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1.1 O Risco
Como dominar o risco? Conforme Bernstein (Desafio aos Deuses, uma Breve História do
Risco), a idéia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado
se baseia no domínio do risco, na noção de que o futuro é mais do que um capricho dos
deuses e de que os homens não são passivos perante a natureza. “Até os seres humanos
descobrirem como transpor essa fronteira, o futuro era um espelho do passado ou o domínio
obscuro de oráculos e adivinhos que detinham o monopólio sobre os eventos previstos”.
A gestão do risco tornou-se uma importante ferramenta para a ampla gama de tomada de
decisões: da alocação de riquezas à salvaguarda dos regimes previdenciários, do
planejamento familiar ao cultivo de uma determinada cultura, do lançamento de um satélite à
contratação de um seguro vida. O risco acompanha o homem e é inerente à sua natureza.
Também coube aos romanos, no tempo de Júlio César, congregarem-se para formar
sociedades, com intuito de protegerem-se mutuamente contra prejuízos monetários
advindos de dias chuvosos, pragas e casos de morte. O imperador Cláudio (10 a.C. - 54
d.C.), interessado em estimular o plantio e comércio de grãos, criou um seguro gratuito para
todos os agricultores e mercadores romanos ao tomar para si a responsabilidade sobre
qualquer perda do cereal decorrente do mau tempo.
No século XVII surgiram algumas instituições conhecidas como “Tontinas”, nome originado
do seu idealizador, o banqueiro de nacionalidade italiana Lourenço Tonti. As Tontinas
tinham por objetivo inicial facilitar ao Estado o levantamento de empréstimos públicos. Na
sua concepção, a operacionalidade de tais instituições baseava-se no princípio da reunião
de pessoas que colocavam em comum certa quantia em dinheiro para constituir um fundo
destinado a ser repartido em determinada época entre os sobreviventes do grupo. As
Tontinas tornaram-se a antítese do seguro de vida e, como conseqüência, trouxeram muitas
práticas amorais e anti-sociais, como fraudes, seqüestros e assassinatos. Entretanto, no
estudo do desenvolvimento científico e prático do seguro de vida, as Tontinas não deixaram
de ser uma semente lançada, embora mal concebida e com finalidade nebulosa. Como era
de se esperar, o desaparecimento de tais instituições veio a ocorrer no século seguinte.
As observações de John Graunt, publicadas em 1662 no seu livro Natural and Political
Observations made upon the Bills of Mortality, constituíram o primeiro exemplo de método
estatístico aplicado. Foi ao longo deste período que se observou um grande esforço para a
obtenção de dados referentes à mortalidade de pessoas. Mesmo percebendo que as
estatísticas disponíveis representavam uma mera fração de todos os nascimentos e mortes
já ocorridos em Londres, Graunt não se absteve de elaborar amplas conclusões sobre os
dados disponíveis. Sua linha de análise é conhecida atualmente como inferência estatística.
A partir da inferência de uma estimativa global de uma amostra de dados, os estatísticos
subseqüentes descobriram como calcular o erro provável entre a estimativa e os valores
reais. Com o seu esforço inovador, Graunt transformou o processo simples de coleta de
informações em um instrumento poderoso e complexo de interpretação do mundo.
No século XVII, surgiram novos tipos de seguro por influência do grande incêndio de
Londres de 1666, que destruiu 25% da cidade e obrigou a reforma dos sistemas de seguro
de incêndio. Foram destruídas 13.200 casas e 89 igrejas, deixando 20 mil pessoas
desabrigadas. Essa tragédia despertou a atenção das pessoas para os riscos de incêndio e
estimulou a criação das primeiras Companhias de Seguros destinadas à sua cobertura: a
Fire Office, em 1680; a Friendly Society, em 1684; e a Hand in Hand, em 1696. O advento
dessas empresas marcou o início de uma nova etapa na evolução dos seguros, que
passaram a interessar-se, também, pelos riscos terrestres.
O seguro de vida teve a sua prática protelada no Brasil por ter sido considerado, durante
longo tempo, como uma especulação imoral. O Código Comercial brasileiro de 1850 proibia
a contração de seguro de vida de pessoa livre, mas admitia a contratação sobre a vida de
escravos, por serem eles objeto de propriedade. Nesta é poça surgiu a Companhia de
Seguros Mútuos sobre a Vida de Escravos.
