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1. INTRODUÇÃO
O bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é uma profissão que na prática já vinha sendo
exercida nas indústrias brasileiras, no serviço de proteção contra incêndio e prestação de
socorros de urgência, mas somente no ano de 2009 que foi regulamentada e reconhecida como
profissão.
Mesmo com a normalização federal sobre a profissão de bombeiro profissional civil, algumas
lacunas existem, pois não houve ainda a regulamentação dessa lei, ficando os profissionais
sujeitos a normas estaduais, que se diferenciam de acordo com o poder de polícia dos
respectivos Corpos de Bombeiros dos Estados onde é exercida essa profissão ou até mesmo
convenções coletivas em âmbito estadual.
No Estado de Minas Gerais, de acordo com o Art. 142 da sua Constituição Estadual, compete ao
Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção
e combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe.
Com isso, o CBMMG por meio da Norma Técnica 12/CAT definiu os critérios relacionados ao
treinamento de Brigadas de Incêndio (BI), bem como a Circular 02/2016 – DAT, que esclarece
quanto à exigência de brigadistas com qualificação de nível intermediário, prevista no subitem
17.4 da IT 33. Circular. Para o dimensionamento e exigência de BPC, não há no Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais ainda regulamentação, por isso a recomendação é adotar
como referência a NBR 14608, que trata de BPC e 14276, que trata sobre BI.
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2. DEFINIÇÕES
2.1 BOMBEIRO MILITAR
Agente público pertencente ao Corpo de Bombeiros Militar cuja competência é, de acordo com o
Art. 142 da Constituição Estadual, a coordenação das ações de defesa civil, prevenção e combate
a incêndios e explosões em locais de sinistros, busca e salvamento, elaboração de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndios e pânico e outras previstas
em lei.
3. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
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3.1 LEI FEDERAL
A Lei Federal nº 11.901 foi publicada em de 12 de Janeiro de 2009 e regulamenta a Profissão de
Bombeiro Civil.
A lei define que Bombeiro Civil é o profissional que exerce, em caráter habitual, a função
remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado
diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas
especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.
Observa-se que a lei desconsidera outras atividades que o BPC desenvolve nas empresas como
o socorro de urgência, o salvamento em alturas e em ambiente confinado, emergências químicas,
abandono de área etc.
Em Minas Gerais, não há formação técnica e/ou superior, reconhecida pelo Ministério da
Educação, em prevenção e combate a incêndio. Mesmo assim, para ser BPC em MG,
independente da função que irá exercer, o profissional deverá cursar e ser aprovado em curso
específico, de acordo com a NBR 14.608 de 2007.
Ainda segundo a Lei, o Bombeiro Civil terá uma jornada de 12 (doze) horas de trabalho por 36
(trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis) horas semanais, como também,
terá direito a uniforme especial a expensas do empregador, seguro de vida em grupo, estipulado
pelo empregador, adicional de periculosidade de 30% do salário mensal sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa e o direito à
reciclagem periódica.
Além disso, as empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de Bombeiro Civil
poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e
do Distrito Federal, para assistência técnica a seus profissionais.
Por fim, a Lei diz que no atendimento aos sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros
Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a direção das ações caberão, com
exclusividade e em qualquer hipótese, à corporação militar.
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1.1 NR 23
As Normas Regulamentadoras (NRs) são de observância obrigatória pelas empresas privadas e
públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização
– ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992.
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Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de
tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas relativas à saúde, à segurança
e à preservação do meio ambiente.
O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, graças ao então presidente Getúlio
Vargas. Naquela época, a atividade de resseguro no País era feita quase totalmente no Exterior,
de forma direta ou por intermédio de companhias estrangeiras que operavam no Brasil. A
necessidade de favorecer o aumento da capacidade seguradora das sociedades nacionais, para
a retenção de maior volume de negócios em nossa economia, tornava urgente a organização de
uma entidade nacional de resseguro.
Por um Mercado Mais Seguro, o IRB iniciou suas operações um ano depois de sua criação, em
3 de abril de 1940. Inicialmente, a atuação do Instituto se concentrou no ramo Incêndio,
responsável pelo maior volume de seguros no país, cerca de 75% do total de todas as
modalidades exploradas na época.
A criação do IRB teve tal importância naquele momento para o desenvolvimento do mercado
segurador brasileiro assim como para o incremento da economia nacional que o resultado de
suas operações se expressou em números significativos: com apenas nove meses de atuação,
o Instituto conseguiu reter no país cerca de 90% dos prêmios de resseguros-incêndio praticados.
Dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico no Estado e dá outras providências. O Povo
do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a
seguinte Lei:
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Art. 2º - Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG -, no
exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art. 3º da Lei Complementar nº 54, de
13 de dezembro de 1999, desenvolverá as seguintes ações: I - análise e aprovação do sistema
de prevenção e combate a incêndio e pânico; II - planejamento, coordenação e execução das
atividades de vistoria de prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei; III -
estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas e seus bens contra
incêndio ou qualquer tipo de catástrofe; IV - aplicação de sanções administrativas nos casos
previstos em lei. Parágrafo único. As normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste
artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e prevenir vazamento
de gás. (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 17.212, de 12/12/2007.)
Art. 4º - A inobservância do disposto no artigo 3º desta Lei sujeita o infrator às seguintes sanções
administrativas: I - advertência escrita; II - multa; III - interdição. § 1º - A advertência escrita será
aplicada na primeira vistoria, constatado o descumprimento desta lei ou de norma técnica
regulamentar. § 2º - Sessenta dias após a formalização da advertência escrita, persistindo a
conduta infracional, será aplicada multa de R$100,00 (cem reais) a R$3.000,00 (três mil reais),
valores que serão corrigidos monetariamente de acordo com índice oficial. § 3º - Persistindo a
infração, nova multa será aplicada em dobro e cumulativamente. § 4º - A pena de interdição será
aplicada quando houver risco iminente de incêndio ou pânico.
Art. 5º - Será afixado na parte externa da edificação ou do espaço destinado a uso coletivo
referidos no parágrafo único do art. 1º o laudo de vistoria e liberação para seu funcionamento,
emitido pelo CBMMG, sob pena de interdição imediata do estabelecimento.
Art. 8º – Fica proibido ao militar da ativa ser proprietário ou consultor de empresa de projeto,
comercialização, instalação, manutenção e conservação nas áreas de prevenção e combate a
incêndio e pânico. Parágrafo único - Serão aplicadas ao infrator do disposto neste artigo as
penalidades previstas em lei.
Art. 9º - Esta Lei estende-se, no que couber, às edificações e espaços destinados ao uso coletivo
já existentes na data de sua publicação.
Art. 10 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias contados da data
de sua publicação.
Art. 11 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
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Art. 12 - Revogam-se as disposições em contrário. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos
19 de dezembro de 2001.
ITAMAR FRANCO
Normas técnicas (NT)- Uma norma técnica é um documento estabelecido por consenso e
aprovado por um organismo reconhecido que fornece, para uso comum e repetitivo, regras,
diretrizes ou características para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um
grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Esta é a definição internacional de norma.
Deve ser realçado o aspecto de que as normas técnicas são estabelecidas por consenso entre
os interessados e aprovadas por um organismo reconhecido. Acrescente-se ainda que são
desenvolvidas para o benefício e com a cooperação de todos os interessados, e, em particular,
para a promoção da economia global ótima, levando-se em conta as condições funcionais e os
requisitos de segurança.
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IT20 - Sistema de Proteção por Espuma. (Consultar Circular 16/14 e Tabela 18 da IT01)
IT21 - Sistema Fixo de Gases para Combate a Incêndio
IT22 - Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis. (Consultar Circular 16/14 e
Tabela 18 da IT01)
IT23 - Manipulação, Armazenamento, Comercialização e Utilização de GLP
IT24 - Comercialização, Distribuição e Utilização de Gás Natural
IT25 - Fogos de Artifícios e Pirotecnia (Portaria 19/2014)
IT26 - Heliponto e Heliporto
IT27 - Medidas de Segurança para Produtos Perigosos
IT28 - Cobertura de Sapê, Piaçava e Similares
IT29 - Hidrante Público
IT31 - Pátio de Contêineres
IT32 - Proteção Contra Incêndio em Cozinhas Profissionais
IT33 - Eventos Temporários (Portaria 17/2014)
IT34 - Cadastramento de Empresas e Responsáveis Técnicos - 2ª Edição 2016 (Portaria
24/2016).
IT35 - Segurança Contra Incêndio em Edificações Históricas
IT37 - Centros Esportivos e de Exibição
IT38 - Controle e Materiais de Acabamento e Revestimento
IT39 - Blocos de Carnaval (Portaria 23/2016)
"Anexo A" - Formulário de informações para Bloco Carnavalesco (IT 39)
IT40 - Adequação de Medidas de Segurança para Edificações Existentes e Edificações
Construídas (Portaria 25/2016).
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IT 12 - BRIGADA DE INCÊNDIO
A InstruçãoTécnica 12/CBMMG foi construída no intuito de adequar a atividade de Brigada
de Incêndio a realidade mineira. De forma mais específica, tem por objetivo:
Esta Norma Técnica se aplica em todo o território do Estado de Minas Gerais. Caso o serviço
seja prestado em outros Estados, deve-se obedecer a legislação local.
a) Objetivo
b) Público-alvo
c) Validade do curso
d) Realização do curso
- A avaliação dos cursandos é de competência exclusiva do CEIB para tanto ele fixará um
calendário anual com as datas e os locais dos exames.
- Para realizar a avaliação, o cursando deverá apresentar aos avaliadores no exame teórico, a
carteira de identidade e, no exame prático, atestado médico expedido no prazo máximo de 60
(sessenta) dias do exame.
- Serão considerados APROVADOS todos os cursandos que obtiverem nota igual ou superior a
7,00 (sete) em cada um dos exames e que tenham freqüência de 85% (oitenta e cinco por cento)
da carga horária do curso.
- Os cursandos que não obtiverem os índices previstos no item anterior estarão automaticamente
REPROVADOS.
4.2 ATRIBUIÇÕES
4.5 ADMINISTRAÇÃO
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- O órgão ou empresa especializada deverá providenciar as medidas necessárias para manter
o condicionamento físico e psicológico adequado ao pleno exercício das funções bombeiro
profissional civil;
4.6 DIMENSIONAMENTO
A- Residencial
B- Serviço de Hospedagem C- Comercial
D- Serviço Profissional
E- Educacional e Cultura Física F- Local de Reunião de Público
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Grupo Divisão Descrição Exemplos Grau Área Construída Total (m²)
de 5.000 a 10.000 a Acima de
Risco 10.000 50.000 50.000
Nº de BPC por turno
A-1 Habitação Unifamiliar Casas térreas Baixo
ou assobradas, Médio Isento Isento Isento
condomínios Alto
A - Residencial
horizontais
A-2 Habitação Multifamiliar Edifícios de Baixo Isento Isento
apartamento Médio Isento Isento Isento
em geral Alto 01 Nota 7
A-3 Habitação Coletiva Pensionatos, Baixo Isento Isento
internatos, Médio Isento Isento Isento
mosteiros,
Alto 01 Nota 7
alojamentos
Observe que é possível verificar a quantidade de BPC necessários direto na tabela A.1, mas
para alguns casos será necessário consultar as notas do Anexo “A”.
Nota 1: trata sobre as exceções de plantas que possuem área construída inferior a 5.000 m²
e não estão isentas de terem bombeiro profissional civil;
Nota 2: diz que ao número máximo de BPCs por planta e por turno exigido é de cinco para
risco baixo, dez para risco médio e quinze para risco alto;
Nota 3: trata sobre a redução da quantidade de BPC nos turnos que não hajam nenhuma
atividade;
Nota 9: diz que plantas não descritas na tabela deverão ser classificadas por analogia com
a mais próxima tecnicamente;
Nota 10: diz que as plantas localizadas próximas a instalações de bombeiros públicos, desde
comprovado um tempo resposta de até 03 minutos, pode reduzir o nº de BPC em 50%;
Nota 11: Trata sobre a quantidade de BPC em túnel, cujo dimensionamento não é feito pela
área construída e o grau de risco e sim, pelo comprimento do túnel, galerias técnicas e sidas
de emergência. Para cada 5 Km, é necessário 01 BPC.
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1. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.608:2007: Bombeiro
Profissional Civil.
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1. INTRODUÇÃO
O bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é uma profissão que na prática já vinha sendo
exercida nas indústrias brasileiras, no serviço de proteção contra incêndio e prestação de socorros
de urgência, mas somente no ano de 2009 que foi regulamentada e reconhecida como profissão.
Mesmo com a normalização federal sobre a profissão de bombeiro profissional civil, algumas
lacunas existem, pois não houve ainda a regulamentação dessa lei, ficando os profissionais sujeitos
a normas estaduais, que se diferenciam de acordo com o poder de polícia dos respectivos Corpos
de Bombeiros dos Estados onde é exercida essa profissão ou até mesmo convenções coletivas em
âmbito estadual.
No Estado de Minas Gerais, de acordo com o Art. 142 da sua Constituição Estadual, compete ao
Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção e
combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe.
Com isso, o CBMMG por meio da Norma Técnica 12/CAT definiu os critérios relacionados ao
treinamento de Brigadas de Incêndio (BI), bem como a Circular 02/2016 – DAT, que esclarece
quanto à exigência de brigadistas com qualificação de nível intermediário, prevista no subitem 17.4
da IT 33. Circular. Para o dimensionamento e exigência de BPC, não há no Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais ainda regulamentação, por isso a recomendação é adotar como referência
a NBR 14608, que trata de BPC e 14276, que trata sobre BI.
2. GERENCIAMENTO DE RISCO
2.1 DEFINIÇÕES
� EMERGÊNCIA
Situação que exige uma intervenção imediata de profissionais treinados com equipamentos
adequados, para que danos e prejuízos sejam evitados ou minimizados.
� SINISTRO
Ocorrência de danos e prejuízos, em consequência de um acidente ou evento adverso (ocorrência
desfavorável).
� RISCO
Probabilidade estatística de que uma ameaça de evento adverso se concretize em um cenário
vulnerável, causando danos e prejuízos, isto é, a probabilidade da ocorrência de um sinistro.
Ameaça: estimativa da ocorrência e magnitude de um acidente ou evento.
Vulnerabilidade: condição intrínseca do corpo, em interação com a magnitude de um evento ou
acidente, medida em termos de intensidade dos danos previstos.
O risco é avaliado de acordo com a interação da ameaça e da vulnerabilidade do sistema.
Quanto maior a ameaça e a vulnerabilidade, maior o risco. Para diminuir o risco, o bombeiro deve
atuar na ameaça ou na vulnerabilidade do sistema.
Para responder essa pergunta se faz necessário avaliar a interação das seguintes variáveis:
Portanto para diminuir ou eliminar o risco de propagação o bombeiro pode atuar na ameaça,
combatendo o incêndio dentro do cômodo, ou na vulnerabilidade, resfriando as paredes, retirando
das proximidades os materiais combustíveis.
Nem sempre será possível diminuir a ameaça, por exemplo, não há como diminuir o volume de
chuva em uma enchente, mas geralmente é possível atuar nas vulnerabilidades. De qualquer forma
o bombeiro deverá estar tecnicamente preparado para identificar as ameaças e vulnerabilidades
de um sistema, para minimizar o risco até uma condição segura de atuação.
A sensação de segurança varia entre os indivíduos, pois ela está ligada diretamente a percepção
de risco, que é a impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza ou grandeza de um risco
determinado.
Para evitar essa variação, procedimentos devem ser padronizados para levar o risco até um nível
aceitável e a cena seja considerada segura. Para tanto, entende-se como risco aceitável, o risco
determinado como tolerável e razoável, após serem consideradas todas as consequências
associadas a outros níveis alternativos.
Para adentrar em ambiente incendiado, o bombeiro deverá analisar, por exemplo, o risco de
desabamento, de explosões, de intoxicação etc. Observados os riscos, devem ser providenciadas
ações para minimizá-los, por meio da adoção de técnicas e procedimentos operacionais como
escoramento, ventilação e utilização de equipamentos de proteção.
Portanto, o bombeiro para atuar deve estar certo que o nível de risco apresentado pode ser
enfrentado desde que seja suportável, sem dano, relacionado a altos ganhos (salvamento de
vítima), em razão da estrutura de proteção compatível em equipamentos e treinamento do pessoal
envolvido na ocorrência.
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2.3 RISCOS EM INCÊNDIOS INDUSTRIAIS
São riscos que comprometem a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como a produtividade
da podem afetar o trabalhador a curto, médio e longo prazo, provocando acidentes com lesões
imediatas ou doenças profissionais que afetam e lesam o trabalhador aos poucos, comprometendo
sua capacidade física ao longo do tempo de exposição ao fator de risco.
Nos incêndios industriais, as diferenças em cada evento são muito evidentes, na medida em que
os procedimentos a serem adotados variam com o tipo de produtos, tipos de planta e seus
respectivos riscos, tornando, portanto, absolutamente necessário conhecer previamente a
natureza dos produtos existentes (características físicas e químicas,
Numa instalação industrial, uma atuação sem conhecimento prévio dos riscos existentes, pode dar
origem a acidentes de extrema gravidade e, eventualmente, implicar até na evacuação de
populações e causar danos materiais muito para além do perímetro da empresa.
- Explosões: rápida expansão de gases que pode ser acompanha de efeitos térmicos. No caso
de incêndios em ambientes confinados, o bombeiro deve estar atento para fenômenos como
flashover e backdraft, como também a ocorrência de BLEVE em caminhões ou tanques de
armazenamento de líquidos inflamáveis incendiados e operações com vazamento de gases
combustíveis e materiais pirofóricos.
- Choque elétrico: causado pela atuação do bombeiro sem desenergizar a rede elétrica. Para
isso, o bombeiro deverá conhecer a planta elétrica da edificação para identificar o local das chaves
de entrada de energia e suas formas de desligamento.
- Queimadura: causada pela ação do calor produzido no incêndio presente nas chamas, vapor
d´água e fumaça.
Para evitar acidentes, o bombeiro deverá prestar muita atenção às situações de perigo e cumprir
rigorosamente os procedimentos de atuação nas diversas situações concretas que ele poderá
encontrar no combate a incêndios industriais.
Diferentemente do brigadista que combate o incêndio na sua fase inicial, o bombeiro profissional
civil, devido a sua formação, poderá combater incêndios de maiores proporções, sendo submetido,
consequentemente, a riscos bem maiores. Por isso, para minimizar os riscos a que está submetido,
diminuindo a sua vulnerabilidade, o bombeiro SEMPRE deverá utilizar os equipamentos de
proteção individual nas operações.
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Considera-se equipamento de proteção individual (EPI) todo o dispositivo de uso individual
destinado a proteger a saúde e a integridade física do bombeiro. A utilização do EPI não evita o
acidente, mas minimiza seus efeitos.
- Capacetes de bombeiro
EPI’s que protegem o crânio, os olhos, a face e a nuca das lesões que podem ser ocasionadas por
impactos de materiais, partículas, respingos ou vapores de produtos químicos e de radiações
luminosas.
- Óculos de Proteção
Os óculos são destinados a proteção dos olhas contra a projeção de materiais, fumaça, líquidos e
substâncias contaminantes.
- Capas e calças
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EPI’s destinados a proteção do tronco e extensão dos membros, visam proteger o brigadista contra
objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes, além de proteger também do calor
excessivo, irradiado pelas chamas.
- Luvas
EPI’s que visam proteger contra a ação de objetos cortantes, abrasivos, corrosivos, alergênicos,
além de produtos graxos e derivados de petróleo.
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- Botas e sapatos
EPI’s que visam proteger contra lesões ocasionadas de origem mecânica (quedas de materiais),
agentes químicos, térmicos e objetos perfurantes ou cortantes.
São equipamentos que requerem atenção especial, pois serão eles que permitiram ao bombeiro
trabalhar em locais saturados com fumaça, com baixa concentração de O2 e muitas vezes com
temperaturas elevadas. É importante ressaltar que a não utilização destes aparelhos pode ter
conseqüências sérias e até mesmo levar a morte.
Tem como objetivo anular o comportamento do ambiente sobre o sistema respiratório, mediante
proteção limitada (quando utilizados aparelhos filtrantes ou autônomos de pressão negativa):
Consiste em uma máscara de borracha adaptável ao rosto, contendo um filtro que elimina os
agentes nocivos. Vale lembrar que as máscaras possuem especificações que precisam ser
atendidas, para que a saúde do bombeiro esteja de fato protegida.
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c) Equipamento de proteção respiratória autônoma
As máscaras autônomas são respiradores independentes que fornecem ar respirável para o usuário
através de cilindros de ar.
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3. COMANDO E CONTROLE EM OPERAÇÕES
As ocorrências de bombeiro têm características específicas que exigem qualificação,
profissionalismo e capacidade de trabalhar em equipe. Um erro muito comum nas operações de
bombeiro é a falta de coordenação das ações, muitas vezes há um grande esforço para a realização
de uma atividade por vários bombeiros, sendo que outros objetivos deixam de ser cumpridos. Além
disso, há a falta de disciplina tática, onde o integrante da equipe com visão mais limitada da
ocorrência altera o objetivo a ser cumprido, compromete a operação, como também, a segurança
dos envolvidos. Por isso, nas operações de bombeiro há a necessidade de planejamento,
coordenação, direção e controle.
CHEFE DE EQUIPE
Função Ações Observações
PLANEJAMENTO - Fixar objetivos; Deverá ser feito com objetivos
- Definir estratégia de combate; claros e exeqüíveis, descritos em
- Definir um plano de ação. um plano de ação verbal ou
escrito
ORGANIZAÇÃO - Dividir o trabalho; Deverá ser flexível quanto a
- Designar pessoas; necessidade e disponibilidade de
- Alocar recursos e coordenar recursos e quanto a delegação
esforços. de responsabilidades.
A função de chefiar uma equipe geralmente é estabelecida pela organização ou pelo poder da
autoridade pessoal (liderança) sobre o grupo. O chefe de equipe deve estar atento para entender
que:
• É sua responsabilidade garantir a segurança da equipe, por isso deve zelar para que a
equipe utilize os EPIs e os procedimentos específicos.
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1) ASSUMIR O COMANDO
Direta
Via rádio
Via telefone
Via rede de dados
1º) Identificar o problema: incêndio, vazamento de gás, explosão, acidente de trabalho com vítima
etc.
SITUAÇÃO RECURSOS
Tipo, local e intensidade Pessoal
Necessidade de resgate Equipamentos
Riscos potenciais Viaturas
Pontos Críticos Meios de extinção
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3º) Tomada de decisão: definição da estratégia de atuação baseada na análise de situação e
recursos disponíveis.
SITUAÇÃO RECURSOS
PLANO
Identificar os objetivos
Dividir tarefas
Designar as pessoas
Desenvolvendo um
plano estratégico
Determine a necessidade
de resgate
Avalie as condições
estruturais da edificação
Estime
Situação X Recursos
fazer;
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PERGUNTA OBJETIVO ORDEM DO CO
4) ESCOLHA DA ESTRATÉGIA
De acordo com as características da emergência, o chefe de equipe definirá qual(is) a(s) técnica(s)
mais adequada(s) para cada ocorrência. Denominaremos como estratégia a decisão sobre a
escolha e forma de emprego do conjunto de técnicas que serão utilizadas na operação, seja ela de
combate a incêndio, busca e salvamento, atendimento pré- hospitalar ou todas elas combinadas.
Os recursos devem ser organizados para que não haja sobrecarga e nem desperdícios. Ao chegar
ao local da ocorrência, o chefe de equipe deverá avaliar se os recursos existentes são os suficientes
para a intervenção, caso contrário, deverá solicitar apoio. Além disso, algumas situações exigem a
presença de outras agências ou setores para uma intervenção específica, como por exemplo, se
houver a necessidade de desligamento de energia elétrica ou a presença de produtos perigosos.
Outro cuidado é utilizar somente o necessário para resolver a situação para que recursos não sejam
desperdiçados ou perdidos durante a operação. Para isso, o chefe de equipe definirá as áreas de
trabalho de sua equipe em zona fria, morna e quente:
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Área segura, mais externa, onde os recursos não emergenciais ficarão em espera.
Área intermediária, onde os recursos emergenciais ficarão em espera (Viatura, Posto de Comando)
Área destinada às operações, onde apenas permanecerão o pessoal, ferramentas e equipamentos que estão sendo
utilizados.
A definição dessas áreas torna a cena mais organizada e consequentemente, mais segura, pois os recursos e o pessoal
empregado é somente o necessário, definidos conforme a proximidade do ponto crítico da operação.
No caso de uma operação que envolva outras agências ou setores, o chefe de equipe de bombeiros deverá organizar
e ter o controle de todo o pessoal envolvido, para que não haja acidentes e nem conflito de interesses. A seguir, um
organograma criado durante um atendimento a um incêndio numa indústria petroquímica, combatido pela sua equipe
de bombeiros profissionais civis:
Para facilitar, a seguir serão apresentados alguns tópicos que necessitam reavaliação durante as
operações:
- Estratégia utilizada
- Prioridades táticas
- Correção na execução das ações (técnica)
- Controle do tempo
- Pessoal de reforço
- Recursos adequados
- Segurança
- Controle operacional
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4. PLANO DE EMERGÊNCIA
A ABNT, por meio da NBR 15.219/2005, estabelece as condições mínimas para a elaboração,
implantação, manutenção e revisão de um Plano de Emergência Contra Incêndio, visando proteger
a vida e o patrimônio, bem como reduzir as consequências sociais do sinistro e os danos ao meio
ambiente.
4.1 DEFINIÇÕES
- Emergência: Situação crítica ou fortuita que representa perigo à vida, ao meio ambiente e
ao patrimônio, gerando um dano continuado que obriga uma imediata intervenção operacional.
- Plano de emergência contra incêndio: Plano estabelecido em função dos riscos da empresa,
para definir a melhor utilização dos recursos materiais e humanos em situação de emergência.
- Risco médio: planta com carga incêndio de 300 MJ/m² a 1200 MJ/m².
4.2 REQUISITOS
O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado para toda e qualquer planta com
exceção das edificações residenciais unifamiliares.
O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado por escrito por profissional habilitado,
levando – se em conta os seguintes aspectos:
Após o levantamento dos aspectos o profissional habilitado deve realizar uma análise de risco da
planta com o objetivo de minimizar e/ou eliminar todos os riscos existentes.
NOTA: as técnicas de análise de riscos incluem, mas não estão limitadas as seguintes técnicas:
what if, checkilist, hazop, árvore de falhas, diagrama lógicos de falhas.
Deve ser prevista a interface do plano de emergência contra incêndio com outros planos da planta,
por exemplo: explorações, inundações, atentados, vazamentos etc.
O plano de emergências contra incêndios deve ser referendado por escrito pelo responsável da
ocupação planta.
Para a implantação do plano de emergência contra incêndio devem ser atendidos os seguintes
requisitos: divulgação e treinamentos, exercícios simulados e procedimentos básicos nas
emergências:
a) Divulgação e treinamento
O plano de emergência contra incêndio deve ser divulgado por meio de uma preleção e de uma
manual básico que deve ser distribuído aos ocupantes da planta, de forma a garantir que todos
tenham conhecimentos dos procedimentos a serem executados em caso de emergência.
Os visitantes devem ser informados formalmente sobre o plano de emergência contra incêndio da
planta por meio de panfletos, vídeos e/ou palestras.
O plano de emergência contra incêndio deve fazer parte dos treinamentos de formação,
treinamentos periódicos e reuniões ordinárias dos membros da brigada de incêndio, dos bombeiros
profissionais civis, do grupo de apoio etc.
Uma cópia do plano de emergências deve estar disponível para consulta em situações de
emergências para os profissionais qualificados em local de permanência humana constante (por
exemplo: portaria, sala de segurança etc.).
A representação gráfica contida no plano de emergência contra incêndio, com destaque para as
rotas de fuga e saídas de emergência, deve estar fixada na entrada principal e em locais
estratégicos de cada edificação de forma a divulgar o plano e facilitar o seu entendimento.
b) Exercícios simulados
NOTA: Os exercícios simulados devem ser programados com ou sem comunicação prévia para a
população.
- Alerta
Identificada uma situação de emergência qualquer pessoa pelos meios de comunicação disponíveis
ou alarmes, alertar os ocupantes, os brigadistas, os bombeiros profissionais civis e o apoio externo.
Este alerta pode ser executado automaticamente em edificações que possuem sistema de
detecção de incêndio.
- Análise da situação
Após o alerta, deve ser analisada a situação, desde o inicio até o final da emergência e
desencadeados os procedimentos necessários, que podem ser priorizados ou realizados
simultaneamente, de acordo com os recursos matérias e humanos, disponíveis no local.
- Apoio externo
O corpo de bombeiros e/ou outros órgãos locais devem ser acionados i mediatamente,
preferencialmente por uma brigadista, e informados do seguinte:
O corpo de bombeiros e/ou outros órgãos, quando da sua chegada ao local, devem ser
recepcionados preferencialmente por uma brigadista, que deve fornecer as informações
necessárias para otimizar sua entrada e seus procedimentos operacionais.
- Primeiros Socorros
Eliminar os riscos por meio do corte das fontes de energia (por exemplo: elétrica etc.) e do
fechamento das válvulas das tubulações (por exemplo: GLP, oxiacetileno, gases, produtos
perigosos etc.), quando possível e necessário, da área sinistrada atingida ou geral.
- Abandono de áreas
Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme comunicação pré-
estabelecida, conduzindo a população fixa e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo
até a definição final da emergência. O plano deve contemplar ações de abandono para portadores
de deficiência física permanente ou temporária, bem como as pessoas que necessitem de auxílio
(por exemplo: idosos, gestantes etc.).
- Isolamento da área
Isolar fisicamente a área sinistrada, de modo a garantir os trabalhos de emergências e evitar que
pessoas não autorizadas adentrem ao local.
- Confinamento do incêndio
- Combate ao incêndio
- Investigação
Devem ser realizadas reuniões com o coordenador geral da brigada de Incêndio, os chefes da
Brigada de Incêndio, um representante dos bombeiros profissionais civis e um representante do
grupo de apoio, com registro em ata e envio às áreas competentes para as providências
pertinentes.
Devem ser realizadas reuniões extraordinárias para análise da situação sempre que:
31
- Ocorrer um exercício simulado;
- Ocorrer um sinistro;
- For identificado um risco iminente;
- Ocorrer uma alteração significativa dos processos industriais ou de serviços, de área ou
leiaute;
- Houver a previsão de execução de serviços que possam gerar algum risco.
O plano de emergência contra incêndio deve ser revisado por profissional habilitado sempre que:
- Ocorrer uma alteração significativa nos processos industriais, processos de serviços, de área
ou leiaute;
- For constatada a possibilidade de melhoria do plano;
- Completar 12 messes de sua última revisão.
Um profissional habilitado deve realizar uma auditoria do plano e cada 12 meses, preferencialmente
antes da sua revisão. Nesta auditoria deve-se avaliar se o plano está sendo cumprido em
conformidade com esta Norma, bem como verificar se os riscos encontrados na análise de risco
elaborada pelo profissional habilitado foram minimizados ou eliminados.
32
Fluxograma de procedimentos de emergência contra incêndio
33
Modelo de plano de emergência contra incêndio
Descrição da planta
- Dimensões: indicar área total construída e de cada uma das edificações, altura de cada
edificação, número de andares, se há subsolos, garagens e outros detalhes.
- Ocupação: indicar o tipo de ocupação de acordo com a tabela 1 da ABNT NBR 14276:1999.
- Riscos específicos inerentes a atividades: detalhar todos os riscos existentes (por exemplos:
cabine primária, caldeira, equipamentos, cabine de pintura etc.).
Os procedimentos descritos em B.2.1 a B.2.10 estão relacionados numa ordem lógica e devem ser
executados conforme a disponibilidade do pessoal e com prioridade ao atendimento de vítimas.
- Alerta: Deve contemplar como será dado o alerta em caso de incêndio (por exemplo: através
de alarme, telefone ou outro meio) e como os membros da Brigada e a população da Brigada e a
população em geral serão avisados sobre o alerta.
34
PREVENÇÃO E
COMBATE A
1. TEORIA DO FOGO
INCÊNDIO
Para prevenir e combater incêndios de modo eficiente é necessário entender o “funcionamento do
incêndio”. As bases teóricas sobre como ocorrem e como se comportam o fogo e o incêndio são
indispensáveis para podermos entender e dominar as técnicas de combate e prevenção.
Inicialmente convém diferenciar incêndio de fogo. Incêndio não é sinônimo de fogo, ou então, em
cada churrasqueira, teríamos um incêndio. Então qual é a diferença? O que difere as chamas em
uma churrasqueira das chamas em um incêndio é o controle sobre elas. Na churrasqueira o fogo
está controlado, em um incêndio não. Assim, podemos definir incêndio como fogo fora de controle.
Sabe-se que há muito o homem faz uso do fogo, no entanto, apenas em tempos mais recentes
começamos a entender a dinâmica do fogo, que também é chamado de combustão. Arquimedes
já havia escrito sobre o fogo na Grécia antiga, mas apenas no Séc. XVIII, o cientista francês,
Antoine Lawrence Lavoisier, descobriu as bases científicas do fogo.
A principal experiência que lançou os fundamentos da ciência do fogo consistiu em colocar uma
certa quantidade de mercúrio (Hg - o único metal que normalmente já é líquido) dentro de um
recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a 300ºC, ao observar o interior do
frasco, Lavoisier encontrou um pó vermelho que pesava mais que o líquido original. O cientista
notou, ainda, que a quantidade de ar que havia no recipiente havia diminuído em 20%, e que o ar
restante no recipiente possuía o poder de apagar qualquer chama e matar. Lavoisier concluiu que
o mercúrio, ao se aquecer, “absorveu” a parte do ar que nos permite respirar (essa mesma parte
que faz um combustível queimar: o oxigênio). Os 80% restantes eram nitrogênio (gás que não
queima), e o pó vermelho era o óxido de mercúrio. Houve o consumo de oxigênio (pela alteração
nas propriedades do ar) e a formação de nova substância (o pó vermelho). Lavoisier estudava a
conservação de massas em uma reação, mas, de seu experimento foi possível entender que, com
o aquecimento, ocorreu uma reação química entre mercúrio e ar.
Mesmo com os estudos modernos, ainda não se conseguiu elaborar uma definição universal,
completa e definitiva do que seja fogo, entretanto mesmo sem conseguir defini-lo, é possível
explicá-lo.
A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material combustível reage com um
oxidante, chamado de comburente e que normalmente é o oxigênio, produzindo energia na forma
de calor e, muitas vezes, luz. Essa reação depende de uma energia de ativação para que se
inicie e, após iniciada, prossegue de forma autossustentável.
É fácil entender porque são necessários combustível e comburente. A energia de ativação requer
uma explanação mais detalhada de porque ela é necessária.
Na prática é fácil entender que os combustíveis não reagem automaticamente com o oxigênio, via
de regra. Vemos madeira, papel, tecido e até álcool em contato com o ar sem que queimem. Mas
se aproximarmos uma chama, a reação pode começar rapidamente.
O que ocorre é que as moléculas dos combustíveis estão estáveis e não reagirão com o oxigênio.
É necessário forçá-las a sair de seu estado. Quando aquecemos um corpo, aumentamos a vibração
das moléculas e, com isso, muitas conseguem se desprender deixando sua situação estável e
passando a estar ávidas por reagirem para estar novamente estáveis e então reagem com o
oxigênio começando a queima. Essas moléculas que se desprendem de um combustível é que
reagem com o oxigênio e não as que permanecem no corpo. Essa “quebra” do combustível em
partes menores é chamada de termólise (quebra pela temperatura) ou pirólise (quebra pelo fogo)
e, pelo fato dessa “quebra” ser necessária é que a energia de ativação é um requisito para que se
inicie a combustão, pois é essa energia que produz a quebra para que ocorra a reação.
Depois que a combustão se inicia, a fonte inicial de energia pode ser retirada. Depois de
acendermos uma fogueira, podemos apagar o fósforo que a acendeu. Por quê? Isso ocorre pelo
fato de que, uma vez iniciada, surge a reação em cadeia, ou seja, a queima das moléculas que se
desprendem gera calor suficiente para quebrar o combustível e desprender mais moléculas em
quantidade suficiente para continuar a reagir com o oxigênio, gerando mais calor e assim por diante.
Daí dizer-se que a combustão é uma reação autossustentável, pois ela, uma vez iniciada, produz
a energia necessária para que continue ocorrendo.
Assim, uma vez iniciada a reação, além dos três requisitos do triângulo do fogo, a reação em cadeia
deve ser acrescida como elemento da combustão. Disso surge a representação dos elementos da
combustão pelo TETRAEDRO DO FOGO.
36
TETRAEDRO DO FOGO
O Tetraedro foi escolhido ao invés de um quadrilátero pelo fato de que no tetraedro, cada um dos
lados (faces) está ligado a todos os outros, assim como os elementos da combustão.
Embora na maioria dos manuais em que o tetraedro apareça o triângulo do fogo tenha
desaparecido, entendemos que ele ainda é útil. A teoria do tetraedro não suplanta a triângulo.
Enquanto que o Tetraedro representa os elementos da combustão, o Triângulo representa seus
requisitos.
Resumindo: para que a combustão inicie-se (requisitos) são necessários 3 componentes: calor,
comburente e combustível (triângulo do fogo). Quando ela surge, podemos constatar a presença
de 4 componentes (elementos): os três anteriores acrescidos da reação em cadeia.
37
1.1 CALOR
O calor, antigamente conhecido como agente ígneo, é o componente energético do tetraedro do
fogo e será o elemento responsável pelo início da combustão.
Tradicionalmente o calor é apresentado como “Forma de energia que eleva a temperatura, gerada
da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico. “ 1
Diz-se ainda dele que “pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é,
movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas estão
constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade da vibração das
moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura) também aumenta”.
Quanto mais se aquece um corpo, mas as moléculas vibram.
Calor, tecnicamente falando, é energia em trânsito. Quando um sistema troca energia térmica com
outro sistema, por exemplo, dois objetos em temperaturas diferentes em contato, o calor se
manifesta na transferência dessa energia.
O calor (energia térmica) é, na verdade, energia cinética, haja vista que se trata da energia de
movimentação das moléculas. Essa energia é transferida sempre de um corpo de maior
temperatura para o de menor temperatura, até existir equilíbrio térmico. Unidades de medida:
Caloria (Cal), BTU (British Thermal Unit – unidade térmica britânica), Joule (J).
Por sua vez, temperatura é uma grandeza primitiva e, por essa razão, não pode ser definida. Em
termos práticos, podemos considerar a Temperatura de um corpo como sendo a medida do grau
de agitação de suas moléculas. Esse grau de agitação é medido nas Escalas: Celsius ( oC), Kelvin
(K), Fahrenheit ( oF) e Rankine (R)
38
Importante não confundir CALOR com CHAMA. Uma fonte de calor pode ser qualquer elemento
que faça com que o combustível sólido ou líquido desprenda gases combustíveis e venha a se
inflamar. Não necessariamente uma chama. Pode ser uma superfície aquecida, uma faísca
(proveniente de atrito), fagulha (pequena sobra de material incandescente), centelha (de arco
elétrico)
Efeitos do Calor
O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos
fisiológicos nos seres vivos. Em consequência do aumento de intensidade do calor, os corpos
apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois químicas.
Por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este, inicialmente, aumenta sua temperatura e,
a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a forma,
até atingir o seu ponto de fusão, quando se transforma de sólido em líquido. Sendo ainda aquecido,
gaseifica-se e queima em contato com o oxigênio, transformando-se em outra substância.
Elevação da temperatura
Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de
calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor,
como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor, o amianto era utilizado na confecção
de materiais de combate a incêndio, como roupas, capas e luvas de proteção ao calor (o amianto
vem sendo substituído por outros materiais, por apresentar características cancerígenas).
Aumento de volume
Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentação,
enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42 mm, provocando
danos estruturais.
Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos água
em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida e desigual, o que lhe causa
rompimentos e danos. Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso,
isto é, há o surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais se
sustente. Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas comuns de
desabamentos de estruturas.
A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, provocando transbordamento
de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc.
A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas, pois, ao
serem aquecidos até 273 ºC, os gases duplicam de volume; a 546 ºC o seu volume é triplicado, e
assim sucessivamente.
39
Sob a ação de calor, os gases liquefeitos comprimidos aumentam a pressão no interior dos vasos
que os contêm, pois não têm para onde se expandir. Se o aumento de temperatura não cessar, ou
se não houver dispositivos de segurança que permitam escape dos gases, pode ocorrer uma
explosão, provocada pela ruptura das paredes do vaso e pela violenta expansão dos gases. Os
vapores de líquidos (inflamáveis ou não) se comportam como os gases.
Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns sólidos transformam-
se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases (gaseificação) e há sólidos que se
transformam diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que
haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria.
No gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e
maior espaçamento, transformando um sólido (gelo) em um líquido (água).
Efeitos fisiológicos
O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo
calor incluem desidratação, intermação, fadiga e problemas para o aparelho respiratório, além de
queimaduras (1º, 2º e 3º graus), que nos casos mais graves podem levar até a morte.
O esforço físico em ambiente de elevada temperatura provoca um desgaste muito grande. O ritmo
cardio-respiratório rapidamente se eleva muito. Ocorre também grande perda de líquidos pela
transpiração o que gera desidratação e auxilia a causar exaustão.
Por vezes o mecanismo corporal de regulação térmica, na tentativa de manter normal a temperatura
do organismo, não suporta a sobrecarga e falha. Então, ocorre algo similar à insolação (falha do
mecanismo de regulação térmica provocada pela longa exposição ao sol). Ocorre a intermação,
que é a falha do mecanismo de regulação térmica provocada pela sobrecarga do mecanismo de
regulação térmica decorrente de longa exposição a altas temperaturas. Com a falha do sistema de
“arrefecimento” corporal, a temperatura do corpo pode subir perigosamente e acarretar na morte
da pessoa.
As queimaduras de vias aéreas superiores também são letais. Respirar fumaça e gases
40
superaquecidos pode queimar a mucosa das vias aéreas superiores causando inchaço e obstrução,
o que causa a morte por asfixia.
Transmissão do Calor
O calor de objetos com maior temperatura é transferido para aqueles com temperatura mais baixa,
levando ao equilíbrio térmico e causando o surgimento do fogo nos materiais que necessitem de
uma quantidade menor de calor, do que aquela que está sendo transferida.
A transferência de calor de um corpo para outro ou entre áreas diferentes de um mesmo corpo será
influenciada:
• Pelo tipo de material combustível que está sendo aquecido;
• Pela capacidade do material combustível de reter calor; e
• Pela distância da fonte de calor até o material combustível.
O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção e irradiação. Como
tudo na natureza tende ao equilíbrio, A energia é transferida de objetos com mais energia para
aqueles com menos energia. O mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a
mesma quantidade de energia do outro, o que não significa uma média aritmética de temperaturas,
pois a quantidade de energia considera, além da temperatura, fatores como capacidade térmica e
massa de cada corpo.
CONDUÇÃO
É a transmissão de calor que ocorre através de molécula para molécula, através do movimento
vibratório das moléculas, transmitindo energia para todo o corpo. Quando dois ou mais corpos
estiverem em contato, o calor é transmitido através deles como se fosse um só corpo.
41
CONVECÇÃO
O aquecimento de parte de um fluído altera sua densidade que fica menor, pois aumenta o espaço
entre as moléculas. Quando a densidade é alterada, a parte menos densa (“mais leve”) sobe e se
afasta da fonte de calor. Isso gera uma baixa pressão próximo à fonte de calor, assim, mais fluído
vai em direção à fonte de calor – para o espaço não ficar vazio – e absorve mais calor também se
deslocando. Quando o fluído se desloca, ele leva com ele o calor propagando-o.
Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro do
próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos
densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se
expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos
níveis mais baixos. Em incêndios em edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor
para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas,
42
poços de elevadores, etc.
As massas de ar que se deslocam do local do fogo levam calor suficiente para aumentar a
temperatura em outros locais, podendo incendiar corpos combustíveis, com os quais entrem em
contato.
IRRADIAÇÃO
É a transmissão de calor por meio de ondas eletromagnéticas e raios que se propagam através do
espaço vazio, não necessitando de continuidade molecular entre a fonte e o corpo que recebe o
calor.
São atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte
de calor. Isso deve ao fato de que as moléculas do ar absorvem parte do calor irradiado fazendo
com que a propagação perca força com a distância.
Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para outro mais frio até que ambos
tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte
que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios.
43
Abaixo, uma figura ilustrativa das diferentes formas de propagação de calor.
