Você está na página 1de 134

Paulo Machado

Atualizado de acordo com as Atualizado de


Leis 13.245/16, 13,247/16 e com o acordo com o
Novo Código de Bica e Disciplina Novo CPC

Inclui anotações referentes ao Código de Ética


e Disciplina e ao Regulamento Geral
do Estatuto da Advocacia e da OAB
Paulo Machado

Wenl
Ética.
3' EDIÇÃO

Teoria e Questões comentadas;


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Atualizado de acordo com
as Leis 13.245/16, 13.247/16 e com
Dez em Ética - 3a edição! Paulo Machado.
o Novo Código de ética e Disciplina;
Recife, PE: Armador, 2016.
Atualizado de acordo com o Novo CPC.
277 p.; 16 x 23,5 cm.

ISBN: 978-85-67674-97-1
3° edição
1. Direito. 2. Estatuto da Advocacia e da OAB. 3.Exame Recife — PE
de Ordem. I. Título

CDU 341415

Índice para catálogo sistemático: EDITORA

1. Direito: Estatuto da Advocacia e da OAB. 340

2016
O Copyright 2016
Armador
Autor AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA
Paulo Machado

Editor
Maurício Gieseler Agradeço a Deus por tudo!

Agradeço aos meus familiares, amigos e, principalmente, aos meus alunos!


Projeto gráfico e diagramação
Lee Marvin Por fim, agradeço ao Professor Renato Saraiva, ao Dr. Maurício Gieseler e ao
Dr. Prof. Geovane Moraes pela parceria de sempre!!
Capa
Lyvia Melo

Revisão
Carla Carmelita Felipe

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma


ou meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos
xerográficos, sem permissão expressa do editor (Lei n° 9.610/98).

Todos os direitos reservados à:


ARMADOR Dedico esta obra ao meu amor, minha alma gêmea,
Rua Pio IX, 301, Madalena Ana Cristina, em forma de gratidão por todos
os momentos maravilhosos ao seu lado!
Recife-PE, CEP: 50710-265
Tel.: (81) 3128-6650
Site: www.armador.com.br
e-mail: armador.atendimento@gmaiLcom
NOTAS DO AUTOR PARA ESTA 30 EDIÇÃO

Como nota a esta 3' edição, irei transcrever minha entrevista


em relação ao Novo Código de Ética e Disciplina da OAB, concedida
ao site do Portal Exame de Ordem, cuja direção fica a cargo do
Ilustre advogado Mauricio Gieseler:

1. Já estava na hora de mudar alguma coisa, professor, ou o


senhor discorda dessa necessidade de alterações?

Como qualquer lei, regulamento, regimento, o Código de


Ética e Disciplina também requer alterações com o passar do
tempo. Isto porque, quando se elabora um texto de lei ou de ato
normativo, não há como prever todas as situações do cotidiano.
Com as mudanças no mundo e na sociedade, surgem pontos na
legislação que merecem ser amoldados.

2. Quais são, realmente, as principais mudanças trazidas


por este Novo Código de Ética e Disciplina da OAB? E de
antemão, queria saber a posição do professor acerca da
fiexibilização do segredo profissional, algo que consta lá no
artigo 38 desse Novo Código e já está causando um mar de
discussões entre os advogados.

O projeto prevê alterações nas relações com os clientes,


com as autoridades, com os colegas, com os servidores e
com terceiros, bem como deveres no exercício de cargos e
funções na OAB e na representação da classe, no segredo e na
publicidade profissional, todas elas detalhando melhor a atuação
do advogado.
Especialmente em relação ao art. 38 do projeto, entendo
que não merece ser aprovado pelo seguinte: o texto diz que, na
hipótese em que terceiro seja acusado da prática de crime, cuja A disciplina "Deontologia Jurídica" é importante para o
autoria lhe haja sido confessada pelo cliente, o advogado deverá Exame de Ordem e também para o dia a dia dos advogados e
renunciar ao mandato, ficando livre, em seguida, da preservação dos estagiários!
do segredo profissional, para agir segundo os ditames de sua
consciência e conforme as circunstâncias recomendarem.
Se tal determinação for aprovada, imagino que a partir de O autor
então os clientes passariam a omitir a verdade do seu patrono,
por não mais poder confiar nele. E temo que, uma vez violado o
segredo, advogados possam a vir a ser, constantemente, vítimas
de alguns de seus clientes, inconformados com a violação do
sigilo por parte do profissional.

(OBS: A entrevista aqui transcrita foi dada antes de ser aprovado no


Novo CED. Esta parte não foi aprovada! A advocacia, a sociedade e a
Justica agradecem!)

3. Professor, com esse Novo Código, o que pode mudar no


tocante ao posicionamento da disciplina de Ética nos exames
de Ordem a partir de então?

Mesmo com a aprovação do novo texto, o CED tem uma


linguagem muito simples, clara e direta. Entretanto, o Novo
CED tem muito mais detalhes do que o anterior, exigindo um
estudo intenso para que o candidato possa acertar todas as
questões no Exame de Ordem.

4. Em sua concepção ainda há algo a ser adicionado neste


Novo Código de Ética? Há algo a ser observado com mais
atenção por parte dos advogados do nosso país?

Por hora, não vejo necessidade. A proposta de um modo


geral é muito boa. Somente desejo que os advogados e os
estagiários passem a seguir mais à risca os mandamentos do
CED, seja na sua relação como o cliente, na publicidade, no
sigilo e na cobrança de honorários.
NOTAS DO AUTOR NA 1° E 2° EDIÇÕES

Este trabalho foi elaborado com base no Estatuto da Advocacia


e da OAB (Lei n° 8.906/94), no Regulamento Geral e no Código de
Ética e Disciplina.
Trata-se de um livro com o objetivo de trazer de maneira
simples e objetiva todos os aspectos necessários para uma visão geral
da ciência deontológica.
Como advogado militante e professor de Deontologia Jurídica
do Complexo de Ensino Renato Saraiva e de cursos de graduação
em Direito, abordei todos os tópicos trazidos pela Lei n° 8.906/94 e
pelo Código de Ética, explicando em linguagem clara todos os temas
relacionados ao exercício da advocacia e à Ordem dos Advogados do
Brasil.
Em outras palavras, o livro alcança todos os tópicos necessários
à disciplina de Ética Profissional, obrigatória nos cursos de graduação
em Direito, servindo, perfeitamente, para um estudo direcionado
para o Exame da Ordem e para os concursos públicos que exigem a
matéria, sem prejuízo da utilidade no dia a dia dos advogados e dos
estagiários, uma vez que explica as questões dos direitos e deveres dos
advogados, da responsabilidade funcional, da imunidade profissional,
do processo disciplinar, entre outras.
Assim, lançamos este livro com a certeza de seu sucesso, não
sendo demais frisar que a sua leitura é extremamente útil e importante
para a formação dos acadêmicos de Direito e para a atividade dos
profissionais jurídicos.

Vamos juntos!
Rumo ao #10ernÉtica!

O Autor
ABREVIATURAS SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. Artigos 1° ao 5° 15
ADC — Ação Declaratória de Constitucionalidade
ADPF — Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental CAPÍTULO 2. Artigos 6° e 7" 37
ADI — Ação Direta de Inconstitucionalidade CAPÍTULO 3. Artigos 8° ao 14 65
Art. — Artigo
CAPÍTULO 4. Artigos 15 ao 17 89
CED — Código de Ética e Disciplina da OAB
CLT — Consolidação das Leis do Trabalho CAPÍTULO 5. Artigos 18 ao 21 103
CC — Código Civil CAPÍTULO 6. Artigos 22 ao 26 113
CDC - Código de Defesa do Consumidor
CP — Código Penal CAPITULO 7. Artigos 27 ao 30 129
CPC — Código de Processo Civil CAPITULO 8. Artigos 31 ao 33 147
CPP — Código de Processo Penal
CAPITULO 9. Artigos 34 ao 43 173
CRFB — Constituição da República Federativa do Brasil
DJ— Diário da Justiça CAPÍTULO 10. Artigos 44 ao 50 191
DOU — Diário Oficial da União CAPÍTULO 11. Artigos 51 ao 55 197
EAO'AB — Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil
IAB — Instituto dos Advogados Brasileiros CAPITULO 12. Artigos 56 ao 59 213
LC — Lei Complementar CAPITULO 13. Artigos 60 e 61 221
LCP — Lei das Contravenções Penais
CAPITULO 14. Artigo 62 225
OAB — Ordem dos Advogados do Brasil
NCED - Novo Código de Ética e Disciplina CAPÍTULO 15. Artigos 63 ao 67 235
RG — Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos CAPÍTULO 16. Artigos 68 e 69 243
Advogados do Brasil
STF — Supremo Tribunal Federal CAPITULO 17. Artigos 70 ao 74 245
STJ — Superior Tribunal de Justiça CAPÍTULO 18. Artigos 75 ao 77 253
TED — Tribunal de Ética e Disciplina
CAPÍTULO 19. Artigos 78 ao 87 265
CAPITULO 20. Adendo 271
BIBLIOGRAFIA 275
CAPÍTULO 1
Artigos 10 ao 5°

Lei n° 8.906,
de 4 de julho de 19941

Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a


Ordem dos Advogados do Brasil — OAB

O Presidente da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:

TÍTULO I
DA ADVOCACIA

CAPÍTULO I
DA ATIVIDADE DE ADVOCACIA

São atividades privativas de advocacia:

I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados


especiais.
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1° Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de
habeas corpus em qualquer instância ou tribunal.
§ 2° Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de

1 Publicada no Diário Oficial da União de 5 de julho de 1994

PAULO MAcrpno
15
10emétical 10e.mÉtical
nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, passar a exercer a advocacia incompatível com a advocacia.
quando visados por advogados.
§ 3 0 É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra ati- Fiar.51°.I O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova
vidade. do mandato.

O advogado é indispensável à administração da justiça. § 10 O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração,
obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por
§ 1° No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e igual período.
exerce função social. § 2° A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar
§ 2° No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que
decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, exijam poderes especiais.
e seus atos constituem múnus público. § 3 0 O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os 10
§ 3 0 No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos (dez) dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o man-
e manifestações, nos limites desta lei. dante, salvo se for substituído antes do término deste prazo.

M--,W O exercício da atividade de advocacia no território brasi-


leiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na
Ordem dos Advogados do Brasil - OAB.
41,1 COMENTÁRIOS
§ 1° Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta
lei, além do regime próprio a que subordinem, os integrantes da Ad- Atos privativos de advogado
vocacia Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da
Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos O art. 1° do Estatuto da Advocacia e da OAB trata dos atos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas privativos de advogado, ou seja, daqueles que somente podem ser
entidades de administração indireta e fundacional. praticados por pessoas devidamente inscritas no quadro de advogados
§ 2° O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os da OAB, após terem preenchido as exigências do art. 8°.
atos previstos no art. 1°, na forma do Regulamento Geral, em conjun- Podemos dizer que, no inciso I, estão os atos judiciais ("a
to com advogado e sob a responsabilidade deste. postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais") e, no inciso II, os atos extrajudiciais ("consultoria,
ÍiIT São nulos os atos privativos de advogado praticados por assessoria e direção jurídicas"). Vejamos alguns comentários acerca
pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais desses dispositivos:
e administrativas.
"Art. 1° São atividades privativas de advocacia":
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado I — a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos
impedido - no âmbito do impedimento -, suspenso, licenciado ou que juizados especiais.

16 Enrram Amures I 1 O a+ Érra - 3' eaclo PAuLo MAVIN20 17


1 OemÉtica! 'Nr 1 OemÉtica!
Em relação a este inciso I, do art. 1° do Estatuto, foi proposta, A propósito:
pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a ADI n°
1.127-8, tendo o STF declarado a inconstitucionalidade da expressão
èuRs

O EM
"qualquer". Com razão, pois há hipóteses previstas em lei em que 1000:49=1xs
a pessoa pode agir junto ao Poder Judiciário sem estar representada
por um advogado. Essas hipóteses são verdadeiras exceções os ius
postulandi do advogado, que serão analisadas mais adiante, em item
próprio (sobre o assunto remetemos o leitor para o item "Exceções ao
ius postulandi do advogado").
O advogado pode postular em juízo ou fora dele fazendo prova substabelecimento co
do mandato que lhe foi outorgado. Todavia, afirmando urgência, pode reginental atrai wAne
atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de 15 ;uperiorTribunal,eeund oustã
(dias), prorrogável por igual período (art. 5°, § 1°, EAOAB). Saliente- enteettirS6s-In sem proun
se que, nesse ponto, o Estatuto não traz a exigência mencionada no art. Precedente. imentaJ não cor
104, § 1°, do Novo CPC, de que haverá necessidade de "despacho do
juiz" para que o prazo seja prorrogado (NCPC: art. 104. O advogado
não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar II — as atividades de assessoria, consultoria e direção jurídicas.
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado
urgente. § 1°- Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, Embora sejam atividades extrajudiciais, apenas podem ser
independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 exercidas por advogado regularmente inscrito na OAB.
(quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. § Assessoria e consultoria são atividades distintas. Paulo Lôbo
22 O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele explica (obra citada, p. 21): "assessoria jurídica é espécie do gênero
em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas advocacia extrajudicial, pública ou privada, que se perfaz auxiliando
•e por perdas e danos.) quem deva tomar decisões, realizar atos ou participar de situações
Entendemos que, por se tratar o EAOAB (Lei n° 8.906/94) de lei com efeitos jurídicos, reunindo dados e informações de natureza
especial, cuja finalidade é garantir o bom desempenho da advocacia jurídica, sem exercício formal de consultoria. Se o assessor proferir
— função essencial à Justiça — tal exigência de ter despacho do juiz pareceres, conjuga a atividade de assessoria sem sentido estrito com a
não mais prevalece, bastando ao advogado informar a necessidade e o atividade de consultoria jurídica".
direito de prorrogação antes de expirar o primeiro prazo. A atividade de direção jurídica também é privativa de
Advirta-se que. na instância especial, os tribunais não têm advogado. Os departamentos jurídicos de empresas só podem ter como
admitido a interposição de recurso por advogado sem procuração nos diretores-jurídicos profissionais regularmente inscritos no quadro de
autos (Súmula 115 do STJ). advogados.
O art. 7° do Regulamento Geral enfatiza: "A função de
diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada
ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, é privativa

