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SUMÁRIO

Módulo 01: Legislação Básica (páginas 01 a 14)


Módulo 02: Gerenciamento de Risco (páginas 15 a 34)
Módulo 03: Prevenção e Combate a Incêndio (páginas 35 a 155)
Módulo 04: APH Primeiro Socorros (páginas 156 a 233)
Módulo 05: Emergências Químicas – PP (páginas 234 a 274)
Módulo 06: Noções de Resgate em Altura (páginas 275 a 301)
Módulo 07: Salvamento Terrestre (páginas 302 a 352)

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1. INTRODUÇÃO
O bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é uma profissão que na prática já vinha sendo
exercida nas indústrias brasileiras, no serviço de proteção contra incêndio e prestação de
socorros de urgência, mas somente no ano de 2009 que foi regulamentada e reconhecida como
profissão.

Concomitante ao reconhecimento da profissão vieram direitos e deveres que norteiam o exercício


da atividade do bombeiro profissional civil e somente a partir do conhecimento da legislação
específica referente à sua profissão, o bombeiro profissional civil saberá os limites e as
implicações das suas ações para desempenhar sua atividade profissional.

Mesmo com a normalização federal sobre a profissão de bombeiro profissional civil, algumas
lacunas existem, pois não houve ainda a regulamentação dessa lei, ficando os profissionais
sujeitos a normas estaduais, que se diferenciam de acordo com o poder de polícia dos
respectivos Corpos de Bombeiros dos Estados onde é exercida essa profissão ou até mesmo
convenções coletivas em âmbito estadual.

No Estado de Minas Gerais, de acordo com o Art. 142 da sua Constituição Estadual, compete ao
Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção
e combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe.
Com isso, o CBMMG por meio da Norma Técnica 12/CAT definiu os critérios relacionados ao
treinamento de Brigadas de Incêndio (BI), bem como a Circular 02/2016 – DAT, que esclarece
quanto à exigência de brigadistas com qualificação de nível intermediário, prevista no subitem
17.4 da IT 33. Circular. Para o dimensionamento e exigência de BPC, não há no Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais ainda regulamentação, por isso a recomendação é adotar
como referência a NBR 14608, que trata de BPC e 14276, que trata sobre BI.

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2. DEFINIÇÕES
2.1 BOMBEIRO MILITAR
Agente público pertencente ao Corpo de Bombeiros Militar cuja competência é, de acordo com o
Art. 142 da Constituição Estadual, a coordenação das ações de defesa civil, prevenção e combate
a incêndios e explosões em locais de sinistros, busca e salvamento, elaboração de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndios e pânico e outras previstas
em lei.

2.2 BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL OU BOMBEIRO CIVIL


Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos da Lei Federal Nr 11. 901 de
12 de Janeiro de 2009 e que exerça em caráter habitual, função remunerada e exclusiva de
prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado diretamente por empresas
privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em prestação
de serviços de prevenção e combate a incêndio.

2.3 BOMBEIRO VOLUNTÁRIO


Voluntário que presta serviço não remunerado, organizado pelos municípios ou entidades civis
sem fins lucrativos, com o intuito de desempenhar atividades de primeiros socorros e combate a
princípios de incêndios urbanos e florestais até a chegada de uma guarnição de bombeiros
militares ao local de ocorrência, quando necessário.

2.4 BRIGADISTA DE INCÊNDIO


Pessoa pertencente à brigada de incêndio que presta serviços, sem exclusividade, de prevenção
e combate a incêndio, abandono de área e primeiros socorros em edificações e que tenha sido
aprovada no Curso de Formação de Brigada de Incêndio.

2.5 BRIGADA DE INCÊNDIO


Grupo organizado de pessoas voluntárias ou indicadas, pertencente à população fixa da
edificação, que são treinadas e capacitadas para atuar, sem exclusividade, na prevenção e no
combate a incêndio, no abandono de área e prestar os primeiros socorros, dentro de edificações
industriais, comerciais, de serviços e áreas de risco, bem como as destinadas à habitação
(residenciais ou mistas).

3. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

• Lei Federal nº 11.901


• NR 23
• NBRs
• Instituto Resseguros do Brasil (IRB)
• Lei Estadual nº 14.130 de 19 de dezembro de 2001
• Decreto Estadual nº 46.595 de 10 de setembro de 2014
• Normas , Circulares e Pareceres Técnicos do CBMMG
• NBR 16877/20
• Lei Estadual 22.839/18
• Portarias pertinentes ao CBMMG
• IT 12 CBMMG
• IT 33 CBMMG
• CBO 5171-10

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3.1 LEI FEDERAL
A Lei Federal nº 11.901 foi publicada em de 12 de Janeiro de 2009 e regulamenta a Profissão de
Bombeiro Civil.

A lei define que Bombeiro Civil é o profissional que exerce, em caráter habitual, a função
remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado
diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas
especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio.

Observa-se que a lei desconsidera outras atividades que o BPC desenvolve nas empresas como
o socorro de urgência, o salvamento em alturas e em ambiente confinado, emergências químicas,
abandono de área etc.

Além disso, as funções de Bombeiro Civil foram classificadas em:

Bombeiro Civil, nível básico, combatente direto ou não do fogo;

Bombeiro Civil Líder, o formado como técnico em prevenção e combate a incêndio, em


nível de ensino médio, comandante de guarnição em seu horário de trabalho;

Bombeiro Civil Mestre, o formado em engenharia com especialização em prevenção e


combate a incêndio, responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate.

Em Minas Gerais, não há formação técnica e/ou superior, reconhecida pelo Ministério da
Educação, em prevenção e combate a incêndio. Mesmo assim, para ser BPC em MG,
independente da função que irá exercer, o profissional deverá cursar e ser aprovado em curso
específico, de acordo com a NBR 14.608 de 2007.

Ainda segundo a Lei, o Bombeiro Civil terá uma jornada de 12 (doze) horas de trabalho por 36
(trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis) horas semanais, como também,
terá direito a uniforme especial a expensas do empregador, seguro de vida em grupo, estipulado
pelo empregador, adicional de periculosidade de 30% do salário mensal sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa e o direito à
reciclagem periódica.

As penalidades das empresas especializadas e os cursos de formação de Bombeiro Civil, bem


como os cursos técnicos de segundo grau de prevenção e combate a incêndio, que não
cumprirem esta Lei são: advertência, proibição temporária de funcionamento e cancelamento da
autorização e registro para funcionar.

Além disso, as empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de Bombeiro Civil
poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e
do Distrito Federal, para assistência técnica a seus profissionais.

Por fim, a Lei diz que no atendimento aos sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros
Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a direção das ações caberão, com
exclusividade e em qualquer hipótese, à corporação militar.

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1.1 NR 23
As Normas Regulamentadoras (NRs) são de observância obrigatória pelas empresas privadas e
públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e indireta, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

A NR 23 estabelece os procedimentos que todas as empresas devam possuir, sobre proteção


contra incêndio e pânico.

Segundo a NR 23 da Lei Nº 6.514, de 22.12.1977 do Ministério do Trabalho todas as empresas


devem possuir:

a) Proteção contra incêndio;


b) Saídas suficientes para rápida retirada de pessoal em serviço, em caso de incêndio;
c) Equipamentos suficientes para combater o fogo em seu início;
d) Pessoas adestradas no uso correto desses equipamentos.

OBS: A NR 23 determina de forma geral como deverá ser o Sistema de Prevenção e


Proteção contra incêndio de uma edificação:

Saídas / Portas / Escadas./ Ascensores.


Portas corta-fogo./.Exercício de alerta./Sistemas de alarme;
Classes de fogo / Combate ao fogo;
Extintores.(tipos, inspeção, quantidade, localização, sinalização, utilização).

1.2 NBRS (NORMAS BRASILEIRAS)

Fundada em 1940, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – é o órgão


responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao
desenvolvimento tecnológico brasileiro.

É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização
– ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992.

Normalização é a atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais,


prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de
ordem em um dado contexto. Os Objetivos da Normalização são:

Economia Proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e


procedimentos
Comunicação Proporcionar meios mais eficientes na troca de informação entre o
fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais
e de serviços
Segurança Proteger a vida humana e a saúde
Proteção do Consumidor Prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos
Eliminação de Barreiras Evitar a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços
Técnicas e Comerciais em diferentes países, facilitando assim, o intercâmbio comercial

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Na prática, a Normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de
tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas relativas à saúde, à segurança
e à preservação do meio ambiente.

3.3.1 NBR 14.608:2007 – Bombeiro Profissional Civil

Estabelece os requisitos para determinar o número mínimo de bombeiros profissionais civis


em uma planta, bem como sua formação, qualificação, reciclagem e atuação.

3.3.1 NBR 14.276:2006 – Programa de Brigada de Incêndio

Estabelece os requisitos mínimos para a composição, formação, implantação e reciclagem de


brigadas de incêndio, preparando-as para atuar na prevenção e no combate ao princípio de
incêndio, abandono de área e primeiros socorros.

OBSERVAÇÃO: No Estado de Minas Gerais, a formação, a qualificação e a reciclagem de


bombeiro profissional civil, ainda não esta descrita em normas internas do CBMMG, porem a de
brigada de incêndio esta estabelecidas pela Norma Técnica 12 do CBMMG, portanto, nesses
quesitos deve-se seguir o que prescreve a norma do bombeiro Militar.

3.4 INSTITUTO RESSEGUROS DO BRASIL (IRB)

O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado em 1939, graças ao então presidente Getúlio
Vargas. Naquela época, a atividade de resseguro no País era feita quase totalmente no Exterior,
de forma direta ou por intermédio de companhias estrangeiras que operavam no Brasil. A
necessidade de favorecer o aumento da capacidade seguradora das sociedades nacionais, para
a retenção de maior volume de negócios em nossa economia, tornava urgente a organização de
uma entidade nacional de resseguro.

Por um Mercado Mais Seguro, o IRB iniciou suas operações um ano depois de sua criação, em
3 de abril de 1940. Inicialmente, a atuação do Instituto se concentrou no ramo Incêndio,
responsável pelo maior volume de seguros no país, cerca de 75% do total de todas as
modalidades exploradas na época.

A criação do IRB teve tal importância naquele momento para o desenvolvimento do mercado
segurador brasileiro assim como para o incremento da economia nacional que o resultado de
suas operações se expressou em números significativos: com apenas nove meses de atuação,
o Instituto conseguiu reter no país cerca de 90% dos prêmios de resseguros-incêndio praticados.

3.5 LEI ESTADUAL Nº LEI 14.130 DE 19 DE DEZEMBRO DE 2001 DO GOVERNO DO MG

Dispõe sobre a prevenção contra incêndio e pânico no Estado e dá outras providências. O Povo
do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a
seguinte Lei:

Art. 1º - A prevenção e o combate a incêndio e pânico em edificação ou espaço destinado a uso


coletivo no Estado serão feitos com a observância do disposto nesta lei. Parágrafo único -
Consideram-se edificação ou espaço destinado a uso coletivo, para os fins desta lei, os edifícios
ou espaços comerciais, industriais ou de prestação de serviços e os prédios de apartamentos
residenciais.

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Art. 2º - Para os fins do artigo 1º, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - CBMMG -, no
exercício da competência que lhe é atribuída no inciso I do art. 3º da Lei Complementar nº 54, de
13 de dezembro de 1999, desenvolverá as seguintes ações: I - análise e aprovação do sistema
de prevenção e combate a incêndio e pânico; II - planejamento, coordenação e execução das
atividades de vistoria de prevenção a incêndio e pânico nos locais de que trata esta lei; III -
estabelecimento de normas técnicas relativas à segurança das pessoas e seus bens contra
incêndio ou qualquer tipo de catástrofe; IV - aplicação de sanções administrativas nos casos
previstos em lei. Parágrafo único. As normas técnicas previstas no inciso III do “caput” deste
artigo incluirão instruções para a instalação de equipamento para detectar e prevenir vazamento
de gás. (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 17.212, de 12/12/2007.)

Art. 3º - Constituem infrações sujeitas a sanção administrativa: I - deixar de instalar os


instrumentos preventivos especificados em norma técnica regulamentar ou instalá-los em
desacordo com as especificações do projeto de prevenção contra incêndio e pânico ou com as
normas técnicas regulamentares; II - não fazer a manutenção adequada dos instrumentos a que
se refere o inciso I, alterar-lhes as características, ocultá-los, removê-los, inutilizá-los, destruí-los
ou substituí-los por outros que não atendam às exigências legais e regulamentares.

Art. 4º - A inobservância do disposto no artigo 3º desta Lei sujeita o infrator às seguintes sanções
administrativas: I - advertência escrita; II - multa; III - interdição. § 1º - A advertência escrita será
aplicada na primeira vistoria, constatado o descumprimento desta lei ou de norma técnica
regulamentar. § 2º - Sessenta dias após a formalização da advertência escrita, persistindo a
conduta infracional, será aplicada multa de R$100,00 (cem reais) a R$3.000,00 (três mil reais),
valores que serão corrigidos monetariamente de acordo com índice oficial. § 3º - Persistindo a
infração, nova multa será aplicada em dobro e cumulativamente. § 4º - A pena de interdição será
aplicada quando houver risco iminente de incêndio ou pânico.

Art. 5º - Será afixado na parte externa da edificação ou do espaço destinado a uso coletivo
referidos no parágrafo único do art. 1º o laudo de vistoria e liberação para seu funcionamento,
emitido pelo CBMMG, sob pena de interdição imediata do estabelecimento.

Art. 6º - É obrigatória a presença de responsável técnico, na forma estabelecida em regulamento


pelo CBMMG, em evento público realizado no Estado. Art. 6º-A É obrigatória a disponibilização
de pronto atendimento de saúde em locais onde se realizarem eventos públicos de qualquer
natureza, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Compete aos organizadores do
evento providenciar o pronto atendimento de saúde como parte da programação. (Artigo
acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 22.259, de 28/7/2016.)

Art. 7º - A pessoa física ou jurídica responsável pela comercialização, instalação, manutenção e


conservação de aparelhos de prevenção contra incêndio e pânico utilizados em edificação de uso
coletivo deverá cadastrar-se no CBMMG para o exercício dessas atividades. Parágrafo único -
As especificações técnicas do cadastro a que se refere o “caput” deste artigo serão definidas pelo
CBMMG.

Art. 8º – Fica proibido ao militar da ativa ser proprietário ou consultor de empresa de projeto,
comercialização, instalação, manutenção e conservação nas áreas de prevenção e combate a
incêndio e pânico. Parágrafo único - Serão aplicadas ao infrator do disposto neste artigo as
penalidades previstas em lei.

Art. 9º - Esta Lei estende-se, no que couber, às edificações e espaços destinados ao uso coletivo
já existentes na data de sua publicação.

Art. 10 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias contados da data
de sua publicação.
Art. 11 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
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Art. 12 - Revogam-se as disposições em contrário. Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos
19 de dezembro de 2001.

ITAMAR FRANCO

Henrique Eduardo Ferreira Hargreaves


José Pedro Rodrigues de Oliveira
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Data da última atualização: 29/7/2016.

3.6 NORMAS E PARECERES TÉCNICOS DO CBMMG

Normas técnicas (NT)- Uma norma técnica é um documento estabelecido por consenso e
aprovado por um organismo reconhecido que fornece, para uso comum e repetitivo, regras,
diretrizes ou características para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um
grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Esta é a definição internacional de norma.

Deve ser realçado o aspecto de que as normas técnicas são estabelecidas por consenso entre
os interessados e aprovadas por um organismo reconhecido. Acrescente-se ainda que são
desenvolvidas para o benefício e com a cooperação de todos os interessados, e, em particular,
para a promoção da economia global ótima, levando-se em conta as condições funcionais e os
requisitos de segurança.

As normas técnicas estabelecidas pelo CAT do CBMMG são:


As Instruções Técnicas (IT) a seguir se encontram no formato pdf, caso necessário, baixe um
programa para abrir o arquivo.

IT01 - Procedimento Administrativo (Portaria 22/2015)


IT02 - Terminologia de Proteção Contra Incêndio e Pânico
IT03 - Símbolos Gráfico para Projetos de Segurança Contra Incêndio e Pânico
IT04 - Acesso de Viatura nas Edificações e Áreas de Risco (Portaria 18/2014)
IT05 - Separações entre Edificações (Isolamento de Risco)
IT06 - Segurança Estrutural das Edificações
IT07 - Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical
IT08 - Saídas de Emergência em Edificações
IT09 - Carga Incêndio nas Edificações e Áreas de Risco
IT10 - Pressurização de Escada de Segurança
IT11 - Plano de Intervenção de Incêndio
IT12 - Brigada de Incêndio
IT13 - Iluminação de Emergência
IT14 - Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio
IT15 - Sinalização de Emergência
IT16 - Sistema de Proteção por Extintores de Incêndio (Portaria 17/2014)
IT17 - Sistema de Hidrantes e Mangotinhos para Combate a Incêndio
IT18 - Sistema de Chuveiros Automáticos
IT19 - Sistema de Resfriamento para Líquidos e Gases Inflamáveis e Combustíveis.(Consultar
Circular 16/14 e Tabela 18 da IT01)

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IT20 - Sistema de Proteção por Espuma. (Consultar Circular 16/14 e Tabela 18 da IT01)
IT21 - Sistema Fixo de Gases para Combate a Incêndio
IT22 - Armazenamento de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis. (Consultar Circular 16/14 e
Tabela 18 da IT01)
IT23 - Manipulação, Armazenamento, Comercialização e Utilização de GLP
IT24 - Comercialização, Distribuição e Utilização de Gás Natural
IT25 - Fogos de Artifícios e Pirotecnia (Portaria 19/2014)
IT26 - Heliponto e Heliporto
IT27 - Medidas de Segurança para Produtos Perigosos
IT28 - Cobertura de Sapê, Piaçava e Similares
IT29 - Hidrante Público
IT31 - Pátio de Contêineres
IT32 - Proteção Contra Incêndio em Cozinhas Profissionais
IT33 - Eventos Temporários (Portaria 17/2014)
IT34 - Cadastramento de Empresas e Responsáveis Técnicos - 2ª Edição 2016 (Portaria
24/2016).
IT35 - Segurança Contra Incêndio em Edificações Históricas
IT37 - Centros Esportivos e de Exibição
IT38 - Controle e Materiais de Acabamento e Revestimento
IT39 - Blocos de Carnaval (Portaria 23/2016)
"Anexo A" - Formulário de informações para Bloco Carnavalesco (IT 39)
IT40 - Adequação de Medidas de Segurança para Edificações Existentes e Edificações
Construídas (Portaria 25/2016).

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IT 12 - BRIGADA DE INCÊNDIO
A InstruçãoTécnica 12/CBMMG foi construída no intuito de adequar a atividade de Brigada
de Incêndio a realidade mineira. De forma mais específica, tem por objetivo:

- Estabelecer as condições mínimas necessárias para a formação, treinamento e


reciclagem de Brigadas de Incêndio, visando à proteção da vida e do patrimônio, bem
como reduzir as conseqüências sociais dos sinistros e dos danos ao meio ambiente.

- Estabelecer as condições mínimas necessárias para o cadastramento de Empresas


Especializadas na Formação e Treinamento de Brigadas de Incêndio, de Primeiros
Socorros ou Socorros de Urgência.

Esta Norma Técnica se aplica em todo o território do Estado de Minas Gerais. Caso o serviço
seja prestado em outros Estados, deve-se obedecer a legislação local.

4. BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL


4.1 CURSO DE FORMAÇÃO DE BOMBEIROS PROFISSIONAIS CIVIS (CFBPC)

O CFBPC é estabelecido pela NBR 14.608 de 2007, e tem as seguintes características:

a) Objetivo

Habilitar pessoal com treinamento em atividades de prevenção e combate a incêndios,


abandono de locais de sinistros, primeiros socorros e atendimento de emergência em
edificações e eventos.

b) Público-alvo

Qualquer pessoa, de ambos os sexos, que atenda os seguintes requisitos:

- Ter mais de 18 anos;


- Possuir boa condição física e boa saúde; e
- Possuir o ensino fundamental completo.

c) Validade do curso

O CFBPC terá validade de 01 (Um) ano.

d) Realização do curso

O CFBPC somente poderá ser realizado por Empresa Especializada na Formação e


Treinamento e deverá funcionar com turmas de no máximo 30 alunos.
e) Avaliação dos cursandos

- A avaliação dos cursandos é de competência exclusiva do CEIB para tanto ele fixará um
calendário anual com as datas e os locais dos exames.

- A avaliação dar-se-á através de exame teórico e prático.

- A Empresa Especializada na Formação e Treinamento solicitará mediante requerimento e com


base no calendário anual, estabelecido com data e local, a avaliação dos cursandos.
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- Somente será submetido ao exame prático aquele cursando aprovado no exame teórico.

- Para realizar a avaliação, o cursando deverá apresentar aos avaliadores no exame teórico, a
carteira de identidade e, no exame prático, atestado médico expedido no prazo máximo de 60
(sessenta) dias do exame.

- Serão considerados APROVADOS todos os cursandos que obtiverem nota igual ou superior a
7,00 (sete) em cada um dos exames e que tenham freqüência de 85% (oitenta e cinco por cento)
da carga horária do curso.

- Os cursandos que não obtiverem os índices previstos no item anterior estarão automaticamente
REPROVADOS.

f) Identificação dos Bombeiros Profissionais Civis

Os Bombeiros Profissionais Civis, durante suas jornadas de trabalho, devem permanecer


identificados e trajando uniformes específicos, os quais não poderão ser em qualquer hipótese
similar aos utilizados pelo CBMMG.

4.2 ATRIBUIÇÕES

Segundo a NBR 14.608, o Bombeiro Profissional Civil desempenhará as seguintes atividades:

4.3 Ações de Prevenção

- Conhecer o plano de emergência contra incêndio da planta;


- Identificar os perigos e avaliar os riscos existentes;
- Inspecionar periodicamente os equipamentos de combate a incêndio;
Inspecionar periodicamente as rotas de fuga, incluindo a sua liberação e sinalização;
- Participar de exercícios simulados;
- Registrar suas atividades diárias e relatar formalmente as irregularidades encontradas, com
propostas e medidas corretivas adequadas e posterior verificação de execução;
- Apresentar, quando aplicável, sugestões para melhorias das condições de segurança contra
incêndio e acidentes;
- Participar das atividades de avaliação, liberação e acompanhamento das atividades de risco
compatíveis com a sua formação.

4.4 Ações de Emergência

- Alertar os ocupantes da emergência;


- Análise da situação;
- Solicitar apoio externo quando necessário;
- Realizar a primeiros socorros nas vítimas;
- Eliminar ou minimizar os riscos;
- Abando no de área;
- Isolamento de área;
- Combate ao incêndio;
- Investigação das causas do incêndio.

OBSERVAÇÃO: Todas as atividades operacionais de emergência deverão ser


registradas.

4.5 ADMINISTRAÇÃO
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- O órgão ou empresa especializada deverá providenciar as medidas necessárias para manter
o condicionamento físico e psicológico adequado ao pleno exercício das funções bombeiro
profissional civil;

- Os equipamentos e os materiais necessários para a plena execução de atividades de


bombeiros devem ser providenciados, controlados e mantidos conforme as suas respectivas
normas técnicas.

4.6 DIMENSIONAMENTO

De acordo com o Anexo “A” da NBR 14.608, o dimensionamento e aplicação de bombeiros


profissionais civis em edificações obedecem aos seguintes critérios:

Ocupação da edificação: onde é definido o grupo, a divisão e a descrição da edificação.

Grupo Divisão Descrição Exemplos


A-1 Habitação Unifamiliar Casas térreas ou assobradas,
condomínios horizontais
A - Residencial A-2 Habitação Multifamiliar Edifícios de apartamento em geral
A-3 Habitação Coletiva Pensionatos, internatos, mosteiros,
alojamentos, conventos

Os grupos são assim divididos:

A- Residencial
B- Serviço de Hospedagem C- Comercial
D- Serviço Profissional
E- Educacional e Cultura Física F- Local de Reunião de Público

4.7 Grau de Risco:

- Baixo: planta com carga incêndio até 300 MJ/m²;


- Médio: planta com carga incêndio de 300 MJ/m² a 1.200 MJ/m²;
- Alto: planta com carga incêndio superior a 1.200 MJ/m².

4.8 Área Construída Total:

- De 5000 m² a 10000 m²;


- De 10000 m² a 50000 m²;
- Acima de 50000 m².

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Grupo Divisão Descrição Exemplos Grau Área Construída Total (m²)
de 5.000 a 10.000 a Acima de
Risco 10.000 50.000 50.000
Nº de BPC por turno
A-1 Habitação Unifamiliar Casas térreas Baixo
ou assobradas, Médio Isento Isento Isento
condomínios Alto
A - Residencial

horizontais
A-2 Habitação Multifamiliar Edifícios de Baixo Isento Isento
apartamento Médio Isento Isento Isento
em geral Alto 01 Nota 7
A-3 Habitação Coletiva Pensionatos, Baixo Isento Isento
internatos, Médio Isento Isento Isento
mosteiros,
Alto 01 Nota 7
alojamentos

Observe que é possível verificar a quantidade de BPC necessários direto na tabela A.1, mas
para alguns casos será necessário consultar as notas do Anexo “A”.

Nota 1: trata sobre as exceções de plantas que possuem área construída inferior a 5.000 m²
e não estão isentas de terem bombeiro profissional civil;

Nota 2: diz que ao número máximo de BPCs por planta e por turno exigido é de cinco para
risco baixo, dez para risco médio e quinze para risco alto;

Nota 3: trata sobre a redução da quantidade de BPC nos turnos que não hajam nenhuma
atividade;

Nota 4, 5, 6, 7 e 8: trata sobre a utilização da tabela A.1, com exemplos, e acréscimos de


BPC de acordo com o risco e área construída total;

Nota 9: diz que plantas não descritas na tabela deverão ser classificadas por analogia com
a mais próxima tecnicamente;

Nota 10: diz que as plantas localizadas próximas a instalações de bombeiros públicos, desde
comprovado um tempo resposta de até 03 minutos, pode reduzir o nº de BPC em 50%;

Nota 11: Trata sobre a quantidade de BPC em túnel, cujo dimensionamento não é feito pela
área construída e o grau de risco e sim, pelo comprimento do túnel, galerias técnicas e sidas
de emergência. Para cada 5 Km, é necessário 01 BPC.

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1. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.608:2007: Bombeiro
Profissional Civil.

BRASIL. Lei Federal nº 11.901 de 12 de janeiro de 2009. Brasília, 2009.

BRASIL. Lei Estadual 14.130 de 10 de setembro de 2014 .

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Decreto Estadual nº


46.595 de 10 de setembro de 2014.

MINAS GERAIS (Estado). Constituição (1989). Constituição do Estado De Minas Gerais


1989. Assembléia Legislativa, 1989.

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1. INTRODUÇÃO
O bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é uma profissão que na prática já vinha sendo
exercida nas indústrias brasileiras, no serviço de proteção contra incêndio e prestação de socorros
de urgência, mas somente no ano de 2009 que foi regulamentada e reconhecida como profissão.

Concomitante ao reconhecimento da profissão, vieram direitos e deveres que norteiam o exercício


da atividade do bombeiro profissional civil e somente a partir do conhecimento da legislação
específica referente à sua profissão, o bombeiro profissional civil saberá os limites e as implicações
das suas ações para desempenhar sua atividade profissional.

Mesmo com a normalização federal sobre a profissão de bombeiro profissional civil, algumas
lacunas existem, pois não houve ainda a regulamentação dessa lei, ficando os profissionais sujeitos
a normas estaduais, que se diferenciam de acordo com o poder de polícia dos respectivos Corpos
de Bombeiros dos Estados onde é exercida essa profissão ou até mesmo convenções coletivas em
âmbito estadual.

No Estado de Minas Gerais, de acordo com o Art. 142 da sua Constituição Estadual, compete ao
Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a execução de ações de defesa civil, a prevenção e
combate a incêndio, perícias de incêndio, busca e salvamento e estabelecimento de normas
relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio ou qualquer tipo de catástrofe.
Com isso, o CBMMG por meio da Norma Técnica 12/CAT definiu os critérios relacionados ao
treinamento de Brigadas de Incêndio (BI), bem como a Circular 02/2016 – DAT, que esclarece
quanto à exigência de brigadistas com qualificação de nível intermediário, prevista no subitem 17.4
da IT 33. Circular. Para o dimensionamento e exigência de BPC, não há no Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais ainda regulamentação, por isso a recomendação é adotar como referência
a NBR 14608, que trata de BPC e 14276, que trata sobre BI.

2. GERENCIAMENTO DE RISCO

2.1 DEFINIÇÕES

� EMERGÊNCIA
Situação que exige uma intervenção imediata de profissionais treinados com equipamentos
adequados, para que danos e prejuízos sejam evitados ou minimizados.

� SINISTRO
Ocorrência de danos e prejuízos, em consequência de um acidente ou evento adverso (ocorrência
desfavorável).

� RISCO
Probabilidade estatística de que uma ameaça de evento adverso se concretize em um cenário
vulnerável, causando danos e prejuízos, isto é, a probabilidade da ocorrência de um sinistro.
Ameaça: estimativa da ocorrência e magnitude de um acidente ou evento.
Vulnerabilidade: condição intrínseca do corpo, em interação com a magnitude de um evento ou
acidente, medida em termos de intensidade dos danos previstos.
O risco é avaliado de acordo com a interação da ameaça e da vulnerabilidade do sistema.

RISCO: AMEAÇA X VULNERABILIDADE

Quanto maior a ameaça e a vulnerabilidade, maior o risco. Para diminuir o risco, o bombeiro deve
atuar na ameaça ou na vulnerabilidade do sistema.

Ex: Como diminuir o risco de um incêndio confinado em um cômodo de uma edificação de 01


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pavimento se propagar para os outros cômodos?

Para responder essa pergunta se faz necessário avaliar a interação das seguintes variáveis:

- Ameaça: fogo fora de controle no cômodo


- Vulnerabilidade: paredes finas muito aquecidas, proximidade de materiais combustíveis,
telhado de telhas de amianto.

Portanto para diminuir ou eliminar o risco de propagação o bombeiro pode atuar na ameaça,
combatendo o incêndio dentro do cômodo, ou na vulnerabilidade, resfriando as paredes, retirando
das proximidades os materiais combustíveis.

Nem sempre será possível diminuir a ameaça, por exemplo, não há como diminuir o volume de
chuva em uma enchente, mas geralmente é possível atuar nas vulnerabilidades. De qualquer forma
o bombeiro deverá estar tecnicamente preparado para identificar as ameaças e vulnerabilidades
de um sistema, para minimizar o risco até uma condição segura de atuação.

2.2 SEGURANÇA NAS OPERAÇÕES

A segurança é um estado de confiança, individual e coletivo, baseado no conhecimento e no


emprego de normas e de procedimentos de proteção e na convicção de que os riscos foram
reduzidos a limites aceitáveis.

A sensação de segurança varia entre os indivíduos, pois ela está ligada diretamente a percepção
de risco, que é a impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza ou grandeza de um risco
determinado.

A percepção de risco depende do nível de conhecimento do bombeiro, adquirido por meio de


treinamentos e experiências reais. Quanto maior a qualificação, somada à experiência em
ocorrências, maior será a percepção de risco do bombeiro.

Para evitar essa variação, procedimentos devem ser padronizados para levar o risco até um nível
aceitável e a cena seja considerada segura. Para tanto, entende-se como risco aceitável, o risco
determinado como tolerável e razoável, após serem consideradas todas as consequências
associadas a outros níveis alternativos.

Para adentrar em ambiente incendiado, o bombeiro deverá analisar, por exemplo, o risco de
desabamento, de explosões, de intoxicação etc. Observados os riscos, devem ser providenciadas
ações para minimizá-los, por meio da adoção de técnicas e procedimentos operacionais como
escoramento, ventilação e utilização de equipamentos de proteção.
Portanto, o bombeiro para atuar deve estar certo que o nível de risco apresentado pode ser
enfrentado desde que seja suportável, sem dano, relacionado a altos ganhos (salvamento de
vítima), em razão da estrutura de proteção compatível em equipamentos e treinamento do pessoal
envolvido na ocorrência.

As operações de bombeiro são geralmente realizadas em ambientes cujas características físicas


contribuem para a ocorrência de acidentes (condições inseguras), somado ao fato de bombeiros
exporem-se a riscos desnecessários, invariavelmente, por negligência, imprudência ou imperícia
(atos inseguros), causando prejuízos a sua segurança e a sua saúde e da sua equipe.

A segurança é uma determinação operacional, parte obrigatória do planejamento e, durante a


atuação na emergência, é responsabilidade de todos os integrantes da equipe.

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2.3 RISCOS EM INCÊNDIOS INDUSTRIAIS

São riscos que comprometem a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como a produtividade
da podem afetar o trabalhador a curto, médio e longo prazo, provocando acidentes com lesões
imediatas ou doenças profissionais que afetam e lesam o trabalhador aos poucos, comprometendo
sua capacidade física ao longo do tempo de exposição ao fator de risco.

Nos incêndios industriais, as diferenças em cada evento são muito evidentes, na medida em que
os procedimentos a serem adotados variam com o tipo de produtos, tipos de planta e seus
respectivos riscos, tornando, portanto, absolutamente necessário conhecer previamente a
natureza dos produtos existentes (características físicas e químicas,

toxicidade, exposição às temperaturas, contato com a água etc) na instalação industrial.

Numa instalação industrial, uma atuação sem conhecimento prévio dos riscos existentes, pode dar
origem a acidentes de extrema gravidade e, eventualmente, implicar até na evacuação de
populações e causar danos materiais muito para além do perímetro da empresa.

Os principais riscos que o bombeiro está submetido durante as operações são:

- Intoxicação: ocorre quando o bombeiro desenvolve atividades envolvendo substâncias que


possuem a capacidade de causar dano no organismo a que estiver exposto. Quanto maior a
toxidade e concentração do produto e exposição do bombeiro, maior será o dano causado ao seu
organismo.

- Explosões: rápida expansão de gases que pode ser acompanha de efeitos térmicos. No caso
de incêndios em ambientes confinados, o bombeiro deve estar atento para fenômenos como
flashover e backdraft, como também a ocorrência de BLEVE em caminhões ou tanques de
armazenamento de líquidos inflamáveis incendiados e operações com vazamento de gases
combustíveis e materiais pirofóricos.

- Colapso estrutural: pode ocorrer em consequência de um incêndio. Por isso, o bombeiro


deverá estar atento aos sinais presentes na estrutura como a presença de trincas profundas,
deformação de vigas de aço, barulho de material cedendo, estruturas de madeira carbonizadas,
pequenos desabamentos etc.

- Choque elétrico: causado pela atuação do bombeiro sem desenergizar a rede elétrica. Para
isso, o bombeiro deverá conhecer a planta elétrica da edificação para identificar o local das chaves
de entrada de energia e suas formas de desligamento.

- Queimadura: causada pela ação do calor produzido no incêndio presente nas chamas, vapor
d´água e fumaça.

Para evitar acidentes, o bombeiro deverá prestar muita atenção às situações de perigo e cumprir
rigorosamente os procedimentos de atuação nas diversas situações concretas que ele poderá
encontrar no combate a incêndios industriais.

2.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Diferentemente do brigadista que combate o incêndio na sua fase inicial, o bombeiro profissional
civil, devido a sua formação, poderá combater incêndios de maiores proporções, sendo submetido,
consequentemente, a riscos bem maiores. Por isso, para minimizar os riscos a que está submetido,
diminuindo a sua vulnerabilidade, o bombeiro SEMPRE deverá utilizar os equipamentos de
proteção individual nas operações.

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Considera-se equipamento de proteção individual (EPI) todo o dispositivo de uso individual
destinado a proteger a saúde e a integridade física do bombeiro. A utilização do EPI não evita o
acidente, mas minimiza seus efeitos.

São EPIs utilizados pelo bombeiro nas operações:

- Capacetes de bombeiro

EPI’s que protegem o crânio, os olhos, a face e a nuca das lesões que podem ser ocasionadas por
impactos de materiais, partículas, respingos ou vapores de produtos químicos e de radiações
luminosas.

- Óculos de Proteção

Os óculos são destinados a proteção dos olhas contra a projeção de materiais, fumaça, líquidos e
substâncias contaminantes.

- Capas e calças

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EPI’s destinados a proteção do tronco e extensão dos membros, visam proteger o brigadista contra
objetos escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes, além de proteger também do calor
excessivo, irradiado pelas chamas.

- Luvas

EPI’s que visam proteger contra a ação de objetos cortantes, abrasivos, corrosivos, alergênicos,
além de produtos graxos e derivados de petróleo.

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- Botas e sapatos

EPI’s que visam proteger contra lesões ocasionadas de origem mecânica (quedas de materiais),
agentes químicos, térmicos e objetos perfurantes ou cortantes.

- Equipamento de Proteção Respiratória (EPR)

São equipamentos que requerem atenção especial, pois serão eles que permitiram ao bombeiro
trabalhar em locais saturados com fumaça, com baixa concentração de O2 e muitas vezes com
temperaturas elevadas. É importante ressaltar que a não utilização destes aparelhos pode ter
conseqüências sérias e até mesmo levar a morte.

Tem como objetivo anular o comportamento do ambiente sobre o sistema respiratório, mediante
proteção limitada (quando utilizados aparelhos filtrantes ou autônomos de pressão negativa):

a) Máscara contra gases (aparelho filtrante)

Consiste em uma máscara de borracha adaptável ao rosto, contendo um filtro que elimina os
agentes nocivos. Vale lembrar que as máscaras possuem especificações que precisam ser
atendidas, para que a saúde do bombeiro esteja de fato protegida.

20
c) Equipamento de proteção respiratória autônoma

As máscaras autônomas são respiradores independentes que fornecem ar respirável para o usuário
através de cilindros de ar.

21
3. COMANDO E CONTROLE EM OPERAÇÕES
As ocorrências de bombeiro têm características específicas que exigem qualificação,
profissionalismo e capacidade de trabalhar em equipe. Um erro muito comum nas operações de
bombeiro é a falta de coordenação das ações, muitas vezes há um grande esforço para a realização
de uma atividade por vários bombeiros, sendo que outros objetivos deixam de ser cumpridos. Além
disso, há a falta de disciplina tática, onde o integrante da equipe com visão mais limitada da
ocorrência altera o objetivo a ser cumprido, compromete a operação, como também, a segurança
dos envolvidos. Por isso, nas operações de bombeiro há a necessidade de planejamento,
coordenação, direção e controle.

Na operação, o chefe da equipe é o profissional responsável em: PLANEJAR, COORDENAR,


DIRIGIR e CONTROLAR as ações da equipe.

CHEFE DE EQUIPE
Função Ações Observações
PLANEJAMENTO - Fixar objetivos; Deverá ser feito com objetivos
- Definir estratégia de combate; claros e exeqüíveis, descritos em
- Definir um plano de ação. um plano de ação verbal ou
escrito
ORGANIZAÇÃO - Dividir o trabalho; Deverá ser flexível quanto a
- Designar pessoas; necessidade e disponibilidade de
- Alocar recursos e coordenar recursos e quanto a delegação
esforços. de responsabilidades.

DIREÇÃO - Dirigir seus esforços para execução Tem como objetivo a


de planos; interpretação do plano e instrução
- Guiar pessoas para a ação; sobre a sua execução.
- Manter a motivação.
CONTROLE - Avaliar o desempenho das equipes; Tem como objetivo garantir a
- Corrigir ações; execução do planejamento.
- Tornar a avaliar, de forma a
assegurar o cumprimento dos
objetivos.

A função de chefiar uma equipe geralmente é estabelecida pela organização ou pelo poder da
autoridade pessoal (liderança) sobre o grupo. O chefe de equipe deve estar atento para entender
que:

• O comando e controle representam um processo dinâmico que deve ser constantemente


reavaliado conforme a evolução da operação;
• Todas as partes se influenciam, por isso, deve ser prevista a conseqüência de cada ação;
• Deverá haver o processo de realimentação (feedback), onde as informações devem fluir do
chefe para equipe, da equipe para o chefe e entre os integrantes da equipe para que o comando
reavalie os objetivos;

• É sua responsabilidade garantir a segurança da equipe, por isso deve zelar para que a
equipe utilize os EPIs e os procedimentos específicos.

Ao chegar ao local da ocorrência o chefe de equipe deverá:

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1) ASSUMIR O COMANDO

- Ao chegar ao local informar a Central de emergência:

Nome, posto, graduação, função ou cargo;


Identificação da viatura;
Localização do posto de comando;
Confirmação da emergência.

2) MANTER E CONTROLAR O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

- Formas de comunicação na zona de incêndio

Direta
Via rádio
Via telefone
Via rede de dados

- Princípios da boa comunicação

Seja breve e específico


Evite comportamentos que possam distrair a atenção dos ouvintes
Priorize as mensagens
Usar os códigos padronizados pela sua organização

3) AVALIAR E DIMENSIONAR A SITUAÇÃO


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O gerenciamento de uma operação de bombeiros é um processo de difícil manejo, pois, de forma
geral, todos estão nervosos, a comunicação se torna problemática e muitos profissionais querem
colocar em prática os seus próprios planos. Um dos maiores problemas é a coordenação de uma
quantidade ilimitada de fatores. Portanto, o dimensionamento da cena deve ser sistemático para
que não haja problemas como a falta de disciplina tática e emprego inadequado de recursos.

Avaliação de uma ocorrência consiste em quatro passos fundamentais:

1º) Identificar o problema: incêndio, vazamento de gás, explosão, acidente de trabalho com vítima
etc.

2º) Análise da situação e possíveis soluções:

SITUAÇÃO RECURSOS
Tipo, local e intensidade Pessoal
Necessidade de resgate Equipamentos
Riscos potenciais Viaturas
Pontos Críticos Meios de extinção

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3º) Tomada de decisão: definição da estratégia de atuação baseada na análise de situação e
recursos disponíveis.

4º) Elaboração de um plano de ação.

SITUAÇÃO RECURSOS

PLANO
Identificar os objetivos
Dividir tarefas
Designar as pessoas

MODELO PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO ESTRATÉGICO NUMA OCORRÊNCIA


DE INCÊNDIO ESTRUTURAL

Desenvolvendo um
plano estratégico

Determine a necessidade
de resgate

Avalie as condições
estruturais da edificação

Estime
Situação X Recursos

Planeje uma ação ofensiva Planeje uma ação defensiva

Formule o plano estratégico

Exemplo de plano estratégico para uma ocorrência de incêndio:

- Extinguir o fogo no 2º piso;


- Checar os danos no 3º piso;
- 3º piso, 4º piso e 1º piso;
- Busca secundária;
- Conservação

Como elaborar um plano de ordem?

fazer;

- As ordens deverão ser claras e completas;


- Todo o subordinado deverá saber o que se espera dele e aquilo que ele deve

- Evitar transmitir mais de uma ordem ao mesmo tempo;


- Empregar comandos utilizados nos treinamentos;
- Perguntas fundamentais para a confecção de um plano de ordem:

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PERGUNTA OBJETIVO ORDEM DO CO

QUEM? Definir o responsável Bombeiro chefe da linha

O QUE? Definir tarefa Ataque com uma linha de


38mm

ONDE? Definir o local O fogo no teto do quarto de


dormir

COMO? Definir a maneira Entrando pela porta


principal da casa

4) ESCOLHA DA ESTRATÉGIA

De acordo com as características da emergência, o chefe de equipe definirá qual(is) a(s) técnica(s)
mais adequada(s) para cada ocorrência. Denominaremos como estratégia a decisão sobre a
escolha e forma de emprego do conjunto de técnicas que serão utilizadas na operação, seja ela de
combate a incêndio, busca e salvamento, atendimento pré- hospitalar ou todas elas combinadas.

A escolha da estratégia deve ser baseada no dimensionamento da cena, na necessidade do


gerenciamento de riscos e na disponibilidade de recursos para o controle da situação, norteada
pela prioridade tática da operação de bombeiro: 1º - Salvamento; 2º - Combate a incêndio e 3º-
Conservação da propriedade. Observa-se que em primeiro lugar, deve-se salvar as vidas. Se em
um incêndio, para salvar uma vítima, a guarnição tiver que combatê-lo, ainda nesse caso, a primeira
prioridade tática é o salvamento, apesar da ação inicial ter sido o combate ao incêndio, pois o
motivo para iniciar o combate foi criar um acesso à vítima.

5) ORGANIZAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS

Os recursos devem ser organizados para que não haja sobrecarga e nem desperdícios. Ao chegar
ao local da ocorrência, o chefe de equipe deverá avaliar se os recursos existentes são os suficientes
para a intervenção, caso contrário, deverá solicitar apoio. Além disso, algumas situações exigem a
presença de outras agências ou setores para uma intervenção específica, como por exemplo, se
houver a necessidade de desligamento de energia elétrica ou a presença de produtos perigosos.

Outro cuidado é utilizar somente o necessário para resolver a situação para que recursos não sejam
desperdiçados ou perdidos durante a operação. Para isso, o chefe de equipe definirá as áreas de
trabalho de sua equipe em zona fria, morna e quente:

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Área segura, mais externa, onde os recursos não emergenciais ficarão em espera.
Área intermediária, onde os recursos emergenciais ficarão em espera (Viatura, Posto de Comando)
Área destinada às operações, onde apenas permanecerão o pessoal, ferramentas e equipamentos que estão sendo
utilizados.

A definição dessas áreas torna a cena mais organizada e consequentemente, mais segura, pois os recursos e o pessoal
empregado é somente o necessário, definidos conforme a proximidade do ponto crítico da operação.

No caso de uma operação que envolva outras agências ou setores, o chefe de equipe de bombeiros deverá organizar
e ter o controle de todo o pessoal envolvido, para que não haja acidentes e nem conflito de interesses. A seguir, um
organograma criado durante um atendimento a um incêndio numa indústria petroquímica, combatido pela sua equipe
de bombeiros profissionais civis:

6) REAVALIAÇÃO DAS SUAS AÇÕES

As operações de bombeiro, por serem dinâmicas, necessitam constantemente de uma


reavaliação para correção ou mudança de ações que inicialmente eram efetivas, mas deixaram
de ser com o passar do tempo.

Para facilitar, a seguir serão apresentados alguns tópicos que necessitam reavaliação durante as
operações:

- Estratégia utilizada
- Prioridades táticas
- Correção na execução das ações (técnica)
- Controle do tempo
- Pessoal de reforço
- Recursos adequados
- Segurança
- Controle operacional

27
4. PLANO DE EMERGÊNCIA

O plano de emergência é um documento que expressa o planejamento de resposta a uma


determinada ocorrência em uma edificação. Contempla as prováveis emergências que poderão
ocorrer e os procedimentos que deverão ser adotados.

A ABNT, por meio da NBR 15.219/2005, estabelece as condições mínimas para a elaboração,
implantação, manutenção e revisão de um Plano de Emergência Contra Incêndio, visando proteger
a vida e o patrimônio, bem como reduzir as consequências sociais do sinistro e os danos ao meio
ambiente.

4.1 DEFINIÇÕES

- Emergência: Situação crítica ou fortuita que representa perigo à vida, ao meio ambiente e
ao patrimônio, gerando um dano continuado que obriga uma imediata intervenção operacional.

- Sinistro: Ocorrência proveniente de risco que resulte em prejuízo ou dano.

- Plano de emergência contra incêndio: Plano estabelecido em função dos riscos da empresa,
para definir a melhor utilização dos recursos materiais e humanos em situação de emergência.

- Profissional habilitado: profissional com formação em prevenção e combate a incêndio e


abandono de área, com carga horária mínima de 200 horas para baixo risco, 300 horas para risco
médio ou 400 horas para risco alto; primeiros socorros com carga horária mínima de 60 horas para
baixo risco, 100 horas para risco médio ou 140 horas para risco alto ou profissional que tenha
elaborado planos de emergência nos últimos 05 anos, específicos para o risco baixo, médio ou alto,
confirmados por atestado de capacitação técnica emitido por instituição ou empresa de notório
reconhecimento no Brasil.

- Risco baixo: planta com carga incêndio abaixo de 300 MJ/m².

- Risco médio: planta com carga incêndio de 300 MJ/m² a 1200 MJ/m².

- Risco alto: planta com carga incêndio acima de 1200 MJ/m².

4.2 REQUISITOS

4.2.1 Elaboração do plano de emergência contra incêndio

O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado para toda e qualquer planta com
exceção das edificações residenciais unifamiliares.

O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado por escrito por profissional habilitado,
levando – se em conta os seguintes aspectos:

• Localização (por exemplo: urbana, rural, características da vizinhança, distâncias de outras


edificações e/ou risco, distancia da unidade do Corpo de Bombeiros, existência de Plano de Auxilio
Mútuo-PAM etc.);
• Construção (por exemplo: industrial, comercial, residencial, escolar etc.);
• População (por exemplo: fixa, flutuante, características, cultural etc.);
• Característica de funcionamento (horários e turnos de trabalho e os dias e horários fora do
expediente);
• Pessoas portadoras de deficiências;
• Outros riscos específicos inerentes a atividades;
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• Recursos humanos (por exemplo: brigada de incêndio, bombeiros profissionais civis, grupos
de apoio etc.) e materiais existentes (por exemplo: extintores de incêndio, iluminação de
emergência, sinalização, saídas de emergência, sistema de hidrates, chuveiros automáticos,
sistema de detecção e alarme de incêndio etc.)

Após o levantamento dos aspectos o profissional habilitado deve realizar uma análise de risco da
planta com o objetivo de minimizar e/ou eliminar todos os riscos existentes.

NOTA: as técnicas de análise de riscos incluem, mas não estão limitadas as seguintes técnicas:
what if, checkilist, hazop, árvore de falhas, diagrama lógicos de falhas.

O Corpo de Bombeiros e a comunidade (principalmente as edificações do entorno) devem ser


envolvidos na elaboração do plano de emergência contra incêndio. Cópia do plano deve ser
fornecida ao Corpo de Bombeiros.

Deve ser prevista a interface do plano de emergência contra incêndio com outros planos da planta,
por exemplo: explorações, inundações, atentados, vazamentos etc.

O plano de emergências contra incêndios deve ser referendado por escrito pelo responsável da
ocupação planta.

4.2.2 Implantação do plano de emergência contra incêndio

Para a implantação do plano de emergência contra incêndio devem ser atendidos os seguintes
requisitos: divulgação e treinamentos, exercícios simulados e procedimentos básicos nas
emergências:

a) Divulgação e treinamento

O plano de emergência contra incêndio deve ser divulgado por meio de uma preleção e de uma
manual básico que deve ser distribuído aos ocupantes da planta, de forma a garantir que todos
tenham conhecimentos dos procedimentos a serem executados em caso de emergência.

Os visitantes devem ser informados formalmente sobre o plano de emergência contra incêndio da
planta por meio de panfletos, vídeos e/ou palestras.

O plano de emergência contra incêndio deve fazer parte dos treinamentos de formação,
treinamentos periódicos e reuniões ordinárias dos membros da brigada de incêndio, dos bombeiros
profissionais civis, do grupo de apoio etc.

Uma cópia do plano de emergências deve estar disponível para consulta em situações de
emergências para os profissionais qualificados em local de permanência humana constante (por
exemplo: portaria, sala de segurança etc.).

A representação gráfica contida no plano de emergência contra incêndio, com destaque para as
rotas de fuga e saídas de emergência, deve estar fixada na entrada principal e em locais
estratégicos de cada edificação de forma a divulgar o plano e facilitar o seu entendimento.

b) Exercícios simulados

Devem ser realizados exercícios simulados de abandono de área, parciais e completos, no


estabelecimento ou em local de trabalho com a participação de toda a população , sendo que para
o risco baixo ou médio, o período Máximo é de seis meses para simulados parciais e 12 meses
para simulados completos. Para o risco alto o período máximo é de três meses para simulados
parciais e seis meses para simulados completos. Imediatamente após o simulado, deve ser
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realizada uma reunião extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas.

Deve ser elaborada ata na qual constem:

✓ Data e horário do evento;


✓ Tempo gasto no abandono;
✓ Tempo gasto no retorno;
✓ Tempo gasto no atendimento de primeiros- socorros;
✓ Atuação dos profissionais envolvidos;
✓ Comportamento da população;
✓ Participação do Corpo de Bombeiros e tempo gasto para sua chegada;
✓ Ajuda externa (por exemplo: PAM – Plano de Auxilio Mútuo etc.);
✓ Falhas de equipamentos;
✓ Falhas operacionais; e
✓ Demais problemas levantados na reunião.

NOTA: Os exercícios simulados devem ser programados com ou sem comunicação prévia para a
população.

c) Procedimentos básicos na emergência contra incêndio

Os procedimentos básicos na emergência contra incêndio, descritos a seguir estão relacionados


numa sequência lógica, de forma a serem executados até por uma pessoa, se necessário.

- Alerta

Identificada uma situação de emergência qualquer pessoa pelos meios de comunicação disponíveis
ou alarmes, alertar os ocupantes, os brigadistas, os bombeiros profissionais civis e o apoio externo.
Este alerta pode ser executado automaticamente em edificações que possuem sistema de
detecção de incêndio.

- Análise da situação

Após o alerta, deve ser analisada a situação, desde o inicio até o final da emergência e
desencadeados os procedimentos necessários, que podem ser priorizados ou realizados
simultaneamente, de acordo com os recursos matérias e humanos, disponíveis no local.

- Apoio externo

O corpo de bombeiros e/ou outros órgãos locais devem ser acionados i mediatamente,
preferencialmente por uma brigadista, e informados do seguinte:

- Nome do solicitante e o número do telefone utilizado;


- Endereço completo, pontos de referência e/ou acessos;
- Características da emergência, local ou pavimento e eventuais vitimas e seus estados.

O corpo de bombeiros e/ou outros órgãos, quando da sua chegada ao local, devem ser
recepcionados preferencialmente por uma brigadista, que deve fornecer as informações
necessárias para otimizar sua entrada e seus procedimentos operacionais.
- Primeiros Socorros

Prestar os primeiros-socorros às possíveis vítimas, mantendo ou estabilizando suas funções vitais


30
(por exemplo: SBV – suporte básico da vida, RCP – reanimação cardiopulmonar etc.).

- Eliminar riscos (corte das fontes de energia e fechamento de tubulações)

Eliminar os riscos por meio do corte das fontes de energia (por exemplo: elétrica etc.) e do
fechamento das válvulas das tubulações (por exemplo: GLP, oxiacetileno, gases, produtos
perigosos etc.), quando possível e necessário, da área sinistrada atingida ou geral.

- Abandono de áreas

Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme comunicação pré-
estabelecida, conduzindo a população fixa e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo
até a definição final da emergência. O plano deve contemplar ações de abandono para portadores
de deficiência física permanente ou temporária, bem como as pessoas que necessitem de auxílio
(por exemplo: idosos, gestantes etc.).

- Isolamento da área

Isolar fisicamente a área sinistrada, de modo a garantir os trabalhos de emergências e evitar que
pessoas não autorizadas adentrem ao local.

- Confinamento do incêndio

Confinar o incêndio de modo a evitar sua propagação e consequências.

- Combate ao incêndio

Proceder ao combate, quando possível, até a extinção do incêndio, restabelecendo a normalidade.

- Investigação

Levantar as possíveis causas do alerta e os demais procedimentos adotados. Emitir relatório


conforme ABNT NBR 14023, com o objetivo de propor medidas preventivas e corretivas para evitar
sua repetição.

4.2.3 Manutenção do plano de emergência contra incêndio

Devem ser realizadas reuniões com o coordenador geral da brigada de Incêndio, os chefes da
Brigada de Incêndio, um representante dos bombeiros profissionais civis e um representante do
grupo de apoio, com registro em ata e envio às áreas competentes para as providências
pertinentes.

- Reunião ordinária (mensal)

Na reunião ordinária devem ser discutidos os seguintes itens:

- Calendário dos exercícios de abandono;


- Funções de cada pessoa dentro do plano de emergência contra incêndio
- Condições de uso dos equipamentos de combate a incêndio;
- Apresentação dos problemas relacionados à prevenção de incêndios, encontrados nas
inspeções, para que sejam feitas propostas corretivas.
- Outros assuntos de interesse.
- Reunião extraordinária

Devem ser realizadas reuniões extraordinárias para análise da situação sempre que:
31
- Ocorrer um exercício simulado;
- Ocorrer um sinistro;
- For identificado um risco iminente;
- Ocorrer uma alteração significativa dos processos industriais ou de serviços, de área ou
leiaute;
- Houver a previsão de execução de serviços que possam gerar algum risco.

4.2.4 Revisão do plano de emergência contra incêndio

O plano de emergência contra incêndio deve ser revisado por profissional habilitado sempre que:

- Ocorrer uma alteração significativa nos processos industriais, processos de serviços, de área
ou leiaute;
- For constatada a possibilidade de melhoria do plano;
- Completar 12 messes de sua última revisão.

Nenhuma alteração significativa nos processos industriais, processos de serviços, de área ou


leiaute pode ser efetuada sem que um profissional habilitado, preferencialmente aquele que
elaborou o plano de emergência contra incêndio, seja consultado previamente e autorize a sua
alteração por escrito.

O profissional habilitado deve consultar o coordenador geral da Brigada de Incêndio, os chefes da


Brigada de Incêndio um representante dos bombeiros profissionais civis, um representante do
grupo de apoio e os profissionais responsáveis pelas alterações significativas nos processos
industriais, processo de serviços, de área ou leiaute, bem como as atas de reunião ordinárias e
extraordinárias e os resultados de auditoria do plano, sempre que houver necessidade de revisá-
lo.

4.2.5 Auditoria do Plano

Um profissional habilitado deve realizar uma auditoria do plano e cada 12 meses, preferencialmente
antes da sua revisão. Nesta auditoria deve-se avaliar se o plano está sendo cumprido em
conformidade com esta Norma, bem como verificar se os riscos encontrados na análise de risco
elaborada pelo profissional habilitado foram minimizados ou eliminados.

32
Fluxograma de procedimentos de emergência contra incêndio

33
Modelo de plano de emergência contra incêndio

Descrição da planta

- Planta: identificar o tipo de planta.

- Localização: indicar o tipo de localização: se urbana ou rural, endereço, característica da


vizinhança, distância do Corpo de Bombeiro e meios de ajuda externa.

- Construção: Indicar o tipo, por exemplo: de alvenaria, concreto, metálica etc.

- Dimensões: indicar área total construída e de cada uma das edificações, altura de cada
edificação, número de andares, se há subsolos, garagens e outros detalhes.

- Ocupação: indicar o tipo de ocupação de acordo com a tabela 1 da ABNT NBR 14276:1999.

- População: indicar a população fixa e flutuante, e suas características.

- Características de funcionamento: indicar os horários e turnos de trabalho, os dias e


horários fora do expediente de funcionamento e as demais características da planta.

- Pessoas portadoras de deficiências: indicar o número de pessoas e sua localização de


planta.

- Riscos específicos inerentes a atividades: detalhar todos os riscos existentes (por exemplos:
cabine primária, caldeira, equipamentos, cabine de pintura etc.).

- Recursos humanos: indicar o número de membros da Brigada de Incêndio, de Bombeiro


Profissional Civil e de Corpo de Bombeiros e outros meios de ajuda externa.

- Recursos materiais: indicar os equipamentos existentes (por exemplo: extintores de


incêndio portáteis, sistema de hidrantes, iluminação de emergência, alarma de incêndio manual,
detecção automática, escada interna à prova de fumaça, portas corta-fogo, saídas de emergências
sistema moto-gerador de incêndio etc.).

- Rotas de fuga: indicar as rotas de fuga e os pontos de encontro, mantendo-os sinalizados


e desobstruídos.

Procedimentos básicos de emergência contra incêndio

Os procedimentos descritos em B.2.1 a B.2.10 estão relacionados numa ordem lógica e devem ser
executados conforme a disponibilidade do pessoal e com prioridade ao atendimento de vítimas.

- Alerta: Deve contemplar como será dado o alerta em caso de incêndio (por exemplo: através
de alarme, telefone ou outro meio) e como os membros da Brigada e a população da Brigada e a
população em geral serão avisados sobre o alerta.

34
PREVENÇÃO E
COMBATE A
1. TEORIA DO FOGO
INCÊNDIO
Para prevenir e combater incêndios de modo eficiente é necessário entender o “funcionamento do
incêndio”. As bases teóricas sobre como ocorrem e como se comportam o fogo e o incêndio são
indispensáveis para podermos entender e dominar as técnicas de combate e prevenção.

Inicialmente convém diferenciar incêndio de fogo. Incêndio não é sinônimo de fogo, ou então, em
cada churrasqueira, teríamos um incêndio. Então qual é a diferença? O que difere as chamas em
uma churrasqueira das chamas em um incêndio é o controle sobre elas. Na churrasqueira o fogo
está controlado, em um incêndio não. Assim, podemos definir incêndio como fogo fora de controle.

E fogo? Como definir fogo?

Sabe-se que há muito o homem faz uso do fogo, no entanto, apenas em tempos mais recentes
começamos a entender a dinâmica do fogo, que também é chamado de combustão. Arquimedes
já havia escrito sobre o fogo na Grécia antiga, mas apenas no Séc. XVIII, o cientista francês,
Antoine Lawrence Lavoisier, descobriu as bases científicas do fogo.

A principal experiência que lançou os fundamentos da ciência do fogo consistiu em colocar uma
certa quantidade de mercúrio (Hg - o único metal que normalmente já é líquido) dentro de um
recipiente fechado, aquecendo-o. Quando a temperatura chegou a 300ºC, ao observar o interior do
frasco, Lavoisier encontrou um pó vermelho que pesava mais que o líquido original. O cientista
notou, ainda, que a quantidade de ar que havia no recipiente havia diminuído em 20%, e que o ar
restante no recipiente possuía o poder de apagar qualquer chama e matar. Lavoisier concluiu que
o mercúrio, ao se aquecer, “absorveu” a parte do ar que nos permite respirar (essa mesma parte
que faz um combustível queimar: o oxigênio). Os 80% restantes eram nitrogênio (gás que não
queima), e o pó vermelho era o óxido de mercúrio. Houve o consumo de oxigênio (pela alteração
nas propriedades do ar) e a formação de nova substância (o pó vermelho). Lavoisier estudava a
conservação de massas em uma reação, mas, de seu experimento foi possível entender que, com
o aquecimento, ocorreu uma reação química entre mercúrio e ar.

Mesmo com os estudos modernos, ainda não se conseguiu elaborar uma definição universal,
completa e definitiva do que seja fogo, entretanto mesmo sem conseguir defini-lo, é possível
explicá-lo.

A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material combustível reage com um
oxidante, chamado de comburente e que normalmente é o oxigênio, produzindo energia na forma
de calor e, muitas vezes, luz. Essa reação depende de uma energia de ativação para que se
inicie e, após iniciada, prossegue de forma autossustentável.

Da breve explicação, vê-se que para iniciar a combustão, são necessários:


• Combustível;
• Comburente;
• Energia (Calor).
35
A união desses três elementos forma o TRIÂNGULO DO
FOGO, que é uma forma didática de representarmos os
requisitos da combustão, ou seja, o que é necessário
para ela iniciar.

É fácil entender porque são necessários combustível e comburente. A energia de ativação requer
uma explanação mais detalhada de porque ela é necessária.

Na prática é fácil entender que os combustíveis não reagem automaticamente com o oxigênio, via
de regra. Vemos madeira, papel, tecido e até álcool em contato com o ar sem que queimem. Mas
se aproximarmos uma chama, a reação pode começar rapidamente.

O que ocorre é que as moléculas dos combustíveis estão estáveis e não reagirão com o oxigênio.
É necessário forçá-las a sair de seu estado. Quando aquecemos um corpo, aumentamos a vibração
das moléculas e, com isso, muitas conseguem se desprender deixando sua situação estável e
passando a estar ávidas por reagirem para estar novamente estáveis e então reagem com o
oxigênio começando a queima. Essas moléculas que se desprendem de um combustível é que
reagem com o oxigênio e não as que permanecem no corpo. Essa “quebra” do combustível em
partes menores é chamada de termólise (quebra pela temperatura) ou pirólise (quebra pelo fogo)
e, pelo fato dessa “quebra” ser necessária é que a energia de ativação é um requisito para que se
inicie a combustão, pois é essa energia que produz a quebra para que ocorra a reação.

Depois que a combustão se inicia, a fonte inicial de energia pode ser retirada. Depois de
acendermos uma fogueira, podemos apagar o fósforo que a acendeu. Por quê? Isso ocorre pelo
fato de que, uma vez iniciada, surge a reação em cadeia, ou seja, a queima das moléculas que se
desprendem gera calor suficiente para quebrar o combustível e desprender mais moléculas em
quantidade suficiente para continuar a reagir com o oxigênio, gerando mais calor e assim por diante.
Daí dizer-se que a combustão é uma reação autossustentável, pois ela, uma vez iniciada, produz
a energia necessária para que continue ocorrendo.

Assim, uma vez iniciada a reação, além dos três requisitos do triângulo do fogo, a reação em cadeia
deve ser acrescida como elemento da combustão. Disso surge a representação dos elementos da
combustão pelo TETRAEDRO DO FOGO.

36
TETRAEDRO DO FOGO

O Tetraedro foi escolhido ao invés de um quadrilátero pelo fato de que no tetraedro, cada um dos
lados (faces) está ligado a todos os outros, assim como os elementos da combustão.

Embora na maioria dos manuais em que o tetraedro apareça o triângulo do fogo tenha
desaparecido, entendemos que ele ainda é útil. A teoria do tetraedro não suplanta a triângulo.
Enquanto que o Tetraedro representa os elementos da combustão, o Triângulo representa seus
requisitos.

Resumindo: para que a combustão inicie-se (requisitos) são necessários 3 componentes: calor,
comburente e combustível (triângulo do fogo). Quando ela surge, podemos constatar a presença
de 4 componentes (elementos): os três anteriores acrescidos da reação em cadeia.

Interessante também é diferenciar combustão, ou fogo, de chama. A combustão libera energia na


forma de calor, que retroalimenta a reação, e na forma de luz, que pode ser incandescência do
material (brasas) ou na formação da chama, que nada mais é do que a ionização dos gazes em
combustão pelo calor produzido, liberando parte da energia na forma de luz.

Passemos agora ao estudo de cada um dos elementos da combustão.

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1.1 CALOR
O calor, antigamente conhecido como agente ígneo, é o componente energético do tetraedro do
fogo e será o elemento responsável pelo início da combustão.

Tradicionalmente o calor é apresentado como “Forma de energia que eleva a temperatura, gerada
da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico. “ 1

Diz-se ainda dele que “pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é,
movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas estão
constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade da vibração das
moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura) também aumenta”.
Quanto mais se aquece um corpo, mas as moléculas vibram.

Calor, tecnicamente falando, é energia em trânsito. Quando um sistema troca energia térmica com
outro sistema, por exemplo, dois objetos em temperaturas diferentes em contato, o calor se
manifesta na transferência dessa energia.

De modo simplificado, trataremos o calor como sinônimo da energia térmica.

O calor (energia térmica) é, na verdade, energia cinética, haja vista que se trata da energia de
movimentação das moléculas. Essa energia é transferida sempre de um corpo de maior
temperatura para o de menor temperatura, até existir equilíbrio térmico. Unidades de medida:
Caloria (Cal), BTU (British Thermal Unit – unidade térmica britânica), Joule (J).

Por sua vez, temperatura é uma grandeza primitiva e, por essa razão, não pode ser definida. Em
termos práticos, podemos considerar a Temperatura de um corpo como sendo a medida do grau
de agitação de suas moléculas. Esse grau de agitação é medido nas Escalas: Celsius ( oC), Kelvin
(K), Fahrenheit ( oF) e Rankine (R)

Calor é o elemento que causa a vaporização do combustível líquido e a termólise do combustível


sólido, sendo responsável por manter a temperatura da reação, que, durante a combustão,
continuará havendo a liberação de mais calor. Como dito anteriormente, na maior parte dos
combustíveis há uma mudança de estado para o gasoso antes de inflamar-se. Nos combustíveis
gasosos, isso não ocorre, pois já estão em condições de alcançarem a ignição. Ao receber calor, o
combustível se aquece, ou seja, suas moléculas vibram mais. Com isso elas se desprendem mais
facilmente e reagem mais facilmente com o Oxigênio. Por isso, é de extrema importância o controle
da temperatura em ambientes de incêndio.

O calor é gerado pela transformação de outras formas de energia, quais sejam:

• Energia química (a quantidade de calor gerado pelo processo de combustão);


• Energia elétrica (o calor gerado pela passagem de eletricidade através de um condutor,
como um fio elétrico ou um aparelho eletrodoméstico,);
• Energia mecânica (o calor gerado pelo atrito de dois corpos);
• Energia nuclear (o calor gerado pela fissão (quebra) do núcleo de átomo).
1 Assim encontrado em vários manuais.

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Importante não confundir CALOR com CHAMA. Uma fonte de calor pode ser qualquer elemento
que faça com que o combustível sólido ou líquido desprenda gases combustíveis e venha a se
inflamar. Não necessariamente uma chama. Pode ser uma superfície aquecida, uma faísca
(proveniente de atrito), fagulha (pequena sobra de material incandescente), centelha (de arco
elétrico)

Efeitos do Calor

O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos
fisiológicos nos seres vivos. Em consequência do aumento de intensidade do calor, os corpos
apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois químicas.

Por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este, inicialmente, aumenta sua temperatura e,
a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a forma,
até atingir o seu ponto de fusão, quando se transforma de sólido em líquido. Sendo ainda aquecido,
gaseifica-se e queima em contato com o oxigênio, transformando-se em outra substância.

Elevação da temperatura

Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de
calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor,
como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor, o amianto era utilizado na confecção
de materiais de combate a incêndio, como roupas, capas e luvas de proteção ao calor (o amianto
vem sendo substituído por outros materiais, por apresentar características cancerígenas).

O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais é de grande valia na


prevenção de incêndio. Aprendemos que materiais combustíveis nunca devem permanecer em
contato com corpos bons condutores, sujeitos a uma fonte de aquecimento.

Aumento de volume

Todos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos – se dilatam e se contraem conforme o aumento


ou diminuição da temperatura. A atuação do calor não se faz de maneira igual sobre todos os
materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa diferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga
de concreto de 10m exposta a uma variação de temperatura de 700 ºC. A essa variação, o ferro,
dentro da viga, aumentará seu comprimento cerca de 84mm, e o concreto, 42mm.

Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentação,
enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42 mm, provocando
danos estruturais.

Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos água
em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida e desigual, o que lhe causa
rompimentos e danos. Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso,
isto é, há o surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais se
sustente. Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas comuns de
desabamentos de estruturas.

A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, provocando transbordamento
de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc.
A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas, pois, ao
serem aquecidos até 273 ºC, os gases duplicam de volume; a 546 ºC o seu volume é triplicado, e
assim sucessivamente.

39
Sob a ação de calor, os gases liquefeitos comprimidos aumentam a pressão no interior dos vasos
que os contêm, pois não têm para onde se expandir. Se o aumento de temperatura não cessar, ou
se não houver dispositivos de segurança que permitam escape dos gases, pode ocorrer uma
explosão, provocada pela ruptura das paredes do vaso e pela violenta expansão dos gases. Os
vapores de líquidos (inflamáveis ou não) se comportam como os gases.

Mudança no estado físico

Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns sólidos transformam-
se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases (gaseificação) e há sólidos que se
transformam diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que
haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria.
No gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e
maior espaçamento, transformando um sólido (gelo) em um líquido (água).

Mudança no estado químico

Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância em outra. A


madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de gases, e sim outros
gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais de madeira. Essas moléculas são
menores e mais simples, por isso têm grande capacidade de combinar com outras moléculas, as
de oxigênio, por exemplo. Podem produzir também gases venenosos ou explosões.

Um exemplo bem simples é a desnaturação de


proteínas que ocorre quando se prepara uma carne.
A carne assada ou frita é bem diferente da carne crua
em termos de textura,

Odor e sabor. Quimicamente ela é diferente da carne


crua e as alterações químicas que causaram a
diferença foram provocadas pelo calor.

Efeitos fisiológicos

O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo
calor incluem desidratação, intermação, fadiga e problemas para o aparelho respiratório, além de
queimaduras (1º, 2º e 3º graus), que nos casos mais graves podem levar até a morte.

O esforço físico em ambiente de elevada temperatura provoca um desgaste muito grande. O ritmo
cardio-respiratório rapidamente se eleva muito. Ocorre também grande perda de líquidos pela
transpiração o que gera desidratação e auxilia a causar exaustão.

Por vezes o mecanismo corporal de regulação térmica, na tentativa de manter normal a temperatura
do organismo, não suporta a sobrecarga e falha. Então, ocorre algo similar à insolação (falha do
mecanismo de regulação térmica provocada pela longa exposição ao sol). Ocorre a intermação,
que é a falha do mecanismo de regulação térmica provocada pela sobrecarga do mecanismo de
regulação térmica decorrente de longa exposição a altas temperaturas. Com a falha do sistema de
“arrefecimento” corporal, a temperatura do corpo pode subir perigosamente e acarretar na morte
da pessoa.

As queimaduras de vias aéreas superiores também são letais. Respirar fumaça e gases
40
superaquecidos pode queimar a mucosa das vias aéreas superiores causando inchaço e obstrução,
o que causa a morte por asfixia.

Transmissão do Calor

O calor de objetos com maior temperatura é transferido para aqueles com temperatura mais baixa,
levando ao equilíbrio térmico e causando o surgimento do fogo nos materiais que necessitem de
uma quantidade menor de calor, do que aquela que está sendo transferida.

A transferência de calor de um corpo para outro ou entre áreas diferentes de um mesmo corpo será
influenciada:
• Pelo tipo de material combustível que está sendo aquecido;
• Pela capacidade do material combustível de reter calor; e
• Pela distância da fonte de calor até o material combustível.
O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção e irradiação. Como
tudo na natureza tende ao equilíbrio, A energia é transferida de objetos com mais energia para
aqueles com menos energia. O mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a
mesma quantidade de energia do outro, o que não significa uma média aritmética de temperaturas,
pois a quantidade de energia considera, além da temperatura, fatores como capacidade térmica e
massa de cada corpo.

CONDUÇÃO

Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido, de molécula a molécula.


Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de calor, as
moléculas desta extremidade absorverão calor; elas vibrarão mais vigorosamente e se chocarão
com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor. Essas moléculas vizinhas, por sua vez,
passarão adiante a energia calorífica, de modo que o calor será conduzido ao longo da barra para
a extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é
transportada com o calor. Vê-se que, para a propagação de calor por condução, são necessários:
matéria e contato.

É a transmissão de calor que ocorre através de molécula para molécula, através do movimento
vibratório das moléculas, transmitindo energia para todo o corpo. Quando dois ou mais corpos
estiverem em contato, o calor é transmitido através deles como se fosse um só corpo.

41
CONVECÇÃO

A convecção é a transmissão de calor pelo deslocamento de fluídos (gases ou líquidos).

O aquecimento de parte de um fluído altera sua densidade que fica menor, pois aumenta o espaço
entre as moléculas. Quando a densidade é alterada, a parte menos densa (“mais leve”) sobe e se
afasta da fonte de calor. Isso gera uma baixa pressão próximo à fonte de calor, assim, mais fluído
vai em direção à fonte de calor – para o espaço não ficar vazio – e absorve mais calor também se
deslocando. Quando o fluído se desloca, ele leva com ele o calor propagando-o.

Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro do
próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos
densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se
expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos
níveis mais baixos. Em incêndios em edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor
para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas,

42
poços de elevadores, etc.

As massas de ar que se deslocam do local do fogo levam calor suficiente para aumentar a
temperatura em outros locais, podendo incendiar corpos combustíveis, com os quais entrem em
contato.

IRRADIAÇÃO

É a transmissão de calor por meio de ondas eletromagnéticas e raios que se propagam através do
espaço vazio, não necessitando de continuidade molecular entre a fonte e o corpo que recebe o
calor.

As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com que os corpos

São atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte
de calor. Isso deve ao fato de que as moléculas do ar absorvem parte do calor irradiado fazendo
com que a propagação perca força com a distância.

Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para outro mais frio até que ambos
tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte
que irradie calor para protegê-los, a fim de que não ocorram novos incêndios.

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Abaixo, uma figura ilustrativa das diferentes formas de propagação de calor.