1.2 COMBUSTÍVEL
É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão, ou seja, capaz de reagir com o
oxigênio. É o elemento que serve de campo de propagação para o fogo.
Os materiais combustíveis maus condutores de calor, madeira e papel, por exemplo, queimam com
mais facilidade que os materiais bons condutores de calor – como os metais. Esse fato se deve à
acumulação de calor em uma pequena zona, no caso dos materiais maus condutores, fazendo com
que a temperatura local se eleve mais facilmente, já nos bons condutores, o calor é distribuído por
todo material, fazendo com que a temperatura se eleve mais lentamente.
A grande maioria dos combustíveis precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com
o oxigênio, uma vez que não são as moléculas presas no corpo do material que reagirão com o
oxigênio, mas sim as que estiverem livres. A inflamabilidade um combustível depende da facilidade
com que libera moléculas (vapores), da afinidade dessas moléculas para combinarem com oxigênio
sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).
Como os combustíveis são o campo de propagação das chamas, a forma como estão dispostos
também afeta o desenvolvimento e a velocidade com que um incêndio se propaga.
Outro ponto sobre os combustíveis é a diferença entre combustível e inflamável. Apesar de todo
material inflamável ser combustível, nem todo combustível é inflamável. Ser combustível significa
ser capaz de reagir com o oxigênio diante de uma quantidade de energia, o que faz com que a
maioria dos materiais seja considerada combustível. Ser inflamável significa ser capaz, à
temperatura ambiente (20o C) liberar vapores em quantidade capaz de sustentar uma combustão,
ou seja, são inflamáveis os materiais que, à temperatura ambiente, estão acima do ponto de
combustão (conceito que será tratado mais adiante).
De modo simples, nesse ponto de nosso estudo, podemos dizer que inflamáveis são os materiais
que “pegam fogo” facilmente e combustíveis são os que conseguem queimar.
44
Em alguns manuais, combustíveis são considerados os materiais que queimam abaixo de
determinada temperatura (normalmente consideram 1000oC). Isso deixa muitos materiais de fora
da lista de combustíveis. Esse posicionamento não nos parece o mais apropriada quando
estudamos incêndios estruturais, haja vista que um incêndio urbano comum em um cômodo
ordinário, facilmente atinge mais de 1000oC.
Combustíveis Sólidos
Os combustíveis sólidos, ao contrário do que pode parecer, via de regra não queimam diretamente
no estado sólido. Para que possa ocorrer a combustão é necessário que
Moléculas se desprendam e fiquem disponíveis para reagir com o oxigênio. A energia de ativação,
o calor, é que “quebra” o combustível liberando
moléculas que se desprendem sob a forma de
vapor. Esse processo de queima é chamado de
pirólise ou termólise.
Instantaneamente, como uma “explosão”. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material,
quanto maior for a relação superfície/massa, maior será a velocidade da combustão.
Pós de material orgânico e de alguns metais estão sujeitos à combustão instantânea ou “explosão”,
quando em suspensão no ar, portanto seu mecanismo não é a pirólise. Os pós em suspensão no
ar comportam-se praticamente como os gases no que diz respeito à combustão. Isso se deve à
grande relação superfície massa. (Ver figura ao lado)
Outra característica dos sólidos combustíveis é que sua estrutura molecular permite a queima no
interior do corpo, assim os sólidos queimam em superfície e em profundidade. Além disso, os
sólidos podem apresentar um estado de queima no qual não há chamas, mas apenas
incandescência do combustível em queima (brasas).
Observa-se ainda que os sólidos, ao queimarem, deixam resíduos. Nem toda a matéria de um corpo
sólido está apta a queimar ou consegue queimar. A queima de sólidos também é marcada pelas
cinzas que ficam como resíduo da queima.
46
Combustíveis sólidos especiais
Algumas substâncias sólidas apresentam riscos especiais de incêndio, quando em contato com a
água, ou ar, ou pela sua constituição química. São elas:
• Metais reativos com a água - Necessitam de maior atenção, pois além de queimarem
liberando muita energia, reagem com a água “quebrando-a”. A quebra da água libera oxigênio,
que reage com o material intensificando a combustão, e hidrogênio, que é altamente combustível.
• Quando em contato com a água, uma vez que a quantidade de calor liberado é considerável.
Exemplos: sódio, pó de alumínio, cálcio, hidreto de sódio, soda cáustica, potássio, etc.
• Materiais reativos com o ar - Necessitam de maior atenção quando em contato com o ar,
pois liberam grande quantidade de calor. Exemplo: carvão vegetal, fósforo branco, fósforo
vermelho, etc.
• Halogênios - São materiais que apresentam risco de explosão, quando misturados a outros
materiais. Exemplo: flúor, cloro, bromo, iodo e astatínio.
Combustíveis Líquidos
Nos líquidos, as moléculas não ficam tão bem “presas” umas às outras como nos sólidos. Por isso
o líquido não tem forma definida. Como as ligações são mais fracas entre as moléculas, elas podem
se movimentar dentro do corpo líquido sofrendo, inclusive, a ação da gravidade. Por isso os líquidos
escorrem o quanto podem para as partes mais baixas dos recipientes que os contém.
Diferentemente dos sólidos, os combustíveis líquidos não sofrem decomposição térmica, mas um
fenômeno chamado vaporização. As moléculas dos líquidos estão menos unidas que as dos sólidos
(ligações intermoleculares mais fracas), por isso, não precisam ser decompostas para liberar
vapores passíveis de queima. As próprias moléculas do líquido desprendem-se e “saem” na forma
de vapores.
Os vapores em contato com o oxigênio do ar, formam a mistura inflamável. Essa mistura na
presença de uma fonte de calor (energia de ativação) se inflama.
A taxa de evaporação dos líquidos é diretamente proporcional ao seu aquecimento, sendo uma
propriedade intrínseca do líquido, que permite determinar os seus pontos de fulgor e combustão.
47
Nos combustíveis líquidos, quando se avalia seus riscos de incêndio, normalmente faz-se uma
divisão entre líquidos inflamáveis e líquidos combustíveis:
• Líquido inflamável
Incendeiam-se com grande rapidez. Na temperatura ambiente (20º-30º C) liberam vapores em
quantidade suficiente para sustentar a queima.
Ex.: gasolina, álcool (etanol)
• Líquido combustível
Na temperatura ambiente não são capazes de liberar vapores em quantidade suficiente para
sustentar uma chama. Precisam ser aquecidos para queimar.
Ex.: óleo diesel, graxa.
Combustíveis Gasosos
O aumento de temperatura aumenta a movimentação das moléculas dos gases, fazendo com que
as ligações entre elas praticamente deixem de existir, facilitando a combinação do gás com o
oxigênio, permitindo que os gases (gás inflamável e oxigênio) cheguem à concentração ideal para
a formação da mistura inflamável/explosiva.
Exemplos de gases combustíveis são os derivados de petróleo: metano, propano, GLP (propano +
butano), Gás Natural, Outros gases combustíveis mais conhecidos que não derivam do petróleo
são: hidrogênio, o monóxido de carbono, amônia, dissulfeto de carbono.
Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que
estão contidos.
Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é
maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do vento, obedecendo
aos contornos do terreno.
___________________________________
2 Gás e vapor possuem definições diferentes. Os vapores se liquefazem ao serem comprimidos e os gases não. Apesar disso, pelo
comportamento idêntico no que tange à combustão, gases e vapores serão tratados como se fossem a mesma coisa e, vez por
outra, tomaremos um pelo outro durante o texto.
48
Os gases não precisam ser decompostos ou liberar moléculas que reajam com o oxigênio. Como
as moléculas dos gases estão soltas umas das outras, elas já podem combinar com o oxigênio, ou
seja, os gases não precisa sofrer transformação, precisando de muito pouco calor para queimar.
Como os gases combustíveis não precisam liberar vapores, pois suas moléculas já se encontram
no estado adequado para a reação com o oxigênio, por esse motivo, os gases ao queimarem, o
fazem quase que instantaneamente. Em frações de segundo toda a massa (nuvem) de gás queima-
se de modo que vulgarmente se considera explosão3 a queima de uma nuvem de gás.
Isso não significa que os gases queimam automaticamente. Para que haja a reação com o oxigênio
eles precisam estar na concentração adequada com o oxigênio. Precisam estar misturados com o
ar em proporções adequadas.
Para cada gás (ou vapor ou sólido/líquido em suspensão) há uma faixa de concentração com o ar
na qual pode ocorrer a queima.
AR Fonte Ígnea
Mistura
Gás Combustível Combustão
Explosiva
Figura: Mecanismo de ignição do combustível gasoso.
MISTURA INFLAMÁVEL
A máxima proporção de gás ou vapor no ar que torna a mistura explosiva é denominada limite
superior de explosividade – LSE, e a mínima proporção é denominada limite inferior de
explosividade – LIE.
Existe uma faixa limitada pelo LIE e LSE na qual ocorre a combustão da mistura inflamável. Só
ocorre a queima dos gases/vapores caso estejam em mistura com o ar dentro dessa faixa entre os
limites inferior e superior. Veja alguns exemplos de gases e vapores de líquidos, com seus
respectivos limites de inflamabilidade.
3
Na verdade, trata-se de uma pseudoexplosão.
49
Tabela: Mistura explosiva de alguns gases e líquidos.
1.3 COMBURENTE
É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o
oxigênio desempenhe esse papel.
Como respiramos oxigênio, a intensidade da combustão pode servir de indicativo para sabermos a
concentração deste gás no ambiente de incêndio.
Ar atmosférico 21 % Normal
Respiração do ser humano 16% Mínimo
14% - 21% => chamas
Combustão
07% - 14% => brasas
Segundo as informações acima, o fato de não haver chama em um ambiente confinado, mas tão
somente brasas, não significa que o ambiente esteja seguro ou que o incêndio nele esteja
controlado. Bastará a entrada de oxigênio para que a combustão se restabeleça e isso acontece,
por vezes, de forma súbita e violenta.
Outra razão para monitorar a concentração de oxigênio em um ambiente é que, se houver uma
saturação de O2 no ambiente, materiais que não se inflamariam podem vir a fazê-lo. Como exemplo
disso temos o Nomex4 que não se inflama em condições normais, mas que, em atmosferas com
concentração de O2 igual ou superior a 31%, queima facilmente.
Cômodos com essas características podem ser comumente encontrados em ambientes sinistrados
industriais ou hospitalares. Há ainda chance de isso poder ocorrer onde se usa solda de oxi-
acetileno ou oxi-GLP ou ainda em ambientes residenciais onde moradores fazem uso clínico de
oxigênio.
4“Não tecido” criado pela Dupont que resiste às chamas e é base para as capas de bombeiro
51
1.4 REAÇÃO EM CADEIA
A reação em cadeia como elemento da combustão foi descoberta quando se estudava a alta
capacidade de extinção do PQS em altíssimas temperaturas.
Anteriormente acreditava-se que o PQS era bom agente extintor pela presença de CO2 em sua
fórmula (bicarbonato), entretanto, verificou-se que em temperaturas acima de 1000o C o PQS era
mais efetivo que o seu peso em CO2.
A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o
combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e
queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.
O fenômeno químico do fogo é uma reação que se processa em cadeia. Após seu início, a
combustão é mantida pelo calor produzido durante o processamento da reação. A reação produz
calor e é exatamente o que ela precisa para ocorrer.
Para exemplificar este processo, vamos analisar o processo de combustão do Hidrogênio no ar:
1ª fase: Duas moléculas de hidrogênio reagem com uma molécula de oxigênio, ativadas
por uma fonte de energia térmica, produzindo 4 radicais ativos de hidrogênio e 2 radicais
ativos de oxigênio;
3ª fase: Cada radical ativo de oxigênio reage com uma molécula de hidrogênio,
produzindo outro radical ativo de oxidrila mais outro radical ativo de hidrogênio;
4ª fase: Cada radical ativo de oxidrila reage com uma molécula de hidrogênio,
produzindo o produto final estável – água e mais um radical ativo de hidrogênio.
52
1.5 PONTOS DE TEMPERATURA
Após as considerações acerca dos combustíveis, calor, reação em cadeia e mistura inflamável,
podemos tratar de um assunto de grande relevância para se entender a dinâmica do fogo e do
incêndio: os pontos notáveis de temperatura.
Os combustíveis são transformados pelo calor, e a partir desta transformação, é que combinam
com o oxigênio, resultando na combustão. Essa transformação desenvolve-se em temperaturas
diferentes, à medida que o material vai sendo aquecido.
Quando um material é aquecido, suas moléculas vibram mais. Vibrando mais, mais delas escapam
do material (em se tratando de sólidos e líquidos). Essas moléculas escapando são vapores
combustíveis e são elas na verdade que queimam, pois são elas que reagem com o oxigênio do ar
e não as moléculas no corpo do material.
Em sólidos e líquidos, sempre há a liberação de moléculas. Isso é comprovado pelo cheiro que
sentimos dos materiais, que nada mais é do que a captação de moléculas em suspensão no ar pelo
nosso aparelho olfativo.
Ocorre que, à medida que um material é aquecido, pelo aumento de vibração, mais moléculas se
desprendem, ou seja, mais vapores são liberados e o efeito dessa liberação de vapores é diferente
a partir de três temperaturas. Chamamos essas temperaturas de Pontos de Temperatura ou Pontos
Notáveis de Temperatura.
Os pontos notáveis são temperaturas mínimas nas quais
podemos observar determinados efeitos relacionados
aos vapores liberados.
Com o aquecimento de um material, chega-se a uma
temperatura em que o material liberara vapores em
quantidade tal que se incendeiam se houver uma fonte
externa de calor, mas a queima não se mantém se a
chama externa for retirada. Neste ponto, chamado de
"Ponto de Fulgor", as chamas não se mantêm, devido
à pequena quantidade de vapores liberados. Esses
vapores são capazes apenas de alimentar uma
combustão já existente.
Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma
temperatura em que há uma liberação de vapores do
material tal que, ao entrarem em contato com uma fonte
externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a
queimar mesmo retirada a fonte externa. Esse ponto é chamado de “Ponto de Combustão”. Esse
é o ponto onde se atinge a reação em cadeia, ou seja, o calor da queima dos
Vapores liberados é suficiente para causar a liberação de mais vapor em quantidade capaz de
sustentar a combustão.
Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual os vapores liberados pelo combustível
estão em quantidade tal que, exposto ao ar, entram em combustão sem que haja fonte externa de
calor, tanta é a energia que apresentam. Esse ponto é chamado de “Ponto de Ignição” ou “ponto
de autoignição” ou “ponto de autoinflamação”.
Assim, cada ponto notável é a temperatura mínima na qual um material libera vapores em
quantidade tal que ocorra um dos efeitos citados.
53
1.6 TIPOS DE COMBUSTÃO
O fogo geralmente envolve a liberação de luz e calor em quantidades suficientes para ser
perceptível. Mas nem sempre existirá luz em uma chama. Um exemplo dessa exceção é a queima
do hidrogênio, que produz apenas vapor d’água por meio da sua reação química com o oxigênio.
O fogo pode se apresentar fisicamente de duas maneiras diferentes, as quais podem aparecer de
forma isolada ou conjunta, sendo como chama ou como brasas.
Essas apresentações físicas do fogo geralmente são determinadas pelo combustível. Se for gasoso
ou líquido sempre terá a forma de chamas. Se for sólido o fogo poderá se apresentar em chamas
e brasas ou somente em brasa. Os sólidos de origem orgânica quando submetidos ao calor,
destilam gases que queimam como chamas, restando o carbono que queima como brasa formando
o carvão. Alguns sólidos como a parafina e as gorduras se liquefazem e se transformam em
vapores, queimando unicamente como chamas, outros sólidos queimam diretamente
apresentando-se incandescentes, como os metais pirofóricos.
A combustão pode ser classificada, quanto à sua velocidade de reação, em viva ou lenta. Quanto
à formação de produtos da combustão, pode ser classificada como completa ou incompleta. Existe,
ainda, a combustão espontânea, que será abordada em separado, em função de suas
particularidades.
Combustão Incompleta
Esses átomos e moléculas instáveis resultantes da quebra molecular dos combustíveis continuarão
reagindo com as moléculas de oxigênio, decompondo-as e formando outras substâncias. Durante
todo esse processo, haverá produção de mais chamas e calor, o que exigirá uma interferência
externa para que a reação pare e as chamas sejam extintas.
Combustão Completa
Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão completa, o que significa dizer que
todas as moléculas do combustível reagiram completamente com as moléculas de oxigênio,
tornando seus produtos estáveis. Também chamada de combustão ideal.
É importante lembrar que combustão completa não é o mesmo que queima total. A queima total é
a situação na qual todo o material combustível presente no ambiente já foi atingido pela combustão,
enquanto que a combustão completa é a combinação perfeita entre o combustível e o oxigênio
fazendo com que todo o combustível reaja.
Combustão Viva
Combustão Lenta
• Combustíveis sólidos porosos, como fumos, carvão, ou, ainda, a espuma ou algodão de
colchões;
• Em combinação de combustíveis, como a mistura de tecidos com algodão ou polímeros,
como o caso de sofás; e
• Em locais de descarga de combustíveis sólidos já queimados, como o caso de lixões ou
carvoaria.
55
É importante não confundir combustão lenta com reação
lenta. Em uma reação lenta, ocorrerá uma deterioração
gradual e quase imperceptível do material, como o caso
da oxidação, não havendo liberação significativa de calor.
Um exemplo clássico de oxidação é o ferro em processo
de ferrugem. O oxigênio da atmosfera combina com as
propriedades do ferro e gradualmente, retira as
Ligações que mantêm os átomos de ferro juntos.
Entretanto, não há liberação de calor suficiente para classificá-lo como combustão.
Combustão Espontânea
Em todas as formas de combustão apresentadas até agora, fez-se referência à presença de uma
fonte externa de calor para dar início a um processo de queima. Entretanto, é importante abordar
um tipo de combustão, de rara ocorrência, que foge a essa regra e não necessita de uma fonte
externa de calor. É o caso da combustão espontânea.
A combustão espontânea é um processo de combustão que começa, geralmente, com uma lenta
oxidação do combustível exposto ao ar. Pode ocorrer com materiais como o fósforo branco,
amontoados de algodão ou em curtumes (tratamentos de peles de animais).
A taxa de liberação de energia pela reação química compete com a habilidade do combustível de
dissipar calor para o ar ambiente. Isso quer dizer que, se a reação não libera calor suficientemente
para o ambiente, sua temperatura irá aumentar e, consequentemente, a velocidade da reação
química também aumentará. Esse processo tanto pode resultar em uma combustão viva (uma
chama), quanto em uma combustão lenta (incandescência). Todo o processo pode levar horas ou
dias e necessita de um conjunto crítico de condições ambientais ou de aquecimento para ser viável.
Até a atualidade não há estudos conclusivos sobre como se processa esse tipo de combustão.
Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto de
ignição); outros entram em combustão à temperatura ambiente (20 ºC), como o fósforo branco.
Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera
calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combustão como, por exemplo, a adição
de água e sódio.
56
Explosão
Por exemplo, os explosivos, são materiais que queimam instantaneamente liberando um enorme
volume de gases. Os gases expandindo-se “formam” a explosão.
TIPOS DE CHAMA
As chamas podem ser de dois tipos, variando conforme o momento em que se dá a mistura entre
combustível e comburente. Podem elas ser:
1. Chamas difusas
2. Chamas de pré-mistura
As chamas de pré-mistura são aquelas em que o combustível e o comburente são misturados antes
da zona de queima. É o caso dos maçaricos, equipamentos de oxi- acetileno, bicos de bunsen, etc.
Nesses casos, a zona de queima não precisa estar envolta em ar, já que a queima ocorre com
oxigênio fornecido pelo equipamento e não pela atmosfera, daí se perceber que os maçaricos
queimam mesmo embaixo d’água.
As chamas de pré-mistura apresentam forte tendência a manterem seu formato e, quando bem
regulada a mistura combustível-comburente, apresentam uma combustão completa, praticamente
sem resto de gases.
As chamas difusas, as mais comuns, são as chamas em que os vapores combustíveis misturam-
se ao comburente, o oxigênio do ar, na zona de queima. São as chamas de uma fogueira, uma
vela, um fósforo, etc.
Nesse tipo de chama, há diferença na queima ao longo da chama, daí a diferença de coloração da
chama. O tom amarelado na ponta das chamas deve-se aos átomos de carbono que não
conseguiram queimar e que liberam energia excedente na forma de luz amarelada.
Nas chamas difusas, a oferta de oxigênio é melhor na base da chama. Por isso, se a ponta da
chama, rica em carbono, for perturbada, o carbono não consegue queimar e, com isso, aparece o
surgimento de uma fumaça preta. A coloração preta da fumaça é proveniente do carbono que não
queimou (fuligem) e é o que impregna as paredes e o teto.
Com estudos mais recentes, foram valorizadas outras três características da fumaça.
Verifica-se que ela é quente, móvel e inflamável, além das duas já conhecidas: opaca e tóxica.
• Quente
A combustão libera calor, transmitindo-o a outras áreas que ainda não foram atingidas. Como já
tratado na convecção, a fumaça será a grande responsável por propagar o calor ao atingir
pavimentos superiores quando se desloca (por meio de dutos, fossos e escadas) levando calor a
outros locais distantes do foco. A fumaça acumulada também propaga calor por radiação.
• Opaca
Os seus produtos, principalmente a fuligem, permanecem suspensos na massa gasosa,
dificultando a visibilidade tanto para bombeiros, quanto para as vítimas, o que exige técnicas de
entrada segura (como orientação e cabo guia) em ambientes que estejam inundados por fumaça.
• Móvel
É um fluido que está sofrendo uma convecção constante, movimentando-se em qualquer espaço
possível e podendo, como já dito, atingir diferentes ambientes por meio de fossos, dutos, aberturas
ou qualquer outro espaço que possa ocupar. Daí o cuidado que os bombeiros devem ter com
elevadores, sistemas de ventilação e escadas. Essa característica da fumaça também explica
porque ocorrem incêndios que atingem pavimentos não consecutivos em um incêndio estrutural.
• Inflamável
Por possuir em seu interior combustíveis (provenientes da degradação do combustível sólido do
foco e pela decomposição de materiais pelo calor) capazes de reagir com o oxigênio, a fumaça é
combustível e, como tal, pode queimar e até “explodir”. Não dar a devida atenção à fumaça ou
procurar combater apenas a fase sólida do foco ignorando essa característica é um erro ainda muito
comum. A fumaça é combustível e queima!
• Tóxica
Os seus produtos são asfixiantes e irritantes, prejudicando a respiração dos bombeiros e das
vítimas.
Em ambiente fechado, como um compartimento, a fumaça tende a subir e atingir o teto e espalhar-
se horizontalmente até ser limitada pelas paredes, acumulando-se nessa área. A partir daí a fumaça
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começará a descer para o piso.
Em todo esse processo, qualquer rota de saída pode fazer com que se movimente através desta,
podendo ser tanto por uma janela, quanto por um duto de ar condicionado, uma escada, ou mesmo
um fosso de elevador. Se não houver uma rota de escape eficiente, o incêndio fará com que a
fumaça desça para o piso, tomando todo o espaço e comprimindo o ar no interior do ambiente.
A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitos danosos ao organismo humano. Alguns
dos gases causam danos diretos aos tecidos dos pulmões e às suas funções. Outros gases não
provocam efeitos danosos diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e chegam
a outras partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar oxigênio.
• Natureza do combustível;
• Calor produzido;
• Temperatura dos gases liberados; e
• Concentração de oxigênio.
Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2),
dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido
clorídrico (HCl), metano (CH4) e amônia (NH3) e serão abordados a seguir.
Não apenas a toxicidade de um gás pode ser prejudicial, mas a inalação de ar e fumaça aquecidos
pode provocar queimaduras nas vias aéreas superiores, o que se constitui em um ferimento letal.
O monóxido de carbono (CO) é o produto da combustão que causa mais mortes em incêndios. É
um gás incolor e inodoro presente em todo incêndio, mas principalmente naqueles pouco
ventilados. Em geral, quanto mais incompleta a combustão, mais monóxido de carbono está sendo
produzido.
O perigo do monóxido de carbono reside na sua forte combinação com a hemoglobina, cuja função
é levar oxigênio às células do corpo. O ferro da hemoglobina do sangue se junta com o oxigênio
numa combinação química fraca, chamada de oxihemoglobina.
A concentração de monóxido de carbono no ar acima de 0,05% (500 partes por milhão) pode ser
perigosa. Quando a porcentagem passa de 1% (10.000 partes por milhão) pode acontecer perda
de consciência, sem que ocorram sintomas anteriores perceptíveis, podendo provocar convulsões
e a morte. Mesmo em baixas concentrações, o bombeiro não deve utilizar sinais e sintomas como
indicadores de segurança. Dor de cabeça, tontura, náusea, vômito e pele avermelhada pode
ocorrer em concentrações variadas, de acordo com fatores individuais.
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Dióxido de Carbono (CO2)
É um gás incolor e inodoro. Não é tão tóxico como o CO, mas também é muito produzido em
incêndios e a sua inalação, associada ao esforço físico, provoca um aumento da freqüência e da
intensidade da respiração. Concentrações de até 2% do gás aumentam em 50% o ritmo respiratório
do indivíduo. Se a concentração do gás na corrente sanguínea chegar a 10%, pode provocar a
morte.
O gás carbônico também forma com a hemoglobina a carboxihemoglobina, contudo, com uma
combinação mais fraca que a produzida pelo monóxido de carbono. Efeitos danosos ao organismo
decorrem da concentração de carboxihemoglobina no sangue. A alta concentração de
carboxihemoglobina produz privação de oxigênio, a qual afeta, principalmente, o coração e o
cérebro. Contudo, seu principal efeito é a asfixia mecânica, uma vez que, ao ser produzido e
liberado, ocupará o lugar do ar no ambiente reduzindo a concentração de O2. Os efeitos danosos
ao organismo, predominantemente, decorrem mais da ausência de oxigênio que da presença em
si do CO2.
Assim como o CO, também age sobre o ferro da hemoglobina do sangue, além de impedir a
produção de enzimas que atuam no processo da respiração, sendo, portanto, definido como o
produto mais tóxico presente na fumaça. Da mesma forma que o CO, pode produzir intoxicações
graves, caracterizadas por distúrbios neurológicos e depressão respiratória, até intoxicações
fulminantes, que provocam inconsciência, convulsões e óbitos em poucos segundos de exposição.
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Ácido Clorídrico
Forma-se a partir da combustão de materiais que contenham cloro em sua composição, como o
PVC. É um gás que causa irritações nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir
distúrbios de comportamento, disfunções respiratórias e infecções.
Acroleína
Amônia
Bombeiros contaminados por amônia devem receber tratamento intensivo, serem transportados
com urgência para um hospital, sem utilizar água nem oxigênio na prestação dos Primeiros
Socorros.
Óxidos de Nitrogênio
Uma grande variedade de óxidos, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio, podem
ser formados num incêndio. As suas formas mais comuns são o monóxido de dinitrogênio (N2O),
óxido de nitrogênio (NO), dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4).
O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito reativo com o oxigênio,
formando o dióxido de nitrogênio. Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela queima de
nitrato de celulose (filmes e papel fotográfico) e decomposição dos nitratos orgânicos. São bastante
irritantes, podendo em seguida, tornarem-se anestésicos e atacam o aparelho respiratório, onde
formam os ácidos nitroso e nítrico, quando em contato com a umidade da mucosa.
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2. MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO
Diante da teoria já exposta podemos extrair algumas conclusões práticas.
Sabendo os requisitos da combustão, para prevenir que ela ocorra, basta impedir que os requisitos
se combinem de maneira adequada. Por exemplo, a arrumação adequada dos materiais em um
depósito, observando-se distâncias de afastamento entre as pilhas não visa mera organização, mas
prevenção. Aceiros entre duas propriedades rurais também visam prevenir a propagação de um
incêndio pela interrupção do material combustível. O correto dimensionamento de instalações
elétricas visa impedir a produção de calor demasiada pelo efeito joule.
Uma vez instalada a combustão, conhecendo seus elementos, pode-se extingui-la agindo em um
deles. São os métodos de extinção do fogo.
É importante ter os métodos em mente, pois é muito comum que se pense apenas em “jogar água”
como forma de extinguir o fogo.
Há outras técnicas que se encaixam nesse método de atuação, pois há outras formas de atuar no
combustível que não apenas a retirada do que ainda está intacto. Ex.: fechamento de válvula ou
interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do
ambiente em chamas, realização de aceiro, etc.
Veja-se o exemplo de um incêndio urbano onde uma poltrona está em chamas na sala de uma
casa. Se apenas a poltrona está em chamas, retira-la do ambiente e colocá-la ao ar livre, apenas
isso, foi a extinção do incêndio, pois, ao ar livre, o fogo na poltrona está sob controle, não sendo
mais caracterizado como incêndio.
2.2 RESFRIAMENTO
É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está
queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis.
A água é o meio mais usado para resfriamento, por ter grande capacidade de absorver calor e ser
facilmente encontrada na natureza, além de outras propriedades que veremos adiante.
É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos
de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases
combustíveis.
2.3 ABAFAMENTO
Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo
comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como exceção estão os materiais
que têm oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio do ar, como os
peróxidos orgânicos e a pólvora.
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Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai
tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar abaixo de 7%, quando
não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas,
ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências
práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o
combustível.
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água,
espumas, pós, gases especiais etc.
Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a
área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Isso ocorre
porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre
quando há chamas visíveis.
Quando se descobriu a possibilidade de isso ocorrer (estudando o PQS, como visto no tópico
Reação em Cadeia) percebeu-se a existência de mais um método de atacar a combustão e,
consequentemente, foi necessário inserir mais um entre os elementos na teoria da combustão.
63
3. AGENTES EXTINTORES
Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira especifica sobre a combustão,
extinguindo o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já citados.
Os agentes extintores devem ser utilizados de forma criteriosa, observando a sua correta utilização
e o tipo de classe de incêndio, tentando-se, sempre que possível, minimizar os efeitos danosos do
próprio agente extintor sobre materiais e equipamentos não atingidos pelo incêndio.
Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo e um bom
rendimento operacional, os quais passaremos a estudar a seguir:
ÁGUA
A água atua na combustão principalmente por resfriamento, sendo a sua elevada eficiência de
arrefecimento resultante de grande capacidade de absorver calor.
A água só perde para o Hidrogênio e o Hélio em calor específico e, dentre os líquidos à temperatura
ambiente, é o que apresenta maior calor latente de vaporização.
A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as pequenas gotas de água
vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido e possuem área total de contato maior,
absorvendo mais rapidamente o calor da combustão.
Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por abafamento, podendo
paralelamente a este processo agir por emulsificação e por diluição, segundo a maneira como é
empregada.
Apesar de historicamente, por muitos anos, a água ter sido aplicada no combate a incêndio sob a
forma de jato pleno, hoje sabemos que a água apresenta um resultado melhor quando aplicada de
modo pulverizado, pois absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo consideravelmente
a temperatura do incêndio e, consequentemente, extinguindo-o.
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O efeito de abafamento é obtido em decorrência da água, quando transformada de líquido para
vapor, ter o seu volume, aumentado cerca de 1700 vezes (esse volume duplica a 450o C). Este
grande volume de vapor, desloca, ao se formar, igual volume de ar que envolve o fogo em suas
proximidades, portanto reduz o volume de ar (oxigênio) necessário ao sustento da combustão.
O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado de alta velocidade.
Dependendo do combustível, esse efeito só é conseguido por meio da adição de produtos à agua
(aditivos).
Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis viscosos, pois o
efeito de resfriamento que a água proporcionará na superfície de tais líquidos, impedirá a liberação
de seus vapores inflamáveis.
O efeito de diluição é obtido quando usamos água no combate a combustíveis nela solúveis,
tomando o cuidado para não derramar o combustível do seu reservatório antes da diluição
adequada do mesmo, o que provocaria uma propagação do incêndio.
PÓS QUÍMICOS
O pó químico é o agente extintor mais utilizado em extintores portáteis. Os pós químicos são
eficientes e como não se dispersam tanto na atmosfera como um gás, permitem atacar as chamas
de modo mais rápido e eficaz.
Os pós químicos são um grupo de agentes extintores de finíssimas partículas sólidas, e tem como
características não serem abrasivas, não serem tóxicas, mas que podem provocar asfixia se
inalados em excesso. Não conduzem corrente elétrica, porém, tem o inconveniente de contaminar
o ambiente sujando-o, podendo danificar inclusive equipamentos eletrônicos, assim sendo, deve-
se evitar sua utilização em ambientes que possuam estes equipamentos no seu interior. Ainda
apresenta o inconveniente de dificultar a visualização do ambiente enquanto está em suspensão.
Os Pós agem de imediato por abafamento, substituindo o O2 nas imediações do combustível, mas
também principalmente por extinção química interferindo na reação de combustão capturando
radicais livres. Essa atuação por quebra da reação em cadeia aumenta de eficiência em
temperaturas acima de 1000oC.
Os pós são classificados conforme a sua correspondência com as classes de incêndio que se
destinam a combater. Vejamos:
Pó BC – Nesta categoria está o tipo de pó mais comum e conhecido o PQS ou Pó Químico Seco.
Os extintores de PQS para classe B e C utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio,
bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, tratados com um estearato a fim de torná-los
antihigroscópicos e de fácil descarga.
Ao inverso dos outros, o pó ABC, apresenta considerável eficiência em fogos de Classe A, pois
quando aquecido se transforma em um resíduo fundido, aderindo à superfície do combustível e
isolando-o do comburente (abafamento).
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Pó D – usado especificamente na classe D de incêndio, sendo a sua composição variada, pois
cada metal pirofórico terá um agente especifico, tendo por base a grafita misturada com cloretos e
carbonetos. São também denominados de Pós Químicos Especiais ou PQEs.
GASES INERTES
Os gases inertes contêm, sobretudo, elementos químicos como o Argônio, Hélio, Neônio e dióxido
de carbono. Este tipo de agente extintor não é normalmente utilizado em extintores portáteis de
incêndio, mas sim em instalações fixas, para proteger, por exemplo, salas de computadores e
outros riscos semelhantes.
A sua eficiência é relativamente baixa pelo que geralmente são necessárias grandes quantidades
de gás para proteção de espaços relativamente pequenos, que devem ser estanques para não
permitir a dispersão do agente extintor para o exterior. Exemplos de agentes extintores constituídos
por gases inertes são os produtos conhecidos com os nomes comerciais “Inergen” e “Argonite”.
Como se trata de um gás inerte, tem a grande vantagem de não deixar resíduos após aplicação. O
grande inconveniente deste tipo de agente extintor é o choque térmico produzido pela sua
expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor (a expansão do gás pode
gerar temperaturas da ordem dos –40 ºC na proximidade do difusor, havendo, portanto, um risco
de queimaduras por parte do utilizador).
Apesar de não ser tóxico, o CO2 apresenta ainda outra desvantagem para a segurança das
pessoas, sobretudo quando utilizado em extintores de grandes dimensões ou em instalações fixas
para proteção de salas fechadas: existe o risco de asfixia quando a sua concentração na atmosfera
atinge determinados níveis, não pela toxicidade do CO2, mas pela diminuição da concentração de
O2.
Por não ser condutor de corrente elétrica geralmente recomenda-se este tipo de agente extintor na
proteção de equipamento e quadros elétricos.
Halon
Os halons são hidrocarbonetos halogenados.
O halon é um agente extintor que teve grande sucesso no combate a incêndio dadas as suas
propriedades enquanto gás relativamente limpo e eficaz em fogos das classes A B e C.
O halon, contendo elementos químicos como o bromo, flúor, iodo e cloro atuam sobre o processo
de combustão inibindo o fenômeno da reação em cadeia. No entanto, apesar da sua comprovada
eficiência, este produto encontra-se em com uso proibido por razões de ordem ambiental (afeta a
camada de ozônio).
Existem hoje em dia gases de extinção alternativos, considerados limpos e sem os efeitos adversos
do halon sobre a camada de ozônio, notadamente os gases inertes e os agentes halogenados, tais
como, por exemplo, a Argonite, Inergen, FM200, FE13 etc. No entanto, a utilização deste tipo de
produtos em extintores portáteis não se encontra generalizada dado que a maioria deles se destina
sobretudo às instalações de extinção fixas em salas fechadas.
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ESPUMA
A espuma surgiu da necessidade de encontrar um agente extintor que suprisse as desvantagens
encontradas quando da utilização da água na extinção dos incêndios, principalmente naqueles
envolvendo líquidos derivados de petróleo. A solução encontrada foi o emprego de agentes
tensoativos na água, a fim de melhorar sua propriedade extintora. Os agentes tensoativos são
aditivos empregados para diminuir a tensão superficial da água, melhorando a propriedade de
espalhamento sobre a superfície em chamas e a penetração no material.
A espuma é um agente extintor polivalente podendo ser usada em extintores portáteis, móveis e
instalações fixas de proteção.
Existem basicamente dois tipos de espumas: as espumas mecânicas, obtidas por um processo
mecânico de mistura de um agente espumífero (LGE – líquido gerador de espuma), ar e água, e
as espumas químicas, obtidas pela reação química entre dois produtos que se misturam na altura
da sua utilização. Este último tipo caiu em desuso sobretudo devido à sua fraca eficiência e pelos
riscos associados ao armazenamento e manuseamento dos produtos químicos necessários à sua
formação.
A espuma age principalmente por abafamento, pois cria uma camada que isola o combustível do
ar. Age em parte por resfriamento devido à água presente em sua aplicação.
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4. INCÊNDIO
Como visto, incêndio é o fogo fora de controle, mas há uma inúmera variedade de tipos de incêndio
e formas de a ele se referir.
Se o fogo ocorre em local aberto, com suprimento constante e abundante de oxigênio (ao ar livre,
por exemplo), o incêndio é denominado incêndio exterior. Já se ocorre no interior de uma edificação,
ele é chamado de incêndio interior.
Se o incêndio ocorre em espaços abertos (ar livre ou edificação de grande porte bem ventilada), os
gases produzidos e o ar aquecido acima das chamas deslocam-se de maneira ascendente devido
à convecção. Esse deslocamento produz uma zona de baixa pressão junto ao foco que arrasta ar
fresco dos arredores. O ar fresco tanto resfria o foco quanto fornece suprimento de oxigênio. Isso
faz com que incêndios exteriores sejam muito diferentes em seu desenvolvimento de incêndios
interiores.
A classificação aqui apresentada foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association –
Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA (International Fire Service
Training Association – Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA) e também
adotada no Brasil.
Como os sólidos queimam em superfície e profundidade, é necessário um método que possa atingir
a combustão no interior do combustível. Isso nos remete ao resfriamento para a sua extinção o
que, no mais das vezes, é feito com o uso de água ou soluções que a contenham em grande
porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de
ignição.
6Apesar de tecnicamente borracha e plástico serem líquidos de altíssima viscosidade, pela característica do fogo e do combate,
são inseridos na classe A
68
O emprego de agentes que agem por abafamento irá apenas retardar a combustão, pois extinguirá
as chamas apenas na superfície, não agindo na queima em profundidade e ocasionando uma
posterior reignição do material.
É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em
profundidade.
O abafamento é mais eficientemente feito com uso de espuma, mas também pode ser feito com
pós ou água finamente pulverizada.
Como são sólidos, o melhor seria resfriá-los, mas o risco de haver condução da corrente elétrica
caso se use água deve ser observado.
Apesar da possibilidade dessa classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for interrompido o
fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam
energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da corrente elétrica.
Caso permaneça energizado, para a sua extinção necessita-se de agente extintor que não conduza
a corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em
cadeia.
Em CPDs ou locais onde haja equipamentos sensíveis, pode-se encontrar sistemas de proteção
que inundem o ambiente com outros gases inertes que extinguirão por abafamento sem danificar
o maquinário.
A reação com água é violenta, pois, ocorre a quebra das moléculas de água (hidrólise) liberando
O2, que é comburente e alimenta as chamas e H2, que é um gás explosivo.
Como é difícil o resfriamento sem utilização de água, surge a extinção química como método mais
eficiente de extinção.
69
Para a extinção química, necessitam-se de agentes extintores especiais (normalmente pós) que se
fundam em contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do ar
atmosférico, interrompendo a combustão. Muitos entendem isso como abafamento, pela separação
entre combustível e comburente, entretanto, a separação dá- se pelo fato de que o agente extintor
se funde com o metal pirofórico, há ligação química entre eles. Assim, o “abafamento” nada mais é
do que consequência da interferência química do agente extintor no combustível.
O abafamento também pode ser feito por meio de gases ou pós inertes que substituam o O2 nas
proximidades do combustível, mas não é tão eficiente pois, devido às altíssimas temperaturas que
esse tipo de queima atinge, a menor baforada de ar é capaz de propiciar a reignição.
Pós especiais (PQE – Pó Químico Especial) para classe “D” dependem do tipo de material que
queima e, normalmente, são a base de grafite ou cloreto de sódio ou pó de talco. Usam o CO2 ou
o N2 como propulsores. Podem ser ainda compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio,
cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco.
O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de incêndio, bem
como nas demais.
OUTRAS CLASSES
Há, como dito, outras classes de incêndio conforme classificações diferenciadas, mas que, pela
especificidade que apresentam não serão por nós abordadas.
A primeira delas é quanto à Classe designada para fogo em óleos e gorduras que, segundo o
padrão americano é denominada de Classe “K” e, segundo o esquema europeu, Classe “E”.
A norma americana separa óleos e gorduras pelo fato de que lá, existe extintores específicos para
óleos e gorduras diferentes dos extintores destinados aos demais líquidos combustíveis. Isso
justifica a separação lá nos EUA. Aqui no Brasil, os extintores para óleos e gorduras não diferem
dos extintores para os demais líquidos combustíveis, não havendo, portanto, razão para separá-los
aqui.
No tocante ao fato de que os americanos agregam os gases na mesma classe dos líquidos
combustíveis, entendemos ser um posicionamento equivocado. Veja-se que os combustíveis são
agregados em classes pelo comportamento similar na queima e para agrupar combustíveis que
sejam combatidos pelos mesmos métodos e agentes extintores. De modo algum os gases são
combatidos do mesmo modo que os líquidos combustíveis não devendo, assim, serem
classificados junto com os líquidos combustíveis.
1. a oferta de oxigênio e
2. o “feedback radiativo”.
É fácil entender que a oferta de oxigênio é considerada constante para os focos ao ar livre, afinal,
a concentração de oxigênio na atmosfera permanece inalterada. Poder-se-ia indagar sobre o fato
de o foco consumir o oxigênio do ar ao redor do fogo e a concentração baixar, no entanto, perceba-
se que, ao mesmo tempo em que o foco consome o oxigênio, ele aquece o ar. Com o aquecimento,
o ar nas proximidades do foco fica menos denso e ergue-se “desocupando” a região próxima ao
foco. Isso causa um abaixamento na pressão que atrai mais ar fresco (e rico em O2) que supre o
foco.
Todo foco de incêndio, devido ao deslocamento dos gases que provoca pelo aquecimento, gera
seu próprio “vento”. O ar ao redor desloca-se em direção ao foco devido ao abaixamento de
pressão.
Um foco em compartimento, devido ao confinamento, não terá uma oferta constante de oxigênio e
a concentração de oxigênio tende a cair. Tanto maior e mais veloz será a queda na concentração
quanto menor for área de abertura do compartimento (portas, janelas, frestas). Isso altera o
desenvolvimento do foco.
Mais ainda que a oferta de oxigênio, o feedback radiativo afeta o desenvolvimento dos focos. Cerca
de 70% do calor gerado pela queima do combustível é propagado pela convecção. Estando o foco
ao ar livre, os gases se elevarão na atmosfera, levando com eles essa enorme quantidade de
energia. Desta forma, pouco da energia produzida sobra para aquecer os combustíveis ainda não
queimados. Se a queima dar-se em um compartimento, os gases produzidos ficam barrados pelo
teto e pelas paredes e esses gases começam a se acumular abaixo do teto formando um teto de
fumaça, uma capa térmica que irradia de volta para o cômodo boa parte do calor que carrega. Isso
é o feedback radiativo. Parte do calor é absorvido para aquecer o teto e as paredes. O restante
segue aquecendo os materiais presentes naquele cômodo. Com o aquecimento dos combustíveis
ainda não queimados no cômodo, eles começam a sofrer um processo chamado de SECAGEM,
que consiste na desidratação, ou seja, liberação de vapor de água. Em seguida, se o aquecimento
continuar, começam a sofrer TERMÓLISE (ou DECOMPOSIÇÃO PELO CALOR) e assim liberam
quantidades crescentes de vapores combustíveis. Eventualmente, a quantidade de vapor liberada
atinge um ponto em que a combustão pode ser sustentada e o foco se estende. Caso o material
atinja seu ponto de combustão e entre em contato com alguma fonte de calor, ele queimará. Caso
atinja seu ponto de ignição, o mesmo ocorrerá. E com a queima de mais e mais combustíveis, mais
calor é gerado e mais vapor combustível é liberado.
