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A Inclusão Social através da Educação Profissional na

Modalidade a Distância Semipresencial


Cristina Pfeiffer1, Mercedes C.S. Moreira2, M.Cristina L. Silva2, Masako Masuda1
1
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de
Janeiro - CECIERJ
Rua Visconde de Niterói, 1364 - Mangueira CEP: 20943-001 - Rio de Janeiro
2
Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro – FAETEC
Rua Clarimundo de Melo, 847 – Quintino Bocaiúva CEP 21311-280 – Rio de Janeiro
{masako, pfeiffer}@cederj.rj.gov.br, mcristina@faetec.rj.gov.br,
dde.mercedes@gmail.com

Abstract. The paper relates the management process on distance education of


the Vocational Education for Initial and Continuing Formation of Workers. It is
a social inclusion project and the target public is Brazilian citizens without job
and who have not finished elementary school. For this reason, seven basic
courses were developed and offered in bimodal modality, from a partnership
between FAETEC - Fundação de Apoio à Escola Técnica and CECIERJ -
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância, both affiliated
to the SECT – Secretaria de Ciência e Tecnologia of Rio de Janeiro. This
project is also supplying the industrial and commercial demands derived from
local and regional characteristics of Rio de Janeiro state.

Resumo. Neste artigo é relatado o processo de gestão em EAD do projeto Educação


Profissional de Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores, que está permitindo a
inclusão social, uma vez que o público alvo são cidadãos brasileiros desempregados e
que não terminaram o ensino fundamental. Por isso, foram desenvolvidos e oferecidos
sete cursos de formação básica, na modalidade semipresencial, gerados a partir de uma
parceria entre a FAETEC - Fundação de Apoio à Escola Técnica e a CECIERJ -
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância, ambas afiliadas à
Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. O projeto também está
suprindo demandas de mão de obra, nas áreas da indústria e comércio, oriundas das
características locais e regionais de trabalhadores, no Estado do Rio de Janeiro.

1. Introdução
Já é fato que “o adulto deste século é um ser-em-processo de educação permanente”
Carmo (1997, p.133, apud Scremim 2002) o que gera uma perspectiva de aprendizagem
para toda a vida. E isto exige programas de níveis e modalidades diversas, tanto na
educação formal como no aperfeiçoamento profissional, onde é crescente a demanda por
educação, especialmente na modalidade a distância, direcionada quase que
exclusivamente ao aprendiz adulto. Portanto, a educação é o alicerce para a inclusão
social, geração de trabalho e renda e para o desenvolvimento científico e tecnológico de
um país. No entanto, no Brasil:
- mais de 65 milhões de trabalhadores não têm o ensino médio, e muitos não concluíram
o ensino fundamental (Haddad, 2005);
- apenas duas em cada cinco pessoas entre 15 e 18 anos conseguem completar o ensino
fundamental (IBGE, 2004).
As principais razões para que isto esteja acontecendo são:
- um número expressivo de crianças não freqüentam a educação infantil;
- o desestímulo do aluno quando chega à 8ª série do ensino fundamental sem a
oportunidade de continuar os estudos no ensino médio.
Em função desta falta de acesso à educação da maioria dos cidadãos brasileiros,
aumenta a cada dia a exclusão social e a carência de profissionais bem qualificados. A
questão, portanto, é: como reverter esta situação? Como possibilitar a inclusão social
deste tipo de público alvo composto em sua maioria por aprendizes adultos?
Neste artigo são relatados: o processo de gestão em educação a distância - EAD
e alguns resultados da implementação do projeto piloto Educação Profissional de
Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores na modalidade semipresencial, no
período agosto-dezembro de 2007. Este projeto é fruto de uma parceria firmada, em
fevereiro de 2007 entre a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de
Janeiro – FAETEC, detentora da competência acadêmica para a educação profissional
presencial e a Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado
do Rio de Janeiro – CECIERJ, detentora da metodologia e logística do ensino a
distância na modalidade semipresencial. O principal objetivo deste projeto é permitir a
inclusão social, uma vez que o público alvo são cidadãos brasileiros desempregados
com uma idade mínima de 17 anos e que não terminaram o ensino fundamental (pelo
menos a 7ª série completa). Também se pretende suprir a demanda por mão-de-obra
qualificada no mercado de trabalho, principalmente nas áreas da indústria e comércio,
atendendo, prioritariamente, às demandas oriundas das características locais e regionais
de trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro. E isto está sendo possível através de 7
(sete) cursos gratuitos de formação profissional inicial na modalidade semipresencial, de
curta duração (5 meses), para a formação de pessoas que anseiam por uma qualificação
profissional e estão impossibilitados de freqüentar cursos totalmente presenciais.