1.2 COMBUSTÍVEL

É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão, ou seja, capaz de reagir com o
oxigênio. É o elemento que serve de campo de propagação para o fogo.

Os materiais combustíveis maus condutores de calor, madeira e papel, por exemplo, queimam com
mais facilidade que os materiais bons condutores de calor – como os metais. Esse fato se deve à
acumulação de calor em uma pequena zona, no caso dos materiais maus condutores, fazendo com
que a temperatura local se eleve mais facilmente, já nos bons condutores, o calor é distribuído por
todo material, fazendo com que a temperatura se eleve mais lentamente.

Quanto ao seu estado físico, os combustíveis classificam-se em:

• Sólido (exemplo: madeira, papel, tecido, carvão, pólvora, etc.).


• Líquido (exemplo: gasolina, álcool, querosene, óleos, tintas, etc.).
• Gasoso (exemplo: metano, etileno, gás liquefeito de petróleo, etc.).

A grande maioria dos combustíveis precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com
o oxigênio, uma vez que não são as moléculas presas no corpo do material que reagirão com o
oxigênio, mas sim as que estiverem livres. A inflamabilidade um combustível depende da facilidade
com que libera moléculas (vapores), da afinidade dessas moléculas para combinarem com oxigênio
sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).

Como os combustíveis são o campo de propagação das chamas, a forma como estão dispostos
também afeta o desenvolvimento e a velocidade com que um incêndio se propaga.

Outro ponto sobre os combustíveis é a diferença entre combustível e inflamável. Apesar de todo
material inflamável ser combustível, nem todo combustível é inflamável. Ser combustível significa
ser capaz de reagir com o oxigênio diante de uma quantidade de energia, o que faz com que a
maioria dos materiais seja considerada combustível. Ser inflamável significa ser capaz, à
temperatura ambiente (20o C) liberar vapores em quantidade capaz de sustentar uma combustão,
ou seja, são inflamáveis os materiais que, à temperatura ambiente, estão acima do ponto de
combustão (conceito que será tratado mais adiante).

De modo simples, nesse ponto de nosso estudo, podemos dizer que inflamáveis são os materiais
que “pegam fogo” facilmente e combustíveis são os que conseguem queimar.

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Em alguns manuais, combustíveis são considerados os materiais que queimam abaixo de
determinada temperatura (normalmente consideram 1000oC). Isso deixa muitos materiais de fora
da lista de combustíveis. Esse posicionamento não nos parece o mais apropriada quando
estudamos incêndios estruturais, haja vista que um incêndio urbano comum em um cômodo
ordinário, facilmente atinge mais de 1000oC.

Combustíveis Sólidos

Os combustíveis sólidos, ao contrário do que pode parecer, via de regra não queimam diretamente
no estado sólido. Para que possa ocorrer a combustão é necessário que

Moléculas se desprendam e fiquem disponíveis para reagir com o oxigênio. A energia de ativação,
o calor, é que “quebra” o combustível liberando
moléculas que se desprendem sob a forma de
vapor. Esse processo de queima é chamado de
pirólise ou termólise.

Os sólidos são constituídos de moléculas grandes e


complexas. O calor quebra essas moléculas
grandes em radicais menores que se libertam.
Esses radicais menores libertos são os vapores
combustíveis que reagem com o oxigênio.

A maioria dos combustíveis sólidos transformam-se


em vapores e, então, reagem com o oxigênio.
Outros sólidos (ferro, cobre, bronze) primeiro
transformam-se em líquidos, e posteriormente em
gases, para então se
queimarem.

Em uma análise considerando o nível molecular é


mais fácil entender isso. Quando se percebe que,
via de regra, para reagir com o oxigênio as
moléculas do combustível precisam desprender-se,
vê-se que o que queima, na verdade, são os
vapores combustíveis. Há, como exceção, os
combustíveis que queimam diretamente no estado
sólido e merecem atenção especial como veremos
mais à frente. Como exemplo destes, podemos citar
o enxofre e os metais alcalinos (potássio, magnésio,
cálcio, etc.…).

Essa característica dos sólidos de liberarem


vapores e estes queimarem faz com que neles a
combustão envolva uma fase gasosa que forma o
que conhecemos como chama.

Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será


o aquecimento do material, maior será a área para
liberação de vapores e maior será a área de contato
com o oxigênio, consequentemente, mais rápido
será o processo de combustão. Como exemplo: um
tronco exigirá muito calor para queimar e queimará
por horas, mas, se transformado em tábuas,
queimará com maior facilidade. Caso as tábuas
45
sejam trituradas em cavacos, menor será a energia necessária para a queima e mais rapidamente
ela ocorrerá. Caso os cavacos sejam triturados até formarem pó de serra diminui ainda amais a
quantidade de energia necessária para a queima e aumenta a velocidade da combustão. Se o pó
estiver espalhado em suspensão no ar, uma fagulha pode fazê-lo queimar

Instantaneamente, como uma “explosão”. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material,
quanto maior for a relação superfície/massa, maior será a velocidade da combustão.

Pós de material orgânico e de alguns metais estão sujeitos à combustão instantânea ou “explosão”,
quando em suspensão no ar, portanto seu mecanismo não é a pirólise. Os pós em suspensão no
ar comportam-se praticamente como os gases no que diz respeito à combustão. Isso se deve à
grande relação superfície massa. (Ver figura ao lado)

Outra característica dos sólidos combustíveis é que sua estrutura molecular permite a queima no
interior do corpo, assim os sólidos queimam em superfície e em profundidade. Além disso, os
sólidos podem apresentar um estado de queima no qual não há chamas, mas apenas
incandescência do combustível em queima (brasas).

Observa-se ainda que os sólidos, ao queimarem, deixam resíduos. Nem toda a matéria de um corpo
sólido está apta a queimar ou consegue queimar. A queima de sólidos também é marcada pelas
cinzas que ficam como resíduo da queima.

Como os sólidos tem forma definida, o fogo em um


corpo se propagará de acordo com sua forma,
preferindo o rumo ascendente, pois as massas de
vapores combustíveis sobem devido à convecção.
Isso interfere na velocidade da propagação das
chamas. Por exemplo, uma placa de compensado
deitada queima mais lentamente do que queimaria
se estivesse em pé.

Quando a placa está deitada, os gases aquecidos


se afastam da placa e o fogo progride pela ação
direta das chamas.

Com a placa em pé, o combustível ainda não


queimado está disposto exatamente no caminho
dos gases aquecidos, por isso, o restante da
madeira aquece mais depressa, libera vapores
combustíveis mais depressa e queima mais
depressa.

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Combustíveis sólidos especiais

Algumas substâncias sólidas apresentam riscos especiais de incêndio, quando em contato com a
água, ou ar, ou pela sua constituição química. São elas:

• Metais reativos com a água - Necessitam de maior atenção, pois além de queimarem
liberando muita energia, reagem com a água “quebrando-a”. A quebra da água libera oxigênio,
que reage com o material intensificando a combustão, e hidrogênio, que é altamente combustível.

• Quando em contato com a água, uma vez que a quantidade de calor liberado é considerável.
Exemplos: sódio, pó de alumínio, cálcio, hidreto de sódio, soda cáustica, potássio, etc.

• Materiais reativos com o ar - Necessitam de maior atenção quando em contato com o ar,
pois liberam grande quantidade de calor. Exemplo: carvão vegetal, fósforo branco, fósforo
vermelho, etc.

• Halogênios - São materiais que apresentam risco de explosão, quando misturados a outros
materiais. Exemplo: flúor, cloro, bromo, iodo e astatínio.

Combustíveis Líquidos

Nos líquidos, as moléculas não ficam tão bem “presas” umas às outras como nos sólidos. Por isso
o líquido não tem forma definida. Como as ligações são mais fracas entre as moléculas, elas podem
se movimentar dentro do corpo líquido sofrendo, inclusive, a ação da gravidade. Por isso os líquidos
escorrem o quanto podem para as partes mais baixas dos recipientes que os contém.

As moléculas dos líquidos possuem a tendência de se desprenderem e se dispersarem no ar. É o


que chamamos de evaporação. Ela ocorre lentamente devido à pressão atmosférica, ou seja, o
“peso” da coluna de ar sobre a superfície do líquido que “segura” as moléculas dificultando que
escapem no ar. Quando um líquido é aquecido, a movimentação das moléculas de líquido aumenta,
com isso, aumenta a pressão de vapor do líquido, que é a “força” que o líquido faz para vaporizar.
Quando a pressão de vapor superar a pressão atmosférica, o líquido libera moléculas (vaporiza)
muito mais rapidamente.

Diferentemente dos sólidos, os combustíveis líquidos não sofrem decomposição térmica, mas um
fenômeno chamado vaporização. As moléculas dos líquidos estão menos unidas que as dos sólidos
(ligações intermoleculares mais fracas), por isso, não precisam ser decompostas para liberar
vapores passíveis de queima. As próprias moléculas do líquido desprendem-se e “saem” na forma
de vapores.

Os vapores em contato com o oxigênio do ar, formam a mistura inflamável. Essa mistura na
presença de uma fonte de calor (energia de ativação) se inflama.

Os combustíveis líquidos são na sua maioria derivados de petróleo. São os chamados


hidrocarbonetos. As substâncias oleígenas retiradas de plantas e gorduras animais têm mecanismo
semelhante aos derivados de petróleo, na ignição.

A taxa de evaporação dos líquidos é diretamente proporcional ao seu aquecimento, sendo uma
propriedade intrínseca do líquido, que permite determinar os seus pontos de fulgor e combustão.

Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do líquido, que é a sua capacidade de


misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (hidrocarbonetos) têm pouca solubilidade,
enquanto os líquidos como álcool, acetona (solventes polares) têm grande solubilidade, isto é,
podem ser diluídos até um ponto que a mistura não seja mais inflamável.

47
Nos combustíveis líquidos, quando se avalia seus riscos de incêndio, normalmente faz-se uma
divisão entre líquidos inflamáveis e líquidos combustíveis:

• Líquido inflamável
Incendeiam-se com grande rapidez. Na temperatura ambiente (20º-30º C) liberam vapores em
quantidade suficiente para sustentar a queima.
Ex.: gasolina, álcool (etanol)
• Líquido combustível
Na temperatura ambiente não são capazes de liberar vapores em quantidade suficiente para
sustentar uma chama. Precisam ser aquecidos para queimar.
Ex.: óleo diesel, graxa.

Combustíveis Gasosos

O combustível é assim considerado quando se apresenta em forma de gás ou vapor2 na


temperatura do ambiente. Esse combustível em contato com o oxigênio do ar forma a mistura
inflamável (ou mistura explosiva), que na presença do calor (energia ativante) se inflama.

O aumento de temperatura aumenta a movimentação das moléculas dos gases, fazendo com que
as ligações entre elas praticamente deixem de existir, facilitando a combinação do gás com o
oxigênio, permitindo que os gases (gás inflamável e oxigênio) cheguem à concentração ideal para
a formação da mistura inflamável/explosiva.

Exemplos de gases combustíveis são os derivados de petróleo: metano, propano, GLP (propano +
butano), Gás Natural, Outros gases combustíveis mais conhecidos que não derivam do petróleo
são: hidrogênio, o monóxido de carbono, amônia, dissulfeto de carbono.

Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que
estão contidos.

Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é
maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na direção do vento, obedecendo
aos contornos do terreno.
___________________________________
2 Gás e vapor possuem definições diferentes. Os vapores se liquefazem ao serem comprimidos e os gases não. Apesar disso, pelo
comportamento idêntico no que tange à combustão, gases e vapores serão tratados como se fossem a mesma coisa e, vez por
outra, tomaremos um pelo outro durante o texto.

48
Os gases não precisam ser decompostos ou liberar moléculas que reajam com o oxigênio. Como
as moléculas dos gases estão soltas umas das outras, elas já podem combinar com o oxigênio, ou
seja, os gases não precisa sofrer transformação, precisando de muito pouco calor para queimar.

Como os gases combustíveis não precisam liberar vapores, pois suas moléculas já se encontram
no estado adequado para a reação com o oxigênio, por esse motivo, os gases ao queimarem, o
fazem quase que instantaneamente. Em frações de segundo toda a massa (nuvem) de gás queima-
se de modo que vulgarmente se considera explosão3 a queima de uma nuvem de gás.

Isso não significa que os gases queimam automaticamente. Para que haja a reação com o oxigênio
eles precisam estar na concentração adequada com o oxigênio. Precisam estar misturados com o
ar em proporções adequadas.

Para cada gás (ou vapor ou sólido/líquido em suspensão) há uma faixa de concentração com o ar
na qual pode ocorrer a queima.

AR Fonte Ígnea
Mistura
Gás Combustível Combustão
Explosiva
Figura: Mecanismo de ignição do combustível gasoso.

MISTURA INFLAMÁVEL

A máxima proporção de gás ou vapor no ar que torna a mistura explosiva é denominada limite
superior de explosividade – LSE, e a mínima proporção é denominada limite inferior de
explosividade – LIE.

Existe uma faixa limitada pelo LIE e LSE na qual ocorre a combustão da mistura inflamável. Só
ocorre a queima dos gases/vapores caso estejam em mistura com o ar dentro dessa faixa entre os
limites inferior e superior. Veja alguns exemplos de gases e vapores de líquidos, com seus
respectivos limites de inflamabilidade.

3
Na verdade, trata-se de uma pseudoexplosão.

49
Tabela: Mistura explosiva de alguns gases e líquidos.

É importante salientar que esse comportamento de queima dentro da faixa de inflamabilidade


conhecida como mistura inflamável não é exclusivo dos combustíveis gasosos. Em escala menor
isso ocorre também com os vapores desprendidos por líquidos e sólidos. Daí a necessidade de
aquecê-los para queimarem. Sólidos ou líquidos que não queimam na temperatura ambiente não
o fazem por não conseguirem liberar vapores combustíveis suficientes de modo a formar a
concentração adequada.

E mais, quando os combustíveis líquidos e sólidos encontram-se dispersos em suspensão no ar,


na forma de gotículas pulverizadas ou pó em suspensão, o comportamento é idêntico ao dos
gases/vapores. A névoa (gotículas de líquido) e a nuvem de pó (pequenas partículas sólidas) em
suspensão, para queimarem precisam também estar na concentração adequada e, ao queimarem,
o fazem de modo violento como a queima de uma nuvem de gás (pseudoexplosão).

1.3 COMBURENTE

É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o
oxigênio desempenhe esse papel.

A atmosfera é composta aproximadamente por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros


gases.

Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve-se com velocidade e de


maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num
processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a
faixa compreendida entre 14% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam- se brasas e não mais
chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 4%, não há
combustão, à exceção de materiais que contenham oxigênio em sua fórmula e este seja liberado
50
na forma de O2 durante a queima (pólvora, por exemplo).

Como respiramos oxigênio, a intensidade da combustão pode servir de indicativo para sabermos a
concentração deste gás no ambiente de incêndio.

Ar atmosférico 21 % Normal
Respiração do ser humano 16% Mínimo
14% - 21% => chamas
Combustão
07% - 14% => brasas

Segundo as informações acima, o fato de não haver chama em um ambiente confinado, mas tão
somente brasas, não significa que o ambiente esteja seguro ou que o incêndio nele esteja
controlado. Bastará a entrada de oxigênio para que a combustão se restabeleça e isso acontece,
por vezes, de forma súbita e violenta.

Outra razão para monitorar a concentração de oxigênio em um ambiente é que, se houver uma
saturação de O2 no ambiente, materiais que não se inflamariam podem vir a fazê-lo. Como exemplo
disso temos o Nomex4 que não se inflama em condições normais, mas que, em atmosferas com
concentração de O2 igual ou superior a 31%, queima facilmente.

Cômodos com essas características podem ser comumente encontrados em ambientes sinistrados
industriais ou hospitalares. Há ainda chance de isso poder ocorrer onde se usa solda de oxi-
acetileno ou oxi-GLP ou ainda em ambientes residenciais onde moradores fazem uso clínico de
oxigênio.

4“Não tecido” criado pela Dupont que resiste às chamas e é base para as capas de bombeiro

51
1.4 REAÇÃO EM CADEIA

A reação em cadeia como elemento da combustão foi descoberta quando se estudava a alta
capacidade de extinção do PQS em altíssimas temperaturas.

Anteriormente acreditava-se que o PQS era bom agente extintor pela presença de CO2 em sua
fórmula (bicarbonato), entretanto, verificou-se que em temperaturas acima de 1000o C o PQS era
mais efetivo que o seu peso em CO2.

Analisando o fenômeno percebeu-se que o PQS interferia quimicamente na reação de combustão,


então foi necessário rever a teoria dos elementos da combustão uma vez que era possível atuar
em mais um deles, a teoria precisava ser expandida. Assim a reação em cadeia nasce como
elemento da combustão e o tetraedro do fogo é concebido.

A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o
combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e
queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.

O fenômeno químico do fogo é uma reação que se processa em cadeia. Após seu início, a
combustão é mantida pelo calor produzido durante o processamento da reação. A reação produz
calor e é exatamente o que ela precisa para ocorrer.

A cadeia de reação formada durante o fogo propicia a formação de produtos intermediários


instáveis, principalmente radicais livres, prontos para combinarem com outros elementos, dando
origem a novos radicais, ou finalmente a corpos estáveis.

A estes radicais livres cabe a responsabilidade de transferir a energia necessária à transformação


da energia química em calorífica, decompondo as moléculas ainda intactas e, desta vez,
provocando a propagação do fogo numa verdadeira cadeia de reação.

Para exemplificar este processo, vamos analisar o processo de combustão do Hidrogênio no ar:

1ª fase: Duas moléculas de hidrogênio reagem com uma molécula de oxigênio, ativadas
por uma fonte de energia térmica, produzindo 4 radicais ativos de hidrogênio e 2 radicais
ativos de oxigênio;

2H2 + O2 + Energia Térmica de Ativação _ 4H (Radical) + 2O (Radical)

2ª fase: Cada radical de hidrogênio se combina com uma molécula de oxigênio,


produzindo um radical ativo de hidroxila mais um radical ativo de oxigênio;

H (Radical) + O2 _ OH (Radical) + O (Radical)

3ª fase: Cada radical ativo de oxigênio reage com uma molécula de hidrogênio,
produzindo outro radical ativo de oxidrila mais outro radical ativo de hidrogênio;

O (Radical) + H2 _ OH (Radical) + H (Radical)

4ª fase: Cada radical ativo de oxidrila reage com uma molécula de hidrogênio,
produzindo o produto final estável – água e mais um radical ativo de hidrogênio.

OH (Radical) + H2 _ H2O + H (Radical)

E assim sucessivamente, se forma a cadeia de combustão, produzindo a sua própria energia de


ativação (calor), enquanto houver suprimento de combustível (hidrogênio).

52
1.5 PONTOS DE TEMPERATURA
Após as considerações acerca dos combustíveis, calor, reação em cadeia e mistura inflamável,
podemos tratar de um assunto de grande relevância para se entender a dinâmica do fogo e do
incêndio: os pontos notáveis de temperatura.
Os combustíveis são transformados pelo calor, e a partir desta transformação, é que combinam
com o oxigênio, resultando na combustão. Essa transformação desenvolve-se em temperaturas
diferentes, à medida que o material vai sendo aquecido.
Quando um material é aquecido, suas moléculas vibram mais. Vibrando mais, mais delas escapam
do material (em se tratando de sólidos e líquidos). Essas moléculas escapando são vapores
combustíveis e são elas na verdade que queimam, pois são elas que reagem com o oxigênio do ar
e não as moléculas no corpo do material.
Em sólidos e líquidos, sempre há a liberação de moléculas. Isso é comprovado pelo cheiro que
sentimos dos materiais, que nada mais é do que a captação de moléculas em suspensão no ar pelo
nosso aparelho olfativo.
Ocorre que, à medida que um material é aquecido, pelo aumento de vibração, mais moléculas se
desprendem, ou seja, mais vapores são liberados e o efeito dessa liberação de vapores é diferente
a partir de três temperaturas. Chamamos essas temperaturas de Pontos de Temperatura ou Pontos
Notáveis de Temperatura.
Os pontos notáveis são temperaturas mínimas nas quais
podemos observar determinados efeitos relacionados
aos vapores liberados.
Com o aquecimento de um material, chega-se a uma
temperatura em que o material liberara vapores em
quantidade tal que se incendeiam se houver uma fonte
externa de calor, mas a queima não se mantém se a
chama externa for retirada. Neste ponto, chamado de
"Ponto de Fulgor", as chamas não se mantêm, devido
à pequena quantidade de vapores liberados. Esses
vapores são capazes apenas de alimentar uma
combustão já existente.
Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma
temperatura em que há uma liberação de vapores do
material tal que, ao entrarem em contato com uma fonte
externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a
queimar mesmo retirada a fonte externa. Esse ponto é chamado de “Ponto de Combustão”. Esse
é o ponto onde se atinge a reação em cadeia, ou seja, o calor da queima dos
Vapores liberados é suficiente para causar a liberação de mais vapor em quantidade capaz de
sustentar a combustão.
Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual os vapores liberados pelo combustível
estão em quantidade tal que, exposto ao ar, entram em combustão sem que haja fonte externa de
calor, tanta é a energia que apresentam. Esse ponto é chamado de “Ponto de Ignição” ou “ponto
de autoignição” ou “ponto de autoinflamação”.
Assim, cada ponto notável é a temperatura mínima na qual um material libera vapores em
quantidade tal que ocorra um dos efeitos citados.

53
1.6 TIPOS DE COMBUSTÃO

O fogo geralmente envolve a liberação de luz e calor em quantidades suficientes para ser
perceptível. Mas nem sempre existirá luz em uma chama. Um exemplo dessa exceção é a queima
do hidrogênio, que produz apenas vapor d’água por meio da sua reação química com o oxigênio.

O fogo pode se apresentar fisicamente de duas maneiras diferentes, as quais podem aparecer de
forma isolada ou conjunta, sendo como chama ou como brasas.

Essas apresentações físicas do fogo geralmente são determinadas pelo combustível. Se for gasoso
ou líquido sempre terá a forma de chamas. Se for sólido o fogo poderá se apresentar em chamas
e brasas ou somente em brasa. Os sólidos de origem orgânica quando submetidos ao calor,
destilam gases que queimam como chamas, restando o carbono que queima como brasa formando
o carvão. Alguns sólidos como a parafina e as gorduras se liquefazem e se transformam em
vapores, queimando unicamente como chamas, outros sólidos queimam diretamente
apresentando-se incandescentes, como os metais pirofóricos.

A combustão pode ser classificada, quanto à sua velocidade de reação, em viva ou lenta. Quanto
à formação de produtos da combustão, pode ser classificada como completa ou incompleta. Existe,
ainda, a combustão espontânea, que será abordada em separado, em função de suas
particularidades.

Classificação Quanto à Liberação de Produtos

Combustão Incompleta

Todos os produtos instáveis (moléculas e átomos) provenientes da reação em cadeia caracterizam


uma combustão incompleta, que é a forma mais comum de combustão.

Esses átomos e moléculas instáveis resultantes da quebra molecular dos combustíveis continuarão
reagindo com as moléculas de oxigênio, decompondo-as e formando outras substâncias. Durante
todo esse processo, haverá produção de mais chamas e calor, o que exigirá uma interferência
externa para que a reação pare e as chamas sejam extintas.

Em incêndios estruturais, devido às características construtivas do ambiente (delimitado por teto e


paredes), normalmente, a quantidade de oxigênio disponível para o fogo é Limitada e tende a
decrescer. Essa condição fará com que as chamas sofram uma diminuição e até se apaguem.
Entretanto, mesmo com a diminuição destas, a camada gasosa presente na fumaça permanece
aquecida e carregada de material capaz de reagir com o oxigênio, o que a torna uma massa
combustível, necessitando apenas de ar para “fechar” o tetraedro do fogo e reiniciar a combustão.

Combustão Completa

Combustão que produz calor e chamas, ocorrendo em um ambiente rico em oxigênio.

Em algumas reações químicas pode ocorrer uma combustão completa, o que significa dizer que
todas as moléculas do combustível reagiram completamente com as moléculas de oxigênio,
tornando seus produtos estáveis. Também chamada de combustão ideal.

É importante lembrar que combustão completa não é o mesmo que queima total. A queima total é
a situação na qual todo o material combustível presente no ambiente já foi atingido pela combustão,
enquanto que a combustão completa é a combinação perfeita entre o combustível e o oxigênio
fazendo com que todo o combustível reaja.

Na verdade, a combustão completa ocorre apenas em situações especiais ou em laboratórios, não


54
sendo encontrada na prática de combate a incêndio, pois não se atinge um índice de 100% de
queima facilmente e 99% de queima significam combustão incompleta, pois ficou combustível sem
queimar.

Exemplos de combustão completa são as chamas do fogão e do maçarico. Quando o gás de


cozinha está acabando a proporção se altera e sobra combustível, daí o enegrecimento do fundo
das panelas que indica que o gás está acabando.

Classificação quanto a sua Velocidade

Combustão Viva

A combustão viva é o fogo caracterizado pela presença de


chama. Pela sua influência na intensidade do incêndio e
pelo impacto visual e psicológico que gera, é considerada
como sendo o tipo mais importante de combustão e, por
causa disso, costuma receber quase todas as atenções
durante o combate.

Vale ressaltar que só Chama é o plasma formado


existirá uma pelos gases ionizados pela
combustão viva reação com o oxigênio que
Quando houver um gás ou vapor queimando, ainda que liberam o excesso de energia
proveniente de combustíveis sólidos ou líquidos. na forma de luz visível.

Combustão Lenta

A incandescência é um processo de combustão relativamente


lento que ocorre entre o oxigênio e um sólido combustível
comumente chamado d e brasa . As Incandescências podem
ser o início ou o fim de uma chama, ou seja, de uma combustão
viva. Em todos os casos há produção de luz, calor e fumaça.

Geralmente, há presença de incandescência na fase final dos


Incêndios. Ela pode tornar-se uma combustão viva se houver
um aumento do fluxo de ar sobre o combustível, semelhantemente ao efeito que se deseja
obter ao acender uma churrasqueira. Por isso, uma ação de ventilação mal realizada por parte
dos bombeiros, durante o combate ao incêndio ou no rescaldo, poderá agravar as condições
do sinistro, reignição dos materiais combustíveis. Um cigarro sobre uma poltrona ou colchão
inicia uma combustão lenta que pode resultar em uma combustão viva e, consequentemente,
em um incêndio.

A incandescência geralmente ocorre em:

• Combustíveis sólidos porosos, como fumos, carvão, ou, ainda, a espuma ou algodão de
colchões;
• Em combinação de combustíveis, como a mistura de tecidos com algodão ou polímeros,
como o caso de sofás; e
• Em locais de descarga de combustíveis sólidos já queimados, como o caso de lixões ou
carvoaria.

55
É importante não confundir combustão lenta com reação
lenta. Em uma reação lenta, ocorrerá uma deterioração
gradual e quase imperceptível do material, como o caso
da oxidação, não havendo liberação significativa de calor.
Um exemplo clássico de oxidação é o ferro em processo
de ferrugem. O oxigênio da atmosfera combina com as
propriedades do ferro e gradualmente, retira as
Ligações que mantêm os átomos de ferro juntos.
Entretanto, não há liberação de calor suficiente para classificá-lo como combustão.

Combustão Espontânea

Em todas as formas de combustão apresentadas até agora, fez-se referência à presença de uma
fonte externa de calor para dar início a um processo de queima. Entretanto, é importante abordar
um tipo de combustão, de rara ocorrência, que foge a essa regra e não necessita de uma fonte
externa de calor. É o caso da combustão espontânea.

A combustão espontânea é um processo de combustão que começa, geralmente, com uma lenta
oxidação do combustível exposto ao ar. Pode ocorrer com materiais como o fósforo branco,
amontoados de algodão ou em curtumes (tratamentos de peles de animais).

Nesses dois últimos, há uma decomposição orgânica do material e a reação química é


relativamente lenta, o que torna difícil sua observação. Pode, em alguns casos, assemelhar-se à
incandescência, o que faz com que uma combustão dessa natureza seja percebida apenas quando
a situação já é grave.

A taxa de liberação de energia pela reação química compete com a habilidade do combustível de
dissipar calor para o ar ambiente. Isso quer dizer que, se a reação não libera calor suficientemente
para o ambiente, sua temperatura irá aumentar e, consequentemente, a velocidade da reação
química também aumentará. Esse processo tanto pode resultar em uma combustão viva (uma
chama), quanto em uma combustão lenta (incandescência). Todo o processo pode levar horas ou
dias e necessita de um conjunto crítico de condições ambientais ou de aquecimento para ser viável.

Até a atualidade não há estudos conclusivos sobre como se processa esse tipo de combustão.

Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto de
ignição); outros entram em combustão à temperatura ambiente (20 ºC), como o fósforo branco.
Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera
calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar combustão como, por exemplo, a adição
de água e sódio.

56
Explosão

Explosão é um rápido aumento de volume em um


curto espaço de tempo que gera uma onda de
pressão que se desloca em grande velocidade. A
queima de gases, vapores de líquidos inflamáveis,
e partículas (sólidas ou líquidas) em suspensão no
ar comporta- se dessa maneira.

É importante notar que combustão significa grande


aumento de volume em curto espaço de tempo e
isso não envolve necessariamente queima. Por
exemplo, um cilinddro de ar pode explodir devido à
pressão quando ele se rompe e todo o ar dentro dele
se expande. Não há queima. Trata-se de uma explosão mecânica. A queima de determinados
materiais pode, em alguns casos, provocar explosões, Sào explosões químicas. São derivadas de
uma reação química rápida que libera produtos com grande volume rapidamente.

Por exemplo, os explosivos, são materiais que queimam instantaneamente liberando um enorme
volume de gases. Os gases expandindo-se “formam” a explosão.

TIPOS DE CHAMA

As chamas podem ser de dois tipos, variando conforme o momento em que se dá a mistura entre
combustível e comburente. Podem elas ser:

1. Chamas difusas

2. Chamas de pré-mistura

As chamas de pré-mistura são aquelas em que o combustível e o comburente são misturados antes
da zona de queima. É o caso dos maçaricos, equipamentos de oxi- acetileno, bicos de bunsen, etc.
Nesses casos, a zona de queima não precisa estar envolta em ar, já que a queima ocorre com
oxigênio fornecido pelo equipamento e não pela atmosfera, daí se perceber que os maçaricos
queimam mesmo embaixo d’água.

As chamas de pré-mistura apresentam forte tendência a manterem seu formato e, quando bem
regulada a mistura combustível-comburente, apresentam uma combustão completa, praticamente
sem resto de gases.

As chamas difusas, as mais comuns, são as chamas em que os vapores combustíveis misturam-
se ao comburente, o oxigênio do ar, na zona de queima. São as chamas de uma fogueira, uma
vela, um fósforo, etc.

Nesse tipo de chama, há diferença na queima ao longo da chama, daí a diferença de coloração da
chama. O tom amarelado na ponta das chamas deve-se aos átomos de carbono que não
conseguiram queimar e que liberam energia excedente na forma de luz amarelada.

Nas chamas difusas, a oferta de oxigênio é melhor na base da chama. Por isso, se a ponta da
chama, rica em carbono, for perturbada, o carbono não consegue queimar e, com isso, aparece o
surgimento de uma fumaça preta. A coloração preta da fumaça é proveniente do carbono que não
queimou (fuligem) e é o que impregna as paredes e o teto.

1.7 PRODUTOS DA COMBUSTÃO E SEUS EFEITOS


57
FUMAÇA

A fumaça é um fator de grande influência na dinâmica do incêndio, de acordo com as suas


características e seu potencial de dano.

Antigamente, qualificava-se a fumaça basicamente como um produto da combustão, que dificultava


muito os trabalhos dos bombeiros por ser opaca, atrapalhando a visibilidade, e por ser tóxica, o que
a tornava perigosa quando inalada. A preocupação era, então, estabelecer meios de orientação por
cabo guia e usar equipamento de proteção respiratória para conseguir desenvolver as ações de
salvamento e combate a incêndio com segurança.

Com estudos mais recentes, foram valorizadas outras três características da fumaça.

Verifica-se que ela é quente, móvel e inflamável, além das duas já conhecidas: opaca e tóxica.

• Quente
A combustão libera calor, transmitindo-o a outras áreas que ainda não foram atingidas. Como já
tratado na convecção, a fumaça será a grande responsável por propagar o calor ao atingir
pavimentos superiores quando se desloca (por meio de dutos, fossos e escadas) levando calor a
outros locais distantes do foco. A fumaça acumulada também propaga calor por radiação.

• Opaca
Os seus produtos, principalmente a fuligem, permanecem suspensos na massa gasosa,
dificultando a visibilidade tanto para bombeiros, quanto para as vítimas, o que exige técnicas de
entrada segura (como orientação e cabo guia) em ambientes que estejam inundados por fumaça.

• Móvel
É um fluido que está sofrendo uma convecção constante, movimentando-se em qualquer espaço
possível e podendo, como já dito, atingir diferentes ambientes por meio de fossos, dutos, aberturas
ou qualquer outro espaço que possa ocupar. Daí o cuidado que os bombeiros devem ter com
elevadores, sistemas de ventilação e escadas. Essa característica da fumaça também explica
porque ocorrem incêndios que atingem pavimentos não consecutivos em um incêndio estrutural.

• Inflamável
Por possuir em seu interior combustíveis (provenientes da degradação do combustível sólido do
foco e pela decomposição de materiais pelo calor) capazes de reagir com o oxigênio, a fumaça é
combustível e, como tal, pode queimar e até “explodir”. Não dar a devida atenção à fumaça ou
procurar combater apenas a fase sólida do foco ignorando essa característica é um erro ainda muito
comum. A fumaça é combustível e queima!

• Tóxica
Os seus produtos são asfixiantes e irritantes, prejudicando a respiração dos bombeiros e das
vítimas.

Os Bombeiros do Distrito Federal criaram um método mnemônico, chamado QOMIT, a fim de


facilitar a fixação das características da fumaça.

Em ambiente fechado, como um compartimento, a fumaça tende a subir e atingir o teto e espalhar-
se horizontalmente até ser limitada pelas paredes, acumulando-se nessa área. A partir daí a fumaça
58
começará a descer para o piso.

Em todo esse processo, qualquer rota de saída pode fazer com que se movimente através desta,
podendo ser tanto por uma janela, quanto por um duto de ar condicionado, uma escada, ou mesmo
um fosso de elevador. Se não houver uma rota de escape eficiente, o incêndio fará com que a
fumaça desça para o piso, tomando todo o espaço e comprimindo o ar no interior do ambiente.

GASES TÓXICOS PRESENTES NOS INCÊNDIOS

A inalação de gases tóxicos pode ocasionar vários efeitos danosos ao organismo humano. Alguns
dos gases causam danos diretos aos tecidos dos pulmões e às suas funções. Outros gases não
provocam efeitos danosos diretamente nos pulmões, mas entram na corrente sanguínea e chegam
a outras partes do corpo, diminuindo a capacidade das hemácias de transportar oxigênio.

Os gases nocivos liberados pelo incêndio variam conforme quatro fatores:

• Natureza do combustível;
• Calor produzido;
• Temperatura dos gases liberados; e
• Concentração de oxigênio.

Os principais gases produzidos são o monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2),
dióxido de carbono (CO2), acroleína, dióxido de enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido
clorídrico (HCl), metano (CH4) e amônia (NH3) e serão abordados a seguir.

Não apenas a toxicidade de um gás pode ser prejudicial, mas a inalação de ar e fumaça aquecidos
pode provocar queimaduras nas vias aéreas superiores, o que se constitui em um ferimento letal.

Monóxido de Carbono (CO)

O monóxido de carbono (CO) é o produto da combustão que causa mais mortes em incêndios. É
um gás incolor e inodoro presente em todo incêndio, mas principalmente naqueles pouco
ventilados. Em geral, quanto mais incompleta a combustão, mais monóxido de carbono está sendo
produzido.

O perigo do monóxido de carbono reside na sua forte combinação com a hemoglobina, cuja função
é levar oxigênio às células do corpo. O ferro da hemoglobina do sangue se junta com o oxigênio
numa combinação química fraca, chamada de oxihemoglobina.

A principal característica do monóxido de carbono é de combinar-se com o ferro da hemoglobina


tão rapidamente que o oxigênio disponível não consegue ser transportado. Essa combinação
molecular é denominada carboxihemoglobina (COHb). A afinidade do monóxido de carbono com a
hemoglobina é aproximadamente na ordem de 200 a 300 vezes maior que a do oxigênio com ela.
Se muitas hemácias forem comprometidas pelo CO, o organismo não tem como transportar
oxigênio pelo sangue e respirar torna-se inútil já que o O2 entra no pulmão, mas não é absorvido.

A concentração de monóxido de carbono no ar acima de 0,05% (500 partes por milhão) pode ser
perigosa. Quando a porcentagem passa de 1% (10.000 partes por milhão) pode acontecer perda
de consciência, sem que ocorram sintomas anteriores perceptíveis, podendo provocar convulsões
e a morte. Mesmo em baixas concentrações, o bombeiro não deve utilizar sinais e sintomas como
indicadores de segurança. Dor de cabeça, tontura, náusea, vômito e pele avermelhada pode
ocorrer em concentrações variadas, de acordo com fatores individuais.

59
Dióxido de Carbono (CO2)
É um gás incolor e inodoro. Não é tão tóxico como o CO, mas também é muito produzido em
incêndios e a sua inalação, associada ao esforço físico, provoca um aumento da freqüência e da
intensidade da respiração. Concentrações de até 2% do gás aumentam em 50% o ritmo respiratório
do indivíduo. Se a concentração do gás na corrente sanguínea chegar a 10%, pode provocar a
morte.

O gás carbônico também forma com a hemoglobina a carboxihemoglobina, contudo, com uma
combinação mais fraca que a produzida pelo monóxido de carbono. Efeitos danosos ao organismo
decorrem da concentração de carboxihemoglobina no sangue. A alta concentração de
carboxihemoglobina produz privação de oxigênio, a qual afeta, principalmente, o coração e o
cérebro. Contudo, seu principal efeito é a asfixia mecânica, uma vez que, ao ser produzido e
liberado, ocupará o lugar do ar no ambiente reduzindo a concentração de O2. Os efeitos danosos
ao organismo, predominantemente, decorrem mais da ausência de oxigênio que da presença em
si do CO2.

Ácido Cianídrico (HCN)

O HCN é produzido a partir da queima de combustíveis que contenham nitrogênio, como os


materiais sintéticos (lã, seda, nylon, poliuretanos, plásticos e resinas). É aproximadamente vinte
vezes mais tóxico que o monóxido de carbono.

Assim como o CO, também age sobre o ferro da hemoglobina do sangue, além de impedir a
produção de enzimas que atuam no processo da respiração, sendo, portanto, definido como o
produto mais tóxico presente na fumaça. Da mesma forma que o CO, pode produzir intoxicações
graves, caracterizadas por distúrbios neurológicos e depressão respiratória, até intoxicações
fulminantes, que provocam inconsciência, convulsões e óbitos em poucos segundos de exposição.

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Ácido Clorídrico

Forma-se a partir da combustão de materiais que contenham cloro em sua composição, como o
PVC. É um gás que causa irritações nos olhos e nas vias aéreas superiores, podendo produzir
distúrbios de comportamento, disfunções respiratórias e infecções.

Acroleína

É um irritante pulmonar que se forma a partir da combustão de polietilenos encontrados em tecidos.


Pode causar a morte por complicações pulmonares horas depois da exposição.

Amônia

É um gás irritante e corrosivo, podendo produzir queimaduras graves e necrose na pele. Os


sintomas à exposição incluem desde náusea e vômitos até danos aos lábios, boca e esôfago, sendo
encontrado em borracha, seda, nylon, etc.

Bombeiros contaminados por amônia devem receber tratamento intensivo, serem transportados
com urgência para um hospital, sem utilizar água nem oxigênio na prestação dos Primeiros
Socorros.

Óxidos de Nitrogênio

Uma grande variedade de óxidos, correspondentes aos estados de oxidação do nitrogênio, podem
ser formados num incêndio. As suas formas mais comuns são o monóxido de dinitrogênio (N2O),
óxido de nitrogênio (NO), dióxido de nitrogênio (NO2) e tetróxido de dinitrogênio (N2O4).

O óxido de nitrogênio não é encontrado livre na atmosfera porque é muito reativo com o oxigênio,
formando o dióxido de nitrogênio. Esses óxidos são produzidos, principalmente, pela queima de
nitrato de celulose (filmes e papel fotográfico) e decomposição dos nitratos orgânicos. São bastante
irritantes, podendo em seguida, tornarem-se anestésicos e atacam o aparelho respiratório, onde
formam os ácidos nitroso e nítrico, quando em contato com a umidade da mucosa.

61
2. MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO
Diante da teoria já exposta podemos extrair algumas conclusões práticas.

Sabendo os requisitos da combustão, para prevenir que ela ocorra, basta impedir que os requisitos
se combinem de maneira adequada. Por exemplo, a arrumação adequada dos materiais em um
depósito, observando-se distâncias de afastamento entre as pilhas não visa mera organização, mas
prevenção. Aceiros entre duas propriedades rurais também visam prevenir a propagação de um
incêndio pela interrupção do material combustível. O correto dimensionamento de instalações
elétricas visa impedir a produção de calor demasiada pelo efeito joule.

Uma vez instalada a combustão, conhecendo seus elementos, pode-se extingui-la agindo em um
deles. São os métodos de extinção do fogo.

Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos


essenciais que provocam o fogo (ELEMENTOS DO TETRAEDRO DO FOGO).

É importante ter os métodos em mente, pois é muito comum que se pense apenas em “jogar água”
como forma de extinguir o fogo.

2.1 RETIRADA DO MATERIAL


É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do material combustível,
ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a alimentação da combustão.
Método também denominado corte, isolamento ou remoção do combustível.

Há outras técnicas que se encaixam nesse método de atuação, pois há outras formas de atuar no
combustível que não apenas a retirada do que ainda está intacto. Ex.: fechamento de válvula ou
interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do
ambiente em chamas, realização de aceiro, etc.

Veja-se o exemplo de um incêndio urbano onde uma poltrona está em chamas na sala de uma
casa. Se apenas a poltrona está em chamas, retira-la do ambiente e colocá-la ao ar livre, apenas
isso, foi a extinção do incêndio, pois, ao ar livre, o fogo na poltrona está sob controle, não sendo
mais caracterizado como incêndio.

2.2 RESFRIAMENTO
É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está
queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis.

A água é o meio mais usado para resfriamento, por ter grande capacidade de absorver calor e ser
facilmente encontrada na natureza, além de outras propriedades que veremos adiante.

A redução da temperatura do incêndio está ligada à quantidade e à forma de aplicação da água


(jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir.

É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos
de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases
combustíveis.

2.3 ABAFAMENTO
Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo
comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como exceção estão os materiais
que têm oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio do ar, como os
peróxidos orgânicos e a pólvora.
62
Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai
tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar abaixo de 7%, quando
não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas,
ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências
práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o
combustível.

Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água,
espumas, pós, gases especiais etc.

2.4 QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA


Também é chamada de extinção química. E consiste no uso de agentes que interferem
quimicamente na reação diminuindo a capacidade de reação entre comburente e combustível.
Esses agentes agem interferindo nos radicais livres formados na reação capturando-os antes de
se coligarem na próxima etapa da reação.

Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a
área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Isso ocorre
porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre
quando há chamas visíveis.

Quando se descobriu a possibilidade de isso ocorrer (estudando o PQS, como visto no tópico
Reação em Cadeia) percebeu-se a existência de mais um método de atacar a combustão e,
consequentemente, foi necessário inserir mais um entre os elementos na teoria da combustão.

63
3. AGENTES EXTINTORES
Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira especifica sobre a combustão,
extinguindo o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já citados.

Os agentes extintores devem ser utilizados de forma criteriosa, observando a sua correta utilização
e o tipo de classe de incêndio, tentando-se, sempre que possível, minimizar os efeitos danosos do
próprio agente extintor sobre materiais e equipamentos não atingidos pelo incêndio.

Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo e um bom
rendimento operacional, os quais passaremos a estudar a seguir:

ÁGUA
A água atua na combustão principalmente por resfriamento, sendo a sua elevada eficiência de
arrefecimento resultante de grande capacidade de absorver calor.

A água só perde para o Hidrogênio e o Hélio em calor específico e, dentre os líquidos à temperatura
ambiente, é o que apresenta maior calor latente de vaporização.

A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as pequenas gotas de água
vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido e possuem área total de contato maior,
absorvendo mais rapidamente o calor da combustão.

É o agente extintor "universal". A sua abundância e as suas características de emprego, sob


diversas formas, possibilitam a sua aplicação em diversas classes de incêndio.

Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por abafamento, podendo
paralelamente a este processo agir por emulsificação e por diluição, segundo a maneira como é
empregada.

Apesar de historicamente, por muitos anos, a água ter sido aplicada no combate a incêndio sob a
forma de jato pleno, hoje sabemos que a água apresenta um resultado melhor quando aplicada de
modo pulverizado, pois absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo consideravelmente
a temperatura do incêndio e, consequentemente, extinguindo-o.

Quando se adiciona à água substâncias umectantes na proporção de 1% de Gardinol, Maprofix,


Duponal, Lissapol ou Arestec, ela aumenta sua eficiência nos combates a incêndios da Classe “A”
5. À água assim tratada damos o nome de "água molhada". A sua maior eficiência advém do fato
do agente umectante reduzir a sua tensão superficial, fazendo com que ela se espalhe mais e
adquira maior poder de penetrabilidade, alcançando o interior dos corpos em combustão. É
extraordinária a eficiência em combate a incêndios em fardos de algodão, juta, lã, etc., fortemente
prensados e outros materiais hidrófobos (materiais que “repelem” água – Ex.: materiais compostos
por fibras prensadas).

5 Usar LGE 6% na proporção de apenas 1% produz efeito prático semelhante.

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O efeito de abafamento é obtido em decorrência da água, quando transformada de líquido para
vapor, ter o seu volume, aumentado cerca de 1700 vezes (esse volume duplica a 450o C). Este
grande volume de vapor, desloca, ao se formar, igual volume de ar que envolve o fogo em suas
proximidades, portanto reduz o volume de ar (oxigênio) necessário ao sustento da combustão.

O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado de alta velocidade.
Dependendo do combustível, esse efeito só é conseguido por meio da adição de produtos à agua
(aditivos).

Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis viscosos, pois o
efeito de resfriamento que a água proporcionará na superfície de tais líquidos, impedirá a liberação
de seus vapores inflamáveis.

Normalmente na emulsificação, gotas de líquidos inflamáveis ficam envolvidas individualmente por


gotas de água, dando no caso dos óleos, aspecto leitoso; com alguns líquidos viscosos a
emulsificação apresenta-se na forma de uma espuma que retarda a liberação dos vapores
inflamáveis.

O efeito de diluição é obtido quando usamos água no combate a combustíveis nela solúveis,
tomando o cuidado para não derramar o combustível do seu reservatório antes da diluição
adequada do mesmo, o que provocaria uma propagação do incêndio.

PÓS QUÍMICOS
O pó químico é o agente extintor mais utilizado em extintores portáteis. Os pós químicos são
eficientes e como não se dispersam tanto na atmosfera como um gás, permitem atacar as chamas
de modo mais rápido e eficaz.

Há vários tipos de pós com composições e características diferentes.

Os pós químicos são um grupo de agentes extintores de finíssimas partículas sólidas, e tem como
características não serem abrasivas, não serem tóxicas, mas que podem provocar asfixia se
inalados em excesso. Não conduzem corrente elétrica, porém, tem o inconveniente de contaminar
o ambiente sujando-o, podendo danificar inclusive equipamentos eletrônicos, assim sendo, deve-
se evitar sua utilização em ambientes que possuam estes equipamentos no seu interior. Ainda
apresenta o inconveniente de dificultar a visualização do ambiente enquanto está em suspensão.

Os Pós agem de imediato por abafamento, substituindo o O2 nas imediações do combustível, mas
também principalmente por extinção química interferindo na reação de combustão capturando
radicais livres. Essa atuação por quebra da reação em cadeia aumenta de eficiência em
temperaturas acima de 1000oC.
Os pós são classificados conforme a sua correspondência com as classes de incêndio que se
destinam a combater. Vejamos:

Pó BC – Nesta categoria está o tipo de pó mais comum e conhecido o PQS ou Pó Químico Seco.
Os extintores de PQS para classe B e C utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio,
bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, tratados com um estearato a fim de torná-los
antihigroscópicos e de fácil descarga.

Pó ABC – composto a base de fosfato de amônio ou fosfatomonoamônico, sendo chamado de


polivalente, pois atua nas classes A B e C.

Ao inverso dos outros, o pó ABC, apresenta considerável eficiência em fogos de Classe A, pois
quando aquecido se transforma em um resíduo fundido, aderindo à superfície do combustível e
isolando-o do comburente (abafamento).

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Pó D – usado especificamente na classe D de incêndio, sendo a sua composição variada, pois
cada metal pirofórico terá um agente especifico, tendo por base a grafita misturada com cloretos e
carbonetos. São também denominados de Pós Químicos Especiais ou PQEs.

O pó químico especial é normalmente encontrado em instalações industriais, que utilizam metais


pirofóricos em seus depósitos, tendo em vista a periculosidade dos diferentes materiais pirofóricos
(agentes extintores devem ser pesquisados para cada caso).

GASES INERTES
Os gases inertes contêm, sobretudo, elementos químicos como o Argônio, Hélio, Neônio e dióxido
de carbono. Este tipo de agente extintor não é normalmente utilizado em extintores portáteis de
incêndio, mas sim em instalações fixas, para proteger, por exemplo, salas de computadores e
outros riscos semelhantes.

A sua eficiência é relativamente baixa pelo que geralmente são necessárias grandes quantidades
de gás para proteção de espaços relativamente pequenos, que devem ser estanques para não
permitir a dispersão do agente extintor para o exterior. Exemplos de agentes extintores constituídos
por gases inertes são os produtos conhecidos com os nomes comerciais “Inergen” e “Argonite”.

Dióxido de Carbono (co2)


O dióxido de carbono é mais um gás inerte. É mais pesado que o ar, atuando sobre a combustão
pelo processo de “abafamento”, isto é, por substituição do oxigênio que alimenta as chamas, e
também em pequena parte por resfriamento.

Como se trata de um gás inerte, tem a grande vantagem de não deixar resíduos após aplicação. O
grande inconveniente deste tipo de agente extintor é o choque térmico produzido pela sua
expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor (a expansão do gás pode
gerar temperaturas da ordem dos –40 ºC na proximidade do difusor, havendo, portanto, um risco
de queimaduras por parte do utilizador).

Apesar de não ser tóxico, o CO2 apresenta ainda outra desvantagem para a segurança das
pessoas, sobretudo quando utilizado em extintores de grandes dimensões ou em instalações fixas
para proteção de salas fechadas: existe o risco de asfixia quando a sua concentração na atmosfera
atinge determinados níveis, não pela toxicidade do CO2, mas pela diminuição da concentração de
O2.

Por não ser condutor de corrente elétrica geralmente recomenda-se este tipo de agente extintor na
proteção de equipamento e quadros elétricos.

Halon
Os halons são hidrocarbonetos halogenados.

O halon é um agente extintor que teve grande sucesso no combate a incêndio dadas as suas
propriedades enquanto gás relativamente limpo e eficaz em fogos das classes A B e C.

O halon, contendo elementos químicos como o bromo, flúor, iodo e cloro atuam sobre o processo
de combustão inibindo o fenômeno da reação em cadeia. No entanto, apesar da sua comprovada
eficiência, este produto encontra-se em com uso proibido por razões de ordem ambiental (afeta a
camada de ozônio).

Existem hoje em dia gases de extinção alternativos, considerados limpos e sem os efeitos adversos
do halon sobre a camada de ozônio, notadamente os gases inertes e os agentes halogenados, tais
como, por exemplo, a Argonite, Inergen, FM200, FE13 etc. No entanto, a utilização deste tipo de
produtos em extintores portáteis não se encontra generalizada dado que a maioria deles se destina
sobretudo às instalações de extinção fixas em salas fechadas.
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ESPUMA
A espuma surgiu da necessidade de encontrar um agente extintor que suprisse as desvantagens
encontradas quando da utilização da água na extinção dos incêndios, principalmente naqueles
envolvendo líquidos derivados de petróleo. A solução encontrada foi o emprego de agentes
tensoativos na água, a fim de melhorar sua propriedade extintora. Os agentes tensoativos são
aditivos empregados para diminuir a tensão superficial da água, melhorando a propriedade de
espalhamento sobre a superfície em chamas e a penetração no material.

A espuma é um agente extintor polivalente podendo ser usada em extintores portáteis, móveis e
instalações fixas de proteção.

Existem basicamente dois tipos de espumas: as espumas mecânicas, obtidas por um processo
mecânico de mistura de um agente espumífero (LGE – líquido gerador de espuma), ar e água, e
as espumas químicas, obtidas pela reação química entre dois produtos que se misturam na altura
da sua utilização. Este último tipo caiu em desuso sobretudo devido à sua fraca eficiência e pelos
riscos associados ao armazenamento e manuseamento dos produtos químicos necessários à sua
formação.

A espuma mecânica é adequada para instalações de proteção fixa de unidades de armazenamento


de combustíveis, por exemplo, ou outros riscos que envolvem líquidos combustíveis e inflamáveis.

As espumas mecânicas classificam-se basicamente em espumas de baixa, média e alta expansão,


consoante a respectiva capacidade dos Líquidos Geradores de Espuma de formar volume de
espuma após a aeração da mistura com água.

A espuma age principalmente por abafamento, pois cria uma camada que isola o combustível do
ar. Age em parte por resfriamento devido à água presente em sua aplicação.

67
4. INCÊNDIO
Como visto, incêndio é o fogo fora de controle, mas há uma inúmera variedade de tipos de incêndio
e formas de a ele se referir.

Se o fogo ocorre em local aberto, com suprimento constante e abundante de oxigênio (ao ar livre,
por exemplo), o incêndio é denominado incêndio exterior. Já se ocorre no interior de uma edificação,
ele é chamado de incêndio interior.

Se o incêndio ocorre em espaços abertos (ar livre ou edificação de grande porte bem ventilada), os
gases produzidos e o ar aquecido acima das chamas deslocam-se de maneira ascendente devido
à convecção. Esse deslocamento produz uma zona de baixa pressão junto ao foco que arrasta ar
fresco dos arredores. O ar fresco tanto resfria o foco quanto fornece suprimento de oxigênio. Isso
faz com que incêndios exteriores sejam muito diferentes em seu desenvolvimento de incêndios
interiores.

Focaremos os incêndios interiores, mormente os incêndios em edificação, os quais denominamos


também incêndios estruturais.

4.1 CLASSES DE INCÊNDIO: Métodos de Extinção e agentes extintores


Há variadas classificações dos incêndios, todas elas de acordo com os materiais neles envolvidos,
bem como a situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar tanto o
método de extinção quanto o agente extintor adequado para o tipo de incêndio específico.

A classificação aqui apresentada foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association –
Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA (International Fire Service
Training Association – Associação Internacional para o Treinamento de Bombeiros/EUA) e também
adotada no Brasil.

INCÊNDIO CLASSE “A”


Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira, pano, borracha e
plástico.
É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar em razão do seu
volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade.

Como os sólidos queimam em superfície e profundidade, é necessário um método que possa atingir
a combustão no interior do combustível. Isso nos remete ao resfriamento para a sua extinção o
que, no mais das vezes, é feito com o uso de água ou soluções que a contenham em grande
porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de
ignição.

6Apesar de tecnicamente borracha e plástico serem líquidos de altíssima viscosidade, pela característica do fogo e do combate,
são inseridos na classe A

68
O emprego de agentes que agem por abafamento irá apenas retardar a combustão, pois extinguirá
as chamas apenas na superfície, não agindo na queima em profundidade e ocasionando uma
posterior reignição do material.

INCÊNDIO CLASSE “B”


Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e óleos.

É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em
profundidade.

Necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. No


caso de líquidos muito aquecidos (ponto da ignição), é necessário resfriamento.

O abafamento é mais eficientemente feito com uso de espuma, mas também pode ser feito com
pós ou água finamente pulverizada.

A quebra da reação é feita com uso de pós extintores.

INCÊNDIO CLASSE “C”


Incêndio envolvendo equipamentos energizados.

Como são sólidos, o melhor seria resfriá-los, mas o risco de haver condução da corrente elétrica
caso se use água deve ser observado.

Caso o fornecimento de energia elétrica seja desligado, o incêndio assumirá as características de


um incêndio classe A e assim deverá ser combatido.

Apesar da possibilidade dessa classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for interrompido o
fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam
energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da corrente elétrica.

Caso permaneça energizado, para a sua extinção necessita-se de agente extintor que não conduza
a corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em
cadeia.

Os agentes mais comumente utilizados são o PQS e o CO2.


O uso do PQS tem o inconveniente de danificar equipamentos pela sua ação corrosiva, o que pode
ocorrer também com o CO2 se for usado em equipamentos eletrônicos delicados pelo excesso de
resfriamento que causa.

Em CPDs ou locais onde haja equipamentos sensíveis, pode-se encontrar sistemas de proteção
que inundem o ambiente com outros gases inertes que extinguirão por abafamento sem danificar
o maquinário.

INCÊNDIO CLASSE “D”


Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio,
alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado pela queima em altas
temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que contenham água).

A reação com água é violenta, pois, ocorre a quebra das moléculas de água (hidrólise) liberando
O2, que é comburente e alimenta as chamas e H2, que é um gás explosivo.
Como é difícil o resfriamento sem utilização de água, surge a extinção química como método mais
eficiente de extinção.

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Para a extinção química, necessitam-se de agentes extintores especiais (normalmente pós) que se
fundam em contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do ar
atmosférico, interrompendo a combustão. Muitos entendem isso como abafamento, pela separação
entre combustível e comburente, entretanto, a separação dá- se pelo fato de que o agente extintor
se funde com o metal pirofórico, há ligação química entre eles. Assim, o “abafamento” nada mais é
do que consequência da interferência química do agente extintor no combustível.

O abafamento também pode ser feito por meio de gases ou pós inertes que substituam o O2 nas
proximidades do combustível, mas não é tão eficiente pois, devido às altíssimas temperaturas que
esse tipo de queima atinge, a menor baforada de ar é capaz de propiciar a reignição.

Pós especiais (PQE – Pó Químico Especial) para classe “D” dependem do tipo de material que
queima e, normalmente, são a base de grafite ou cloreto de sódio ou pó de talco. Usam o CO2 ou
o N2 como propulsores. Podem ser ainda compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio,
cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco.

O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de incêndio, bem
como nas demais.

OUTRAS CLASSES
Há, como dito, outras classes de incêndio conforme classificações diferenciadas, mas que, pela
especificidade que apresentam não serão por nós abordadas.

Entendemos conveniente, entretanto, fazer algumas ressalvas.

A primeira delas é quanto à Classe designada para fogo em óleos e gorduras que, segundo o
padrão americano é denominada de Classe “K” e, segundo o esquema europeu, Classe “E”.

Não julgamos necessária a separação de incêndios em óleos e gorduras em classe separada da


dos líquidos inflamáveis, haja vista que apresentam as mesmas características de queima e de
combate. A exceção é que os óleos e gorduras são todos insolúveis em água, mas entendemos
que isso não justifica a abertura de classe só para eles.

No padrão americano, adotado largamente no Brasil, os incêndios em gases combustíveis são


colocados dentro da Classe “B”, o que consideramos um erro, haja vista a peculiaridade dos
incêndios em gases combustíveis (veremos adiante em técnicas de combate), mas resolvemos não
abrir uma classe só para eles para não divergir da nomenclatura mais usual. Por isso ainda não
adotamos aqui o padrão europeu, pois nele, há a classe separada para os gases, mas se trata da
Classe “C”, letra já designada habitualmente para outro tipo de incêndio.

A norma americana separa óleos e gorduras pelo fato de que lá, existe extintores específicos para
óleos e gorduras diferentes dos extintores destinados aos demais líquidos combustíveis. Isso
justifica a separação lá nos EUA. Aqui no Brasil, os extintores para óleos e gorduras não diferem
dos extintores para os demais líquidos combustíveis, não havendo, portanto, razão para separá-los
aqui.

No tocante ao fato de que os americanos agregam os gases na mesma classe dos líquidos
combustíveis, entendemos ser um posicionamento equivocado. Veja-se que os combustíveis são
agregados em classes pelo comportamento similar na queima e para agrupar combustíveis que
sejam combatidos pelos mesmos métodos e agentes extintores. De modo algum os gases são
combatidos do mesmo modo que os líquidos combustíveis não devendo, assim, serem
classificados junto com os líquidos combustíveis.

4.2 DESENVOLVIMENTO DOS INCÊNDIOS EM COMPARTIMENTO


70
Para analisar o desenvolvimento de um incêndio, primeiramente se faz necessário ressaltar a
grande diferença na evolução de um foco de incêndio ao ar livre e de um foco de incêndio em
compartimento, isto é, em local onde há teto e paredes limitando o escape de fumaça.

A enorme diferença na evolução desses dos focos ao ar livre e em compartimento deve- se


basicamente a dois fatores:

1. a oferta de oxigênio e
2. o “feedback radiativo”.

É fácil entender que a oferta de oxigênio é considerada constante para os focos ao ar livre, afinal,
a concentração de oxigênio na atmosfera permanece inalterada. Poder-se-ia indagar sobre o fato
de o foco consumir o oxigênio do ar ao redor do fogo e a concentração baixar, no entanto, perceba-
se que, ao mesmo tempo em que o foco consome o oxigênio, ele aquece o ar. Com o aquecimento,
o ar nas proximidades do foco fica menos denso e ergue-se “desocupando” a região próxima ao
foco. Isso causa um abaixamento na pressão que atrai mais ar fresco (e rico em O2) que supre o
foco.
Todo foco de incêndio, devido ao deslocamento dos gases que provoca pelo aquecimento, gera
seu próprio “vento”. O ar ao redor desloca-se em direção ao foco devido ao abaixamento de
pressão.

Um foco em compartimento, devido ao confinamento, não terá uma oferta constante de oxigênio e
a concentração de oxigênio tende a cair. Tanto maior e mais veloz será a queda na concentração
quanto menor for área de abertura do compartimento (portas, janelas, frestas). Isso altera o
desenvolvimento do foco.

Mais ainda que a oferta de oxigênio, o feedback radiativo afeta o desenvolvimento dos focos. Cerca
de 70% do calor gerado pela queima do combustível é propagado pela convecção. Estando o foco
ao ar livre, os gases se elevarão na atmosfera, levando com eles essa enorme quantidade de
energia. Desta forma, pouco da energia produzida sobra para aquecer os combustíveis ainda não
queimados. Se a queima dar-se em um compartimento, os gases produzidos ficam barrados pelo
teto e pelas paredes e esses gases começam a se acumular abaixo do teto formando um teto de
fumaça, uma capa térmica que irradia de volta para o cômodo boa parte do calor que carrega. Isso
é o feedback radiativo. Parte do calor é absorvido para aquecer o teto e as paredes. O restante
segue aquecendo os materiais presentes naquele cômodo. Com o aquecimento dos combustíveis
ainda não queimados no cômodo, eles começam a sofrer um processo chamado de SECAGEM,
que consiste na desidratação, ou seja, liberação de vapor de água. Em seguida, se o aquecimento
continuar, começam a sofrer TERMÓLISE (ou DECOMPOSIÇÃO PELO CALOR) e assim liberam
quantidades crescentes de vapores combustíveis. Eventualmente, a quantidade de vapor liberada
atinge um ponto em que a combustão pode ser sustentada e o foco se estende. Caso o material
atinja seu ponto de combustão e entre em contato com alguma fonte de calor, ele queimará. Caso
atinja seu ponto de ignição, o mesmo ocorrerá. E com a queima de mais e mais combustíveis, mais
calor é gerado e mais vapor combustível é liberado.

Enquanto oxigênio suficiente estiver disponível, a evolução do fogo é controlada pelas


características e configuração do combustível. Nessas condições, diz-se que o foco está

Limitado pelo combustível. Os focos ao ar livre são sempre limitados pelo combustível, podendo
ser influenciados por condições meteorológicas como vento e chuva. Estando o foco em um
compartimento, quase que inevitavelmente ele atinge um ponto onde passa a ser limitado pela
quantidade de oxigênio. Diz-se então que ele está limitado pela ventilação.

O desenvolvimento de um incêndio em compartimento pode ser descrito em fases. Muito embora


o desenvolvimento seja afetado por muitas variáveis e os limites entre as fases não fique muito
claro fora das condições controladas que se tem em laboratórios, mesmo assim, o estudo das fases
71
é fundamental para fornecer didaticamente meios para que se possa compreender a evolução de
um incêndio em compartimento. As fases de desenvolvimento de um incêndio em compartimento
são: fase inicial (ou incipiente), fase crescente (ou de crescimento ou de desenvolvimento), fase
de desenvolvimento completo e fase de decaimento (ou decrescente).

FASE INICIAL OU INCIPIENTE

O incêndio começa com a ignição de algum material combustível. A ignição pode ser causada por
uma fonte ígnea – quando uma faísca, fagulha, centelha, ou brasa provocam a ignição – como pode
ser causada apenas pelo atingimento da temperatura de ignição por algum material exposto a uma
fonte de calor (Ex.: ferro de passar esquecido ligado).

Nesse ponto, o fogo está limitado ao material inicialmente em combustão e é altamente dependente
das características do material (limitado pelo combustível). A quantidade de oxigênio inicialmente
no cômodo permite a queima, então, ela depende basicamente das características do combustível

Fatores que influenciam o desenvolvimento de um foco limitado pelo combustível

Quanto maior for a superfície exposta de uma determinada massa de


Relação
combustível, mais fácil será para o combustível ser aquecido até sua
Superfície–Massa
temperatura de ignição.

A composição química do combustível tem impacto significativo na liberação de


calor durante a combustão. Muitos materiais sintéticos à base de
Composição Química hidrocarbonetos (derivados de petróleo, por exemplo) possuem liberam,
quando queimam, até duas vezes mais calor que materiais à base de celulose,
como madeira.

Carga Incêndio no O total de combustível disponível para combustão influencia o total de


cômodo liberação de calor.

Mesmo não sendo um fator presente em todos os combustíveis, a água


Umidade do combustível funciona como um lastro térmico, retardando o processo de aquecimento do
combustível até seu ponto de ignição.

A posição em relação ao fogo influencia como o calor é transferido. Por


Posicionamento exemplo, uma divisória de madeira é aquecida por convecção e radiação,
enquanto o piso é praticamente aquecido apenas por radiação.

Continuidade é a proximidade de vários elementos combustíveis uns dos


outros. Quanto mais perto (ou mais contínuos) os combustíveis estiverem, mais
Continuidade
fácil e rapidamente o fogo se espalhará. A continuidade pode ser tanto
horizontal (ex.: forro) como vertical (ex.: estante ou rack)
Hartin, Ed in: Essentials of fire fighting... 5ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008. p. 114.

Se a queima do combustível envolvido no foco inicial não for suficiente para sustentar a queima
causando a ignição de outros materiais, o fogo se extingue nessa fase. Se a queima do material
conseguir liberar calor suficiente para provocar a ignição de outros materiais o incêndio prossegue.
Caso o calor produzido não seja capaz de fazer com que os materiais próximos atinjam o ponto de
ignição, pode ser que o foco se extinga sozinho.

Supondo que a combustão consiga sustentar-se, no início, a queima aquece o combustível


adjacente às chamas, que desidrata (processo de secagem) e depois sofre pirólise (termólise).
Quanto mais combustível for decomposto pelo calor, mais vapores combustíveis serão liberados.
Pensando-se em um pequeno foco inicial, os vapores da área adjacente serão arrastados pela
convecção até às chamas alimentando-as e gerando mais calor que aquece mais material e mais
vapores são liberados e assim por diante.

72
No início a temperatura do ambiente está pouco acima do normal, as chamas são poucas e não se
pode perceber o incêndio de outro cômodo na edificação. Nesta fase o bombeiro não será
incomodado pelo calor do ambiente, porém, dependendo do combustível que está queimando,
pode haver quantidade substancial de fumaça e de gases nocivos.

Depois de certo tempo, ergue-se uma coluna de vapores combustíveis acima do foco inicial e as
chamas erguem-se nessa coluna. Os vapores combustíveis, gases resultantes da combustão e ar
aquecido atingem o teto e começam a se espalhar horizontalmente. Esses gases começam a
formar um “teto de fumaça” chamado de “capa térmica” que irradia calor de volta ao cômodo
aquecendo os outros materiais presentes, causando secagem e posterior termólise nos demais
materiais combustíveis no cômodo.

Quando as chamas atingem o teto, entende-se que houve a passagem para a próxima fase, a fase
de crescimento ou desenvolvimento. O tempo que dura a fase incipiente pode ser desde poucos
segundos a várias horas, a depender dos fatores que a influenciam.

Nessa fase inicial, os ocupantes do cômodo podem evacuá-lo facilmente e o fogo pode ser extinto
com o uso de um aparelho extintor.

FASE DE CRESCIMENTO OU DE DESENVOLVIMENTO

A passagem da fase incipiente para a fase crescente é marcada pelas chamas subindo a coluna
de gases que se ergue sobre o foco atingindo o teto. Com as chamas, que são difusas, atingindo o
teto, ocorre grande perturbação das mesmas, o que, por sua vez, inicia uma grande produção de
fumaça negra que também se acumula no cômodo.

Quanto mais o foco se desenvolve, mais ele afeta o compartimento em que está e, de modo
semelhante, ele é afetado pelas características do compartimento. Por exemplo:

- Quanto mais baixo for o pé direito7, mais rapidamente a capa térmica aquecerá os
combustíveis ainda não queimados;
- Quanto maior for a área de ventilação do cômodo, menor será a redução na concentração
de oxigênio, o que significa uma maior taxa de liberação de calor;

7 Distância do piso ao teto

O próprio posicionamento do foco influencia o desenvolvimento do incêndio. Um foco ao ar livre


recebe ar de todas as direções e a chegada de ar fresco resfria os gases sobre o foco reduzindo a
altura que as chamas atingem. Em um incêndio em compartimento, o posicionamento do foco é
afetado pelas entradas de ar do cômodo e pelo posicionamento do foco em relação ao cômodo.

Um foco no centro do cômodo tende a ter um desenvolvimento mais lento que um foco contra uma
parede. Um foco no canto de um cômodo tende a evoluir mais rapidamente.

73
Adaptado de Essentials of fire fighting... 5ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008. p. 116.

O foco de incêndio, por aquecer os gases e estes adquirirem a tendência de subir, cria uma zona
de baixa pressão acima das chamas. A camada de gases aquecidos que se acumula sob o teto
“quer” sair do cômodo, mas fica limitada pelo confinamento, o que gera uma zona de maior pressão
ou sobre pressão. É o que se chama de “zona de pressão positiva”. Assim, com a capa térmica
tentando forçar a saída por cima e a zona de baixa pressão próxima ao foco (zona de “pressão
negativa”8) cria-se uma corrente de convecção. Os gases quentes tendem a se mover afastando-
se do foco (para cima até o teto e depois horizontalmente) e o ar fresco é atraído pela zona de
baixa pressão alimentando o foco.

O ar que entra em um cômodo em chamas sempre busca a região de menor pressão, ou seja, a
região do maior foco, alimentando-o e aumentando o regime de queima e a taxa de liberação de
calor.

8
Não existe pressão negativa, mas considerando-se como zero a pressão atmosférica, o termo faz sentido.

No desenvolvimento de um incêndio em compartimento verifica-se o fenômeno da


Estratificação da fumaça ou estratificação térmica ou balanço térmico.

Os gases aquecidos buscam ocupar a parte superior do cômodo e, em existindo uma abertura,
sairão pela parte superior desta. O ar frio ocupa a parte inferior do cômodo e entra pela parte inferior
das aberturas dirigindo-se em direção ao foco. Os gases dispõem- se em camadas de acordo com
a temperatura, ficando os mais aquecidos junto ao teto e o ar mais frio junto ao piso. Essa divisão
dos gases em camada é a estratificação da fumaça ou dos gases. A zona de separação entre a
camada de gases quentes, que apresentam maior pressão e a camada de ar frio, de menor
pressão, é chamada de plano neutro.

Quanto mais o incêndio desenvolve-se, mais gases aquecidos são produzidos acumulam- se sob
o teto. Isso faz com que a capa térmica fique mais densa e o plano neutro abaixe pelo aumento da
capa térmica. O plano neutro ficará mais baixo dependendo da quantidade, dimensões e
posicionamento das aberturas.

74
Quanto mais gases se acumulam, menos oxigênio haverá disponível para a queima. Quanto mais
baixo estiver o plano neutro, menor é a oferta de oxigênio para o foco. Isso pode mudar o regime
de queima do foco, tornando-o limitado pela ventilação.

A capa térmica é formada de gases/vapores combustíveis e de partículas combustíveis líquidas e


sólidas (fuligem), ou seja, ela é combustível. A fumaça é combustível e atingindo seu ponto de
ignição e estando na concentração adequada, ela queimará como queimam os gases. Ela também
transporta calor e o irradia de volta para os combustíveis do cômodo. Quanto mais calor
transportado e irradiado, mais vapores combustíveis são gerados e mais queima haverá (havendo
oxigênio suficiente) gerando mais calor e assim por diante.

O incêndio pode crescer pelo propagar das chamas ou pela ignição de outros combustíveis que
alcancem a temperatura de ignição. As chamas, após alcançarem o teto começam a percorrer a
capa térmica. A capa térmica é rica em vapores combustíveis provenientes da termólise dos
materiais no ambiente e rica em compostos orgânicos combustíveis provenientes da combustão
incompleta. Caso esteja misturada com o oxigênio na concentração adequada (daí o foco ser
limitado pela ventilação ou pelo comburente), a capa térmica queimará. Com o incêndio na fase de
crescimento, o mecanismo de transferência de calor predominante no cômodo passa da convecção
para a radiação, o que aumenta a taxa de transferência de calor próximo ao piso.

Nesse estágio, alguns fenômenos do Comportamento Extremo do Fogo podem ser observados.

Chamas isoladas (ghost flames – “chamas fantasmas”) – são bolsões de chamas percorrendo
ou aparecendo na capa térmica. A camada de fumaça, rica em carbono proveniente da perturbação
da chama difusa e rica em outros materiais combustíveis possui temperatura de ignição em torno
dos 600ºC.

O aparecimento das chamas fantasmas pode ser devido ao aquecimento de porções da fumaça já
em mistura inflamável ou pode a fumaça estar acima da temperatura de ignição, mas fora da faixa
de inflamabilidade e, com a movimentação dos gases, algumas porções podem atingir uma
concentração de mistura inflamável, vindo então a entrar em ignição.

Rollover – o termo rollover é usado quando as chamas na capa térmica não apenas surgem
isoladas, mas quando se forma uma frente de fogo que percorre a capa térmica aumentando muito
a irradiação de calor em um curtíssimo espaço de tempo. O fenômeno do rollover envolve apenas
a queima repentina da fumaça, sem envolver a queima dos demais combustíveis no ambiente que
se encontram na fase sólida.

[ao lado, temos uma foto onde ocorre um


rollover. Vê- se a frente de fogo avançando
pela capa térmica em direção à entrada de
ar fresco. ]

A ocorrência de um rollover pode ocasionar


outro fenômeno, chamado de flashover.

75
Flashover – flashover é a rápida transição de um incêndio na fase de crescimento para o estágio
de desenvolvimento completo em um cômodo, onde há o envolvimento pelas chamas de todos os
combustíveis presentes no cômodo.

Com o aumento da taxa de liberação de calor provocado (por um rollover ou pelo mero atingimento
da temperatura de ignição de vários combustíveis ao mesmo tempo), todos os materiais presentes
em um cômodo entram em ignição. As chamas dominam tanto a fumaça como os combustíveis
sólidos causando a imediata transição para a próxima etapa da evolução de um incêndio: a fase de
pleno desenvolvimento.

As condições para a ocorrência do flashover são definidas de variadas formas. Em geral, a


temperatura da capa térmica deve atingir algo em torno dos 600ºC [temperatura de ignição do
carbono (fuligem) ] ou então o fluxo de calor (medida da transferência de calor) para o piso do
cômodo deve alcançar a taxa de 15-20 kW/m2, o que causa a ignição dos vapores provenientes da
termólise na fase sólida do combustível.

