais divertida, mas requer uma conversação genuína. Por que
será que a escola dominical se tornou a única hora da semana
em que os adolescentes se calam?
Um dos problemas com que deparamos é que depois de
freqüentarem a escola dominical durante alguns anos, os
meninos já aprenderam a manha. E uma das primeiras regras
de sobrevivência na classe é manter a boca fechada.
Para quebrar esse regulamento de “é proibido falar”, o
professor precisará de um pouco de criatividade. A mera prática
de fazer perguntas não é garantia de que os alunos vão se dispor

66
a falar de fato. Temos de incentivar os jovens a isso utilizando seu
assunto predileto: falarem sobre si próprios. Vá caminhando
pela sala, pedindo a cada um que diga seu nome, onde estuda e
quais os seus filmes prediletos.
Divida os garotos de dois em dois para conversarem entre si.
Assim se verão obrigados a se expressar. Depois de conversarem
aos pares, será mais provável que falem perante todo o grupo. E
quando uma discussão se desviar do assunto (o que vai aconte­
cer, com certeza), resista à tentação de cortá-la imediatamente.
Se todas as tentativas falharem, desista e recomece na semana
seguinte.

67
DÊ UM NOME
BEM LEGAL
À CLASSE
Recentemente, um grupo de analistas de automóveis recebeu
um carro para testar durante um dia inteiro. Como pensassem
que se tratasse de um modelo importado pela G. M., quase todos
disseram que pensariam em comprá-lo. Mas quando lhes
disseram que na verdade era um Chevette, mudaram de idéia. A
conclusão é óbvia. Na cabeça dos analistas, o nome Chevette já
era sinônimo de carro arcaico, fora de moda. Apesar de o veículo
ser bonito e ter um bom desempenho, os compradores iriam
desinteressar-se dele por causa do nome.
O mesmo princípio poderá estar operando na sua classe de
escola dominical. Qual terá sido o Q. I. do gênio de marketing
que criou a estratégia de se ensinar verdades teológicas a adoles­
centes mandando-os levantar cedo no domingo, usar roupas
desconfortáveis, sentar-se em cadeiras enfileiradas e assistir a
palestras feitas por adultos durante uma hora - e, pra completar,
dar a isso o nome de escola!
Você está procurando uma mudança, uma imagem diferente?
Experimente dar à classe um novo nome. Jogue longe o nome
escola dominical e arranje outro. Pode ser qualquer coisa:

68
Horário Nobre, Domingueiros Acordados, Intelectuais do Domin­
go, Alongamento Matutino, etc. O professor sugere alguns, e os
alunos acrescentam outros, e depois votam naquele que preferi­
rem. Um nome diferente pode trazer energia à sua classe, e a
turma pode achar essa competição emocionante.
NAO DE AS
RESPOSTAS -
29
OEIXE QUE ELES
AS DESCUBRAM

Howards Hendricks, em seu livro Ensinando Para Transfor­


mar Vidas, conta que um dia, no Parque Nacional de
Yellowstone, ele perguntou por que havia tantos avisos proibindo
que se alimentassem os ursos. O guarda florestal explicou que,
sendo alimentados, eles perdiam a habilidade de caçar o próprio
alimento e no outono e inverno morriam.
Há um grande número de crentes que cresceram se alimen­
tando de sermões e palestras, e nunca aprenderam a buscar as
verdades de Deus por si mesmos. Decoraram as respostas
“certas”, mas não têm confiança nem capacidade de aprender
sozinhos.
Quando mudamos a tática e, em vez de dar respostas prontas,
fazemos com que os alunos procurem, isso melhora a retenção,
desperta mais interesse, aumenta a confiança dos jovens e
contribui para que continuem crescendo espiritualmente.
Esse método de aprendizagem em que deixamos os alunos
“descobrirem” as respostas pode ser trabalhoso (é difícil dizer

70
“não” a um urso). Temos de fazer mais perguntas e dar menos
respostas. Discutir mais e discorrer menos. Estimular o pensa­
mento crítico em vez de nos contentar com uma atitude passiva
por parte deles. E talvez haja domingo em que eles não chegarão
a conclusão nenhuma e poderão até sair da aula confusos. Mas
não faz mal! Isso faz parte do processo de aperfeiçoamento dos
alunos; é assim que eles irão crescer espiritualmente. Eles
aprenderão a superar o período (talvez longo) de dúvida e
depois, lá na frente, terão uma fé realmente viva!

71
NÃO FOI
DEUS QUEM
CRIOU O
FLANELÓGRAFO

Você sabia que as crianças não são todas iguais? Estou


sempre redescobrindo esse fato óbvio sempre que percebo que
minha classe nunca se interessa pelos mesmos assuntos, ao
mesmo tempo, nem pelo mesmo estilo de ensino. Aqueles que
adoram aula expositiva não suportam debates. O menino que
vibra durante uma discussão cai no sono durante uma palestra.
O que gosta de jogos é incapaz de abrir a boca durante um
debate. O estudo em grupo, que um aluno acha superlegal, é
chato para aquele que não vê a hora de sairmos para uma
excursão. Diante disso, o que deve fazer um professor criativo?
A grande diversidade dos jovens de nossas classes é um dos
aspectos mais difíceis para o professor. Mas também é o que nos
dá as maiores oportunidades. Variando nossa abordagem e estilo
de ensino, podemos alcançar mais alunos.
Para começar é bom aceitar o fato de que não existe um
método “certo” de ensinar. Deus não inventou nem o
flanelógrafo nem a aula expositiva. Portanto estamos livres para

72
utilizar uma variedade de estilos em nosso ensino. Falar, debater,
servir, brincar, contar histórias, fazer jornalismo, memorizar e
perguntar é apenas uma parte da variada gama de opções (veja
mais algumas no Inventário de Estilos de Aprendizagem, ao
final do livro).
Da próxima vez que achar que seu trabalho está meio rotinei­
ro, abandone o currículo adotado pela igreja e experimente
alguma coisa nova (prometo não contar para seu pastor).