2. O ensino profissionalizante e a EAD


Com os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), destacando-se a
Internet, o paradigma tradicional da sala de aula está se deslocando para um ambiente de
aprendizagem baseado numa educação mais centrada no aprendiz, que tem se mostrada
bastante desafiadora e inovadora. A web, por exemplo, pode ser considerada como um
ambiente favorável para a democratização do acesso à informação, por abrir inúmeras
possibilidades para um expressivo número de usuários.
O uso dessas tecnologias está possibilitando diversas vantagens logísticas e
pedagógicas tais como: a transmissão rápida de informações a qualquer momento e para
toda parte, estímulo à aprendizagem autônoma, maior interatividade entre professores e
alunos, maior individualização, o que poderá contribuir para uma melhor qualidade dos
programas e maior eficácia da aprendizagem (Peters, 2004). Portanto, a principal
conseqüência do uso das TIC no processo ensino-aprendizagem é o rompimento das
barreiras impostas pelas limitações de tempo e espaço, típicas da escola presencial
formal. E isto está provocando o surgimento de novas modalidades de ensino que devem
se adaptar às novas tecnologias, gerando uma “Sociedade Aprendente”, que se encontra
em estado de aprendizagem permanente e está pautada na informação (Assmann, 2003).
Neste contexto surge a educação a distância, uma modalidade de ensino que promove
oportunidades para aprender, valendo destacar os programas e cursos a distância oferecidos
pelas instituições de ensino superior, que estão voltados tanto para o autodesenvolvimento
como também para a educação continuada profissionalizante (Blattmann, 1998).
Portanto, com o aumento da utilização das TIC na área educacional, tem-se
observado um crescimento do ensino a distância no mundo. Nesta área o Brasil
encontra-se muito bem posicionado, pois já apresenta modelos para o Ensino Superior a
distância, valendo destacar os que estão sendo adotados pelo Consórcio CEDERJ da
Fundação CECIERJ (http://www.cederj.edu.br) e pela UAB - Universidade Aberta do
Brasil (http://mecsrv70.mec.gov.br/webuab/), descritos no item 3 deste artigo.
No entanto, ainda existe um “nicho” de mercado no que diz respeito a cursos de
educação profissional na modalidade a distância. O projeto piloto descrito neste artigo
está sendo uma experiência inovadora e inédita no Brasil, gerada a partir de uma
parceria criada em fevereiro de 2007 entre a FAETEC, detentora da competência
acadêmica para a educação profissional presencial e a Fundação CECIERJ, detentora da
metodologia e logística do ensino a distância na modalidade semipresencial. Neste tipo
de ensino, o aluno estuda a distância, na maior parte do tempo (em casa, no trabalho,
etc.), tendo que comparecer, toda semana, a um pólo de atendimento para tirar dúvidas
com um professor tutor e participar de aulas práticas.

3. A Fundação CECIERJ e a FAETEC


Neste item procurou-se descrever as duas instituições que fazem parte da parceria que
possibilitou a implantação dos cursos de educação profissional de formação inicial na
modalidade a distância semipresencial..