Limitado pelo combustível. Os focos ao ar livre são sempre limitados pelo combustível, podendo
ser influenciados por condições meteorológicas como vento e chuva. Estando o foco em um
compartimento, quase que inevitavelmente ele atinge um ponto onde passa a ser limitado pela
quantidade de oxigênio. Diz-se então que ele está limitado pela ventilação.
O incêndio começa com a ignição de algum material combustível. A ignição pode ser causada por
uma fonte ígnea – quando uma faísca, fagulha, centelha, ou brasa provocam a ignição – como pode
ser causada apenas pelo atingimento da temperatura de ignição por algum material exposto a uma
fonte de calor (Ex.: ferro de passar esquecido ligado).
Nesse ponto, o fogo está limitado ao material inicialmente em combustão e é altamente dependente
das características do material (limitado pelo combustível). A quantidade de oxigênio inicialmente
no cômodo permite a queima, então, ela depende basicamente das características do combustível
Se a queima do combustível envolvido no foco inicial não for suficiente para sustentar a queima
causando a ignição de outros materiais, o fogo se extingue nessa fase. Se a queima do material
conseguir liberar calor suficiente para provocar a ignição de outros materiais o incêndio prossegue.
Caso o calor produzido não seja capaz de fazer com que os materiais próximos atinjam o ponto de
ignição, pode ser que o foco se extinga sozinho.
72
No início a temperatura do ambiente está pouco acima do normal, as chamas são poucas e não se
pode perceber o incêndio de outro cômodo na edificação. Nesta fase o bombeiro não será
incomodado pelo calor do ambiente, porém, dependendo do combustível que está queimando,
pode haver quantidade substancial de fumaça e de gases nocivos.
Depois de certo tempo, ergue-se uma coluna de vapores combustíveis acima do foco inicial e as
chamas erguem-se nessa coluna. Os vapores combustíveis, gases resultantes da combustão e ar
aquecido atingem o teto e começam a se espalhar horizontalmente. Esses gases começam a
formar um “teto de fumaça” chamado de “capa térmica” que irradia calor de volta ao cômodo
aquecendo os outros materiais presentes, causando secagem e posterior termólise nos demais
materiais combustíveis no cômodo.
Quando as chamas atingem o teto, entende-se que houve a passagem para a próxima fase, a fase
de crescimento ou desenvolvimento. O tempo que dura a fase incipiente pode ser desde poucos
segundos a várias horas, a depender dos fatores que a influenciam.
Nessa fase inicial, os ocupantes do cômodo podem evacuá-lo facilmente e o fogo pode ser extinto
com o uso de um aparelho extintor.
A passagem da fase incipiente para a fase crescente é marcada pelas chamas subindo a coluna
de gases que se ergue sobre o foco atingindo o teto. Com as chamas, que são difusas, atingindo o
teto, ocorre grande perturbação das mesmas, o que, por sua vez, inicia uma grande produção de
fumaça negra que também se acumula no cômodo.
Quanto mais o foco se desenvolve, mais ele afeta o compartimento em que está e, de modo
semelhante, ele é afetado pelas características do compartimento. Por exemplo:
- Quanto mais baixo for o pé direito7, mais rapidamente a capa térmica aquecerá os
combustíveis ainda não queimados;
- Quanto maior for a área de ventilação do cômodo, menor será a redução na concentração
de oxigênio, o que significa uma maior taxa de liberação de calor;
Um foco no centro do cômodo tende a ter um desenvolvimento mais lento que um foco contra uma
parede. Um foco no canto de um cômodo tende a evoluir mais rapidamente.
73
Adaptado de Essentials of fire fighting... 5ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008. p. 116.
O foco de incêndio, por aquecer os gases e estes adquirirem a tendência de subir, cria uma zona
de baixa pressão acima das chamas. A camada de gases aquecidos que se acumula sob o teto
“quer” sair do cômodo, mas fica limitada pelo confinamento, o que gera uma zona de maior pressão
ou sobre pressão. É o que se chama de “zona de pressão positiva”. Assim, com a capa térmica
tentando forçar a saída por cima e a zona de baixa pressão próxima ao foco (zona de “pressão
negativa”8) cria-se uma corrente de convecção. Os gases quentes tendem a se mover afastando-
se do foco (para cima até o teto e depois horizontalmente) e o ar fresco é atraído pela zona de
baixa pressão alimentando o foco.
O ar que entra em um cômodo em chamas sempre busca a região de menor pressão, ou seja, a
região do maior foco, alimentando-o e aumentando o regime de queima e a taxa de liberação de
calor.
8
Não existe pressão negativa, mas considerando-se como zero a pressão atmosférica, o termo faz sentido.
Os gases aquecidos buscam ocupar a parte superior do cômodo e, em existindo uma abertura,
sairão pela parte superior desta. O ar frio ocupa a parte inferior do cômodo e entra pela parte inferior
das aberturas dirigindo-se em direção ao foco. Os gases dispõem- se em camadas de acordo com
a temperatura, ficando os mais aquecidos junto ao teto e o ar mais frio junto ao piso. Essa divisão
dos gases em camada é a estratificação da fumaça ou dos gases. A zona de separação entre a
camada de gases quentes, que apresentam maior pressão e a camada de ar frio, de menor
pressão, é chamada de plano neutro.
Quanto mais o incêndio desenvolve-se, mais gases aquecidos são produzidos acumulam- se sob
o teto. Isso faz com que a capa térmica fique mais densa e o plano neutro abaixe pelo aumento da
capa térmica. O plano neutro ficará mais baixo dependendo da quantidade, dimensões e
posicionamento das aberturas.
74
Quanto mais gases se acumulam, menos oxigênio haverá disponível para a queima. Quanto mais
baixo estiver o plano neutro, menor é a oferta de oxigênio para o foco. Isso pode mudar o regime
de queima do foco, tornando-o limitado pela ventilação.
O incêndio pode crescer pelo propagar das chamas ou pela ignição de outros combustíveis que
alcancem a temperatura de ignição. As chamas, após alcançarem o teto começam a percorrer a
capa térmica. A capa térmica é rica em vapores combustíveis provenientes da termólise dos
materiais no ambiente e rica em compostos orgânicos combustíveis provenientes da combustão
incompleta. Caso esteja misturada com o oxigênio na concentração adequada (daí o foco ser
limitado pela ventilação ou pelo comburente), a capa térmica queimará. Com o incêndio na fase de
crescimento, o mecanismo de transferência de calor predominante no cômodo passa da convecção
para a radiação, o que aumenta a taxa de transferência de calor próximo ao piso.
Nesse estágio, alguns fenômenos do Comportamento Extremo do Fogo podem ser observados.
Chamas isoladas (ghost flames – “chamas fantasmas”) – são bolsões de chamas percorrendo
ou aparecendo na capa térmica. A camada de fumaça, rica em carbono proveniente da perturbação
da chama difusa e rica em outros materiais combustíveis possui temperatura de ignição em torno
dos 600ºC.
O aparecimento das chamas fantasmas pode ser devido ao aquecimento de porções da fumaça já
em mistura inflamável ou pode a fumaça estar acima da temperatura de ignição, mas fora da faixa
de inflamabilidade e, com a movimentação dos gases, algumas porções podem atingir uma
concentração de mistura inflamável, vindo então a entrar em ignição.
Rollover – o termo rollover é usado quando as chamas na capa térmica não apenas surgem
isoladas, mas quando se forma uma frente de fogo que percorre a capa térmica aumentando muito
a irradiação de calor em um curtíssimo espaço de tempo. O fenômeno do rollover envolve apenas
a queima repentina da fumaça, sem envolver a queima dos demais combustíveis no ambiente que
se encontram na fase sólida.
75
Flashover – flashover é a rápida transição de um incêndio na fase de crescimento para o estágio
de desenvolvimento completo em um cômodo, onde há o envolvimento pelas chamas de todos os
combustíveis presentes no cômodo.
Com o aumento da taxa de liberação de calor provocado (por um rollover ou pelo mero atingimento
da temperatura de ignição de vários combustíveis ao mesmo tempo), todos os materiais presentes
em um cômodo entram em ignição. As chamas dominam tanto a fumaça como os combustíveis
sólidos causando a imediata transição para a próxima etapa da evolução de um incêndio: a fase de
pleno desenvolvimento.
Quando ocorre o flashover, sobretudo quando proveniente da ignição da fumaça, ocorrerá uma
onda de sobre pressão que será tanto mais violenta quanto maior for a proximidade da
concentração da mistura fumaça-ar do ponto estequiométrico. Isso pode causar a abertura
repentina de portas e janelas.
Normalmente janelas não se quebram devido à sobre pressão em um flashover, mas os vidros se
partem devido ao calor irradiado que provoca a expansão da parte virada para o cômodo dos vidros
de modo muito rápido e, como o lado voltado para o exterior não consegue acompanhar e não
dilata na mesma velocidade. Isso gera uma pressão interna que acaba por fazer o vidro ruir.
Evolução alternativa
O flashover não ocorre sempre que há um incêndio em compartimento. Para que ele ocorra é
necessário que o combustível envolvido pelas chamas tenha capacidade de gerar o calor
necessário com a rapidez necessária para gerar o flashover. Também não ocorrerá o flashover se
o foco inicial consumir o oxigênio do cômodo mais rápido do que ele é suprido pelas aberturas
fazendo com que sua concentração baixe diminuindo a taxa de liberação de calor e diminuição da
intensidade da queima. Esta última situação é muito
Perigosa, uma vez que uma abertura inadvertida do compartimento pode oferecer ao foco o que
ele precisa para que o flashover ocorra9.
Assim, vê-se que o incêndio pode atingir todo o cômodo (desenvolvimento completo) pelo avançar
das chamas sem a transição súbita causada pelo flashover.
Importante salientar que a diminuição da oferta de oxigênio em um foco limitado pela ventilação
reduz a taxa de liberação de calor, mas a temperatura no cômodo pode continuar a subir, ainda
que mais lentamente. Toda vez que a ventilação for aumentada, seja pela ruptura de uma abertura
que não suporta o calor seja pela entrada de bombeiros, a queima se intensifica e a taxa de
liberação de calor aumenta, em alguns casos, rápida e violentamente.
Outro ponto importante é que, mesmo que a queima diminua de intensidade, a inflamabilidade dos
gases não diminui, pois, as chamas precisam de oxigênio para ocorrer, mas a decomposição do
combustível gerando vapores inflamáveis não. A termólise precisa apenas de energia (calor), não
de comburente. Então, mesmo que não haja chamas em um ambiente, a atmosfera do cômodo
pode estar rica em combustível.
76
FASE DE DESENVOLVIMENTO COMPLETO
Enquanto houver oxigênio suficiente para alimentar a combustão dos combustíveis em um cômodo,
o fogo é limitado pelo combustível. Quando o regime de queima começa a ser afetado pela
diminuição na concentração de oxigênio na atmosfera do ambiente, o regime de queima passa ser
limitado pela ventilação. A disponibilidade de ar ditará o crescimento do fogo.
77
Em um cômodo de alvenaria fechado, com as aberturas (portas e janelas) razoavelmente seladas,
é comum que o consumo de oxigênio pela queima, de um lado, e a produção de gases provenientes
da combustão além de produtos da termólise, de outro, reduzam a concentração de oxigênio no
ambiente. Isso afeta diretamente o fogo reduzindo a intensidade das chamas e a taxa de liberação
de calor. Nesse cenário, duas hipóteses podem surgir para fazer o foco pulsar ciclicamente.
Um modo do foco respirar decorre do escape de gases superaquecidos pelas frestas na parte
superior das aberturas que abre espaço para entrada de ar fresco pela parte inferior. O ar que entra
segue em direção ao foco, por ser esta a região de menor pressão. Em lá chegando, o ar realimenta
o foco com O2. Com isso as chamas voltam a se intensificar até consumir o oxigênio e o ciclo
reiniciar.
O foco também pode respirar pela contração da capa térmica decorrente do resfriamento, o que
reduz a pressão c6omodo sugando ar de fora pelas frestas. Da mesma forma, o ar que entra segue
em direção ao foco alimentando-o e reavivando-o.
A temperatura média dos gases em um cômodo na fase de desenvolvimento completo fica entre
700º a 1200º C dependendo das características dos combustíveis presentes e da configuração do
cômodo.
78
FASE DE DECAIMENTO
Se um incêndio for forçado ao decaimento pela falta de comburente, a taxa de liberação de calor
diminuirá, contudo, ainda haverá combustão devido à presença de combustíveis ainda não
consumidos e no pouco oxigênio disponível que entra pelas frestas. A combustão, pela baixa
concentração de O2 será lenta (brasas) e, muito embora libere menos calor, continuará a fornecer
calor para o ambiente no cômodo.
Estando o foco em queima lenta devido à diminuição da concentração de O2, mas tendo ainda
condições de, mediante a entrada de ar, voltar à queima livre ou apresentar ou mesmo apresentar
um comportamento extremo, diz-se que o foco está em estágio de INCUBAÇÃO. A incubação pode
ocorrer não apenas após o desenvolvimento completo, mas pode ocorrer antes dessa etapa,
bastando somente que o foco em regime de queima limitada pelo combustível, passe à queima
lenta ou mesmo deixe de queimar, mas ainda guarde energia suficiente para voltar a queimar caso
ar entre no ambiente. Se isso não ocorrer, o foco parte para a extinção.
É importantíssimo notar que, mesmo que a queima diminua, a termólise prossegue, pois a queima
precisa de oxigênio, mas a decomposição pelo calor, não. Ainda que a concentração de O2 fique
abaixo de 7% (incapaz de sustentar a combustão), a termólise continua ocorrendo. Isso significa
que, mesmo sem chama, um cômodo em queima lenta, ou até mesmo sem queima pode ter uma
atmosfera rica em combustíveis e acima do ponto de ignição, à espera apenas da entrada de
comburente para ignir. Caso uma janela ou porta se rompa ou um bombeiro abra um acesso ao
cômodo, o ar entrará e, tão logo a fumaça misture-se com o ar e alcance concentração adequada,
ela inflamar-se-á. A ignição dos gases combustíveis já acima do ponto de ignição pela mistura com
oxigênio é violenta e produz uma onda de choque e calor letal. A esse fenômeno, dá-se o nome de
backdraft.
79
Os sinais que indicam que um foco está na fase de decaimento podem ser enganosos. As
condições podem indicar uma aparente “tranquilidade” no cômodo. Sem luminosidade ou barulho
de chamas, um bombeiro inadvertido ou usando uma técnica incorreta pode “acender o pavio de
uma bomba”. Atuando errado, os bombeiros podem piorar as condições do ambiente dificultando o
combate.
80
81
5. APARELHOS EXTINTORES
5.1 DEFINIÇÕES
Exintor portátil
82
5.2 FUNCIONAMENTO
Geralmente um extintor possui dois tipos de produtos: o agente extintor propriamente dito e um gás
propulsor que tem como função impulsionar o primeiro para fora do extintor quando da sua
utilização. Em alguns casos o agente extintor, por ser um gás sob pressão (como por exemplo o
dióxido de carbono), tem ambas as funções, dispensando um agente propulsor.
O agente propulsor pode permanecer juntamente com o agente extintor no mesmo recipiente, ou
então, estar em recipiente distinto, porém conexo, apenas aguardando que o operador o libere para
a pressurização da ampola com agente extintor, podendo assim, expulsa-lo.
Hoje em dia a maioria dos extintores que se encontra em aplicações comuns é do tipo “pressão
permanente”. Neste tipo de extintor o agente extintor e o gás propulsor encontram-se misturados
no interior do extintor, a uma determinada pressão (geralmente indicada por uma pequeno
manômetro instalado no extintor). Quando o extintor é ativado o agente extintor, já sob a pressão,
é expelido por um tubo até à extremidade do difusor. A descarga pode ser controlada através de
uma válvula que existe na extremidade do tubo ou na cabeça do extintor.
83
5.3.2 Quanto ao Tipo de Agente Extintor:
Os extintores são nomeados conforme o agente extintor que carregam e são classificados de
acordo com a classe de incêndio a que o agente extintor se presta a combater.
Água
Espuma
Halon e Halogenados
84
5.4 COMPONENTES DE UM EXTINTOR
A Capacidade Extintora mínima de cada tipo de extintor portátil, para que se constitua uma
unidade extintora, deve ser:
Capacidade extintora
Medida do poder de extinção de fogo de um extintor, obtida em ensaio prático normalizado. Deve ser
indicada no rótulo do produto.
85
86
O extintor classe C não possui ensaio normatizado de capacidade extintora, apenas se verifica se
o agente extintor conduz eletricidade ou não.
A primeira observação para o combate a incêndio com Aparelhos Extintores, ou apenas Extintores,
é ter a consciência de que os Extintores se prestam a combater tão somente princípios de incêndio.
Outra observação a ser feita é que os extintores devem estar adequadamente posicionados na
edificação conforme projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros. O posicionamento adequado visa
limitar a distância máxima a percorrer em caso de necessidade de utilização de um Extintor.
Não adianta nada um extintor estar devidamente posicionado se o acesso a ele está obstruído,
assim, igualmente os extintores devem estar com acesso livre e desimpedido, devendo, mais que
isso, ficar visíveis. Muitos escondem extintores por considerar que atrapalham a estética
arquitetônica, mas se esquecem que, caso venham a precisar dele, muito provavelmente não se
lembrarão onde o esconderam.
Nesse passo, não adianta o extintor estar adequadamente posicionado e desobstruído se não
estiver funcionando, por isso, deve ser feito um trabalho sério de manutenção dos extintores.
Também é necessário que os ocupantes de uma edificação saibam escolher o extintor adequado
e saibam usá-lo corretamente.
Traçadas as observações acima, passemos aos passos que devem ser seguidos em um combate
a incêndio com extintores.
3. Retirar o lacre e efetuar um teste ainda no local, pois se o extintor não estiver funcionando,
perder-se-á momentos preciosos deslocando ao foco um extintor inútil;
4. Usar o extintor adequadamente conforme seu tipo (cada um tem uma forma de utilização
própria).
Uma recomendação no uso de extintores é que, em uma situação de incêndio, depois de utilizado
ou depois de testado e constatada a falha, um extintor deve ser deixado deitado para que outros
não percam tempo tentando usá-lo.
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PARTICULARIDADES NA UTILIZAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE EXTINTORES
Extintor de Espuma
Empunhar a mangueira e apertar o gatilho, dirigindo o jato para um anteparo de forma que a
espuma gerada escorra cobrindo o líquido em chamas.
Se o líquido estiver derramado, primeiro deve-se fazer um aglomerado de espuma antes da poça
e depois forçá-la com mais espuma para sobre o líquido.
Extintor CO2
Como esse extintor funciona a alta pressão, quando o gás é liberado ele se resfria violentamente.
Para que não ocorra queimaduras pela baixa temperatura, o operador deve segurar a mangueira
pelo punho ou manopla e nunca pelo difusor.
Como o CO2 age principalmente por abafamento, sua utilização deve visar substituir o ar
atmosférico no espaço sobre o combustível, para tanto o gatilho deve ser apertado constantemente
ou em rápidas sucessões para que se forme uma nuvem de gás sobre o combustível e as chamas
se apaguem pela ausência de O2.
Deve se observar que após o abafamento, é necessário que se busque o resfriamento do material
para evitar reignições futuras.
Extintor de PQS
O extintor de PQS é facilmente confundido com o Extintor de água, muito embora no rótulo constem
informações sobre classes de incêndio diferentes. No momento de adrenalina de um incêndio as
letras não são enxergadas pela maioria das pessoas.
Uma sutil diferença entre os extintores em questão é o diâmetro do requinte (bocal da mangueira).
No extintor de Pó o requinte é bem mais aberto para permitir a passagem do pó com maior
facilidade.
Uma maneira prática de diferenciá-los é batendo neles. Como o pó é um sólido, o som da batida é
grave e seco, enquanto que a água produz um som aberto e com pequeno eco.
O pó não se dissipa tão facilmente como o gás e tem também maior alcance do jato, então sua
utilização é diferente.
O jato não deve ser dirigido à base do fogo. Devem ser aplicados jatos curtos o pó de modo que a
nuvem expelida perca velocidade e assente sobre o foco. O jato seguinte deve esperar o
assentamento da nuvem anterior para não deslocá-la de sobre o foco antes de assentar.
88
Extintor de Água
Como o objetivo de usar água é conseguir um resfriamento do material, o Extintor de água deve
ser usado buscando a máxima dispersão da água possível. Para tanto, o operador deve colocar o
dedo na frente do requinte para aspergir o jato (como uma mangueira de jardim) e acionar o gatilho
incessantemente dirigindo o jato em varredura por sobre o combustível em chamas.
Com já abordado anteriormente, é importante o bom funcionamento dos extintores para que sirvam
ao que propõem: extinguir pequenos focos de incêndio antes que se tornem grandes.
Para garantir o bom funcionamento dos extintores, é necessário que sejam seguidas as seguintes
manutenções:
Semanal – verificação se o posicionamento dos extintores está correto, bem como seu acesso e
sinalização.
Quinzenal – verificação do estado geral do extintor, com especial atenção para sinais de impactos
físicos e obstrução do requinte.
Mensal – conferência da pressão dos extintores pela checagem dos manômetros (o Extintor de
CO2 não possui manômetro). Caso a pressão não esteja adequada, deve-se enviar o aparelho
para recarga.
Semestral – conferência do peso da ampola, no caso dos extintores de CO2. Caso haja perda de
mais de 10% do peso em relação ao peso do extintor quando recebido 10, deve- se enviar o
aparelho para recarga.
Anual – o aparelho deve ser enviado para recarga e inspeção feita em empresa especializada.
10
O peso deve ser anotado no recebimento para essa conferência.
89
Cuidados na inspeção –
Cuidados na Manutenção –
Recomendações
Proteja-se, exigindo que empresa de manutenção forneça um
outro extintor para substituir o seu, enquanto este estiver em
manutenção.
90
5. MATERIAL HIDRÁULICO
Entende-se por material hidráulico todo aquele que conduz, une ou dá forma ao agente extintor
líquido, mais propriamente a água.
São materiais de extrema importância para os serviços de bombeiros, por isso é importante
conhecê-los, saber utilizar e manutenir de forma adequada.
6.1 MANGUEIRAS
Denominam-se mangueiras os condutores flexíveis utilizados para transportar água, do ponto de
suprimento até o local em que deva ser lançada.
A capa externa tem duas finalidades: proteger o tubo de borracha da abrasão provocada pelo
atrito com o solo e auxiliar na resistência à pressão.
.
Ela não é tão resistente à abrasão, mas possui uma resistência consideravelmente superior contra
o desgaste provocado pelo contato com produtos químicos.
As mangueiras podem ter comprimentos variados, mas os mais comuns são de 10, 15 e 30 metros.
Também podem apresentar diversos sistemas de conexão e diversas bitolas, calibres ou diâmetros.
91
As mangueiras mais comumente utilizadas são de 1 ½ “ (uma e meia polegada) ou 38mm (trinta e
oito milímetros) e 2 ½ “ (duas e meia polegada) ou 63mm (sessenta e três milímetros).
Em relação sistema de conexão, no Brasil, o sistema mais adotado é o alemão, com juntas do tipo
STORZ.
Uma observação acerca do uso das mangueiras é que requerem o desenrolamento completo para
que possam ser usadas.
Antes do uso:
- Armazenar em locais arejados, livres de mofo e umidade, protegida da incidência direta dos raios
solares;
- Conservar o forro com talco e as uniões com talco ou grafite, evitando o uso de óleo ou graxa;
Durante o uso:
- Evitar arrastá-las sobre bordas cortantes, materiais em altas temperaturas e materiais corrosivos
(gasolina, óleos, ácidos...);
- Não permitir a passagem de veículos sobre as mangueiras estejam elas cheias ou vazias;
- Evitar pancadas e arrastamento das juntas de união, pois podem danificar-se impedindo seu
perfeito acoplamento e se uma mangueira perde a funcionalidade de uma de suas conexões ela
fica inutilizada.
Após o uso:
- Fazer rigorosa inspeção visual quanto ao estado da lona e das uniões, separando as danificadas
definitivamente, com um nó na extremidade;
- As mangueiras boas serão lavadas com água pura, sabão neutro e escovas de fibras largas e
macias;
- Depois de enxaguadas deverão ser colocadas em suporte adequado, à sombra, de onde só serão
retiradas após estarem completamente secas para serem armazenadas com os cuidados devidos.
92
- ACONDICIONAMENTO
- As mangueiras podem ser acondicionadas de
diversas maneiras, dependendo da utilização mais
provável a que elas se destinam.
-
- ACONDICIONAMENTO EM ZIG-ZAG
-
- Este acondicionamento é utilizado quando se deseja
rapidez na montagem de um estabelecimento.
-
- Propicia um rápido estender das mangueiras, mas
dificulta muito o transporte.
-
- Assim, esse método é indicado para acondicionar
mangueiras que não precisem ser transportadas, tais
como as que ficam em hidrantes de parede e
algumas destinadas à montagem de linha direta nas viaturas de combate a incêndio.
ACONDICIONAMENTO ADUCHADA
CONDICIONAMENTO EM ESPIRAL
93
6.2 MANGOTES
Mangotes são condutores de borracha para conduzir a água em sucção, da fonte de suprimento até
a bomba de incêndio, sofrendo, internamente, pressão negativa, razão pela qual são reforçados por
anéis com a finalidade de não se colabarem no ato da sucção.
As mangueiras suportam apenas pressão positiva em seu interior e, caso fossem usadas para
sucção, ocorreria o colabamento de suas paredes internas. Por outro lado, os mangotes, devido
aos anéis de reforço para evitar o colabamento, não possuem a flexibilidade e maleabilidade das
mangueiras, sendo assim úteis apenas para sucção.
Sempre são acompanhados de ralos e filtros, para que impurezas, da fonte de suprimento, não
atinjam o corpo de bombas.
6.3 MANGOTINHOS
Mangotinhos são tubos flexíveis de borracha, reforçados para
resistir a pressões elevadas e dotados de esguichos próprios.
94
6.4 ESGUICHOS
Esguichos são peças metálicas ou não, montadas nas extremidades das mangueiras, destinadas
a dirigir, dar forma e controlar o jato d'água.
TIPOS DE ESGUICHOS
Esguicho universal (3) – Esse tipo de esguicho recebe essa denominação pelo jato que permite
a produção de jato compacto, jato neblinado (ou chuveiro) e jato em forma de neblina. Na parte
interior possui dois orifícios de saída de água, um superior livre por onde é expelido o jato compacto
e outro inferior, de maior diâmetro, onde é encaixado o Aplicador de Neblina (2) (um prolongador
para aplicação de neblina) ou crivo para obtenção do jato em forma de chuveiro.
Esguicho canhão (1) – Esse esguicho é empregado quando se necessita jatos de grande alcance
e grande volume de água. É constituído de um tubo cilíndrico cônico e trabalha geralmente apoiado
no solo. Motivo pelo qual é dotado de pés promovidos de garras; podendo também ser montado
sobre a própria viatura que o transporta, a qual possui dispositivo próprio de fixação.
95
Esguicho Torre d`água
Consiste em um esguicho especial do tipo agulheta, com diversas bocas móveis, articulado por
meio de junta estanque, que permite o movimento vertical da seção anterior do esguicho. É
montado na extremidade de uma auto escada e alimentado por uma linha de mangueiras, sendo
operado desde o solo através de cabos de comando.
Devido à sua forma, os esguichos de alta pressão são comumente chamados de “pistolas”. Em
alguns casos também são chamados de “atomizados” pela capacidade que possuem de
pulverização da água.
São empregados em serviços que requeiram água em forma de chuveiro à alta pressão, como
interiores de residências, lojas, etc.…, onde o combate com esse meio tem se revelado de grande
eficiência, tendo em vista o baixo consumo de água. As “PISTOLAS” operam com bombas que
fornecem até 600 lbs, acoplados em mangotinhos dos auto- bombas.
Possuem injetado em plástico com acabamento ergonômico apropriado a comportar uma mão
fechada, com acomodação para os dedos. Tem um ângulo de inclinação de aproximadamente 30°
e um desenho que permite boa fixação quando o operador estiver usando luvas.
Equipado com alavanca de vazão em peça de plástico de uso fácil e seguro, permitindo que o
usuário tenha controle efetivo da válvula de controle de vazão.
O controle de vazão é em anel no mesmo material do corpo do esguicho, e tem gravado de forma
indelével as indicações de 30, 60, 95 e 125 que indicam a vazão existente na linha expressa em
galões por minuto.
Além das 4 indicações básicas tem uma última posição que permite abertura total do corpo do
esguicho (flush), permitindo assim a saída de qualquer sujeira que venha a se alojar no corpo do
interno no esguicho.
96
Esguicho Proporcionador de Espuma – Esse esguicho é destinado à produção de espuma
mecânica. Possui um dispositivo para captação
de ar, tubo pescante e ralo.
Anteriormente este esguicho era chamado de Esguicho Lançador de Espuma, mas ele não lança
espuma, quem faz isso é a pressão da bomba, ele apenas
97
6.5 MATERIAIS HIDRÁULICOS ACESSÓRIOS
Entende-se por material hidráulico acessório, todo aquele que será utilizado para auxiliar no
emprego dos materiais hidráulicos, dependendo do esquema a ser montado.
DIVISOR
É um aparelho que recebe uma linha de
mangueiras, denominada ADUTORA, para
dividi-la em duas ou três LINHAS DE
ATAQUE.
COLETOR
VÁLVULA DE RETENÇÃO
98
APARELHO PROPORCIONADOR DE ESPUMA ENTRE-LINHAS
É um acessório utilizado para aduzir extrato à água, na proporção desejada, que varia de 1 a 6%,
dando origem à pré-mistura (água + extrato), cujo esguicho próprio para espuma gerará e lançará
a espuma mecânica.
Sob pena de prejudicar a formação da espuma, a pressão de entrada no proporcionador deve ser
7 kgf/cm2 (100 PSI) e nunca inferior a 5 kgf/cm2 (75 PSI).
Encontra-se esse acessório nos diâmetros de 38mm, 63mm e providos de juntas de união, do tipo
STORZ.
CHAVES
Chave de registro de Hidrante Tipo PISTÃO (2)– para abrir os registros de hidrantes que não
possuem volantes. É utilizada juntamente com LUVAS DE REGISTRO DE HIDRANTES (1) que
são peças que adaptam os diversos calibres de pistão ao tamanho
99
Chave de registro de Hidrante tipo VOLANTE – para abrir os registros de hidrante que possuem
volante e os mesmos encontram-se além do alcance de um braço. O conector triplo da extremidade,
chamado de “pé de galinha” é encaixado no volante da válvula e ao se girar a barra transversal, a
torção é transmitida ao volante permitindo a operação da válvula.
PASSAGEM DE NÍVEL
100
JUNTAS DE UNIÃO
REDUÇÕES
ADAPTADORES
101
RALO COM VÁLVULA DE RETENÇÃO
CESTO
Material utilizado como complemento adicional ao ralo, pois, suas malhas impedem a entrada de
corpos estranhos menores no interior das bombas.
6.6 HIDRANTES
São dispositivos existentes em redes hidráulicas que possibilitam a captação de água para
emprego nos serviços de bombeiros, principalmente no combate a incêndio. Esse tipo de material
hidráulico depende da presença do homem para utilização final da água no combate ao fogo. É a
principal instalação fixa de água, de funcionamento manual.
102
HIDRANTE INDUSTRIAL
HIDRANTE DE PAREDE
É um hidrante adaptado ao Sistema Hidráulico Preventivo (SHP)
das edificações, para proteção contra incêndio. É encontrado
embutido ou encostado na parede, podendo ser disposto em abrigo
especial onde se encontram também os lances de mangueiras,
esguicho e chave de mangueira.
103
6. ÁGUA e ESPUMA
Apesar da grande variedade de agentes extintores, os mais utilizados pelos bombeiros são a água
e a espuma. Pelo menos, salvo as viaturas especializadas para combate a incêndio em aeródromos
que possuem grandes baterias de PQS, as viaturas regulares de combate a incêndio permitem o
combate com água do tanque e Espuma (bombonas de LGE).
Em virtude disso, dedicamos neste capítulo uma atenção especial a esses agentes extintores
aprofundando um pouco acerca do seu uso nas operações de combate a incêndio.
A água é capaz de absorver grandes quantidades de calor e quanto maior a sua fragmentação mais
rápida a absorção de calor.
A transformação da água em vapor é outro fator que influencia na extinção de incêndios. Seu
volume aumenta 1.700 vezes, na passagem do estado líquido para o gasoso. Este grande volume
de vapor d’água desloca um volume igual de ar ao redor do fogo, reduzindo, deste modo, a
quantidade de oxigênio disponível para sustentar a combustão.
Para um melhor entendimento, imaginar um esguicho descarregando 300 lpm (litros por minuto) de
água, em um local com temperatura maior que 100ºC. A essa temperatura, a água transformar-se
á em vapor. Durante um minuto de operação, 300 litros de água serão vaporizados, expandindo-
se para cerca de 510.000 litros (300 x 1.700) de vapor. Esse vapor é suficiente para ocupar um
compartimento medindo 17m de comprimento por 10m de largura e 3m de altura. Em atmosferas
extremamente aquecidas, o vapor se expande em volumes ainda maiores. Essa expansão é rápida,
e se o local estiver tomado por fumaça e gases, o vapor, ali gerado, expulsará esses gases.
7.2 PRESSÃO
Pressão é a ação de uma força sobre uma área. Em termos práticos, isto é, no serviço de
bombeiros, a pressão é a força que se aplica na água para esta fluir através de mangueiras,
tubulações e esguichos, de uma extremidade a outra. É importante notar que o fluxo em si não
caracteriza a pressão, pois se a outra extremidade do tubo estiver fechada por uma tampa, a água
estará “empurrando” a tampa, apesar de não estar fluindo.
Pressão Dinâmica - É a pressão de descarga, medida na expedição, enquanto a água está fluindo.
Pressão Estática - É a pressão sobre um líquido que não está fluindo, por exemplo, uma
mangueira com esguicho fechado, sendo pressurizada por uma bomba. A ação da
104
gravidade pode, também, produzir pressão estática. Por exemplo, no fundo de um tanque haverá
pressão, resultante do peso da água sobre a área do fundo do tanque.
Perda de Carga - A água sob pressão tende a se distribuir em todas as direções, como quando se
enche uma bexiga de borracha com ar., Contudo, as paredes internas de mangueiras, tubulações,
esguichos, etc. impedem a expansão da água em todas as direções, conduzindo-a numa única
direção. Ao evitar a expansão da água, direcionando- a, as paredes absorvem parte da força
aplicada na água, “roubando” energia. Isto explica por que a força aplicada diminui de intensidade
à medida que a água vai caminhando pelas tubulações. A isto chamamos perda de carga.
A força da gravidade é um outro fator que acarreta perda de carga. Quando a água é recalcada
de um nível inferior para um nível superior, a força da gravidade “puxa” a água para baixo, o que
diminui a pressão. A força da gravidade também poderá ser utilizada no aumento da pressão, ao
se fazer a água fluir de um nível superior para um nível inferior.
, Devido aos arredondamentos desfavoráveis que consideram a perda por atrito, se dividirmos por
3, temos que a perda de carga por gravidade pode ser considerada em termos práticos da
seguinte forma:
Golpe de Aríete - Quando o fluxo de água, através de uma tubulação ou mangueira, é interrompido
de súbito, surge uma força resultante que é chamada “golpe de aríete”. A
105
pressão causa danos aos equipamentos hidráulicos e às bombas de incêndio.
EFEITO BERNOULLI
Para entender o funcionamento da aplicação da espuma e da ventilação hidráulica (tópicos que
serão vistos adiante) é necessário que se entenda o efeito Bernoulli. O efeito Bernoulli ocorre na
movimentação dos fluídos, por isso, aplica-se à água e também ao ar, como aos demais fluídos.
JATOS D’ÁGUA
Para a aplicação de água e aproveitamento de seu potencial como agente extintor, os bombeiros
valem-se de equipamentos hidráulicos que se destinam a armazenar, conduzir e lançar água.
Tanques armazenam água, hidrantes a fornecem, tubulações e mangueiras a conduzem,
bombas a impulsionam (daqui que se origina o nome bombeiro
– Operador de bomba) e esguichos dão “forma” ao jato d`água.
106
Muito cedo na história dos equipamentos de bombeiro percebeu-se que se alterando a extremidade
por onde a água é lançada, altera-se o jato. Fazemos isso, por exemplo, com uma mangueira de
jardim. Obstruímos parte do furo obrigando a água a se deslocar com maior velocidade a fim de
manter a vazão e, com isso, ganha-se pressão dinâmica e alcance do jato.
Assim nasceu a concepção dos esguichos. Inicialmente, cada esguicho prestava-se a um tipo de
jato e apenas dava forma. Como o tempo, regulagens foram acrescidas e as funções passaram a
ser mais variadas.
Um esguicho ainda antigo, chamado de “universal” permitia o emprego de um jato compacto pela
passagem livre de água por um duto, e um jato pulverizado (chuveiro) forçando a passagem da
água por um crivo que “quebrava” o jato.
Outro esguicho, foi o regulável, amplamente utilizado no Brasil até os dias de hoje. Ele permitia o
fechamento da água, além de regular o jato desde um estreito cilindro a um cone amplo, bastando,
para isso, o giro do bocal.
Um esguicho interessante, foi o de vazão regulável. Além da regulagem do jato, ele permitia a
regulagem de vazão e a abertura e fechamento da passagem de água em mecanismos
independentes. Esse esguicho foi pouco utilizado pelo desconhecimento acerca das técnicas de
emprego e pelo peso que apresentava em sua modelagem inicial, já que era feito em pesadas
peças de uma liga metálica.
Com o desenvolvimento dos materiais, o esguicho de vazão regulável evoluiu para o esguicho
combinado. Feito de polímero e modelado por computador, o esguicho combinado permite, por
meio de mecanismos independentes, a regulagem de jato, a regulagem de vazão e a abertura e
fechamento rápidos. Isso permite o emprego de variadas técnicas de manejo que resultam em
diferentes aplicações de água.
O esguicho usado pelo CBMES foi desenvolvido para trabalhar com uma pressão residual de 100
PSI e possui regulagem de vazão de 30, 60, 95 e 125 gpm13 o que equivale a cerca de 115 a 470
lpm (14). Opera com uma alavanca ligada a uma válvula tipo globo que permite a abertura e o
fechamento rápido independentemente das regulagens de jato e vazão.
Uma das mais importantes variações na aplicação da água é a respeito do JATO. Os jatos podem
ser classificados em:
- Jato compacto
- Jato neblina
O uso do esguicho agulheta ou de um smooth-bore permite apenas o emprego do jato “sólido”, que
veremos a seguir.
107
JATO “SÓLIDO”
Sólido não é um termo correto para se designar um jato de água, uma vez que o agente é lançado
na forma líquida, mas, na falta de outro termo cunhado para designar esse jato, empregaremos o
termo consagrado oriundo da designação em inglês solid stream.
Sólido, obviamente, não se trata do estado físico da água, mas refere-se à plenitude do agente no
jato. O jato sólido é produzido pelo esguicho agulheta ou por esguichos de jato sólido15 (um tipo
agulheta com mecanismo
de abertura e fechamento).
O “ponto de quebra” é o ponto a partir do qual o jato perde a configuração de jato contínuo e
passa a se fragmentar em grandes gotas que cairão ao solo, não penetrando no material como se
desejava, e, muitas vezes, nem alcançando o material.
Por não estar fragmentado, o jato compacto chegará ao ponto desejado com maior impacto,
atingindo camadas mais profundas do material em chamas, o que pode ser observado em materiais
fibrosos.
Devido ao seu maior alcance, ele é apropriado para emprego no combate em modo defensivo
(externo) e/ou para atingir focos no interior de cômodos com dimensões amplas.
108
Muitos corpos de bombeiros americanos baseiam suas técnicas de combate apenas no emprego
do jato sólido e, por isso, usam apenas esguichos manuais do tipo smooth-bore.
- Permite mais fácil mobilidade da linha devido à menor pressão e ao menor recuo;
- O jato promove uma menor absorção de calor por litro de água que outros jatos mais
fragmentados;
JATO COMPACTO
Por muito tempo no Brasil designou-se o jato mais “fechado” produzido pelo esguicho regulável da
mesma maneira que o jato produzido pelos esguichos de jato sólido. Entretanto, os dois jatos são
fundamentalmente diferentes.
Enquanto que o jato de um esguicho tipo smooth-bore é completamente preenchido de água, o jato
mais compacto produzido por um esguicho com regulagem de jato é “oco”. O “miolo” do jato é vazio.
Isso se deve ao mecanismo de regulagem de jato que é um anteparo móvel que força a água ao
redor dele deixando o interior do cone vazio.
No idioma americano a diferenciação já começa no termo. Enquanto que o jato produzido por um
esguicho de jato sólido é chamado de solid stream o jato parecido produzido por um esguicho de
jato regulável é chamado de straight stream (jato direto ou reto). O último termo destaca que, apesar
da forma ser parecida, o segundo jato não é preenchido, não é “sólido”.
A falta de diferenciação dos termos em português em muito contribuiu para confusão entre os dois.
109
Para diferenciar, adotaremos o seguinte: chamaremos o jato produzido pelo esguicho agulheta ou
similar de jato sólido e o jato mais fechado produzido pelo esguicho com regulagem de jato de
jato compacto.
O emprego de ambos é semelhante, porém, o jato compacto não tem o mesmo alcance devido à
fragmentação da água provocada pelo anteparo que dá forma ao jato. Isso, por outro lado, aumenta
um pouco a capacidade de absorção de calor. Apesar de ter um alcance menor, como o jato
compacto pode ser usado em um esguicho com regulagem de jato, ele acaba por se tornar mais
versátil, já que o uso de esguichos com regulagem de jatos permitem o emprego de variadas
técnicas de combate.
JATO NEBLINADO
Neste tipo de jato, a água fragmenta-se em gotas. É usado quando a absorção de calor pretere o
alcance. A fragmentação da água oferece uma maior área de contato o que permite absorver maior
quantidade de calor que os jatos sólido ou compacto.
Devido ao alcance reduzido e à grande influência que sofre do vento, o jato neblinado encaixa-se
melhor em táticas de combate ofensivas.
O jato neblinado assume forma de um cone cuja parede é formada por gotas de água. Conforme a
abertura do cone, o jato é dividido em neblinado estreito e neblinado amplo.
110
A abertura do cone influencia na aplicação do jato, uma vez que, quanto mais aberto, maior a
fragmentação da água e consequentemente, menor a velocidade, menor o alcance e maior a
absorção de calor.
Há esguichos que produzem um cone vazio e outros, que produzem um cone “cheio”. O cone cheio,
na verdade, não é cheio, mas possui outro cone mais estreito em seu interior.
Outra característica do jato neblinado é que oferece muito menor dificuldade de guarnecimento da
mangueira, pois o recuo provocado por esse jato é muitíssimo menor.
Devido à velocidade da água e área de contato com o ar, por causa do princípio de Bernoulli, o jato
neblinado provoca um grande arrasto dos gases ao redor, seja ar ou fumaça. Essa característica
possibilita o emprego desse jato para ventilação (ver capítulo específico).
O neblinado estrito, devido às suas características, é muito útil para a proteção contra calor
irradiado podendo ser usado para proteger os bombeiros de uma linha ou até mesmo material não
queimado.
A fragmentação da água, faz com que ela absorva calor muito mais rapidamente que nos jatos
compacto e sólido devido a isso e à própria fragmentação, o jato neblinado produz uma quantidade
maior de vapor e o faz mais rapidamente.
Para que a fragmentação seja eficiente, a pressão residual deve ser elevada, caso contrário as
gotas produzidas serão grandes demais, destruindo as características vantajosas desse jato. O
esguicho combinado utilizado pelo CBMES foi desenhado para ser eficiente com uma pressão
residual de 100 psi (aproximadamente 7 kgf/cm2).
111
JATO NEBLINA
Ampliando mais a abertura da regulagem do jato nos esguichos, chega-se a um ponto no qual,
dependendo da pressão aplicada, o cone se desfaz, perde a forma e não há mais verdadeiramente
um “jato”, mas uma névoa de gotículas de água sai do esguicho.
Devido ao tamanho das gotículas e da baixa velocidade do jato neblina, ele sofre grande influência
do vento e tem pouco alcance.