73
PROGRAME 3 i
UMA AVENTURA1------
Seja na TV a cabo (com mais de 50 canais) ou no sorvete (30
sabores), vivemos num mundo em que as pessoas têm a seu
dispor uma grande variedade de opções. Infelizmente, na média
das escolas dominicais ocorre o contrário. A aula típica é assim:
o grupo se reúne, ouve uma palestra, e pronto. Não devemos nos
surpreender com o pequeno impacto que vemos.
Um bom antídoto para a apatia e um método garantido para
mexer com a garotada é dar a ela a oportunidade de uma
aventura. Pode ser algo simples como levar uma classe de 10
anos à delegacia, entrar numa cela, trancá-la e estudar a história
da prisão do apóstolo Paulo.
Se você tiver tempo, pode experimentar algo mais complica­
do. Na última igreja em que trabalhei com jovens, levei toda a
minha classe de escola dominical ao México, a fim de que
vivenciassem ali uma semana de missões. Precisei fazer um bom
planejamento (eu nunca havia feito isso e não tinha a menor
idéia de como realizá-lo na prática) e, mais ainda, exercitar
minha criatividade para angariar o dinheiro necessário. Mas deu
para levar um bom grupo.
Foi mesmo uma aventura e tanto! Pela primeira vez a turma
teve contato com uma cultura diferente. Os alunos compreende-

74
ram os efeitos da pobreza de maneira nova. Ao prestarem ajuda,
sentiram que Deus pôde realmente usá-los em seu serviço.
Conheceram pessoas simpáticas que possuíam tão pouco das
riquezas deste mundo, e ainda assim amavam a Deus e umas às
outras. Com isso, fizeram uma avaliação de seus valores pesso­
ais.
Alguns deles, que antes se encontravam meio indiferentes,
ainda estão “curtindo” sua semana de serviço cristão no México.

75
PEGUE A
ESTRADA
Há pouco tempo ouvi um pastor cético descrever a escola
dominical como sendo “colocar as criancinhas todas apertadas
numa salinha e ensiná-las a não gostar de Deus”. Embora
admita que há aí um pouco de exagero, acho que vale a pena
considerar esse ponto de vista. Se a maioria dos meninos pudes­
se optar, não iria querer passar a manhã de domingo dentro de
uma sala de aula. Uma boa solução é pegar a
estrada.
Na verdade, a idéia de levar os alunos para
fora da sala, e ir para uma variedade de
lugares onde podem aprender não é nova.
Jesus fez isso. A maioria das aulas que ele
deu não foi em salas de aula.
Mude a classe para sua casa, para
uma lanchonete próxima ou para a
secretaria da igreja. Alguns dos
lugares que podemos visitar
oferecem oportunidades valiosas
para se aprender muito. Uma
visita a um cemitério, por
exemplo, seria perfeita para

76
se estudar uma lição sobre a vida eterna. Um depósito de lixo
seria um excelente local para se discutir sobre o materialismo.
Uma lição sobre a compaixão cristã poderia ser ensinada num
abrigo municipal para os desabrigados. Um “sopão” daria um
bom cenário para ensinar sobre o milagre da multiplicação dos
pães para cinco mil pessoas.
Afinal, é difícil “considerar” os lírios do campo quando não
os estamos vendo.
DEIXE OS
MORADORES
DO MANICÔMIO
ADMINISTRÁ-LO
A idéia de deixar que os alunos dirijam a classe (por algum
tempo) pode parecer assustadora e arriscada, mas há várias
vantagens nisso. Primeiro, permitir que a turma ponha a mão na
massa ajuda a combater o desinteresse. Aqueles que estão na ativa
raramente sentem tédio. Quando os alunos começam a ensinar,
tornam-se participantes ativos em vez de espectadores passivos.
Em segundo lugar, os alunos aprendem mais quando estão
envolvidos no ensino. O aprendizado baseado na participação
aumenta o índice de entendimento e retenção da matéria.
Terceiro, os adolescentes, muitas vezes, escutam melhor os
próprios colegas do que os adultos. Isso significa que os outros
membros da classe também poderão aprender mais.
Por último, com isso poderemos estar formando futuros
professores. Na primeira vez que me convidaram a dar uma
aula, eu estava no colegial. Quase tive um ataque do coração. Dei
a aula todo nervoso; mas ninguém desmaiou, e nunca mais
parei de lecionar.

78
Tenha o cuidado de começar aos poucos, em doses pequenas.
Não entregue o horário todo achando que tudo vai funcionar
como as engrenagens de um bom relógio. Deixe que eles se
responsabilizem por algumas das partes da aula: dirigir o
período de cânticos, arrúmar a sala, dar os avisos, distribuir as
folhas com a letra dos corinhos, organizar uma dramatização, ler
os versículos da Bíblia, etc. Aos poucos vá aumentando a partici­
pação deles.
E lembre-se: Quando as coisas se tornarem caóticas (o que é
inevitável), e a experiência não trouxer nenhum outro benefício,
pelo menos agora eles verão como é duro ensinar na escola
dominical!

79
DIVERSÃO E
PARA VOCÊ
TAMBÉM!
No ano passado, no Dia dos Namorados, eu e Carol, minha
esposa, e mais quatro casais, entramos na perua da igreja para
dar um passeio. Depois de rodar uns três quilômetros, nós, os
homens, simulamos uma falha mecânica (muito fácil de acredi­
tar se tratando daquele carro da igreja!). Quando as esposas já
começavam a sentir saudade do tempo em que eram solteiras,
uma limusine chique, que tínhamos alugado secretamente,
parou atrás. Conduzimos nossas esposas - que estavam muito
espantadas - à limusine e seguimos em frente. Fomos parando
em vários lugares. Em cada um, alguns alunos de nossas classes
de escola dominical nos serviram uma parte do jantar. Foi com
um jantar por etapas que comemoramos a data. Cada vez que
saíamos de um lugar desses, eu percebia que esse quadro não
batia bem com o que ia na cabeça daquela turminha - adultos
se divertindo!
O que surpreendeu minha esposa foi a festa, e a mim foi a
reação de minha classe. Ver o professor se divertir, comemoran­
do a data com a esposa, numa limusine, teve maior impacto
para a turma do que qualquer das aulas que eu cuidadosamente

80
preparara. Nos domingos seguintes, quando mencionávamos
essa experiência na classe, percebi que alguns de seus conceitos
errados sobre os adultos serem chatos já estavam meio abalados.
A vida é para ser apreciada, não suportada. Como diz
Brennan Manning:
“Se você tem a alegria do Senhor no coração, faça o favor de
avisar isso ao seu rosto!”
Um professor alegre, que sabe se divertir, atrai os alunos para
sua fé e para sua maneira de viver. Ainda vou me encontrar com
você na estrada, certo?
TENHA 0 SEU [31^
"CADERNO DE 1-------
ORAÇÃO”
0 primeiro capítulo de Marcos descreve um dos dias mais
agitados da vida de Jesus. Ele pregou, ensinou, curou, fez tudo.
Na manha seguinte, os discípulos tiveram de procurá-lo, porque
tinha se levantado cedo para orar. (Se fosse eu, iria levantar-me
bem tarde.)
A oração era uma das prioridades máximas do Senhor.
Quando oramos, 0 ministério se torna um esforço conjugado.
Estamos operando juntamente com Deus na vida das pessoas.
Eu, pessoalmente, noto que quando oro pelos meus alunos,
minhas expectativas para com eles aumentam, porque realmen­
te creio que Deus irá operar na vida deles. Quando oro mais, me
preocupo menos com eles e os admiro mais.
Para obtermos melhores resultados, podemos utilizar um
caderno de oração, simples, do tipo espiral. Escreva 0 nome de
um aluno em cada página, dividindo-a em duas colunas. Depois,
diariamente, passe alguns minutos orando por dois ou três
deles. Na coluna da esquerda anote uma ou duas petições com
relação àquele aluno. Na da direita, registre as respostas de Deus.
Você pode até mencionar isso para seus alunos, dizendo-lhes

82
como Deus está operando na vida deles, e revelando que tem
orado por cada um regularmente. (No meu caso, coloco uma
foto do aluno em sua respectiva página.)
O fato de passar algum tempo em oração me ajuda a lembrar
que não estou apenas lecionando uma classe e, sim, que estou
lecionando para Marcelo, Davi, Carlos e Érica.