3.1- O modelo de EAD da Fundação CECIERJ /Consórcio CEDERJ


A Fundação CECIERJ, vinculada à SECT - Secretaria de Estado de Ciência e
Tecnologia e integrada à Administração Estadual indireta, é uma entidade sem fins
lucrativos, de duração indeterminada, com foro e sede na cidade do Rio de Janeiro,
gozando de autonomia didático-científica, administrativa, financeira e patrimonial.
Constituem-se os objetivos da Fundação CECIERJ (Monteiro et al, 2007) oferecer
educação superior gratuita e de qualidade, na modalidade a distância; a formação
continuada de professores do ensino fundamental, médio e superior e promover a
expansão e interiorização do ensino gratuito e de qualidade no Estado. Para isso são
oferecidos cursos de graduação e extensão, atividades curriculares e extracurriculares,
presenciais ou a distância.
O CEDERJ - Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de
Janeiro - que existe há seis anos consiste num consórcio de universidades públicas
federais (UFRJ, UFF, UFRRJ, UniRio) e estaduais (UERJ e UENF), para o
oferecimento de cursos de graduação a distância semipresenciais. No final do segundo
semestre de 2007, existiam 11.335 matrículas ativas nos cursos de Licenciatura em:
Ciências Biológicas, Matemática, Física, Química, Pedagogia somente para Séries
Iniciais. Também são oferecidos os cursos: Administração e Tecnologia de Sistemas de
Computação. Em 2008 já está sendo oferecido o curso de Licenciatura em Pedagogia.
No Consórcio CEDERJ é utilizado um sistema de transmissão e avaliação de
conhecimentos que integra momentos presenciais e a distância. E isto é possível a partir
de: 1) material didático impresso e material didático para a web, elaborados num
formato especial para a EAD; 2) tutoria presencial e a distância; 3) aulas práticas em
laboratórios nos pólos regionais e nas universidades consorciadas; 4) avaliações
presenciais e a distância. O material didático também é disponibilizado numa
plataforma de e-Learning, que oferece várias ferramentas, dentre as quais Bate-Papo
(Chat); E-mail; Fórum; Sala de Tutoria; Grupo de Estudos; Aulas em PDF; e web-aulas,
que correspondem às aulas de uma disciplina de um curso que foram elaboradas
especificamente para serem oferecidas, via web.
O Projeto UAB - Universidade Aberta do Brasil
(http://mecsrv70.mec.gov.br/webuab/) foi criado pelo Ministério da Educação, em 2005,
e é formado por uma parceria entre consórcios públicos nos três níveis governamentais:
federal, estadual e municipal. Além disso, o projeto conta com a participação das
universidades públicas e demais organizações interessadas. O projeto visa à articulação
e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em caráter
experimental. O projeto visa sistematizar as ações, programas, projetos, atividades
pertencentes às políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do
ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil. O projeto piloto foi implementado em
2007 oferecendo o curso de Administração em 18 estados e no Distrito Federal a 9.500
alunos, que são acompanhados em pólos de apoio ao sistema de educação a distância
nesses estados.

