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Atuária e

Contabilidade
de Seguros

Rio de Janeiro
UVA
2016
Marcos Vinícius Kucera
Julio Cezar de Mello Cidade

Atuária e
Contabilidade
de Seguros

Rio de Janeiro
UVA
2016
Copyright © UVA 2015
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer
meio sem a prévia autorização desta instituição.

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa.

ISBN: 978-85-69287-14-8

Autoria do Conteúdo
Marcos Vinícius Kucera
Julio Cezar de Mello Cidade

Design Instrucional
Daianá Lucília S. A. de Almeida Melo

Projeto Gráfico
UVA

Diagramação
Isabelle Martins

Revisão
Janaína Senna
Lydianna Lima

K 95 Kucera, Marcos Vinícius

Atuária e contabilidade de seguros [livro eletrônico]


/ Marcos Vinícius Kucera, Julio Cezar de Mello Cidade. –
Rio de Janeiro : UVA, 2016.

476 KB.
ISBN 978-85-69287-14-8
Disponível também impresso.

1. Ciência atuarial. 2. Seguros - Contabilidade. 3.


Seguros - Brasil - Legislação. 4. Seguros - Matemática. 5.
Estatística. I. Cidade, Julio Cezar de Mello. II.
Universidade Veiga de Almeida. III. Título.

CDD – 368.01

Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA.


Biblioteca Maria Anunciação Almeida de Carvalho.
SUMÁRIO

Apresentação...............................................................................................................7
Sobre o autor................................................................................................................9

Capítulo 1 - Perspectivas históricas................................11


História do seguro........................................................................................12
A história do seguro no Brasil.................................................................21
A estrutura do mercado de seguros no Brasil..................................27
Referências...................................................................................................38

Capítulo 2 - Conceitos de seguros e legislação.......41


Principais conceitos de seguros.............................................................42
Seguro público x Seguro privado..........................................................51
Contratos de seguros.................................................................................56
Referências...............................................................................................62

Capítulo 3 - Tipos de seguros, provisões técnicas e


indicadores do setor......................................................65
Tipos, modalidades ou ramos de seguros........................................66
Coberturas técnicas no setor de seguros....................................81
Indicadores do setor de seguros.......................................................96
Referências..........................................................................................108

Capítulo 4 - Esquema contábil das sociedades


seguradoras...................................................................109
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias
seguradoras..................................................................................................110
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações
adicionais das companhias seguradoras...........................................142
Aspectos técnicos específicos a serem observados pela
legislação e normas setoriais..................................................................169
Referências...................................................................................................180

Considerações finais.....................................................182
7

APRESENTAÇÃO

Este livro trata de Atuária e Contabilidade de Seguros. As atividades


de seguros detêm uma importante participação na economia de qual-
quer país do mundo, principalmente hoje, em função da globalização,
que fomenta relações e fluxos de capitais internacionais, com base na
quebra das barreiras geográficas e temporais dos negócios, processo
ancorado no grande desenvolvimento das tecnologias de informação
e nas metodologias científicas. Apesar da importância histórica no de-
senvolvimento social, as atividades de seguros, como estão configura-
das hoje, guardam peculiaridades, terminologias e práticas que exigem
um alto grau especialização, embasadas em complexos cálculos atua-
riais, que se concentram no estudo do comportamento das incertezas
futuras: o risco. Devido a essas peculiaridades e ao seu forte relacio-
namento com as atividades sociais, detêm muita atenção dos setores
governamentais, regulando e fiscalizando essas atividades, a fim de
evitar os excessos das pessoas jurídicas que operam no setor, prote-
ger o público-alvo e garantir o cumprimento dos acordos estabelecidos
entre segurador e segurado. Dentro dessas exigências e regulações, a
contabilidade desempenha o papel de fundamentar os principais pro-
cedimentos e divulgações das companhias seguradoras, no sentido de
garantir a manutenção de suas operações.

Com base nesses argumentos, neste livro abordaremos a evolução


da atividade securitária no mundo e no Brasil, a estrutura regulatória
atual, os aspectos conceituais e técnicos que envolvem essas atividades
nos seus diversos ramos, as operações típicas, as características e os
requisitos dos contratos e apólices, os recursos garantidores, as limi-
tações e os indicadores do segmento, elementos que subsidiarão o re-
conhecimento, a escrituração e os procedimentos a serem observados
nas divulgações das demonstrações contábeis e demais evidenciações
determinadas pelos órgãos reguladores do mercado.
8

Desejamos que você aproveite ao máximo esta experiência e que a leitu-


ra desta obra promova uma oportunidade de reflexão sobre os conteú-
dos abordados, contribuindo efetivamente para o seu enriquecimento
cultural e acadêmico.
9

SOBRE O AUTOR
Marcos Vinícius Kucera possui graduação em Ciências Contábeis pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj (1998), graduação em
Ciências Navais pela Escola Naval (1978) e mestrado em Ciências Con-
tábeis também pela Uerj (1998). Exerce as funções de professor (gra-
duação e pós-graduação) e de coordenador desde 1998 em diversas
instituições de ensino superior, tais como a Universo, a Universidade
Severino Sombra, as Faculdades Integradas de Jacarepaguá, a Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e a Universidade Estácio de Sá
- Unesa. Nesta última, atualmente acumula as funções de docente, con-
teudista, tutor on-line, professor e coordenador do curso de Ciências
Contábeis na modalidade EAD, tendo exercido, também, as funções
de diretor do citado curso e de coordenador-geral nacional presencial,
além de ter elaborado e coordenado cursos de pós-graduação, em espe-
cial Gestão Fiscal e Tributária da citada universidade. Tem larga experi-
ência na área de gestão em diversos segmentos de atividades públicas
e privadas, sempre em posição de direção/gerência, com ênfase nas
áreas de Gestão da Produção, de Operações e de Finanças, Contabilida-
de Financeira, Gerencial e Tributária.
10

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História do seguro 11

CAPÍTULO 1
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Este capítulo trata da evolução histórica dos seguros até


os nossos dias, observando os principais aspectos evoluti-
vos do conceito de mutualismo, que embasa as atividades
securitárias, lembrando que a compreensão evolutiva de
qualquer segmento de mercado nos ajuda a consolidar a
compreensão das configurações atuais por meio de suas
causas e seus efeitos sobre a sociedade. Posteriormente, se-
rão abordadas a evolução desse segmento no Brasil e a atu-
al estrutura regulatória que determina e fiscaliza a forma
como as seguradoras devem operar no país, bem como os
aspectos constitutivos e as obrigações dos principais atores
da área. Dessa forma, procure aproveitar e compreender a
evolução desse representativo segmento de negócios, en-
tendendo as relações apresentadas de forma a consolidar
o seu conhecimento, para dar suporte e fundamentar os
assuntos a serem apresentados nos capítulos posteriores.

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12 Perspectivas históricas

HISTÓRIA DO SEGURO

O setor de seguros tem forte influência na economia mun-


dial, a tal ponto que, em 2008, em função de problemas
ocorridos nas operações da gigante americana do setor de
seguros American International Group – AIG, deflagrou-se
uma séria crise na economia americana, cujos reflexos são
sentidos até hoje. Além disso, a perda em aplicações am-
pliou uma séria crise mundial, afetando a credibilidade de
suas operações e culminando com a intervenção do gover-
no para evitar a queda da empresa. Na ocasião, houve tam-
bém questionamentos relacionados à necessidade de rees-
truturar as regulações no mercado de seguros americano.
Como se vê, a atividade de seguros influencia bastante
todo mercado internacional e, no Brasil, sua participação
no PIB tem crescido bastante, atingindo a marca de 3% nos
últimos anos, com viés de aumento nos próximos.

Com base nessas afirmativas, iniciaremos o estudo da ati-


vidade de seguros pelo seu desenvolvimento histórico, pas-
sando pelos impactos na sua formação no Brasil, e depois
veremos a sua atual estrutura de funcionamento entre nós.

A história do seguro no mundo


A história do seguro é muito antiga e surgiu com a ne-
cessidade de enfrentamento dos perigos que resultassem
em possíveis perdas de bens decorrentes de ocorrências
imprevisíveis. Já na Pré-História, o homem sentiu a neces-
sidade de se proteger de outros animais, de intempéries
ou mesmo de outros homens. A primeira medida tomada
para redução da probabilidade de ocorrência de sinistros

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História do seguro 13

foi a procura de integração com iguais e o aprendizado


de como viver em grupos, amplificando, dessa forma, as
chances de sobrevivência.

Segundo Luís Coelho do Nascimento, em seu ótimo tra-


balho denominado História universal do seguro, na anti-
ga China, em seu auge, a civilização iniciou sua fixação a
partir do vale amarelo, e as populações dependiam muito
do comércio efetuado em pequenas barcas, extremamen-
te frágeis, para o seu sustento. Sendo assim, o comércio
era muito intenso, e o risco de perdas, extremamente ele-
vado. Na busca de mitigação desse alto risco, foi adotada
uma prática bastante cautelosa, que consistia na separação
das mercadorias de cada comerciante em diversos barcos,
assim, caso ocorresse um afundamento ou apresamento,
apenas seria perdida uma parte dos bens de cada comer-
ciante. Essa forma de prevenção, muito antiga, ainda é uti-
lizada nos dias atuais, sendo conhecida como a técnica da
fragmentação ou distribuição espacial do risco, como for-
ma de minimizar prejuízos na ocorrência de um sinistro.

O Código de Hamurábi
No século XXIII a.C., os povos da Mesopotâmia, incluindo
os sumérios, acádios, assírios e babilônios, formavam so-
ciedades altamente organizadas, com base em culturas di-
versas, que eram regidas pelo Código de Hamurábi.

Nessa região, surgiram cidades com construções extrema-


mente complexas, como pirâmides e jardins suspensos. As
revelações contidas no livro da jurisprudência hebraica na
Mesopotâmia, o Talmud, revelam que, já naquele tempo, as
caravanas que atravessavam o deserto uniam-se para garan-
tir a substituição dos camelos perdidos durante as travessias.

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14 Perspectivas históricas

Hamurábi, imperador da Babilônia entre 2067 e 2025 a.C.,


promulgou um código que incluía, entre leis diversas — ci-
vis, militares e políticas —, leis comerciais, no que se pode
chamar de um dos maiores escritos jurídicos da Antiguidade.

Esse código, segundo Ribeiro (1994), foi encontrado em


1901, em Suza, no Elam, próximo à Caldeia, em uma estela
ou coluna de diorito, com cerca de 250 artigos inscritos
em 21 colunas horizontais. Esse monumento atualmente
encontra-se no Museu do Louvre, em Paris.

Em decorrência desse código, foi criada uma associação,


que se encarregava de dar um novo navio aos comercian-
tes que perdiam o seu, em consequência de tempestades.
Também assegurava a reposição de animais perdidos nas
travessias das caravanas, nos desertos, sempre tomando
por base a ideia central do seguro: o mutualismo.

Mutualismo, na linguagem do seguro, é a reunião de um


grupo de pessoas, com interesses seguráveis comuns, que
concorrem para a formação de uma massa econômica, com
a finalidade de suprir, em certas situações, necessidades
eventuais do grupo ou de parte de grupo. Por exemplo, em
um grupo de segurados do ramo vida em grupo de certa se-
guradora, o mutualismo estará presente, uma vez que o gru-
po tem interesses seguráveis comuns e pagam prêmios (que
é como se chama, na linguagem do seguro, a parte que um
segurado paga para uma companhia seguradora pela trans-
ferência do risco a que está exposto) para formar uma mas-
sa econômica, que irá suprir suas necessidades em caso de
ocorrência de qualquer dos eventos cobertos pelo seguro.

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História do seguro 15

Muito antes da promulgação desse código já existia a per-


cepção do risco, e a forma de minimizá-lo era a divisão de
cargas em várias embarcações, ou camelos, de diversas ca-
ravanas, na Mesopotâmia. Assim, antes do mutualismo já
havia o conceito de diversificação como forma de diluição
do risco.

O seguro na Grécia Antiga


Os fenícios, desde 1600 a.C., efetuavam intenso comércio
marítimo e, em função disso, já estabeleciam práticas que
asseguravam a reposição de embarcações aos armadores
que tivessem perdido as suas. O fundo que garantiria essa
reposição era uma reserva constituída com parte do lucro
de cada expedição e tinha o propósito de fazer face a per-
das ocorridas em futuras viagens.

Essa intensa movimentação comercial no Mar Mediterrâ-


neo possibilitou a fundação de cidades como Lisboa, Cádiz
e Cartago.

A Grécia, séculos depois, também iniciou e consolidou sua


expansão marítima.

No século IX a.C., dois séculos antes da fundação de Roma,


foram promulgadas as Leis de Rodes (Lex Rhodia de Jactu),
que estabeleceram a proteção contra os perigos do mar,
código esse que fixou a base para o direito mercantil. Seus
preceitos foram pilares importantes para o futuro do co-
mércio marítimo.

As Leis de Rodes se estenderam no tempo e no espaço a


todas as potências marítimas, pois o Código Navale Rho-
dorium definiu um conjunto de princípios e regulamentos

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16 Perspectivas históricas

que deveriam ser cumpridos por todos e que regem, ainda


nos dias atuais, a avaria grossa. Naquela situação, os do-
nos das embarcações e das cargas repartiam os prejuízos
se uma ocorrência, durante alguma viagem, obrigasse o
capitão da embarcação, por exemplo, a fazer o seu enca-
lhe (varação) ou se desfazer da carga. Toda a mercadoria
transportada que chegasse a salvo ao seu destino era one-
rada com o valor da que fora perdida, como uma forma
rudimentar de contribuição para a avaria grossa.

Em 600 a.C., na Grécia, as leis de Atenas materializaram


a ideia do mutualismo por meio da criação de caixas de
auxílio mútuo, corporativas ou religiosas, cujo principal
objetivo era o da prevenção quanto a gastos excepcionais
do grupo.

Nesse mesmo período relatado, que muitos chamam de


pré-história do seguro e alguns autores denominam pré-
-seguro, pudemos verificar que fenícios e gregos, povos ca-
racterizados pelo forte senso empreendedor, por estarem
sempre expostos aos riscos da atividade comercial maríti-
ma, tiveram a ideia de agrupamento de diversos empreen-
dedores para formarem, juntos, uma reserva de recursos,
com a finalidade de reposição de perdas causadas pela
ocorrência de sinistros.

O seguro no Império Romano


Sabendo que os gregos eram grandes navegadores e ativos
comerciantes e que suas ideias sobre direito foram pilares
importantes para o comércio marítimo — especialmente
no que dizia respeito a essa atividade —, os romanos, em
função da ausência de regulação do comércio, enviaram à
Grécia, em 454 a.C., uma delegação composta de três mem-

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História do seguro 17

bros com o intuito de estudar as leis gregas que versavam


sobre o tema. Após regressarem, em 452 a.C., elaboraram
um código de dez tábuas, que foi complementado em 459
a.C. com mais duas tábuas, elaboradas pelo decenvirato
encarregado dessa tarefa, ficando, assim, concluída a fa-
mosa Lei das 12 Tábuas, talvez o código antigo com maior
propagação no tempo e espaço, pois perdurou por quase
1.000 anos, até o surgimento do Código de Justiniano, no
ano cristão de 527.

Decenvirato era o conjunto composto por dez magistrados


romanos (decênviros) encarregados de codificar as leis.

Não se pode falar em direito marítimo e dos contratos re-


lacionados ao transporte marítimo sem se mencionar, em
especial, o Foenus Nauticum.

Em relação aos seguros em geral, o Império Romano teve


contribuição pioneira com a organização das sociedades
funerárias (collegia tenuiorum). Eles organizaram os ser-
viços funerários e de beneficência (práticas semelhantes
aos montepios atuais). Nessa estrutura, os membros dessa
collegia faziam contribuições para a criação de um fundo
que cobria as despesas de funerais.

Como a atividade militar era muito presente, e com ela


havia risco elevado, foi também criada a collegia militum,
destinada à concessão de pensões em caso de incapacida-
de decorrente de ferimentos, que causassem inatividade,
sofridos nos campos de batalha, ou garantia as pensões
de reforma para quem atingisse o limite cronológico para
atividades militares.

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18 Perspectivas históricas

A primeira seguradora da Inglaterra


A partir do surgimento das collegias, nos séculos X e XI
surgiram várias sociedades de caráter assistencial de di-
versos tipos: para incêndios, naufrágios etc. Essas socieda-
des acabaram se transformando em associações de segu-
ros mútuos.

As expedições marítimas envolviam grandes investimen-


tos e riscos, e, dessa forma, alguns afortunados (no caso,
os mutuantes) emprestavam dinheiro aos navegadores (es-
tes na condição de mutuários) para financiar as viagens. A
garantia dada aos mutuantes eram os próprios navios e a
totalidade de sua carga.

Caso ocorresse algum sinistro, aquele empréstimo seria


perdoado, mas, em caso de chegada ao porto de destino a
salvo, esses empréstimos eram pagos acrescidos dos juros
náuticos.

Em 1234, o Papa Gregório IX proibiu, com base no direito


canônico, essa prática, por entender esse tipo de emprésti-
mo como o pecado da usura.

A forma encontrada para manter a atividade, contornando


a proibição, consistia em o mutuante assumir a compra da
embarcação (em vez de configurar um empréstimo com
garantia), adiantando o dinheiro correspondente. Se o na-
vio chegasse a salvo ao destino, o mutuário se desfazia do
acordo e pagava o valor emprestado acrescido dos juros, a
título de indenização. Para muitos, esse foi o prenúncio do
prêmio e a origem do seguro.

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História do seguro 19

O primeiro contrato de seguro data de 1347, em Gênova. A


primeira apólice de seguro data de 1385 e foi feita em Piza.
O seguro, como é conhecido hoje, estabeleceu-se na Ingla-
terra, durante a Revolução Industrial.

Edward Lloyd criou uma bolsa de seguros denominada


Lloyd’s, que ensejou, mais tarde, a criação de instituições
de seguros até hoje atuantes nos mercados do mundo; des-
tacamos, dentre elas, a Lloyd’s Register of Shipping.

Destaca-se que a Revolução Industrial incrementou o de-


senvolvimento de outros ramos de seguros, como os de
incêndio e os de vida dos empregados das indústrias in-
glesas. Como foi visto até aqui, o foco dos seguros estava
muito voltado para o segmento do comércio marítimo.

Os primeiros seguros de vida no século XVIII


A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra no século
XVIII e trouxe grandes transformações para a sociedade
inglesa, estendendo essas mudanças para toda a Europa.

O surgimento de empresas com vultuosos montantes de


recursos investidos, com razoável exposição ao risco, trou-
xe grande impulso às atividades de seguros. Além disso, os
então recentes estudos sobre probabilidade deram origem
ao que hoje conhecemos como ciência atuarial e trouxeram
maior confiança para segurados e seguradoras.

Na esteira desse novo ambiente, surgiram as primeiras se-


guradoras do ramo vida, pois Edmond Halley (ele mesmo,
o descobridor do cometa Halley) publicou estudos científi-
cos com tábuas de mortalidade, que consistiam na obser-
vação e no cálculo de sobrevida, de um ano para outro, de
um determinado grupo de indivíduos.

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20 Perspectivas históricas

Para que se tenha ideia do impacto desses estudos, em


1782 foi registrada a emissão de mais de 3.000 apólices de
seguros do ramo vida inteira pela sociedade mútua Equita-
ble Assurance Society.

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A história do seguro no Brasil 21

A HISTÓRIA DO SEGURO NO BRASIL

A versão oficial é de que, em 1808, com a abertura dos


portos brasileiros ao comércio internacional, foi iniciada a
atividade seguradora no Brasil; porém, desde o descobri-
mento a atividade existia, regulada pelas leis portuguesas.
Desse modo, podemos dividir em três etapas a história do
seguro no Brasil: colônia, império e república.

No período que o Brasil era colônia portuguesa, compreen-


dido entre 1500 e 1822, o seguro era utilizado no comércio
de escravos, e havia, na Província da Bahia, a previdência
dos traficantes de escravos, pois os traficantes se junta-
ram para enfrentar os riscos da atividade em viagens sem-
pre perigosas. O seguro, no entanto, restringia-se às ativi-
dades marítimas, e seus contratos eram regulamentados
pela corte, por meio da expedição de alvarás.

Alguns historiadores mostram que, por intermédio dos je-


suítas, houve registros de atividades de previdência e se-
guros. Sua mais remota regulamentação data de agosto de
1791, quando foram promulgadas as regulações da Casa
de Seguros de Lisboa, que foram mantidas até a indepen-
dência do Brasil (1822).

A partir da independência do Brasil, iniciou-se a segunda


etapa mostrada por Pinto, a etapa do Brasil Império. As
atividades de seguros foram regulamentadas a partir do
Código Comercial Brasileiro, em 1850, criado em função
da grande expansão do comércio com países estrangeiros,
tomando por base os estudos do Visconde de Cairu e da
comissão nomeada pelo regente, em 1834. Eles tiveram

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22 Perspectivas históricas

como referência principal, tal qual a maioria dos códigos


adotados por outros países, o code de commerce francês,
elaborado em 1808.

O Código Comercial Brasileiro, promulgado pela Lei nº


556/1850, disciplinou especificamente os seguros maríti-
mos em seus artigos 666 a 730.

A terceira etapa inicia-se com a Proclamação da República,


em 1889, e nela procurou-se o aperfeiçoamento das regula-
mentações específicas para a fiscalização e o controle das
companhias seguradoras instaladas no território nacional,
com forte viés nacionalista.

Em 1891, foi promulgado o Decreto nº 434, que obrigava


as sociedades mútuas de seguros e as seguradoras estran-
geiras a terem autorização prévia para seu funcionamento
em território nacional. Aumentando o rigor do controle e
fiscalização dessas companhias, foi regulamentada a Lei
nº 294, de 5 de setembro de 1895, por meio do Decreto nº
2153, de 1º de novembro de 1895, que obrigava as com-
panhias estrangeiras de seguro de vida a apresentar, em
detalhes, lista de todos os seguros em vigor e a publica-
ção, a cada semestre, do relatório das operações de cada
seguradora, com declaração de prêmios arrecadados e das
provisões constituídas.

O maior objetivo dessas últimas medidas era obrigar as


seguradoras estrangeiras a manterem divisas no Brasil e
incentivar o surgimento de novas companhias genuina-
mente brasileiras.

Em decorrência dessas medidas, diversas seguradoras


estrangeiras optaram pelo encerramento de suas ativi-
dades no Brasil.

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A história do seguro no Brasil 23

A primeira regulamentação geral das operações de seguros


no Brasil foi materializada no Decreto nº 4.270, de 10 de
dezembro de 1901, e ficou conhecida como “Regulamento
Murtinho”, que era o Ministro da Fazenda, naquele ano, do
governo de Campos Salles. Esse decreto, em função das
contrárias manifestações a ele apresentadas pelas segura-
doras estrangeiras, foi substituído pelo Decreto nº 5.072,
de 12 de dezembro de 1903.

A promulgação do Código Civil brasileiro, pela Lei nº


3.071/1916, trouxe grande avanço em relação aos contra-
tos de seguros no Brasil com o tratamento a eles dispensa-
do em alguns de seus artigos.

A primeira companhia seguradora no Brasil


A partir da chegada da família real ao Brasil, em 1808, co-
meça a haver um novo olhar para o futuro do Brasil, esse
novo olhar, em termos de desenvolvimento econômico,
para a colônia.

Atos como a criação do Banco do Brasil, a abertura dos


portos brasileiros às nações amigas, entre outros, come-
çam a mudar as condições econômicas do país.

Sob as oportunidades criadas pelo novo ambiente econô-


mico, foi criada, no mesmo ano, a primeira companhia se-
guradora brasileira, a Companhia de Seguros Boa-Fé, que
era regulada pela Casa de Seguros de Lisboa.

Em pouco tempo, outras seguradoras receberam autoriza-


ção para funcionamento em território brasileiro, entre elas
a Conceito Público, a Idemnidade e a Permanente.

Ressalte-se que essas seguradoras somente atuavam no


ramo de seguro marítimo.

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24 Perspectivas históricas

O surgimento do seguro de vida no Brasil


O Código Comercial, ao tratar do ramo de seguros, tinha foco
exclusivo no seguro marítimo, mesmo assim ocorreu o surgi-
mento de seguradoras que operavam com o seguro terrestre.

Por razões religiosas e morais, era expressamente proibi-


do, nesse código, o seguro de vida, porém, sob a alegação
de que era somente proibido o seguro de vida quando feito
em conjunto com o seguro marítimo, a partir de 1855 foi
autorizada no Brasil a atividade.

A Companhia Seguradora Tranquilidade foi a primeira segu-


radora fundada no Brasil para operar com seguros de vida.
Para nossa vergonha atualmente, um senhor podia, naque-
la época, fazer o seguro de vida de seus escravos, pois es-
tes não eram considerados pessoas, e, sim, coisas.

A abertura do mercado às seguradoras


estrangeiras
A partir de 1862, em face do aquecimento da atividade
econômica do Brasil, por decorrência da cultura cafeeira e
seus impactos econômicos internos, o interesse de várias
seguradoras estrangeiras em aqui atuarem foi consolida-
do com a autorização de operação em território brasileiro
concedida à Companhia de Seguros Garantia, de origem
portuguesa. A partir dessa autorização, outras foram con-
cedidas a diversas seguradoras de vários países, como Por-
tugal, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Suíça.

A criação do Instituto de Resseguros do Brasil


Teve grande importância a regulamentação feita no De-
creto nº 24.782, de 14 de julho de 1934, que criou nova
estrutura para o órgão fiscalizador dos seguros, além de

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A história do seguro no Brasil 25

extinguir a Inspetoria de Seguros, criando o Departamento


Nacional de Seguros Privados e Capitalização – DNSPC.

A Constituição de 1937 estabeleceu o “Princípio da Nacio-


nalização do Seguro” já contido na Constituição de 1934.
Uma das primeiras consequências dessa determinação
foi a promulgação do Decreto nº 5.901, de 20 de junho
de 1940, que institui os seguros obrigatórios para comer-
ciantes, industriais e concessionários de serviços públicos,
sendo pessoas físicas ou jurídicas, contra os riscos de in-
cêndio e transportes em qualquer modalidade.

Em 1939 ocorre um fato marcante para o segmento de segu-


ros no Brasil. Foi criado o Instituto de Resseguros do Brasil
– IRB, com o objetivo de, em atendimento ao previsto nas
Constituições de 1934 e 1937, nacionalizar o seguro e a re-
gulação das atividades de seguros, evitando, assim, a remes-
sa de divisas, feitas pelas seguradoras, para outros países.

O resseguro é o seguro feito pelas seguradoras para sua


própria proteção no caso de ocorrência dos riscos por ela
contratados, ou seja, é o seguro do seguro.

A instituição do SNSP e a criação da Susep


Em 1966, mais um passo importante se dá com a criação
da Superintendência de Seguros Privados – Susep, feita por
meio da promulgação do Decreto-Lei nº 73, de 21 de no-
vembro de 1966, em substituição ao DNSPC. Esse decreto
também regula todas as operações de seguros e resseguros,
além de instituir o Sistema Nacional de Seguros Privados
– SNSP, constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Pri-
vados – CNSP, pela Susep, pelo Instituto de Resseguros do
Brasil, pelas sociedades autorizadas a operar em seguros
privados e pelos corretores habilitados.

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26 Perspectivas históricas

Em 1967, o Decreto-Lei nº 261 revoga o Decreto nº


22.456/33, que normatizava as atividades de capitaliza-
ção, submetendo essa atividade aos ditames do Decreto
nº 73/66 e criando o Sistema Nacional de Capitalização,
constituído pelo CNSP, pela Susep e pelas sociedades auto-
rizadas a operar em capitalização.

Em 1996, duas medidas marcaram a história do seguro no


Brasil: a quebra do monopólio do IRB e a reabertura do
mercado para empresas estrangeiras do ramo de seguros.
Desde então ocorreu um fantástico crescimento do volume
de seguros no Brasil.

Em 2000, a Lei nº 9.961 cria a Agência Nacional de Saúde


Suplementar – ANS, vinculada ao Ministério da Saúde, com
a finalidade institucional de promover a defesa do interes-
se público na assistência suplementar à saúde, regular as
operadoras do setor e contribuir para o desenvolvimento
de ações de saúde no Brasil.

