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A OBRA DO ESPÍRITO

SANTO NA SALVAÇÃO
A. W. Pink
Traduzido do original em Inglês
The Holy Spirit's Work in Salvation
By A. W. Pink

Via: EternalLifeMinistries.org

Tradução por Amanda Ramalho


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

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A Obra do Espírito Santo na Salvação

Issuu.com/oEstandarteDeCristo
Por Arthur Walkington Pink

Em Atos 19 aprendemos que quando o apóstolo Paulo chegou a Éfeso, ele perguntou a
alguns discípulos de João Batista: “recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” (v. 2)
e nos é dito: “eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo”. É triste
dizer: a história se repetiu. Sem dúvida, se fosse feita a mesma pergunta aos membros de
centenas das chamadas “igrejas” (nas quais o modernismo e o mundanismo imperam), eles
seriam obrigados a retornar uma resposta idêntica. A razão pela qual aqueles discípulos
em Éfeso não conheciam o Espírito Santo foi, muito provavelmente, porque eles haviam si-
do batizados na Judéia pelo precursor de Cristo e, em seguida, voltaram para Éfeso, onde
eles permaneceram na ignorância do que havia acontecido no dia de Pentecostes. Mas a
razão pela qual os membros da “igreja” comumente não sabem nada sobre a terceira pes-
soa da Trindade é porque os pregadores deles não falam sobre Ele.

Também não é muito melhor com muitas das igrejas ainda consideradas como ortodoxas.
Embora a pessoa do Espírito não seja repudiada e embora Seu nome possa, ocasional-
mente, ser mencionado, contudo, com apenas raras exceções há qualquer ensino bíblico
definitivo dado sobre os ofícios e operações do Consolador Divino. Quanto à Sua obra na
salvação, isso é pouquíssimo compreendido até mesmo por Cristãos professos. Na maioria
dos lugares onde o Senhor Jesus ainda é formalmente reconhecido como o único Salvador
para os pecadores, o ensino atual é que Cristo tornou possível que os homens sejam sal-
vos, mas que eles próprios devem decidir se eles serão salvos. A ideia agora tão ampla-
mente predominante é que Cristo é oferecido para aceitação do homem, e que ele deve
“aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal”, “dar o seu coração para Jesus”, “tomar a sua
decisão por Cristo” e etc. se quiser que o sangue da cruz sirva para remir seus pecados.
Assim, de acordo com essa concepção, a obra consumada de Cristo, a maior obra de todos
os tempos e em todo o universo é deixada na dependência da vontade inconstante do
homem para saber se será um sucesso ou um fracasso!

Entrando agora num círculo mais estreito da Cristandade, em lugares onde ainda é enten-
dido que o Espírito Santo tem uma missão e ministério em conexão com a pregação do
Evangelho, a ideia geral prevalece mesmo onde o Evangelho de Cristo é fielmente pregado,
o Espírito Santo convence os homens do pecado e lhes revela a sua necessidade de um
Salvador. Mas, além disso, muito poucos estão dispostos a ir. A teoria que prevalece nesses
lugares é que o pecador tem que cooperar com o Espírito, que ele mesmo deve ceder ao
Espírito “se esforçando” ou ele não vai e não pode ser salvo. Mas esta teoria perniciosa
que insulta a Deus nega duas coisas: argumentar que o homem natural é capaz de cooperar
com o Espírito é negar que ele está “morto em delitos e pecados”, pois um homem morto é

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incapaz de fazer qualquer coisa. E, por dizer que as operações do Espírito no coração e na
consciência de um homem podem ser resistidas, opostas, é negar Sua onipotência!