3.2- FAETEC
A FAETEC - Fundação de Apoio à Escola Técnica (http://www.faetec.rj.gov.br),
também vinculada a SECT, oferece educação profissional gratuita, em diversos níveis
de ensino, à população do Estado do Rio de Janeiro. Criada em 10 de junho de 1997, a
Fundação reúne Escolas Técnicas Estaduais; Unidades de Educação Infantil, Ensino
fundamental, Industrial e Comercial; Institutos Superiores de Educação e Tecnologia, e
Centros de Educação Tecnológica e Profissionalizante.
A estrutura de ensino da FAETEC apresenta de modo primordial a educação
técnica como um pilar relevante na formação do indivíduo. Sendo assim, o aluno pode
optar por uma gama variada de 40 cursos técnicos integrantes de distintas áreas, nas
quais pode-se ressaltar as destinadas ao segmento de saúde, como Enfermagem e
Patologia Clínica; Gestão, Administração e Contabilidade, e Comunicação, Propaganda
e Marketing e Design Gráfico. Em nível superior, também são oferecidos inúmeros
cursos, entre eles, os de Tecnologia em Sistemas de Informação, Gestão Ambiental, de
Produção de Polímeros e Gestão em Construção Naval e Offshore. Os cursos de idiomas
(Inglês, Francês e Espanhol), Informática, Telemarketing, Vendas e Recepção, dentre
outros, com duração média de quatro meses, também compõem esta rede de ensino da
FAETEC.
Em fevereiro de 2007 foi firmada uma parceria entre a FAETEC e a Fundação
CECIERJ para a elaboração dos primeiros cursos de Educação Profissional de Formação
Inicial na modalidade semipresencial, cujo lançamento aconteceu em agosto do mesmo
ano. Até o momento já se formaram 1047 alunos em 7(sete) cursos oferecidos em seis
unidades da FAETEC no período agosto-dezembro de 2007 (Tabela 3). Veja a seguir a
Metodologia do Projeto Piloto.

4. Metodologia do Projeto Piloto


Neste item são apresentados: o processo de gestão em EAD do projeto; a estratégia
pedagógica utilizada e as etapas de implementação do projeto-piloto que aconteceram
no período agosto-dezembro de 2007.

4.1- Processo de gestão em EAD


Neste item são descritas as etapas do processo de gestão em EAD necessárias para a
implementação do projeto piloto:
ETAPA 1
• Formalização do termo de cooperação técnica entre a FAETEC e a Fundação
CECIERJ.
• Definição de características do público alvo para a adequação do conteúdo didático
elaborado para ser utilizado na modalidade a distância.
• Oficina de capacitação de professores conteudistas da FAETEC (02/2007) para
orientar os conteudistas responsáveis pela elaboração das aulas do material didático
dos 7 (sete) cursos no que diz respeito ao formato especial para a EAD.
ETAPA 2
• Elaboração de um cronograma e de uma planilha de controle para o
acompanhamento da elaboração das aulas do material didático que envolveu os
seguintes departamentos da Fundação CECIERJ: Departamento de Fluxo;
Departamento de Desenho Instrucional e Departamento de Diagramação.
• Definição do processo de seleção de alunos que fariam os cursos: captação de
recursos; definição das unidades FAETEC onde os cursos são oferecidos;
elaboração do edital para a seleção; forma de divulgação dos cursos. Somente no
projeto piloto a Fundação CECIERJ se responsabilizou pelo processo de seleção
dos alunos.
• Levantamento de preços para a aquisição do material permanente e de consumo a
ser utilizado nos laboratórios das unidades FAETEC para as aulas práticas.
• Definição do perfil do tutor presencial pela equipe FAETEC (titulação mínima,
salário etc.).
ETAPA 3
• Publicação do Edital para inscrição e do Edital para seleção de tutores e assistentes
sociais para as entrevistas com os alunos no processo de seleção.
• Adequação das aulas elaboradas à metodologia da modalidade a distância.
• Definição dos títulos finais dos cursos: Curso de Manutenção de Eletro-Eletrônicos
– 1ª Fase; Curso Básico de Eletricista Predial; Curso de Bombeiro Hidráulico; Curso
de Montagem e Manutenção de Microcomputadores; Curso de Operador de
Telemarketing; Curso de Auxiliar de Escritório; Curso de Promotor de Vendas.
• Discussão a respeito da elaboração dos planos de tutoria que serão utilizados pelos
tutores presenciais nas aulas práticas a serem ministradas nos laboratórios das
unidades FAETEC selecionadas para oferecerem os cursos.
ETAPA 4
• Definição do período para a divulgação dos cursos (Previsão: 11/06 a 30/06/2007);
• Preparação das unidades FAETEC: realização de obras, definição da carga horária,
por curso, incluindo os laboratórios da FAETEC Digital e/ou laboratórios de
informática da unidade.
• Aquisição do material permanente e de consumo com a instalação dos equipamentos
nas unidades FAETEC (até primeira semana de agosto).
• Elaboração do plano de tutoria pelos conteudistas (duas últimas semanas de julho).
• Definição dos nomes dos coordenadores de cada curso.
• Indicação dos tutores pelos coordenadores dos cursos.
• Definição das funções dos coordenadores de curso e dos tutores presenciais.
• Oficinas de capacitação dos professores coordenadores de curso e dos tutores
presenciais do módulo introdutório (07/2007) e para as disciplinas específicas,
(09/2007). Foram 7 (sete) coordenadores de curso e 126 tutores presenciais, sendo
42 tutores para o Módulo 1 e Módulos complementares e 84 tutores para os
Módulos Específicos. Nestas oficinas procurou-se discutir as principais atribuições
de cada profissional e como ele deveria atuar num curso a distância. Também foi
apresentada a plataforma de e-Learning da Fundação CECIERJ. Também foram
recolhidos documentos para recebimento de bolsas e esclarecimento de dúvidas.
ETAPA 5
• Elaboração, em conjunto com os coordenadores de curso, da dinâmica pedagógica
nas aulas práticas nos laboratórios das unidades FAETEC.
• Cadastramento de coordenadores de curso, tutores e alunos na Plataforma de e-
Learning da Fundação CECIERJ dos cursos de Formação Inicial até o dia 18 de
julho.
• Elaboração da carga horária semanal do módulo de alfabetização digital.
• Envio de livros didáticos às unidades da FAETEC para o início dos cursos.

