Você está na página 1de 2

Trabalho de Filosofia

Atividade Prática (ATP)


Aluno: Lael Eduardo de Oliveira Lima

É muito curiosa a maneira pela qual Immanuel Kant define o termo


minoridade. Para ele, alguém só saí da minoridade quando se torna capaz de
pensar a respeito de decisões importantes para si mesmo sem o auxílio de
outra pessoa. Dessa forma, é atingiu a maioridade aquele que por si só
consegue organizar sua vida e fazê-la funcionar. Alguém que organiza seus
horários para estudar sem que ninguém precise ficar lhe lembrando ou um
funcionário que faz seu dever de forma prática e organizada sem ter de ser
constantemente lembrado pela gerencia, são exemplos práticos desse
pensamento de Kant.
Uma vez que tenhamos alcançado a maioridade é preciso que as
pessoas tenham a liberdade de publicamente questionar os modelos sociais
vigentes. Afinal, se não pudermos declarar nossos pensamentos a respeito de
uma situação, ela nunca mudará. Entretanto, Kant afirma que essa liberdade
deve ser limitada na estrutura privada, uma vez que sem a obediência várias
estruturas sociais sucumbiriam. Mas a crítica deve existir, para possa haver
mudança.
A dificuldade de alcançarmos a maioridade e de declararmos
publicamente nossas reflexões a respeito do mundo a nossa volta derivam da
comodidade e do medo. É muito mais fácil e cômodo que outra pessoa pense e
tome minhas decisões em meu lugar, mas ao pensar dessa forma estarei
agindo como uma criança. Para solucionar a questão do medo, podemos fazer
uso dos ensaios de Montaigne a respeito da morte.
Montaigne afirma que embora a morte seja vista como um grande
inimigo a ser temido, não existe real motivo para tal. Ele afirma que a morte de
um indivíduo nunca será um empecilho para ele mesmo, uma vez que
enquanto vivo a morte não lhe afeta, e quando morto, ele não mais existirá
para se preocupar com ela. Dessa forma, aceitar que somos seres finitos e que
a morte pode vir a qualquer momento das mais variadas formas possíveis nós
concede liberdade. A liberdade de saber que não é necessário temer ser quem
nós realmente somos, uma vez que não importando nossas decisões, a morte
nos alcançará. Aprender a morrer nos ensina a ser livres. E sendo
verdadeiramente livres, podemos definir nossos próprios objetivos e usar da
nossa liberdade para torna-los realidades.
Dentro do meio acadêmico, essa liberdade é essencial para que
possamos de fato fazer ciência. De acordo com Thomas Kuhn, a evolução da
ciência se dá através do confronto de novas ideias com antigos paradigmas. É
a liberdade de se fazer do uso público da razão que permite que leis e teorias
vigentes sejam criticadas e confrontadas com novas ideias e fatos, afim de se
gerar um novo paradigma, agora melhorado, capaz de explicar muito mais do
que os antigos paradigmas faziam.
Durante o fazer cientifico, precisamos nos atentar também a
complexidade das relações entre as diversas áreas do conhecimento. Para
Edgar Morin, não basta estudar apenas as partes das coisas que compões
nosso mundo, mas também a relação entre elas. Como estudante de apenas
uma área, é muito fácil se esquecer da multiplicidade de saberes científicos e
sociais que afetam minha área de estudo. Se atentar as relações complexas
entre elas também é ciência e é uma forma de se manter conectado ao mundo
mesmo ao entrar em um nicho de estudo.
Por fim, alcançar a maioridade é se tornar livre para pensar por si
mesmo, livre para montar meu próprio futuro e livre para poder questionar e
apresentar minhas reflexões a respeito do mundo em que vivo e dos estudos
ao qual me dedicar.

Você também pode gostar