Em virtude da maior fragmentação (as gotículas são menores), a água se vaporiza mais
rapidamente que nos jatos compacto e neblinado, absorvendo o calor com maior rapidez. Isso
provoca uma geração rápida e grande de vapor de água.
Geralmente a neblina é obtida pelo uso do aplicador de neblina acoplado ao esguicho universal.
Alguns esguichos combinados, quando aplicadas pressões elevadas, podem produzir um jato
quase tão pulverizado quanto o obtido pelo aplicador de neblina.
Com esses tipos de jato e com as demais regulagens que mecanismos nos equipamentos
hidráulicos permitem, podemos empregar variadas técnicas para aplicação de água no combate a
incêndios.
A aplicação de água por uma linha de mangueira pode ser muito diversificada. A forma e eficiência
com que a água é lançada varia conforme vários fatores:
Pressão – quanto maior a pressão imprimida pela bomba, maior pode ser a velocidade com que
flui a água ao deixar o esguicho. Em consequência disso, em um esguicho com a regulagem
mantida, a pura variação da pressão acarretará mudanças no jato como alcance, dispersão,
fragmentação, etc...
Vazão – quanto maior a vazão, maior a quantidade de água que flui, o que é óbvio. Menos óbvio
é que a vazão interfere na fragmentação do jato e, principalmente, é o fator que mais influi no
“recuo” da mangueira. Quanto maior a vazão, maior a força que o jato d’água faz empurrando a
mangueira para trás e maior também será o golpe de aríete provocado pela interrupção brusca no
fluxo de água.
Velocidade – a velocidade com que a água sai interfere no formato, na fragmentação e no alcance
do jato d’água. Interfere também no recuo, mas menos que a vazão. Ela é
112
diretamente influenciada pela pressão imprimida pela bomba, mas pode ser alterada por outros
meios como fechamento parcial do esguicho e a posição do anteparo do esguicho.
Regulagem do jato – a regulagem de jato possibilitada pelo esguicho permite uma variação no
jato afetando principalmente o formato do jato, além disso, a fragmentação e a velocidade da água
(conforme já visto).
Abertura – a abertura do esguicho interfere no jato. A quantidade de água lançada e, até certo
ponto, a velocidade da água, são grandemente influenciadas pelo manejo do mecanismo de
abertura
- Qualquer jato de água sobre um mesmo ponto por mais de 3 segundos é ineficiente. Se
nesse tempo o jato não for Capaz de sobrepujar as chamas (taxa de absorção de calor < taxa de
liberação de calor) é sinal que é necessário aumentar a capacidade de resfriamento pelo aumento
da quantidade de água (maior vazão ou mais linhas) ou pela otimização de seu emprego (maior
fragmentação).
o Perturba o balanço térmico trazendo aos níveis mais baixos o excesso de calor dos níveis
superiores
- Água que escorre é água desperdiçada, pois ela absorve muito mais calor para evaporar e
como vapor do que para aquecer no estado líquido.
7.3 ESPUMA
A espuma é uma das formas de aplicação de água. É constituída por um aglomerado de bolhas de
ar, ou gás, formada por solução aquosa. Flutua sobre os líquidos, devido à sua baixa densidade.
A espuma apaga o fogo por abafamento, mas, devido à presença de água em sua constituição,
age, secundariamente, por resfriamento.
113
ATUAÇÃO DA ESPUMA
Isolando o combustível do ar: A espuma flutua sobre os líquidos, produzindo uma cobertura que
impede o contato com o ar
(Oxigênio), extinguindo o incêndio por abafamento.
Resfriando o combustível:
A água na espuma, ao drenar, resfria o líquido e,
portanto, auxilia na extinção do fogo.
FORMAÇÃO DA ESPUMA
A espuma pode ser formada por reação química ou processo mecânico, daí as denominações
espuma química ou espuma mecânica.
Devido às desvantagens que apresenta, vem se tornando obsoleta, uma vez que a espuma
mecânica é mais econômica, mais eficiente e de fácil utilização na proteção e combate ao fogo.
Espuma mecânica - É formada pela mistura de água, líquido gerador de espuma (ou extrato
formador de espuma) e ar.
114
A espuma mecânica é classificada, de acordo com sua taxa de expansão, em três categorias:
• Baixa expansão: quando um 1 litro de pré-mistura produz até 20 litros de espuma (espuma
pesada);
• Média expansão: quando 1 litro de pré-mistura produz de 20 a 200 litros de espuma (espuma
média);
• Alta expansão: quando 1 litro de pré-mistura produz de 200 a 1.000 litros de espuma (espuma
leve).
LGE proteínico (ou protéico) - É produzido a partir de proteínas animais e vegetais, às quais são
adicionados (dependendo do tipo de extrato) outros produtos. A partir desta mistura, são obtidos
os vários tipos de extratos:
• Flúor proteínico: é derivado do proteínico comum, ao qual foi acrescentado um aditivo fluorado,
que o torna mais resistente ao fogo e à reignição, além de dar maior fluidez à espuma. Proporciona
uma extinção bem mais rápida do fogo que o LGE proteínico comum. Também não deve ser
utilizado no combate a incêndios envolvendo solventes polares;
• Proteínico resistente a solventes polares: é obtido a partir de proteínas que são misturadas a
produtos especiais que aumentam a estabilidade da espuma contra solventes polares. Pode ser
usado tanto em incêndios em líquidos polares como não polares. Por este motivo é chamado de
“polivalente”.
As espumas sintéticas dividem-se nos tipos: comum, “água molhada”, “água leve” e espuma
resistente a solventes polares.
• Espuma sintética comum: pode ser usada em baixa expansão, média expansão, alta expansão
e também como água molhada.
Baixa expansão: espuma pesada e resistente, para incêndios intensos e para locais não
confinados. É a maneira de aplicação mais rápida e eficiente da espuma sintética comum.
Média expansão: mais leve que a baixa expansão e mais resistente que a espuma de alta
expansão.
115
Alta expansão: caracteriza-se por sua grande expansão, por causar um mínimo de danos, não ser
tóxica e necessitar de pouca água e pressão para ser formada. É ideal para inundação de
ambientes confinados (porões, navios, hangares). Nestes locais, deve haver ventilação para que a
espuma se distribua de forma adequada. Sem ventilação, a espuma não avança no ambiente.
O uso da espuma de alta expansão em espaços abertos é eficiente, mas depende muito da
velocidade do vento no local.
A espuma não é tóxica, mas a entrada do bombeiro dentro dela é perigosa, pela falta total de
visibilidade. Não se deve esquecer que a espuma produzida próxima ao local do fogo pode estar
com ar contaminado pelas substâncias tóxicas geradas pela combustão. Assim, o bombeiro deve
usar aparelhos de respiração autônoma para entrar na espuma, bem como um cabo guia.
Quanto maior a taxa de expansão, mais leve será a espuma e menor será sua capacidade de
resfriamento.
• AFFF – AQUOUS FILME FORMING FOAM (Espuma Formadora de Filme Aquoso) é uma
espuma sintética, à base de substâncias fluoretadas, que forma uma película aquosa que
permanecerá sobre a superfície do combustível, apagando o fogo e impedindo a reignição.
Pode ser aplicado com qualquer tipo de esguicho, embora seja recomendada sua utilização com
esguicho gerador (ou produtor de espuma), e é compatível com o pó químico, isto é, pode haver
ataque a incêndio utilizando os dois agentes extintores ao mesmo tempo. O AFFF não se presta à
alta ou média expansão.
Água molhada: trata-se da utilização do AFFF “6%” em proporção menores, de 0,1 a 1% na pré-
mistura, aplicado com esguicho regulável ou universal. É um agente umectante. Nesta proporção,
há baixa tensão superficial (menor distância entre as moléculas da água), permitindo maior
penetração em incêndios tipo classe A. Outra aplicação para a “água molhada” se dá como agente
emulsificador, para remoção de graxas e óleos (lavagem de pista, por exemplo);
• Sintética resistente a solventes polares: é uma espuma sintética à qual são acrescentados
aditivos que a tornam resistente a solventes polares. Presta-se para o combate a incêndio
envolvendo líquidos polares e não polares
APLICAÇÃO DE ESPUMA
A melhor maneira de aplicar espuma é lançá-la contra uma superfície sólida (anteparo, borda do
tanque, parede oposta ou outro obstáculo) de maneira que a espuma escorra, cobrindo o líquido
em chamas.
Se o líquido está derramado no solo (poças), deve-se, inicialmente, fazer uma camada de espuma
à frente do fogo, empurrando-a em seguida. O jato deve atingir toda a extensão da largura do fogo,
em movimentos laterais suaves e contínuos.
Não se deve jogar “espuma contra espuma”, porque a cobertura será destruída.
A espuma não deve ser jogada diretamente contra a superfície de um líquido em chamas, porque
o calor e o fogo irão destruí-la. Para se aplicar a espuma eficientemente, deve-se formar uma
camada com pelo menos 8cm de altura sobre o líquido inflamado.
Para uma boa formação e utilização da espuma, algumas regras básicas devem ser obedecidas:
116
• Usar o LGE adequado ao combustível que está queimando.
• Quanto mais suave for a aplicação da espuma, mais rápida será a extinção e menor a quantidade
de LGE necessária.
• As faixas de pressão de trabalho dos dispositivos de dosagem e formação deverão ser
observadas. Normalmente os esguichos trabalham a uma pressão de 5 kg/cm2.
• A espuma deve ser considerada idêntica à água quando usada em incêndios em equipamentos
energizados e em substâncias que reajam violentamente com a água.
• A espuma deve cobrir toda a superfície do combustível, fazendo uma vedação perfeita,
especialmente nos combustíveis altamente voláteis e nos solventes polares.
• A dosagem da pré-mistura (proporção água-LGE) deve obedecer às especificações do LGE.
• O esguicho utilizado deve ser compatível com o proporcionador. A vazão nominal do
proporcionador não pode ser maior que a do esguicho e nem menor.
• Antes de iniciar o trabalho, deve-se ter certeza de que há LGE e água suficientes.
• Não utilizar espuma em incêndio de classe C e nem em materiais que reajam violentamente com
a água.
• LGEs diferentes não devem ser misturados, pois a mistura prejudica a formação da espuma.
• Alguns pós-químicos são incompatíveis com espuma. Se forem usados simultaneamente, pode
ocorrer a destruição da espuma (certificar-se de quais são os pós- químicos compatíveis, antes de
atacar o fogo, combinando ESPUMA + PQS).
117
7. FASES DO SOCORRO
O atendimento a uma ocorrência de incêndio urbano é denominado de socorro. Daí o prefixo rádio
das viaturas de combate a incêndio ser, em muitos locais, socorro. As viaturas são designadas de
Primeiro Socorro, Segundo Socorro e assim por diante.
O ciclo de uma ocorrência de incêndio inicia-se antes do atendimento, portanto, antes das fases
do socorro.
• Eclosão do incêndio
• Detecção do incêndio
• Acionamento do Corpo de Bombeiros
• Atendimento
• Pedido de perícia
• Trabalhos periciais
Dentro desse ciclo, o que nos interessa é o atendimento, cujas fases são o objeto do presente
capítulo. Tais fases são:
• Aviso
• Composição do trem de socorro (Partida)
• Deslocamento
• Reconhecimento
• Estabelecimento
• Combate
• Salvamento
• Rescaldo
• Relatório
AVISO
O aviso da ocorrência pode acontecer via rádio, quando é passado pelo Centro de Operações a
uma Unidade BM; via telefone, passado pelo solicitante, que pode ser outra Corporação como a
PM, por exemplo, que, por estar na rua, pode tomar conhecimento do sinistro antes dos bombeiros;
ou via pessoal, quando alguém se desloca até o quartel e avisa verbalmente do sinistro.
Esta fase é tão importante quanto qualquer outra. Nela o Operador de comunicações em contato
com o solicitante deve levantar o maior número de informações possíveis sobre a ocorrência.
Para a composição do trem de socorro é necessário que se saiba a natureza da ocorrência para
118
que se possa equipar a viatura com o material necessário ao atendimento caso o equipamento
básico da viatura não seja suficiente.
Para que o deslocamento seja iniciado é necessário o endereço em linhas gerais (município e bairro
principalmente).
Outras informações devem ser coletadas durante o deslocamento do trem de socorro para que a
guarnição possa preparar-se mentalmente para a ocorrência e possa ir traçando um plano e
tomando providências.
Quanto mais informações sobre a ocorrência melhor, mas eis alguns exemplos de elemento de
informação de grande valia para o atendimento:
Essa fase consiste tanto em compor o trem de socorro, ou seja, escolher quais viaturas deslocar-
se-ão para o atendimento à ocorrência bem como em providenciar os equipamentos necessários e
que não constem na carga básica da(s) viatura(s).
119
- Resgate, para o atendimento a vítimas do incêndio;
- Auto Escada (AE) e/ou Auto Plataforma Hidráulica (APH), para armação de torre d’água e
para operações de salvamento no caso de incêndios verticalizados;
Os equipamentos que não constem na carga básica da viatura serão providenciados de acordo
com a demanda determinada pela natureza da ocorrência, por isso é importante que o operador de
comunicações na fase de aviso consiga delinear as peculiaridades da ocorrência antes de repassar
o atendimento à guarnição.
DESLOCAMENTO
Consiste no deslocamento do trem de socorro até o local da ocorrência. Este deslocamento deve
ser feito atentando para a segurança dos bombeiros e das viaturas. Os sinais luminosos e sonoros
devem estar acionados e o cuidado deve ser extremo nos cruzamentos e curvas.
Convém lembrar que o Corpo de Bombeiros trabalha sobre rodas e de nada adianta possuir as
mais avançadas viaturas e equipamentos se estes não chegarem ao local do sinistro. Um acidente
pode transformar os bombeiros em vítimas e demandarem uma operação para seu atendimento
além de retardar ou impossibilitar o atendimento à ocorrência para a qual se deslocavam.
O deslocamento deve ocorrer priorizando a segurança, pois, por melhores que sejam os
equipamentos, de nada valem caso um acidente impeça a viatura de chegar à ocorrência. Por isso,
deve-se tomar todo o cuidado no deslocamento para que se consiga chegar à ocorrência. São
cuidados básicos o acionamento dos sinais luminosos e sonoros.
Esta etapa remete à importância que deve ser dada aos Condutores e Operadores de Viaturas
(COVs). Os COVs devem ser bem selecionados e treinados.
Cumpre lembrar nesta fase também da importância que deve ser dada à manutenção das viaturas,
pois, já foi dito que “o bombeiro trabalha sobre rodas”. Caso as viaturas não funcionem não há
como chegar à ocorrência de maneira adequada.
RECONHECIMENTO
Chegando ao local do sinistro a primeira providência a ser tomada por parte do responsável pela
operação é o reconhecimento. Ao aproximar-se do local sinistrado o responsável já deve estudar
rapidamente um local seguro para o estabelecimento das viaturas. Este local deve estar isento de
riscos tais como desmoronamento, propagação do incêndio, acidentes automobilísticos e outros.
Depois de estabelecida a Vtr, antes do início das operações de combate, recomenda-se que se
confirmem as informações levantadas e repassadas pelo operador de comunicações ou que se
levante estas informações na impossibilidade de haverem sido levantadas anteriormente. O
Responsável pela operação deve, se for o caso, adentrar à edificação sinistrada acompanhado de
120
mais um ou dois auxiliares, equipados com aparelhos de respiração autônoma e cabo guia. No
interior da edificação devem:
- Localizar os focos;
- Levantar risco de propagação;
- Material combustível que está incendiando;
- Material combustível que pode ser atingido;
- Reconhecer vias de acesso ao foco e fuga;
- Levantar cômodos sinistrados;
- Determinar riscos à operação;
- Providenciar desligamento da rede elétrica caso ainda não haja sido feito;
- Determinar a armação inicial das linhas de combate definindo estratégias de combate;
- Verificar riscos na estrutura física da edificação;
- Outros conforme a situação peculiar.
Há uma observação a ser feita a respeito dessa fase. Se se considerar que reconhecimento se
trata da coleta de informações para o combate, ver-se-á que, na verdade, essa fase se inicia no
aviso com o operador de comunicações e durará enquanto durar os trabalhos de atendimento, seja,
até durante o rescaldo.
O POP do CBMES para o reconhecimento prevê o seguinte:
ESTABELECIMENTO
Essa fase consiste no posicionamento tático dos meios materiais para o combate a incêndio.
Compreende desde o posicionamento da(s) viatura(s) até à montagem do estabelecimento de
mangueiras.
O posicionamento das viaturas deve ser feito em local adequado, livre de riscos, que impeça o
mínimo possível o trânsito de veículos nas vias públicas e que facilite as manobras de combate e
de abastecimento.
A fase de estabelecimento ocorre em duas etapas: uma inicial, após um reconhecimento prévio e
outra após o reconhecimento completo e definição do local para o estabelecimento e da disposição
das viaturas. Nesta disposição as viaturas de Resgate devem ter saída facilitada e deve haver
possibilidade de estabelecimento de viaturas de apoio como carros-pipa, AE, e APH.
COMBATE
Esta fase compreende o combate a incêndio propriamente dito que é composto por:
Y Isolamento;
Y Confinamento;
Y Ataque ou extinção e
Y Rescaldo.
Veja-se que combate é diferente de extinção sendo mais amplo que esta, haja vista que combater
o incêndio envolve muito mais do que apenas extinguir as chamas.
Veremos cada uma das ações de combate detalhadamente adiante, mas, para clarear a lição ora
tratada, apresentam-se a seguir breves definições de cada uma das ações que podem compor a
fase conhecida como combate.
Isolamento – consiste nos esforços efetuados com o intuito de impedir que o incêndio se
propague para sistemas vizinhos. O objetivo não é apagar as chamas, mas limitar sua progressão
salvaguardando sistemas inatingidos. Por exemplo, são os esforços para impedir que o fogo se
espalhe para uma casa vizinha à sinistrada, para impedir que o fogo passe de um carro para
outro, de um tanque de material para outro, etc.
Confinamento – são os esforços despendidos para evitar que o fogo se espalhe dentro de um
mesmo sistema. Em um incêndio em edificação, o confinamento visa impedir que o fogo se
espalhe atingindo mais cômodos. Não são ações que visam extinguir as chamas.
Extinção – são as ações que visam apagar as chamas. As ações de extinção empregam
recursos objetivando a extinção do fogo.
O rescaldo será tratado mais adiante, já que é tratado como uma fase própria nas operações de
socorro, apesar de constituir-se como parte do combate.
Há ainda as técnicas de ventilação, mas estas podem ser entendidas como técnicas com o
objetivo de realizar uma das operações acima à exceção do rescaldo.
As técnicas de combate serão tratadas em capítulo à parte pelo seu extenso conteúdo.
123
SALVAMENTO
Consiste no desenvolvimento dos trabalhos de busca das vítimas, bem como a retirada dessas
vítimas do incêndio.
Pode ocorrer que seja necessário primeiro extinguir parte do incêndio para que se tenha acesso às
vítimas, como pode ocorrer que, por haver um efetivo reduzido na guarnição, primeiro se busque a
localização e retirada das vítimas para depois enfatizar-se o combate.
Cabe ao responsável pela operação decidir o que ocorrerá primeiro ou se simultaneamente. Cabe
ainda coordenar os esforços das equipes (se houver mais de uma) e zelar pela harmonia dos
trabalhos.
RESCALDO
Extinto o incêndio o Cmt do socorro deverá proceder a uma rigorosa inspeção em todas as
dependências do prédio sinistrado, estendendo tal vistoria aos prédios vizinhos, a fim de verificar
se há possibilidade de uma nova irrupção do fogo.
Uma inspeção malfeita e incompleta poderá dar motivo para uma nova chamada ao mesmo local.
Depois de feita a inspeção, sendo constatado que não há mais fogo e que o mesmo manda que o
socorro se desarme.
Ainda nesta fase o Cmt do socorro dependendo do desgaste da equipe durante os trabalhos,
determina a substituição de sua equipe por outra descansada para realização do rescaldo.
Chama-se de rescaldo às iniciativas tomadas na fase final dos incêndios, visando evitar a reignição,
garantindo extinção plena e o estado de segurança local.
São operações demoradas e cansativas, exigindo remoção e ação resfriadora nos escombros e
braseiros.
Os procedimentos de rescaldo têm por objetivo confirmar a extinção completa do incêndio e deixar
o local sinistrado nas melhores condições possíveis de segurança e habitabilidade, sem destruir
evidências de incêndio.
Como toda operação de bombeiro, o rescaldo deve ser precedido de um planejamento adequado
à situação.
124
REGRESSO
Convém que antes do deslocamento em retorno, as viaturas que dispõem de tanque de água sejam
abastecidas, pois, em caso de novo acionamento, já estão em condições para o combate.
É de salutar importância que nessa reunião a postura dos integrantes da guarnição seja o mais
madura possível e que se tenha em mente que o objetivo não é criticar negativamente os colegas
de serviço, mas a atuação da guarnição.
Se um bombeiro cometeu uma falha, ela deve ser apontada, mas o colega que apontar a falha deve
ter em mente que poderia ter sido ele a falhar caso estivesse executando o mesmo serviço e deve
ter em mente que, no próximo serviço, talvez seja ele a falhar. Com isso em mente a falha é
apontada de forma construtiva, para que seja corrigida, afinal, esse é o objetivo da crítica e não o
que falhou ser humilhado pelo erro cometido. A humilhação do que errou não contribui para a
melhora.
Caso se verifique nessa reunião que um procedimento padrão não atendeu, suas falhas devem ser
comunicadas para que a doutrina seja revista.
No regresso também, o Chefe de Guarnição ordena que seja feita toda a conferência do material
(estado físico de cada um), caso seja necessário, efetuar substituição. Os motoristas ficam
responsáveis pelo abastecimento tanto de água como de combustível de suas viaturas.
RELATÓRIO
O objetivo principal do Corpo de Bombeiros é evitar incêndios. Para isso, é necessário que os
bombeiros tenham instrução adequada e a comunidade esteja educada sobre o assunto. Estas
duas etapas só poderão ser alcançadas através de estatísticas confiáveis que indiquem causas
prováveis de incêndio. Estas estatísticas são produzidas através dos relatórios, que são a única
fonte de informação sobre ocorrências de incêndio. Os relatórios são a retroalimentação do ciclo
operacional dos serviços de bombeiros suprindo o sistema de informações preciosas acerca de
prevenção e combate.
O relatório é o fundamento da evolução dos serviços de bombeiros, pois registra uma experiência
que permite avaliações e correções. É também a base para certidões que tramitarão no Poder
Judiciário, nas companhias seguradoras, nos cartórios, etc., portanto, o relatório deve ser o mais
completo possível, observando-se o seguinte:
ESQUEMA DIDÁTICO
Como foi visto, as fases do socorro não acontecem linearmente, pois o reconhecimento se estende
desde o aviso até o rescaldo, o salvamento e combate acontecem em ordem não determinada ou
simultaneamente e o rescaldo, na verdade é parte dos esforços de combate uma vez que objetiva
a extinção do incêndio.
Isto posto, elaboramos o esquema didático abaixo conforme essas considerações. De acordo com
o estudado, as fases do socorro ficariam assim:
• Aviso
• Composição do trem de
socorro (Partida)
• Deslocamento
Reconhecimento
• Estabelecimento
Combate*
Salvamento
• Rescaldo*
• Regresso
• Relatório
126
8. TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO
As operações de combate a incêndio estrutural (os que ocorrem em edificações) podem ser
conduzidas por duas linhas diferentes de ação: ofensiva e defensiva.
Os dois modos de atuação requerem o emprego de técnicas diferentes para o combate e extinção
das chamas, as quais veremos adiante. Agora, o que define se o combate se dará no modo ofensivo
ou defensivo?
Muito embora não caiba aos soldados definirem a tática, é bom que tenham uma noção para
poderem auxiliar no planejamento e entenderem seu papel em uma operação de combate.
De modo geral, algumas coisas remetem o combate a incêndio estrutural ao modo defensivo:
Todos em uma operação devem saber o modo de atuação, pois, como uma edificação tem
geralmente no mínimo 4 lados, não é possível que o responsável vigie todas as frentes de combate.
E isso quer dizer que uma linha pode não saber o que a outra está fazendo e isso pode ser um
problema caso não se saiba do modo de atuação.
Digamos que uma linha inicie um combate defensivo de um lado enquanto outra linha em um lado
adjacente resolva penetrar na edificação. A atuação da primeira linha pode gerar um fenômeno de
comportamento extremo do fogo que nem sequer será anunciado se não se souber que alguém
adentrou mudando a operação para defensiva. Por isso todos devem saber o modo de atuação e
a decisão sobre qual será adotado cabe ao responsável pela operação, ou chefe de guarnição mais
antigo ou o chefe de operações.
Os bombeiros devem estar aptos a executar com rapidez e eficiência as evoluções determinadas
pelo comandante da guarnição. Este nível de profissionalização é alcançado quando há empenho
no treinamento por parte das guarnições que trabalham juntas. A familiaridade com os
equipamentos de combate a incêndios e com as técnicas é obtida através de instrução constante.
A guarnição deve trabalhar como uma equipe, onde cada bombeiro tem sua missão definida
conforme o protocolo de procedimentos para as situações.
127
Os brigadistas, por geralmente não disporem de EPI capaz de permiti-los realizar um combate
ofensivo, devem proceder apenas o combate no modo defensivo.
Técnicas de combate a incêndio são formas de utilização dos meios disponíveis para combater
incêndios com maior segurança e com um mínimo de danos durante o combate. Como já
mencionado anteriormente, combater não é sinônimo de “apagar o fogo”. Combater é combater.
Importante frisar isso, por mais redundante que isso pareça. Muitas ações de combate não tem o
objetivo de apagar o fogo, de extinguir as chamas. Muitas vezes o combate requer ações que focam
outros objetivos.
Em um combate a incêndio há conjuntos de ações que não dizem respeito ao ataque ao fogo em
si, ou seja, não se tratam de extinção, mas que compõem as operações que visam o término do
incêndio. Por isso, chamamos tais ações de operações de combate e não de extinção.
No combate a incêndio, muitas vezes faz-se necessário o emprego de tais ações antes, durante ou
após os trabalhos de extinção propriamente ditos.
O ISOLAMENTO abrange as ações de bombeiro que tem por objetivo impedir a propagação de
calor e fogo para outros locais na vizinhança de incêndio. É a tentativa de impedir que o incêndio
alcance outro sistema16 além do que já está sinistrado.
O próprio ataque ao incêndio em princípio, procedido com rapidez, adequação e suficiência de
meios constitui uma iniciativa isoladora, uma vez que restringe a produção e propagação de calor.
A decisão quanto ao emprego desta ação envolve a consideração de alguns fatores, uma vez que
o isolamento sempre desvia linhas de ataque ao fogo e consome agente extintor, a saber:
16 Por sistema, compreendemos estruturas que podem ser sinistradas como um edifício, um reservatório, um galpão,
uma planta industrial, um veículo, etc. São estruturas que podem ser individualmente consideradas em si mesmas e
que, quando sinistradas isoladamente já se pode considerar um incêndio e não um foco.
128
Vidraçaria, etc);
- Esvoaçamerto de fagulhas para o combustível vizinho (considerar janelas abertas e outras aberturas);
- Risco de desabamento ou queda de materiais incendiados;
- Impetuosidade e direcionamento da corrente de verto.
O isolamento pode ser feito resfriando os sistemas com risco de serem atingidos por meio da aplicação de água. Tal
medida visa diminuir o efeito da radiação de calor. Essa forma é muito usada em incêndios em tanques de combustíveis
para resfriar o tanque vizinho.
Pode ainda ser feito com o uso de jatos neblinados ou neblina direcionados para o sistema sinistrado, pois, assim,
além de bloquear a radiação pode o combate ser feito simultaneamente.
Há ainda a possibilidade de direcionamento da fumaça que escapa de um sistema pelo uso de jato neblinado
desviando-a. A fumaça, além de conduzir calor, quando se incendeia libera uma enorme quantidade de calor que se
propaga por irradiação.
Outras medidas mais simples podem ser adotadas dependendo da forma como se verifica que o incêndio pode se
propagar para o sistema vizinho. Por exemplo, pode ser uma medida eficaz o mero fechamento das janelas para evitar
a penetração de fagulhas trazidas pelo vento ou evitar a penetração de fumaça superaquecida.
CONFINAMENTO é o conjunto de ações que visam impedir a propagação de fogo e calor a compartimentos ainda não
atingidos pelo incêndio, em uma edificação.
A tendência dos gases aquecidos é subir, o que torna urgente o confinamento em incêndios verticais tanto mais quanto
mais baixo for o andar onde se localiza e sinistro.
Nos Incêndios a propagação ocorre lateralmente, de cima para baixo e de baixo para cima, merecendo ação preventiva
dos bombeiros os seguintes meios:
2) Explosões:
Os Sistemas de ventilação forçada (ar condicionado) devem ter seu funcionamento suspenso, pois poderiam contribuir
para a extensão do incêndio conduzindo fumaça e calor para locais não atingidos pelas chamas.
As ações de confinamento devem ser somadas aos dispositivos de proteção permanente da edificação, quais sejam.
Paredes resistentes ao fogo, portas corta-fogo, sistemas automáticos de “sprinklers”, etc. também deve ser
preocupação tática fornecer a estas estruturas proteção permanente, visando garantir pleno funcionamento continuado.
O ataque indireto (visto adiante) constitui um método adequado de retirada de calor excessivo de ambientes confinados.
Isso pode ser feito, muitas vezes, não com o intuito de apagar o fogo, mas de impedir que ele se espalhe.
A descoloração da pintura e desprendimento do reboco acusam a propagação de calor naqueles espaços. Pelo tato
podemos detectar também tal propagação em paredes e forros, devendo ser abertos tais espaços e submetidos à ação
extintora ou resfriadora.
129
9.2 TÉCNICAS DE EXTINÇÃO
Vistas outras técnicas de combate, passaremos a seguir a apresentar as técnicas de extinção, as que visam apagar
as chamas.
Para organizar o estudo, dividiremos as técnicas de acordo com a classe dominante do incêndio que se está
combatendo. Isso não significa que as técnicas não se entrelaçam.
Em geral, os incêndios estruturais (os que envolvem edificações) são basicamente, ou predominantemente, da Classe
A. Para combatê-los, temos as técnicas a seguir apresentadas, sem excluir outras existentes.
ATAQUE DIRETO
Consiste no emprego de um jato sólido ou compacto dirigido à base do fogo sobre a fase sólida do combustível visando
resfriá-lo abaixo do ponto de combustão.
Devido ao alcance do jato, pode ser usado tanto de fora do c6omodo sinistrado como de fora da edificação (modo
defensivo).
Em um combate em modo defensivo, a pressão nominal e a vazão regulada no esguicho podem ser reduzidas para a
economia de água. Ambas devem ser aumentadas se se verificar que os jatos não estão absorvendo mais calor do
que o fogo produz.
130
Se for usado em combate ofensivo, deve-se cuidar para não empregar água em demasia para não
causar danos pelo excesso de água e, também, para não gerar excesso de vapor de água.
O ataque direto modificado consiste no ataque à fase sólida do combustível quando este se
encontra escudado por algum obstáculo. O jato é direcionado ao teto para ser defletido e cair sobre
o foco atingindo-o.
Apesar de não ser dirigido diretamente ao foco, ele é considerado uma forma de ataque direto, pois
com ele se pretende combater as chamas em si, o foco queimando sobre a fase sólida dos
combustíveis.
ATAQUE INDIRETO
Também se usa o jato sólido ou compacto, entretanto, o objetivo não é extinguir o fogo combatendo
diretamente a fase sólida. No ataque indireto, o objetivo é produzir uma grande quantidade de vapor
de água para resfriar a capa térmica (gases combustíveis provenientes da combustão e da
termólise) e o cômodo e, indiretamente, apagar o fogo.
O alvo no ataque indireto são as paredes e o teto superaquecidos para que, na fragmentação do
jato pelo impacto, a água absorva o calor dessas superfícies e transforme-se em vapor resfriando
o ambiente.
Não se pode jogar água em demasia para não resfriar demais as superfícies. Isso impede a
formação de vapor. Também é preciso cuidar para não se produzir vapor em excesso.
ATAQUE COMBINADO
Consiste no emprego alternado das técnicas de ataque indireto e direto. Com movimentos
circulares (para que o jato atinja paredes e teto) busca-se a geração de vapor para resfriar os gases
aquecidos e, alternadamente, lançam-se jatos à fase sólida do combustível próxima ao solo.
131
SATURAÇÃO COM NEBLINA
Quando um ambiente está na fase de decaimento pela baixa concentração de oxigênio, ou seja,
em queima lenta e sob o risco de ocorrência de um backdraft diante da abertura de acessos pelos
bombeiros, recomenda-se a saturação do cômodo com neblina.
A técnica consiste na injeção de água em pulsos de 2-3 segundos de jato neblina por uma pequena
abertura na parte superior da parede ou teto, com intervalos de 12-15 segundos para permitir a
troca de calor entre neblina e gases aquecidos no ambiente.
A neblina age resfriando e diluindo a fumaça, diminuindo sua combustibilidade e o risco de um
backdraft, e também atrapalha a concentração com o oxigênio.
A grande geração de vapor, como dito, pode ser um problema. Pode decretar a morte de vítimas
no interior do cômodo. Por isso, essa técnica só deve ser usada em cômodos em que se verifique
a queima lenta (fase de decaimento pela depleção de oxigênio). Em havendo vítimas nesse
ambiente, certamente estarão mortas pela baixíssima concentração de oxigênio e pelo elevado
calor previamente atingido.
A saturação com neblina é mais eficiente quando associada a uma ventilação vertical (ver capítulo
próprio).
3DWF – TRIDIMENSIONAL WATER FOG (neblina tridimensional)
Estudos oriundos na Suécia em meados da década de 1980, originaram o uso de pulsos de jato
neblinado. Foi quando se demonstrou a combustibilidade da fumaça e os riscos decorrentes de sua
ignição, que se traduz em um comportamento extremo do fogo. Pensando no combate
“volumétrico”, (tridimensional) e não apenas na superfície do sólido em queima, desenvolveram-se
técnicas de combate baseadas no lançamento de curtas rajadas de jato neblinado.
Usa-se a regulagem de jato neblinado em um esguicho combinado e faz-se uma rápida abertura e
fechamento lançando um “pulso” de neblina que fica suspensa no ar por algum tempo. Para que
seja eficiente, calculou-se que uma linha de 38mm deve ser suprida com 7 a 9 Kgf/cm2 de pressão
residual, ou seja, a pressão imprimida na bomba (nominal) deve ser maior.
Como o jato é neblinado, o alcance é curto, assim, o que mais importa é a fragmentação da água
para aumentar seu poder e resfriamento e o tempo de suspensão no ar. Por isso a pressão deve
ser elevada.
A fim de não gerar vapor em excesso, deve-se cuidar para não aplicar pulsos em excesso e não
varrer a aplicação de cada pulso. Se se pretende atingir uma área maior, usa-se mais pulsos (dois
alvos, dois pulsos). Também se limita a quantidade de água disparada trabalhando com uma vazão
mínima no esguicho (30gpm ou cerca de 125lpm).
Usando-se a vazão mínima, a abertura e fechamento brusco não gera um golpe de aríete capaz de
danificar a canalização, haja vista que a massa de água deslocada a cada pulso é muito pequena.
Conforme a mudança no padrão do jato e no tempo de abertura, a 3DWF apresenta suas próprias
variações.
132
Pulso Neblinado Curto
O pulso curto consiste na abertura total do fluxo de água com o imediato fechamento (pulso de
cerca de 0.2s) de um jato neblinado amplo.
O neblinado amplo tem o alcance muito reduzido, mas tem uma maior capacidade de resfriamento
e gera vapor com grande velocidade quando atinge a capa térmica.
O pulso neblinado curto pode ser empregado tanto ofensiva como defensivamente17
OFENSIVO – tem por objetivo extinguir chamas volumétricas (chamas na fase gasosa do
combustível, na fumaça, na capa térmica) e resfriar a própria capa térmica evitando a ocorrência
de um flashover.
Vê-se assim que a técnica é recomendada para combate no modo ofensivo com o incêndio na fase
de desenvolvimento (pré-fashover).
Devido ao curto alcance do neblinado amplo, a técnica é recomendada para ambientes pequenos,
como quartos de uma residência de classe média, ou no deslocamento da entrada até o cômodo
sinistrado quando o teto for baixo (pé direito normal de 2,5 a 3m).
DEFENSIVO – a técnica pode ser usada preventivamente (defensivamente) para resfriar gases
superaquecidos na capa térmica, antes que venham a queimar.
Tanto ofensivo como defensivo, o pulso neblinado curto, se aplicado corretamente, provoca a
contração da fumaça. Com a perda de calor da fumaça para aquecer a água lançada, ocorre o
inverso da dilatação e a fumaça contrai-se.
133
Para prevenir a ignição desses materiais, emprega-se a técnica do resfriamento preventivo.
“PENCILING”
O penciling19 assemelha-se ao “jato mole”, entretanto, consiste em pulsos coma abertura um
pouco maior do fluxo de água permitindo lançar “porções” de água sobre a fase sólida em queima.
Estando dentro da edificação e não tendo a necessidade de disparar um ataque direto ao foco pelas
suas dimensões e para evitar o dano ocasionado pelo jato, usa-se o penciling que pode ser casado
com pulsos neblinados para resfriar a capa térmica no que se chama de abordagem pulse-
penciling.
19 Usamos o nome em inglês pela falta de um em termo em português que exprimisse a idéia em uma ou duas ou três
palavras
20 Por isso é importante que a vazão da viatura seja de, pelo menos, 500lpm para uma linha de ataque.
134
As letras são um meio prático de determinar o tempo de abertura do esguicho para, na regulagem
indicada, lançar água em quantidade suficiente para absorver o calor gerado no cômodo.
Após uns 30 segundos, repete-se o procedimento até que sejam debeladas as chamas.
Devido à alta vazão, no emprego dessa técnica deve-se cuidar para fechar lentamente o fluxo de
água a fim de evitar a ruptura de mangueiras pelo golpe de aríete.
Caso o ambiente sinistrado seja muito grande, mais linhas podem efetuar o procedimento
combinadamente ou ele pode ser usado em sessões do ambiente.
Importantíssimo atentar para o posicionamento da linha em relação ao incêndio para que a técnica
não “sopre” o fogo para cômodos e combustíveis ainda não afetados. O posicionamento correto no
combate é entre a parte não queimada e o fogo, atacando-o de forma a “empurrá-lo” para fora.
Ao se chegar a uma porta fechada dentro de uma edificação sinistrada, os bombeiros na linha de
ataque devem proceder com cautela, haja vista que toda ventilação provoca aceleração da queima
e aumento da taxa de liberação de calor além de poder acarretar em fenômenos de comportamento
extremo do fogo.
Diante disso, os bombeiros devem proceder uma verificação perimetral da porta procurando por
sinais que indiquem a condição do interior do cômodo. É necessário que se verifique em qual fase
de desenvolvimento o fogo está, em qual regime de queima o foco está (se limitado pelo
combustível o pela ventilação). A temperatura da porta deve ser checada à procura de indícios que
demonstrem a presença e altura da capa térmica. A coloração, densidade, opacidade e velocidade
da fumaça devem ser checadas.
Sempre que os bombeiros se depararem com uma porta pirolizando pelo lado externo, devem
resfriá-la com jato mole a fim de preservá-la. A perda da porta significa perda do controle sobre a
ventilação do foco que está por trás dela.
135
Para a confirmação das suspeitas é necessário efetuar a abertura de uma porta para confirmação
visual da condição no interior do cômodo. Para isso, procede-se da seguinte forma:
1. O jato deve ser regulado para neblinado estreito, para que passe na pequena abertura da
porta;
2. O operador do esguicho lança dois pulsos neblinados curtos sobre a porta visando deixar
em suspensão uma neblina de água na região superior próxima à porta.
Ao se proceder a abertura, os gases aquecidos que escapem tenham menos chance de se
inflamarem, já que se misturarão à neblina e perderão calor ao mesmo tempo em que a
neblina se transforma em vapor diluindo os gases;
3. O auxiliar da linha, posicionado para a abertura da porta de modo protegido, abre a porta
deixando à mostra uma pequena fresta;
4. Pela fresta o operador do esguicho lança um pulso neblinado médio na parte superior da
abertura enquanto visualiza as condições no interior
Conforme as condições confirmadas, a abordagem prossegue de modo diferente.
FOCOS EM FASE INICIAL
A fase inicial de queima de um foco não apresenta grande potencial de risco iminente e, exatamente
por isso, merece que sejam tecidas algumas considerações.
Devido ao aspecto menos alarmante que um foco em fase inicial apresenta, o grande risco para os
bombeiros é a negligência com aspectos básicos relativos à segurança.
Apenas por que um foco não apresenta dimensões ou aspecto alarmantes, não significa que no
ambiente não haja calor ou concentração de gases tóxicos suficientes a causar lesões.
Por isso, um ambiente em fase inicial deve ser abordado com toda a tenção e cautela e com os
bombeiros adequadamente equipados.
Outro problema que pode ocorrer é o super-dimensionamento do foco. Um pequeno foco é capaz
de inundar um ambiente grande com fumaça e calor e, por isso, algumas vezes bombeiros
inexperientes ou afoitos podem afobar-se e exagerar no uso de água no combate por um
dimensionamento equivocado das proporções do foco. É comum ocorrer prejuízos materiais
significantes pelo uso indevido e excessivo de água no combate
Lembrando que a água que escorre ou se acumula no chão não absorveu calor suficiente para
evaporar, ou seja, não foi aproveitada naquilo que tem de melhor: sua capacidade de resfriamento.
O combate ao foco em si deve ser feito de modo a tentar preservar o material que ainda não
queimou. Sugere-se pulsos neblinados para resfriar a fumaça, se for o caso, e penciling para
extinguir o foco.
136
FOCOS EM DESENVOLVIMENTO
Em um ambiente assim o combate deve priorizar o ataque à capa térmica, à camada de fumaça
que se acumula a partir do teto. Você talvez se pergunte a razão disso e talvez esteja pensando
que um ataque direto ao fogo eliminaria a fonte de calor que é o
137
Causador do flashover. Ocorre que, a queima dos combustíveis presentes na fumaça, irradia muito,
mas muito mais calor que a queima do material que alimenta o foco (normalmente sólidos em um
incêndio urbano).
Deve o Bombeiro utilizar pulsos neblinados curtos. Os jatos devem ser disparados em rajadas
curtas para aproveitar uma maior superfície de resfriamento
Os pulsos devem ser distribuídos pela capa térmica e, na medida em que forem disparados, deve
o bombeiro aguardar alguns instantes e observar o efeito que a expansão do vapor de água
provocará para continuar no combate à fumaça ou não. Enquanto aguarda, jatos curtos (penciling)
podem ser direcionados ao foco.
Deve-se tomar o cuidado para não jogar água em excesso, tanto para não provocar danos materiais
como também para não abaixar o nível da capa de fumaça pela expansão do vapor d’água. O
objetivo não é abaixar a fumaça. Isso provocará a diminuição da visibilidade. A meta é tão somente
o resfriamento dos combustíveis da fumaça para que não entrem em ignição. Outro risco de jogar
água em excesso é que se a capa de fumaça abaixar demais pode sufocar possíveis vítimas que
se encontrem no ambiente ou nos ambientes anexos.
Uma vez estabilizado o ambiente ele pode ser penetrado para a extinção do foco por
penciling ou até jato mole.
FOCOS INCUBADOS21
Um ambiente em queima lenta apresenta uma série de riscos. O primeiro deles é o sub-
dimensionamento da potencialidade lesiva que apresenta. Por haver poucas chamas ou nenhuma,
o ambiente parece estar controlado, o que é um grande equívoco. Na verdade, o ambiente está
quieto como uma bomba antes da ignição. Uma abordagem errada pode detoná-la. Assim, o que
era um ambiente queimando lentamente, apenas com brasas, pode se tornar um ambiente
completamente tomado pelas chamas após uma deflagração violenta da fumaça.
Nunca se deve esquecer que, mesmo que não haja oxigênio para a queima viva, a termólise ocorre
até com 0% de O2. Isso significa que, enquanto estiver quente, o ambiente acumulará vapores
combustíveis.
Além desse, há outros riscos tais como a baixa visibilidade, alta concentração de gases tóxicos e
baixa concentração de oxigênio. Para a abordagem do ambiente, o risco de backdraft é o principal
problema.
Conforme estudamos, no decaimento, os combustíveis (gases, vapores, partículas líquidas e
sólidas) presentes na fumaça podem estar com temperatura acima da temperatura de ignição, mas,
devido ao confinamento do ambiente, ultrapassam o limite superior de inflamabilidade, ou seja, há
combustível em excesso para a escassa quantidade de oxigênio nesses ambientes e, por isso, não
queimam. Quando um acesso é aberto e o ar entra ofertando oxigênio, tão logo a concentração
atinja um patamar adequado, a fumaça deflagra-se. A queima violenta que ocorre é o backdraft.