4.2- Estratégia Pedagógica


Neste item, são apresentados: o planejamento curricular padrão para cada um dos sete
cursos; os materiais e recursos disponibilizados aos alunos.

4.2.1- Planejamento curricular


O processo de ensino-aprendizagem de cada curso foi baseado em 4 (quatro) módulos
descritos a seguir:
Módulo introdutório: Alfabetização Digital (AD) e Práticas de Leitura (PL)
Objetivo: alfabetizar digitalmente todos os alunos, oferecendo ao mesmo tempo
atividades para a melhoria de sua capacidade leitora a partir da leitura, interpretação e
escrita de textos (Pfeiffer, 2007). O material didático impresso foi elaborado para
atender 50 horas e a parte prática em laboratório de informática foi realizada em 4
semanas, 5 horas por semana em 2 encontros semanais, ou 5 horas aos sábados. Na
quinta semana foi realizada uma avaliação presencial.
Módulo complementar 1
Objetivo: capacitar todos os alunos em temas tais como: cidadania, ética e
empreendedorismo. O material didático impresso foi elaborado para atender a 30 horas e
a aula teórica-prática em laboratório de informática foi realizada em 4 semanas, 5 horas
por semana em 2 encontros semanais, ou 5 horas aos sábados. Na quinta semana foi
realizada uma avaliação presencial.
Módulo complementar 2
Objetivo: ministrar uma palestra, com duração de 2 horas, para capacitar os alunos em
temas tais como: organização e segurança do trabalho.
Módulo específico - com aulas teóricas e práticas
Objetivo: oferecer conteúdos específicos da área de cada um dos 7 (sete) cursos. O
material didático impresso foi elaborado para atender a 180 h (sendo 90 horas de parte
teórica e 90 horas de parte prática). A tutoria presencial para aulas teórico-práticas foi
oferecida tendo uma carga horária semanal de 6 horas para cada turma.