Quando ocorre o flashover, sobretudo quando proveniente da ignição da fumaça, ocorrerá uma
onda de sobre pressão que será tanto mais violenta quanto maior for a proximidade da
concentração da mistura fumaça-ar do ponto estequiométrico. Isso pode causar a abertura
repentina de portas e janelas.

Normalmente janelas não se quebram devido à sobre pressão em um flashover, mas os vidros se
partem devido ao calor irradiado que provoca a expansão da parte virada para o cômodo dos vidros
de modo muito rápido e, como o lado voltado para o exterior não consegue acompanhar e não
dilata na mesma velocidade. Isso gera uma pressão interna que acaba por fazer o vidro ruir.

Evolução alternativa

O flashover não ocorre sempre que há um incêndio em compartimento. Para que ele ocorra é
necessário que o combustível envolvido pelas chamas tenha capacidade de gerar o calor
necessário com a rapidez necessária para gerar o flashover. Também não ocorrerá o flashover se
o foco inicial consumir o oxigênio do cômodo mais rápido do que ele é suprido pelas aberturas
fazendo com que sua concentração baixe diminuindo a taxa de liberação de calor e diminuição da
intensidade da queima. Esta última situação é muito
Perigosa, uma vez que uma abertura inadvertida do compartimento pode oferecer ao foco o que
ele precisa para que o flashover ocorra9.
Assim, vê-se que o incêndio pode atingir todo o cômodo (desenvolvimento completo) pelo avançar
das chamas sem a transição súbita causada pelo flashover.

Importante salientar que a diminuição da oferta de oxigênio em um foco limitado pela ventilação
reduz a taxa de liberação de calor, mas a temperatura no cômodo pode continuar a subir, ainda
que mais lentamente. Toda vez que a ventilação for aumentada, seja pela ruptura de uma abertura
que não suporta o calor seja pela entrada de bombeiros, a queima se intensifica e a taxa de
liberação de calor aumenta, em alguns casos, rápida e violentamente.

Outro ponto importante é que, mesmo que a queima diminua de intensidade, a inflamabilidade dos
gases não diminui, pois, as chamas precisam de oxigênio para ocorrer, mas a decomposição do
combustível gerando vapores inflamáveis não. A termólise precisa apenas de energia (calor), não
de comburente. Então, mesmo que não haja chamas em um ambiente, a atmosfera do cômodo
pode estar rica em combustível.

76
FASE DE DESENVOLVIMENTO COMPLETO

A fase de desenvolvimento completo ocorre


quando todo combustível em um cômodo está
em combustão. Quando isso ocorre, a queima no
compartimento estará liberando o máximo de
calor possível para a quantidade de combustível
e comburente disponíveis. Haverá ainda grande
produção de fumaça. Assim como descrito
anteriormente, o aumento na ventilação do
ambiente ocasionará um aumento na intensidade
da queima e na taxa de liberação de calor.

A capa térmica fica muito avantajada,


Forçando o plano neutro para próximo ao solo. O
acúmulo de pressão dos gases produzidos é
aliviado em pulsos que expelem bolsões de
fumaça para o exterior do cômodo por qualquer abertura disponível com a consequente entrada de
ar para dentro do ambiente (diz-se que o foco está “respirando”). Os gases aquecidos expulsos do
ambiente onde a queima é limitada pela ventilação (pelo comburente) geralmente

9 É o que se chama de flashover induzido pela ventilação.

queimam ao saírem do cômodo, pois, ao misturar com o ar de fora do cômodo, alcançam a


inflamabilidade estando ainda acima do ponto de ignição.

Enquanto houver oxigênio suficiente para alimentar a combustão dos combustíveis em um cômodo,
o fogo é limitado pelo combustível. Quando o regime de queima começa a ser afetado pela
diminuição na concentração de oxigênio na atmosfera do ambiente, o regime de queima passa ser
limitado pela ventilação. A disponibilidade de ar ditará o crescimento do fogo.

77
Em um cômodo de alvenaria fechado, com as aberturas (portas e janelas) razoavelmente seladas,
é comum que o consumo de oxigênio pela queima, de um lado, e a produção de gases provenientes
da combustão além de produtos da termólise, de outro, reduzam a concentração de oxigênio no
ambiente. Isso afeta diretamente o fogo reduzindo a intensidade das chamas e a taxa de liberação
de calor. Nesse cenário, duas hipóteses podem surgir para fazer o foco pulsar ciclicamente.

Um modo do foco respirar decorre do escape de gases superaquecidos pelas frestas na parte
superior das aberturas que abre espaço para entrada de ar fresco pela parte inferior. O ar que entra
segue em direção ao foco, por ser esta a região de menor pressão. Em lá chegando, o ar realimenta
o foco com O2. Com isso as chamas voltam a se intensificar até consumir o oxigênio e o ciclo
reiniciar.

O foco também pode respirar pela contração da capa térmica decorrente do resfriamento, o que
reduz a pressão c6omodo sugando ar de fora pelas frestas. Da mesma forma, o ar que entra segue
em direção ao foco alimentando-o e reavivando-o.

Se a oferta de ar for baixa, os ciclos vão diminuindo de intensidade.

A temperatura média dos gases em um cômodo na fase de desenvolvimento completo fica entre
700º a 1200º C dependendo das características dos combustíveis presentes e da configuração do
cômodo.

78
FASE DE DECAIMENTO

A fase de decaimento ocorre quando o combustível sólido é consumido ou quando a concentração


de oxigênio cai a ponto de não mais ocorrer combustão viva, que é a combustão onde se verifica a
presença de chamas. Isso ocorre, em geral, quando o O2 encontra-se em concentrações abaixo
de 14%. Ambas as hipóteses podem levar à fase de decaimento, muito embora, o decaimento pela
depleção de oxigênio pode apresentar grande variação se ocorrer mudança no padrão de
ventilação do cômodo.

Se o decaimento do foco deu-se em razão do exaurimento do combustível, o incêndio, nesse


cômodo, ruma para a extinção. Nem por isso o ambiente deixa de ser perigoso. A combustão passa
a ser lenta (brasas) mais ainda é capaz de manter a temperatura do cômodo elevada por longos
períodos que variam de acordo com o isolamento térmico e ventilação do cômodo. Se o cômodo
estiver fechado, enquanto os gases combustíveis ainda não queimados estiverem acima da
temperatura de ignição, ventilar o cômodo pode provocar a violenta ignição dos gases.

Se um incêndio for forçado ao decaimento pela falta de comburente, a taxa de liberação de calor
diminuirá, contudo, ainda haverá combustão devido à presença de combustíveis ainda não
consumidos e no pouco oxigênio disponível que entra pelas frestas. A combustão, pela baixa
concentração de O2 será lenta (brasas) e, muito embora libere menos calor, continuará a fornecer
calor para o ambiente no cômodo.

Estando o foco em queima lenta devido à diminuição da concentração de O2, mas tendo ainda
condições de, mediante a entrada de ar, voltar à queima livre ou apresentar ou mesmo apresentar
um comportamento extremo, diz-se que o foco está em estágio de INCUBAÇÃO. A incubação pode
ocorrer não apenas após o desenvolvimento completo, mas pode ocorrer antes dessa etapa,
bastando somente que o foco em regime de queima limitada pelo combustível, passe à queima
lenta ou mesmo deixe de queimar, mas ainda guarde energia suficiente para voltar a queimar caso
ar entre no ambiente. Se isso não ocorrer, o foco parte para a extinção.

É importantíssimo notar que, mesmo que a queima diminua, a termólise prossegue, pois a queima
precisa de oxigênio, mas a decomposição pelo calor, não. Ainda que a concentração de O2 fique
abaixo de 7% (incapaz de sustentar a combustão), a termólise continua ocorrendo. Isso significa
que, mesmo sem chama, um cômodo em queima lenta, ou até mesmo sem queima pode ter uma
atmosfera rica em combustíveis e acima do ponto de ignição, à espera apenas da entrada de
comburente para ignir. Caso uma janela ou porta se rompa ou um bombeiro abra um acesso ao
cômodo, o ar entrará e, tão logo a fumaça misture-se com o ar e alcance concentração adequada,
ela inflamar-se-á. A ignição dos gases combustíveis já acima do ponto de ignição pela mistura com
oxigênio é violenta e produz uma onda de choque e calor letal. A esse fenômeno, dá-se o nome de
backdraft.

79
Os sinais que indicam que um foco está na fase de decaimento podem ser enganosos. As
condições podem indicar uma aparente “tranquilidade” no cômodo. Sem luminosidade ou barulho
de chamas, um bombeiro inadvertido ou usando uma técnica incorreta pode “acender o pavio de
uma bomba”. Atuando errado, os bombeiros podem piorar as condições do ambiente dificultando o
combate.

80
81
5. APARELHOS EXTINTORES

5.1 DEFINIÇÕES

Agente extintor – Toda substância capaz de intervir na cadeia de combustão quebrando- a,


diminuindo a quantidade de comburente na reação, interferindo no ponto de fulgor do combustível
e/ou atuando por redução na formação de radicais livres, impedindo que o fogo possa crescer e
se propagar, controlando-o e/ou extinguindo-o.

Carga – Quantidade de agente extintor contido no extintor de incêndio, medida em litro ou


quilograma.

Capacidade Extintora – Medida do poder de extinção de fogo de um extintor, obtida em ensaio


prático normalizado. Deve ser indicada no rótulo do produto.

Extintor de incêndio – Aparelho de acionamento manual, constituído de recipiente e acessórios,


contendo o agente extintor, destinado a combater

São equipamentos que se destinam ao combate e extinção de um incêndio na fase incipiente ou


no início da fase de crescimento.

Exintor portátil

Extintor que possui massa total (carga,


recipiente e acessórios) de no máximo 20 Kg.

Extintor Sobre rodas

Extintor montado sobre rodas que possui massa


total (carga, recipiente e acessórios) acima de 20
Kg.

82
5.2 FUNCIONAMENTO
Geralmente um extintor possui dois tipos de produtos: o agente extintor propriamente dito e um gás
propulsor que tem como função impulsionar o primeiro para fora do extintor quando da sua
utilização. Em alguns casos o agente extintor, por ser um gás sob pressão (como por exemplo o
dióxido de carbono), tem ambas as funções, dispensando um agente propulsor.

O agente propulsor pode permanecer juntamente com o agente extintor no mesmo recipiente, ou
então, estar em recipiente distinto, porém conexo, apenas aguardando que o operador o libere para
a pressurização da ampola com agente extintor, podendo assim, expulsa-lo.

5.3 TIPOS DE EXTINTORES

5.3.1. Quanto ao Tipo de Propulsão do Agente Extintor:


Extintores pressurizáveis, a pressurizar ou de pressão não permanente,

Nos extintores de pressão não permanente o agente extintor


e o gás propulsor estão separados e apenas este último se
encontra sob pressão, num cartucho instalado no interior do
próprio extintor ou no exterior do mesmo. Quando o extintor
é ativado, o gás propulsor é libertado do cartucho para o
interior do extintor onde se vai misturar com o agente extintor,
aumentando a pressão interna.

Extintores de pressão permanente

Hoje em dia a maioria dos extintores que se encontra em aplicações comuns é do tipo “pressão
permanente”. Neste tipo de extintor o agente extintor e o gás propulsor encontram-se misturados
no interior do extintor, a uma determinada pressão (geralmente indicada por uma pequeno
manômetro instalado no extintor). Quando o extintor é ativado o agente extintor, já sob a pressão,
é expelido por um tubo até à extremidade do difusor. A descarga pode ser controlada através de
uma válvula que existe na extremidade do tubo ou na cabeça do extintor.

83
5.3.2 Quanto ao Tipo de Agente Extintor:
Os extintores são nomeados conforme o agente extintor que carregam e são classificados de
acordo com a classe de incêndio a que o agente extintor se presta a combater.

Água

Pó Químico Seco (PQS)

Pó Químico Especial (PQE)

Dióxido de Carbono (CO2)

( e gases inertes em geral)


Uso possível, mas não
recomendado.

Espuma

Halon e Halogenados

84
5.4 COMPONENTES DE UM EXTINTOR

Os extintores são constituídos pelas seguintes


peças fundamentais:

• Corpo ou reservatório do extintor, destinado a armazenar o


agente extintor;

• Válvula de descarga, destinada a fazer atuar o extintor,


permitindo a passagem do agente extintor para o exterior.

• Manípulo ou punho, faz atuar a válvula de descarga;

• Lacre de segurança, tem como função libertar o manípulo


que atua a válvula de descarga;

• “Tubo de pesca” ou sifão, conduz o agente extintor desde


o interior do corpo do extintor para a válvula de descarga;

• Tubo ou mangueira: conduz o agente extintor para o


exterior através de um difusor ou bico de descarga colocado
na sua extremidade

5.4 UNIDADE EXTINTORA

A Capacidade Extintora mínima de cada tipo de extintor portátil, para que se constitua uma
unidade extintora, deve ser:

AGENTE CAPACIDADE CARGA ALCANCE MÉDIO


EXTINTOR EXTINTORA MÍNIMA EQUIVALÊNTE DO JATO
Água 2-A 10 L 10 m
Espuma Mecânica 2-A :10-B 9L 5m
CO2 5-B:C 6 kg 2m
Pó BC 20-B:C 12 kg 5m
Pó ABC 2-A:20-B:C - 5m
Compostos 5-B:C 4m
2 kg
Halogenados

Capacidade extintora

Medida do poder de extinção de fogo de um extintor, obtida em ensaio prático normalizado. Deve ser
indicada no rótulo do produto.

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O extintor classe C não possui ensaio normatizado de capacidade extintora, apenas se verifica se
o agente extintor conduz eletricidade ou não.

5.6 COMBATE A INCÊNDIO COM EXTINTORES

A primeira observação para o combate a incêndio com Aparelhos Extintores, ou apenas Extintores,
é ter a consciência de que os Extintores se prestam a combater tão somente princípios de incêndio.

Outra observação a ser feita é que os extintores devem estar adequadamente posicionados na
edificação conforme projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros. O posicionamento adequado visa
limitar a distância máxima a percorrer em caso de necessidade de utilização de um Extintor.

Não adianta nada um extintor estar devidamente posicionado se o acesso a ele está obstruído,
assim, igualmente os extintores devem estar com acesso livre e desimpedido, devendo, mais que
isso, ficar visíveis. Muitos escondem extintores por considerar que atrapalham a estética
arquitetônica, mas se esquecem que, caso venham a precisar dele, muito provavelmente não se
lembrarão onde o esconderam.

Nesse passo, não adianta o extintor estar adequadamente posicionado e desobstruído se não
estiver funcionando, por isso, deve ser feito um trabalho sério de manutenção dos extintores.
Também é necessário que os ocupantes de uma edificação saibam escolher o extintor adequado
e saibam usá-lo corretamente.

Finalmente, facilita o combate em termos de tempo resposta se os ocupantes de uma edificação


souberem onde ficam os extintores.

Traçadas as observações acima, passemos aos passos que devem ser seguidos em um combate
a incêndio com extintores.

1. Localizar o foco identificando o material que está queimando;

2. Escolher o extintor adequado à classe do material que queima;

3. Retirar o lacre e efetuar um teste ainda no local, pois se o extintor não estiver funcionando,
perder-se-á momentos preciosos deslocando ao foco um extintor inútil;

4. Usar o extintor adequadamente conforme seu tipo (cada um tem uma forma de utilização
própria).

Uma recomendação no uso de extintores é que, em uma situação de incêndio, depois de utilizado
ou depois de testado e constatada a falha, um extintor deve ser deixado deitado para que outros
não percam tempo tentando usá-lo.

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PARTICULARIDADES NA UTILIZAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE EXTINTORES

Extintor de Espuma

Empunhar a mangueira e apertar o gatilho, dirigindo o jato para um anteparo de forma que a
espuma gerada escorra cobrindo o líquido em chamas.

Não se deve jogar a espuma diretamente sobre o líquido

Se o líquido estiver derramado, primeiro deve-se fazer um aglomerado de espuma antes da poça
e depois forçá-la com mais espuma para sobre o líquido.

Extintor CO2

Como esse extintor funciona a alta pressão, quando o gás é liberado ele se resfria violentamente.
Para que não ocorra queimaduras pela baixa temperatura, o operador deve segurar a mangueira
pelo punho ou manopla e nunca pelo difusor.

Como o CO2 age principalmente por abafamento, sua utilização deve visar substituir o ar
atmosférico no espaço sobre o combustível, para tanto o gatilho deve ser apertado constantemente
ou em rápidas sucessões para que se forme uma nuvem de gás sobre o combustível e as chamas
se apaguem pela ausência de O2.

Deve se observar que após o abafamento, é necessário que se busque o resfriamento do material
para evitar reignições futuras.

Extintor de PQS

O extintor de PQS é facilmente confundido com o Extintor de água, muito embora no rótulo constem
informações sobre classes de incêndio diferentes. No momento de adrenalina de um incêndio as
letras não são enxergadas pela maioria das pessoas.

Uma sutil diferença entre os extintores em questão é o diâmetro do requinte (bocal da mangueira).
No extintor de Pó o requinte é bem mais aberto para permitir a passagem do pó com maior
facilidade.

Uma maneira prática de diferenciá-los é batendo neles. Como o pó é um sólido, o som da batida é
grave e seco, enquanto que a água produz um som aberto e com pequeno eco.

O pó não se dissipa tão facilmente como o gás e tem também maior alcance do jato, então sua
utilização é diferente.

O jato não deve ser dirigido à base do fogo. Devem ser aplicados jatos curtos o pó de modo que a
nuvem expelida perca velocidade e assente sobre o foco. O jato seguinte deve esperar o
assentamento da nuvem anterior para não deslocá-la de sobre o foco antes de assentar.

88
Extintor de Água

Como o objetivo de usar água é conseguir um resfriamento do material, o Extintor de água deve
ser usado buscando a máxima dispersão da água possível. Para tanto, o operador deve colocar o
dedo na frente do requinte para aspergir o jato (como uma mangueira de jardim) e acionar o gatilho
incessantemente dirigindo o jato em varredura por sobre o combustível em chamas.

5.7 MANUTENÇÃO e CUIDADOS

Com já abordado anteriormente, é importante o bom funcionamento dos extintores para que sirvam
ao que propõem: extinguir pequenos focos de incêndio antes que se tornem grandes.

Para garantir o bom funcionamento dos extintores, é necessário que sejam seguidas as seguintes
manutenções:

Semanal – verificação se o posicionamento dos extintores está correto, bem como seu acesso e
sinalização.

Quinzenal – verificação do estado geral do extintor, com especial atenção para sinais de impactos
físicos e obstrução do requinte.

Mensal – conferência da pressão dos extintores pela checagem dos manômetros (o Extintor de
CO2 não possui manômetro). Caso a pressão não esteja adequada, deve-se enviar o aparelho
para recarga.

Semestral – conferência do peso da ampola, no caso dos extintores de CO2. Caso haja perda de
mais de 10% do peso em relação ao peso do extintor quando recebido 10, deve- se enviar o
aparelho para recarga.

Anual – o aparelho deve ser enviado para recarga e inspeção feita em empresa especializada.

Quinzenal – deve ser feito o teste hidrostático do cilindro.

Cuidados na conservação - O extintor não deve apresentar sinais de ferrugem ou amassamento.

10
O peso deve ser anotado no recebimento para essa conferência.

89
Cuidados na inspeção –

Pressão da Carga: Verifique sempre o indicador da pressão da carga


do agente extintor, cujo ponteiro deve estar sobre a faixa verde. Em
caso contrário, a recarga deverá ser realizada por uma empresa
certificada.

O extintor de incêndio cujo agente extintor é água ou pó químico deve


ser inspecionado anualmente.

O extintor de incêndio de CO2 deve ser inspecionado a cada 6 meses.

Inspeção não é recarga. Não é preciso abrir o extintor, o que quer


dizer que não há substituição do anel de plástico amarelo (foto ao
lado) e do selo de conformidade ou de manutenção.

A recarga deve ser feita conforme recomendação do fabricante, ou


após o uso.

Cuidados na Manutenção –

O extintor de incêndio deve passar, a cada 5 anos, por uma


manutenção geral, para que seja efetuada, por exemplo, a troca da
carga, o teste hidrostático, etc. Essa manutenção deve ser efetuada
apenas por empresa autorizada no âmbito do Sistema Brasileiro de
Certificação.

Recomendações
Proteja-se, exigindo que empresa de manutenção forneça um
outro extintor para substituir o seu, enquanto este estiver em
manutenção.

O extintor de incêndio que sofreu manutenção apresenta um


anel de plástico amarelo que indica que o extintor foi aberto,
entre a válvula e o cilindro, com identificação da empresa que
realizou a manutenção, o mês e o ano em que o serviço foi
realizado (essa data é repetida no selo de manutenção). Este
anel não precisa ser trocado anualmente - somente quando o
extintor tiver sido usado - podendo permanecer no extintor por
5 anos, quando, então, será substituído após terem sido feitos
os testes de manutenção.

90
5. MATERIAL HIDRÁULICO
Entende-se por material hidráulico todo aquele que conduz, une ou dá forma ao agente extintor
líquido, mais propriamente a água.

São materiais de extrema importância para os serviços de bombeiros, por isso é importante
conhecê-los, saber utilizar e manutenir de forma adequada.

6.1 MANGUEIRAS
Denominam-se mangueiras os condutores flexíveis utilizados para transportar água, do ponto de
suprimento até o local em que deva ser lançada.

A mangueira mais comumente utilizada nos serviços de bombeiros constitui-se de um tubo de


borracha que tem por finalidade a condução da água e um ou dois tubos de lona de algodão,
fibras sintéticas (mais comumente) ou linho como revestimento.

A capa externa tem duas finalidades: proteger o tubo de borracha da abrasão provocada pelo
atrito com o solo e auxiliar na resistência à pressão.

Há ainda mangueiras que se constituem de


um tubo de lona de fibra de poliéster, forrado
internamente com borracha. Externamente
apresenta um revestimento de material plástico,
destinado a protegê-la contra agressividade de
produtos químicos e de abrasão devido a seu
arraste durante as operações de combate ao fogo

.
Ela não é tão resistente à abrasão, mas possui uma resistência consideravelmente superior contra
o desgaste provocado pelo contato com produtos químicos.

As mangueiras podem ter comprimentos variados, mas os mais comuns são de 10, 15 e 30 metros.
Também podem apresentar diversos sistemas de conexão e diversas bitolas, calibres ou diâmetros.

91
As mangueiras mais comumente utilizadas são de 1 ½ “ (uma e meia polegada) ou 38mm (trinta e
oito milímetros) e 2 ½ “ (duas e meia polegada) ou 63mm (sessenta e três milímetros).

Em relação sistema de conexão, no Brasil, o sistema mais adotado é o alemão, com juntas do tipo
STORZ.

Uma observação acerca do uso das mangueiras é que requerem o desenrolamento completo para
que possam ser usadas.

CUIDADOS COM AS MANGUEIRAS


Das mangueiras depende não só o sucesso no combate ao fogo, como também a segurança dos
homens que guarnecem os esguichos, razão pela qual deve ser dispensado a este equipamento
cuidadoso trato, antes, durante e após o seu emprego.

Antes do uso:

- Armazenar em locais arejados, livres de mofo e umidade, protegida da incidência direta dos raios
solares;

- Periodicamente recondicionar os lances para evitar a formação de quebras;

- Conservar o forro com talco e as uniões com talco ou grafite, evitando o uso de óleo ou graxa;

Durante o uso:

- Evitar arrastá-las sobre bordas cortantes, materiais em altas temperaturas e materiais corrosivos
(gasolina, óleos, ácidos...);

- Não permitir a passagem de veículos sobre as mangueiras estejam elas cheias ou vazias;

- Evitar pancadas e arrastamento das juntas de união, pois podem danificar-se impedindo seu
perfeito acoplamento e se uma mangueira perde a funcionalidade de uma de suas conexões ela
fica inutilizada.

Após o uso:

- Fazer rigorosa inspeção visual quanto ao estado da lona e das uniões, separando as danificadas
definitivamente, com um nó na extremidade;

- As mangueiras boas serão lavadas com água pura, sabão neutro e escovas de fibras largas e
macias;

- Depois de enxaguadas deverão ser colocadas em suporte adequado, à sombra, de onde só serão
retiradas após estarem completamente secas para serem armazenadas com os cuidados devidos.

92
- ACONDICIONAMENTO
- As mangueiras podem ser acondicionadas de
diversas maneiras, dependendo da utilização mais
provável a que elas se destinam.
-
- ACONDICIONAMENTO EM ZIG-ZAG
-
- Este acondicionamento é utilizado quando se deseja
rapidez na montagem de um estabelecimento.
-
- Propicia um rápido estender das mangueiras, mas
dificulta muito o transporte.
-
- Assim, esse método é indicado para acondicionar
mangueiras que não precisem ser transportadas, tais
como as que ficam em hidrantes de parede e
algumas destinadas à montagem de linha direta nas viaturas de combate a incêndio.

ACONDICIONAMENTO ADUCHADA

É o meio usual de acondicionamento, que consiste em


enrolar a mangueira dobrada ao meio, em direção às
extremidades guarnecidas de juntas, de modo a se
obter um rolo.

Essa forma de acondicionamento facilita o transporte


da mangueira e ainda possibilita o uso de técnicas
rápidas de desenrolamento.

Como muitas vezes o serviço de combate a incêndio


requer o deslocamento da guarnição e o transporte de
mangueiras para desenrolamento longe da viatura,
esse é o meio de acondicionamento mais usado

CONDICIONAMENTO EM ESPIRAL

Este acondicionamento é empregado para o


armazenamento de mangueiras em almoxarifados ou cujo
emprego seja remoto, pois impede um desenrolamento
rápido.

Consiste em enrolar, a partir de uma junta, a mangueira


entre si mesma, formando uma espiral que termina na junta
oposta evitando dobra.

93
6.2 MANGOTES

Mangotes são condutores de borracha para conduzir a água em sucção, da fonte de suprimento até
a bomba de incêndio, sofrendo, internamente, pressão negativa, razão pela qual são reforçados por
anéis com a finalidade de não se colabarem no ato da sucção.

As mangueiras suportam apenas pressão positiva em seu interior e, caso fossem usadas para
sucção, ocorreria o colabamento de suas paredes internas. Por outro lado, os mangotes, devido
aos anéis de reforço para evitar o colabamento, não possuem a flexibilidade e maleabilidade das
mangueiras, sendo assim úteis apenas para sucção.

Sempre são acompanhados de ralos e filtros, para que impurezas, da fonte de suprimento, não
atinjam o corpo de bombas.

Podem ser de diversos comprimentos e diâmetros sendo mais


comuns os de 2 ½ “(duas e meia polegada) ou 4” (quatro
polegadas).

6.3 MANGOTINHOS
Mangotinhos são tubos flexíveis de borracha, reforçados para
resistir a pressões elevadas e dotados de esguichos próprios.

São acondicionados nos auto-bombas em carretéis de


alimentação axial, o que permite desenrolar parte do mangotinho
e funcionar a bomba sem necessidade de acoplamento ou outra
manobra. Esse tipo de equipagem permite ainda o uso do
mangotinho sem que seja necessário o desenrolamento
completo.

Podem ser ligados a sistemas de água ou em baterias de PQS.

Pela facilidade de operação, os mangotinhos são usados em


incêndios que necessitam de pequena quantidade de água ou
grandes quantidades de PQS.

94
6.4 ESGUICHOS
Esguichos são peças metálicas ou não, montadas nas extremidades das mangueiras, destinadas
a dirigir, dar forma e controlar o jato d'água.

TIPOS DE ESGUICHOS

Esguicho agulheta (5) – É o tipo mais


simples de esguicho encontrado,
sendo de diâmetro menor que a
mangueira. Esse esguicho só produz
jato compacto e é mais comumente
utilizado nos hidrantes das instalações
prediais.

Não é muito bom para o combate por


não apresentar opções de forma e
controle do jato d`água.

Esguicho regulável (4) – Esse tipo de


esguicho é utilizado quando se deseja
jato em forma de chuveiro (neblinado)
ou jato compacto. Os jatos em
neblinado ou chuveiro são produzidos
devido ao choque dos filetes formado
pelo desvio da água em sua trajetória,
motivo pela existência na boca do
esguicho de um disco que obriga a
água chocar-se contra seu rebordo de
saída.

A regulagem é feita por um


rosqueamento na manopla que desloca o disco na parte interna e altera o ponto de choque da água
dando forma ao jato.

Esguicho universal (3) – Esse tipo de esguicho recebe essa denominação pelo jato que permite
a produção de jato compacto, jato neblinado (ou chuveiro) e jato em forma de neblina. Na parte
interior possui dois orifícios de saída de água, um superior livre por onde é expelido o jato compacto
e outro inferior, de maior diâmetro, onde é encaixado o Aplicador de Neblina (2) (um prolongador
para aplicação de neblina) ou crivo para obtenção do jato em forma de chuveiro.

Esguicho canhão (1) – Esse esguicho é empregado quando se necessita jatos de grande alcance
e grande volume de água. É constituído de um tubo cilíndrico cônico e trabalha geralmente apoiado
no solo. Motivo pelo qual é dotado de pés promovidos de garras; podendo também ser montado
sobre a própria viatura que o transporta, a qual possui dispositivo próprio de fixação.

95
Esguicho Torre d`água

Consiste em um esguicho especial do tipo agulheta, com diversas bocas móveis, articulado por
meio de junta estanque, que permite o movimento vertical da seção anterior do esguicho. É
montado na extremidade de uma auto escada e alimentado por uma linha de mangueiras, sendo
operado desde o solo através de cabos de comando.

Esguicho de alta pressão

Devido à sua forma, os esguichos de alta pressão são comumente chamados de “pistolas”. Em
alguns casos também são chamados de “atomizados” pela capacidade que possuem de
pulverização da água.

São empregados em serviços que requeiram água em forma de chuveiro à alta pressão, como
interiores de residências, lojas, etc.…, onde o combate com esse meio tem se revelado de grande
eficiência, tendo em vista o baixo consumo de água. As “PISTOLAS” operam com bombas que
fornecem até 600 lbs, acoplados em mangotinhos dos auto- bombas.

Possuem injetado em plástico com acabamento ergonômico apropriado a comportar uma mão
fechada, com acomodação para os dedos. Tem um ângulo de inclinação de aproximadamente 30°
e um desenho que permite boa fixação quando o operador estiver usando luvas.

Equipado com alavanca de vazão em peça de plástico de uso fácil e seguro, permitindo que o
usuário tenha controle efetivo da válvula de controle de vazão.

O controle de vazão é em anel no mesmo material do corpo do esguicho, e tem gravado de forma
indelével as indicações de 30, 60, 95 e 125 que indicam a vazão existente na linha expressa em
galões por minuto.
Além das 4 indicações básicas tem uma última posição que permite abertura total do corpo do
esguicho (flush), permitindo assim a saída de qualquer sujeira que venha a se alojar no corpo do
interno no esguicho.

96
Esguicho Proporcionador de Espuma – Esse esguicho é destinado à produção de espuma
mecânica. Possui um dispositivo para captação
de ar, tubo pescante e ralo.

A aspiração do extrato gerador é feita através


do princípio de Venturi; a redução do diâmetro
do esguicho (2), na ligação com o tubo pescante
(3), aumenta a velocidade da água, resultando
em pressão negativa no interior do tubo e a
conseqüente sucção do estrato gerador de
espuma, esta etapa mistura o LGE à água na
proporção adequada. O corpo do esguicho
funciona como batedor, também pelo princípio
de venturi (1) o ar é adicionado à mistura água-
LGE.

Esguicho Gerador (ou Produtor) de Espuma – (6 e 7) – É um esguicho destinado a adicionar ar


à mistura água / Líquido gerador de espuma, a qual é formada no aparelho proporcionador de
espuma (ENTRE-LINHAS); É composto internamente por um tubo venturi e aletas para captação
de ar para adicionar ar e produzir ou gerar a espuma mecânica.

Anteriormente este esguicho era chamado de Esguicho Lançador de Espuma, mas ele não lança
espuma, quem faz isso é a pressão da bomba, ele apenas

Esguicho de Vazão Regulável – Semelhante ao esguicho regulável, contudo possui alavanca


para fechamento independente do regulador de jato e possui regulagem de vazão, o que permite
regular a vazão (obviamente em proporção inversa da pressão).

97
6.5 MATERIAIS HIDRÁULICOS ACESSÓRIOS

Entende-se por material hidráulico acessório, todo aquele que será utilizado para auxiliar no
emprego dos materiais hidráulicos, dependendo do esquema a ser montado.

DIVISOR
É um aparelho que recebe uma linha de
mangueiras, denominada ADUTORA, para
dividi-la em duas ou três LINHAS DE
ATAQUE.

No divisor, a boca que recebe a ADUTORA


denomina-se boca de
admissão e as demais se chamam boca
de expulsão, sendo todas elas do tipo STORZ.

COLETOR

É um aparelho de metal que tem uma única saída e duas ou


mais entradas para água, podendo coletá-la de fontes
distintas. Possuindo ou não registro de paragem e providos
de juntas de união, do tipo engate rápido (STORZ) nas
admissões e expulsões. Alguns são providos internamente de
válvula de retenção, para recalques a grandes alturas. O
diâmetro de ambas as entradas, admissão e expulsão, será
normalmente de 63mm.

VÁLVULA DE RETENÇÃO

E uma válvula utilizada para permitir o fluxo de água em um único


sentido e também para montar a coluna d'água em operações de
sucção e recalque. Podemos encontrar este tipo de material,
isoladamente, ou em conjunto com outros acessórios, tais como
coletor, filtro, esguicho canhão, etc..

Existem dois tipos de válvula de retenção:


- Válvula de retenção vertical;
- Válvula de retenção horizontal.

98
APARELHO PROPORCIONADOR DE ESPUMA ENTRE-LINHAS

É um acessório utilizado para aduzir extrato à água, na proporção desejada, que varia de 1 a 6%,
dando origem à pré-mistura (água + extrato), cujo esguicho próprio para espuma gerará e lançará
a espuma mecânica.

O misturador “entrelinhas” dispõe de


dispositivo “venturi”, que succiona o LGE
e possui válvula dosadora, com
graduação variando de 1 a 6%, para ser
usada conforme o tipo de LGE.

O proporcionador pode ser usado entre


dois lances de mangueiras, daí o nome
“entrelinhas”, diretamente da expedição
bomba ou junto ao esguicho.

Na utilização do proporcionador, deve-se observar


a diferença de altura e a distância entre ele e o equipamento formador de espuma. Os
equipamentos não devem estar em desnível superior a 4,5 m e a uma distância superior a 45 m.

Sob pena de prejudicar a formação da espuma, a pressão de entrada no proporcionador deve ser
7 kgf/cm2 (100 PSI) e nunca inferior a 5 kgf/cm2 (75 PSI).

Encontra-se esse acessório nos diâmetros de 38mm, 63mm e providos de juntas de união, do tipo
STORZ.

CHAVES

São ferramentas utilizadas para facilitar o acoplamento e desacoplamento de juntas de união e


tampões ou, ainda, para abertura e fechamento de registros.

Chave de registro de Hidrante Tipo PISTÃO (2)– para abrir os registros de hidrantes que não
possuem volantes. É utilizada juntamente com LUVAS DE REGISTRO DE HIDRANTES (1) que
são peças que adaptam os diversos calibres de pistão ao tamanho

99
Chave de registro de Hidrante tipo VOLANTE – para abrir os registros de hidrante que possuem
volante e os mesmos encontram-se além do alcance de um braço. O conector triplo da extremidade,
chamado de “pé de galinha” é encaixado no volante da válvula e ao se girar a barra transversal, a
torção é transmitida ao volante permitindo a operação da válvula.

Chaves de conexão – são chaves que se destinam a


facilitar as manobras de acoplamento e desacoplamento
de juntas ou a abertura e fechamento de bocais.

1) Chave de hidrante – para permitir a abertura e


fechamento das tampas de bocais de hidrantes.

2) Chave de mangote – para acoplamento de


desacoplamento.

3, 4 e 5) Chaves de mangueira – para acoplamento e


desacoplamento de juntas do tipo Storz.

PASSAGEM DE NÍVEL

É utilizada para embutir as


mangueiras que se encontram nas
vias com tráfego de veículos,
protegendo-as do impacto com as
rodas e a conseqüente interrupção
do fluxo de água quando sob pressão.

100
JUNTAS DE UNIÃO

São peças metálicas empregadas para


que se possibilite a união de
seções de mangueiras entre si. O
processo mecânico que instala esses
acessórios chama-se
empatação. Os tipos existentes são
os de rosca americana utilizadas
principalmente em mangotes e as
alemãs denominadas STORZ, usadas nas
mangueiras. Os
tamanhos são correspondentes aos
diâmetros dos condutores, acima
descritos.

REDUÇÕES

Peças metálicas utilizadas para correção do


diâmetro da junta de união, quando houver diferença
que impossibilite o acoplamento.

ADAPTADORES

Acessórios metálicos que possibilitam o


acoplamento de juntas de união diferentes, como, por
exemplo, o acoplamento de uma junta de união de
rosca fêmea ou macho com uma junta de união do tipo
STORZ.

101
RALO COM VÁLVULA DE RETENÇÃO

Acessório utilizado para impedir a entrada de corpos


estranhos que possam danificar as bombas e demais
acessórios hidráulicos quando é feita a sucção por meio
de mangotes. As grades do ralo impedem que pedras
e galhos maiores sejam sugados com a água e a
válvula de retenção impede que a água retorne ao
manancial e segura a coluna d’água nos casos de
Viaturas que não possuem bombas de escorva para
sucção.

CESTO

Material utilizado como complemento adicional ao ralo, pois, suas malhas impedem a entrada de
corpos estranhos menores no interior das bombas.

6.6 HIDRANTES

São dispositivos existentes em redes hidráulicas que possibilitam a captação de água para
emprego nos serviços de bombeiros, principalmente no combate a incêndio. Esse tipo de material
hidráulico depende da presença do homem para utilização final da água no combate ao fogo. É a
principal instalação fixa de água, de funcionamento manual.

HIDRANTE DE COLUNA DO TIPO BARBARÁ

Esse tipo de hidrante é o mais comumente encontrado pelas ruas e


avenidas do Estado, destinando-se ao abastecimento de água dos
centros urbanos, nos combates a incêndios. Sua abertura é feita
através de um registro de gaveta, cujo comando é colocado ao seu
lado.

Esse tipo de hidrante é utilizado no lado externo das edificações


ligado à rede pública de abastecimento própria.

102
HIDRANTE INDUSTRIAL

É um dispositivo existente em redes hidráulicas, no interior de


indústrias, que possibilitam a captação de água, para emprego no
serviço de bombeiro. Esse tipo de hidrante é utilizado com água da
Reserva Técnica de Incêndio (RTI11) da empresa.

HIDRANTE DE PAREDE
É um hidrante adaptado ao Sistema Hidráulico Preventivo (SHP)
das edificações, para proteção contra incêndio. É encontrado
embutido ou encostado na parede, podendo ser disposto em abrigo
especial onde se encontram também os lances de mangueiras,
esguicho e chave de mangueira.

É um hidrante adaptado ao Sistema Hidráulico Preventivo (SHP)


normalmente localizado em frente às edificações. Utilizado pelos
bombeiros para pressurizar e abastecer o sistema hidráulico,
possibilitando, assim, que todos os hidrantes de parede da
edificação tenham pressão e água para o combate a incêndios.
É utilizado em caso de
extrema necessidade como manancial para abastecer as viaturas do Corpo de Bombeiros Militar
do Espírito Santo em locais onde não haja outro disponível.

103
6. ÁGUA e ESPUMA

Apesar da grande variedade de agentes extintores, os mais utilizados pelos bombeiros são a água
e a espuma. Pelo menos, salvo as viaturas especializadas para combate a incêndio em aeródromos
que possuem grandes baterias de PQS, as viaturas regulares de combate a incêndio permitem o
combate com água do tanque e Espuma (bombonas de LGE).

Em virtude disso, dedicamos neste capítulo uma atenção especial a esses agentes extintores
aprofundando um pouco acerca do seu uso nas operações de combate a incêndio.

7.1 PROPRIEDADES EXTINTORAS DA ÁGUA

A água é capaz de absorver grandes quantidades de calor e quanto maior a sua fragmentação mais
rápida a absorção de calor.

A transformação da água em vapor é outro fator que influencia na extinção de incêndios. Seu
volume aumenta 1.700 vezes, na passagem do estado líquido para o gasoso. Este grande volume
de vapor d’água desloca um volume igual de ar ao redor do fogo, reduzindo, deste modo, a
quantidade de oxigênio disponível para sustentar a combustão.

Para um melhor entendimento, imaginar um esguicho descarregando 300 lpm (litros por minuto) de
água, em um local com temperatura maior que 100ºC. A essa temperatura, a água transformar-se
á em vapor. Durante um minuto de operação, 300 litros de água serão vaporizados, expandindo-
se para cerca de 510.000 litros (300 x 1.700) de vapor. Esse vapor é suficiente para ocupar um
compartimento medindo 17m de comprimento por 10m de largura e 3m de altura. Em atmosferas
extremamente aquecidas, o vapor se expande em volumes ainda maiores. Essa expansão é rápida,
e se o local estiver tomado por fumaça e gases, o vapor, ali gerado, expulsará esses gases.

O correto entendimento e aproveitamento desse potencial da água são indispensáveis no combate


a incêndio de qualidade.

7.2 PRESSÃO

Pressão é a ação de uma força sobre uma área. Em termos práticos, isto é, no serviço de
bombeiros, a pressão é a força que se aplica na água para esta fluir através de mangueiras,
tubulações e esguichos, de uma extremidade a outra. É importante notar que o fluxo em si não
caracteriza a pressão, pois se a outra extremidade do tubo estiver fechada por uma tampa, a água
estará “empurrando” a tampa, apesar de não estar fluindo.

Pressão Dinâmica - É a pressão de descarga, medida na expedição, enquanto a água está fluindo.

Pressão Estática - É a pressão sobre um líquido que não está fluindo, por exemplo, uma
mangueira com esguicho fechado, sendo pressurizada por uma bomba. A ação da

104
gravidade pode, também, produzir pressão estática. Por exemplo, no fundo de um tanque haverá
pressão, resultante do peso da água sobre a área do fundo do tanque.

Perda de Carga - A água sob pressão tende a se distribuir em todas as direções, como quando se
enche uma bexiga de borracha com ar., Contudo, as paredes internas de mangueiras, tubulações,
esguichos, etc. impedem a expansão da água em todas as direções, conduzindo-a numa única
direção. Ao evitar a expansão da água, direcionando- a, as paredes absorvem parte da força
aplicada na água, “roubando” energia. Isto explica por que a força aplicada diminui de intensidade
à medida que a água vai caminhando pelas tubulações. A isto chamamos perda de carga.

A força da gravidade é um outro fator que acarreta perda de carga. Quando a água é recalcada
de um nível inferior para um nível superior, a força da gravidade “puxa” a água para baixo, o que
diminui a pressão. A força da gravidade também poderá ser utilizada no aumento da pressão, ao
se fazer a água fluir de um nível superior para um nível inferior.

Se considerarmos o pé-direito12 de um pavimento medindo 3 metros e arredondando a soma da


altura de 3 pavimentos para 10m (o metro a mais será contado para que seja considerada a
perda de carga por atrito na tubulação), então temos que em 3 pavimentos perde-se, por
gravidade 10 m.c.a. o que corresponde a, aproximadamente, 1Kgf/cm2 ou 15 Lb/pol2 (PSI –
Pound Square Inch).

, Devido aos arredondamentos desfavoráveis que consideram a perda por atrito, se dividirmos por
3, temos que a perda de carga por gravidade pode ser considerada em termos práticos da
seguinte forma:

1 pavimento = perda de 0,3 kgf/cm2 ou 5 Lb/pol2.


Pressão Residual - Conhecida como “pressão no esguicho”, é a pressão da bomba de incêndio
menos a perda de carga com a variação de altura.

Golpe de Aríete - Quando o fluxo de água, através de uma tubulação ou mangueira, é interrompido
de súbito, surge uma força resultante que é chamada “golpe de aríete”. A

12 Medida do piso ao teto


súbita interrupção do fluxo determina a mudança de sentido da pressão (da bomba ao esguicho,
para do esguicho à bomba), sendo esta instantaneamente multiplicada. Esse excesso de

105
pressão causa danos aos equipamentos hidráulicos e às bombas de incêndio.

Os esguichos, hidrantes, válvulas e estranguladores de mangueira devem ser fechados


lentamente, de forma a prevenir e evitar o golpe de aríete.

EFEITO BERNOULLI
Para entender o funcionamento da aplicação da espuma e da ventilação hidráulica (tópicos que
serão vistos adiante) é necessário que se entenda o efeito Bernoulli. O efeito Bernoulli ocorre na
movimentação dos fluídos, por isso, aplica-se à água e também ao ar, como aos demais fluídos.

O princípio de Bernoulli indica que um fluído, ao passar


por um estreitamento, como o de um tubo Venturi, ganha
velocidade, energia cinética, às
custas da pressão do fluído. É o que se pode ver na figura
ao lado com um fluxo de ar (flow) fazendo com que a água
(no tubo estreito inferior) penda para o lado esquerdo devido
à diferença de pressão do fluído nas duas partes do tubo
maior.

Esse princípio tem vasta aplicação na atividade de bombeiros.


Como visto anteriormente, ele explica e
permite o funcionamento do aparelho entrelinhas e
do
esguicho produtor de espuma. Além disso, verificamos o princípio também no emprego das
variadas técnicas de manejo do esguicho.

JATOS D’ÁGUA

Para a aplicação de água e aproveitamento de seu potencial como agente extintor, os bombeiros
valem-se de equipamentos hidráulicos que se destinam a armazenar, conduzir e lançar água.
Tanques armazenam água, hidrantes a fornecem, tubulações e mangueiras a conduzem,
bombas a impulsionam (daqui que se origina o nome bombeiro
– Operador de bomba) e esguichos dão “forma” ao jato d`água.

106
Muito cedo na história dos equipamentos de bombeiro percebeu-se que se alterando a extremidade
por onde a água é lançada, altera-se o jato. Fazemos isso, por exemplo, com uma mangueira de
jardim. Obstruímos parte do furo obrigando a água a se deslocar com maior velocidade a fim de
manter a vazão e, com isso, ganha-se pressão dinâmica e alcance do jato.

Assim nasceu a concepção dos esguichos. Inicialmente, cada esguicho prestava-se a um tipo de
jato e apenas dava forma. Como o tempo, regulagens foram acrescidas e as funções passaram a
ser mais variadas.

Um esguicho ainda antigo, chamado de “universal” permitia o emprego de um jato compacto pela
passagem livre de água por um duto, e um jato pulverizado (chuveiro) forçando a passagem da
água por um crivo que “quebrava” o jato.

Outro esguicho, foi o regulável, amplamente utilizado no Brasil até os dias de hoje. Ele permitia o
fechamento da água, além de regular o jato desde um estreito cilindro a um cone amplo, bastando,
para isso, o giro do bocal.

Um esguicho interessante, foi o de vazão regulável. Além da regulagem do jato, ele permitia a
regulagem de vazão e a abertura e fechamento da passagem de água em mecanismos
independentes. Esse esguicho foi pouco utilizado pelo desconhecimento acerca das técnicas de
emprego e pelo peso que apresentava em sua modelagem inicial, já que era feito em pesadas
peças de uma liga metálica.

Com o desenvolvimento dos materiais, o esguicho de vazão regulável evoluiu para o esguicho
combinado. Feito de polímero e modelado por computador, o esguicho combinado permite, por
meio de mecanismos independentes, a regulagem de jato, a regulagem de vazão e a abertura e
fechamento rápidos. Isso permite o emprego de variadas técnicas de manejo que resultam em
diferentes aplicações de água.

O esguicho usado pelo CBMES foi desenvolvido para trabalhar com uma pressão residual de 100
PSI e possui regulagem de vazão de 30, 60, 95 e 125 gpm13 o que equivale a cerca de 115 a 470
lpm (14). Opera com uma alavanca ligada a uma válvula tipo globo que permite a abertura e o
fechamento rápido independentemente das regulagens de jato e vazão.

Esse esguicho permite o emprego das técnicas apresentadas mais adiante.

Uma das mais importantes variações na aplicação da água é a respeito do JATO. Os jatos podem
ser classificados em:

- Jato “sólido” (ou compacto)

- Jato compacto

- Jato neblinado amplo

- Jato neblinado estreito

13 Galões por minuto


14 Litros por minute

- Jato neblina

O uso do esguicho agulheta ou de um smooth-bore permite apenas o emprego do jato “sólido”, que
veremos a seguir.
107
JATO “SÓLIDO”

Sólido não é um termo correto para se designar um jato de água, uma vez que o agente é lançado
na forma líquida, mas, na falta de outro termo cunhado para designar esse jato, empregaremos o
termo consagrado oriundo da designação em inglês solid stream.

Sólido, obviamente, não se trata do estado físico da água, mas refere-se à plenitude do agente no
jato. O jato sólido é produzido pelo esguicho agulheta ou por esguichos de jato sólido15 (um tipo
agulheta com mecanismo
de abertura e fechamento).

Eles nada mais são do que um mero


estreitamento, ou seja, a água é lançada
preenchendo todo o cilindro do jato,
inclusive o interior, daí o termo “sólido”, uma
vez que o jato é completamente preenchido.

Esse tipo de jato tem grande alcance e pode


ser usado com pressões relativamente
baixas (50 a 80 psi), dependendo do
desenho do esguicho.

O “ponto de quebra” é o ponto a partir do qual o jato perde a configuração de jato contínuo e
passa a se fragmentar em grandes gotas que cairão ao solo, não penetrando no material como se
desejava, e, muitas vezes, nem alcançando o material.

Por não estar fragmentado, o jato compacto chegará ao ponto desejado com maior impacto,
atingindo camadas mais profundas do material em chamas, o que pode ser observado em materiais
fibrosos.

Devido ao seu maior alcance, ele é apropriado para emprego no combate em modo defensivo
(externo) e/ou para atingir focos no interior de cômodos com dimensões amplas.

15 Em inglês, o equipamento é chamado de smooth-bore nozzle ou solid-bore nozzle

108
Muitos corpos de bombeiros americanos baseiam suas técnicas de combate apenas no emprego
do jato sólido e, por isso, usam apenas esguichos manuais do tipo smooth-bore.

Dentre as vantagens do uso de jatos sólidos, destacamos:

- Produz pouco vapor de água quando usado em operações ofensivas;

- Tem o maior alcance, permitindo combate à distância;

- Opera com pressões baixas, reduzindo o recuo da mangueira;

- Permite mais fácil mobilidade da linha devido à menor pressão e ao menor recuo;

- Tem maior poder de penetração;

Há, entretanto, desvantagens, dentre as quais citamos:

- O uso do esguicho de jato sólido não permite o emprego de muitas técnicas;

- O jato promove uma menor absorção de calor por litro de água que outros jatos mais
fragmentados;

O uso de esguichos com regulagem de jato, notadamente o esguicho combinado, permite o


emprego de mais de um tipo de jato, os quais veremos adiante:

JATO COMPACTO

Por muito tempo no Brasil designou-se o jato mais “fechado” produzido pelo esguicho regulável da
mesma maneira que o jato produzido pelos esguichos de jato sólido. Entretanto, os dois jatos são
fundamentalmente diferentes.

Enquanto que o jato de um esguicho tipo smooth-bore é completamente preenchido de água, o jato
mais compacto produzido por um esguicho com regulagem de jato é “oco”. O “miolo” do jato é vazio.
Isso se deve ao mecanismo de regulagem de jato que é um anteparo móvel que força a água ao
redor dele deixando o interior do cone vazio.

No idioma americano a diferenciação já começa no termo. Enquanto que o jato produzido por um
esguicho de jato sólido é chamado de solid stream o jato parecido produzido por um esguicho de
jato regulável é chamado de straight stream (jato direto ou reto). O último termo destaca que, apesar
da forma ser parecida, o segundo jato não é preenchido, não é “sólido”.

A falta de diferenciação dos termos em português em muito contribuiu para confusão entre os dois.

109
Para diferenciar, adotaremos o seguinte: chamaremos o jato produzido pelo esguicho agulheta ou
similar de jato sólido e o jato mais fechado produzido pelo esguicho com regulagem de jato de
jato compacto.

O emprego de ambos é semelhante, porém, o jato compacto não tem o mesmo alcance devido à
fragmentação da água provocada pelo anteparo que dá forma ao jato. Isso, por outro lado, aumenta
um pouco a capacidade de absorção de calor. Apesar de ter um alcance menor, como o jato
compacto pode ser usado em um esguicho com regulagem de jato, ele acaba por se tornar mais
versátil, já que o uso de esguichos com regulagem de jatos permitem o emprego de variadas
técnicas de combate.

JATO NEBLINADO

Neste tipo de jato, a água fragmenta-se em gotas. É usado quando a absorção de calor pretere o
alcance. A fragmentação da água oferece uma maior área de contato o que permite absorver maior
quantidade de calor que os jatos sólido ou compacto.

Devido ao alcance reduzido e à grande influência que sofre do vento, o jato neblinado encaixa-se
melhor em táticas de combate ofensivas.

O jato neblinado assume forma de um cone cuja parede é formada por gotas de água. Conforme a
abertura do cone, o jato é dividido em neblinado estreito e neblinado amplo.

110
A abertura do cone influencia na aplicação do jato, uma vez que, quanto mais aberto, maior a
fragmentação da água e consequentemente, menor a velocidade, menor o alcance e maior a
absorção de calor.

Há esguichos que produzem um cone vazio e outros, que produzem um cone “cheio”. O cone cheio,
na verdade, não é cheio, mas possui outro cone mais estreito em seu interior.

Outra característica do jato neblinado é que oferece muito menor dificuldade de guarnecimento da
mangueira, pois o recuo provocado por esse jato é muitíssimo menor.

Devido à velocidade da água e área de contato com o ar, por causa do princípio de Bernoulli, o jato
neblinado provoca um grande arrasto dos gases ao redor, seja ar ou fumaça. Essa característica
possibilita o emprego desse jato para ventilação (ver capítulo específico).

O neblinado estrito, devido às suas características, é muito útil para a proteção contra calor
irradiado podendo ser usado para proteger os bombeiros de uma linha ou até mesmo material não
queimado.

A fragmentação da água, faz com que ela absorva calor muito mais rapidamente que nos jatos
compacto e sólido devido a isso e à própria fragmentação, o jato neblinado produz uma quantidade
maior de vapor e o faz mais rapidamente.

Para que a fragmentação seja eficiente, a pressão residual deve ser elevada, caso contrário as
gotas produzidas serão grandes demais, destruindo as características vantajosas desse jato. O
esguicho combinado utilizado pelo CBMES foi desenhado para ser eficiente com uma pressão
residual de 100 psi (aproximadamente 7 kgf/cm2).

111
JATO NEBLINA

Ampliando mais a abertura da regulagem do jato nos esguichos, chega-se a um ponto no qual,
dependendo da pressão aplicada, o cone se desfaz, perde a forma e não há mais verdadeiramente
um “jato”, mas uma névoa de gotículas de água sai do esguicho.

Devido ao tamanho das gotículas e da baixa velocidade do jato neblina, ele sofre grande influência
do vento e tem pouco alcance.

Em virtude da maior fragmentação (as gotículas são menores), a água se vaporiza mais
rapidamente que nos jatos compacto e neblinado, absorvendo o calor com maior rapidez. Isso
provoca uma geração rápida e grande de vapor de água.

Geralmente a neblina é obtida pelo uso do aplicador de neblina acoplado ao esguicho universal.
Alguns esguichos combinados, quando aplicadas pressões elevadas, podem produzir um jato
quase tão pulverizado quanto o obtido pelo aplicador de neblina.

Com esses tipos de jato e com as demais regulagens que mecanismos nos equipamentos
hidráulicos permitem, podemos empregar variadas técnicas para aplicação de água no combate a
incêndios.

TÉCNICAS DE MANEJO DO ESGUICHO E APLICAÇÃO DE ÁGUA

A aplicação de água por uma linha de mangueira pode ser muito diversificada. A forma e eficiência
com que a água é lançada varia conforme vários fatores:

Pressão – quanto maior a pressão imprimida pela bomba, maior pode ser a velocidade com que
flui a água ao deixar o esguicho. Em consequência disso, em um esguicho com a regulagem
mantida, a pura variação da pressão acarretará mudanças no jato como alcance, dispersão,
fragmentação, etc...

Vazão – quanto maior a vazão, maior a quantidade de água que flui, o que é óbvio. Menos óbvio
é que a vazão interfere na fragmentação do jato e, principalmente, é o fator que mais influi no
“recuo” da mangueira. Quanto maior a vazão, maior a força que o jato d’água faz empurrando a
mangueira para trás e maior também será o golpe de aríete provocado pela interrupção brusca no
fluxo de água.

Velocidade – a velocidade com que a água sai interfere no formato, na fragmentação e no alcance
do jato d’água. Interfere também no recuo, mas menos que a vazão. Ela é

112
diretamente influenciada pela pressão imprimida pela bomba, mas pode ser alterada por outros
meios como fechamento parcial do esguicho e a posição do anteparo do esguicho.

Regulagem do jato – a regulagem de jato possibilitada pelo esguicho permite uma variação no
jato afetando principalmente o formato do jato, além disso, a fragmentação e a velocidade da água
(conforme já visto).

Abertura – a abertura do esguicho interfere no jato. A quantidade de água lançada e, até certo
ponto, a velocidade da água, são grandemente influenciadas pelo manejo do mecanismo de
abertura

Combinando as regulagens possíveis, temos várias técnicas de combate a incêndio baseadas no


manejo do esguicho e na aplicação de água.

Não importa a técnica utilizada, não podemos deixar de lembrar o seguinte:

- Qualquer jato de água sobre um mesmo ponto por mais de 3 segundos é ineficiente. Se
nesse tempo o jato não for Capaz de sobrepujar as chamas (taxa de absorção de calor < taxa de
liberação de calor) é sinal que é necessário aumentar a capacidade de resfriamento pelo aumento
da quantidade de água (maior vazão ou mais linhas) ou pela otimização de seu emprego (maior
fragmentação).

- Excesso de vapor de água é prejudicial ao combate, pois:

o Perturba o balanço térmico trazendo aos níveis mais baixos o excesso de calor dos níveis
superiores

o Com a descida do plano neutro, perde-se visibilidade;

o O vapor penetra na capa de aproximação queimando os bombeiros;

- Água que escorre é água desperdiçada, pois ela absorve muito mais calor para evaporar e
como vapor do que para aquecer no estado líquido.

7.3 ESPUMA

A espuma é uma das formas de aplicação de água. É constituída por um aglomerado de bolhas de
ar, ou gás, formada por solução aquosa. Flutua sobre os líquidos, devido à sua baixa densidade.

A espuma apaga o fogo por abafamento, mas, devido à presença de água em sua constituição,
age, secundariamente, por resfriamento.

113
ATUAÇÃO DA ESPUMA

A espuma atua sobre os líquidos inflamáveis de três formas:

Isolando o combustível do ar: A espuma flutua sobre os líquidos, produzindo uma cobertura que
impede o contato com o ar
(Oxigênio), extinguindo o incêndio por abafamento.

Resfriando o combustível:
A água na espuma, ao drenar, resfria o líquido e,
portanto, auxilia na extinção do fogo.

Isolando os gases inflamáveis: Os líquidos podem


liberar vapores inflamáveis. A espuma impede a
passagem desses vapores, evitando incêndios.

FORMAÇÃO DA ESPUMA

A espuma pode ser formada por reação química ou processo mecânico, daí as denominações
espuma química ou espuma mecânica.

Espuma química - É formada pela reação do bicarbonato de sódio e sulfato de alumínio.

Devido às desvantagens que apresenta, vem se tornando obsoleta, uma vez que a espuma
mecânica é mais econômica, mais eficiente e de fácil utilização na proteção e combate ao fogo.

Espuma mecânica - É formada pela mistura de água, líquido gerador de espuma (ou extrato
formador de espuma) e ar.

O líquido gerador de espuma é adicionado à água através de


um aparelho (proporcionador), formando a pré-mistura (água e
LGE). Ao passar pelo esguicho, a pré-mistura sofre batimento e
o ar é, dessa forma, a ela acrescentado, formando a espuma.
As características do extrato definirão sua proporção na pré-
mistura (de 1% até 6%).

Dentro das entrelinhas há um estreitamento, chamado de tubo


Venturi. O estreitamento provoca a aceleração da água que,
pelo efeito Bernoulli, provoca uma queda de pressão. Isso
arrasta o LGE para o fluxo de água.

114
A espuma mecânica é classificada, de acordo com sua taxa de expansão, em três categorias:

• Baixa expansão: quando um 1 litro de pré-mistura produz até 20 litros de espuma (espuma
pesada);

• Média expansão: quando 1 litro de pré-mistura produz de 20 a 200 litros de espuma (espuma
média);

• Alta expansão: quando 1 litro de pré-mistura produz de 200 a 1.000 litros de espuma (espuma
leve).

LÍQUIDO GERADOR DE ESPUMA (LGE)

É classificado, conforme sua composição química, em proteínico ou sintético.

LGE proteínico (ou protéico) - É produzido a partir de proteínas animais e vegetais, às quais são
adicionados (dependendo do tipo de extrato) outros produtos. A partir desta mistura, são obtidos
os vários tipos de extratos:

• Proteínico comum: é utilizado em combate a incêndio envolvendo líquidos combustíveis que


não se misturam com água (líquidos não polares). Possui razoável resistência a temperaturas
elevadas e proporciona boa cobertura. Não se presta ao combate a incêndio em solventes polares
(álcool, acetona) porque é dissolvido por eles. Solventes polares são aqueles que se misturam com
a água, consequentemente, destruindo a espuma;

• Flúor proteínico: é derivado do proteínico comum, ao qual foi acrescentado um aditivo fluorado,
que o torna mais resistente ao fogo e à reignição, além de dar maior fluidez à espuma. Proporciona
uma extinção bem mais rápida do fogo que o LGE proteínico comum. Também não deve ser
utilizado no combate a incêndios envolvendo solventes polares;

• Proteínico resistente a solventes polares: é obtido a partir de proteínas que são misturadas a
produtos especiais que aumentam a estabilidade da espuma contra solventes polares. Pode ser
usado tanto em incêndios em líquidos polares como não polares. Por este motivo é chamado de
“polivalente”.

Todos os LGE proteínicos somente se prestam a produzir espuma de baixa expansão.

LGE sintético - É produzido a partir de substâncias sintéticas.

As espumas sintéticas dividem-se nos tipos: comum, “água molhada”, “água leve” e espuma
resistente a solventes polares.

• Espuma sintética comum: pode ser usada em baixa expansão, média expansão, alta expansão
e também como água molhada.

Baixa expansão: espuma pesada e resistente, para incêndios intensos e para locais não
confinados. É a maneira de aplicação mais rápida e eficiente da espuma sintética comum.

Média expansão: mais leve que a baixa expansão e mais resistente que a espuma de alta
expansão.

115
Alta expansão: caracteriza-se por sua grande expansão, por causar um mínimo de danos, não ser
tóxica e necessitar de pouca água e pressão para ser formada. É ideal para inundação de
ambientes confinados (porões, navios, hangares). Nestes locais, deve haver ventilação para que a
espuma se distribua de forma adequada. Sem ventilação, a espuma não avança no ambiente.

O uso da espuma de alta expansão em espaços abertos é eficiente, mas depende muito da
velocidade do vento no local.

A espuma não é tóxica, mas a entrada do bombeiro dentro dela é perigosa, pela falta total de
visibilidade. Não se deve esquecer que a espuma produzida próxima ao local do fogo pode estar
com ar contaminado pelas substâncias tóxicas geradas pela combustão. Assim, o bombeiro deve
usar aparelhos de respiração autônoma para entrar na espuma, bem como um cabo guia.

Quanto maior a taxa de expansão, mais leve será a espuma e menor será sua capacidade de
resfriamento.

• AFFF – AQUOUS FILME FORMING FOAM (Espuma Formadora de Filme Aquoso) é uma
espuma sintética, à base de substâncias fluoretadas, que forma uma película aquosa que
permanecerá sobre a superfície do combustível, apagando o fogo e impedindo a reignição.

Pode ser aplicado com qualquer tipo de esguicho, embora seja recomendada sua utilização com
esguicho gerador (ou produtor de espuma), e é compatível com o pó químico, isto é, pode haver
ataque a incêndio utilizando os dois agentes extintores ao mesmo tempo. O AFFF não se presta à
alta ou média expansão.

Água molhada: trata-se da utilização do AFFF “6%” em proporção menores, de 0,1 a 1% na pré-
mistura, aplicado com esguicho regulável ou universal. É um agente umectante. Nesta proporção,
há baixa tensão superficial (menor distância entre as moléculas da água), permitindo maior
penetração em incêndios tipo classe A. Outra aplicação para a “água molhada” se dá como agente
emulsificador, para remoção de graxas e óleos (lavagem de pista, por exemplo);

• Sintética resistente a solventes polares: é uma espuma sintética à qual são acrescentados
aditivos que a tornam resistente a solventes polares. Presta-se para o combate a incêndio
envolvendo líquidos polares e não polares

APLICAÇÃO DE ESPUMA

A melhor maneira de aplicar espuma é lançá-la contra uma superfície sólida (anteparo, borda do
tanque, parede oposta ou outro obstáculo) de maneira que a espuma escorra, cobrindo o líquido
em chamas.
Se o líquido está derramado no solo (poças), deve-se, inicialmente, fazer uma camada de espuma
à frente do fogo, empurrando-a em seguida. O jato deve atingir toda a extensão da largura do fogo,
em movimentos laterais suaves e contínuos.

Não se deve jogar “espuma contra espuma”, porque a cobertura será destruída.

A espuma não deve ser jogada diretamente contra a superfície de um líquido em chamas, porque
o calor e o fogo irão destruí-la. Para se aplicar a espuma eficientemente, deve-se formar uma
camada com pelo menos 8cm de altura sobre o líquido inflamado.
Para uma boa formação e utilização da espuma, algumas regras básicas devem ser obedecidas:

116
• Usar o LGE adequado ao combustível que está queimando.
• Quanto mais suave for a aplicação da espuma, mais rápida será a extinção e menor a quantidade
de LGE necessária.
• As faixas de pressão de trabalho dos dispositivos de dosagem e formação deverão ser
observadas. Normalmente os esguichos trabalham a uma pressão de 5 kg/cm2.
• A espuma deve ser considerada idêntica à água quando usada em incêndios em equipamentos
energizados e em substâncias que reajam violentamente com a água.
• A espuma deve cobrir toda a superfície do combustível, fazendo uma vedação perfeita,
especialmente nos combustíveis altamente voláteis e nos solventes polares.
• A dosagem da pré-mistura (proporção água-LGE) deve obedecer às especificações do LGE.
• O esguicho utilizado deve ser compatível com o proporcionador. A vazão nominal do
proporcionador não pode ser maior que a do esguicho e nem menor.
• Antes de iniciar o trabalho, deve-se ter certeza de que há LGE e água suficientes.

CUIDADOS NA UTILIZAÇÃO DA ESPUMA

• Não utilizar espuma em incêndio de classe C e nem em materiais que reajam violentamente com
a água.

• LGEs diferentes não devem ser misturados, pois a mistura prejudica a formação da espuma.

• Alguns pós-químicos são incompatíveis com espuma. Se forem usados simultaneamente, pode
ocorrer a destruição da espuma (certificar-se de quais são os pós- químicos compatíveis, antes de
atacar o fogo, combinando ESPUMA + PQS).

• Os equipamentos devem ser inteiramente limpos com água, após o uso.

• Os equipamentos devem ser testados periodicamente. O LGE deve ser armazenado em


recipientes hermeticamente fechados, em ambientes que não excedam a temperatura de 45ºC e
não recebam raios solares diretamente.

• Os recipientes de LGE proteínicos, quando armazenados, devem ser inspecionados visualmente


a cada 6 meses, e, a cada inspeção, invertidos, a fim de evitar sedimentação.

117
7. FASES DO SOCORRO

O atendimento a uma ocorrência de incêndio urbano é denominado de socorro. Daí o prefixo rádio
das viaturas de combate a incêndio ser, em muitos locais, socorro. As viaturas são designadas de
Primeiro Socorro, Segundo Socorro e assim por diante.

Para um melhor estudo do atendimento às ocorrências de incêndio, dividiram-se os procedimentos


em fases, denominadas: fases do socorro.

O ciclo de uma ocorrência de incêndio inicia-se antes do atendimento, portanto, antes das fases
do socorro.

O ciclo de uma ocorrência de incêndio é o seguinte:

• Eclosão do incêndio
• Detecção do incêndio
• Acionamento do Corpo de Bombeiros
• Atendimento
• Pedido de perícia
• Trabalhos periciais

Dentro desse ciclo, o que nos interessa é o atendimento, cujas fases são o objeto do presente
capítulo. Tais fases são:

• Aviso
• Composição do trem de socorro (Partida)
• Deslocamento
• Reconhecimento
• Estabelecimento
• Combate
• Salvamento
• Rescaldo
• Relatório

AVISO

Aviso constitui a recepção do pedido de atendimento por parte do Centro de Operações ou do


Quartel de onde partirá o Socorro.

O aviso da ocorrência pode acontecer via rádio, quando é passado pelo Centro de Operações a
uma Unidade BM; via telefone, passado pelo solicitante, que pode ser outra Corporação como a
PM, por exemplo, que, por estar na rua, pode tomar conhecimento do sinistro antes dos bombeiros;
ou via pessoal, quando alguém se desloca até o quartel e avisa verbalmente do sinistro.

Esta fase é tão importante quanto qualquer outra. Nela o Operador de comunicações em contato
com o solicitante deve levantar o maior número de informações possíveis sobre a ocorrência.

Em um primeiro momento, o operador de comunicações deverá coletar as informações essenciais


para a composição do trem de socorro e para o deslocamento.

Para a composição do trem de socorro é necessário que se saiba a natureza da ocorrência para

118
que se possa equipar a viatura com o material necessário ao atendimento caso o equipamento
básico da viatura não seja suficiente.

Para que o deslocamento seja iniciado é necessário o endereço em linhas gerais (município e bairro
principalmente).

Outras informações devem ser coletadas durante o deslocamento do trem de socorro para que a
guarnição possa preparar-se mentalmente para a ocorrência e possa ir traçando um plano e
tomando providências.

Quanto mais informações sobre a ocorrência melhor, mas eis alguns exemplos de elemento de
informação de grande valia para o atendimento:

- Local exato do sinistro;


- Pontos de referência e melhores vias de acesso;
- Quantidade de pavimentos da edificação sinistrada;
- Pavimento (s) onde há foco (s);
- Existência de vítimas e quantidade;
- Se as vítimas estão dentro do incêndio;
- Se há pessoas no local ou está desabitado;
- Existência de SHP e se está funcionando;
- Hidrantes próximos;
- Tempo decorrido até o aviso;
- Existência e cor da fumaça;
- Existência e intensidade das chamas;
- Quantidade de cômodos tomados pelo fogo;
- Se há brigada de incêndio ou responsável pela edificação no local;
- Se há viaturas deslocadas em reforço ou se há viaturas que podem ser deslocadas em
reforço;
- Etc.

Dependendo da situação e mediante determinação do responsável pela operação o Operador de


comunicação pode ainda nesta fase tomar outras providências tais como:

- Acionar reforço de outra unidade;


- Acionar prefeituras para auxílio com carros-pipa;
- Acionar a concessionária de energia para desligamento de rede elétrica;
- Acionar a Polícia Militar para isolamento da área e controle do trânsito;
- No caso de locais difíceis de serem encontrados, solicitar a populares que se posicionem
em locais estratégicos e guiem as viaturas ao local do sinistro;
- Etc.

COMPOSIÇÃO DO TREM DE SOCORRO (partida)

Essa fase consiste tanto em compor o trem de socorro, ou seja, escolher quais viaturas deslocar-
se-ão para o atendimento à ocorrência bem como em providenciar os equipamentos necessários e
que não constem na carga básica da(s) viatura(s).

Conforme o caso, as seguintes viaturas podem compor o trem de socorro:

- Necessariamente, um Auto Bomba Tanque (ABT);

- Viatura do Chefe de Operações, caso decida comandar a ocorrência no local;

119
- Resgate, para o atendimento a vítimas do incêndio;

- Auto Busca e Salvamento (ABS) para operações de arrombamento e


salvamento que possam fazer-se necessárias;

- Auto Escada (AE) e/ou Auto Plataforma Hidráulica (APH), para armação de torre d’água e
para operações de salvamento no caso de incêndios verticalizados;

- Outras viaturas para transporte de material e pessoal em apoio.

Os equipamentos que não constem na carga básica da viatura serão providenciados de acordo
com a demanda determinada pela natureza da ocorrência, por isso é importante que o operador de
comunicações na fase de aviso consiga delinear as peculiaridades da ocorrência antes de repassar
o atendimento à guarnição.

DESLOCAMENTO

Consiste no deslocamento do trem de socorro até o local da ocorrência. Este deslocamento deve
ser feito atentando para a segurança dos bombeiros e das viaturas. Os sinais luminosos e sonoros
devem estar acionados e o cuidado deve ser extremo nos cruzamentos e curvas.

Convém lembrar que o Corpo de Bombeiros trabalha sobre rodas e de nada adianta possuir as
mais avançadas viaturas e equipamentos se estes não chegarem ao local do sinistro. Um acidente
pode transformar os bombeiros em vítimas e demandarem uma operação para seu atendimento
além de retardar ou impossibilitar o atendimento à ocorrência para a qual se deslocavam.

O deslocamento deve ser feito preferencialmente em comboio e deve seguir a velocidade


compatível com a via na qual se desloca.

O deslocamento deve ocorrer priorizando a segurança, pois, por melhores que sejam os
equipamentos, de nada valem caso um acidente impeça a viatura de chegar à ocorrência. Por isso,
deve-se tomar todo o cuidado no deslocamento para que se consiga chegar à ocorrência. São
cuidados básicos o acionamento dos sinais luminosos e sonoros.

Esta etapa remete à importância que deve ser dada aos Condutores e Operadores de Viaturas
(COVs). Os COVs devem ser bem selecionados e treinados.

Cumpre lembrar nesta fase também da importância que deve ser dada à manutenção das viaturas,
pois, já foi dito que “o bombeiro trabalha sobre rodas”. Caso as viaturas não funcionem não há
como chegar à ocorrência de maneira adequada.

RECONHECIMENTO

Chegando ao local do sinistro a primeira providência a ser tomada por parte do responsável pela
operação é o reconhecimento. Ao aproximar-se do local sinistrado o responsável já deve estudar
rapidamente um local seguro para o estabelecimento das viaturas. Este local deve estar isento de
riscos tais como desmoronamento, propagação do incêndio, acidentes automobilísticos e outros.

Depois de estabelecida a Vtr, antes do início das operações de combate, recomenda-se que se
confirmem as informações levantadas e repassadas pelo operador de comunicações ou que se
levante estas informações na impossibilidade de haverem sido levantadas anteriormente. O
Responsável pela operação deve, se for o caso, adentrar à edificação sinistrada acompanhado de
120
mais um ou dois auxiliares, equipados com aparelhos de respiração autônoma e cabo guia. No
interior da edificação devem:

- Localizar os focos;
- Levantar risco de propagação;
- Material combustível que está incendiando;
- Material combustível que pode ser atingido;
- Reconhecer vias de acesso ao foco e fuga;
- Levantar cômodos sinistrados;
- Determinar riscos à operação;
- Providenciar desligamento da rede elétrica caso ainda não haja sido feito;
- Determinar a armação inicial das linhas de combate definindo estratégias de combate;
- Verificar riscos na estrutura física da edificação;
- Outros conforme a situação peculiar.