Importa notar que, ao longo do histórico visto, falamos em


seguros de coisas, de pessoas, de saúde, de previdência e de
capitalização, todos englobados no segmento de seguros.

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 27

A ESTRUTURA DO MERCADO DE SEGUROS


NO BRASIL

Componentes do SNSP
A intervenção do Estado nas atividades de seguro não é
recente e ocorre há vários anos. Em 1934, por meio do De-
creto nº 24.782, foi criado o DNSPC, em substituição à Ins-
petoria de Seguros, que o decreto extinguiu. O Decreto-Lei
nº 73, de 21 de novembro de 1966, extinguiu esse departa-
mento e foi criada, em sua substituição, a Susep, instituído
o SNSP e criado o CNSP.

Como vimos no tópico anterior, o SNSP tem como objetivo


o fortalecimento do mercado segurador brasileiro, buscan-
do proporcionar as condições necessárias, tanto de solvên-
cia quanto de liquidez, às seguradoras.

O SNSP foi instituído pela Lei nº 73/66, de 21 de novembro


de 1966, e é composto pelos seguintes elementos:

1. CNSP.

2. IRB.

3. Susep.

4. Entidades Abertas de Previdência Complementar


– EAPC.

5. Seguradoras.

6. Resseguradoras.

7. Segurados.

8. Corretores habilitados.

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28 Perspectivas históricas

1. CNSP
O sítio do Ministério da Fazenda apresenta a seguinte de-
finição:

o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) é o


órgão normativo das atividades securitícias do país,
foi criado pelo Decreto-Lei nº 73, de 21 de novem-
bro de 1966, diploma que institucionalizou, tam-
bém, o Sistema Nacional de Seguros Privados, do
qual o citado Colegiado é o órgão de cúpula.

A principal atribuição do CNSP, na época da sua


criação, era a de fixar as diretrizes e normas da po-
lítica governamental para os segmentos de Seguros
Privados e Capitalização, tendo posteriormente,
com o advento da Lei nº 6.435, de 15 de julho de
1977, suas atribuições se estendido à Previdência
Privada, no âmbito das entidades abertas.
Conforme disposto no Art. 1º da Lei nº 8.392, de
30 de dezembro de 1991, o CNSP teve o prazo da
vigência, para funcionar como órgão Colegiado,
prorrogado até a data de promulgação da Lei Com-
plementar de que trata o Art. 192 da Constituição
Federal.

O CNSP tem se submetido a várias mudanças em


sua composição, sendo a última a da edição da Lei
nº10.190, de 14 de fevereiro de 2001, que lhe deter-
minou a atual estrutura.

Composição

Ministro de Estado da Fazenda ou seu representan-


te, na qualidade de Presidente.
Superintendente da Superintendência de Seguros
Privados - Susep, na qualidade de vice-residente.
Representante do Ministério da Justiça.
Representante do Banco Central do Brasil – Bacen.
Representante do Ministério da Previdência e Assis-
tência Social.
Representante da Comissão de Valores Mobiliários
- CVM.

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 29

Atribuições

Fixar as diretrizes e normas da política de seguros


privados.
Regular a constituição, a organização, o funciona-
mento e a fiscalização dos que exercem atividades
subordinadas ao Sistema Nacional de Seguros Priva-
dos, bem como a aplicação das penalidades previstas.
Fixar as características gerais dos contratos de se-
guros, previdência privada aberta e capitalização.
Estabelecer as diretrizes gerais das operações de
resseguro.
Prescrever os critérios de constituição das Socieda-
des Seguradoras, de Previdência Privada Aberta e
de Capitalização, com fixação dos limites legais e
técnicos das respectivas operações.
Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão
de corretor. (BRASIL, 2013)

2. IRB
De acordo com o sítio do IRB (Instituto de Resseguros do
Brasil), para que se entenda a trajetória do IRB é neces-
sário, antes, compreender as mudanças dos caminhos es-
colhidos pelo Brasil a partir da década de 1930. Naquela
ocasião, o Brasil vivia uma grande onda nacionalista, que
refletiu também no mercado de seguros. Isso resultou na
aprovação do “Princípio de Nacionalização do Seguro”,
previsto na Constituição de 1934 e incluído na Carta Mag-
na sancionada em 1937.

Em 3 de abril de 1939, foi promulgado o Decreto-Lei nº


1.186, que criou o IRB. Esse decreto foi um marco impor-
tante e decisivo na história do mercado de seguros bra-
sileiro, que era, até então, embrionário. Foi também um
divisor de águas. Naquela época, a atividade de seguros era
controlada por empresas estrangeiras, as quais, na maioria
dos casos, atuavam como agências de captação de seguros
para as suas matrizes.

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30 Perspectivas históricas

Na prática, o IRB começou a operar apenas no primeiro


semestre de 1940. Inicialmente, o foco foi direcionado
para o seguro de incêndio, maior carteira do país, então,
responsável por algo em torno de 75% da receita total do
mercado.

O sucesso foi imediato. Em apenas nove meses, o IRB con-


seguiu atingir a marca de 90% de retenção no país dos
prêmios de resseguros no ramo incêndio. Assim, o resse-
gurador iniciava a sua missão de colaborar para o desen-
volvimento do mercado de seguros e, indiretamente, para
o incremento da economia nacional. Vale lembrar que o
Governo, motivado por um forte sentimento nacionalista,
usou o decreto de criação do IRB para evitar a evasão de
divisas, obrigando as seguradoras a ressegurarem no país
todas as responsabilidades que excedessem sua capacida-
de de retenção própria. Assim, foi possível impedir que um
volume imenso de divisas fosse remetido para o exterior,
como até então ocorria. Surgia, dessa forma, a retrocessão,
por meio da qual o IRB passou a compartilhar o risco com
as seguradoras em operação no Brasil.

Pressionadas pelo sucesso obtido pela forma inovadora de


atuação do IRB, as empresas estrangeiras se organizaram,
então, como seguradoras brasileiras, com reservas cons-
tituídas no país. Nascia, assim, um mercado doméstico
promissor, impulsionado pelo IRB, principal responsável
pelo surgimento de seguradoras de capital brasileiro, com
o estabelecimento de baixos limites de retenção.

Outro instrumento criado na época e que contribuiu para


o fortalecimento do mercado interno foi o “excedente úni-
co”, pelo qual as seguradoras nacionais menores, pouco

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 31

capitalizadas e sem muitos recursos técnicos, puderam ter


condições de concorrer com as seguradoras estrangeiras,
respaldadas pela cobertura automática do resseguro.

Foi assim até a década de 1990, quando começaram a ficar


mais fortes as pressões em defesa da abertura e do fim do
monopólio do resseguro, o que acabou ocorrendo em 1996.

3. Susep
Segundo o sítio da Susep, em 1966, no Decreto-Lei nº 73,
de 21 de novembro de 1966,

foram reguladas todas as operações de seguros e


resseguros e instituído o Sistema Nacional de Se-
guros Privados, constituído pelo Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP); a Superintendência de
Seguros Privados (Susep); o Instituto de Resseguros
do Brasil (IRB); as sociedades autorizadas a operar
em seguros privados; e os corretores habilitados.

O Departamento Nacional de Seguros Privados e


Capitalização – DNSPC – foi substituído pela Su-
perintendência de Seguros Privados – Susep – enti-
dade autárquica, dotada de personalidade jurídica
de Direito Público, com autonomia administrativa
e financeira, jurisdicionada ao Ministério da Indús-
tria e do Comércio até 1979, quando passou a estar
vinculada ao Ministério da Fazenda.

Em 28 de fevereiro de 1967, o Decreto nº 22.456/33,


que regulamentava as operações das sociedades de
capitalização, foi revogado pelo Decreto-lei nº 261,
passando a atividade de capitalização a subordi-

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32 Perspectivas históricas

nar-se, também, a numerosos dispositivos do De-


creto-lei nº 73/66. Adicionalmente, foi instituído o
Sistema Nacional de Capitalização, constituído pelo
CNSP, a Susep e pelas sociedades autorizadas a ope-
rar em capitalização.

A Susep é a entidade responsável pelo controle e a fisca-


lização do mercado de seguro, previdência privada aberta
e capitalização. Dentre suas atribuições estão: fiscalizar a
constituição, organização, funcionamento e operação das
sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de pre-
vidência privada aberta e resseguradores, na qualidade de
executora da política traçada pelo CNSP; atuar no sentido de
proteger a captação de poupança popular que se efetua por
meio das operações de seguro, previdência privada aberta,
de capitalização e resseguro; zelar pela defesa dos interes-
ses dos consumidores dos mercados supervisionados; pro-
mover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumen-
tos operacionais a eles vinculados; promover a estabilidade
dos mercados sob sua jurisdição; zelar pela liquidez e sol-
vência das sociedades que integram o mercado; disciplinar
e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em es-
pecial os efetuados em bens garantidores de provisões téc-
nicas; cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e
exercer as atividades que por este forem delegadas; prover
os serviços de secretaria executiva do CNSP.

4. EAPC
Entidades abertas de previdência complementar são enti-
dades constituídas unicamente sob a forma de sociedades
anônimas e têm por objetivo instituir e operar planos de
benefícios de caráter previdenciário concedidos em for-
ma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 33

quaisquer pessoas físicas. São regidas pelo Decreto-Lei nº


73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar
nº 109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão regu-
lador e do órgão fiscalizador são exercidas pelo Ministério
da Fazenda, por intermédio do CNSP e da Susep.

As EAPC oferecem diversos tipos de planos:

Tipos de planos/benefícios
Os planos previdenciários podem ser contratados de for-
ma individual ou coletiva (averbados ou instituídos); e po-
dem oferecer, juntos ou separadamente, os seguintes tipos
básicos de benefício:

• RENDA POR SOBREVIVÊNCIA: renda a ser paga


ao participante do plano que sobreviver ao prazo
de diferimento contratado, geralmente denominada
aposentadoria.

• RENDA POR INVALIDEZ: renda a ser paga ao


participante em decorrência de sua invalidez total
e permanente ocorrida durante o período de cober-
tura e depois de cumprido o período de carência
estabelecido no plano.

• PENSÃO POR MORTE: renda a ser paga ao(s) be-


neficiário(s) indicado(s) na proposta de inscrição
em decorrência da morte do participante ocorrida
durante o período de cobertura e depois de cum-
prido o período de carência estabelecido no plano.

• PECÚLIO POR MORTE: importância em dinheiro,


pagável de uma só vez ao(s) beneficiário(s) indica-
do(s) na proposta de inscrição, em decorrência da
morte do participante ocorrida durante o período

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34 Perspectivas históricas

de cobertura e depois de cumprido o período de ca-


rência estabelecido no plano.

• PECÚLIO POR INVALIDEZ: importância em dinhei-


ro, pagável de uma só vez ao próprio participante, em
decorrência de sua invalidez total e permanente ocor-
rida durante o período de cobertura e depois de cum-
prido o período de carência estabelecido no plano.

A Susep e as entidades criaram os seguintes planos pa-


drões, que atualmente são comercializados pelo mercado
de previdência complementar aberta: Plano Gerador de Be-
nefício Livre – PGBL; Plano com Remuneração Garantida e
Performance – PRGP; Plano com Atualização Garantida e
Performance – PAGP; Plano com Remuneração Garantida
e Performance sem Atualização – PRSA; e Plano de Renda
Imediata – PRI.

5. Sociedades seguradoras
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades
anônimas, especializadas em pactuar contrato, por meio
do qual assumem a obrigação de pagar ao contratante (se-
gurado), ou a quem ele designar, uma indenização, no caso
em que advenha o risco indicado e temido, recebendo, para
isso, o prêmio estabelecido.

6. Resseguradoras
São entidades, constituídas sob a forma de sociedades
anônimas, que têm por objeto exclusivo a realização de
operações de resseguro e retrocessão.

Resseguro é o seguro realizado por empresa seguradora,


no qual o segurador se responsabiliza, total ou parcial-

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 35

mente, pelo risco de uma operação já coberta por outro


segurador. É o seguro do seguro.

Retrocessão é o repasse de parte das responsabilidades,


que um ressegurador assumiu, para outro ou para compa-
nhias seguradoras locais, com o objetivo de proteger seu
patrimônio. Nessa operação, são cedidos riscos, informa-
ções e parte do prêmio de seguro. É o seguro do resseguro.

7. Segurados
São as pessoas físicas ou jurídicas que, tendo interesse se-
gurável, contratam um seguro em seu benefício pessoal ou
de terceiros. São as pessoas em relação às quais a segura-
dora assume a responsabilidade de determinados riscos.

8. Corretores habilitados
Segundo o sítio Tudo Sobre Seguros, os corretores são pes-
soas físicas ou jurídicas legalmente autorizadas a interme-
diar contratos de seguros entre as sociedades seguradoras
e as pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, sendo
remunerados por meio de um percentual de comissão so-
bre o valor do prêmio pago pelo segurado.

São empresas ou profissionais liberais, sem vínculos com


as seguradoras, de modo a estarem mais bem posiciona-
dos na defesa dos interesses dos segurados. A profissão
foi regulamentada pela Lei nº 4.594, de 29 de dezembro de
1964, e seu exercício depende de prévia obtenção de título
de habilitação concedido pela Susep. Para a obtenção de tal
título, o órgão exige a conclusão de curso técnico-profissio-
nal de seguros, oficial ou reconhecido, e a prestação de exa-
me nacional, promovido pela Escola Nacional de Seguros,
responsável no Brasil pela formação desse profissional.

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36 Perspectivas históricas

Os corretores de seguros são organizados em sindicatos


estaduais afiliados à Federação Nacional dos Corretores
de Seguros Privados e de Resseguros, de Capitalização, de
Previdência Privada, das Empresas Corretoras de Seguros e
de Resseguros – Fenacor.

No Brasil, as seguradoras só podem receber propostas de


seguros por parte de corretores legalmente habilitados ou
direto dos proponentes, mas o comissionamento da inter-
mediação é obrigatório.

Neste capítulo, você estudou a ideia de seguro, sua história,


suas diversas ramificações, como evoluíram ao longo da his-
tória e de que forma funcionam essas atividades no Brasil.

Desde os primórdios da civilização, o homem sempre este-


ve exposto a riscos. Inicialmente, à sua integridade física e,
a partir do momento que entendeu a ideia de acumulação
de patrimônio, aos seus bens.

A partir dessa percepção, o homem se tornou capaz de,


atuando em grupos e de forma solidária, reduzir sua expo-
sição aos danos causados por esses riscos.

À medida que a economia foi evoluindo, esse modelo de


proteção foi sendo aperfeiçoado.

Finalizamos o capítulo conhecendo a estrutura do merca-


do segurador brasileiro e um pouco de seu funcionamento
em relação aos diversos tipos de seguros que são contrata-
dos diariamente em nosso país.

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A estrutura do mercado de seguros no Brasil 37

Após a leitura, algumas reflexões se tornam oportunas para


que possamos ter o dimensionamento correto da importân-
cia dessa atividade para a humanidade. Uma delas seria: a
economia do mundo teria evoluído ao ponto em que esta-
mos hoje sem que tivesse sido criada a prática do seguro?

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38 Perspectivas históricas

REFERÊNCIAS

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www.bcb.gov.br/pt-br/paginas/default.aspx>. Acesso em:
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Acesso em: 12 jun. 2015.

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GUIMARÃES, Sérgio Rangel. Seguros de vida: particula-


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minimizar os riscos operacionais. Contexto, Porto Alegre,
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NASCIMENTO, Luís Coelho. História universal do seguro.


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vel em: <http://www.susep.gov.br/>. Acesso em: 15 mai.
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vel em: <http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/histo-
ria-do-seguro>. Acesso em: 9 mai. 2015.

..........................................................................................................
40

.........................................................................................................
Principais conceitos de seguros 41

CAPÍTULO 2
CONCEITOS DE SEGUROS E
LEGISLAÇÃO

Neste capítulo, inicialmente, trataremos das definições dos


principais conceitos inerentes às operações do setor de se-
guros, de seus principais aspectos, do risco, do sinistro e
do mutualismo como objetos técnicos dessas operações,
bem como dos limites de responsabilidade e de retenção
e das bases iniciais do patrimônio líquido ajustado, um
importante elemento definidor dos limites de responsa-
bilidade assumida pela seguradora. Posteriormente, serão
caracterizados os ramos de seguros sociais ou públicos,
em confronto com os seguros privados em seus principais
aspectos e segmentos, bem como os conceitos iniciais das
operações típicas do setor de seguros: cosseguro, ressegu-
ro e retrocessão. Finalizando este capítulo, serão tratados
os principais instrumentos jurídicos que formalizam as re-
lações entre segurador e segurado, caracterizando os prin-
cipais elementos presentes nos contratos de seguros e as
apólices deles derivantes, que formalizam os direitos e as
obrigações relacionados à cobertura de riscos estabelecida
na negociação firmada entre as partes.

Portanto, procure compreender as relações apresentadas


de forma a criar o necessário embasamento para os assun-
tos que serão estudados nos capítulos subsequentes.

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42 Conceitos de seguros e legislação

PRINCIPAIS CONCEITOS DE SEGUROS

Elementos básicos do seguro


Podemos chamar de seguro a transferência de um risco,
por uma pessoa, chamada de segurado, que passa a pos-
sibilidade de perda financeira para uma companhia de se-
guros, chamada de seguradora, que assume, mediante o
recebimento de um prêmio por antecipação, a obrigação
de reparação de danos causados ao segurado ou até mes-
mo a terceiros, caso haja a ocorrência do risco transferido
para a seguradora.

Vejamos a definição de seguros, segundo Freire (1959, p. 68):

É a prática da solidariedade, no sentido de previ-


dência, incentivada por um grupo de pessoas (se-
guradores) e realizada por outro grupo (segurados),
que numa operação mutualizada visam à proteção
econômica que atenue os danos sofridos (objeto)
pelo indivíduo ou que atinja a terceiros (beneficiá-
rios), em virtude de acontecimentos fortuitos previ-
síveis (risco); proteção que os primeiros oferecem e
os segundos procuram e que se efetiva pelo acordo
escrito (apólice) entre as partes, estabelecendo a re-
tribuição oferecida (indenização) e a contribuição
combinada (prêmio) calculada nas bases da ciência
atuarial.

Para Brasil (1985, p. 174),

Seguro é um contrato bilateral e oneroso, através


do qual uma das partes (segurador), recebendo uma
remuneração (prêmio), obriga-se com a outra (segu-
rado) a indenizá-la, ou a terceiros, por ela indicados
(prejudicados ou beneficiários), no caso de se reali-
zar um risco determinado (sinistro).

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Principais conceitos de seguros 43

Já Figueiredo (2012, p. 13) define que: “Seguro é um plano


social que combina os riscos de muitos indivíduos dentro
de um grupo.”

Podemos constatar, com base nas definições apresenta-


das, que o objetivo do seguro tem forte cunho social, pois
seu objetivo é sempre a reparação de danos.

D’Auria (1956, p. 58) ensina que são quatro os aspectos da


definição dos seguros:

1. Aspecto econômico: a instituição do seguro ob-


jetiva a reparação de danos materiais e benefícios
patrimoniais a favor do segurado e a cargo do se-
gurador, sabendo-se que ao segurado cabe o ônus
de pagar o prêmio, e ao segurador cabe o ônus de
pagar a indenização ou o benefício.

2. Aspecto financeiro: a operação do seguro pro-


duz acúmulo de recursos em poder do segurador,
que os administra de maneira a formar reservas su-
ficientes à cobertura dos riscos assumidos.

3. Aspecto comercial: a indústria do seguro pro-


duz lucros em favor do segurador, que os destina
ao custeio da atividade, à remuneração do capital e
a compensar o risco de empreendimento.

4. Aspecto jurídico: a operação do seguro se reali-


za mediante contrato bilateral em que se exaram as
respectivas condições, as obrigações e os direitos
das partes contratantes, o segurado e o segurador.

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44 Conceitos de seguros e legislação

Após a leitura atenta das definições sobre seguros, po-


demos inferir que os elementos básicos do seguro são o
risco, a responsabilidade e o sinistro.

Risco é um evento possível, futuro e incerto; sem essa


configuração, não pode ser considerado um risco.

Responsabilidade é a obrigação que uma seguradora assu-


me para a reparação de danos ocorridos com o segurado,
obrigação que é limitada ao valor da importância segurada.

Sinistro é o acontecimento do risco contratado.

Elementos técnicos do seguro

Mutualismo
Freire (1969) define mutualismo da seguinte maneira:

A mutualidade é a forma de estabelecer a participa-


ção de cada um na responsabilidade consequente
da realização do acontecimento previsto que atinge
um elemento do grupo.

De forma simplificada, podemos dizer que o mutualismo


é a repartição de um determinado prejuízo entre um gru-
po de indivíduos, e é um dos principais fundamentos nos
quais está baseada a ideia de seguro.

A fim de ser viável economicamente, o seguro se utiliza


das informações oriundas da estatística (cálculo de proba-
bilidade) para definir o tamanho do grupo das perdas in-
dividuais a serem repartidas entre o grupo. É a forma que
as seguradoras têm para mitigar riscos assumidos, com
vistas à viabilidade da garantia dos riscos assumidos que
porventura venham a ocorrer.

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Principais conceitos de seguros 45

Cálculo atuarial
Silva (2009) mostra que a ocorrência de riscos ou certos
fenômenos em determinados grupos é calculada por atu-
ários que se utilizam de recursos matemáticos e estatís-
ticos.

Figueiredo (apud ADAM, 1967) mostra que

Probabilidade de um evento é igual à relação entre o


número total de casos favoráveis (ocorridos) e o nú-
mero total de casos possíveis supostos, todos eles
equiprováveis.

A lei dos grandes números dá base ao seguro como o co-


nhecemos; por meio dela, é possível fazer a previsão de
perdas coletivas quando há um grande número de riscos
expostos, ou seja, se não é possível prever a ocorrência de
um sinistro individualmente, é possível calcular a proba-
bilidade de sua ocorrência quando um grande número de
casos é considerado.

Figueiredo (2012, p. 14) afirma com propriedade que:

a Lei dos Grandes Números pode ser enunciada des-


ta maneira: quanto maior o número de observações
da amostra, mais próximo estará o resultado real
obtido do resultado provável esperado; com um in-
finito número de observações a probabilidade teóri-
ca será alcançada.

Podemos concluir que, quanto maior for o número de ex-


postos ao risco, mais exata será a previsão do número de
ocorrências de sinistros em determinado limite de tempo, de
forma que as seguradoras têm boa base para a fixação dos
prêmios a serem cobrados dos seguros por elas oferecidos.

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46 Conceitos de seguros e legislação

Limites sobre as responsabilidades assumidas


Para estar habilitada para essa atividade, uma seguradora
deve apresentar uma boa condição econômica e financei-
ra. Para isso, ela é obrigada a atender algumas condições
como o capital social mínimo. Além disso, é fixado, pela
Susep, o limite de responsabilidade assumida pela segura-
dora, de acordo com as importâncias por ela seguradas, a
partir dos contratos estabelecidos com os segurados.

Limite de responsabilidade: é o limite máximo fixado nos


contratos de seguro e resseguro, representando o máximo
que a seguradora, ou ressegurador, irá suportar em um
risco ou contrato.

Limite de retenção: é a garantia máxima que a segura-


dora guarda em cada risco isolado. É o valor máximo de
responsabilidade que uma sociedade seguradora poderá
assumir, que é calculado com base no Patrimônio Líquido
Ajustado – PLA da seguradora.

Segundo a Resolução nº 300/13, do CNSP, PLA é definido


em seu capítulo II, artigo 2º, itens I e II:

Art. 2º Para fins do disposto nesta Resolução, consi-


deram-se:
I - patrimônio líquido ajustado (PLA): patrimônio
líquido contábil ou patrimônio social contábil, con-
forme o caso, ajustado por adições e exclusões,
para apurar, mais qualitativa e estritamente, os
recursos disponíveis que possibilitem às socieda-
des supervisionadas executarem suas atividades
diante de oscilações e situações adversas, devendo
ser líquido de elementos incorpóreos, de ativos de
elevado nível de subjetividade de valoração ou que
já garantam atividades financeiras similares, e de
outros ativos cuja natureza seja considerada pelo

.........................................................................................................
Principais conceitos de seguros 47

órgão regulador como impróprias para resguardar


sua solvência; e
II - sociedades supervisionadas: entidades abertas
de previdência complementar, sociedades de capi-
talização, sociedades seguradoras e resseguradores
locais.

Fica claro que o objetivo dessa resolução é assegurar a


solvência das empresas seguradoras, buscando a proteção
aos segurados.

O capítulo III, da mesma resolução, determina a forma de


apuração do PLA:

Art. 3º O PLA será calculado com base no patrimô-


nio líquido contábil ou no patrimônio social con-
tábil, conforme o caso, processadas as seguintes
deduções:
I - valor das participações societárias em socieda-
des financeiras e não financeiras classificadas como
investimentos de caráter permanente, nacionais ou
no exterior, considerando a mais-valia e o goodwill,
bem como a redução ao valor recuperável;
II - despesas antecipadas não relacionadas a resse-
guro;
III - créditos tributários decorrentes de prejuízos
fiscais de imposto de renda e bases negativas de
contribuição social;
IV - ativos intangíveis;
V - imóveis urbanos e fundos de investimentos imobi-
liários com lastros em imóveis urbanos, consideran-
do reavaliações, redução ao valor recuperável e de-
preciação, que excedam 14% do ativo total ajustado;
VI - imóveis rurais e fundos de investimentos imobili-
ários com lastro em imóveis rurais, considerando rea-
valiações, redução ao valor recuperável e depreciação;
VII - ativos diferidos;
VIII - direitos e obrigações relativos a operações de
sucursais no exterior;
IX - obras de arte;
X - pedras preciosas; e
XI - créditos oriundos da alienação de quaisquer ati-

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48 Conceitos de seguros e legislação

vos elencados como deduções no art. 3º desta Reso-


lução, respeitada a regra de dedução do inciso V, em
caso de alienação de imóveis urbanos.
§ 1o Considera-se ativo total ajustado, para fins do
disposto no inciso V deste artigo, o saldo do ativo
total líquido das deduções elencadas nos incisos I,
II, III, IV, VI, VII, VIII, IX, X e XI.
§ 2o Os fundos de investimentos imobiliários com
lastro em imóveis urbanos ou rurais, desde que se-
jam objeto de oferta pública, nos termos da Instru-
ção CVM que dispõe sobre as ofertas públicas de
distribuição de valores mobiliários, não são passí-
veis das deduções descritas nos incisos V e VI.

Mais adiante em nosso curso, trataremos com mais deta-


lhes da forma de calcular o PLA. Os valores dos limites de
retenção deverão estar compreendidos entre 0,3% e 3% do
PLA da seguradora.

As sociedades seguradoras devem calcular, obrigatoria-


mente, os limites de retenção, por ramo de seguros (tra-
taremos dos ramos de seguros mais adiante), no primeiro
e no terceiro trimestres de cada ano, sendo facultado o
cálculo de novo limite no segundo e no quarto trimestres.
Os limites calculados no primeiro semestre de cada ano
deverão tomar para base de cálculo o PLA de dezembro do
ano imediatamente anterior. Os calculados no segundo se-
mestre deverão tomar por base de cálculo o PLA de junho
do mesmo ano.

A seguir, um exemplo prático de como é feito o cálculo do


Limite de Retenção – LR e do PLA.