4.2.2- Materiais e recursos


A seguir são listados os materiais e recursos que são disponibilizados aos alunos que
participam dos cursos:
• Material didático impresso: o aluno recebe gratuitamente o material didático
impresso, elaborado especialmente para a educação a distância semipresencial.
• Tutoria a distância: todas os cursos têm tutoria a distância pela plataforma de e-
Learning da Fundação CECIERJ/ Consórcio CEDERJ.
• Tutoria presencial (parte teórico-prática): os cursos têm uma parte prática
correspondendo a 8 horas de tutoria presencial para cada conjunto de 40 alunos,
distribuídas em 1 horário de atendimento presencial de 4 horas por semana ou aos
sábados para cada 20 alunos.
• Avaliação: os alunos são avaliados presencialmente de forma semelhante à utilizada
nos cursos presenciais já oferecidos pela FAETEC.
• Certificação: os alunos que participarem dos cursos oferecidos pela parceria
FAETEC/CECIERJ recebem os mesmos certificados que os alunos que realizam os
cursos da FAETEC na modalidade presencial.

4.3- A implantação do projeto piloto


No período de 04 de agosto de 2007 a 22 de dezembro de 2007, foram oferecidos sete
(7) cursos, em seis unidades da FAETEC localizadas em seis municípios do Estado do
Rio de Janeiro: ETE João Luiz do Nascimento (Nova Iguaçu); CETEP Belford Roxo;
CETEP São Gonçalo; CETEP Vilar dos Teles em São João do Meriti; CETEP Santa
Cruz; CETEP Imbariê em Duque de Caxias. Os cursos são: Manutenção de Eletro-
Eletrônicos – 1ª Fase, Bombeiro Hidráulico, Básico em Eletricista Predial, Montagem e
Manutenção de Microcomputadores, Auxiliar de Escritório, Operador de Telemarketing
e Promotor de Vendas. Na maioria dessas unidades, foram selecionados 40 alunos por
curso, sendo criadas duas turmas de 20 alunos cada uma.
De acordo com a Tabela 1, foram 3.784 alunos inscritos no projeto piloto, sendo
que destes, 1.563 foram selecionados. O critério de seleção foi baseado na situação
socioeconômica do candidato e dos residentes no mesmo domicílio, comprovada na
documentação apresentada pelo candidato, no ato da inscrição no curso e na unidade da
FAETEC selecionados pelo mesmo.
Tabela 1. Alunos inscritos/selecionados no Projeto Piloto agosto
a dezembro 2007

Os módulos dos cursos foram implementados no projeto piloto da seguinte forma: em


04/08/2007 foi realizada uma aula inaugural padrão nas seis unidades da FAETEC.
Neste dia, os alunos selecionados em cada unidade (vide Tabela 1) receberam o material
didático impresso, receberam orientações a respeito de como proceder num curso a
distância e se matricularam no Módulo Introdutório (AD/PL).
Veja a seguir o período quando aconteceu cada módulo de todos os cursos:
06/08 a 1/09/2007: Módulo Introdutório (Alfabetização Digital / Práticas de Leitura)
com avaliação nos dias 04/09 e 05/09/2007; 10/09 – 6/10/2007: Módulo Complementar
1 (Empreendedorismo) com avaliação nos dias 10/10 e 11/10/2007; 15/10 – 19/10/2007;
Palestras sobre Organização e Segurança do Trabalho; 22/10 – 22/12/2007: Módulo
Específico de cada curso.