18 Eorrov. AFIAIS:CR 1 10 Em Én. - agr,do PALLO Wenano 19


1 OemÉtical oemÉtica!
de advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre Senão vejamos:
inscrito regularmente na OAB." Veja que o cargo de gerência jurídica
também é privativo do advogado, de acordo com este art. 70 do RG. O a) Impetração de habeas corpus
EAOAB não menciona este cargo (gerência jurídica), mas o RG sim!
Essa exceção encontra-se no art. 1°, § 1°, do Estatuto, estabelecendo
Atos e contratos que "não se inclui na atividade privativa da advocacia a impetração de
habeas corpus em qualquer instância ou tribunal".
O parágrafo 2° do art. 1° do Estatuto da Advocacia prevê mais
um ato privativo de advogado: os atos e contratos constitutivos de A impetração de HC pode ser feita por qualquer pessoa, até mesmo
pessoas jurídicas somente podem ser admitidos a registro nos órgãos pelo próprio paciente (quem sofre ou está na iminência de sofrer
competentes (juntas comerciais, cartórios de registro civil de pessoas constrangimento ilegal). Pode ainda ser impetrado em qualquer
jurídicas) após visados por advogados. Na ausência do "visto", o instância ou tribunal. Porém, somente as impetrações podem ser feitas
Estatuto considera nulos tais atos. pelo leigo, não sendo admitidas interposições de recursos, como o
Advirta-se que este visto não se resume à simples rubrica Recurso em Sentido Estrito e o Recurso Ordinário em Habeas Corpus.
do advogado. O profissional deve, cuidadosamente, e com total Esses recursos são atos privativos de advogado. Assim, por exemplo,
responsabilidade, analisar de forma integral o seu conteúdo. Quis se há um inquérito policial instaurado para investigar um crime que
assim o legislador evitar (ou pelo menos diminuir) o risco de futuros já está prescrito, o leigo pode impetrar habeas corpus para o juízo de
problemas ou conflitos decorrentes do contrato. A razão não é para primeira instância. Sendo denegada a ordem, pode impetrar um novo
reserva de mercado da advocacia. A questão é de absoluta ordem HC para o Tribunal de Justiça. Perceba que ele não recorreu, apenas
pública. No final, ganha a sociedade. Com um advogado analisando o impetrou outro habeas corpus na instância superior. Já se fosse um
contrato e dando o seu "aval" (visto), a chance de dar algum problema advogado, este poderia interpor RSE no TJ ou até mesmo optar por
diminui sobremodo. impetrar um novo HC.
Entretanto, a Lei Complementar n° 123/06, no art. 9°, § 2°,
trouxe uma exceção a essa exigência, determinando que "não se b) Juizados Especiais
aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte o disposto
no § 2° do art. 1° da Lei n° 8.906/94", ou seja, nesses casos não se Por determinação do art. 9° da Lei n° 9.099/95, pode ser dispensada
exige o visto do advogado. Isto ocorre porque, nessas situações, o a presença de advogado nas causas de valor até 20 (vinte) salários
registro é mais simples, muitas das vezes se realizando com o mero mínimos. Todavia, nos recursos para as Turmas Recursais, as partes
preenchimento de formulários já padronizados. serão, obrigatoriamente, representadas por advogado (art. 41, § 2°, da
Lei n° 9.099/95).
Exceções ao ias postulandi do advogado
c) Justiça do Trabalho
Via de regra, o ius postulandi (capacidade postulatória,
capacidade de representar alguém em juízo) é do advogado. Porém, A atuação da parte sem advogado na Justiça Trabalhista é garantida
há casos em que a parte pode ir ao Judiciário sem constituir advogado. pelo art. 791 da CLT, que permite aos empregados e aos empregadores

20 Ecoam ARMADOR 1 "I O ME ÉTICA - Ear}o PAuln Macwoo 21


1 Oe mÉtica! 1 Oe mÉtical
litigarem pessoalmente ("Art. 791 - Os empregados e os empregadores a) retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva
poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e carga;
acompanhar as suas reclamações até o final.").
b) obter junto a escrivães e chefes de secretarias certidões de peças
Embora alguns autores entendam que esse dispositivo não foi ou autos de processos em curso ou findos;
recepcionado pela atual Constituição, o Supremo Tribunal Federal, por
ocasião do julgamento da ADI n° 1.127-8, proposta pela Associação c) assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais
dos Magistrados Brasileiros em face do art. 1°, I, do Estatuto da ou administrativos.
Advocacia e da OAB, manifestou-se pela constitucionalidade do
mandamento celetista. d) praticar os atos extrajudiciais, quando receber autorização ou
substabelecimento do advogado.
d) Justiça de Paz
I. ATOS NULOS
No que pese a relevância da Justiça de Paz, este órgão não está entre
aqueles do Poder Judiciário (vide art. 92 da Constituição Federal), O Estatuto traz cinco grupos de pessoas que, caso venham a
tendo a incumbência de celebrar o casamento civil, de verificar, de praticar quaisquer dos atos privativos de advogado, tais atos serão
oficio ou em face de impugnação, o processo de habilitação e de nulos. Repita-se: pela Lei n° 8.906/94, haverá nulidade (absoluta),
exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional (art. 98, não podendo ser ratificados por outro profissional, apesar de haver
II, CF/88). entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em sentido contrário.

De toda forma, ninguém precisa estar representado por advogado para Vejamos as hipóteses constantes no art. 4°, e parágrafo único, do
se casar. Estatuto da Advocacia e da OAB:

Atos dos estagiários a) pessoas não inscritas na OAB

Os estagiários que estiverem regularmente inscritos na Os atos privativos da advocacia somente podem ser exercidos por
OAB podem praticar os atos mencionados no art. 1° do Estatuto da pessoa regularmente inscrita no quadro de advogados da OAB. Nem
Advocacia e da OAB, na forma do Regulamento Geral, em conjunto mesmo os estagiários podem praticá-los isoladamente. Estes apenas
com o advogado e sob a responsabilidade deste. O Regulamento estão habilitados a desenvolver sozinhos os atos mencionados no art.
Geral também fala em conjunto com o defensor público (e o defensor 29, §§ 1° e 2°, do Regulamento Geral, conforme acima mencionado.
público é advogado: advogado público).
Entretanto, os estagiários podem praticar isoladamente, isto O Estatuto, no art. 4°, caput, não exclui as sanções civis, penais e
é, sem a presença ou assinatura do advogado, os seguintes atos, mas administrativas daí decorrentes, seja pelo prejuízo causado a terceiros,
ainda sob a responsabilidade deste (art. 29, §§ 1° e 2°, do Regulamento seja pelo exercício ilegal de profissão (art. 47 do Decreto-Lei n°
Geral): 3.688/1941 - Lei das Contravenções Penais). No caso do estagiário,

22 EtxrcaA AANADOR 10 ELI ÉncA - EDÇÂO PAULO Mackico


23
Oe mÉtica! OemÉfiCal
este pode ser punido pela prática de ato excedente de sua habilitação, e) advogado que passar a exercer atividade incompatível
nos termos do art. 34, XXIX, EAOAB. com a advocacia

b) advogado impedido Neste último grupo, o legislador quis alcançar aqueles advogados que
passam a exercer atividade incompatível com advocacia, mas não
Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, impedimento é a proibição comunicam à OAB, nem tampouco tomam as medidas adequadas
parcial do exercício da advocacia. Assim, o advogado pode continuar (licença ou cancelamento). Ilustrando, seria o caso de um advogado
exercendo a profissão, menos conta ou a favor das pessoas que passa no concurso para Delegado de Polícia ou é eleito prefeito
determinadas no art. 30, como, por exemplo, o auxiliar administrativo e, mesmo após o desenvolvimento de qualquer dessas atividades,
da Prefeitura de São Paulo. Caso este advogado venha a atuar em continua advogando. Da mesma forma que nos itens anteriores, os
processo contra o município de São Paulo, os atos praticados serão atos serão nulos.
nulos. Perceba que a nulidade somente alcança as hipóteses em que
ele está impedido de advogar. PROCURAÇÃO E SUBSTABELECIMENTO

c) advogado suspenso Do mandato judicial

A suspensão não se confunde com a licença. Aquela é uma punição O mandato se opera quando alguém recebe poderes de outrem
aplicada pela OAB; esta, um instituto no qual o advogado se afasta para praticar atos ou administrar interesses em seu nome (art. 653,
por um tempo, nas situações previstas no art. 12 do EAOAB CC). Então, mandado judicial é quando alguém (no caso, o advogado,
(requerimento com motivo justificado, doença mental curável ou que é o detentor do ius postulandi) recebe de outrem (outorgante)
exercício de atividade incompatível em caráter temporário). poderes para atuar perante o Poder Judiciário em seu nome.
Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, o advogado postula
Durante o prazo da suspensão, que varia, em regra, de 30 dias a 12 em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. Todavia, afirmando
meses (art. 37 e §§ 1° ao 3°, EAOAB), qualquer ato privativo de urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la
advogado que for praticado pelo profissional suspenso será nulo. no prazo de 15 (dias), prorrogável por igual período (art. 5°, § 1°,
EAOAB).
d) advogado licenciado A procuração é o instrumento do mandato, na qual ficam
consignados os poderes outorgados pelo constituinte (outorgante) ao
Considerando a diferença exposta no item anterior (letra c), no prazo advogado (outorgado). Verifica-se, contudo, na legislação pátria, que a
da licença, nenhum ato de advocacia pode ser exercido pelo advogado, constituição de advogado pode ocorrer verbalmente em alguns casos:
sob pena de nulidade. (1) se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (art. 266 do
CPP) e (2) nos juizados especiais, salvo quanto aos poderes especiais
(art. 9°, § 3°, da Lei n° 9.099/95). Diz-se, nesses casos, que a outorga
é apud acta (do latim: na ata, conforme está na ata), pois, embora seja
verbal na origem, é consignada na assentada da audiência.

24 Exma., A.1.1351 1 1 O em Épr." - EIX4i. PAULO MACHNX) 25


1 OemÉtica! 10emÉtical
Nos casos das sociedades de advogados, o mandato judicial
ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente aos advogados e
indicar a sociedade de que façam parte, não podendo ser fornecidos
poderes para a própria sociedade (pessoa jurídica), muito menos
coletivamente (como por exemplo: "outorga poderes para todos os
advogados do Escritório de Advocacia Pedro Meira", sem menção ao
nome de um ou mais advogados).

Poderes gerais e especiais

Na procuração, pode constar a outorga de poderes gerais e


poderes especiais. Poderes gerais (ou poderes para o foro em geral,
em substituição à antiga expressão "poderes da cláusula ad judicia
et extra") são os poderes básicos que o advogado precisa para poder
atuar desde a distribuição de uma ação até os recursos nos tribunais. Já
os poderes especiais são aqueles que devem constar quando exigidos
por lei, a exemplo do art. 105 do Novo CPC ("A procuração geral
para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado rô.cesso~us
pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo,
exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a
ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração Substabelecimento
de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula
específica."), do art. 39 do Código de Processo Penal ("o direito de O substabelecimento é o instrumento pelo qual aquele
representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador advogado que recebeu poderes do cliente os transfere para outro
com poderes especiais"), do art. 44 do CPP ("a queixa poderá ser advogado. O substabelecimento pode ser feito com reservas de
dada por procurador com poderes especiais") e do art. 55 do CPP ("o poderes, isto é, quando o primeiro advogado constituído estende os
perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais"). poderes ao novo advogado (substabelecido). Neste, o advogado que
substabeleceu (substabelecente) permanece na causa. Permite-se
Vejamos a seguir os dispositivos do Novo Código de Processo Civil também ao advogado substabelecer seus poderes sem reserva, caso
que tratam do tema da procuração: em que o novo advogado sucede o antigo, assumindo o patrocínio da
causa sem que o antigo conserve nenhum dos poderes.


26 Ecoai,.ARMADOR I 10 eu ÉTICA - isolcâo PAULO MACHADO
27
10emÉtical 10emÉtica!
Por questões éticas, o substabelecimento do mandato ser sanado o defeito. Não sendo regularizado dentro do interstício
com reserva de poderes é ato pessoal do advogado da causa, mas judicial, se a providência couber ao autor, será extinto o processo;
o substabelecimento sem- poderes exige o prévio e inequívoco cabendo ao réu, reputar-se-á revel; competindo ao terceiro, será
conhecimento do cliente (art. 26 e §1° do Novo Código de Ética e excluído do processo ou decreta sua revelia, dependendo do polo em
Disciplina). que se encontre. É o que determina o art. 76 e §§ 1° e 2° do NCPC,
O Novo CED (art. 26, § 2°) continua impondo que o advogado abaixo transcritos.
substabelecido com reserva de poderes deve ajustar, antecipadamente,
seus honorários com o substabelecente.

Renúncia e revogação da r-4.1


prazo razoável para que seja sanado c
Renúncia e revogação são formas através das quais o advogado
e o cliente desistem dos poderes recebidos ou outorgados no mandato.
O advogado que renunciar, não precisa justificar o motivo, - o processo Será extinto, se •a prvid
mas deve permanecer pelos 10 (dez) dias seguintes à notificação a 0)14v
representar o mandante, salvo se for substituído antes do término e
desse prazo (art. 10, § 3°, do EAOAB) ou "desde que necessário
para evitar prejuízo" (art. 112, § 1°, do NCPC), sob pena de cometer oe¥p ":,4 :erc- açmx.e
infração disciplinar (art. 34, M, do EAOAB) e de responsabilização de justiç tribunal regional federal
civil (neste caso, havendo prova do dano sofrido pelo constituinte). Ç:Rga reco,se ..ro:Vt • eritia
A ciência pode ser provada por aviso de recebimento, por
notificação do Cartório de Títulos e Documentos ou pela própria providência couher.aorecorido:
ciência do cliente, quando este assina o documento que comunica a
renúncia. O art. 6° do Regulamento Geral prefere que seja "mediante
carta com aviso de recepção, comunicando, após, o Juízo).
O art. 17 do Novo Código de Ética e Disciplina diz que a
revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga
do pagamento das verbas honorárias contratadas e não retira do
advogado o direito de receber o quanto lhe seja devida em eventual
verba honorária de sucumbência, calculada, proporcionalmente, em
razão do serviço efetivamente prestado.
O cliente que revogar o mandato outorgado ao advogado, no
mesmo ato, deverá constituir outro profissional que assuma o patrocínio
da causa. Sendo descumprido, o juiz, verificando a irregularidade da
representação, suspenderá o processo e marcará prazo razoável para

28 ED.. ~moa I 10 Ene ÉTICA - EDIÇÃO Nua Macnnoo 29


10e mÉtica! 10emÉtical
2. (FGV — XVI Exame de Ordem) João é advogado da sociedade
ESTOESiÇOMENTA
to:
empresária X Ltda., atuando em diversas causas do interesse da
I. (FGV — XVI Exame de Ordem) Bernardo é bacharel em Direito, companhia controle da sociedade foi alienado para estrangeira, que
mas não está inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, resolveu contratar novos profissionais em várias áreas, inclusive
apesar de aprovado no Exame de Ordem. Não obstante, tem atuação a jurídica. Por força dessa circunstância, rompeu-se a avença entre
na área de advocacia, realizando consultorias e assessorias jurídicas. o advogado e o seu cliente. Assim, João renunciou ao mandato em
A partir da hipótese apresentada, nos termos do Regulamento Geral todos os processos, comunicando formalmente o ato à cliente. Houve
da Ordem dos Advogados do Brasil, assinale a afirmativa correta. novo contrato com renomado escritório de advocacia, que, em todos
os processos, apresentou o instrumento mandato antes do término do
a) Tal conduta é permitida, por ter o bacharel logrado aprovação no prazo legal à retirada do advogado anterior.
Exame de Ordem. Na renúncia focalizada no enunciado, consoante o Estatuo da
b) Tal conduta é proibida, por ser equiparada à captação de clientela. Advocacia, deve o advogado
c) Tal conduta é permitida mediante autorização do Presidente da
Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. a) afastar-se imediatamente após a substituição por outro advogado.
d) Tal conduta é proibida, tendo em vista a ausência de inscrição na b) funcionar como parecerista no processo pela continuidade da
Ordem dos Advogados do Brasil. representação.
c) atuar em conjunto com o advogado sucessor por quinze dias.
d) aguardar dez dias para verificar a atuação dos seus sucessores.
^N) Comentário:
Nos termos do art. 1°, II, do EAOAB, são atos privativos de advogado,
devidamente inscrito na OAB, a consultoria, a assessoria e a direção Comentário:
jurídicas. O art. 5°, § 3°, do EAOAB determina que o advogado que renunciar ao
Assim, ressalta o art. 4° do Regulamento Geral que a prática de atos mandato continuará durante os 10 (dez) dias seguintes à notificação
privativos de advogado por pessoas não inscritas na OAB constitui da renúncia a representar o mandante, salvo se for substituído antes
exercício ilegal da profissão. do término desse prazo. Portanto, a resposta é a de que o advogado
anterior deve se afastar após a juntada da procuração do novo
advogado.