83
APRENDA
COM SEUS
ALUNOS
Quando eu era garoto, vivia tão ligado em esportes, que tinha
pouco tempo para as outras coisas. Por causa disso, de carpinta­
ria, por exemplo, entendo quase nada. Só sei qual dos lados do
martelo que devo segurar. Por isso, eu e minha esposa comete­
mos um grande erro quando compramos uma casa que poderia
ter concorrido ao título de “A Mais Reformável do Ano”.
Mudamos para ela, arranjamos os melhores livros no assun­
to, iniciamos a reforma, e aproveitamos todo a ajuda que recebe­
mos, que veio quase toda da nossa classe de jovens, todos entre
15 a 17 anos. Os pais de vários deles eram carpinteiros/marce­
neiros e esses garotos sabiam mais do que eu sobre quase tudo.
Eles adoraram “ensinar” ao professor deles os macetes do ofício,
e eu adorei receber, de graça, a ajuda que me puderam dar.
Uma das maiores alegrias de um professor é aprender com os
alunos. É verdade que eles nos ensinam a ter paciência, mas
podem também ensinar-mw algo daquilo em que demonstram
aptidão. A lista é infinita: carpintaria, computadores, instrumen­
tos musicais, video games, ou como assistir à televisão, ouvir 0
aparelho de som e estudar ao mesmo tempo.

84
Com meus alunos estou aprendendo, por exemplo, algumas
verdades espirituais. Alguns me ensinam a lidar com o sofrimen­
to, quando os vejo enfrentando as conseqüências de decisões
erradas. Outros, a ter compaixão, à medida que procuro amar os
que, naturalmente, não amo. E há aqueles com quem aprendo a
crer em milagres, quando vejo Cristo trabalhar na vida deles.

85
DEIXE DEUS
TRAVAR SUAS
PRÓPRIAS
BATALHAS

A Lição

Então Jesus levou seus discípulos para cima no monte


e, reunindo-os em volta dele, ensinou-os dizendo:

“Abençoados são os pobres de espírito,


porque deles é o reino do céu.
Abençoados são os mansos,
abençoados os que choram,
abençoados os misericordiosos,
abençoados os que têm sede de justiça,
abençoados sejam vocês, quando perseguidos,
abençoados quando sofrerem.
Fiquem alegres e regozijem-se, porque sua recompensa é grande
no céu.”

86
Então Simão Pedro indagou:
“Teremos de decorar isso?”
“É preciso anotar?” perguntou André.
“Vai ter prova sobre isso?” quis saber Tiago.
“Não tenho papel”, comentou Filipe.
“Vamos ter de entregar um trabalho sobre essa matéria?”
disse Bartolomeu.
“Os outros discípulos não tiveram de aprender isso”, reclamou
João.
“Com licença! Posso sair um pouquinho?” pediu Mateus.
“O que tem isso a ver com a vida real?” indagou Judas.

Um dos fariseus, que estava presente, pediu para ver


o plano de aula de Jesus, e perguntou-lhe:
“Onde estão sua motivação e seus objetivos da área
cognitiva?”

“Jesus chorou.”*

Ah! sim, você recebeu a grande responsabilidade de ensinar


verdades espirituais a crianças e adolescentes. Provavelmente
foi por isso que você se ofereceu para lecionar. Em alguns
domingos, a aula é, realmente, maravilhosa, e os alunos
assimilam tudo. Mas, na maioria das vezes, eles parecem os

* Bill McNabb e Steve Mabry. Teaching the Bible Creatively (Usando a criatividade
no ensino da Bíblia). Zondervan/Youth Specialties, 1990.

87
discípulos da parábola acima, e você sai da classe sentindo-se
um fracassado.
Esse é o lado ruim da situação. 0 lado bom dela, porém, é
que não cabe a você ganhar todas as batalhas. Jesus vai ganhar
algumas. E, como vemos por uma simples leitura dos evange­
lhos, algumas ele vai deixar “passar em branco”. Nossos alunos,
como os discípulos, vão ter muitos “altos e baixos”. O segredo é
não deixarmos que isso nos influencie.
Da próxima vez que seus alunos o deixarem com vontade de
chorar, coloque-os nas mãos de Deus e deixe o Senhor travar
essa batalha.
LU ZES,
(VÍDEO)
CÂMERA,
AÇÃO

Certa vez assisti a um programa de Natal na escola de meu


filho. No momento em que a peça começou havia tantas
filmadoras apontadas para as crianças, que provavelmente
pensaram que estivessem numa audiência de
confirmação do Senado.
As crianças gostam de ser
filmadas e também de filmar. Qual (
o garoto ou garota que não apreciai
se ver na telinha? Não existe nada
melhor para criar interesse, fazer
os alunos se envolverem na classe
e até formar futuros Steven
Spielbergs. Os vídeos que eles
fazem podem ajudá-los a aplicar as
lições na vida prática.
São inúmeras as possibilidades
de transformar nossos alunos em

89
astros. Podemos dividir a classe em equipes de produção, dando
a cada grupo uma câmera e mandando fazer um documentário
sobre o assunto que estivermos ensinando no momento.
Ou podemos levar a classe a um shopping center e deixá-los
gravar entrevistas. Eles poderão fazer perguntas sobre assuntos
que estaremos abordando na classe e filmar as pessoas respon­
dendo. Depois podem passar a fita para toda a classe. Isso é um
recurso maravilhoso para apresentar o assunto da lição.
A câmera também serve para ajudar os garotos a se familiari­
zarem com alguns dos eventos da Bíblia. Leve a máquina à aula
e ajude os garotos na criação de um vídeo sobre um evento
bíblico. Marque uma noite para mostrar a fita ao pessoal da
classe e a seus familiares. O sucesso é garantido, sempre!