5. Resultados e conclusões
Este item procura mostrar os primeiros resultados do projeto piloto. De acordo com
as informações prestadas pela coordenação da FAETEC, das 1680 vagas oferecidas no início
do projeto, após a segunda reclassificação, 1563 alunos participaram efetivamente dos
cursos. Dos 998 alunos que iniciaram o módulo específico, 916 alunos (60%) completaram
os cursos, sendo que 670 alunos (43%) foram aprovados e 246 alunos (17%) reprovados.
Portanto, no projeto piloto 622 alunos (40%) evadiram. Os motivos que contribuíram para
esta taxa de evasão foram: 1) falta de familiaridade dos professores e alunos com a
modalidade a distância; 2) problemas com a Internet em algumas unidades dificultando o
acesso à Plataforma. Em São Gonçalo, por exemplo, não houve conexão à Internet durante
todo o projeto piloto, mas apesar disso, graças ao empenho da diretora desta unidade,
apresentou uma baixa taxa de evasão; 3) houve atraso na entrega dos materiais de consumo
para as aulas práticas nos laboratórios, principalmente para os cursos: Bombeiro Hidráulico,
Eletricista Predial e Manutenção de Eletro-Eletrônicos. E isto provocou uma grande evasão
nestes cursos; 4) o processo de seleção levou em consideração apenas o critério sócio-
econômico, ou seja, não foi possível avaliar questões tais como proficiência em informática e
letramento; 5) faltou definir, detalhadamente, as responsabilidades de cada profissional
envolvido no projeto, contribuindo para um distanciamento entre a direção das unidades e os
coordenadores / tutores presenciais de cada curso.
Foram encaminhados questionários de avaliação qualitativa aos participantes do
projeto piloto, ou seja: diretores das unidades, professores coordenadores dos cursos e
tutores presenciais que lecionaram as aulas práticas e alunos. Estes instrumentos de
avaliação envolvem uma grande quantidade de informação que ainda está sendo
processada. Em função disso, optou-se por mostrar os resultados dos questionários com
as respostas de três diretores das seis unidades localizadas nas áreas mais carentes, ou
seja, Belford Roxo, São Gonçalo e Vilar dos Teles e que foram os profissionais
responsáveis pela gestão do processo em EAD do projeto na sua unidade. Veja a seguir
um resumo das opiniões mais significativas desses diretores:
PERGUNTA 1: O projeto piloto trouxe contribuições à sua unidade? Em caso positivo
diga de que forma?
“Sim, pois, de acordo com os indicadores sociais (IDH) do Centro de Informações e Dados
do Rio de Janeiro – CIDE (2000), grande parte da população de Belford Roxo apresenta baixa
escolaridade, não tem vínculos formais de trabalho e, conseqüentemente, possui ganhos em
torno de um salário mínimo.” Prof. A.M.P., CETEP Belford Roxo.
“O projeto piloto trouxe várias contribuições para nossa unidade, pois ofereceu material
permanente que não possuíamos, que muito contribuiu para dinamizar e diversificar as aulas de todos
os professores, além de oferecer uma modalidade de curso diferenciada, possibilitando-nos sairmos do
foco da informática.” Profa A.C.S., CETEP São Gonçalo.
“Sim. Poderia relacionar diversas contribuições, valendo citar: inclusão digital; novas opções de
cursos profissionalizantes; implantação de novos laboratórios; implementação de uma filosofia de
Ensino (EAD); criação de uma pequena biblioteca técnica com as apostilas dos cursos para utilização
por nossa comunidade escolar; geração de parcerias com empresas para empregar os alunos que se
formarem”. Prof. P.F.L., CETEP Vilar dos Teles.
PERGUNTA 2 - Como foi o projeto piloto para os alunos? Faça uma síntese em
relação à sua percepção.
“No cômputo geral, os cursos atenderam às expectativas da maioria dos alunos, exceto os
cursos de Eletricista Predial, Bombeiro Hidráulico e Promotor de Vendas, considerando que o
material só chegou à unidade em fevereiro/2008 e os cursos terminaram em dezembro/2007”.
Prof. A.M.P., CETEP Belford Roxo.