Há uma observação a ser feita a respeito dessa fase. Se se considerar que reconhecimento se
trata da coleta de informações para o combate, ver-se-á que, na verdade, essa fase se inicia no
aviso com o operador de comunicações e durará enquanto durar os trabalhos de atendimento, seja,
até durante o rescaldo.
O POP do CBMES para o reconhecimento prevê o seguinte:

1. Ainda em deslocamento em contato com a central de operações:


- Verificar dimensões do incêndio, solicitando o reforço se já julgar necessário;
- Verificar quantidade de pavimentos na edificação e quais pavimentos estão sinistrados;
- Confirmar endereço e colher pontos de referência;
- Solicitar posicionamento de solicitante em via de maior movimento para indicar localização;
- Informar-se sobre localização de hidrante próximo;
- Informar-se sobre SHP na edificação ou próximo;
- Informar-se se há brigada de incêndio na edificação;
- Informar-se se o responsável pela edificação está no local, se não estiver, solicitar que se
tente contatá-lo;
- Informar-se se há suspeita ou confirmação da presença de vítima;
- Informar-se se há vítimas ainda presas na edificação;
- Solicitar apoio de outros órgãos (PM, trânsito, carros-pipa) SFC;
2. Aproximando-se do local, iniciar o reconhecimento visual dimensionando a cena, solicitando
reforço, se julgar necessário, e escolhendo local para posicionamento da Vtr considerando:
- Segurança do local, mesmo em prejuízo dos demais itens;
- Proximidade do sinistro;
- Proximidade de pontos de abastecimento;
- Espaço para manobras da Vtr e do possível reforço;
3. No local:
- Colherinformações junto aos populares, solicitante e/ou responsável pela
edificação;
- Confirmar existência, quantidade, provável localização e situação das vítimas;
- Certificar-se do desligamento da energia elétrica;
- Conhecer a dimensão do local atingido pelas chamas;
- Observar as vias de acesso , de escape e de ventilação;
121
- Avaliar os riscos de propagação na edificação sinistrada e para as edificações
vizinhas;
- Avaliar risco de ocorrência de fenômenos de pseudo-explosão ambiental;
- Avaliar as condições do fogo e da fumaça, verificando a direção do vento.
- Avaliar o risco de explosão ou colapso da estrutura.
- Conhecer as possíveis fontes de abastecimento.
- Avaliar outros riscos possíveis.
- Solicitar apoio (pessoal, material e viaturas), se necessário.
3. No local, em edificações de pequeno porte (sem SHP):
- Realizar o fechamento do registro do GLP e retirada de botijões preservados.
4. No local, em edificações de maior porte (que requerem SHP):
- Verificar a existência de vítimas na fachada externa e no terraço.
- Fazer com que os elevadores desçam ao térreo e aí permaneçam.
- Certificar-se do desligamento do sistema central de ar condicionado, caso exista.
- Realizar o fechamento do registro da central de GLP e a retirada de botijões, caso existam.
- Promover a evacuação.
- Solicitar apoio (pessoal, material e viaturas), se necessário.

Deve-se observar o seguinte quanto ao reconhecimento:


Y A operação de reconhecimento inicia-se ainda no deslocamento.
Y Toda a guarnição deve atentar para o reconhecimento fazendo fluir para o Ch as informações.
Y Reconhecimento é um processo dinâmico. Deve ser constantemente refeito até o fim da
ocorrência.

ESTABELECIMENTO

Essa fase consiste no posicionamento tático dos meios materiais para o combate a incêndio.
Compreende desde o posicionamento da(s) viatura(s) até à montagem do estabelecimento de
mangueiras.

O posicionamento das viaturas deve ser feito em local adequado, livre de riscos, que impeça o
mínimo possível o trânsito de veículos nas vias públicas e que facilite as manobras de combate e
de abastecimento.

A fase de estabelecimento ocorre em duas etapas: uma inicial, após um reconhecimento prévio e
outra após o reconhecimento completo e definição do local para o estabelecimento e da disposição
das viaturas. Nesta disposição as viaturas de Resgate devem ter saída facilitada e deve haver
possibilidade de estabelecimento de viaturas de apoio como carros-pipa, AE, e APH.

No estabelecimento devemos observar, dentre outros aspectos, o seguinte:

- Cálculo para o número de mangueiras, tanto na ligação como nas linhas;


- Cuidado com as linhas quanto se tratar do plano vertical; amarrar as mangueiras pelas
juntas;
122
- Observar possibilidade e espaço suficiente para qualquer manobra com as viaturas;
- Observar se há possibilidade de um desabamento sobre as
viaturas estabelecidas;
- Determinar que seja feito um isolamento da área para que facilite o trabalho dos Bombeiros;
- Estabelecer as viaturas em local seguro para evitar a propagação do incêndio para as
mesmas;
- Verificar se o terreno suporta o peso das viaturas ou se a inclinação é muito acentuada.

A montagem do material hidráulico será vista detalhadamente mais adiante.

COMBATE

Esta fase compreende o combate a incêndio propriamente dito que é composto por:

Y Isolamento;
Y Confinamento;
Y Ataque ou extinção e
Y Rescaldo.

Veja-se que combate é diferente de extinção sendo mais amplo que esta, haja vista que combater
o incêndio envolve muito mais do que apenas extinguir as chamas.

Veremos cada uma das ações de combate detalhadamente adiante, mas, para clarear a lição ora
tratada, apresentam-se a seguir breves definições de cada uma das ações que podem compor a
fase conhecida como combate.

Isolamento – consiste nos esforços efetuados com o intuito de impedir que o incêndio se
propague para sistemas vizinhos. O objetivo não é apagar as chamas, mas limitar sua progressão
salvaguardando sistemas inatingidos. Por exemplo, são os esforços para impedir que o fogo se
espalhe para uma casa vizinha à sinistrada, para impedir que o fogo passe de um carro para
outro, de um tanque de material para outro, etc.

Confinamento – são os esforços despendidos para evitar que o fogo se espalhe dentro de um
mesmo sistema. Em um incêndio em edificação, o confinamento visa impedir que o fogo se
espalhe atingindo mais cômodos. Não são ações que visam extinguir as chamas.

Extinção – são as ações que visam apagar as chamas. As ações de extinção empregam
recursos objetivando a extinção do fogo.

O rescaldo será tratado mais adiante, já que é tratado como uma fase própria nas operações de
socorro, apesar de constituir-se como parte do combate.

Há ainda as técnicas de ventilação, mas estas podem ser entendidas como técnicas com o
objetivo de realizar uma das operações acima à exceção do rescaldo.

Os trabalhos de rescaldo impedem a reignição e eliminam focos menores, ou seja, o rescaldo é


parte da fase de combate, mas acontece após o trabalho de extinção mais pesado, por isso ele
foi colocado como fase do socorro após o salvamento.

As técnicas de combate serão tratadas em capítulo à parte pelo seu extenso conteúdo.

123
SALVAMENTO

Consiste no desenvolvimento dos trabalhos de busca das vítimas, bem como a retirada dessas
vítimas do incêndio.

Almeja-se que as ações de salvamento ocorram concomitantemente com a etapa de combate.


Taticamente convém que sejam equipes separadas para cada uma das missões: salvamento e
combate. No entanto as duas equipes devem trabalhar em total coordenação, pois as equipes de
salvamento constantemente demandarão proteção de linhas de combate. Devem ser duas
equipes separadas para que cada uma possa envidar todos os esforços em sua missão
específica contribuindo assim para o sucesso da operação como um todo.

O salvamento de vidas é sempre o objetivo maior em um atendimento uma operação de combate


a incêndio, porém, a depender das condições ele nem sempre será o primeiro objetivo tático.

Pode ocorrer que seja necessário primeiro extinguir parte do incêndio para que se tenha acesso às
vítimas, como pode ocorrer que, por haver um efetivo reduzido na guarnição, primeiro se busque a
localização e retirada das vítimas para depois enfatizar-se o combate.

Cabe ao responsável pela operação decidir o que ocorrerá primeiro ou se simultaneamente. Cabe
ainda coordenar os esforços das equipes (se houver mais de uma) e zelar pela harmonia dos
trabalhos.

RESCALDO

Extinto o incêndio o Cmt do socorro deverá proceder a uma rigorosa inspeção em todas as
dependências do prédio sinistrado, estendendo tal vistoria aos prédios vizinhos, a fim de verificar
se há possibilidade de uma nova irrupção do fogo.

Uma inspeção malfeita e incompleta poderá dar motivo para uma nova chamada ao mesmo local.

Depois de feita a inspeção, sendo constatado que não há mais fogo e que o mesmo manda que o
socorro se desarme.

Nesta fase é que se determina se há necessidade ou não do rescaldo.

Ainda nesta fase o Cmt do socorro dependendo do desgaste da equipe durante os trabalhos,
determina a substituição de sua equipe por outra descansada para realização do rescaldo.

Chama-se de rescaldo às iniciativas tomadas na fase final dos incêndios, visando evitar a reignição,
garantindo extinção plena e o estado de segurança local.

São operações demoradas e cansativas, exigindo remoção e ação resfriadora nos escombros e
braseiros.

Os procedimentos de rescaldo têm por objetivo confirmar a extinção completa do incêndio e deixar
o local sinistrado nas melhores condições possíveis de segurança e habitabilidade, sem destruir
evidências de incêndio.

Como toda operação de bombeiro, o rescaldo deve ser precedido de um planejamento adequado
à situação.

124
REGRESSO

No encerramento dos trabalhos, o Cmt do socorro determina que os chefes de Guarnições se


reúnam, determinando que seja recolhido todo o material utilizado e conferência dos mesmos e das
guarnições, logo após estas recomendações, determina o retorno ao Quartel de origem.

Convém que antes do deslocamento em retorno, as viaturas que dispõem de tanque de água sejam
abastecidas, pois, em caso de novo acionamento, já estão em condições para o combate.

No regresso as viaturas devem seguir a corrente normal do trânsito, obedecendo as normas de


trânsito e viajando em comboio.

Ao chegar ao quartel de origem, as guarnições devem reunir-se e conversarem sobre a atuação na


ocorrência fazendo uma crítica das ações apontando erros e acertos, o que funcionou e o que não
funcionou.

Esta reunião de análise posterior (o que os americanos chamam de debriefing) é de suma


importância para o desenvolvimento técnico da equipe e da doutrina de uma corporação, pois nela
se descobre o que está adequado e o que deve ser mudado.

É de salutar importância que nessa reunião a postura dos integrantes da guarnição seja o mais
madura possível e que se tenha em mente que o objetivo não é criticar negativamente os colegas
de serviço, mas a atuação da guarnição.

Se um bombeiro cometeu uma falha, ela deve ser apontada, mas o colega que apontar a falha deve
ter em mente que poderia ter sido ele a falhar caso estivesse executando o mesmo serviço e deve
ter em mente que, no próximo serviço, talvez seja ele a falhar. Com isso em mente a falha é
apontada de forma construtiva, para que seja corrigida, afinal, esse é o objetivo da crítica e não o
que falhou ser humilhado pelo erro cometido. A humilhação do que errou não contribui para a
melhora.

Caso se verifique nessa reunião que um procedimento padrão não atendeu, suas falhas devem ser
comunicadas para que a doutrina seja revista.

No regresso também, o Chefe de Guarnição ordena que seja feita toda a conferência do material
(estado físico de cada um), caso seja necessário, efetuar substituição. Os motoristas ficam
responsáveis pelo abastecimento tanto de água como de combustível de suas viaturas.

RELATÓRIO

O objetivo principal do Corpo de Bombeiros é evitar incêndios. Para isso, é necessário que os
bombeiros tenham instrução adequada e a comunidade esteja educada sobre o assunto. Estas
duas etapas só poderão ser alcançadas através de estatísticas confiáveis que indiquem causas
prováveis de incêndio. Estas estatísticas são produzidas através dos relatórios, que são a única
fonte de informação sobre ocorrências de incêndio. Os relatórios são a retroalimentação do ciclo
operacional dos serviços de bombeiros suprindo o sistema de informações preciosas acerca de
prevenção e combate.

O relatório é o fundamento da evolução dos serviços de bombeiros, pois registra uma experiência
que permite avaliações e correções. É também a base para certidões que tramitarão no Poder
Judiciário, nas companhias seguradoras, nos cartórios, etc., portanto, o relatório deve ser o mais
completo possível, observando-se o seguinte:

- Redação: correção no escrever;


- Não inserir no relatório opiniões particulares, mas somente o que for visto;
125
- Especificar os danos materiais;
- Usar termos técnicos;
- Ser claro, preciso e conciso (quem confecciona o histórico não é poeta ou escritor);
- Não culpar ninguém;
- Procurar causa provável na codificação do manual de preenchimento, evitando, quando
possível, o uso do código para a causa provável desconhecida;
- Elaborar croquis, ilustrando o local e o que foi utilizado (material humano e maquinário);
- Constar entradas forçadas, especificando se foram realizadas por bombeiros ou não;
- Constar situação do incêndio na chegada dos bombeiros;
- Relatar como foram os trabalhos de extinção e rescaldo, constando, inclusive, o que foi
mexido pelos bombeiros na extinção ou não.

ESQUEMA DIDÁTICO

Como foi visto, as fases do socorro não acontecem linearmente, pois o reconhecimento se estende
desde o aviso até o rescaldo, o salvamento e combate acontecem em ordem não determinada ou
simultaneamente e o rescaldo, na verdade é parte dos esforços de combate uma vez que objetiva
a extinção do incêndio.

Isto posto, elaboramos o esquema didático abaixo conforme essas considerações. De acordo com
o estudado, as fases do socorro ficariam assim:

• Aviso
• Composição do trem de
socorro (Partida)
• Deslocamento
Reconhecimento
• Estabelecimento
Combate*

Salvamento
• Rescaldo*
• Regresso
• Relatório

126
8. TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO

COMBATE OFENSIVO E DEFENSIVO


Antes de falarmos sobre as técnicas de combate propriamente ditas, necessário que falemos dos
modos de ataque ou táticas.

As operações de combate a incêndio estrutural (os que ocorrem em edificações) podem ser
conduzidas por duas linhas diferentes de ação: ofensiva e defensiva.

As operações ofensivas consistem na penetração na edificação e combate ao incêndio no interior


da edificação. As operações defensivas consistem no combate externo, feito do lado de fora da
edificação, concentrando esforços também no isolamento do incêndio.

Os dois modos de atuação requerem o emprego de técnicas diferentes para o combate e extinção
das chamas, as quais veremos adiante. Agora, o que define se o combate se dará no modo ofensivo
ou defensivo?

Muito embora não caiba aos soldados definirem a tática, é bom que tenham uma noção para
poderem auxiliar no planejamento e entenderem seu papel em uma operação de combate.

De modo geral, algumas coisas remetem o combate a incêndio estrutural ao modo defensivo:

• Edificação completamente tomada pelas chamas;


• Risco de colapso da estrutura.
Mesmo os riscos de fenômenos de comportamento extremo do fogo não impedem a operação
ofensiva. Pode ser que se atue defensivamente até que os riscos de fenômenos de ignição rápida
dos gases sejam contornados e, então, a operação passa a ser ofensiva.

Todos em uma operação devem saber o modo de atuação, pois, como uma edificação tem
geralmente no mínimo 4 lados, não é possível que o responsável vigie todas as frentes de combate.
E isso quer dizer que uma linha pode não saber o que a outra está fazendo e isso pode ser um
problema caso não se saiba do modo de atuação.

Digamos que uma linha inicie um combate defensivo de um lado enquanto outra linha em um lado
adjacente resolva penetrar na edificação. A atuação da primeira linha pode gerar um fenômeno de
comportamento extremo do fogo que nem sequer será anunciado se não se souber que alguém
adentrou mudando a operação para defensiva. Por isso todos devem saber o modo de atuação e
a decisão sobre qual será adotado cabe ao responsável pela operação, ou chefe de guarnição mais
antigo ou o chefe de operações.

Os bombeiros devem estar aptos a executar com rapidez e eficiência as evoluções determinadas
pelo comandante da guarnição. Este nível de profissionalização é alcançado quando há empenho
no treinamento por parte das guarnições que trabalham juntas. A familiaridade com os
equipamentos de combate a incêndios e com as técnicas é obtida através de instrução constante.

A guarnição deve trabalhar como uma equipe, onde cada bombeiro tem sua missão definida
conforme o protocolo de procedimentos para as situações.

127
Os brigadistas, por geralmente não disporem de EPI capaz de permiti-los realizar um combate
ofensivo, devem proceder apenas o combate no modo defensivo.

Feitas as considerações que permitem entender o combate ofensivo e defensivo, passemos às


técnicas de combate.

Técnicas de combate a incêndio são formas de utilização dos meios disponíveis para combater
incêndios com maior segurança e com um mínimo de danos durante o combate. Como já
mencionado anteriormente, combater não é sinônimo de “apagar o fogo”. Combater é combater.
Importante frisar isso, por mais redundante que isso pareça. Muitas ações de combate não tem o
objetivo de apagar o fogo, de extinguir as chamas. Muitas vezes o combate requer ações que focam
outros objetivos.

Em um combate a incêndio há conjuntos de ações que não dizem respeito ao ataque ao fogo em
si, ou seja, não se tratam de extinção, mas que compõem as operações que visam o término do
incêndio. Por isso, chamamos tais ações de operações de combate e não de extinção.

No combate a incêndio, muitas vezes faz-se necessário o emprego de tais ações antes, durante ou
após os trabalhos de extinção propriamente ditos.

9.1 ISOLAMENTO E CONFINAMENTO


Em um grande número de casos, ou a situação não permite ou a tática não recomenda o combate
direto e imediato ao foco. Por vezes é necessário, antes disso, ou concomitantemente, “cercar” o
incêndio e “domá-lo” antes de finalmente extingui-lo. O isolamento e o confinamento constituem-se
de ações nesse sentido.

O ISOLAMENTO abrange as ações de bombeiro que tem por objetivo impedir a propagação de
calor e fogo para outros locais na vizinhança de incêndio. É a tentativa de impedir que o incêndio
alcance outro sistema16 além do que já está sinistrado.
O próprio ataque ao incêndio em princípio, procedido com rapidez, adequação e suficiência de
meios constitui uma iniciativa isoladora, uma vez que restringe a produção e propagação de calor.

A decisão quanto ao emprego desta ação envolve a consideração de alguns fatores, uma vez que
o isolamento sempre desvia linhas de ataque ao fogo e consome agente extintor, a saber:

- Teor de calor emanado no incêndio (acima de 150º C é considerado calor excessivo)


- Proximidade do combustível vizinho ao incêndio;
- Natureza e volume do combustível exposto ao calor propagado (alvenaria,

16 Por sistema, compreendemos estruturas que podem ser sinistradas como um edifício, um reservatório, um galpão,
uma planta industrial, um veículo, etc. São estruturas que podem ser individualmente consideradas em si mesmas e
que, quando sinistradas isoladamente já se pode considerar um incêndio e não um foco.

128
Vidraçaria, etc);
- Esvoaçamerto de fagulhas para o combustível vizinho (considerar janelas abertas e outras aberturas);
- Risco de desabamento ou queda de materiais incendiados;
- Impetuosidade e direcionamento da corrente de verto.

Toda iniciativa isoladora exige visão futura de:

1) Duração provável da ação


2) Consumo aproximado de água;
3) Número de linhas (ou guarnições) envolvidas;
4) Pessoal e material afastado do ataque efetivo às chamas.

O isolamento pode ser feito resfriando os sistemas com risco de serem atingidos por meio da aplicação de água. Tal
medida visa diminuir o efeito da radiação de calor. Essa forma é muito usada em incêndios em tanques de combustíveis
para resfriar o tanque vizinho.

Pode ainda ser feito com o uso de jatos neblinados ou neblina direcionados para o sistema sinistrado, pois, assim,
além de bloquear a radiação pode o combate ser feito simultaneamente.

Há ainda a possibilidade de direcionamento da fumaça que escapa de um sistema pelo uso de jato neblinado
desviando-a. A fumaça, além de conduzir calor, quando se incendeia libera uma enorme quantidade de calor que se
propaga por irradiação.

Outras medidas mais simples podem ser adotadas dependendo da forma como se verifica que o incêndio pode se
propagar para o sistema vizinho. Por exemplo, pode ser uma medida eficaz o mero fechamento das janelas para evitar
a penetração de fagulhas trazidas pelo vento ou evitar a penetração de fumaça superaquecida.

CONFINAMENTO é o conjunto de ações que visam impedir a propagação de fogo e calor a compartimentos ainda não
atingidos pelo incêndio, em uma edificação.

A tendência dos gases aquecidos é subir, o que torna urgente o confinamento em incêndios verticais tanto mais quanto
mais baixo for o andar onde se localiza e sinistro.

Nos Incêndios a propagação ocorre lateralmente, de cima para baixo e de baixo para cima, merecendo ação preventiva
dos bombeiros os seguintes meios:

1) Aberturas que possam ser alcançadas por chamas ou ar quente;

2) Explosões:

3) Queima de paredes e portas internas;

4) Chamas e fagulhas vindas de janelas ou outras aberturas

5) Condução de calor através de dutos metálicos, etc, de cômodo para cômodo.

6) Queda de tetos ou pisos;

7) Circulação interna de massas gasosas extremamente aquecidas.

Os Sistemas de ventilação forçada (ar condicionado) devem ter seu funcionamento suspenso, pois poderiam contribuir
para a extensão do incêndio conduzindo fumaça e calor para locais não atingidos pelas chamas.

As ações de confinamento devem ser somadas aos dispositivos de proteção permanente da edificação, quais sejam.
Paredes resistentes ao fogo, portas corta-fogo, sistemas automáticos de “sprinklers”, etc. também deve ser
preocupação tática fornecer a estas estruturas proteção permanente, visando garantir pleno funcionamento continuado.

O ataque indireto (visto adiante) constitui um método adequado de retirada de calor excessivo de ambientes confinados.
Isso pode ser feito, muitas vezes, não com o intuito de apagar o fogo, mas de impedir que ele se espalhe.

A descoloração da pintura e desprendimento do reboco acusam a propagação de calor naqueles espaços. Pelo tato
podemos detectar também tal propagação em paredes e forros, devendo ser abertos tais espaços e submetidos à ação
extintora ou resfriadora.
129
9.2 TÉCNICAS DE EXTINÇÃO

Vistas outras técnicas de combate, passaremos a seguir a apresentar as técnicas de extinção, as que visam apagar
as chamas.

Para organizar o estudo, dividiremos as técnicas de acordo com a classe dominante do incêndio que se está
combatendo. Isso não significa que as técnicas não se entrelaçam.

9.2.1 INCÊNDIOS CLASSE – A - (incêndios estruturais)

Em geral, os incêndios estruturais (os que envolvem edificações) são basicamente, ou predominantemente, da Classe
A. Para combatê-los, temos as técnicas a seguir apresentadas, sem excluir outras existentes.

ATAQUE DIRETO

Consiste no emprego de um jato sólido ou compacto dirigido à base do fogo sobre a fase sólida do combustível visando
resfriá-lo abaixo do ponto de combustão.

Devido ao alcance do jato, pode ser usado tanto de fora do c6omodo sinistrado como de fora da edificação (modo
defensivo).

Em um combate em modo defensivo, a pressão nominal e a vazão regulada no esguicho podem ser reduzidas para a
economia de água. Ambas devem ser aumentadas se se verificar que os jatos não estão absorvendo mais calor do
que o fogo produz.

130
Se for usado em combate ofensivo, deve-se cuidar para não empregar água em demasia para não
causar danos pelo excesso de água e, também, para não gerar excesso de vapor de água.

ATAQUE DIRETO MODIFICADO

O ataque direto modificado consiste no ataque à fase sólida do combustível quando este se
encontra escudado por algum obstáculo. O jato é direcionado ao teto para ser defletido e cair sobre
o foco atingindo-o.

Apesar de não ser dirigido diretamente ao foco, ele é considerado uma forma de ataque direto, pois
com ele se pretende combater as chamas em si, o foco queimando sobre a fase sólida dos
combustíveis.

ATAQUE INDIRETO

Também se usa o jato sólido ou compacto, entretanto, o objetivo não é extinguir o fogo combatendo
diretamente a fase sólida. No ataque indireto, o objetivo é produzir uma grande quantidade de vapor
de água para resfriar a capa térmica (gases combustíveis provenientes da combustão e da
termólise) e o cômodo e, indiretamente, apagar o fogo.

O alvo no ataque indireto são as paredes e o teto superaquecidos para que, na fragmentação do
jato pelo impacto, a água absorva o calor dessas superfícies e transforme-se em vapor resfriando
o ambiente.

Não se pode jogar água em demasia para não resfriar demais as superfícies. Isso impede a
formação de vapor. Também é preciso cuidar para não se produzir vapor em excesso.

ATAQUE COMBINADO

Consiste no emprego alternado das técnicas de ataque indireto e direto. Com movimentos
circulares (para que o jato atinja paredes e teto) busca-se a geração de vapor para resfriar os gases
aquecidos e, alternadamente, lançam-se jatos à fase sólida do combustível próxima ao solo.

131
SATURAÇÃO COM NEBLINA
Quando um ambiente está na fase de decaimento pela baixa concentração de oxigênio, ou seja,
em queima lenta e sob o risco de ocorrência de um backdraft diante da abertura de acessos pelos
bombeiros, recomenda-se a saturação do cômodo com neblina.
A técnica consiste na injeção de água em pulsos de 2-3 segundos de jato neblina por uma pequena
abertura na parte superior da parede ou teto, com intervalos de 12-15 segundos para permitir a
troca de calor entre neblina e gases aquecidos no ambiente.
A neblina age resfriando e diluindo a fumaça, diminuindo sua combustibilidade e o risco de um
backdraft, e também atrapalha a concentração com o oxigênio.
A grande geração de vapor, como dito, pode ser um problema. Pode decretar a morte de vítimas
no interior do cômodo. Por isso, essa técnica só deve ser usada em cômodos em que se verifique
a queima lenta (fase de decaimento pela depleção de oxigênio). Em havendo vítimas nesse
ambiente, certamente estarão mortas pela baixíssima concentração de oxigênio e pelo elevado
calor previamente atingido.
A saturação com neblina é mais eficiente quando associada a uma ventilação vertical (ver capítulo
próprio).
3DWF – TRIDIMENSIONAL WATER FOG (neblina tridimensional)
Estudos oriundos na Suécia em meados da década de 1980, originaram o uso de pulsos de jato
neblinado. Foi quando se demonstrou a combustibilidade da fumaça e os riscos decorrentes de sua
ignição, que se traduz em um comportamento extremo do fogo. Pensando no combate
“volumétrico”, (tridimensional) e não apenas na superfície do sólido em queima, desenvolveram-se
técnicas de combate baseadas no lançamento de curtas rajadas de jato neblinado.
Usa-se a regulagem de jato neblinado em um esguicho combinado e faz-se uma rápida abertura e
fechamento lançando um “pulso” de neblina que fica suspensa no ar por algum tempo. Para que
seja eficiente, calculou-se que uma linha de 38mm deve ser suprida com 7 a 9 Kgf/cm2 de pressão
residual, ou seja, a pressão imprimida na bomba (nominal) deve ser maior.
Como o jato é neblinado, o alcance é curto, assim, o que mais importa é a fragmentação da água
para aumentar seu poder e resfriamento e o tempo de suspensão no ar. Por isso a pressão deve
ser elevada.
A fim de não gerar vapor em excesso, deve-se cuidar para não aplicar pulsos em excesso e não
varrer a aplicação de cada pulso. Se se pretende atingir uma área maior, usa-se mais pulsos (dois
alvos, dois pulsos). Também se limita a quantidade de água disparada trabalhando com uma vazão
mínima no esguicho (30gpm ou cerca de 125lpm).
Usando-se a vazão mínima, a abertura e fechamento brusco não gera um golpe de aríete capaz de
danificar a canalização, haja vista que a massa de água deslocada a cada pulso é muito pequena.
Conforme a mudança no padrão do jato e no tempo de abertura, a 3DWF apresenta suas próprias
variações.

132
Pulso Neblinado Curto

O pulso curto consiste na abertura total do fluxo de água com o imediato fechamento (pulso de
cerca de 0.2s) de um jato neblinado amplo.

O neblinado amplo tem o alcance muito reduzido, mas tem uma maior capacidade de resfriamento
e gera vapor com grande velocidade quando atinge a capa térmica.
O pulso neblinado curto pode ser empregado tanto ofensiva como defensivamente17
OFENSIVO – tem por objetivo extinguir chamas volumétricas (chamas na fase gasosa do
combustível, na fumaça, na capa térmica) e resfriar a própria capa térmica evitando a ocorrência
de um flashover.
Vê-se assim que a técnica é recomendada para combate no modo ofensivo com o incêndio na fase
de desenvolvimento (pré-fashover).
Devido ao curto alcance do neblinado amplo, a técnica é recomendada para ambientes pequenos,
como quartos de uma residência de classe média, ou no deslocamento da entrada até o cômodo
sinistrado quando o teto for baixo (pé direito normal de 2,5 a 3m).
DEFENSIVO – a técnica pode ser usada preventivamente (defensivamente) para resfriar gases
superaquecidos na capa térmica, antes que venham a queimar.
Tanto ofensivo como defensivo, o pulso neblinado curto, se aplicado corretamente, provoca a
contração da fumaça. Com a perda de calor da fumaça para aquecer a água lançada, ocorre o
inverso da dilatação e a fumaça contrai-se.

Pulso Neblinado Médio


Quando o cômodo tem dimensões maiores (salão ou pequeno depósito) ou quando o teto é muito
alto, o pulso curto de neblinado amplo não atingirá a região mais aquecida da capa térmica.
Emprega-se então um pulso médio (de 1 a 2s) de um jato neblinado estreito, que tem maior alcance.
Vazão e pressão permanecem.
Essa técnica também pode ser usada tanto ofensiva quanto defensivamente18 da mesma forma
que o pulso neblinado curto, porém, para cômodos com médias dimensões ou com teto alto.
Pode ser usado em cômodos menores quando, após usar o pulso neblinado curto, verifica-se a
ineficiência desta face à quantidade de calor produzido.
“JATO MOLE” – Resfriamento preventivo de superfícies
Enquanto progredindo no interior da edificação, os bombeiros podem se deparar com materiais
liberando v apores combustíveis (fumaça clara e branca) em razão da termólise.

17 Não confundir com modo ofensivo e defensivo de combate.

133
Para prevenir a ignição desses materiais, emprega-se a técnica do resfriamento preventivo.

A técnica consiste em ajustar a regulagem de jato para compacto (estando a pressão em 7-


9Kgf/cm2 e a vazão ajustada em 30gpm) e efetuar a abertura parcial do esguicho permitindo
apenas o escape de água sem velocidade pelo bocal (daí o nome de “jato mole”) deixando a água
escorrer gentilmente dobre a superfície do material que estava pirolizando.

“PENCILING”
O penciling19 assemelha-se ao “jato mole”, entretanto, consiste em pulsos coma abertura um
pouco maior do fluxo de água permitindo lançar “porções” de água sobre a fase sólida em queima.

Estando dentro da edificação e não tendo a necessidade de disparar um ataque direto ao foco pelas
suas dimensões e para evitar o dano ocasionado pelo jato, usa-se o penciling que pode ser casado
com pulsos neblinados para resfriar a capa térmica no que se chama de abordagem pulse-
penciling.

“ZOTI” – PULSO LONGO DE ALTA VAZÃO

Atuando externamente à edificação ou mesmo dentro da edificação, mas se deparando com um


cômodo em fase de desenvolvimento completo, verifica-se que para debelar as chamas é
necessário absorver uma enorme quantidade de calor. Para isso emprega-se a técnica do pulso
longo de alta vazão ou “ZOTI”.
Com a pressão entre 7-9Kgf/cm2, ajusta-se a vazão para 125gpm (470lpm)20 e o jato para
neblinado estreito. Mirando o ponto mais distante do cômodo, abre-se o fluxo de água pintando,
entre a linha do teto e do piso, uma das letras Z,O,T ou I conforme as dimensões do cômodo.
- Para cômodos com 30m2 – Z
- Para cômodos com 20m2 – O
- Para cômodos com 10m2 – T
- Para corredores –

19 Usamos o nome em inglês pela falta de um em termo em português que exprimisse a idéia em uma ou duas ou três
palavras

20 Por isso é importante que a vazão da viatura seja de, pelo menos, 500lpm para uma linha de ataque.

134
As letras são um meio prático de determinar o tempo de abertura do esguicho para, na regulagem
indicada, lançar água em quantidade suficiente para absorver o calor gerado no cômodo.

Após uns 30 segundos, repete-se o procedimento até que sejam debeladas as chamas.

Devido à alta vazão, no emprego dessa técnica deve-se cuidar para fechar lentamente o fluxo de
água a fim de evitar a ruptura de mangueiras pelo golpe de aríete.

Caso o ambiente sinistrado seja muito grande, mais linhas podem efetuar o procedimento
combinadamente ou ele pode ser usado em sessões do ambiente.

Importantíssimo atentar para o posicionamento da linha em relação ao incêndio para que a técnica
não “sopre” o fogo para cômodos e combustíveis ainda não afetados. O posicionamento correto no
combate é entre a parte não queimada e o fogo, atacando-o de forma a “empurrá-lo” para fora.

ABORDAGEM DE AMBIENTE E PASSAGEM DE PORTA


Entendemos abordagem como as ações de aproximação, abertura de acesso (s) e penetração em
um ambiente sinistrado.

Ao se chegar a uma porta fechada dentro de uma edificação sinistrada, os bombeiros na linha de
ataque devem proceder com cautela, haja vista que toda ventilação provoca aceleração da queima
e aumento da taxa de liberação de calor além de poder acarretar em fenômenos de comportamento
extremo do fogo.

Diante disso, os bombeiros devem proceder uma verificação perimetral da porta procurando por
sinais que indiquem a condição do interior do cômodo. É necessário que se verifique em qual fase
de desenvolvimento o fogo está, em qual regime de queima o foco está (se limitado pelo
combustível o pela ventilação). A temperatura da porta deve ser checada à procura de indícios que
demonstrem a presença e altura da capa térmica. A coloração, densidade, opacidade e velocidade
da fumaça devem ser checadas.

Sempre que os bombeiros se depararem com uma porta pirolizando pelo lado externo, devem
resfriá-la com jato mole a fim de preservá-la. A perda da porta significa perda do controle sobre a
ventilação do foco que está por trás dela.

135
Para a confirmação das suspeitas é necessário efetuar a abertura de uma porta para confirmação
visual da condição no interior do cômodo. Para isso, procede-se da seguinte forma:
1. O jato deve ser regulado para neblinado estreito, para que passe na pequena abertura da
porta;

2. O operador do esguicho lança dois pulsos neblinados curtos sobre a porta visando deixar
em suspensão uma neblina de água na região superior próxima à porta.
Ao se proceder a abertura, os gases aquecidos que escapem tenham menos chance de se
inflamarem, já que se misturarão à neblina e perderão calor ao mesmo tempo em que a
neblina se transforma em vapor diluindo os gases;

3. O auxiliar da linha, posicionado para a abertura da porta de modo protegido, abre a porta
deixando à mostra uma pequena fresta;

4. Pela fresta o operador do esguicho lança um pulso neblinado médio na parte superior da
abertura enquanto visualiza as condições no interior
Conforme as condições confirmadas, a abordagem prossegue de modo diferente.
FOCOS EM FASE INICIAL
A fase inicial de queima de um foco não apresenta grande potencial de risco iminente e, exatamente
por isso, merece que sejam tecidas algumas considerações.
Devido ao aspecto menos alarmante que um foco em fase inicial apresenta, o grande risco para os
bombeiros é a negligência com aspectos básicos relativos à segurança.
Apenas por que um foco não apresenta dimensões ou aspecto alarmantes, não significa que no
ambiente não haja calor ou concentração de gases tóxicos suficientes a causar lesões.
Por isso, um ambiente em fase inicial deve ser abordado com toda a tenção e cautela e com os
bombeiros adequadamente equipados.
Outro problema que pode ocorrer é o super-dimensionamento do foco. Um pequeno foco é capaz
de inundar um ambiente grande com fumaça e calor e, por isso, algumas vezes bombeiros
inexperientes ou afoitos podem afobar-se e exagerar no uso de água no combate por um
dimensionamento equivocado das proporções do foco. É comum ocorrer prejuízos materiais
significantes pelo uso indevido e excessivo de água no combate
Lembrando que a água que escorre ou se acumula no chão não absorveu calor suficiente para
evaporar, ou seja, não foi aproveitada naquilo que tem de melhor: sua capacidade de resfriamento.
O combate ao foco em si deve ser feito de modo a tentar preservar o material que ainda não
queimou. Sugere-se pulsos neblinados para resfriar a fumaça, se for o caso, e penciling para
extinguir o foco.

136
FOCOS EM DESENVOLVIMENTO

Como já vimos anteriormente, na fase de desenvolvimento, a concentração de oxigênio no


ambiente permite a ocorrência de vivas chamas.
Em decorrência disso, não há, normalmente, problemas na abertura de acessos. Como essa é a
regra geral, ainda assim a abordagem deve ser cautelosa devido às exceções. Toda ventilação irá
acelerar a queima e aumentar a taxa de liberação de calor.
Como se sabe, para que gases queimem, ou mesmo partículas líquidas e sólidas em suspensão,
devem estar na concentração adequada (entre os limites inferior e superior de inflamabilidade) com
o oxigênio.
Como não temos meios práticos de saber a composição exata ou mesmo a concentração
necessária para a queima dos gases no ambiente, a abertura de acesso deve ser feita com cautela,
devendo os bombeiros posicionarem-se fora da zona de abertura para que uma possível ignição
dos gases não os afete.
Para abrir ou quebrar uma janela, o bombeiro deve posicionar-se abaixo do peitoril. Para a abertura
de uma porta, deve posicionar-se atrás da porta, caso abra em sua direção, ou atrás da parede,
caso abra para o interior do ambiente.
Já estudamos que em um foco na fase de queima livre pode ocorrer o fenômeno conhecido como
flashover.
Reconhecendo a queima livre e verificando os sinais indicativos de flashover a abordagem deve
considerar esse risco.
Os sinais indicativos de flashover muito se confundem com os sinais que indicam a própria queima
livre: barulho e luminosidade de chamas, fumaça aquecida e chamas subindo pela coluna de
fumaça acima do foco. Outros são mais específicos do fenômeno citado:
• Fumaça muito densa, muito opaca e muito escura;
• Calor excessivo sendo irradiado da fumaça;
• Chamas muito vivas e subindo pela coluna de fumaça que se ergue do foco;
• Desprendimento de vapores dos materiais ainda não incendiados;
• Fumaça mostrando alterações de padrão (revoluções rápidas e abaixamento do plano
neutro);
• Ocorrência de fenômenos como flameover e rollover, este último sendo um claríssimo sinal
da iminência de um flashover;
Diante desses sinais, a porta deve ser aberta com cautela, como dito acima, e a abordagem do
ambiente deve ser enérgica. Não deve o bombeiro penetrar no ambiente enquanto o risco de
explosão ambiental não tenha sido reduzido.

Em um ambiente assim o combate deve priorizar o ataque à capa térmica, à camada de fumaça
que se acumula a partir do teto. Você talvez se pergunte a razão disso e talvez esteja pensando
que um ataque direto ao fogo eliminaria a fonte de calor que é o

137
Causador do flashover. Ocorre que, a queima dos combustíveis presentes na fumaça, irradia muito,
mas muito mais calor que a queima do material que alimenta o foco (normalmente sólidos em um
incêndio urbano).
Deve o Bombeiro utilizar pulsos neblinados curtos. Os jatos devem ser disparados em rajadas
curtas para aproveitar uma maior superfície de resfriamento
Os pulsos devem ser distribuídos pela capa térmica e, na medida em que forem disparados, deve
o bombeiro aguardar alguns instantes e observar o efeito que a expansão do vapor de água
provocará para continuar no combate à fumaça ou não. Enquanto aguarda, jatos curtos (penciling)
podem ser direcionados ao foco.
Deve-se tomar o cuidado para não jogar água em excesso, tanto para não provocar danos materiais
como também para não abaixar o nível da capa de fumaça pela expansão do vapor d’água. O
objetivo não é abaixar a fumaça. Isso provocará a diminuição da visibilidade. A meta é tão somente
o resfriamento dos combustíveis da fumaça para que não entrem em ignição. Outro risco de jogar
água em excesso é que se a capa de fumaça abaixar demais pode sufocar possíveis vítimas que
se encontrem no ambiente ou nos ambientes anexos.

Uma vez estabilizado o ambiente ele pode ser penetrado para a extinção do foco por
penciling ou até jato mole.

FOCOS INCUBADOS21
Um ambiente em queima lenta apresenta uma série de riscos. O primeiro deles é o sub-
dimensionamento da potencialidade lesiva que apresenta. Por haver poucas chamas ou nenhuma,
o ambiente parece estar controlado, o que é um grande equívoco. Na verdade, o ambiente está
quieto como uma bomba antes da ignição. Uma abordagem errada pode detoná-la. Assim, o que
era um ambiente queimando lentamente, apenas com brasas, pode se tornar um ambiente
completamente tomado pelas chamas após uma deflagração violenta da fumaça.
Nunca se deve esquecer que, mesmo que não haja oxigênio para a queima viva, a termólise ocorre
até com 0% de O2. Isso significa que, enquanto estiver quente, o ambiente acumulará vapores
combustíveis.
Além desse, há outros riscos tais como a baixa visibilidade, alta concentração de gases tóxicos e
baixa concentração de oxigênio. Para a abordagem do ambiente, o risco de backdraft é o principal
problema.
Conforme estudamos, no decaimento, os combustíveis (gases, vapores, partículas líquidas e
sólidas) presentes na fumaça podem estar com temperatura acima da temperatura de ignição, mas,
devido ao confinamento do ambiente, ultrapassam o limite superior de inflamabilidade, ou seja, há
combustível em excesso para a escassa quantidade de oxigênio nesses ambientes e, por isso, não
queimam. Quando um acesso é aberto e o ar entra ofertando oxigênio, tão logo a concentração
atinja um patamar adequado, a fumaça deflagra-se. A queima violenta que ocorre é o backdraft.

138
São indicativos da queima lenta com risco de explosão da fumaça (backdraft):
• Fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
• Fumaça mudando de cor (cinza e amarelada / cáqui) e saindo do ambiente em forma de
lufadas;
• Calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
• Pequenas chamas ou inexistência destas;
• Fuligem e óleo impregnando o vidro das janelas;
• Pouco ruído (não se ouve o crepitar de chamas);
• Movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em alguns
casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas);
• Chamas aparecendo na fumaça assim que esta escapa do ambiente22.
Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente com toda a cautela para
que não provoque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até matar integrantes da equipe
ou, na melhor das hipóteses, tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é seguida da
ignição completa do ambiente.
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os combustíveis na fumaça
precisam apenas atingir a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se abrir uma porta
ou janela, inevitavelmente o ar estará entrando no ambiente e, consequentemente, carregando O2,
fornecendo exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é necessária uma
abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os bombeiros devem retirar algo
para que os requisitos da combustão não estejam presentes.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por meio da checagem visual
no interior do ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição no interior do cômodo.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta firmando-a para que
não se abra de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. Se a porta tiver a abertura
para dentro do cômodo, a operação da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo preso à
maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da porta.
Os passos 1 a 4 devem repetidos até que o aspecto da fumaça esteja indicando uma menor
combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos densa, menos opaca e
movendo-se de forma menos turbulenta.
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação com neblina pela parte
superior da porta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros.
22 Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando apenas o comburente, por
isso ela queima assim que alcança o exterior.

139
São indicativos da queima lenta com risco de explosão da fumaça (backdraft):

• Fumaça sob pressão, num ambiente fechado;


• Fumaça mudando de cor (cinza e amarelada / cáqui) e saindo do ambiente em forma de
lufadas;
• Calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
• Pequenas chamas ou inexistência destas;
• Fuligem e óleo impregnando o vidro das janelas;
• Pouco ruído (não se ouve o crepitar de chamas);
• Movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em alguns
casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas);
• Chamas aparecendo na fumaça assim que esta escapa do ambiente22.

Ao perceber os sinais, a equipe de bombeiros deve abordar o ambiente com toda a cautela para
que não provoque uma explosão ambiental que pode lesionar ou até matar integrantes da equipe
ou, na melhor das hipóteses, tornará o combate muito mais difícil, pois, muitas vezes é seguida da
ignição completa do ambiente.
Nesse ambiente, por sua dinâmica e características, vê-se que os combustíveis na fumaça
precisam apenas atingir a concentração adequada para uma queima violenta. Ao se abrir uma porta
ou janela, inevitavelmente o ar estará entrando no ambiente e, consequentemente, carregando O2,
fornecendo exatamente o que os gases precisam para se deflagrarem. Como é necessária uma
abertura para que se entre no ambiente, ao oferecer o comburente os bombeiros devem retirar algo
para que os requisitos da combustão não estejam presentes.
A abertura da porta dá-se como nos passos 1 a 4 no início do tópico. Por meio da checagem visual
no interior do ambiente, é possível confirmar as suspeitas da condição no interior do cômodo.
O auxiliar deve efetuar a abertura da porta abaixado e protegido pela porta firmando-a para que
não se abra de repente por causa da força da explosão, caso ocorra. Se a porta tiver a abertura
para dentro do cômodo, a operação da porta deve ser feita com o auxílio de um cabo preso à
maçaneta possibilitando que o auxiliar a opere sem que fique na linha de abertura da porta.
Os passos 1 a 4 devem repetidos até que o aspecto da fumaça esteja indicando uma menor
combustibilidade. Verifica-se isso pela fumaça mais clara (cinza), menos densa, menos opaca e
movendo-se de forma menos turbulenta.
Em seguida, caso necessário, deve ser utilizada a técnica de saturação com neblina pela parte
superior da porta, até que o ambiente permita a entrada dos bombeiros.
22 Significando que a fumaça já está em condição de queimar, faltando apenas o comburente, por
isso ela queima assim que alcança o exterior.
Foto com mudança orientação

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9.2.2 INCÊNDIOS "CLASSE B"

Os incêndios Classe B são incêndios em líquidos inflamáveis que, por terem características
próprias, possuem métodos de extinção distintos.
O melhor método de extinção para a maioria dos incêndios em líquidos inflamáveis é o abafamento,
podendo ser utilizado também a quebra da reação em cadeia, a retirada do material e o
resfriamento.
O controle de incêndios em líquidos inflamáveis pode ser efetuado “com água”, que atuará por
abafamento e resfriamento. Na extinção por abafamento, a água deverá ser aplicada como neblina,
de forma a ocupar o lugar do oxigênio, que está suprindo a combustão nos líquidos.
A técnica de resfriamento somente resultará em sucesso se o combustível tiver ponto de combustão
acima da temperatura normal da água (20ºC). Ao se optar pelo uso de água deve-se, sempre, usar
o jato chuveiro ou jato neblina. O jato contínuo não deve ser utilizado, pois não permitirá o
abafamento e poderá esparramar o líquido em chamas, aumentando o incêndio.
Para se combater este tipo de incêndio em segurança, deve-se conhecer as propriedades e
características dos líquidos inflamáveis, que, em sua maioria:

•Geram vapores inflamáveis à temperatura ambiente (voláteis);


•Flutuam na água;
•Geram eletricidade estática quando fluindo;
•Queimam rapidamente por sobre a superfície exposta ao calor;
•Liberam durante a queima grande quantidade de calor.

Eis a seguir as técnicas de combate a incêndio em líquidos inflamáveis.


RESFRIAMENTO COM ÁGUA
Enquanto a água sem extratos de espuma é pouco
eficaz em líquidos voláteis (como gasolina ou diesel),
incêndios em óleos mais pesados (não voláteis) podem
ser extintos pela aplicação de água em forma de neblina,
em quantidades suficientes para absorver o calor
produzido. Deve-se estar atento para que não haja
transbordamento do líquido e para que não ocorra o
fenômeno conhecido como boil over.
As técnicas de manejo do esguicho e aplicação de água aplicam-se normalmente. Para evitar o
fenômeno do Boil Over (tratado adiante), recomenda-se o uso de água neblinada, haja vista que
o que se pretende é saturar a região próxima à superfície atrapalhando a reação por abafamento,
bem como se quer a evaporação da água para

141
absorção de calor. Caso se queira mais alcance, a abertura do cone deve ser fechada, caso se
queira maior fragmentação, o cone de ;água deve ser aberto.
Outra forma de resfriar com água é usando o aplicador de neblina para estender o alcance da
neblina de água sobre a superfície do líquido.
Embora citado como técnica, o resfriamento com água mostra-se difícil nos combates a incêndios
em líquidos. Isso deve-se ao fato de que os incêndios classe B geram, em média, 5 vezes mais
calor que os incêndios classe A.
“BOIL-OVER”
O Boil-over é um fenômeno que pode ocorrer nos combates a incêndios em líquidos inflamáveis.
Ocorre nos líquidos menos densos que a água.
O boil-over pode ser explicado da seguinte maneira:
• Quando se joga água em líquidos de pequena densidade, a água tende a depositar- se no
fundo do recipiente.
• Se a água no fundo do recipiente for submetida a altas temperaturas, pode vaporizar- se. Na
vaporização da água há grande aumento de volume (1 litro de água transforma-se em 1.700 litros
de vapor).
• Com o aumento de volume, a água age como êmbolo numa seringa, empurrando o
combustível quente para cima, espalhando-o e arremessando-o a grandes distâncias

Antes de ocorrer o boil-over, pode-se identificar alguns sinais característicos:


• Através da constatação da onda de calor: dirigindo um jato d’água na lateral do tanque
incendiado, abaixo do nível do líquido, pode-se localizar a extensão da onda de calor, observando-
se onde a água vaporiza-se imediatamente;

• Através do som (chiado) peculiar: pouco antes de ocorrer a “explosão”, pode-se ouvir um
“chiado” semelhante ao de um vazamento de vapor de uma chaleira fervendo.

Ao identificar esses sinais, o bombeiro deve se comunicar imediatamente com o comandante.


Recebendo ordem de abandonar o local, todos devem se afastar rapidamente.

142
O boil-over tem mais probabilidades de ocorrer em casos de líquidos combustíveis de maior
densidade como óleo cru e pode ser seguido de uma explosão que liberará enormes quantidades
de calor por radiação. Esse efeito pode ser fatal dada a energia liberada.

Previne-se o boil-over fazendo a drenagem da água que se acumular no fundo do tanque de


combustível, resfriando o tanque externamente e evitando o uso excessivo de água.

SLOP OVER

O Slop Over é semelhante ao boil over, porém ocorre de maneira imediata e na superfície do
líquido.

O slop over acontece quando um jato penetrante (sólido ou compacto) é atirado na superfície de
um líquido combustível de alta viscosidade em chamas. Se a quantidade de calor gerado for
suficiente para ferve a água atirada, isso ocorrerá bem abaixo da superfície do líquido assim que o
jato de água penetrá-la. Isso provocará a expansão da água arremessando pequenas quantidades
de líquido inflamável superaquecido e em chamas para fora do recipiente que o contém.

VARREDURA COM ÁGUA


A água pode ser utilizada para deslocar combustíveis, que estejam queimando ou não, para locais
onde possam queimar com segurança, ou onde as causas da ignição possam ser mais facilmente
controladas. Evitar que combustíveis possam ir para esgotos, drenos ou locais onde não seja
possível a contenção dos mesmos.

O jato contínuo será projetado de um lado a outro (varredura), empurrando o combustível para onde
se deseja.

Derramamento de líquidos combustíveis em via pública também pode causar desastres, inclusive
acidentes de trânsito. O líquido combustível poderá ser removido através de

varredura, adicionando-se um agente emulsificador (LGE sintético ou detergente comum, por


exemplo) à água e evitando, ao mesmo tempo, que o líquido se dirija para o esgoto ou rede pluvial.
Pode-se também utilizar areia e cal. Essas substâncias absorvem o líquido combustível,
removendo-o da via pública e impedindo que alcance a rede de esgoto ou pluvial.

143
SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS POR ÁGUA

A água pode ser empregada para remover combustíveis de encanamentos ou tanques com
vazamentos. Incêndios que são alimentados por vazamentos podem ser extintos pelo
bombeamento de água no próprio encanamento ou por enchimento do tanque com água a um
ponto acima do nível do vazamento. Este deslocamento faz com que o produto combustível flutue
sobre a água (enquanto a aplicação de água for igual ou superior ao vazamento do produto). O
emprego desta técnica se restringe aos líquidos que não se misturam com água e que flutuam
sobre ela.

Esta técnica pode ser usada, por exemplo, no caso de um acidente automobilístico onde houve
ruptura de um dos tanques e o combustível vaza pelo fundo. Inundando-o com água faz-se com
água vaze no fundo.

APLICAÇÃO DE ESPUMA

Outra técnica de combate a incêndios em líquidos inflamáveis é a aplicação de espuma.


O uso da espuma possui grande eficiência no abafamento dos líquidos inflamáveis.

A aplicação da espuma pode se dar de 3 maneiras:

• Escorrimento – a espuma é lançada em um anteparo, normalmente a parede do


recipiente que contém o líquido, de modo que escorra suavemente sobre a superfície do líquido;

• Empurramento – quando o líquido está derramado no solo e não é possível valer- se


de anteparos para aplicar a espuma por escorrimento, deve-se lançá-la ao solo
margeando a poça de combustível e depois o volume de espuma formado deve ser
empurrado pelo lançamento de mais espuma forçando-o a avançar sobre a poça;

• Precipitação – outra forma de aplicar a espuma sobre líquidos inflamáveis é


lançando-a ao ar sobre o líquido para que precipite por gravidade sobre ele.

EXTINÇÃO QUÍMICA

Um método moderno e interessante de extinção de incêndios em líquidos inflamáveis é a


aplicação de agentes extintores especiais que interrompem a reação de combustão
quimicamente.

Um exemplo é o composto FN200, um agente encapsulador desenvolvido para combate a


incêndios. Ele atua quimicamente envolvendo as moléculas dos hidrocarbonetos de modo
estável, impedindo-as de reagir com o oxigênio. Isso interrompe a reação.
ATENDIMENTO A VAZAMENTOS DE GASES INFLAMÁVEIS

144
O único método seguro de se solucionar a ocorrência de vazamento de gás ou líquido sob pressão,
com ou sem fogo, é a retirada do material.
Como quase todas as edificações utilizam o GLP ou gás natural, é importante que todo o bombeiro
conheça os riscos e as técnicas no atendimento de ocorrências envolvendo estes gases.
Gás natural
O gás natural (gás encanado) é formado principalmente por metano, com pequenas quantidades
de etano, propano, butano e pentano. Este gás é mais leve do que o ar. Assim, tende a subir e
difundir-se na atmosfera; não é tóxico, mas é classificado como asfixiante, porque em ambientes
fechados pode tomar o lugar do ar atmosférico, conduzindo assim à asfixia (asfixia mecânica). A
companhia concessionária local deve ser acionada quando alguma emergência ocorrer.
Incidentes envolvendo o sistema de distribuição de gás natural são freqüentemente causados por
escavação nas proximidades da canalização subterrânea. Neste caso, as viaturas não devem
estacionar próximas ao local, por causa da possibilidade de ignição. A guarnição deve estar
preparada para o evento de uma explosão e incêndio subseqüente. A primeira preocupação deve
ser a evacuação da área vizinha e eliminação de possíveis fontes de ignição no local.

GLP engarrafado
O gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás engarrafado, como é um combustível armazenado sob
pressão, é usado principalmente em residências, em botijões de 13 kg. Sua utilização comercial e
industrial é feita com cilindros de maior capacidade, de 20, 45 e 90 kg.
Este gás é composto principalmente de propano, com pequenas quantidades de butano, etano
propileno e iso-butano. O GLP não tem cheiro natural. Por isso, uma substância odorífica,
denominada mercaptana, lhe é adicionada. O gás não é tóxico, mas é classificado como asfixiante
porque pode deslocar o ar, tomando seu lugar no ambiente, e conduzir à asfixia.
O GLP é cerca de 1,5 vez mais pesado que o ar, de forma que, normalmente, ocupa os níveis mais
baixos. Todos os recipientes de GLP estão sujeitos a BLEVE quando expostos a chamas diretas.
O GLP é freqüentemente armazenado em um ou mais cilindros (bateria). O suprimento de gás para
uma estrutura pode ser interrompido pelo fechamento de uma válvula de canalização. Se a válvula
estiver inoperante, o fluxo pode ser interrompido retirando-se a válvula acoplada ao cilindro.
Ao se deparar com fogo em gás inflamável, e não podendo conter o fluxo, o bombeiro não deverá
extinguir o incêndio. Um vazamento será mais grave que a situação anterior, por reunir condições
propícias para uma explosão. Neste caso, o bombeiro deverá apenas controlar o incêndio.
O gás que vazou e está depositado no ambiente pode ser dissipado por ventilação, ou por um jato
d’água em chuveiro, de no mínimo 360 lpm (esguicho de 38mm com aproximadamente
5,5 kg/cm2 de pressão), com 60o de abertura, da mesma maneira com que se realiza a ventilação
de um ambiente, usando esguicho.
B.L.E.V.E.
Um fenômeno que pode ocorrer em recipiente com gases inflamáveis pressurizados, ou até
mesmo com líquidos inflamáveis, embora com menor intensidade, é o BLEVE. (Boiling Liquid
Expanding Vapor Explosion).
Quando ocorre a exposição de um recipiente pressurizado contendo gás inflamável liquefeito a
uma chama intensa, o calor é transmitido por condução através da parede do tanque aquecendo

145
o líquido no interior. O aquecimento do líquido provoca uma corrente de convecção que
constantemente “rouba” calor da parede do tanque protegendo-a da ação das chamas.
Com o aquecimento do líquido, ele ferve. A liberação de gases pela fervura aumenta a pressão
no tanque. O líquido não se transforma todo em gás. Assim que o espaço acima dele fica
saturado com o gás, ele deixa de ferver. Contudo, o aumento da pressão aciona válvulas de alívio
que liberam o gás para a atmosfera para impedir a explosão do tanque pelo acúmulo da pressão.
Isso resolve o problema momentaneamente, porém, com o escape de gases, abre-se espaço
para a vaporização de mais líquido. Isso vai, aos poucos, abaixando o nível de líquido. A parte do
tanque acima do nível de líquido não tem a proteção que a convecção do líquido oferece e, se
exposta às chamas, o metal começa a enfraquecer e amolecer. A pressão interna o empurra
tornando-o fino e diminuindo sua resistência. Quando a resistência for menor que a pressão
interna, o tanque se rompe.
Nesse instante ocorrerá uma enorme liberação de energia proveniente das seguintes fontes:

• Toda a pressão dentro do tanque será aliviada instantaneamente com a expansão imediata
do gás ali contido;
• Quase toda a fase líquida será vaporizada instantaneamente e, ao fazer isso, o material se
expande algumas centenas de vezes. O GLP, por exemplo, ao vaporizar-se expande-se cerca de
400 vezes. Isso significa que, caso houvesse
1.000 litros de GLP ainda líquido, eles se transformariam em 400.000 litros de gás. Essa expansão
instantânea também contribui para o poder do BLEVE;
• O material, ao escapar, não vai apenas expandir-se. Ao se misturar com o oxigênio
alcançando a concentração para queima, o que ocorre rapidamente, o combustível queima gerando
gases que ocupam um volume maior que o inicial, aumentando a força de expansão do BLEVE.
Os gases expandindo-se tão rapidamente provocam um onda de choque capaz de matar seres
vivos e destroçar edificações em um raio de centenas de metros. A queima do combustível gera
uma onda de calor capaz de incendiar outros materiais nas proximidades.
Outro dos grandes perigos do BLEVE é o arremesso de pedaços do recipiente em todas as
direções, com grande deslocamento de ar. Para se evitar o BLEVE é necessário resfriar
exaustivamente os recipientes que estejam sendo aquecidos por exposição ao fogo, ou por calor
irradiado. Este resfriamento deve ser preferencialmente com jato d’água em forma de neblina.
Diante do risco iminente de BLEVE, pode ser que a melhor opção seja a evacuação da área e esta
área é relativamente grande. Para se ter uma idéia um tanque de combustível transportado por
composição ferroviária pode gerar uma explosão que afete centenas de metros. A zona de queima
pode ter uma centena de metros de diâmetro. A onda de choque pode ser fatal a 300 ou mais
metros do ponto inicial e a irradiação é lesiva a várias centenas de metros.

146
Ao lidar com o BLEVE, os bombeiros devem estar atentos para o seguinte:

• Resfriar o tanque, principalmente em sua parte superior, acima da fase líquida;


• Evacuar a área próxima expondo o mínimo de pessoal possível;
• Usar EPI completo;
• Combater abaixados e à maior distância possível
Recomenda-se ainda o uso de canhões monitores para eliminar a necessidade de presença
humana nas proximidades.

9.2.3 INCÊNDIOS CLASSE "C"


A dificuldade na identificação de materiais energizados é um dos grandes perigos enfrentados pela
guarnição no atendimento de ocorrência.

Este tipo de incêndio pode ser extinto, com maior facilidade após o corte da energia elétrica. Assim,
o incêndio deixa de ser classe “C”, tornando-se classe “A” ou “B”, podendo ainda extinguir-se.

Para sua extinção, deve-se utilizar agentes extintores não condutores de eletricidade, como PQS,
e HALON. Não se deve utilizar aparelhos extintores de água ou espuma (química ou mecânica),
devido ao perigo de choque elétrico para o operador, que pode causar-lhe a morte. Pode-se utilizar
linhas de mangueiras, desde que se conheça a técnica e se tomem as precauções necessárias.

A água contém impurezas que a tornam condutora; daí, na sua aplicação em incêndios em
materiais energizados, deve-se considerar todos os riscos de o bombeiro levar um choque elétrico.

No combate (com água) ao fogo em materiais eletrificados, usa-se uma regra simples, exposta na
figura abaixo.

147
O Comandante da Operação determinará o uso de água, considerando os fatores:

• Voltagem da corrente;
• Distância entre o esguicho e o equipamento energizado;
• Isolamento elétrico oferecido ao bombeiro, entre os quais luvas de isolamento e botas
e borracha isolante.

Outro problema é a presença de produtos químicos perigosos em instalações e equipa


mentos elétricos, o que pode acarretar sérios riscos à saúde e ao meio ambiente. Neste caso, deve-
se tomar as cautelas necessárias para sua extinção, tais como: isolar a área, conhecer as
características e os efeitos do produto e usar EPI (roupas, luvas, proteção respiratória, capacetes
e capa ou roupa apropriada). Incêndio em transformador elétrico que utiliza como líquido
refrigerante o “ASKAREL” (cancerígeno) é exemplo típico. Como medida de segurança, linhas
energizadas não devem ser cortadas; apenas técnicos especializados deverão fazê-lo. O Corpo de
Bombeiros somente desligará a eletricidade pela abertura de chave, remoção de fusível ou
desacionamento de disjuntor quando necessário.

Contatos e cooperação com as concessionárias de fornecimento de energia são vitais no combate


a incêndios classe “C”, para reduzir o risco à vida e à propriedade.

Instalações Elétricas

Nas residências, a instalação elétrica é normalmente de baixa tensão (110 e 220 volts). O método
mais simples de interromper o fornecimento da energia é desligar a chave geral da instalação.

Chave Geral Residencial Instalações Industriais

Deve-se ter cuidado com o fornecimento de energia à edificação através de instalação clandestina,
pois, mesmo após desligar os dispositivos de entrada de eletricidade, pode haver energia no local.

Muitas indústrias, edificações comerciais, prédios elevados e complexos de apartamentos têm


equipamentos elétricos que utilizam mais de 600 volts.

Nas portas dos compartimentos que abrigam estes equipamentos (como transformadores e
grandes motores), deve haver uma placa de identificação com a inscrição “alta voltagem”.

148
Pode-se ainda encontrar instalações elétricas subterrâneas, isto é, galerias com cabos elétricos
abaixo da superfície. Os riscos mais freqüentes são as explosões, que podem arremessar tampas
de bueiros a grandes distâncias, devido ao acúmulo de gases inflamáveis de centelha de fusíveis,
relês ou curto circuito. Não se deve entrar em bueiros, exceto para efetuar um salvamento. O
combate deve ser efetuado desde a superfície, com o uso de gás carbônico ou PQS.

A água não deve ser aplicada em galerias, em razão da proximidade com o equipamento elétrico.

Emergências com Eletricidade

Em emergência envolvendo eletricidade, alguns procedimentos devem ser seguidos para manter
um ambiente seguro ao serviço de bombeiros:

• Quando forem encontrados fios caídos, a área ao redor deve ser isolada;
• Deve-se tratar todos os fios como energizados e de alta voltagem;
• Quando existir o risco de choque elétrico, deve-se usar EPI adequado e ferramentas
isoladas;
• Deve-se tomar cuidado ao manusear escadas, mangueiras ou equipamentos próximos a fios
elétricos.
• Não se deve tocar em qualquer veículo ou viatura que esteja com fios elétricos, pois esse
procedimento pode resultar em choque elétrico.

9.3.4 INCÊNDIOS CLASSE“D”

Incêndios em metais combustíveis (magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio, potássio, alumínio,
zinco, titânio, sódio, zircônio) exigem, para a sua extinção, agentes que se fundam em contato com
o material ou que retirem o calor destes. Metais combustíveis queimam em temperaturas
extremamente altas e reagem com a água, arremessando partículas. A reação será tanto maior
quanto mais fragmentado estiver o metal.

Estes incêndios podem ser reconhecidos pela cor branca das chamas. Uma camada cinza poderá
cobrir o material, dando a impressão de que não há fogo.

Quando o material estiver em forma de limalha (fragmentado), deve-se isolar a parte que está
queimando do resto por processo mecânico (retirada do material) e utilizar o agente extintor próprio,
cobrindo todo o material em chama.

O maior problema do bombeiro numa emergência com combustíveis classe "D" é a obtenção de
agentes extintores adequados à situação específica. Isso porque os metais combustíveis não
apresentam um comportamento padrão para um determinado agente extintor. Portanto, deve-se
agir com extrema cautela nestes casos. O melhor método de extinção é a quebra da reação em
cadeia com uso de agente extintor específico que reaja com o combustível e/ou radicais livres
impedindo a reação.

Quando não se dispõe do agente específico, o método a ser usado é o abafamento.

Exemplos de agentes que podem ser usados são grafite seco, cloreto de sódio, areia seca e
nitrogênio.

Em certas circunstâncias, a água pode ser usada como agente extintor (nas situações específicas
de ligas de magnésio usadas em indústria). Neste caso, a água deve ser utilizada em grandes
quantidades, pois a temperatura deste tipo de fogo é muito alta e a técnica de extinção utilizada é
o resfriamento. A água deve ser em quantidade tal que o resfriamento suplante a reação dela com
o combustível.

149
É importante que se obtenha o máximo de informação sobre o produto em chamas, bem como se
há no local o agente extintor apropriado.

9. VENTILAÇÃO

Em se tratando de combate a incêndio, ventilação consiste na sistemática retirada de fumaça, ar e


gases aquecidos da edificação, substituindo-os por ar fresco.
A ventilação, quanto ao momento em que é realizada, pode ser: antes do combate (antes das
linhas de ataque iniciarem a aplicar água), durante o combate (simultaneamente ao trabalho das
linhas de ataque) ou após o combate, para retirar a fumaça e calor apenas.
Em relação ao plano da abertura de saída da fumaça, a ventilação pode ser vertical ou
Horizontal.

VENTILAÇÃO VERTICAL

É aquela em que os produtos da combustão caminham verticalmente pelo ambiente, através de


aberturas verticais existentes (poços de elevadores, caixas de escadas), ou aberturas feitas pelo
bombeiro (retirada de telhas).
Para a ventilação, o bombeiro deve aproveitar as aberturas existentes na edificação, como as
portas, janelas e alçapões, só efetuando aberturas em paredes e telhados se inexistirem aberturas
ou se as existentes não puderem ser usadas para a ventilação natural ou forçada. Efetuar entrada
forçada em paredes e telhados, quando já existem aberturas no ambiente, acarreta prejuízos ao
proprietário, além de significar perda de
tempo.

VENTILAÇÃO HORIZONTAL

É aquela em que os produtos da combustão caminham horizontalmente pelo ambiente. Este tipo
de ventilação se processa pelo deslocamento dos produtos da combustão através de corredores,
janelas, portas e aberturas em paredes no mesmo plano.

No que diz respeito à ação humana para acelerar a movimentação dos gases, a ventilação
pode ser natural ou forçada.

150
VENTILAÇÃO NATURAL

A ventilação natural consiste em abrir acessos existentes (portas, janelas, clarabóias) ou criando
acesso (quebrando parte da estrutura de paredes, teto ou destelhando telhado) permitindo a
entrada natural de are saída de fumaça pela diferença de pressão. Aproveita-se a própria tendência
da fumaça em se deslocar para fora devido à diferença de densidade e devido às diferenças de
pressão.

Como já visto, o foco produzindo e aquecendo gases, faz com que eles subam . A acumulação
deles no teto e a expansão provocada pelo aquecimento geram um aumento de pressão que é
maior rente ao teto acima do foco. De igual modo, a tendência dos gases aquecidos em subir gera
uma zona de baixa pressão imediatamente acima do foco (ao redor e acima das chamas).

Zona de baixa pressão

Adaptado de figura extraída do sítio <www.flashover.fr>

Em se fazendo aberturas, o ar frio tende a entrar e ir em direção à zona de baixa pressão enquanto
que a fumaça busca o exterior do cômodo para aliviar a pressão. Isso provoca a ventilação.

A ventilação ocorrerá por qualquer abertura existente ou feita, intencionalmente ou não. Ainda que
exista uma abertura só, como na figura anterior, o ar entrará por baixo e fumaça sairá por cima. Se
a ventilação será eficiente ou não, isso depende do tamanho da abertura em relação ao cômodo
e ao foco.
A ventilação natural será mais eficiente caso seja cruzada, ou seja, caso acessos sejam abertos
em lados opostos do cômodo permitindo a saída da fumaça por um lado e a entrada de ar pelo
outro, renovando a atmosfera do ambiente.
Ao se efetuar uma ventilação natural devemos considerar alguns aspectos:

- A direção do vento deve ser aproveitada para soprar ar fresco para dentro da edificação;

- O acesso de saída deve ser aberto primeiro, pois, abrir a entrada primeiro significa dar
comburente ao foco sem lhe retirar nada;

- Se possível, a área de saída de fumaça deve ser maior que a área de entrada de ar fresco;

- O caminho que a fumaça vai fazer dentro da edificação: a fumaça aquecida não deve vagar
por cômodos não afetados.

VENTILAÇÃO FORÇADA

A ventilação forçada consiste no emprego de meios artificiais para acelerar a movimentação dos
151
gases no ambiente sinistrado.
Além da mera abertura de acessos, que se dá quase como na ventilação natural, a ventilação
forçada conta com equipamentos para acelerar o deslocamento dos gases.
Quanto ao tipo de equipamento utilizado, a ventilação forçada divide-se em: mecânica e
Hidráulica.

Ventilação forçada MECÂNICA – consiste no emprego de ventiladores ou exaustores com


funcionamento elétrico, a combustão ou hidráulico23.
Ventilação forçada HIDRÁULICA – consiste no emprego de jato neblinado para, aproveitando o
princípio de Bernoulli, arrastar gases junto com o cone quer seja a fumaça para fora ou o ar fresco
para dentro.
A ventilação forçada pode ser de pressão negativa ou por pressão positiva, caso se force a entrada
o deslocamento de gases pela entrada ou pela saída dos gases.
O jato deve ser usado com vazão mínima possível e o esguicho deve ficar entre 0,5 a 1 m de
distância do acesso. Nenhuma parte do cone de água pode sobrar para fora do

23 ligado à bomba da viatura, a água impulsionada pela bomba faz girar as pás

Acesso. Todo o cone deve ser encaixado dentro da abertura próximo à beirada, seja uma porta,
janela ou acesso forçado.

Ventilação por Pressão Positiva (VPP) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de entrada jogando água para
dentro do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para dentro a pressão fica
maior no interior na zona próxima à abertura, por isso a denominação de ventilação por pressão
positiva.

Como se pode perceber ela é feita de fora para dentro do ambiente sinistrado. A VPP pode ser
feita com uma ou duas aberturas.

Com uma abertura, o ar deve ser “soprado” pela parte inferior, haja vista a tendência da fumaça
em “flutuar” sobre a camada de ar frio que entra.

Em se tratando de uma abertura e sendo ela uma porta, o jato deve ser posicionado de modo que
preencha o Máximo possível da metade inferior da porta como esquematizado ao lado.

Semelhantemente ocorrerá se o único acesso for uma janela. A metade superior deve ser deixada
livre para a saída de fumaça.

Como a saída de fumaça se dará muito próximo aos bombeiros, a técnica de VPP por uma abertura
152
deve ser feita preferencialmente após o fogo ser debelado e caso não haja outra forma de efetuar
a ventilação.

O mero fato de haver outra abertura para a saída de fumaça já


torna mais segura a operação para os bombeiros na linha de
ventilação. Isso não elimina a necessidade de coordenação
entre a equipe de ventilação e a equipe de ataque, pois a
ventilação alterará a dinâmica do incêndio

Com duas aberturas, uma para a entrada do ar fresco e outra oposta para a saída de fumaça, o
jato deve ter outro alvo. Em se tratando de uma porta, deve atingi-la na metade superior. Isso se
deve ao fato de que na parte superior estão concentrados os gases mais aquecidos e a ventilação
por ali será mais eficiente.

Como há outra abertura para saída de fumaça, não há necessidade de reservar a parte superior do
vão da porta para a saída de fumaça.

Se a abertura de entrada for uma janela, deve o jato ocupar o máximo dela possível pela mesma
razão.

Se a queima ainda estiver considerável, ou seja,


se a ventilação for prévia ou concomitante ao
combate, é imperativo que o acesso para saída
de fumaça seja próximo ao foco e que direcione
a fumaça para fora da edificação. A fumaça
aquecida pelo foco não pode percorrer o interior
da edificação, pois, se assim fosse, a fumaça
estaria irradiando calor para materiais ainda não
afetados e poderia provocar a ignição de novos
focos.

A ventilação por pressão positiva auxilia no resfriamento do ambiente pela impulsão de neblina de
água que ajuda no resfriamento. Infelizmente, aumentam também os danos causados pela água e
pelo excesso de vapor que se acumulará caso a ventilação não seja bem efetuada.

153
Ventilação por Pressão Negativa (VPN) – a ventilação forçada, quer seja ela mecânica ou
hidráulica, pode ser feita com o jato neblinado soprando no acesso de saída jogando água para
fora do ambiente e arrastando junto ar fresco. Como o ar é forçado para fora, a pressão no interior
próximo à abertura fica menor gerando uma zona de baixa pressão, por isso a denominação de
ventilação por pressão negativa.

A água é jogada para fora do ambiente, evitando os danos à propriedade pela água, mas diminuindo
a capacidade de resfriamento da operação de ventilação, o que é facilmente contornado se a
ventilação for bem-feita.

Com a fumaça empurrada para fora, o ar frio entra para substituir o vazio que ficaria substituindo a
atmosfera quente e inflamável do ambiente.

A VPN também pode ser feita por uma ou duas aberturas, mas em qualquer dos casos, o jato deve
ser direcionado à metade superior nas portas e
englobando o máximo do espaço nas janelas.

A abertura de entrada de ar é menos importante, uma


vez que o ar buscará entrar por qualquer fresta para
ocupar o espaço deixado pela fumaça arrastada para
fora.

Como a VPP, a VPN deve ser feita com a saída de


fumaça próxima ao foco e pode ser imediatamente
posterior à extinção do foco com emprego da técnica
penciling, ou mesmo ataque direto.

A VPN é feita de dentro para fora.

Obs.: mencionamos o alvo dos jatos de água,


considerando a VPP e VPN hidráulicas, mas o emprego
de ventiladores é bem semelhante no que tange aos
alvos a serem escolhidos nas aberturas.

CUIDADOS NA VENTILAÇÃO

Para a ventilação, o bombeiro deve aproveitar as aberturas existentes na edificação, como as


portas, janelas e alçapões, só efetuando aberturas em paredes e telhados se inexistirem aberturas
ou se as existentes não puderem ser usadas para a ventilação natural ou forçada. Efetuar entrada
forçada em paredes e telhados, quando já existem aberturas no ambiente, acarreta prejuízos ao
proprietário, além de significar perda de tempo.
Sabemos que qualquer ventilação altera a intensidade da queima e a TLC. A nós não interessa a
ventilação que alimente as chamas apenas. Buscamos resfriar o ambiente melhorando as
condições de conforto, visibilidade e de sobrevida às vítimas no interior, assim, ao realizar uma
ventilação, ela será eficiente se retirar mais calor com os gases aquecidos do que é produzido pelo
foco.
Devemos cuidar para que a fumaça seja deslocada para fora da edificação evitando que transmita
calor para outros materiais termolizando-os e até mesmo provocando sua ignição.
Para evitar o espalhamento da fumaça para outros cômodos não afetados, é possível abri-los para
o exterior e fechá-los para o interior. Abrem-se as janelas para fora e fecham-se as portas para
dentro.