90
ESCUTAR E
UM ÓTIMO
MEIO DE
COMUNICAR

Quando dirijo seminários para professores de escola dominical,


às vezes gosto de dividi-los de dois em dois, nomeando um deles
professor e o outro, aluno. Dou aos “alunos” um minuto para
inventarem e descreverem uma crise pessoal por que estejam
passando. Depois digo aos “professores” que demonstrem total falta
de interesse, enquanto os “alunos” se dispõem a contar suas piores
crises. Depois, peço aos “alunos” que descrevam o que sentiram ao
verem que o “professor” não os estava ouvindo. Geralmente eles
falam defrustração, raiva, insignificância e desânimo ou deses­
pero. Infelizmente, essa experiência pode estar realmente ocorrendo
repetidas vezes em muitas classes de escolas dominicais.
0 período da aula talvez não dê para que os alunos se abram
e relatem seus problemas. Para isso podemos usar o horário de
almoço no domingo, uma vez por mês, depois da escola. Leve o
aluno para almoçar fora (entregue a conta ao seu pastor), e verá
como será bom e maravilhoso esse momento a sós, dedicado só
para escutá-lo.

91
Algo que pode deixar os alunos realmente espantados é pedir
a opinião deles. Nunca me esquecerei da experiência que tive
com quatro rapazes de 14 e 15 anos, que levei comigo certa vez,
quando fui comprar um carro. (Até o vendedor deve se lembrar
disso.) Depois de dar uma volta com o carro para ver o funciona­
mento dele, chamei a turma de lado, e perguntei:
“Bem, o que vocês acham?”
Eles adoraram dar sua opinião sobre o veículo. Acabei com­
prando aquele carro - e eles passaram os outros anos o destru­
indo.
Nesses vinte anos em que trabalho com adolescentes, aprendi
que a melhor maneira de dizer-lhes “Gosto de você!” é escutá-
los atentamente, mostrando com isso que os amamos.

92
O PODER
DO AMOR
40
Na Convenção Nacional dos Líderes de Jovens em Los Angeles,
em 1990, um moço que trabalhava com jovens ficou emociona­
do ao ouvir 0 relatório do trabalho de Tony Campolo, contando
como fez uma festa de aniversário para prostitutas no Havaí. O
moço lembrou-se de uma garota do grupo de jovens da sua
igreja que estava meio desinteressada. O estilo de vida dessa
moça era meio louco. Ela se sentia isolada e alienada da igreja.
Ninguém lhe dava muita atenção. Esse líder de jovens perguntou
se poderíamos fazer uma ligação para ela durante uma sessão
plenária. Era aniversário dela aquele dia, e ele queria que todos
nós, os 1.400 participantes, cantássemos “Parabéns pra você!”.
Montamos um sistema de viva-voz, e ele ligou:
- Trícia? disse ele, à frente de todos os presentes.
- Pois não! perguntou ela, hesitante.
- Trícia, você não vai acreditar nisto, mas eu estou num
salão com 1.400 pessoas...
- Você está brincando! replicou ela, interrompendo-o.
- Não estou, não, Trícia. Eu estou numa convenção e me
lembrei de que hoje é seu aniversário; então convidei todo
mundo para que desejássemos a você um feliz aniversário.
- Não acredito. Você está brincando, repetiu ela, pasmada.

93
- É verdade!
Queria que você estivesse lá. Nunca vi um grupo de pessoas
cantar mais alto ou com maior emoção, torcendo, gritando entre
uma frase e outra. Quando acabamos, eram poucos os que não
estavam com lágrimas nos olhos. Pelo menos por um momento
em sua vida, Trícia soube que havia quem se interessasse por ela,
que lhe transmitisse carinho.
Sua classe de escola dominical está cheia de Trícias. Graças à
atenção que você lhes dá, desejoso de estar ao lado delas, de lhes
falar, de apoiá-las, elas estão descobrindo que também contam,
que também têm valor.
VOCE S E
ACHA NUMA
41
POSIÇÃO
ESTRATÉGICA!

0 escritor Charlie Shedd disse, certa vez, que quando come­


çou a escrever um livro sobre ser pai (ou mãe), mudou o título
dele várias vezes.
• Antes de ter filhos, o título que usou foi: Como Criar Seus
Filhos.
• Depois de nascidos os filhos, mudou-o para: Idéias Sobre
Criação de Filhos.
• Com os filhos um pouco maiores, o título tornou-se:
Idéias de um Colega de Luta.
• E quando os filhos chegaram à adolescência: Alguém Tem
Alguma Idéia?
A experiência sempre nos dá uma visão mais panorâmica de
tudo. Por melhor professor que você seja, sua classe de escola
dominical nem sempre será:
• uma experiência de transformação de vida que se iguale
ao melhor acampamento a que os alunos já foram;
• o substituto do seminário para seus alunos;

95
• a maior reunião de jovens da cidade;
• a hora predileta da turma;
• a sua hora favorita.
Sendo assim, a escola dominical tem de positivo o fato de que
oferece um lugar onde se pode desenvolver um grande ministé­
rio. Ela poderá florescer bem mais em nossos dias, porque
muitas pessoas buscam seu primeiro contato com a igreja (e
com a fé cristã) no domingo de manhã. Se uma família resolve
visitar a igreja, talvez seja em sua classe que os filhos ouvirão
falar de Jesus pela primeira vez. Sua aula poderá ser uma
“chamada” para que eles se interessem em conhecer melhor o
Senhor Jesus Cristo.

96
OFEREÇA
PONTO
EXTRA

Provavelmente para alguns de seus alunos ir à escola domini­


cal exige um grande sacrifício. Contudo sem dúvida você deve ter
pelo menos alguns com um pouco mais de interesse pelas coisas
espirituais.
Embora não devamos preparar a aula só para esses, é bom
lembrar que Jesus dedicou a maior parte do seu tempo a indiví­
duos assim. É provável que não tenhamos tempo para passar
três anos no deserto com esses alunos, mas podemos oferecer a
esses mais motivados alguns “pontos extras”. Isso poderá
contribuir para que eles aprofundem o seu relacionamento com
Jesus. Também irá cooperar para que eles cresçam mais
depressa.
Comece organizando uma biblioteca de livros que possam
ser emprestados. Procure saber se a igreja dispõe de alguma
verba para ajudar (boa sorte). Visite uma livraria evangélica
para fazer a compra dos livros e assim comece a sua bibliote­
ca de classe. Coloque bons livros, fitas, vídeos e CDs. Estabe­
leça um sistema de registro de saídas e entradas, e deixe os
alunos aproveitarem. Alguns talvez nem se aproximem, mas

97
outros aproveitarão. Uma boa maneira de despertar o interes­
se deles é levá-los junto quando for comprar os livros. Assim
também poderá adquirir obras pelas quais eles tenham
interesse.