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Principais conceitos de seguros 49

PATRIMÔNIO LÍQUIDO AJUSTADO - PLA


Descrição R$
Patrimônio líquido
Capital social 9.500.000
Reservas de Lucro 2.580.000
1 Aumento do capital social (em aprovação) 500.000
Reservas de capital 50.750
Ajuste de avaliação patrimonial 68.250
Subtotal “a” 12.699.000
( - ) Deduções
a) Valor das participações societárias em socie-
dades financeiras e não financeiras classificadas
1.534.100
como investimentos nacionais de caráter perma-
nente, considerando ágio e perdas esperadas
b) Valor das participações societárias em socie-
dades financeiras e não financeiras classificadas
1.682.400
como investimentos de caráter permanente no
exterior, considerando ágio e perdas esperadas
c) Despesas antecipadas não relacionadas a resseguros 300.000
d) Os créditos tributários decorrentes de preju-
67.906
ízos fiscais de IR e bases negativas de CSLL
e) Ativos intangíveis -
f ) Imóveis de renda urbanos e fundos de inves-
2
timentos imobiliários com lastro em imóveis
urbanos classificados como investimentos de 73.880
caráter permanente, considerando reavalia-
ção, perdas esperadas e depreciação
g) Ativos diferidos 90.000
h) Imóveis de renda rurais e fundos de investimentos
imobiliários com lastro em imóveis rurais classificados
-
como investimentos de caráter permanente, conside-
rando reavaliação, perdas esperadas e depreciação
i) Direitos/obrigações de opera-
-
ções de sucursais no exterior
j) Obras de arte -
k) Pedras preciosas -
Subtotal “b” 3.748.286
3 ( = ) PLA: Subtotal “a” - “b” 8.950.714

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50 Conceitos de seguros e legislação

Limite de Retenção – LR
LR MÍNIMO (0,3% do PLA) 26.852
4
LR MÁXIMO (3,0% do PLA) 268.521
Fonte: Silva, 2009, p. 25.

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Seguro público x Seguro privado 51

SEGURO PÚBLICO VERSUS SEGURO


PRIVADO

De forma genérica, os seguros são divididos em duas clas-


sificações: sociais e privados.

Seguros sociais
Segundo Costa (2005, p. 22), os seguros sociais buscam
prestar a garantia, ao indivíduo que vive do seu salário, de
bem-estar social em razão de danos físicos ou orgânicos
ocorridos em sua pessoa que sejam capazes de inutilizá-
-lo para o trabalho remunerado. Nesse modelo de seguro,
tem-se o Estado como segurador, e, como contribuintes, o
empregador e o empregado. Nesse caso, a contribuição é
compulsória.

Até começar a lidar com o assunto, muitos não têm a per-


cepção de que uma das formas mais importantes de se-
guros que um grupo pode fazer para a sua proteção é a
seguridade social, a previdência.

Os seguros sociais não combinam com o lucro e, por esse


motivo, normalmente são geridos, no Brasil, pelo Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS.

Os seguros sociais são divididos em três categorias: aposen-


tadoria e pensões, saúde e acidentes de trabalho.

As aposentadorias podem ocorrer por invalidez, por ve-


lhice, por tempo de serviço ou por alguma razão especial.

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52 Conceitos de seguros e legislação

As pensões são benefícios assegurados aos dependentes


no caso de morte do segurado.

A saúde busca o atendimento do segurado e de seus de-


pendentes por meio de assistências médica, hospitalar e
farmacêutica.

Os acidentes de trabalho garantem ao segurado sua remu-


neração caso seja afastado por motivo de acidente ocorri-
do no trabalho.

Além do que vimos acima, o seguro social permite, ainda,


em retribuição aos prêmios pagos pelo segurado e seu em-
pregador, o pagamento de auxílios ao segurado, como o
auxílio-doença e o auxílio-natalidade, e, aos dependentes
do segurado, o auxílio-funeral e o auxílio-reclusão, entre
outros auxílios diversos.

Seguros privados
A atividade relativa aos seguros privados é explorada pela
iniciativa privada por meio de seguradoras e ressegurado-
ras. Trata-se de proteção econômica que as noções de pre-
vidência recomendam aos indivíduos contra a ocorrência
de danos aleatórios.

Eles protegem bens e pessoas.

Costa (apud FREIRE, 1969) cita a diferença entre o seguro


social e o seguro privado:

O seguro social se distingue do seguro privado


por duas condições: enquanto no seguro privado o
prêmio individual é, tanto quanto possível, propor-
cional ao risco ocorrido individualmente, no segu-

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Seguro público x Seguro privado 53

ro social a conexão entre a contribuição e o risco


é bem menos estreita. Indivíduos sobre os quais a
intensidade do risco é diferente são englobados no
mesmo seguro e sob a mesma contribuição, inter-
vindo, ainda, ao lado da noção propriamente dita
do seguro, a de solidariedade social. Por outro lado,
as cargas dos seguros sociais não são suportadas
exclusivamente pelos próprios segurados; estes
suportam apenas uma parte delas; ao lado destes
segurados, por sua vez cotizantes e beneficiários,
há o patrão e o estado, os quais são cotizantes, mas
não beneficiários.

Como podemos notar, no seguro social está muito presen-


te a ideia de mutualismo.

Ramos típicos de seguro


Os seguros, de acordo com os ditames do Decreto nº
61.589, de 23 de outubro de 1967, são classificados em
três grupos: o seguro-saúde, o seguro de vida e o seguro
de ramos elementares.

O seguro-saúde, apesar da precariedade dos serviços pú-


blicos de saúde, em que pese a enorme carga tributária a
que estamos expostos no Brasil e os altos custos do aten-
dimento médico-hospitalar, tornaram prudente e recomen-
dável a contratação de um seguro ou de um plano de saúde
em nome da proteção. A Lei nº 9.656, de 1998, regulamen-
ta o sistema de saúde suplementar, que é constituído pelas
operadoras de planos de assistência suplementar à saúde.

O seguro de vida visa garantir, baseado na expectativa


de vida humana, o pagamento a beneficiários em caso de
morte, tomando por base o prazo, a quantia, a renda etc.

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54 Conceitos de seguros e legislação

O seguro de ramos elementares busca a garantia de perdas


e danos ou responsabilidades advindas de riscos diversos
que possam ocorrer e afetar bens, obrigações, responsabi-
lidades, direitos e garantias.

O assunto também é tema tratado no novo Código Civil


brasileiro, que classifica os seguros em seguros de danos
e seguros de pessoas.

A partir de 2003, na Circular Susep nº 226, foi determina-


da uma nova codificação que agrupa os ramos de seguros,
que passam a ter a seguinte classificação, conforme apre-
sentado na tabela a seguir:

Nome do grupo Ramos de seguros em cada grupo


Incêndio tradicional, roubo, lucros
cessantes, risco de engenharia, riscos
Patrimonial diversos, global de bancos, compre-
ensivo residencial e empresarial e
riscos nomeados e operacionais.
Risco de petróleo, riscos nu-
Riscos Especiais
cleares e satélites.
Responsabilidades civil (R. C.) ge-
Responsabilidades ral, profissional, de administra-
dores e diretores (D&O).
Marítimos, aeronáuticos, R. C. do hangar
Cascos e DPEM (seguro de danos pessoais causa-
dos por embarcações ou por sua carga).
Automóvel, R. C. do transportador em
viagens internacionais – pessoas ou
não, R. C. facultativa, DPVAT, APP, R.C.
Automóvel
do transporte rodoviário interestadual e
internacional, garantia estendida e me-
cânica e carta verde (R. C. do Mercosul).

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Seguro público x Seguro privado 55

Transportes nacionais e internacionais, R. C.


de transporte aéreo – carga, RCTRC (seguro
contra danos causados a carga decorren-
Transportes tes de acidentes, incêndios, colisões, e
outros), R. C. do armador, R.C. do operador
de transporte multimodal, RCTVI – carga
e R.C. do transporte ferroviário – carga.
Fiança locatícia, garantias financeiras,
Riscos financeiros obrigações privadas, obrigações públi-
cas, de concessões públicas e judicial.
Crédito à exportação – risco comercial e
Crédito político, crédito doméstico – risco comer-
cial, crédito doméstico – risco pessoa física.
Perda do Certificado de habilitação de
voo – PCHV, turístico, renda de eventos
aleatórios, vida individual, vida em
grupo, acidentes pessoais coletivos – APC,
acidentes pessoais individual – API, seguro
Pessoas
educacional, vida gerador de benefício livre
– VGBL, vida com atualização garantida e
performance – VAGP, vida com remune-
ração garantida e performance – VRGP
(individual e coletivo) e prestamista.
Seguro habitacional do sistema
Habitacional financeiro da habitação e segu-
ro habitacional fora do SFH.
Seguro habitacional do sistema
Rural financeiro da habitação e segu-
ro habitacional fora do SFH.
Outros Seguros no exterior e sucursais no exterior.
Fonte: Susep.

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56 Conceitos de seguros e legislação

CONTRATOS DE SEGUROS

As relações entre seguradoras e segurados devem ser


regidas por contratos que formalizem os compromissos
assumidos, tanto pela seguradora quanto pelo segurado,
mediante as condições previamente estabelecidas.

Contrato de seguro
Toda operação de seguro é norteada pelas cláusulas ex-
pressas nas condições gerais, especiais e particulares de-
finidas pelos órgãos que regulam o mercado de seguros.

As condições gerais englobam as cláusulas que atendem


às diversas modalidades de um mesmo ramo de seguros
e estabelecem os direitos e deveres das partes envolvidas
(segurado e seguradora).

Como o jargão do setor de seguros é muito próprio, é obri-


gatória a apresentação das definições dos termos técnicos
utilizados no contrato.

As condições especiais são constituídas por disposições


específicas que podem alterar as condições gerais.

As condições particulares são um conjunto de disposições


que podem alterar as condições gerais e as especiais ou
introduzir no contrato novas disposições.

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Contratos de seguros 57

Características do contrato de seguro


São diversas as características dos contratos de seguro.
Vamos abordar algumas delas de acordo com a apostila
Conceitos básicos de seguros (Funenseg, 2005):

• Consensual, pois depende da concordância das


partes que o assinam (segurado e seguradora).
• Nominado. Biselli (2015) mostra que
Certos contratos são descritos expressamente pelo
legislador, de tal forma que a lei, além de regulá-
-los, atribui padrão específico. Tal modalidade de
contratos previstos no texto legal são classificados
como nominados.

• Adesão, pois as condições de uma apólice são pa-


dronizadas e devem ser aprovadas pelos órgãos do
governo que regulamentam a atividade de seguro.
Ao aceitar tais condições, o segurado estará aderin-
do ao contrato.
• Bilateral, pois gera obrigações para as duas par-
tes envolvidas, e o descumprimento de obrigações
por uma das partes automaticamente desobriga a
outra.
• Oneroso, pois implica ônus e vantagens econômi-
cas para ambas as partes. Ao pagar o prêmio, o se-
gurado obtém a vantagem econômica decorrente da
transferência do risco para a seguradora; esta, por
sua vez, feitas as despesas administrativas e opera-
cionais e as constituições das reservas técnicas para
fazer frente ao risco segurado, espera obter vanta-
gem pela não concretização do risco.
• Aleatório, pois depende de evento futuro e incer-
to, tanto em relação à sua ocorrência quanto em re-
lação ao momento que ocorrerá, se ocorrer.

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58 Conceitos de seguros e legislação

• Formal, pois a lei determina, para provar a exis-


tência dos direitos e obrigações, que o contrato seja
instrumentalizado por meio da apólice ou pelo bi-
lhete de seguro.

• Da máxima boa-fé, pois, para conhecer e mensu-


rar os riscos a que se exporá, a seguradora depende-
rá sempre da veracidade das informações prestadas
pelo segurado, sem omissões.

Elementos presentes no contrato de seguro


Não se pode fazer um seguro sem um contrato. Os contra-
tos de seguro têm elementos essenciais, que são a apólice
e a proposta.

Proposta: trata-se do documento preenchido pelo pretenso


segurado, ou seu representante legal, em que é apresentado
à seguradora o pedido de cobertura do risco que se deseja
segurar. Essa proposta é utilizada pela seguradora para es-
tudar, diante da situação apresentada, e definir as condições
sobre as quais aceitará, ou não, o risco. Analisando os ele-
mentos informados na proposta de seguros, é possível que a
seguradora faça a mensuração do risco, e, diante dessa men-
suração, avalie se aceitará ou não o risco proposto.

Dessa forma, podemos inferir que a proposta busca aten-


der a uma necessidade técnica da seguradora em sua ava-
liação do risco em questão.

Como podemos verificar, esse instrumento depende fun-


damentalmente da boa-fé do segurado e da veracidade das
informações por ele prestadas para a seguradora. Por ser
tão importante, esse instrumento é regulamentado pelo
Código Civil Brasileiro.

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Contratos de seguros 59

Apólice: trata-se do documento, emitido pela seguradora,


que prova a existência de um contrato de seguro.

Podemos enumerar alguns tipos de apólices que visam


atender situações específicas, são elas: apólice aberta,
apólice ajustável, apólice avulsa, apólice multirrisco, apó-
lice de riscos nomeados e apólice de riscos operacionais.

A apólice aberta, ou de averbações, é adotada normal-


mente no ramo de seguros de transportes e seu objetivo
é atender à inclusão de verbas e bens a segurar. Já imagi-
naram a dificuldade para uma transportadora fazer uma
apólice para cada carga que transportará?

A apólice ajustável é feita em casos em que há variações


frequentes nos valores reais segurados. Podemos citar,
por exemplo, os armazéns de um supermercado.

A apólice avulsa tem a finalidade de dar cobertura a riscos


eventuais e transitórios, como ocorre, por exemplo, com
uma mudança no ramo dos transportes.

Apólice multirrisco é adotada nos casos em que os segu-


ros cobrem diversos riscos na mesma apólice.

Apólice de riscos nomeados é uma apólice que restringe


a cobertura do seguro aos riscos explicitamente relaciona-
dos, excluindo a possibilidade de cobertura para os riscos
não nomeados.

Apólice de riscos operacionais são as apólices dos seguros


all risks ou todos os riscos. Normalmente é contratado por
indústrias.

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60 Conceitos de seguros e legislação

Em algumas situações muito específicas, outros instru-


mentos de contrato de seguro são utilizados:

Averbação: é um documento que o próprio segurado emi-


te, informando à seguradora a inclusão de novos bens a se-
rem garantidos. Os seguros de transportes se utilizam des-
se instrumento na informação das cargas transportadas.

Bilhete de seguro: esse instrumento jurídico dispensa a


obrigatoriedade das informações prestadas na proposta e
substitui a apólice. É, por exemplo, o seguro que fazemos
ao embarcar em uma viagem aérea, rodoviária ou naval.

Certificado de seguro: trata-se de documento expedido


pela seguradora com destino aos segurados que contêm a
certificação da contratação do seguro.

Aditivo: trata-se da alteração do seguro por meio de docu-


mento emitido pela seguradora, com a necessária concor-
dância do segurado.

Inicialmente, foram tratados os elementos conceituais do


seguro em seus aspectos econômicos, financeiros, comer-
ciais e jurídicos. Foram tratados os elementos de seguros,
como: risco, responsabilidade e seus limites, prêmio, si-
nistro, mutualismo e indenização, bem como as ativida-
des relacionadas aos cálculos atuariais que dão suporte às
atividades de seguros e suas projeções. Posteriormente,
foram caracterizadas as vertentes de seguros privados e
públicos, estes configurados nas atividades previden-
ciárias ou de seguros sociais do Estado. Foram tratados
também os elementos das atividades típicas de seguros,
bem como os aspectos regulatórios e os diversos tipos ou

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Contratos de seguros 61

ramos de seguros de acordo com a Susep. No tópico final


deste capítulo, foram abordados os contratos de seguros,
seus aspectos conceituais, características e seus diversos
elementos. Vimos também que a apólice, em seus seg-
mentos, é uma decorrência do contrato de seguro — que
formaliza a existência desse contrato —, bem como suas
características e os elementos que definem direitos e obri-
gações firmados entre segurado e seguradora.

..........................................................................................................
62 Conceitos de seguros e legislação

REFERÊNCIAS

BISELLI, Giuliana. O contrato de seguro e suas principais


características. JusBrasil, São Paulo, 9 abr. 2015. Dis-
ponível em: <http://giulianabiselli.jusbrasil.com.br/arti-
gos/179663397/o-contrato-de-seguro-e-suas-principais-
-caracteristicas>. Acesso em: 17 jun. 2015.

BRASIL, Gilberto. O ABC da matemática atuarial e princí-


pios gerais de seguros. Porto Alegre: Sulina, 1985.

. Conselho Nacional de Seguros Privados. Resolução


nº 300, de 16 de dezembro de 2013. Institui regras e pro-
cedimentos para o cálculo do patrimônio líquido ajustado
exigido das entidades abertas de previdência complemen-
tar, sociedades de capitalização, sociedades seguradoras e
resseguradores locais. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 23 dez. 2013.

COSTA, Jorge Andrade. As experiências no Brasil e no


Mercosul em comparação com as normas propostas pelo
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2009.

D’AURIA, Francisco. Organização e contabilidade dos


seguros privados e capitalização. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1956.

FIGUEIREDO, Sandra. Contabilidade de seguros. Rio de


Janeiro: Atlas, 2012.

.........................................................................................................
63

FREIRE, Numa. Aspectos do seguro. Rio de Janeiro: Atlas,


1959.

. Organização e contabilidade de seguros. 2. ed.


Rio de Janeiro: Atlas, 1969.

FUNDAÇÃO ESCOLA NACIONAL DE SEGUROS. Concei-


tos básicos de seguros. Rio de Janeiro: Funenseg, 2005.
(Apostila).

SILVA, Afonso. Solvência das seguradoras. Rio de Janeiro:


Funenseg, 2009.

TUDO SOBRE SEGUROS. Disponível em: <http://tudoso-


breseguros.org.br/sws/portal/pagina.php?l=265>. Acesso
em: 18 fev. 2015.

..........................................................................................................
64

.........................................................................................................
Tipos, modalidades ou ramos de seguros 65

CAPÍTULO 3
TIPOS DE SEGUROS, PROVISÕES
TÉCNICAS E INDICADORES DO
SETOR

Neste capítulo, inicialmente, trataremos das definições e


características dos principais tipos de seguros de pessoas
e de não pessoas em seus diversos segmentos. Posterior-
mente, no segundo tópico, serão delineadas as principais
técnicas atuariais, o prêmio em confronto com a indeniza-
ção, as coberturas técnicas como parte dos procedimentos
relacionados aos recursos garantidores — fundamentais na
atividade de seguros, a fim de manter a saúde financeira —,
a solvência e a capacidade operacional das entidades que
operam no setor, bem como o aprofundamento das opera-
ções tipificadas de cosseguro, resseguro e retrocessão. Ao
fim deste capítulo, serão abordados os conceitos de mar-
gem de solvência e limites técnicos, que também permeiam
os procedimentos para garantir as operações dessas orga-
nizações e, finalizando, serão tratados os principais indica-
dores utilizados na avaliação e manutenção das atividades
das seguradoras. Portanto, procure compreender os concei-
tos e as relações apresentadas de forma a fundamentar as
atividades de reconhecimento, contabilização e evidencia-
ção das operações das seguradoras, que serão estudadas
no capítulo 4.

..........................................................................................................
66 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

TIPOS, MODALIDADES OU RAMOS DE


SEGUROS

Para iniciarmos este estudo, é necessário que abordemos a


segmentação por tipos de seguros, em geral classificados
como obrigatórios ou facultativos, a fim de diferenciá-los
em relação às exigências ou à escolha de quem os con-
trata. Por outro prisma, também é possível tipificar esses
contratos em individuais ou em grupo e sob o critério da
natureza dos riscos a serem cobertos. Não obstante, os se-
guros, para fins de segmentação pelos órgãos reguladores,
ainda podem ser classificados em seguros de pessoas e de
não pessoas, que se subdividem em danos patrimoniais,
prestação de serviços, de renda e de previdência privada,
entre outros.

Em uma visão ampliada, podemos ter tantos tipos de se-


guros quanto as entidades reguladoras do setor e as legis-
lações, bem como as necessidades sociais, permitam em
função do objeto de seguro.

Apresentamos abaixo, para fins de orientação e compre-


ensão, a segmentação dos diversos conceitos inerentes à
área de seguros. Observem o quadro a seguir, baseado na
classificação dada pela Susep:

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 67

RAMOS DE SEGUROS
Grupos Característica gerais
Seguros contra incêndio, roubo
de imóveis, bem como os segu-
1 Patrimonial
ros compreensivos residenciais,
condominiais e empresariais.
Seguros contra riscos de petró-
2 Riscos especiais
leo, nucleares e satélites.
Seguros contra indenizações por danos
3 Responsabilidades materiais ou lesões corporais a terceiros
por culpa involuntária do segurado.
Seguros contra riscos marítimos,
4 Cascos (em run off )
aeronáuticos e de hangar.
Seguros contra roubos e aciden-
5 Automóvel tes de carros, de responsabilidade
civil contra terceiros e DPVAT.
Seguros de transporte nacional e inter-
6 Transporte nacional e de responsabilidade civil de
cargas, do transportador e do operador.
Seguros diversos de garantia de
7 Riscos financeiros
contratos e de fiança locatícia.
Seguros de crédito a exportação e
8 Crédito (em run off )
contra riscos comerciais e políticos.
Seguros coletivos de vida e aci-
dentes pessoais, vida com cober-
9 Pessoas (coletivo)
tura para risco de sobrevivência,
prestamista e educacional.
Seguros contra riscos de morte
10 Habitacional e invalidez do devedor e de da-
nos ao imóvel financiado.
Seguros agrícola, pecuário, de
11 Rural
florestas e penhor rural.
Seguros no exterior e de sucur-
12 Outros
sais de seguradoras no exterior.
Seguros individuais de vida e aci-
dentes pessoais, vida com cober-
13 Pessoas individual
tura para risco de sobrevivência,
prestamista e educacional.

..........................................................................................................
68 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Seguros compreensivos para operadores


14 Marítimos portuários, responsabilidade civil facul-
tativa para embarcações e marítimos.
Seguros de responsabilidade civil
facultativa para aeronaves, aero-
15 Aeronáutico náuticos, responsabilidade civil de
hangar e responsabilidade do ex-
plorador ou transportador aéreo.
Microsseguros de pessoas, mi-
16 Microsseguros
crosseguros de danos.
17 Saúde Seguro-saúde.
Fonte: Susep, 2012.

Seguros de pessoas
O ramo de seguros de pessoas tem como meta a garantia
de indenização ao segurado e seus beneficiários dentro
das condições e de acordo com as garantias estabelecidas
no contrato. Citamos, como exemplo desse segmento, os
seguros de acidentes pessoais, de vida, viagem, educação,
desemprego (perda e renda), internação hospitalar, inca-
pacidade temporária, funeral, entre outras ramificações.

Esse segmento de seguro poderá ser adquirido de forma


individual ou coletiva. Nos coletivos, conforme a regu-
lamentação vigente (Resolução CNSP nº 107, de 2004), a
apólice é formalizada pelo grupo de segurados, que é re-
presentado perante a seguradora por um estipulante. Con-
forme estabelecido na citada resolução em seu artigo 1º, o
estipulante é a pessoa física ou jurídica que contrata uma
apólice coletiva de seguros, ficando investido dos poderes
de representação dos segurados perante as sociedades se-
guradoras.

.........................................................................................................
Tipos, modalidades ou ramos de seguros 69

No caso de seguros de pessoas, a característica básica é


relacionada a não ter como determinar ao certo o valor
econômico da vida de alguém. Assim, os valores da inde-
nização em caso de morte ou invalidez estabelecida pelos
seguros de pessoas tendem a ser escolhidos pelo próprio
indivíduo, e não pelo “valor de mercado”, como no caso
dos bens e serviços.

Citamos abaixo os ramos de seguros de pessoas:

• Seguro de vida.
• Seguro de vida em grupo ou coletivo.
• Seguro de acidentes pessoais.
• Seguro-saúde.
• Seguro educacional.
• Seguro-viagem.
• Seguro de diária por internação hospitalar.
• Seguro-desemprego (perda de renda).
• Seguro de diária por incapacidade temporária.

Veja abaixo alguns segmentos de seguros de pessoas:

Seguro de vida
Modalidade de seguro que cobre a morte ou a sobre-
vivência de um “único” segurado. O único está entre
aspas, pois ele pode representar mais de uma pes-
soa, como no caso de um casal (marido e mulher) ou
de sócios de uma firma. Esses casos são conhecidos
como seguro em conjunto ou de duas ou mais cabe-
ças, e não devem ser confundidos com o seguro de
vida em grupo.

..........................................................................................................
70 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

No seguro de vida individual, a duração da vida hu-


mana serve de base para o cálculo do prêmio a ser
pago por morte do segurado ou no caso de o segu-
rado sobreviver a um prazo convencionado.

Para receber a indenização, na forma de capital, ren-


da ou uma combinação dos dois, o segurado indica
um beneficiário do seguro — que pode ser ele mes-
mo, nos casos de sobrevida (no Japão, os seguros de
vida são chamados seguros de sobrevivência).

O seguro de vida individual tem como característica


a longa duração do contrato, e suas apólices podem
ter coberturas para riscos de morte natural, morte
acidental, invalidez permanente total ou parcial por
acidentes ou por doenças.

Para monitorar a expectativa de vida das pessoas, as


seguradoras contam com tabelas atuariais e estatís-
ticas, fruto de avançados recursos na área, na qual
há a média de vida dos cidadãos de acordo com o
sexo ou a região. Os dados dessas tabelas (tábuas
atuariais) mostram um comportamento quase uni-
forme para o setor, fazendo com que as empresas
tenham previsões precisas, que acabam transfor-
mando o seguro de vida mais em uma operação de
poupança do que em um risco.

Seguro de vida em grupo ou coletivos


Essa modalidade tem por objeto uma mesma apóli-
ce em que são signatárias e garantidas várias pesso-
as, unidas por interesses comuns e que mantenham
relações definidas com o estipulante. O estipulante

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 71

é o responsável que faz o seguro em benefício do


grupo de pessoas, com o qual mantém relação de-
finida, por exemplo, uma empresa e seus funcioná-
rios. O seguro de vida em grupo tem a duração de
um ano, sendo renovado automaticamente, poden-
do, ainda, agregar coberturas adicionais, como inva-
lidez permanente, entre outras, assim como indeni-
zações múltiplas para o caso de morte decorrente
de acidentes.

Seguro de acidentes pessoais


Cobre o segurado em casos de acidentes previstos
no contrato que causem morte ou invalidez perma-
nente, total ou parcial. Invalidez permanente é a
perda, redução ou impotência funcional definitiva,
total ou parcial, de membro ou órgão do corpo.

Como indenização, o segurado pode receber um va-


lor em dinheiro, valor do dia trabalhado, em casos
de incapacidade temporária, e prestação de assis-
tência médica ou reembolso das despesas, se o aci-
dente causar a morte do segurado.

No caso do seguro de acidentes pessoais, morte e


invalidez permanente, são consideradas coberturas
básicas. As despesas médico-hospitalares e diárias
de incapacidade temporária são enquadradas como
coberturas adicionais, sendo que estas só podem
ser contratadas em conjunto com uma ou duas co-
berturas básicas. O segurado só tem direito à inde-
nização se o dano for causado por algum tipo de
acidente.

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72 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Seguro-saúde
Garante o pagamento em dinheiro ou reembolso de
despesas com cirurgias, estadas em hospitais, tra-
tamentos e consultas médicas feitas pelo segurado
e previstas no contrato. O reembolso pode ser feito
para a prestadora dos serviços ou para o próprio
segurado. A composição do seguro-saúde é extre-
mamente complexa e regulada.

Seguro de diária por internação hospitalar


Aquelas efetuadas para tratamento, sob orientação
médica, iniciadas até 30 dias após a data do aciden-
te. As diárias de incapacidade temporária corres-
pondem à impossibilidade contínua e ininterrupta
de exercer a profissão ou ocupação durante o perío-
do em que durar o tratamento.

Seguro educacional
Na ausência do segurado, busca garantir a educação
às pessoas indicadas por ele. A indenização pode
ser paga de diversas formas: o valor segurado pode
ser depositado em uma caderneta de poupança, de
onde vai sendo sacado para pagar as mensalidades
da escola; o beneficiário pode apresentar a com-
provação dos pagamentos das mensalidades e ta-
xas escolares ou material escolar para a seguradora
reembolsá-lo ou esta pode efetuar os pagamentos
devidos diretamente à instituição de ensino na qual
o beneficiário estuda.

Se o beneficiário (a pessoa a quem se destina o pa-


gamento dos estudos) falecer antes de iniciado o
pagamento da renda, os prêmios pagos são devolvi-

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 73

dos. Se o falecimento do beneficiário ocorrer duran-


te o pagamento da renda, as prestações restantes
são pagas, de uma só vez, aos beneficiários legais.