154
A fumaça, mesmo ao sair da edificação, não deve ter seu caminho ignorado, pois se ela deixar uma
edificação para penetrar em outra vizinha, estará transportando calor que pode ser suficiente para
eclodir novos focos nessa outra edificação.
Já foi afirmado, mas não é inconveniente lembrar que a saída de fumaça, seja a ventilação por
pressão positiva ou por pressão negativa, seja forçada ou natural, horizontal ou vertical, a abertura
de saída de fumaça deve ser próxima ao foco!
O uso de ventiladores-exaustores com mangas de direcionamento de ar altera a dinâmica
apresentada. Com as mangas, é possível coletar a fumaça do cômodo sinistrado e a conduzir até
o exterior da edificação sem expor os materiais pelo caminho.

10. REFERÊNCIAS

International Fire Service Training Association. Essentials of firefighting and fire department
operations. 5ª Ed. Oklahoma: Fire Protection Publications, 2008.

GRIMWOOD, Paul. Euro Firefighter. Inglaterra: Jeremy Mills Publishing. 2008

GRIMWOOD, Paul. et alii. 3D Firefighting: techniques, tips, and tactics. Stillwater, OK: Fire
Protection Publications. 2005.

GRIMWOOD, Paul; DESMET, Koen. Tactical Firefighting: a comprehensive guide to compartment


firefighting and live fire training. Londres: CEMAC, jan, 2003.

OLIVEIRA, Marcos de. Manual de estratégias, táticas e técnicas de combate a incêndio


estrutural. Florianópolis: Editograf, 2005.

SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Coletânea de
Manuais Técnicos de Bombeiros, Títulos 1, 23, 32, 42. São Paulo: 2006

155
1. ATRIBUTOS E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA

1.1 INTRODUÇÃO

É da maior importância que o socorrista conheça e saiba colocar em prática o suporte básico de
vida. Saber fazer o certo na hora certa pode significar a diferença entre a vida e a morte para um
acidentado. Além disso, os conhecimentos na área podem minimizar os resultados decorrentes de
uma lesão, reduzir o sofrimento da vítima e colocá-la em melhores condições para receber o
tratamento definitivo.

1.2 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR (APH)

É o conjunto de procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte


da vítima, visando mantê-la com vida e estável, evitando o agravamento das lesões existentes e
fornecendo um transporte rápido e adequado até um serviço de referencia.

1.3 O SOCORRISTA

É pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com segurança, avaliar e identificar


problemas que comprometam a vida. Cabe ao socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar
e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes.

É uma atividade regulamentada pelo Ministério da Saúde, segundo a portaria N° 2048, de 05 de


novembro de 2002. O socorrista possui um treinamento mais amplo e detalhado que uma pessoa
prestadora de socorro.

1.4 ATRIBUTOS DO SOCORRISTA

Os principais atributos inerentes à função do socorrista são:

a) Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário;

b) Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou exageradas
daqueles que estão sob situação de estresse;

c) Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente.

156
1.5 RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA
As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o cumprimento das seguintes
atividades:
a) Ter conhecimento acerca da necessidade de utilização dos equipamentos de proteção individual
(EPI's) e fazer uso dos mesmos;
b) Controlar o local do acidente, identificando e gerenciando os riscos, de modo a proteger a si
mesmo, sua equipe, o paciente e prevenir outros acidentes;
c) Colher o maior número possível de informações junto à base, tais como tipo de acidente, nº e
situação das vítimas, se já foi acionado outro órgão para o local (recursos adicionais), pontos de
referência do local da ocorrência etc..
d) Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação;
e) Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local, através da cinemática do
trauma e pela avaliação do paciente;
f) Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento, não
correndo riscos desnecessários. Tentar fazer o que estiver ao seu alcance para socorrer uma vítima,
desde que a cena esteja segura para si
e sua equipe primeiramente;
g) Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente. O
procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais;
h) Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as
atividades;
i) Fornecer um atendimento humanizado ao paciente, tratando com dignidade e respeito à vida humana.
1.6 DIREITOS DO PACIENTE
a) Solicitar e receber atendimento;
b) Exigir sigilo sobre suas condições;
c) Denunciar a quem não lhe prestou socorro e/ou não fez sigilo de sua condição;
d) Recusar o atendimento conforme o caso.

157
1.7 TERMOS USUAIS

• Primeiros Socorros: São os cuidados imediatos prestados a uma pessoa cujo estado físico
coloca em perigo a sua vida ou a sua saúde, com o fim de manter as suas funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições, até que receba assistência médica especializada.

• Urgência: Condição indica gravidade, mas geralmente não perigosa. Estado que necessita de
encaminhamento rápido ao hospital. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada
e o seu encaminhamento deve ser o mais curto possível.

Ex.: queimaduras; estado de pânico agudo; dor abdominal grave.

• Emergência: Condição potencialmente ameaçadora a vida ou à ação normal de um órgão em


estado grave, que necessita atendimento médico imediato com a mais alta prioridade.

Ex.: parada cardíaca; choque profundo; traumatismo craniano.

• Acidente: Fato do qual resulta pessoas feridas e/ou mortas que necessitam de atendimento.

• Incidente: Fato ou evento desastroso do qual não resulta pessoas mortas ou feridas, mas que
pode oferecer risco futuro.

• Sinal: É a informação obtida a partir da observação da vítima.

• Sintoma: É informação a partir de um relato da vítima.

• Suporte Básico da Vida: É uma medida de emergência que consiste no reconhecimento e


correção da falência do sistema respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, manter a pessoa
respirando, com pulso e sem hemorragias.

• Trauma: Aplicação de uma força que supera a capacidade de resistência do corpo ou parte dele,
provocando lesões de extensão, intensidade e gravidade variáveis, que podem ser produzidas por
agentes diversos (físicos ou químicos), sendo de forma acidental e ou intencional, agindo
instantânea ou prolongadamente, provocando perturbação somática e/ou psíquica.

158
2. A OCORRÊNCIA

Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou
patologias, que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata
de suporte básico de vida, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ou sobrevida aos
pacientes, bem como evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente.

2.1 CHAMADA DE EMERGÊNCIA

Dados a solicitar ou confirmar durante o deslocamento para a cena de emergência:

• Local do acidente (ponto de referência);


• Solicitante;
• Natureza da ocorrência;
• N.º de vítimas e idade aproximada
• Gravidade das vítimas;
• Ações já empreendidas.

2.2 RECONHECIMENTO DO LOCAL DA OCORRÊNCIA

Reconhecimento da situação, realizado pelo socorrista no momento em que chega ao local da


emergência. O reconhecimento é necessário para que o socorrista possa avaliar a situação inicial,
decidir o que fazer e como fazer.

2.2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL

O socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes


aspectos:

• A situação;
• Potencial de risco;
• As medidas a serem adotadas;
• Adoção de medidas de proteção individual (EPI).

Após avaliar o local, o socorrista deverá gerenciar os riscos presentes na cena e acionar o serviço
de emergência.

2.2.2 GERENCIAMENTO DOS RISCOS

Consiste na avaliação minuciosa por parte do socorrista em toda a cena de emergência,


possibilitando eliminar ou minimizar as situações de risco existentes.

2.2.3 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

EPI's são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista durante a


realização de atividades onde possam existir riscos potenciais à sua pessoa.

159
3. AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE

A avaliação é a pedra fundamental para o melhor atendimento ao doente. A primeira meta é


determinar a situação atual da vítima. Desenvolve-se uma impressão geral, estabelecem-se valores
basais para os estados respiratórios, circulatório e neurológico. Em seguida, são rapidamente
encontradas e tratadas as condições que ameaçam a vida. Se o tempo permitir, mais
frequentemente quando o transporte está sendo efetuado, é feita uma avaliação detalhada de
lesões sem risco de vida ou que comprometam membros.

Todas essas etapas são realizadas com rapidez e eficiência com o intuito de minimizar o tempo
gasto na cena. Não se pode permitir que doentes graves permaneçam no local do trauma para
outro cuidado que não o de estabilizá-los para transporte, a menos que estejam presos ou existam
outras complicações que impeçam o transporte imediato.

De acordo com o PHTLS, o processo de avaliação geral do paciente divide-se em quatro fases
distintas, a saber:

• Exame da cena;
• Exame primário;
• Exame secundário;
• Monitoramento e reavaliação.

3.1 EXAME DA CENA

Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria
condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer
membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria
a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. Mas isso já foi
discutido no capítulo anterior.

3.2 EXAME PRIMÁRIO

Podemos conceituá-lo como sendo um processo ordenado para identificar e corrigir, de imediato,
problemas que ameacem a vida em curto prazo.

No doente traumatizado multissistêmico1 grave, a prioridade máxima é a identificação e o


atendimento rápido de condições que ameacem a vida. Mais de 90% dos doentes traumatizados
possuem ferimentos que envolvem apenas um sistema. Para esses, há tempo para fazer tanto o
exame primário quanto o secundário completos.

1O paciente multissistêmico possui lesões que afetam mais de um sistema do corpo, incluindo os sistemas pulmonar,
circulatório, neurológico, gastrointestinal, musculoesquelético e tegumentar.

160
Para doentes traumatizados graves, o socorrista não pode fazer mais do que o exame primário. A ênfase é na avaliação
rápida, utilizando cinco etapas (ABCDE do trauma).

A - (Airway) permeabilidade das vias aéreas e controle da coluna cervical

B - (Breathing) ventilação. Se a vítima respira e como se processa essa respiração

C- (Circulation) verificar pulso, hemorragia e risco de estado de choque

D - (Disability) incapacidade neurológica

E- (Exposure) exposição de ferimentos

Como Realizar o Exame primário

1. Observe visualmente a cena (cinemática do trauma) e forme uma impressão geral do paciente;

2. Apresente-se ao paciente e solicite o seu consentimento. "Eu sou o... (nome do bombeiro), Bombeiro
Profissional Civil, e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo?". Uma resposta adequada permite
esclarecer que a vítima está consciente,
que as vias aéreas estão permeáveis e que respira;

3. Vias aéreas (A): Avalie a sua permeabilidade e estabilize manualmente a coluna cervical, utilizando a manobra
do empurre mandibular (em caso de trauma). Para casos clínicos, será necessária somente a abertura de VA's,
utilizando a
manobra de elevação do queixo;

4. Avalie a respiração (B) do paciente (usar a técnica do ver, ouvir e sentir - VOS). Observe sinais de respiração
difícil (rápida, profunda, ruidosa). Caso o paciente não respire, faça a abertura de sua cavidade oral e visualize a
presença de algum corpo estranho ou excesso de secreção na cavidade. Caso exista, faça uma varredura digital ou
uma aspiração. Posteriormente, deverão ser efetuadas duas ventilações de resgate e observar se houve passagem
do ar (elevação do tórax e/ou abdome). Em caso negativo, iniciar manobra de desobstrução de vias aéreas (OVACE).
Em caso positivo, checar pulso carotídeo: paciente com pulso iniciar reanimação pulmonar (esses procedimentos
serão descritos logo adiante);

Quando a vítima se encontra inconsciente, o tônus muscular é insuficiente, posto que a língua e a epiglote podem
obstruir a chegada de ar até os pulmões. A fim de permitir a respiração ou o acesso fácil para aspiração bilateral, é
introduzida uma cânula orofaríngea nesses pacientes. Caso tenham reflexos de vômito, não deverá ser colocada;

Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica Avaliação da respiração - ver, ouvir e


sentir. se há corpos estranhos na cavidade oral da vítima.

5. Verifique a circulação (C) do paciente (avalie o pulso carotídeo em adultos e crianças, e braquial
em lactentes): paciente sem pulso e iniciar RCP; verifique a presença de hemorragias e perfusão.
A perfusão > 2s, associada a outros sinais tais como cianose, palidez, pele fria e úmida, pode
indicar um comprometimento da oxigenação dos tecidos ou choque;

161
6. Verifique nível de consciência (D) (Escala de coma de Glasgow), para a avaliação do grau de
comprometimento neurológico e da evolução do quadro. Ao verificar a resposta ocular, examine as
pupilas. Observe a sua reatividade e simetria;

7.Exposição dos ferimentos (E). Retirar vestimentas pesadas que impeçam a correta avaliação
da existência de ferimentos; expor somente as partes lesionadas para tratamento; prevenir o
choque; preservar dentro das possibilidades, a intimidade do paciente;

8. Decida a prioridade para o transporte, através da escala CIPE;

9. Coloque colar cervical;

10. Administre oxigênio.

Escala CIPE

Ao término do exame primário, o socorrista deverá classificar o paciente de acordo com a gravidade
de suas lesões ou doença. Essa classificação é baseada na escala CIPE.

Crítico:

Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

Instável:

Paciente inconsciente (Glasgow <13), com choque descompensado (choque com perfusão >2s),
dificuldade respiratória severa, com lesão grave de cabeça e/ou tórax.

Potencialmente Instável:

Paciente vítima de mecanismo agressor importante, em choque compensado (perfusão


<2s), portador de lesão isolada importante ou lesão de extremidade com prejuízo circulatório ou
neurológico.

Estável:

Paciente portador de lesões menores e sinais vitais normais.

Os pacientes críticos e instáveis devem ser tratados no máximo em 5 minutos no local da


emergência e transportados de imediato. Nesses casos, o exame secundário deverá ser realizado
durante o transporte para o hospital, simultaneamente com as medidas de suporte básico de vida.
Já no caso dos pacientes potencialmente instáveis e estáveis, o socorrista deverá continuar a
avaliação no local da emergência no máximo em 12 minutos e transportá-lo após sua
estabilização.

Colar Cervical e Oxigênio

Após decidir sobre a prioridade de transporte, a equipe de socorristas deverá realizar um rápido
exame físico na região posterior, anterior e lateral do pescoço e, em seguida, mensurar e aplicar o
colar cervical de tamanho apropriado. Depois, os socorristas deverão avaliar a necessidade de
ofertar oxigênio para o paciente. Para isto, deverão examinar o nariz, a boca e a mandíbula e
através do emprego de uma máscara facial com reservatório de oxigênio.
Para tratar os pacientes de emergência clínica, os socorristas poderão utilizar os mesmos
parâmetros recomendados nos casos de trauma, no entanto, não necessitam imobilizar a região
cervical.
162
3.3 EXAME SECUNDÁRIO

O exame secundário é avaliação da cabeça aos pés do doente. O socorrista deve completar o
exame primário, identificar e tratar as lesões que ameaçam a vida antes de começar o exame
secundário. Seu objetivo é identificar lesões ou problemas que não foram identificados durante o
exame primário.

É dividido em três etapas, que são realizadas simultaneamente por três socorristas.

Caso não haja essa quantidade, pode haver acúmulo de função, sendo imprescindível sempre, um
treinamento permanente da equipe para a harmonia dos trabalhos.

- Entrevista: Etapa da avaliação onde o socorrista 1 conversa com o paciente buscando obter
informações dele próprio, de familiares ou de testemunhas, sobre o tipo de lesão ou enfermidade
existente e outros dados relevantes.

- Sinais Vitais: Etapa da avaliação onde o socorrista 2 realiza a aferição da respiração, pulso,
pressão arterial e temperatura relativa da pele do paciente.

- Exame físico detalhado: Realizado pelo chefe da equipe em todo o segmento corporal.

Fique atento durante todo o processo de avaliação, pois algumas vezes a natureza da emergência
pode não estar claramente definida.

Guia Para Realizar Uma Entrevista:

Se o paciente estiver consciente e em condições de respondê-lo, questione-o utilizando as


seguintes perguntas (mnemônico AMPLA):

• Alergias: principalmente a remédios.


• Medicações: drogas prescritas ou não que o paciente toma regularmente.
• Passado médico e antecedente cirúrgico: problemas médicos importantes para os quais o
paciente recebe tratamento. Inclui cirurgias prévias.

• Líquido e alimentos: muitos traumatizados necessitarão de cirurgia, e alimentação recente pode


aumentar o risco de vômito e aspiração durante a indução da anestesia.

• Ambiente: Eventos que levaram ao trauma (o que aconteceu?).

• Pergunte ao paciente sobre sua queixa principal, o (s) local (is) que doem mais.

Guia para aferir os sinais vitais:

Sinal: É tudo aquilo que o socorrista pode observar ou sentir no paciente enquanto o examina.

Exemplos: pulso, palidez, sudorese etc.

Sintoma: É tudo aquilo que o socorrista não consegue identificar sozinho. O paciente necessita
contar sobre si mesmo.

Exemplos: dor abdominal, tontura etc.

Aferição de Sinais Vitais:

163
• Pulso: É o reflexo do batimento cardíaco palpável nos locais onde as artérias calibrosas estão
posicionadas próximas da pele e sobre um plano duro.

Valores normais:

Adulto: 60-100 batimentos por minuto (bpm);


Criança: 80-140 bpm;
Lactentes: 85-190 bpm.

• Respiração: Processo fisiológico de troca de gases entre as artérias e o alvéolo.

Valores normais:

Adulto: 12-20 ventilações por minuto (vpm); Criança: 20-40 vpm;


Lactentes: 40-60 vpm.

• Temperatura: É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.

Valores normais:

36,5 a 37,0 ºC - independente da faixa etária.

Temperatura Relativa da Pele:

Em atendimento pré-hospitalar, o socorrista verifica a temperatura relativa da pele colocando o


dorso da sua mão sobre a pele do paciente (na testa, no tórax ou no abdômen). O socorrista estima
a temperatura relativa da pele pelo tato.

Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e poderá
apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca.

Durante o monitoramento, o socorrista deverá utilizar o termômetro clínico, para real certificação
da temperatura corporal.

Com relação à coloração, a pele poderá estar:

- Pálida,
- Ruborizada ou
- Cianótica.

Nas pessoas negras, a cianose poderá ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas
unhas.

• Pressão arterial (PA): É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as
paredes internas das artérias. A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica.

164
A sistólica é a pressão máxima à qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A
diastólica é a pressão remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado
(diástole). A pressão arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco, quanto mais
força, mais elevada a PA e o volume de sangue circulante.
Valores normais:
Adulto:

• Sistólica: máxima 150 mmHg e mínima 100 mmHg.


• Diastólica: máxima 90 mmHg e mínima 60 mmHg.

Criança:

IDADE
Nascimento (12 h, < 1000 g)
Nascimento (12 h, 3 Kg)
Recém-nascido (96 h)
Lactente (6 meses)
Criança (2 anos) Idade escolar (7 anos) Adolescente (15 anos)

PRESSÃO SISTÓLICA
(mm Hg)
39-59
50-70
60-90
87-105
95-105
97-112
112-128

PRESSÃO DIASTÓLICA
(mm Hg)
16-36
25-45
20-60
53-66
53-66
57-71
66-80

Dentro desses valores, consideramos a PA normal; se exceder à máxima, denominamos alta


(hipertensão) e, ao contrário, se não atinge o nível mínimo, denominamos baixa (hipotensão).

Em geral não se afere PA em crianças com menos de 3 anos de idade. Nos casos de hemorragias ou
choque, a PA mantém-se constante dentro de valores normais para no final desenvolver uma queda
abrupta.

Guia para realizar o exame físico detalhado

O exame físico detalhado da cabeça aos pés deve ser realizado pelo socorrista em cerca de 2 a 3
minutos. O exame completo não precisa ser realizado em todos os pacientes. Ele pode ser realizado
de forma limitada em pacientes que sofreram pequenos acidentes ou que possuem emergências
médicas evidentes.

Ao realizar o exame padronizado da cabeça aos pés, o socorrista deverá:

Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa;


2) Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos, pálpebras e os ouvidos;

165
3) Inspecionar o ombro bilateralmente proximal / distal;
4) Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax;
5) Inspecionar o abdômen em quatro quadrantes separadamente;
6) Inspecionar as regiões anterior e lateral da pelve e a região genital;
7) Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso distal, a
capacidade de movimentação (motricidade), a perfusão e a sensibilidade (PPMS);
8) Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar PPMS;
9) Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.

166
167
3.4 MONITORAMENTO E REAVALIAÇÃO

O monitoramento é realizado durante o transporte do paciente, devendo o socorrista reavaliar


constantemente os sinais vitais e o aspecto geral do paciente.

A reavaliação deverá ser realizada conforme a escala CIPE: CRÍTICO e INSTÁVEL: Reavaliar a cada
5 minutos.
POTENCIALMENTE INSTÁVEL e ESTÁVEL: Reavaliar a cada 15 minutos.
X

ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG)

AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO
• Abertura ocular Espontânea 4
Por estímulo verbal 3
Por estímulo à dor 2
Sem resposta 1
• Resposta verbal Orientado 5
Confuso (mas responde) 4
Resposta inapropriada 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1
• Resposta motora Obedece ordens 6
Localiza dor 5
Reage a dor mas não localiza 4
Flexão anormal - decorticação 3
Extensão anormal- 2
decerebração
Sem resposta 1

168
FLUXOGRAMA DA AVALIAÇÃO GERAL DO PACIENTE

Avialiação da Cena

Impressão geral
Vias aéreas/cervical RCP/DEA
Respiração RP
Circulação (pulso e hemorragias) Ovace
Exame Primario

Estado neurológico (ECG)


Exposição de ferimentos
Decisão de transporte (CIPE)

Sinais Vitais
Colar cervical e oxigênio
Entrevista
Exame Fisico Detalhado

Entrevista

Estabilização e
Transporte

169
4. SUPORTE BÁSICO DE VIDA
O suporte básico de vida (SBV) é uma sequência de medidas, aplicadas inicialmente no
atendimento a vítimas em parada cardiorrespiratória, consiste em reconhecer a PCR, solicitar
ajuda, iniciar suporte ventilatório e circulação mecânica.
Considerando que a fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV) sem pulso são os ritmos
mais frequentemente observados em adultos durante uma PCR, e que a desfibrilação elétrica
precoce é a única terapia eficaz na conversão desse ritmo caótico, adicionou-se a desfibrilação à
sequência da RCP.
O termo Reanimação Cardiorrespiratória e Cerebral - RCRC vem sendo inserido na prática
profissional em substituição ao termo RCP - Reanimação Cardiopulmonar.
Busca-se com essa mudança, o entendimento de que as medidas iniciais devem objetivar não só
o retorno da circulação espontânea, mas sim a prevenção ou minimização de lesão cerebral.
Entretanto, abordaremos nessa apostila o termo RCP, para evitarmos quaisquer dúvidas.
4.1 DEFINIÇÕES

4.1.1 PARADA RESPIRATÓRIA


Supressão súbita dos movimentos respiratórios, que poderá ou não, ser
acompanhada de parada cardíaca.
São causas de parada respiratória por ordem de incidência:
• Doenças do pulmão;
• Trauma;
• Obstrução de Vias Aéreas;
• Acidente Cardiovascular (AVC);
• Overdose por drogas;
• Afogamento;
• Inalação de fumaça;
• Epiglotite e laringite;
• Choque elétrico.
4.1.2 PARADA CARDÍACA
Segundo Guimarães ET AL (2005, p.1) parada cardíaca é "a cessação da atividade ventricular
cardíaca e circulação sistêmica em indivíduo com expectativa de restauração das funções
cardiopulmonar e cerebral, não portador de moléstia crônica intratável ou em fase terminal".

Outra definição:
É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de
resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apnéia (ou respirações agônicas).

170
4.2 MORTE CLÍNICA E BIOLÓGICA

A reanimação cardiopulmonar (RCP) é também uma aspiração médica, porque a morte clínica não
é seguida instantaneamente da morte biológica. Ou seja, no momento em que um paciente
apresenta sinais de morte clínica (inconsciência sem resposta a qualquer estímulo e ausência de
movimentos respiratórios e de pulso), há ainda viabilidade biológica dos órgãos internos.
Dessa forma, se for possível manter a oferta de oxigênio aos tecidos e recuperar a respiração e a
circulação espontâneas, antes da morte biológica dos tecidos, a reanimação é conseguida com
sucesso.

Lesão cerebral x tempo em parade

Para alguns pacientes com parada cardiorrespiratória e com funções neurológica e


cardiorrespiratória previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de
cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora.

O tempo disponível de viabilidade dos tecidos antes da morte biológica é curto e o principal
determinante do sucesso da RCP.

Delineação da idade

Com o objetivo de aplicar as técnicas conforme a idade da vítima, é necessário definir tal situação:

• Adultos: vítimas que apresentem caracteres sexuais secundários (pré-adolescentes);


• Crianças: a partir de 1 (um) ano de idade até a presença de caracteres sexuais secundários;

• Bebês ou lactentes: até 1 (um) ano de idade;


• Neonatos ou recém-nascidos: das primeiras horas do parto até 28 dias.

171
4.3 DIAGNÓSTICO

É essencial para um melhor prognóstico, o reconhecimento de sinais que indiquem que o paciente
está evoluindo para uma parada cardiorrespiratória. São eles:

• Alteração da respiração (taqui ou bradipnéia);

• Alteração do nível de consciência (torpor);

• Alteração do ritmo cardíaco (taquiarritmias, bradicardia).

Na vigência da evolução desses sinais, teremos uma PCR, diagnosticada através de:
inconsciência, ausência de movimentos respiratórios e ausência de pulso central (carotídeo e
femoral). No lactente, dá-se preferência ao pulso braquial, palpado contra o úmero medialmente ao
bíceps.

Outros sinais podem ser identificados, como a midríase e a cianose. A dilatação pupilar (midríase)
surge cerca de 45 segundos após a PC, completando-se em menos de 3 minutos.

4.4 MANOBRA DE RCP

4.4.1 VÍTIMAS DE TRAUMA

A reanimação cardiopulmonar requer uma sequencia de procedimentos parecidos com o ABCD da


avaliação inicial com a diferença que o "D" da RCP se refere à desfibrilação:

A - Vias aéreas: manter as vias aéreas para a passagem do ar;


B - Respiração: ventilar os pulmões da vítima com pressão positiva;
C- Circulação: fazer compressões torácicas;
D - Desfibrilação: aplicação de choque para FV/TV sem pulso.

Estabelecido que a vítima apresenta os sinais característicos de parada cardiopulmonar você deve
iniciar os procedimentos de RCP. Para tanto o primeiro passo é garantir que a vítima esteja em
decúbito dorsal (costas no chão), em uma superfície rígida.

VIAS AÉREAS (A)

1º passo: realize a manobra de empurre mandibular para que se abra a via aérea sem movimentar
a cabeça e o pescoço da vítima, uma vez que se trata de casos de trauma.

• Coloque a vítima em decúbito dorsal e ajoelhe-se acima da parte


superior de sua cabeça;

• Com os cotovelos na mesma superfície que o paciente, ou


apoiados em sua coxa, segure os ângulos da mandíbula da vítima com
os dedos, indicador e médio;

• Com os dedos posicionados, empurre a mandíbula para cima/frente, mantendo a palma das mãos
estabilizando a cabeça da vítima.

172
2º passo: inspecione a cavidade oral e certifique-se que não há nenhuma obstrução por prótese,
vômito, sangue e outros. Retirar conforme técnicas já descritas.

RESPIRAÇÃO (B)

Fazer o VOS (ver, ouvir e sentir). Se não há nenhuma movimentação do tórax e nenhum ar
exalado, a vítima está em apnéia. O ideal é que essa avaliação dure de 3 a 5 segundos. Se
constatar que não há respiração, a respiração é inadequada (agônica) ou ainda, você não tem
certeza sobre a situação, inicie as ventilações artificiais.

• Realize 2 (duas) ventilações de resgate- boca-boca, boca-máscara, boca-nariz, bolsa-válvula-


máscara e observe se houve passagem de ar. As ventilações devem ter a duração de 1
segundo e um intervalo de aprox. 4 segundos entre elas, permitindo assim a expiração.
Entretanto, o importante é observar se o volume de
• cada ventilação está sendo suficiente para produzir uma elevação torácica visível. Devem-se
evitar ventilações longas ou forçadas, pois pode exceder a pressão de abertura do esôfago,
provocando distensão gástrica, regurgitação e aspiração. Cuidado maior quando se trata de
crianças e lactentes, onde o volume de ar insuflado deverá ser menor. Se possível, a cânula
orofaríngea deverá ser usada nesse momento;

• Se houve passagem de ar e a vítima não respira, mas possui pulso, realizar a reanimação
pulmonar, que consiste em ciclos de 10 a 12 ventilações por minuto para um adulto (1 ventilação
a cada 5 segundos) e 12 a 20 ventilações por minuto para lactentes ou crianças ( aprox. 1
ventilação a cada 3 segundos). Após cada ciclo, observar se a vítima ainda apresenta pulso
central. Continuar com as ventilações até que a vítima restabeleça a respiração ou entre em
parada cardiorrespiratória.

Cânulas orofaríngeas, também conhecidas Identificação do tamanho adequado


como cânulas de Guedel. da cânula orofaríngea.

173
CIRCULAÇÃO (C)

Checar pulso em artérias centrais, como carótida e femoral; em lactentes, utiliza-se a palpação da
artéria braquial. Se ausente, iniciar a compressão torácica externa na metade inferior do osso
esterno.

Sequência:

• ADULTO: o esterno é comprimido por, no mínimo 5 cm, utilizando-se a região hipotenar de 2


mãos. As compressões são feitas na frequência mínima de 100/min, com 5 ciclos de 30:2
(compressão/ventilação).
• CRIANÇAS: utilizar a região hipotenar de 1 ou 2 mãos na compressão esternal, de
aproximadamente 5 cm. A relação compressão/ventilação será de 30:2 (5
• ciclos) com um socorrista e 15:2 (10 ciclos) com dois socorristas.

• LACTENTES: profundidade das compressões de aproximadamente 4 cm. Com 1 socorrista:


utilizar 2 dedos para comprimir o esterno; com 2 socorristas: utilizar a técnica dos dois
polegares, com as mãos circundando o corpo. Da mesma forma em crianças, a frequência das
compressões em lactentes será de 100/min., guardando a relação 30:2 (5 ciclos) com um
socorrista e 15:2 (10 ciclos) com dois socorristas.

• Considerações acerca da RCP:

• Geral:

• Em nenhuma hipótese as mãos devem ser retiradas da posição entre as massagens.


Entretanto, é importante que seja permitido ao tórax retornar ao seu ponto de partida antes da
compressão, não devendo ser mantido sob pressão;

• Certifique-se de que a vítima esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície rígida;

• Após 2 (dois) minutos ou 5 (cinco) ciclos de RCP reavalie a vítima; não demore mais do que 5
segundos nessa avaliação e continue a RCP, a menos que um DEA esteja disponível;
• O tempo de compressão e descompressão deve ser igual; não permitir que o tórax retorne de
forma abrupta;

• A ótima compressão do esterno normalmente é identificada quando existe a palpação de pulso


carotídeo ou femoral;

• Na impossibilidade da ventilação (ausência de materiais de proteção ou traumas que


possibilitem apenas a obtenção de via aérea avançada), realizar somente as compressões
cardíacas externas.

174
Adultos e crianças:

• Ponto de referência para a compressão: centro do peito, entre os mamilos;


• Ajoelhe-se ao lado da vítima na altura dos ombros. Se possível, posicione-se do lado direito,
deixando livre o esquerdo para a aplicação do DEA;

• A cada 2 min. troque, se possível, o socorrista que comprime o tórax, para evitar a exaustão e
consequente aplicação incorreta das compressões;

• Os dedos devem estar estendidos ou entrelaçados; eles não tocam o tórax durante as
compressões. Os braços também deverão permanecer eretos e perpendiculares ao tórax da
vitima durante todo o tempo. Para isso, o socorrista deverá inclinar-se.

175
Lactentes

• Ponto de referência para compressão: imediatamente abaixo da linha dos mamilos;

• Em lactentes, o socorrista poderá realizar a RCP sentado com o bebê em seu braço,
apoiado em uma das pernas;

DESFIBRILAÇÃO (D)

Se após 5 ciclos de RCP o paciente não tiver pulso e se houver um desfibrilador disponível, deverá
ser lançado mão imediatamente para normalizar os batimentos cardíacos que entram em
movimentos descompassados como a fibrilação ventricular (FV) e a taquicardia ventricular sem
pulso.

4.4.1 VÍTIMAS DE CASOS CLÍNICOS

As novas diretrizes da American Heart Association 2015 (AHA/2015) alterou a sequência do


Suporte Básico de Vida de A-B-C (via aérea, respiração, compressões torácicas) para C-A-B
(compressões torácicas, via aérea, respiração) em adultos, crianças e bebês (excluindo-se recém-
nascidos).

Na sequencia A-B-C, as compressões torácicas, muitas vezes, são retardadas enquanto o


socorrista abre a via aérea para aplicar respiração boca a boca, recupera um dispositivo de barreira
ou reúne e monta o equipamento de ventilação. Com a alteração da sequencia para C-A-B, as
compressões torácicas serão iniciadas mais cedo e o atraso na ventilação será mínimo (isto é,
somente o tempo necessário para aplicar o primeiro ciclo de 30 compressões torácicas, ou,
aproximadamente, 18 segundos).

176
A maioria das vítimas de parada cardiorrespiratória extra-hospitalar não recebe nenhuma manobra
de RCP das pessoas presentes. Existem, provavelmente, muitas razões para isso, mas um
empecilho pode ser a sequência A-B-C, que começa com os procedimentos que os socorristas
acham mais difíceis, a saber, a abertura da via aérea e a aplicação de ventilações. Diante disso,
começar com compressões torácicas pode encorajar mais socorristas a iniciar a RCP.

Embora nenhuma evidência em humanos ou animais publicados demonstre que iniciar a RCP com
30 compressões, em vez de 2 ventilações, leve a um melhor resultado, as compressões torácicas
fornecem fluxo sanguíneo vital ao coração e ao cérebro; ademais, estudos de PCR extra-hospitalar
em adultos mostram que a sobrevivência é maior quando as pessoas presentes fazem alguma
tentativa de aplicar a RCP, em vez de simplesmente não tentarem fazê-lo. Dados de animais
demonstram que atrasos ou interrupções nas compressões torácicas reduzem a sobrevivência;
logo, tais atrasos ou interrupções devem ser minimizados ao longo de toda a ressuscitação. As
compressões torácicas podem ser iniciadas quase imediatamente, ao passo que posicionar a
cabeça e obter um selo para a respiração boca a boca ou com bolsa-válvula-máscara/insuflador
manual sempre demoram certo tempo. Entende-se, portanto, que o início da RCP com
compressões torácicas garante que a vitima receba logo essa intervenção critica e, assim, as
chances de sobrevivência aumentam.

Contudo, tal procedimento deverá ser utilizado apenas em vítimas de casos clínicos. Em vítimas
de trauma, permanece a sequência A-B-C.

Assim, o procedimento adequado para realizar RCP em vítimas de casos clínicos consiste na
aplicação da seguinte sequência:

A - Via Aérea

B – Respiração

C – Circulação

D – Desfibrilação

Dessa forma, o socorrista deve iniciar as compressões torácicas antes das ventilações. E apenas
após a aplicação das 30 compressões, é que o socorrista deverá abrir a via aérea da vítima e
aplicar as 02 ventilações de resgate.
Importante mencionar também que, antes de iniciar a RCP, o socorrista irá abordar a vítima e
checar sua responsividade de forma rápida, apenas para averiguar se respira, Não se deve utilizar
mais o procedimento “Ver, Ouvir e Sentir ”.

177
Resumo dos principais componentes de Suporte Básico de Vida (excluem-se recém-nascidos):

178
5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA

O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda
da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada
cardíaca súbita pelos seguintes motivos:

• O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação
Ventricular.

• O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica.


• A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui rapidamente com o tempo.

• A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos.


Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver sem sequelas neurológicas, mesmo
se a desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita.

Quanto mais cedo a desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas
alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP
pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo
organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos
primeiros minutos da parada inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador
externo automático (DEA).

5.1 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS DEA

Os DEA são desfibriladores externos automáticos. Na verdade, a palavra automático significa


semiautomático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisam" ao operador que o
choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve
pressionar o botão de CHOQUE[SHOCK]).

O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um
sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o
sistema "indica" um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.

5.2 OPERAÇÃO DO DEA

Os DEA's devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais
clínicos:

179
1) Ausência de resposta verbal (inconsciente);

2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias aéreas;

3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais.

5.3 MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA:

1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que
constatar a parada cardíaca;

2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu há mais de 4 minutos,


execute 5 ciclos (ou 10 ciclos, se lactente ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2
minutos) para depois utilizar o DEA. Nestes casos, será necessário criar condições
propícias para que o coração receba o choque em uma fibrilação ventricular fortalecida
pela RCP.

5.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS

Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam
outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.

As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou
durante sua operação são as seguintes:

• A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem
desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005
da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas adultos em
crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada
cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação
precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em
vítimas adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao
hospital.

• A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque
elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista.
• É mais comum que a água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de
passagem de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo
cardíaco. A vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte
anterior e posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas.

180
5. DESFIBRILAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA

O principal fator determinante da sobrevivência de uma parada cardíaca é o intervalo desde a perda
da consciência até a desfibrilação. A desfibrilação rápida é fundamental para as vítimas de parada
cardíaca súbita pelos seguintes motivos:

• O ritmo inicial mais frequente nas paradas cardíacas súbitas testemunhadas é a Fibrilação
Ventricular.

• O tratamento mais eficaz para a FV é a desfibrilação elétrica.


• A probabilidade de uma desfibrilação bem-sucedida diminui rapidamente com o tempo.

• A FV tende a transformar-se em assistolia em poucos minutos.


• Muitos pacientes adultos em parada por FV podem sobreviver sem sequelas neurológicas,
mesmo se a desfibrilação é realizada de 6 a 10 minutos após a parada cardíaca súbita.

Quanto mais cedo a desfibrilação, mais alta a taxa de sobrevivência. O socorrista tem apenas
alguns minutos depois da perda da consciência para restabelecer um ritmo de perfusão. A RCP
pode manter um paciente por um período breve, mas não pode restabelecer diretamente um ritmo
organizado. Restabelecer um ritmo de perfusão requer RCP imediata seguida de desfibrilação nos
primeiros minutos da parada inicial e para isso o socorrista deverá dispor de um desfibrilador
externo automático (DEA).

5.1 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS DEA

Os DEA são desfibriladores externos automáticos. Na verdade, a palavra automático significa


semiautomático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisam" ao operador que o
choque está indicado, mas não o administram sem uma ação do socorrista (isto é, o socorrista deve
pressionar o botão de CHOQUE[SHOCK]).

O DEA é conectado ao paciente por meio de pás autoadesivas. O aparelho está equipado com um
sistema de análise do ritmo baseado em microprocessadores. Quando é detectada TV ou FV, o
sistema "indica" um choque por intermédio de mensagens visuais ou sonoras.

5.2 OPERAÇÃO DO DEA

Os DEA's devem ser utilizados somente quando os pacientes apresentarem os seguintes 3 sinais
clínicos:

1) Ausência de resposta verbal (inconsciente);

2) Ausência de respiração efetiva depois da liberação das vias aéreas;

3) Ausência de reposta às 2 ventilações de resgate iniciais.

181
5.3 MOMENTO ADEQUADO PARA EMPREGO DO DEA:

1) Quando a parada cardíaca for TESTEMUNHADA priorize a utilização do DEA logo que
constatar a parada cardíaca;

2) Quando a parada cardíaca NÃO FOI TESTEMUNHADA ou ocorreu há mais de 4 minutos,


execute 5 ciclos (ou 10 ciclos, se lactente ou criança, com 2 socorristas) de RCP (2
minutos) para depois utilizar o DEA. Nestes casos, será necessário criar condições
propícias para que o coração receba o choque em uma fibrilação ventricular fortalecida
pela RCP.

5.4 SITUAÇÕES ESPECIAIS

Antes de aplicar o DEA, o operador deve determinar primeiro, se há situações especiais que exijam
outras ações antes de usar o aparelho ou que contraindiquem absolutamente sua utilização.

As 4 situações que podem requerer que o operador adote outras ações antes de usar um DEA ou
durante sua operação são as seguintes:

• A vítima tem menos de 8 anos (ou pesa menos de 25 quilos, aproximadamente). Existem
desfibriladores com pás apropriadas para serem empregadas em crianças. As Diretrizes 2005
da American Heart Association aprova o uso do DEA programado para vítimas adultos em
crianças, na impossibilidade do equipamento apropriado. Diante de uma situação de parada
cardíaca por fibrilação ventricular a única chance de recuperação da vítima é a desfibrilação
precoce (choque). Não se recomenda a utilização de pás de desfibrilação pediátrica em vítimas
adultas devido à ineficácia do choque. Priorize a RCP e o transporte imediato ao hospital.

• A vítima está na água ou próxima dela. A água é boa condutora de eletricidade. Um choque
elétrico aplicado a uma vítima poderia ser conduzido até o socorrista.
É mais comum que a água sobre a superfície da pele da vítima torne-se uma via direta de passagem
de energia de um eletrodo a outro interferindo na transmissão do choque ao músculo cardíaco. A
vítima deve ser removida, rapidamente, do local em que se encontra. Seque a parte anterior e
posterior do tórax antes da aplicação das pás adesivas.

182
A vítima tem um marcapasso implantado. Esses aparelhos podem ser identificados imediatamente
porque criam uma protuberância dura sob a pele, coberta por uma cicatriz, na parte anterior do
tórax. Quando houver coincidência de eletrodos adesivos do DEA com o marcapasso implantado
no tórax poderão ocorrer danos ao aparelho e queimaduras nos pontos de inserção metálica no
miocárdio durante a aplicação do choque. Nesse caso, aplique a pá auto-adesiva do DEA à, no
mínimo, 2,5 cm do marcapasso cardíaco. Depois siga os passos norm ais de operação de um
DEA.

Há um adesivo de medicação transcutânea ou outro objeto sobre a pele da vítima, onde se colocam
as pás auto-adesivas do DEA.

PASSOS UNIVERSAIS PARA OPERAR UM DEA

1. LIGUE o DEA, em primeiro lugar (isso ativa as mensagens sonoras para guiá-lo em todos
os passos subsequentes);

2. Abra o estojo ou a tampa do DEA;

3. Ligue o aparelho (alguns começarão a funcionar automaticamente, quando se abre a


tampa ou o estojo);

4. FIXE as pás autoadesivas no tórax da vítima. (Interrompa as compressões torácicas


imediatamente antes de fazê-lo);

5. Conecte a "caixa" do DEA com os cabos. (Em alguns modelos, os cabos estão pré-
conectados);

6. Conecte os cabos do DEA com as pás autoadesivas. (Em alguns modelos, as pás estão
pré-conectadas);

7. Retire a proteção que está detrás das pás. Interrompa a RCP;

8. Aplique as pás autoadesivas no tórax despido da vítima;

9. "Afaste-se" do paciente e ANALISE o ritmo;

10. Pressione o botão ANALISAR [ANALYZE] para iniciar a análise do ritmo (alguns DEA não
precisam desse passo);

11. "Afaste-se" sempre do paciente durante a análise. Assegure-se de que ninguém esteja
em contato com ela, nem mesmo a pessoa encarregada da respiração de resgate;

12. "Afaste-se" do paciente e PRESSIONE o botão CHOQUE [SHOCK], se a descarga


estiver indicada;

183
13. Afaste-se do paciente antes de aplicar o choque; assegure-se que ninguém esteja em
contato com ela;

14. Pressione o botão CHOQUE [SHOCK] para aplicar a descarga somente quando o DEA
avisar que isto está indicado e ninguém estiver em contato com o paciente.

5.6 RESULTADOS E AÇÕES APÓS A DESFIBRILAÇÃO

Mensagem "choque indicado / choque não indicado" e ações relacionadas:

• Se o DEA mostrar uma mensagem de "choque indicado", afaste-se do paciente e, depois,


pressione o botão CHOQUE [SHOCK].

• Se o DEA avisa "choque não indicado", verifique os sinais de circulação.

• Se não há sinais de circulação, reinicie a RCP por 2 minutos, aproximadamente. Depois, verifique
novamente os sinais de circulação.

• Se não detectar sinais de circulação, analise o ritmo do paciente mais uma vez.

• Depois de 3 mensagens de "choque não indicado", faça mais um ciclo de RCP

• Repita período de análise a cada 1 ou 2 minutos, enquanto continua realizando RCP.

5.7 O DEA NUMA AMBULÂNCIA EM MOVIMENTO

Os DEA podem permanecer conectados enquanto o paciente é transportado em um veículo em


movimento. No entanto, nunca pressione o botão ANALISE [ANALYZE] numa ambulância durante
o transporte; o movimento do veículo pode interferir na avaliação do ritmo e provocar um artefato
que simule uma FV. Alguns aparelhos analisam continuamente o paciente. Se uma pessoa
necessita de uma análise do ritmo durante o transporte, e o DEA indica ao socorrista que verifique
o paciente ou recomenda um choque, pare o veículo completamente e faça uma nova análise.

184
SEQUÊNCIA DE AÇÕES COM O DEA

1. Verifique a ausência de resposta (consciente / inconsciente);

2. Abra as vias aéreas (clínico / trauma);

3. Verifique se há respiração eficaz (VOS);

4. Verifique se há circulação: se não houver circulação realize compressões torácicas e


prepare-se para aplicar o DEA;

5. Tente a desfibrilação com o DEA.

185
6. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO - OVACE

Durante a avaliação do paciente, ao iniciar a manobra de ventilação, o socorrista pode se deparar


com uma resistência ao tentar insuflar. Isso significa que, por qualquer problema, o ar insuflado não
está conseguindo chegar aos pulmões da vítima. Caso isso aconteça, não adianta prosseguir na
análise primária, sem antes corrigir e eliminar a obstrução.

6.1 CAUSAS DA OVACE

Há muitos fatores que podem causar obstrução das vias aéreas, total ou parcial. Em nível de
suporte básico da vida pode-se atuar e corrigir as mais comuns, que são:

• Obstrução causada pela língua;


• Obstrução causada por corpos estranhos.

6.2 SINAIS DA OVACE

O reconhecimento precoce da obstrução de vias aéreas é indispensável para o sucesso no


atendimento. O socorrista deve estar atento, pois a obstrução de vias aéreas e consequente parada
respiratória evoluem rapidamente para parada cardiopulmonar. A obstrução das vias aéreas pode
ser parcial (leve) ou total (grave).

Uma vítima está tendo obstrução parcial das vias aéreas quando:

• Sua respiração é muito dificultosa, com ruídos incomuns;

• • Embora respire, a cor da pele está azulada (cianótica), principalmente ao redor dos
• Lábios, leito das unhas, lóbulo da orelha e língua; e

• Quando a vítima está tossindo.


• Quando a vítima apresentar estes sinais, estará consciente e, caso a troca gasosa ainda esteja
satisfatória, o socorrista apenas irá encorajá-la a tossir, aguardando que o corpo estranho seja
expelido.

A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando, por exemplo, a vítima está se alimentando
ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de
asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento
de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente
enquanto a vítima ainda está consciente.

Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias
aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá à perda de consciência e rapidamente, a morte.

186
6.3 TÉCNICAS DE DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

6.3.1 REMOÇÃO MANUAL

Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de
remoção digital. Somente deve-se remover o material que cause obstrução se o mesmo for visível.

A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração
da mandíbula (em caso de trauma) ou a de elevação do mento e introduzir o dedo indicador "em
gancho", do canto para o centro, deslocando e retirando o corpo estranho. Estando o corpo
estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar o dedo indicador e médio "em pinça".
Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo ou o pinçamento, em virtude das dimensões
reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível.

Caso o motivo da obstrução de uma vítima inconsciente seja a queda da língua, a introdução a
cânula orofaríngea será suficiente para restabelecer a passagem do ar.

6.3.2 ASPIRAÇÃO

Tem como finalidade a remoção de sangue, vômito e de outros materiais das vias aéreas. O vácuo
necessário pode ser produzido com gás comprimido (O2 ou ar), motor elétrico ou manualmente.
Os dispositivos utilizados para aplicar a sucção podem ser rígidos ou flexíveis.

Técnica
• Se possível, o paciente deve estar monitorado com o oxímetro de pulso;
• Pré-oxigenar com máscara e bolsa com oxigênio;
• Efetuar a limpeza manual da orofaringe;
• Introduzir o dispositivo de sucção sem aspirar;
• Aspirar na retirada, o procedimento não deve durar mais de 10 segundos;
• Retirar com movimentos rotatórios;
• Não é necessário aspirar as narinas de adultos, pois a obstrução de vias aéreas é na
boca e orofaringe;
• Antes de repetir o procedimento, o paciente deve ser novamente oxigenado.

Complicações

A complicação mais comum é a hipoxemia pela interrupção da ventilação, que pode causar
arritmias cardíacas ou mesmo parada cardiorrespiratória.

187
6.3.3 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM ADULTOS

6.3.3.1 Vítima consciente:

Para constatar a obstrução o socorrista deverá perguntar a vítima: "Você está engasgado?". Se a
vítima confirmar através de movimento afirmativo (balançando a cabeça, por exemplo), o socorrista
deverá avisar-lhe que irá ajudar e iniciar rapidamente a manobra de Heimlich, que consiste

Sinal universal do engasgado.


a) Vítima em pé ou sentada:

Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome;

Manobra de Heimlich para desobstrução de vias aéreas (obstrução por corpo sólido).
Vítima consciente e em pé.

Colocar a raiz do polegar de uma das mãos entre a cicatriz umbilical e o apêndice xifóide;

Envolver a mão que se encontra sobre o abdome da vítima com a outra mão;

Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas e colocando uma
delas entre as pernas da vítima;

188
Pressionar o abdome da vítima puxando-o para si e para cima, por 5 vezes, forçando a saída do
corpo estranho;

Observar se a vítima expele o corpo estranho e volta a respirar normalmente; continuar as


compressões até que a vítima expila o objeto ou perca a consciência.

Vítima torna-se inconsciente durante a manobra. Socorrista evita-lhe a queda.

Obs.1: caso a compressão abdominal seja inviável, por tratar-se de paciente obeso ou gestante,
realizar as compressões na porção média inferior do osso esterno

Compressão torácica em gestante

189
Obs. 2: Se a vítima da obstrução for a própria pessoa e essa se encontrar sozinha, deverá forçar a
tosse de maneira insistente, ou utilizar-se do espaldar de uma cadeira para que seja possível
comprimir o abdome.

Utilização do espaldar de uma cadeira.

b) Vítima deitada:

Posicionar a vítima em decúbito dorsal;

Ajoelhar-se ao lado da vítima ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos
tocando-lhe lateralmente o corpo;

Posicionar a palma da mão sobre o abdome da vítima, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical,
mantendo as mãos sobrepostas;

Aplicar cinco compressões abdominais no sentido do tórax;

Abrir a cavidade oral e observar se o corpo estranho está visível e removê-lo;

Repetir o processo de compressão e observação da cavidade oral até que o objeto seja visualizado
e retirado ou até a vítima perder a consciência.

190
6.3.3.2 Vítima inconsciente:

Para vítimas sem responsividade, deve ser aplicada a RCP, pois as compressões torácicas forçam
a expelição do corpo estranho e mantém a circulação sanguínea, aproveitando o oxigênio ainda
presente no ar dos pulmões.

Vale ressaltar que durante a abertura das vias aéreas para a aplicação das ventilações de resgate,
o soc
orrista deverá inspecionar a boca e remover quaisquer objetos visíveis (Protocolo 2005 AHA).

Os socorristas apos constatar que as vias


Areas continuam obstruidas, da inicio
ás desobstrução das vias
Após a vítima ter ficado incosciente durante a manobra
De heimilch, rapidamente o socorirsta a deposita sobre
O solo para, caso não tenha ocorrido a

6.3.4 MANOBRAS DE DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS EM CRIANÇAS E LACTENTES

Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto,
levando-se em consideração a intensidade das compressões que será menor; nos lactentes,
para realizar a manobra de desobstrução, o socorrista deverá tomar os seguintes procedimentos,
após falhar a segunda tentativa de ventilação de resgate:

Segurar o bebê sobre um dos braços, com o pescoço entre os dedos médio e polegar e com o dedo
indicador segurar o queixo da vítima para manter as vias aéreas abertas, deixando-o com as costas
voltadas para cima e a cabeça mais baixa que o tronco;

Dar 5 pancadas com a palma da mão entre as escápulas do bebê;

Girar o bebê de modo que ele fique de frente, ainda mantendo a cabeça mais baixa do que o tronco,
e efetuar 5 compressões torácicas através dos dedos indicador e médio sobre a linha dos mamilos
(idêntica às compressões realizadas na RCP);

191
Colocar o bebê sobre uma superfície plana e tentar retirar o corpo estranho;

Realizar 1 insuflação e, caso o ar não passe, reposicionar a abertura das vias aéreas;

Abrir as vias aéreas e efetuar outra insuflação. Caso o ar não passe, retornar para as pancadas
entre as escápulas e as compressões torácicas, e repetir os procedimentos até que o objeto seja
expelido ou a vítima fique inconsciente. Nesse caso, proceder a manobras de RCP.

OVACE em Lactentes

Desobstrução de VA de lactente - 05 palmadas no dorso,


entre as escápulas.
Inspeção visual das vias aéreas (VA) de lactente,
a procura de corpos estranhos.

Desobstrução de VA de lactente - 05 compressões torácicas.

192
7. CHOQUE

7.1 DEFINIÇÃO

É o quadro clinico que resulta da incapacidade do sistema cardiovascular de prover circulação


sanguínea suficiente para os órgãos. A chegada de sangue rico em O2 aos órgãos é denominada
perfusão.

7.2 FISIOLOGIA

Todas as células do corpo humano necessitam de oxigênio para produzir energia através da
queima da glicose - metabolismo aeróbico. A queima da glicose produz o gás carbônico. O O2 é
extraído da atmosfera pelos pulmões e transportado ligado aos glóbulos vermelhos pela circulação
do sangue aos tecidos onde é utilizado.

A função do sistema circulatório é transportar as hemácias para se abastecerem de oxigênio nos


pulmões e depois transportá-las aos tecidos. Na ausência de O2 as células do corpo possuem uma
fonte alternativa de produção de energia que é o metabolismo anaeróbico, que produz menos
energia e gera o acúmulo de ácido lático. Os órgãos mais sensíveis à deficiência de O2 são cérebro,
coração e pulmões, sobrevivendo poucos minutos em metabolismo anaeróbico. A pele e os
músculos podem sobreviver de quatro a seis horas em metabolismo anaeróbico e os órgãos
abdominais podem sobreviver de 45 a 90 minutos.

O sistema circulatório é composto pelo coração, vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o fluido
movimentado sob pressão. A pressão necessária à movimentação do sangue é gerada pela força
de contração do coração.

A pressão arterial (PA) depende da quantidade de sangue ejetada pelo coração e do grau de
contração das artérias ou resistência vascular periférica que é regulada pelo sistema nervoso. Os
vasos sanguíneos são capazes de se contrair ou se dilatar de acordo com as necessidades do
corpo. Por exemplo, no exercício físico ocorre dilatação nos músculos utilizados e contração dos
vasos do tubo digestivo; durante a digestão ocorre o contrário.

As condições fundamentais para contração eficaz do coração são a existência de um volume


suficiente de sangue para encher os vasos sanguíneos e a manutenção de um grau eficaz de
contração dos vasos sanguíneos.

Condições causadoras do estado de choque:

• Queimaduras graves;
• Hemorragias;
• Acidentes por choque elétrico;
• Envenenamento por produtos químicos e intoxicações;
• Ataque cardíaco;
• Exposição a extremos de calor ou frio;
• Dor aguda;
• Infecção grave;
• Emoções fortes;
193
• Lesões graves;
• Politraumatismos.

7.3 CLASSIFICAÇÃO

a) Hipovolêmico
Hemorragias internas e externas, perda de plasmas em queimaduras graves e por desidratação
intensa (exemplo: diarreia e vômitos).

b) Cardiogênico
Causado pelo Infarto agudo do miocárdio, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva.

c) Séptico
Ocorre em infecções graves devido à liberação de toxinas pelo agente causador com efeito
vasodilatador.

d) Anafilático
Resulta de reação alérgica grave, que produz substância vasodilatadores. Ex.: venenos de insetos,
medicamentos, alimentos etc..

e) Neurogênico
Desenvolve-se quando o controle autônomo dos vasos sanguíneos falha. Normalmente o sistema
nervoso controla a contração e dilatação dos vasos sanguíneos, regulando a pressão arterial. O
traumatismo de coluna cervical com dano para a medula espinhal, que interrompe a comunicação
entre as fibras do sistema nervoso autônomo e o sistema circulatório. Ocorre vaso dilatação e
incapacidade de responder ao choque com taquicardia. Dores intensas são outras causas.

194
f) Obstrutivo
É produzido por obstrução ao enchimento e/ou ao bombeamento cardíaco. São causas o
pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco.

7.4 FASES DO ESTADO DE CHOQUE


Na ausência de tratamento é um quadro com agravamentos progressivos que se apresenta em
duas fases:

2. Choque compensado: é o primeiro estágio, o organismo consegue se equilibrar através dos


mecanismos compensatórios. A perfusão dos órgãos é mantida e os sinais e sintomas são
mínimos. Não há dano permanente, se o tratamento reverter a causa básica.

3. Choque descompensado: nesta fase ocorre redução na perfusão, queda na pressão arterial
e alterações do estado mental. O tratamento ainda pode ser eficaz neste estágio desde que
realizado rapidamente.

• Pele fria e pegajosa;

• Suor na testa e na palma das mãos;

• Face pálida, com expressão de ansiedade e agitação; Frio, chegando às vezes a ter
tremores;

• Náusea e vômito; Fraqueza;

• Respiração rápida, curta e irregular; Visão nublada, tontura;

• Pulso fraco e rápido; Sede;

• Extremidades frias;

• Queda da pressão arterial;

• Poderá está total ou parcialmente inconsciente

7.6 TRATAMENTO

Posicionar a vítima em decúbito dorsal;

195
• Observar a vítima, pois em caso de vômito deve-se virar a cabeça da vítima para que ela
não se asfixie. Caso haja suspeita de lesão da coluna cervical a cabeça não deve ser virada;

• Afrouxar as roupas da vítima, para facilitar respiração e circulação;


• Fornecer oxigênio;
• Não administrar nada via oral;
• Cobri-lo com cobertores ou sacos plásticos;
• Reavaliar frequentemente os sinais vitais.

8. HEMORRAGIA

8.1 INTRODUÇÃO

O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e de gás
carbônico e outros excretas para os órgãos de eliminação, possui um componente líquido chamado
plasma que representa cerca de 55% a 60% de seu volume total, sendo composto por água, sal e
proteínas.

O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de aproximadamente 70 ml/kg de peso


corporal para adultos e 80 ml/kg para crianças, ou seja, um indivíduo com 70 kg possui
aproximadamente 4.900 ml de sangue.

Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são:

• Contração da parede dos vasos sanguíneos:


Os vasos sanguíneos que possuem camada muscular contraem sua parede, diminuindo o
tamanho da abertura por onde o sangue está escapando.

• Coagulação do sangue:
196
Inicia-se pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção sólida do
sangue sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações químicas
que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo orifício do vaso
lesado.

8.2 DEFINIÇÕES

a) Hemorragia

É o extravasamento de sangue provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo: artéria, veia ou


capilar. Dependendo da gravidade pode provocar a morte em alguns minutos. O controle da
hemorragia é prioridade.

A hemorragia deve ser tratada na análise primária, para depois tratar as vias aéreas e a ventilação
do paciente. Nesta fase deve-se remover a roupa do paciente para examinar as hemorragias.

b) Hemostasia

Significa controle de sangramento, pode ser efetuada através dos mecanismos normais de defesa
do organismo isoladamente ou em associações com técnicas de tratamento médico-básicas e
avançadas.

Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os hemofílicos, podem


apresentar hemorragias graves por traumas banais.

8.3 CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS

197
Podem ser classificadas de acordo com:

Tipo de vaso sanguíneo:

• Arterial: sangramento em jato acompanhamento a contração cardíaca.


• Geralmente o sangue é de coloração vermelho-viva. É mais grave que o sangramento
venoso em vasos de mesmo calibre, pois a pressão no sistema venoso e a velocidade da
perda sanguínea são maiores.

• Venoso: Sangramento contínuo geralmente de coloração escura.


• Capilar: Sangramento contínuo com fluxo lento.

• Externa: sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangramento. Podem


ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros.

• Interna: sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar. As médias


básicas de socorro não funcionam. O paciente deve ser tratado no hospital.

PRIMEIROS SOCORROS

8.4
Estancar imediatamente a hemorragia, fazendo no local um dos métodos que veremos mais à frente
(nos casos de hemorragia externa, pois não existe nenhum método de estancamento para
hemorragia interna).

8.4.1 HEMORRAGIA INTERNA

Esse tipo de hemorragia ocorre quando o sangue extravasado do vaso sanguíneo permanece
dentro do corpo da vítima. É o tipo de hemorragia mais perigosa, pois tanto a sua identificação
quanto o seu controle são mais difíceis de serem feitos fora do ambiente hospitalar.

198
8.4.1.1 Sinais e Sintomas de Hemorragia Interna:

• Dor local;
• Pele pálida e fria;
• Edema em expansão;
• Sangramento pelo ouvido e nariz (hemorragia cerebral);
• Sede;
• Fraqueza, tontura e desmaio;
• Membro sem pulso, muitas vezes associada à fratura.

8.4.1.2 Tratamento da Hemorragia Interna:

• Mantenha as vias aéreas liberadas;


• Manter a vítima deitada e o mais imóvel possível;
• Use talas infláveis em caso de fraturas (exceto fraturas expostas);
• Transporte na posição de prevenção ao estado de choque;
• Administre oxigênio;
• Não dê nada para a vítima beber;
• Eleve o membro, caso não haja suspeita de fratura;
• Aplicar uma bolsa de gelo sobre o provável local da hemorragia;
• Conduzir a vítima com urgência para um pronto socorro.

8.4.1.3 Alguns Tipos De Hemorragia Interna

Muitos tipos de hemorragia interna podem se apresentar, mas neste tópico vamos abordar
aqueles que podem ser encontrados com mais frequência.

A) Hemorragia na Cabeça (narinas):

• Mantenha a vítima sentada, com a cabeça ligeiramente inclinada para baixo;


• Comprima a narina que sangra;

Afrouxe-lhe a roupa em torno do pescoço;

• Se o sangramento não cessar no espaço de 05 minutos, tampe a narina que sangra com
algodão ou gaze enchumaçada;

• Encaminhe a vítima ao pronto socorro, pois esse tipo de hemorragia pode ser a
manifestação de determinadas doenças.

B) Tórax e Abdome:

• Comprima o ferimento com um pano dobrado, amarrando-o com atadura larga;


• Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que o corpo, exceto em casos
de fratura de crânio.

199
C) Hemorragia dos Pulmões:

Manifesta-se após um acesso de tosse, e o sangue que sai pela boca é de cor vermelho rutilante.

• Deite a vítima mantendo-a em repouso;


• Tranquilize-a e não a deixe falar;
• Procure imediato auxílio médico e remova a vítima para um pronto socorro.

D) Hemorragia Digestiva:

• A vítima apresenta náuseas e pode vomitar sangue vivo ou digerido, semelhante à borra
de café;

• Mantenha a vítima em repouso e providencie sua remoção para o hospital.

200
HEMORRAGIA EXTERNA

É de mais fácil identificação, pois basta visualizar o local onde ocorre a perda de sangue. Os sinais
e sintomas são praticamente os mesmos descritos para as hemorragias externas, e os métodos de
contensão, veremos a seguir:

a) Compressão Direta

Comprimir diretamente o local de sangramento usando compressa estéril, se possível. Nos


ferimentos com objetos penetrantes, devem-se comprimir ambos os lados do objeto. Pode-se fazer
um curativo compressivo usando compressas ou faixas elásticas, se isso for suficiente para o
estancamento da fratura, caso contrário mantenha a compressão direta.

É a técnica mais adequada e mais utilizada, pois além de parar o sangramento, não interrompe a
circulação sanguínea para o membro ferido.

Quando se localiza grande hemorragia deve-se imediatamente realizar-se a compressão direta


para posteriormente fazer o tamponamento.

b) Elevação do Membro

A compressão direta não sendo suficiente para estancar o sangramento, deve-se elevar o membro
lesionado. Deve-se ter cuidado ao elevar uma extremidade fraturada ou com uma luxação.

201
c) Pontos de Pressão

Outro método de controlar o sangramento é aplicando pressão profunda sobre uma artéria proximal
à lesão. Esta é uma tentativa de diminuir a chegada de sangue à ferida.

Os principais pontos de pressão é a artéria braquial, a artéria axilar, a artéria poplítea, a artéria
femoral.

c) Tamponamento

Consiste em cobrir o local do sangramento com gaze ou pano limpo e estéril, se possível, e
envolvê-lo firmemente com uma atadura. É uma técnica de estancamento adequada e mais
utilizada, pois para o sangramento e não interrompe a circulação.

202
E) Torniquete
Essa técnica praticamente interrompe a circulação. Só deverá ser utilizada em duas situações, se
necessário: no caso de amputação de membro, quando o corte foi muito extenso e romper vasos
sanguíneos ou quando a compressão direta não estancar a hemorragia.
Essa técnica não é aconselhada por provocar o necrosamento do órgão, ou membro e,
consequentemente sua amputação. Deve-se usá-la como último recurso.

8.4.2.1 Tratamento De Uma Hemorragia Externa

• Nunca toque na ferida;


• Não toque e nem aplique medicamento ou qualquer produto no ferimento;
• Não tente retirar objeto empalado;
• Proteger com gazes ou pano limpo, fixando com bandagem, sem apertar o ferimento;
• Fazer compressão local suficiente para cessar o sangramento;
• Se o ferimento for a membros, deve-se elevar o membro ferido, caso não haja fratura;
• Caso não haja controle do sangramento, pressione os pontos arteriais;
• Encaminhar a vítima o mais rápido possível para um pronto socorro.

203
9. QUEIMADURAS

9.1 INTRODUÇÃO
Lesão do tecido de revestimento do corpo, causada por agentes térmicos, químicos, radioativos ou
elétricos, podendo destruir total ou parcialmente a pele e seus anexos, até atingir camadas mais
profundas (músculos, tendões e ossos).

9.2 NOÇÕES BÁSICAS


A pele é o maior órgão do corpo humano e a barreira contra perda de água e calor pelo corpo,
tendo também um papel importante na proteção contra infecções. Pacientes com lesões extensas
de pele tendem a perder líquido corporal e temperatura e se tornam mais propensos a infecções.
9.3 ORIGEM DAS QUEIMADURAS
As queimaduras podem ter origem térmica, elétrica, química ou por radiação.
a) Térmicas
Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases e do calor de chamas.

b) Elétricas
Produzidas pelo contato com eletricidade de alta ou baixa voltagem. Na realidade o dano é
ocasionado pela produção de calor que ocorre à medida que a corrente elétrica atravessa o tecido.
São difíceis de avaliar e, mesmo as lesões que parecem superficiais, podem ter danos profundos
a músculos, nervos e vasos. A eletricidade, principalmente a corrente alternada, pode causar PCR
e lesão do sistema nervoso.
c) Químicas

Provocadas pelo contato de substâncias corrosivas, liquidas ou sólidas, com a pele.


d) Radiação
Resulta da exposição à luz solar, fontes nucleares ou qualquer outra fonte de energia emitida sob
forma de ondas ou partículas.

204
9.4 GRAVIDADE DA QUEIMADURA

Depende da
causa,
profundidade, percentual de superfície corporal queimada, localização, associação com outras
lesões, comprometimento de vias aéreas e estado prévio da vítima.

9.4.1 QUEIMADURAS DE 1º GRAU:

• Lesão superficial da epiderme;


• Vermelhidão;
• Dor local suportável;
• Não há formação de bolhas;
• Lavar o local com água fria corrente.

9.4.2 QUEIMADURAS DE 2º GRAU

• Lesão da epiderme e derme;

• Formação de bolhas;

205
• Desprendimento de camadas da pele;

• Dor e ardência locais de intensidade variável;

• Lavar o local com água fria corrente.

9.4.3
QUEIMADURAS DE 3º GRAU

• •Lesão da epiderme, derme e tecido subcutâneo;


• •Destruição dos nervos, músculos, ossos etc.;
• •Retirar anéis, pulseiras, tornozeleiras e congêneres, pois a vítima provavelmente sofrerá
inchaço.

9.5 GRAVIDADE QUANTO À EXTENSÃO

Queimaduras graves são as grandes queimaduras que atingem mais de 13% de área corporal
queimada.

O risco de vida está mais relacionado com a extensão (choque, infecção) do que com a
profundidade.
São consideradas queimaduras graves:
206
• Em períneo;Queimaduras do 3º Grau, elétricas, por radiação;
• Com mais de 13% da área corpórea;
• Com lesão das vias aéreas;
• Queimaduras em pacientes idosos, infantis e pacientes com doença pulmonar.

9.6 PRIMEIROS SOCORROS

• Prevenir o Estado de Choque (cobrir o paciente);


• Evitar infecções na área queimada, protegendo-o; Controlar a dor;
• Umedecer o local com soro fisiológico;
• Administrar oxigênio;
• Encaminhar a vítima ao pronto socorro o mais rápido possível

207
9.7 PROCEDIMENTOS

9.7.1 QUEIMADURAS TÉRMICAS

• Apagar o fogo da vítima com água, rolando-a no chão ou cobrindo-a com um cobertor (em
direção aos pés);

• Verifique as vias aéreas, respiração e nível de consciência (especial atenção para VAS em
queimadas de face);

• Retirar partes de roupas não queimadas; e as queimadas aderidas ao local, recortar em


volta;

• Retirar pulseiras, anéis, relógios etc.;

• Estabelecer extensão e profundidade das áreas queimadas;

• Quando de 1º grau banhar o local com bastante água fria ou soro fisiológico;

• Não passar nada no local, não furar bolhas e cuidado com infecção;

• Cobrir regiões queimadas com curativo úmido, frouxo, estéril ou limpo, para aliviar a dor e

• diminuir os riscos de contaminação;

• Transporte o paciente para um hospital, se necessário.

9.7.2 QUEIMADURAS QUÍMICAS

• Afaste o produto da vítima ou a vítima do produto;


• Verificar VAS, respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque;
• Retirar as roupas da vítima;
• Lavar com água ou soro, sem pressão ou fricção;

208
• Identificar o agente químico:
- ácido lavar por 05 minutos;
- álcali lavar por 10 minutos;

• Na dúvida lavar por 15 minutos;


• Se álcali seco não lavar, retirar manualmente (exemplo: soda cáustica);
• Cubra a região com um curativo limpo e seco e previna o choque.

9.7.3 QUEIMADURA NOS OLHOS

• Lavar o olho com água em abundância ou, se possível, com soro fisiológico por no mínimo
15 minutos;

• Encaminhar a vítima para um pronto socorro o mais rápido possível.

9.7.4 QUEIMADURAS ELÉTRICAS

• Desligar a fonte ou afastar a vítima da fonte;

• Verificar sinais vitais da vítima;

• Avaliar a queimadura (ponto de entrada e de saída);

• Aplicar curativo seco;

• Prevenir o choque.

209
10. LESÃO CEREBRAL TRAUMÁTICA

10.1 FRATURAS DE CRÂNIO

As fraturas de crânio são comuns nas vítimas de acidentes que receberam impacto na cabeça. A
gravidade da lesão depende do dano provocado no cérebro.

São mais frequentes lesões cerebrais nos traumatismos sem fratura de crânio. As fraturas poderão
ser abertas ou fechadas:

Fraturas Abertas: São aquelas que permitem a comunicação entre as meninges ou o cérebro e o
meio exterior. Há ruptura do couro cabeludo com exposição do local da fratura.

Fraturas fechadas: São as que afetam o osso sem, entretanto, expor o conteúdo da caixa craniana,
não existe solução de continuidade da pele.

10.2 LESÕES ENCEFÁLICAS

• Concussão

Quando uma pessoa recebe um golpe na cabeça ou na face, pode haver uma concussão
encefálica. Não existe um acordo geral sobre a definição de concussão, exceto, que esta envolve
a perda temporária de alguma ou de toda a capacidade da função encefálica. Pode não haver lesão
encefálica demonstrável.

O paciente que sofre uma concussão pode se tornar completamente inconsciente e incapaz de
respirar em curto período de tempo ou ficar apenas confuso. Em geral o estado de concussão é
bastante curto e não deve existir quando o socorrista chegar ao local do acidente.

Se o paciente não consegue se lembrar dos eventos ocorridos antes da lesão (amnésia), existe
uma concussão mais grave.
• Contusão
O cérebro pode sofrer uma contusão quando qualquer objeto bate com força no crânio. A contusão
indica a presença de sangramento a partir de vasos lesados.
Quando existe uma contusão cerebral, o paciente pode perder a consciência. Outros sinais de
disfunção por contusão incluem a paralisia de um dos lados do corpo, dilatação de uma pupila e
210
alteração dos sinais vitais. As contusões muito graves podem produzir inconsciência por período
de tempo prolongáveis e também causar paralisia em todos os membros.
Mesmo em contusões graves, pode haver recuperação sem necessidade de cirurgia intracraniana.
As mudanças na recuperação são diretamente proporcionais aos cuidados dispensados ao
paciente desde o inicio das lesões. Os pacientes devem receber ventilação adequada, reanimação
cardiorrespiratória quando necessário, devendo ser transportado para o serviço de emergência
para uma avaliação e cuidados neurocirúrgicos.

10.2.1 TIPOS DE LESÕES ENCEFÁLICAS

• Diretas

São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o encéfalo
• Indiretas
Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com
consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. Este hematoma acarreta compressão do
tecido cerebral. A hipertensão intracraniana, provocada pela hemorragia e edema causa lesão nas
células cerebrais.

10.3 SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)

• Cefaleia e/ou dor no local da lesão.


• Náuseas e vômitos.
• Alterações da visão.
• Alteração do nível de consciência podendo chegar à inconsciência.
• Ferimento ou hematoma no couro cabeludo.

211
• Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento).
• Pupilas desiguais (anisocoria).
• Sangramento observado através do nariz ou ouvidos.
• Líquido claro (líquor) que flui pelos ouvidos ou nariz.
• Alteração dos sinais vitais.
• Postura de decorticação ou descerebração.

10.4 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR:

A) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a respiração
e a circulação. Administrar oxigênio (conforme protocolo local).

B) Suspeite de lesão cervical associada ao acidente e adote os procedimentos apropriados.

C) Controle hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelo ouvidos ou nariz).

D) Cubra e proteja os ferimentos abertos.

E) Mantenha a vítima em repouso.

F) Proteja a vítima para a possibilidade de entrar em convulsão.

G) Monitore o estado de consciência, a respiração e o pulso.

H) Trate o choque e evite a ingestão de líquidos ou alimentos.

212
i) Esteja preparado para o vômito.
Nunca tentar remover objetos transfixados na cabeça.

Não se deve conter sangramento ou impedir a saída de líquor pelo nariz ou ouvidos nos
traumatismos crânio-encefálico (TCE). Poderá ocorrer aumento na pressão intracraniana ou
infecção no encéfalo.

10.5 TRAUMATISMOS DE FACE

O principal perigo das lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão
provocar obstruções nas vias aéreas.

10.5.1 SINAIS E SINTOMAS:

• •Coágulos de sangue nas vias aéreas;


• •Deformidade facial;
• •Equimose nos olhos;
• •Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula;
• •Dentes amolecidos ou quebrados (ou a quebra de próteses dentárias);
• •Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face.

10.5.2 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve
estar voltada para manutenção da permeabilidade das vias aéreas e controle de hemorragias.
Cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para
o choque.

213
11. TRAUMATISMO RAQUI MEDULAR (TRM)

São aqueles onde ocorre o comprometimento da estrutura óssea (vértebras) e medula espinhal.
Os danos causados por traumas nessas estruturas poderão ocasionar lesões permanentes, se a
região atingida for a cervical poderá comprometera respiração, levar à paralisia ou até mesmo a
morte.