Antes, prosseguindo adiante, e a fim de abrir o caminho para o que se segue, algumas
palavras precisam ser ditas sobre “o meu Espírito não contenderá para sempre com o
homem” (Gênesis 6:3) e “vós sempre resistis ao Santo Espírito” (Atos 7:51). Agora, essas
passagens se referem ao trabalho externo do Espírito, isto é, o seu testemunho através da
Palavra pregada. 1 Pedro 3:18-20 mostra que foi o Espírito de Cristo em Noé, que “se
esforçou” com os antediluvianos enquanto o patriarca pregava a eles (2 Pedro 2:5). Assim,
Atos 7:51 explica as palavras: “A qual dos profetas não perseguiram vossos pais”. Como
disse Neemias: “Porém estendeste a tua benignidade sobre eles por muitos anos, e testi-
ficaste contra eles pelo teu Espírito, pelo ministério dos teus profetas” (Neemias 9:30).

O trabalho externo do Espírito, Seu testemunho através das Escrituras, uma vez que recai
sobre o ouvido externo do homem natural, é sempre “resistido” e rejeitado, o que somente
demonstra solenemente o terrível fato de que “a inclinação da carne é inimizade contra
Deus” (Romanos 8:7). Mas o que vamos hoje salientar é que a Escritura revela outra obra
do Espírito Santo, uma obra que é interna, imperceptível e invisível. Esta obra é sempre
eficaz. É a obra do Espírito na salvação, começado no coração com o novo nascimento,
continuado ou mantido ao longo de todo o curso da vida do Cristão na terra, e concluído e
consumado no céu. Isto é o que é referido em Filipenses 1:6: “aquele que em vós começou
a boa obra a aperfeiçoará.” Isto é o que está em vista em Salmos 138:8: “O Senhor aperfei-
çoará o que me toca”. Este trabalho é feito pelo Espírito em cada um dos “eleitos de Deus”,
e neles apenas.

Tem sido dito que “a parte e o oficio do Espírito Santo na salvação dos eleitos de Deus con-
siste em renová-los. Ele vivifica os herdeiros da glória com a vida espiritual, ilumina a mente
para conhecer a Cristo, O revela a eles, forma a Cristo em seus corações e os leva a cons-
truir todas as suas esperanças de glória eterna somente nEle. Ele derrama o amor do Pai
em seus corações, e dá-lhes um sentido real do mesmo na experiência de Sua obra gra-
ciosa e eficaz em suas almas, eles são levados a dizer como o salmista: ‘Bem-aventurado
aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios’ (Salmos
65:4)”.

Um dos enganos do dia é que uma crença evangélica em Cristo repousa sobre o poder do
homem não regenerado, de modo que pela realização do que é ingenuamente chamado de
“um simples ato de fé”, ele se torna um homem renovado. Em outras palavras, supõe-se
que o homem é o iniciante da sua própria salvação. Ele dá o primeiro passo, e Deus faz o
restante; ele “acredita” e, em seguida, Deus vem e o salva. Isto não é senão uma negação

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evidente e obscura da obra do Espírito. Se há um momento mais do que qualquer outro em
que o pecador se encontra necessitado do poder do Espírito é no princípio. “Aquele que
nega a necessidade do Espírito, no início, não pode acreditar em Sua obra nas fases seguin-
tes. Não, não pode acreditar na necessidade da obra do Espírito de forma alguma. A maior
e mais insuperável dificuldade se encontra no começo. Se o pecador pode superar essa
parte sem o Espírito, ele pode facilmente superar o restante. Se ele não precisa do Espírito
para capacitá-lo a crer, ele não precisará dEle para capacitá-lo a amar” (Horatius Bonar).

Erram muito os que pensam que depois que o Espírito fez o Seu trabalho na consciência,
segue que é o homem quem deve dizer se ele quer ser regenerado ou não, se ele irá crer
ou não. O Espírito de Deus não espera que o pecador exerça a sua vontade para crer; Ele
opera nos “eleitos” “tanto o querer como o efetuar”. (Filipenses 2:13) Portanto, Jeová
declara: “Eu fui achado pelos que não me buscavam” (Isaías 65:1, citado por Paulo em
Romanos 10:20). Pois “crer” em Cristo de forma salvífica é um ato sobrenatural, o efeito da
graça sobrenatural. Não há mais poder no homem caído para crer para a salvação de sua
alma do que mérito de sua autoria que lhe dá direito ao favor de Deus; assim, ele é tão
dependente do Espírito por poder como de Cristo por merecimento. A obra do Espírito é
aplicar a redenção que o Senhor Jesus comprou para o Seu povo, e os filhos de Deus
devem sua salvação a Um tanto quanto ao Outro.