Seguros de não pessoas


Os seguros de não pessoas vinculam-se ao grau de dano
causado ao bem. Por exemplo, um incêndio pode apenas
danificar uma máquina, um setor ou pode alastrar-se por
todo um parque industrial, destruindo tudo que estiver
ali instalado. Da mesma forma, um ladrão pode roubar
os equipamentos de um veículo, sem causar outros danos
a ele, ou roubar um eletrodoméstico em uma residência,
sem causar danos ao restante da propriedade.

Ressaltamos que os países encaram a atuação das empre-


sas seguradoras de forma diferenciada. Por exemplo, em
alguns países, as seguradoras não podem atuar no ramo
de pessoa e de não pessoa, elas têm de escolher um dos
ramos para se especializar. No Brasil, não ocorre essa res-
trição, pois a legislação permite até a combinação de segu-
ros de pessoas e não pessoas em seus produtos.

Vejamos abaixo alguns exemplos de seguros de não pes-


soas:

Seguro de danos patrimoniais


É o seguro que cobre o patrimônio contra a pos-
sibilidade de danos. O valor do objeto a segurar é
determinável, com base na premissa de que todo
patrimônio tem seu valor, e, por isso, além de bem
administrado, deve estar bem protegido. Para ga-
rantir a segurança contra os riscos de propriedade
e diversos tipos de danos ao patrimônio, as entida-

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74 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

des seguradoras têm à sua disposição o seguro para


bens patrimoniais, que compreende os seguros para
residências, condomínios, hotéis e riscos indus-
triais. Esses seguros protegem o prédio (estrutura
e anexos) e o seu conteúdo (móveis, equipamentos
e utensílios) com coberturas contratadas de acor-
do com as necessidades da instituição. Os seguros
para bens patrimoniais são compostos de cobertu-
ras básicas e adicionais que garantem a preservação
do patrimônio pessoal em caso de imprevistos, tais
como:

• Incêndio.
• Queda de raio na área do imóvel.
• Explosão.
• Vendaval, furacão, ciclone, tornado, queda de
árvore ou quaisquer engenhos aéreos, impacto de
veículo.

• Dias de paralização.
• Perda ou pagamento de aluguel.
• Roubo ou furto coberto de bens.
• Despesas com recomposição de registros e do-
cumentos.

• Danos elétricos com cobertura para equipamen-


tos, sistemas e componentes eletrônicos etc.

Seguro de automóveis
Um dos mais populares no Brasil e responsável por
mais de um terço do volume de prêmios arreca-
dados, o seguro de automóveis tem como função
cobrir perdas ou danos dos veículos terrestres de

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 75

propulsão a motor, desde que não trafeguem sobre


trilhos. Dependendo da forma como for contrata-
do, o seguro de automóveis poderá cobrir colisão,
incêndio e roubo do carro segurado, além de inde-
nizar os prejuízos que, em decorrência do acidente,
possam ser causados a terceiros (pessoas ou coi-
sas). Em uma apólice que contemple colisão, incên-
dio e roubo, as coberturas contra roubo e colisão
juntas representam grande parte do prêmio. As-
sim, quanto mais “perigosa” a cidade ou o perfil do
condutor (homem ou mulher), maior o prêmio ou o
valor a ser pago pelo seguro. Outros fatores consi-
derados na definição do perfil do motorista são se
a pessoa é casada ou não, a idade, se tem filhos na
faixa etária dos 18 aos 24 anos que possam usar o
carro, quilometragem rodada ao ano com o veícu-
lo e o tempo de habilitação, etc. Outro aspecto im-
portante nesse tipo de seguro é a franquia. Quanto
maior a franquia, menor o prêmio. A franquia deve
ser utilizada de acordo com o perfil do segurado.
Ele pode escolher entre reduzir o valor do seguro
do automóvel, repassando esse custo para a fran-
quia, ou vice-versa. Nessa modalidade, inclui-se o
DPVAT, bastante conhecido, que é cobrado dos pro-
prietários de veículos automotores, por ocasião do
pagamento do IPVA.

Seguro de aeronaves
Abrange os riscos a que estão expostas as pesso-
as e as coisas quando transportadas por via aérea.
Assim, no caso de um acidente, além da reposição
do avião, o seguro de aeronaves cobre as despesas
médicas dos passageiros acidentados e, em caso de

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76 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

morte, ainda funciona como seguro de vida. Ele é


uma garantia para o proprietário de aeronaves —
sejam elas de táxi aéreo, turismo ou treinamento
— do valor investido no avião (casco) e de inde-
nizações por prejuízos, reembolsos de despesas,
responsabilidade civil contra terceiros e acidentes
pessoais dos passageiros e tripulantes, que, quando
ocorrem, envolvem valores altíssimos.

Seguro de embarcações
Com esse seguro, o proprietário de uma embarca-
ção — de carga ou de lazer, em águas marítimas,
fluviais ou lacustres — fica garantido contra inde-
nizações por perdas ou danos às embarcações, seus
acessórios e mercadorias nelas embarcadas, frete,
lucro esperado ou quaisquer outros interesses que
possam ser monetariamente mensurados.

Seguro de cargas
Conhecido como seguro-transporte, garante ao se-
gurado uma indenização pelos prejuízos causados
ao objeto segurado durante seu transporte.

O seguro de cargas pode ser feito para qualquer


meio de transporte marítimo, fluvial, lacustre, ter-
restre (rodoviário e ferroviário) e aéreo ou modali-
dade — como bagagem, malote, mostruário, porta-
dor e remessa postal.

Todas as empresas transportadoras devem segurar


sua carga. As cargas mais roubadas são produtos
alimentícios, cigarros, medicamentos e pneus, que
podem ser distribuídos facilmente no mercado va-

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 77

rejista. Os roubos acontecem geralmente nas proxi-


midades dos postos de combustível, lanchonetes e
restaurantes, quando os ladrões aproveitam a me-
nor velocidade dos caminhões.

No Brasil, o roubo de cargas nas estradas vem cres-


cendo a uma taxa de cerca de 30% ao ano. Alguns des-
ses roubos, por mais surpresa que possa causar, são
de autoria dos próprios comerciantes, que, com ajuda
de ladrões e traficantes, além de embolsarem o segu-
ro da carga roubada, depois revendem o produto.

Seguro de prestação de serviços


Segundo o Cosif, nessa modalidade incluem-se os
seguros também conhecidos como de responsabili-
dade civil, em que é garantido o reembolso de inde-
nizações que o segurado venha a ser obrigado a pa-
gar em consequência de lesões corporais ou danos
materiais provocados por ele involuntariamente por
omissão, negligência ou imprudência, a terceiros ou
a pessoas pelas quais possa responder civilmente
(prepostos). É o ramo de seguros que oferece maior
variedade de cobertura, como, por exemplo:

• Contrato em que o empregador é coberto por da-


nos pessoais sofridos por seus empregados quando
em serviço. Independe da indenização devida pelo
seguro obrigatório de acidentes do trabalho.

• Contrato em que o condomínio, os proprietários


e os locatários de imóveis são cobertos por danos
causados a terceiros por acidentes relacionados
com o uso e a conservação do imóvel. RCG Clubes e
Associações: cobre danos causados a terceiros, só-

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78 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

cios e dependentes relacionados com o imóvel e as


atividades nele desenvolvidas relacionadas a sócios
e dependentes, bem como danos causados a objetos
pessoais entregues à guarda do clube.

Seguro de renda
Funciona como uma garantia do pagamento do con-
trato firmado, por exemplo, do aluguel do segurado,
dispensando os tradicionais fiadores e avalistas ou
depósito (cheque-caução). Com o seguro de fian-
ça locatícia, locatário e locador saem ganhando: o
primeiro por não ter de passar o constrangimento
de pedir a outros que se responsabilizem por ele,
o segundo por poder contar com um modo fácil de
garantir seu contrato de locação de imóvel.

Seguro de previdência privada


Os institutos de previdência privada foram criados
pela Lei nº 6.435/1977, sendo posteriormente regu-
lamentados pelo Decreto nº 81.240/1978, para as
entidades fechadas, e nº 81.402/1978, para as enti-
dades abertas.

Sua função é oferecer uma aposentadoria indepen-


dente e complementar à previdência social. Mesmo
sendo paralela à oferecida pelo governo, ela se des-
taca por ser opcional e voluntária.

Conforme já observado anteriormente, a previdência social


é obrigatória e oferecida pelo Estado, com objetivo de ga-
rantir a subsistência, ou seja, o mínimo de preservação de
qualidade de vida de modo condizente com a justiça social.
A previdência privada, por outro lado, é complementar

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Tipos, modalidades ou ramos de seguros 79

e facultativa, visando preservar determinado padrão de


vida. Os participantes dos fundos de previdência privada
têm seus direitos garantidos pela legislação do setor. As
empresas são reguladas pela Susep.

De acordo com as regulamentações vigentes, a previdên-


cia privada pode ser aberta ou fechada.

A entidade de previdência privada fechada (fundo de pen-


são) atua exclusivamente em uma empresa ou grupo de
empresas pertencentes à mesma pessoa, visando à pres-
tação de benefícios complementares e assemelhados aos
da previdência social. Esses planos são calcados em es-
truturas grupais, com forte ênfase mutualista, e, em sua
maioria, são custeados pelas empresas e funcionários do
grupo, cuja contribuição individual varia de acordo com
os cálculos atuariais e as políticas da entidade.

As entidades de previdência privada aberta, diferente-


mente das entidades de previdência fechada, que podem
administrar um único fundo de pensão e que só aceitam
como participantes os empregados de uma só empresa
ou grupo, podem administrar diversos fundos ao mesmo
tempo, não havendo restrições quanto à procedência das
participações individuais.

A previdência aberta é constituída pelas instituições aber-


tas à participação pública, visando à prestação de benefí-
cios opcionais, de caráter individual. Essas entidades tam-
bém podem ser com ou sem fins lucrativos, e delas fazem
parte as seguradoras e os conglomerados financeiros.

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80 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Os planos de previdência privada “tradicionais” garantem


remuneração igual, pelo menos, ao da caderneta de pou-
pança. As contribuições são mensais por um determinado
número de anos, de acordo com a renda futura esperada
e a idade previamente estabelecida. O benefício pode ser
recebido de diversas formas: vitalício ou por um deter-
minado período de tempo, por exemplo, 20 anos, ou em
forma de capital (todo o valor de uma só vez).

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Coberturas técnicas no setor de seguros 81

COBERTURAS TÉCNICAS NO SETOR DE


SEGUROS

As técnicas das operações de seguros baseiam-se em vá-


rios princípios e modelos matemáticos, usados sob o prin-
cípio do mutualismo, que dá suporte à distribuição das
responsabilidades decorrentes dos negócios segurados,
também conhecido como pulverização das responsabili-
dades.

Nesses processos, a matemática atuarial é um dos ele-


mentos fundamentais no estudo do risco atuarial, sendo
segmentada em: cálculo atuarial e teoria do risco. Essas
técnicas viabilizam a obtenção de tabulações e projeções
por meio das seguintes atividades:

• Cálculos biométricos para seguros de pessoas e


previdência.

• Esperança de vida em determinada idade.


• Relacionar o valor do dinheiro no tempo.
• Cálculos de rendas vitalícias e temporárias e o
cálculo do prêmio.

A teoria do risco é dividida em risco individual, risco co-


letivo e teoria da ruína; teorias e técnicas que suportam
os cálculos, e as tabelas atuariais que dão significado ao
negócio de seguro.

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82 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Observamos, entretanto, que não entraremos em maio-


res aprofundamentos a respeito desses temas, pois eles
fogem ao escopo do nosso estudo. Essas abordagens fo-
ram citadas somente para instrumentalizar os principais
elementos que objetivamente transitam pelas nossas
necessidades, quais sejam: a indenização, o prêmio e as
respectivas provisões e os indicadores financeiros deles
extraídos.

Indenização e prêmio
A indenização corresponde ao que a seguradora deve pa-
gar ao segurado em função de prejuízos ou perdas decor-
rentes de um sinistro. A indenização nunca é superior à
importância segurada.

Ao contrário do que possa parecer, o prêmio não repre-


senta a importância que o segurado recebe, e sim, a que
ele tem de pagar à companhia em troca da cobertura pelos
eventos fortuitos. Logo, o prêmio é o preço do seguro es-
pecificado no contrato, ou seja, o valor calculado que o se-
gurado paga para que a seguradora proponente assuma a
responsabilidade para cobrir determinado risco. Seu valor
depende do prazo do seguro, da importância segurada e
da exposição ao risco, além das despesas administrativas
e de vendas (como comissão e agenciamento), impostos e
lucros necessários à remuneração do capital empregado
(investidores) em troca do risco assumido.

Veja abaixo a segmentação da atividade de seguros, seus


atores, relacionamentos, produtos, apólice e relatórios.

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Coberturas técnicas no setor de seguros 83

Corretor
cadastrado Cliente
na seguradora

Cobrança
Proposta

Seguradora Apólice

Contabilidade
Enquadramento
Contas a pagar
Cálculos atuariais

Inspeção de riscos Relatórios


e aprovação

Provisões técnicas
Para falarmos de atuária, não podemos nos esquecer dos
princípios que regem esse segmento sob o foco do negó-
cio: o conservadorismo, que é um princípio que justapõe a
própria atividade de correr riscos, como se fosse um con-
trabalanço; as chances de antever o futuro não aumentam
nem diminuem pela atividade de gestão atuarial, apenas
o seu conhecimento e as inferências que variam; a subor-
dinação às incertezas futuras e a necessidade de ajuste
contínuo das percepções, além do alto custo envolvido.

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84 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

O conservadorismo nos remete ao ato de provisionar, que


significa guardar algo para o futuro. Sob o foco da con-
tabilidade e com relação aos regulamentos da atividade
securitária, as provisões reconhecem determinado evento
que não representa desembolso imediato, mas que afeta
o resultado da entidade, pois causa, ou pode vir a causar,
desembolsos futuros. São decorrentes dos princípios do
conservadorismo e da competência dos exercícios, reco-
nhecendo eventos cujo fato gerador vincula-se ao exercí-
cio social.

Nas atividades de seguros, o ato de provisionar significa


manter um lastro técnico por princípio, mas também co-
ercitivo, por força dos atos regulatórios da Susep, visando
minimizar o risco de insolvência e descontinuidade das
operações da entidade seguradora. São constituídas e re-
vertidas mensalmente, observado o desdobramento para
cada ramo de seguro, com base nos prêmios retidos pela
seguradora e os sinistros avisados e não avisados, confor-
me as disposições do CNSP. Essas provisões são divididas
em grupos conforme se vê abaixo:

PROVISÕES TÉCNICAS
Provisão de riscos decorridos
1. Provisões técnicas Provisão de prêmios não ganhos
não comprometidas Provisão matemática
Fundo de garantia de retrocessões
Provisão de sinistros a liquidar
2. Provisões técnicas Provisão de seguros vencidos
comprometidas Provisão para sinistros
ocorridos e não avisados
3. Fundo de garantia

operacional

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Coberturas técnicas no setor de seguros 85

1. Provisões técnicas não comprometidas: visam cobrir


os riscos de eventos aleatórios futuros, são elas:

• Provisão de riscos decorridos: visam garantir a


cobertura dos sinistros ocorridos e ainda não avisa-
dos, aplicável aos seguros com pagamento de prê-
mio mensal e à receita ganha no mesmo período. É
calculada mensalmente, com base em 50% da receita
de prêmios correspondentes ao mês de constituição
da provisão.

• Provisão de prêmios não ganhos: destina-se a


cobrir os riscos de contratos em vigor e correspon-
dente à parcela do prêmio relativa ao período do
risco ainda não decorrido, ou seja, a decorrer, refe-
rente a seguros com pagamento de prêmio anual.
É calculada proporcionalmente e reconhecida men-
salmente em períodos quinzenais, ou seja, um con-
trato de um ano corresponde a 24 quinzenas, sendo
que no primeiro mês será apropriado o montante de
1/24, e, a partir daí, 2/24 a cada mês, totalizando
23/24 ao fim do prazo contratado.

• Provisão matemática: busca garantir os riscos


dos contratos em vigor, com pagamento de prêmio
anual, de acordo com as notas técnicas atuariais
aprovadas pela Susep. São calculadas trimestral-
mente, compreendendo os contratos de seguro de
vida individual em vigor nas suas várias modalida-
des. Nos ajustamentos trimestrais dessas reservas,
as entidades poderão adotar processo simplificado
fixado anteriormente por solicitação prévia ao De-
partamento Técnico Atuarial da Susep.

• Fundo de garantia de retrocessões: constituído


subsidiariamente para cobrir riscos inerentes às
operações de retrocessões mantidas com o IRB. São

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86 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

contabilizados semestralmente, com base em 15%


do lucro correspondente às retrocessões do IRB. Na
base de cálculo, é incluída a despesa de 10% dos
prêmios retrocedidos, a título de custeio adminis-
trativo, sendo que esse fundo deve ser apurado por
ramo ou modalidade de seguro. Nas modalidades
em que se verificarem lucros, será apurado con-
forme discriminado, e, nas modalidades em que se
verificarem prejuízos, não será apurado, cabendo a
compensação dos prejuízos, caso haja saldo ante-
rior na modalidade apurada.

2. Provisões técnicas comprometidas: que são destina-


das à cobertura de sinistros já ocorridos, avisados e não
avisados, são elas:

• Provisão de Sinistros a Liquidar: visa cobrir os


pagamentos de indenizações de sinistros avisados
e ainda não liquidados. É constituída com base no
valor provável dos pagamentos, baseada nos avisos
recebidos. Deve ser apurada mensalmente contra o
resultado e corresponde, na data da apuração, ao
montante das indenizações a pagar por sinistros
ocorridos no período.

• Provisão para sinistros ocorridos e não avisados


– IBNR: derivada do inglês incurred but not repor-
ted, seu objetivo é garantir a cobertura de sinistros
ocorridos, mas não avisados. Esse procedimento ga-
rantidor é adotado em seguros com pagamento de
prêmio anual, baseado em nota técnica atuarial ela-
borada pelo departamento de atuária da seguradora,
com base nos padrões determinados pela Susep.

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Coberturas técnicas no setor de seguros 87

Exemplo:
Considere os seguintes saldos em um determinado mês:
Saldo da provisão de sinistros a liquidar: R$ 260.000.
Sinistros avisados no mês: R$ 80.000.
% de resseguros cedidos dos sinistros avisados: 30.

Qual o saldo final da reserva? R$ 80.000 x 0,70 = R$


56.000, ou seja, o saldo final = R$ 260.000 + R$ 56.00 =
R$ 316.000.

Provisão técnica Indenizações


comprometida avisadas
(sinistros a liquidar) (resultado)
260.000 (SI)
56.000
56.000

316.000 (SF) (SF) 56.000

3. Fundo de garantia operacional: além das provisões


técnicas comprometidas e não comprometidas, as compa-
nhias de seguro, para garantir suas operações e assegurar
o direito de seus clientes, conforme disposição da Circular
nº 2, de 1976, do CNSP, devem constituir esse fundo, à
base de 3% dos prêmios líquidos que lhes foram retroce-
didos, excluídos os consórcios com liquidação mensal dos
saldos.

Obs.: mensalmente, as seguradoras demonstram à Susep


o cálculo das provisões técnicas, constituídas e revertidas
no período, por meio do “Formulário de Informações Pe-
riódicas – FIP”.

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88 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Obrigatoriedade para a Constituição


Para os seguros de transportes, de responsabilidade civil
de transportadores rodoviários de carga, de vida em gru-
po, de acidentes pessoais coletivo, de reembolso de des-
pesas de assistência médica e hospitalar e outros, com pa-
gamento de prêmio mensal, cujo risco já decorreu, serão
constituídas as seguintes provisões:

a. Provisão de riscos decorridos.


b. Fundo de garantia de retrocessões.
c. Provisão de sinistros a liquidar.

Para os seguros dos ramos elementares (todos os ramos,


exceto os ramos vida individual e saúde), de vida em gru-
po, de acidentes pessoais coletivo e de reembolso de des-
pesas de assistência médica e hospitalar com pagamento
de prêmio anual, de risco a decorrer, serão constituídas as
seguintes provisões:

a. Provisão de prêmios não ganhos.


b. IBNR.
c. Fundo de garantia de retrocessões.
d. Provisão de sinistros a liquidar.

Para os seguros do ramo vida individual e saúde, com pa-


gamento de prêmio anual, serão constituídas:

a. Provisão matemática.
b. Fundo de garantia de retrocessões.
c. Provisão de sinistros a liquidar.
d. Provisão de seguros vencidos.

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Coberturas técnicas no setor de seguros 89

Cobertura de provisões técnicas


As provisões técnicas constituídas serão cobertas confor-
me as diretrizes do Conselho Monetário Nacional – CMN.
O Banco Central do Brasil – Bacen cumpre essas diretrizes
e normatiza os procedimentos a serem adotados pelas
seguradoras. Dessa forma, a Resolução nº 2.286/1996 do
Bacen revogou a nº 1.974/1992, modificando as formas de
aplicação das reservas técnicas das seguradoras.

Limites operacionais
O mercado tem desenvolvido sofisticados modelos de
mensuração e aplicação personalizada por ramo para tra-
tamento do risco. Como consequência dessa segregação,
esse mercado vem criando perfis para cada tipo de segu-
rado, calcado em modelos matemáticos, estatísticos e de
probabilidades, que influenciam o risco e, consequente-
mente, o respectivo prêmio. Nesse formato de operação, as
seguradoras estão se especializando em oferecer produtos
de acordo com os diferentes graus de exposição ao risco
de cada perfil de cliente pessoa física ou jurídica.

Nesse segmento de negócios, os riscos são divididos em


ordinários e extraordinários. Os primeiros constituem o
grupo dos riscos seguráveis, ou seja, os que se submetem
e que podem ser descritos pelos modelos previsionais; e
o segundo, o dos não seguráveis, não se submetem a uma
regularidade estatística, sendo incontroláveis e imprevi-
síveis, reduzindo ou anulando totalmente a possibilidade
de enquadramento nos planos de seguro. As apólices, com
base nesses preceitos, sempre apresentam os riscos cober-
tos e as exclusões, limitando a cobertura aos riscos assu-
midos e previstos. Não obstante, os riscos não seguráveis
poderão vir a ser protegidos em condições especiais, o que
exige a especialização da operação.

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90 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Com base nesses argumentos, a operação de uma segu-


radora está sujeita a assumir riscos cujos valores de co-
bertura estejam acima ou abaixo de sua capacidade ope-
racional, sendo o grau máximo de exposição assumida
diretamente limitado ao seu PLA, ou seja, o capital social
e as reservas líquidos de quaisquer ônus. Assim, cada se-
guradora terá, em função do valor do seu PLA, o seu limi-
te operacional.

Cosseguro
De acordo com o Cosif, é a operação que consiste na re-
partição de um mesmo risco, de um mesmo segurado,
entre duas ou mais seguradoras, podendo ser emitidas
tantas apólices quantas forem as seguradoras envolvidas
ou uma única apólice, por uma das seguradoras, denomi-
nada seguradora líder, não se verificando, ainda assim,
quebra do vínculo do segurado com cada uma das segura-
doras que respondem, isoladamente, perante o segurado,
pela parcela de responsabilidade que assumiram. Caso
haja sinistro, o percentual do prejuízo que cabe a uma
seguradora deverá ser o mesmo referente ao prêmio. Por
exemplo, se uma seguradora ficou com 10% do prêmio,
assumirá 10% do sinistro, caso este ocorra.

Exemplo:
Suponha que um grande empreendimento é cossegurado
por quatro seguradoras. O valor indenizatório do seguro é
ajustado em R$ 500.000.000,00. As responsabilidades fo-
ram distribuídas conforme a tabela abaixo:

Seguradoras Percentuais (%)

A 15
B 30
C 35
D 20

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Coberturas técnicas no setor de seguros 91

O prêmio foi estipulado em R$ 300.000,00. No caso de si-


nistro que gerasse uma indenização de R$ 100.000.000,00,
qual seria a composição das obrigações de cada uma das
seguradoras?

Solução:

Responsa-
Seguradoras Percentuais Prêmio Indenização
bilidade
A 15 75.000.000,00 45.000,00 15.000.000,00

B 30 150.000.000,00 90.000,00 30.000.000,00

C 35 175.000.000,00 105.000,00 35.000.000,00

D 20 100.000.000,00 60.000,00 20.000.000,00

Os cosseguros podem ser de dois tipos:

a) Facultativo: ocorre, com a concordância do se-


gurado, entre duas ou mais seguradoras indepen-
dentes. Não há solidariedade, e cada seguradora pa-
gará a parcela de sua responsabilidade prevista no
contrato. Se uma delas não honrar, as demais não
cobrirão o que faltar.

b) Obrigatório: ocorre quando a importância segu-


rada exceder o limite técnico ou limite de retenção
da seguradora. Esse limite corresponde ao valor
máximo passível de retenção por uma seguradora
em um risco isolado. Ele é estabelecido por meio
da política de negócios da seguradora, com base no
ativo líquido ajustado, ou seja, PLA por adições e
exclusões, conforme disposto na Resolução CNSP nº
40/2000, e será objeto de estudo mais adiante.

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92 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Resseguro
Em uma definição mais ampla, pode-se dizer que o ressegu-
ro é o seguro das seguradoras, tratando-se de uma operação
em que o ressegurador assume o compromisso de indenizar
a companhia seguradora direta do segurado pelos danos
que possam vir a ocorrer em decorrência de sinistros vin-
culados às apólices de seguro emitidas. Para garantir com
prudência a aceitação de um determinado risco ou pulve-
rizar um risco que possa comprometer sua capacidade fi-
nanceira, o segurador direto repassa parte de seu risco para
uma operadora de resseguro, que a indenizará por even-
tuais sinistros, em função da apólice de seguro vendida. O
contrato de indenização de resseguro pode cobrir um de-
terminado risco isoladamente ou todos os riscos assumidos
por uma seguradora em relação a uma carteira ou ramo de
seguros, inclusive aqueles de maior vulto e complexidade,
em contrapartida ao pagamento de um prêmio de ressegu-
ro, comprometendo-se a fornecer informações necessárias
para análise, fixação do preço e gestão dos riscos cobertos
pelo contrato.

Nas operações de resseguro, o agente segurador direto visa


garantir sua integridade operacional e patrimonial, sua con-
tinuidade e o equilíbrio de seus fluxos de caixa, bem como
seus resultados. O agente ressegurador objetiva manter a
capacidade de retenção das seguradoras, ampliar a liquidez
do mercado, oferecer proteção contra riscos causados por
catástrofes e estabilizar os gastos com o pagamento de in-
denizações. O resseguro é regido pelo princípio da mais es-
trita boa-fé entre o segurador direto e o ressegurador, sendo
que ambos buscam obter lucros com a operação. A respon-
sabilidade do ressegurador está limitada apenas ao sinistro
(materialização do risco) real que a seguradora sofreu.

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Coberturas técnicas no setor de seguros 93

A definição de resseguro, contudo, não encontra unanimi-


dade, inclusive juridicamente. Existem correntes que equi-
param o resseguro ao contrato de seguro, colocando-o na
condição de contrato de segundo grau, pela existência pré-
via do seguro, complementando o contrato original. Há,
ainda, quem defenda a classificação do resseguro como
uma relação de sociedade, devido aos interesses quanto à
lucratividade, aparentemente comuns aos atores da ope-
ração (segurador e ressegurador).