98
QUANTO
MAIOR O
NÚMERO, MELHOR
O TRABALHO

Às vezes os alunos vão se cansar de você (difícil de acreditar,


mas é verdade). E você vai se cansar deles (isso já não é tão
difícil de acreditar). Lecionar uma classe de escola dominical
não precisa ser um vôo solitário. Quem foi que disse que você
tem de fazer tudo sozinho? É muito mais fácil dar aulas em
equipe. Além disso, é mais divertido, e propicia aos alunos a
oportunidade de conviver com pessoas de tipos variados servindo
de modelos cristãos. Talvez você se surpreenda, mas encontrará
outros adultos (e até alunos!) dispostos a ajudar.
A procura do pessoal para formar a equipe poderá ser uma
experiência divertida, positiva. Na última classe em que lecionei
na escola dominical, pedi aos garotos que escrevessem numa
ficha o nome de todos os adultos da nossa igreja de que
gostavam e que respeitavam. Recolhi as fichas e na semana
seguinte mostrei-as àqueles cujo nome aparecia com mais
freqüência. Muitos deles ficaram contentes e se dispuseram a
cooperar no aprendizado da turma. Sentiram-se felizes de

99
saber que a meninada gostava deles, e eu gostei do auxílio que
recebi.
A maioria das pessoas pode não querer dar a aula, mas talvez
se prontifique a colaborar. Recrute-as para dirigir o louvor, a
abertura, a aplicação da lição, ou para lecionar uma vez por mês.
Outra idéia é procurar gente que se disponha a assumir a
direção por um, dois ou três domingos. Você tem um
descanso da preparação das lições e seus alunos têm a
oportunidade de ver uma cara nova.

100
"TRANSPA­
RÊNCIA”
44
NÃO É
RETROPROJETOR

Após cinco anos de casados, aconteceu uma coisa maravilho­


sa: minha esposa ficou grávida. Ficamos felicíssimos! Telefona­
mos para os familiares, e depois tivemos o privilégio de dar a boa
notícia aos alunos da nossa classe de escola dominical. Durante
alguns dias houve só parabéns e a turma fazendo fila para o
lucrativo cargo de babá. Depois de duas semanas, no entanto,
começou a haver problemas na gestação. O médico confirmou
nossos temores. Minha esposa sofreu um aborto espontâneo.
Eu não imaginara como ia ser difícil dar essa notícia ao nosso
grupo. Fui para a reunião resolvido a bancar o cristão exemplar,
louvando a Deus nas horas duras da vida, mas não consegui! Lá
estava eu, de pé à frente da classe, e só consegui dizer:
“Estamos muito tristes. Orem por nós.”
Os alunos foram admiráveis! Escreveram bilhetes, fizeram
bolos e disseram que nos amavam. Eles nos animaram muito,
ajudando-nos a atravessar aquela fase difícil. Também passaram
a me procurar quando se sentiam magoados. Minha sinceridade

101
mudou meu estilo de relacionamento e ministério com aqueles
jovens!
Os adolescentes não estão procurando modelos perfeitos. O
que procuram são adultos sinceros, que amem a Cristo e que
venham a amá-los.

102
VAMOS
DAR-LHES
TAREFAS D IFÍCEIS

Recentemente vi um adesivo de carro que dizia: “Contrate


um adolescente enquanto ainda sabem tudo.” Vamos encarar a
verdade - alguns dos nossos alunos já estão na igreja há mais
tempo do que nós. Quer a aula seja em Levítico ou em Lucas, a
reação deles é sempre a mesma:
“Já ouvimos isso!”
A melhor solução pode estar numa frase que um professor
meu do seminário gostava de repetir:
“A tarefa do professor é consolar os desconsolados e incomo­
dar os acomodados.”
O que precisamos fazer para que nossos alunos saiam da
rotina, e deixem a indiferença do “já ouvi isso”? Precisamos
empurrá-los para a frente, temos de desafiá-los. Nossos objeti­
vos, quanto ao conteúdo, podem continuar sendo os mesmos,
mas, se a movimentação variar, conseguiremos despertar uma
classe inteira que se acha “acostumada” com a igreja.
Podemos, por exemplo, convidar uma pessoa que vive nas
ruas para vir à classe falar sobre o tipo de vida que ela leva. Ou
então levar os garotos a uma instituição beneficente para servi-

103
rem ali um café reforçado durante o horário da classe (ou mais
cedo).
Certa vez levei minha classe de escola dominical - alunos de
12 a 14 anos - a uma creche muito carente, no centro de São
Francisco. Passaram o dia dando o duro, trabalhando de verdade
(um milagre) e interagindo com pessoas crentes de origem bem
diferente da sua. Aprenderam lições sobre compaixão e serviço
cristão que uma aula tradicional faria todos dormirem.
LIGUE O
VÍDEO

Quando Ross Perot foi candidato a presidente dos Estados


Unidos, ele usava recursos visuais em todas as suas propagan­
das, para exemplificar o que queria dizer e tornar os assuntos
claros e compreensíveis. Se ele tivesse usado seus ouvidos com
essa mesma eficiência, talvez tivesse ganho a eleição por uma
boa margem de votos.
Estamos trabalhando com uma “geração vídeo”. Os filmes, os
vídeos e a TV são veículos que moldam valores na cultura jovem
de hoje. O efeito da mídia sobre os índices de atenção e retenção
das pessoas é extraordinário.
Não podemos deixar que só o inimigo use essas boas ferra­
mentas. Vamos utilizar o vídeo para dar mais vida às nossas
aulas. Grave uns minutinhos das notícias, ou uma parte de
algum programa popular, e faça com que os alunos discutam o
assunto ali focalizado, relacionando-o com a Bíblia. Mostre um
bom filme, todo ou uma parte dele. Exiba filmes que tenham
muito o que ensinar sobre questões como amor cristão, fé,
liberdade, compaixão, esperança.
Mostre bons vídeos evangélicos. Ultimamente têm sido

105
produzidos muitos filmes, com excelente conteúdo; verdadeiras
produções para entreter e ensinar.
Divirtam-se!