Em Tito 3:5, a salvação dos remidos é expressamente atribuída a Deus, o Espírito: “Não
pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou
pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”. “Se for perguntado em
que sentido os homens podem ser chamados de “salvos” pela renovação do Espírito, a res-
posta é óbvia: Há uma série de verdades a que nenhuma delas pode ser perdida. Somos
salvos pelo propósito Divino, pois Deus nos elegeu para a salvação, somos salvos pela
expiação como o fundamento meritório do todo, somos salvos pela fé, como o vínculo de
união a Cristo, somos salvos pela graça, em contraste com as obras feitas, somos salvos
pela verdade enquanto carregamos o testemunho de Deus, e, como aqui é dito: somos sal-
vos pela renovação do Espírito Santo, como a produção de fé no coração”. (Prof. Smeaton)

A REGENERAÇÃO É PELO ESPÍRITO

“E vos vivificou estando vós mortos em delitos e pecados” (Efésios 2:1). A vivificação dos
que estão mortos em delitos é a obra da terceira pessoa da Trindade: “O que é nascido do
Espírito é espírito” (João 3:6). O homem natural está morto espiritualmente. Ele está vivo
para o pecado e para o mundo, mas morto para Deus: “separados da vida de Deus” (Efésios
4:18). Se esta verdade solene fosse realmente crida, haveria um fim à controvérsia sobre
o nosso tema presente. Um homem morto não pode “cooperar” com o Espírito, nem pode

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“aceitar a Cristo”. Em 2 Coríntios 3:5, lemos: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar
alguma coisa, como de nós mesmos”. Isto é dito aos Cristãos. Se o regenerado não tem
capacidade de “pensar” espiritualmente, ainda muito menos capazes são os não-regenera-
dos.

“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios
2:14) O que poderia ser mais claro? O “homem natural” está caído em seu estado não-
regenerado. A menos que ele nasça do alto, ele é completamente desprovido de discerni-
mento espiritual. Nosso Senhor expressamente declarou: “Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). O “homem
natural” não pode ver a si mesmo, a sua ruína, sua depravação, a imundícia da sua justiça
própria. Não importa o quão claramente a verdade de Deus lhe seja apresentada, sendo
cego, ele não pode discernir tanto o seu significado espiritual ou a sua própria necessidade.
A compreensão espiritual do Evangelho é verdadeiramente devida à operação do Espírito
Santo, assim como Ele é o Autor da revelação Divina. A vida espiritual deve preceder a
visão espiritual, e o próprio Espírito deve entrar no coração antes que haja a “vida”: “porei
em vós o meu Espírito, e vivereis” (Ezequiel 37:14).

A obra do Espírito na regeneração é um milagre Divino, que é primeiramente o resultado


da Sua introdução de poder sobrenatural. É a vivificação de um cadáver espiritual; é o trazer
uma alma morta à vida. O próprio pecador não mais pode realizá-lo por um ato de sua pró-
pria vontade do que ele pode criar um universo. Este milagre da graça é descrito nas Escri-
turas como: “a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo
a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os
mortos, e pondo-o à sua direita nos céus” (Efésios 1:19-20). “O mesmo poder que foi empre-
gado para levantar Cristo dentre os mortos é exercido na regeneração... A ressurreição de
Cristo é o modelo exemplar de nossa ressurreição espiritual, segundo a qual, conforme o
Espírito Santo operou nEle, para que Ele operasse em nós uma obra conforme à Sua
ressurreição. Assim como a ressurreição de Cristo foi a grande declaração dEle ser o Filho
de Deus, também a regeneração é a declaração de sermos filhos de Deus, sendo a prova
da nossa adoção, e também a primeira descoberta de nossa eleição. Como a ressurreição
de Cristo é o primeiro passo para o Seu reino eterno e glória, do mesmo modo a regene-
ração é a primeira introdução aberta para a todas as bênçãos do estado de graça na qual
o filho de Deus está agora introduzido” (S. E. Pierce).