Somente após alguns anos, este ramo começou a se desenvolver, quando em 1855 surgiu a
Companhia de Seguros Tranqüilidade, primeira sociedade fundada no Brasil para operar em
seguros de vida de pessoas livres, mas admitias sobre a vida de pessoas livres.
Em 1939, o presidente Getúlio Vargas deu o maior passo para o progresso do seguro no
país, criando o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Esta instituição foi fundada com o
objetivo de regular o resseguro no país e desenvolver as operações de seguros em geral.
As Companhias de Seguros ficaram obrigadas, desde então, a ressegurar no IRB as
responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção. Com esta medida, o
Governo Federal procurou evitar que grande parte das divisas nacionais fosse consumida
com a remessa de prêmios ao exterior.
Em 1966, através do Decreto-lei n.° 73/66, foram re guladas todas as operações de seguros
e resseguros. Além disso, também foi instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados,
assim constituído:
Corretores habilitados.
Os ativos das Entidades Abertas de Previdência Privada constituem-se num dos mais
expressivos mecanismos de formação de poupança interna, assim como o segmento das
Entidades Fechadas que acumulam patrimônios significativos. A Previdência Privada é hoje
o maior investidor institucional no Brasil. Seus ativos financeiros estão a serviço da
economia nacional, fortalecendo as atividades produtivas e servindo à política econômica,
direcionadas que são suas aplicações pelos órgãos governamentais.
1.3.3 Capitalização
Objetivando proporcionar auxílio financeiro aos sócios através de suas próprias poupanças,
Paul Viget, diretor de uma cooperativa de minérios da França, idealizou, em 1850, a
Capitalização. O sistema era baseado em contribuições mensais, visando à constituição de
um capital garantido, pago no final de prazo previamente estipulado ou, antecipadamente,
através de sorteio. No início do século XX, a Capitalização tomou um grande impulso na
França e de lá se difundiu através dos países de origem latina.
Sob o aspecto jurídico, segundo o art. 757 do Código Civil Brasileiro, “pelo contrato de
seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse
legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados”. Assim, o
contrato de seguro é um acordo pelo qual o segurado, mediante pagamento de um prêmio
ao segurador, garante para si ou para seus beneficiários, indenizações de prejuízos que
venha a sofrer em conseqüência da realização de um dos eventos previstos no contrato.
São dois os principais elementos do contrato de seguro – proposta e apólice –
indispensáveis ao estabelecimento do compromisso entre as partes.
Assim, uma vez que esta oferta seja definitivamente aceita, é emitida a apólice de seguro,
documento que determina e regula as relações entre o segurado e o segurador. Segundo o
art. 758 do Código Civil Brasileiro, “o contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice
ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do
respectivo prêmio”.
De forma geral, em todo contrato de seguro existe uma prestação e uma contraprestação
em que está, de um lado, o segurado que paga o prêmio pela cobertura do risco e, de outro,
a Companhia de Seguros que toma o encargo das perdas que este risco ocasione.
O Decreto Lei 73/66 regulamentou no Brasil a toda a atividade econômica relacionada com
o Seguro Privado. Conforme a referida norma o Seguro é um contrato bilateral e oneroso,
através do qual uma das partes (segurador), recebendo uma remuneração (prêmio), obriga-
se com a outra (segurado) a indeniza-la, ou a terceiros, por ela indicados (beneficiários ou
prejudicados), no caso da realização de um determinado risco (sinistro). O Decreto Lei 73/66
divide o seguro em três categorias: a) Seguros de Pessoas; b) Seguros de Bens; e c)
Seguros de Responsabilidade;
Dentro deste contexto, ao Banco Central do Brasil (B.C) delegou-se a responsabilidade pela
normatização e fiscalização das aplicações dos recursos oriundos dos planos de seguros e
títulos de capitalização operados pelas Sociedades, segundo as diretrizes estabelecidas
pelo Conselho Monetário Nacional (C.M.N.).
Prêmio: é o valor devido pelo Segurado ao Segurador, para que este assuma os
riscos previstos no contrato de seguro; a cobrança do Prêmio deverá ser feita,
obrigatoriamente, pela rede bancária.