106
JESU S AMA
SUA CLA SSE -
47
POR SEU
INTERMÉDIO

0 ensino da escola dominical abrange muitas tarefas. Somos


secretários na hora de marcar a presença, conselheiros,
palestrantes, dirigentes de brincadeiras, iniciadores de debates,
motoristas, diretores de atividades, programadores e outras
coisas mais. Em meio a tudo que fazemos, é fácil perder de vista
o chamado principal: o de levar nossos alunos a ter um relacio­
namento pessoal com o Deus que os ama.
Brennan Manning conta o caso interessante de um menino
que estava brincando de esconder com seu amigo. Quando
chegou sua vez, se escondeu e ficou aguardando que o amigo
fosse procurá-lo. Esperou muito tempo, e nada. Finalmente saiu
do esconderijo. Foi então que descobriu que o amigo tinha ido
embora, sem ter ido procurá-lo. O garotinho voltou para casa
chorando. Encontrando o pai, desabafou:
“Ninguém foi me procurar!”
Nós sabemos de um fato maravilhoso: Jesus está procurando
não só a nós, mas a nossos alunos também. A tarefa de que nos

107
incumbe é, acima de tudo, ajudá-los a ouvir e a atender ao
chamado do Senhor.
Sei o que muitos de vocês devem estar dizendo:
“Não posso fazer isso. Não sou muito espiritual.”
Há pouco recebi uma carta de uma estudante universitária.
Havia seis anos se tornara cristã num acampamento onde eu
fora preletor. A carta dizia o seguinte:
“Quercf agradecer-lhe por ter estado naquele acampamento.
O retiro mudou minha vida. Para mim foi muito importante o
senhor ter pedido que eu enviasse meu retrato, com a promessa
de colocá-lo no seu escritório. Não me lembro de nenhuma de
suas palestras, mas nunca me esquecerei da experiência de
sentir-me amada e apreciada. ”
Quando os alunos sentem que você os ama, compreendem
melhor o amor de Deus por eles. E Deus os ama por seu inter­
médio, do jeito que você é.

108
VOCE
PODE SER
CRIATIVO!

Ninguém pode ser criativo por encomenda. É mais ou menos


como quando alguém chega para mim, e diz:
“Diga alguma coisa engraçada.”
De repente, a parte de meu cérebro onde está a seção de
humor se fecha para reformas.
A criatividade, no entanto, é algo que podemos desenvolver e
fortalecer, quase como fazemos com os músculos. E muitas
vezes precisamos ter uma porção de idéias ruins para depois
surgir uma boa. Certa vez um ex-aluno meu, que agora trabalha
em propaganda, disse:
“A criatividade é noventa por cento suor e dez por cento
inspiração.”
Todos nós temos esses dez por cento. É só vasculhar
aqueles cantinhos escuros de nossa mente que os descobrire­
mos.
Àqueles que lutam para aumentar seu índice de criatividade,
um conselho: comecem permitindo-se a si mesmos pôr em
prática uma péssima idéia, que acabe em total fracasso. Façam
isso porque, por pior que uma idéia seja, desistir é um erro

109
ainda maior. Se a primeira idéia cair por terra, tente outra, e
mais outra, até que uma dê certo.
Talvez você queira usar o plano TE3: tomar emprestado,
tomar emprestado, tomar emprestado. Quando ouvir falar de
uma boa idéia, anote-a e tente pô-la em prática. Eu me reúno
regularmente com outros professores, e trocamos idéias sobre os
assuntos a abordar no currículo, os jogos, formas de atividades,
etc. Geralmente no final saímos com muitas idéias mesmo que
nem tenhamos condições de implementar todas elas. Certa vez
um bom e sábio “copiador de idéias” disse:
“A essência da criatividade é a capacidade de copiar.”

110
VOCÊ
TAMBÉM
49
PODE SER LEGAL

Leith Anderson começa seu admirável livro Dying For Change


(Morrendo de vontade de mudar),* narrando a história de uma
igreja que se encontrava em declínio e estava à procura de um
pastor novo, dinâmico:

“Uma comissão ‘nota dez’ fez tudo certinho e encontrou o


dirigente perfeito. Ele era jovem, porém experimentado; sério,
mas espirituoso; bom orador, mas sem intimidar ninguém; era
espiritual, mas conhecedor do mundo e da vida. Se havia alguém
que pudesse dar novo rumo àquela igreja problemática, era ele.
“Quando o candidato a pastor falou à igreja pela primeira vez,
deu uma inspirativa descrição dos pontos que o qualificavam, de
sua experiência, de sua visão e seus planos. Na última frase, ele
resumiu sua emocionante apresentação:
‘“Com a ajuda de Deus’, disse ele, ‘pretendo levar esta igreja
emfrente, para que entre no século XIX!’

* Minneapolis: Bethany House, 1990.

111
“Surpreso e constrangido pelo erro do candidato, o relator da
comissão sussurrou-lhe um pouco alto:
‘“Você quis dizer século XX?’
“E o candidato logo respondeu:
“‘Vamos por etapas - um século de cada vez!’”
Nossa cultura muda rapidamente, e os adolescentes a acom­
panham. A atualização é essencial, porque aquele excelente
programa de escola dominical do passado pode ser o fiasco
amanhã. É preciso não deixar que seu programa de escola
dominical se torne uma exposição do “Parque dos Dinossauros”.
O primeiro passo nesse sentido é ouvir os alunos. Converse
com eles fora da classe. Quais são seus problemas? suas lutas?
suas frustrações? suas vitórias? Então, na escola dominical,
focalize aquilo que os preocupa.
Utilize recursos atualizados. A maioria dos alimentos e
medicamentos, hoje, vêm com data de validade. Os recursos
usados na escola dominical deveriam vir com o seguinte aviso:
“Cuidado. Após tal data o efeito poderá ser mínimo.”
A maioria das editoras pode mandar amostras grátis de
material para a escola dominical. Reúna uma boa mostragem e
deixe que os alunos escolham as de sua preferência.

112
QUANDO
TUDO MAIS
FALHAR, CONFIE
EM DEUS

Quer lecionemos para uma classe de irrequietas crianças de 8


a 11 anos ou uma de adolescentes com as pilhas carregadas de
hormônio, em geral será raro obtermos resultados visíveis. O
professor que ficar na sala depois da aula esperando ouvir as
crianças dizerem: “Muito obrigado por essa lição sobre Levítico.
Mudou a minha vida”, poderá acabar passando a noite na igreja.
Se não tivermos cuidado, é possível acharmos que Deus não está
operando.
Meu primeiro contato real com a fé cristã ocorreu numa
classe de escola dominical, quando eu era adolescente. O profes­
sor era um policial (o que, para mim, parecia ser uma contradi­
ção). Para surpresa minha, constatei que ele era divertido,
amigo, simpático, e falava em linguagem simples sobre como
seu compromisso com Jesus Cristo afetava sua vida e suas
relações com os outros.
Saí daquela classe ainda inseguro sobre o valor da fé cristã,
mas profundamente comovido e comprometido com a idéia de

113
pensar melhor a respeito - embora na aula eu tivesse agido
como se estivesse completamente desinteressado. Hoje, passa­
dos vinte anos, ainda não me esqueci da mensagem simples e
clara daquele professor.
Pode parecer que os resultados demoram, mas lembre-se de
que você não está sozinho. Enquanto transmite a mensagem da
Bíblia aos alunos, Deus está operando, convencendo-os de que
as palavras dele são reais, e conquistando-os para si. O engraça­
do é que acho que nunca falei com aquele professor sobre o
impacto que ele causou em minha vida. Você poderá ter alunos
assim. No momento, não dão sinais exteriores de vida, mas
daqui a vinte anos... quem sabe?