30 PAULO MAcrian
31
10emÉtica! 10emÉtical
3. (FGV - VII Exame de Ordem) Tício é advogado prestando 4. (FGV - VII Exame de Ordem) Esculápio, advogado, deseja
serviços à Junta Comercial do Estado Y. Exerce a atividade comprovar o exercício da atividade advocatícia, pois inscreveu-se
concomitantemente em escritório próprio, onde atua em causas civis em processo seletivo para contratação por empresa de grande porte,
e empresariais. Um dos seus clientes postula o seu visto em atos sendo esse um dos documentos essenciais para o certame. Diante
constitutivos de pessoa jurídica que pretende criar. Diante do narrado, do narrado, à luz das normas do Regulamento Geral do Estatuto da
à luz das normas do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e Advocacia e da OAB, o efetivo exercício da advocacia é comprovado
da OAB, assinale a alternativa correta: pela participação anual mínima em
a) Sendo um cliente do escritório, é inerente à atividade da advocacia
o visto em atos constitutivos de pessoa jurídica. a) seis petições iniciais civis.
b) Ao prestar serviços para Junta Comercial, surge impedimento b) três participações em audiências.
previsto no Regulamento Geral. c) quatro peças defensivas gerais.
c)A análise do conteúdo dos atos constitutivos pode ser realizada pelo d) cinco atos privativos de advogado.
advogado tanto no escritório quanto na Junta Comercial.
d) A atuação na Junta Comercial gera impedimento para ações
judiciais, mas não para vistos em atos constitutivos. Cli::\11 Comentários:
Considera-se efetivo exercício da atividade de advocacia a participação
anual mínima em cinco atos privativos previstos no artigo 1° do
Comentários: Estatuto, em causas ou questões distintas. A comprovação do efetivo
O art. 20 do Regulamento Geral determina que o visto do advogado exercício faz-se mediante:
em atos constitutivos de pessoas jurídicas, indispensável ao registro a) certidão expedida por cartórios ou secretarias judiciais;
e arquivamento nos órgãos competentes, deve resultar da efetiva b) cópia autenticada de atos privativos;
constatação, pelo profissional que os examinar, de que os respectivos c) certidão expedida pelo órgão público no qual o advogado exerça
instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes. função privativa do seu oficio, indicando os atos praticados.
Estão impedidos de exercer o ato de advocacia referido os advogados É o teor do art. 5° do Regulamento Geral.
que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública
direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta
Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competentes
para o mencionado registro.
Não confunda este tema com o impedimento do art. 30 do EAOAB!
São assuntos diferentes!

32 EM-0W, AFOAAOCR 10 Eu Enc., - Enio PAULO tirown 33


10eméticd 10emÉtical
5. (FGV - VII Exame de Ordem) A multiplicidade de opções para 6. (FGV - IX Exame de Ordem) Laura, advogada na área empresarial,
atuação do advogado desenvolveu o ramo da Advocacia Pública. após concluir o mestrado em renomada instituição de ensino superior,
Assim, à luz das normas do Regulamento Geral do Estatuto da é convidada para integrar a equipe de assessoria jurídica da empresa
Advocacia e da OAB, nela podem ser integrados o(a), exceto: K S/A. No dia da entrevista final, é inquirida pelo Gerente Jurídico da
empresa, bacharel em Direito, sem inscrição na Ordem dos Advogados
a) Advogado-Geral da União. do Brasil, apesar de o mesmo ter logrado êxito no Exame de Ordem.
b) Defensor Público Observado tal relato, consoante as normas do Regulamento Geral do
c) Advogado (Procurador) de Autarquia. Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.
d) Advogado de Sociedade de Economia Mista.
a) O bacharel em Direito pode exercer as funções de Gerência
Jurídica mesmo que não tenha os requisitos para ingresso na Ordem
1; 311) Comentários: dos Advogados.
Para o art. 9° do Regulamento Geral, exercem a advocacia pública b) A função de Gerente Jurídico é privativa de advogados com regular
os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Defensoria Pública inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados.
e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito c) O bacharel em Direito, caso preencha os requisitos legais, inclusive
Federal, dos aprovação em Exame de Ordem, pode exercer funções de Gerente
Municípios, das autarquias e das fundações públicas, estando Jurídico antes da inscrição na Ordem dos Advogados.
obrigados à inscrição na OAB, para o exercício de suas atividades. d) A função de Gerente Jurídico, como é de confiança da empresa,
Lembre-se ainda de que os integrantes da advocacia pública são pode ser exercida por quem não tem formação na área.
elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB.

-g? Comentários:
Apesar de o art. 1°, II, do EAOAB di7er que são atos privativos da
advocacia a consultoria, a assessoria e a direção jurídicas, o art. 7°
do RG inclui a gerência jurídica a essa lista. Vejamos: "A função de
diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada
ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, é privativa
de advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre
inscrito regularmente na OAB."

34 Eornam AMIAEOR 1 1 O EM ÉlKA - enk, PAULO MACHADO 35


icternÉtical

CAPÍTULO 2
Artigos 6° ao 7°

CAPÍTULO TI
DOS DIREITOS DO ADVOGADO

Não há hierarquia nem subordinação entre advogados,


magistrados e membros do Ministério Público, devendo-se todos
tratar-se com consideração e respeito recíprocos.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os


serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício
da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e
condições adequadas a seu desempenho.

:V2Z; São direitos do advogado:


rtir

I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território


nacional;
II — a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho,
bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência
escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao
exercício da advocacia;2
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente,
mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos
ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que
considerados incomunicáveis;

2 Este inciso foi alterado pela Lei n° 11.767, de 7 de agosto de 2008.

PAULO MAO-NDO 37
1 OemÉtical 1 OemÉtical
s't
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso salvo se prazo maior for concedidol
em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal,
a lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida
casos, a comunicação expressa à seccional da OAB; surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam
V - não ser recolhido preso, antes da sentença transitada no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe
em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e forem feitas;
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB', e, na sua XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer
falta, em prisão domiciliar; juízo, tribunal ou autoridade, contra inobservância de preceito de lei,
VI - ingressar livremente: regulamento ou regimento;
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão
separam a parte reservada aos magistrados; de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder
b) nas salas e dependência de audiências, secretarias, cartórios, ofícios Legislativo;
de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e
prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos
presença de seus titulares; findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam
c) em qualquer edificio ou recinto em que funcione repartição judicial sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar
ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher apontamentos;
prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por
do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante
qualquer servidor ou empregado; e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,
d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde apontamentos, em meio físico ou digital;'
que munido de poderes especiais: XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retira-
locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença; los pelos prazos legais;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e XVI- retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração,
gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente pelo prazo de dez dias;
marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada; XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou exercício da profissão ou em razão dela;
processo. nas sessões de julgamento. após o voto do relator. em XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos,

4 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucio-


3 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de lnconstitucionali- nalidade n° 1.105-7 e 1.127-8 (DOU de 26.5.2006), declarou a inconstitucionalida-
dade n°1.127-8 (DOU de 26.5.2006), declarou a inconstitucionalidade da expressão de deste inciso.
"assim reconhecidas pela OAB". 5 Este inciso foi alterado pela Lei 13.245/16.

38 Eorroas AR~ 10 EM aptçáo PA= MACI-0-00 39


OemÉtiCa! ioemÉtical
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o
qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado como disposto no inciso IV deste artigo
pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou § 4° O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em
solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios,
profissional; salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle'
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão assegurados à OAB.
para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual § 5° No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão
ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, ou de cargo ou função de órgão da OAB, o Conselho competente
mediante comunicação protocolizada em juízo. deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da
)0CI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório § 6° - Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime
ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput
indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:6 deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e
a) apresentar razões e quesitos; apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença
b) (VETADO). de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a
§ 1° Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a
1 - aos processos sob regime de segredo de justiça; clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos
2 - quando existirem nos autos documentos originais de dificil de trabalho que contenham informações sobre clientes.'
restauração ou ocorrer circunstancia relevante que justifique § 7° A ressalva constante do § 62 deste artigo não se estende a clientes
a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados
reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de como seus partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime que
oficio, mediante representação ou a requerimento da parte interessada; deu causa à quebra da inviolabilidade.m
3 - até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado § 8° (vetado)
de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de § 9° (vetado)
intimado. § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar
§ 2° O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV."
difamação ou desacato' puníveis qualquer manifestação de sua parte,
no exercício de sua atividade, em juizo ou fora dele, sem prejuízo das
sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
§ 3° O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo 8 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de inconstitucionali-
dade n° 1.127-8 (DOU de 26.5.2006), declarou a inconstitucionalidade da expressão
6 Este inciso e a alínea a foram acrescentados pela Lei 13.245/16. "e controle".
7 0 Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionali- 9 Este parágrafo 6° foi acrescentado pela Lei n° 11.767, de 7 de agosto de 2008.
dade n°1.127-8 (DOU de 26.5.2006), declarou a inconstitucionalidade da expressão 10 Este parágrafo 70 foi acrescentado pela Leio" 13.245/16.
"ou desacato". 11 Este parágrafo foi acrescentado pela Leio" 13.245/16.

40 Ecoo!. Ara.mon I 10 Eu Énen - 3' enci.o PAULO N4~0 41


ioemÉtical, 10emÉtica!
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados (art, 70, XIV, da Lei n° 8.906/94).
a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, Entretanto, por questões didáticas também empregaremos
quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia as expressões "direitos" e "prerrogativas" sem distinção, como se
ou da finalidade das diligências." sinônimos fossem.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o O Estatuto da Advocacia e da OAB disciplina os direitos dos
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em advogados ao longo de toda a lei, sendo que as concentra em maior
que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo número no Capítulo II do Título I (arts. 6° e 7°).
implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de Sendo a advocacia indispensável à realização da justiça
autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado — ao lado da Magistratura do Ministério Público —, o art. 6° logo
com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do determina que não há hierarquia nem subordinação entre advogados,
direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-
competente.-" se com consideração e respeito recíprocos. E para que o advogado
possa exercer de maneira plena, sem embaraços, a sua atividade,
impõe-se às autoridades, aos servidores públicos e aos serventuários
da justiça o dever de tratar os advogados, no exercício da profissão,
de forma compatível com a dignidade da advocacia, inclusive com
Alij COMENTÁRIOS
condições adequadas ao seu desempenho.
DIREITOS DO ADVOGADO
Conforme o disposto no art. 70 do Estatuto são direitos do advogado:
O Estatuto trata de maneira indistinta os direitos e as — exercer, com liberdade, a profissão em todo o território
prerrogativas do advogado. Portanto, inicialmente, cabe-nos fa7FT
nacional.
um breve esclarecimento sobre a diferença técnica entre direito e
prerrogativa.
O advogado devidamente inscrito em um determinado
Pode-se dizer que o "direito" e stá relacionado a todas as pessoas, Conselho Seccional da OAB pode exercer a profissão em todo o
ao passo que a "prerrogativa" é um direito exclusivo de determinada
país. Importante apenas lembrar que esta prerrogativa permite que
profissão para o seu pleno exercício. Desse modo, todos têm o direito o profissional advogue, ilimitadamente, no respectivo Conselho;
à livre locomoção no território nacional em tempo de paz (art. 5°, eventualmente, em qualquer outro estado. Se vier a atuar em mais
XV, CRFB), mas os advogados têm a prerrogativa de examinar, em de cinco causas em outro estado, deverá providenciar outra inscrição
qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo
(inscrição suplementar - art. 10, § 2°, do EAOAB). Desse modo, é
sem procuração, autos de fla,T•ante e de investigações de qualquer
garantido o direito de advogar livremente dentro do território nacional,
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
sendo que, em alguns casos, a atuação é condicionada à realização de
12 Este parágrafo foi acrescentado pela Lei n° 13.245/16. outra inscrição.
13 Este parágrafo foi acrescentado pela Lei n° 13.245/16.

42 atroa, AFINADOR 1 10 em ÉTICA - ranin PAULO MACHADO • 43


oemÉtimi 10e mÉtical
— a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem de Processo Penal, acompanhamos o entendimento de renomados
como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência autores, entre eles, Fernando da Costa Tourinho Filho, de que, na
escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao atualidade, em razão de a Constituição Federal determinar que é
exercício da advocacia. vedada a incomunicabilidade do preso na vigência do estado de
defesa, com mais razão não deve haver na ausência deste. Reforçando
Essa é a nova redação dada a este inciso pela Lei n° 11.767/08. esse entendimento o ilustre professor afirma que "se por acaso houver
Essa lei também acrescentou os parágrafos 6' e 7° ao art. 7° do entendimento contrário, não se deve olvidar que a incomunicabilidade
Estatuto da Advocacia, que, em linhas gerais, melhor tratou do tema é medida perversa e que, no fundo, o seu objetivo, que é impedir a
da inviolabilidade referida neste inciso. comunicação do preso com o mundo exterior, se reduz a uma nonada,
A inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, em face do direito conferido ao advogado de se comunicar com o
bem como de seus instrumentos de trabalho, não é absoluta, uma incomunicável pessoal e reservadamente..." (Código de Processo
vez que, presentes indícios de autoria e materialidade da prática de Penal Comentado, 12° Edição, Editora Saraiva, Volume 1, 2009,
crime pelo advogado, a autoridade judiciária competente poderá, em página 97). De qualquer forma, a incomunicabilidade não alcança o
decisão motivada, decretar a quebra da inviolabilidade de que trata advogado.
este inciso, expedindo, para tanto, o devido mandado de busca e
apreensão, especifico e pormenorizado, a ser cumprido na presença IV — ter a presença de representante da OAB, quando preso em
de representante da OAB. É de salientar que, em qualquer hipótese flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para a
- mesmo nesses casos -, é proibida a utilização dos documentos, lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais
das mídias e dos objetos que pertencem aos clientes do advogado casos, a comunicação expressa à seccional da OAB.
averiguado, muito menos dos demais instrumentos de trabalho que
tenham informações acerca de clientes, a não ser que haja algum Este inciso foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade
cliente do advogado averiguado que esteja sendo formalmente (ADI n° 1.127-8), proposta pela Associação dos Magistrados
investigado como participe ou coautor pela prática do mesmo crime Brasileiros (AME), em relação à expressão "ter a presença de
que deu origem à quebra da inviolabilidade. representante da OAB", que chegou a ficar suspensa desde 1994.
Contudo, o STF, no julgamento do mérito, ocorrido em 17 de maio de
111 — comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, 2006, decidiu pela integral constitucionalidade do inciso. Ressalte-se
mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos que os ministros do Pretório Excelso destacaram que, se a OAB não
ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que remeter um representante em tempo hábil, não haverá de se falar em
considerados incomunicáveis. invalidade da prisão em flagrante.
Em complementação, o parágrafo 3° do art. 7° do Estatuto
A Constituição Federal garante a todo preso a assistência de garante ao advogado o direito de somente ser preso em flagrante em
advogado (art. 5°. LXIII). Ao encontro da Lei Maior, o Estatuto da caso de crime inafiançável, desde que por motivo ligado ao exercício
Advocacia e da OAB confere ao advogado esse direito. da profissão e, mesmo assim, com as observações indicadas no inciso
Apenas por debate, ainda que de forma bem sucinta, no que IV.
tange à incomunicabilidade do preso, tratada no art. 21 do Código