138
São indicativos da queima lenta com risco de explosão da fumaça (backdraft):
• Fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
• Fumaça mudando de cor (cinza e amarelada / cáqui) e saindo do ambiente em forma de
lufadas;
• Calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
• Pequenas chamas ou inexistência destas;
• Fuligem e óleo impregnando o vidro das janelas;
• Pouco ruído (não se ouve o crepitar de chamas);
• Movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em alguns
casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas);
• Chamas aparecendo na fumaça assim que esta escapa do ambiente22.
Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente com toda a cautela para
que não provoque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até matar integrantes da equipe
ou, na melhor das hipóteses, tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é seguida da
ignição completa do ambiente.
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os combustíveis na fumaça
precisam apenas atingir a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se abrir uma porta
ou janela, inevitavelmente o ar estará entrando no ambiente e, consequentemente, carregando O2,
fornecendo exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é necessária uma
abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os bombeiros devem retirar algo
para que os requisitos da combustão não estejam presentes.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por meio da checagem visual
no interior do ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição no interior do cômodo.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta firmando-a para que
não se abra de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. Se a porta tiver a abertura
para dentro do cômodo, a operação da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo preso à
maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da porta.
Os passos 1 a 4 devem repetidos até que o aspecto da fumaça esteja indicando uma menor
combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos densa, menos opaca e
movendo-se de forma menos turbulenta.
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação com neblina pela parte
superior da porta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros.
22 Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando apenas o comburente, por
isso ela queima assim que alcança o exterior.
139
São indicativos da queima lenta com risco de explosão da fumaça (backdraft):
Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente com toda a cautela para
que não provoque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até matar integrantes da equipe
ou, na melhor das hipóteses, tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é seguida da
ignição completa do ambiente.
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os combustíveis na fumaça
precisam apenas atingir a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se abrir uma porta
ou janela, inevitavelmente o ar estará entrando no ambiente e, consequentemente, carregando O2,
fornecendo exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é necessária uma
abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os bombeiros devem retirar algo
para que os requisitos da combustão não estejam presentes.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por meio da checagem visual
no interior do ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição no interior do cômodo.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta firmando-a para que
não se abra de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. Se a porta tiver a abertura
para dentro do cômodo, a operação da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo preso à
maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da porta.
Os passos 1 a 4 devem repetidos até que o aspecto da fumaça esteja indicando uma menor
combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos densa, menos opaca e
movendo-se de forma menos turbulenta.
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação com neblina pela parte
superior da porta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros.
22 Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando apenas o comburente, por
isso ela queima assim que alcança o exterior.
Foto com mudança orientação
140
9.2.2 INCÊNDIOS "CLASSE B"
Os incêndios Classe B são incêndios em líquidos inflamáveis que, por terem características
próprias, possuem métodos de extinção distintos.
O melhor método de extinção para a maioria dos incêndios em líquidos inflamáveis é o abafamento,
podendo ser utilizado também a quebra da reação em cadeia, a retirada do material e o
resfriamento.
O controle de incêndios em líquidos inflamáveis pode ser efetuado “com água”, que atuará por
abafamento e resfriamento. Na extinção por abafamento, a água deverá ser aplicada como neblina,
de forma a ocupar o lugar do oxigênio, que está suprindo a combustão nos líquidos.
A técnica de resfriamento somente resultará em sucesso se o combustível tiver ponto de combustão
acima da temperatura normal da água (20ºC). Ao se optar pelo uso de água deve-se, sempre, usar
o jato chuveiro ou jato neblina. O jato contínuo não deve ser utilizado, pois não permitirá o
abafamento e poderá esparramar o líquido em chamas, aumentando o incêndio.
Para se combater este tipo de incêndio em segurança, deve-se conhecer as propriedades e
características dos líquidos inflamáveis, que, em sua maioria:
141
absorção de calor. Caso se queira mais alcance, a abertura do cone deve ser fechada, caso se
queira maior fragmentação, o cone de ;água deve ser aberto.
Outra forma de resfriar com água é usando o aplicador de neblina para estender o alcance da
neblina de água sobre a superfície do líquido.
Embora citado como técnica, o resfriamento com água mostra-se difícil nos combates a incêndios
em líquidos. Isso deve-se ao fato de que os incêndios classe B geram, em média, 5 vezes mais
calor que os incêndios classe A.
“BOIL-OVER”
O Boil-over é um fenômeno que pode ocorrer nos combates a incêndios em líquidos inflamáveis.
Ocorre nos líquidos menos densos que a água.
O boil-over pode ser explicado da seguinte maneira:
• Quando se joga água em líquidos de pequena densidade, a água tende a depositar- se no
fundo do recipiente.
• Se a água no fundo do recipiente for submetida a altas temperaturas, pode vaporizar- se. Na
vaporização da água há grande aumento de volume (1 litro de água transforma-se em 1.700 litros
de vapor).
• Com o aumento de volume, a água age como êmbolo numa seringa, empurrando o
combustível quente para cima, espalhando-o e arremessando-o a grandes distâncias
• Através do som (chiado) peculiar: pouco antes de ocorrer a “explosão”, pode-se ouvir um
“chiado” semelhante ao de um vazamento de vapor de uma chaleira fervendo.
142
O boil-over tem mais probabilidades de ocorrer em casos de líquidos combustíveis de maior
densidade como óleo cru e pode ser seguido de uma explosão que liberará enormes quantidades
de calor por radiação. Esse efeito pode ser fatal dada a energia liberada.
SLOP OVER
O Slop Over é semelhante ao boil over, porém ocorre de maneira imediata e na superfície do
líquido.
O slop over acontece quando um jato penetrante (sólido ou compacto) é atirado na superfície de
um líquido combustível de alta viscosidade em chamas. Se a quantidade de calor gerado for
suficiente para ferve a água atirada, isso ocorrerá bem abaixo da superfície do líquido assim que o
jato de água penetrá-la. Isso provocará a expansão da água arremessando pequenas quantidades
de líquido inflamável superaquecido e em chamas para fora do recipiente que o contém.
O jato contínuo será projetado de um lado a outro (varredura), empurrando o combustível para onde
se deseja.
Derramamento de líquidos combustíveis em via pública também pode causar desastres, inclusive
acidentes de trânsito. O líquido combustível poderá ser removido através de
143
SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS POR ÁGUA
A água pode ser empregada para remover combustíveis de encanamentos ou tanques com
vazamentos. Incêndios que são alimentados por vazamentos podem ser extintos pelo
bombeamento de água no próprio encanamento ou por enchimento do tanque com água a um
ponto acima do nível do vazamento. Este deslocamento faz com que o produto combustível flutue
sobre a água (enquanto a aplicação de água for igual ou superior ao vazamento do produto). O
emprego desta técnica se restringe aos líquidos que não se misturam com água e que flutuam
sobre ela.
Esta técnica pode ser usada, por exemplo, no caso de um acidente automobilístico onde houve
ruptura de um dos tanques e o combustível vaza pelo fundo. Inundando-o com água faz-se com
água vaze no fundo.
APLICAÇÃO DE ESPUMA
EXTINÇÃO QUÍMICA
144
O único método seguro de se solucionar a ocorrência de vazamento de gás ou líquido sob pressão,
com ou sem fogo, é a retirada do material.
Como quase todas as edificações utilizam o GLP ou gás natural, é importante que todo o bombeiro
conheça os riscos e as técnicas no atendimento de ocorrências envolvendo estes gases.
Gás natural
O gás natural (gás encanado) é formado principalmente por metano, com pequenas quantidades
de etano, propano, butano e pentano. Este gás é mais leve do que o ar. Assim, tende a subir e
difundir-se na atmosfera; não é tóxico, mas é classificado como asfixiante, porque em ambientes
fechados pode tomar o lugar do ar atmosférico, conduzindo assim à asfixia (asfixia mecânica). A
companhia concessionária local deve ser acionada quando alguma emergência ocorrer.
Incidentes envolvendo o sistema de distribuição de gás natural são freqüentemente causados por
escavação nas proximidades da canalização subterrânea. Neste caso, as viaturas não devem
estacionar próximas ao local, por causa da possibilidade de ignição. A guarnição deve estar
preparada para o evento de uma explosão e incêndio subseqüente. A primeira preocupação deve
ser a evacuação da área vizinha e eliminação de possíveis fontes de ignição no local.
GLP engarrafado
O gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás engarrafado, como é um combustível armazenado sob
pressão, é usado principalmente em residências, em botijões de 13 kg. Sua utilização comercial e
industrial é feita com cilindros de maior capacidade, de 20, 45 e 90 kg.
Este gás é composto principalmente de propano, com pequenas quantidades de butano, etano
propileno e iso-butano. O GLP não tem cheiro natural. Por isso, uma substância odorífica,
denominada mercaptana, lhe é adicionada. O gás não é tóxico, mas é classificado como asfixiante
porque pode deslocar o ar, tomando seu lugar no ambiente, e conduzir à asfixia.
O GLP é cerca de 1,5 vez mais pesado que o ar, de forma que, normalmente, ocupa os níveis mais
baixos. Todos os recipientes de GLP estão sujeitos a BLEVE quando expostos a chamas diretas.
O GLP é freqüentemente armazenado em um ou mais cilindros (bateria). O suprimento de gás para
uma estrutura pode ser interrompido pelo fechamento de uma válvula de canalização. Se a válvula
estiver inoperante, o fluxo pode ser interrompido retirando-se a válvula acoplada ao cilindro.
Ao se deparar com fogo em gás inflamável, e não podendo conter o fluxo, o bombeiro não deverá
extinguir o incêndio. Um vazamento será mais grave que a situação anterior, por reunir condições
propícias para uma explosão. Neste caso, o bombeiro deverá apenas controlar o incêndio.
O gás que vazou e está depositado no ambiente pode ser dissipado por ventilação, ou por um jato
d’água em chuveiro, de no mínimo 360 lpm (esguicho de 38mm com aproximadamente
5,5 kg/cm2 de pressão), com 60o de abertura, da mesma maneira com que se realiza a ventilação
de um ambiente, usando esguicho.
B.L.E.V.E.
Um fenômeno que pode ocorrer em recipiente com gases inflamáveis pressurizados, ou até
mesmo com líquidos inflamáveis, embora com menor intensidade, é o BLEVE. (Boiling Liquid
Expanding Vapor Explosion).
Quando ocorre a exposição de um recipiente pressurizado contendo gás inflamável liquefeito a
uma chama intensa, o calor é transmitido por condução através da parede do tanque aquecendo
145
o líquido no interior. O aquecimento do líquido provoca uma corrente de convecção que
constantemente “rouba” calor da parede do tanque protegendo-a da ação das chamas.
Com o aquecimento do líquido, ele ferve. A liberação de gases pela fervura aumenta a pressão
no tanque. O líquido não se transforma todo em gás. Assim que o espaço acima dele fica
saturado com o gás, ele deixa de ferver. Contudo, o aumento da pressão aciona válvulas de alívio
que liberam o gás para a atmosfera para impedir a explosão do tanque pelo acúmulo da pressão.
Isso resolve o problema momentaneamente, porém, com o escape de gases, abre-se espaço
para a vaporização de mais líquido. Isso vai, aos poucos, abaixando o nível de líquido. A parte do
tanque acima do nível de líquido não tem a proteção que a convecção do líquido oferece e, se
exposta às chamas, o metal começa a enfraquecer e amolecer. A pressão interna o empurra
tornando-o fino e diminuindo sua resistência. Quando a resistência for menor que a pressão
interna, o tanque se rompe.
Nesse instante ocorrerá uma enorme liberação de energia proveniente das seguintes fontes:
• Toda a pressão dentro do tanque será aliviada instantaneamente com a expansão imediata
do gás ali contido;
• Quase toda a fase líquida será vaporizada instantaneamente e, ao fazer isso, o material se
expande algumas centenas de vezes. O GLP, por exemplo, ao vaporizar-se expande-se cerca de
400 vezes. Isso significa que, caso houvesse
1.000 litros de GLP ainda líquido, eles se transformariam em 400.000 litros de gás. Essa expansão
instantânea também contribui para o poder do BLEVE;
• O material, ao escapar, não vai apenas expandir-se. Ao se misturar com o oxigênio
alcançando a concentração para queima, o que ocorre rapidamente, o combustível queima gerando
gases que ocupam um volume maior que o inicial, aumentando a força de expansão do BLEVE.
Os gases expandindo-se tão rapidamente provocam um onda de choque capaz de matar seres
vivos e destroçar edificações em um raio de centenas de metros. A queima do combustível gera
uma onda de calor capaz de incendiar outros materiais nas proximidades.
Outro dos grandes perigos do BLEVE é o arremesso de pedaços do recipiente em todas as
direções, com grande deslocamento de ar. Para se evitar o BLEVE é necessário resfriar
exaustivamente os recipientes que estejam sendo aquecidos por exposição ao fogo, ou por calor
irradiado. Este resfriamento deve ser preferencialmente com jato d’água em forma de neblina.
Diante do risco iminente de BLEVE, pode ser que a melhor opção seja a evacuação da área e esta
área é relativamente grande. Para se ter uma idéia um tanque de combustível transportado por
composição ferroviária pode gerar uma explosão que afete centenas de metros. A zona de queima
pode ter uma centena de metros de diâmetro. A onda de choque pode ser fatal a 300 ou mais
metros do ponto inicial e a irradiação é lesiva a várias centenas de metros.
146
Ao lidar com o BLEVE, os bombeiros devem estar atentos para o seguinte:
Este tipo de incêndio pode ser extinto, com maior facilidade após o corte da energia elétrica. Assim,
o incêndio deixa de ser classe “C”, tornando-se classe “A” ou “B”, podendo ainda extinguir-se.
Para sua extinção, deve-se utilizar agentes extintores não condutores de eletricidade, como PQS,
e HALON. Não se deve utilizar aparelhos extintores de água ou espuma (química ou mecânica),
devido ao perigo de choque elétrico para o operador, que pode causar-lhe a morte. Pode-se utilizar
linhas de mangueiras, desde que se conheça a técnica e se tomem as precauções necessárias.
A água contém impurezas que a tornam condutora; daí, na sua aplicação em incêndios em
materiais energizados, deve-se considerar todos os riscos de o bombeiro levar um choque elétrico.
No combate (com água) ao fogo em materiais eletrificados, usa-se uma regra simples, exposta na
figura abaixo.
147
O Comandante da Operação determinará o uso de água, considerando os fatores:
• Voltagem da corrente;
• Distância entre o esguicho e o equipamento energizado;
• Isolamento elétrico oferecido ao bombeiro, entre os quais luvas de isolamento e botas
e borracha isolante.
Instalações Elétricas
Nas residências, a instalação elétrica é normalmente de baixa tensão (110 e 220 volts). O método
mais simples de interromper o fornecimento da energia é desligar a chave geral da instalação.
Deve-se ter cuidado com o fornecimento de energia à edificação através de instalação clandestina,
pois, mesmo após desligar os dispositivos de entrada de eletricidade, pode haver energia no local.
Nas portas dos compartimentos que abrigam estes equipamentos (como transformadores e
grandes motores), deve haver uma placa de identificação com a inscrição “alta voltagem”.
148
Pode-se ainda encontrar instalações elétricas subterrâneas, isto é, galerias com cabos elétricos
abaixo da superfície. Os riscos mais freqüentes são as explosões, que podem arremessar tampas
de bueiros a grandes distâncias, devido ao acúmulo de gases inflamáveis de centelha de fusíveis,
relês ou curto circuito. Não se deve entrar em bueiros, exceto para efetuar um salvamento. O
combate deve ser efetuado desde a superfície, com o uso de gás carbônico ou PQS.
A água não deve ser aplicada em galerias, em razão da proximidade com o equipamento elétrico.
Em emergência envolvendo eletricidade, alguns procedimentos devem ser seguidos para manter
um ambiente seguro ao serviço de bombeiros:
• Quando forem encontrados fios caídos, a área ao redor deve ser isolada;
• Deve-se tratar todos os fios como energizados e de alta voltagem;
• Quando existir o risco de choque elétrico, deve-se usar EPI adequado e ferramentas
isoladas;
• Deve-se tomar cuidado ao manusear escadas, mangueiras ou equipamentos próximos a fios
elétricos.
• Não se deve tocar em qualquer veículo ou viatura que esteja com fios elétricos, pois esse
procedimento pode resultar em choque elétrico.
Incêndios em metais combustíveis (magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio, potássio, alumínio,
zinco, titânio, sódio, zircônio) exigem, para a sua extinção, agentes que se fundam em contato com
o material ou que retirem o calor destes. Metais combustíveis queimam em temperaturas
extremamente altas e reagem com a água, arremessando partículas. A reação será tanto maior
quanto mais fragmentado estiver o metal.
Estes incêndios podem ser reconhecidos pela cor branca das chamas. Uma camada cinza poderá
cobrir o material, dando a impressão de que não há fogo.
Quando o material estiver em forma de limalha (fragmentado), deve-se isolar a parte que está
queimando do resto por processo mecânico (retirada do material) e utilizar o agente extintor próprio,
cobrindo todo o material em chama.
O maior problema do bombeiro numa emergência com combustíveis classe "D" é a obtenção de
agentes extintores adequados à situação específica. Isso porque os metais combustíveis não
apresentam um comportamento padrão para um determinado agente extintor. Portanto, deve-se
agir com extrema cautela nestes casos. O melhor método de extinção é a quebra da reação em
cadeia com uso de agente extintor específico que reaja com o combustível e/ou radicais livres
impedindo a reação.
Exemplos de agentes que podem ser usados são grafite seco, cloreto de sódio, areia seca e
nitrogênio.
Em certas circunstâncias, a água pode ser usada como agente extintor (nas situações específicas
de ligas de magnésio usadas em indústria). Neste caso, a água deve ser utilizada em grandes
quantidades, pois a temperatura deste tipo de fogo é muito alta e a técnica de extinção utilizada é
o resfriamento. A água deve ser em quantidade tal que o resfriamento suplante a reação dela com
o combustível.
149
É importante que se obtenha o máximo de informação sobre o produto em chamas, bem como se
há no local o agente extintor apropriado.
9. VENTILAÇÃO
VENTILAÇÃO VERTICAL
VENTILAÇÃO HORIZONTAL
É aquela em que os produtos da combustão caminham horizontalmente pelo ambiente. Este tipo
de ventilação se processa pelo deslocamento dos produtos da combustão através de corredores,
janelas, portas e aberturas em paredes no mesmo plano.
No que diz respeito à ação humana para acelerar a movimentação dos gases, a ventilação
pode ser natural ou forçada.
150
VENTILAÇÃO NATURAL
A ventilação natural consiste em abrir acessos existentes (portas, janelas, clarabóias) ou criando
acesso (quebrando parte da estrutura de paredes, teto ou destelhando telhado) permitindo a
entrada natural de are saída de fumaça pela diferença de pressão. Aproveita-se a própria tendência
da fumaça em se deslocar para fora devido à diferença de densidade e devido às diferenças de
pressão.
Como já visto, o foco produzindo e aquecendo gases, faz com que eles subam . A acumulação
deles no teto e a expansão provocada pelo aquecimento geram um aumento de pressão que é
maior rente ao teto acima do foco. De igual modo, a tendência dos gases aquecidos em subir gera
uma zona de baixa pressão imediatamente acima do foco (ao redor e acima das chamas).
Em se fazendo aberturas, o ar frio tende a entrar e ir em direção à zona de baixa pressão enquanto
que a fumaça busca o exterior do cômodo para aliviar a pressão. Isso provoca a ventilação.
A ventilação ocorrerá por qualquer abertura existente ou feita, intencionalmente ou não. Ainda que
exista uma abertura só, como na figura anterior, o ar entrará por baixo e fumaça sairá por cima. Se
a ventilação será eficiente ou não, isso depende do tamanho da abertura em relação ao cômodo
e ao foco.
A ventilação natural será mais eficiente caso seja cruzada, ou seja, caso acessos sejam abertos
em lados opostos do cômodo permitindo a saída da fumaça por um lado e a entrada de ar pelo
outro, renovando a atmosfera do ambiente.
Ao se efetuar uma ventilação natural devemos considerar alguns aspectos:
- A direção do vento deve ser aproveitada para soprar ar fresco para dentro da edificação;
- O acesso de saída deve ser aberto primeiro, pois, abrir a entrada primeiro significa dar
comburente ao foco sem lhe retirar nada;
- Se possível, a área de saída de fumaça deve ser maior que a área de entrada de ar fresco;
- O caminho que a fumaça vai fazer dentro da edificação: a fumaça aquecida não deve vagar
por cômodos não afetados.
VENTILAÇÃO FORÇADA
A ventilação forçada consiste no emprego de meios artificiais para acelerar a movimentação dos
151
gases no ambiente sinistrado.
Além da mera abertura de acessos, que se dá quase como na ventilação natural, a ventilação
forçada conta com equipamentos para acelerar o deslocamento dos gases.
Quanto ao tipo de equipamento utilizado, a ventilação forçada divide-se em: mecânica e
Hidráulica.
23 ligado à bomba da viatura, a água impulsionada pela bomba faz girar as pás
Acesso. Todo o cone deve ser encaixado dentro da abertura próximo à beirada, seja uma porta,
janela ou acesso forçado.
Ventilação por Pressão Positiva (VPP) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de entrada jogando água para
dentro do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para dentro a pressão fica
maior no interior na zona próxima à abertura, por isso a denominação de ventilação por pressão
positiva.
Como se pode perceber ela é feita de fora para dentro do ambiente sinistrado. A VPP pode ser
feita com uma ou duas aberturas.
Com uma abertura, o ar deve ser “soprado” pela parte inferior, haja vista a tendência da fumaça
em “flutuar” sobre a camada de ar frio que entra.
Em se tratando de uma abertura e sendo ela uma porta, o jato deve ser posicionado de modo que
preencha o Máximo possível da metade inferior da porta como esquematizado ao lado.
Semelhantemente ocorrerá se o único acesso for uma janela. A metade superior deve ser deixada
livre para a saída de fumaça.
Como a saída de fumaça se dará muito próximo aos bombeiros, a técnica de VPP por uma abertura
152
deve ser feita preferencialmente após o fogo ser debelado e caso não haja outra forma de efetuar
a ventilação.
Com duas aberturas, uma para a entrada do ar fresco e outra oposta para a saída de fumaça, o
jato deve ter outro alvo. Em se tratando de uma porta, deve atingi-la na metade superior. Isso se
deve ao fato de que na parte superior estão concentrados os gases mais aquecidos e a ventilação
por ali será mais eficiente.
Como há outra abertura para saída de fumaça, não há necessidade de reservar a parte superior do
vão da porta para a saída de fumaça.
Se a abertura de entrada for uma janela, deve o jato ocupar o máximo dela possível pela mesma
razão.
A ventilação por pressão positiva auxilia no resfriamento do ambiente pela impulsão de neblina de
água que ajuda no resfriamento. Infelizmente, aumentam também os danos causados pela água e
pelo excesso de vapor que se acumulará caso a ventilação não seja bem efetuada.
153
Ventilação por Pressão Negativa (VPN) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de saída jogando água para
fora do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para fora, a pressão no interior
próximo à abertura fica menor gerando uma zona de baixa pressão, por isso a denominação de
ventilação por pressão negativa.
A água é jogada para fora do ambiente, evitando os danos à propriedade pela água, mas diminuindo
a capacidade de resfriamento da operação de ventilação, o que é facilmente contornado se a
ventilação for bem-feita.
Com a fumaça empurrada para fora, o ar frio entra para substituir o vazio que ficaria substituindo a
atmosfera quente e inflamável do ambiente.
A VPN também pode ser feita por uma ou duas aberturas, mas em qualquer dos casos, o jato deve
ser direcionado à metade superior nas portas e
englobando o máximo do espaço nas janelas.
CUIDADOS NA VENTILAÇÃO
154
A fumaça, mesmo ao sair da edificação, não deve ter seu caminho ignorado, pois se ela deixar uma
edificação para penetrar em outra vizinha, estará transportando calor que pode ser suficiente para
eclodir novos focos nessa outra edificação.
Já foi afirmado, mas não é inconveniente lembrar que a saída de fumaça, seja a ventilação por
pressão positiva ou por pressão negativa, seja forçada ou natural, horizontal ou vertical, a abertura
de saída de fumaça deve ser próxima ao foco!
O uso de ventiladores-exaustores com mangas de direcionamento de ar altera a dinâmica
apresentada. Com as mangas, é possível coletar a fumaça do cômodo sinistrado e a conduzir até
o exterior da edificação sem expor os materiais pelo caminho.
10. REFERÊNCIAS
International Fire Service Training Association. Essentials of firefighting and fire department
operations. 5ª Ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008.
GRIMWOOD, Paul. et alii. 3D Firefighting: techniques, tips, and tactics. Stillwater, OK: Fire
Protection Publications. 2005.
SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Coletânea de
Manuais Técnicos de Bombeiros, Títulos 1, 23, 32, 42. São Paulo: 2006
155
1. ATRIBUTOS E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA
1.1 INTRODUÇÃO
É da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em prática o suporte básico de
vida. Saber fazer o certo na hora certa pode significar a diferença entre a vida e a morte para um
acidentado. Além disso, os conhecimentos na área podem minimizar os resultados decorrentes de
uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em melhores condições para receber o
tratamento definitivo.
1.3 O SOCORRISTA
b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou exageradas
daqueles que estão sob situação de estresse;
156
1.5 RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA
As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes
atividades:
a) Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos equipamentos de proteção individual
(EPI's) e fazer uso dos mesmos;
b) Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os riscos, de modo a proteger a si
mesmo, sua equipe, o paciente e prevenir outros acidentes;
c) Colher o maior número possível de informações junto à base, tais como tipo de acidente, nº e
situação das vítimas, se já foi acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos de
referência do local da ocorrência etc..
d) Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação;
e) Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local, através da cinemática do
trauma e pela avaliação do paciente;
f) Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento, não
correndo riscos desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para socorrer uma vítima,
desde que a cena esteja segura para si
e sua equipe primeiramente;
g) Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente. O
procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais;
h) Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as
atividades;
i) Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando com dignidade e respeito à vida humana.
1.6 DIREITOS DO PACIENTE
a) Solicitar e receber atendimento;
b) Exigir sigilo sobre suas condições;
c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo de sua condição;
d) Recusar o atendimento conforme o caso.
157
1.7 TERMOS USUAIS
• Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo estado físico
coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada.
• Urgência: Condição indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado que necessita de
encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada
e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.
• Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento.
• Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que
pode oferecer risco futuro.
• Trauma: Aplicação de uma força que supera a capacidade de resistência do corpo ou parte dele,
provocando lesões de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser produzidas por
agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de forma acidental e ou intencional, agindo
instantânea ou prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou psíquica.
158
2. A OCORRÊNCIA
Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou
patologias, que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata
de suporte básico de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou sobrevida aos
pacientes, bem como evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente.
• A situação;
• Potencial de risco;
• As medidas a serem adotadas;
• Adoção de medidas de proteção individual (EPI).
Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e acionar o serviço
de emergência.
159
3. AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE
Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo
gasto na cena. Não se pode permitir que doentes graves permaneçam no local do trauma para
outro cuidado que não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam presos ou existam
outras complicações que impeçam o transporte imediato.
De acordo com o PHTLS, o processo de avaliação geral do paciente divide-se em quatro fases
distintas, a saber:
• Exame da cena;
• Exame primário;
• Exame secundário;
• Monitoramento e reavaliação.
Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria
condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer
membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria
a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. Mas isso já foi
discutido no capítulo anterior.
Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato,
problemas que ameacem a vida em curto prazo.
1O paciente multissistêmico possui lesões que afetam mais de um sistema do corpo, incluindo os sistemas pulmonar,
circulatório, neurológico, gastrointestinal, musculoesquelético e tegumentar.
160
Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais do que o exame primário. A ênfase é na avaliação
rápida, utilizando cinco etapas (ABCDE do trauma).
1. Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma impressão geral do paciente;
2. Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. "Eu sou o... (nome do bombeiro), Bombeiro
Profissional Civil, e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo?". Uma resposta adequada permite
esclarecer que a vítima está consciente,
que as vias aéreas estão permeáveis e que respira;
3. Vias aéreas (A): Avalie a sua permeabilidade e estabilize manualmente a coluna cervical, utilizando a manobra
do empurre mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária somente a abertura de VA's,
utilizando a
manobra de elevação do queixo;
4. Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e sentir - VOS). Observe sinais de respiração
difícil (rápida, profunda, ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua cavidade oral e visualize a
presença de algum corpo estranho ou excesso de secreção na cavidade. Caso exista, faça uma varredura digital ou
uma aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas ventilações de resgate e observar se houve passagem
do ar (elevação do tórax e/ou abdome). Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE).
Em caso positivo, checar pulso carotídeo: paciente com pulso iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos
serão descritos logo adiante);
Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é insuficiente, posto que a língua e a epiglote podem
obstruir a chegada de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil para aspiração bilateral, é
introduzida uma cânula orofaríngea nesses pacientes. Caso tenham reflexos de vômito, não deverá ser colocada;
5. Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em adultos e crianças, e braquial
em lactentes): paciente sem pulso e iniciar RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão.
A perfusão > 2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e úmida, pode
indicar um comprometimento da oxigenação dos tecidos ou choque;
161
6. Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow), para a avaliação do grau de
comprometimento neurológico e da evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as
pupilas. Observe a sua reatividade e simetria;
7.Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que impeçam a correta avaliação
da existência de ferimentos; expor somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o
choque; preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente;
Escala CIPE
Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o paciente de acordo com a gravidade
de suas lesões ou doença. Essa classificação é baseada na escala CIPE.
Crítico:
Instável:
Paciente inconsciente (Glasgow <13), com choque descompensado (choque com perfusão >2s),
dificuldade respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou tórax.
Potencialmente Instável:
Estável:
Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um rápido
exame físico na região posterior, anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o
colar cervical de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de
ofertar oxigênio para o paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e
através do emprego de uma máscara facial com reservatório de oxigênio.
Para tratar os pacientes de emergência clínica, os socorristas poderão utilizar os mesmos
parâmetros recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a região
cervical.
162
3.3 EXAME SECUNDÁRIO
O exame secundário é avaliação da cabeça aos pés do doente. O socorrista deve completar o
exame primário, identificar e tratar as lesões que ameaçam a vida antes de começar o exame
secundário. Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o
exame primário.
É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente por três socorristas.
Caso não haja essa quantidade, pode haver acúmulo de função, sendo imprescindível sempre, um
treinamento permanente da equipe para a harmonia dos trabalhos.
- Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa com o paciente buscando obter
informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade
existente e outros dados relevantes.
- Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a aferição da respiração, pulso,
pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente.
- Exame físico detalhado: Realizado pelo chefe da equipe em todo o segmento corporal.
Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois algumas vezes a natureza da emergência
pode não estar claramente definida.
• Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (is) que doem mais.
Sinal: É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina.
Sintoma: É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O paciente necessita
contar sobre si mesmo.
163
• Pulso: É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais onde as artérias calibrosas estão
posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.
Valores normais:
Valores normais:
• Temperatura: É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.
Valores normais:
Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá
apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca.
Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o termômetro clínico, para real certificação
da temperatura corporal.
- Pálida,
- Ruborizada ou
- Cianótica.
Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas
unhas.
• Pressão arterial (PA): É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as
paredes internas das artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica.
164
A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A
diastólica é a pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado
(diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco, quanto mais
força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante.
Valores normais:
Adulto:
Criança:
IDADE
Nascimento (12 h, < 1000 g)
Nascimento (12 h, 3 Kg)
Recém-nascido (96 h)
Lactente (6 meses)
Criança (2 anos) Idade escolar (7 anos) Adolescente (15 anos)
PRESSÃO SISTÓLICA
(mm Hg)
39-59
50-70
60-90
87-105
95-105
97-112
112-128
PRESSÃO DIASTÓLICA
(mm Hg)
16-36
25-45
20-60
53-66
53-66
57-71
66-80
Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de idade. Nos casos de hemorragias ou
choque, a PA mantém-se constante dentro de valores normais para no final desenvolver uma queda
abrupta.
O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de 2 a 3
minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado
de forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências
médicas evidentes.
165
3) Inspecionar o ombro bilateralmente proximal / distal;
4) Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax;
5) Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes separadamente;
6) Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região genital;
7) Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a
capacidade de movimentação (motricidade), a perfusão e a sensibilidade (PPMS);
8) Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar PPMS;
9) Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.
166
167
3.4 MONITORAMENTO E REAVALIAÇÃO
A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE: CRÍTICO e INSTÁVEL: Reavaliar a cada
5 minutos.
POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL: Reavaliar a cada 15 minutos.
X
AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO
• Abertura ocular Espontânea 4
Por estímulo verbal 3
Por estímulo à dor 2
Sem resposta 1
• Resposta verbal Orientado 5
Confuso (mas responde) 4
Resposta inapropriada 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1
• Resposta motora Obedece ordens 6
Localiza dor 5
Reage a dor mas não localiza 4
Flexão anormal - decorticação 3
Extensão anormal- 2
decerebração
Sem resposta 1
168
FLUXOGRAMA DA AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE
Avialiação da Cena
Impressão geral
Vias aéreas/cervical RCP/DEA
Respiração RP
Circulação (pulso e hemorragias) Ovace
Exame Primario
Sinais Vitais
Colar cervical e oxigênio
Entrevista
Exame Fisico Detalhado
Entrevista
•
Estabilização e
Transporte
169
4. SUPORTE BÁSICO DE VIDA
O suporte básico de vida (SBV) é uma sequência de medidas, aplicadas inicialmente no
atendimento a vítimas em parada cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar
ajuda, iniciar suporte ventilatório e circulação mecânica.
Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso são os ritmos
mais frequentemente observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica
precoce é a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico, adicionou-se a desfibrilação à
sequência da RCP.
O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral - RCRC vem sendo inserido na prática
profissional em substituição ao termo RCP - Reanimação Cardiopulmonar.
Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas iniciais devem objetivar não só
o retorno da circulação espontânea, mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral.
Entretanto, abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer dúvidas.
4.1 DEFINIÇÕES
Outra definição:
É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de
resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apnéia (ou respirações agônicas).
170
4.2 MORTE CLÍNICA E BIOLÓGICA
A reanimação cardiopulmonar (RCP) é também uma aspiração médica, porque a morte clínica não
é seguida instantaneamente da morte biológica. Ou seja, no momento em que um paciente
apresenta sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a qualquer estímulo e ausência de
movimentos respiratórios e de pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos.
Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos tecidos e recuperar a respiração e a
circulação espontâneas, antes da morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com
sucesso.
O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal
determinante do sucesso da RCP.
Delineação da idade
Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima, é necessário definir tal situação:
171
4.3 DIAGNÓSTICO
É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de sinais que indiquem que o paciente
está evoluindo para uma parada cardiorrespiratória. São eles:
Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR, diagnosticada através de:
inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e
femoral). No lactente, dá-se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero medialmente ao
bíceps.
Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a cianose. A dilatação pupilar (midríase)
surge cerca de 45 segundos após a PC, completando-se em menos de 3 minutos.
Estabelecido que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve
iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em
decúbito dorsal (costas no chão), em uma superfície rígida.
1º passo: realize a manobra de empurre mandibular para que se abra a via aérea sem movimentar
a cabeça e o pescoço da vítima, uma vez que se trata de casos de trauma.
• Com os dedos posicionados, empurre a mandíbula para cima/frente, mantendo a palma das mãos
estabilizando a cabeça da vítima.
172
2º passo: inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há nenhuma obstrução por prótese,
vômito, sangue e outros. Retirar conforme técnicas já descritas.
RESPIRAÇÃO (B)
Fazer o VOS (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma movimentação do tórax e nenhum ar
exalado, a vítima está em apnéia. O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se
constatar que não há respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você não tem
certeza sobre a situação, inicie as ventilações artificiais.
• Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui pulso, realizar a reanimação
pulmonar, que consiste em ciclos de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação
a cada 5 segundos) e 12 a 20 ventilações por minuto para lactentes ou crianças ( aprox. 1
ventilação a cada 3 segundos). Após cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso
central. Continuar com as ventilações até que a vítima restabeleça a respiração ou entre em
parada cardiorrespiratória.
173
CIRCULAÇÃO (C)
Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em lactentes, utiliza-se a palpação da
artéria braquial. Se ausente, iniciar a compressão torácica externa na metade inferior do osso
esterno.
Sequência:
• Geral:
• Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida;
• Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima; não demore mais do que 5
segundos nessa avaliação e continue a RCP, a menos que um DEA esteja disponível;
• O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não permitir que o tórax retorne de
forma abrupta;
174
Adultos e crianças:
• A cada 2 min. troque, se possível, o socorrista que comprime o tórax, para evitar a exaustão e
consequente aplicação incorreta das compressões;
• Os dedos devem estar estendidos ou entrelaçados; eles não tocam o tórax durante as
compressões. Os braços também deverão permanecer eretos e perpendiculares ao tórax da
vitima durante todo o tempo. Para isso, o socorrista deverá inclinar-se.
175
Lactentes
• Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado com o bebê em seu braço,
apoiado em uma das pernas;
DESFIBRILAÇÃO (D)
Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver um desfibrilador disponível, deverá
ser lançado mão imediatamente para normalizar os batimentos cardíacos que entram em
movimentos descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem
pulso.
176
A maioria das vítimas de parada cardiorrespiratória extra-hospitalar não recebe nenhuma manobra
de RCP das pessoas presentes. Existem, provavelmente, muitas razões para isso, mas um
empecilho pode ser a sequência A-B-C, que começa com os procedimentos que os socorristas
acham mais difíceis, a saber, a abertura da via aérea e a aplicação de ventilações. Diante disso,
começar com compressões torácicas pode encorajar mais socorristas a iniciar a RCP.
Embora nenhuma evidência em humanos ou animais publicados demonstre que iniciar a RCP com
30 compressões, em vez de 2 ventilações, leve a um melhor resultado, as compressões torácicas
fornecem fluxo sanguíneo vital ao coração e ao cérebro; ademais, estudos de PCR extra-hospitalar
em adultos mostram que a sobrevivência é maior quando as pessoas presentes fazem alguma
tentativa de aplicar a RCP, em vez de simplesmente não tentarem fazê-lo. Dados de animais
demonstram que atrasos ou interrupções nas compressões torácicas reduzem a sobrevivência;
logo, tais atrasos ou interrupções devem ser minimizados ao longo de toda a ressuscitação. As
compressões torácicas podem ser iniciadas quase imediatamente, ao passo que posicionar a
cabeça e obter um selo para a respiração boca a boca ou com bolsa-válvula-máscara/insuflador
manual sempre demoram certo tempo. Entende-se, portanto, que o início da RCP com
compressões torácicas garante que a vitima receba logo essa intervenção critica e, assim, as
chances de sobrevivência aumentam.
Contudo, tal procedimento deverá ser utilizado apenas em vítimas de casos clínicos. Em vítimas
de trauma, permanece a sequência A-B-C.
Assim, o procedimento adequado para realizar RCP em vítimas de casos clínicos consiste na
aplicação da seguinte sequência:
A - Via Aérea
B – Respiração
C – Circulação
D – Desfibrilação
Dessa forma, o socorrista deve iniciar as compressões torácicas antes das ventilações. E apenas
após a aplicação das 30 compressões, é que o socorrista deverá abrir a via aérea da vítima e
aplicar as 02 ventilações de resgate.
Importante mencionar também que, antes de iniciar a RCP, o socorrista irá abordar a vítima e
checar sua responsividade de forma rápida, apenas para averiguar se respira, Não se deve utilizar
mais o procedimento “Ver, Ouvir e Sentir ”.
177
Resumo dos principais componentes de Suporte Básico de Vida (excluem-se recém-nascidos):
178
5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA
O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda
da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada
cardíaca súbita pelos seguintes motivos:
• O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação
Ventricular.
Quanto mais cedo a desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas
alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP
pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo
organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos
primeiros minutos da parada inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador
externo automático (DEA).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um
sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o
sistema "indica" um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.
Os DEA's devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais
clínicos:
179
1) Ausência de resposta verbal (inconsciente);
1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que
constatar a parada cardíaca;
Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam
outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.
As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou
durante sua operação são as seguintes:
• A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem
desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005
da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas adultos em
crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada
cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação
precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em
vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao
hospital.
• A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque
elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista.
• É mais comum que a água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de
passagem de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo
cardíaco. A vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte
anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas.
180
5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA
O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda
da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada
cardíaca súbita pelos seguintes motivos:
• O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação
Ventricular.
Quanto mais cedo a desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas
alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP
pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo
organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos
primeiros minutos da parada inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador
externo automático (DEA).
O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um
sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o
sistema "indica" um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.
Os DEA's devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais
clínicos:
181
5.3 MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA:
1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que
constatar a parada cardíaca;
Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam
outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.
As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou
durante sua operação são as seguintes:
• A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem
desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005
da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas adultos em
crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada
cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação
precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em vítimas
adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao hospital.
• A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque
elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista.
É mais comum que a água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de passagem
de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo cardíaco. A
vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte anterior e
posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas.
182
A vítima tem um marcapasso implantado. Esses aparelhos podem ser identificados imediatamente
porque criam uma protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte anterior do
tórax. Quando houver coincidência de eletrodos adesivos do DEA com o marcapasso implantado
no tórax poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos de inserção metálica no
miocárdio durante a aplicação do choque. Nesse caso, aplique a pá auto-adesiva do DEA à, no
mínimo, 2,5 cm do marcapasso cardíaco. Depois siga os passos norm ais de operação de um
DEA.
Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da vítima, onde se colocam
as pás auto-adesivas do DEA.
1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos
os passos subsequentes);
5. Conecte a "caixa" do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os cabos estão pré-
conectados);
6. Conecte os cabos do DEA com as pás autoadesivas. (Em alguns modelos, as pás estão
pré-conectadas);
10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do ritmo (alguns DEA não
precisam desse passo);
11. "Afaste-se" sempre do paciente durante a análise. Assegure-se de que ninguém esteja
em contato com ela, nem mesmo a pessoa encarregada da respiração de resgate;
183
13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que ninguém esteja em
contato com ela;
14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga somente quando o DEA
avisar que isto está indicado e ninguém estiver em contato com o paciente.
• Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos, aproximadamente. Depois, verifique
novamente os sinais de circulação.
• Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente mais uma vez.
184
SEQUÊNCIA DE AÇÕES COM O DEA
185
6. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO - OVACE
Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas, total ou parcial. Em nível de
suporte básico da vida pode-se atuar e corrigir as mais comuns, que são:
Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas quando:
• • Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica), principalmente ao redor dos
• Lábios, leito das unhas, lóbulo da orelha e língua; e
A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por exemplo, a vítima está se alimentando
ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de
asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento
de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente
enquanto a vítima ainda está consciente.
Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias
aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte.
186
6.3 TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de
remoção digital. Somente deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for visível.
A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração
da mandíbula (em caso de trauma) ou a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador "em
gancho", do canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando o corpo
estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar o dedo indicador e médio "em pinça".
Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões
reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível.
Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a queda da língua, a introdução a
cânula orofaríngea será suficiente para restabelecer a passagem do ar.
6.3.2 ASPIRAÇÃO
Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. O vácuo
necessário pode ser produzido com gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente.
Os dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou flexíveis.
Técnica
• Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro de pulso;
• Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio;
• Efetuar a limpeza manual da orofaringe;
• Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar;
• Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10 segundos;
• Retirar com movimentos rotatórios;
• Não é necessário aspirar as narinas de adultos, pois a obstrução de vias aéreas é na
boca e orofaringe;
• Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser novamente oxigenado.
Complicações
A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da ventilação, que pode causar
arritmias cardíacas ou mesmo parada cardiorrespiratória.
187
6.3.3 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM ADULTOS
Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a vítima: "Você está engasgado?". Se a
vítima confirmar através de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista
deverá avisar-lhe que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que consiste
Manobra de Heimlich para desobstrução de vias aéreas (obstrução por corpo sólido).
Vítima consciente e em pé.
Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifóide;
Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com a outra mão;
Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas e colocando uma
delas entre as pernas da vítima;
188
Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima, por 5 vezes, forçando a saída do
corpo estranho;
Obs.1: caso a compressão abdominal seja inviável, por tratar-se de paciente obeso ou gestante,
realizar as compressões na porção média inferior do osso esterno
189
Obs. 2: Se a vítima da obstrução for a própria pessoa e essa se encontrar sozinha, deverá forçar a
tosse de maneira insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira para que seja possível
comprimir o abdome.
b) Vítima deitada:
Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos
tocando-lhe lateralmente o corpo;
Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical,
mantendo as mãos sobrepostas;
Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral até que o objeto seja visualizado
e retirado ou até a vítima perder a consciência.
190
6.3.3.2 Vítima inconsciente:
Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as compressões torácicas forçam
a expelição do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda
presente no ar dos pulmões.
Vale ressaltar que durante a abertura das vias aéreas para a aplicação das ventilações de resgate,
o soc
orrista deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis (Protocolo 2005 AHA).
Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto,
levando-se em consideração a intensidade das compressões que será menor; nos lactentes,
para realizar a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os seguintes procedimentos,
após falhar a segunda tentativa de ventilação de resgate:
Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os dedos médio e polegar e com o dedo
indicador segurar o queixo da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com as costas
voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco;
Girar o bebê de modo que ele fique de frente, ainda mantendo a cabeça mais baixa do que o tronco,
e efetuar 5 compressões torácicas através dos dedos indicador e médio sobre a linha dos mamilos
(idêntica às compressões realizadas na RCP);
191
Colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o corpo estranho;
Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a abertura das vias aéreas;
Abrir as vias aéreas e efetuar outra insuflação. Caso o ar não passe, retornar para as pancadas
entre as escápulas e as compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o objeto seja
expelido ou a vítima fique inconsciente. Nesse caso, proceder a manobras de RCP.
OVACE em Lactentes
192
7. CHOQUE
7.1 DEFINIÇÃO
7.2 FISIOLOGIA
Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para produzir energia através da
queima da glicose - metabolismo aeróbico. A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é
extraído da atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos pela circulação
do sangue aos tecidos onde é utilizado.
O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido
movimentado sob pressão. A pressão necessária à movimentação do sangue é gerada pela força
de contração do coração.
A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada pelo coração e do grau de
contração das artérias ou resistência vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os
vasos sanguíneos são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as necessidades do
corpo. Por exemplo, no exercício físico ocorre dilatação nos músculos utilizados e contração dos
vasos do tubo digestivo; durante a digestão ocorre o contrário.
• Queimaduras graves;
• Hemorragias;
• Acidentes por choque elétrico;
• Envenenamento por produtos químicos e intoxicações;
• Ataque cardíaco;
• Exposição a extremos de calor ou frio;
• Dor aguda;
• Infecção grave;
• Emoções fortes;
193
• Lesões graves;
• Politraumatismos.
7.3 CLASSIFICAÇÃO
a) Hipovolêmico
Hemorragias internas e externas, perda de plasmas em queimaduras graves e por desidratação
intensa (exemplo: diarreia e vômitos).
b) Cardiogênico
Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva.
c) Séptico
Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas pelo agente causador com efeito
vasodilatador.
d) Anafilático
Resulta de reação alérgica grave, que produz substância vasodilatadores. Ex.: venenos de insetos,
medicamentos, alimentos etc..
e) Neurogênico
Desenvolve-se quando o controle autônomo dos vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema
nervoso controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a pressão arterial. O
traumatismo de coluna cervical com dano para a medula espinhal, que interrompe a comunicação
entre as fibras do sistema nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso dilatação e
incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas são outras causas.
194
f) Obstrutivo
É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao bombeamento cardíaco. São causas o
pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco.
3. Choque descompensado: nesta fase ocorre redução na perfusão, queda na pressão arterial
e alterações do estado mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde que
realizado rapidamente.
• Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação; Frio, chegando às vezes a ter
tremores;
• Extremidades frias;
7.6 TRATAMENTO
195
• Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a cabeça da vítima para que ela
não se asfixie. Caso haja suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser virada;
8. HEMORRAGIA
8.1 INTRODUÇÃO
O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e de gás
carbônico e outros excretas para os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado
plasma que representa cerca de 55% a 60% de seu volume total, sendo composto por água, sal e
proteínas.
• Coagulação do sangue:
196
Inicia-se pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção sólida do
sangue sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações químicas
que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo orifício do vaso
lesado.
8.2 DEFINIÇÕES
a) Hemorragia
A hemorragia deve ser tratada na análise primária, para depois tratar as vias aéreas e a ventilação
do paciente. Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as hemorragias.
b) Hemostasia
Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através dos mecanismos normais de defesa
do organismo isoladamente ou em associações com técnicas de tratamento médico-básicas e
avançadas.
197
Podem ser classificadas de acordo com:
PRIMEIROS SOCORROS
8.4
Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos métodos que veremos mais à frente
(nos casos de hemorragia externa, pois não existe nenhum método de estancamento para
hemorragia interna).
Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do vaso sanguíneo permanece
dentro do corpo da vítima. É o tipo de hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação
quanto o seu controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar.
198
8.4.1.1 Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna:
• Dor local;
• Pele pálida e fria;
• Edema em expansão;
• Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral);
• Sede;
• Fraqueza, tontura e desmaio;
• Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura.
Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas neste tópico vamos abordar
aqueles que podem ser encontrados com mais frequência.
• Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos, tampe a narina que sangra com
algodão ou gaze enchumaçada;
• Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de hemorragia pode ser a
manifestação de determinadas doenças.
B) Tórax e Abdome:
199
C) Hemorragia dos Pulmões:
Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela boca é de cor vermelho rutilante.
D) Hemorragia Digestiva:
• A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou digerido, semelhante à borra
de café;
200
HEMORRAGIA EXTERNA
É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde ocorre a perda de sangue. Os sinais
e sintomas são praticamente os mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de
contensão, veremos a seguir:
a) Compressão Direta
É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar o sangramento, não interrompe a
circulação sanguínea para o membro ferido.
b) Elevação do Membro
A compressão direta não sendo suficiente para estancar o sangramento, deve-se elevar o membro
lesionado. Deve-se ter cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação.
201
c) Pontos de Pressão
Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão profunda sobre uma artéria proximal
à lesão. Esta é uma tentativa de diminuir a chegada de sangue à ferida.
Os principais pontos de pressão é a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria
femoral.
c) Tamponamento
Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano limpo e estéril, se possível, e
envolvê-lo firmemente com uma atadura. É uma técnica de estancamento adequada e mais
utilizada, pois para o sangramento e não interrompe a circulação.
202
E) Torniquete
Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá ser utilizada em duas situações, se
necessário: no caso de amputação de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos
sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia.
Essa técnica não é aconselhada por provocar o necrosamento do órgão, ou membro e,
consequentemente sua amputação. Deve-se usá-la como último recurso.
203
9. QUEIMADURAS
9.1 INTRODUÇÃO
Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou
elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais
profundas (músculos, tendões e ossos).
b) Elétricas
Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é
ocasionado pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido.
São difíceis de avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos
a músculos, nervos e vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR
e lesão do sistema nervoso.
c) Químicas
204
9.4 GRAVIDADE DA QUEIMADURA
Depende da
causa,
profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação com outras
lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima.
• Formação de bolhas;
205
• Desprendimento de camadas da pele;
9.4.3
QUEIMADURAS DE 3º GRAU
Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem mais de 13% de área corporal
queimada.
O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque, infecção) do que com a
profundidade.
São consideradas queimaduras graves:
206
• Em períneo;Queimaduras do 3º Grau, elétricas, por radiação;
• Com mais de 13% da área corpórea;
• Com lesão das vias aéreas;
• Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com doença pulmonar.
207
9.7 PROCEDIMENTOS
• Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um cobertor (em
direção aos pés);
• Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção para VAS em
queimadas de face);
• Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico;
• Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção;
• Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para aliviar a dor e
208
• Identificar o agente químico:
- ácido lavar por 05 minutos;
- álcali lavar por 10 minutos;
• Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por no mínimo
15 minutos;
• Prevenir o choque.
209
10. LESÃO CEREBRAL TRAUMÁTICA
As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na cabeça. A
gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro.
São mais frequentes lesões cerebrais nos traumatismos sem fratura de crânio. As fraturas poderão
ser abertas ou fechadas:
Fraturas Abertas: São aquelas que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro e o
meio exterior. Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura.
Fraturas fechadas: São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana,
não existe solução de continuidade da pele.
• Concussão
Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, pode haver uma concussão
encefálica. Não existe um acordo geral sobre a definição de concussão, exceto, que esta envolve
a perda temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica. Pode não haver lesão
encefálica demonstrável.
O paciente que sofre uma concussão pode se tornar completamente inconsciente e incapaz de
respirar em curto período de tempo ou ficar apenas confuso. Em geral o estado de concussão é
bastante curto e não deve existir quando o socorrista chegar ao local do acidente.
Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos ocorridos antes da lesão (amnésia), existe
uma concussão mais grave.
• Contusão
O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer objeto bate com força no crânio. A contusão
indica a presença de sangramento a partir de vasos lesados.
Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a consciência. Outros sinais de
disfunção por contusão incluem a paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de uma pupila e
210
alteração dos sinais vitais. As contusões muito graves podem produzir inconsciência por período
de tempo prolongáveis e também causar paralisia em todos os membros.
Mesmo em contusões graves, pode haver recuperação sem necessidade de cirurgia intracraniana.
As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais aos cuidados dispensados ao
paciente desde o inicio das lesões. Os pacientes devem receber ventilação adequada, reanimação
cardiorrespiratória quando necessário, devendo ser transportado para o serviço de emergência
para uma avaliação e cuidados neurocirúrgicos.
• Diretas
São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o encéfalo
• Indiretas
Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com
consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão do
tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa lesão nas
células cerebrais.
211
• Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento).
• Pupilas desiguais (anisocoria).
• Sangramento observado através do nariz ou ouvidos.
• Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz.
• Alteração dos sinais vitais.
• Postura de decorticação ou descerebração.
A) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a respiração
e a circulação. Administrar oxigênio (conforme protocolo local).
C) Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelo ouvidos ou nariz).
212
i) Esteja preparado para o vômito.
Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.
Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de líquor pelo nariz ou ouvidos nos
traumatismos crânio-encefálico (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão intracraniana ou
infecção no encéfalo.
O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão
provocar obstruções nas vias aéreas.
É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve
estar voltada para manutenção da permeabilidade das vias aéreas e controle de hemorragias.
Cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para
o choque.
213
11. TRAUMATISMO RAQUI MEDULAR (TRM)
São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula espinhal.
Os danos causados por traumas nessas estruturas poderão ocasionar lesões permanentes, se a
região atingida for a cervical poderá comprometera respiração, levar à paralisia ou até mesmo a
morte.
11.2 COMPLICAÇÕES
• •A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se instalar o choque
(neurogênico).
214
11.3 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR
c) Administre oxigênio.
e) Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite de RCP, de
controle de sangramento que ameace a vida e/ou de remoção do local por risco
iminente.
Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista deverá realizar todas
as manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço.
215
12. TRAUMA TORÁCICO
• Postura característica: o paciente fica inclinado sobre o lado da lesão, com a mão ou o
braço sobre a região lesada. Imóvel;
Sinais e Sintomas:
Tratamento pré-hospitalar
b) Usar bandagens triangulares como tipoia e outras para fixar o braço no tórax.
Não use esparadrapo direto sobre a pele, para imobilizar costelas fraturadas.
Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração
paradoxal. O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da
caixa torácica durante a inspiração e a expiração.
216
Tratamento pré-hospitalar
b) Use almofadas pequenas ou compressas dobradas presas com fita adesiva larga;
d) Transporte o paciente deitado sobre a lesão ou na posição que mais lhe for confortável;
São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram
cravados, assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos
acidentes de trânsito etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício.
Tratamento pré-hospitalar
a) Tampone o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas, após a expiração;
b) Faça um curativo oclusivo com plástico ou papel aluminizado (curativo de três pontas), a
oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax hipertensivo grave;
Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens
etc.). As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos
próximos da lesão.
Tratamento pré-hospitalar
b) Use curativo volumoso para estabilizar o objeto encravado, fixando-o com fita adesiva;
217
12.6 AMPUTAÇÕES
O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax hipertensivo que resulta em colapso
pulmonar. As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do
pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam
provocando lesões internas nos pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do
pericárdio pode também resultar em uma perigosa compressão no coração.
Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica.
• Desvio de traquéia;
• Estase jugular;
• Cianose;
• Sinais de choque;
• Enfisema subcutâneo etc.
Tratamento pré-hospitalar:
218
13. TRAUMA ABDOMINAL
13.1 INTRODUÇÃO
Ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50% das mortes evitáveis por trauma. A
mortalidade elevada é explicada pelo fato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado
na avaliação inicial da sala de emergência.
Os traumatismos fechados podem ser por compressão dos órgãos abdominais ou por aceleração-
desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. Os pacientes podem não
ter dor ou evidencias de trauma ao exame.
Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais
evidentes e a trajetória do projétil ou da lâmina pode ser imaginada, levando o socorrista a suspeitar
da lesão de determinados órgãos. Porém, deve-se levar em conta que lesões torácicas baixas
podem atingir órgãos do abdome, pois o diafragma se eleva até o quarto espaço intercostal durante
a expiração. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo, pois as lesões
aos órgãos abdominais são bem mais frequentes.
Na porção superior do abdome ficam o fígado e o baço, órgãos estes protegidos anteriormente pela
coluna vertebral. As fraturas de costelas inferiores se associam a lesões a estes órgãos. A porção
inferior dos intestinos é protegida pela pelve e a hemorragia pela fratura de pelve, é um problema
nestes casos.
Os órgãos do abdome podem ser divididos em três grupos: vasculares, sólidos e ocos.
• Órgãos sólidos: fígado, baço, pâncreas e rins. Estas estruturas se caracterizam por possuir
suprimento sanguíneo importante. As lesões a estes órgãos produzem hemorragia e choque
hipovolêmico.
Órgãos ocos: estômago, vesícula biliar, intestino delgado e grosso. A lesão a qualquer um destes
órgãos causa vazamento de secreções para a cavidade abdominal e peritonite (inflamação do
peritônio, membrana que envolve as vísceras).
• Vasos sanguíneos: os mais importantes são a aorta e cava inferior. A lesão destas estruturas
causa hemorragia volumosa e choque hipovolêmico.
A complicação pré-hospitalar que deve ser mais temida pelo socorrista é a hemorragia interna, que
pode causar o choque hipovolêmico. A perfuração de vísceras ocas e perda de função dos órgãos
também são graves, podendo causar a morte, porém são manifestações tardias e ocorrem no
hospital.
219
Pelo que pode ser observado nos dados da tabela 11.1, os traumatismos de fígado e de baço são
os mais comuns. Os de fígado, nos traumatismos penetrantes, e os de baço nos fechados.
13.4 AVALIAÇÃO
Ferimentos penetrantes: devem ser consideradas lesões críticas mesmo que o paciente esteja
aparentemente estável. Suspeitar de traumatismo abdominal significativo em todos os pacientes
com ferimentos penetrantes, especialmente os causados por arma de fogo. Nos traumatismos
fechados, avaliar o estado do painel do carro e da carroceria do veiculo, correlacionando-os com
as lesões observadas no paciente.
13.6 HISTÓRIA
Dor abdominal: pode ser mascarada por alterações do nível de consciência e produzida por drogas,
traumatismos de cabeça ou por lesões de medula espinhal. Alguns pacientes têm dor abdominal
produzida por fratura de arcos costais ou de pelve.
13.7 INSPEÇÃO
13.8 PALPAÇÃO
A dor e a distensão abdominais indicam que o paciente tem risco de choque iminente e são
indicações de transporte rápido.
13.9 TÉCNICA
O abdome é dividido em quatro quadrantes formados por duas linhas imaginárias, um indo da
sínfise pública ao apêndice xifoide e a outra, perpendicular, passando no nível da cicatriz umbilical.
13.10 CONDUTA
Como o tratamento das lesões abdominais é cirúrgico, o tempo de chegada ao hospital é crucial.
220
• pulso e a pressão arterial devem ser constantemente monitorizados durante o transporte
devido ao risco de hemorragia interna que levam ao choque.
• Obter acesso venoso e o iniciar durante o transporte a reposição com Ringer-lactato, desde
que autorizado pelo controle médico.
• Não remover os objetos que penetram o abdome, pois existe risco significativo de precipitar
hemorragia.
• Expor a lesão.
• Estabilizar o objeto com curativo.
• Não tentar quebrar ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isso seja essencial para
o transporte.
13.11.2 EVISCERAÇÃO
221
14. TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
14.1 FRATURA
• Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele ou existe uma ferida associada
que se estende desde o osso fraturado até a pele.
a) Deformidade: A fratura produz uma posição anormal ou angulação, num local que não
possui articulação;
222
e) Impotência Funcional: É a perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima
geralmente protege o local fraturado, pois qualquer movimentação é difícil e dolorida;
f) Fragmentos expostos: Numa fratura aberta ou exposta, os fragmentos ósseos podem se projetar
através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.
14.2 LUXAÇÃO
É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies
articulares percam o contato entre si.
• Edema;
223
14.3 ENTORSE
É a tração ou distensão brusca de uma articulação, além do seu grau normal de movimentação
(amplitude).
• Controlar a hemorragia;
• Aplicar curativo estéril, fixando-o com bandagem ou atadura;
224
• Guardar a parte amputada envolta em gaze ou compressa estéril (pode ser também um pano
limpo), umedecido com solução fisiológica;
c) Controle hemorragias e cubra feridas. Não empurre fragmentos ósseos para dentro do
ferimento, nem tente removê-los. Use curativos estéreis;
• Talas de tração;
• Colares cervicais;
• Macas rígidas; e
Muitas vezes, é impossível saber se a vítima é mesmo portadora de uma fratura, entorse ou
luxação. A confirmação virá quando a vítima for submetida a um exame de Raios-X. No entanto,
até que se faça o exame em ambiente hospitalar, devemos tratá-la como se tivesse sofrido uma
fratura.
225
15. INTOXICAÇÕES
As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no organismo, acidental ou
não, de substâncias tóxicas, como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em
laboratório e limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos.
As intoxicações podem ser subdivididas de acordo com o tempo de ocorrência: aguda (até 24 horas
do acidente), subagudas ( os primeiros dias após) e, seguidamente subcrônicas ( até um mês) e
crônicas, exposição a determinada substância durante longo tempo, resultando em acumulação do
composto no corpo (metais, como o chumbo, por exemplo).
15.1 TÓXICO
Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou causa a morte por sua ação química
quando interage com o organismo. É importante informar que todo medicamento apresenta
propriedades terapêuticas. Entretanto, em doses excessivas, todos podem tornar-se tóxicos.
15.2 INTOXICAÇÃO
227
• Confusão mental, inconsciência;
• Convulsões;
• Choque anafilático;
• Parada respiratória ou cardiorrespiratória.
Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas podem "mascarar"
a dor!
228
16. TRIAGEM
16.1 MÉTODO START (SIMPLE TRIAGE AND RAPID TREATMENT) Triagem Simples e
Tratamento Rápido
Vantagens:
• •Sistema de triagem simples que permite triar uma vítima em menos de 1 minuto;
• •O método utiliza diferentes cores para determinar a prioridade de atendimento e
transporte;
Vermelha: Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em estado grave e necessitam
tratamento e transporte imediato.
Amarela: Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam tratamento, mas podem
aguardar.
Verde: Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem atenção imediata.
Preta: Significa sem prioridade. Estas vítimas possuem lesões obviamente mortais.
Este método baseia-se em três diferentes critérios para classificar as vítimas em diferentes
prioridades, a saber:
Respiração:
NÃO - Se não respira mesmo após abrir as vias aéreas, é considerada vítima sem prioridade
(cor preta).
SIM - Se após abertura de vias aéreas voltar a respirar é considerada vítima de primeira
prioridade (cor vermelha). Se a respiração apresenta-se de forma espontânea e acima de 30
vpm é também considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até 30 vpm, avalie a
perfusão
229
Perfusão:
Status neurológico:
NÃO - Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira prioridade (cor vermelha).
SIM - Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda prioridade (cor amarela).
• Primeiro passo:
• Segundo passo:
Determinar para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação das vítimas que
permaneceram na cena de emergência e que não apresentam condições de caminhar. Deverá
ser avaliada a respiração. A respiração está normal, rápida ou ausente?
230
• Terceiro passo:
• Quarto passo:
O socorrista deverá verificar o status neurológico da vítima. Se a vítima não consegue
executar ordens simples emanadas pelo socorrista, deverá receber a fita de cor vermelha.
Se a vítima executa corretamente as ordens simples recebidas, receberá a fita de cor
amarela.
231
232
17. REFERÊNCIAS
233
1. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Considerando que o objetivo deste curso não abrange uma análise aprofundada da
legislação que rege a movimentação e manuseio de produtos perigosos citamos a legislação
abaixo para conhecimento geral dos instruendos, a saber:
1.1. TRANSPORTE RODOVIÁRIO
• Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988: Regulamento para Transporte Rodoviário de
Produtos Perigosos (RTRPP);
• Decreto nº 1797, de 25 de janeiro de 1996: Acordo de Alcance Parcial para Facilitação
de Transporte de Produtos Perigosos no MERCOSUL;
• Portaria nº 204, de 20 de maio de 1997: Instruções Complementares ao RTTPP.
(Revogou a Portaria nº 291 de 31.05.88);
• Resolução ANTT Nº 420, de 12 de fevereiro de 2004: Aprova as Instruções
Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos
(Alterou a Portaria nº 204/97);
• Normas Técnicas da ABNT (NBR):
- NBR 7500 - Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de
materiais.
- NBR 7501 - Transporte de produtos perigosos - terminologia.
- NBR 7503 - Ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos
- características e dimensões.
- NBR 7504 - Envelope para transporte de produtos perigosos - características e
dimensões.
- NBR 8285 - Preenchimento da ficha de emergência para o transporte de produtos
perigosos.
- NBR 8286 - Emprego da sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas
embalagens de produtos perigosos.
- NBR 9734 - Conjunto de equipamentos de proteção individual para avaliação de
emergência e fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos.
- NBR 9735 - Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de
produtos perigosos.
- NBR 10271 - Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário
de ácido fluorídrico - procedimento.
- NBR 12710 - Proteção contra incêndio por extintores no transporte rodoviário de produtos
perigosos.
- NBR 12982 - Desgaseificação de tanque rodoviário para transporte de produto perigoso -
classe de risco 3 - líquidos inflamáveis - procedimento.
- NBR 14064 - Atendimento de emergência no transporte rodoviário de produtos perigosos.
- NBR 14095 - Área de estacionamento para veículos rodoviários de transporte de produtos
perigosos.
234
• Legislação Ambiental:
- Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho
de 1990.
- Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998: Lei de Crimes Ambientais.
• Regulamentos Técnicos do INMETRO
• Normas do CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear):
- CNEN 5.01 – Regulamenta o transporte de materiais radioativos;
- CNEN 2.01 – Regulamenta a proteção física de Unidades de Operacionais de área nuclear.
• R 105 – Regulamento do Ministério do Exército: Regulamenta a fiscalização de produtos
controlados.
• Alguns Artigos importantes do Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988, [Regulamento
para Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (RTRPP)] voltados para a equipe de
intervenção:
Art. 1.º O transporte, por via pública, de produto que seja perigoso ou represente risco para a saúde
de pessoas, para a segurança pública ou para o meio ambiente, fica submetido às regras e
procedimentos estabelecidos neste Regulamento, sem prejuízo do disposto em legislação e
disciplina peculiar a cada produto.
Parágrafo 1º. Para os efeitos deste Regulamento‚ é produto perigoso o relacionado em Portaria do
Ministério dos Transportes.
Parágrafo 2º. No transporte de produto explosivo e de substância radioativa serão observadas,
também, as normas especificas do Ministério do Exército e da Comissão Nacional de Energia
Nuclear - CNEN, respectivamente. (R-105 e Res 5.01 - CNEN).
[...]
Art. 11. As autoridades com jurisdição sobre as vias poderão determinar restrições ao seu uso, ao
longo de toda a sua extensão ou parte dela, sinalizando os trechos restritos e assegurando
percursos alternativos, assim como estabelecer locais e períodos com restrição para
estacionamento, parada, carga e descarga
[...]
Art. 27. Em caso de emergência, acidente ou avaria, o fabricante, o transportador, o expedidor e o
destinatário do produto perigoso darão apoio e prestarão os esclarecimentos que lhes forem
solicitados pelas autoridades públicas.
Art. 28. As operações de transbordo em condições de emergência deverão ser executadas em
conformidade com a orientação do expedidor ou fabricante do produto e, se possível, com a
presença de autoridade pública.
[...]
Art. 41. A fiscalização para a observância deste Regulamento e de suas instruções complementares
incumbe ao Ministério dos Transportes, sem prejuízo da competência das autoridades com
jurisdição sobre a via por onde transite o veículo transportador.
235
W INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION (IMO): Organismo vinculado à Organização das
Nações Unidas (ONU) que regulamenta o transporte marítimo.
W SOLAS 1974 - (International Convention for the Safety of the Life at Sea) - É a Convenção
Internacional para a Segurança Marítima. Contém as disposições obrigatórias que regem o
transporte de Produtos Perigosos.
W MARPOL 73/78 - Trata dos diversos aspectos da prevenção da contaminação do mar e seus
ecossistemas, contém as disposições obrigatórias para a prevenção da contaminação por
substâncias prejudiciais transportadas por mar.
W IMDG CODE - International Maritime Dangerous Goods Code - (Código Marítimo Internacional
sobre Mercadorias Perigosas): Recomenda que as determinações sejam adotadas pelos governos
que os tomem como base para as suas regulamentações. Com a observação deste Código se
harmonizam as práticas e os procedimentos adotados para o transporte por mar de mercadorias
perigosas e se garantem o cumprimento das disposições obrigatórias do Convênio SOLAS 1974.
236
2. CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
OBJETIVOS:
2.1. CONCEITOS
Exemplos:
Exemplos:
A maioria dos produtos explosivos possui em sua composição química os elementos carbono,
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
A classe 1 é uma classe restritiva porque apenas as substâncias e artigos listados na relação de
produtos perigosos podem ser aceitos para o transporte. Entretanto, o transporte para fins especiais
dos produtos não incluídos naquela relação pode ser realizado sob licença especial das autoridades
competentes.
238
A Classe 1 está subdividida em 6 subclasses:
• Subclasse 1.2 - Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em
massa. Ex.: Artigos Pirofóricos;
• Subclasse 1.3 - Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão,
de projeção ou ambos, mas sem risco de explosão em massa. Ex: Cartuchos para
sinalização;
• Subclasse 1.4 - Substância e artigos que não apresentam riscos significativos. Ex.:
Cartuchos para armas;
• Subclasse 1.5 - Substância muito insensível com risco de explosão em massa. Ex.:
Explosivo de Demolição Tipo B;
• Subclasse 1.6 - Substância extremamente insensível, sem risco de explosão em massa. Ex.:
Explosivos usados em minas de escavação.
Gás é uma substância que a 50ºC tem a pressão de vapor superior a 300 KPa, ou, ainda, é
completamente gasoso na temperatura de 20ºC e na pressão normal de 101,3 KPa.
A Classe 2 está dividida em três subclasses, com base no risco principal que os gases apresentam
durante o transporte:
239
Sempre quando se tratar de gases deve-se analisar o risco principal do produto pelo 2º número.
Por exemplo, os gases venenosos (tóxicos) poderiam ser incluídos na subclasse 6.1, porque seu
caráter venenoso é o risco principal, porém está definido com o n.º de risco 26.
Quando o gás apresentar outros riscos, tipo inflamabilidade e toxidez, utilizar-se-á no rótulo de
risco o n.º 2 com a inscrição “Gás Inflamável” e “Gás Tóxico”.
Sólidos inflamáveis são substâncias sujeitas à combustão espontânea. São substâncias que, em
contato com água, emitem gases inflamáveis.
240
• Subclasse 4.2 - Substâncias sujeitas à combustão espontânea – Elas são sujeitas a
aquecimento espontâneo em condições normais de transporte, ou aquecimento em
contato com o ar, podendo inflamar-se.
• Subclasse 4.3 - Substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis –
São aquelas que, por interação com a água, podem tornar-se espontaneamente
inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em quantidades perigosas.
• Subclasse 5.1 - Substâncias Oxidantes - Substâncias que, embora não sendo elas
próprias necessariamente combustíveis, podem, em geral, por liberação de oxigênio,
causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isto.
Ex.: nitrato de sódio, ácido clorídrico, cloreto de zinco etc.;
Cuidados especiais:
1- Os veículos devem ser adaptados para que vapores do produto não entrem na cabine;
2- Os produtos devem ser protegidos contra o calor nos níveis de prescrição de cada um;
241
• Subclasse 6.2 - Substâncias Infectantes - São aquelas que contêm microorganismos
viáveis às suas toxinas, os quais provocam, ou há suspeita que possam provocar
doenças em seres humanos ou animais. Produtos Biológicos acabados são pertencentes
a esta subclasse.
2.2.7. CLASSE 7 – SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS
São substâncias que liberam energia através da quebra dos núcleos de seus átomos. As
substâncias desta classe devem ser protegidas e isoladas (embalagens especiais revestidas
com chumbo), porque a radioatividade é nociva aos tecidos humanos, podendo causar a
morte.
Ex.: carbono 14, césio 137, cobalto 56, rádio 226 e 228, urânio 232 etc..
• Painel de Segurança
• Rótulo de Risco
• Ficha de Emergência
• Nota Fiscal
• Diamante de Hommel
PAINEL DE SEGURANÇA
Painel retangular de cor alaranjado, indicativo de transporte rodoviário de produtos
perigosos, que possui inscrito, na parte superior o NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO DE
RISCO DO PRODUTO e, na parte inferior, o NÚMERO QUE IDENTIFICA O PRODUTO
(ONU).
Este painel de segurança (placa laranja) deve ser afixado nas laterais, traseira e dianteira do
veículo. É constituído de quatro algarismos (número da ONU) e o número de risco.
Exemplo:
Proibição de água
Número de risco
Numero ONU
NÚMERO DE RISCO
Este número é constituido por dois ou três algarismos e se necessário a letra “X”.
Quando for expressamente proibido o uso de água no produto perigoso deve ser cotada a
243
letra X, no início, antes do número de identificação de risco.
O número de identificação de risco permite determinar de imediato:
SIGNIFICADO
DO
SEGUNDO
E/OU
TERCEIRO ALGARISMO
OBSERVAÇÕES:
- Na ausência de risco subsidiário deve ser colocado como 2º algarismo o zero.
- No caso de gás nem sempre o 1º algarismo significa o risco principal.
- A duplicação ou triplicação dos algarismos significa uma intensificação do risco.
EXEMPLOS:
30 = INFLAMÁVEL;
33 = MUITO INFLAMÁVEL;
333 = ALTAMENTE INFLAMÁVEL
RÓTULO DE RISCO
Losango que representa simbolos e/ou expressões emolduradas, referentes à
classe do produto perigoso. Ele é fixado nas lateriais e traseira do veículo de
transporte. Os rótulos de risco possuem desenhos e números que indicam o
produto perigoso. Quanto à natureza geral, a cor de fundo dos rótulos é a mais
visível fonte de identificação da classe de um produto perigoso.
244
As cores de fundo dos rótulos de risco significam:
OBSERVAÇÕES:
CLASSE 1 = EXPLOSIVOS
Substâncias submetidas a transformações químicas extremamente rápidas e que produzem
grandes quantidades de gases e calor. Muitas das substâncias pertencentes a esta classe são
sensíveis ao calor, ao choque e à fricção. Já outros produtos da mesma classe necessitam de um
intensificador para explodirem.
CLASSE 2 = GASES
Esta classe compreende os gases comprimidos, os liquefeitos, os dissolvidos sob pressão ou,
ainda, os altamente refrigerados, ditos criogênicos. Em caso de vazamentos ou fugas, os gases
tendem a ocupar todo o ambiente, mesmo quando possuem densidade diferente da do ar
atmosférico. Além do risco inerente ao seu estado físico, os gases podem apresentar riscos
adicionais, como, por exemplo, inflamabilidade, toxidade, poder de oxidação e corrosividade, entre
outros.
245
CLASSE 4 = SÓLIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÃO EXPONTÂNEA QUE EMITEM GASES
INFLAMÁVEIS EM CONTATO COM ÁGUA
Esta classe abrange todas as substâncias sólidas que podem inflamar-se na presença de uma fonte
de ignição, em contato com o ar ou com a água, e que não são classificados como explosivos. Em
função da variedade de características dos produtos desta classe, os mesmos são agrupados em
subclasses.
CLASSE 8 = CORROSIVOS
São substâncias que, por ação química, causa severos danos em contato com tecidos vivos.
Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentem estas propriedades, os
ácidos e as bases.
CLASSE 1 – EXPLOSIVOS
CLASSE 2 - GASES
246
CLASSE 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS
CLASSE 8 - CORROSIVOS
CLASSE 1 – EXPLOSIVOS
247
CLASSE 2 – GASES
CLASSE 8 – CORROSIVOS
248
As classes e respectivas subclasses dos produtos perigosos apresentam os seguintes significados:
Classe 1 Explosivos
Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa
Subclasse 1.2 Substância e artefatos com risco de projeção
Subclasse 1.3 Substância e artefatos com risco predominante de fogo
Subclasse 1.4 Substância e artefatos que não apresentam riscos
significativos
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis
Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis
Classe 2 Gases
Subclasse 2.1 Gases inflamáveis
Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis
Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação
Classe 3 Líquido inflamável
249
Não informa qual é a substância química, mas indica todos
os riscos envolvendo o produto químico em questão.
VERMELHO – INFLAMABILIDADE
4– Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos
3 – Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente
2- Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente
1- Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição
0- Produtos que não queimam
AMARELO – REATIVIDADE
4 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão à temperatura ambiente
3 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão quando exposto à fonte de
energia severa
2 – Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas
1 – Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido
0- Normalmente estável
- Material radioativo
250
COMO UTILIZAR O MANUAL PARA ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA COM PRODUTOS
PERIGOSOS
OBJETIVO DO MANUAL
O manual foi desenvolvido pelo departamento de transporte dos Estados Unidos, sendo adaptado
pela Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM) ao Brasil, visando direcionar os
atendimentos às características dos produtos químicos que são produzidos e transportados em
solo brasileiro. O Manual está em observância com o ERG 2000 (Emergency Response
Guidebook), sendo o mesmo aplicado nos Estados Unidos, Canadá e México. O conteúdo
apresentado é baseado na 5ª edição do manual de emergência da ABIQUIM, de 2006.
AS SEÇÕES DO MANUAL
O manual para atendimento a emergência com produtos perigos possui cinco seções:
SEÇÃO BRANCA: A seção branca aborda informações gerais acerca do manual, bem como dados
referentes aos números de risco e suas características, além da tabela de códigos de riscos.
SEÇÃO AMARELA: A seção amarela classifica os produto perigosos pelo número da ONU,
relacionando o número ao nome do mesmo, atribuindo com isso a sua classe de risco e a respectiva
guia de emergência. Nesta seção estão organizados os produtos perigosos em ordem numérica
crescente, de acordo com a designação da ONU.
SEÇÃO AZUL: A seção azul identifica o produto pelo seu nome comercial, servindo para se
associar o mesmo à sua respectiva guia de emergência e ao número da ONU.
SEÇÃO LARANJA: A seção laranja é composta basicamente de guias, sendo estas denominadas
de guias de emergência, pois compõem todos os procedimentos que devem ser adotados em um
acidente com produtos perigosos.
A seção laranja possui 62 guias, divididas em função dos riscos potenciais, como: fogo ou explosão
e risco à saúde; atribuições da segurança pública, como vestimentas de proteção e evacuações; e,
trás ainda, ações de emergência em caso de vazamento e derramamento, fogo e os primeiros
socorros em caso de vítimas.
251
Quando não se conhece o conteúdo da carga ou há transporte de vários produtos juntos – carga
mista (desde que sejam compatíveis e dentro da quantidade exigida pela legislação) – usa-se a
guia 111.
OBSERVAÇÕES:
• A letra “P” seguida do número da guia indica produtos que podem polimerizar de forma
violenta pelo calor ou por contaminação.
• Polimerização é a denominação dada à reação química que a partir de moléculas simples
(monômeros) produzem macromoléculas (polímeros), normalmente de forma
extremamente exotérmica.
• Os produtos destacados em verde indicam que possuem riscos especiais (tóxicos por
inalação ou em contato com a água produzem gases tóxicos). Requerem um tratamento
especial quanto ao isolamento e distanciamento.
AVALIAÇÃO
1. Qual a guia de emergência que deve ser aplicada, considerando um acidente envolvendo
um caminhão com produto perigoso não identificado?
253
3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
3.1. OBJETIVOS
3. Estar com pressão e temperatura que não causem lesões ao organismo humano.
254
3.4. FILTROS QUÍMICOS
1. Concentração do contaminante;
2. Compatibilidade do filtro;
3. Concentração de oxigênio.
Os filtros químicos não suprem a deficiência de oxigênio, portanto, não devem ser usados
em ambientes fechados e sem ventilação, onde a concentração de oxigênio seja inferior a
19,5%.
255
3.5.2. NÍVEL B – NÍVEL ALTO
- Somente deve ser utilizado quando for conhecido o contaminante e sua toxidade e quando
a sua concentração puder ser medida.
256
3.5.4. NÍVEL D – MENOR NÍVEL
- trabalho não implica em nenhum contato com derramamentos, imersões ou inalações com
qualquer produto químico.
257
4. PROCEDIMENTOS EM EMERGÊNCIA
4.1. OBJETIVOS:
Toda área de acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso controle. O método utilizado
para prevenir ou reduzir a migração dos contaminantes é a limitação da cena de emergência em
zonas de trabalho. O emprego de um sistema de três zonas, pontos de acesso e procedimentos de
descontaminação, fornecerá uma razoável segurança contra o deslocamento de agentes perigosos
para fora da zona contaminada ou área de risco.
As zonas de trabalho devem ser delimitadas no local com fitas coloridas e, se possível, também
mapeadas. A dimensão das zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento
de todos os envolvidos na operação.
A divisão das zonas de trabalho deverá ser constituída da forma que segue:
258
Quem fica na Zona Quente?
• Zona Morna: É a região que fica posicionada na área de transição entre as áreas
contaminadas e as áreas limpas. Esta zona é delimitada pelo chamado corredor de
redução da contaminação. Toda saída da zona de exclusão deverá ser realizada por
esse corredor.
• Zona Fria: Localizada na parte mais externa da área é considerada não contaminada.
O posto de comando da operação e todo o apoio logístico ficam nessa área.
ZONAS DE TRABALHO
259
• •Zona 1: Zona de Exclusão – Quente
Zona 2: Zona de Redução de Contaminação – Morna
• Zona 3: Zona de Suporte – Fria
Para que todas as ações de emergência sejam tomadas o mais rápido possível e de maneira
ordenada e sistematizada é necessária uma abordagem integrada da situação, onde várias ações
pré-determinadas são desempenhadas simultaneamente por diferentes membros da equipe com
um objetivo comum, minimizar os efeitos danosos do acidente. De maneira geral a missão dos
Bombeiros nessas ocorrências passa por:
Esta é a função do Comandante da Operação, deve ser ocupada por quem tem a maior
responsabilidade sobre a ocorrência. O COORDENADOR DO SCO desenvolve as seguintes
atividades:
260
informações com pessoas despreparadas e desinformadas, portanto, o próprio Coordenador ou
alguém por ele designado, deve dar sempre atenção à imprensa presente no local.
4.3.2. OPERAÇÕES
Caso não seja possível identificar o produto deve-se assumir o pior caso possível e fazer uso da
GUIA 111.
O produto envolvido deve ser identificado antes que qualquer ação seja tomada, pois é muito
provável que estejamos frente a um problema muito sério e, muitas vezes, mortal. Se o acidente
envolve fogo, a reação natural dos bombeiros é tentar apagar este fogo. Todavia, em muitas
emergências com produtos perigosos, é expressamente proibido o emprego de água, pois esta
pode reagir com o produto químico e formar gases combustíveis ou explosivos. Como exemplo,
citamos o Carbureto de Cálcio e o Sódio Metálico.
261
4.3.3. EQUIPE DA ZONA QUENTE
262
Em algumas situações, será necessário o emprego de artifícios mais sofisticados ou até
mesmo de equipamentos altamente especializados.
263
O trabalho dessa equipe existe para dar suporte à equipe da zona quente. Ele é dividido conforme
o tipo de produto envolvido na ocorrência, a saber:
• PRODUTOS PERIGOSOS À SAÚDE;
• POLUENTES (POLUIÇÃO AMBIENTAL)
• LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
Para os PRODUTOS PERIGOSOS À SAÚDE seguem as ações:
1. Realizar círculo externo:
No momento em que chegar ao local da ocorrência, os integrantes dessa equipe devem contornar
todo o perímetro da ocorrência numa distância mínima de 50 metros, identificando:
• Dinâmica do acidente
• Riscos na cena
• Número de vítimas e estado aparente das mesmas
• Dificuldades de resgate
• Recursos adicionais a solicitor
Fatores que influem na determinação da área a ser isolada em uma emergência envolvendo
produtos perigosos:
• Produto químico (nível de toxicidade)
• Estado físico (sólido, líquido, vapor)
• Ambiente do acidente (aberto ou fechado)
• Existência de correntes de água (rios, lagos etc.)
• Substância é carregada por agente meteorológico (ventos, chuvas)
Utilize como recursos para o isolamento da área: cordas, fitas, cones e viaturas.
264
Determine as distâncias adequadas:
• Caso o produto não esteja pegando fogo, consulte a tabela na seção verde do ABIQUIM
e, caso o produto não conste na mesma, isole a área num raio de 50 metros, no mínimo.
Se o produto constar na tabela (seção verde) do Manual, determine primeiramente a distância de
isolamento inicial. Dirija todas as pessoas nesta área para longe do vazamento, seguindo a direção
contrária a do vento.
Verifique qual a distância inicial constante nas páginas verdes do ABIQUIM.
Para um determinado produto e dimensão do vazamento, a tabela fornece a distância, a favor do
vento, dentro das quais as ações de proteção devem ser levadas em conta.
265
266
5. Realizar a descontaminação do ambiente
Mantas:
São de fácil aplicação prática e apresentam
excelente velocidade de absorção. Utilizados em
conjuntos com almofadas e barreiras.
Tapetes Microfibras:
São de fácil aplicação prática e apresentam excelente velocidade de
absorção. Utilizados em conjuntos com almofadas e barreiras.
Almofadas:
Apresentam as mesmas vantagens dos tapetes absorventes, no entanto,
por possuírem maior quantidade de material, são empregadas em áreas
onde há o acúmulo de líquidos (poças).
267
Serragem: a serragem é utilizada como absorvente em muitas
fabricas até hoje, pois é extremamente barata e leve. No entanto,
não apresenta boa capacidade de absorção e não pode ser
empregada em produtos químicos perigosos, devendo ser utilizada
em situações que envolvam óleos e derivados de petróleo mais
pesados (nunca em produtos voláteis). A serragem pode ser
incinerada, fato este que diminui os resíduos e, por ser muito mais
leve que a areia, seu emprego é mais rápido e prático. Somente em
casos muito específicos poderemos utilizar a serragem como
absorvente em emergências.
268
Para os POLUENTES e para os LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS seguem as seguintes ações:
b) Seus componentes devem estar igualmente equipados com o nível de proteção usado pela
Equipe da Zona Quente.
a) Seus componentes devem armar uma linha de espuma e mantê-la pressurizada para uma
rápida intervenção em caso de ignição. Não se deve lançar espuma sobre um combustível
apenas porque é um líquido inflamável. A principal medida nessa situação é eliminar as
fontes de ignição. Deve-se sempre tentar não aumentar o volume de resíduos
contaminados numa ocorrência de produtos perigosos.
b) Também deve ser mantido um contato visual constante com a zona quente.
269
5. RESGATE DE VÍTIMAS
Havendo vítima(s) devemos fazer a abordagem com rapidez e eficiência, avaliando se haverá
necessidade de uso de equipamento de desencarceramento. Caso seja possível, este
procedimento deve ser feito antes da entrada da equipe de intervenção na zona quente, de forma
a proporcionar atendimento mais eficaz já de posse dos materiais de primeiros socorros, tais como,
prancha rígida e oxigênio.
A equipe de intervenção deve conduzir a vítima até o limite da zona quente com a zona morna,
deixando os demais procedimentos de primeiros socorros para a equipe do corredor de
descontaminação e, posteriormente, a equipe de atendimento pré-hospitalar.
Tratando-se de ocorrências com produtos perigosos, este item deve ser tratado de forma
diferenciado das demais situações que exigem o salvamento de vítimas, pois na ânsia de socorrer
pessoas que tiveram contato com o produto, direta ou indiretamente, devem ser considerados
contaminados. Portanto, não é aconselhável fazer entradas heróicas para resgate de vítimas sem
Equipamentos de Proteção Individual compatíveis.