114
Segunda Parte

CRÉDITOS EXTRAS

115
PESQUISA [í
"ESCOLHA ^
OS ASSUNTOS”

Os assuntos da pesquisa seguinte estão divididos em quatro


categorias: Bíblia, Crescimento Espiritual, Tópicos Quentes e
Vida Prática. Os primeiros assuntos de cada coluna são para
alunos mais novos, e os que estão do meio para o fim funcionam
melhor para jovens um pouco mais velhos. Ao realizar sua
própria pesquisa, escolha na lista os assuntos mais apropriados

/C3
faixa etária de seus alunos.

Escolha os Assuntos
Instruções: Em cada categoria, marque os cinco assuntos que
mais lhe interessam. Depois coloque um asterisco em dois que
você considera os melhores de cada categoria.

Bíblia Crescimento Espiritual


- A multiplicação dos pães - Deus nos criou de forma toda especial
- O amor de Jesus - Ser honesto
- A vida de Jesus - Aprender a orar
- O sentido da Páscoa - Como receber o perdão
- O Filho Pródigo - Como resolver o problema das dúvidas
- A criação do mundo - O uso dos dons espirituais

116
A Bíblia é verdadeira? - Deus existe?
O livro de Gênesis - Como se dar bem com os pais
A vida de Moisés - Conhecendo a vontade de Deus
Introdução ao Novo - O que é a igreja e como me encaixo nela?
Testamento
O livro de Atos - Pontos essenciais em servir a Deus
Os Dez Mandamentos - Oração
Os evangelhos - Confraternização
O livro de Neemias - Como tornar mais interessante o
estudo devocional da Bíblia
Os heróis do Velho - Como cultivar amizades mais profundas
Testamento
O livro de Jonas - Como compreender os dons espirituais
O livro de Romanos - Como envolver-se na obra de missões
e no serviço cristão
O Espírito Santo - Serviço globalizado
A vida de Davi - O ensino cristão sobre o casamento
A vida de José - O mês de missões - Conhecer melhor
os campos missionários
O livro de Efésios - Evangelismo pessoal
0 livro de Filipenses - As seitas e religiões do mundo
As cartas aos coríntios - Mordomia cristã
1 e 2 Tessalonicenses - Enfrentando a tentação
O livro de Provérbios
O Sermão do Monte
O livro dos Salmos
O livro de Apocalipse
Conheça bem sua fé

117
Tópicos Quentes Vida Prática
- Como se relacionar com o - Como fazer amigos
briguento da classe - O que fazer com a mesada
- Como agir quando os pais brigam - Como conservar o meu quarto
- Como agir quando os outros arrumado
fazem piadas a nosso respeito - Curso de comunicação: ouvir e falar
- Quando Deus parece distante - Como lidar com a raiva/revolta
- Homossexualismo - Como tomar boas decisões
- Como encarar os estudos - Como estudar
- Puberdade - Vejam! Estou - Como melhorar as notas
mudando - Como administrar meu dinheiro
- O estresse - Como praticar o domínio próprio
- Como encarar a pressão dos
colegas - Como usar um computador
- Que fazer quando seus pais se - Como usar o talão de cheques
separam - Como planejar seu futuro
- AIDS - Como dizer não às festanças
- Drogas e álcool: o que fazer? - Como regular o motor do carro
- Como agir diante de um fracasso - A vida na família de Deus
- Depressão - Como trocar um pneu furado
- Auto-estima - Como manter a forma
- Amor, sexo, namoro e
relacionamentos - Como elaborar um currículo
- O suicídio - Como arranjar um emprego nas
- Música rock férias
- Solidão - A divisão do tempo: equilíbrio
- A mídia entre esportes, estudos e trabalho
- Racismo
- Sexualismo
- O problema da fome mundial
- A vocação
- O auê da Nova Era
- Como agir quando sofremos
- Que fazer com o desânimo
- Evolução e criação
- A questão do aborto
- A eutanásia

118
FORMULÁRIO
DE AVALIAÇÃO
DO ENSINO
0 formulário aqui apresentado visa a ajudá-lo a avaliar sua
aula em vários aspectos: a atmosfera criada, o conteúdo, a ação,
os relacionamentos e a experiência. Peça a uns dois amigos que
assistam à sua aula e depois o preencham. Se preferir, peça a
dois alunos da classe que dêem sua opinião, também usando o
formulário.

FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO ENSINO


Nome do professor:
Assunto do dia:
Breve comentário sobre os seguintes aspectos da aula:
A AULA
ATMOSFERA: A aula foi agradável e divertida?

CONTEÚDO: O conteúdo foi relevante e interessante?

AÇÃO: Você participou?

RELACIONAMENTOS: Você teve oportunidade de interagir com os


outros?
EXPERIÊNCIA: Como o conteúdo poderá aplicar-se em sua vida?

119
ATITIIDE DO PROFESSOR

Sinceridade:

Entusiasmo:

A MENSAGEM (se houve)

Volume:

Ritmo:

Contato visual:

A introdução conseguiu atrair sua atenção e o motivou a escutar e


aplicar a lição?

EM GERAL

O que você mais gostou nessa aula?

Como o professor poderia melhorar?

120
INVENTARIO
DE ESTILOS
DE APRENDIZAGEM

0 Inventário de Estilos de Aprendizagem (The Leaming Style


Inventory) * causou grande impacto sobre minha técnica de
ensino. 0 inventário sugere que a maioria dos alunos aprende
mais em um ou dois dos seguintes estilos:

OsExperienciais (“Aprendem sentindo”): são pessoas intuitivas


e mais interessadas no ser humano em si. Aprendem melhor
através de relacionamentos, expressão criativa e experiências
pessoais.

Os Analíticos {“Aprendem Vendo e ouvindo”): são os que


observam e refletem. Aprendem melhor quando escutam e
observam.

Os Práticos (“Aprendempensando”): são pessoas que pensam


com lógica. Por serem práticas, aprendem melhor através de

*Boston: McBer and Co., 1985.

121
técnicas que ofereçam tempo para que processem as informa­
ções: discussão, debates, questionamento, meditação e estudo.

Os Dinâmicos (“Aprendem fazendo”): são os que gostam de


aprender experimentando. Preferem as experiências de aprendi­
zagem que permitam ação: participação, liderança, experimenta­
ção, jogos e experiências no serviço cristão.