A APTIDÃO PARA O CÉU É POR MEIO ESPÍRITO

Nosso título para a glória reside unicamente na justiça de Cristo; nossa aptidão pessoal

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para ela reside na nossa regeneração pelo Espírito Santo. Toda a nossa iminência para o
estado celeste foi operada em nós na regeneração. Escrevendo aos regenerados de Colos-
senses o apóstolo disse: “Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da
herança dos santos na luz”. E então ele mostra no que esta “idoneidade” consiste: “O qual
nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”
[Colossenses 1:12-13]. Este título não vem deles; sua “idoneidade” os antecede. O Espírito
Santo criou neles uma natureza que é capacitada para conhecer e desfrutar do Deus
Triuno.

Em nosso estado não-regenerado estávamos completamente sob o poder das trevas, isto
é, do pecado e de Satanás, e erámos menos capazes de nos livrar do cativeiro do que Jo-
nas foi capaz de escapar da barriga do grande peixe. Nós nos “assentávamos na escuridão”
e “na região e sombra da morte” (Mateus 4:16). Estávamos “cativos”, “sujeitos” e na “prisão”.
(Isaías 61:1) Nós éramos aqueles que “não tinham esperança, e estavam sem Deus no
mundo” (Efésios 2:12). A partir desse estado terrível cada alma renovada foi “liberta” pelo
poder gracioso, soberano e invencível do Espírito Santo, e tem sido “transportado para o
reino do Filho amado de Deus”. Então que cada leitor igualmente honre, adore e louve a
Ele, como ao Pai e ao Filho.

A JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO SÃO PELO ESPÍRITO

“E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas
haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1
Coríntios 6:11). Esta é uma Escritura notável e pouco ponderada. Isso nos conduziria a
muito longe de nosso tema que estamos tentando expor completamente. Duas coisas aqui
nós claramente destacamos: as três bênçãos da salvação enumeradas neste versículo são
referidas: em primeiro lugar, pelo “nome” ou méritos de Cristo como Sua própria causa
obtida; e depois pelo Espírito Santo, que faz com que os eleitos sejam participantes deles
por Sua própria aplicação eficaz. Ele é quem ilumina a mente e abre o coração para receber
e ter certeza de que eles são “lavados, santificados e justificados”.

A FÉ É PELO ESPÍRITO

Um servo de Deus profundamente instruído certa vez escreveu a um jovem pregador,


“Nunca apresente a fé como sendo um ato tão ‘simples’ que o trabalho do Espírito não se
faça necessário para produzi-la”. No entanto, isso é o que tem sido comumente feito. Uma
grande parte dos evangelistas dos últimos séculos tem mostrado um zelo que não está de
acordo com o conhecimento (Romanos 10:2), e manifestaram uma preocupação muito
maior em ver almas salvas do que em pregar a verdade de Deus em sua pureza. Em seus

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esforços para mostrar a simplicidade do “caminho da salvação”, eles perderam de vista as
dificuldades da salvação (Lucas 18:24, 1 Pedro 4:18). Em sua urgente responsabilidade de
fazer o homem crer, eles ignoraram o fato de que ninguém pode acreditar até que o Espírito
conceda a fé. Pois apresentar Cristo ao pecador e, em seguida, largá-lo de volta a sua pró-
pria vontade, é zombar dele em seu desamparo; a obra do Espírito no coração é tão real e
urgentemente necessária, como foi o trabalho de Cristo na cruz. Pois o fato do coração ser
realmente levado a acreditar e confiar em Deus é um ato espiritual, um “bom fruto”, e se o
homem caído possui poder inerente de fazer o bem, segue-se que apresentar a expiação
para ele é completamente desnecessário.