11.1 SINAIS E SINTOMAS

• •Dor regional (pescoço, dorso, região lombar);


• •Perda da sensibilidade tátil nos membros superiores e inferiores;
• •Perda da capacidade de movimentação dos membros (paralisia);
• •Sensação de formigamento nas extremidades;
• •Deformidade em topografia da coluna;
• •Lesões na cabeça, hematomas nos ombros, escápula ou região dorsal do paciente;
• •Perda do controle urinário ou fecal;
• Dificuldade respiratória com pouco ou nenhum movimento torácico;
• •Priaprismo (ereção peniana contínua).

11.2 COMPLICAÇÕES

• •Paralisia dos músculos do tórax (respiratórios). A respiração


sendo feita exclusivamente pelo diafragma.

• •A lesão medular provoca dilatação dos vasos sanguíneos, podendo se instalar o choque
(neurogênico).

214
11.3 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR

a) Corrija os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das V A, a


respiração e a circulação.

b) Controle o sangramento importante.

c) Administre oxigênio.

d) Evite movimentar o paciente e não deixe que ele se movimente.

e) Não mobilize uma vítima com trauma de coluna, a menos que necessite de RCP, de
controle de sangramento que ameace a vida e/ou de remoção do local por risco
iminente.

f) Imobilize a cabeça e o pescoço com emprego do colar cervical, fixadores de cabeça


e prancha rígida.

g) Monitore os sinais vitais constantemente (cuidado com o choque e a parada


respiratória).

Lembrar que em pacientes que possuam uma lesão na coluna, o socorrista deverá realizar todas
as manobras mantendo fixos a cabeça e o pescoço.

215
12. TRAUMA TORÁCICO

12.1 SINAIS E SINTOMAS

Dependendo da extensão, presença de lesões associadas (fratura de esterno, costelas e


vértebras) e comprometimento pulmonar e/ou dos grandes vasos, o paciente poderá apresentar:

• Aumento da sensibilidade ou dor no local da fratura que se agrava com os movimentos


respiratórios;

• Respiração superficial (dificuldade de respirar, apresentando movimentos


respiratórios curtos);

• Eliminação de sangue através de tosse;

• Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas;

• Postura característica: o paciente fica inclinado sobre o lado da lesão, com a mão ou o
braço sobre a região lesada. Imóvel;

• Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa).

12.2 FRATURA DE COSTELAS

Sinais e Sintomas:

Dor na região da fratura;


Dor à respiração, movimentos respiratórios curtos; Crepitação.

Tratamento pré-hospitalar

a) Na fratura de uma ou duas costelas, o socorrista deverá posicionar o braço do paciente


sobre o local da lesão.

b) Usar bandagens triangulares como tipoia e outras para fixar o braço no tórax.

Não use esparadrapo direto sobre a pele, para imobilizar costelas fraturadas.

12.3 TÓRAX INSTÁVEL

Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração
paradoxal. O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da
caixa torácica durante a inspiração e a expiração.

Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se retrai e quando a caixa torácica se


contrai o segmento se eleva.

216
Tratamento pré-hospitalar

a) Estabilize o segmento instável que se move paradoxalmente durante as respirações;

b) Use almofadas pequenas ou compressas dobradas presas com fita adesiva larga;

c) O tórax não deverá ser totalmente enfaixado;

d) Transporte o paciente deitado sobre a lesão ou na posição que mais lhe for confortável;

e) Ministre oxigênio suplementar.

12.4 FERIMENTOS PENETRANTES

São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram
cravados, assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos
acidentes de trânsito etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício.

Tratamento pré-hospitalar

a) Tampone o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas, após a expiração;

b) Faça um curativo oclusivo com plástico ou papel aluminizado (curativo de três pontas), a
oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax hipertensivo grave;

c) Conduza com urgência para um hospital e ministre O2 (ver protocolo local).

12.5 OBJETOS CRAVADOS OU ENCRAVADOS

Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens
etc.). As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos
próximos da lesão.

Tratamento pré-hospitalar

a) Controle a hemorragia por pressão direta;

b) Use curativo volumoso para estabilizar o objeto encravado, fixando-o com fita adesiva;

c) Transporte o paciente administrando oxigênio suplementar.

217
12.6 AMPUTAÇÕES

São lesões geralmente relacionadas a acidentes automobilísticos (amputações traumáticas). Seu


tratamento inicial deve ser rápido, pela gravidade da lesão e pela possibilidade de reimplante. Deve-
se controlar a hemorragia, aplicar curativo estéril e fixá- lo com bandagens ou ataduras; guardar a
parte amputada envolta em gaze estéril umedecida com soro fisiológico, colocando-a dentro de um
saco plástico e este então dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo.

12.7 LESÕES DO CORAÇÃO E PULMÃO.

O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax hipertensivo que resulta em colapso
pulmonar. As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do
pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam
provocando lesões internas nos pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do
pericárdio pode também resultar em uma perigosa compressão no coração.

Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica.

Sinais e Sintomas (lesões do coração e pulmão):

• Desvio de traquéia;
• Estase jugular;
• Cianose;
• Sinais de choque;
• Enfisema subcutâneo etc.

Tratamento pré-hospitalar:

Ministre O2 e conduza com urgência para receber tratamento medico

218
13. TRAUMA ABDOMINAL

13.1 INTRODUÇÃO

Ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50% das mortes evitáveis por trauma. A
mortalidade elevada é explicada pelo fato de que, frequentemente, o paciente não é diagnosticado
na avaliação inicial da sala de emergência.

13.2 TIPOS DE LESÃO

Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade da parede


abdominal.

Os traumatismos fechados podem ser por compressão dos órgãos abdominais ou por aceleração-
desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes que os penetrantes. Os pacientes podem não
ter dor ou evidencias de trauma ao exame.

Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais
evidentes e a trajetória do projétil ou da lâmina pode ser imaginada, levando o socorrista a suspeitar
da lesão de determinados órgãos. Porém, deve-se levar em conta que lesões torácicas baixas
podem atingir órgãos do abdome, pois o diafragma se eleva até o quarto espaço intercostal durante
a expiração. A mortalidade é bem mais elevada em ferimentos por arma de fogo, pois as lesões
aos órgãos abdominais são bem mais frequentes.

13.3 ANATOMIA DO ABDOME

O abdome contém os principais órgãos do sistema digestivo, endócrino e urogenital e os grandes


vasos do sistema circulatório. A cavidade abdominal fica abaixo do diafragma e seus limites são:
na frente, a parede abdominal anterior; inferiormente, os ossos pélvicos; posteriormente, a coluna
vertebral e lateralmente os músculos do abdome e flancos.

Na porção superior do abdome ficam o fígado e o baço, órgãos estes protegidos anteriormente pela
coluna vertebral. As fraturas de costelas inferiores se associam a lesões a estes órgãos. A porção
inferior dos intestinos é protegida pela pelve e a hemorragia pela fratura de pelve, é um problema
nestes casos.

Os órgãos do abdome podem ser divididos em três grupos: vasculares, sólidos e ocos.

• Órgãos sólidos: fígado, baço, pâncreas e rins. Estas estruturas se caracterizam por possuir
suprimento sanguíneo importante. As lesões a estes órgãos produzem hemorragia e choque
hipovolêmico.

Órgãos ocos: estômago, vesícula biliar, intestino delgado e grosso. A lesão a qualquer um destes
órgãos causa vazamento de secreções para a cavidade abdominal e peritonite (inflamação do
peritônio, membrana que envolve as vísceras).

• Vasos sanguíneos: os mais importantes são a aorta e cava inferior. A lesão destas estruturas
causa hemorragia volumosa e choque hipovolêmico.

A complicação pré-hospitalar que deve ser mais temida pelo socorrista é a hemorragia interna, que
pode causar o choque hipovolêmico. A perfuração de vísceras ocas e perda de função dos órgãos
também são graves, podendo causar a morte, porém são manifestações tardias e ocorrem no
hospital.
219
Pelo que pode ser observado nos dados da tabela 11.1, os traumatismos de fígado e de baço são
os mais comuns. Os de fígado, nos traumatismos penetrantes, e os de baço nos fechados.

13.4 AVALIAÇÃO

Não tentar fazer diagnóstico preciso no pré-hospitalar, o tempo é fundamental.

13.5 MECANISMO DE TRAUMA

Ferimentos penetrantes: devem ser consideradas lesões críticas mesmo que o paciente esteja
aparentemente estável. Suspeitar de traumatismo abdominal significativo em todos os pacientes
com ferimentos penetrantes, especialmente os causados por arma de fogo. Nos traumatismos
fechados, avaliar o estado do painel do carro e da carroceria do veiculo, correlacionando-os com
as lesões observadas no paciente.

13.6 HISTÓRIA

Dor abdominal: pode ser mascarada por alterações do nível de consciência e produzida por drogas,
traumatismos de cabeça ou por lesões de medula espinhal. Alguns pacientes têm dor abdominal
produzida por fratura de arcos costais ou de pelve.

13.7 INSPEÇÃO

Expor o abdome e observar ferimentos penetrantes (entrada e saída), evisceração, contusões,


empalamento e hemorragias externas. A distensão abdominal sugere lesão visceral.

13.8 PALPAÇÃO

Deve ser feita nos quatro quadrantes, visando determinar: sensibilidade,


descompressão dolorosa e defesa.

O exame detalhado feito no ambiente hospitalar está contraindicado no atendimento emergencial.

A dor e a distensão abdominais indicam que o paciente tem risco de choque iminente e são
indicações de transporte rápido.

13.9 TÉCNICA

O abdome é dividido em quatro quadrantes formados por duas linhas imaginárias, um indo da
sínfise pública ao apêndice xifoide e a outra, perpendicular, passando no nível da cicatriz umbilical.

• Ausculta: não é importante no ambiente pré-hospitalar, pois não altera a conduta.


• Hipotensão arterial e taquicardia: nas vítimas de traumatismo sem evidências de hemorragia
externa, devem fazer o socorrista suspeitar de sangramento interno.

Por vezes estes são os únicos sinais de traumatismos de abdome.

13.10 CONDUTA

A prioridade é a desobstrução das vias aéreas, ventilação pulmonar e manutenção circulatória.


Manter cuidados com a coluna cervical, se indicados.

Como o tratamento das lesões abdominais é cirúrgico, o tempo de chegada ao hospital é crucial.
220
• pulso e a pressão arterial devem ser constantemente monitorizados durante o transporte
devido ao risco de hemorragia interna que levam ao choque.

• Administrar oxigênio suplementar em alto fluxo em todos os casos.

• Obter acesso venoso e o iniciar durante o transporte a reposição com Ringer-lactato, desde
que autorizado pelo controle médico.

• transporte rápido ao hospital é fundamental para diminuir a mortalidade.


Ter sempre um alto índice de suspeita na presença de mecanismo de lesão compatível

13.11 LESÕES ESPECÍFICAS

13.11.1 OBJETO PENETRANTE PARCIALMENTE EXTERIORIZADO.

• Não remover os objetos que penetram o abdome, pois existe risco significativo de precipitar
hemorragia.

• Expor a lesão.
• Estabilizar o objeto com curativo.
• Não tentar quebrar ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isso seja essencial para
o transporte.

13.11.2 EVISCERAÇÃO

• Não tentar reintroduzir no abdome os órgãos eviscerados.


• Cobrir as vísceras com compressas estéreis úmidas (solução salina).
• Envolver o curativo com bandagem.
• Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos (se não houver
traumatismos de membros inferiores que contra-indiquem esta posição).

221
14. TRAUMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO

14.1 FRATURA

É a ruptura total ou parcial de um osso.

14.1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS

• Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas;

• Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele ou existe uma ferida associada
que se estende desde o osso fraturado até a pele.

a) Deformidade: A fratura produz uma posição anormal ou angulação, num local que não
possui articulação;

b) Sensibilidade: O local da fratura está muito sensível à dor;

c) Crepitação: Quando a vítima é movimentada podemos escutar um som áspero, produzido


pelo atrito das extremidades fraturadas. Este sinal não deve ser pesquisado
intencionalmente, porque aumenta a dor e pode provocar outras lesões nos tecidos
moles;

d) Edema e Alteração de coloração: Quase sempre a fratura é acompanhada de certo


inchaço, que é provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. Esta alteração
pode demorar horas para aparecer;

222
e) Impotência Funcional: É a perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima
geralmente protege o local fraturado, pois qualquer movimentação é difícil e dolorida;

f) Fragmentos expostos: Numa fratura aberta ou exposta, os fragmentos ósseos podem se projetar
através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento.

14.2 LUXAÇÃO

É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação, fazendo com que as superfícies
articulares percam o contato entre si.

SINAIS E SINTOMAS DE LUXAÇÃO:

• Deformidade mais acentuada na articulação luxada;

• Edema;

• Dor, principalmente quando a região é movimentada; e

• Impotência funcional, com a perda completa ou parcial dos movimentos.

223
14.3 ENTORSE

É a tração ou distensão brusca de uma articulação, além do seu grau normal de movimentação
(amplitude).

SINAIS E SINTOMAS DE ENTORSE:


São similares aos das fraturas e aos da luxação. Mas nas entorses, os ligamentos geralmente
sofrem ruptura ou estiramento, provocado por movimentação brusca.
14.4 AMPUTAÇÃO
Lesão geralmente relacionada a acidente automobilístico (amputação traumática). Pela gravidade
da lesão, o tratamento inicial deve ser rápido, principalmente pela possibilidade de reimplante.

PROCEDIMENTO EM CASO DE AMPUTAÇÃO

• Controlar a hemorragia;
• Aplicar curativo estéril, fixando-o com bandagem ou atadura;

224
• Guardar a parte amputada envolta em gaze ou compressa estéril (pode ser também um pano
limpo), umedecido com solução fisiológica;

• Colocar a parte amputada, agora protegida, dentro de um saco plástico e, em seguida,


dentro de um segundo saco ou caixa de isopor repleta de gelo; e

• Transportar rapidamente ao pronto socorro.

14.5 REGRAS GERAIS DE IMOBILIZAÇÃO

a) Informe o que irá fazer;

b) Exponha o local, removendo ou cortando as roupas da vítima;

c) Controle hemorragias e cubra feridas. Não empurre fragmentos ósseos para dentro do
ferimento, nem tente removê-los. Use curativos estéreis;

d) Verifique o pulso distal, a mobilidade, a sensibilidade e a perfusão;

e) Prepare todo o material de imobilização antes de mexer no local para imobilizá-lo;

f) Proteja as talas que estiverem em contato com o osso fraturado;

g) A imobilização de fraturas deve impedir a movimentação de uma articulação acima e uma


abaixo do local da fratura e, no caso de lesões em articulações, imobilize um osso acima e
um abaixo da articulação lesada. Movimentar o mínimo possível. Dependendo da fratura,
faça a imobilização na posição encontrada;

h) Refaça o exame da extremidade após imobilização; caso haja alterações vasculares ou


neurológicas, refaça a imobilização;

i) Previna o estado de choque; e

j) Transporte para um pronto socorro ou aguarde uma equipe especializada.

14.6 MATERIAIS USADOS NA IMOBILIZAÇÃO

• Talas rígidas, moldáveis ou infláveis;

• Talas de tração;

• Colares cervicais;

• Colete de imobilização dorsal (KED);

• Macas rígidas; e

• Bandagens triangulares ou ataduras

Muitas vezes, é impossível saber se a vítima é mesmo portadora de uma fratura, entorse ou
luxação. A confirmação virá quando a vítima for submetida a um exame de Raios-X. No entanto,
até que se faça o exame em ambiente hospitalar, devemos tratá-la como se tivesse sofrido uma
fratura.

225
15. INTOXICAÇÕES
As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no organismo, acidental ou
não, de substâncias tóxicas, como entorpecentes, medicamentos, produtos químicos utilizados em
laboratório e limpeza, alimentos deteriorados, venenos, gases tóxicos.

As intoxicações podem ser subdivididas de acordo com o tempo de ocorrência: aguda (até 24 horas
do acidente), subagudas ( os primeiros dias após) e, seguidamente subcrônicas ( até um mês) e
crônicas, exposição a determinada substância durante longo tempo, resultando em acumulação do
composto no corpo (metais, como o chumbo, por exemplo).

15.1 TÓXICO

Tóxico ou veneno é qualquer substância que afeta a saúde ou causa a morte por sua ação química
quando interage com o organismo. É importante informar que todo medicamento apresenta
propriedades terapêuticas. Entretanto, em doses excessivas, todos podem tornar-se tóxicos.

15.2 INTOXICAÇÃO

Emergência médica caracterizada por distúrbios no funcionamento de órgãos ou sistemas


causados pela interação com o organismo humano de substâncias tóxicas de quaisquer naturezas.

SUBSTÂNCIAS NORMALMENTE ENVOLVIDAS:

- Medicamentos: antidepressivos, estimulantes, analgésicos;

- Derivados de petróleo: gasolina, óleo diesel, graxa, naftalina;


226
- Cosméticos: esmalte, acetona, talcos;

- Pesticidas, raticidas, agrotóxicos;

- Plantas venenosas: comigo-ninguém-pode; trombeta;

- Outros: drogas; alimentos contaminados; limpadores domésticos; chumbo; pomadas,


cremes, contato com insetos (taturana); picada de insetos, acidente ofídico, drogas
injetáveis.

15.3 VIAS DE INGRESSO DO AGENTE NOCIVO

a) Ingestão: deglutição de substâncias químicas, acidental ou intencionalmente;

b) Inalação: aerossóis, pós, fumaças, gases;

c) Absorção: através do contato direto da pele com certas substâncias;

d) Injeção: inoculada no organismo humano através de peçonhas ou seringas.

15.4 SINAIS E/OU SINTOMAS GERAIS DAS INTOXICAÇÕES:

• Queimaduras ou manchas ao redor da boca;


• Formação excessiva de saliva ou espuma na boca;
• Odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes da vítima;
• Respirações rápidas e superficiais;
• Pulso alterado na frequência e ritmo;
• Sudorese;
• Alteração do diâmetro das pupilas;
• Dor abdominal;
• Náuseas; vômitos;
• Diarreia;
• Hemorragias digestivas;
• Distúrbios visuais;
• Tosse;
• Reações na pele, que podem variar de irritação até queimaduras químicas;
• Coceiras (pruridos) e ardência na pele;
• Aumento da temperatura da pele;
• Picadas e mordidas visíveis na pele com dor ou inflamação;

227
• Confusão mental, inconsciência;
• Convulsões;
• Choque anafilático;
• Parada respiratória ou cardiorrespiratória.

15.5 TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR DAS INTOXICAÇÕES:

• •Garantir a segurança pessoal e da equipe de resgate - (uso de EPI e EPR);


• •Remover a vítima do local de risco, especialmente quando exposta à atmosfera
gazeada;

• Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade;

• Remover as roupas do acidentado caso estejam contaminadas;


• Nos casos de contato da pele da vítima com substâncias químicas, lavar com água limpa
ou soro fisiológico, a fim de remover o máximo de substâncias possíveis;

• Mantenha a temperatura corporal da vítima estabilizada;


• Vítimas inconscientes que apresentem possibilidade de vomitar devem ser posicionadas
e transportadas na Posição de Recuperação;

• Vítimas conscientes apresentando dificuldade respiratória devem ser posicionadas e


transportadas em decúbito elevado (semissentada);

• Transporte junto com a vítima: resto de substâncias, recipientes e aplicadores de drogas


ou vômito.

Tenha certeza que a vítima não possui traumatismos, pois as drogas podem "mascarar"
a dor!

228
16. TRIAGEM

Processo utilizado em situações onde o número de vítimas ultrapassa a capacidade de resposta


da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar vítimas de acordo com um
sistema de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior
número possível de vítimas.

16.1 MÉTODO START (SIMPLE TRIAGE AND RAPID TREATMENT) Triagem Simples e
Tratamento Rápido

Vantagens:

• •Sistema de triagem simples que permite triar uma vítima em menos de 1 minuto;
• •O método utiliza diferentes cores para determinar a prioridade de atendimento e
transporte;

Significado das cores:

Vermelha: Significa primeira prioridade. Estas vítimas estão em estado grave e necessitam
tratamento e transporte imediato.

Amarela: Significa segunda prioridade. Estas vítimas necessitam tratamento, mas podem
aguardar.

Verde: Significa terceira prioridade. Estas vítimas não requerem atenção imediata.

Preta: Significa sem prioridade. Estas vítimas possuem lesões obviamente mortais.

Critérios utilizados no Método START

Este método baseia-se em três diferentes critérios para classificar as vítimas em diferentes
prioridades, a saber:

Respiração:

NÃO - Se não respira mesmo após abrir as vias aéreas, é considerada vítima sem prioridade
(cor preta).

SIM - Se após abertura de vias aéreas voltar a respirar é considerada vítima de primeira
prioridade (cor vermelha). Se a respiração apresenta-se de forma espontânea e acima de 30
vpm é também considerada vítima de primeira prioridade (cor vermelha). Até 30 vpm, avalie a
perfusão

229
Perfusão:

A perfusão é avaliada através do enchimento capilar. Se for superior a 2 segundos, significa


uma perfusão inadequada (em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso
radial. Um pulso radial ausente indica uma PA sistólica abaixo de 80mmHg). Controle
hemorragias se houver e considere a vítima em primeira prioridade (cor vermelha).

Se o enchimento capilar for de até 2 segundos, avalie o status neurológico.

Status neurológico:

Avaliar se a vítima é capaz de cumprir ordens verbais simples.

NÃO - Não cumpre ordens simples, considerar vítima de primeira prioridade (cor vermelha).

SIM - Cumpre ordens simples, considerar como vítima de segunda prioridade (cor amarela).

16.2 AÇÃO DOS PRIMEIROS SOCORRISTAS NA CENA COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS

• Primeiro passo:

Dimensionar e assumir a situação de emergência, solicitar recurso adicional e iniciar a triagem,


método START, das vítimas. Determinar a um socorrista de sua equipe que dirija todas as
vítimas que possam caminhar para uma área de concentração previamente delimitada (poderá
ser utilizado um megafone para isso). Estas vítimas receberão uma identificação verde de forma
individual.

• Segundo passo:

Determinar para que outro socorrista de sua equipe inicie a avaliação das vítimas que
permaneceram na cena de emergência e que não apresentam condições de caminhar. Deverá
ser avaliada a respiração. A respiração está normal, rápida ou ausente?

- Se está ausente: abra imediatamente as VA para determinar se as respirações iniciam


espontaneamente. Se a vítima continua sem respirar, recebe a fita de cor preta (não
perca tempo tentando reanimar a vítima). Se voltar a respirar e necessitar de ajuda para
manter as VA abertas receberá a fita de cor vermelha (nesses casos, tente conseguir
voluntários para manter abertas as VA da vítima).

- Se está presente: avalie a sua frequência respiratória, se superior a 30 vpm, receberá


uma fita de cor vermelha. Caso a respiração esteja normal (até 30 vpm), vá ao passo
seguinte.

230
• Terceiro passo:

O socorrista deverá verificar a perfusão através da prova do enchimento capilar ou através


da palpação do pulso radial.

- Se o enchimento capilar: for superior a 2 segundos ou se o pulso radial está ausente, a


vítima deverá receber a fita de cor vermelha.
- Se o enchimento capilar: for de até 2 segundos ou se o pulso radial está presente, vá
ao passo seguinte. Qualquer hemorragia grave que ameace a vida deverá ser contida neste
momento. Caso não haja suspeita de traumatismo raquimedular, posicione a vítima com as
pernas elevadas para prevenir o choque (novamente tente conseguir voluntários para fazer
pressão direta sobre o local do sangramento).
Em caso de iluminação reduzida o socorrista deverá avaliar o pulso radial.

• Quarto passo:
O socorrista deverá verificar o status neurológico da vítima. Se a vítima não consegue
executar ordens simples emanadas pelo socorrista, deverá receber a fita de cor vermelha.
Se a vítima executa corretamente as ordens simples recebidas, receberá a fita de cor
amarela.

231
232
17. REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Marcos. Fundamentos do socorro pré-hospitalar. 4ª ed. Revisada- Editograf,


2004.
Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado/ NAEMT (National Association of Medical
Technicians). 6ª edição- Rio de Janeiro, Elsevier, 2007.
Manual Técnico profissional de emergência pré-hospitalar- Cap BM Ricardo R. de
Oliveira e Paulo José B. de Souza. Brasília.,
Apostila do Curso de Emergência e Socorros de Urgência. Brasília, 2005.
Manual do Participante do Curso de APH de São Paulo, 2008.
MTB 12. Resgate e Emergências médicas. 6ª edição- São Paulo, 2006.
Apostila de Primeira socorros. Sgt BM Saulo de Tárcio Corrêa Lima. Maio 2008.
PRIMEIRA RESPOSTA. Apostila de capacitação em emergências, Coronel Felipe
Aidar Martins CBMMG.
Apostila do curso de reanimação cardiorrespiratória e cerebral. EAD- Educação
Continuada à distância.

Manual de Atendimento pré-hospitalar do CBMPR - 2006.

POP's de APH do CBMES.

233
1. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Considerando que o objetivo deste curso não abrange uma análise aprofundada da
legislação que rege a movimentação e manuseio de produtos perigosos citamos a legislação
abaixo para conhecimento geral dos instruendos, a saber:
1.1. TRANSPORTE RODOVIÁRIO
• Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988: Regulamento para Transporte Rodoviário de
Produtos Perigosos (RTRPP);
• Decreto nº 1797, de 25 de janeiro de 1996: Acordo de Alcance Parcial para Facilitação
de Transporte de Produtos Perigosos no MERCOSUL;
• Portaria nº 204, de 20 de maio de 1997: Instruções Complementares ao RTTPP.
(Revogou a Portaria nº 291 de 31.05.88);
• Resolução ANTT Nº 420, de 12 de fevereiro de 2004: Aprova as Instruções
Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos
(Alterou a Portaria nº 204/97);
• Normas Técnicas da ABNT (NBR):
- NBR 7500 - Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de
materiais.
- NBR 7501 - Transporte de produtos perigosos - terminologia.
- NBR 7503 - Ficha de emergência para o transporte de produtos perigosos
- características e dimensões.
- NBR 7504 - Envelope para transporte de produtos perigosos - características e
dimensões.
- NBR 8285 - Preenchimento da ficha de emergência para o transporte de produtos
perigosos.
- NBR 8286 - Emprego da sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas
embalagens de produtos perigosos.
- NBR 9734 - Conjunto de equipamentos de proteção individual para avaliação de
emergência e fuga no transporte rodoviário de produtos perigosos.
- NBR 9735 - Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de
produtos perigosos.
- NBR 10271 - Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário
de ácido fluorídrico - procedimento.
- NBR 12710 - Proteção contra incêndio por extintores no transporte rodoviário de produtos
perigosos.
- NBR 12982 - Desgaseificação de tanque rodoviário para transporte de produto perigoso -
classe de risco 3 - líquidos inflamáveis - procedimento.
- NBR 14064 - Atendimento de emergência no transporte rodoviário de produtos perigosos.
- NBR 14095 - Área de estacionamento para veículos rodoviários de transporte de produtos
perigosos.
234
• Legislação Ambiental:
- Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho
de 1990.
- Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998: Lei de Crimes Ambientais.
• Regulamentos Técnicos do INMETRO
• Normas do CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear):
- CNEN 5.01 – Regulamenta o transporte de materiais radioativos;
- CNEN 2.01 – Regulamenta a proteção física de Unidades de Operacionais de área nuclear.
• R 105 – Regulamento do Ministério do Exército: Regulamenta a fiscalização de produtos
controlados.
• Alguns Artigos importantes do Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988, [Regulamento
para Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (RTRPP)] voltados para a equipe de
intervenção:
Art. 1.º O transporte, por via pública, de produto que seja perigoso ou represente risco para a saúde
de pessoas, para a segurança pública ou para o meio ambiente, fica submetido às regras e
procedimentos estabelecidos neste Regulamento, sem prejuízo do disposto em legislação e
disciplina peculiar a cada produto.
Parágrafo 1º. Para os efeitos deste Regulamento‚ é produto perigoso o relacionado em Portaria do
Ministério dos Transportes.
Parágrafo 2º. No transporte de produto explosivo e de substância radioativa serão observadas,
também, as normas especificas do Ministério do Exército e da Comissão Nacional de Energia
Nuclear - CNEN, respectivamente. (R-105 e Res 5.01 - CNEN).
[...]
Art. 11. As autoridades com jurisdição sobre as vias poderão determinar restrições ao seu uso, ao
longo de toda a sua extensão ou parte dela, sinalizando os trechos restritos e assegurando
percursos alternativos, assim como estabelecer locais e períodos com restrição para
estacionamento, parada, carga e descarga
[...]
Art. 27. Em caso de emergência, acidente ou avaria, o fabricante, o transportador, o expedidor e o
destinatário do produto perigoso darão apoio e prestarão os esclarecimentos que lhes forem
solicitados pelas autoridades públicas.
Art. 28. As operações de transbordo em condições de emergência deverão ser executadas em
conformidade com a orientação do expedidor ou fabricante do produto e, se possível, com a
presença de autoridade pública.

[...]

Art. 41. A fiscalização para a observância deste Regulamento e de suas instruções complementares
incumbe ao Ministério dos Transportes, sem prejuízo da competência das autoridades com
jurisdição sobre a via por onde transite o veículo transportador.

1.2. TRANSPORTE MARÍTIMO

235
W INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION (IMO): Organismo vinculado à Organização das
Nações Unidas (ONU) que regulamenta o transporte marítimo.

W SOLAS 1974 - (International Convention for the Safety of the Life at Sea) - É a Convenção
Internacional para a Segurança Marítima. Contém as disposições obrigatórias que regem o
transporte de Produtos Perigosos.

W MARPOL 73/78 - Trata dos diversos aspectos da prevenção da contaminação do mar e seus
ecossistemas, contém as disposições obrigatórias para a prevenção da contaminação por
substâncias prejudiciais transportadas por mar.

W IMDG CODE - International Maritime Dangerous Goods Code - (Código Marítimo Internacional
sobre Mercadorias Perigosas): Recomenda que as determinações sejam adotadas pelos governos
que os tomem como base para as suas regulamentações. Com a observação deste Código se
harmonizam as práticas e os procedimentos adotados para o transporte por mar de mercadorias
perigosas e se garantem o cumprimento das disposições obrigatórias do Convênio SOLAS 1974.

W N.R. 29 Ministério do Trabalho, de 17 de dezembro 1997: Regulamenta a Segurança e Saúde


no Trabalho Portuário.

1.3. TRANSPORTE FERROVIÁRIO

W Decreto 98.973, de 21 de fevereiro de 1990 Regulamenta o Transporte Ferroviário de produtos


controlados.

236
2. CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO
OBJETIVOS:

Ao final desta lição, os participantes serão capazes de:

• Definir os principais conceitos referentes a produtos perigosos;


• Reconhecer as diferentes formas de se identificar um produto perigoso;
• Identificar as diferentes seções do Manual da ABIQUIM;
• Identificar um produto perigoso a partir do painel de segurança;
• Escolher a Guia adequada para um determinado produto;
• Definir distâncias adequadas de isolamento e evacuação;
• Reconhecer as nove classes de risco;
• Identificar as principais características e riscos referentes a cada classe.

2.1. CONCEITOS

2.1.1. PRODUTO PERIGOSO


É toda substância sólida, líquida ou gasosa que, quando fora de seu recipiente, pode produzir danos
às pessoas, propriedades ou meio ambiente.

2.1.2. CARGA PERIGOSA


É o mau acondicionamento ou a arrumação física deficiente de uma carga ou volume que venha
a oferecer riscos de queda ou tombamento, podendo gerar outros riscos.

2.1.3. ACIDENTE COM PRODUTO PERIGOSO


Evento repentino e não desejado, onde a liberação de substâncias químicas, biológicas ou
radiológicas perigosas em forma de incêndio, explosão, derrame ou vazamento, causa dano às
pessoas, propriedades ou ao meio ambiente.

Exemplos:

2.1.4. INCIDENTE COM PRODUTO PERIGOSO


Evento repentino e não desejado, que foi controlado antes de afetar elementos vulneráveis (causar
dano ou exposição às pessoas, bens ou ao meio ambiente). Também denominado de “quase
acidente”.

Exemplos:

2.1.5. ZONA CONTAMINADA OU ÁREA DE RISCO


Área do incidente ou acidente com produtos perigosos onde os contaminantes estão ou poderão
surgir.

Nesta área de risco (também chamada área contaminada) só poderão adentrar


pessoal e com .

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PERIGOSOS


237
O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA ONU

Na relação de produtos considerados perigosos foi adotada a classificação da Organização das


Nações Unidas que agrupa tais produtos em nove Classes de Risco. A inclusão de um produto em
uma classe leva em conta o seu risco principal.

2.2.1. CLASSE 1 – EXPLOSIVOS


Substância explosiva é uma substância sólida ou líquida, ou a mistura de substâncias, capaz de
produzir gás por uma reação química, a uma temperatura, pressão e velocidade que provoquem
danos à sua volta. Estão incluídas nessa definição as substâncias pirotécnicas, mesmo que não
desprendam gases.
Ex.: Dinamite, Nitrocelulose, Pólvora, Cordel, acendedor, cartuchos para arma de festim, TNT
(Trinitrotolueno) etc.

Mas, o que é explosão?

Reação química provocada por uma substância qualquer que


dentro de brevíssimo lapso de tempo, atinge grande volume, a
partir de um volume muito menor, e provoca reações violentas
com deslocamento de massa de ar e liberação de gases
superaquecidos (onda mecânica e onda térmica).

A maioria dos produtos explosivos possui em sua composição química os elementos carbono,
hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.

A classe 1 é uma classe restritiva porque apenas as substâncias e artigos listados na relação de
produtos perigosos podem ser aceitos para o transporte. Entretanto, o transporte para fins especiais
dos produtos não incluídos naquela relação pode ser realizado sob licença especial das autoridades
competentes.

238
A Classe 1 está subdividida em 6 subclasses:

• Subclasse 1.1 - Substâncias e artigos com risco de explosão em massa. Ex.:


Nitrobenzotriazol;

• Subclasse 1.2 - Substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão em
massa. Ex.: Artigos Pirofóricos;

• Subclasse 1.3 - Substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de explosão,
de projeção ou ambos, mas sem risco de explosão em massa. Ex: Cartuchos para
sinalização;

• Subclasse 1.4 - Substância e artigos que não apresentam riscos significativos. Ex.:
Cartuchos para armas;

• Subclasse 1.5 - Substância muito insensível com risco de explosão em massa. Ex.:
Explosivo de Demolição Tipo B;

• Subclasse 1.6 - Substância extremamente insensível, sem risco de explosão em massa. Ex.:
Explosivos usados em minas de escavação.

2.2.2. CLASSE 2 – GASES COMPRIMIDOS, LIQUEFEITOS, DISSOLVIDOS SOB PRESSÃO OU


ALTAMENTE REFRIGERADOS

Gás é uma substância que a 50ºC tem a pressão de vapor superior a 300 KPa, ou, ainda, é
completamente gasoso na temperatura de 20ºC e na pressão normal de 101,3 KPa.

A Classe 2 está dividida em três subclasses, com base no risco principal que os gases apresentam
durante o transporte:

• Subclasse 2.1 - Gases inflamáveis;

• Subclasse 2.2 - Gases não-inflamáveis, não-tóxicos: São gases asfixiantes ou


oxidantes;

• Subclasse 2.3 - Gases tóxicos.

239
Sempre quando se tratar de gases deve-se analisar o risco principal do produto pelo 2º número.
Por exemplo, os gases venenosos (tóxicos) poderiam ser incluídos na subclasse 6.1, porque seu
caráter venenoso é o risco principal, porém está definido com o n.º de risco 26.

Quando o gás apresentar outros riscos, tipo inflamabilidade e toxidez, utilizar-se-á no rótulo de
risco o n.º 2 com a inscrição “Gás Inflamável” e “Gás Tóxico”.

Os gases têm a característica de aumentar de pressão quando aquecidos, podendo provocar


explosão. Portanto, devemos evitar a exposição a altas temperaturas. O fenômeno conhecido como
BLEVE é o mais perigoso e devemos estar atento às suas características.

2.2.3. CLASSE 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS


Líquidos inflamáveis são líquidos, misturas de líquidos ou líquidos
contendo sólidos em solução ou suspensão, que produzem vapores
inflamáveis a temperaturas de até 60,5ºC, em teste de vaso fechado,
ou até 65,5ºC em teste de vaso aberto.

Um caminhão tanque que tenha descarregado um líquido inflamável


continua com risco de inflamabilidade por ainda conter uma mistura de
gases inflamáveis.

Nas manobras de carregamento e descarregamento deve-se utilizar cabo-terra em todas as partes


metálicas envolvidas, para que não ocorram centelhas em virtude da eletricidade estática.

2.2.4. CLASSE 4 – SÓLIDOS INFLAMÁVEIS

Sólidos inflamáveis são substâncias sujeitas à combustão espontânea. São substâncias que, em
contato com água, emitem gases inflamáveis.

A classe 4 é dividida em três subclasses:

• Subclasse 4.1 - Sólidos Inflamáveis - Sólidos, exceto os classificados como explosivos


que, em condições encontradas no transporte, são facilmente combustíveis ou que, por
atrito, podem causar ou contribuir para o fogo. Inclui produtos autorreagentes que podem
sofrer reações fortemente exotérmicas.

240
• Subclasse 4.2 - Substâncias sujeitas à combustão espontânea – Elas são sujeitas a
aquecimento espontâneo em condições normais de transporte, ou aquecimento em
contato com o ar, podendo inflamar-se.

• Subclasse 4.3 - Substâncias que em contato com a água emitem gases inflamáveis –
São aquelas que, por interação com a água, podem tornar-se espontaneamente
inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em quantidades perigosas.

2.2.5. CLASSE 5 – SUBSTÂNCIAS OXIDANTES; PERÓXIDOS ORGÂNICOS

A Classe 5 é dividida em duas subclasses:

• Subclasse 5.1 - Substâncias Oxidantes - Substâncias que, embora não sendo elas
próprias necessariamente combustíveis, podem, em geral, por liberação de oxigênio,
causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isto.
Ex.: nitrato de sódio, ácido clorídrico, cloreto de zinco etc.;

• Subclasse 5.2 - Peróxido Orgânico - Substâncias tecnicamente instáveis, podendo


decompor-se explosivamente, queimar rapidamente, ser sensíveis a choques e atritos e
causar danos aos olhos, facilitando também a combustão de outros produtos.
Ex.: ácido piracético, hidro peróxido de butila etc..

Cuidados especiais:
1- Os veículos devem ser adaptados para que vapores do produto não entrem na cabine;

2- Os produtos devem ser protegidos contra o calor nos níveis de prescrição de cada um;

3- Durante o transporte de produtos que se decompõem com facilidade à temperatura


ambiente, as paradas por necessidade de serviço devem, sempre que possível, ser
efetuadas longe de locais habitados.
2.2.6. CLASSE 6 – SUBSTÂNCIAS TÓXICAS E INFECTANTES
A Classe 6 é dividida em duas subclasses:

• Subclasse 6.1 - Substâncias Tóxicas - São substâncias capazes de provocar a morte,


injúrias sérias ou danos à saúde humana, caso sejam ingeridos, inalados ou que entrem
em contato com a pele.
Ex. : ácido arsênico, pentacloreto de sódio, iodeto de benzila etc.;

241
• Subclasse 6.2 - Substâncias Infectantes - São aquelas que contêm microorganismos
viáveis às suas toxinas, os quais provocam, ou há suspeita que possam provocar
doenças em seres humanos ou animais. Produtos Biológicos acabados são pertencentes
a esta subclasse.
2.2.7. CLASSE 7 – SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS
São substâncias que liberam energia através da quebra dos núcleos de seus átomos. As
substâncias desta classe devem ser protegidas e isoladas (embalagens especiais revestidas
com chumbo), porque a radioatividade é nociva aos tecidos humanos, podendo causar a
morte.
Ex.: carbono 14, césio 137, cobalto 56, rádio 226 e 228, urânio 232 etc..

• A Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN estabelece normas que controlam a


produção, o comércio, o transporte e o armazenamento do material radioativo em todo
território nacional.
2.2.8. CLASSE 8 – SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS
São substâncias que, por ação química, causam sérios danos, quando em contato com
tecido vivo ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou
o veículo, podendo ainda apresentar outros riscos.
Ex. : ácido sulfúrico, ácido acético, ácido clorídrico etc.. Podem der divididos em três
grupos de riscos:
Grupo 1 - Substâncias muito perigosas - provocam visível necrose da pele após um
período de exposição inferior a três minutos;
Grupo 2 - Substâncias que provocam risco médio - provocam visível necrose da pele
após um período de exposição superior a três minutos e inferior a sessenta minutos;
Grupo 3 - Substâncias de menor risco, incluindo:
- aquelas que provocam visível necrose da pele num período de contato inferior a 4 horas;
- aquelas com uma taxa de corrosão em superfícies de aço ou alumínio superior a
6,25mm por ano, a uma temperatura de teste de 55ºC.
Algumas substâncias desta classe se tornam mais corrosivas depois de reagirem com a
água. Esta reação libera gases corrosivos, irritantes, facilmente visíveis pela formação de
fumaça.
2.2.9. CLASSE 9 – SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS
São todas as substâncias que, durante o transporte, apresentam um risco não coberto
pelas outras classes.
Ex.: Dióxido de carbono, nitrato de amônia, resíduos.
242
2.3. FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS

2.3.1. O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA ONU


A Organização das Nações Unidas (ONU) preocupada com o crescente número de
acidentes ambientais envolvendo produtos perigosos e a necessidade de uma
padronização dos mesmos atribuiu a cada um deles um número composto de quatro
algarismo conhecido por “Número da ONU”.
A relação dos principais produtos perigosos em ordem numerica e alfabética consta do
Manual de Emergências da Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos
Derivados (ABIQUIM), que é uma entidade de classe representativa do setor da indústria
química no Brasil desde 1964.

2.3.2. FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO

• Painel de Segurança

• Rótulo de Risco

• Ficha de Emergência

• Nota Fiscal

• Diamante de Hommel
PAINEL DE SEGURANÇA
Painel retangular de cor alaranjado, indicativo de transporte rodoviário de produtos
perigosos, que possui inscrito, na parte superior o NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO DE
RISCO DO PRODUTO e, na parte inferior, o NÚMERO QUE IDENTIFICA O PRODUTO
(ONU).
Este painel de segurança (placa laranja) deve ser afixado nas laterais, traseira e dianteira do
veículo. É constituído de quatro algarismos (número da ONU) e o número de risco.
Exemplo:
Proibição de água

Número de risco

Numero ONU

NÚMERO DE RISCO

Este número é constituido por dois ou três algarismos e se necessário a letra “X”.

Quando for expressamente proibido o uso de água no produto perigoso deve ser cotada a

243
letra X, no início, antes do número de identificação de risco.
O número de identificação de risco permite determinar de imediato:

• risco principal do produto = 1º algarismo


• Os riscos subsidiários = 2º e/ou 3º algarismos

SIGNIFICADO DO PRIMEIRO ALGARISMO (RISCO PRINCIPAL DO PRODUTO)

SIGNIFICADO
DO
SEGUNDO
E/OU
TERCEIRO ALGARISMO

OBSERVAÇÕES:
- Na ausência de risco subsidiário deve ser colocado como 2º algarismo o zero.
- No caso de gás nem sempre o 1º algarismo significa o risco principal.
- A duplicação ou triplicação dos algarismos significa uma intensificação do risco.

EXEMPLOS:
30 = INFLAMÁVEL;
33 = MUITO INFLAMÁVEL;
333 = ALTAMENTE INFLAMÁVEL

RÓTULO DE RISCO
Losango que representa simbolos e/ou expressões emolduradas, referentes à
classe do produto perigoso. Ele é fixado nas lateriais e traseira do veículo de
transporte. Os rótulos de risco possuem desenhos e números que indicam o
produto perigoso. Quanto à natureza geral, a cor de fundo dos rótulos é a mais
visível fonte de identificação da classe de um produto perigoso.

244
As cores de fundo dos rótulos de risco significam:

OBSERVAÇÕES:

• Os painéis de segurança devem ser de cor laranja e os números de identificação de risco e


de produto perigoso (número da ONU) devem ser indeléveis de cor preta.
• painel de segurança e o rótulo de risco, se destacáveis, devem ter seus versos pintado na
cor preta, e os números citados no painel não devem ser removíveis.
• Os algarismos do painel de segurança devem ter altura de 10 cm e largura de 5,5 cm.
• No Brasil, os símbolos convencionais e seu dimensionamento são estabelecidos pela NBR
7500, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, de Mar/2000 – Símbolo de risco e
manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.

A classificação da Organização das Nações Unidas reconhece nove CLASSES DE RISCO e


subclasses, conforme a relação a seguir:
Os números das CLASSES DE RISCO apresentam o seguinte significado.

CLASSE 1 = EXPLOSIVOS
Substâncias submetidas a transformações químicas extremamente rápidas e que produzem
grandes quantidades de gases e calor. Muitas das substâncias pertencentes a esta classe são
sensíveis ao calor, ao choque e à fricção. Já outros produtos da mesma classe necessitam de um
intensificador para explodirem.

CLASSE 2 = GASES
Esta classe compreende os gases comprimidos, os liquefeitos, os dissolvidos sob pressão ou,
ainda, os altamente refrigerados, ditos criogênicos. Em caso de vazamentos ou fugas, os gases
tendem a ocupar todo o ambiente, mesmo quando possuem densidade diferente da do ar
atmosférico. Além do risco inerente ao seu estado físico, os gases podem apresentar riscos
adicionais, como, por exemplo, inflamabilidade, toxidade, poder de oxidação e corrosividade, entre
outros.

CLASSE 3 = LIQUIDOS INFLAMÁVEIS


As substâncias pertencentes a esta classe são de origem orgânica e apresentam-se como matéria
em estado líquido. Um fator de grande importância a ser considerado diante à presença de líquidos
inflamáveis é o comparecerimento de possíveis fontes de calor, além dos conceitos de ponto de
fulgor e limites de inflamabilidade.

245
CLASSE 4 = SÓLIDOS INFLAMÁVEIS E COMBUSTÃO EXPONTÂNEA QUE EMITEM GASES
INFLAMÁVEIS EM CONTATO COM ÁGUA
Esta classe abrange todas as substâncias sólidas que podem inflamar-se na presença de uma fonte
de ignição, em contato com o ar ou com a água, e que não são classificados como explosivos. Em
função da variedade de características dos produtos desta classe, os mesmos são agrupados em
subclasses.

CLASSE 5 = SUBSTÂNCIAS OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS


Substâncias oxidantes são aquelas que, embora não sendo combustíveis, podem, em geral pela
liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou contribuir para isso. Os peróxidos
orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que, na grande maioria, produzem irritação
nos olhos, pele, mucosas e gargante.

CLASSE 6 = SUBSTÂNCIAS TÓXICAS E SUBSTÂNCIAS INFECTANTES


São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana, se ingeridas, inaladas
ou em contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades. Os efeitos gerados a partir do
contato com substâncias tóxicas estão relacionados com o seu grau de toxidade e o tempo de
exposição e dose.

CLASSE 7 = MATERIAIS RADIOATIVOS


Radioativo é o processo de desintegração espontânea de um núcleo estável, acompanhado da
emissão de radiação nuclear. Os materiais radioativos sofrem diversos tipos de desintegração,
entre eles, os principais são as radiações alfa, beta e gama. A proteção individual para o trabalho
com radiações ionizantes baseia-se em três fatores principais, tempo, distância e blindagem.

CLASSE 8 = CORROSIVOS
São substâncias que, por ação química, causa severos danos em contato com tecidos vivos.
Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentem estas propriedades, os
ácidos e as bases.

CLASSE 9 = SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS


Substância que apresenta um risco não coberto por qualquer das outras classes.

CLASSE DE RISCO PRIMÁRIO

CLASSE 1 – EXPLOSIVOS

CLASSE 2 - GASES

CLASSE 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

246
CLASSE 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS

CLASSE 5 – SUBSTÂNCIAS OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS

LASSE 6 – SUBSTÂNCIAS TÓXICAS (VENENOSAS E SUBSTÂNCIAS


CLASSE 6 – SUBSTANCIAS TOXICAS (VENENOSAS E SUBSTANCIAS INFECTANTES)
INFECTANTES)

CLASSE 7 – MATERIAIS RADIOATIVOS

CLASSE 8 - CORROSIVOS

CLASSE 9 – SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS

CLASSE DE RISCO SUBSIDIÁRIO

CLASSE 1 – EXPLOSIVOS

247
CLASSE 2 – GASES

CLASSE 3 – LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

CLASSE 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS

CLASSE 5 – SUBSTÂNCIAS OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS

CLASSE 6 – SUBSTÂNCIAS TÓXICAS (VENENOSAS ESUBSTÂNCIAS


INFECTANTES)

CLASSE 8 – CORROSIVOS

248
As classes e respectivas subclasses dos produtos perigosos apresentam os seguintes significados:

CLASSE SUBCLASSE SIGNIFICADOS

Classe 1 Explosivos
Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa
Subclasse 1.2 Substância e artefatos com risco de projeção
Subclasse 1.3 Substância e artefatos com risco predominante de fogo
Subclasse 1.4 Substância e artefatos que não apresentam riscos
significativos
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis
Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis
Classe 2 Gases
Subclasse 2.1 Gases inflamáveis
Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis
Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação
Classe 3 Líquido inflamável

Classe 4 Sólidos inflamáveis, substâncias passíveis de


combustão espontânea, substâncias que, em contato
com a água, emitem gases inflamáveis
Subclasse 4.1 Sólidos inflamáveis
Subclasse 4.2 Substâncias passíveis de combustão espontânea
Subclasse 4.3 Substâncias que em contato com a água, emitem gases
inflamáveis
Classe 5 Substâncias oxidantes, peróxidos orgânicos
Subclasse 5.1 Substâncias oxidantes
Subclasse 5.2 Peróxidos orgânicos
Classe 6 Substâncias tóxidas, infectantes
Subclasse 6.1
Subclasse 6.2 Substâncias tóxicas Substâncias infectantes
Classe 7 Substâncias radioativas

Classe 8 Substâncias corrosivas

Classe 9 Substâncias perigosas diversas


DIAMANTE DE HOMMEL

249
Não informa qual é a substância química, mas indica todos
os riscos envolvendo o produto químico em questão.

Diamante de HOMMEL – NFPA 704

VERMELHO – INFLAMABILIDADE
4– Gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos
3 – Produtos que entram em ignição a temperatura ambiente
2- Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente
1- Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição
0- Produtos que não queimam

AZUL – PERIGO PARA SAÚDE


4 – Produto Letal
3 – Produto severamente perigoso
2 – Produto moderadamente perigoso
1 – Produto levemente perigoso
0- Produto não perigoso ou de risco mínimo

AMARELO – REATIVIDADE
4 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão à temperatura ambiente
3 – Capacidade de detonação ou decomposição com explosão quando exposto à fonte de
energia severa
2 – Reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas
1 – Normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido
0- Normalmente estável

BRANCO – RISCOS ESPECIAIS


w - Evite o uso de água

- Material radioativo

ALK - Base forte

OXY - Oxidante forte

ACID - Ácido forte

250
COMO UTILIZAR O MANUAL PARA ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA COM PRODUTOS
PERIGOSOS

OBJETIVO DO MANUAL

O manual foi desenvolvido pelo departamento de transporte dos Estados Unidos, sendo adaptado
pela Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM) ao Brasil, visando direcionar os
atendimentos às características dos produtos químicos que são produzidos e transportados em
solo brasileiro. O Manual está em observância com o ERG 2000 (Emergency Response
Guidebook), sendo o mesmo aplicado nos Estados Unidos, Canadá e México. O conteúdo
apresentado é baseado na 5ª edição do manual de emergência da ABIQUIM, de 2006.

O Manual de Emergências da ABIQUIM é uma fonte de informação inicial, somente para os


primeiros 30 minutos do acidente. Utilize suas recomendações para orientar as primeiras medidas
na cena de emergências, até a chegada de técnicos especializados, evitando riscos e a tomada de
decisões incorretas.

AS SEÇÕES DO MANUAL

O manual para atendimento a emergência com produtos perigos possui cinco seções:

BRANCA AMARELA AZUL LARANJA VERDE

SEÇÃO BRANCA: A seção branca aborda informações gerais acerca do manual, bem como dados
referentes aos números de risco e suas características, além da tabela de códigos de riscos.

SEÇÃO AMARELA: A seção amarela classifica os produto perigosos pelo número da ONU,
relacionando o número ao nome do mesmo, atribuindo com isso a sua classe de risco e a respectiva
guia de emergência. Nesta seção estão organizados os produtos perigosos em ordem numérica
crescente, de acordo com a designação da ONU.

SEÇÃO AZUL: A seção azul identifica o produto pelo seu nome comercial, servindo para se
associar o mesmo à sua respectiva guia de emergência e ao número da ONU.

SEÇÃO LARANJA: A seção laranja é composta basicamente de guias, sendo estas denominadas
de guias de emergência, pois compõem todos os procedimentos que devem ser adotados em um
acidente com produtos perigosos.

A seção laranja possui 62 guias, divididas em função dos riscos potenciais, como: fogo ou explosão
e risco à saúde; atribuições da segurança pública, como vestimentas de proteção e evacuações; e,
trás ainda, ações de emergência em caso de vazamento e derramamento, fogo e os primeiros
socorros em caso de vítimas.

251
Quando não se conhece o conteúdo da carga ou há transporte de vários produtos juntos – carga
mista (desde que sejam compatíveis e dentro da quantidade exigida pela legislação) – usa-se a
guia 111.

SEÇÃO VERDE: A seção verde relaciona:


• Tabelas de distância para isolamento e proteção inicial;
• Produtos perigosos que reagem com água;
• Fatores que podem alterar as distâncias de proteção;
• Prescrições relativas à tomada de decisão para ações de proteção;
• Fundamentos para isolamento e evacuação; e
• Classificação do tamanho de vazamentos.

OBSERVAÇÕES:
• A letra “P” seguida do número da guia indica produtos que podem polimerizar de forma
violenta pelo calor ou por contaminação.
• Polimerização é a denominação dada à reação química que a partir de moléculas simples
(monômeros) produzem macromoléculas (polímeros), normalmente de forma
extremamente exotérmica.
• Os produtos destacados em verde indicam que possuem riscos especiais (tóxicos por
inalação ou em contato com a água produzem gases tóxicos). Requerem um tratamento
especial quanto ao isolamento e distanciamento.

AVALIAÇÃO

1. Qual a guia de emergência que deve ser aplicada, considerando um acidente envolvendo
um caminhão com produto perigoso não identificado?

2. No manual de emergência da ABIQUIM, onde são encontrados os procedimentos a serem


seguidos para os casos de emergência, após a identificação do produto perigoso?

3. No manual de emergência da ABIQUIM, onde são encontradas as


informações quando o único meio de identificação é o rótulo de risco?

4. No manual de emergência da ABIQUIM, onde são encontradas as informações adicionais


específicas relativas à área de isolamento de determinados produtos destacados nas seções de
identificação?
5. No caso de vazamento de uma substância líquida ou sólida, deve-se classificar como
pequenos, os vazamentos de um único recipiente de até litros ou a deposição de até
252
metros.

253
3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

3.1. OBJETIVOS

Ao final desta lição, os participantes serão capazes de:

1. Selecionar corretamente a proteção respiratória;

2. Identificar os diferentes níveis de proteção;

3. Selecionar corretamente o EPI.

3.2. AR RESPIRÁVEL EM CONDIÇÕES NORMAIS:

1. Conter, no mínimo, 19,5% de oxigênio;

2. Estar livre de substâncias estranhas;

3. Estar com pressão e temperatura que não causem lesões ao organismo humano.

3.3. CONCENTRAÇÃO IPVS

IMEDIATAMENTE PERIGOSO À VIDA E À SAÚDE

1. Se não for possível determinar qual contaminante está presente;

2. Se não for possível estimar a toxidez;

3. Se não for possível estimar a taxa de O2 presente:

O único EPR para trabalho em atmosferas com concentração IPVS é:

254
3.4. FILTROS QUÍMICOS

O USO DE FILTROS DEPENDE DA:

1. Concentração do contaminante;

2. Compatibilidade do filtro;

3. Concentração de oxigênio.

Os filtros químicos não suprem a deficiência de oxigênio, portanto, não devem ser usados
em ambientes fechados e sem ventilação, onde a concentração de oxigênio seja inferior a
19,5%.

3.5. NÍVEIS DE PROTEÇÃO

3.5.1. NÍVEL A – MAIOR NÍVEL

É solicitado quando ocorre o grau máximo possível de exposição do


trabalhador a materiais tóxicos. Assim, é necessária a proteção total
para a pele, para as vias respiratórias e para os olhos

Compõem o NIVEL A de proteção:

• Equipamento autônomo com pressão positiva;


• Roupa totalmente encapsulada;
• Botas com resistência química;
• Capacetes de uso interno;
• Outros componentes opcionais.

Quando usar nível A:

- Após mensurar e verificar uma alta concentração de vapores, gases ou partículas


suspensas;

- Em trabalhos envolvendo um alto risco para derramamentos, imersão ou exposição a


vapores, gases ou partículas que sejam extremamente danosos à pele ou absorvidos por
ela;

- No contato com substâncias que provoquem um alto grau de lesão à pele.

255
3.5.2. NÍVEL B – NÍVEL ALTO

O NÍVEL B de proteção requer o mesmo nível de proteção respiratória que o


Nível A, porém um menor nível para proteção da pele.

O NÍVEL B é uma proteção contra derramamento e contato com agentes


químicos na forma líquida.

Compõem o NIVEL B de proteção:

•Equipamento autônomo com pressão positiva;


•Macacões quimicamente resistentes;
•Botas com resistência química;
•Capacetes;
•Outros componentes opcionais.

Quando usar nível B:

- Na presença imediata de concentrações de substâncias químicas que podem colocar em


risco a vida através da inalação, mas que não representam o mesmo risco quanto ao contato
com a pele.

- É o mínimo recomendado para uma aproximação rápida e avaliação da situação.

3.5.3. NÍVEL C – NÍVEL MÉDIO

No NÍVEL C de proteção exige-se menor proteção


respiratória e menor proteção da pele.

Compõem o NIVEL C de proteção:

• Respirador total ou parcial com purificador de ar;


• Macacões quimicamente resistentes;
• Luvas quimicamente resistentes;
• Botas quimicamente resistente;
• Outros componentes opcionais.

Quando usar nível C:

- No NÍVEL C de proteção exige-se menor proteção respiratória e menor proteção da pele.

- Somente deve ser utilizado quando for conhecido o contaminante e sua toxidade e quando
a sua concentração puder ser medida.

256
3.5.4. NÍVEL D – MENOR NÍVEL

O NÍVEL D de proteção deve ser usado somente como uniforme ou roupa de


trabalho, mas não em locais sujeitos a riscos às vias respiratórias ou à pele.

Compõem o NIVEL D de proteção:

• Sem proteção respiratória;


• Capacete;
• Luvas;
• Botas.

Quando usar nível D:

- A atmosfera não contém produtos químicos;

- trabalho não implica em nenhum contato com derramamentos, imersões ou inalações com
qualquer produto químico.

VESTIMENTAS TOTALMENTE ENCAPSULADAS, DESTINADAS À


NÍVEL A PROTEÇÃO CONTRA GASES.
USO DE P. A.

VESTIMENTAS NÃO ENCAPSULADAS, DESTINADAS À


NÍVEL B PROTEÇÃO CONTRA LÍQUIDOS (ALTO CONTATO).
USO DE P. A.
PROTEÇÃO CONTRA PARTÍCULAS SÓLIDAS E RESPINGOS DE
NÍVEL C PRODUTOS LÍQUIDOS.
USO DE FILTROS QUÍMICOS.

PROTEÇÃO PARCIAL CONTRA PARTÍCULAS SÓLIDAS OU


NÍVEL D RESPINGOS.
SEM PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA.

257
4. PROCEDIMENTOS EM EMERGÊNCIA

OPERAÇÕES DE ATENDIMENTO A EMERGÊNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS

4.1. OBJETIVOS:

Ao final desta lição, os participantes serão capazes de:


1. Definir as diversas equipes de trabalho na emergência;
2. Elencar as ações a serem tomadas pelo:
• comandante da operação;
• chefe da equipe;
• demais bombeiros presentes na ocorrência.

4.2. ZONAS DE TRABALHO

Toda área de acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso controle. O método utilizado
para prevenir ou reduzir a migração dos contaminantes é a limitação da cena de emergência em
zonas de trabalho. O emprego de um sistema de três zonas, pontos de acesso e procedimentos de
descontaminação, fornecerá uma razoável segurança contra o deslocamento de agentes perigosos
para fora da zona contaminada ou área de risco.

As zonas de trabalho devem ser delimitadas no local com fitas coloridas e, se possível, também
mapeadas. A dimensão das zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento
de todos os envolvidos na operação.

A divisão das zonas de trabalho deverá ser constituída da forma que segue:

• Zona Quente: Localizada na parte central do acidente, é o local onde os contaminantes


estão ou poderão surgir. A zona de exclusão é delimitada pela chamada linha quente.

258
Quem fica na Zona Quente?

• Zona Morna: É a região que fica posicionada na área de transição entre as áreas
contaminadas e as áreas limpas. Esta zona é delimitada pelo chamado corredor de
redução da contaminação. Toda saída da zona de exclusão deverá ser realizada por
esse corredor.

Quem fica na Zona Morna?

• Zona Fria: Localizada na parte mais externa da área é considerada não contaminada.
O posto de comando da operação e todo o apoio logístico ficam nessa área.

Quem fica na Zona Fria?

ZONAS DE TRABALHO

259
• •Zona 1: Zona de Exclusão – Quente
Zona 2: Zona de Redução de Contaminação – Morna
• Zona 3: Zona de Suporte – Fria

4.3. EQUIPES DE ATUAÇÃO NO CENÁRIO DA EMERGÊNCIA

Para que todas as ações de emergência sejam tomadas o mais rápido possível e de maneira
ordenada e sistematizada é necessária uma abordagem integrada da situação, onde várias ações
pré-determinadas são desempenhadas simultaneamente por diferentes membros da equipe com
um objetivo comum, minimizar os efeitos danosos do acidente. De maneira geral a missão dos
Bombeiros nessas ocorrências passa por:

As equipes de atuação são:


1. Coordenador do SCO
2. Operações
3. Equipe da zona quente
4. Equipe de descontaminação
5. Equipe de back up e segurança

4.3.1. COORDENADOR DO SCO

Esta é a função do Comandante da Operação, deve ser ocupada por quem tem a maior
responsabilidade sobre a ocorrência. O COORDENADOR DO SCO desenvolve as seguintes
atividades:

4.3.1.1. Permanecer no posto de comando:


O comandante da Operação deve estabelecer o SCO o mais breve possível e, seguindo a doutrina
do SCO, deve permanecer no posto de comando para de lá poder gerenciar a ocorrência mantendo
todas as atividades sob seu conhecimento.

4.3.1.2. Realizar a busca de novas informações sobre o produto:


Com o intuito de subsidiar as ações tomadas na emergência, este deverá buscar novas informações
sobre o produto envolvido, para tal pode lançar mão da ficha de emergência, entrevista com o
motorista ou ainda internet e outros meios de comunicação.

4.3.1.3. Realizar contato com demais órgãos:


Normalmente toda ocorrência envolvendo Produtos Químicos Perigosos envolve uma diversidade
de agências, além de empresas envolvidas direta e indiretamente com a carga. Essas agências e
empresas precisam de um elo comum de comunicação e, normalmente, sua presença é
extremamente necessária para um bom desfecho da ocorrência. Sendo assim, a figura do
Coordenador do SCO funciona como esse elo. Uma atenção especial à imprensa também deve ser
dada, já que não queremos que eles busquem

260
informações com pessoas despreparadas e desinformadas, portanto, o próprio Coordenador ou
alguém por ele designado, deve dar sempre atenção à imprensa presente no local.

4.3.2. OPERAÇÕES

Esta é a função do Chefe de Equipe. O OPERAÇÕES deve desenvolver as seguintes atividades:

4.3.2.1. Identificar o produto:


A identificação positiva do produto é fundamental para direcionar as ações a serem tomadas. Para
tal, o Operações deve, normalmente com o uso de binóculos, proceder essa identificação do
produto. Ele pode ainda designar um membro de sua equipe para fazê-lo, contudo, é sua a
responsabilidade de verificar o Manual da ABIQUIM a fim de decidir sobre qual o EPI mais
adequado e sobre quais ações serão desenvolvidas.

Caso não seja possível identificar o produto deve-se assumir o pior caso possível e fazer uso da
GUIA 111.

O produto envolvido deve ser identificado antes que qualquer ação seja tomada, pois é muito
provável que estejamos frente a um problema muito sério e, muitas vezes, mortal. Se o acidente
envolve fogo, a reação natural dos bombeiros é tentar apagar este fogo. Todavia, em muitas
emergências com produtos perigosos, é expressamente proibido o emprego de água, pois esta
pode reagir com o produto químico e formar gases combustíveis ou explosivos. Como exemplo,
citamos o Carbureto de Cálcio e o Sódio Metálico.

Existem várias maneiras de se identificar o produto perigoso:

• Consultando os documentos de embarque. Na nota fiscal deve constar o nome do


produto como também o Número da ONU relativo.
• Consultando a ficha de emergência que também deve estar no veículo, dentro do
envelope para transporte.
• Observando o que consta nos painéis de segurança, de cor laranja, com números
pretos que, obrigatoriamente, devem estar afixados na frente, na traseira e algumas
vezes nas laterais dos veículos.
• Prestando atenção aos rótulos de risco que estão pintados ou colados nas
carrocerias, nos tanques e embalagens.

4.3.2.2. Coordenar as atividades:


As atividades da zona quente, morna e fria devem ser coordenadas pelo Operações, somente dele
devem emanar as ordens para os bombeiros que estão atuando na ocorrência. Ele deve fazer valer
o Princípio da Unicidade de Comando, onde cada bombeiro recebe ordens de apenas um
superior. É importante que o Operações permaneça em um local de fácil acesso para seus
comandados e onde tenha uma boa visão de tudo o que está acontecendo na ocorrência.

261
4.3.3. EQUIPE DA ZONA QUENTE

4.3.3.1. Realizar o Círculo Interno:


O dimensionamento da cena é um processo permanente em qualquer operação, inicia no momento
do acionamento e só se conclui após a finalização. Portanto, a primeira ação que a Equipe de Zona
Quente deve tomar ao se aproximar do núcleo da ocorrência, é realizar esse dimensionamento.
Para tanto, os dois bombeiros que estiverem na zona quente devem, juntos todo o tempo, realizar
um círculo ao redor do veículo procurando por vítimas, ficha de emergência no interior do veículo,
identificar vazamentos e os meios necessários para contê-lo. Quão logo possível estas informações
devem ser repassadas para o Operações.

4.3.3.2. Salvar vítimas:


O salvamento de vítimas é uma atividade prioritária e deve ser realizado assim que houver
segurança para fazê-lo.
Devido ser este um assunto de importância demasiada, trataremos o salvamento de vítimas em
separado no próximo capítulo.

4.3.3.3. Conter o vazamento:


Após o atendimento à(s) vítima(s) a equipe de zona quente deverá concentrar esforços na operação
de controle do vazamento / derramamento do produto perigoso. Os casos em que o grau de avaria
da embalagem ou meio de transporte seja elevado e impossibilite o controle, a equipe deve manter
o produto confinado, restringindo seus efeitos ao menor espaço possível no meio ambiente.
Este passo da atividade emergencial pode necessitar ou não de equipamentos específicos, pois,
em diversas situações, a embalagem que contém o produto sofre avarias graves que não permitem
o ajuste adequado de equipamentos de uso comum.
Em alguns casos, para que um vazamento seja eliminado, pode ser necessário apenas o rolamento
de um tambor, o fechamento de uma válvula ou o desligamento de uma bomba.

262
Em algumas situações, será necessário o emprego de artifícios mais sofisticados ou até
mesmo de equipamentos altamente especializados.

Entre os equipamentos utilizados, destacam-se os seguintes:

• Batoques: Madeira, Bronze ou Neoprene:

• Resinas Epóxi de Secagem Rápida:

• Bolsas Infláveis: Ideais para tanques rodoviários e estáticos:

O objetivo de dar atenção a acidentes que impliquem em vazamento ou derrame potencial de


produtos perigosos é o de prevenir ou reduzir os efeitos adversos que tal vazamento ou derrame
possa causar para a saúde pública, as propriedades e o meio ambiente. Com o objetivo de mitigar
(controlar a liberação do produto) o impacto de um acidente, deve-se controlar a liberação de
produtos perigosos.

As medidas para controlar um vazamento ou derrame incluem os processos, métodos,


procedimentos e técnicas que se usa para prevenir ou reduzir a
dispersão do material ou seus subprodutos no ambiente. Estas medidas de controle podem incluir
a extinção de incêndios, a combustão controlada, a neutralização, a construção de represas
temporárias, canaletas ou diques, colocar tampões em embalagens de líquidos, molhar ou
nebulizar vapores ou gases, materiais absorventes e de outros tipos.
4.3.4. EQUIPE DE DESCONTAMINAÇÃO

263
O trabalho dessa equipe existe para dar suporte à equipe da zona quente. Ele é dividido conforme
o tipo de produto envolvido na ocorrência, a saber:
• PRODUTOS PERIGOSOS À SAÚDE;
• POLUENTES (POLUIÇÃO AMBIENTAL)
• LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
Para os PRODUTOS PERIGOSOS À SAÚDE seguem as ações:
1. Realizar círculo externo:
No momento em que chegar ao local da ocorrência, os integrantes dessa equipe devem contornar
todo o perímetro da ocorrência numa distância mínima de 50 metros, identificando:
• Dinâmica do acidente
• Riscos na cena
• Número de vítimas e estado aparente das mesmas
• Dificuldades de resgate
• Recursos adicionais a solicitor

2. Fazer o isolamento e isolar a área:


O isolamento é a primeira tarefa necessária para se manter o controle da área de trabalho. Não se
deve permitir a presença de pessoas desprotegidas, além disso, qualquer operação de resgate
deve ser conduzida rapidamente e, ao adentrar-se ao local, deve-se ter o vento pelas costas.

Fatores que influem na determinação da área a ser isolada em uma emergência envolvendo
produtos perigosos:
• Produto químico (nível de toxicidade)
• Estado físico (sólido, líquido, vapor)
• Ambiente do acidente (aberto ou fechado)
• Existência de correntes de água (rios, lagos etc.)
• Substância é carregada por agente meteorológico (ventos, chuvas)

Utilize como recursos para o isolamento da área: cordas, fitas, cones e viaturas.

264
Determine as distâncias adequadas:

• Caso o produto esteja pegando fogo, siga as instruções no guia correspondente ao


produto acidentado no Manual do ABIQUIM.

• Caso o produto não esteja pegando fogo, consulte a tabela na seção verde do ABIQUIM
e, caso o produto não conste na mesma, isole a área num raio de 50 metros, no mínimo.
Se o produto constar na tabela (seção verde) do Manual, determine primeiramente a distância de
isolamento inicial. Dirija todas as pessoas nesta área para longe do vazamento, seguindo a direção
contrária a do vento.
Verifique qual a distância inicial constante nas páginas verdes do ABIQUIM.
Para um determinado produto e dimensão do vazamento, a tabela fornece a distância, a favor do
vento, dentro das quais as ações de proteção devem ser levadas em conta.

3. Montar o Corredor de Descontaminação:


Também esse assunto será tratado no próximo capítulo quando abordado o resgate de vítimas

4. Providenciar o confinamento do material derramado:


Confinamento são as ações que visam impedir que o produto já derramado se espalhe
contaminando outras áreas.

265
266
5. Realizar a descontaminação do ambiente

A Descontaminação do Ambiente, também conhecida como limpeza é,


sem dúvida, a etapa mais longa e cansativa de uma emergência
envolvendo produtos perigosos.

Na grande maioria dos casos a limpeza de resíduos sólidos poderá ser


realizada com auxílio de vassouras, pás e enxadas. Devemos sempre
atentar para restrições ao uso de materiais metálicos e de madeira.

Já a limpeza de resíduos líquidos normalmente exige a aplicação de


outros materiais:

Mantas:
São de fácil aplicação prática e apresentam
excelente velocidade de absorção. Utilizados em
conjuntos com almofadas e barreiras.

Tapetes Microfibras:
São de fácil aplicação prática e apresentam excelente velocidade de
absorção. Utilizados em conjuntos com almofadas e barreiras.

Almofadas:
Apresentam as mesmas vantagens dos tapetes absorventes, no entanto,
por possuírem maior quantidade de material, são empregadas em áreas
onde há o acúmulo de líquidos (poças).

Areia: material extremamente barato. É pobre como material absorvente,


pois realiza apenas uma absorção superficial em seus grãos. Devido ao
peso e a dificuldade de manipulação e de descarte posterior não é
recomendada, devendo ser utilizada quando não há outro absorvente
disponível.

267
Serragem: a serragem é utilizada como absorvente em muitas
fabricas até hoje, pois é extremamente barata e leve. No entanto,
não apresenta boa capacidade de absorção e não pode ser
empregada em produtos químicos perigosos, devendo ser utilizada
em situações que envolvam óleos e derivados de petróleo mais
pesados (nunca em produtos voláteis). A serragem pode ser
incinerada, fato este que diminui os resíduos e, por ser muito mais
leve que a areia, seu emprego é mais rápido e prático. Somente em
casos muito específicos poderemos utilizar a serragem como
absorvente em emergências.

Vermiculita: é um absorvente mineral. É mais pesada que a


serragem, contudo, apresenta maior capacidade de absorção e é
indicada para petróleo e seus derivados. A vermiculita é utilizada para
fabricação de absorventes na forma de barreiras (meias). A vermiculita
não pode ser incinerada, fato este que acarreta o aumento dos
resíduos industriais.

Turfa (Peat): a turfa (canadense) é um produto de origem vegetal que


apresenta ótima absorção. É leve e de fácil manuseio. Pode ser
incinerada. Não é recomendada para produtos químicos muito reativos,
pois pode entrar em decomposição térmica. Normalmente é
comercializada em sacos com 25 Kg ou em sacos menores (mais
práticos).

Cinzas Vulcânicas: material pesado e não incinerável. Deve ser


utilizados em casos específicos para reter óleo e derivados de petróleo
em ambientes controlados. Não é utilizado comumente.

Fibra de celulose reciclada: a celulose reciclada, quando preparada


para ser utilizada como material absorvente apresenta excelente
absorção, com baixo peso, facilidade de aplicação e custo acessível. O
fator limitante é que a mesma não pode ser empregada para absorver
produtos reativos, pois entra em decomposição térmica. É incinerável,
produzindo bastante energia (co-geração) e deixa baixa quantidade de
cinzas.

As mantas hidrorepelentes possuem a característica principal de


repelir a água e absorver as outras substâncias líquidas perigosas
do local contaminado.

268
Para os POLUENTES e para os LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS seguem as seguintes ações:

1. Realizar círculo externo;

2. Sinalizar a via e isolar a área;

3. Providenciar o confinamento do material derramado;

4. Realizar a descontaminação do ambiente.

4.3.5. EQUIPE DE BACK UP E SEGURANÇA


Essa equipe é responsável pela segurança da operação.
Seus trabalhos também são divididos conforme o tipo de produto envolvido na ocorrência, a saber:

4.3.5.1. Produtos Perigosos à Saúde

a) A equipe permanece de prontidão equipado para uma rápida intervenção.

b) Seus componentes devem estar igualmente equipados com o nível de proteção usado pela
Equipe da Zona Quente.

c) Deve manter contato visual constante com a zona quente.

4.3.5.2. Líquidos Inflamáveis:

a) Seus componentes devem armar uma linha de espuma e mantê-la pressurizada para uma
rápida intervenção em caso de ignição. Não se deve lançar espuma sobre um combustível
apenas porque é um líquido inflamável. A principal medida nessa situação é eliminar as
fontes de ignição. Deve-se sempre tentar não aumentar o volume de resíduos
contaminados numa ocorrência de produtos perigosos.

b) Também deve ser mantido um contato visual constante com a zona quente.

4.3.5.3. Poluentes (Poluição Ambiental):


Caso não existam outros riscos a serem gerenciados, os membros dessa equipe integram a equipe
de descontaminação.