Observe sempre esses cuidados para com a vítima e adote os seguintes procedimentos:
270
• Se o produto não estiver embebido, escove levemente e lave com grande quantidade de
água. Se partículas de fósforo estiverem embebidas na pele, irrigação contínua, imersão
em água, cobertura com panos embebidos em água devem ser aplicados durante o
transporte ao hospital para debridamento cirúrgico. Não use óleo para exposições com
fósforo, pois pode provocar absorção pela pele.
• Na descontaminação dos olhos, lave sempre do meio para as laterais. Retire lentes de
contato, caso seja possível.
• Lave com sabão neutro. Atenção especial para cabelos, unhas, dobras da pele. Não
cause mais lesões em áreas já maceradas. Evite contaminar a área ao redor. A
descontaminação não deve ser retardada para se achar um tanque ou local apropriado.
• Remover a vítima para o ar fresco e solicitar assistência médica de emergência; se não
estiver respirando, fazer respiração artificial; se a respiração é difícil, administrar oxigênio.
• Em caso de contato com o produto, lavar imediatamente a pele ou os olhos com água
corrente, de preferência morna, durante pelo menos 15 minutos.
• Manter a vítima quieta e agasalhá-la para manter a temperatura normal do corpo.
• Os efeitos do produto químico podem ser retardados havendo necessidade de manter a
vítima em observação.
271
As equipes responsáveis pelo atendimento de emergência envolvendo produtos perigosos poderão
contaminar-se de várias formas:
Será designada uma área dentro da Zona de Redução de Contaminação para a montagem do
Corredor de Redução da Contaminação (CRC).
O CRC tem a função de controlar o acesso de ida e vinda à Zona de Exclusão e confinar as
atividades de descontaminação a uma área específica. As dimensões do CRC dependem do
número de estações utilizadas, tamanho das zonas de trabalho e espaço disponível na área.
Sempre que possível, ele deverá ser em linha reta.
Toda a extensão do CRC deverá ser bem sinalizada, com restrições para entrada e saída de
pessoal, sendo a chamada “linha quente” obrigatoriamente o seu início.
Temos empregado com sucesso apenas três bases no CRC, esse número de bases se deve em
parte à quantidade limitada de bombeiros envolvidos na
1ª BASE / ESTAÇÃO:
• DEPÓSITO DE MATERIAIS
• SACOS PLÁSTICOS
272
2ª BASE / ESTAÇÃO:
• Reserva de água;
• Lona;
• Piscina;
• 1 balde;
• 2 Cavaletes;
• Oxigênio.
3ª BASE / ESTAÇÃO:
• Cilindros de ar;
• Bancos;
• Lona.
273
6. REFERÊNCIAS
ABIQUIM, Departamento Técnico, Comissão de Transportes. Manual para atendimento de
emergências com produtos perigosos. 5ª ed. São Paulo, 2006.
Federal Emergency Management Agency. Guidelines for Haz Mat/ WMD Response, Planning
and Prevention Training. Washington, DC: FEMA, 2003 National Fire Protection Association –
NFPA. Fundaments of Fire Fighter Skills. ISBN 0-7637-3454-3. Sudbury, Massachussets: Jones
and Bartlett Publishers, 2004.
SENASP/ ANP. Curso Intervenção em Emergência com Produtos Perigosos. Brasília, DF:
Fábrica de Cursos, 2008.
274
1. INTRODUÇÃO
A busca por técnicas mais eficientes e aquisição de equipamentos modernos é uma realidade em
âmbito nacional, principalmente nos aspectos relacionados à atividade de Salvamento em Alturas.
Este trabalho apresenta técnicas utilizadas nas atividades de salvamento em alturas no plano
vertical, explorando princípios importantes, como ancoragens e técnicas de descensão e içamento
adaptados ao grau de lesão das vítimas, além de orientações quanto aos materiais e equipamentos
utilizados nas práticas de salvamento em locais elevados.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GENERALIDADES
2.1.1 Salvamento
Os perigos resultantes das condições adversas da natureza e da imprudência das pessoas
determinam que as comunidades bem organizadas criem serviços para atendimentos de
emergência. A atividade de resgatar vidas humanas, salvar animais e patrimônios, e prevenir
acidentes denomina-se Salvamento.
2.2.8 Simplificar:
O conhecimento e domínio das técnicas de salvamento em alturas não nos obrigam a usar todas
elas. Há ocasiões em que com uma solução simples evitamos uma manobra complicada.
A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da situação, onde serão tomadas
as decisões de como assegurar a realização da operação, que dependem basicamente do número
de vítimas envolvidas, condições e características do local, e proporções do evento.
276
Um dos principais riscos dentro dos trabalhos realizados na segurança coletiva é, sem dúvida, a
perda do controle da situação, além da falta de conhecimentos técnicos, inexperiência e
descontrole emocional.
Desta forma, a guarnição desenvolverá melhor o seu trabalho, conservará todos os materiais e
equipamentos, e a existência dos riscos dentro da operação será consequentemente menor.
Uma vez no local da ocorrência, de acordo com a imposição da situação, devemos ser muito
rigorosos nos seguintes pontos: reconhecimento, preparação, salvamento e desmobilização. Posto
que o tempo corra contra a equipe de salvamento, o que pode agravar o perigo para a vítima e para
os bombeiros, devemos reduzir os imprevistos, e se eles não surgirem, será o sinal de uma boa
preparação técnica e de um bom planejamento.
2.5.2 Reconhecimento:
a) Análise das informações: complementando a Fase Prévia, devemos confirmar as
informações levantadas anteriormente, pois informações mais confiáveis e sem distorções
são mais facilmente levantadas in loco. Confirmamos o número de vítimas, localização,
gravidade, nível de consciência, dentre outros;
277
c) evantamento de riscos: refere-se a riscos inerentes ao serviço de salvamento em alturas,
como eletricidade, fogo, produtos tóxicos, explosivos, pontos de ancoragem, arestas vivas,
superfícies abrasivas, dentre outros;
d) Plano de Ação: após confirmar todas as informações acerca do sinistro, devemos nos ater
às decisões a serem tomadas sobre o desenvolvimento da atuação da equipe. Há diferenças
técnicas e níveis de exigências diferenciados entre um salvamento de vítimas e a busca a
um cadáver, por exemplo.
2.5.3 Preparação:
a) Montar um primeiro acesso à equipe de salvamento, que possa avaliar a vítima e prestar
os primeiros socorros, além de estimar a necessidade de uma equipe de APH para sua
estabilização e posterior transporte;
c) O Plano de Ação deve ser bem estruturado, porém deve ser flexível diante de situações
inesperadas que exijam modificações no plano original. Por exemplo, um edifício
colapsado com bombeiros atuando num salvamento. Um novo desabamento pode fazer
com que tenhamos que resgatar os resgatadores. É latente a necessidade de
anteciparmos este tipo de erro;
2.5.4 Salvamento:
a) Mentalizar claramente a montagem do sistema e os possíveis acidentes, antecipando-
se a eles;
e) Uma vez que tenhamos acesso à vítima, devemos avaliar a sua situação e verificar a
necessidade de uma equipe de APH ou se a operação se resume em retirá-la do local de
perigo. Importante ressaltar o apoio psicológico que a vítima deverá receber por parte da
equipe de salvamento durante todo o desenrolar da ocorrência;
278
2.5.5 Desmobilização:
a) Neste momento é realizado um levantamento quanto aos bombeiros empenhados na ocorrência,
além do equipamento utilizado, após sua correta desmontagem e acondicionamento;
b) Após o recolhimento de todo o material, é feita uma reunião com todos os bombeiros
participantes da ocorrência para que o comandante da operação possa levantar os acertos e as
falhas da atuação de sua equipe. A análise de tais aspectos é de suma importância para aumentar
a segurança, coordenação e eficiência em ocorrências futuras.
279
3. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA
3.1 MATERIAL COLETIVO DE SALVAMENTO EM ALTURAS
3.1.1 Cordas
Podemos assegurar que, dentro da vertente de
segurança, a corda é o elemento mais importante
para o bombeiro nas atividades de salvamento em
alturas, o que lhe garante uma maior atenção, além
de cuidados de manutenção e acondicionamento
redobrados.
3.1.1.1 Materiais:
As fibras naturais têm sido eliminadas na confecção de cordas empregadas em salvamento em
alturas, uma vez que se decompõem com o tempo e não suportam muita carga, além de possuírem
baixa capacidade de amortecimento, quando comparadas com as fibras sintéticas. A poliamida, por
exemplo, amortece oito vezes mais que o cânhamo e 27 vezes mais que um cabo de aço.
Para elaborar cordas sintéticas, são utilizadas três fibras fundamentais: polipropileno, poliéster e
poliamida.
As cordas produzidas com polipropileno, também conhecido como Olefin ou Meraklon, flutuam em
meio líquido e não se deterioram com a umidade, são resistentes a diversos produtos químicos, as
abrasões e a torções. Tem como inconveniente uma reduzida carga de ruptura e se deterioram
rapidamente quando expostas aos raios solares e ao calor, além de possuírem uma capacidade de
amortecimento 60% inferior à poliamida.
As cordas produzidas com poliéster, também conhecido como Dacron, Terilene, Tergal ou Trevira,
são muito resistentes a abrasões e a torções, possuem uma carga de ruptura elevada, mas são
pouco elásticas. Estas cordas são resistentes à água, produtos químicos, luz solar e temperaturas
elevadas. Não absorvem água e não diminuem demasiadamente sua resistência quando molhadas,
além de serem menos amortecedoras que o nylon.
A poliamida, também conhecida como Nylon, Perlon, Enkalon, Lilion ou Grilon, possui elasticidade,
resistência à abrasão, aos raios UV e a produtos químicos similares ao poliéster. Quando molhado
perde de 10 a 20% de sua resistência, podendo chegar a 30%, mas possui uma grande elasticidade
e alta absorção de umidade.
ARAMIDA: Este é o mais novo tipo de fibra sintética utilizada na confecção de cordas. São
produzidas com nome de Kevlar ou Arenka. Possuem características que podem ser mais bem
comparadas com as fibras de aço do que as outras fibras sintéticas devido a sua grade
resistência a ruptura.
280
3.1.1.2 Fabricação
Geralmente, as cordas utilizadas nas atividades de salvamento em alturas possuem diâmetro entre
9 e 12 milímetros, e possuem as seguintes configurações:
a) Cordas torcidas: são fabricadas enrolando as fibras em fios, os fios em cordões, e os cordões
se enrolam até formarem a corda. Possuem a vantagem de permitirem a visualização de toda a
corda e o inconveniente de todas as fibras estarem submetidas à abrasão. Sob baixa tensão, como
no rapel negativo, tendem a girar; e são propensas a enrijecerem, além de dificultarem a confecção
de nós e amarrações;
b) Cordas de 8 ou 16 pernas trançadas: são fabricadas trançando oito ou dezesseis fibras de
nylon ou polietileno. Vantagens: boa resistência à abrasão e grande carga de ruptura.
Desvantagens: são suscetíveis ao encolhimento e formam “cocas” facilmente;
c) Cordas com alma e capa: Neste grupo se encontram as cordas dinâmicas e estáticas,
largamente empregadas nas atividades de salvamento em alturas. A alma é responsável por 80-
85% de sua carga de ruptura. A capa suporta 15-20% da carga, além de proteger a corda contra a
abrasão e a contaminação por sujidades e produtos químicos. Vantagens: alta carga de ruptura, as
fibras da alma são tão largas quanto à corda, tato muito suave, excelente para confecção de nós
mais apertados que as cordas trançadas. Possuem uma elasticidade mínima sob tensão, mas com
cargas pesadas sofrem um alongamento de 40 a 70% antes de se romperem. A capa oferece um
bom parâmetro de manutenção, pois se ela apresenta deformidades ou falhas, a corda deve ser
descartada;
3.1.1.3 Manutenção e Acondicionamento
As cordas apresentam uma longa vida útil, se bem manutenidas e acondicionadas, quer seja no
seu armazenamento ou transporte. Para tanto, devemos nos ater aos seguintes parâmetros:
A) Não pisar ou permitir que grandes pesos sejam postos sobre as cordas;
b) Evitar que a corda tenha contato prolongado com areia ou terra, uma vez que os grãos se
incrustam entre as fibras da corda e podem causar o cisalhamento da mesma;
c) Não deixar a corda sob o sol por intervalos de tempo prolongado;
d) Não permanecer a corda sob tensão desnecessariamente. Após o encerramento das
atividades com as cordas, os sistemas de ancoragens devem ser desmontados ou
afrouxados;
e) Não sobrecarregar os nós e as amarrações;
f) Não trabalhar, dentro do possível, com as cordas molhadas;
g) Evitar o aquecimento da capa da corda, com uma descida rápida de rapel, por exemplo,
pois tal aquecimento pode cristalizar as fibras da capa e diminuir sua resistência (lembrar
que 15 a 20% da resistência de uma corda se concentra em sua capa);
h) Não permitir que as cordas entrem em contato com produtos químicos, incluindo os
derivados de petróleo, como querosene, gasolina ou diesel;
i) Se as cordas estiverem sujas, lavá-las com detergente neutro, e secá-las estendidas sob a
sombra, sem tensão;
j) E, principalmente, evitar a abrasão das cordas com arestas vivas, o que pode causar
inesperadamente a sua ruptura. As cordas são mais vulneráveis ao corte sob tensão do que as
fitas.
281
k) As cordas devem ser acondicionadas em um local seco e limpo, longe da umidade e da luz
solar, podendo ser utilizados os seguintes métodos:
i) Oito: método para cordas estáticas com comprimento acima de 50 metros;
ii) Anel ou Coroa: para cordas dinâmicas ou para cordas estáticas com comprimento inferior a 50
metros;
iii) Andino ou charuto: utilizado principalmente em operações em montanha, em que a corda deve
star firmemente atada ao corpo do bombeiro que a estiver transportando;
iv) Corrente: para diminuir o comprimento dos cabos. Utilizada em situações que haja dificuldade
de lançar a corda através do método tradicional. Num rapel em uma montanha, por exemplo, o
bombeiro desce safando a corda, a fim de evitar que ela se enrole em alguma raiz ou gravatá;
v) Sacola: método empregado para acomodar cabos para as atividades com o emprego em
aeronaves e em tentativas de suicídio.
3.1.1.4 Elasticidade:
A elasticidade do cabo poderá influenciar na execução da atividade de salvamento de um modo
geral, principalmente nas atividades em altura. Cabos muito elásticos são prejudiciais para algumas
atividades, porém são muito eficientes quando empregados nas atividades de segurança. É
importante lembrar que cabos dinâmicos não servem para trabalhos realizados sob tração (cabos
de sustentação). Como um cabo guia apresenta um melhor desempenho. As cordas, no que se
refere a sua elasticidade, podem ser classificadas em:
a) Estáticas: Cordas normalmente com elasticidade inferior a 5%, absorvem pouco choque
em caso de uma queda. São cabos utilizados em atividades de salvamento devido à redução
do “efeito ioiô” e por permitirem a armação de cabos de sustentação;
b) Dinâmicas: Cordas com elasticidade superior a 5%. São cabos que se alongam
quando sob tensão, sendo normalmente utilizados para as atividades de escaladas devido
a sua característica de absorver choques em caso de quedas, evitando prejuízos físicos ao
escalador. Não são cabos adequados para as atividades de salvamento.
3.1.1.5 Classificação quanto ao diâmetro:
A classificação das cordas quanto ao seu diâmetro é internacionalmente aceita, apesar de poder
variar ou ser alterada. Esta classificação é realizada para definir a forma de emprego dos cabos,
sendo:
a)Cordas simples: Cordas com diâmetros superiores a 10 milímetros. Tais cordas devem ser
empregadas nos serviços de salvamento em alturas. São utilizadas nas armações de cabos de
sustentação (circuito horizontal) de forma dupla;
b) Cordas de apoio: possuem de 07 a 08 milímetros de diâmetro, sendo utilizadas
principalmente como elemento de segurança individual;
c) Cordeletes: possuem de 04 a 06 milímetros de diâmetro, sendo utilizados como elementos
auxiliares de segurança e nas técnicas de ascensão e auto-resgate;
3.1.1.6 Vocábulos empregados no manuseio com cordas
a) Sistemas de Cordas: conjunto de cordas empregadas em uma mesma atividade;
b) Cabos de Sustentação: em um “sistema de cordas” é aquele que suporta a carga (objeto,
vítima ou bombeiro);
c) Cabo Guia: Podem ser cordas de orientação (cabo guia em busca), direção (afastando de
paredes) ou de arrasto (cabo do vaivém) em qualquer direção;
d) Chicote: São as extremidades de uma corda;
282
e) Seio: É a parte central de uma corda, situada entre os chicotes(não necessariamente
o meio da corda)
f) Coçado: É um cabo “puído”, danificado;
g) Safar: Procedimento ou manobra de liberar um cabo enrolado;
h) Permear: Procedimento de dobrar uma corda ao meio;
i) Tesar: Procedimento ou ato de se dar tensão a uma corda;
j) Falcaça: É a união dos cordões de uma corda (chicote) por meio de um fio, com a finalidade
de fazer com que sua extremidade não desfie ou se desfaça;
k) Bitola: É o diâmetro da corda expresso em polegadas ou milímetros;
l) Peso: É o seu peso considerado por metro.
283
3.1.2 Fitas
Neste ponto, é importante ressaltar a diferença entre dois conceitos básicos: elasticidade e
flexibilidade. O primeiro se refere à capacidade da corda ou da fita aumentarem de comprimento
quando submetidas a uma força externa qualquer, sendo considerado como parâmetro na
classificação de cordas, como visto anteriormente. Já a flexibilidade é uma característica que a
corda e a fita possuem de se moldarem quando utilizadas para a confecção de nós, por exemplo,
não sendo característica determinante nas suas especificações.
Tal diferenciação se deve ao fato de que as fitas são classificadas como estáticas fato este que
inviabiliza a sua utilização como elemento de segurança individual, que deve apresentar o
amortecimento necessário para evitar lesões em caso de queda.
As fitas são muito utilizadas como elemento de fixação em ancoragens, onde tem a função de
equalização de tensão sobre os meios de fixação, além de protegerem as cordas, substituindo-as
em arestas vivas e pontos de abrasão exagerada. A resistência à ruptura das fitas está relacionada
à sua largura e material de fabricação, sendo utilizadas em anéis, que podem ser obtidos através
de costuras (feitas durante o processo de fabricação) ou nós de emenda.
Os nós usados para unir as extremidades das fitas são tradicionalmente conhecidos como “nós de
fita”, sendo importante uma sobra de 10 centímetros em cada lado, após a confecção do nó.
Os cuidados que devemos ter com as fitas são semelhantes aos das cordas, lembrando que a
qualquer sinal de desgaste prematuro, as mesmas devem ser descartadas.
3.1.3 Escadas de gancho ou prolongável
Utilizadas em atividades de salvamento onde a altura não é o maior obstáculo, como sacadas,
varandas, janelas e marquises, sendo muito útil no resgate de pessoas em locais incendiados ou
com grande quantidade de fumaça, o que atrapalharia uma evacuação pela entrada principal da
edificação. São fabricadas em alumínio ou fibra de vidro, porém são encontrados alguns modelos
em aço, que caíram em desuso por conta do peso elevado.
284
3.1.4 Equipamentos de evacuação de vítimas
285
Poderia provocar um acidente. Já os cintos próprios para a atividade esportiva de rapel não são
acolchoados e possuem o Centro de Gravidade um pouco mais baixo
Existem no mercado os cintos de segurança profissionais, com as perneiras e a cintura mais largas,
para maior conforto; e pontos de fixação laterais, para possibilitar o posicionamento no trabalho
com o uso de cinto talabarte, muito usado nas atividades de corte de árvores, e pontos de fixação
no peito e nas costas.
A utilização dos cintos de segurança deve ser acompanhada por um profissional experiente, pois
sua colocação exige cuidados redobrados, principalmente no que se refere à colocação correta das
fitas nas fivelas, e a fixação de mosquetões nos tirantes das pernas e da cintura. Os porta-materiais
dos cintos não deve ser utilizado como elemento de segurança, pois sua resistência é pequena, e
destina-se somente a fixação de equipamentos, fitas e cordas auxiliares.
3.2.2 Capacetes
Possuem a função primordial de protegerem contra a queda de objetos que
possam incidir diretamente sobre a cabeça do bombeiro durante as atividades
de salvamento, além de protegerem contra obstáculos em locais baixos ou
elementos móveis pendentes. Devem possuir uma jugular que o prenda à
cabeça, e furos para promoverem a ventilação adequada.
3.2.3 Luvas
São essenciais nas atividades de salvamento em altura, devendo ser
confortáveis e adequadas ao tamanho da mão de quem estiver
usando-a. As luvas devem possuir uma proteção extra na região da
palma da mão e no dedo polegar, que são os locais mais suscetíveis
a queimaduras por abrasão. A proteção que a luva proporciona
durante as atividades de salvamento em alturas é imensamente
superior à falta de tato que ela produz. O bombeiro deve se adaptar
à sua utilização e não retirá-la durante as operações, fato que poderia
facilmente culminar em um acidente.
286
São aparelhos que utilizam o atrito com a corda para controlarem a velocidade de deslocamento
vertical, dentre os quais podemos citar:
3.2.4.1 Freio oito: é o descensor mais conhecido e o mais simples de usar.
Apresenta-se em formas variadas, que se baseiam no mesmo princípio de
freio, através do contato entre a corda e o corpo do descensor. Apesar de ser
relativamente barato e permitir o uso do cabo duplo, ele não funciona bem
para cargas muito pesadas, fato que obriga os bombeiros a utilizarem formas
alternativas de freio, como no rapel com vítimas, por exemplo, onde se utiliza
um mosquetão como redução de força, ou através da confecção de várias
voltas no oito para aumentar o atrito. Outro empecilho na utilização do freio
oito é que ele “torce” a corda após passar por ela, formando cocas ao
longo da corda, se ela estiver apoiada no chão
STOP
287
3.2.6 Conectores
São equipamentos utilizados na união entre dois ou mais elementos de segurança. Os conectores
possuem as mais variadas formas, tamanhos, materiais e fabricantes, possuindo uma gama
interminável de utilização. É muito difícil (ou mesmo impossível) realizar uma atividade de
salvamento em alturas sem lançar mão de um conector.
3.2.6.1 Mosquetões
São os conectores mais utilizados, podendo ser de aço ou duralumínio. Possuem um gatilho que
promove a abertura necessária à sua utilização, sendo classificados da seguinte forma:
Sistema de Fechamento
a) Mosquetões sem trava; usados em elementos de segurança
temporária, como escaladas (costuras) e segurança
individual;
b) Mosquetões com trava; usados em elementos de segurança definitiva, como
ancoragens, armação de circuitos, sistemas de multiplicação de força,
progressão vertical, dentre outros. Podem ser encontrados modelos com
trava automática ou de enroscar. Os mosquetões com trava deverão ser
utilizados nas operações de salvamento em alturas com suas travas sempre
fechadas, não podendo estar destravados em hipótese alguma, para evitar
acidentes.
Forma Característica
a) Simétricos; também conhecidos como ovais, são recomendados para
montagem de sistemas de multiplicação de força, em conjunto com as
roldanas e os aparelhos blocantes.
b) Assimétricos; apresentam formas variadas, como HMS, tipo “D”, dentre
outros. Estes mosquetões possuem características e utilidades diversas, que
vão depender da atividade que estiver sendo realizada. Os do tipo “D”, por
exemplo, possuem a característica de fazer com que a carga seja transferida
para o eixo maior do mosquetão, no lado oposto à sua abertura que é seu ponto
mais fraco, enquanto os HMS são muito práticos para a fixação de várias cordas
ou fitas a um ponto de parada.
Caso necessite utilizar dois mosquetões em um mesmo ponto de apoio, coloque-os em paralelo
com as travas invertidas, evitando possíveis aberturas em um lado. Não coloque objetos próximos
às travas, e lembre-se que quedas ou impactos podem provocar fraturas internas, diminuindo a sua
resistência. No caso de atividades de deslizamento sobre cabos aéreos, deve-se manter a trava
afastada do cabo de sustentação e o sentido de deslocamento deve ser idêntico ao sentido de
fechamento da rosca, para evitar a sua abertura.
288
3.2.6.2 Malhas Rápidas: também conhecidos como “maillons”, são geralmente
confeccionados em aço, o que lhes confere uma grande resistência. Diferenciam-se
dos mosquetões por não possuírem um gatilho, pois sua abertura é feita através de
uma rosca. Possuem formatos variados, como oval, semicircular e triangular (delta),
e são utilizados para manobras auxiliares e fixação de equipamentos.
289
3.3.2.3 Azelha simples: Fácil de fazer e
bom para serviços auxiliares, porém é difícil
de desatar quando submetidos a grandes
tensões. Perda de resistência de 41%.
3.3.2.6 Fiel: Muito eficaz e fácil de fazer. Desliza quando submetido a cargas superiores a 400 kg.
Grande perda de resistência.
3.3.3.2 Nó de fita: É o único aconselhável para unir fitas. Deve-se revisa-lo bem, pois é muito
comprimido quando usado. A sobra do nó deve ser de no mínimo o dobro da largura da fita. Perda
de resistência de 36%.
290
3.3.4 Nós autoblocantes
3.3.4.1 Prússico: Deve ser feito com três voltas. Possui o inconveniente
de apertar muito a corda.
3.3.4.2 Machard: Nó feito sobre cordas com cordeletes, devendo ter pelo
menos cinco voltas. Deve ser bem ajustado para não deslizar sobre a
corda. Resiste a 50% da resistência do cordelete.
3.3.4.3 Valdotan: Também pode ser feito com fita. São sete voltas, trançando uma parte sobre a
outra, acima e abaixo alternadamente. É muito utilizado para realizar a descensão em cordas
tensionadas em técnicas de auto-resgate.
3.3.5 NÓ DE SEGURANÇA
3.3.5.1 Nó dinâmico UIAA ou meio-fiel: É deslizante, seguro e com grande capacidade de
frenagem. Requer o uso de mosquetões com grande área de trabalho, de preferência do tipo HMS
(Halbmastwurf Sicherung).
291
Para a realização de uma ancoragem, o bombeiro deve atentar para alguns requisitos básicos de
segurança, a fim de se evitar acidentes no decorrer da operação, no tocante às características e
requisitos das ancoragens.
3.4.1 Requisitos de uma ancoragem
a) Deve-se sempre utilizar mosquetões superdimensionados (capacidade acima de 22 kN);
b)Utilizar sempre, pelo menos, 01 (um) mosquetão em cada ponto de ancoragem, quer seja
no Ponto Principal, quer seja no Ponto Secundário;
c) Evitar fazer os braços de alavanca. Sempre procurar fazer a amarração da sua ancoragem
em um ponto próximo à base da estrutura, pois quando ancoramos em um ponto mais
distante da base estrutural a força sobre esta aumenta muito, colocando em risco a
operação;
d) Fazer o SAS sempre em, no mínimo, 02 (dois) pontos de ancoragem, o Principal e o
Secundário;
e)Procurar ancorar-se diretamente sobre o local de descida, evitando assim grandes
pêndulos e trabalho excessivo para o bombeiro.
3.4.2 Classificação das ancoragens
De acordo com a quantidade e o posicionamento das ancoragens, Principal e Secundária, em
relação ao objetivo da operação, podemos classificar uma ancoragem da seguinte forma:
3.4.2.1 Ancoragem em Linha
As ancoragens em linha são aquelas em que o ponto Principal e o Ponto Secundário estão
dispostos verticalmente, ou seja, um sobre o outro. Este tipo de ancoragem pode ser dividido ainda
em:
a) Tradicional: onde o ponto principal está mais próximo do objetivo do que o ponto secundário;
b) Contraposta: Neste caso, o Ponto Secundário se encontra mais perto do Objetivo em relação
ao Ponto Principal.
292
b) Equalizável: pode-se dizer que é o mais prático tipo de ancoragem existente, pois permite variar
o ponto de descida de acordo com a necessidade da operação. Uma vez que essas ancoragens
são realizadas, normalmente com o emprego de fitas tubulares, tem-se uma grande mobilidade
da ancoragem, sem perder a segurança, bem como agilidade na sua confecção.
a) Os mosquetões, quando em contato direto com paredes, devem ter sua abertura (rosca)
voltada para o lado oposto à parede;
b) É preferencial o uso de fitas tubulares para fazer a união dos mosquetões nos SAS;
c) Devem-se proteger os pontos de abrasão, quinas vivas, arestas com material resistente
para não danificar a corda e assim colocar em risco a operação de salvamento;
d) Reforçar a segurança dos SAS, quando for verificado que a integridade estrutural é
duvidosa;
e) Ao se realizar uma ancoragem distribuída, é preciso atentar para a angulação entre os
pontos fixados, haja vista que quanto maior o ângulo entre as ancoragens, maior será a força
aplicada diretamente sobre cada ponto (ver figura abaixo).
3.5.1.2 Coletivo
Qtde Descrição
08 Cabos solteiros para ancoragem
04 Lanternas resistentes a água
04 Coletes refletivos
02 Rolos de fita zebrada 100 m
05 Cones de sinalização
01 Binóculos
01 Croque com cabo em madeira
01 Maca de salvamento em plástico flexível
01 Kit de primeiros socorros
04 Kit individual de salvamento em altura
08 Mosquetões de aço
02 Corda estática 11 mm 50 metros
01 Corda estática 11 mm 100 metros
20 Metros de fita tubular
01 Triângulo de evacuação
01 Descensor de barras tipo Rack
1 Descensor auto blocante tipo Stop
2 Roldanas de duas seções
02 Roldanas de uma seção
02 Grampos-manilhas grandes
294
Técnica de descida na qual o socorrista desce de forma
controlada, utilizando cordas ou cabos. Os obstáculos a
serem vencidos nesta modalidade podem ser naturais ou
artificiais, sendo os mais variados, como: cachoeiras
(canyoning), prédios, paredões, abismos, penhascos,
pontes, declives etc.
295
3.5.2.2 Ascensão
a) Na subida:
Objetivo: Realizar ascensão em cabos que estejam emendados, passando pelo nó e progredindo
até alcançar o objetivo;
Procedimento:
i) Ascensão até o nó;
ii) Clipar o longe médio na alça do nó a ser transposto;
iii) Transpor o ascensor de punho com o longe maior num dos olhais;
iv) Abrir o ventral e transpor o nó;
v) Equipar o ventral acima do nó;
vi) Retirar o longe menor da alça e continuar a subida.
b) Na descida:
Objetivo: Realizar descida em cabos que estejam emendados, passando pelo nó;
Procedimento:
i) Iniciar a descida com o ascensor de punho na corda, porém aberto (já com o mini
longe num dos olhais);
ii) A um palmo do nó, travar o punho (a distância do punho em relação ao oito
deverá ser também de um palmo para evitar a perda do punho);
iii) Descer até que o peso fique no blocante;
iv) Clipar o longe maior na alça do nó a ser transposto;
v) Transpor o oito e fazer uma blocagem;
vi) Pisar no estribo do punho e retirar o mini longe deste;
vii) Recuperar o punho e guarda-lo; viii)Retirar o longe da alça;
ix) Desfazer a blocagem do oito e continuar a descida.
296
3.5.2.4 Mudança do sistema de descida para subida:
Objetivo: Realizar subida no cabo em que se está descendo sem ter que chegar ao solo
para equipar os blocantes;
Procedimento:
i) Fazer a blocagem;
ii) Colocar o punho com o estribo dois palmos acima do aparelho oito;
iii) Subir no estribo e colocar o blocante ventral, que deverá estar aberto, entre o oito e o
punho;
iv) Descer do estribo e ficar apoiado no blocante ventral;
v) Retirar a blocagem do oito e iniciar a subida.
Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo com blocantes sem ter que
chegar ao ponto de ancoragem para equipar o freio oito e descer na corda;
Procedimento:
i) Equipar mola e oito e fazer blocagem logo abaixo do blocante ventral;
ii) Subir no estribo do punho e soltar o blocante ventral da corda (o punho não deve ficar
muito alto, pois irá dificultar a sua recuperação);
iii) Apoiar o peso no oito e recuperar o punho;
iv) Desfazer a blocagem do oito e iniciar a descida.
São técnicas em que o socorrista realiza o resgate da vítima sozinho, sem o auxílio de outras
pessoas.
297
3.5.3.1 Corte no cabo da vítima
Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo com blocantes sem ter que
chegar no ponto de ancoragem para equipar o freio oito;
Procedimento:
i) Fazer nova ancoragem clicando um mosquetão e um freio oito (pode-se fazer o UIAA
se não tiver aparelho oito) ao lado da ancoragem da vítima;
ii) Usar o punho ou fazer um nó blocante (prócer ou machade) no cabo da vítima e clipar
um mosquetão;
iii) Usando um cabo de resgate de comprimento apropriado para completar a descida da
vítima ao solo, confeccionar um nó oito neste e equipar na mola do punho ou do
machade ou prócer do cabo da vítima;
iv) Formando um seio próximo ao oito em alça, fixar o cabo de resgate no freio oito da
segunda ancoragem (ou confeccionar um UIAA na mola) para controlar a descida da vitima;
v) Cortar a corda da vítima próximo do ponto de ancoragem e fazer um nó de frade na
ponta do mesmo;
vi) O peso da vítima ficará no cabo de resgate. Descer a vítima até o solo controlando a
velocidade através do freio oito (ou UIAA).
i) Trançar o valdotan no cabo da vítima e descer até o ponto em que se possa alcança-la
com braço;
ii) Passar o longe maior por dentro do mosquetão do valdotan e clipar na cadeirinha da
vítima;
iii) Apoiar com os pés na vítima e retirar o mosquetão do socorrista que está preso ao
mosquetão do valdotan. O socorrista e vítima ficarão unidos apenas pelo longe maior que
estará com o seio preso ao valdotan;
iv) Nivelar a vítima na mesma altura do socorrista;
v) Clipar o mini-longe na vítima;
vi) Recolher o oito da vítima, a mesma ficará presa no longe maior e no mini longe do
socorrista;
vii) Equipar oito e mola no cabo e fazer uma blocagem. Utilizar mola de redução;
viii) Descer o valdotan até tensionar o oito;
ix) Desfazer a blocagem e descer puxando o valdotan como segurança extra.
Trata-se do resgate de vítimas que apresentam grandes lesões, como: suspeita de fratura na
coluna, no fêmur ou no úmero; hemorragias importantes; traumatismo craniano ou abdominal, etc.
Deve ser realizado por uma equipe de no mínimo quatro bombeiros.
As técnicas de descensão podem ser realizadas com macas ou triângulos de evacuação. A escolha
do equipamento deve ser realizada considerando-se as lesões que a vítima tenha sofrido. Para
grandes lesões, utiliza-se macas e para lesões leves, triângulo de evacuação.
300
A descida com macas é efetuada utilizando-se duas cordas, sendo uma principal e uma de
segurança, ambas controladas de cima, por integrantes da equipe. Quando a condição da vítima
exigir uma assistência constante, ou quando o terreno do resgate for acidentado
ou irregular e que não permita uma descida livre e desimpedia da maca, torna-se necessário o
acompanhamento de socorrista juntamente com a maca. Caso não haja necessidade de
acompanhamento, utilizar-se-á um cabo-guia coma função de afastar a maca da parede e outros
obstáculos que possam existir.
301
4. REFERÊNCIAS
DELGADO, D. Rescate urbano em altura. 3. ed. Madrid: Desnível, 2004. 276 p.
ROOP, M.; VINES, T.; WRIGHT, R. Confined space and structural rope rescue. Missouri: Mosby,
1997. 384 p.
302
1. INTRODUÇÃO
Salvamento Terrestre é uma operação com o intuito de desenvolver técnicas adequadas a eventos
específicos. Para entender melhor as operações que serão abordadas neste capítulo, iniciaremos
por: salvamento em elevador, controle de pânico, abandono de área, entradas forçadas e resgate
em ambiente confinado.
Este compêndio é composto por normas e manuais de bombeiros do Brasil que possuem seu
conhecimento já solidificado em anos de aplicação. O propósito não é trazer inovações, mas sim
nortear as ações dos bombeiros profissionais civis que atuam no Pais por meio de procedimentos
já testados e adotados pelos Corpos de Bombeiros do Brasil.
2. SALVAMENTO EM ELEVADOR
O Elevador é um conjunto de equipamentos com acionamento eletromecânico ou hidráulico,
destinado a realizar transporte vertical de passageiros ou cargas entre os pavimentos de uma
edificação. Consistem basicamente de uma cabine suspensa por meio de cabos de aço que correm
sobre uma polia de tração adequada e sobre trilhos acionada por um motor. Na outra extremidade,
cabos de aço que sustentam um contrapeso.
• Patamar ou pavimento é nome dado ao local através do qual a carga entra na cabina:
304
• Poço é o nome do local onde ficam instalados dispositivos de segurança (pára- choques)
para proteção de limite de percurso do elevador:
A cabine, montada sobre uma plataforma através de uma armação de aço constituída por duas
longarinas fixadas em cabeçotes, recebe o nome de carro.
O contrapeso consiste em uma armação metálica formadas por duas longarinas e dois cabeçotes
onde são fixados os pesos, no qual tem peso total igual ao peso da cabine, acrescido de
metade de sua capacidade nominal de carga. Assim, o motor puxará um desequilíbrio máximo
de 50% da capacidade nominal da carga, que ocorrerá quando a cabine transportar sua
capacidade máxima de carga nominal ou quando estiver totalmente vazia.
Além do freio nominal acoplado ao motor do elevador, o mesmo também é dotado de um freio de
segurança, fixado na armação do carro ou do contrapeso, destinado a pará-los de maneira
progressiva ou instantânea, prendendo-os às guias quando este for acionado por um limitador de
velocidade.
305
Estabelecido o limitador aciona mecanicamente o freio de segurança e desliga o motor. O
limite de velocidade é pré-estabelecido de acordo com cada máquina e também da sua
capacidade de carga (passageiros) que vai influenciar em cima do percurso existente,
(quantidade de pavimentos existentes em cada edificação).
Após ter sido acionado para atender a uma ocorrência envolvendo elevador, o chefe de
guarnição, já no local, inicia a fase de reconhecimento observando os seguintes dados:
Identificação da situação:
Composição da guarnição:
Sobre as vítimas:
306
Plano tático:
- Distribuição de funções entre os elementos da guarnição;
- Desenvolvimento da operação de resgate;
- Materiais que serão empregados dentro da operação.
De posse destas e outras informações, serão desenvolvidas técnicas de salvamento que deverão
obedecer a uma ordem quando se tratar de vítimas retidas no interior da cabine:
Simples abertura da porta do pavimento e porta da cabine;
Nivelamento da cabine e posterior abertura de portas (pavimento e cabine)
Retirada das vítimas pelo alçapão ou pela porta de emergência superior ou lateral.
O chefe de guarnição deve inicialmente, localizar a casa de máquinas e providenciar o
desligamento da chave geral que alimenta o sistema correspondente ao elevador. No caso de
dúvidas, deve-se evacuar e desativar os demais elevadores se existir e desligar todas as chaves.
Desenvolver a operação que se fizer necessário no momento.
2.3.3 Procedimentos Gerais
- Desligar a energia que alimenta o sistema;
- Utilizar sempre materiais e equipamentos de iluminação no local;
- Solicitar sempre que possível, a empresa responsável pela manutenção do sistema;
- Solicitar sempre o supervisor de dia ao local, principalmente quando a situação se tratar
de um evento grave;
- Sempre isolar o local e sinalização adequada;
- Durante o desenvolvimento da operação, deixar sempre um socorrista próximo ou dentro
da cabine, junto às vítimas; com esse procedimento, tornar-se-á difícil ocorrer o pânico
entre as referidas vítimas;
-No caso de óbito já encontrado no local, solicitar a criminalística e providenciar a
integridade do local, isolando-o.
-Solicitar policiamento para o local.
- Após o término da operação, manter o sistema desligado, fechar e manter isolado o local,
informar ao síndico ou zelador que o equipamento só poderá voltar a funcionar após
manutenção adequada realizada pela empresa responsável e devidamente autorizada.
307
Esses são os locais onde o bombeiro deve atuar:
Em seguida, o bombeiro deve se dirigir ao andar em que se supõe estar a cabine e, abrindo com
chave apropriada a porta de pavimento do andar imediatamente superior ou inferior, deve decidir
por onde tirar as pessoas presas. Porém, esta operação só pode ter início após o desligamento da
chave geral, garantindo que o carro não se movimentará.
Para melhor entrosamento entre os bombeiros que estão na casa de máquinas e os que estão
resgatando as vítimas, há necessidade de comunicação via rádio portátil, pois em prédios muito
altos a comunicação pela voz torna-se difícil.
Existem vários tipos de portas de pavimento, bem como vários tipos de chave para abri-las. A
viatura deve possuir um jogo completo dessas chaves e o bombeiro deve conhece-las. Na sua falta,
lembrar que o zelador do prédio sempre dispõe de uma cópia.
Outro problema, bastante comum, é que, por desconhecimento, os moradores do prédio contratam
serviços de revestimento para as portas de pavimento e, normalmente, os executantes desses
serviços acabam cobrindo os orifícios de destravamento das portas.
Lembre que esses orifícios ficam na parte superior, no centro ou os cantos (dependendo do tipo de
elevador).
Outro ponto bastante importante é que as portas de emergência existentes nas cabines não são
para sair, embora possam ser utilizadas para isso. Sua finalidade principal é de garantir acesso aos
socorristas. A maioria delas possui trava por fora, isto é, só podem ser abertas por quem chega ao
teto ou na lateral do carro. Só se deve retirar as pessoas por elas quando se dispõe de cinto de
segurança, cabos fixos e cadeira de lona, previamente colocados na vítima.
Não tirar as vítimas antes de desligar a chave geral. Embora a princípio, o elevador fique imobilizado
enquanto qualquer porta estiver aberta, isso nem sempre acontece, e o excesso de confiança tem
sido causa de graves acidentes.
Por fim, lembrar que uma cabine de elevador não despenca em queda livre, mesmo que todos os
cabos de sustentação tenham se rompido. Isso porque os elevadores possuem um freio de
segurança, abaixo do assoalho, na parte inferior do carro, que é acionado toda vez que eles
excedem 25% da sua velocidade máxima. Quando isso ocorre, garras especiais encunham a
cabine nos trilhos-guia dos elevadores.
A maioria das ocorrências em elevadores é para retirar pessoas presas na cabine. Se não
sofrerem qualquer mal súbito, estarão mais seguras dentro do elevador, do que fora dele.
Portanto, o bombeiro deve acalmar as vítimas e dispor de todo o tempo necessário para retirá-las
com segurança. Ocorrências onde as vítimas estão prensadas ou presas entre a cabine e a caixa
de concreto (normalmente conhecido com poço são de natureza grave e de difícil liberação).
309
- O bombeiro responsável pela liberação do freio, força a alavanca tornando livre os discos e o
outro bombeiro, observando o sentido de movimento dos cabos desloca a cabine para cima ou para
baixo conforme o que antes foi determinado.
- Após o nivelamento da cabine, basta proceder a abertura de sua porta e iniciar a evacuação ou a
retirada de vítimas lá existentes.
3) Retirada de vítimas pelo alçapão
Esta técnica só deverá ser empregada quando não se for possível efetuar a retirada das vítimas
pelas portas de ligação (cabine e pavimento).
A maioria dos elevadores possui sobre sua cabine um alçapão (saída de emergência) normalmente
trancado por fora, que impede a sua abertura pelo interior da cabine, evitando assim acidentes mais
sérios.
- Deve-se procurar nivelar a cabine, o que facilita o acesso dos bombeiros à parte superior, bem
como a retirada das vítimas. É importante lembrar que esses procedimentos só deverão ocorrer se
por ventura as portas não se moverem (abrirem).
- Estando a chave geral já desligada, uma dupla de bombeiros tomam posição na parte superior da
cabine através do pavimento superior, não se esquecendo do emprego da segurança individual. O
alçapão é aberto e um dos bombeiros passa para o interior da cabine. Para a retirada de vítimas
inconscientes ou feridas: trabalhando com amarrações próprias ou macas para o resgate e as
demais vítimas conscientes deverão sair por meio de escada ou por uma simples cadeira
introduzidas no interior da cabine.
4) Retirada de vítimas pela porta de emergência lateral.
Alguns elevadores possuem portas laterais de emergência e isso normalmente ocorre quando
existem nas edificações, mais de um elevador. Este procedimento só poderá ser utilizado quando
não for possível retirar as vítimas pelas vias normais de acesso ao elevador.