Não há meio-termo entre a vida e a morte; nenhum estágio intermediário entre a conversão
e não-conversão. A outorga da vida eterna é instantânea; somos “criados em Cristo Jesus”
(Efésios 2:10) É um erro gravíssimo supor que depois que o Espírito de Deus tem feito a
Sua obra no pecador, ainda permanece para ele a incumbência de ser regenerado ou não,
se ele deve crer ou não. Todos os que são recipientes de Suas operações sobrenaturais
são regenerados, efetivamente convertidos e realmente acreditam. Não é que o Espírito dá
a capacidade de acreditar e aguarda o indivíduo exercer a sua vontade de crer: não, Ele
opera nos eleitos “tanto o querer como o efetuar” (Filipenses 2:13). Eu posso dizer a um
homem que na sala ao lado, existe uma luz acesa, e ele pode não acreditar em mim, mas
deixe-me levá-lo para a sala onde a luz está, e tão logo ele veja a luz por si mesmo ele é
irresistivelmente persuadido. Assim, um servo de Deus pode dizer a um homem que Cristo
é suficiente para o principal dos pecadores, e ele não acreditar; mas quando Cristo é
“revelado nele” (Gálatas 1:16), ele não pode deixar de confiar nEle. Veja 2 Coríntios 4:6.

Como o homem perversamente inverte a ordem da verdade de Deus. Eles pedem aos peca-
dores mortos para virem a Cristo, supondo que eles têm o poder ou vontade de fazê-lo.
Considerando que Cristo clara e enfaticamente afirmou: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai
que me enviou o não trouxer” (João 6:44). “Vir a Cristo” é o afeto do coração sendo atraído
para Ele, e como pode uma pessoa amar o que ela não conhece? Veja João 4:10. Ah, é o
Espírito que deve levar Cristo para mim, revelá-lO em mim antes que eu possa realmente
conhecê-lO. “Vir a Cristo” é um ato interior e espiritual, não um ato externo e natural. Verda-
deiramente, “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1
Coríntios 2:14) Não podemos “olhar para Cristo” até que tenhamos nascido de novo (João
3:3).

A graça salvadora é algo mais do que um fato objetivo que nos é apresentado; é uma ope-
ração subjetiva forjada dentro de nós. Como não é pelo meu discernimento natural que eu
descubro a minha necessidade de Cristo, também não é por minha força natural e vontade

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que eu “vou” a Ele. Deve haver vida e luz (visão) antes que possa haver movimento. Um
bebê tem que nascer, e possuir visão e força, também, antes que seja capaz de “vir” até o
seu pai. Crer em Cristo é um ato sobrenatural, o produto de um poder sobrenatural. Pode-
se, por meio de frases gramaticais e proposições das Escrituras ensinar a verdade espiritual
para outro, mas isso não pode iluminar a mente dele a esse respeito. Ele pode dizer a um
homem que Deus é santo, mas ele não pode dar a ele uma consciência de que Deus é san-
to. Ele pode dizer a ele que o pecado é infinitamente hediondo, mas ele não pode gerar ne-
le um sentimento ou fazê-lo compreender de coração que é assim. Para aqueles que esta-
vam bem familiarizados com isso exteriormente, Cristo disse: “Não me conheceis a mim,
nem a meu Pai” (João 8:19) Um homem pode “conhecer” o caminho da justiça (2 Pedro
2:21), teoricamente, intelectualmente, mas isso é uma questão muito diferente (embora
muito poucos sejam interiormente cientes disso) de um conhecimento experimental e espi-
ritual dEle: “temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei;
nós cremos também, por isso também falamos” (2 Coríntios 4:13) Aqui, o Espírito de Deus
fala de acordo com a obra que Ele opera. “O título 'Espírito de fé’ dá a entender que o
Espírito Santo é o autor de fé; pois, nem todos os homens têm fé; ou seja, não é dada a to-
dos e não pertence a todos (2 Tessalonicenses 3:2). A designação significa que a causa, a
aquisição da fé é a partir do Espírito Santo, que produz esse efeito por um chamado invi-
sível, um convite que acompanha, de acordo com o beneplácito de Sua vontade, a procla-
mação externa do Evangelho. A fé, portanto, da qual Ele é o autor, não é afetada pela
própria força do ouvinte, ou pela própria vontade efetiva do ouvinte... A operação especial
do Espírito inclina o pecador, anteriormente avesso, para receber os convites do Evangelho;
pois é somente Ele, atuando como o Espírito de fé, que remove a inimizade da mente carnal
contra as doutrinas da cruz, pois sem tais, as doutrinas pareceriam desnecessárias, tolas
ou ofensivas” (Prof. Smeaton).