O resseguro é também definido como uma operação de


cosseguro, porque as responsabilidades são compartilha-
das por mais de uma empresa. Divergências de definição
à parte, o fato é que o resseguro se destina à transferência
do risco em parte e, raramente, na totalidade. A cessão in-
tegral do risco a uma resseguradora pode descaracterizar
o conceito clássico de resseguro, uma vez que sempre se
espera que a cedente retenha parte do negócio. A cedente
sempre será responsável pela regulação dos eventuais si-
nistros, respondendo pelo exato cumprimento de todas as
obrigações contratuais perante o segurado. Mais importan-
te do que a definição de resseguro é a sua finalidade, que
se desdobra de várias formas, já que ele pode ser contrata-
do de diversas maneiras. O resseguro é estruturado, mate-
maticamente, de acordo com os objetivos a que se propõe.
Existem duas modalidades de contratação de resseguro:

a) Facultativo: nesse caso, as seguradoras escolhem


quais apólices irão ressegurar, e os resseguradores
escolhem quais cessões de resseguro aceitarão. Da
mesma maneira que as seguradoras não são obriga-
das a fazer cessões de resseguros, as ressegurado-
ras não são obrigadas a aceitar o resseguro desses

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94 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

riscos, ou seja, as resseguradoras têm a prerrogati-


va de aceitar ou não o resseguro desses riscos.

b) Automático: nesse caso, há a obrigatoriedade da


seguradora ceder riscos, e a resseguradora, de acei-
tá-los. O plano de resseguro automático caracteri-
za-se por um acordo entre as partes (seguradora e
resseguradora), obrigando a seguradora cedente a
ceder, e a resseguradora a aceitar uma determinada
proporção de cada risco subscrito pela cedente, po-
dendo ser de diversos tipos, contudo, os métodos
de cessão:

• Quota-parte, a companhia cedente retém uma de-


terminada porcentagem do risco e cede o restante
para a resseguradora.

• Excedente de responsabilidade, a seguradora


cede valores monetários específicos que excedam
seu limite de retenção.

• Excesso de danos, a resseguradora é acionada a


partir de um certo limite de perda, assim, o segura-
dor é responsável pelos prejuízos iguais ou aquém
do limite do sinistro.

Retrocessão
Da mesma forma que o segurador direto transfere parte
de determinado risco ou de uma carteira de riscos a um
agente de resseguro, pulverizando parcela da responsa-
bilidade que assumiu mediante contratos de seguros, o
ressegurador também dispõe do mecanismo da “retroces-
são”, ou seja, “cessão de resseguro”, que consiste no re-
passe de parte das responsabilidades assumidas para ou-

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Coberturas técnicas no setor de seguros 95

tro agente ressegurador ou outras operadoras de seguros,


com o objetivo de proteger seu patrimônio e a integridade
de suas operações. Nessa operação, o ressegurador assu-
me parte das responsabilidades de outro ressegurador,
que cede parte dos riscos assumidos, informações e uma
parcela do prêmio pago pelo seguro. Em outras palavras: é
o resseguro de um resseguro.

Os planos de retrocessão são, basicamente, da mesma


natureza dos utilizados em operações de resseguro, de-
les diferindo apenas na condição dos participantes, pois,
enquanto o segurador direto faz cessões em resseguro, o
ressegurador faz retrocessões a outros seguradores. Em
qualquer caso, tanto nas operações de resseguro quanto
nas de retrocessão, o ressegurador e o retrocessionário
obrigam-se apenas com as entidades que lhes fizeram ces-
sões ou retrocessões, nunca com os segurados.

No Brasil, os seguradores autorizados a operar são retro-


cessionárias, obrigatórias, do IRB.

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96 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

INDICADORES DO SETOR DE SEGUROS

Contextualização
Conforme já observado anteriormente, o mercado de se-
guros se modificou e vem se modificando bastante, espe-
cialmente nas últimas décadas. Os governos concederam
às seguradoras maior liberdade para a fixação de preços e
demais condições de apólices, muito em função da aber-
tura de mercado para as companhias internacionais, que
passaram a operar no Brasil, ofertando produtos, que se
diversificaram, trazendo mais concorrência e vantagens
aos consumidores. O segmento passou a manter maior
grau de competitividade. Nessa competição, para definir
estratégias de produtos adequados, atrativos e acessíveis
era preciso ter informações gerenciais mais precisas para
as decisões de viabilidade operacional e de sobrevivência.

Pelas suas próprias características, as companhias de se-


guro operam com elementos subjetivos relacionados ao
futuro, necessitando de constante apoio de informações,
que influenciam diretamente as decisões. Nesse contexto,
além de um bom modelo gerencial para definir e controlar
os fatores de sucesso e insucesso, há a necessidade de se
manter constantes políticas de informação que fomentem
a ação gerencial, a confiança dos clientes e investidores, a
oferta de produtos e um maior acompanhamento e rigor
nas exigências de garantias por parte dos órgãos de con-
trole governamental.

Nesse cenário, os produtos, os indicadores, as auditorias,


a profissionalização e os procedimentos de divulgação de

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Indicadores do setor de seguros 97

informações são elementos de fundamental importância


para que as companhias seguradoras mantenham sua cre-
dibilidade e a sua continuidade, não só sob o aspecto legal,
como também sob o foco gerencial e da governança dos
operadores do mercado de seguros.

Limite de retenção
De acordo com a Resolução CNSP nº 40/2000, o limite de
retenção corresponde ao valor máximo de responsabilidade
que uma sociedade seguradora poderá reter em cada risco
isolado, também denominado “limite técnico”, sendo deter-
minados com base nos valores dos respectivos ativos líqui-
dos, representado pelo patrimônio líquido contábil ou pa-
trimônio social líquido contábil, com os seguintes ajustes:

Adições
a) Lucros não realizados da carteira de ações.
b) Receitas de exercícios futuros, efetivamente rece-
bidas (esse grupo foi extinto nos balanços por for-
ça das modificações trazidas pela Lei nº 11.638/07,
embora ainda conste do plano e das contas sugeri-
dos pela Susep).

Exclusões
a) As participações, diretas ou indiretas, em socie-
dades congêneres, entidades abertas de previdência
privada de fins lucrativos e/ou resseguradoras, atu-
alizadas pela efetiva equivalência patrimonial.
b) Despesas de exercícios futuros efetivamente rea-
lizadas.
c) Despesas antecipadas.

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98 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

LT OU LR = PL + LNR + REF – DEF – IP – DPA

LT ou LR: limite técnico ou limite de retenção.


PL: patrimônio líquido.
LNR: lucros não realizados.
REF: receitas de exercícios futuros.
DEF: despesas de exercícios futuros incorridas.
IP: investimentos permanentes em outras sociedades.
DPA: despesas pagas antecipadamente.

Conforme observa a referida resolução, a seguradora efe-


tua os cálculos dos limites de retenção de acordo com as
peculiaridades de cada ramo de seguro, cujos resultados
devem ser consistentes, compreendidos entre 0,3 e 3% do
PLA, e os valores obtidos devem estar baseados em me-
todologia atuarial amplamente aceita e cientificamente
comprovada.

Se esse limite for alterado, a seguradora deverá transferir


o risco assumido a uma ou mais congêneres, por meio de
operações de cosseguro, resseguro ou retrocessão.

Se os prêmios retidos nos últimos 12 meses anteriores ao


trimestre de cálculo dos novos limites de retenção forem
inferiores a 0,3% do ativo líquido da seguradora, o piso de
0,3% será substituído pelo percentual verificado na rela-
ção entre os prêmios retidos e o valor do novo ativo líqui-
do, observado o percentual mínimo de 0,075%. No caso de
início de operações no ramo, o limite de retenção mínimo
será de 0,075% do ativo líquido. As sociedades segurado-
ras deverão calcular, obrigatoriamente, os limites de re-

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Indicadores do setor de seguros 99

tenção, por ramo, no primeiro e no terceiro trimestres de


cada ano, vigorando, respectivamente, a partir de 1º de
maio e 1º de novembro do mesmo ano. Os valores calcu-
lados no primeiro trimestre devem considerar como base
de cálculo o ativo líquido de dezembro do ano anterior,
os valores calculados no terceiro trimestre e o ativo líqui-
do de junho do mesmo ano, devendo ser encaminhados
à Susep, que poderá fixar limites de retenção em valores
diversos dos calculados pela sociedade seguradora, desde
que devidamente justificados.

Margem de solvência
A margem de solvência ou grau de liquidez geral é repre-
sentada por um indicador que demonstra a capacidade
que uma entidade possui de saldar seus compromissos,
ou seja, a saúde financeira para manter a qualidade ou
condição de solvente, ou ainda, no caso das seguradoras,
a condição de uma companhia de seguros de saldar as
responsabilidades assumidas.

Dessa forma, as sociedades seguradoras devem apresen-


tar, quando do encerramento das demonstrações contá-
beis de junho e dezembro, a margem de solvência – MS,
calculada com base nos critérios estabelecidos na Reso-
lução CNSP nº 08/1989, alterada pela Resolução CNSP nº
55/2001. A MS corresponderá à suficiência do ativo líqui-
do – AL ou PLA, para cobrir um montante igual ou maior
que os seguintes valores:

a) 0,20 vezes do total da receita líquida de prêmios


emitidos dos últimos 12 meses.
b) 0,33 vezes a média anual do total dos sinistros
retidos dos últimos 36 meses.

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100 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

No cálculo da MS, serão computadas as operações de to-


dos os ramos, incluídos os prêmios e sinistros das opera-
ções de retrocessão, com exceção de vida individual e con-
tribuições de previdência privada aberta. São excluídas as
operações de resseguro e cosseguro cedidos, anulações,
restituições, cancelamentos, salvados e ressarcimentos,
bem como as receitas de prêmios e despesas com sinis-
tros relativos à operação de sucursais no exterior e bens,
direitos e obrigações a elas vinculados.

Denomina-se Limite de Margem – LM = 50% (cinquenta por


cento) do montante correspondente à MS. Uma vez calcu-
lada a MS, se ocorrer insuficiência de AL para sua cobertu-
ra, a sociedade seguradora proporá à Susep um plano de
recuperação, de forma a suprir a MS no prazo máximo de
150 (cento e cinquenta) dias, contados a partir da data de
encerramento de suas demonstrações financeiras semes-
trais. Caso não haja suficiência de AL para cobrir o LM,
o prazo para recuperação ficará limitado a 90 (noventa)
dias. Os planos de recuperação serão submetidos à apro-
vação da Susep, podendo determinar a apuração da MS a
qualquer tempo. A inobservância desses preceitos sujeita
o infrator ao regime especial de fiscalização.

Índice de cancelamento
Esse índice é obtido pelo quociente entre o somatório dos
prêmios cancelados e o dos prêmios emitidos em um perí-
odo. Essa forma de apresentação é a unitária, e, se uma
seguradora apresenta um índice de cancelamento de 0,05
em um determinado ano, significa que, de cada R$ 1.000
prêmios emitidos, R$ 50 foram cancelados, ou seja, 5%
dos prêmios emitidos.

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Indicadores do setor de seguros 101

Prêmios cancelados
Índice de cancelamento =
Prêmios emitidos

Índice de restituição
Esse índice é obtido pelo quociente entre o somatório dos
prêmios restituídos e os prêmios emitidos em um deter-
minado período. Essa forma de apresentação é a unitária,
e, se uma seguradora apresenta um índice de restituição
de 0,08 em um determinado trimestre, significa que, de
cada R$ 1.000 de prêmios emitidos, R$ 80 foram restituí-
dos, ou seja, 8% dos prêmios emitidos.

Prêmios restituídos
Índice de restituição =
Prêmios emitidos

Índice de cosseguros cedidos


É obtido pelo quociente do somatório dos prêmios de cos-
seguros cedidos pelo dos prêmios emitidos líquidos de
cancelamentos e restituições em um determinado perío-
do. Essa forma de apresentação é a unitária, e, se uma se-
guradora apresenta um índice de cosseguros cedidos de
0,45 em um determinado período, significa que, de cada
R$ 1.000 em prêmios emitidos, R$ 450 foram cedidos por
cosseguro, ou seja, 45% são pulverizados via cosseguro.

Cosseguros cedidos
Índice de cosseguros cedidos =
Prêmios emitidos –
(cancelados + restituídos)

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102 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Índice de resseguros cedidos


É obtido pelo quociente do somatório dos prêmios de res-
seguros cedidos pelo dos prêmios líquidos das restituições
e dos cancelamentos em um determinado período. Essa
forma de apresentação é a unitária e, se uma seguradora
apresenta um índice de resseguros cedidos de 0,53 em um
determinado período, significa que, de cada R$ 1.000 em
prêmios emitidos, R$ 530 foram cedidos por resseguro, ou
seja, 53% são pulverizados via resseguro.

Resseguros cedidos
Índice de resseguros cedidos =
Prêmios emitidos –
(cancelados + restituídos)

Sinistros retidos
Representa o montante líquido dos sinistros pagos, dedu-
zidas as recuperações de cosseguro, resseguros, salvados
e ressarcimentos. Esse índice é dado em R$. Assim, su-
pondo-se que uma seguradora no segmento de automoti-
vo pagou R$ 500.000 de sinistros, dos quais 30% foram re-
cuperados em operações de resseguros e cosseguros, além
de R$ 120.000 de ressarcimentos e salvados, obterá um
montante de sinistros retidos de R$ 130.000 no segmento.

Sinistros retidos = sinistros pagos – (resseguro e cos-


seguro recuperados) – (salvados e ressarcimentos)

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Indicadores do setor de seguros 103

Índice de recuperação de sinistros


É obtido pelo quociente entre o montante de sinistros re-
cuperados pelo de sinistros pagos.

Sinistros recuperados
Índice de recuperação de sinistros =
Sinistros pagos

Índice de ressarcimentos
É obtido pelo quociente entre o montante de ressarcimen-
tos pelo de sinistros pagos.

Ressarcimentos
Índice de ressarcimentos =
Sinistros pagos

Índice de sinistralidade – ISR


Esse indicador, ISR, também conhecido como margem téc-
nica, representa o montante de prêmios ganhos líquido
dos sinistros retidos. É apresentado em unidades monetá-
rias, entretanto poderá ser apresentado na forma unitária,
e, para isso, é necessário obtê-lo pelo quociente entre prê-
mios ganhos e sinistros retidos.

Margem técnica (prêmio puro) =


prêmios ganhos – sinistros retidos

Sinistros retidos
ISR=
Prêmios ganhos

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104 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Índices de despesas de comercialização – IDC


Esse indicador, IDC, é obtido pelo quociente entre as despe-
sas de comercialização (comissões e outras taxas devidas
nas atividades de vendas) e os prêmios ganhos. Compara
o resultado obtido pela emissão dos prêmios de seguros,
contribuições previdenciárias e/ou receita de capitalização
com as despesas de comercialização, ou seja, qual a parti-
cipação das despesas no volume de receitas auferidas.
É apresentada no formato unitário.

Despesas de
comercialização
IDC =
Prêmio
total emitido

Índices de despesas administrativas – IDA


Em essência, esse indicador é obtido pelo quociente entre
as despesas administrativas e tributárias relativas ao su-
porte da operação da seguradora e os prêmios emitidos.
Envolve as receitas com prêmios ganhos, incluindo a recei-
ta de contribuições de previdência complementar ou re-
ceitas de capitalização, conforme a natureza da empresa.
É apresentado no formato unitário.

Despesas administrativas
+ despesas com tributos
IDA =
Prêmio total emitido

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Indicadores do setor de seguros 105

Índice combinado
Indicador usado na análise do resultado operacional das
seguradoras, que é calculado como sendo a soma do índi-
ce de sinistralidade com o índice de despesas administra-
tivas. Sempre que esse índice combinado for inferior a 100
ou 1, significa que a seguradora auferiu lucro operacional.

IC = ISR + IDA

Observe abaixo uma amostragem dos indicadores extraí-


dos do sítio Tudo Sobre Seguros, que é uma ótima opção
para visitar a fim de angariar mais conhecimentos. O IC é
sempre < 100, demonstrando lucratividade, ou seja, 2013,
67,2% = 44% + 23,2%; 2014, 73,4% = 50,3% + 23,1%.

ÍNDICES MÉDIOS DE DESEMPENHO DAS


SEGURADORAS (R$ MILHÕES)
Jan - Dez Jan - Dez Var.
Seguros
2013 2014 (13-14)
Sinistralidade 44,0% 50,3% 14,4%
IDC 23,2% 23,1% -0,1%
Resultado com segu-
17.846 18.806 5,4%
ros (PG - SR - DC)*
Previdência
Receitas de contribuições e
876 831 -4,1%
prêmios de VGBL (líquidas)

Rendas com taxas de gestão 3.044 3.364 10,5%

Resultado da previdência
4.950 5.214 5,3%
(C + TG - VP - CA - RR)**
Geral
Despesas administrativas -11.040 -12.386 12,2%
Resultado financeiro 5.766 9.804 70,0%
Resultado patrimonial 6.122 6.858 12,0%

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106 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

Despesas com tributos +


-7.360 -10.026 36,2%
IR + contribuição social
Outras receitas/despesas -577 -609 5,5%
Lucro líquido 15.707 17.659 12,4%
Patrimônio líquido 71.366 74.478 4,4%
Rentabilidade do patri.
22,0% 23,7% 1,7%
líq. (%) (anualizada)
Fonte: Susep, 2015.

(*) Prêmios ganhos - sinistro ocorridos - custo de aquisição.


(**) Contribuições + taxa de gestão - variações provisões - custo de aquisição +
resultado resseguro.

Neste capítulo, foram tratados os principais tipos ou ra-


mos de seguros de pessoas e de não pessoas, abordando
alguns dos seus segmentos. E o que nos chama a atenção
é a diversidade dos segmentos e as suas possibilidades.
Essas possibilidades são, praticamente, infinitas, se con-
siderarmos os diversos segmentos e possibilidades den-
tro do contexto social. Além disso, os ramos podem ser
mesclados para a composição de novos segmentos e pro-
dutos. Observamos também, ao contrário do que muitos
pensam, as diferenças entre prêmios, que se referem ao
preço de contratação dos seguros, enquanto as indeniza-
ções se referem à cobertura do risco no caso do sinistro.
Outro aspecto digno de nota são as especificidades das
coberturas técnicas aplicadas na composição dos recur-
sos garantidores, procedimentos exclusivos do setor de
seguros. Além das provisões técnicas, a MS e os limites
operacionais também são instrumentos garantidores que,
em princípio, condicionam a garantia da atividade opera-
cional e a saúde financeira das entidades que atuam no

.........................................................................................................
Indicadores do setor de seguros 107

setor e, que, juntamente com as operações típicas, como


cosseguro, resseguro e retrocessão, são a expressão mais
clara das relações mutualistas no segmento.

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108 Tipos de seguros, provisões técnicas e indicadores do setor

REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Seguros Privados. Resolu-


ção nº 32, de 3 de julho de 2000. Dispõe sobre o Con-
sórcio Brasileiro de Riscos Nucleares CBRN, e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jul.
2000. Disponível em: <http://www2.susep.gov.br/biblio-
tecaweb/docOriginal.aspx?tipo=1&codigo=8644>. Acesso
em: 18 set. 2015.

. Superintendência de Seguros Privados. Circular nº


430, de 5 de março de 2012. Dispõe sobre alterações das
Normas Contábeis a serem observadas pelas sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização entidades aber-
tas de previdência complementar, e resseguradores locais,
instituídas pela Resolução CNSP nº 86, de 3 de setembro
de 2002. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 7 mar. 2012.
(Anexos).

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. Atos nor-


mativos vigentes por ramo/modalidade. Disponível em:
<http://www2.susep.gov.br/bibliotecaweb/prodvigor.
aspx>. Acesso em: 22 out. 2015.

TUDO SOBRE SEGUROS. Tipos de seguros. [s.l.], [201?]. Dis-


ponível em: <http://www.tudosobreseguros.org.br/portal/
pagina.php?l=379#classificação>. Acesso em: 8 nov. 2015.

.........................................................................................................
109

CAPÍTULO 4
ESQUEMA CONTÁBIL DAS
SOCIEDADES SEGURADORAS

Neste último capítulo, apresentaremos a estrutura do pla-


no contábil padronizado proposto pela Susep, bem como
o esquema de escrituração e modelagem dos principais
lançamentos das operações de seguros. No segundo tó-
pico, trataremos da estrutura dos principais demonstra-
tivos contábeis padronizados (de uso geral) obrigatórios,
anuais e intermediários, individuais e consolidados, basea-
dos nos modelos propostos pela Susep, já harmonizados
com as Normas Brasileiras de Contabilidade. Finalizando,
no terceiro tópico trataremos das informações adicionais,
configurando os aspectos técnicos específicos a serem ob-
servados pela legislação e pelas normas setoriais que as
companhias seguradoras devem cumprir. No último tópico
deste capítulo, chamaremos a atenção para as contrapar-
tidas dos recursos garantidores em função das determina-
ções do Bacen nas aplicações desses recursos, bem como
para o relatório de auditoria atuarial independente, que
deve compor as peças contábeis divulgadas, e os demais
livros e documentos obrigatórios que as companhias segu-
radoras devem compor nas suas atividades regulares.

..........................................................................................................
110 Esquema contábil das sociedades seguradoras

ESTUDO DOS PROCEDIMENTOS


CONTÁBEIS ADOTADOS NAS
COMPANHIAS SEGURADORAS

A oferta de seguros é uma prestação de serviço em que o


segurador assume um determinado grau de risco em troca
de uma remuneração. Nesse contexto, as gestões patrimo-
nial e de resultados exigem a visão do empreendimento no
seu todo. O ciclo operacional completo de uma seguradora
envolve a proposta, a análise da proposta, o enquadramento
envolvendo todos os cálculos atuariais, as inspeções técni-
cas, a aceitação do risco, a emissão da apólice, o recebimen-
to do prêmio — considerando-se todos os procedimentos
administrativos de aplicação do percentual do prêmio no
mercado financeiro e do cálculo das reservas técnicas —, fi-
nalizando com o pagamento da indenização, caso ocorra o
sinistro na vigência do contrato. Embora todas as operado-
ras desse segmento mantenham ciclo similar, há uma gran-
de subjetividade e diversidade de serviços negociados, o que
obriga, conforme já observado em tópicos anteriores, a uma
grande regulamentação e padronização dessas atividades.
Neste tópico, abordaremos o esquema contábil adotado nas
operações com seguros.

Plano contábil padronizado


Conforme estabelecido no inciso V do artigo 32 do Decre-
to-Lei nº 73/1966, combinado com o artigo 2º da Resolução
CNSP nº 86/2002, por força da delegação de competência do
CNSP, cabe à Susep expedir as normas gerais de contabili-
dade a serem observadas pelas sociedades supervisionadas.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 111

Dessa forma, o plano contábil padronizado da Susep foi ins-


tituído pela Resolução CNSP nº 86/2002 e alterado a partir
das orientações contidas nos anexos à Circular nº 430/2012,
que dispõem sobre os padrões e procedimentos contábeis
a serem observados pelas companhias seguradoras, socie-
dades de capitalização e entidades abertas de previdência
complementar.

Segundo o artigo 1º do Anexo I da Circular nº 430/2012, as


normas consubstanciadas no plano contábil estabelecem os
critérios e procedimentos que visam possibilitar a manuten-
ção de padrões uniformes para o registro das operações e
para a elaboração e apresentação das demonstrações finan-
ceiras, mediante a utilização dos conceitos, contas e mode-
los de demonstrações contábeis.

Cabe salientar que as entidades reguladoras setoriais, in-


cumbidas da padronização de procedimentos contábeis, não
podem alterar os princípios contábeis, as Normas Brasilei-
ras de Contabilidade, instituídas pelo Conselho Federal de
Contabilidade – CFC e harmonizadas com as International
Financial Reporting Standards – IFRS (International Accoun-
ting Standards Board – IASB), assim como não podem alterar
as normas contábeis instituídas na Lei nº 10.406/2002 (Có-
digo Civil), em seus artigos 1.179 a 1.195, o Decreto-Lei nº
486/1969, que dispõe sobre escrituração e livros mercantis,
a Legislação Societária, Lei nº 6.404/76 e alterações poste-
riores, em seus artigos 175 a 188, e demais legislações con-
solidada no Regulamento de Imposto de Renda – RIR/1999,
em seus artigos 251 a 174. Por isso, observa-se que as novas
orientações divulgadas pela Circular nº 430/2012 vieram
exatamente para harmonizar os procedimentos contábeis
das seguradoras com os adotados nas Normas Brasileiras de
Contabilidade.

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112 Esquema contábil das sociedades seguradoras

As normas e procedimentos, bem como as demonstrações


financeiras padronizadas previstas no plano em estudo,
são de uso obrigatório para:

I. Entidades abertas de previdência complementar.


II. Sociedades de capitalização.
III. Sociedades seguradoras.
IV. Resseguradores locais.

Codificação do plano de contas


O plano prevê o emprego de dois códigos distintos:

O primeiro código é constituído de 10 (dez) algarismos,


cuja representação é da esquerda para a direita, conforme
abaixo:

a) O primeiro algarismo, a classe.


b) O segundo algarismo, o grupo.
c) O terceiro algarismo, o subgrupo.
d) O quarto algarismo, a conta.
e) O quinto algarismo, a subconta.
f) O sexto algarismo, o desdobramento da subconta,
quando necessário.
g) O sétimo algarismo, o segundo desdobramento
da subconta, quando necessário.
h) O oitavo algarismo, o terceiro desdobramento da
subconta, quando necessário.
i) O nono algarismo, o quarto desdobramento da
subconta, quando necessário.
j) O décimo algarismo, o quinto desdobramento da
subconta, quando necessário.

O segundo código é de uso facultativo pelas sociedades


supervisionadas, utilizado para as indicações julgadas ne-

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 113

cessárias às operações e aos relatórios contábeis, estatís-


ticos ou de outra natureza.

Ressalta-se que somente a Susep poderá criar codificação


contábil até o décimo algarismo do primeiro código.

Classificação das contas contábeis


O plano contábil classifica as contas contábeis em contas
do ativo, iniciadas pelo número 1 (um), contas do passi-
vo, iniciadas pelo número 2 (dois), e contas de resultado,
iniciadas pelo número 3 (três). Como forma de segregar
as operações em função de seus prazos de realização ou
de exigibilidade, as contas do ativo estão subdivididas em
circulante (11), não circulante (12) e compensação (19). As
do passivo são subdivididas em circulante (21), não circu-
lante (22), patrimônio líquido (24) e compensação (29). As
de resultado são subdivididas em seguros (31), resseguros
(32), previdência complementar aberta (33), capitalização
(34), despesas administrativas (35), resultado financeiro
(36), resultado patrimonial (37), ganhos e perdas com ati-
vos não correntes (38) e impostos e participações sobre o
resultado (39).

As classes compreendem vários grupos, os quais se desdo-


bram em subgrupos; estes, em contas, e estas, em subcontas.

1. Classe 1 - Ativo - Contas patrimoniais:

a) Grupo 11 – CIRCULANTE:
1. Subgrupo 111 – Disponível.
2. Subgrupo 112 – Aplicações.
3. Subgrupo 113 – Crédito das operações.
4. Subgrupo 114 – Títulos e créditos a receber.
5. Subgrupo 115 – Outros valores e bens.

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114 Esquema contábil das sociedades seguradoras

6. Subgrupo 116 – Empréstimos e depósitos


compulsórios.
7. Subgrupo 117 – Despesas antecipadas.
8. Subgrupo 118 – Custos de aquisição dife-
ridos.
9. Subgrupo 119 – Ativos de resseguro e retro-
cessão – Provisões técnicas.

b) Grupo 12 – NÃO CIRCULANTE:


1. Subgrupo 121 – Realizável a longo prazo.
2. Subgrupo 122 – Investimentos.
3. Subgrupo 123 – Imobilizado.
4. Subgrupo 124 – Intangível.
5. Subgrupo 125 – Diferido.

c) Grupo 19 – COMPENSAÇÃO:
1. Subgrupo 191 – Compensação.