Para compreendermos melhor esses quatro estilos, devemos


manter em mente dois princípios: Primeiro, a maioria das
pessoas pode aprender em mais de um estilo, mas gosta mais de
seu próprio. Segundo, quando ensinamos predominantemente
num estilo (como a exposição), corremos o risco de tolher o
crescimento dos alunos que aprendem melhor em outros estilos.
Uma ótima maneira de dar aula é ver o conteúdo da lição e
responder a pergunta:
“Como vou ensinar isso em cada um dos quatro estilos?”
A tabela seguinte apresenta as técnicas de ensino organizadas
por estilo de aprendizagem. Da próxima vez que você for dar
uma aula, experimente pelo menos uma técnica de cada uma
dessas quatro áreas.

122
Os Experenciais Os Analíticos Os Práticos Os Dinâmicos
(“Sentindo”) (“Vendo e (“Pensando”) (“Fazendo”)
Ouvindo”)

Joguinhos Quadro e giz Concordar/ Passeios


Discordar
Discussões Mapas Debates de líder Pesquisa
vs. alunos
Pantomina Entrevista Mesa redonda Diálogo
Retroprojetor (os alunos são Dramatização
Ilustrações Flanelógrafos jurados)
Música Vídeos Análise de Situações Dramatização com
criação do final
Compartilhamento Contos Resolução de da história. Caso
Problemas discutido em
seguida
pela classe
Simulações Contar história Questionamento Estudo
Compor corinhos Livros infantis Pesquisa Simulações
Trabalhos manuais Fotos Estudo indutivo Confecção de
Preparação de Shows de laser Apologética: vídeos
propagandas Acrósticos defesa de tese/texto
Dar aula
Folhetos Memorização Palestras feitas por Acampamentos e
Murais professores retiros
visitantes
Preparar esboços
Pôsteres Paráfrase Joguinhos
instrutivos
Redação de cartas Jornalismo

123
FOLHA DE
PLANEJAMENTO
- COMO APRENDER
ATIVAMENTE

A Folha de Planejamento de Como Aprender Ativamente visa


dar subsídios para que o professor possa planejar uma hora plena
de atividades de acordo com princípios da aprendizagem ativa de
C.A.R.E. {Conteúdo, Ação, Relacionamentos &Experiência).
Primeiro, faça uma lista de idéias. Estabeleça as metas do
conteúdo e, em seguida, elabore uma lista de todas as idéias
possíveis e impossíveis levando em conta os componentes Ação,
Relacionamentos e Experiência da lição.
Em seguida,yãftf o plano de aula. É o momento de reunir
ao esboço de procedimento da aula as idéias C.A.R.E. Escreva os
seis pontos do procedimento (abaixo) no lado esquerdo do
papel. No lado direito, coloque as idéias úteis de acordo com os
pontos à esquerda. Acrescente a abertura da aula (introdução) e
o final (conclusão). Aí está um plano de aula que produzirá bons
resultados:
1. preparação do ambiente (de que materiais vai precisar
para a aula);

124
2. abertura (“ligue” os alunos à situação);
3. apresente o conteúdo (prenda a atenção deles);
4. explore o assunto (busque o envolvimento da classe);
5. resposta (procure aplicar a lição à vida deles);
6. conclusão.

125
FOLHA DE PLANEAMENTO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS
PLANEJAMENTO DA AULA & HORÁRIO DA AULA
LISTA DE IDÉIAS (CAR.E.)
CONTEÚDO PREPARAÇÃO
Sala em ordem
Assunto: Materiais necessários

Meta(s)

ABERTURA
("Ligue" os alunos à situação)
AÇÃO
Que podemos fazer para comunicar
o conteúdo?
APRESENTE O CONTEÚDO
(conquiste a atenção deles)

RELACIONAMENTOS EXPLORE 0 ASSUNTO


O que podemos fezer para criar (busque o envolvimento da
melhores relacionamentos classe)
durante esta aula?

RESPOSTA
(procure aplicar a lição à vida
deles)

EXPERIÊNCIA CONCLUSÃO
Como esses garotos vão experimentar
essas verdades na vida cotidiana?

126
DEZ LIVROS 55
QUE O
AJUDARÃO NA SUA
TAREFA DE ENSINAR
Nota dos Editores: 0 autor apresenta uma lista de dez livros
de grande utilidade para o professor, alguns deles não disponí­
veis em português. Para sanar essa falta, nossos especialistas em
educação cristã sugeriram outros títulos, de utilidade semelhan­
te, disponíveis em nossa língua.

1 .As 7 Leis do Aprendizado. Dr. Bruce Wilkinson, Editora


Betânia.
2 . 103 Perguntas que as Crianças Mais Fazem. Editora
Candeia.
3. Ensinando Para Transformar Vidas. Howard Hendricks.
Editora Betânia.
4. Firme Seus Valores. Charles Swindoll. Editora Betânia.
5. Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos. William
Coleman. Editora Betânia.
6. OMaravilhoso Mundo dos Fantoches. Mirly de Oliveira.
Editora Betânia.

127
7. Peças Rápidas e Quebra-Gelos. Chuck Boite e Paul
McCusker. Editora Vida Nova.
8. Redescobrindo a Alegria das Manhãs de Domingo. Ken
Hemphill. Editora Exodus.
9- Teatro na Igreja com Criatividade. Maria José Resende.
Editora Exodus.
10. Você Acredita em Escola Dominical? Angelo Gagiliardi
Júnior. Editora Vinde.

128
Otima notícia para professores
de escola dominical frustrados:

A ajuda que você esperava chegou na form a deste livro gostoso de 1er,
divertido, mas extremamente prático. O autor, um experiente professor de
escola bíblica, se identifica com as dificuldades que você enfrenta e lhe
traz 5 0 idéias criativas, dicas e sugestões para você fazer sua classe
"pegar fogo".

* Deixe os alunos escolherem o assunto


•C om o usar o elemento surpresa
* Mantenha seus alunos em suspense
•Com o adaptar um currículo aos seus alunos
•V o c ê (é !, você mesmo) pode ser criativo
* D ivertir-se na classe também é válido
E muito mais!
Você esta' ensinando prim ários ou adolescentes? Então este livro é
pra você, não im porta qual seja a denominação de sua igreja. Ele vai lhe
dar uma nova visão da escola dom inical e abrir seus olhos para as reais
necessidades dos alunos.

Seu ensino nunca mais será o mesmo depois de 1er


SOCORRO! MEUS ALUNOS SUMIRAM!

EditoraII? Betânia
I.1VKOS O U I IAI AM 1)1 D l 1IS
Caixa Postal 5 0 1 0 -3 1 6 1 1 -9 7 0 Venda nova, MQ 2691

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