44 tORA Aff.ocoa I 10 &Á ÉrcA - Etecdo Psao MA01.00 45
oemÉtica! 1 OemÉtical
V — não ser recolhido preso, antes da sentença transitada em a essas garantias deve ser entendido corno ilegal e, nos casos de
julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e violações às alíneas a, b e c, como crime de abuso de autoridade,
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua previsto no art. 3°, f; da Lei n°4.898/95.
falta, em prisão domiciliar. Na alínea d, encontramos um direito que, para ser exercido,
exige procuração com poderes especiais.
Mais uma vez a Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB) insurgiu-se, por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade, VII — permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer
contra a Lei n° 8.906/94. Neste caso, foi em relação à expressão locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença.
"assim reconhecidas pela OAB", e o STF, confirmando a liminar antes
concedida, julgou, nesta parte, procedente a ação, ou seja, declarou a Conforme o art. 6° do Estatuto, não há hierarquia nem
inconstitucionafidade da expressão "assim reconhecidas pela OAB". subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério
A prerrogativa de prisão domiciliar, na ausência de sala de Público. Nesse mesmo sentido, este inciso VII assegura ao advogado
Estado Maior, continua valendo. Esse é o entendimento do Supremo decidir a melhor maneira de ficar nos locais onde precisa estar para
Tribunal Federal. o exercício da advocacia, sem qualquer interferência por parte dos
agentes públicos (nem mesmo das autoridades policiais e judiciárias).
VI— ingressar livremente: Importa em desprestigio para a classe, e nenhum advogado
pode a isso condescender, quando o magistrado determina o local
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos onde o advogado deve ficar, com a clara intenção de menoscabo ou
que separam a parte reservada aos magistrados; em atitude arbitrária.
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios,
ofícios de justiça, serviços notariais e de registro e, no caso VIII— dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes
de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e de trabalho, independentemente de horário previamente marcado
independentemente da presença de seus titulares; ou outra condição, observando-se a ordem de chegada.
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição
judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar Justamente em razão de não haver hierarquia nem subordinação
ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade entre advogados e magistrados, e também de ser o advogado um
profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, dos figurantes essenciais à justiça, é assegurado o seu livre acesso
desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; aos magistrados. Entretanto, é razoável que, em razão de um ato
d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou processual estar sendo realizado, a autoridade judiciária solicite ao
possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva advogado que aguarde o término do aludido ato. O que não se admite
comparecer, desde que munido de poderes especiais; é a restrição para atendê-lo somente em alguns dias da semana e em
horários previamente estipulados.
Com essas prerrogativas, o Estatuto garante ao advogado o Saliente-se que para fins de prova (Exame de Ordem), é direito
pleno exercício de sua atuação, a fim de que possa representar os do advogado, e não do estagiário.
interesses de seus clientes de maneira eficaz. Qualquer impedimento

46 EDITORA AwArxx: 10 em ÉTICA - 3' ran...c, PAULO MNSLADO 47


ioernÉtical 10emÉtical
IX — sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou — reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer
processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito
instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, de lei, regulamento ou regimento.
salvo se prazo maior for concedido.
Este inciso traz mais uma forma de o advogado reclamar junto
O STF declarou inconstitucional todo o conteúdo deste às autoridades contra a inobservância de preceito de lei, regulamento
inciso, por ocasião do julgamento da ADI n° 1.127-8, proposta pela ou regimento. A diferença que há entre o inciso anterior e este é
Associação dos Magistrados Brasileiros. que naquele a intervenção deve ser sumária, de modo a evitar um
Quis o legislador garantir ao advogado o direito de sustentar prejuízo maior, enquanto que neste pode-se esperar um momento
oralmente as razões recursais "após o voto do relator", o que mais oportuno para intervir.
contribuiria muito para a realização da justiça, uma vez que, após
ouvir o voto do relator, o advogado melhoraria sua argumentação para Xii — falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de
maior esclarecimento das razões para os demais julgadores do órgão deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder
colegiado. Legislativo.
Com a declaração de inconstitucionalidade, o advogado deve
"tentar adivinhar" o que se passa na mente do relator e preparar uma O advogado tem o direito de se manifestar oralmente, sentado
sustentação oral mais completa, e sintetizada, possível... Lamentável... ou em pé, em qualquer órgão do Poder Judiciário, do Legislativo ou da
Observe que no Novo Código de Ética e Disciplina (art. 60, § Administração Pública, não podendo nenhum ato normativo interno
40) ainda consta que no processo disciplinar na OAB, a sustentação estabelecer forma diversa.
oral do advogado será anós o voto do relator!
XIII — examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e
X — usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de
mediante intervenção sumária, para esclarecer equivoco ou processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração,
dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de
que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou cópia, podendo tomar apontamentos.
censura que lhe forem feitas.
O direito ao exame dos autos e o direito de vista dos autos
Aqui temos uma importantíssima prerrogativa garantida não se confundem. Aquele significa a simples consulta dos autos
pelo Estatuto aos advogados. Trata-se da utilização da expressão no cartório, enquanto que este é a retirada dos autos pelo advogado
"pela ordem", quando se verificar a necessidade de esclarecer algum mediante registro em livro de carga ou em documento que declare a
equívoco ou uma dúvida relevante que possa influir no julgamento saída dos autos.
ou, ainda, como forma de defesa contra acusações ou censura que lhe Por vezes, o exame dos autos é necessário para suprir uma
forem feitas. dúvida urgente ou até mesmo para que o advogado decida se irá ou não
ingressar na causa. Assim, o Estatuto assegura ao advogado examiná-
los em qualquer órgão do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e da

48 arra. ARMAGOR 10 Em Énc.A - 3' Ear„Ao PALto MN:RAD:, 49


1 OemÉtica! 1 OemÉtica!
Administração Pública em geral, findos ou em andamento, mesmo acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa,
sem procuração, desde que não estejam submetidos a sigilo, sendo sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos
assegurada a obtenção de cópia, podendo, ainda, tomar apontamentos. autos ao juiz competente."
Em relação ao direito de obtenção de cópia mesmo sem Assim, entendemos que o mesmo direito deve ser estendido
procuração, explicitado neste inciso, explica Geronimo Theml de para se ter vista e cópia de registros de ocorrência (ou boletins de
Macedo que "aqui é fundamental ter em mente que o direito não ocorrência), de termos circunstanciados e de qualquer procedimento
é de retirar os autos de cartório para levá-los até a copiadora mais anterior à instauração do inquérito policial, como o comumente
próxima. O direito é de obter as cópias, o que implica dizer que cada chamado procedimento de "verificação das procedências das
cartório judicial deverá disponibilizar os mecanismos adequados para informações- (VPI), tratado no art. 5°, § 30, do CPP. Afinal, se pode o
garantir tal direito, alguns, por exemplo, possibilitam que servidores mais (inquérito policial), pode o menos (VPI ou RO ou BO).
acompanhem o advogado até a copiadora." (obra citada, p. 81). Importante atentarmos para o seguinte: embora o art. 20 do
Código do Processo Penal estabeleça que "a autoridade assegurará
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de interesse da sociedade", essa sigilosidade (característica do IP) não
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, alcança o advogado, em virtude do que lhe é garantido pelo art. 7°,
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar inciso XIV, da Lei n° 8.906/94.
apontamentos, em meio físico ou digital;" Em razão disso, em fevereiro de 2009, o Supremo Tribunal
Federal editou a súmula vinculante n° 14 com o seguinte teor: "É
Em seu texto original não constavam as expressões "em direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
qualquer repartição policial responsável por conduzir investigação" aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
e "investigações de qualquer natureza", bem como a questão da investigatório realizado por órgão com competência de policia
obtenção de cópias por meio digital, como, por exemplo, a fotografia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa."
por scanner portátil ou por aparelho de telefone celular. Neste sentido, a Lei 13.245/16 acrescentou os §§ 10 e 11, que
Tais alterações vieram em boa hora, pois há muito tempo já esclarecem mais ainda este tema. Vejamos:
se discutia este direito de acesso do advogado aos procedimentos No § 10 consta que, "nos autos sujeitos a sigilo, deve o
investigatórios nos mais variados setores, e não só em sede policial advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que
(como é o caso do procedimento investigatório criminal feito pelo trata o inciso XIV." Isso ocorre porque, como comentamos acima,
Ministério Público). o sigilo do inquérito policial não alcança o advogado. Porém, há
Para assegurar este direito, a Lei 13.245/16 também casos em que há interceptação telefônica decretada pelo juiz ou há
acrescentou o § 12, determinando que: "A inobservância aos direitos quebra de sigilo bancário. Assim, documentos e informações sigilosas
estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou são juntadas aos autos do inquérito policial. Nesta hipótese, para o
o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas advogado ter acesso, terá que ter procuração.
no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e O § 11 diz que, "no caso previsto no inciso XIV, a autoridade
funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos
14 Este inciso foi alterado pela Lei 13.245/16. de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não

50 arrcon Amonon I 10 ai ÉlICA - EDIÇÃO Ruxo NAAcw.co 51


1 Oe mÉtica! OemÉtica!
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento sanções penais em que incorrer o ofensor. Não raro, os advogados são
da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências." Este inciso, ofendidos por juízes, promotores de justiça, delegados de policia, no
ao nosso ver, melhor esclareceu o teor da aludida Súmula Vinculante desempenho de seu mister, devendo o desagravo ser promovido pelo
14. Conselho competente, de oficio, a requerimento do próprio advogado
ou de qualquer outra pessoa.
XV — ter vista dos processos judiciais ou administrativos de O desagravo público, como meio de defesa dos direitos
qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou e prerrogativas da advocacia, não depende de concordância do
retirá-los pelos prazos legais. ofendido, que não pode dispensá-lo, sendo, portanto, um critério do
próprio Conselho.
XVI— retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, Uma vez ocorrendo a ofensa no espaço territorial da Subseção
pelo prazo de dez dias. a que se vincule o inscrito, a sessão de desagravo pode ser promovida
pela Diretoria ou Conselho da Subseção, com representação do
Os direitos trazidos nos incisos XV e XVI não se aplicam nos Conselho Seccional. Com razão. Se o advogado foi ofendido num
casos mencionados no § 1° do art. 70, a saber: município distante da sede do Conselho Seccional, de nada adiantará
a) quando o processo estiver sob o regime do segredo de justiça; a solenidade ser lá realizada. Atenderá melhor ao seu objetivo, se
b) quando houver nos autos documentos originais de dificil realizada num local mais próximo de onde ocorreu a ofensa.
restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique Por outro lado, competirá ao Conselho Federal promover o
a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, desagravo público nos casos de ofensa a conselheiro federal ou a
reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido •Presidente de Conselho Seccional, quando ofendidos no exercício das
ex officio, mediante representação ou a requerimento da parte atribuições de seus cargos e, ainda, quando a ofensa a advogado se
interessada; revestir de relevância e grave violação às prerrogativas profissionais
c) até o encerramento do processo, ao advogado que tenha deixado com repercussão nacional. Assim, o Conselho Federal indica seus
de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois representantes para a sessão pública de desagravo, que será realizado
de intimado. na sede do Conselho Seccional, exceto no caso de ofensa a conselheiro
federal, quando acontecerá no próprio Conselho Federal.
XVII — ser publicamente desagravado, quando ofendido no 0 procedimento o desagravo público é disciplinado nos
exercício da profissão ou em razão dela. parágrafos do art. 18 do Regulamento Geral.
Compete ao relator, convencendo-se da existência de prova
O Estatuto tratou o desagravo público como um direito do ou indício de ofensa relacionada ao exercício da profissão ou cargo
advogado, tendo o Regulamento Geral especificado o tema nos art. 18 da OAB, propor ao Presidente que solicite informações da pessoa ou
e 19. autoridade ofensora, que serão fornecidas no prazo de 15 (quinze)
O desagravo público é um procedimento formal utilizado pela dias, a não ser que haja urgência ou notoriedade do fato.
Ordem dos Advogados do Brasil para mostrar o repúdio e prestar urna Pode o relator propor o arquivamento do pedido se (1) a ofensa
solidariedade às ofensas sofridas pelo advogado no exercício da sua tiver natureza pessoal, (2) se não estiver ligada ao exercício profissional
profissão ou de cargo ou função nos órgãos da OAB, sem prejuízo das ou às prerrogativas gerais do advogado ou (3) se configurar crítica de

52 Enrraka Armam j 10 e. - 3' Ea0o Paio 53


1 Oe mÉtica! 1 Oe mÉticd
caráter doutrinário, político ou religioso. xx -.- retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão
Sendo recebidas ou não as informações solicitadas e para ato judicial, após 30 (trinta) minutos do horário designado
convencendo-se da procedência da ofensa, o relator emitirá um e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva
parecer, que será submetido ao Conselho. Em caso de acolhimento do presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
parecer, é designada a sessão de desagravo, amplamente divulgada.
Na sessão do desagravo público, o Presidente lê a nota a ser O advogado ganhou com este inciso uma importantíssima
publicada na imprensa, encaminhada ao ofensor e às autoridades e prerrogativa. Para evitar abusos, lamentavelmente cometidos por
registrada nos assentamentos do inscrito. alguns magistrados, garantiu o Estatuto da Advocacia e da OAB ao
advogado o direito de se retirar do recinto onde está aguardando para
XVIII— usar os símbolos privativos da profissão de advogado a realização do ato judicial, após passados 30 (trinta) minutos do
horário marcado e sem que a respectiva autoridade tenha chegado.
Apenas o advogado devidamente inscrito na OAB pode Este direito não se aplica quando o magistrado já se encontra no
utilizar os símbolos privativos da advocacia. São os anéis, adornos e local, porém, realizando outro ato processual, como é o caso de uma
outros relacionados à profissão. audiência designada para um horário anterior, mas que ainda não
Compete ao Conselho Federal criar ou aprovar o seu uso (art. terminou.
10, inciso X, EAOAB - Compete ao Conselho Federal: X— dispor sobre Mister salientar que a Consolidação das Leis do Trabalho traz
a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos um prazo menor. Assim, para os advogados que atuarem perante a
privativos). Não se deve confundir esta competência do Conselho Justiça Trabalhista, o tempo de espera é de apenas 15 (quinze) minutos
Federal com o que está disposto no art. 58, XI, do mesmo diploma: a partir do horário designado (art. 815, CLT).
compete ao Conselho Seccional determinar, com exclusividade, Em qualquer caso, obviamente, exige-se a comunicação
critérios para o traje dos advogados, no exercício profissional. Um protocolizada em juízo.
fala sobre os símbolos; o outro, sobre o traje.
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração
5ta)C — recusar-se a depor como testemunha em processo no qual de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos
pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, mesmo quando os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou
autorizado ou solicitado pelo constituinte. derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
da respectiva apuração:
A recusa em depor como testemunha em processo no qual
funcionou ou deva funcionar, ou até mesmo sobre algum fato vinculado a) apresentar razões e quesitos;
a pessoa de quem seja ou foi advogado, é um direito assegurado pelo b) (VETADO).
Estatuto, mas também é um dever imposto pelo Código de Ética e
Disciplina (arts. 35 a 38 do Novo CED). Esta inovação trazida pela Lei n° 13.245/16 traduz um
relevante avanço para a Justiça e para o exercício do direito de defesa.
Embora o Princípio da Ampla Defesa não seja aplicado à fase da