2. Classe 2 – Passivo - Contas patrimoniais:

a) Grupo 21 – CIRCULANTE:
1. Subgrupo 211 – Contas a pagar.
2. Subgrupo 212 – Débitos de operações com
seguros e resseguros.
3. Subgrupo 213 – Débitos de operações com
previdência.
4. Subgrupo 214 – Débitos de operações de
capitalização.
5. Subgrupo 215 – Depósito de terceiros.
6. Subgrupo 216 – Provisões técnicas – Segu-
ros e resseguros.
7. Subgrupo 217 – Provisões técnicas – Previ-
dência complementar.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 115

8. Subgrupo 218 – Provisões técnicas – Capi-


talização.
9. Subgrupo 219 – Outros débitos.

b) Grupo 22 – NÃO CIRCULANTE:


1. Subgrupo 221 – Contas a pagar.
2. Subgrupo 222 – Débito das operações.
3. Subgrupo 223 – Provisões técnicas – Segu-
ros e resseguros.
4. Subgrupo 224 – Provisões técnicas – Previ-
dência complementar.
5. Subgrupo 225 – Provisões técnicas – Capi-
talização.
6. Subgrupo 228 – Outros débitos.

c) Grupo 24 – PATRIMÔNIO LÍQUIDO ou PATRI-


MÔNIO SOCIAL:
1.Subgrupo 241 – Patrimônio líquido.
2. Subgrupo 242 – Patrimônio social das enti-
dades sem fins lucrativos.
Grupo 29 – COMPENSAÇÃO:
1. subgrupo 291 – Compensação.

3. Classe 3 – Contas de resultado:

a) Grupo 31 – OPERAÇÕES DE SEGUROS:


1. Subgrupo 311 – Prêmios ganhos.
2. Subgrupo 312 – Rendas com taxa e emissão
de apólices.
3. Subgrupo 313 – Sinistros ocorridos.
4. Subgrupo 314 – Despesas de comercializa-
ção.
5. Subgrupo 315 – Outras receitas e despesas
operacionais.

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116 Esquema contábil das sociedades seguradoras

6. Subgrupo 319 – Resultado com operação de


resseguros.

b) Grupo 32 – OPERAÇÕES DE RESSEGUROS:


1. Subgrupo 321 – Prêmios ganhos.
2. Subgrupo 322 – Sinistros ocorridos.
3. Subgrupo 323 – Despesas de comercializa-
ção.
4. Subgrupo 324 – Outras receitas e despesas
Operacionais.
5. Subgrupo 325 – Resultado com operação de
retrocessão.

c) Grupo 33 – OPERAÇÕES DE PREVIDÊNCIA


COMPLEMENTAR ABERTA:
1. Subgrupo 331 – Rendas de contribuições
retidas.
2. Subgrupo 332 – Variações das provisões
técnicas.
3. Subgrupo 333 – Rendas com taxa de gestão
e outras.
4. Subgrupo 334 – Despesas com benefícios e
resgates.
5. Subgrupo 335 – Despesas de comercializa-
ção.
6. Subgrupo 336 – Outras receitas e despesas
operacionais.

d) Grupo 34 – OPERAÇÕES DE CAPITALIZAÇÃO:


1. Subgrupo 341 – Receita liquida com títulos
de capitalização.
2. Subgrupo 342 – Variação das provisões téc-
nicas.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 117

3. Subgrupo 343 – Resultado com sorteios.


4. Subgrupo 344 – Custo de aquisição.
5. Subgrupo 345 – Outras receitas e despesas
operacionais.

e) Grupo 35 – DESPESAS ADMINISTRATIVAS:


1. Subgrupo 351 – Despesas com pessoal.
2. Subgrupo 352 – Despesas com serviços de
terceiros.
3. Subgrupo 353 – Despesas com localização e
funcionamento.
4. Subgrupo 354 – Despesas com publicidade
e propaganda.
5. Subgrupo 355 – Despesas com tributos.
6. Subgrupo 356 – Despesas com publicações.
7. Subgrupo 357 – Donativos e contribuições.
8. Subgrupo 358 – Outras despesas adminis-
trativas.
9. Subgrupo 359 – Despesas administrativas
do convênio DPVAT.

f) Grupo 36 – RESULTADO FINANCEIRO:


1. Subgrupo 361 – Receitas financeiras.
2. Subgrupo 362 – Despesas financeiras.

g) Grupo 37 – RESULTADO PATRIMONIAL:


1. Subgrupo 371 – Receitas patrimoniais.
2. Subgrupo 372 – Despesas patrimoniais.

h) Grupo 38 – GANHOS E PERDAS COM ATIVOS


NÃO CORRENTES:
1. Subgrupo 381 – Resultado na alienação de
bens do ativo permanente.

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118 Esquema contábil das sociedades seguradoras

2. Subgrupo 382 – Resultado de outras ope-


rações.
3. Subgrupo 383 – Redução ao valor recupe-
rável.

i) Grupo 39 – IMPOSTOS E PARTICIPAÇÕES SO-


BRE O RESULTADO:
1. Subgrupo 391 – Impostos e contribuições.
2. Subgrupo 392 – Participações sobre o re-
sultado.

Esquema contábil
A escrituração das operações deve obedecer às normas
estabelecidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis
– CPC, compondo as Normas Brasileiras de Contabilidade,
desde que não contrariem a disposição da circular men-
cionada.

O exercício social coincidirá com o ano civil, e a data de


seu término, 31 de dezembro, será fixada no estatuto/
contrato social da sociedade/entidade.

Escrituração
Todas as receitas e despesas devem ser reconhecidas no
período em que ocorrem, observando o regime de compe-
tência. Não obstante, o fato gerador da receita é a vigên-
cia do risco previsto na apólice. Dessa forma, as receitas
decorrente de prêmios devem ser reconhecidas pelo seu
valor total no momento da emissão da apólice ou fatura
e apropriadas ao resultado pro rata mensal, ou seja, pro-
porcionalmente ao prazo da vigência do risco (contrato).

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 119

As despesas de comercialização são diferidas quando da


emissão da apólice e também reconhecidas no resultado
proporcionalmente ao mesmo prazo do prêmio ganho (vi-
gência do risco assumido), incluindo-se nesse mesmo pro-
cedimento os prêmios não ganhos, sinistros e despesas
de comercialização relativas aos cosseguros, resseguros e
retrocessões.

O sinistro é reconhecido quando avisado (por meio de


boletos), e, para estes, são constituídas provisões, muitas
vezes, baseadas em valores estimados. Essa provisão só é
baixada quando do pagamento do sinistro.

O cancelamento e consequente baixa de uma apólice por


sinistro só ocorre por furto ou perda total, sendo o segu-
rado indenizado pelo valor líquido do restante do prêmio
a pagar. Em outros tipos de seguro, após a ocorrência do
sinistro, continua a vigência normal da apólice.

Lançamento de operações com seguros


Os lançamentos devem ser efetuados com base no plano
de contas padronizado, respeitando os códigos das res-
pectivas contas. Vejamos abaixo alguns dos principais
lançamentos a que uma seguradora está sujeita em suas
atividades, observando que esses lançamentos também
devem obedecer às sistemáticas estabelecidas pela Susep.

1. Emissão de apólice ou fatura

1.1. Lançamento do prêmio de seguro:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.
Crédito: Prêmios emitidos – Seguros.

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120 Esquema contábil das sociedades seguradoras

1.2. Lançamento do custo de apólice:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.
Crédito: Receitas c/ custo de emissão de apólices.

1.3. IOF s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.
Crédito: IOF a recolher.

1.4. Desconto s/ prêmio emitido:


Débito: Desconto s/ prêmios emitidos – Seguros.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Descontos.

1.5. Juros s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Juros a
apropriar.

1.6. Comissão s/ prêmio emitido:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Seguros.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões.

1.7. Juros de Comissão s/ prêmios emitidos:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Juros a
apropriar.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões.

1.8. Prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Prêmios de cosseguro cedido a congênere
– Seguros.
Crédito: Seguradoras – cosseguro cedido emitido
– Prêmios.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 121

1.9. Juros s/ prêmio cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido
– Juros a apropriar.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido
– Prêmios.

1.10. Desconto s/ prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – cosseguro cedido emitido
– Descontos.
Crédito: Desconto s/ prêmio de cosseguro cedi-
do a congêneres – Seguros.

1.11. Comissão cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Co-
mercialização.
Crédito: Comissão s/ prêmios de cosseguro cedi-
do a congênere – Seguros.

1.12. Juros s/ comissão cosseguro:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Co-
mercialização cedido.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Juros
a apropriar.

1.13. Prêmio de resseguro:


Débito: Prêmios Resseguros Cedidos – Ressegu-
radora Local.
C Resseguro Emitido – Resseguradora Local –
Prêmios.

1.14. Comissão s/ prêmio:


Débito: Resseguradora – Local – Comercialização.
Crédito: Comissões s/ prêmios cedidos ao resse-
gurador – Resseguradora local.

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122 Esquema contábil das sociedades seguradoras

1.1.1. Faturas emitidas antecipadamente:

a) Pela emissão antecipada:


1.13. Prêmio total:
Débito: Faturas emitidas antecipadamente.
Crédito: Faturas emitidas antecipadamente.

b) Pelo início da vigência da fatura:


1.14. Prêmio total:
Débito: Faturas emitidas antecipadamente.
Crédito: Faturas emitidas antecipadamente.

2. Cancelamento de apólice ou fatura

2.1. Prêmio de seguro:


Débito: Prêmios cancelados – Seguros.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

2.2. Custo de apólice:


Débito: Receitas c/ custo de emissão de apólices.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

2.3. Desconto s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Descontos.
Crédito: Desconto s/ prêmios emitidos – Seguros.

2.4. Juros s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Juros a apro-
priar.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

2.5. Comissão s/ prêmio emitido:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Seguros.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 123

2.6. Juros de comissão s/ prêmio:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões
emitido.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Juros a
apropriar.

2.7. Prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Prêmios.
Crédito: Prêmios de cosseguro cedido a congênere –
Seguros.

2.8. Juros s/ prêmio cosseguro:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Prêmios cedido.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Juros a apropriar.

2.9. Desconto s/ prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Desconto s/ prêmio de cosseguro cedido a
congêneres – Seguros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Descontos.

2.10. Comissão cosseguro cedido:


Débito: Comissão s/ prêmios de cosseguro cedido a
congênere – Seguros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Comércio.

2.11. Juros s/ comissão cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Juros a
apropriar.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Comer-
cialização.

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124 Esquema contábil das sociedades seguradoras

2.12. Prêmio de resseguro:


Débito: Resseguro emitido – Resseguradora local
– Prêmios.
Crédito: Prêmios resseguros cedidos – Ressegura-
dora local.

2.13. Comissão s/ prêmio resseguro:


Débito: Comissões s/ prêmios cedidos ao ressegu-
rador – Resseguradora local.
Crédito: Resseguradora – Local – Comercialização.

Obs.: A título de observação, as contas de cancela-


mento são as mesmas da emissão, invertendo-se sim-
plesmente o lançamento, ou seja, de “Débito” para
“Crédito”, e vice-versa, exceto a conta de prêmio.

3. Recebimento do prêmio

a) Recebimento em banco:
3.1. Prêmio total:
Débito: Bancos conta depósito – Movimento – País.
Crédito: Prêmios e emolumentos recebidos – Seguros.

b) Baixa da parcela:
3.2. Prêmio de seguro + Custo de apólice + Juros +
IOF:
Débito: Prêmios e emolumentos recebidos – Seguros.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

3.3. IOF retido pelo banco:


Débito: IOF a recolher.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 125

3.4. Recolhimento do IOF não retido pelo banco:


Débito: IOF a recolher não retido pelo banco.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

3.5. Desconto s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Descontos.
Crédito: Prêmios a receber – Seguros – Prêmios.

3.6. Juros s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a receber – Seguros – Juros a apro-
priar.
Crédito: Receitas financeiras – Seguros – Juros.

3.7. Transferência de comissão de corretor:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões.
Crédito: Comissões a pagar – Seguros.

3.8. Juros de comissão s/ prêmio emitido:


Débito: Despesas financeiras – Seguros – Juros.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Juros a
apropriar.

3.9. Juros s/ prêmio cosseguro:


Débito: Despesas financeiras – Cosseguro cedido –
Juros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Juros a apropriar.

3.10. Desconto s/ prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar –
Prêmios líquidos de comissões.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Descontos.

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126 Esquema contábil das sociedades seguradoras

3.11. Transferência prêmio de cosseguro:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido emitido –
Prêmios cedido + juros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar –
Prêmios líquidos de comissões.

3.12. Comissão cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar –
Prêmios líquidos de comissões.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Comer-
cialização.

3.13. Juros s/ comissão cosseguro:


Débito: Seguradoras – Cosseguro cedido – Juros a
apropriar cedido.
Crédito: Receitas financeiras – Cosseguro cedido –
Juros.

3.14. Transferência do prêmio de resseguro:


Débito: Resseguro emitido – Resseguradora local –
Prêmios.
Crédito: Resseguro a liquidar – Resseguradora local
– Prêmios.

3.15. Comissão s/ prêmio:


Débito: Resseguro a liquidar – Resseguradora local
– Prêmios.
Crédito: Resseguradora – Local – Comercialização.

3.16. IOF – Controle pela arrecadação:


Débito: IOF do exercício.
Crédito: IOF do exercício (o cálculo é pelo regime
de competência).

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 127

4. Restituição de prêmio

a) Apropriação:
4.1. Prêmio de seguro:
Débito: Prêmios restituídos – Seguros.
Crédito: Prêmios a restituir – Seguros – Prêmios.

4.2. Desconto s/ prêmio emitido:


Débito: Prêmios a restituir – Seguros – Descontos.
Crédito: Desconto s/ prêmios emitidos – Seguros.

4.3. Comissão s/ prêmio emitido:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comissões.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Seguros.

4.4. Prêmio de cosseguro cedido:


Débito: Seguradoras do país – Cosseguro cedido –
Prêmios.
Crédito: Prêmio de cosseguro cedido a congêneres
– Seguros.

4.5. Desconto s/ prêmio cosseguro cedido:


Débito: Desconto s/ prêmio de cosseguro cedido a
congêneres – Seguros.
Crédito: Seguradoras – País – Cosseguros cedidos –
Descontos.

4.6. Comissão cosseguro cedido:


Débito: Comissão s/ prêmios de cosseguro cedido a
congênere – Seguros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar
– Comercialização.

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128 Esquema contábil das sociedades seguradoras

4.7. Prêmio de resseguro:


Débito: Prêmio de resseguro cedido – Local.
Crédito: Prêmio de resseguro cedido – Local.

4.8. Comissão s/ prêmio resseguro:


Débito: Comissões s/ prêmios de resseguro cedido
– Local.
Crédito: Comercialização – Resseguro cedido – Local.

b) Baixa e pagamento da restituição:


4.9. Prêmio total:
Débito: Prêmios a restituir – Seguros – Prêmios.
Crédito: Prêmios a restituir – Seguros – Descontos.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

4.10. Transferência p/ Comissão a Pagar:


Débito: Comissões a Pagar – Seguros.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Comis-
sões.

5. Pagamento de comissão

a) Pagamento da comissão:
5.1. Comissão total paga:
Débito: Comissões a pagar – Seguros.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

6. Aviso e pagamento de sinistro

a) Aviso e ajuste na estimativa de sinistro:


6.1. Indenização total:
Débito: Indenizações avisadas – Seguros.
Crédito: Sinistros a liquidar – Seguros.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 129

6.2. Recuperação de congêneres:


Débito: Sinistros a liquidar – Recuperação cossegu-
ros cedidos.
Crédito: Recuperação de indenizações de congêne-
res – Seguros.

6.3. Recuperação de resseguro cedido local:


Débito: Sinistros a liquidar – Recuperação s/ resse-
guros cedidos – Resseguro local.
Crédito: Recuperação de indenização de resseguro –
Seguros – Resseguro local.

b) Pagamento de indenizações e despesas com sinis-


tros:
6.4. Pagamento ao segurado:
Débito: Sinistros a liquidar – Seguros.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

6.5. Recuperação sinistro de congêneres:


Débito: Seguradoras país – Cosseguro cedido – Sinis-
tros.
Crédito: Sinistros a liquidar – Recuperação de cosse-
guros cedidos.

6.6. Recuperação de resseguro cedido local:


Débito: Resseguradoras – Resseguradora local – Si-
nistros.
Crédito: Resseguradoras – Resseguradora local – Si-
nistros.

6.7. Pagamento de despesas com sinistros:


Débito: Despesas com sinistros – Seguros.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

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130 Esquema contábil das sociedades seguradoras

6.8. Recuperação de despesa com sinistros de con-


gêneres:
Débito: Seguradoras país – Cosseguro cedido – Sinis-
tros.
Crédito: Recuperação de despesas de congêneres –
Seguros.

6.9. Recuperação despesa de sinistro de resseguro


cedido:
Débito: Resseguradoras – Resseguradora local – Si-
nistros.
Crédito: Recuperação de despesas de resseguros –
Seguros – Resseguradora local.

7. Salvados e ressarcimentos

a) Salvados:
7.1. Apropriação de receita com salvados:
Débito: Bens à venda – Salvados à venda.
Crédito: Salvados – Seguros.

7.2. Repasse de salvado a congênere:


Débito: Salvados cedidos a congêneres – Seguros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar
– Sinistros.

7.3. Repasse de salvado de resseguro cedido local:


Débito: Salvados cedidos a ressegurador – Ressegu-
radora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar –
Resseguradora local – Sinistros.

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Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 131

b) Pela venda do salvado:


7.4. Valor da venda:
Débito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.
Crédito: Bens à venda – Salvados à venda.

c) Ressarcimentos:
7.5. Apropriação de receita com ressarcimento:
Débito: Títulos a receber – Notas promissórias.
Crédito: Ressarcimentos – Seguros.

7.6. Repasse ressarcimento a congêneres:


Débito: Ressarcimentos cedidos a congêneres – Se-
guros.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro cedido a liquidar
– Sinistros.

7.7. Repasse ressarcimento de resseguro cedido –


Local:
Débito: Ressarcimentos cedidos ao ressegurador –
Resseguradora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar –
Resseguradora local – Sinistros.

d) Pelo recebimento da nota promissória:


7.8. Valor da N.P.:
Débito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.
Crédito: Títulos a receber – Notas promissórias.

8. Emissão de cosseguro aceito

8.1. Prêmio de cosseguro aceito:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito.
Crédito: Prêmios emitidos – Cosseguro aceito.

..........................................................................................................
132 Esquema contábil das sociedades seguradoras

8.2. Desconto s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Desconto s/ prêmio cosseguro aceito.
Crédito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Des-
contos.

8.3. Juros s/ Prêmio cosseguro aceito:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito.
Crédito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Ju-
ros a apropriar.

8.4. Comissão s/ prêmio sobre cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Comissões.

8.5. Juros de comissão sobre cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Juros a apropriar.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Comissões.

8.6. Resseguro s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Prêmios resseguros cedidos – Cosseguro
aceito – Resseguradora local.
Crédito: Resseguro emitido – Resseguradora local –
Prêmios.

8.7. Comissão resseguro sobre cosseguro aceito:


Débito: Resseguradoras – Resseguradora local – Co-
mercialização.
Crédito: Comissões s/ prêmios cedido ao ressegura-
dor – Cosseguro aceito – Resseguradora local.

.........................................................................................................
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 133

a) Reclassificação quando do vencimento da parcela:


8.8. Reclassificação de prêmios:
Débito: Seguradoras país – Cosseguro aceito – Prê-
mios.
Crédito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito.

8.9. Reclassificação de descontos:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Des-
contos.
Crédito: Seguradoras país – Cosseguro aceito – Des-
contos.

8.10. Juros s/ prêmio de cosseguro:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Juros
a apropriar.
Crédito: Receitas financeiras – Cosseguro aceito – Ju-
ros.

8.11. Juros s/ comissão:


Débito: Despesas financeiras – Cosseguro aceito – Ju-
ros.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Juros a apropriar.
(Cálculo pela competência)

9. Cancelamento de cosseguro aceito

9.1. Prêmio de cosseguro aceito:


Débito: Prêmios cancelados – Cosseguro aceito.
Crédito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito.

9.2. Desconto s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Des-
contos.
Crédito: Desconto s/ prêmio cosseguro aceito.

..........................................................................................................
134 Esquema contábil das sociedades seguradoras

9.3. Juros s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito – Ju-
ros a apropriar.
Crédito: Prêmios a receber – Cosseguro aceito.

9.4. Comissão s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Comissões.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos.

9.5. Juros de comissão cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Comissões.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Juros a apropriar.

9.6. Resseguro s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Resseguro emitido – Resseguradora local –
Prêmios.
Crédito: Prêmios resseguros cedidos – Cosseguro
aceito – Resseguradora local.

9.7. Comissão resseguro cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios cedido ao eessegu-
rador – Cosseguros aceitos – Resseguradora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguradora local –
Comercialização.

Obs.: As contas de cancelamento são as mesmas de


emissão, invertendo-se simplesmente o lançamento.

.........................................................................................................
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 135

10. Recebimento do prêmio

a) Recebimento em banco:
10.1. Prêmio líquido de comissão:
Débito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.
Crédito: Prêmios e emolumentos recebidos – Cos-
seguro aceito.

b) Baixa da parcela:
10.2. Prêmio de cosseguro aceito:
Débito: Prêmios e emolumentos recebidos - Cosse-
guro aceito.
Crédito: Seguradoras – País – Cosseguro aceito –
Prêmios.

10.3. Descontos s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Seguradoras – País – Cosseguro aceito –
Descontos.
Crédito: Seguradoras – País – Cosseguro aceito –
Prêmios.

10.4. Comissão s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos – Comissões.
Crédito: Prêmios e emolumentos recebidos – Cos-
seguro aceito.

10.5. Resseguro s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Resseguro emitido – Resseguradora local –
Prêmios.
Crédito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar –
Resseguradora local – Prêmios.

..........................................................................................................
136 Esquema contábil das sociedades seguradoras

10.6. Comissão resseguro cosseguro aceito:


Débito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar – Res-
seguradora local – Prêmios.
Crédito: Resseguradoras – Resseguradora local – Co-
mercialização.

Obs.: O cálculo obedece ao regime de competência.

11. Restituição de cosseguro aceito

a) Apropriação:
11.1. Prêmio de cosseguro aceito:
Débito: Prêmios restituídos – Cosseguro aceito.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro aceito – Prêmios.

11.2. Descontos s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Seguradoras – Cosseguro aceito – Descontos.
Crédito: Desconto s/ prêmio cosseguro aceito.

11.3. Comissão s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cosseguro
aceito – Comissões.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cossegu-
ros aceitos.

11.4. Resseguro s/ prêmio cosseguro aceito:


Débito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar – Res-
seguradora local – Prêmios.
Crédito: Prêmios resseguros cedidos – Cosseguro
aceito – Resseguradora local.

.........................................................................................................
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 137

11.5. Comissão resseguro s/ cosseguro aceito:


Débito: Comissões s/ prêmios cedido ao ressegura-
dor – Cosseguro aceito – Resseguradora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguradora local – Co-
mercialização.

b) Pagamento da restituição:
11.6. Prêmio Líquido de Comissão:
Débito: Seguradoras – Cosseguro aceito – Prêmios.
Crédito: Seguradoras – Cosseguro aceito – Descontos.
Crédito: Comissões s/ prêmios emitidos – Cosseguro
aceito – Comissões.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

12. Aviso e pagamento de sinistro de cosseguro aceito

a) Aviso e ajuste na estimativa de sinistro:


12.1. Indenização total:
Débito: Indenizações avisadas – Cosseguro aceito.
Crédito: Sinistros a liquidar – Cosseguro aceito.

12.2. Recuperação de resseguro cedido – Local:


Débito: Sinistros a liquidar – Recuperação de resse-
guro cedido – Local.
Crédito: Recuperação de indenizações de resseguro
– Resseguradora local.

b) Pagamento de indenizações e despesas com sinis-


tros:
12.3. Pagamento a congênere.
Débito: Sinistros a liquidar – Cosseguro aceito.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

..........................................................................................................
138 Esquema contábil das sociedades seguradoras

12.4. Recuperação de resseguro cedido local:


Débito: Resseguradoras – Resseguradora local – Si-
nistros.
Crédito: Sinistros a liquidar – Recuperação de resse-
guro cedido – Local.

12.5. Pagamento de despesas com sinistro:


Débito: Despesas com sinistros – Cosseguros aceitos.
Crédito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

12.6. Recuperação de despesa com sinistros de res-


seguro cedido local:
Débito: Resseguradoras – Resseguradora local – Si-
nistros.
Crédito: Recuperação de indenizações de resseguro
– Resseguradora local.

13. Salvados e ressarcimentos

a) Receita com salvado de cosseguro aceito:


13.1. Recebimento do salvado:
Débito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.
Crédito: Salvados – Cosseguros aceitos.

13.2. Repasse de salvado ao ressegurador local:


Débito: Salvados cedidos a ressegurador ressegura-
dora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar –
Resseguradora local – Sinistros.

b) Receita com ressarcimento de cosseguro aceito:


13.3. Recebimento do ressarcimento:
Débito: Bancos conta depósitos – Movimento – País.

.........................................................................................................
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 139

Crédito: Ressarcimentos – Cosseguro aceito.

13.4. Repasse ressarcimento ao ressegurador local:


Débito: Ressarcimentos cedidos ao ressegurador
Cossegurador aceito – Resseguradora local.
Crédito: Resseguradoras – Resseguro a liquidar –
Resseguradora local – Sinistros.

Para complementar, observa-se que as normas determi-


nam que a escrituração deve ser completa, mantendo-se
em registros permanentes todos os atos e fatos adminis-
trativos que modifiquem ou venham a modificar, imedia-
tamente ou não, sua composição patrimonial. Não obs-
tante, o simples registro contábil não constitui elemento
suficientemente comprobatório, devendo a escrituração
ser fundamentada em documentos hábeis para a perfei-
ta validade dos atos e fatos administrativos.

Outro aspecto importante é que a contabilização será


centralizada na sede da sociedade supervisionada ou,
no caso de filial de sociedade estrangeira, em sua repre-
sentação legal no Brasil, utilizando-se registros auxilia-
res de contabilidade, com observância das disposições
previstas em leis, regulamentos, resoluções do CNSP e
circulares da Susep.

A escrituração inadequada da contabilidade ou de seus


respectivos registros auxiliares, o fornecimento de infor-
mações inexatas, a falta ou atraso de conciliações con-
tábeis e a escrituração mantida em atraso por período
superior a 20 (vinte) dias subsequentes ao encerramento
de cada mês sujeitam a sociedade supervisionada, seus

..........................................................................................................
140 Esquema contábil das sociedades seguradoras

administradores, gerentes, membros do conselho de ad-


ministração, fiscal e assemelhados às penalidades pre-
vistas em regulamentação específica.

As conciliações dos títulos contábeis com os respectivos


controles analíticos deverão ser efetuadas mensalmente
e mantidas atualizadas, conforme determinado no pla-
no contábil, e toda a documentação comprobatória dos
registros contábeis efetuados deverá ser arquivada por,
pelo menos, 5 (cinco) anos.

Sistema público de escrituração digital


Conforme as disposições estabelecidas nos artigos 23 e
24 do Anexo I da Circular nº 430/2012, as sociedades
supervisionadas constituídas na forma de sociedades
por ações, relativamente aos fatos contábeis ocorridos
a partir de 1º de janeiro de 2009, devem enviar sua es-
crituração contábil em versão digital ao Sistema Público
de Escrituração Digital – SPED, nas condições estabele-
cidas pelo administrador desse sistema, sem prejuízo
das demais informações a que estão obrigadas a prestar,
em conformidade com a legislação e a regulamentação
societária aplicável. Essas informações devem observar
a política de segurança e de acesso estabelecidas pelo
administrador do SPED.

Registros auxiliares da contabilidade


As sociedades supervisionadas pela Susep devem man-
ter registros auxiliares de contabilidade gerados, tota-
lizados e conciliados, mensalmente, na forma estabe-
lecida pelos artigos 25 a 30 do Anexo I da Circular nº
430/2012, devendo manter, em meio magnético, para

.........................................................................................................
Estudo dos procedimentos contábeis adotados nas companhias seguradoras 141

fins de análise e de supervisão, a estrutura de dados re-


lativa aos registros contábeis auxiliares obrigatórios de
suas operações, estando aptas a enviar para a Susep os
dados solicitados, bem como prestar quaisquer informa-
ções, no prazo máximo de 5 (cinco) dias úteis, contados
a partir do recebimento do pedido.