269
5. RESGATE DE VÍTIMAS
Havendo vítima(s) devemos fazer a abordagem com rapidez e eficiência, avaliando se haverá
necessidade de uso de equipamento de desencarceramento. Caso seja possível, este
procedimento deve ser feito antes da entrada da equipe de intervenção na zona quente, de forma
a proporcionar atendimento mais eficaz já de posse dos materiais de primeiros socorros, tais como,
prancha rígida e oxigênio.

A equipe de intervenção deve conduzir a vítima até o limite da zona quente com a zona morna,
deixando os demais procedimentos de primeiros socorros para a equipe do corredor de
descontaminação e, posteriormente, a equipe de atendimento pré-hospitalar.

Tratando-se de ocorrências com produtos perigosos, este item deve ser tratado de forma
diferenciado das demais situações que exigem o salvamento de vítimas, pois na ânsia de socorrer
pessoas que tiveram contato com o produto, direta ou indiretamente, devem ser considerados
contaminados. Portanto, não é aconselhável fazer entradas heróicas para resgate de vítimas sem
Equipamentos de Proteção Individual compatíveis.

Observe sempre esses cuidados para com a vítima e adote os seguintes procedimentos:

• Usar sempre equipamentos de proteção.


• Remova roupas, jóias, sapatos.
• Contaminantes sólidos ou particulados devem ser escovados o quanto possível antes de
lavar, para evitar a possibilidade de reação química com água. Líquidos visíveis devem
ser absorvidos antes de lavar. Não cause lesões na pele.
• Enxágüe com grande quantidade de água morna. É sério o perigo de hipotermia com
água fria. Nunca use água quente ou sob alta pressão.
• Evite água sempre que o produto reagir com ela. O produto deve ser coberto com um
óleo mineral ou de cozinha e o paciente transferido para debridamento.

270
• Se o produto não estiver embebido, escove levemente e lave com grande quantidade de
água. Se partículas de fósforo estiverem embebidas na pele, irrigação contínua, imersão
em água, cobertura com panos embebidos em água devem ser aplicados durante o
transporte ao hospital para debridamento cirúrgico. Não use óleo para exposições com
fósforo, pois pode provocar absorção pela pele.
• Na descontaminação dos olhos, lave sempre do meio para as laterais. Retire lentes de
contato, caso seja possível.
• Lave com sabão neutro. Atenção especial para cabelos, unhas, dobras da pele. Não
cause mais lesões em áreas já maceradas. Evite contaminar a área ao redor. A
descontaminação não deve ser retardada para se achar um tanque ou local apropriado.
• Remover a vítima para o ar fresco e solicitar assistência médica de emergência; se não
estiver respirando, fazer respiração artificial; se a respiração é difícil, administrar oxigênio.
• Em caso de contato com o produto, lavar imediatamente a pele ou os olhos com água
corrente, de preferência morna, durante pelo menos 15 minutos.
• Manter a vítima quieta e agasalhá-la para manter a temperatura normal do corpo.
• Os efeitos do produto químico podem ser retardados havendo necessidade de manter a
vítima em observação.

5.1 DESCONTAMINAÇÃO DE VÍTIMAS E SOCORRISTAS

A descontaminação é o processo que consiste na retirada física dos contaminantes ou na alteração


de sua natureza química perigosa por outra de propriedades inócuas.

Este procedimento é realizado desde a montagem do Corredor de Redução de Contaminação


(CRC) e, ao final da operação, todos os equipamentos, materiais e pessoas que tiveram contato
com o produto devem ser descontaminados.

271
As equipes responsáveis pelo atendimento de emergência envolvendo produtos perigosos poderão
contaminar-se de várias formas:

• Por contato (incluindo o corpo ou equipamentos de proteção individual) com o


contaminante no ar, contato com gases, vapores e aerodispersóides;

• Por derramamento ou respingos do produto durante qualquer atividade na Zona de


Exclusão;

• Por uso de EPI ou instrumentos contaminados;

• Contato direto com o produto;

• Através do contato com o solo contaminado.

Será designada uma área dentro da Zona de Redução de Contaminação para a montagem do
Corredor de Redução da Contaminação (CRC).

O CRC tem a função de controlar o acesso de ida e vinda à Zona de Exclusão e confinar as
atividades de descontaminação a uma área específica. As dimensões do CRC dependem do
número de estações utilizadas, tamanho das zonas de trabalho e espaço disponível na área.
Sempre que possível, ele deverá ser em linha reta.

Toda a extensão do CRC deverá ser bem sinalizada, com restrições para entrada e saída de
pessoal, sendo a chamada “linha quente” obrigatoriamente o seu início.

Temos empregado com sucesso apenas três bases no CRC, esse número de bases se deve em
parte à quantidade limitada de bombeiros envolvidos na

1ª BASE / ESTAÇÃO:

• DEPÓSITO DE MATERIAIS

• SACOS PLÁSTICOS

272
2ª BASE / ESTAÇÃO:

• Reserva de água;

• Lona;

• Piscina;

• Solução química ou detergente;

• 2 ou 3 escovas de pêlos suaves;

• 1 balde;

• 2 Cavaletes;

• Oxigênio.

3ª BASE / ESTAÇÃO:

• Cilindros de ar;

• Bancos;

• Lona.

273
6. REFERÊNCIAS
ABIQUIM, Departamento Técnico, Comissão de Transportes. Manual para atendimento de
emergências com produtos perigosos. 5ª ed. São Paulo, 2006.

Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, Serviço de atendimento a produtos perigosos.


Curso de primeira resposta para emergências com produtos perigosos. Brasília, DF. CBMDF.

Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, 1º Batalhão de Bombeiro Militar. Estágio de


Produtos Perigosos. Vitória, ES: CBMES, publicação interna, 2009.

Federal Emergency Management Agency Hazardous Materials Response Technology


Assessment. Washinton, DC: FEMA, 2008.

Federal Emergency Management Agency. Guidelines for Haz Mat/ WMD Response, Planning
and Prevention Training. Washington, DC: FEMA, 2003 National Fire Protection Association –
NFPA. Fundaments of Fire Fighter Skills. ISBN 0-7637-3454-3. Sudbury, Massachussets: Jones
and Bartlett Publishers, 2004.

SENASP/ ANP. Curso Intervenção em Emergência com Produtos Perigosos. Brasília, DF:
Fábrica de Cursos, 2008.

274
1. INTRODUÇÃO
A busca por técnicas mais eficientes e aquisição de equipamentos modernos é uma realidade em
âmbito nacional, principalmente nos aspectos relacionados à atividade de Salvamento em Alturas.

Porém, para que os profissionais alcancem a excelência na prestação de serviços à sociedade, os


procedimentos de execução das técnicas e a correta utilização dos equipamentos devem ser
implementados por um processo organizado e estruturado, oriundo de um planejamento bem feito,
com foco na capacitação contínua dos bombeiros e na melhoria das condições de trabalho e
treinamento.

Este trabalho apresenta técnicas utilizadas nas atividades de salvamento em alturas no plano
vertical, explorando princípios importantes, como ancoragens e técnicas de descensão e içamento
adaptados ao grau de lesão das vítimas, além de orientações quanto aos materiais e equipamentos
utilizados nas práticas de salvamento em locais elevados.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GENERALIDADES

2.1.1 Salvamento
Os perigos resultantes das condições adversas da natureza e da imprudência das pessoas
determinam que as comunidades bem organizadas criem serviços para atendimentos de
emergência. A atividade de resgatar vidas humanas, salvar animais e patrimônios, e prevenir
acidentes denomina-se Salvamento.

2.1.2 Salvamento em Alturas


Definido como atividades de salvamento realizadas em locais elevados, podendo ser no plano
vertical, inclinado ou horizontal,

Devido ao nível de comprometimento que o profissional de Salvamento em Alturas possui, é


imprescindível recordar que, apesar de todos os conhecimentos teóricos e técnicos, há de se ter
experiência e bom senso, em virtude dos trabalhos serem realizados sob pressão psicológica onde
qualquer erro pode ser fatal.

2.2 PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA

2.2.1 Garantir a própria segurança:


De nada serve socorrer a uma vítima, se o sucesso da operação custar a vida de um bombeiro. É
necessário garantir, na medida do possível, a segurança da equipe de salvamento e demais
bombeiros envolvidos na situação, além da segurança do próprio acidentado.

2.2.2 Não agravar as lesões:


Em muitos casos, é mais importante a qualidade no atendimento e a correta manipulação do
acidentado (imobilização, contenção de hemorragia, prevenção de choque, ...) do que a rapidez.
Primeiro afastando-o do perigo sem submetê-lo a novos danos, para que adiante seja realizada a
estabilização da vítima e para que seja possível a aplicação dos primeiros socorros.

2.2.3 Avaliar o binômio risco/benefício:


Analisar friamente cada caso e procurar soluções simples e seguras, através de opções
alternativas, sem improvisações.

2.2.4 Redundância na segurança:


275
Em uma operação de salvamento não podemos nos permitir o luxo de agravar o acidente e, como
deve ser em qualquer operação de bombeiros, há de se duplicar os sistemas de segurança, e se
for o caso, em algumas situações críticas, triplicá-los. Toda e qualquer operação de risco, seja no
meio militar ou civil, exige a redundância da segurança. Não há como admitir falha, por exemplo,
numa usina de energia nuclear, visto que se algum sistema de segurança falhar, outro deve assumir
imediatamente, garantindo a integridade do Sistema

2.2.5 Revisar os sistemas:


Em operações de salvamento, a segurança é primordial (novamente percebe-se a redundância) e
antes que qualquer operação seja iniciada, todo o sistema deve ser revisado. Se as montagens são
simples e estão ordenadas, não haverá perda de tempo, que em alguns casos pode ser fatal.

2.2.6 Economia de esforço e de tempo:


Sempre que possível, devemos nos ater ao princípio da simplicidade. Sempre é mais fácil, além de
simplificar os sistemas de salvamento, descer as vítimas do que içá-las. Tenhamos isto em mente
quando possuímos as duas opções.

2.2.7 Instalar um sistema de comando em operações:


Em toda e qualquer situação de emergência, o Sistema de Comando em Operações – SCO deve
ser instalado. A assunção do comando e conseqüente desencadeamento da operação segundo
um Plano de Ação é algo natural, que deve ser uma doutrina de qualquer operação de bombeiros,
incluindo as de salvamento em alturas.

2.2.8 Simplificar:
O conhecimento e domínio das técnicas de salvamento em alturas não nos obrigam a usar todas
elas. Há ocasiões em que com uma solução simples evitamos uma manobra complicada.

2.3 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE SALVAMENTO EM


ALTURAS COM SEGURANÇA

Controle emocional próprio;


Controle da situação; Controle dos materiais; Controle de vítimas;
Executar as atividades com convicção do que está fazendo;
Dispor os materiais em local seguro e de fácil acesso.

2.4 CLASSIFICAÇÃO DA SEGURANÇA

2.4.1 Segurança individual:


É toda e qualquer ação realizada pelo bombeiro para minimizar, prevenir, ou isolar as possibilidades
de acidentes pessoais em uma operação de salvamento.

2.4.2 Segurança coletiva:


É todo o conjunto de procedimentos realizados com o intuito de assegurar a integridade física e/ou
psicológica de um determinado grupo, que envolverá a atividade em si, todos os integrantes da
guarnição, as vítimas e os bens coletivos.

A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da situação, onde serão tomadas
as decisões de como assegurar a realização da operação, que dependem basicamente do número
de vítimas envolvidas, condições e características do local, e proporções do evento.

276
Um dos principais riscos dentro dos trabalhos realizados na segurança coletiva é, sem dúvida, a
perda do controle da situação, além da falta de conhecimentos técnicos, inexperiência e
descontrole emocional.

2.4.3 Segurança dos materiais:


A segurança e a proteção dos materiais são alcançadas quando estes são adequados, e quando
são utilizados dentro dos procedimentos técnicos para os quais foram desenvolvidos.

Desta forma, a guarnição desenvolverá melhor o seu trabalho, conservará todos os materiais e
equipamentos, e a existência dos riscos dentro da operação será consequentemente menor.

2.4.4 Segurança e proteção de bens materiais:


Os bens deverão ser protegidos desde que sua proteção não coloque em risco vidas alheias. Para
tanto, é importante verificar as condições do local, a existência de materiais adequados para a
proteção, fatores adversos que impossibilitem a proteção e identificar os principais pontos a serem
protegidos.

Proteger é um ato de guardar e resguardar um bem de uma situação adversa.

2.5 FASES TÁTICAS DE UM SALVAMENTO EM ALTURAS

2.5.1 Fase prévia:


Nesta fase deve-se reunir o maior número de informações possíveis através de contatos prévios
com pessoas que possam trazer informações valiosas acerca do local e do tipo de sinistro, como:
Altura;
Natureza da ocorrência;
Número de vítimas e grau de lesão;
Idade das vítimas;
Hora do acidente;
Lugar exato, ou o mais aproximado possível.

Uma vez no local da ocorrência, de acordo com a imposição da situação, devemos ser muito
rigorosos nos seguintes pontos: reconhecimento, preparação, salvamento e desmobilização. Posto
que o tempo corra contra a equipe de salvamento, o que pode agravar o perigo para a vítima e para
os bombeiros, devemos reduzir os imprevistos, e se eles não surgirem, será o sinal de uma boa
preparação técnica e de um bom planejamento.

2.5.2 Reconhecimento:
a) Análise das informações: complementando a Fase Prévia, devemos confirmar as
informações levantadas anteriormente, pois informações mais confiáveis e sem distorções
são mais facilmente levantadas in loco. Confirmamos o número de vítimas, localização,
gravidade, nível de consciência, dentre outros;

b) Necessidade de reforços: confirmadas as informações e tendo uma ideia do espaço de


trabalho, deve-se avaliar a necessidade de reforços e comunicar tal necessidade
imediatamente, para que a ajuda seja enviada o quanto antes

277
c) evantamento de riscos: refere-se a riscos inerentes ao serviço de salvamento em alturas,
como eletricidade, fogo, produtos tóxicos, explosivos, pontos de ancoragem, arestas vivas,
superfícies abrasivas, dentre outros;
d) Plano de Ação: após confirmar todas as informações acerca do sinistro, devemos nos ater
às decisões a serem tomadas sobre o desenvolvimento da atuação da equipe. Há diferenças
técnicas e níveis de exigências diferenciados entre um salvamento de vítimas e a busca a
um cadáver, por exemplo.

2.5.3 Preparação:
a) Montar um primeiro acesso à equipe de salvamento, que possa avaliar a vítima e prestar
os primeiros socorros, além de estimar a necessidade de uma equipe de APH para sua
estabilização e posterior transporte;

c) O Plano de Ação deve ser bem estruturado, porém deve ser flexível diante de situações
inesperadas que exijam modificações no plano original. Por exemplo, um edifício
colapsado com bombeiros atuando num salvamento. Um novo desabamento pode fazer
com que tenhamos que resgatar os resgatadores. É latente a necessidade de
anteciparmos este tipo de erro;

d) Preparar recursos humanos: dependendo do número de vítimas e da natureza do sinistro,


necessitaremos de reforço, com pessoas de diferentes níveis de formação e
especialização, que devem ser instruídos quantos aos procedimentos durante a ação de
salvamento;

e) Disponibilizar materiais necessários para a proteção da equipe de salvamento, como


equipmentos de proteção respiratória, capas de aproximação, protetores auriculares, além
de equipamentos de uso coletivo: iluminação, escoras, material de sapa, dentre outros;

f) Adequar-se ao local e eventualidades da ocorrência: refere-se a recursos que


previsivelmente serão necessários como: rádios para comunicação, iluminação para a
noite, proteção contra fogo, proteção contra desabamentos, dentre outros.

2.5.4 Salvamento:
a) Mentalizar claramente a montagem do sistema e os possíveis acidentes, antecipando-
se a eles;

b) Escolha e montagem dos pontos de ancoragem;

c) Montagem dos sistemas de descenção, transposição ou içamentos de vítimas;

d) Comodidade de acesso para quando a vítima se encontrar fora de perigo;

e) Uma vez que tenhamos acesso à vítima, devemos avaliar a sua situação e verificar a
necessidade de uma equipe de APH ou se a operação se resume em retirá-la do local de
perigo. Importante ressaltar o apoio psicológico que a vítima deverá receber por parte da
equipe de salvamento durante todo o desenrolar da ocorrência;

f) Disponibilizar equipamentos de evacuação de vítimas (triângulo, peitoral, macas);


g) Por fim, realizaremos a descenção, transposição ou içamento das vítimas. É de grande
importância a comunicação entre os bombeiros de cima, de baixo e os que acompanham a vítima.

278
2.5.5 Desmobilização:
a) Neste momento é realizado um levantamento quanto aos bombeiros empenhados na ocorrência,
além do equipamento utilizado, após sua correta desmontagem e acondicionamento;
b) Após o recolhimento de todo o material, é feita uma reunião com todos os bombeiros
participantes da ocorrência para que o comandante da operação possa levantar os acertos e as
falhas da atuação de sua equipe. A análise de tais aspectos é de suma importância para aumentar
a segurança, coordenação e eficiência em ocorrências futuras.

279
3. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA
3.1 MATERIAL COLETIVO DE SALVAMENTO EM ALTURAS
3.1.1 Cordas
Podemos assegurar que, dentro da vertente de
segurança, a corda é o elemento mais importante
para o bombeiro nas atividades de salvamento em
alturas, o que lhe garante uma maior atenção, além
de cuidados de manutenção e acondicionamento
redobrados.
3.1.1.1 Materiais:
As fibras naturais têm sido eliminadas na confecção de cordas empregadas em salvamento em
alturas, uma vez que se decompõem com o tempo e não suportam muita carga, além de possuírem
baixa capacidade de amortecimento, quando comparadas com as fibras sintéticas. A poliamida, por
exemplo, amortece oito vezes mais que o cânhamo e 27 vezes mais que um cabo de aço.
Para elaborar cordas sintéticas, são utilizadas três fibras fundamentais: polipropileno, poliéster e
poliamida.
As cordas produzidas com polipropileno, também conhecido como Olefin ou Meraklon, flutuam em
meio líquido e não se deterioram com a umidade, são resistentes a diversos produtos químicos, as
abrasões e a torções. Tem como inconveniente uma reduzida carga de ruptura e se deterioram
rapidamente quando expostas aos raios solares e ao calor, além de possuírem uma capacidade de
amortecimento 60% inferior à poliamida.
As cordas produzidas com poliéster, também conhecido como Dacron, Terilene, Tergal ou Trevira,
são muito resistentes a abrasões e a torções, possuem uma carga de ruptura elevada, mas são
pouco elásticas. Estas cordas são resistentes à água, produtos químicos, luz solar e temperaturas
elevadas. Não absorvem água e não diminuem demasiadamente sua resistência quando molhadas,
além de serem menos amortecedoras que o nylon.
A poliamida, também conhecida como Nylon, Perlon, Enkalon, Lilion ou Grilon, possui elasticidade,
resistência à abrasão, aos raios UV e a produtos químicos similares ao poliéster. Quando molhado
perde de 10 a 20% de sua resistência, podendo chegar a 30%, mas possui uma grande elasticidade
e alta absorção de umidade.

ARAMIDA: Este é o mais novo tipo de fibra sintética utilizada na confecção de cordas. São
produzidas com nome de Kevlar ou Arenka. Possuem características que podem ser mais bem
comparadas com as fibras de aço do que as outras fibras sintéticas devido a sua grade
resistência a ruptura.

280
3.1.1.2 Fabricação
Geralmente, as cordas utilizadas nas atividades de salvamento em alturas possuem diâmetro entre
9 e 12 milímetros, e possuem as seguintes configurações:
a) Cordas torcidas: são fabricadas enrolando as fibras em fios, os fios em cordões, e os cordões
se enrolam até formarem a corda. Possuem a vantagem de permitirem a visualização de toda a
corda e o inconveniente de todas as fibras estarem submetidas à abrasão. Sob baixa tensão, como
no rapel negativo, tendem a girar; e são propensas a enrijecerem, além de dificultarem a confecção
de nós e amarrações;
b) Cordas de 8 ou 16 pernas trançadas: são fabricadas trançando oito ou dezesseis fibras de
nylon ou polietileno. Vantagens: boa resistência à abrasão e grande carga de ruptura.
Desvantagens: são suscetíveis ao encolhimento e formam “cocas” facilmente;
c) Cordas com alma e capa: Neste grupo se encontram as cordas dinâmicas e estáticas,
largamente empregadas nas atividades de salvamento em alturas. A alma é responsável por 80-
85% de sua carga de ruptura. A capa suporta 15-20% da carga, além de proteger a corda contra a
abrasão e a contaminação por sujidades e produtos químicos. Vantagens: alta carga de ruptura, as
fibras da alma são tão largas quanto à corda, tato muito suave, excelente para confecção de nós
mais apertados que as cordas trançadas. Possuem uma elasticidade mínima sob tensão, mas com
cargas pesadas sofrem um alongamento de 40 a 70% antes de se romperem. A capa oferece um
bom parâmetro de manutenção, pois se ela apresenta deformidades ou falhas, a corda deve ser
descartada;
3.1.1.3 Manutenção e Acondicionamento
As cordas apresentam uma longa vida útil, se bem manutenidas e acondicionadas, quer seja no
seu armazenamento ou transporte. Para tanto, devemos nos ater aos seguintes parâmetros:
A) Não pisar ou permitir que grandes pesos sejam postos sobre as cordas;
b) Evitar que a corda tenha contato prolongado com areia ou terra, uma vez que os grãos se
incrustam entre as fibras da corda e podem causar o cisalhamento da mesma;
c) Não deixar a corda sob o sol por intervalos de tempo prolongado;
d) Não permanecer a corda sob tensão desnecessariamente. Após o encerramento das
atividades com as cordas, os sistemas de ancoragens devem ser desmontados ou
afrouxados;
e) Não sobrecarregar os nós e as amarrações;
f) Não trabalhar, dentro do possível, com as cordas molhadas;

g) Evitar o aquecimento da capa da corda, com uma descida rápida de rapel, por exemplo,
pois tal aquecimento pode cristalizar as fibras da capa e diminuir sua resistência (lembrar
que 15 a 20% da resistência de uma corda se concentra em sua capa);
h) Não permitir que as cordas entrem em contato com produtos químicos, incluindo os
derivados de petróleo, como querosene, gasolina ou diesel;
i) Se as cordas estiverem sujas, lavá-las com detergente neutro, e secá-las estendidas sob a
sombra, sem tensão;
j) E, principalmente, evitar a abrasão das cordas com arestas vivas, o que pode causar
inesperadamente a sua ruptura. As cordas são mais vulneráveis ao corte sob tensão do que as
fitas.
281
k) As cordas devem ser acondicionadas em um local seco e limpo, longe da umidade e da luz
solar, podendo ser utilizados os seguintes métodos:
i) Oito: método para cordas estáticas com comprimento acima de 50 metros;
ii) Anel ou Coroa: para cordas dinâmicas ou para cordas estáticas com comprimento inferior a 50
metros;
iii) Andino ou charuto: utilizado principalmente em operações em montanha, em que a corda deve
star firmemente atada ao corpo do bombeiro que a estiver transportando;
iv) Corrente: para diminuir o comprimento dos cabos. Utilizada em situações que haja dificuldade
de lançar a corda através do método tradicional. Num rapel em uma montanha, por exemplo, o
bombeiro desce safando a corda, a fim de evitar que ela se enrole em alguma raiz ou gravatá;
v) Sacola: método empregado para acomodar cabos para as atividades com o emprego em
aeronaves e em tentativas de suicídio.

3.1.1.4 Elasticidade:
A elasticidade do cabo poderá influenciar na execução da atividade de salvamento de um modo
geral, principalmente nas atividades em altura. Cabos muito elásticos são prejudiciais para algumas
atividades, porém são muito eficientes quando empregados nas atividades de segurança. É
importante lembrar que cabos dinâmicos não servem para trabalhos realizados sob tração (cabos
de sustentação). Como um cabo guia apresenta um melhor desempenho. As cordas, no que se
refere a sua elasticidade, podem ser classificadas em:
a) Estáticas: Cordas normalmente com elasticidade inferior a 5%, absorvem pouco choque
em caso de uma queda. São cabos utilizados em atividades de salvamento devido à redução
do “efeito ioiô” e por permitirem a armação de cabos de sustentação;
b) Dinâmicas: Cordas com elasticidade superior a 5%. São cabos que se alongam
quando sob tensão, sendo normalmente utilizados para as atividades de escaladas devido
a sua característica de absorver choques em caso de quedas, evitando prejuízos físicos ao
escalador. Não são cabos adequados para as atividades de salvamento.
3.1.1.5 Classificação quanto ao diâmetro:
A classificação das cordas quanto ao seu diâmetro é internacionalmente aceita, apesar de poder
variar ou ser alterada. Esta classificação é realizada para definir a forma de emprego dos cabos,
sendo:
a)Cordas simples: Cordas com diâmetros superiores a 10 milímetros. Tais cordas devem ser
empregadas nos serviços de salvamento em alturas. São utilizadas nas armações de cabos de
sustentação (circuito horizontal) de forma dupla;
b) Cordas de apoio: possuem de 07 a 08 milímetros de diâmetro, sendo utilizadas
principalmente como elemento de segurança individual;
c) Cordeletes: possuem de 04 a 06 milímetros de diâmetro, sendo utilizados como elementos
auxiliares de segurança e nas técnicas de ascensão e auto-resgate;
3.1.1.6 Vocábulos empregados no manuseio com cordas
a) Sistemas de Cordas: conjunto de cordas empregadas em uma mesma atividade;
b) Cabos de Sustentação: em um “sistema de cordas” é aquele que suporta a carga (objeto,
vítima ou bombeiro);
c) Cabo Guia: Podem ser cordas de orientação (cabo guia em busca), direção (afastando de
paredes) ou de arrasto (cabo do vaivém) em qualquer direção;
d) Chicote: São as extremidades de uma corda;

282
e) Seio: É a parte central de uma corda, situada entre os chicotes(não necessariamente
o meio da corda)
f) Coçado: É um cabo “puído”, danificado;
g) Safar: Procedimento ou manobra de liberar um cabo enrolado;
h) Permear: Procedimento de dobrar uma corda ao meio;
i) Tesar: Procedimento ou ato de se dar tensão a uma corda;
j) Falcaça: É a união dos cordões de uma corda (chicote) por meio de um fio, com a finalidade
de fazer com que sua extremidade não desfie ou se desfaça;
k) Bitola: É o diâmetro da corda expresso em polegadas ou milímetros;
l) Peso: É o seu peso considerado por metro.

3.1.1.7 Força de Choque


É uma razão matemática que traduz o esforço a que a corda é submetida quando ocorre uma
queda. Quando se escala utilizando segurança com corda, o fator máximo é igual a 2, que
corresponde a uma queda em que o comprimento da corda utilizada é metade da altura da queda.
Isso ocorre quando o guia não dispõe de proteção entre ele e o participante que lhe dá segurança
(assegurador). O Fator de Queda também permite avaliar a Força de Choque sofrida pelo escalador
que caiu. O fator de queda (FQ) é calculado pela fórmula: FQ = 2H/L, onde H corresponde à altura
da queda e L representa o comprimento de corda entre o guia e o assegurador.

283
3.1.2 Fitas

As fitas se dividem em duas categorias: planas


e tubulares. As planas são mais rígidas e foram
suplantadas pelas fitas tubulares, que além de
mais flexíveis, são mais resistentes.

Neste ponto, é importante ressaltar a diferença entre dois conceitos básicos: elasticidade e
flexibilidade. O primeiro se refere à capacidade da corda ou da fita aumentarem de comprimento
quando submetidas a uma força externa qualquer, sendo considerado como parâmetro na
classificação de cordas, como visto anteriormente. Já a flexibilidade é uma característica que a
corda e a fita possuem de se moldarem quando utilizadas para a confecção de nós, por exemplo,
não sendo característica determinante nas suas especificações.
Tal diferenciação se deve ao fato de que as fitas são classificadas como estáticas fato este que
inviabiliza a sua utilização como elemento de segurança individual, que deve apresentar o
amortecimento necessário para evitar lesões em caso de queda.
As fitas são muito utilizadas como elemento de fixação em ancoragens, onde tem a função de
equalização de tensão sobre os meios de fixação, além de protegerem as cordas, substituindo-as
em arestas vivas e pontos de abrasão exagerada. A resistência à ruptura das fitas está relacionada
à sua largura e material de fabricação, sendo utilizadas em anéis, que podem ser obtidos através
de costuras (feitas durante o processo de fabricação) ou nós de emenda.
Os nós usados para unir as extremidades das fitas são tradicionalmente conhecidos como “nós de
fita”, sendo importante uma sobra de 10 centímetros em cada lado, após a confecção do nó.
Os cuidados que devemos ter com as fitas são semelhantes aos das cordas, lembrando que a
qualquer sinal de desgaste prematuro, as mesmas devem ser descartadas.
3.1.3 Escadas de gancho ou prolongável
Utilizadas em atividades de salvamento onde a altura não é o maior obstáculo, como sacadas,
varandas, janelas e marquises, sendo muito útil no resgate de pessoas em locais incendiados ou
com grande quantidade de fumaça, o que atrapalharia uma evacuação pela entrada principal da
edificação. São fabricadas em alumínio ou fibra de vidro, porém são encontrados alguns modelos
em aço, que caíram em desuso por conta do peso elevado.

284
3.1.4 Equipamentos de evacuação de vítimas

3.1.4.1 Macas: Imprescindíveis na evacuação de feridos, devem permitir a


possibilidade de deslocamento na horizontal ou na vertical. Podem ser rígidas ou
flexíveis, sendo que as rígidas, por possuírem uma estrutura metálica, são mais
pesadas, porém mais resistentes. As flexíveis são feitas a partir de um plástico
com grande resistência a abrasão e a deformação, que lhes confere maior leveza,
mas exigem um maior nível de conhecimento técnico durante a sua utilização.

3.1.4.1 Macas: Imprescindíveis na evacuação de feridos, devem


permitir a possibilidade de deslocamento na horizontal ou na vertical.
Podem ser rígidas ou flexíveis, sendo que as rígidas, por possuírem
uma estrutura metálica, são mais pesadas, porém mais resistentes. As
flexíveis são feitas a partir de um plástico com grande resistência a
abrasão e a deformação, que lhes confere maior leveza, mas exigem
um maior nível de conhecimento técnico durante a sua utilização.

3.1.4.2 Triângulo de evacuação: são elementos versáteis e muito


cômodos, além de ocuparem pouco espaço. São destinados a
vítimas conscientes que não possuem grandes lesões, o que
obrigaria a utilização de uma maca. Possuem pontos de ancoragem
com cores indicativas, que devem ser escolhidas conforme o
tamanho da vítima que será transportada.

3.2 MATERIAL INDIVIDUAL DE SALVAMENTO EM ALTURAS


3.2.1 Cintos individuais de segurança
Também conhecidos como cadeirinha, arnês ou boldrier, são elementos básicos em uma atividade
de salvamento em alturas. Existem diversos tipos de cintos de segurança, mas os mais utilizados
são os destinados às atividades de escaladas, que possuem uma proteção acolchoada na região
da cintura e das pernas. Os cintos de escalada também possuem o ponto de fixação central numa
posição que mantém o Centro de Gravidade de quem o usa acima da cintura pélvica, evitando que
o bombeiro venha a girar acidentalmente, podendo até ficar de cabeça para baixo de forma não
intencional, o que

285
Poderia provocar um acidente. Já os cintos próprios para a atividade esportiva de rapel não são
acolchoados e possuem o Centro de Gravidade um pouco mais baixo

Existem no mercado os cintos de segurança profissionais, com as perneiras e a cintura mais largas,
para maior conforto; e pontos de fixação laterais, para possibilitar o posicionamento no trabalho
com o uso de cinto talabarte, muito usado nas atividades de corte de árvores, e pontos de fixação
no peito e nas costas.
A utilização dos cintos de segurança deve ser acompanhada por um profissional experiente, pois
sua colocação exige cuidados redobrados, principalmente no que se refere à colocação correta das
fitas nas fivelas, e a fixação de mosquetões nos tirantes das pernas e da cintura. Os porta-materiais
dos cintos não deve ser utilizado como elemento de segurança, pois sua resistência é pequena, e
destina-se somente a fixação de equipamentos, fitas e cordas auxiliares.

3.2.2 Capacetes
Possuem a função primordial de protegerem contra a queda de objetos que
possam incidir diretamente sobre a cabeça do bombeiro durante as atividades
de salvamento, além de protegerem contra obstáculos em locais baixos ou
elementos móveis pendentes. Devem possuir uma jugular que o prenda à
cabeça, e furos para promoverem a ventilação adequada.

3.2.3 Luvas
São essenciais nas atividades de salvamento em altura, devendo ser
confortáveis e adequadas ao tamanho da mão de quem estiver
usando-a. As luvas devem possuir uma proteção extra na região da
palma da mão e no dedo polegar, que são os locais mais suscetíveis
a queimaduras por abrasão. A proteção que a luva proporciona
durante as atividades de salvamento em alturas é imensamente
superior à falta de tato que ela produz. O bombeiro deve se adaptar
à sua utilização e não retirá-la durante as operações, fato que poderia
facilmente culminar em um acidente.

286
São aparelhos que utilizam o atrito com a corda para controlarem a velocidade de deslocamento
vertical, dentre os quais podemos citar:
3.2.4.1 Freio oito: é o descensor mais conhecido e o mais simples de usar.
Apresenta-se em formas variadas, que se baseiam no mesmo princípio de
freio, através do contato entre a corda e o corpo do descensor. Apesar de ser
relativamente barato e permitir o uso do cabo duplo, ele não funciona bem
para cargas muito pesadas, fato que obriga os bombeiros a utilizarem formas
alternativas de freio, como no rapel com vítimas, por exemplo, onde se utiliza
um mosquetão como redução de força, ou através da confecção de várias
voltas no oito para aumentar o atrito. Outro empecilho na utilização do freio
oito é que ele “torce” a corda após passar por ela, formando cocas ao
longo da corda, se ela estiver apoiada no chão

3.2.4.2 Descensor Auto-blocante: existem no mercado vários modelos de


descensores auto-blocantes, como o Stop, o I’D e o Gri Gri, da marca francesa
Petzl; Indy da marca Kong; Double Stop da marca Anthron, SRTE Stop, de
fabricação australiana, dentre outros modelos e fabricantes diversos. Há entre
eles algumas diferenças relacionadas aos materiais empregados e
mecanismos de funcionamento e controle de frenagem. Porém se baseiam no
mesmo princípio, em que uma alavanca determina a velocidade do
deslocamento vertical através do atrito com a corda. Uma grande vantagem
desses aparelhos sobre o Freio Oito é que eles não torcem a corda e também
suportam uma maior carga, sem que seja necessário o uso das mãos para
segurá-los. O bombeiro pode parar em qualquer ponto da descida e
permanecer com as duas mãos livres para efetuar o serviço ao qual se destina.

STOP

I’D GRI GRI

287
3.2.6 Conectores
São equipamentos utilizados na união entre dois ou mais elementos de segurança. Os conectores
possuem as mais variadas formas, tamanhos, materiais e fabricantes, possuindo uma gama
interminável de utilização. É muito difícil (ou mesmo impossível) realizar uma atividade de
salvamento em alturas sem lançar mão de um conector.

3.2.6.1 Mosquetões
São os conectores mais utilizados, podendo ser de aço ou duralumínio. Possuem um gatilho que
promove a abertura necessária à sua utilização, sendo classificados da seguinte forma:
Sistema de Fechamento
a) Mosquetões sem trava; usados em elementos de segurança
temporária, como escaladas (costuras) e segurança
individual;
b) Mosquetões com trava; usados em elementos de segurança definitiva, como
ancoragens, armação de circuitos, sistemas de multiplicação de força,
progressão vertical, dentre outros. Podem ser encontrados modelos com
trava automática ou de enroscar. Os mosquetões com trava deverão ser
utilizados nas operações de salvamento em alturas com suas travas sempre
fechadas, não podendo estar destravados em hipótese alguma, para evitar
acidentes.
Forma Característica
a) Simétricos; também conhecidos como ovais, são recomendados para
montagem de sistemas de multiplicação de força, em conjunto com as
roldanas e os aparelhos blocantes.
b) Assimétricos; apresentam formas variadas, como HMS, tipo “D”, dentre
outros. Estes mosquetões possuem características e utilidades diversas, que
vão depender da atividade que estiver sendo realizada. Os do tipo “D”, por
exemplo, possuem a característica de fazer com que a carga seja transferida
para o eixo maior do mosquetão, no lado oposto à sua abertura que é seu ponto
mais fraco, enquanto os HMS são muito práticos para a fixação de várias cordas
ou fitas a um ponto de parada.
Caso necessite utilizar dois mosquetões em um mesmo ponto de apoio, coloque-os em paralelo
com as travas invertidas, evitando possíveis aberturas em um lado. Não coloque objetos próximos
às travas, e lembre-se que quedas ou impactos podem provocar fraturas internas, diminuindo a sua
resistência. No caso de atividades de deslizamento sobre cabos aéreos, deve-se manter a trava
afastada do cabo de sustentação e o sentido de deslocamento deve ser idêntico ao sentido de
fechamento da rosca, para evitar a sua abertura.

288
3.2.6.2 Malhas Rápidas: também conhecidos como “maillons”, são geralmente
confeccionados em aço, o que lhes confere uma grande resistência. Diferenciam-se
dos mosquetões por não possuírem um gatilho, pois sua abertura é feita através de
uma rosca. Possuem formatos variados, como oval, semicircular e triangular (delta),
e são utilizados para manobras auxiliares e fixação de equipamentos.

3.2.7 Equipamentos de manobras de força neste grupo


estão incluídas as roldanas que são utilizadas para desvio
ou multiplicação de força. Também conhecidas como
polias, as roldanas possuem formasetamanhos
diferenciados, que variam em função de sua utilização.
Também podem ser usadas para deslocamentos sobre
cabo aéreo.
3.3 NÓS E AMARRAÇÕES
Existem vários nós em livros e apostilas que tratam do assunto Salvamento em Alturas, porém
serão vistos os mais úteis e comuns para a atividade. Os nós utilizados pelos bombeiros devem ser
de fácil confecção e, mesmo depois de carregados, devem ser rapidamente desatados, devendo
também oferecer pouca perda de resistência à corda.
Os nós podem ser confeccionados pelo chicote e pelo seio, e são classificados da seguinte forma:
3.3.2 Nós de ancoragem e fixação
3.3.2.1 Azelha em oito: É o melhor e mais usado nó de encordoamento. É
facilmente revisável. Perda de resistência entre 20 e 30%.
3.3.2.2 Azelha em oito duplo-alçado: Nó muito utilizado em Sistemas de Ancoragem de
Segurança - SAS. Pode-se utilizar as duas orelhas em um mesmo mosquetão e aumentar a
superfície de contato entre a corda e o mosquetão. Perda de resistência aproximada de

289
3.3.2.3 Azelha simples: Fácil de fazer e
bom para serviços auxiliares, porém é difícil
de desatar quando submetidos a grandes
tensões. Perda de resistência de 41%.

3.3.2.4 Azelha em nove: Tem esse nome


porque se dá mais uma volta que a azelha
em oito. Perda de resistência pouco abaixo
de 30%.

3.3.2.5 Nó sete: É feito com a alça orientada no sentido da corda. É iniciado


com a alça em sentido oposto ao que deseja utiliza-lo.

3.3.2.6 Fiel: Muito eficaz e fácil de fazer. Desliza quando submetido a cargas superiores a 400 kg.
Grande perda de resistência.

3.3.3 Nós de união de cabos


3.3.3.1 Pescador duplo: Consiste de nós duplos contrapostos que acocham com a tração nas
cordas que queremos unir. Perda de resistência em torno de 25%.

3.3.3.2 Nó de fita: É o único aconselhável para unir fitas. Deve-se revisa-lo bem, pois é muito
comprimido quando usado. A sobra do nó deve ser de no mínimo o dobro da largura da fita. Perda
de resistência de 36%.

290
3.3.4 Nós autoblocantes

3.3.4.1 Prússico: Deve ser feito com três voltas. Possui o inconveniente
de apertar muito a corda.

3.3.4.2 Machard: Nó feito sobre cordas com cordeletes, devendo ter pelo
menos cinco voltas. Deve ser bem ajustado para não deslizar sobre a
corda. Resiste a 50% da resistência do cordelete.

3.3.4.3 Valdotan: Também pode ser feito com fita. São sete voltas, trançando uma parte sobre a
outra, acima e abaixo alternadamente. É muito utilizado para realizar a descensão em cordas
tensionadas em técnicas de auto-resgate.
3.3.5 NÓ DE SEGURANÇA
3.3.5.1 Nó dinâmico UIAA ou meio-fiel: É deslizante, seguro e com grande capacidade de
frenagem. Requer o uso de mosquetões com grande área de trabalho, de preferência do tipo HMS
(Halbmastwurf Sicherung).

3.4 SISTEMAS DE ANCORAGENS DE SEGURANÇA (SAS)


Os Sistemas de Ancoragens de Segurança (SAS) são de extrema importância para a atividade de
salvamento em alturas, visto que sem o SAS, toda a atividade é colocada em risco. Pode-se afirmar
que grande parte da segurança da atividade de salvamento está colocada diretamente sobre as
ancoragens.

291
Para a realização de uma ancoragem, o bombeiro deve atentar para alguns requisitos básicos de
segurança, a fim de se evitar acidentes no decorrer da operação, no tocante às características e
requisitos das ancoragens.
3.4.1 Requisitos de uma ancoragem
a) Deve-se sempre utilizar mosquetões superdimensionados (capacidade acima de 22 kN);
b)Utilizar sempre, pelo menos, 01 (um) mosquetão em cada ponto de ancoragem, quer seja
no Ponto Principal, quer seja no Ponto Secundário;
c) Evitar fazer os braços de alavanca. Sempre procurar fazer a amarração da sua ancoragem
em um ponto próximo à base da estrutura, pois quando ancoramos em um ponto mais
distante da base estrutural a força sobre esta aumenta muito, colocando em risco a
operação;
d) Fazer o SAS sempre em, no mínimo, 02 (dois) pontos de ancoragem, o Principal e o
Secundário;
e)Procurar ancorar-se diretamente sobre o local de descida, evitando assim grandes
pêndulos e trabalho excessivo para o bombeiro.
3.4.2 Classificação das ancoragens
De acordo com a quantidade e o posicionamento das ancoragens, Principal e Secundária, em
relação ao objetivo da operação, podemos classificar uma ancoragem da seguinte forma:
3.4.2.1 Ancoragem em Linha
As ancoragens em linha são aquelas em que o ponto Principal e o Ponto Secundário estão
dispostos verticalmente, ou seja, um sobre o outro. Este tipo de ancoragem pode ser dividido ainda
em:
a) Tradicional: onde o ponto principal está mais próximo do objetivo do que o ponto secundário;

b) Contraposta: Neste caso, o Ponto Secundário se encontra mais perto do Objetivo em relação
ao Ponto Principal.

3.4.2.2 Ancoragem Distribuída


As ancoragens distribuídas são aquelas em que fazemos uma divisão de forças sobre os pontos
de ancoragens, quer seja no Ponto Principal, quer seja no Secundário. Nessas ancoragens,
normalmente os pontos de fixação estarão dispostos horizontalmente, facilitando dessa forma a
equalização da ancoragem. Dizemos que as ancoragens distribuídas podem ser de dois tipos:
Equalizada e Equalizável.
a) Equalizada: é o tipo de ancoragem feita quando estamos com o ponto de descida já definido,
ou seja, não precisamos mudar a posição da ancoragem para realizar a atividade de
salvamento. Normalmente este tipo de ancoragem é realizado utilizando-se apenas a corda de
descida, confeccionando-se um nó para a fixação da mesma ao SAS, independente do uso de
materiais acessórios como fitas tubulares;
Figura esquemática de uma ancoragem distribuída equalizada em dois
pontos.
Neste tipo de ancoragem o ponto de descida é fixado no momento da
realização da ancoragem e torna-se assim invariável

292
b) Equalizável: pode-se dizer que é o mais prático tipo de ancoragem existente, pois permite variar
o ponto de descida de acordo com a necessidade da operação. Uma vez que essas ancoragens
são realizadas, normalmente com o emprego de fitas tubulares, tem-se uma grande mobilidade
da ancoragem, sem perder a segurança, bem como agilidade na sua confecção.

Figura representativa de uma ancoragem distribuída equalizável em dois


pontos.

Neste tipo de ancoragem o socorrista pode definir (lateralmente) o melhor


ponto de descida alem de possuir uma segurança extra em caso de
rompimento de algum ponto de ancoragem.

3.4.3 Recomendações gerais

a) Os mosquetões, quando em contato direto com paredes, devem ter sua abertura (rosca)
voltada para o lado oposto à parede;
b) É preferencial o uso de fitas tubulares para fazer a união dos mosquetões nos SAS;
c) Devem-se proteger os pontos de abrasão, quinas vivas, arestas com material resistente
para não danificar a corda e assim colocar em risco a operação de salvamento;
d) Reforçar a segurança dos SAS, quando for verificado que a integridade estrutural é
duvidosa;
e) Ao se realizar uma ancoragem distribuída, é preciso atentar para a angulação entre os
pontos fixados, haja vista que quanto maior o ângulo entre as ancoragens, maior será a força
aplicada diretamente sobre cada ponto (ver figura abaixo).

3.5 RESGATE SIMPLES


Trata-se do resgate de vítimas que apresentam lesões leves, podendo ser realizado por somente
um bombeiro.
3.5.1 Equipamento mínimo
Para fins de treinamento e atuação em caso de ocorrências, os materiais mínimos, tanto individuais
como coletivos, a serem utilizados pelos bombeiros estão listados a seguir. Evidentemente não se
trata de uma relação imutável, contudo serve como uma referência do material a ser empregado.
293
3.5.1.1 Individual
Qtde Descrição
01 Cinto de segurança nível 3 - tipo pára-quedista
01 Capacete alpinista
04 Mosquetões de aço
02 Mosquetões de alumínio s/ trava
02 Mosquetões de alumínio c/ trava
01 Blocante de punho
01 Blocante ventral
01 Malha rápida
01 Peça oito de salvamento
01 Cordelete para segurança (2,5 metros)
01 Cordelete para estribo (3,0 metros)
01 Cordelete “safa-onça” (1,25 metros)
01 Par de luvas para rapel
01 Óculos de proteção
01 Cantil

3.5.1.2 Coletivo
Qtde Descrição
08 Cabos solteiros para ancoragem
04 Lanternas resistentes a água
04 Coletes refletivos
02 Rolos de fita zebrada 100 m
05 Cones de sinalização
01 Binóculos
01 Croque com cabo em madeira
01 Maca de salvamento em plástico flexível
01 Kit de primeiros socorros
04 Kit individual de salvamento em altura
08 Mosquetões de aço
02 Corda estática 11 mm 50 metros
01 Corda estática 11 mm 100 metros
20 Metros de fita tubular
01 Triângulo de evacuação
01 Descensor de barras tipo Rack
1 Descensor auto blocante tipo Stop
2 Roldanas de duas seções
02 Roldanas de uma seção
02 Grampos-manilhas grandes

3.5.2 Técnicas de descensão (rapel) e ascensão

3.5.2.1 Descensão - Rapel

294
Técnica de descida na qual o socorrista desce de forma
controlada, utilizando cordas ou cabos. Os obstáculos a
serem vencidos nesta modalidade podem ser naturais ou
artificiais, sendo os mais variados, como: cachoeiras
(canyoning), prédios, paredões, abismos, penhascos,
pontes, declives etc.

O socorrista deve sempre levar consigo todos os


materiais necessários para a execução do salvamento,
devendo fazer inicialmente uma análise criteriosa da
situação, avaliação dos riscos possíveis e dos já
existentes. Esta prática exige certo vigor físico, bem
como poder de controle emocional, já que em muitas
situações o praticante depende destes requisitos para
superar os obstáculos, não desistindo do objetivo.

295
3.5.2.2 Ascensão

Técnica de subida em que o socorrista utiliza aparelhos blocantes para


alcançar uma vítima. Esta técnica é utilizada quando o melhor acesso
inicia-se por baixo, em alguns casos na corda da própria vítima.

Para a realização de uma ascensão com eficácia, o socorrista deve ser


conhecedor das técnicas específicas, além de conhecer muito bem os
equipamentos a serem utilizados, como blocantes de punho e de peito,
estribos e longes de segurança.

3.5.2.3 Transposição de nó com uso de blocantes

a) Na subida:

Objetivo: Realizar ascensão em cabos que estejam emendados, passando pelo nó e progredindo
até alcançar o objetivo;
Procedimento:
i) Ascensão até o nó;
ii) Clipar o longe médio na alça do nó a ser transposto;
iii) Transpor o ascensor de punho com o longe maior num dos olhais;
iv) Abrir o ventral e transpor o nó;
v) Equipar o ventral acima do nó;
vi) Retirar o longe menor da alça e continuar a subida.

b) Na descida:

Objetivo: Realizar descida em cabos que estejam emendados, passando pelo nó;
Procedimento:
i) Iniciar a descida com o ascensor de punho na corda, porém aberto (já com o mini
longe num dos olhais);
ii) A um palmo do nó, travar o punho (a distância do punho em relação ao oito
deverá ser também de um palmo para evitar a perda do punho);
iii) Descer até que o peso fique no blocante;
iv) Clipar o longe maior na alça do nó a ser transposto;
v) Transpor o oito e fazer uma blocagem;
vi) Pisar no estribo do punho e retirar o mini longe deste;
vii) Recuperar o punho e guarda-lo; viii)Retirar o longe da alça;
ix) Desfazer a blocagem do oito e continuar a descida.

296
3.5.2.4 Mudança do sistema de descida para subida:

Objetivo: Realizar subida no cabo em que se está descendo sem ter que chegar ao solo
para equipar os blocantes;
Procedimento:
i) Fazer a blocagem;
ii) Colocar o punho com o estribo dois palmos acima do aparelho oito;
iii) Subir no estribo e colocar o blocante ventral, que deverá estar aberto, entre o oito e o
punho;
iv) Descer do estribo e ficar apoiado no blocante ventral;
v) Retirar a blocagem do oito e iniciar a subida.

3.5.2.5 Mudança do sistema de subida para descida:

Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo com blocantes sem ter que
chegar ao ponto de ancoragem para equipar o freio oito e descer na corda;
Procedimento:
i) Equipar mola e oito e fazer blocagem logo abaixo do blocante ventral;
ii) Subir no estribo do punho e soltar o blocante ventral da corda (o punho não deve ficar
muito alto, pois irá dificultar a sua recuperação);
iii) Apoiar o peso no oito e recuperar o punho;
iv) Desfazer a blocagem do oito e iniciar a descida.

3.5.3 Técnicas de auto-resgate

São técnicas em que o socorrista realiza o resgate da vítima sozinho, sem o auxílio de outras
pessoas.

297
3.5.3.1 Corte no cabo da vítima

a) Socorrista no local da ancoragem

Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo com blocantes sem ter que
chegar no ponto de ancoragem para equipar o freio oito;

Procedimento:
i) Fazer nova ancoragem clicando um mosquetão e um freio oito (pode-se fazer o UIAA
se não tiver aparelho oito) ao lado da ancoragem da vítima;
ii) Usar o punho ou fazer um nó blocante (prócer ou machade) no cabo da vítima e clipar
um mosquetão;
iii) Usando um cabo de resgate de comprimento apropriado para completar a descida da
vítima ao solo, confeccionar um nó oito neste e equipar na mola do punho ou do
machade ou prócer do cabo da vítima;
iv) Formando um seio próximo ao oito em alça, fixar o cabo de resgate no freio oito da
segunda ancoragem (ou confeccionar um UIAA na mola) para controlar a descida da vitima;
v) Cortar a corda da vítima próximo do ponto de ancoragem e fazer um nó de frade na
ponta do mesmo;
vi) O peso da vítima ficará no cabo de resgate. Descer a vítima até o solo controlando a
velocidade através do freio oito (ou UIAA).

b) Socorrista descendo e chegando até a vítima

i) Fazer ancoragem, lançar um cabo de descida, e descer próximo a vitima utilizando o


longe curto conectado ao cabo da mesma;
ii) Descer até a vítima usando mola de redução;
iii) Fazer blocagem (nó de mula) quando estiver próximo à vítima, tomando cuidado para
não ficar abaixo da mesma;
iv) Clipar o mini longe (ou Lupo da cadeirinha) na vítima;
v) Desconectar o longe menor do cabo da vítima e clipar na cadeira desta como
segurança;
vi) Cortar o cabo da vítima quando tiver certeza que a mesma está clicada no mini longe
e com a segurança (longe curto);
vii) Desfazer a blocagem e descer com a vítima.

3.5.3.2 Autoresgate preservando o cabo da vítima

a) Socorrista descendo em outro cabo

i) Fazer ancoragem, lançar um cabo de descida, e descer próximo a vitima utilizando o


longe curto conectado ao cabo da mesma;
ii) Descer até a vítima usando mola de redução;
iii) Fazer blocagem (nó de mula) quando estiver próximo à vítima, tomando cuidado para
ficar um pouco acima da mesma;
iv) Equipar o longe maior na cadeira da vítima;
v) Equipar o blocante punho no cabo de descida;
vi) Passar o estribo (singelo) dentro da mola do blocante punho e conectar a ponta na cadeira
da vítima;
vii) Pisar no estribo e içar a vítima, alinhando-a na mesma altura que o socorrista;
viii) Clipar o mini-longe na cadeirinha da vítima, ficando o peso desta no mini- longe;
ix) Recuperar e retirar o ascensor de punho
x) Retirar o oito da vítima;
xi) Desblocar e descer;
298
c) Descida no mesmo cabo da vítima – VALDOTAN

i) Trançar o valdotan no cabo da vítima e descer até o ponto em que se possa alcança-la
com braço;
ii) Passar o longe maior por dentro do mosquetão do valdotan e clipar na cadeirinha da
vítima;
iii) Apoiar com os pés na vítima e retirar o mosquetão do socorrista que está preso ao
mosquetão do valdotan. O socorrista e vítima ficarão unidos apenas pelo longe maior que
estará com o seio preso ao valdotan;
iv) Nivelar a vítima na mesma altura do socorrista;
v) Clipar o mini-longe na vítima;
vi) Recolher o oito da vítima, a mesma ficará presa no longe maior e no mini longe do
socorrista;
vii) Equipar oito e mola no cabo e fazer uma blocagem. Utilizar mola de redução;
viii) Descer o valdotan até tensionar o oito;
ix) Desfazer a blocagem e descer puxando o valdotan como segurança extra.

d) Resgate acessando a vítima por baixo e sem cabo extra

i) Subir com blocantes até a vítima;


ii) Clipar longe menor na vítima;
iii) Transpor a vítima;
iv) Equipar o outro blocante no cabo;
v) Pegar o cabo abaixo da vítima, fazer uma alça e conectar no punho;
vi) Equipar oito e blocar;
vii) Retirar blocantes ventral e de punho;
viii) Passar estribo no punho de resgate e clipar na vítima;
ix) Fazer pêndulo e conectar minilonge na vítima;
x) Desfazer blocagem e descer.
d) Resgate acessando a vítima por baixo com cabo extra

i) Subir com blocantes até a vítima;


ii) Transpor a vítima;
iii) Equipar punho de resgate;
iv) Clipar estribo e a ponta do cabo extra na vítima;
v) Fazer pêndulo;
vi) A segurança ajusta e trava o cabo extra;
vii) Soltar o oito da vítima;
viii)A segurança desce a vítima;
ix) Mudar de subida para descida;
x)Recuperar material e descer.

3.6 RESGATE COMPLEXO

Trata-se do resgate de vítimas que apresentam grandes lesões, como: suspeita de fratura na
coluna, no fêmur ou no úmero; hemorragias importantes; traumatismo craniano ou abdominal, etc.
Deve ser realizado por uma equipe de no mínimo quatro bombeiros.

3.6.1 Técnicas de içamento


299
Em certas condições, a vítima deverá ser removida de alguma depressão natural ou estrutura
urbana. Seja qual for a situação, o içamento de uma maca, as vezes acompanhada de um
socorrista, é tarefa pesada para qualquer equipe, exigindo perfeito domínio da utilização de
roldanas, blocantes e sistemas de multiplicação de força.

A multiplicação de forças está relacionada ao número de roldanas móveis no sistema. Normalmente


utiliza-se o sistema 3:1, onde o peso do objeto ou da vítima a ser içada é reduzido a um terço do
valor original. Os demais sistemas que oferecem uma multiplicação maior também demandam mais
materiais, o que os inviabiliza.

3.6.2 Técnicas de descensão

As técnicas de descensão podem ser realizadas com macas ou triângulos de evacuação. A escolha
do equipamento deve ser realizada considerando-se as lesões que a vítima tenha sofrido. Para
grandes lesões, utiliza-se macas e para lesões leves, triângulo de evacuação.

300
A descida com macas é efetuada utilizando-se duas cordas, sendo uma principal e uma de
segurança, ambas controladas de cima, por integrantes da equipe. Quando a condição da vítima
exigir uma assistência constante, ou quando o terreno do resgate for acidentado

ou irregular e que não permita uma descida livre e desimpedia da maca, torna-se necessário o
acompanhamento de socorrista juntamente com a maca. Caso não haja necessidade de
acompanhamento, utilizar-se-á um cabo-guia coma função de afastar a maca da parede e outros
obstáculos que possam existir.

301
4. REFERÊNCIAS
DELGADO, D. Rescate urbano em altura. 3. ed. Madrid: Desnível, 2004. 276 p.

PETZL. Work Solutions. Disponível em: <http://en.petzl.com/petzl/ProAccueil>. Acesso em: 25 abr


2007.

ROOP, M.; VINES, T.; WRIGHT, R. Confined space and structural rope rescue. Missouri: Mosby,
1997. 384 p.

ANIMATED KNOTS. Animated knots by Grog. Disponível em:


<http://www.animatedknots.com>. Acesso em: 10 mai 2007.

302
1. INTRODUÇÃO

Salvamento Terrestre é uma operação com o intuito de desenvolver técnicas adequadas a eventos
específicos. Para entender melhor as operações que serão abordadas neste capítulo, iniciaremos
por: salvamento em elevador, controle de pânico, abandono de área, entradas forçadas e resgate
em ambiente confinado.

Este compêndio é composto por normas e manuais de bombeiros do Brasil que possuem seu
conhecimento já solidificado em anos de aplicação. O propósito não é trazer inovações, mas sim
nortear as ações dos bombeiros profissionais civis que atuam no Pais por meio de procedimentos
já testados e adotados pelos Corpos de Bombeiros do Brasil.

2. SALVAMENTO EM ELEVADOR
O Elevador é um conjunto de equipamentos com acionamento eletromecânico ou hidráulico,
destinado a realizar transporte vertical de passageiros ou cargas entre os pavimentos de uma
edificação. Consistem basicamente de uma cabine suspensa por meio de cabos de aço que correm
sobre uma polia de tração adequada e sobre trilhos acionada por um motor. Na outra extremidade,
cabos de aço que sustentam um contrapeso.

O acionamento deste conjunto é comandado por um sistema de controle que proporciona o


deslocamento da cabine no sentido de subida, descida e as paradas realizadas pela mesma nos
andares pré-determinados. Esses comandos poderão ser realizados pela parte externa que são os
pavimentos e pelo interior da cabine.

Nas operações de salvamento envolvendo elevadores, normalmente são encontrados


equipamentos dos seguintes tipos:
- Elevadores de carga
- Monta-cargas
- Elevadores para garagens automobilísticas
- Elevadores de maca (nos hospitais)
- Elevadores residenciais
- Elevadores panorâmicos e de passageiros
303
2.1 PARTES DO ELEVADOR

De modo geral pode-se dividir um elevador em seis partes, sendo elas:

• Casa de máquinas é o nome dado ao local aonde normalmente são instalados os


equipamentos de tração e o quadro de força que aciona o elevador:

• Cabine é o nome dado ao compartimento onde é transportada a carga;


• Contrapeso é uma parte fundamental do sistema e permite que a carga na cabina seja
transportada parcialmente balanceada utilizando menos energia na operação;
• Caixa ou caixa de corrida é o nome dado ao local no interior do qual a cabina se desloca:

• Patamar ou pavimento é nome dado ao local através do qual a carga entra na cabina:

304
• Poço é o nome do local onde ficam instalados dispositivos de segurança (pára- choques)
para proteção de limite de percurso do elevador:

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

A cabine, montada sobre uma plataforma através de uma armação de aço constituída por duas
longarinas fixadas em cabeçotes, recebe o nome de carro.

O contrapeso consiste em uma armação metálica formadas por duas longarinas e dois cabeçotes
onde são fixados os pesos, no qual tem peso total igual ao peso da cabine, acrescido de
metade de sua capacidade nominal de carga. Assim, o motor puxará um desequilíbrio máximo
de 50% da capacidade nominal da carga, que ocorrerá quando a cabine transportar sua
capacidade máxima de carga nominal ou quando estiver totalmente vazia.

Além do freio nominal acoplado ao motor do elevador, o mesmo também é dotado de um freio de
segurança, fixado na armação do carro ou do contrapeso, destinado a pará-los de maneira
progressiva ou instantânea, prendendo-os às guias quando este for acionado por um limitador de
velocidade.

O limitador de velocidade é um dispositivo de segurança montado no piso da casa de máquinas


junto ao motor acionador, que é constituído basicamente de uma polia, um cabo de aço e um
interruptor. Quando a velocidade do carro atinge um limite pré-

305
Estabelecido o limitador aciona mecanicamente o freio de segurança e desliga o motor. O
limite de velocidade é pré-estabelecido de acordo com cada máquina e também da sua
capacidade de carga (passageiros) que vai influenciar em cima do percurso existente,
(quantidade de pavimentos existentes em cada edificação).

2.3 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

2.3.1 Causas Prováveis De Retenção

- Interrupção de fornecimentos de energias


- Excessos de carga
- Defeito do freio
- Defeito do regulador de velocidade
- Defeito no comando elétrico
- Desgastes das sapatas e dos cursores

2.3.2 Procedimentos Táticos

Após ter sido acionado para atender a uma ocorrência envolvendo elevador, o chefe de
guarnição, já no local, inicia a fase de reconhecimento observando os seguintes dados:

Identificação da situação:

- Número de pavimentos da edificação;


- Localização da casa de máquinas;
- Marca do elevador;
- Empresa ou firma responsável pela manutenção do elevador;
- Situação do evento encontrado;
- Localização exata da cabine;
- Vítimas retidas no interior da cabine;
- Vítimas prensadas pelo contrapeso;
- Vítimas prensadas entre a cabine e o piso;
- Vítimas no interior do fosso, prensadas ou retidas.

Composição da guarnição:

- Número de componentes da guarnição envolvidos na operação;


- Homens que já participaram de outras ocorrências similares.

Sobre as vítimas:

- Possíveis números de vítimas:


- estado de consciência das vítimas;
- Forma de comunicação com as vítimas;
- Aproximação das mesmas.
Outras informações:

- Possíveis ou causas concretas do acidente;


- Como e quando aconteceu.

306
Plano tático:
- Distribuição de funções entre os elementos da guarnição;
- Desenvolvimento da operação de resgate;
- Materiais que serão empregados dentro da operação.
De posse destas e outras informações, serão desenvolvidas técnicas de salvamento que deverão
obedecer a uma ordem quando se tratar de vítimas retidas no interior da cabine:
Simples abertura da porta do pavimento e porta da cabine;
Nivelamento da cabine e posterior abertura de portas (pavimento e cabine)
Retirada das vítimas pelo alçapão ou pela porta de emergência superior ou lateral.
O chefe de guarnição deve inicialmente, localizar a casa de máquinas e providenciar o
desligamento da chave geral que alimenta o sistema correspondente ao elevador. No caso de
dúvidas, deve-se evacuar e desativar os demais elevadores se existir e desligar todas as chaves.
Desenvolver a operação que se fizer necessário no momento.
2.3.3 Procedimentos Gerais
- Desligar a energia que alimenta o sistema;
- Utilizar sempre materiais e equipamentos de iluminação no local;
- Solicitar sempre que possível, a empresa responsável pela manutenção do sistema;
- Solicitar sempre o supervisor de dia ao local, principalmente quando a situação se tratar
de um evento grave;
- Sempre isolar o local e sinalização adequada;
- Durante o desenvolvimento da operação, deixar sempre um socorrista próximo ou dentro
da cabine, junto às vítimas; com esse procedimento, tornar-se-á difícil ocorrer o pânico
entre as referidas vítimas;
-No caso de óbito já encontrado no local, solicitar a criminalística e providenciar a
integridade do local, isolando-o.
-Solicitar policiamento para o local.
- Após o término da operação, manter o sistema desligado, fechar e manter isolado o local,
informar ao síndico ou zelador que o equipamento só poderá voltar a funcionar após
manutenção adequada realizada pela empresa responsável e devidamente autorizada.

307
Esses são os locais onde o bombeiro deve atuar:

- Casa de máquinas, que é o coração do sistema.


- Porta em pavimento, de vários modelos e, consequentemente, possuindo vários tipos de chave.
- Porta de cabine e saídas de emergência.
- Ao se atender a ocorrências deste tipo, deve-se, como primeira providência, desligar a chave geral
de corrente elétrica do elevador acidentado. Esta providência é prioritária e dá tranquilidade ao
resgate, pois garante que volta a volta da energia não fará qualquer acionamento da cabine.

Em seguida, o bombeiro deve se dirigir ao andar em que se supõe estar a cabine e, abrindo com
chave apropriada a porta de pavimento do andar imediatamente superior ou inferior, deve decidir
por onde tirar as pessoas presas. Porém, esta operação só pode ter início após o desligamento da
chave geral, garantindo que o carro não se movimentará.

Para melhor entrosamento entre os bombeiros que estão na casa de máquinas e os que estão
resgatando as vítimas, há necessidade de comunicação via rádio portátil, pois em prédios muito
altos a comunicação pela voz torna-se difícil.

Existem vários tipos de portas de pavimento, bem como vários tipos de chave para abri-las. A
viatura deve possuir um jogo completo dessas chaves e o bombeiro deve conhece-las. Na sua falta,
lembrar que o zelador do prédio sempre dispõe de uma cópia.

Outro problema, bastante comum, é que, por desconhecimento, os moradores do prédio contratam
serviços de revestimento para as portas de pavimento e, normalmente, os executantes desses
serviços acabam cobrindo os orifícios de destravamento das portas.

Lembre que esses orifícios ficam na parte superior, no centro ou os cantos (dependendo do tipo de
elevador).

Outro ponto bastante importante é que as portas de emergência existentes nas cabines não são
para sair, embora possam ser utilizadas para isso. Sua finalidade principal é de garantir acesso aos
socorristas. A maioria delas possui trava por fora, isto é, só podem ser abertas por quem chega ao
teto ou na lateral do carro. Só se deve retirar as pessoas por elas quando se dispõe de cinto de
segurança, cabos fixos e cadeira de lona, previamente colocados na vítima.

Não tirar as vítimas antes de desligar a chave geral. Embora a princípio, o elevador fique imobilizado
enquanto qualquer porta estiver aberta, isso nem sempre acontece, e o excesso de confiança tem
sido causa de graves acidentes.

Por fim, lembrar que uma cabine de elevador não despenca em queda livre, mesmo que todos os
cabos de sustentação tenham se rompido. Isso porque os elevadores possuem um freio de
segurança, abaixo do assoalho, na parte inferior do carro, que é acionado toda vez que eles
excedem 25% da sua velocidade máxima. Quando isso ocorre, garras especiais encunham a
cabine nos trilhos-guia dos elevadores.

A maioria das ocorrências em elevadores é para retirar pessoas presas na cabine. Se não
sofrerem qualquer mal súbito, estarão mais seguras dentro do elevador, do que fora dele.
Portanto, o bombeiro deve acalmar as vítimas e dispor de todo o tempo necessário para retirá-las
com segurança. Ocorrências onde as vítimas estão prensadas ou presas entre a cabine e a caixa
de concreto (normalmente conhecido com poço são de natureza grave e de difícil liberação).

2.3.4 Procedimentos Específicos


Simples abertura da porta de pavimento e porta da cabine:
308
- A abertura da porta do andar (pavimento) se dá por meio do uso da chave de abertura, própria
para aquele modelo, que deverá ser solicitada junto ao síndico, vigia ou zelador, nunca solicitar a
abertura da porta da cabine pelas vítimas que se encontram no interior da cabine. Poderá ser
usada a alavanca de fecho que fica na extremidade superior da porta, na direção da trava (trinco).
- A porta da cabine destrava automaticamente quando o desnível máximo for de aproximadamente
de 15 cm em relação ao piso do andar (pavimento). Bastando para tanto, empurrá-la no sentido de
abertura.
- Se a porta da cabine oferecer resistência durante a abertura manual, o chefe de guarnição deverá
providenciar que dois bombeiros se desloquem para o andar imediatamente acima para abrir a
porta de pavimento e posteriormente um deles passar para cima do teto da cabine com sua devida
segurança e acionar a alavanca de abertura da porta ou simplesmente puxar as correias do motor.
- Após abrir a porta, determinar a evacuação da cabine e auxiliar as vítimas que apresentarem
problemas: gestantes, vítimas inconscientes, deficientes físicos (não é uma doença e sim um
estado físico, poderá ser considerado como uma pessoa comum). Prioridades deverão ser dadas
às pessoas que estiverem em macas, padiolas e transportadas por outros meios.
- Deve-se durante todos os procedimentos, acalmar as vítimas e manter sempre diálogo com as
elas.
Observação: esta técnica poderá ser utilizada para um desnível máximo da cabine em até 80
cm abaixo e 60 cm acima do piso do pavimento com relação ao piso da cabine.
Nivelamento da cabine e posteriormente abertura de porta:
- Esta técnica deverá ser utilizada quando o desnível da cabine exceder os limites de 80 cm e 60
cm conforme item anterior ou quando a porta do elevador não puder ser aberta com o elevador
desligado (porta com defeito).
- Inicialmente, o chefe de guarnição para o número de vítimas existentes no interior da cabine, pois
se o número de pessoas for inferior à metade da capacidade nominal de carga, a cabine deverá
estar mais leve que do contrapeso, tornando assim o movimento da cabine mais fácil para cima
(mais fácil será descer o contrapeso).
- Caso o número de pessoas seja maior que a metade da capacidade nominal de carga, a cabine
estará mais pesada que o contrapeso, facilitando o movimento de descida da mesma e
consequentemente subir o contrapeso.
- Uma dupla de bombeiros deve se deslocar até a casa de máquinas, munidos de ferramentas
adequadas para atuarem na liberação do freio, nesta altura o sistema elétrico já deverá se encontrar
desligado.
- Deve-se atentar que alguns elevadores necessitam que as porcas que fixam o sistema de freios
sejam afrouxadas; nos elevadores mais modernos basta a utilização de chaves tipo garfo ou até
mesmo um pé de cabra, normalmente existente na casa de máquinas, que deverá ser encaixada
na estrutura que fixa o disco de freio.
- Um bombeiro deve posicionar-se junto ao freio e o segundo junto à polia e ambos, devidamente
orientados, iniciam a operação de nivelamento da cabine.
- A guarnição já sabedora do número de vítimas existente no interior da cabine e da posição exata
da mesma, fará os movimentos necessários para nivelamento e serão informados e orientados
quando isso ocorrer e cessarão os movimentos.

309
- O bombeiro responsável pela liberação do freio, força a alavanca tornando livre os discos e o
outro bombeiro, observando o sentido de movimento dos cabos desloca a cabine para cima ou para
baixo conforme o que antes foi determinado.
- Após o nivelamento da cabine, basta proceder a abertura de sua porta e iniciar a evacuação ou a
retirada de vítimas lá existentes.
3) Retirada de vítimas pelo alçapão
Esta técnica só deverá ser empregada quando não se for possível efetuar a retirada das vítimas
pelas portas de ligação (cabine e pavimento).
A maioria dos elevadores possui sobre sua cabine um alçapão (saída de emergência) normalmente
trancado por fora, que impede a sua abertura pelo interior da cabine, evitando assim acidentes mais
sérios.
- Deve-se procurar nivelar a cabine, o que facilita o acesso dos bombeiros à parte superior, bem
como a retirada das vítimas. É importante lembrar que esses procedimentos só deverão ocorrer se
por ventura as portas não se moverem (abrirem).
- Estando a chave geral já desligada, uma dupla de bombeiros tomam posição na parte superior da
cabine através do pavimento superior, não se esquecendo do emprego da segurança individual. O
alçapão é aberto e um dos bombeiros passa para o interior da cabine. Para a retirada de vítimas
inconscientes ou feridas: trabalhando com amarrações próprias ou macas para o resgate e as
demais vítimas conscientes deverão sair por meio de escada ou por uma simples cadeira
introduzidas no interior da cabine.
4) Retirada de vítimas pela porta de emergência lateral.
Alguns elevadores possuem portas laterais de emergência e isso normalmente ocorre quando
existem nas edificações, mais de um elevador. Este procedimento só poderá ser utilizado quando
não for possível retirar as vítimas pelas vias normais de acesso ao elevador.
Uma observação importante: o elevador em pane deverá ter seu sistema desativado (sistema
elétrico) e se possível nivelado.
- O elevador ao lado deverá ser mantido posicionado junto ao que se encontra em pane e sua porta
mantida aberta.
- Faz-se então a abertura da porta de emergência lateral do elevador que será utilizado no socorro
e só após, abre-se a porta do elevador danificado. Se a distância entre eles não permitir a
passagem de vítimas de um elevador para outro, pode-se improvisar uma passarela com uma
prancha de madeira, uma escada ou similar.
- Um dos socorristas passa para o elevador em pane e inicia e evacuação das vítimas.
Vítimas prensadas pelo contrapeso.
Corpo de Bombeiros já registrou inúmeras ocorrências de vítimas prensadas pelo contrapeso, em
portas de pavimentos e cabines, cabine e piso de pavimento etc. Normalmente, trata-se de técnicos
ou de pessoas envolvidas na manutenção dos elevadores e ou pessoas envolvidas na limpeza da
edificação. Em situações como estas, o chefe de guarnição, deverá:
- Desligar a chave geral do elevador e observar atentamente qual será o movimento do contrapeso
(subindo ou descendo), para poder tomar uma decisão de livrar a vítima de uma situação como
essa. Nunca esquecer que o contrapeso realiza seu movimento contrário ao da cabine.

310
- Realizar os movimentos com o contrapeso como se faz no nivelamento da cabine, até que se
perceba que a vítima esteja completamente livre.

- Caso não consiga ou não seja possível movimentar o contrapeso, deve-se desconectá-lo de suas
guias, afrouxando os parafusos que os fixam a estas e afastá-lo da vítima, não esquecendo,
portanto, de providenciar escoras para que ele não venha a prendê-lo mais ainda,
providenciando logo em seguida, o atendimento adequado e o seu encaminhamento ao hospital.

Vítimas prensadas entre a cabine e o piso:

O Chefe de guarnição, deve providenciar imediatamente a desativação do sistema elétrico do


elevador e verificar o grau de dificuldade da situação e quanto a vítima se encontra prensada.
- Quando se tratar de um dos membros (principalmente um pé), deve-se providenciar de imediato
o escoramento de preferência sob tração (força contrária) e verificar se uma simples tração será
suficiente para o afastamento desse membro prensado, caso contrário fazer uso de outros meios,
tais como: afrouxar o calçado, retirá-lo, uso de materiais lubrificantes etc.
Vítima no interior do fosso:
Casos como esse são raros de acontecer, porém não impossíveis, pois já são conhecidos alguns
acidentes desta natureza, veja alguns procedimentos:
- Desconectar (desligar), a chave geral que alimenta o sistema do elevador e caso a vítima se
encontre no fundo do fosso, abrir a porta do mais próximo e de fácil acesso e procurar chegar até
a vítima.
- Caso seja necessário, pode-se utilizar uma escada ou até mesmo cabos para a penetração no
fosso, numa situação como esta, deve-se sempre fazer uso de uma maca para a retirada da vítima,
pois na maioria dos casos a mesma normalmente se encontra inconsciente e com possíveis fraturas
pelo corpo ou nos membros e a imobilização dos mesmos deverá ter prioridade sobre qualquer
outra atitude que venha a se tomar com relação à vítima, atentando para não exercer nenhuma
tração nos membros e nem tentar colocá-los no lugar, pois poderá causar danos maiores aos já
sofridos.
- Aplicar com devida cautela os primeiros socorros e encaminhar a vítima a um hospital mais
próximo.
2.3.5 Procedimento em caso de Incêndio
Grande número de elevadores possui dispositivos junto à portaria que, quando acionado, faz com
que os elevadores desçam para o pavimento térreo, abram sua porta e lá permaneçam. Isso
permite que, em caso de incêndio, o elevador não seja mais utilizado e as pessoas que nele se
encontram, saiam em segurança.