54 Er:noa. ARAADOR 1 O EM ÉlICA - EDIÇÃO P.A MAC.430 55


1 OemÉtica! 1 OemÉtica! .
investigação policial, a presença e a participação do advogado evita Inquérito, Conselho de Contribuintes, etc.).
que se cometam abusos contra os investigados. Acontece que a Associação dos Magistrados Brasileiros
(AMB) propôs uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n°
I IMUNIDADE PROFISSIONAL DO ADVOGADO 1.127-8), na qual o Supremo Tribunal Federal, em 1994, suspendeu
liminarmente a eficácia da expressão "desacato", tendo o mérito sido
A imunidade profissional do advogado é tratada no artigo 70, julgado em 17 de maio de 2006 e, nessa parte, julgada procedente, ou
parágrafo 2°, do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei n° 8.906/94): seja, o advogado não tem mais imunidade profissional em relação ao
"O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, crime de desacato.
difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, Importante evidenciar a ressalva contida na parte final do
no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das parágrafo 2°, do artigo 7°, do Estatuto, que, no tocante à injuria e
sanções disciplinares perante a OAB pelos excessos que cometer". à difamação, no exercício da advocacia, o advogado pode vir a ser
Imunidade profissional é a imunidade que se refere à atividade processado pela OAB, caso cometa excessos. Tal reprimenda faz
ou à função do advogado, podendo assim ser de ordem civil, penal sentido, porque, se por um lado, o advogado tem a prerrogativa
e disciplinar. Se responsabilidade funcional (ou profissional) do da imunidade, por outro, ele tem o dever de tratar as pessoas e os
advogado, quer dizer responsabilidade civil, penal e disciplinar, do funcionários públicos com os quais for se relacionar com urbanidade,
mesmo modo será sua imunidade profissional. educação e lhaneza. Exagerando e extrapolando o direito de imunidade,
A razão dessa imunidade vem do fato de a advocacia ser uma estará violando um dever de bem tratar a todos.
profissão eminentemente conflituosa, na qual, não raro, o advogado Note-se ainda que, embora o advogado tenha a imunidade
se depara com situações injustas em desfavor do seu cliente, o que profissional conferida pelo Estatuto da Advocacia, outras leis podem
em decorrência o faz despender palavras ou expressões que em outras trazer para ele algumas sanções, como, por exemplo, o Novo Código
situações até poderiam ser consideradas como ofensivas, mas não ali, de Processo Civil, que, no artigo 78 e seus §§ 1° e 2°, permite ao juiz
no exercício de seu mister, devendo ser levadas conta em nome do riscar as palavras ofensivas empregadas nos escritos que o advogado
princípio da libertas convinciandi. fizer, advertir o advogado em audiência e até cassar a palavra do
O instituto da imunidade penal do advogado em relação aos mesmo - nos dois últimos casos quando venha a proferir palavras
crimes de injúria e difamação não é novidade no ordenamento jurídico ofensivas de forma oral. No art. 360, II, do Novo CPC, há até mesmo
pátrio. O artigo 142, I, do Código Penal, já previa essa imunidade possibilidade de o juiz retirar do recinto quem se comportar de modo
("Não constituem injúria ou difamação punível: 1— a ofensa irrogada inconveniente.
em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador").
Assim, o Estatuto da Advocacia e da OAB inovou em seu
texto original os seguintes aspectos: (1) ampliou a imunidade penal
do advogado para imunidade profissional, ou seja, agora ela é civil,
penal e disciplinar; (2) acrescentou ao rol da imunidade o crime de
desacato; (3) a imunidade profissional do advogado deixou de ser
apenas em juízo e passou a ser em qualquer lugar onde desenvolva
a sua atividade (delegacia de polícia, Comissão Parlamentar de

56 Eram, APRIAOCRI I 10 EM - 3' ECOO PAU_O MACHADO 57


1 Oe rnÉtical oemÉtical
Abaixo, o teor dos arts. 78, §§ 1° e 2°, e 360, II, do Novo CPC: poder de polícia, e também porque o artigo 6° do EAOAB diz que
não hierarquia nem subordinação entre advogados, juízes e membros
do Ministério Público. Comungamos desse entendimento, apenas
complementando que essas sanções não podem chegar ao ponto
de cercear o direito de defesa. Por fim, há os que entendem que os
dispositivos citados do CPC estão todos revogados, uma vez que o
artigo 44, II, do Estatuto, diz que compete à OAB com exclusividade
disciplinar os seus inscritos.

If)". OME
:~a~ gf.

•1. (FGV — XIX Exame de -Ordem) O advogado Carlos dirigiu-


se a uma Delegacia de Polícia para tentar obter cópia de autos de
inquérito no âmbito do qual seu cliente havia sido intimado para
prestar esclarecimentos. No entantO, a vista dos autos foi negada
pela autoridade policial, ao fundamento de que os autos estavam sob
segredo de Justiça. Mesmo após Carlos ter apresentado procuração
de seu cliente, afirmou o Delegado que, uma vez que o juiz havia
decretado sigilo nos autos, a vista somente seria permitida com
autorização judicial.

Nos termos do Estatuto da Advocacia, é correto afirmar que


a) Carlos pode ter acesso aos autos de qualquer inquérito, mesmo sem
procuração.
b) Carlos pode ter acesso aos autos de inquéritos sob segredo de
Justiça, desde que esteja munido de procuração do investigado.
c) em caso de inquérito sob segredo de Justiça, apenas o magistrado
Em relação a tais sanções aplicadas• pelos juízes, cabe.nos, ainda que decretou o sigilo poderá afastar parcialmente o sigilo, autorizando
que de maneira superficial, tecer alguns comentários, especialmente o acesso aos autos pelo advogado Carlos.
porque há controvérsias acerca da natureza jurídica dessas punições. d) o, segredo de Justiça de inquéritos em andamento é oponível ao
Há quem entenda que são sanções disciplinares, resquícios de advogado Carlos, mesmo munido de procuração.
uma época em que cabia ao Judiciário a disciplina dos advogados
(fase anterior à criação da OAB pelo Decreto n° 19.408/30); outros
entendem que são sanções processuais, pois os magistrados têm

58 &nomAFCAMOR 1 10 EY Ema - EIX:43 PAIO MOD.90


59
10emÉtica! 10emÉtiCal
2. (FGV— XVI Exame de Ordem) Isabella, advogada atuante na área
pública, é procurada por cliente que deseja contratá-la e que informa
ç a existência de processo já terminado, no qual foram debatidos fatos
Comentário: que poderiam interessar à nova causa. Antes de realizar o contrato de
Essa questão teve por base o art. 7°, XIV, do EAOAB (é direito prestação de serviços, requer vista dos autos findos, não anexando
do advogado examinar, em qualquer instituição responsável por instrumento de mandato.
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante
e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, Nesse caso, consoante o Estatuto da Advocacia, a advogada pode
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar a) ter vista dos autos somente no balcão do cartório.
apontamentos, em meio flsico ou digital) e a Súmula Vinculante b) ter vista dos autos no local onde se arquivam os autos.
14, cujo teor é: "É direito do defensor, no interesse do representado, c) retirar os autos de cartório por dez dias.
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em d) retirar os autos, se anexar instrumento de mandato.
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa."
Perceba que na presente questão, houve decretação pelo juiz de sigilo.
Como se sabe uma das características do inquérito policial é a sua Comentário:
sigilosidade, o que significa que qualquer do povo não pode ter acesso
às suas informações. É também sabido que esta sigilosidade, em regra, O art. 7°, XVI do E0AB traz como um dos direitos do
não alcança o advogado, que pode ter acesso mesmo sem procuração. advogado retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração,
Acontece que, em muitas situações, o juiz pode decretar a sigilosidade pelo prazo de 10 (dez) dias.
em maior grau, quando há documentos sigilosos nos autos, corno, por
exemplo, extrato bancário dos envolvidos, interceptação telefônica,
etc. Nestes casos, para que o advogado tenha acesso, toma-se
necessária ajuntada de procuração nos autos.

O § 10 do art. 7°, com a redação dada pela Lei 13.245/16, dispõe


que: "nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar
procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso
XIV."

60 EDnow AFPINJOR I 10 al Éren - axçie PAULO INAawoo 61


1 OemÉtical 10e mÉtiCal
3. (F'GV — XVI Exame de Ordem) O advogado Antônio participava 4. (FGV - X Exame de Ordem) Um jovem advogado inicia sua
do julgamento de recurso de apelação por ele interposto. Ao proferir carreira em seu estado natal, angariando clientes em decorrência das
seu voto, o Relator acusou o advogado Antônio de ter atuado de forma suas raras habilidades de negociador. Com o curso do tempo, sua fama
antiética e de ter tentado induzir os julgadores a erro. Em seguida, de bom profissional se espraia e, em razão disso, surgem convites
com o objetivo de se defender das acusações que lhe haviam sido para atuar em outros estados da federação. Ao contatar um cliente
dirigidas, Antônio solicitou usar da palavra, pela ordem, por mais no Estado Y, distante mais de mil quilômetros do seu estado natal, é
cinco minutos, pleito que veio a ser indeferido pelo Presidente do surpreendido pelas autoridades de Y, com determinação restritiva ao
órgão julgador. seu exercício profissional, por não ser advogado do local. A partir do
exposto, nos termos do Estatuto da Advocacia, assinale a afirmativa
A respeito do direito de Antônio usar a palavra novamente,assinale a correta.
afirmativa correta.
a) Não é permitido o uso da palavra por advogado em julgamentos de a) O advogado deve restringir o exercício profissional ao local em que
recursos de apelação. obteve sua inscrição.
b) É direito do advogado usar da palavra, pela ordem, mediante b) O advogado deve solicitar autorização a cada processo em que
intervenção sumária, para replicar acusação ou censura que lhe forem atuar fora do local de inscrição.
feitas. c) O advogado deve realizar Exame de Ordem em cada estado em que
c) É direito do advogado intervir, a qualquer tempo e por qualquer for atuar.
motivo, durante o julgamento de processos em que esteja constituído. d) O advogado pode exercer sua profissão em todo o território
d) O uso da palavra, pela ordem, mediante intervenção sumária, nacional.
somente é permitido para o esclarecimento de questões fáticas.

Comentários:
Comentários: Para o art. 70, I, do EAOAB o advogado tem o direito de exercer, com
O art. 7°, X, do EAOAB diz que é direito do advogado usar da palavra, liberdade, a profissão em todo o território nacional.
pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção Assim, se ele possui inscrição principal no estado A, por exemplo,
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a ele poderá atuar ilimitadamente nesse estado, mas poderá advogar de
fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem forma limitada (até 5 causas por ano) em qualquer outro estado (art.
como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas. 10 e §§ 1° ao 3° do EAOAB).

62 PAun MACile0 63
1 OemÉtical 10emÉtical
5. (FGV — XIII Exame de Ordem) Agnaldo é advogado na
área de Direito de Empresas, tendo como uma de suas clientes a
sociedade Cobradora Eficiente Ltda., que consegue realizar os seus
atos de cobrança com rara eficiência. Por força de sua atividade, a CAPÍTULO 3
sociedade é convidada a participar de reunião com a Associação dos Artigos 8° ao 14
Consumidores Unidos e envia o seu advogado para dialogar com a
referida instituição.

Consoante o Estatuto da Advocacia, deve o advogado comparecer


a) à reunião com seu cliente, responsável pela empresa.
CAPÍTULO III
b) desacompanhado, com procuração com poderes ad juditia. DA INSCRIÇÃO
c) à reunião, com mandato outorgado com poderes especiais.
d) ao local sem a presença do cliente e sem mandato. Para inscrição como advogado é necessário:

Ç;),)
Comentários:
I - capacidade civil;
11-diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição
de ensino oficialmente autorizada e credenciada;
Há muitos atos que o advogado pode praticar sem procuração, como, III - o título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
por exemplo, visitar cliente preso, tirar cópia de autos de inquérito IV - aprovação em Exame de Ordem;
policial etc.
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
Com a procuração com poderes gerais, o advogado pode praticar os VI - idoneidade moral;
mais variados atos, desde que a lei não exija poderes especiais (vide VII - prestar compromisso perante o Conselho.
Art. 105 do Novo Código de Processo Civil). § 10 O Exame de Ordem é regulamentado em provimento do Conselho
A questão exigiu o conhecimento de uma das hipóteses de exigência Federal da OAB.
de procuração com poderes especiais, que é ingressar livremente em § 2° O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no
qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o Brasil, deve fazer prova do título de graduação, obtido em instituição
seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais
de poderes especiais (art. 7°, VI, d, do EAOAB). requisitos previstos neste artigo.
§ 3° A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser
declarada mediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos
votos de todos os membros do Conselho competente, em procedimento
que segue os termos do processo disciplinar.
§ 4° Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver
sido condenado por crime infamante, salvo reabilitação judicial.

64 Eorroa4 AFMACCP I 10 ae Énc.. - Enke Nu.° MACI-IPLIO 65


1 Oe mÉtica! 1 Oe métical
Para inscrição como estagiário é necessário: QUADRO DE ADVOGADOS

I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII Requisitos para inscrição com advogado
do art. 80;
II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. Os requisitos necessários para inscrição no qiisdro de
§ 10 O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, advogados estão no art. 8° do Estatuto. Vejamos:
realizado nos últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas
respectivas instituições de ensino superior, pelos Conselho da OAB, ou 1— capacidade civil
por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados
pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de A capacidade civil aqui referida é a capacidade civil plena, que
Ética e Disciplina. nos termos da legislação civil se adquire aos dezoito anos completos
§ 20 A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo (art. 5° do Código Civil). Essa capacidade civil pode ser comprovada
território se localize seu curso jurídico. com a apresentação da carteira de identidade.
§ 30 O aluno de curso jurídico, que exerça atividade incompatível Para o preenchimento desse requisito, presume-se que a pessoa
com a advocacia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva é capaz civilmente com a simples prova de sua maioridade.
instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a Não é demais lembrar que, em algumas situações, o menor
inscrição na OAB. pode ser emancipado, cessando sua incapacidade, através da colação
§ 40 O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em de grau em curso de nível superior, nos termos do art. 50, parágrafo
Direito que queira se inscrever na Ordem. único, IV, do Código Civil. E, nesse caso, o curso deve ser o de Direito
e a comprovação dar-se-á com o diploma.

' II — diploma ou certidão de graduação em Direito obtida em


instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada
AN) COMENTÁMOS

O atual Estatuto possibilitou a apresentação de certidão de


QUADROS DA OAB graduação em Direito, na falta do diploma. Isso ocorre em razão de o
diploma, em determinadas situações, demorar a ser expedido, o que
A OAB possui dois quadros de inscritos: o quadro de impossibilita a inscrição daquele que já colou grau em Direito.
advogados e o quadro de estagiários. Além desse requisito expresso no inciso II do art. 8° do
A palavra "advogado" vem do latim (advocatus). Ad significa Estatuto, o art. 23 do Regulamento Geral condicionou o suprimento
"para junto" e vocatus quer dizer "chamado". Advocatus é aquele que da falta do diploma à apresentação da certidão de graduação em
é chamado para junto (para representar quem o constituir). Direito desde que acompanhada da cópia autenticada do histórico
escolar. Assim, deve o candidato apresentar o diploma ou, se não o
tiver, a certidão de graduação em Direito mais o histórico escolar
devidamente autenticado.