..........................................................................................................
142 Esquema contábil das sociedades seguradoras

PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS


PADRONIZADAS E INFORMAÇÕES
ADICIONAIS DAS COMPANHIAS
SEGURADORAS

Contexto das demonstrações contábeis


De acordo com o CPC 26 (R1), as demonstrações contábeis
de uso geral são uma representação estruturada da posi-
ção patrimonial e financeira e do desempenho da entida-
de. O objetivo dessas demonstrações é o de proporcionar
informação acerca da posição patrimonial e financeira, do
desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja
útil a um grande número de usuários em suas avaliações
e tomada de decisões econômicas. As demonstrações
contábeis também objetivam apresentar os resultados da
atuação da administração, em face de seus deveres e res-
ponsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe
foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as de-
monstrações contábeis proporcionam informação da enti-
dade acerca do seguinte:

a) Ativos.
b) Passivos.
c) Patrimônio líquido.
d) Receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas.
e) Alterações no capital próprio mediante integrali-
zações dos proprietários e distribuições a eles.
f) Fluxos de caixa da entidade.

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 143
panhias seguradoras

Essas informações, juntamente com outras constantes


das notas explicativas e demais peças informativas rele-
vantes agregadas, ajudam os usuários das demonstrações
contábeis a prever os futuros fluxos de caixa da entidade,
sua capacidade patrimonial, econômica e financeira, bem
como o seu grau de solvência.

Neste tópico, estudaremos as principais demonstrações con-


tábeis das entidades que operam no segmento de seguros.

Divulgação das demonstrações contábeis


individuais
Conforme estabelecido pela Susep, as demonstrações con-
tábeis (financeiras) individuais a serem elaboradas e pu-
blicadas, na data-base de 31 de dezembro de cada ano,
devem abranger:

a) O relatório da administração.
b) O balanço patrimonial – BP.
c) A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.
d) A demonstração do resultado abrangente – DRA.
e) A demonstração das mutações do patrimônio lí-
quido.
f) A demonstração dos fluxos de caixa.
g) As notas explicativas.
h) O relatório dos auditores independentes.

Essas demonstrações devem ser publicadas em conjunto,


de forma comparativa com os valores relativos ao final
do exercício social precedente, até o dia 28 de fevereiro
de cada ano, observado o que dispõe a Lei das Sociedades
por Ações e suas respectivas alterações, incluindo a desti-
nação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da admi-

..........................................................................................................
144 Esquema contábil das sociedades seguradoras

nistração, desde que aprovadas pela assembleia geral de


acionistas. Além disso, devem dispor sobre os dividendos
mínimos obrigatórios (passivo exigível) que se caracteri-
zem como obrigação legal ou estatutária. A parcela que
exceda o dividendo mínimo obrigatório deverá ser manti-
da no patrimônio líquido, até a deliberação definitiva pe-
los sócios, observando-se que os lucros do exercício não
destinados, nos termos dos artigos 193 a 197 da Lei nº
6.404/76, deverão ser distribuídos como dividendos, ou
seja, não haverá mais lucros acumulados no BP.

Essas demonstrações devem ser remetidas à Susep, para


divulgação em seu sítio eletrônico, até 15 de março de
cada ano e publicadas na imprensa.

Demonstrações intermediárias
As sociedades supervisionadas pela Susep devem encami-
nhar para ela, até 31 de agosto de cada ano, as demonstra-
ções financeiras intermediárias, abrangendo:

a) O relatório da administração.
b) O BP.
c) A DRE.
d) A DRA.
e) A demonstração das mutações do patrimônio lí-
quido.
f) A demonstração dos fluxos de caixa.
g) As notas explicativas.
h) O relatório dos auditores independentes.

Não obstante, a CVM determina que todas as sociedades


por ações, com ações negociadas em bolsa de valores, pu-
bliquem suas demonstrações intermediárias trimestral-
mente, também.

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 145
panhias seguradoras

Demonstrações consolidadas
As sociedades supervisionadas deverão encaminhar à Su-
sep, para divulgação em seu sítio eletrônico, até 15 de mar-
ço de cada ano, as demonstrações financeiras consolidadas
elaboradas de acordo com os pronunciamentos emitidos
pelo CPC 36 – Demonstrações Consolidadas e demais Pro-
nunciamentos do CPC relacionados, de forma convergente
com o IASB. Essa divulgação deve se basear nos critérios
da comparabilidade com os valores relativos ao final do
exercício social precedente.

As notas explicativas devem informar, em forma de recon-


ciliação, os efeitos dos eventos que porventura ocasiona-
rem diferenças entre os montantes do patrimônio líquido
e dos resultados individuais da controladora, em confron-
to com os mesmos montantes do consolidado, bem como,
caso existam divergências de práticas contábeis entre as
demonstrações financeiras individuais e consolidadas que
causem diferenças entre os patrimônios líquidos, deve-se
evidenciar tais divergências e os motivos que as ocasiona-
ram nas notas explicativas.

Relatório da administração
As sociedades supervisionadas deverão divulgar, no relató-
rio da administração, no mínimo, as seguintes informações:

a) Política de reinvestimento de lucros e política de


distribuição de dividendos.
b) Negócios sociais e principais fatos internos e/ou
externos que tiveram influência na “performance” da
sociedade/entidade e/ou no resultado do exercício.
c) Resumo dos acordos de acionistas.

..........................................................................................................
146 Esquema contábil das sociedades seguradoras

d) Reformulações societárias: reorganizações socie-


tárias e/ou alterações de controle acionário direto
ou indireto;
e) Perspectivas e planos da administração para o
exercício seguinte;
f) Declaração sobre a capacidade financeira e a in-
tenção de manter, até o vencimento, os títulos e va-
lores mobiliários classificados na categoria “manti-
dos até o vencimento”.

Balanço patrimonial
O BP é uma demonstração contábil que tem por objetivo
mostrar a situação econômico-financeira de uma organiza-
ção em determinado momento, dentro do regime de com-
petência, cujas composição e divulgação devem acompa-
nhar as especificidades vistas no primeiro tópico (plano
contábil padronizado).

O ativo representa o total de investimentos realizados pela


entidade e que, por conseguinte, devem gerar riqueza para
a entidade, ou seja, o conjunto de bens e direitos de pro-
priedade da empresa que se espera que tragam benefícios
futuros ou proporcionem ganhos. É dividido em dois gran-
des subgrupos, que destacam os itens componentes reali-
záveis no curto e no longo prazo. Particularmente no caso
das seguradoras, a Susep determina que periodicamente,
nos meses de junho e dezembro de cada exercício, seja fei-
ta a revisão dos valores inscritos no ativo circulante, com
o objetivo de reclassificá-los para o ativo não circulante
caso o vencimento ultrapasse o prazo de 12 (doze) me-
ses subsequentes à respectiva data-base. De igual modo,
devem ser transferidos para o circulante os itens do não
circulante, cujos vencimentos não ultrapassem o prazo de
12 (doze) meses subsequentes à respectiva data-base.

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 147
panhias seguradoras

Já o passivo exigível representa as obrigações e provisões


(que têm forte influência na situação das seguradoras)
realizadas com base no princípio do conservadorismo
e da competência, também conhecido como obrigações
com terceiros, recursos de terceiros, capital de terceiros
ou fonte de recursos de terceiros. Da mesma forma que o
ativo, os passivos circulantes e não circulantes devem ser
reclassificados de acordo com seu prazo de exigibilidade,
caso o vencimento da cobrança ultrapasse ou não o prazo
de 12 (doze) meses subsequentes à respectiva data-base.
O patrimônio líquido representa o total das fontes de fi-
nanciamentos oriundas dos proprietários, dos lucros e
variações dos ativos e passivos que impactam a situação
líquida, ou, também conhecido como capital próprio da
entidade, e o seu valor é obtido pela diferença entre o ativo
total e o passivo exigível total (circulante e não circulante).
Apresentamos abaixo o balanço da Cia Exemplo Seguros:

ATIVO

Conta Descrição 2014 2013

1 Ativo total 5.127.34 4.172.2

1.01 Ativo circulante 452.613 393.710


Caixa e equiva-
1.01.01 27 149
lentes de caixa
1.01.01.02 Equivalente de caixa 0 0

1.01.02 Aplicações financeiras 268.259 183.626

1.01.02.01.01 Títulos para negociação 228.713 33.928


Títulos disponí-
1.01.02.01.02 39.546 149.698
veis para venda
1.01.03 Contas a receber 157.222 152.021
Títulos e crédi-
1.01.03.02.01 152.353 151.859
tos a receber

..........................................................................................................
148 Esquema contábil das sociedades seguradoras

1.01.03.02.02 Outros créditos 4.869 162

1.01.06 Tributos a recuperar 27.105 57.914

1.02 Ativo não circulante 4.674.730 3.778.496


Ativo realizável a
1.02.01 45.841 6.260
longo prazo
Aplic. fin. aval.
1.02.01.02 9 10
custo amort.
1.02.01.03 Contas a receber 1.351 1.270

1.02.01.06 Tributos diferidos 44.481 4.980

1.02.02 Investimentos 4.628.829 3.772.030


Participações em
1.02.02.01.01 1.803.197 1.471.388
coligadas
Participações em
1.02.02.01.02 2.825.632 2.300.642
controladas
1.02.03 Imobilizado 22 34

1.02.03.02 Imobilizado arrendado


Imobilizado em
1.02.03.03
andamento
1.02.04 Intangível 38 172

PASSIVO

Conta Descrição 2014 2013

2 Passivo total 5.127.34 4.172.20

2.01 Passivo circulante 310.804 94.664

2.01.03 Obrigações fiscais 14.231 13.088


Imposto de renda
2.01.03.01.01 1.204 72
e CSSL a pagar
2.01.03.01.02 PIS/ COFINS a pagar 12.958 12.954
Demais imp. e con-
2.01.03.01.05 69 62
tribuições a pagar
Empréstimos e fi-
2.01.04 201.479 20.023
nanciamentos

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 149
panhias seguradoras

2.01.06.01 Provisões técnicas 95.094 61.553


Provisões técnicas -
2.01.06.04.01 150 255
prêmios não ganhos
2.02 Passivo não circulante 836.568 500.794

2.02.01.02 Debêntures 835.145 499.074

2.02.02.02 Outros 1.245 1.585

2.02.03 Tributos diferidos 178 135

2.03.02 Reservas de capital 302.157 297.378

2.03.02.01 Ágio na emissão de ações 327.608 331.952

Reserva especial de
2.03.02.02 25.995 25.995
ágio na incorporação

2.03.02.04 Opções outorgadas 31.154 26.720

2.03.02.05 Ações em tesouraria -83.672 -80.366

Ágio ou deságio em
2.03.02.07 1.072 -6.923
trans. de capital

2.03.04 Reservas de lucros 1.415.396 1.027.114

2.03.04.01 Reserva legal 111.867 84.350

2.03.04.02 Reserva estatutária 1.277.388 919.943

Dividendo adicio-
2.03.04.08 26.141 22.821
nal proposto
Ajustes de avalia-
2.03.06 -57.464 -67.626
ção patrimonial

Demonstração do resultado do exercício


A DRE apresenta a formação dos diversos resultados apu-
rados nas atividades operacionais e não operacionais com
base na confrontação entre as receitas apuradas, os cus-
tos e as despesas incorridos pelo regime de competência.
A DRE é apresentada de forma ordenada na vertical e,
segundo a Legislação Societária (Lei nº 6.404/1976 e mo-
dificações posteriores), composta pelos seguintes itens:

..........................................................................................................
150 Esquema contábil das sociedades seguradoras

a) A receita bruta das vendas e dos serviços, as de-


duções das vendas, os abatimentos e os impostos.
b) A receita líquida das vendas e dos serviços, o
custo das mercadorias e dos serviços vendidos e o
lucro bruto.
c) As despesas com as vendas, as despesas finan-
ceiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e
administrativas e outras despesas operacionais.
d) O lucro ou prejuízo operacional, as outras recei-
tas e as outras despesas.
e) O resultado do exercício antes do imposto sobre
a renda e a provisão para o imposto.
f) As participações de debêntures, empregados, ad-
ministradores e partes beneficiárias, mesmo na for-
ma de instrumentos financeiros, e de instituições
ou fundos de assistência ou previdência de empre-
gados, que não se caracterizem como despesa.
g) O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.

Apresentamos abaixo uma estrutura resumida dos princi-


pais itens do resultado de uma seguradora.

Demonstração do resultado
(+) Prêmios emitidos
(-) Prêmios restituídos
(-) Resseguro cedido
(-) Cosseguro cedido
(-) Descontos
= Prêmios retidos
(+/-) Variação de prêmios não ganhos
(+/-) Variação de prêmio de riscos decorridos

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 151
panhias seguradoras

(+/-) Variação de despesas com descontos diferidos


= Prêmios ganhos
Sinistros
(-) Indenizações avisadas
(-) Despesas com sinistros
(+) Recuperação de sinistros
(+) Salvados e ressarcidos
(-) Participações em salvados e ressarcidos
Comissões
(-) Comissões sobre prêmios retidos
(+) Comissões de agenciamento
(+) Comissões sobre prêmios cedidos
(+/-) Variação de despesas de comercialização diferidas
(+/-) Outras receitas e despesas operacionais
= Lucro antes dos impostos
(-) Impostos e contribuições
= Lucro líquido do período
Lucro líquido por ação

Demonstração do resultado abrangente


De acordo com o CPC 26 (R1), a DRA deve, no mínimo,
incluir as seguintes rubricas:

a) Resultado líquido do período.


b) Os itens dos outros resultados abrangentes, clas-
sificados conforme sua natureza.
c) A parcela dos outros resultados abrangentes de
empresas investidas reconhecida por meio do méto-
do de equivalência patrimonial.
d) O resultado abrangente do período.

Os itens que se seguem devem ser divulgados nas respec-


tivas demonstrações do resultado e do resultado abran-
gente como alocações do resultado do período:

..........................................................................................................
152 Esquema contábil das sociedades seguradoras

a) Resultados líquidos atribuíveis à participação de


sócios não controladores e aos detentores do capi-
tal próprio da empresa controladora.
b) Resultados abrangentes totais do período atribu-
íveis à participação de sócios não controladores e
aos detentores do capital próprio da empresa con-
troladora.

Apresentamos abaixo, a título de ilustração, um exemplo


de DRA.

Descrição 2014 2013 2012

Lucro líquido do período 548.674 480.429 483.248

Outros resultados abrangentes 10.162 -103.228 26.549


Ganhos/(perdas) não reali-
zados com ativos financeiros 325 -170 61
disponíveis para venda
Perdas, líquidas de ga-
nhos, não realizadas com 0 0 -1.424
hedge de fluxo de caixa

Ganhos, líquido das per-


das, realizados com hedge 0 0 294
de fluxo de caixa
IR e CS relacionados aos
componentes dos outros -110 58 363
resultados abrangentes

Ganhos/(perdas) de variação
-1.903 -692 0
de participação acionária

Outros resultados abran-


gentes de empresas inves-
11.850 -102.424 27.255
tidas reconhecidas pelo
método de equivalência

Resultado abrangente do período 558.836 377.201 509.797

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 153
panhias seguradoras

Demonstração de mutações do patrimônio


líquido
De acordo com o estabelecido no CPC 26 (R1), a entidade
deve apresentar a demonstração das mutações do patri-
mônio líquido, conforme requerido no item 10. Essa de-
monstração inclui as seguintes informações:

a) O resultado abrangente do período, apresentando


separadamente o montante total atribuível aos pro-
prietários da entidade controladora e o montante
correspondente à participação de não controladores.
b) Os efeitos para cada componente do patrimônio
líquido:

• Da aplicação retrospectiva sobre os itens


do patrimônio líquido.

• A conciliação do saldo no início e no final


do período: do resultado líquido, de outros re-
sultados abrangentes e de transações com os
proprietários.

• As mutações do capital social, as reservas


de capital, os ajustes de avaliação patrimonial,
as reservas de lucros, as ações ou quotas em
tesouraria, os prejuízos acumulados e as de-
mais contas componentes desse grupo.

• O montante de dividendos reconhecidos


como distribuição aos proprietários durante o
período e o respectivo montante dos dividen-
dos por ação.

..........................................................................................................
154 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Reservas
Lucros ou Outros re-
de capital Patri-
Capital Reservas prejuízos sultados
Descrição e ações mônio
social de lucro acumu- abran-
em líquido
lados gentes
tesouraria

Saldos iniciais 2.319.882 297.378 1.027.114 0 -67.626 3.576.748


Ajustes de
exercícios
anteriores
Saldos iniciais
2.319.882 297.378 1.027.114 0 -67.626 3.576.748
ajustados
Transações
de capital 0 4.779 -22.821 0 0 -18.042
com os sócios
Aumentos
0 0 0 0 0 0
de capital
Opções
outorgadas 0 7.637 0 0 0 7.637
reconhecidas
Ações em
tesouraria 0 -40.903 0 0 0 -40.903
adquiridas
Ações em
tesouraria 0 33.253 0 0 0 33.253
vendidas
Dividendos 0 0 0 0 0 0
Dividendo
adicional pro- 0 0 -22.821 0 0 -22.821
posto pago
Opções
outorgadas 0 -3.203 0 0 0 -3.203
exercidas
Deságio em
transação 0 7.995 0 0 0 7.995
de capital
Resultado
abrangente 0 0 0 550.336 10.162 560.498
total
Lucro líquido
0 0 0 548.674 0 548.674
do período
Outros
resultados 0 0 0 1.662 10.162 11.824
abrangentes

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 155
panhias seguradoras

Ajustes de
instrumentos 0 0 0 0 325 325
financeiros
Tributos
s/ ajustes
0 0 0 0 -110 -110
instrumentos
financeiros
Equiv.
patrim. s/
result. abrang. 0 0 0 0 11.850 11.850
controladas
e coligadas
Ganhos/
perdas de
variação de 0 0 0 0 -1.903 -1.903
participação
acionária
Outros
0 0 0 1.662 0 1.662
ajustes
Mutações
internas do
0 0 411.103 -550.336 0 -139.233
patrimônio
líquido
Constituição
0 0 384.962 -384.962 0 0
de reservas
Dividendos
interme- 0 0 0 -36.146 0 -36.146
diários
Dividendos
adicionais 0 0 26.141 -26.141 0 0
propostos
Dividendos
0 0 0 -36.187 0 -36.187
obrigatórios
Juros
sobre capital 0 0 0 -66.900 0 -66.900
próprio
Saldos finais 2.319.882 302.157 1.415.396 0 -57.464 3.979.971

..........................................................................................................
156 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Demonstração de fluxo de caixa


Essa demonstração visa apresentar os fluxos de caixa realiza-
dos em determinado período, a fim de evidenciar aos stake-
holders uma base avaliativa da capacidade da entidade de
gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as suas neces-
sidades de utilizar esses fluxos de caixa. O Pronunciamento
Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa trata
da apresentação desse demonstrativo, que envolve os fluxos
advindos das atividades operacionais, de investimento e de
financiamento, de forma a proporcionar informações que
permitam aos usuários avaliar o impacto de tais atividades
sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu
caixa e equivalentes de caixa. Essas informações podem ser
usadas também para avaliar a relação entre essas atividades.
Destacamos abaixo um exemplo dessa demonstração.

DESCRIÇÃO 2014 2013 2012


Fluxo de caixa líquido gerado
-199.000 110.559 24.203
nas atividades operacionais
Despesas administrativas -15.929 -14.175 -14.444
Tributos -10.603 -12.668 -7.903
Dividendos e juros sobre
72.198 124.553 198.312
capital próprio recebidos
Encargos financeiros -74.523 -41.480 -156.459
Compra - Aplicações financei-
ras mensuradas a valor justo -11.038.526 -1.055.523 -452.984
por meio do resultado
Venda - Aplicações financei-
ras mensuradas a valor justo 10.823.626 1.103.517 428.546
por meio do resultado
Rendimento de aplica-
47.474 11.797 29.128
ções financeiras
Outros pagamentos e re-
-2.717 -5.462 7
cebimentos líquidos
Fluxo de caixa líquido gerado
-170.269 60.643 -84.214
nas atividades de investimento
Compra - Aplicações finan-
-196.756 -182.296 -214.197
ceiras - Demais categorias

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 157
panhias seguradoras

Venda e resgates no venci-


mento - Aplicações financei- 302.606 242.785 45.312
ras - Demais categorias
Depósitos judiciais -777 0 167
Resgates de depósitos judiciais 0 155 25
Compra de participa-
-275.342 0 -35.503
ções societárias
Venda de participações societárias 0 0 120.000
Compra de ativos imobi-
0 -3 -18
lizados e intangíveis
Venda de ativos imobilizados 0 2 0
Outros pagamentos e re-
cebimentos líquidos
Fluxo de caixa líquido gerado
369.147 -171.121 60.001
nas atividades de financiamento
Pagamento de empréstimos 0 0 -223.340
Dividendos e juros sobre
-119.892 -168.064 -194.740
capital próprio pagos
Captação de recursos 500.000 0 500.000
Pagamento de refinancia-
-108 -60 -65
mento fiscal - REFIS
Compra de ações próprias para
-40.903 -17.492 -21.452
manutenção em tesouraria
Venda de Ações em Tesouraria 33.253 15.723 1.557
Opções outorgadas exercidas -3.203 -1.225 -2.119
Outros pagamentos e re-
0 -3 160
cebimentos líquidos
Variação cambial s/ cai-
xa e equivalentes
Aumento (redução) de
-122 81 -10
caixa e equivalentes
Saldo inicial de cai-
149 68 428
xa e equivalentes
Saldo final de caixa
27 149 41
e equivalentes

..........................................................................................................
158 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Notas explicativas
Segundo o Anexo I da Circular nº 430/2012, serão divulga-
das em notas explicativas às demonstrações contábeis, no
mínimo e desde que relevantes, as informações a seguir rela-
cionadas, além de outras, eventualmente necessárias à ade-
quada interpretação dessas demonstrações. A omissão de
informações que, por sua importância, a critério da Susep,
causarem distorções significativas na leitura e interpretação
das demonstrações contábeis divulgadas, sujeitará seus ad-
ministradores às penalidades previstas na regulamentação
específica. As notas explicativas deverão indicar:

a) O objetivo da sociedade/entidade ao adquirir suas


próprias ações.
b) A quantidade de ações adquiridas e/ou alienadas
no curso do exercício, destacando sua espécie e classe.
c) O custo médio ponderado de aquisições, bem como
os custos mínimos e máximos.
d) O resultado líquido das alienações ocorridas no
exercício.
e) O valor de mercado das espécies e classes das ações
em tesouraria, calculado com base na última cotação,
em bolsa ou balcão, anterior à data de encerramento
do exercício social.

Mais especificamente, essas informações devem conter:

• Ágio e deságio na aquisição de coligadas e con-


troladas: a razão econômica que fundamenta o ágio
ou deságio, quando relevante, além dos critérios es-
tabelecidos para sua amortização. O ágio não jus-
tificado, ou seja, que não possua fundamento eco-
nômico, deve ser reconhecido imediatamente como

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 159
panhias seguradoras

despesa no resultado do exercício, esclarecendo-se


em nota explicativa as razões da sua existência.

• Ajustes de exercícios anteriores: desde que re-


levantes, quando decorrentes de mudança de prá-
tica contábil e de retificação de erro imputável a
determinado exercício anterior e que não possa ser
atribuído a fatos subsequentes, evidenciando sua
natureza e seus fundamentos.

• Ativo diferido: apesar de a Legislação Societária


e as normas contábeis não preverem o ativo diferi-
do, a circular mantém a composição desse subgru-
po do ativo determinando a sua composição desses
itens com os respectivos prazos de amortização.

• Capital social: as espécies e classes de ações que


compõem o capital social, as respectivas quantida-
des e os valores nominais, bem como as vantagens e
preferências conferidas às diversas classes de ações.

• Capital social autorizado: quando superior ao


subscrito, deverá divulgar esse fato, especificando:
o limite de aumento autorizado, em valor do capital
e em número de ações, bem como as espécies e clas-
ses que poderão ser emitidas.

• Contingências passivas: toda e qualquer infor-


mação relevante deve ser divulgada, ao menos em
nota explicativa, de modo que fiquem explícitos os
riscos contingentes a que está sujeita a sociedade/
entidade, ainda que o montante envolvido não pos-
sa ser razoavelmente estimado.

..........................................................................................................
160 Esquema contábil das sociedades seguradoras

• Créditos tributários e prejuízos fiscais: as notas


explicativas devem evidenciar as seguintes informa-
ções, quando relevantes: o montante dos impostos
corrente e diferido, registrados no resultado, pa-
trimônio líquido, ativo e passivo; a natureza, fun-
damento e expectativa de prazo para realização de
cada ativo e obrigações fiscais diferidas, discrimi-
nadas ano a ano para os primeiros 5 (cinco) anos e,
a partir daí, agrupadas em períodos máximos de 3
(três) anos, inclusive para a parcela do ativo fiscal
diferido não registrada que ultrapassar o prazo de
realização de 10 (dez) anos; efeitos no ativo, passi-
vo, resultado e patrimônio líquido decorrentes de
ajustes por alteração de alíquotas ou por mudança
na expectativa de realização ou liquidação dos ati-
vos ou passivos diferidos; montante das diferenças
temporárias e dos prejuízos fiscais não utilizados
para os quais não se reconheceu contabilmente
um ativo fiscal diferido, com a indicação do valor
dos tributos que não se qualificaram para esse re-
conhecimento; conciliação entre o valor debitado
ou creditado ao resultado de imposto de renda e
contribuição social e o produto do resultado con-
tábil antes do imposto de renda multiplicado pelas
alíquotas aplicáveis, divulgando-se também tais alí-
quotas e suas bases de cálculo; natureza e montan-
te de ativos cuja base fiscal seja inferior a seu valor
contábil; efeitos decorrentes de eventual alteração
na expectativa de realização do ativo fiscal diferido
e respectivos fundamentos; e, no caso de compa-
nhias recém-constituídas, ou em processo de rees-
truturação operacional ou reorganização societária,
descrição das ações administrativas que contribui-
rão para a realização futura do ativo fiscal diferido.

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 161
panhias seguradoras

• Critérios de avaliação: dos elementos patrimo-


niais, especialmente prêmios fracionados, títulos de
renda fixa, títulos de renda variável e investimentos
permanentes, dos cálculos de depreciação e amorti-
zação, de constituição de provisões para encargos
ou riscos, notadamente provisões técnicas e provi-
sões para perdas prováveis na realização de elemen-
tos do ativo.

• Demonstrações financeiras consolidadas: quan-


do houver, divulgar os critérios adotados na conso-
lidação, tais como eliminação de saldos de contas
entre sociedades/entidades incluídas na consoli-
dação, eliminação de lucros não realizados etc.; a
discriminação das empresas controladas incluídas
na consolidação, bem como o percentual de parti-
cipação da controladora em cada empresa contro-
lada, englobando participação direta e indireta, por
meio de outras empresas controladas; empresas ex-
cluídas da consolidação, bem como exposição das
razões que determinam a exclusão; base e funda-
mento para amortização do ágio ou do deságio não
absorvido na consolidação; eventos subsequentes
que tenham ou possam vir a ter efeito relevante so-
bre a posição patrimonial e os resultados futuros
consolidados.

• Depósitos de terceiros: divulgar, caso envolva


valores relevantes, a composição dos depósitos de
terceiros.

• Detalhamento de contas da demonstração de


resultado: detalhar a composição das seguintes
contas da demonstração de resultado, se relevan-

..........................................................................................................
162 Esquema contábil das sociedades seguradoras

tes: sinistros retidos; despesas de comercialização;


despesas administrativas; receitas/despesas finan-
ceiras; receitas/despesas patrimoniais; outras recei-
tas/despesas operacionais; receitas/despesas não
operacionais.

• Dividendos propostos e juros sobre o capital:


divulgar a demonstração do cálculo dos dividendos
propostos e dos juros sobre o capital, assim como a
política de pagamento de ambos, além das compen-
sações de distribuições antecipadas na forma de di-
videndos ou juros sobre capital. No caso dos juros,
devem ser divulgados, também, o tratamento tributá-
rio e os efeitos no resultado e no patrimônio líquido.

• Empréstimos: em caso de existência de saldos de


empréstimos, deverão ser divulgados: data da ob-
tenção do empréstimo; valor do empréstimo; nome
do credor; condições financeiras pactuadas; prazo e
forma de amortização e saldo devedor atual.