Escrevendo aos santos de Filipos, o apóstolo declarou: “A vós é dado... crer nele” (1:29). A
fé é “dom” de Deus como Efésios 2:8-9 afirma positivamente. Não é um dom oferecido para
a aceitação do homem, mas, na verdade, conferido aos filhos de Deus, soprados neles. Ele
a concedeu a cada um dos “eleitos de Deus” no seu tempo determinado pelo Espírito Santo.
Não é produzida pela vontade da criatura, mas é “fé no poder de Deus” (Colossenses 2:12)
É uma “obra” do Espírito Santo, pela Sua atuação sobrenatural. O Espírito Santo é dado
por Cristo para este fim, a saber, para que cada um daqueles por quem Ele morreu seja
levado ao conhecimento da salvação da verdade, portanto, é-nos dito: “por Ele (não por
nossa vontade) credes em Deus” (1 Pedro 1:21). Em 1 Coríntios 3:5 nos é dito que:
“crestes... conforme o que o Senhor deu a cada um”; assim em Efésios 6:23 é declarado:
“Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo”.
O próprio grau e força da nossa fé é determinado unicamente por Deus: “pense com mo-
deração, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Romanos 12:3). Se pela

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graça Ele fez de você verdadeiramente um “crente”, que o leitor dê a Deus, o Espírito, a
honra, a glória e o louvor por isso.

A SALVAÇAO É TOTALMENTE APLICADA PELO ESPÍRITO

“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter
Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da ver-
dade” (2 Tessalonicenses 2:13). A missão do Espírito na terra é aplicar aos eleitos de Deus
o resgate proposto por Deus Pai e comprado por Deus, o Filho, para eles. O Espírito Santo
está aqui para fazer o bem às almas dos herdeiros da glória pelos frutos das dores de parto
da alma de Cristo. Isso Ele faz por meio do Evangelho, pelos escritos e pelo ministério oral
da Escritura, pois a Palavra de Deus é o único instrumento que Ele emprega ou utiliza. A
Palavra de Deus é “a palavra da vida” (Filipenses 2:16), mas ela só se torna vida na expe-
riência da alma individual pela operação imediata e aplicação do Espírito de Deus. Como
Paulo escreveu aos santos de Tessalônica: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por
vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação,
em santificação do Espírito, e fé da verdade” (2 Tessalonicenses 2:13). Isto não é para
negar a eficácia da própria Palavra, mas é para insistir que a agência direta do Espírito
sobre o coração é absolutamente necessária para a recepção da Palavra. A Palavra é lâm-
pada para o nosso caminho, mas deve haver uma abertura dos olhos do nosso entendi-
mento pelo Espírito antes que possamos ver a Sua luz.

A salvação dos eleitos de Deus foi proposta, planejada e provida por Deus Pai, antes da
fundação do mundo. Foi adquirida e garantida pela encarnação, obediência, morte e res-
surreição do Filho de Deus. É revelada, aplicada neles por Deus, o Espírito. Assim, “do
Senhor vem a salvação” (Jonas 2:9), e o homem não tem parte ou põe a mão nela em
qualquer ponto. O filho de Deus não é o conquistador, mas o recipiente dela. A fé não é
uma condição que o pecador eleito deve atingir a fim de obter a salvação, mas é o meio e
canal através do qual ele pessoalmente goza a salvação do Triuno Jeová.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
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de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
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Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
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para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
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Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
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Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
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se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
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nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
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por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
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também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
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Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
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interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
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produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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