66 arra.> AMADOR 1 10 as Értaa - Eaçáo PAILO MAcowco 67


10emÉtiCal 10emÉdcW
— titulo de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro. aprovada, não poderá se inscrever no quadro de advogados enquanto
estiver incompatibilizada.
Esse requisito permaneceu no atual Estatuto. Atente-se que a
redação determina que para inscrição como advogado é necessário — idoneidade moral
apresentar o título de eleitor e provar a quitação do serviço militar, se
brasileiro. A contrario sensu— e por razões óbvias — se brasileira for, O EAOAB não define o que vem a ser idoneidade moral.
somente deve ser apresentado o título de eleitor e, se estrangeiro, nem Alguns autores se referem à condição do indivíduo honesto, probo ou
título de eleitor, nem quitação do serviço militar. escrupuloso.
Sobre a inscrição de estrangeiros e brasileiros graduados em Para Paulo Lôbo, "os parâmetros não são subjetivos, mas
outro país comentaremos mais abaixo. decorrem da aferição objetiva de standards ou topoi valorativos que
se captam na comunidade profissional, no tempo e no espaço, e que
IV— aprovação no Exame da Ordem contam com o máximo de consenso na consciência jurídica."
Como a idoneidade moral é um requisito para a inscrição
Conforme expressamente dito pelo art. 8°, § 1°, do Estatuto, na OAB, caso venha o advogado futuramente ser considerado
o Exame da Ordem será regulamento por provimento do Conselho inidôneo moralmente sofrerá a penalidade de exclusão dos quadros
Federal da OAB. da OAB, somente podendo retornar após o deferimento do pedido de
O Exame já foi regulamentado por vários provimentos: 81/96, reabilitação (vide art. 41 e parágrafo único do Estatuto).
109/05 e 136/09. Atualmente o Exame da Ordem é regulamentado A inidoneidade moral, antes ou depois da inscrição, pode ser
pelo Provimento 144/11. suscitada por qualquer pessoa, sendo declarada mediante decisão que
O Exame da Ordem pode ser prestado por bacharéis em Direito, alcance, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos votos de todos os membros
inclusive por aqueles que exercem atividades incompatíveis com a do Conselho competente, em procedimento que segue os trâmites do
advocacia, a exemplo dos policiais, dos técnicos de atividade judiciária processo disciplinar.
e dos prefeitos, ficando, entretanto, impossibilitados de exercer a Alei traz uma hipótese expressa de inidoneidade moral: prática
atividade de advocacia enquanto estiverem incompatibilizados. de crime infamante, salvo se já tenha sido reabilitado judicialmente
Neste caso, a aprovação no Exame na Ordem tem validade por prazo (vide arts. 93 a 95 do Código Penal).
indeterminado, podendo estes obter a inscrição no quadro de advogado
após a desincompatibilização. VII— prestar compromisso perante o Conselho

V — não exercer atividade incompatível com a advocacia Esse compromisso é o juramento que dever ser feito pelo
requerente por ocasião do recebimento da carteira e do cartão de
A expressão "atividade incompatível" está relacionada à advogado.
atividade profissional da pessoa. O art. 28 do EAOAB traz num rol Trata-se de um requisito solene e personalíssimo, portanto,
taxativo (numeras clausus) as atividades incompatíveis. indelegável. Não se pode prestar o compromisso por procuração,
Uma pessoa que exerce atividade incompatível com a devendo o requerente comparecer pessoalmente.
advocacia pode prestar o Exame da Ordem, mas, caso venha a ser

6B Earroak Aawaan 1 10 Ga ÉTICA - inv.1.0 PAULO MAO INZO 69


10emÉtica! 10emÉtica!
Esse compromisso encontra-se no art. 20 do Regulamento Comunga do mesmo posicionamento Geronimo Theml de
Geral. Note que as finalidades da OAB e o compromisso ético são Macedo em Deontologia Jurídica (Coleção Tópicos de Direito,
passados ao advogado neste momento: volume 12, Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2009, página 50):
"tal acréscimo trazido pelo Regulamento Geral da OAB é ilegal, pois
•"Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, as normas regulamentadoras devem se ater aos limites das normas
observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais regulamentadas; no nosso caso, o Regulamento Geral deve se limitar
e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado ao que dispõe o Estatuto da Advocacia e da OAB".
Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa Sobre a questão da reserva legal, Flávia Bahia Martins, em
aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o Direito Constitucional (Editora Impetus, Niterói, Rio de Janeiro,
aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas." 2009), discorre sobre o assunto:

Além dos requisitos arrolados no art. 8° do Estatuto, o art. 20, "A Constituição assegura a plena liberdade profissional,
§ 2°, do Regulamento Geral, trouxe mais uma exigência: não praticar exceto quando a lei determinar a satisfação de certos
conduta incompatível com a advocacia. requisitos, como é o caso da comprovação de três anos de
Cabe aqui esclarecer a diferença entre atividade incompatível atividade jurídica para quem pretender ingressar na carreira
e conduta incompatível. A primeira, como acima explicado, da magistratura ou do Ministério Público (art. 93, 1, e 129, s f
está relacionada à atividade profissional (art. 28 do EAOAB) da 3°, da CF respectivamente), ou ainda, da prova exigida pela
pessoa: atividade policial, cargos ou funções vinculados direta ou Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício da advocacia.
indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário, militares de Ressalte-se que a restrição deve ser feita por lei (reserva de lei)
qualquer natureza (na ativa), etc.; a segunda, refere-se à vida pessoal e tem que ser proporcional à natureza da função a ser exercida."
(social) do indivíduo, como por exemplo, a embriaguez e a toxicomania
habituais, a prática reiterada de jogo de azar não autorizado por lei, De toda forma, para aqueles que se preparam para provas com
a incontinência pública e escandalosa (art. 34, parágrafo único, do questões objetivas, em especial, para o Exame da Ordem, aconselhamos
EAOAB). que sigam o disposto no art. 20, § 2°, do Regulamento Geral, ou seja: "a
A respeito disso, entendemos que somente a lei (e a lei é a conduta incompatível com a advocacia, comprovadamente imputável
8.906/94 - Estatuto da Advocacia e da OAB) pode determinar os ao requerente, impede a inscrição no quadro de advogados".
requisitos necessários ao exercício da advocacia, pois a Constituição,
no art. 5°, XIII, ao tratar do princípio da liberdade de profissão, assim Requisitos para inscrição como estagiário
impôs: "é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer". O estágio profissional, com duração de dois anos, realizado
Assim, no que pese a relevância e a obrigatoriedade do respeito nos últimos anos da faculdade de Direito, pode ser mantido pelas
ao Regulamento Geral por todos os advogados e membros da OAB, instituições de ensino superior, pelos Conselhos Seccionais da OAB
o RG não é lei, é ato normativo emanado pelo Conselho Federal da ou, ainda, por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
OAB. credenciados pela OAB.


70 Ecarna Anntkom 10 EM ÉTICA - 3' EDIÇÃO PAULO MAO-MDO 71
1 Oe mética! 10e Ética!
A inscrição do estagiário deve ser realizada no Conselho requisitos indicados nos incisos do art. 8° do Estatuto.
Seccional do estado onde se localiza o seu curso jurídico, e não naquele De acordo como Provimento n° 91/2000 do Conselho Federal
que tenha seu domicílio civil, na eventualidade de serem diferentes. da OAB é possível que o advogado estrangeiro preste tais serviços
Podem inscrever-se o aluno de Direito (a partir dos últimos no Brasil, desde que regularmente admitido em seu país a exercer
dois anos do curso jurídico) ou o bacharel em Direito que assim a advocacia e após a autorização dada pelo Conselho Seccional da
desejarem e preencherem os requisitos mencionados no art. 9° do OAB do estado onde for exercer sua atividade profissional. Ressalte-
Estatuto. se que tal autorização será concedida sempre em caráter precário e
Exige o art. 9° que o requerente preencha alguns dos requisitos o exercício da advocacia se restringe, exclusivamente, à prática de
do art. 8°, também do EAOAB: consultoria em direito do país de origem, sendo vedados, mesmo em
conjunto com advogados ou sociedades de advogados nacionais, o
a) capacidade civil; exercício do procuratório judicial e a consultoria ou assessoria em
b) título de eleitor e quitação de serviço militar, se brasileiro; direito brasileiro. Para tanto, deve se inscrever no gila dro de advogados,
c) não exercer atividade incompatível com a advocacia; depois de preencher as exigências do art. 8°, § 2°, do EAOAB.
d) idoneidade moral; Existe uma exceção trazida pelo Provimento n° 129/2008:
e) prestar compromisso perante o Conselho. os advogados de nacionalidade portuguesa, desde que em situação
regular junto à Ordem dos Advogados Portugueses, poderão se
Além desses requisitos, o candidato deve ter sido admitido em inscrever no quadro de advogados da OAB com dispensa dos requisitos
estágio profissional de advocacia. de aprovação no Exame da Ordem, de revalidação do diploma e da
O acadêmico de Direito que exerce atividade incompatível prestação de compromisso perante o Conselho ("juramento").
com a advocacia (policial, técnico de atividade judiciária, militar das
Forças Armadas, por exemplo) pode frequentar o estágio ministrado flj: A inscrição principal do advogado deve ser feita no
pela respectiva instituição de ensino para fins de aprendizagem, sendo Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu
proibida a inscrição na OAB (art. 9°, § 3°, EAOAB). domicilio profissional, na forma do Regulamento Geral.

Inscrição para estrangeiros ou brasileiros graduados fora do pais § 1° Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade
de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física
Não vigora no atual Estatuto (Lei n° 8.906/94) o princípio do advogado.
da reciprocidade, no qual o estrangeiro somente poderá exercer a § 2° Além da principal, o advogado deve promover a inscrição
advocacia no Brasil, se o brasileiro tiver igual tratamento no país de suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a
origem daquele estrangeiro. exercer habitualmente a profissão, considerando-se habitualidade a
O art. 8°, § 2°, do EAOAB, determina que o estrangeiro intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano.
ou o brasileiro, quando graduados em Direito fora do país, podem § 3° No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra
inscrever-se no quadro de advogados da OAB. Para isso deve ser feita unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua
a prova do título de graduação em Direito, obtido pela instituição de inscrição para o Conselho Seccional correspondente.
ensino estrangeira, devidamente revalidado, bem como preencher os

72 &nom AmopoR 10 o+ Énc..4 - EorçAo PAULO MACHADO



73
10emÉtical MemÉtical

§ 40 O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência pelo advogado quando passa a exercer a advocacia habitualmente em
ou de inscrição suplementar, ao verificar a existência de vício ou outro estado, diverso daquele onde tem a inscrição principal. O art. 10,
ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao § 2°, do Estatuto da Advocacia considera habitualidade a intervenção
Conselho Federal. judicial que exceder de cinco causas por ano.

Nesse ponto, alguns aspectos devem ser evidenciados:

O primeiro é em relação à expressão "mais de cinco causas


aliei COMENTÁMOS por ano", que pode dar ensejo a duas interpretações: (1) mais de cinco
ou (2) mais de cinco causas distribuídas por
I TIPOS DE INSCRIÇÃO causas em andamento
ano. Adotando-se aquele entendimento, caso um advogado, que tenha
inscrição principal no Conselho Seccional do Rio de Janeiro, passasse
• O Estatuto prevê três tipos de inscrição para advogados a atuar em cinco causas em São Paulo no ano de 2009 e, no ano
(principal, suplementar e por transferência) e um tipo para os seguinte, distribuísse mais uma causa, ficando agora com 6 causas
estagiários (inscrição de estagiário). em andamento, seria obrigado a fazer uma inscrição suplementar no
Conselho Seccional de São Paulo. Esse é o entendimento adotado
a) Inscrição principal por Geronimo Theml de Macedo. Seguindo a outra interpretação, no
mesmo exemplo acima citado, não haveria necessidade de o advogado
Obtida a aprovação no Exame, e caso a pessoa não exerça providenciar a inscrição suplementar em São Paulo, uma vez que ele
atividade incompatível com a advocacia (art. 28 do EA0AB), a teve cinco causas em 2009 e apenas uma em 2010. Neste caso, ele
inscrição principal deve ser feita no Conselho Seccional em cujo somente teria de fazer a suplementar se num mesmo ano passasse
estado pretende estabelecer seu domicílio profissional. O Estatuto da a atuar em seis ou mais causas novas, podendo, perfeitamente, ter
Advocacia e da OAB considera domicílio profissional a sede principal cinco causas em 2009 mais cinco causas em 2010, mesmo que as
da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da antigas (de 2009) não tenham se encerrado, totalizando 10 causas
pessoa fisica do advogado (domicílio civil). em andamento. Somos por esta última interpretação, principalmente
Com a inscrição principal, o advogado pode exercer livremente porque o legislador parece ter sido bem claro quando determinou que
(ilimitadamente) a profissão no Estado-membro (ou no Distrito
Federal) respectivo e, eventualmente (limitadamente), em qualquer a habitualidade é aferida com mais de cinco causas por ano. Esse
parece ter sido também o entendimento do Conselho Federal da
outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia com habitualidade OAB quando decidiu no processo n° 0136/1997 (DJ 08.07.97) que
na área de outro Conselho Seccional, será obrigado a fazer uma outra "intervenção, para fins do art. 10, do Estatuto, é sempre a primeira,
inscrição naquele local. Chama-se inscrição suplementar. sendo irrelevante o acompanhamento nos anos subsequentes".
É de salientar, ainda, que nos casos de procurações conjuntas
b) Inscrição suplementar ou de substabelecimento recebido com reserva de poderes, somente
serão computadas as causas em que o advogado, efetivamente, passar
A inscrição suplementar é outra inscrição que deve ser feita
atuar, assinando petições, fazendo audiências, etc.

74 Eorrom ~Mi 10 ai Eixo. - 3° EDIÇÂo


PAULO tvt.0.00
75
10emÉtica! 10emÉdcal
Outro aspecto relevante é acerca da expressão "intervenção quando houver mudança efetiva de seu domicílio profissional para
judicial", que consta no art. 10, § 2°, do Estatuto. Desse modo, não outra unidade federativa.
contam para fins de habitualidade as intervenções extrajudiciais. O Difere-se da inscrição suplementar, porque nesta o advogado
art. 1°, e seu § 2°, do Estatuto determinam que são atos privativos permanece com a inscrição principal. Com a transferência da inscrição,
de advogado a assessoria, consultoria e direção jurídicas, bem como a principal é cancelada.
o visto nos atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas para Por determinação do art. 10, § 4°, do Estatuto, o Conselho
registro nos órgãos competentes. Assim, o advogado que tem inscrição Seccional deve suspender o pedido de inscrição suplementar ou
principal, por exemplo, no Conselho Seccional do Rio de Janeiro pode de transferência ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na
elaborar mais de cinco - e muito mais - pareceres jurídicos na Bahia, inscrição principal, representando contra ela ao Conselho Federal.
sem a necessidade de fa7fr a inscrição suplementar.
Também não se deve contar o acompanhamento de cartas LICENÇA E CANCELAMENTO
precatórias em outro estado. A carta precatória é um ato processual
de comunicação, não exigindo do advogado inscrição suplementar T112 Cancela-se a inscrição do profissional que:
no Conselho Seccional, mesmo sendo superior a cinco. A respeito,
já se manifestou o Conselho Federal da OAB na mesma consulta I - assim o requerer;
supracitada (processo n° 0136/1997, DJ 08.07.97): "A defesa em - sofrer penalidade de exclusão;
processos administrativos, em inquéritos policiais, o visto em ILI - falecer;
contratos constitutivos de pessoas jurídicas, a impetração de habeas IV - passar a exercer, em caráter definitivo. atividade incompatível
corpus e o simples cumprimento de cartas precatórias não constituem com a advocacia;
intervenção judicial para os efeitos do art. 10, § 2°." V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.
Em relação aos recursos para tribunais localizados fora do § 1° Ocorrendo uma cias hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento
Estado, Paulo LU°, em "Comentários ao Estatuto da Advocacia e deve ser promovido, de oficio, pelo Conselho competente ou em
da OAB (página 110), diz que "não se entende, evidentemente, no virtude de comunicação por qualquer pessoa.
sentido de causa os recursos decorrentes e processados em tribunais § 2° Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o
localizados fora do território da sede principal". E completa o assunto: número da inscrição anterior - deve o interessado fazer prova dos
"A instalação ou participação em escritórios de advocacia ou vínculo requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8°.
permanente a setor jurídico de empresa ou entidade pública fazem § 3° Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição
presumir a habitualidade da profissão, deixando de ser eventual". Na também deve ser acompanhado de provas de reabilitação.
primeira parte, é o caso dos recursos para o STJ, STF, TST, TSE, STM
ou TRF, quando sediados fora do local de inscrição do advogado, não ritkiR2).' Licencia-se o profissional que:
se exigindo outra inscrição.
I - assim requerer, por motivo justificado;
c) Inscrição por transferência II - passar a exercer, em caráter temporário atividade incompatível
com o exercício da advocacia;
A inscrição por transferência deve ser feita pelo advogado III - sofrer doença mental considerada curável.