• Equivalência patrimonial: a sociedade/entida-


de com investimentos em coligadas e controladas,
avaliados pelo método da equivalência patrimonial,
deverá divulgar: a denominação da coligada ou con-
trolada, capital social, patrimônio líquido e lucro ou
prejuízo no período; o número, a espécie e a classe
de ações ou cotas do capital social possuídas pela
investidora ou controladora e preço de mercado das
ações, se houver; o percentual de participação na
controlada/coligada; resultado da equivalência pa-
trimonial, os ajustes decorrentes de reavaliações
nas controladas ou coligadas e os efeitos decorren-
tes de mudança no percentual de participação ou na

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 163
panhias seguradoras

data-base de avaliação do investimento; os critérios


adotados para apuração e conversão das demons-
trações financeiras de coligadas ou controladas se-
diadas no exterior; os créditos e obrigações entre a
investidora ou controladora e as coligadas ou con-
troladas, especificando prazos, encargos financei-
ros e garantias; e receitas e despesas em operações
entre a investidora ou controladora e as coligadas
ou controladas.

• Eventos subsequentes: informar os eventos


ocorridos entre a data de encerramento do exercício
social e a da divulgação das demonstrações finan-
ceiras que tenham ou possam vir a ter efeito rele-
vante sobre a posição patrimonial e os resultados
de exercícios futuros.

• Imposto de renda e contribuição social: apre-


sentar a conciliação entre os encargos calculados
com base nas alíquotas nominais e aqueles resul-
tantes da aplicação das alíquotas efetivas apuradas
pela sociedade/entidade em cada exercício.

• Mudança de critério contábil: sempre que hou-


ver modificação de métodos ou critérios contábeis
de efeitos relevantes, a sociedade/entidade deverá
divulgar a modificação e os efeitos decorrentes.

• Ônus reais e garantias: divulgar, quando rele-


vantes, os ônus reais sobre elementos do ativo e as
garantias prestadas a terceiros.

..........................................................................................................
164 Esquema contábil das sociedades seguradoras

• Partes relacionadas: a divulgação das transações


com partes relacionadas deve cobrir: saldos patri-
moniais e de resultado decorrentes de transações
com partes relacionadas; as condições em que se
deram essas transações, especialmente quanto a
preços, prazos, montantes e encargos, e sua compa-
ração com condições de mercado.

• Provisão para riscos sobre créditos e provisã


para riscos sobre prêmios a receber: divulgar os
critérios para a sua constituição, bem como qual-
quer alteração no critério, ou na forma de sua apli-
cação, havida no exercício.

• Provisões técnicas e despesas de comercializa-


ção diferidas – Seguros: discriminar as provisões
técnicas e despesas de comercialização diferidas
dos principais ramos ou tipos de produtos da so-
ciedade. A sociedade também deverá apresentar a
descrição e o valor dos ativos oferecidos em cober-
tura das provisões técnicas, explicitando eventuais
insuficiências.

• Provisões técnicas e despesas de comercializa-


ção diferidas – Previdência complementar e capita-
lização: as movimentações das contas de provisões
técnicas e de despesas de comercialização diferidas,
incluindo o saldo de abertura do exercício corrente;
as adições decorrentes de receitas de capitalização
ou contribuições arrecadadas; amortização das pro-
visões técnicas e despesas de comercialização dife-
ridas, pagamentos de benefícios e resgates durante
o exercício; atualização financeira das provisões;
saldo final. As movimentações descritas deverão se-

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 165
panhias seguradoras

gregar os efeitos de atuação, de acordo com o des-


crito no quadro I (Dados Cadastrais – Ramos em que
opera) do FIP/Susep, aprovado pela Circular Susep
nº 319/2006, ou por alterações posteriores.

• PLA e MS: a demonstração do cálculo do PLA, na


data a que se refiram as demonstrações financeiras.
Em se tratando de sociedade seguradora, a MS apu-
rada no mês a que se refiram as demonstrações.

• Títulos e valores mobiliários: a descrição (LTN,


NTN, CDB etc.), os valores de custo e de mercado, as
faixas de vencimento e a classificação dos títulos e
valores mobiliários, inclusive aqueles que compõem
as carteiras dos fundos de investimentos cujas co-
tas pertençam, em sua totalidade, à empresa/enti-
dade; os ganhos e as perdas não realizados no pe-
ríodo, referentes aos títulos e valores mobiliários
classificados na categoria “disponíveis para venda”;
os valores e os critérios para apuração de eventu-
ais provisões para desvalorização; e o montante dos
títulos reclassificados, o reflexo no resultado e os
motivos que levaram à reclassificação.

• Instrumentos financeiros derivativos: as infor-


mações qualitativas e quantitativas relativas a ope-
rações com instrumentos financeiros derivativos,
destacando, no mínimo, os seguintes aspectos: a
política de utilização; os objetivos e estratégias de
gerenciamento de riscos, particularmente a política
de hedge; os riscos associados a cada estratégia de
atuação no mercado, controles internos e parâme-
tros utilizados para o gerenciamento desses riscos,
bem como os resultados obtidos em relação aos

..........................................................................................................
166 Esquema contábil das sociedades seguradoras

objetivos preconizados; os critérios de avaliação


e mensuração, métodos e premissas significativas
aplicados na apuração do valor de mercado; os va-
lores registrados em contas de ativo, passivo e com-
pensação, segregados por categoria, risco e estraté-
gia de atuação no mercado, aqueles com o objetivo
de hedge e de negociação; os valores agrupados por
ativo, indexador de referência, contraparte, local de
negociação (bolsa ou balcão) e faixas de vencimen-
to, destacados os valores de referência, de custo, de
mercado e em risco da carteira; os ganhos e perdas
no período, segregados aqueles registrados no re-
sultado e em conta destacada do patrimônio líqui-
do; e o valor líquido estimado dos ganhos e das per-
das registrados em conta destacada do patrimônio
líquido, na data das demonstrações contábeis, que
se espera ser reconhecido nos próximos 12 meses.

• Transferência de carteira: os dados relevantes


relacionados às operações de transferência de car-
teiras realizadas no período, contendo, no mínimo:
os motivos ou objetivos da transação e eventuais
impactos nos negócios da sociedade; o valor da
operação, por ramo; o resultado apurado na tran-
sação; a diferença entre o valor financeiro da ope-
ração e o saldo da provisão de prêmios não ganhos
das apólices recebidas e seu tratamento contábil; e
quaisquer responsabilidades e obrigações parâme-
tros para constituição da provisão de insuficiência
de contribuição; a taxa de juros utilizada como pa-
râmetro para constituição da provisão de oscilação
financeira; as razões para a não constituição dessas
provisões.

.........................................................................................................
Principais demonstrações contábeis padronizadas e informações adicionais das com- 167
panhias seguradoras

• Fundos blindados: os ativos dos fundos blinda-


dos e as provisões técnicas desses fundos.

Relatório de auditoria independente


Conforme determinado no Anexo I da Circular nº
430/2002, as sociedades seguradoras deverão ter as suas
demonstrações contábeis, assim como as notas explicati-
vas complementares exigidas pelas normas legais e regu-
lamentares vigentes, auditadas por auditores independen-
tes registrados na Comissão de Valores Mobiliários – CVM.

As sociedades, na contratação dos serviços de auditoria,


devem resguardar-se para que a relação de independência
para com o auditor não seja afetada, conforme previsão
regulamentar do CFC. O auditor, a qualquer tempo, cons-
tatando a existência de situação que possa afetar sua inde-
pendência, deve renunciar à sua contratação.

A auditoria contábil externa ou independente é constituída


pelo conjunto de procedimentos técnicos com objetivo de
examinar a adequação das demonstrações contábeis às ati-
vidades organizacionais, aos resultados das operações e à
conformidade com os regulamentos e leis.

Ao fim do processo de auditoria, os auditores independentes


emitem um relatório que representa o desfecho de todo traba-
lho, devendo conter a opinião sobre a adequação das demons-
trações individuais às práticas contábeis adotadas no Brasil
aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pela Susep
e a adequação das demonstrações contábeis consolidadas aos
pronunciamentos plenamente convergentes com as normas
internacionais, emitidos pelo CPC, referendados pela Susep.

..........................................................................................................
168 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Esse instrumento descreve de forma ordenada e minuciosa


os fatos que foram constatados, com base em evidências co-
letadas, durante o transcurso dos exames de auditoria, cons-
tituindo o produto final do trabalho. É um instrumento técni-
co que acompanha as demonstrações contábeis, visando dar
maior credibilidade a essas demonstrações, em que o auditor
atesta a adequação delas à real situação econômica e finan-
ceira da entidade auditada, contendo comentários, observa-
ções, conclusões, opiniões e recomendações do processo de
auditoria, além das providências necessárias que devem ser
tomadas pela administração.

Portanto, o relatório de auditoria é a exposição fundamenta-


da de comentários de forma conclusiva, em que são descritos
os fatos positivos e negativos de maior importância — deno-
minados constatações, achados, observações, revelações ou
pontos de auditoria — identificados durante o curso normal
dos trabalhos e sugeridas as respectivas soluções.

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 169

ASPECTOS TÉCNICOS ESPECÍFICOS A


SEREM OBSERVADOS PELA LEGISLAÇÃO E
NORMAS SETORIAIS

Contextualização
O setor de seguros mantém um alto grau de regulação pelo
CNSP, órgão colegiado, normativo do setor, presidido pelo
Ministro da Fazenda, operado pela Susep, que é responsá-
vel pelo controle e a fiscalização desses mercados, exceto
seguro-saúde, que é controlado e fiscalizado pela Agência
Nacional de Saúde Suplementar – ANS. Essa franca regula-
ção busca o funcionamento ordenado e eficiente do merca-
do, estabelecendo regras de solvência, requisitos de capital
mínimo e aspectos técnicos específicos que as seguradoras
devem cumprir.

Neste tópico, trataremos de alguns desses aspectos técni-


cos que requerem ações específicas que convergem para a
contabilidade da entidade.

Aplicações financeiras dos recursos


garantidores
Os recursos garantidores das reservas técnicas das socie-
dades seguradoras, sociedades de capitalização e entida-
des abertas de previdência privada, constituídas de acordo
com os critérios fixados pelo CNSP, devem ser aplicados
conforme as diretrizes da Resolução nº 2.967/2002 do
Bacen, de modo que lhes sejam conferidas continuidade,
segurança, rentabilidade, solvência e liquidez.

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170 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Esses recursos devem ser aplicados nos seguintes seg-


mentos:

a) Renda fixa.
b) Renda variável.
c) Imóveis.

No segmento de renda fixa, os recursos devem ser aplica-


dos, isolada ou cumulativamente:

I. Até 100% (cem por cento) em:


i. Títulos de emissão do Tesouro Nacional.
ii. Títulos de emissão do Bacen.
iii. Créditos securitizados pelo Tesouro Nacional.
iv. Títulos de emissão de estados e municípios.
v. Quotas de fundos de investimento financeiro,
cuja carteira esteja representada exclusivamente
pelos títulos referidos em i, ii e iii, dos quais as
sociedades seguradoras, as sociedades de capi-
talização e as entidades abertas de previdência
complementar sejam as únicas quotistas.

II. Até 80% (oitenta por cento) em:


i. Certificados e recibos de depósito bancário.
ii. Letras de câmbio de aceite de instituições fi-
nanceiras.
iii. Letras hipotecárias.
iv. Letras e cédulas de crédito imobiliário.
v. Cédulas de crédito bancário.
vi. Certificados de cédulas de crédito bancário.
vii. Debêntures de distribuição pública.
viii. Cédulas de debêntures.

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 171

ix. Notas promissórias emitidas por sociedades


por ações, destinadas à oferta pública.
x. Certificados de recebíveis imobiliários.
xi. Cédulas de produto rural, inclusive com liqui-
dação financeira.
xii. Contratos mercantis de compra e venda de
produtos, mercadorias e/ou serviços para entre-
ga ou prestação futura, bem como em títulos ou
certificados representativos desses contratos.
xiii. Quotas de fundos de investimento financeiro.
xiv. Quotas de fundos de aplicação em quotas de
fundos de investimento.
xv. Depósitos de poupança.

III. Até 10% (dez por cento) em:


i. Quotas de fundos de investimento no exterior.
ii. Quotas de fundos de investimento em direitos
creditórios.
iii. Quotas de fundos de investimento em quotas
de fundos de investimento em direitos creditó-
rios.

Não obstante, a referida norma estabelece que as aplica-


ções em letras de câmbio, em letras e cédulas de crédito
imobiliário, em cédulas de crédito bancário, em certifica-
dos de cédulas de crédito bancário, em debêntures, em cé-
dulas de debêntures, em notas promissórias e em certifi-
cados de recebíveis imobiliários de uma única companhia
não podem exceder 5% (cinco por cento) do valor total dos
recursos. Adicionalmente, as cédulas de produto rural,
inclusive com liquidação financeira, devem contar com
cobertura de seguro, conforme regulamentação da Susep.

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172 Esquema contábil das sociedades seguradoras

Os contratos mercantis de compra e venda de produtos,


mercadorias e/ou serviços para entrega ou prestação futu-
ra, bem como em títulos ou certificados, devem possuir ga-
rantia de instituição financeira ou de sociedade seguradora.

No segmento de renda variável, os recursos devem ser


aplicados, limitados a 49% no conjunto dos investimentos,
isolada ou cumulativamente:

I. Até 49% em:


i. Ações de emissão de companhias, em função
de adesão aos padrões de governança societária.
ii. Bônus de subscrição de ações, recibos de subscri-
ção de ações e certificados de depósitos de ações.
iii. Quotas de fundos de investimento em títulos
e valores mobiliários.
iv. Quotas de fundos de investimento em quotas
de fundos de investimento em títulos e valores
mobiliários constituídos sob a forma de condo-
mínio aberto que atendam a certas condições.
v. Bônus de subscrição de ações, recibos de subscri-
ção de ações e certificados de depósitos de ações.

II. Até 15% em ações, bônus de subscrição de ações,


recibos de subscrição de ações e certificados de de-
pósitos de ações de emissão de companhias abertas
negociadas em bolsa de valores e quotas de fundos
de investimento em títulos e valores mobiliários
constituídos sob a forma de condomínio aberto.

III. Até 5% (cinco por cento) em ações, em bônus de


subscrição de ações, em recibos de subscrição de
ações e em certificados de depósitos de ações de

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 173

companhia aberta adquiridos em mercado de bal-


cão organizado por entidade credenciada na CVM.

IV. Até 3% (três por cento) em ações e debêntures


de emissão de sociedades de propósito específico
constituídas com a finalidade de viabilizar financia-
mento de projetos; quotas de fundos de investimen-
to em empresas emergentes; quotas de fundos de
investimento em participações.

V. Até 3% (três por cento) em certificados de depó-


sito de valores mobiliários com lastro em ações de
emissão de companhia aberta e ações de emissão
de companhias sediadas em países signatários do
Mercosul.

No segmento de imóveis, os recursos passíveis de serem


aplicados hoje ensejam até 10% em quotas de fundos de
investimento imobiliário.

Além dos limites estabelecidos anteriormente, foram


impostos alguns requisitos de diversificação, ou seja, a
aplicação em quaisquer títulos ou valores mobiliários de
emissão ou coobrigação de uma mesma pessoa jurídica,
que não instituição financeira, de sua controladora, de so-
ciedades por ela direta ou indiretamente controladas e de
coligadas ou outras sociedades sob controle comum, bem
como de um mesmo estado, município ou fundo de inves-
timento, não pode exceder 10% (dez por cento) do valor
total dos recursos. Além disso, as aplicações em quaisquer
títulos ou valores mobiliários de emissão ou coobrigação
de uma mesma instituição financeira, de sua controlado-
ra, de sociedades por ela direta ou indiretamente contro-

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174 Esquema contábil das sociedades seguradoras

ladas e de coligadas ou outras sociedades sob controle


comum não pode exceder 20% do valor total dos recursos.

Auditoria atuarial independente


A Resolução CNSP nº 311/14 instituiu a auditoria atua-
rial independente para as sociedades seguradoras, enti-
dades abertas de previdência complementar, sociedades
de capitalização e resseguradoras locais. A Circular Susep
nº 507/14 adotou o Pronunciamento Atuarial CPA 002 –
Auditoria Atuarial Independente, o qual, no que não con-
trariar os normativos vigentes e as orientações da Susep,
deve ser observado, quando da aplicação da citada resolu-
ção. Dessa forma, a contratação da auditoria atuarial inde-
pendente é obrigatória.

As sociedades supervisionadas devem solicitar ao atuário


independente que produza os seguintes documentos:

1. Relatório da auditoria atuarial independente.


2. Parecer atuarial.
3. Outros documentos, quando solicitados pela Susep.

Esse relatório deve conter a análise conclusiva sobre:

a) As provisões técnicas, os valores redutores da ne-


cessidade de cobertura das provisões técnicas, as
bases de dados, os limites de retenção e as opera-
ções de resseguro, bem como carteiras ou planos
deficitários.
b) A conformidade dos dados, premissas e proce-
dimentos utilizados no cálculo do capital mínimo
requerido, definido pelas fórmulas-padrão estabele-
cidas pela Susep.

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 175

c) A conformidade dos dados, premissas e procedi-


mentos utilizados na aplicação das metodologias pró-
prias aprovadas pela Susep e desenvolvidas para de-
terminação da necessidade de capital, quando cabível.
d) A solvência da sociedade supervisionada.
e) O impacto das ressalvas feitas pela auditoria in-
terna ou auditoria independente anterior e das mani-
festações do atuário responsável técnico que tenham
relação com questões técnico-atuariais ou com fato-
res que possam afetar a solvência da sociedade su-
pervisionada.
f) A descrição clara e objetiva da metodologia utili-
zada para elaboração das análises.
g) Outros estudos que o atuário independente julgar
necessários ou exigências estabelecidas pela Susep.

As sociedades supervisionadas devem encaminhar à Susep,


até 30 de abril de cada exercício, o relatório de auditoria
atuarial independente e o parecer atuarial, acompanhados
de plano de ação definido pela sociedade supervisionada
para a correção de eventuais problemas verificados pelo
atuário independente. O relatório de auditoria atuarial in-
dependente deve ser disponibilizado à sociedade supervi-
sionada até 31 de março de cada exercício.

Livros e documentos obrigatórios das


seguradoras
Os livros contábeis são os instrumentos de controle, con-
tabilização e análise da gestão das sociedades atuantes no
ramo de seguros.

• Livros contábeis obrigatórios: diário e razão.

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176 Esquema contábil das sociedades seguradoras

• Livros contábeis facultativos e auxiliares: caixa,


contas correntes, emissão de duplicatas, registro de
inventário etc.

Os livros obrigatórios para as companhias seguradoras


são:

a) De emissão de apólice e outros documentos que


envolvam prêmios a receber, inclusive bilhetes de
seguro.
b) De cobrança de apólices e outros documentos
que envolvam arrecadação de prêmios, inclusive bi-
lhetes de seguro.
c) De sinistros avisados e de sinistros pagos.
d) De registro de cosseguros recebidos, cuja fina-
lidade é registrar toda e qualquer participação em
cosseguro relativa a seguros liderados por outras
congêneres.

Existem alguns formulários também obrigatórios nas ati-


vidades com seguros. São os seguintes:

a) Proposta de seguro.
b) Nota de seguro (no caso da obrigatoriedade de os
prêmios de seguros serem pagos via cobrança ban-
cária).
c) Ficha de compensação.
d) Borderô de cobrança.
e) FIP.

Embora paulatinamente o sistema SPED venha incorporan-


do as funções do FIP, apresentamos as informações e os

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 177

demonstrativos que devem compor esse formulário, a ser


encaminhado à Susep, evidenciando a situação adminis-
trativa, econômica e financeira da seguradora, de forma
analítica:

• Informações Cadastrais.
• Cálculo do LR e da MS.
• Volume de prêmios retidos e de prêmios ganhos.
• Produção de prêmios por regiões geográficas.
• Volume de sinistros líquidos.
• Comissões líquidas diferidas.
• Despesas de angariação diferidas.
• Resumo das provisões técnicas.
• Cobertura vinculada das provisões técnicas.
• Provisão para desvalorização da carteira de ações.
• Balancetes mensais e balanço patrimonial.
• Demonstração do resultado do exercício.
• Demonstração das mutações do patrimônio líquido.
• Outros demonstrativos, quando exigidos pela
Susep.

Além dos livros obrigatórios para as empresas comer-


ciais e setoriais exigidos pela Susep, o artigo 100 da Lei nº
6.404, de 1976, exige os seguintes livros, revestidos das
mesmas formalidades legais:

a) Livro de registro de ações nominativas.


b) Livro de transferência de ações nominativas.

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178 Esquema contábil das sociedades seguradoras

c) Livro de registro de partes beneficiárias nomina-


tivas.
d) Livro de transferência de partes beneficiárias no-
minativas;
e) Livro de atas das assembleias gerais;
f) Livro de presença dos acionistas;
g) Livro de atas das reuniões do conselho de admi-
nistração;
h) Livro de atas das reuniões de diretoria;
i) Livro de atas e pareceres do conselho fiscal;
j) Livros referentes à titularidade das ações e partes
beneficiárias;
k) Livros relativos à administração da companhia.

Dessa lista, destacamos os livros conhecidos como de pri-


meira categoria, pois revestem formalidade legal, com na-
tureza de registro público, em que qualquer pessoa pode
justificadamente pedir certidão de seus assentamentos.
São eles:

a) Livro de registro de ações nominativas.


b) Livro de transferência de ações nominativas.
c) Livro de registro de partes beneficiárias nomina-
tivas.
d) Livro de transferência de partes beneficiárias no-
minativas.

Neste capítulo, foram abordadas as estruturas contidas no


plano contábil padronizado da Susep, as demonstrações
contábeis obrigatórias e as demais obrigações a serem se-
guidas pelas entidades do ramo de seguros. Em um pri-
meiro momento, as diferenças relacionadas às estruturas
dos grupos e subgrupos de ativos, passivos e resultados

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Aspectos técnicos específicos a serem observados pela legislação e normas setoriais 179

de outras organizações não são tão evidentes. Entretanto,


um olhar mais atento nos mostra as peculiaridades em
relação aos itens que estão contidos nesses grupos e sub-
grupos, principalmente no que tange ao passivo circulan-
te, passivo não circulante e, sobretudo, nos Resultados,
dada as particularidades das operações. Um profissional
leigo na atividade de seguros teria bastante dificuldade
de se ambientar ou mesmo de ter um olhar analítico so-
bre a DRE e outros demonstrativos, tudo em função das
provisões técnicas elencadas no passivo, prêmios e va-
riações dos ajustes às provisões, diferimentos, ressegu-
ro, cosseguro cedido e aceito, retrocessão, entre outros
aspectos técnicos das operações com seguros, bem como
seus reflexos nas demais demonstrações contábeis. Daí a
necessidade de o profissional contábil compreender esses
contextos técnicos de forma a suportar um bom entendi-
mento desses procedimentos, relações e divulgações.

Outros aspectos a serem ressaltados são as constantes


necessidades de manutenção de provisões, ajustes, diferi-
mentos e reversões a que as seguradoras estão obrigadas
no seu dia a dia, além das aplicações dos recursos garan-
tidores definidas pelo Bacen, que aumentam a dificuldade
dos administradores na manutenção dessas aplicações em
conformidade com essas determinações. Enfim, nesse seg-
mento de negócios, as regulações são bastante acirradas, e
os profissionais dessas áreas, além de estar tecnicamente
bem preparados, precisam de aprimoramento e atenção
constantes nas também constantes alterações das normas
e obrigações a que as seguradoras estão sujeitas.

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180 Esquema contábil das sociedades seguradoras

REFERÊNCIAS

BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 3.792, de 24


de setembro de 2009. Dispõe sobre as diretrizes de aplica-
ção dos recursos garantidores dos planos administrados
pelas entidades fechadas de previdência complementar.
Diário Oficial da União. Brasília, DF, 28 set. 2009.

. Banco Central do Brasil. Resolução nº 4.275, de 31


de outubro de 2013. Altera a Resolução nº 3.792, de 24 de
setembro de 2009, que dispõe sobre as diretrizes de apli-
cação dos recursos garantidores dos planos administra-
dos pelas entidades fechadas de previdência complemen-
tar. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 4 nov. 2013.

. Superintendência de Seguros Privados. Circular nº


430, de 5 de março de 2012. Dispõe sobre alterações das
Normas Contábeis a serem observadas pelas sociedades
seguradoras, sociedades de capitalização entidades aber-
tas de previdência complementar, e resseguradores locais,
instituídas pela Resolução CNSP nº 86, de 3 de setembro
de 2002. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 7 mar. 2012.
(Anexos).

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronun-


ciamentos. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 15
abr. 2015.

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181

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS. Auditoria


atuarial independente: orientações da Susep ao mercado.
Rio de Janeiro, fev. 2015. Disponível em: <http://www.
susep.gov.br/setores-susep/cgsoa/copra/arquivos-copra/
orientacoes/Orientacoes%20sobre%20Auditoria%20Atua-
rial%20Independente%20-%2002%20-%2002%20-%202015.
pdf>. Acesso em: 22 jun. 2015.

. Busca de atos normativos. Disponível em: <http://


www2.susep.gov.br/bibliotecaweb/biblioteca.aspx>. Aces-
so em: 24 jul. 2015.

..........................................................................................................
182

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do nosso estudo, pudemos constatar a diversi-


dade e a complexidade da atividade de seguros. Primei-
ramente, pela essência do negócio, que é a “cobertura de
riscos” que se distribuem em ramos e segmentos, cujas
variáveis e medidas atuariais se misturam, tornando as
metodologias para a formulação de estimativas e probabi-
lidades de ocorrência de sinistros bastante complexas. A
esses elementos ainda se associa a dinâmica da natureza
humana, em constante evolução, o que possibilita a oferta
de produtos e serviços cada vez mais específicos, crian-
do novos ramos, metodologias, segmentos de mercados e
mix de produtos e serviços, cujas possibilidades são pra-
ticamente infinitas.

Vimos também que, não obstante o grau de complexidade


do segmento de negócios, os seguros são, e devem ser, por
sua natureza social e relevância econômica, altamente re-
gulados pelos órgãos competentes, de forma a garantir a
continuidade das operações das entidades que oferecem
produtos e serviços dessa natureza, coibir abusos, garan-
tir a liquidez dos negócios, bem como o cumprimento
das obrigações assumidas na cobertura de riscos no caso
da ocorrência de sinistros. Nesse contexto, as atividades
contábeis e atuariais oferecem seus préstimos para dar o
devido suporte a essas operações: o atuário, com a me-
todologia que viabiliza a oferta dos produtos e serviços,
e o contador, assumindo uma função preponderante no
cumprimento das obrigações inerentes ao ambiente re-
gulatório, dos recursos garantidores e credibilidade das
183

prestadoras junto ao mercado, aos seus consumidores e


aos órgão reguladores.

Portanto, sem a pretensão de esgotar esse assunto dinâ-


mico e ao mesmo tempo com tantas peculiaridades no
que diz respeito à linguagem e às especificidades de cada
subdivisão, com operações típicas, garantias e formali-
dades requeridas em alguns de seus segmentos, procu-
ramos tratar da essência conceitual e da relação desses
elementos com os institutos contábeis, de forma a capaci-
tar o profissional da área para o devido reconhecimento,
a contabilização, a divulgação das demonstrações con-
tábeis, assim como para o desempenho de divulgações
acessórias, em cumprimento às diretrizes instituídas nas
suas diversas ramificações.

Entendemos que, apesar da complexidade da atividade,


as premissas aqui estudadas darão, ao contador novato
no ramo de seguros ou mesmo aos aspirantes a atuar na
área, o devido suporte, servindo como um bom começo
para a compreensão dos principais conceitos, relaciona-
mentos e estruturas para a aplicação dos procedimentos
contábeis no que tange ao reconhecimento, à mensura-
ção, à escrituração e à divulgação das atividades securitá-
rias. O que, no entanto, não elimina a necessidade de se
fazer um prévio estudo das atividades da companhia ob-
jeto, das regulações inerentes ao ramo de atividade, das
legislações específicas e outras que afetem os negócios.

Sucesso!

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