Uma observação importante: o elevador em pane deverá ter seu sistema desativado (sistema
elétrico) e se possível nivelado.
- O elevador ao lado deverá ser mantido posicionado junto ao que se encontra em pane e sua porta
mantida aberta.
- Faz-se então a abertura da porta de emergência lateral do elevador que será utilizado no socorro
e só após, abre-se a porta do elevador danificado. Se a distância entre eles não permitir a
passagem de vítimas de um elevador para outro, pode-se improvisar uma passarela com uma
prancha de madeira, uma escada ou similar.
- Um dos socorristas passa para o elevador em pane e inicia e evacuação das vítimas.
Vítimas prensadas pelo contrapeso.
Corpo de Bombeiros já registrou inúmeras ocorrências de vítimas prensadas pelo contrapeso, em
portas de pavimentos e cabines, cabine e piso de pavimento etc. Normalmente, trata-se de técnicos
ou de pessoas envolvidas na manutenção dos elevadores e ou pessoas envolvidas na limpeza da
edificação. Em situações como estas, o chefe de guarnição, deverá:
- Desligar a chave geral do elevador e observar atentamente qual será o movimento do contrapeso
(subindo ou descendo), para poder tomar uma decisão de livrar a vítima de uma situação como
essa. Nunca esquecer que o contrapeso realiza seu movimento contrário ao da cabine.
310
- Realizar os movimentos com o contrapeso como se faz no nivelamento da cabine, até que se
perceba que a vítima esteja completamente livre.
- Caso não consiga ou não seja possível movimentar o contrapeso, deve-se desconectá-lo de suas
guias, afrouxando os parafusos que os fixam a estas e afastá-lo da vítima, não esquecendo,
portanto, de providenciar escoras para que ele não venha a prendê-lo mais ainda,
providenciando logo em seguida, o atendimento adequado e o seu encaminhamento ao hospital.
Quando o elevador não dispõe deste sistema, o bombeiro pode chamar o elevador par o térreo e
colocar um obstáculo para manter as portas da cabine e do pavimento abertas.
311
3. CONTROLE DE PÂNICO
3.1 COMPORTAMENTO HUMANO EM INCÊNDIOS
Conforme relatos de pessoas envolvidas, dentro das torres, nos pavimentos dos impactos das
aeronaves e acima, a temperatura insuportável, a fumaça densa, a pouca visibilidade e a
dificuldade de respirar tornaram penosa a busca pela única saída existente, na Torre Norte, do
World Trade Center – WTC.
As condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem quando a temperatura
excede a 75º C, e/ou o nível de oxigênio cai abaixo de 10%, e/ou as concentrações de monóxido
de carbono ultrapassam 5.000 PPM. Tais situações adversas induzem a sentimentos de
insegurança, que podem vira gerar pânico e descontrole e levar pessoas a saltar pelas janelas.
Os meios de escape devem ser constituídos por rotas seguras que proporcionem às pessoas
escapar em caso de incêndio, de qualquer ponto de edificação a um lugar seguro, fora da
edificação, sem assistência exterior.
As rotas de fuga projetadas impropriamente, falhas nos sistemas de comunicação e alarme,
propagação de fumaça nos ambientes, bem como, a movimentação de fumaça e gases quentes,
penetração de fogo e fumaça têm provocado perdas de vidas. Entre as soluções contra esses
fatores estão o sistema de iluminação de emergência eficiente e efetivo, sistemas de extinção e de
supressão do fogo e resistentes à penetração de fumaça, ventilação natural para auxiliar na
extração de gases e rotas de fuga desobstruídas, protegidas e bem sinalizadas, localização e
capacidade adequada para promover pronta evacuação dos ambientes pelos ocupantes.
As edificações devem ser projetadas e construídas de modo a garantir a proteção de vidas
humanas contra os efeitos fatais oriundos do fogo. Entre esses ricos encontramos as queimaduras
(fatais ou não), asfixia, envenenamento, contusões, irritações, cortes etc. Os efeitos secundários
do fogo ocorrem por falta de oxigênio, fumaça, gases nocivos, agressivos ou tóxicos, pânico,
colapsos matérias ou estruturais etc.
No incêndio do Edifício Joelma, as pessoas na rua improvisaram faixa procurando acalmar as
pessoas dentro do prédio, informando que o fogo havia acabado e que não saltassem, encontrando
morte certa, mesmo assim, várias pularam.
A maioria dos especialistas em segurança contra incêndio não recomenda o resgate aéreo como
rota vitável em um edifício alto durante um incêndio. O uso de helicópteros deve ocorrer em último
caso e sob condições muito específicas.
A cobertura dos prédios está sujeita a muitas variáveis em caso de sinistro, como existência, ou
não, de local para pouso de helicópteros e embarque de pessoas, pois muitos prédios antigos
possuem telhados na cobertura, refletores, antenas, painéis, de propaganda, ocorrência de
acessos trancados para terraços, entre outros. Há ainda os efeitos do incêndio, por meio de fumaça
densa, calor excessivo e ventos fortes. Os helicópteros necessitam de ventos ascendentes para se
manter em vôos e o calor pode torna o ar rarefeito, prejudicando a estabilidade desses veículos.
Muitas das ocorrências envolvendo incêndios abrangem meios de transporte, como aeronaves,
navios, trens, ônibus, submarinos, construções especiais, como túneis plataformas marítimas.
Cada uma dessas atividades deve desenvolver o plano de contingência especifico para seu risco
inerente.
3.2 PÂNICO
As pessoas têm reações diferentes diante de situações adversas, em caso de sinistro quando
sentem ameaçadas em uma integridade física.
312
Em um incêndio, o comportamento mais frequente é a tensão nervosa ou estresse, e não a reação
de medo e que foge ao controle racional, ou seja, o pânico. Normalmente, as pessoas demoram a
reagir diante de uma situação de incêndio, como se estivessem paralisadas nos primeiros minutos,
não acreditando que estejam sendo envolvidas numa situação de risco grave.
Um dos fatores cruciais é a informação disponível associada ao tempo, pelo recebimento tardio do
aviso de incêndio, quando as situações de fogo e fumaça estão mais severas, para se busca uma
resposta. O descobrimento sobre a gravidade do incêndio, qual a direção a seguir, muitas vezes
em ambientes com fumaça, tende a gerar muita tensão nervosa.
Portanto, as situações que podem dificultar o controle emocional advêm da demora da
disponibilidade de informações sobre o que está acontecendo, qual a severidade do evento, atraso
na divulgação de um incêndio e como proceder e dispo saídas protegidas.
313
4. ABANDONO DE ÁREA
O National Institute of Standards And Technology (NIST) publicou o resultado de entrevistas
pessoas que saíram do incêndio nas torres gêmeas, do WTC. Relataram que houve uma demora,
em torno de seis minutos, para iniciarem a reação, tendo desligado seus computadores, pegado
objetos pessoais, telefonaram em vez de se dirigirem para as saídas de emergência. Em geral, o
ser humano reage lentamente a uma emergência (MONCADA, 2005). Isso é agravado, em caso
de casas noturnas, nas quais são acrescentados os efeitos do álcool, drogas, luzes fortes
intermitentes e som alto.
A maioria das pessoas que sobrevivem às situações de emergência não é a mais jovial e forte, mas
a que está mais consciente e preparada de como agir nessas situações.
Isso é comportamento adquirido com treinamento específico, no caso, de abandono de área em
situações de emergência. Os sistemas de combate a incêndios devem estar em perfeitas condições
de operacionalidade, bem projetados e instalados e, pessoal da equipe de emergência bem
treinada para aplicar o plano de abandono desenvolvido para edificação, contemplando suas
especificidades, atualizando frequentemente a relação de pessoas com dificuldades de locomoção,
visando à incolumidade dos ocupantes, à proteção ao patrimônio e ao meio ambiente.
Durante ao um incêndio, as pessoas que estiveram em um local fechado devem tocar a porta, antes
de abri-la, sentir a temperatura procurar sentir se há pressão, de fora para dentro do ambiente.
Caso haja alguma indicação de fogo no ambiente ao lado, se não puder sair, deve procurar vedar
as frestas e sinalizar a presença pela janela.
No WTC, quando a fumaça e o calor invadiram os ambientes, muitas pessoas quebraram janelas,
buscando refrescar o local, e a entrada desse ar fresco trouxe os gases aquecidos para essa janela.
Várias pessoas saltaram pelas janelas, sozinhas ou de mãos dadas, mas tantas outras, que
estavam mais próximas dos parapeitos, acabaram sendo empurradas pelas outras que buscavam
respirar.
A fumaça, que dificulta a visibilidade, durante um incêndio, contém CO, entre outros gases que
possui mais afinidade com a hemoglobina do sangue que o oxigênio. Isso afeta o sistema o sistema
nervoso central provocando sintomas de mal-estar, distúrbios de funções motoras, perda de
movimento, perturbações de comportamentos (fobia, agressividade, pânico, coma etc.). A escassez
de oxigênio pode ocasionar a morte de células do cérebro e levar à lesão que causa parada
respiratória e morte.
Os projetos de arquitetura das edificações precisam considerar a movimentação de fumaça dentro
dos ambientes em caso de incêndio, e promover barreiras arquitetônicas e sistemas de extração
de gases, além dos sistemas de proteção e combate.
As rotas de fuga devem conduzir a saídas de emergência adequada para população prevista para
o local. Essa adequação precisa considerar que a tendência do mercado é de prédios maiores e,
também cada vez mais altos.
314
As saídas de emergência devem atender à demanda da população, em caso de sinistro, seja por
elevadores de emergência totalmente protegidos da ação de gases e chamas, com sistema de
alimentação de energia independente do geral da edificação.
O relatório de NFPA menciona que a maioria dos incêndios em prédios elevados ocorre em quatro
classes de edifícios: escritórios, hotéis, apartamento e hospitais.
Os edifícios de escritórios, atualmente, estão sendo projetadas e construídas para maximizar o
espaço disponível, com divisórias baixas, como estações de trabalho. Isso adensa e aumenta a
população no pavimento, diminui a compartimentarão, o que facilita uma possível contaminação de
fumaça, em uma situação de incêndio. Mas, normalmente, a maioria da população está
familiarizada com as rotas de fuga e de saídas de emergência, fato que facilita a evacuação do
ambiente, se houver necessidade de abandono de área.
Em hotéis, o público usuário é rotativo e nem sempre está habituado a observar onde estão as
saídas de emergência e procedimentos de emergências.
Os incêndios em apartamentos têm, na maioria das vezes, a particularidade de permanecerem
confinados dentro da unidade de origem, face à compartimentação dos ambientes.
Em hospitais, há setores em que as que as pessoas internadas não podem ser facilmente
removidas, como centros cirúrgicos, unidades de terapia intensiva; deve haver, portanto, cuidadosa
compartimentação e rigoroso controle de materiais e equipamentos contra eventualidade de
princípio de incêndio.
Nos locais em que as pessoas permanecem em vigília, por exemplo, em locais de trabalho, o que
de reação aos alarmes é inferior aos ambientes em que as pessoas repousam ou apresentam
dificuldade de locomoção, a exemplo de hospitais e até mesmo de edificações prisionais,
principalmente se não estiverem familiarizadas como as rotas de fuga e saídas de emergência,
como hotéis e assemelhados.
315
O tempo-limite, em que as condições de calor, chama, fumaça e insuficiência de oxigênio tornem
a manutenção da vida humana insustentável, é o período-limite de sustentabilidade da vida. (Tls)
O tempo de pré-movimento deve receber atenção, pois as pessoas, normalmente, não reagem
prontamente a um alarme sonoro de incêndio, pois ele suscita dúvida, e os usuários gastam um
tempo precioso para reconhecimento desse alarme e para uma tomada de atitude, até decidir a
abandonar o ambiente. Essa demora deve ser evitada com treinamentos freqüentes de abandono
de local. Uma prática salutar em locais hospedagens é divulgar que o sistema de alarme de incêndio
é testado periodicamente, em dia de semana e horário marcado para que os usuários possam
identificá-lo e, de forma automática, associá-lo aos procedimentos para evacuação do local. As
pessoas com alguma dificuldade de locomoção devem avisar a recepção para receberem atenção
especial no caso de incêndio real.
Idealmente, pode existir dos tipos de mensagens informativas sonoras, composta de texto e tom, a
primeira chamando a atenção dos ouvintes, esclarecendo que é um alarme de advertência, e se,
após esse, for acionado outro diferente, é para seguir as orientações dos brigadistas e abandonar
o prédio.
Os sistemas informativos de advertência de incêndio são mais eficientes e eficazes que o alarme
tonal de incêndio, para encorajar uma pronta evacuação e informa o publico imediatamente se
houver qualquer indicação de um perigo potencial para suas vidas.
As brigadas de incêndio devem estar sempre preparadas para executar o plano de abandono e
enfrentar o fogo, se possível.
O abandono de local em emergência é o comportamento de sair rápido por uma rota de fuga e isso
depende do recebimento do aviso de incêndio se precoce ou tardio, e da familiaridade da saída de
emergência de onde estiver.
316
A lista, a seguir, expõe os principais fatores de escolha de saída:
8. Grupo de relacionamento, em que pessoas ligadas por laços afetivos tendem a permanecer
juntas.
Os extintores de incêndio e hidrantes, raramente, são usados pelos que não forem brigadistas, e
são menos efetivos sem treinamento periódico.
As pessoas devem estar atentas a avisos precoces, como barulhos estranhos, como vidros
quebrando e atividade extra dos outros ocupantes.
Devem ser providenciadas as comunicações iniciais sobre sinistros para evitar busca por
informações adicionais, que podem ser desencontradas e provocar indecisões.
Cada demora pode ser perigosa. Ações em estágios iniciais têm influencia mais efetiva em
eventuais evacuações.
317
5. ENTRADAS FORÇADAS
Entrada forçada é o procedimento de abrir portas, janelas ou outros vedos de passagens, que
estejam fechadas no momento do atendimento da ocorrência de bombeiro e não se tenha no local
como abri-las do modo normal, através do acionamento de maçaneta, chave, trinco ou outro tipo
de tranca. É também o procedimento de romper elementos estruturais de vedação - piso, laje,
coberturas e forros.
O objetivo é passar pela abertura liberada, ou criada no momento, seja para o bombeiro adentrar,
sair, continuar entrando ou saindo, ou ainda para retirar alguém que esteja preso no ambiente, ou
mesmo para permitir que pessoas entrem e façam uso normal do ambiente antes obstruído. Além
disto, é comum, ainda, o bombeiro fazer aberturas para passar materiais a serem usados no serviço
que esta em andamento no interior do ambiente sinistrado (mangueiras de incêndio, materiais
hidráulicos, macas, cilindros de ar, escadas, cabos etc.). Para tanto, ao invés de se usar os meios
normais de sua abertura, usam-se ferramentas que permitam fazer a abertura de maneira a causar
o menor dano possível ao patrimônio, utilizando-se de meios não convencionais.
Deve-se tentar causar o menor dano possível, evitando ao máximo o arrombamento. Existem
diferentes métodos de se fazer uma abertura forçada, cabendo ao bombeiro optar por aquele que
causará menor dano e for o mais rápido.
5.1 SEGURANÇA
318
5.2 FECHADURA
Consiste de uma lingüeta dentro de uma caixa de metal, que é encaixada no batente da porta.
Neste, há um rebaixo onde a porta encosta.
Caso a fechadura seja tipo tambor não cilíndrico e esteja saliente, deve-se
usar um martelo e, com batidas sucessivas, forçá-lo a entrar, empurrando-
o. A seguir, introduzindo-se uma chave de fenda no vazio deixado pelo
tambor, força-se a lingüeta para dentro da caixa da fechadura.
319
5.2.3. Fechadura do tipo tambor rente
Também designada por fechadura de encastrar. É, sobretudo, utilizada para portas interiores de
comunicação. O sentido de funcionamento da fechadura é função de inclinação (resvale) da
lingüeta triangular.
Cadeados e correntes podem ser cortados com o emprego do corta a frio, ou cunha hidráulica de
corte, tipo Lukas.
320
5.3 PORTAS
Antes de forçar qualquer porta, o bombeiro deve sentir o calor usando o tato (mãos). As portas
podem estar aquecidas a grandes temperaturas, o que deve exigir todo cuidado para sua abertura,
porque será possível encontrar situações em que pode ocorrer até mesmo uma explosão
(backdraft) devido às condições extremas do ambiente.
As dobradiças e os batentes devem ser verificados para determinar o sentido da abertura, que pode
ser para dentro ou para fora do ambiente.
a) Abertura para dentro do ambiente
Sabe-se que uma porta abre para dentro do ambiente pelo fato de não se ver
suas dobradiças, embora a parte conhecida como batedeira (parte do batente
onde a porta encosta) fique à mostra. Para verificar se existem trincos, deve-
se forçar a porta de cima até embaixo, do lado da fechadura. A porta
apresentará resistência nos pontos em que se encontra presa ao batente, ou
seja, onde há trincos.
A ponta de uma alavanca é colocada entre o batente e a porta, imediatamente
acima ou abaixo da fechadura. Para se colocar a ponta da alavanca neste
local, usa-se a machadinha para lascar a batedeira e expor o encontro da porta
com o rebaixo do batente. Isto feito, força-se a outra extremidade da alavanca
na direção da parede, afastando-a do batente. Nesta fresta, insere-se outra
alavanca, forçando-a na direção da porta até abri-la. Repetir a operação para
os demais trincos.
No caso de não existir batedeira (encosto), o encontro da porta com o batente estará à mostra,
bastando a utilização das alavancas para abrir a porta.
321
Outra ferramenta útil para abertura de portas é a alavanca cyborg. As fotos a seguir mostram seu
emprego:
A cunha da alavanca se aloja facilmente entre a folha da porta e seu batente O Bombeiro se
posiciona para usar a alavanca
b) Abertura para fora do ambiente
O mais comum é que as dobradiças estejam à mostra. Neste caso, ao se retirarem os pinos com a
lâmina do machado ou martelo e formão, a porta, ou janela, se soltará. Em seguida, usam-se duas
alavancas juntas e, alternando movimentos com elas, afasta-se a porta do batente, retirando-a.
Não estando as dobradiças à mostra, usa-se alavanca encaixada imediatamente acima ou abaixo
da fechadura, forçando-se a ponta desta na direção da parede, até o desencaixe da lingüeta.
Repetir a operação para os demais trincos
c) Portas duplas
São portas com duas folhas, geralmente uma delas fixada ao piso, na travessa do batente ou em
ambos, e a outra é amparada por ela.
Para abri-las, utiliza-se o mesmo processo usado em porta de uma folha, com a ressalva de que,
nas portas duplas, a alavanca será encaixada entre as duas folhas.
5.3.2 Portas de enrolar
São feitas de metal e são abertas empurrando-as de baixo para cima. Estas portas, geralmente,
têm dois tipos de trava: uma junto ao chão e outra nas laterais.
Sua alavanca permite esforço suficiente para a abertura da porta.
322
A trava junto ao chão pode ser eliminada de diferentes maneiras:
- Se for uma trava tipo “cilindro” que prende a porta à argola e se estiver
à mostra, bate-se com um malho no lado oposto da entrada da chave
na fechadura, o que[deslocará o cilindro, destravando a porta.
- Se for um cadeado ou uma chave tipo cilindro que não está à mostra,
libera-se a porta das travas laterais e coloca- se uma alavanca grande,
ou a cunha hidráulica, entre a porta e o piso, próxima à fechadura.
Força-se a porta para cima, o que fará com que a argola desprenda-se
do chão.
Todas as portas que abrem sobre a cabeça devem ser escoradas, após abertas.
5.3.4 Portas corta-fogo
São portas que protegem a edificação contra a propagação do fogo. Quanto à forma de
deslocamento, podem ser verticais ou convencionais (abertura circular). As portas de deslocamento
vertical e horizontal permanecem abertas, fechando-se automaticamente quando o calor atua no
seu mecanismo de fechamento.
Estes tipos de portas não necessitam ser forçadas, pois se abrem naturalmente com o esforço no
sentido de seu deslocamento. As portas corta-fogo convencionais são dotadas de dobradiças e
323
lingüeta e, em certas circunstâncias, abrem para o exterior da edificação. Nestes casos, possuem
maçaneta apenas do lado interno.
324
5.3.6 Portas metálicas de fechamento horizontal
325
ficando colados na fita, evitando acidentes. Para retirar os cacos, soltam-se as pontas das fitas
coladas na moldura, de cima para baixo, conforme mostram as fotos a seguir.
Posicionar-se acima e ao lado do painel. Mesmo assim, mantenha a viseira protegendo os olhos
contra possíveis estilhaços.
Ao ser quebrado o vidro, os cacos ficam aderidos à fita, diminuindo riscos para bombeiros e
particulares. O Bombeiro passa a fita adesiva na superfície da peça de vidro e ao quebrá-la o vidro
se estilhaça, mas seus cacos não se espalham.
empre que o bombeiro for quebrar o vidro, deverá usar o EPI necessário (viseira, luva, capacete,
capa e bota com a boca fechada, evitando, assim, a penetração de vidro em seu interior).
5.4.2 Painéis de Vidro Temperado
O vidro temperado sofre um tratamento especial que o torna mais
flexível e resistente ao choque, à pressão, ao impacto e às variações de
temperatura, de tal forma que quando quebrado, este vidro fragmenta-
se repentinamente em pedaços cúbicos pequenos. Para quebrar um
painel de vidro temperado o bombeiro deve procurar pontos de fissuras
para forçá-los.
Estes pontos localizam-se nas proximidades da fixação do painel à
parede (dobradiças, pinos).
Com uma ferramenta (machado, croque) deve bater com as laterais ou
com as pontas como punção em um dos pontos de
326
Fissura, posicionando-se acima e ao lado do painel, conservando as mãos acima do ponto de
impacto.
Após a quebra, os cacos devem ser removidos para local apropriado. Quando necessário, o
bombeiro pode utilizar fita adesiva aplicada em toda a extensão do painel. Assim, ao quebrá-lo, os
cacos não caem.
327
b) Portas de vidro temperado
Estas portas têm custo bem superior ao das portas comuns e, assim,
sempre que possível, deve-se utilizar outros métodos de entrada
forçada, antes de quebrar o painel. Primeiramente, verificar se é
possível forçar, com chave de grifo, o tambor da fechadura, se este
for cilíndrico e saliente. Se não for possível, pode-se cortar a lingüeta
da fechadura, que neste tipo de porta geralmente está à mostra, com
o moto-abrasivo ou arco de serra.
Janelas e vitrôs são colocados nas aberturas das paredes para permitir que o ar e a luminosidade
entrem.
Para realizar a abertura forçada em janelas com painéis de vidro, deve-se forçar levemente, com
uma alavanca, a moldura, no sentido de sua abertura. Se não houver êxito, o vidro deve ser
quebrado como descrito em técnica de forçar painéis de vidro, pois a reposição do vidro é mais fácil
Janelas de madeira ou metálicas que têm deslocamento horizontal ou vertical devem ser forçadas
com uma alavanca pequena, introduzida entre a folha e o batente, ou entre as folhas, se for o caso.
Se o trinco não ceder, ficará à mostra pelo esforço sofrido ou pela deformação do caixilho. Caso
não se consiga liberar o trinco com as mãos ou com chave de fenda, deve-se romper o mesmo com
alavanca ou outra ferramenta apropriada e abrir a janela.
Janelas de duas folhas de madeira ou de metal de abertura circular horizontal podem ter a
dobradiça à mostra.
Retirando-se os pinos da dobradiça, as folhas sairão. Se as dobradiças não estiverem à mostra,
deve-se introduzir duas alavancas entre as folhas, uma abaixo e outra acima, e forçá-las no sentido
da batedeira. Isso fará com que a folha sem o trinco se solte.
328
d) Grades
As grades de proteção das janelas serão cortadas com moto-abrasivo, cunhas hidráulicas, serra-
sabre ou retiradas da parede com alavanca.
5.5 PAREDES
São obras de alvenaria ou outro material que vedam externamente as edificações ou as dividem,
internamente, em compartimentos.
É aquela que faz parte da estrutura da edificação, sendo responsável por sua estabilidade. Na
medida do possível, não se deve efetuar a entrada forçada por paredes estruturais.
Normalmente de tijolos ou blocos, serve para vedar e compartimentar o ambiente, não fazendo
parte da estrutura da edificação. Em meio às paredes de vedação, existem colunas e vigas de
sustentação, as quais não devem ser forçadas.
A parte superior da abertura deve ser feita em arco, com menor raio
possível, suficiente para permitir a passagem do bombeiro e material.
A foto abaixo exemplifica. O malho é uma ferramenta útil para
arrombamento de paredes.
5.6. FORROS
329
5.7 DIVISÓRIAS
6.1 NR 33
De acordo com a NR 33, espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para
ocupação humana contínua, que possua contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio.
330
6.2 RESPONSABILIDADES
331
a capacitação de seus trabalhadores;
h) Acompanhar a implementação das medidas de segurança e
saúde dos trabalhadores das empresas contratadas provendo os meios
e condições para que eles possam atuar em conformidade com esta NR;
i) Interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de
suspeição de condição de risco grave e iminente, procedendo ao
imediato abandono do local; e
j) Garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de controle antes de cada acesso
aos espaços confinados.
332
b) Antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
333
Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de incêndio ou explosão em trabalhos a quente,
tais como solda, aquecimento, esmerilhamento, corte ou outros que liberem chama aberta, faíscas
ou calor.
Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de inundação, soterramento, engolfamento,
incêndio, choques elétricos, eletricidade estática, queimaduras, quedas, escorregamentos,
impactos, esmagamentos, amputações e outros que possam afetar a segurança e saúde dos
trabalhadores.
334
j) Manter arquivados os procedimentos e Permissões de Entrada e Trabalho por cinco anos;
n) Assegurar que o acesso ao espaço confinado somente seja iniciado com acompanhamento e
autorização de supervisão capacitada;
o) Garantir que todos os trabalhadores sejam informados dos riscos e medidas de controle
existentes no local de trabalho; e
Nos estabelecimentos onde houver espaços confinados devem ser observadas, de forma
complementar a presente NR, os seguintes atos normativos: NBR 14606 – Postos de Serviço –
Entrada em Espaço Confinado; e NBR 14787 – Espaço Confinado – Prevenção de Acidentes,
Procedimentos e Medidas de Proteção, bem como suas alterações posteriores.
O procedimento para trabalho deve contemplar, no mínimo: objetivo, campo de aplicação, base
técnica, responsabilidades, competências, preparação, emissão, uso e cancelamento da
Permissão de Entrada e Trabalho, capacitação para os trabalhadores, análise de risco e medidas
de controle.
335
d) Qualquer mudança na atividade desenvolvida ou na configuração do espaço confinado;
Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exames
médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs 07 e 31,
incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado de Saúde
Ocupacional – ASO.
336
d) Operar os movimentadores de pessoas; e
e) Ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer algum sinal de alarme, perigo,
sintoma, queixa, condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando não puder
desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser substituído por outro Vigia.
O Vigia não poderá realizar outras tarefas que possam comprometer o dever principal que é o de
monitorar e proteger os trabalhadores autorizados;
Cabe ao empregador fornecer e garantir que todos os trabalhadores que adentrarem em espaços
confinados disponham de todos os equipamentos para controle de riscos, previstos na Permissão
de Entrada e Trabalho.
c) Quando houver uma razão para acreditar que existam desvios na utilização ou nos
procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos não sejam
adequados.
A capacitação deve ter carga horária mínima de dezesseis horas, ser realizada dentro do horário
de trabalho, com conteúdo programático de:
a) Definições;
337
c) Conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confinados;
d) Legislação de segurança e saúde no trabalho;
e) Programa de proteção respiratória;
f) Área classificada; e
g) Operações de salvamento.
Todos os Supervisores de Entrada devem receber capacitação específica, com carga horária
mínima de quarenta horas
Os instrutores designados pelo responsável técnico, devem possuir comprovada proficiência
no assunto.
Ao término do treinamento deve-se emitir um certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo
programático, carga horária, a especificação do tipo de trabalho e espaço confinado, data e local
de realização do treinamento, com as assinaturas dos instrutores e do responsável técnico.
Uma cópia do certificado deve ser entregue ao trabalhador e a outra cópia deve ser arquivada na
empresa.
6.3.5 Emergência e Salvamento
O empregador deve elaborar e implementar procedimentos de emergência e resgate adequados
aos espaços confinados incluindo, no mínimo
a) Descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da Análise de Riscos;
b) Descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem executadas em caso de
emergência;
c) Seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação, iluminação de emergência,
busca, resgate, primeiros socorros e transporte de vítimas;
d) Acionamento de equipe responsável, pública ou privada, pela execução das medidas de resgate
e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado; e
338
e) Exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de acidentes em espaços
confinados.
O pessoal responsável pela execução das medidas de salvamento deve possuir aptidão física e
mental compatível com a atividade a desempenhar.
A capacitação da equipe de salvamento deve contemplar todos os possíveis cenários de acidentes
identificados na análise de risco.
6.3.6 Disposições Gerais
O empregador deve garantir que os trabalhadores possam interromper suas atividades e
abandonar o local de trabalho, sempre que suspeitarem da existência de risco grave e iminente
para sua segurança e saúde ou a de terceiros.
São solidariamente responsáveis pelo cumprimento desta NR os contratantes e contratados.
É vedada a entrada e a realização de qualquer trabalho em espaços confinados sem a emissão da
Permissão de Entrada e Trabalho.
339
ANEXO I – SINALIZAÇÃO
340
Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço
Confinado
Nome da empresa:
Local do espaço confinado: Espaço confinado n.º:
Supervisor de Entrada:
Procedimentos que devem ser completados antes da entrada
1. Isolamento S() N()
2. Teste inicial da atmosfera: Horário:
Oxigênio % O2:
Inflamáveis % LIE:
Gases/vapores tóxicos Ppm:
Poeiras/fumos/névoas tóxicas Mg/m³:
Nome legível / assinatura do Supervisor dos testes:
341
Equipamentos de movimentação vertical/suportes externos N/A ( ) S() N()
Equipamentos de comunicação eletrônica aprovados e certificados por um Organismo N/A ( ) S() N()
de Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas
potencialmente explosivas
Equipamento de proteção respiratória autônomo ou sistema de ar mandado com S() N()
cilindro de escape para equipe de resgate
Equipamentos elétricos e eletrônicos aprovados e certificados por um Organismo de N/A ( ) S() N()
Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas
potencialmente explosivas
Legenda: N/A = “não se aplica”; N = “não”; S = “sim”.
Procedimentos que devem ser completados durante o desenvolvimento dos trabalhos
Permissão de trabalhos a quente N/A ( ) S() N()
Procedimentos de Emergência e Resgate
Telefones e contatos:
Ambulância:
Bombeiros:
Segurança:
Obs.:
A entrada não pode ser permitida se algum campo não for preenchido ou contiver a marca na coluna “não”.
A falta de monitoramento contínuo da atmosfera no interior do espaço confinado, alarme, ordem do Vigia ou
qualquer situação de risco à segurança dos trabalhadores, implica no abandono imediato da área.
Qualquer saída de toda equipe por qualquer motivo implica a emissão de nova permissão de entrada. Esta
permissão de entrada deverá ficar exposta no local de trabalho até o seu término. Após o trabalho, esta
permissão deverá ser arquivada.
342
PROCEDIMENTO OPERACIONAL EM AMBIENTES CONFINADOS
6.4.1 Instalações subterrâneas
Sabe-se que uma instalação subterrânea não possui ventilação natural e contém ou produz agentes
contaminantes. Para reconhecermos tal espaço, é preciso conhecer o potencial de riscos desses
ambientes, produtos e atmosfera.
Oxigênio (O2): a ausência de oxigênio é a maior incidência de acidentes fatais, provoca a asfixia,
caracterizada pela presença de gases e/ou vapores que deslocam o oxigênio/ar transformando a
atmosfera de seres vivos. Além disso, as operações de fusão de materiais, além de contaminarem
(fumos metálicos de chumbo, estanho e outras ligas), consomem oxigênio do ar, propiciando
também, dessa forma, condições insalubres de risco grave e iminente na forma das prescrições
legais brasileiras e internacionais.
Monóxido de carbono (CO): é um gás que, por não possuir odor e cor, pode permanecer muito
tempo em ambientes confinados, sem que o ser humano tome as providências adequadas em
termos de exaustão e ventilação se expondo aos seus riscos. O seu limite de tolerância é de 39
ppm e o trabalhador poderá sentir dor de cabeça a 200 ppm; palpitação a 1000-2000 ppm;
inconsciência a 2000-2500 ppm; e a morte a 4000 ppm. Os EPIs a serem adotados são: roupa/luva
de PVC, máscara autônoma ou com filtro para CO.
Gás sulfídrico (H2S): é um dos piores agentes ambientais, Justamente pelo fato de que, em
concentrações médias e superiores, o nosso sistema olfativo consegue detectar a sua presença
(cheiro de ovo podre). Concentrações deste gás não são muito difíceis de encontrar em galerias,
túneis, valas, pântanos e similares, podendo levar à morte. Esse gás pode causar irritações a 50-
100 ppm; problemas respiratórios a 100-200 ppm; inconsciência a 500-700 ppm; e a morte acima
de 700 ppm. É um gás mais pesado que o ar e tende, normalmente, a se depositar nas galerias,
valas, subsolos e demais locais, onde a circulação de ar é deficiente ou inexistente.
Os EPIS a serem adotados são: roupa/luva de PVC, máscara autônoma ou com filtro para H2S.
Atualmente, uma das maiores preocupações das agências ambientais e da Defesa Civil são as
infiltrações advindas de vazamentos dos reservatórios enterrados de gasolina, óleo diesel e outros
derivados de petróleo, que, nessas circunstâncias, fluem para o lençol freático contaminando
galerias, sistemas de esgoto, valas, poços e demais braços d’água e transformando esses locais
em ambientes propícios às explosões seguidas de incêndios, com grande probabilidade de
extensão/propagação dos danos.
Acidentes fatais ocorridos no exterior e no Brasil revelam o total despreparo das pessoas e
entidades para trabalhos no interior de instalações subterrâneas. Mostram-nos também, que a
negligência é um fator frequente para contribuir para as causas básicas dos
Acidentes, agravada pela não preparação do ambiente para a entrada e permanência e pelo não
uso de equipamentos de proteção individual apropriado. A falta de um sistema escrito de permissão
para entrada em ambientes confinados é o grande responsável pela maioria dos acidentes
ocorridos nesses locais com socorristas.
Deve ser lembrado que, em acidentes desse tipo, para cada vítima fatal, há sempre, no mínimo,
mais uma ou duas com lesões menores, que, graças a diversos fatores como socorro imediato,
343
maior resistência orgânica, menor carga tóxica absorvida, conseguem se restabelecer após algum
tempo em recuperação hospitalar.
Assim, podemos facilmente concluir que um espaço confinado pode ceifar, de uma só vez, várias
vidas, dependendo do grau de imprudência e imperícia dos envolvidos.
1) Chegada ao local:
O reconhecimento da situação deve ser feito pela primeira viatura que chegar ao local e se
subdivide em análise primária e análise secundária.
2) Primeira análise:
As respostas a essas questões ajudarão a tomar a primeira decisão crítica: a guarnição pode
entender a situação do local? Ou guarnições adicionais precisam ser chamadas?
Se mais recursos são necessários, devem ser solicitados imediatamente para dispô-los no local
tanto quanto possível. O chefe de guarnição deve assumir, formalmente, comando da ocorrência,
pois as respostas às questões iniciais formarão a base para o plano de ações da ocorrência.
344
O julgamento da situação deve ser contínuo, cabendo ao socorrista:
4) O controle de área:
5) Segunda análise:
A primeira coisa a ser definida é o tipo de instalação subterrânea. Isso pode indicar a natureza do
problema, exemplo: um porão pode ter deficiência de oxigênio. Também é importante determinar
como a instalação subterrânea foi construída, o que pode indicar fissuras e trincas nas paredes.
Uma especificação ou memorial descritivo de construção do local pode descrever a configuração
da instalação subterrânea e alertar as equipes de salvamento sobre os riscos potenciais.
345
6.4.3) Procedimentos aplicados antes do salvamento
Nessa fase, os materiais necessários para a realização das operações de salvamento devem ser
logo solicitados.
Relativamente simples, o plano de ação da ocorrência não precisa ser escrito, mas deve ser um
plano. Quanto maiores são as operações mais complexas devem ser escritas e devem refletir o
sistema de gerenciamento da ocorrência. O plano deve ser finalizado e comunicado por HT a todos
os envolvidos na operação.
Enquanto o plano original deve ser suficientemente simples para a acomodação de possíveis
ajustes, um plano alternativo deve estar disponível em caso que algo inesperado ocorra para
invalidar o plano. Se a informação recebida, durante as análises, primária e secundária, foi algo
não claro ou confuso ou se algo subsequente ocorreu como uma explosão secundária ou colapso
maior, mudanças de situação significantes, o plano secundário deve estar pronto para ser
desenvolvido. Se, repentinamente, for necessário salvar as guarnições, o plano secundário deve
estar pronto.
Os recursos reunidos no local devem refletir o plano de ação da ocorrência. Mas quanto antes
definido, o pessoal e equipamentos na resposta inicial são insuficientes para o salvamento, o
responsável pela ocorrência deve solicitar recursos adicionais. Se as solicitações forem feitas logo,
rapidamente chegarão ao local onde são necessários. Se o comandante, inicialmente, encontrar-
se inseguro sobre o tipo e/ou quantidade de equipamentos que serão realmente necessários, deve
chamar tudo que poderia ser preciso. Os recursos que provaram ser desnecessários podem ser
devolvidos aos postos de bombeiros ou regressarem quando estiverem a caminho do local da
ocorrência.
A atmosfera dentro de uma instalação subterrânea pode ser avaliada com a retirada de uma
amostra pelo lado de fora do local, antes da entrada do socorrista, e deve ser
Continuamente monitorada enquanto eles permanecem na instalação. A informação obtida por
amostragem da atmosfera ajuda a determinar a necessidade de ventilação mecânica e o tipo de
proteção respiratória requerida para cada guarnição. Se as leituras mudarem para pior, após os
socorristas terem entrado no local, deve-se reavaliar a situação. Será prudente aguardar até a
ventilação mecânica proporcionar uma atmosfera mais segura antes da reentrada.
346
- Concentração de oxigênio = deve ser autorizada a entrada no local até a ventilação de níveis de
oxigênio abaixo de 23,5%;
- Tóxicos:
Os gases ou vapores tóxicos devem ser dispersos por ventilação, eliminando as fontes de
contaminação. Cuidados com a roupa e equipamentos contaminados, mesmo após 72 horas após
o atendimento da ocorrência, devem ser mantidos. O comandante deve trabalhar para reduzir, ao
máximo, os riscos de contaminação dos socorristas e vítimas.
- Ventilação:
Por causa das aberturas nas instalações subterrâneas serem relativamente pequenas e naturais,
a ventilação sempre será, de alguma forma, ineficiente. Isso significa que a ventilação mecânica
deve ser empregada. Assim teremos duas formas de ventilação mecânica: positiva e negativa. A
forma escolhida deve ser baseada na situação e equipamentos disponíveis no local. A ventilação
mecânica deve ser usada de acordo com a direção do vento e nunca ir contra o vento.
A ventilação positiva ou pressão positiva envolve a criação de uma leve pressão dentro das
instalações por causa da colocação de ventiladores ou infladores no lado de fora da entrada do
local, levando ar fresco para dentro da instalação subterrânea. Para o sucesso dessa ventilação é
necessário observar a distância correta da entrada até o final da instalação. A abertura de saída
deve ser de ¾ a 1 ou uma vez e meia o tamanho da abertura de entrada.
A abertura da saída não ocupada pelo aparelho exaustor deve ser preenchida ou coberta com capa
de salvatagem ou material similar que previna contaminação para uma boa exaustão.
Logo após os recursos necessários terem sido reunidos no local de emergência e a atmosfera
dentro da instalação subterrânea ter sido monitorada para uma entrada mais
Segura, as características da instalação devem ser revisadas antes das equipes de socorristas
iniciarem os trabalhos internos. Isso pode envolver a sinalização de áreas de travessia ou trânsito,
a identificação e confinamento de materiais perigosos no local, limites da instalação e fornecimento
de iluminação intrinsecamente segura dentro da instalação subterrânea.
- Planta baixa:
- Perigos internos:
- Escoramentos:
- Iluminação:
- Comunicações:
Por causa da presença da instalação subterrânea, os salvamentos podem envolver tudo, desde
espaços pequenos, facilmente acessíveis aos espaços complexos com muitas paredes e barreiras
para a comunicação. A forma de comunicação pode variar, consideravelmente, envolvendo
comunicação de voz direta e face-aface. As chamadas não atendidas serão reduzidas desde que
se possa ouvir bem a voz do outro, mesmo não o enxergando.
O cabo da vida deve estar preso no corpo do socorrista para puxá-lo, em caso de emergência, e
também funcionará como meio de comunicação, conforme mencionado Nunidade I.
O telefone celular promove seu valor como sistema de comunicação e transmissão de dados por
viva voz ou “fac símile” (FAX).
Os rádios portáteis (HT) são os meios mais usuais de comunicações os serviços de bombeiros. Os
mais modernos possuem várias canaletas, “scanners”, e múltiplas freqüências e linhas telefônicas
privadas.
Os bombeiros que realmente entrarão nas instalações subterrâneas para efeito de salvamento
devem ser reunidos, ao redor daqueles que trabalharão fora do local e serão responsáveis pelo
apoio e suporte dos socorristas internos. O comandante é responsável pela integração das duas
equipes: a guarnição de entrada e a guarnição reserva externa.
A guarnição de entrada que não atua onde o espaço cabe apenas um socorrista não deve ser
autorizada a entrar em instalações subterrâneas individualmente, no mínimo. As equipes serão
compostas por dois socorristas, os quais estarão apropriadamente vestidos e equipados para as
condições internas e para a natureza do trabalho. A guarnição estará ciente dos riscos e perigos
que irá enfrentar.
A guarnição reserva deve ser plenamente preparada e equipada pronta para entrar, se a primeira
guarnição estiver com problemas. Composta com o mesmo número de profissionais da primeira
guarnição, essa equipe deve possuir o mesmo nível de equipamento, treinamento e experiência.
- Contagem do pessoal:
Esse sistema garante que somente entre na instalação quem estiver autorizado e equipado
apropriadamente. Sua localização, seu moral e conhecimento servem também para o controle do
tempo de ar respirável (EPR) com cilindro. Um profissional deve ser designado para controlar essas
tarefas.
- Busca:
A menos que a localização da vítima seja óbvia, a guarnição de socorristas deve proceder à busca
na instalação subterrânea, a qual deve ser sistemática e em seqüência lógica. Algumas vezes, o
progresso das pesquisas é lento, mas as guarnições devem se manter juntas como um time e evitar
dispersões. Na busca por trechos ou áreas, um bombeiro deve ficar em posição fixa enquanto os
outros vasculham o local.
- Remoção da vítima:
349
A coleta e identificação de pedaços de equipamentos,
encontrados no local de emergência devem ser claramente
marcados e empacotados, evitando a contaminação de
pessoas, viaturas e equipamentos.
Após o encerramento das atividades, é liberado o local para a presença de repórteres (mídia) ou
marcar um encontro com todos os repórteres em entrevista coletiva para informar os passos
operacionais adotados, suas justificativas e recomendações.
350
Uma reunião com todos os que trabalharam na ocorrência é importante a fim de comentar a
execução das tarefas de resgate e salvamento, isso é necessário e útil podendo começar no local
sinistrado (posto de comando) longe do público e completar-se em local específico.
- Sinais sonoros: podem ser empregadas sirenes das viaturas, megafones, rádios e viva voz.
- Sinais visuais: podem ser empregadas lanternas, faróis, pontos de referência, foguetes luminosos
(matas).
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Veja os exemplos:
- Um toque - atenção (parando, prosseguindo);
- Dois toques - encontrou alguma coisa;
- Três toques - retornando;
- Quatro toques - necessitando ajuda;
- vários toques consecutivos - emergência.
A padronização das sinalizações pode mudar de acordo com a organização que a utiliza, criando
o seu próprio procedimento padrão.
- Nunca descarte a possibilidade de acontecer o imprevisto, desse momento em diante não faça
coisa alguma por iniciativa precipitada, pois não é necessária a pressa, será sempre melhor esperar
um momento oportuno.
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7. REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Giovani Moraes de. Legislação de saúde e segurança ocupacional. NR 33: Segurança
e Saúde nos Trabalhos em Ambientes Confinados. Rio de Janeiro, 2007.
. Manual de Salvamento
Terrestre. São Paulo, 2006.
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