76 Enna. ~OCR I 10 I )4 - 3' sapo Pm.no lvtrowo 77


10emÉtica! 10emÉtical
Será licenciado o advogado que:
O documento de identidade profissional, na forma
prevista no Regulamento Geral, é de uso obrigatório no exercício a) assim o requerer por motivo justificado.
da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova de
identidade civil para todos os fins legais. De um modo geral, os advogados preferem a licença ao
cancelamento. Urna, porque o número continua o mesmo; outra,
É obrigatória a indicação do nome e do número de porque para retomar é mais fácil e mais rápido. No cancelamento,
inscrição em todos os documentos assinados pelo advogado, no deverá ser feito um novo requerimento, aguardar a confecção de nova
exercício de sua atividade. carteira e o número de inscrição passa a ser outro, tendo, ainda, que
prestar novo juramento.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividnde Para licenciar-se, o requerimento deve vir acompanhado de
relacionada com o exercício da advocacia ou o uso da expressão um motivo justificado, que será analisado pela OAB (viagem ao
"escritório de advocacia", sem indicação expressa do nome e do exterior para fazer um curso de extensão em Direito e doença grave,
número de inscrição dos advogados que o integrem ou número de por exemplo). Caso não haja comprovação de justo motivo, a inscrição
registro da sociedade de advogados na OAB. poderá ser cancelada por simples solicitação do advogado.

I LICENÇA E CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO b) passar a exercer atividade incompatível com a advocacia


em caráter temporário.
A licença e o cancelamento, por razões óbvias, são institutos
que ocorrem após a inscrição nos quadros da OAB. O Estatuto trata As atividades incompatíveis estão arroladas no art. 28 do
do assunto nos artigos 11 e 12. Estatuto, sendo algumas delas em caráter permanente, outras em
caráter temporário. É temporária, por exemplo, a atividade de Chefe
Licença do Poder Executivo. Assim, o advogado que for eleito Presidente
da República, Governador ou Prefeito ficará licenciado, ficando,
A licença significa o afastamento do advogado do exercício portanto, impossibilitado de exercer a advocacia durante o período do
profissional, quando ocorrer qualquer uma das hipóteses do art. 12 do mandato.
Estatuto. Durante o prazo do licenciamento, caso o advogado pratique
qualquer ato de advocacia, o ato será nulo (art. 4° e parágrafo único, c) sofrer doença mental considerada curável.
EAOAB).
Na licença, não será cobrada anuidade e o profissional não Não há no Estatuto um rol de quais as doenças mentais se
precisará votar (nem justificar porque não votou), caso haja eleição enquadram nessa hipótese, devendo a expressão ser remetida à área
na OAB no período correspondente. Com a licença, o número de médica. Para o nosso estudo, enquanto durar a enfermidade mental
inscrição será mantido quando do seu retorno à atividade. curável, o advogado ficará licenciado.


78 EDIMAA ~CP 1 1 O em ÉTICA • 3. Enos° Paio MAC.ADO 79
I OemÉtica! ioemÉtica!
Cancelamento d) passar a exercer atividade incompatível com a advocacia
em caráter definitivo.
O cancelamento, por sua vez, enseja a saída do advogado
dos quadros da OAB. Em outras palavras, ele passa a não mais ser As atividades incompatíveis encontram-se no art. 28 do
advogado. EAOAB, sendo algumas delas em caráter permanente, outras em
Caso o advogado faça um novo pedido de inscrição deve caráter temporário. São de natureza definitiva, por exemplo, as
fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8° do atividades de membro do Poder Judiciário e de membro do Ministério
Estatuto, que são, respectivamente: capacidade civil; não exercer Público. Assim, o advogado que for aprovado em concurso público de
atividade incompatível com a advocacia; idoneidade moral e prestar provas e títulos para a magistratura deverá cancelar sua inscrição na
compromisso perante o Conselho, não precisando prestar novo Exame OAB.
da Ordem. O número antigo não será restaurado, ficando para dados Esclareça-se que, embora o juiz possa voltar ao exercício da
históricos da OAB. advocacia após sua aposentadoria ou exoneração, respeitado o prazo de
três anos para o juízo ou tribunal do qual se afastou (art. 95, parágrafo
A inscrição será cancelada se advogado: único, V, da Constituição Federal), a atividade aqui referida tem
natureza permanente, ensejando o cancelamento, diferentemente dos
a) assim requerer; mandados eletivos, dos cargos em comissão e dos cargos exoneráveis
ad nutum.
Diferentemente do que ocorre no requerimento de licença,
no pedido de cancelamento não há de ser apresentado um motivo e) perder qualquer um dos requisitos necessários para a
justificado. inscrição.

b) sofrer penalidade de exclusão; Tais requisitos são aqueles do art. 8° do Estatuto. Se o


interessado precisa preenchê-los para fazer a inscrição, urna vez
A exclusão é a sanção disciplinar mais grave aplicada pela perdido qualquer deles, deverá a mesma ser cancelada.
OAB. Com a exclusão, ocorrerá, automaticamente, o cancelamento
da inscrição. Um novo pedido de inscrição deve vir acompanhado de
provas de reabilitação (art. 41 e parágrafo único do EAOAB).

c) falecer;

Em caso de falecimento do advogado, o cancelamento será


promovido ex officio pelo Conselho competente ou por meio de
comunicação por qualquer pessoa.

80 Enna. kidglai 10 EM Érc.4 NuLo Mav.Da BI


ioemÉtica! 10emÉtica!
Nt.
TOES COMENTA d) A inscrição principal de Victor deve ser realizada no Conselho
Seccional do Ceará. Afinal, a inscrição principal do advogado deve
ser feita no Conselho Seccional em cujo território ele pretende
1. (FGV — XIX Exame de Ordem) Victor nasceu no Estado do estabelecer o seu domicilio profissional. Além da principal, Victor
Rio de Janeiro e formou-se em Direito no Estado de São Paulo. deverá promover a inscrição suplementar no Conselho Seccional do
Posteriormente, passou a residir, e pretende atuar profissionalmente Rio de Janeiro, já que esta é exigida diante de intervenção judicial que
como advogado, em Fortaleza, Ceará. Porém, em razão de seus exceda cinco causas por ano.
contatos no Rio de Janeiro, foi convidado a intervir também em feitos
judiciais em favor de clientes nesse Estado, cabendo-lhe patrocinar
seis causas no ano de 2015.
Comentários:
Diante do exposto, assinale a opção correta. Nos termos do art. 10 do EAOAB, a inscrição principal deve
a) A inscrição principal de Victor deve ser realizada no Conselho ser feita no Conselho Seccional onde o advogado for estabelecer
Seccional de São Paulo, já que a inscrição principal do advogado é seu domicílio profissional, ou seja, onde exercerá a advocacia com
feita no Conselho Seccional em cujo território se localize seu curso habitualidade. Na dúvida, deve prevalecer o domicílio da pessoa
jurídico. Além da principal, Victor terá a faculdade de promover sua fisica.
inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais do Ceará e do Rio de Passando a exercer a advocacia com habitualidade também
Janeiro, onde pretende exercer a profissão. em outro estado (mais de 5 causas por ano), deverá providenciar sua
inscrição suplementar, nos termos do art. 10, §2°, do EAOAB.
b) A inscrição principal de Victor deve ser realizada no Conselho
Seccional do Rio de Janeiro, pois o Estatuto da OAB determina -

que esta seja promovida no Conselho Seccional em cujo território o


advogado exercer intervenção judicial que exceda três causas por ano.
Além da principal, Victor poderá promover sua inscrição suplementar
nos Conselhos Seccionais do Ceará e de São Paulo.

c) A inscrição principal de Victor deve ser realizada no Conselho


Seccional do Ceará. Isso porque a inscrição principal do advogado
deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende
estabelecer o seu domicilio profissional. A promoção de inscrição
suplementar no Conselho Seccional do Rio de Janeiro será facultativa,
pois as intervenções judiciais pontuais, como as causas em que Victor
atuará, não configuram habitualidade no exercício da profissão.

82 Erra.. Annum i 10 ed ÉTICA - 3' EaçÃo PAULO MAnano 83


10emÉtical 1 OemÉtical
2. (FGV - IX Exame de Ordem) Sávio, aluno regularmente 3. (FGV -IX Exame de Ordem - Ipatinga) João, após aprovação em
matriculado em Escola de Direito, obtém a sua graduação e, logo Exame de Ordem, apresenta os documentos exigidos para inscrição
a seguir, aprovação no Exame de Ordem. Por força de movimento nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Após sua regular
grevista na sua instituição, o diploma não pode ser expedido. A inscrição, a instituição universitária que João informou ter cursado,
respeito da inscrição no quadro de advogados, consoante as normas comunicou à OAB que não havia, nos seus registros, qualquer
do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale referência a ele. Em razão disso, foi instaurado processo administrativo
a afirmativa correta. para apurar se o advogado havia efetivamente colado grau. Após o
devido processo legal, ficou confirmado que João, efetivamente, não
a) O diploma é essencial para a inscrição nos quadros da Ordem dos lograra êxito no curso de Direito. Diante dessa narrativa, à luz da
Advogados. legislação aplicável aos advogados, assinale a afirmativa correta.
b) O bacharel, diante do impedimento de apresentar o diploma, deve
apresentar declaração de autoridade certificando a conclusão do curso. a) O advogado será apenado com a suspensão do exercício das
c) A Ordem, diante do movimento grevista comprovado, poderá atividades até apresentar certidão de colação de grau.
acolher declaração de próprio punho do requerente afirmando ter b) O advogado será advertido e não poderá exercer a profissão até
obtido grau. regularizar sua situação.
d) O bacharel em Direito deve apresentar certidão de conclusão de e) O advogado terá cancelada sua inscrição na Ordem dos Advogados
curso e histórico escolar autenticado. do Brasil.
d) O advogado não será apenado porque o curso do tempo convalidou
os seus atos sendo considerado rábula.
Ç-R,)
Comentários:
Embora o art. 80, II, do EAOAB determine que, para inscrição como
advogado, deverá o candidato apresentar diploma ou certidão de Comentários:
graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente O fato de o advogado João ter feito uma falsa prova de um dos
autorizada e credenciada, o art. 23 do RG exige também, na falta de requisitos necessários para a inscrição na OAB, que foi o diploma,
diploma regularmente registrado. a certidão de graduação em direito, dá ensejo à punição de exclusão (art. 38, I, do EAOAB, com o
acompanhada de cópia autenticada do respectivo histórico escolar. consequente cancelamento da sua inscrição (art. 11, II, do EAOAB).

'15223~

84 Eorrop. Anst~ I 10 EA, NOA - meçÂo PAULO MACMCO 85


10emÉtical 10emÉticd
4. (FGV -IX Exame de Ordem - Ipatinga) Mareio, advogado com 5. (FGV - VI Exame de Ordem - Duque de Caxias) O Bacharel em
inscrição regular, passou a exercer atividade incompatível com a Direito, após aprovação no Exame de Ordem, deve apresentar cópia
advocacia e, por força disso, teve sua inscrição cancelada. Após sua do diploma. Caso ele não tenha sido expedido, segundo as normas do
aposentadoria no cargo que gerava a incompatibilidade requereu o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB,
seu retomo aos quadros da OAB. Assinale a alternativa que indica o
requisito exigido pelo Estatuto para a inscrição nesse caso. a) ocorrerá a inscrição provisória como advogado.
b) não poderá ocorrer a inscrição até expedido o diploma.
a) Diploma de graduação em Direito. c) pode apresentar certidão de conclusão com histórico escolar.
b) Certificado de reservista. d) deve obter permissão especial do Conselho Seccional.
c) Compromisso perante o Conselho.
d) Título de eleitor.

Comentários:
Por determinação do art. 23 do RG, o requerente à inscrição no quadro
Comentários: de advogados, na falta de diploma regularmente registrado, apresenta
Se o advogado já foi inscrito na OAB, mas teve que cancelar sua certidão de graduação em direito, acompanhada de cópia autenticada
inscrição para exercer atividade incompatível com a advocacia em do respectivo histórico escolar.
caráter definitivo, quando deixar de exercer tal cargo e quiser se
inscrever novamente, terá que ser pedida uma nova inscrição. A
inscrição antiga não se restaura. Para isso terá que prestar um novo
compromisso (juramento), eis que está passando a integrar novamente
os quadros da OAB. Os demais documentos indicados nas alternativas
já estão na OAB, desde sua primeira inscrição.

86 PAULO Manvno
87
1 OemÉtica!

CAPÍTULO 4
Artigos 15 ao 17

CAPÍTULO IV
DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS

Nr-051 Os advogados podem reunir-se em sociedade simples


de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade
unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no
regulamento geral."

§ 1° A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia


adquirem personalid2de jurídica com o registro aprovado dos seus
atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base
territorial tiver sede.'6
§ 2° Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de
advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que couber.'7
§ 3° As procurações devem ser outorgad2q individualmente aos
advogados e indicar a sociedade de que façam parte.
§ 4° Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de
advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia,
ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma
sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área
territorial do respectivo Conselho Seccional."

15 Redação alterada pela Lei 13.247/16.


16 Redação alterada pela Lei 13.247/16.
17 Redação alterada pela Lei 13.247/16.
18 Redação alterada pela Lei 13.247/16.

Po MAcwoo B9
113emÉtica! I OemÉtical
\e'
§ 5° O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da :12:e Além da sociedade, o sócio e ,o titular da sociedade
sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente
os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício
obrigados à inscrição suplementar." da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que
§ 6° - Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não possam incorrer."
podem representar em juízo clientes de interesses opostos.
§ 7°A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração
por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados,
independentemente das razões que motivaram tal concentração."
411j COMENTÁRIOS
Não são admitidas a registro nem podem funcionar
todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem I SOCIEDADE DE ADVOGADOS
forma ou características de sociedade empresária, que adotem
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas Quando um advogado começa a assumir uma quantidade
à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade maior de causas, surge a necessidade de se unir a outro ou a outros
unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou advogados, para juntos dividirem as tarefas (e, até mesmo, as
totalmente proibida de advogar.21 despesas) e, ao final, ratearem os ganhos obtidos. Não raro, audiências
são marcadas para o mesmo dia, em juízos, em comarcas, em estados
§ 1° A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, diferentes. Para o auxílio recíproco, os advogados constituem uma
um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sociedade de advogados.
sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. O tema está disciplinado nos arts. 15 ao 17 do Estatuto da
§ 2° O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível Advocacia e da OAB (que foram alterados pela Lei 13.247/16), nos
com a advocacia em caráter temporário deve ser averbado no registro arts. 37 ao 43 do Regulamento Geral e no Provimento n° 112/06 do
da sociedade, não alterando sua constituição Conselho Federal da OAB.
§ 3° É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas
jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras Natureza jurídica
finalidades, a atividade de advocacia.
§ 4° A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser De acordo com o texto original do art. 15 do Estatuto da
obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou Advocacia e da OAB, os advogados poderiam se reunir em sociedade
parcial, com a expressão Sociedade Individual de Advocacia." civil de prestação de serviços de advocacia.
Por essa redação, poderíamos dizer que a natureza jurídica de
uma sociedade de advogados é uma sociedade civil. Acontece que o
19 Redação alterada pela Lei 13.247/16.
20 Este § 7° foi acrescentado pela Lei 13.247/16.
EAOAB é uma lei de 1994 (Lei n° 8.906/94), quando ainda vigorava
21 Redação alterada pela Lei 13.247/16. o Código Civil de 1916, que, por sua vez, classificava as sociedades
22 Este § 4° foi acrescentado pela Lei 13.247/16. 23 Redação alterada pela Lei 13.247/16.