“Nota-se que a comunidade gostou dessa nova modalidade de ensino. Hoje, podemos
oferecer outros cursos e não somente os de informática. Tal conquista, em tão breve tempo,
leva-nos a uma rápida constatação: a nossa disponibilidade e o anseio em efetivar um projeto
para beneficiar a comunidade". Profa. A.C.S., CETEP São Gonçalo.
“Em uma visão simplificada posso resumir em uma palavra "VALEU”. Temos consciência
que há muito a fazer, mas devidas todas as dificuldades obtidas houve uma superação em todos
os sentidos”. Prof. P.F.L., CETEP Vilar dos Teles.
PERGUNTA 3: O que poderia ser feito para melhorar os cursos?
“A necessidade da construção de políticas públicas e de uma prática de formação
profissional voltada para a cidadania e para a inserção social. Essa ação deve ser coletiva,
envolvendo os representantes dos diferentes setores comprometidos com o trabalho e a
formação de trabalhadores, ocorrendo em espaços públicos, com objetivos, conteúdos e
métodos democráticos". Prof A.M.P., CETEP Belford Roxo.
“Para que os cursos melhorem se faz necessário que os profissionais participem de uma
nova capacitação que esclareça a metodologia de trabalho do curso semipresencial, que a
plataforma seja fortalecida e se estimule a participação dos alunos”. Profa. A.C.S, CETEP São
Gonçalo.
“Por ser um curso a Distância, além de ter os tutores nos dias pré-fixados pela Unidade
Escolar, a presença de“Estagiários” que auxiliassem os alunos nas aulas práticas e na
utilização das plataformas, revezando turnos manhã, tarde e noite”. Prof. P.F.L., CETEP Vilar
dos Teles.
Em janeiro de 2008 foi providenciada a aquisição dos materiais de consumo que ainda
faltavam nos laboratórios dos cursos de Bombeiro Hidráulico, Eletricista Predial e Manutenção
de Eletro-Eletrônicos. Dessa forma, foram elaboradas, pelos coordenadores desses 3 cursos,
aulas de reposição que foram oferecidas aos alunos em março de 2008. No início de abril
aconteceu a cerimônia de entrega dos certificados para os 670 alunos aprovados nos 7(sete)
cursos nas 5(cinco) unidades da FAETEC. O início da segunda edição dos 7(sete) cursos
também aconteceu no início de abril mostrando que, o empenho, o comprometimento e a união
de toda a equipe foram imprescindíveis para a continuidade do projeto. Pretende-se, no entanto,
monitorar continuamente, todo o processo de gestão em EAD do projeto nesta segunda edição,
com o objetivo de corrigir o quanto antes os problemas que forem surgindo. Dessa forma, será
possível melhorar cada vez mais a qualidade na formação profissional de cidadãos que almejam
uma colocação no mercado de trabalho.
6. Referências Bibliográficas
Assmann, H. (2003). Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 7ª ed.
Petrópolis: Vozes.
Blattmann, U. & Dutra, S.K.W. (1998). “Atividades em Bibliotecas colaborando com a
Educação a Distância”. UFSC: Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção. http://www.ced.ufsc.br/%7Eursula/papers/atividade_ead.html
Haddad, F. (2005). “Educação para induzir e democratizar o conhecimento científico”.
Inclusão Social. Vol. 1, Nº 1, IBICT, Ministério da Ciência e Tecnologia.
http://www.ibict.br/revistainclusaosocial/viewarticle.php?id=14&layout=html.
IBGE (2004). “O Brasil em números”. http://www.ibge.org.br.
Monteiro, A.V. et al (2006). “Estratégias para a implantação de Bibliotecas Híbridas
como apoio à Aprendizagem Semipresencial de cursos a Distância”. Revista
Informação&Informação (www.uel.br/revistas/informacao). Volume 11, N º 2. 2006.
Peters, O. (2004). A educação a distância em transição. Novo Hamburgo: Unisinos.
Pfeiffer, C. & Cassano, M.G. (2007). “Práticas Leitoras e Alfabetização Digital: Uma
parceria possível?”. II Encontro Nacional sobre Hipertexto. UFC. Fortaleza.
Sremin, S. B. (2002). Educação a Distância: Uma Possibilidade na Educação
Profissional Básica. Editora Visual Books, SC: Florianópolis.

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