Quando o elevador não dispõe deste sistema, o bombeiro pode chamar o elevador par o térreo e
colocar um obstáculo para manter as portas da cabine e do pavimento abertas.

311
3. CONTROLE DE PÂNICO
3.1 COMPORTAMENTO HUMANO EM INCÊNDIOS
Conforme relatos de pessoas envolvidas, dentro das torres, nos pavimentos dos impactos das
aeronaves e acima, a temperatura insuportável, a fumaça densa, a pouca visibilidade e a
dificuldade de respirar tornaram penosa a busca pela única saída existente, na Torre Norte, do
World Trade Center – WTC.
As condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem quando a temperatura
excede a 75º C, e/ou o nível de oxigênio cai abaixo de 10%, e/ou as concentrações de monóxido
de carbono ultrapassam 5.000 PPM. Tais situações adversas induzem a sentimentos de
insegurança, que podem vira gerar pânico e descontrole e levar pessoas a saltar pelas janelas.
Os meios de escape devem ser constituídos por rotas seguras que proporcionem às pessoas
escapar em caso de incêndio, de qualquer ponto de edificação a um lugar seguro, fora da
edificação, sem assistência exterior.
As rotas de fuga projetadas impropriamente, falhas nos sistemas de comunicação e alarme,
propagação de fumaça nos ambientes, bem como, a movimentação de fumaça e gases quentes,
penetração de fogo e fumaça têm provocado perdas de vidas. Entre as soluções contra esses
fatores estão o sistema de iluminação de emergência eficiente e efetivo, sistemas de extinção e de
supressão do fogo e resistentes à penetração de fumaça, ventilação natural para auxiliar na
extração de gases e rotas de fuga desobstruídas, protegidas e bem sinalizadas, localização e
capacidade adequada para promover pronta evacuação dos ambientes pelos ocupantes.
As edificações devem ser projetadas e construídas de modo a garantir a proteção de vidas
humanas contra os efeitos fatais oriundos do fogo. Entre esses ricos encontramos as queimaduras
(fatais ou não), asfixia, envenenamento, contusões, irritações, cortes etc. Os efeitos secundários
do fogo ocorrem por falta de oxigênio, fumaça, gases nocivos, agressivos ou tóxicos, pânico,
colapsos matérias ou estruturais etc.
No incêndio do Edifício Joelma, as pessoas na rua improvisaram faixa procurando acalmar as
pessoas dentro do prédio, informando que o fogo havia acabado e que não saltassem, encontrando
morte certa, mesmo assim, várias pularam.
A maioria dos especialistas em segurança contra incêndio não recomenda o resgate aéreo como
rota vitável em um edifício alto durante um incêndio. O uso de helicópteros deve ocorrer em último
caso e sob condições muito específicas.
A cobertura dos prédios está sujeita a muitas variáveis em caso de sinistro, como existência, ou
não, de local para pouso de helicópteros e embarque de pessoas, pois muitos prédios antigos
possuem telhados na cobertura, refletores, antenas, painéis, de propaganda, ocorrência de
acessos trancados para terraços, entre outros. Há ainda os efeitos do incêndio, por meio de fumaça
densa, calor excessivo e ventos fortes. Os helicópteros necessitam de ventos ascendentes para se
manter em vôos e o calor pode torna o ar rarefeito, prejudicando a estabilidade desses veículos.
Muitas das ocorrências envolvendo incêndios abrangem meios de transporte, como aeronaves,
navios, trens, ônibus, submarinos, construções especiais, como túneis plataformas marítimas.
Cada uma dessas atividades deve desenvolver o plano de contingência especifico para seu risco
inerente.

3.2 PÂNICO
As pessoas têm reações diferentes diante de situações adversas, em caso de sinistro quando
sentem ameaçadas em uma integridade física.
312
Em um incêndio, o comportamento mais frequente é a tensão nervosa ou estresse, e não a reação
de medo e que foge ao controle racional, ou seja, o pânico. Normalmente, as pessoas demoram a
reagir diante de uma situação de incêndio, como se estivessem paralisadas nos primeiros minutos,
não acreditando que estejam sendo envolvidas numa situação de risco grave.
Um dos fatores cruciais é a informação disponível associada ao tempo, pelo recebimento tardio do
aviso de incêndio, quando as situações de fogo e fumaça estão mais severas, para se busca uma
resposta. O descobrimento sobre a gravidade do incêndio, qual a direção a seguir, muitas vezes
em ambientes com fumaça, tende a gerar muita tensão nervosa.
Portanto, as situações que podem dificultar o controle emocional advêm da demora da
disponibilidade de informações sobre o que está acontecendo, qual a severidade do evento, atraso
na divulgação de um incêndio e como proceder e dispo saídas protegidas.

3.3 COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DE SAÍDAS DE EMERGÊNCIAS


Como enfatiza a ISO 6241 – Performance Standards in Building, as edificações, no todo ou suas
partes devem possuir elementos de seguranças para diminuir o risco do calor e fumaça para
possibilitar condições de evacuação de pessoas em tempo eficientes.
Quando há opções de escolha entre rotas de fuga, dentre os fatores que influenciam a escolha das
saídas de emergência, que podem estimular ou intimidar pessoas que estão procurando escapar
de um sinistro, estão a fumaça, o calor e cheiro, características individuais como idade, dificuldade
de locomoção, parcial ou total, temporária ou permanente.
Outros tipos de exposições prováveis, além da perda de visibilidade e do calor, que podem gerar
condições perigosas, é a presença de produtos tóxicos e irritantes, obscurecimento das rotas de
fuga por fumaça e o colapso estrutural.
Existe a tendência de as pessoas adotarem o percurso mais familiar para a saída, que é entrada
normal da edificação, do que uma saída de emergência pouco familiar.

313
4. ABANDONO DE ÁREA
O National Institute of Standards And Technology (NIST) publicou o resultado de entrevistas
pessoas que saíram do incêndio nas torres gêmeas, do WTC. Relataram que houve uma demora,
em torno de seis minutos, para iniciarem a reação, tendo desligado seus computadores, pegado
objetos pessoais, telefonaram em vez de se dirigirem para as saídas de emergência. Em geral, o
ser humano reage lentamente a uma emergência (MONCADA, 2005). Isso é agravado, em caso
de casas noturnas, nas quais são acrescentados os efeitos do álcool, drogas, luzes fortes
intermitentes e som alto.
A maioria das pessoas que sobrevivem às situações de emergência não é a mais jovial e forte, mas
a que está mais consciente e preparada de como agir nessas situações.
Isso é comportamento adquirido com treinamento específico, no caso, de abandono de área em
situações de emergência. Os sistemas de combate a incêndios devem estar em perfeitas condições
de operacionalidade, bem projetados e instalados e, pessoal da equipe de emergência bem
treinada para aplicar o plano de abandono desenvolvido para edificação, contemplando suas
especificidades, atualizando frequentemente a relação de pessoas com dificuldades de locomoção,
visando à incolumidade dos ocupantes, à proteção ao patrimônio e ao meio ambiente.
Durante ao um incêndio, as pessoas que estiveram em um local fechado devem tocar a porta, antes
de abri-la, sentir a temperatura procurar sentir se há pressão, de fora para dentro do ambiente.
Caso haja alguma indicação de fogo no ambiente ao lado, se não puder sair, deve procurar vedar
as frestas e sinalizar a presença pela janela.
No WTC, quando a fumaça e o calor invadiram os ambientes, muitas pessoas quebraram janelas,
buscando refrescar o local, e a entrada desse ar fresco trouxe os gases aquecidos para essa janela.
Várias pessoas saltaram pelas janelas, sozinhas ou de mãos dadas, mas tantas outras, que
estavam mais próximas dos parapeitos, acabaram sendo empurradas pelas outras que buscavam
respirar.
A fumaça, que dificulta a visibilidade, durante um incêndio, contém CO, entre outros gases que
possui mais afinidade com a hemoglobina do sangue que o oxigênio. Isso afeta o sistema o sistema
nervoso central provocando sintomas de mal-estar, distúrbios de funções motoras, perda de
movimento, perturbações de comportamentos (fobia, agressividade, pânico, coma etc.). A escassez
de oxigênio pode ocasionar a morte de células do cérebro e levar à lesão que causa parada
respiratória e morte.
Os projetos de arquitetura das edificações precisam considerar a movimentação de fumaça dentro
dos ambientes em caso de incêndio, e promover barreiras arquitetônicas e sistemas de extração
de gases, além dos sistemas de proteção e combate.
As rotas de fuga devem conduzir a saídas de emergência adequada para população prevista para
o local. Essa adequação precisa considerar que a tendência do mercado é de prédios maiores e,
também cada vez mais altos.

314
As saídas de emergência devem atender à demanda da população, em caso de sinistro, seja por
elevadores de emergência totalmente protegidos da ação de gases e chamas, com sistema de
alimentação de energia independente do geral da edificação.
O relatório de NFPA menciona que a maioria dos incêndios em prédios elevados ocorre em quatro
classes de edifícios: escritórios, hotéis, apartamento e hospitais.
Os edifícios de escritórios, atualmente, estão sendo projetadas e construídas para maximizar o
espaço disponível, com divisórias baixas, como estações de trabalho. Isso adensa e aumenta a
população no pavimento, diminui a compartimentarão, o que facilita uma possível contaminação de
fumaça, em uma situação de incêndio. Mas, normalmente, a maioria da população está
familiarizada com as rotas de fuga e de saídas de emergência, fato que facilita a evacuação do
ambiente, se houver necessidade de abandono de área.
Em hotéis, o público usuário é rotativo e nem sempre está habituado a observar onde estão as
saídas de emergência e procedimentos de emergências.
Os incêndios em apartamentos têm, na maioria das vezes, a particularidade de permanecerem
confinados dentro da unidade de origem, face à compartimentação dos ambientes.
Em hospitais, há setores em que as que as pessoas internadas não podem ser facilmente
removidas, como centros cirúrgicos, unidades de terapia intensiva; deve haver, portanto, cuidadosa
compartimentação e rigoroso controle de materiais e equipamentos contra eventualidade de
princípio de incêndio.
Nos locais em que as pessoas permanecem em vigília, por exemplo, em locais de trabalho, o que
de reação aos alarmes é inferior aos ambientes em que as pessoas repousam ou apresentam
dificuldade de locomoção, a exemplo de hospitais e até mesmo de edificações prisionais,
principalmente se não estiverem familiarizadas como as rotas de fuga e saídas de emergência,
como hotéis e assemelhados.

4.1 TEMPO DE INCÊNDIO


Os incêndios aumentaram exponencialmente sua intensidade em função da taxa de calor liberado
e do tempo decorrido, até que sejam controlados pelos sistemas de supressão ou, em outro
extremo, comecem a declinar, após a fase de inflamação generalizada, como o consumo dos
elementos combustíveis, quer sejam sólidos, líquidos ou gasosos.
O tempo para escape completo (Tesc) da população de uma edificação é composto pelo somatório
dos tempos decorridos do início da ignição até a detecção e p alarme ao fogo (Talarm), acrescido
do tempo de pré-movimento, os quais incluem os tempos de reconhecimento da existência do
evento e da reação ao alarme para o inicio do abandono (Tpre), e o tempo da efetiva movimentação
até a evacuação completa (Tmov).

315
O tempo-limite, em que as condições de calor, chama, fumaça e insuficiência de oxigênio tornem
a manutenção da vida humana insustentável, é o período-limite de sustentabilidade da vida. (Tls)

Logo, o Tesc deve ser inferior ao Tls, ou seja:

Tesc < Tls

onde, TESC= TALARM + Tpre + Tmov

Caso Tesc > Tls, haverá fatalidades.

- Tempo de pré-movimento (tpre)

O tempo de pré-movimento deve receber atenção, pois as pessoas, normalmente, não reagem
prontamente a um alarme sonoro de incêndio, pois ele suscita dúvida, e os usuários gastam um
tempo precioso para reconhecimento desse alarme e para uma tomada de atitude, até decidir a
abandonar o ambiente. Essa demora deve ser evitada com treinamentos freqüentes de abandono
de local. Uma prática salutar em locais hospedagens é divulgar que o sistema de alarme de incêndio
é testado periodicamente, em dia de semana e horário marcado para que os usuários possam
identificá-lo e, de forma automática, associá-lo aos procedimentos para evacuação do local. As
pessoas com alguma dificuldade de locomoção devem avisar a recepção para receberem atenção
especial no caso de incêndio real.

Idealmente, pode existir dos tipos de mensagens informativas sonoras, composta de texto e tom, a
primeira chamando a atenção dos ouvintes, esclarecendo que é um alarme de advertência, e se,
após esse, for acionado outro diferente, é para seguir as orientações dos brigadistas e abandonar
o prédio.

Os sistemas informativos de advertência de incêndio são mais eficientes e eficazes que o alarme
tonal de incêndio, para encorajar uma pronta evacuação e informa o publico imediatamente se
houver qualquer indicação de um perigo potencial para suas vidas.

As brigadas de incêndio devem estar sempre preparadas para executar o plano de abandono e
enfrentar o fogo, se possível.

O comportamento humano em situações de incêndio é diretamente influenciado pelas condições


locais em que a pessoa estiver e pelo conhecimento do que fazer e por onde seguir.

O abandono de local em emergência é o comportamento de sair rápido por uma rota de fuga e isso
depende do recebimento do aviso de incêndio se precoce ou tardio, e da familiaridade da saída de
emergência de onde estiver.

316
A lista, a seguir, expõe os principais fatores de escolha de saída:

1. O escurecimento de ambientes pela fumaça, que pode causar irritação e toxicidade.

2. Características do incêndio, como calor e cheiro.

3. Familiaridade com as rotas de fuga.

4. Características como idade, debilidades e incapacidades.

5. Orientação existente antes do incêndio, em como proceder em caso de incêndio.

6. Níveis de iluminamento e fonte de luz.

7. Tipo de fincão do usuário, se funcionários ou público externo à edificação.

8. Grupo de relacionamento, em que pessoas ligadas por laços afetivos tendem a permanecer
juntas.

9. Posição e proximidade da pessoa até uma saída.

10. Informação / comunicação do incêndio.

11. Sinalização da saída de emergência. Para os ocupantes das edificações, as saídas


conhecidas são mais procuradas do que rotas de fuga não familiares, e a sinalização é
menos importante que a regularidade do uso; logo os treinamentos de abandono de área
devem condicionar os usuários a proceder conforme o plano de abandono e seguir por rotas
seguras. A familiaridade com os caminhos a percorrer pode reduzir o tempo de pré-
movimento.

Os extintores de incêndio e hidrantes, raramente, são usados pelos que não forem brigadistas, e
são menos efetivos sem treinamento periódico.

As pessoas devem estar atentas a avisos precoces, como barulhos estranhos, como vidros
quebrando e atividade extra dos outros ocupantes.

Devem ser providenciadas as comunicações iniciais sobre sinistros para evitar busca por
informações adicionais, que podem ser desencontradas e provocar indecisões.

Cada demora pode ser perigosa. Ações em estágios iniciais têm influencia mais efetiva em
eventuais evacuações.

317
5. ENTRADAS FORÇADAS
Entrada forçada é o procedimento de abrir portas, janelas ou outros vedos de passagens, que
estejam fechadas no momento do atendimento da ocorrência de bombeiro e não se tenha no local
como abri-las do modo normal, através do acionamento de maçaneta, chave, trinco ou outro tipo
de tranca. É também o procedimento de romper elementos estruturais de vedação - piso, laje,
coberturas e forros.

O objetivo é passar pela abertura liberada, ou criada no momento, seja para o bombeiro adentrar,
sair, continuar entrando ou saindo, ou ainda para retirar alguém que esteja preso no ambiente, ou
mesmo para permitir que pessoas entrem e façam uso normal do ambiente antes obstruído. Além
disto, é comum, ainda, o bombeiro fazer aberturas para passar materiais a serem usados no serviço
que esta em andamento no interior do ambiente sinistrado (mangueiras de incêndio, materiais
hidráulicos, macas, cilindros de ar, escadas, cabos etc.). Para tanto, ao invés de se usar os meios
normais de sua abertura, usam-se ferramentas que permitam fazer a abertura de maneira a causar
o menor dano possível ao patrimônio, utilizando-se de meios não convencionais.

Deve-se tentar causar o menor dano possível, evitando ao máximo o arrombamento. Existem
diferentes métodos de se fazer uma abertura forçada, cabendo ao bombeiro optar por aquele que
causará menor dano e for o mais rápido.

5.1 SEGURANÇA

Cuidados a serem observados quando da realização de aberturas forçadas:

- Verificar a estabilidade da edificação ou estrutura antes de entrar;


- Verificar se portas e janelas encontram-se abertas, antes de forçá- las;
- Transportar ferramentas com segurança;
- Identificar atmosfera explosiva que podem causar explosões ambientais,
como
por exemplo, Backdraft ;
- Manter-se em segurança, quando estiver quebrando vidros, e remover
todos os cacos;
- Escorar todas as “portas que abrem acima da cabeça”, bem como as
portas cortafogo, após a abertura;
- Utilizar o EPI completo;

- Manter pessoas afastadas durante a operação;


- Desligar a chave elétrica quando houver fiação no obstáculo;
- Lembrar que uma abertura grande, normalmente é mais eficaz e segura que várias pequenas;
- Verificar a existência de animais de guarda no interior do imóvel e tomar as precauções devidas;
- Não deixar pontas ou obstáculos que causem ferimentos;

- A segurança deve envolver o bombeiro que atua, demais bombeiros e terceiros.

318
5.2 FECHADURA

Consiste de uma lingüeta dentro de uma caixa de metal, que é encaixada no batente da porta.
Neste, há um rebaixo onde a porta encosta.

5.2.1 Fechadura do tipo tambor não cilíndrico saliente

É o tipo de fechadura mais moderna. É uma fechadura


monobloco (mecanismo, lingüeta, manípulo), equipada com um botão de
pressão, pode ser travada interiormente por um
dispositivo central ou por um botão, ou bloqueada por uma chave pelo lado
de dentro ou de fora.

Caso a fechadura seja tipo tambor não cilíndrico e esteja saliente, deve-se
usar um martelo e, com batidas sucessivas, forçá-lo a entrar, empurrando-
o. A seguir, introduzindo-se uma chave de fenda no vazio deixado pelo
tambor, força-se a lingüeta para dentro da caixa da fechadura.

5.2.2 Fechadura do tipo tambor cilíndrico saliente

Usa-se uma chave de grifo ou alicate de pressão para girar o cilindro,


quebrando, desta forma, o parafuso de fixação do tambor e soltando o cilindro,
e força-se a lingüeta para dentro da fechadura.

319
5.2.3. Fechadura do tipo tambor rente

Fechadura, sobretudo para portas exteriores ou de caves, é aparafusada


pelo lado de dentro da porta. Se o tambor não estiver saliente, coloca-se
uma punção no meio do tambor e, batendo com um martelo, empurra-se
o tambor para que saia do lado interno. Com uma chave de fenda
introduzida no vazio deixado pelo tambor, força-se a lingüeta para dentro
da fechadura. Usa-se este processo para qualquer formato de tambor.

5.2.4 Fechadura embutida

Também designada por fechadura de encastrar. É, sobretudo, utilizada para portas interiores de
comunicação. O sentido de funcionamento da fechadura é função de inclinação (resvale) da
lingüeta triangular.

Se a fechadura estiver na maçaneta, utiliza-se uma alavanca pé-de-


cabra (como na foto acima), encaixando-a entre a porta e a
maçaneta, forçando-a.

A partir daí, surgem duas situações:


a) o tambor sai com a maçaneta — neste caso, utilizando-se a
chave de fenda, procede-se como já descrito;
b) o tambor permanece e a maçaneta sai — caso típico de “tambor
saliente”.

5.2.5 Cadeados e correntes

Cadeados e correntes podem ser cortados com o emprego do corta a frio, ou cunha hidráulica de
corte, tipo Lukas.

320
5.3 PORTAS

Antes de forçar qualquer porta, o bombeiro deve sentir o calor usando o tato (mãos). As portas
podem estar aquecidas a grandes temperaturas, o que deve exigir todo cuidado para sua abertura,
porque será possível encontrar situações em que pode ocorrer até mesmo uma explosão
(backdraft) devido às condições extremas do ambiente.

5.3.1 Portas comuns


Podem ser com painéis de madeiras maciças ou ocas, de ferro e de vidro

As dobradiças e os batentes devem ser verificados para determinar o sentido da abertura, que pode
ser para dentro ou para fora do ambiente.
a) Abertura para dentro do ambiente
Sabe-se que uma porta abre para dentro do ambiente pelo fato de não se ver
suas dobradiças, embora a parte conhecida como batedeira (parte do batente
onde a porta encosta) fique à mostra. Para verificar se existem trincos, deve-
se forçar a porta de cima até embaixo, do lado da fechadura. A porta
apresentará resistência nos pontos em que se encontra presa ao batente, ou
seja, onde há trincos.
A ponta de uma alavanca é colocada entre o batente e a porta, imediatamente
acima ou abaixo da fechadura. Para se colocar a ponta da alavanca neste
local, usa-se a machadinha para lascar a batedeira e expor o encontro da porta
com o rebaixo do batente. Isto feito, força-se a outra extremidade da alavanca
na direção da parede, afastando-a do batente. Nesta fresta, insere-se outra
alavanca, forçando-a na direção da porta até abri-la. Repetir a operação para
os demais trincos.
No caso de não existir batedeira (encosto), o encontro da porta com o batente estará à mostra,
bastando a utilização das alavancas para abrir a porta.

321
Outra ferramenta útil para abertura de portas é a alavanca cyborg. As fotos a seguir mostram seu
emprego:

A cunha da alavanca se aloja facilmente entre a folha da porta e seu batente O Bombeiro se
posiciona para usar a alavanca
b) Abertura para fora do ambiente
O mais comum é que as dobradiças estejam à mostra. Neste caso, ao se retirarem os pinos com a
lâmina do machado ou martelo e formão, a porta, ou janela, se soltará. Em seguida, usam-se duas
alavancas juntas e, alternando movimentos com elas, afasta-se a porta do batente, retirando-a.
Não estando as dobradiças à mostra, usa-se alavanca encaixada imediatamente acima ou abaixo
da fechadura, forçando-se a ponta desta na direção da parede, até o desencaixe da lingüeta.
Repetir a operação para os demais trincos
c) Portas duplas
São portas com duas folhas, geralmente uma delas fixada ao piso, na travessa do batente ou em
ambos, e a outra é amparada por ela.
Para abri-las, utiliza-se o mesmo processo usado em porta de uma folha, com a ressalva de que,
nas portas duplas, a alavanca será encaixada entre as duas folhas.
5.3.2 Portas de enrolar
São feitas de metal e são abertas empurrando-as de baixo para cima. Estas portas, geralmente,
têm dois tipos de trava: uma junto ao chão e outra nas laterais.
Sua alavanca permite esforço suficiente para a abertura da porta.

322
A trava junto ao chão pode ser eliminada de diferentes maneiras:

- Se for um cadeado que prende a porta à argola fixada ao chão e se ele


estiver à mostra, será cortado com o corta a frio.

- Se for uma trava tipo “cilindro” que prende a porta à argola e se estiver
à mostra, bate-se com um malho no lado oposto da entrada da chave
na fechadura, o que[deslocará o cilindro, destravando a porta.

- Se for um cadeado ou uma chave tipo cilindro que não está à mostra,
libera-se a porta das travas laterais e coloca- se uma alavanca grande,
ou a cunha hidráulica, entre a porta e o piso, próxima à fechadura.
Força-se a porta para cima, o que fará com que a argola desprenda-se
do chão.

- Se houver dificuldade no desenvolvimento dos métodos


anteriores, pode-se cortar a porta em volta da trava com o moto-
abrasivo ou com o martelete pneumático. Após a abertura da porta,
retirar o pedaço que ficou no chão, para evitar acidentes.

- Existindo hastes horizontais, cortam-se suas pontas com o moto-


abrasivo, o mais próximo dos trilhos quanto for possível. O bombeiro
saberá onde estão às hastes, tomando por base uma linha
horizontal que parte da fechadura até o trilho.

5.3.3 Portas de placa que abrem sobre a cabeça (basculante)

São constituídas de uma única placa com eixos horizontais


nas suas laterais, que possibilitam sua abertura em
movimento circular para cima. Seu sistema de fechamento
é na parte inferior, junto ao solo, podendo haver travas nas
laterais e até mesmo na parte superior, dependendo da
exigência do usuário. Para sua abertura, são utilizados os
mesmos métodos empregados na abertura das portas de
enrolar, tomando-se o cuidado de forçar a porta no seu
sentido de abertura.

Todas as portas que abrem sobre a cabeça devem ser escoradas, após abertas.
5.3.4 Portas corta-fogo
São portas que protegem a edificação contra a propagação do fogo. Quanto à forma de
deslocamento, podem ser verticais ou convencionais (abertura circular). As portas de deslocamento
vertical e horizontal permanecem abertas, fechando-se automaticamente quando o calor atua no
seu mecanismo de fechamento.
Estes tipos de portas não necessitam ser forçadas, pois se abrem naturalmente com o esforço no
sentido de seu deslocamento. As portas corta-fogo convencionais são dotadas de dobradiças e
323
lingüeta e, em certas circunstâncias, abrem para o exterior da edificação. Nestes casos, possuem
maçaneta apenas do lado interno.

a) Se a dobradiça estiver à mostra, deve-se retirar o pino da


mesma com uma talhadeira e martelo, ou cortar parte da
dobradiça com o moto-abrasivo e retirar a porta, tomando
cuidado para que não caia sobre o bombeiro.
b) Se a porta for de uma folha, a lingüeta poderá estar à
mostra. Neste caso, pode-se forçá-la para fora com uma
alavanca colocada entre a porta e o batente, imediatamente
acima ou abaixo da fechadura, fazendo a lingüeta soltar do
seu encaixe, ou ainda, com o moto-abrasivo, cortar a
lingüeta da fechadura.
c) Se a porta for de duas folhas ou a lingüeta estiver
escondida pela batedeira, pode-se, com moto-abrasivo,
cortar partes desta batedeira, e, logo após, a lingüeta.
5.3.5 Portas metálicas
a) Portas metálicas de fechamento circular (convencional)
As portas de uma folha que abrem para fora do ambiente são tratadas de forma idêntica às portas
corta-fogo. Quando abrem para dentro do ambiente têm à mostra. a batedeira metálica que deve
ser cortada com o moto-abrasivo, bem como a lingüeta que aparecer.
As portas de duas folhas podem abrir para dentro ou para fora do ambiente, sendo uma destas
olhas fixadas no piso e na travessa do batente e a outra amparada por esta, trancada por um trinco
horizontal. Com o moto-abrasivo corta-se a batedeira e o trinco, o qual será localizado pela
resistência oferecida. As fotos a seguir exemplificam.

324
5.3.6 Portas metálicas de fechamento horizontal

As portas de uma folha são difíceis de serem forçadas porque, em sua


grande maioria, seu sistema de fechamento está por dentro da
edificação, protegido por uma aba de alvenaria externa.

Nestes casos, deve-se que efetuar a abertura na chapa com o moto-


abrasivo. As portas fechadas por corrente e cadeado podem ser abertas
facilmente com o corta a frio. Veja o exemplo nas fotos abaixo.

5.4 PAINÉIS DE VIDRO

5.4.1 Painéis de vidro comum


O bombeiro deve fazer isolamento do local
onde possa cair estilhaço de vidro,
salvaguardando assim a integridade de
particulares e de bombeiros. O bombeiro
que vai executar o rompimento deve estar
equipado com EPI, bem como tomar os
cuidados, conforme os respectivos
manuais.

Para executar o rompimento, o bombeiro


deve posicionar-se acima e ao lado do painel a ser quebrado, para não ser
atingido pelos cacos. Deve utilizar uma ferramenta longa (machado,
croque) para manter-se afastado e bater no topo do
vidro, conservando suas mãos acima do ponto de impacto, utilizando a
escada sempre que necessário.
Utilizando a lâmina do machado, devem-se retirar os pedaços de vidro que ficarem nos caixilhos
da moldura, para que não venham a ferir os bombeiros, nem tampouco danificar o material
(mangueira, por exemplo) que irá passar pela entrada. Após a operação, o bombeiro deve remover
os cacos para local apropriado. Veja a foto abaixo.
Quando necessário, o bombeiro deverá colar fita adesiva no vidro, em toda sua área, deixando as
pontas da fita coladas em toda a volta da moldura. Ao ser quebrado o vidro, os cacos não cairão,

325
ficando colados na fita, evitando acidentes. Para retirar os cacos, soltam-se as pontas das fitas
coladas na moldura, de cima para baixo, conforme mostram as fotos a seguir.
Posicionar-se acima e ao lado do painel. Mesmo assim, mantenha a viseira protegendo os olhos
contra possíveis estilhaços.

Ao ser quebrado o vidro, os cacos ficam aderidos à fita, diminuindo riscos para bombeiros e
particulares. O Bombeiro passa a fita adesiva na superfície da peça de vidro e ao quebrá-la o vidro
se estilhaça, mas seus cacos não se espalham.
empre que o bombeiro for quebrar o vidro, deverá usar o EPI necessário (viseira, luva, capacete,
capa e bota com a boca fechada, evitando, assim, a penetração de vidro em seu interior).
5.4.2 Painéis de Vidro Temperado
O vidro temperado sofre um tratamento especial que o torna mais
flexível e resistente ao choque, à pressão, ao impacto e às variações de
temperatura, de tal forma que quando quebrado, este vidro fragmenta-
se repentinamente em pedaços cúbicos pequenos. Para quebrar um
painel de vidro temperado o bombeiro deve procurar pontos de fissuras
para forçá-los.
Estes pontos localizam-se nas proximidades da fixação do painel à
parede (dobradiças, pinos).
Com uma ferramenta (machado, croque) deve bater com as laterais ou
com as pontas como punção em um dos pontos de

326
Fissura, posicionando-se acima e ao lado do painel, conservando as mãos acima do ponto de
impacto.
Após a quebra, os cacos devem ser removidos para local apropriado. Quando necessário, o
bombeiro pode utilizar fita adesiva aplicada em toda a extensão do painel. Assim, ao quebrá-lo, os
cacos não caem.

5.4.2 Painéis de vidro laminado


O vidro laminado se caracteriza pela presença de uma película de polivinil entre dois ou mais vidros.
Em painéis que usam este vidro, uma ferramenta muito útil é a serra-sabre, pois esta permite cortar,
propriamente dito, o vidro junto a sua junção com a esquadria. Para tanto, faz-se um primeiro orifício
por onde seja possível introduzir a lâmina da serra sabre. Uma vez introduzida a lâmina, basta
acionar a ferramenta e conduzir a sua lâmina para cortar o vidro no sentido desejado.
A partir de um furo inicial, que pode ser feito com a machadinha, introduz-se a lâmina da serra-
sabre:

5.4.3 Portas de vidro

a) Portas de vidro comum

O painel de vidro estará circundado por uma moldura, na qual se


encontram a fechadura e as dobradiças. Esta porta é semelhante à porta
comum. O painel de vidro, porém, irá partir-se, se sofrer impacto, torção
ou compressão. Por isso, os métodos que podem ser utilizados para
abrir a porta, sem quebrar o painel de vidro, são os mesmos para portas
comuns em madeira: forçar com chave de grifo o tambor da fechadura,
se este for cilíndrico e saliente, e retirar os pinos das dobradiças, se a
porta abrir para fora do ambiente e estas estiverem à mostra.

Se não for possível a utilização dos métodos anteriores, o bombeiro


deverá utilizar o método de quebrar painéis de vidro, usando sempre
EPI. O golpe deve ser dado no centro da peça de vidro, e com força.
Atentar para o EPI, inclusive viseira abaixada e começa-se a serra da
peça de vidro

327
b) Portas de vidro temperado

Estas portas têm custo bem superior ao das portas comuns e, assim,
sempre que possível, deve-se utilizar outros métodos de entrada
forçada, antes de quebrar o painel. Primeiramente, verificar se é
possível forçar, com chave de grifo, o tambor da fechadura, se este
for cilíndrico e saliente. Se não for possível, pode-se cortar a lingüeta
da fechadura, que neste tipo de porta geralmente está à mostra, com
o moto-abrasivo ou arco de serra.

Para quebrar o painel de uma porta de vidro temperado, utiliza-se a


mesma técnica empregada para quebrar painel de vidro comum,
batendo, porém com a ferramenta escolhida próximo às dobradiças
ou fechaduras, e utilizando o EPI necessário.

5.4.4 Vitrôs e janelas

Janelas e vitrôs são colocados nas aberturas das paredes para permitir que o ar e a luminosidade
entrem.

a) Janelas com painéis de vidro

Para realizar a abertura forçada em janelas com painéis de vidro, deve-se forçar levemente, com
uma alavanca, a moldura, no sentido de sua abertura. Se não houver êxito, o vidro deve ser
quebrado como descrito em técnica de forçar painéis de vidro, pois a reposição do vidro é mais fácil

b) Janelas de deslocamento horizontal e vertical

Janelas de madeira ou metálicas que têm deslocamento horizontal ou vertical devem ser forçadas
com uma alavanca pequena, introduzida entre a folha e o batente, ou entre as folhas, se for o caso.
Se o trinco não ceder, ficará à mostra pelo esforço sofrido ou pela deformação do caixilho. Caso
não se consiga liberar o trinco com as mãos ou com chave de fenda, deve-se romper o mesmo com
alavanca ou outra ferramenta apropriada e abrir a janela.

c) Janelas de duas folhas de abertura circular (convencional)

Janelas de duas folhas de madeira ou de metal de abertura circular horizontal podem ter a
dobradiça à mostra.
Retirando-se os pinos da dobradiça, as folhas sairão. Se as dobradiças não estiverem à mostra,
deve-se introduzir duas alavancas entre as folhas, uma abaixo e outra acima, e forçá-las no sentido
da batedeira. Isso fará com que a folha sem o trinco se solte.

328
d) Grades
As grades de proteção das janelas serão cortadas com moto-abrasivo, cunhas hidráulicas, serra-
sabre ou retiradas da parede com alavanca.

5.5 PAREDES

São obras de alvenaria ou outro material que vedam externamente as edificações ou as dividem,
internamente, em compartimentos.

5.5.1 Parede estrutural

É aquela que faz parte da estrutura da edificação, sendo responsável por sua estabilidade. Na
medida do possível, não se deve efetuar a entrada forçada por paredes estruturais.

5.5.2 Parede de vedação

Normalmente de tijolos ou blocos, serve para vedar e compartimentar o ambiente, não fazendo
parte da estrutura da edificação. Em meio às paredes de vedação, existem colunas e vigas de
sustentação, as quais não devem ser forçadas.

5.5.3 Paredes de alvenaria

A abertura de paredes, lajes e pisos de alvenaria é chamada de


arrombamento. O arrombamento em parede de alvenaria pode ser
feito com malho, talhadeira, alavanca e martelete hidráulico de
pneumático.

A parte superior da abertura deve ser feita em arco, com menor raio
possível, suficiente para permitir a passagem do bombeiro e material.
A foto abaixo exemplifica. O malho é uma ferramenta útil para
arrombamento de paredes.

5.6. FORROS

Os forros podem ser feitos de sarrafo, gesso, cerâmica, painéis de metal


ou aglomerados. Para retirá-los, o bombeiro deve puxá-los para baixo
com uma alavanca ou o croque, forçando depois os sarrafos que lhes
dão sustentação.

329
5.7 DIVISÓRIAS

Utilizadas para compartimentar ambientes, são muito empregadas em prédio de escritórios. A


escada de gancho auxilia neste procedimento neste procedimento, o bombeiro deve estar atento à
queda de material sobre si.

5.7.1 Divisórias comuns

Para fazer a entrada forçada em divisórias de gesso, madeira ou


aglomerados deve-se introduzir uma alavanca entre o caixilho e a
placa, próximo ao piso. Outra alavanca deve ser colocada no mesmo
encaixe, na parte de cima da placa. A seguir, forçar as alavancas em
direção ao caixilho e a placa sairá do seu encaixe.

O bombeiro deve estar atento à fiação elétrica no interior da divisória, e


desligar a chave elétrica do ambiente.

5.7.2 Divisórias de metal

As divisórias de metal são fixadas em colunas de madeira,


por parafusos, e em colunas de metal, por parafusos,
arrebites ou soldas. Quando não for possível retirar os
painéis soltando os parafusos com a chave de fenda, ou
retirando os arrebites com martelo ou talhadeira, pode-se
utilizar o moto-abrasivo para cortar a chapa, sempre que
possível próximo às colunas, onde é menor a vibração.

6. OPERAÇÕES EM AMBIENTES CONFINADOS

6.1 NR 33

A NR 23 é uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho que tem como objetivo

De acordo com a NR 33, espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para
ocupação humana contínua, que possua contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigênio.

330
6.2 RESPONSABILIDADES

Com relação às responsabilidades envolvendo operações em ambientes confinados:


-Cabe ao Empregador:
a) Indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento desta
norma;
b) Identificar os espaços confinados existentes no
estabelecimento;
c) Identificar os riscos específicos de cada espaço confinado;

d) Implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em espaços


confinados, por medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais
e de emergência e salvamento, de forma a garantir permanentemente
ambientes com condições adequadas de trabalho;
e) Garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre os
riscos, as medidas de controle, de emergência e salvamento em
espaços confinados;
f) Garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra
após a emissão, por escrito, da Permissão de Entrada e Trabalho,
conforme modelo constante no anexo II;
g) Fornecer às empresas contratadas informações sobre os riscos
nas áreas onde desenvolverão suas atividades e exigir

331
a capacitação de seus trabalhadores;
h) Acompanhar a implementação das medidas de segurança e
saúde dos trabalhadores das empresas contratadas provendo os meios
e condições para que eles possam atuar em conformidade com esta NR;
i) Interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de
suspeição de condição de risco grave e iminente, procedendo ao
imediato abandono do local; e

j) Garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de controle antes de cada acesso
aos espaços confinados.

Cabe aos Trabalhadores:


a) Colaborar com a empresa no cumprimento desta NR;
b) Utilizar adequadamente os meios e equipamentos fornecidos pela
empresa;
c) Comunicar ao Vigia e ao Supervisor de Entrada as situações de
risco para sua segurança e saúde ou de terceiros, que sejam do seu
conhecimento; e
d) Cumprir os procedimentos e orientações recebidos nos
treinamentos com relação aos espaços confinados.

6.3 GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE


A gestão de segurança e saúde deve ser planejada, programada, implementada e avaliada,
incluindo medidas técnicas de prevenção, medidas administrativas e medidas pessoais e
capacitação para trabalho em espaços confinados.
6.3.1 Medidas técnicas de prevenção
a) Identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não
autorizadas;

332
b) Antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;

c) Proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e


mecânicos;

d) Prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem;

e) Implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos em


espaços confinados;

f) Avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada de trabalhadores, para


verificar se o seu interior é seguro;

g) Manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e


durante toda a realização dos trabalhos, monitorando,
ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
confinado;

h) Monitorar continuamente a atmosfera nos espaços


confinados nas áreas onde os trabalhadores autorizados
estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar se
as condições de acesso e permanência são seguras;

i) Proibir a ventilação com oxigênio puro;

j) Testar os equipamentos de medição antes de cada utilização; e

k) Utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado


e protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de radiofreqüência.

Os equipamentos fixos e portáteis, inclusive os de comunicação e de movimentação vertical e


horizontal, devem ser adequados aos riscos dos espaços confinados;

Em áreas classificadas os equipamentos devem estar certificados ou possuir documento


contemplado no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – INMETRO.

As avaliações atmosféricas iniciais devem ser realizadas fora do espaço confinado.

333
Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de incêndio ou explosão em trabalhos a quente,
tais como solda, aquecimento, esmerilhamento, corte ou outros que liberem chama aberta, faíscas
ou calor.
Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de inundação, soterramento, engolfamento,
incêndio, choques elétricos, eletricidade estática, queimaduras, quedas, escorregamentos,
impactos, esmagamentos, amputações e outros que possam afetar a segurança e saúde dos
trabalhadores.

6.32 Medidas administrativas:


a) Manter cadastro atualizado de todos os espaços confinados, inclusive dos desativados, e
respectivos riscos;
b) Definir medidas para isolar, sinalizar, controlar ou eliminar os riscos do espaço confinado;
c) Manter sinalização permanente junto à entrada do espaço confinado, conforme o Anexo I;
d) Implementar procedimento para trabalho em espaço confinado;
e) Adaptar o modelo de Permissão de Entrada e Trabalho, previsto no Anexo II, às peculiaridades
da empresa e dos seus espaços confinados;
f) Preencher, assinar e datar, em três vias, a Permissão de Entrada e Trabalho antes do ingresso
de trabalhadores em espaços confinados;
g) Possuir um sistema de controle que permita a rastreabilidade da Permissão de Entrada e
Trabalho;
h) Entregar para um dos trabalhadores autorizados e ao Vigia cópia da Permissão de Entrada e
Trabalho;
i) Encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho quando as operações forem completadas, quando
ocorrer uma condição não prevista ou quando houver pausa ou interrupção dos trabalhos;

334
j) Manter arquivados os procedimentos e Permissões de Entrada e Trabalho por cinco anos;

k) Disponibilizar os procedimentos e Permissão de Entrada e Trabalho para o conhecimento dos


trabalhadores autorizados, seus representantes e fiscalização do trabalho;

l) Designar as pessoas que participarão das operações de entrada, identificando os deveres de


cada trabalhador e providenciando a capacitação requerida;

m) Estabelecer procedimentos de supervisão dos trabalhos no exterior e no interior dos espaços


confinados;

n) Assegurar que o acesso ao espaço confinado somente seja iniciado com acompanhamento e
autorização de supervisão capacitada;

o) Garantir que todos os trabalhadores sejam informados dos riscos e medidas de controle
existentes no local de trabalho; e

p) Implementar um Programa de Proteção Respiratória de acordo com a análise de risco,


considerando o local, a complexidade e o tipo de trabalho a ser desenvolvido.

A Permissão de Entrada e Trabalho é válida somente para cada entrada.

Nos estabelecimentos onde houver espaços confinados devem ser observadas, de forma
complementar a presente NR, os seguintes atos normativos: NBR 14606 – Postos de Serviço –
Entrada em Espaço Confinado; e NBR 14787 – Espaço Confinado – Prevenção de Acidentes,
Procedimentos e Medidas de Proteção, bem como suas alterações posteriores.

O procedimento para trabalho deve contemplar, no mínimo: objetivo, campo de aplicação, base
técnica, responsabilidades, competências, preparação, emissão, uso e cancelamento da
Permissão de Entrada e Trabalho, capacitação para os trabalhadores, análise de risco e medidas
de controle.

Os procedimentos para trabalho em espaços confinados e a Permissão de Entrada e Trabalho


devem ser avaliados no mínimo uma vez ao ano e revisados sempre que houver alteração dos
riscos, com a participação do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho –
SESMT e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA.

Os procedimentos de entrada em espaços confinados devem ser revistos quando da ocorrência de


qualquer uma das circunstâncias abaixo:

a) Entrada não autorizada num espaço confinado;

b) Identificação de riscos não descritos na Permissão de Entrada e Trabalho;

c) Acidente, incidente ou condição não prevista durante a entrada;

335
d) Qualquer mudança na atividade desenvolvida ou na configuração do espaço confinado;

e) Solicitação do SESMT ou da CIPA; e

f) Identificação de condição de trabalho mais segura.

6.3.3 Medidas Pessoais

Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exames
médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NRs 07 e 31,
incluindo os fatores de riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado de Saúde
Ocupacional – ASO.

Capacitar todos os trabalhadores envolvidos, direta ou indiretamente com os espaços confinados,


sobre seus direitos, deveres, riscos e medidas de controle.

O número de trabalhadores envolvidos na execução dos trabalhos em espaços confinados deve


ser determinado conforme a análise de risco.

É vedada a realização de qualquer trabalho em espaços confinados de forma individual ou isolada.

O Supervisor de Entrada deve desempenhar as seguintes funções:

a) Emitir a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início das atividades;

b) Executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na Permissão de


Entrada e Trabalho;

c) Assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e que os meios


para acioná-los estejam operantes;

d) Cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário; e

e) Encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término dos serviços.

O Supervisor de Entrada pode desempenhar a função de Vigia. O Vigia deve desempenhar as


seguintes funções:
a) Manter continuamente a contagem precisa do número de trabalhadores autorizados no
espaço confinado e assegurar que todos saiam ao término da atividade;

b) Permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em contato permanente com os


trabalhadores autorizados;

c) Adotar os procedimentos de emergência, acionando a equipe de salvamento, pública ou privada,


quando necessário;

336
d) Operar os movimentadores de pessoas; e

e) Ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer algum sinal de alarme, perigo,
sintoma, queixa, condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando não puder
desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser substituído por outro Vigia.

O Vigia não poderá realizar outras tarefas que possam comprometer o dever principal que é o de
monitorar e proteger os trabalhadores autorizados;

Cabe ao empregador fornecer e garantir que todos os trabalhadores que adentrarem em espaços
confinados disponham de todos os equipamentos para controle de riscos, previstos na Permissão
de Entrada e Trabalho.

Em caso de existência de Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde – Atmosfera IPVS


-, o espaço confinado somente pode ser adentrado com a utilização de máscara autônoma de
demanda com pressão positiva ou com respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar
para escape.

6.3.4 Capacitação para trabalhos em espaços confinados

É vedada a designação para trabalhos em espaços confinados sem a prévia capacitação do


trabalhador.

O empregador deve desenvolver e implantar programas de capacitação sempre que ocorrer


qualquer das seguintes situações:

a) Mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;

b) Algum evento que indique a necessidade de novo treinamento; e

c) Quando houver uma razão para acreditar que existam desvios na utilização ou nos
procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos não sejam
adequados.

Todos os trabalhadores autorizados e Vigias devem receber capacitação periodicamente, a cada


doze meses.

A capacitação deve ter carga horária mínima de dezesseis horas, ser realizada dentro do horário
de trabalho, com conteúdo programático de:

a) Definições;

b) Reconhecimento, avaliação e controle de riscos;

c) Funcionamento de equipamentos utilizados;

d) Procedimentos e utilização da Permissão de Entrada e Trabalho; e


e) Noções de resgate e primeiros socorros.
A capacitação dos Supervisores de Entrada deve ser realizada dentro do horário de trabalho, com
conteúdo programático estabelecido no subitem 33.3.5.4, acrescido de:
a) Identificação dos espaços confinados;
b) Critérios de indicação e uso de equipamentos para controle de riscos;

337
c) Conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confinados;
d) Legislação de segurança e saúde no trabalho;
e) Programa de proteção respiratória;
f) Área classificada; e
g) Operações de salvamento.

Todos os Supervisores de Entrada devem receber capacitação específica, com carga horária
mínima de quarenta horas
Os instrutores designados pelo responsável técnico, devem possuir comprovada proficiência
no assunto.
Ao término do treinamento deve-se emitir um certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo
programático, carga horária, a especificação do tipo de trabalho e espaço confinado, data e local
de realização do treinamento, com as assinaturas dos instrutores e do responsável técnico.
Uma cópia do certificado deve ser entregue ao trabalhador e a outra cópia deve ser arquivada na
empresa.
6.3.5 Emergência e Salvamento
O empregador deve elaborar e implementar procedimentos de emergência e resgate adequados
aos espaços confinados incluindo, no mínimo
a) Descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da Análise de Riscos;
b) Descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem executadas em caso de
emergência;
c) Seleção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação, iluminação de emergência,
busca, resgate, primeiros socorros e transporte de vítimas;
d) Acionamento de equipe responsável, pública ou privada, pela execução das medidas de resgate
e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado; e

338
e) Exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de acidentes em espaços
confinados.
O pessoal responsável pela execução das medidas de salvamento deve possuir aptidão física e
mental compatível com a atividade a desempenhar.
A capacitação da equipe de salvamento deve contemplar todos os possíveis cenários de acidentes
identificados na análise de risco.
6.3.6 Disposições Gerais
O empregador deve garantir que os trabalhadores possam interromper suas atividades e
abandonar o local de trabalho, sempre que suspeitarem da existência de risco grave e iminente
para sua segurança e saúde ou a de terceiros.
São solidariamente responsáveis pelo cumprimento desta NR os contratantes e contratados.
É vedada a entrada e a realização de qualquer trabalho em espaços confinados sem a emissão da
Permissão de Entrada e Trabalho.

339
ANEXO I – SINALIZAÇÃO

Sinalização para identificação de espaço confinado

340
Caráter informativo para elaboração da Permissão de Entrada e Trabalho em Espaço
Confinado
Nome da empresa:
Local do espaço confinado: Espaço confinado n.º:

Data e horário da emissão: Data e horário do término:


Trabalho a ser realizado:
Trabalhadores autorizados:

Vigia: Equipe de resgate:

Supervisor de Entrada:
Procedimentos que devem ser completados antes da entrada
1. Isolamento S() N()
2. Teste inicial da atmosfera: Horário:
Oxigênio % O2:
Inflamáveis % LIE:
Gases/vapores tóxicos Ppm:
Poeiras/fumos/névoas tóxicas Mg/m³:
Nome legível / assinatura do Supervisor dos testes:

3. Bloqueios, travamento e etiquetagem N/A ( ) S() N()


4. Purga e/ou lavagem N/A ( ) S() N()
5. Ventilação/exaustão – tipo, equipamento e tempo N/A ( ) S() N()
6 Teste após ventilação e isolamento: Horário:
Oxigênio % O2: > 19,5% < 23,0% N/A ( ) S() N()
Inflamáveis % LIE: <10% N/A ( ) S() N()
Gases/vapores tóxicos Ppm:
Poeiras/fumos/névoas tóxicas Mg/m³:
Nome legível / assinatura do Supervisor dos testes:

7 Iluminação geral: N/A ( ) S() N()


8 Procedimentos de comunicação: N/A ( ) S() N()
9 Procedimentos de resgate: N/A ( ) S() N()
10 Procedimentos e proteção de movimentação vertical: N/A ( ) S() N()
11 Treinamento de todos os trabalhadores? É atual? N/A ( ) S() N()
12. Equipamentos:
13. Equipamento de monitoramento contínuo de gases aprovados e certificados por um Organismo de S() N()
Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas potencialmente explosivas de
leitura direta com alarmes em condições:
Lanternas N/A ( ) S() N()
Roupa de proteção N/A ( ) S() N()
Extintores de incêndio N/A ( ) S() N()
Capacetes, botas, luvas N/A ( ) S() N()
Equipamentos de proteção respiratória/autônomo ou sistema de ar mandado com cilindro de N/A ( ) S() N()
escape
Cinturão de segurança e linhas de vida para os trabalhadores autorizados S() N()
Cinturão de segurança e linhas de vida para a equipe de resgate N/A ( ) S() N()
Escada N/A ( ) S() N()

341
Equipamentos de movimentação vertical/suportes externos N/A ( ) S() N()
Equipamentos de comunicação eletrônica aprovados e certificados por um Organismo N/A ( ) S() N()
de Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas
potencialmente explosivas
Equipamento de proteção respiratória autônomo ou sistema de ar mandado com S() N()
cilindro de escape para equipe de resgate
Equipamentos elétricos e eletrônicos aprovados e certificados por um Organismo de N/A ( ) S() N()
Certificação Credenciado (OCC) pelo INMETRO para trabalho em áreas
potencialmente explosivas
Legenda: N/A = “não se aplica”; N = “não”; S = “sim”.
Procedimentos que devem ser completados durante o desenvolvimento dos trabalhos
Permissão de trabalhos a quente N/A ( ) S() N()
Procedimentos de Emergência e Resgate
Telefones e contatos:
Ambulância:
Bombeiros:
Segurança:
Obs.:
 A entrada não pode ser permitida se algum campo não for preenchido ou contiver a marca na coluna “não”.
 A falta de monitoramento contínuo da atmosfera no interior do espaço confinado, alarme, ordem do Vigia ou
qualquer situação de risco à segurança dos trabalhadores, implica no abandono imediato da área.
 Qualquer saída de toda equipe por qualquer motivo implica a emissão de nova permissão de entrada. Esta
permissão de entrada deverá ficar exposta no local de trabalho até o seu término. Após o trabalho, esta
permissão deverá ser arquivada.

342
PROCEDIMENTO OPERACIONAL EM AMBIENTES CONFINADOS
6.4.1 Instalações subterrâneas

Sabe-se que uma instalação subterrânea não possui ventilação natural e contém ou produz agentes
contaminantes. Para reconhecermos tal espaço, é preciso conhecer o potencial de riscos desses
ambientes, produtos e atmosfera.

Os riscos atmosféricos: uma ventilação deficiente propicia, além da deficiência de oxigênio, o


acúmulo de gases nocivos, principalmente, o H2S (gás sulfídrico) e o CO (monóxido de carbono),
que são responsáveis por 60% das vítimas dos acidentes em ambientes confinados.

Os principais contaminantes que se encontram presentes no local simultaneamente são:

Oxigênio (O2): a ausência de oxigênio é a maior incidência de acidentes fatais, provoca a asfixia,
caracterizada pela presença de gases e/ou vapores que deslocam o oxigênio/ar transformando a
atmosfera de seres vivos. Além disso, as operações de fusão de materiais, além de contaminarem
(fumos metálicos de chumbo, estanho e outras ligas), consomem oxigênio do ar, propiciando
também, dessa forma, condições insalubres de risco grave e iminente na forma das prescrições
legais brasileiras e internacionais.

Monóxido de carbono (CO): é um gás que, por não possuir odor e cor, pode permanecer muito
tempo em ambientes confinados, sem que o ser humano tome as providências adequadas em
termos de exaustão e ventilação se expondo aos seus riscos. O seu limite de tolerância é de 39
ppm e o trabalhador poderá sentir dor de cabeça a 200 ppm; palpitação a 1000-2000 ppm;
inconsciência a 2000-2500 ppm; e a morte a 4000 ppm. Os EPIs a serem adotados são: roupa/luva
de PVC, máscara autônoma ou com filtro para CO.

Gás sulfídrico (H2S): é um dos piores agentes ambientais, Justamente pelo fato de que, em
concentrações médias e superiores, o nosso sistema olfativo consegue detectar a sua presença
(cheiro de ovo podre). Concentrações deste gás não são muito difíceis de encontrar em galerias,
túneis, valas, pântanos e similares, podendo levar à morte. Esse gás pode causar irritações a 50-
100 ppm; problemas respiratórios a 100-200 ppm; inconsciência a 500-700 ppm; e a morte acima
de 700 ppm. É um gás mais pesado que o ar e tende, normalmente, a se depositar nas galerias,
valas, subsolos e demais locais, onde a circulação de ar é deficiente ou inexistente.

Os EPIS a serem adotados são: roupa/luva de PVC, máscara autônoma ou com filtro para H2S.

Atualmente, uma das maiores preocupações das agências ambientais e da Defesa Civil são as
infiltrações advindas de vazamentos dos reservatórios enterrados de gasolina, óleo diesel e outros
derivados de petróleo, que, nessas circunstâncias, fluem para o lençol freático contaminando
galerias, sistemas de esgoto, valas, poços e demais braços d’água e transformando esses locais
em ambientes propícios às explosões seguidas de incêndios, com grande probabilidade de
extensão/propagação dos danos.

Acidentes fatais ocorridos no exterior e no Brasil revelam o total despreparo das pessoas e
entidades para trabalhos no interior de instalações subterrâneas. Mostram-nos também, que a
negligência é um fator frequente para contribuir para as causas básicas dos
Acidentes, agravada pela não preparação do ambiente para a entrada e permanência e pelo não
uso de equipamentos de proteção individual apropriado. A falta de um sistema escrito de permissão
para entrada em ambientes confinados é o grande responsável pela maioria dos acidentes
ocorridos nesses locais com socorristas.

Deve ser lembrado que, em acidentes desse tipo, para cada vítima fatal, há sempre, no mínimo,
mais uma ou duas com lesões menores, que, graças a diversos fatores como socorro imediato,
343
maior resistência orgânica, menor carga tóxica absorvida, conseguem se restabelecer após algum
tempo em recuperação hospitalar.

Assim, podemos facilmente concluir que um espaço confinado pode ceifar, de uma só vez, várias
vidas, dependendo do grau de imprudência e imperícia dos envolvidos.

6.4.2) Considerações Táticas

1) Chegada ao local:

O reconhecimento da situação deve ser feito pela primeira viatura que chegar ao local e se
subdivide em análise primária e análise secundária.

2) Primeira análise:

Começa com o despacho operacional e continua durante a resposta e chegada no local da


ocorrência. O chefe de guarnição deve começar a formular uma inspeção da situação baseada nas
informações fornecidas pelo Centro de Operações (a hora do dia, o clima e as condições do trânsito
durante o acesso ao local).

O processo continua no local, durante a conversação com testemunhas ou solicitante, a fim de


reunir informações sobre:

- Quantas vítimas existem?


- Estão feridas ou enclausuradas?
- Há quanto tempo estão presas ou enclausuradas? - Estão conscientes, pode haver comunicação?
- Estão todos na mesma instalação subterrânea?

3) Decisões a serem tomadas:

As respostas a essas questões ajudarão a tomar a primeira decisão crítica: a guarnição pode
entender a situação do local? Ou guarnições adicionais precisam ser chamadas?

Se mais recursos são necessários, devem ser solicitados imediatamente para dispô-los no local
tanto quanto possível. O chefe de guarnição deve assumir, formalmente, comando da ocorrência,
pois as respostas às questões iniciais formarão a base para o plano de ações da ocorrência.

344
O julgamento da situação deve ser contínuo, cabendo ao socorrista:

- Fazer contato com vítimas (se possível);


- Conversar com testemunhas;
- Examinar as informações ligadas ao sinistro;
- Monitorar a atmosfera dentro das instalações subterrâneas;
- Identificar perigos;
- Avaliar o que se fez e o que está sendo feito;
- Avaliar ameaça dos riscos sobre os benefícios das sugestões avaliadas;
- Avaliar adequadamente a resposta inicial; e
- Solicitar a assistência de peritos.

4) O controle de área:

Se as informações coletadas durante a análise primária confirmarem que um salvamento legítimo


em emergência existe, então, a área ao redor da instalação subterrânea deve ser isolada. A área
dentro do espaço confinado deve ser considerada como zona quente; a área imediatamente fora
do subterrâneo deve ser designada como zona morna; e a área ao redor das duas zonas deve ser
isolada e chamada de zona fria.

5) Segunda análise:

É o reconhecimento da área para reunir informações sobre a instalação subterrânea, suas


condições e suas divisões físicas. Todas as informações coletadas na análise primária e secundária
ajudam a determinar o modelo de operação.

A primeira coisa a ser definida é o tipo de instalação subterrânea. Isso pode indicar a natureza do
problema, exemplo: um porão pode ter deficiência de oxigênio. Também é importante determinar
como a instalação subterrânea foi construída, o que pode indicar fissuras e trincas nas paredes.
Uma especificação ou memorial descritivo de construção do local pode descrever a configuração
da instalação subterrânea e alertar as equipes de salvamento sobre os riscos potenciais.

A entrada é necessária para chegar ao subterrâneo ou será necessário aumentar o espaço?


Escombros terão de ser removidos para oferecer melhor segurança dos trabalhos de salvamento?

Os papéis de especificações, memoriais descritivos de construção ou outros documentos podem


ser capazes de fornecer informações sobre as divisões de local. Os formulários de permissão de
trabalho em local confinado das empreiteiras podem estar disponíveis. Essas informações indicam
as condições das vítimas e o tipo e nível de proteção necessária para as guarnições.

Todas as informações coletadas durante as análises primária e secundária confirmam a natureza


e extensão do problema de salvamento e o comandante da emergência finaliza o plano de ação
da ocorrência. As informações também ajudarão o comandante a tomar a decisão mais importante
relativa ao plano de ação: se for razoável pensar que as vítimas estão disponíveis, a operação deve
ser conduzida como salvamento; e se as vítimas provavelmente estiverem mortas, a operação deve
ser conduzida como recuperação de corpos.

345
6.4.3) Procedimentos aplicados antes do salvamento
Nessa fase, os materiais necessários para a realização das operações de salvamento devem ser
logo solicitados.

- Planos de ação da ocorrência

Relativamente simples, o plano de ação da ocorrência não precisa ser escrito, mas deve ser um
plano. Quanto maiores são as operações mais complexas devem ser escritas e devem refletir o
sistema de gerenciamento da ocorrência. O plano deve ser finalizado e comunicado por HT a todos
os envolvidos na operação.

Enquanto o plano original deve ser suficientemente simples para a acomodação de possíveis
ajustes, um plano alternativo deve estar disponível em caso que algo inesperado ocorra para
invalidar o plano. Se a informação recebida, durante as análises, primária e secundária, foi algo
não claro ou confuso ou se algo subsequente ocorreu como uma explosão secundária ou colapso
maior, mudanças de situação significantes, o plano secundário deve estar pronto para ser
desenvolvido. Se, repentinamente, for necessário salvar as guarnições, o plano secundário deve
estar pronto.

- Recurso material e pessoal

Os recursos consistem de pessoal e equipamentos. São criteriosamente importantes para o


sucesso das operações. Se existe pouco pessoal ou se o pessoal não está treinado suficientemente
para operações de salvamento mesmo com o melhor equipamento do mundo, eles não realizarão
o serviço. Igualmente, o nível mais alto de treinamento e socorristas motivados não são requisitos
suficientes para cumprir a tarefa se eles não tiverem as ferramentas e equipamentos necessários.

Os recursos reunidos no local devem refletir o plano de ação da ocorrência. Mas quanto antes
definido, o pessoal e equipamentos na resposta inicial são insuficientes para o salvamento, o
responsável pela ocorrência deve solicitar recursos adicionais. Se as solicitações forem feitas logo,
rapidamente chegarão ao local onde são necessários. Se o comandante, inicialmente, encontrar-
se inseguro sobre o tipo e/ou quantidade de equipamentos que serão realmente necessários, deve
chamar tudo que poderia ser preciso. Os recursos que provaram ser desnecessários podem ser
devolvidos aos postos de bombeiros ou regressarem quando estiverem a caminho do local da
ocorrência.

Dependendo da natureza e extensão do salvamento, o número de socorristas pode variar. Todavia,


mesmo um salvamento relativamente simples de uma vítima de uma instalação subterrânea pode
envolver de 8 a 10 socorristas: dois socorristas como guarnição de entrada, dois socorristas como
guarnição reserva, um técnico em emergências médicas, um responsável pela segurança
ocupacional, um comandante (oficial ou graduado) e dois ou três profissionais para montar e operar
equipamentos no local de emergência. Obviamente, quando o número de vítimas e a complexidade
do salvamento crescer, o número de socorristas deve aumentar também.

A atmosfera dentro de uma instalação subterrânea pode ser avaliada com a retirada de uma
amostra pelo lado de fora do local, antes da entrada do socorrista, e deve ser
Continuamente monitorada enquanto eles permanecem na instalação. A informação obtida por
amostragem da atmosfera ajuda a determinar a necessidade de ventilação mecânica e o tipo de
proteção respiratória requerida para cada guarnição. Se as leituras mudarem para pior, após os
socorristas terem entrado no local, deve-se reavaliar a situação. Será prudente aguardar até a
ventilação mecânica proporcionar uma atmosfera mais segura antes da reentrada.

Os aparelhos para monitoramento devem estar calibrados para:

346
- Concentração de oxigênio = deve ser autorizada a entrada no local até a ventilação de níveis de
oxigênio abaixo de 23,5%;

- Faixa de explosividade = todas as fontes de calor e ignição devem ser iluminadas e o


monitoramento de vapores explosivos a 10% do limite inferior de explosividade (LIE); o local deve
ser ventilado imediatamente.

- Tóxicos:

Os gases ou vapores tóxicos devem ser dispersos por ventilação, eliminando as fontes de
contaminação. Cuidados com a roupa e equipamentos contaminados, mesmo após 72 horas após
o atendimento da ocorrência, devem ser mantidos. O comandante deve trabalhar para reduzir, ao
máximo, os riscos de contaminação dos socorristas e vítimas.

- Ventilação:

Por causa das aberturas nas instalações subterrâneas serem relativamente pequenas e naturais,
a ventilação sempre será, de alguma forma, ineficiente. Isso significa que a ventilação mecânica
deve ser empregada. Assim teremos duas formas de ventilação mecânica: positiva e negativa. A
forma escolhida deve ser baseada na situação e equipamentos disponíveis no local. A ventilação
mecânica deve ser usada de acordo com a direção do vento e nunca ir contra o vento.

A ventilação positiva ou pressão positiva envolve a criação de uma leve pressão dentro das
instalações por causa da colocação de ventiladores ou infladores no lado de fora da entrada do
local, levando ar fresco para dentro da instalação subterrânea. Para o sucesso dessa ventilação é
necessário observar a distância correta da entrada até o final da instalação. A abertura de saída
deve ser de ¾ a 1 ou uma vez e meia o tamanho da abertura de entrada.

A ventilação negativa envolve a colocação de um ejetor de fumaça intrinsecamente seguro para


exaustão do ar contaminado do local.

A abertura da saída não ocupada pelo aparelho exaustor deve ser preenchida ou coberta com capa
de salvatagem ou material similar que previna contaminação para uma boa exaustão.

- Preparo da instalação subterrânea:

Logo após os recursos necessários terem sido reunidos no local de emergência e a atmosfera
dentro da instalação subterrânea ter sido monitorada para uma entrada mais
Segura, as características da instalação devem ser revisadas antes das equipes de socorristas
iniciarem os trabalhos internos. Isso pode envolver a sinalização de áreas de travessia ou trânsito,
a identificação e confinamento de materiais perigosos no local, limites da instalação e fornecimento
de iluminação intrinsecamente segura dentro da instalação subterrânea.

- Planta baixa:

A configuração interior ou plantas da instalação pode demonstrar os perigos para os socorristas.


Locais dentro da instalação no piso que podem provocar quedas ou escorregamentos tais como:
chão molhado, coberto por fina poeira, tubulações ou valetas. Pisos escorregadios levam os
socorristas a lugares mais estreitos e úmidos. Todos os perigos potenciais devem ser marcados e
sinalizados com fitas ou cordas. O cabo da vida usado por socorristas é uma medida de prevenção
importante.

- Perigos internos:

Representam perigos internos as linhas elétricas energizadas, maquinários, canos, válvulas,


347
mecanismos de nivelamento, controles de voltagem, chaves seletoras de energia, canos com gás
natural ou liquefeito de petróleo, rede de esgoto e estação de tratamento de dejetos e afluentes.

- Escoramentos:

As explosões e calamidades naturais podem danificar ou enfraquecer as estruturas da instalação


subterrânea, que, normalmente, causam colapso total ou parcial. Se houver alguma questão sobre
a integridade estrutural no local, haverá necessidade de escoramento de segurança para os
socorristas e seus serviços.

- Iluminação:

Muitas instalações subterrâneas possuem pouca ou nenhuma iluminação interna. Os profissionais


de salvamento devem estar preparados para fornecer a iluminação que necessitam para as tarefas.

Atmosferas inflamáveis exigirão o uso de equipamentos de iluminação intrinsecamente seguros.


Se a energia é fornecida por gerador portátil, cuidados devem ser tomados para não permitir a
fadiga do motor e o ar voltar a ficar contaminado.

- Comunicações:

Por causa da presença da instalação subterrânea, os salvamentos podem envolver tudo, desde
espaços pequenos, facilmente acessíveis aos espaços complexos com muitas paredes e barreiras
para a comunicação. A forma de comunicação pode variar, consideravelmente, envolvendo
comunicação de voz direta e face-aface. As chamadas não atendidas serão reduzidas desde que
se possa ouvir bem a voz do outro, mesmo não o enxergando.

O cabo da vida deve estar preso no corpo do socorrista para puxá-lo, em caso de emergência, e
também funcionará como meio de comunicação, conforme mencionado Nunidade I.

O telefone celular promove seu valor como sistema de comunicação e transmissão de dados por
viva voz ou “fac símile” (FAX).

Os rádios portáteis (HT) são os meios mais usuais de comunicações os serviços de bombeiros. Os
mais modernos possuem várias canaletas, “scanners”, e múltiplas freqüências e linhas telefônicas
privadas.

- Entrada da equipe de resgate:

Os bombeiros que realmente entrarão nas instalações subterrâneas para efeito de salvamento
devem ser reunidos, ao redor daqueles que trabalharão fora do local e serão responsáveis pelo
apoio e suporte dos socorristas internos. O comandante é responsável pela integração das duas
equipes: a guarnição de entrada e a guarnição reserva externa.

A guarnição de entrada que não atua onde o espaço cabe apenas um socorrista não deve ser
autorizada a entrar em instalações subterrâneas individualmente, no mínimo. As equipes serão
compostas por dois socorristas, os quais estarão apropriadamente vestidos e equipados para as
condições internas e para a natureza do trabalho. A guarnição estará ciente dos riscos e perigos
que irá enfrentar.

A guarnição reserva deve ser plenamente preparada e equipada pronta para entrar, se a primeira
guarnição estiver com problemas. Composta com o mesmo número de profissionais da primeira
guarnição, essa equipe deve possuir o mesmo nível de equipamento, treinamento e experiência.

6.4.4) Operações de resgate


348
Uma vez que toda a preparação foi feita, o processo de remoção de vítimas da instalação
subterrânea deve começar. Essa fase de operação envolve a entrada no local para o bom
desempenho do sistema de salvamento planejado.

- Contagem do pessoal:

Esse sistema garante que somente entre na instalação quem estiver autorizado e equipado
apropriadamente. Sua localização, seu moral e conhecimento servem também para o controle do
tempo de ar respirável (EPR) com cilindro. Um profissional deve ser designado para controlar essas
tarefas.

- Busca:

A menos que a localização da vítima seja óbvia, a guarnição de socorristas deve proceder à busca
na instalação subterrânea, a qual deve ser sistemática e em seqüência lógica. Algumas vezes, o
progresso das pesquisas é lento, mas as guarnições devem se manter juntas como um time e evitar
dispersões. Na busca por trechos ou áreas, um bombeiro deve ficar em posição fixa enquanto os
outros vasculham o local.

O profissional estacionário fica próximo à parede e mantém a conversação e a atenção no Caminho.


Deve-se, de vez em quando, manter o silêncio no sentido de ouvir ruídos, sons ou vozes.

Quando a vítima é encontrada, ela será examinada pelo


técnico em emergências médicas. Se a vítima estiver
consciente será boa fonte de informação para o
comandante da operação. Se houver problema respiratório,
o oxigênio será ministrado, para que o estado de choque e
os efeitos prolongados do calor ou frio sejam evitados.

- Remoção da vítima:

Após estabilização e liberação da instalação subterrânea, a


vítima será envolta em cobertores na maca ou passará por um
processo de descontaminação antes de seguir para o pronto
socorro. A remoção deve ser feita em viatura de resgate que,
após a remoção da vítima, sofrerá descontaminação de seus
equipamentos e instrumentos.

A finalização do salvamento em instalações subterrâneas


envolve elementos óbvios para todo o pessoal e resgate de
equipamentos usados na operação, todavia, envolve também
a investigação das causas da ocorrência e o comentário sobre
atividades operacionais das guarnições.

349
A coleta e identificação de pedaços de equipamentos,
encontrados no local de emergência devem ser claramente
marcados e empacotados, evitando a contaminação de
pessoas, viaturas e equipamentos.

O abandono da instalação subterrânea é, às vezes,


necessário devido à presença de produtos perigosos não
identificados ou riscos iminentes.

Na investigação do sinistro, pode haver a


participação da Polícia Civil Técnica Científica que, aliada
às operações dos bombeiros, pode esclarecer a ocorrência.

Após o encerramento das atividades, é liberado o local para a presença de repórteres (mídia) ou
marcar um encontro com todos os repórteres em entrevista coletiva para informar os passos
operacionais adotados, suas justificativas e recomendações.

350
Uma reunião com todos os que trabalharam na ocorrência é importante a fim de comentar a
execução das tarefas de resgate e salvamento, isso é necessário e útil podendo começar no local
sinistrado (posto de comando) longe do público e completar-se em local específico.

Os componentes das guarnições que participaram efetivamente da ocorrência em instalações


subterrâneas, ou que estejam sujeitos a possíveis infecções, contágios e intoxicações, devem se
apresentar ao serviço médico para inspeção de saúde, a fim de garantir as suas integridades
físicas.

As viaturas e equipamentos contaminados devem passar por etapas de descontaminação e


limpeza geral.

6.4.5) Resgate em espaço confinado

A humanidade dispõe de sofisticados meios de comunicação, fruto do progresso tecnológico. Em


muitos lugares, existem equipamentos para essa finalidade, os quais se baseiam em sistemas de
telefonia, rádios, rádio-comunicação em serviços aéreos, marítimos, televisão, redes de
computação etc.

Na maioria dos acidentes, o sistema elétrico de uma edificação ou de veículos normalmente é


afetado e o socorro em si não costuma usá-lo por medida de segurança. Diante dessas situações,
empregam-se métodos de comunicação simples, que é uma solução rápida e segura para a
obtenção de retorno durante uma situação de emergência.

Podemos identificar alguns desses sinais empregados dentro do sistema de comunicação:

- Sinais sonoros: podem ser empregadas sirenes das viaturas, megafones, rádios e viva voz.

- Sinais visuais: podem ser empregadas lanternas, faróis, pontos de referência, foguetes luminosos
(matas).

- Sinais por toques: sistema empregado com cabo guia


para orientação durante buscas realizadas em
ambientes confinados, sem visibilidade, de difícil acesso
e que torna impossível usar outros meios. Podemos
exemplificar com alguns princípios básicos, mais não os
determinar, pois o sistema pode mudar de atividade para
atividade,

351
Veja os exemplos:
- Um toque - atenção (parando, prosseguindo);
- Dois toques - encontrou alguma coisa;
- Três toques - retornando;
- Quatro toques - necessitando ajuda;
- vários toques consecutivos - emergência.

A padronização das sinalizações pode mudar de acordo com a organização que a utiliza, criando
o seu próprio procedimento padrão.

6.4.6) Equipe preparada com antecedência em situações emergenciais


A preparação antecipada da guarnição deve obedecer aos seguintes procedimentos:
- Organize as equipes de trabalho a prepará-las para o sistema de comunicação que será aplicado,
visando empregar soluções práticas e objetivas.
- Prepare os materiais e equipamentos para o sistema de comunicação.
- Estabeleça o sistema de comunicação, mesmo nas situações mais precárias.
- Verifique, nos arredores, a existência de meios que possam auxiliar no trabalho, a fim de usá-los
como auxílio.
- Mantenha a calma e o discernimento para perceber a hora correta de agir.
- Faça tudo para obter auxílio, mas, ao mesmo tempo, permaneça receptivo às ajudas inesperadas
e inusitadas.
- Procure identificar as pessoas que irão atuar dentro da área de ação.
- Obtenha sempre materiais de reserva, em qualquer situação.

- Nunca descarte a possibilidade de acontecer o imprevisto, desse momento em diante não faça
coisa alguma por iniciativa precipitada, pois não é necessária a pressa, será sempre melhor esperar
um momento oportuno.

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7. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Giovani Moraes de. Legislação de saúde e segurança ocupacional. NR 33: Segurança
e Saúde nos Trabalhos em Ambientes Confinados. Rio de Janeiro, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.787: Espaço Confinado


– Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção. São Paulo, 2001.

CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DE SP. Manual de Aberturas Forçadas. São


Paulo, 2006.

. Manual de Salvamento
Terrestre. São Paulo, 2006.

FUNDACENTRO. Espaços Confinados: livreto do Trabalhador. São Paulo, 2007.


LOUREIRO, Ricardo dos Santos. Manual de Busca e Salvamento. Rio de Janeiro, 2008.
SEITO, Alexandre Itiu. et al. A Segurança Contra Incêndio no Brasil. São Paulo, 2008.

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