90 EGTORA Anwom 1 10 Encr, - EDIÇÃO PAU.0 Mono 91


10emÉtica! 10emÉtical
em civis e mercantis. Com o advento do novo Código Civil (2002), Prevê o Estatuto que não são admitidas a registro, e nem
a classificação passou a ser em sociedades simples e sociedades podem funcionar, as sociedades simples de advogados ou sociedades
empresarias, razão pela qual, atualmente, sua natureza jurídica é de unipessoais de advocacia que apresentem formas ou características
sociedade simples. Porém, apenas com o advento da Lei 13.247/16 mercantis, que adotem denominação fantasia, que realizem atividades
é que o mencionado art. 15 foi alterado, constando agora, que os estranhas à advocacia, que incluam sócios não inscritos no quadro de
advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de advogados da OAB ou que estejam totalmente proibidos de advogar.
serviços de advocacia.
Acrescente-se que mais uma novidade veio com essa alteração Denominação
da Lei 8.906/94. A partir de então os advogados também podem
constituir uma sociedade unipessoal de advocacia, como se percebe No contrato social, que será registrado no Conselho Seccional
na redação abaixo destacada: da OAB, deve constar a denominação (razão social) da sociedade.
No entanto, existem regras a serem seguidas para que o registro seja
krt. ;i5.Osadvogados podem.reiirnrse em sociedade simples. aprovado.
."p'-'ire-silça
:b....
átiw ndé:aotvocaeiá.,_ ow.çppstttlgrilo,9,e Conforme dito, não se admite o uso do nome fantasia (por
4.6. 74
.--rdr
sen exemplo, "Justa Causa, advogados". Tampouco se permite a utilização
';I:UuVer soal' ,de;-ad--
— yocacl
'-
r P "¡Una
- nestalf,,.-.:..!4?„0,,,.,. do nome de algum advogado renomado já falecido ("Escritório de
gulemento .geral
Advocacia Rui Barbosa" ou "Evandro Lins e Silva, advogados
associados").
Sem a intenção de nos aprofundarmos no tema, há quem Quando se tratar de uma sociedade simples de advocacia,
entenda que a sociedade de advogados é uma sociedade simples sui a denominação adequada deve trazer o nome de, pelo menos,
generis, uma vez que há peculiaridades trazidas pela Lei n° 8.906/94 um advogado responsável pela sociedade, acompanhado de uma
que a toma diferente das demais sociedades simples do Código Civil. expressão que indique a finalidade do escritório. Assim, se três
Essas características serão abordadas logo abaixo. advogados — Pedro Meira Júnior, Ana Cristina Secioso de Sá
Pereira e Carlos Henrique Afonso Dias — resolvem constituir uma
Personalidade jurídica sociedade simples de advogados, poderão ser colocadas, entre outras,
as seguintes denominações: "Meira e advogados"; "Ana Cristina
Para qualquer sociedade adquirir personalidade jurídica, há de Secioso de Sá Pereira, advocacia"; "Escritório de Advocacia Carlos
ser feito o registro de seus atos constitutivos em um órgão competente. Dias"; "Escritório Jurídico Meira, Secioso e Dias". Não importa se a
Em relação à sociedade de advogados, esta adquire expressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do
personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos advogado.
constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial O Regulamento Geral permite o uso do nome abreviado do
tiver sede, seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade advogado, o que não significa que serão utilizadas siglas com as iniciais
unipessoal de advocacia, sendo proibido o registro nos cartórios de de cada parte do seu nome completo. Apenas para melhor ilustração,
registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais. o nome completo de uma pessoa é formado por um prenome mais
um sobrenome, podendo, ainda, ter um agnome. O prenome pode ser

92 EUTORA ARMADO. 1 1 O DÁ Énew - moo NULO Abairro 93


F."

1 OemÉtical 1 OemÉtical
simples (p. ex., Pedro, Fabiana, Rafael) ou composto (Pedro Henrique individual de advocacia" (conforme art. 16, §4°, do EAOAB).
Tiago, Ana Cristina), do mesmo modo que pode ser o sobrenome
(Vidal, sobrenome simples; Meira Matos, sobrenome composto). Outras considerações
O agnome só deve constar quando houver nomes iguais na mesma
família, justamente, para que possa ser feita a distinção: Júnior, Neto, Os mandamentos do Código de Ética e Disciplina são aplicados
Sobrinho, Filho. Então, quando o Regulamento Geral disse "nome às sociedades simples de advogados ou às sociedades unipessoais de
abreviado", quis dizer, qualquer parte do nome. advocacia, no que couber.
Por autorização do Provimento n° 112/06, pode ser utilizado A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da
o símbolo "&" na denominação da sociedade de advogados (Meira & concentração por um advogado das quotas de uma sociedade de
Dias, Sociedade de Advogados — por exemplo). advogados, independentemente das razões que motivaram tal
Quando vigorava o Código Civil de 1916, era possível constar concentração.
a abreviatura "S.C.", de sociedade civil no final da denominação (p. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de
ex., Escritório de Advocacia Pedro Meira S.C.), mas, pelo fato de o advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia,
novo Código Civil não mais adotar esta classificação, hoje, não se ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma
pode utilizá-la. Advirta-se que sempre foi proibida, por motivo óbvio, sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área
a adoção das expressões "Ltda", "Cia", "S/A" e "ME". territorial do respectivo Conselho Seccional. Dessa forma, se um
Em caso de falecimento de um dos sócios, cujo nome é advogado já é sócio de um escritório de advocacia no Estado do Rio
utilizado na denominação da sociedade simples de advogados, o de Janeiro, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra sociedade
Estatuto determina que a permanência do nome é condicionada à simples de advogados nem constituir uma sociedade unipessoal de
previsão no contrato social (art. 16, §1°, in fine). advogados neste Estado. Poderá, todavia, ser sócio de outra sociedade
Quando houver licenciamento de um sócio para o exercício de advogados (simples ou unipessoal) no Estado de Minas Gerais, por
de atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário, exemplo.
deverá tal fato ser averbado no registro da sociedade, não alterando Já na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de
sua constituição. Por outro turno, caso o advogado passe a exercer constituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado
atividade incompatível em caráter definitivo, gerando o cancelamento no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados à
da inscrição, será obrigatória a alteração contratual para que seja inscrição suplementar. Essa obrigação também é exigida para o titular
retirado o nome daquele sócio. Lembre-se de que a raAo social deve da sociedade unipessoal de advocacia (art. 15, § 5°, do EAOAB).
ter o nome de pelo menos um advogado da sociedade. Neste caso, ele Os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados não
não será mais advogado em virtude do cancelamento da inscrição. - podem representar em juízo clientes com interesses opostos.
Em relação à grande novidade trazida pela Lei 13.247/16, As procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas
quando se tratar de sociedade unipessoal de advocacia, a sua individualmente aos profissionais, mencionando a sociedade de que
denominação deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu façam parte. As atividades de advocacia são exercidas pelos próprios
titular, completo ou parcial, com a expressão "Sociedade Individual de advogados, ainda que os honorários se revertam à sociedade. No
Advocacia", como por exemplo, "Ana Cristina, sociedade individual entanto, podem ser praticados pela sociedade, com o uso da razão
de advocacia" ou "Ana Cristina Secioso de Sá Pereira, sociedade social, os atos indispensáveis às suas finalidades, que não sejam

94 EDROR4 AIRMPOCR 1 10 EM - enor,Âo Pauw Man-IN:o 95


1 OemÉtical 10e mÉlica!
privativos de advogado. "Pnri.g.tryg3: ,5ww-inçann, T.,
• - ‘5..QUESTOES,COMENTADAS
A sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer
tipo de administração social, sendo permitida a existência de
sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos (art. 41 do 1. (FGV - Exame de Ordem 2010.2) Michel, Philippe e Lígia,
Regulamento Geral). bacharéis em Direito recém-formados e colegas de bancos
Por fim, no que diz respeito à responsabilidade civil, os universitários, comprometem-se a empreender a atividade
advogados sócios, o titular da sociedade individual de advocacia e os advocatícia de forma conjunta logo após a aprovação no Exame de
advogados associados respondem subsidiária e ilimitadamente pelos Ordem. Para gáudio dos bacharéis, todos são aprovados no certame
danos causados diretamente ao cliente, por dolo ou culpa, por ação ou e obtém sua inscrição no Quadro de Advogados da OAB. Assim,
omissão, no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade alugam sala compatível em local próximo ao prédio do Fórum do
disciplinar e penal em que possam incorrer (art. 17 do EAOAB, município onde pretendem exercer sua nobre função. De início, as
com a redação dada pela Lei 13.247/16, combinado com o art. 40 do causas são individuais, por indicação de amigos e parentes. Logo, no
Regulamento Geral). entanto, diante do sucesso profissional alcançado, são contactados
por sociedades empresárias ansiosas pela prestação de serviços
profissionais advocatícios de qualidade. Uma exigência, no entanto,
é realizada: a prestação deve ocorrer por meio de sociedade de
advogados.

No concernente ao tema, à luz clAs normas aplicáveis


a) a sociedade de advogados é de natureza empresarial.
b) os advogados sócios da sociedade de advogados respondem
limitadamente por danos causados aos clientes.
c) o registro da sociedade de advogados é realizado no Conselho
Seccional da OAB onde a mesma mantiver sede.
d) não é possível associação com advogados, sem vínculo de emprego,
para participação nos resultados.

ÇDQ
Comentários:
A letra A está errada, porque a natureza jurídica de uma sociedade de
advogados é uma sociedade simples.
A letra B está errada, porque a responsabilidade é ILIMITADA e não
LIMITADA (art. 17 do EAOAB).


96 Ecoa,.ARAM:0R I 1 0 DA ÉTICA - 0. 03 013 Nuo MADoto 97
10emÉtica! 10emÉticall
A letra D está errada; porque o art. 39 do Regulamento Geral permite
tal forma de advocacia. É o advogado associado.
A letra C é a correta, nos termos do art. 15, § 1°, do EAOAB.

3. (FGV - VI Exame de Ordem - Duque de Caxias) No concernente


à Sociedade de Advogados, é correto afirmar, à luz do Estatuto e do
Código de Ética e Disciplina da OAB, que
2. (FGV -IV Exame de Ordem) Os advogados Pedro e João desejam
estabelecer sociedade de advogados com o fito de regularizar o controle a) pode se organizar de forma mercantil, com registro na Junta
dos seus fluxos de honorários e otimizar despesas. Estabelecem Comercial.
contrato e requerem o seu registro no órgão competente. À luz da b) está vinculada às regras de ética e disciplina dos advogados.
legislação aplicável aos advogados, é correto afirmar que c) seus sócios estão imunes ao controle disciplinar da OAB.
d) seus componentes podem, isoladamente, representar clientes com
a) é possível a participação de advogados em sociedades sediadas em interesses conflitantes.
áreas territoriais de seccionais diversas.
b) o Código de Ética não se aplica individualmente aos profissionais
que compõem sociedade de advogados.
e) podem existir sociedades mistas de advogados e contadores. Comentários:
d) a procuração é sempre coletiva quando atuante sociedade de Para o art. 15, § 2°, do EAOAB, aplica-se à sociedade de advogados o
advogados. Código de Ética e Disciplina, no que couber.

Comentários:
O tema "sociedade de advogados" é tratado nos arts. 15 ao 17 do
EAOAB e nos arts. 37 ao 43 do Regulamento Geral. Esse tipo de
sociedade só pode ter advogados como sócios.
Tais dispositivos determinam que há proibição para que o advogado
seja sócio em mais de um escritório no mesmo estado. Assim, se
forem em estados diferentes, não há problema.
As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados
(e não coletivamente) e indicar a sociedade de que façam parte.
O Código de Ética se aplica aos advogados e à sociedade, no que
couber (art. 15, § 2°, EAOAB).

9B EarraRN AmiAoaR 10 a( Éreo. - Eur...ka PAULO MASUKX) 99


ioemética! 10emétical
4. (F'GV - VII Exame de Ordem) Lara é sócia de determinada 5. (FGV - IX Exame de Ordem) O advogado João, regularmente
sociedade de advogados com sede no Rio de Janeiro e filial em São contratado para defender os interesses de José em Juízo, realiza
Paulo. Foi convidada a integrar, cumulativamente e também como a defesa regular em primeiro grau, mas não apresenta recurso de
sócia, os quadros de outra sociedade de advogados, esta com sede em apelação contra sentença que julgou improcedente o pedido, mesmo
São Paulo e sem filiais. Aceitou o convite e rapidamente providenciou havendo sólida fundamentação para modificar o decidido. O prejuízo
sua inscrição suplementar na OAB/SP, tendo em vista que passaria a causado ao cliente foi de R$ 10.000,00, parcialmente coberto por
exercer habitualmente a profissão nesse estado. seguro realizado pela sociedade de advogados integrada por João.
Consoante as regras estatutárias, os prejuízos causados ao cliente
a) Lara agiu corretamente, pois, considerando-se que passaria a atuar acarretam a responsabilidade pessoal do sócio advogado de forma
em mais do que cinco causas por ano em São Paulo, era necessário
que promovesse sua inscrição suplementar nesse estado. a) limitada à responsabilidade decorrente de contrato de seguro.
b) Lara não agiu corretamente, pois é vedado ao advogado integrar b) ilimitada, mas subsidiária em relação à sociedade.
mais de uma sociedade de advogados com sede ou filial na mesma c) limitada e principal, sendo a da sociedade subsidiária.
área territorial do respectivo Conselho Seccional. d) ilimitada e vinculada ao resultado do processo disciplinar
c) Lara não agiu corretamente, pois é vedado ao advogado integrar instaurado.
mais de uma sociedade de advogados dentro do território nacional.
d) Lara agiu corretamente e sequer era necessário que promovesse
sua inscrição suplementar, pois passaria a exercer a profissão em
São Paulo na qualidade de sócia e não de advogada empregada da Comentários:
sociedade em questão. Para o art. 17 do EA0AB, além da sociedade, o sócio responde
subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes
por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
(j,;) responsabilidade disciplinar em que possa incorrer.
Comentários: Acrescente-se que o art. 40 do RG inclui o advogado associado nessa
A resposta é a literal disposição do art. 15, §40, do EAOAB (Nenhum regra. Vejamos:
advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, com
sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho "Os advogados sócios e os associados respondem subsidiária
Seccional). e ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente,
nas hipóteses de dolo ou culpa e por ação ou omissão, no
exercício dos atos privativos da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possam incorrer "
•"
-

100 anca, ~UM. 1 10 E. Éncw - EIW.10 P.11.0 ~00 101


°emética!

CAPÍTULO 5
Artigos 18 ao 21

CAPÍTULO V
DO ADVOGADO EMPREGADO

tan A relação de emprego, na qualidade de advogado, não


retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional
inerentes à advocacia.

Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação


de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora
da relação de emprego.

O salário mínimo profissional do advogado será fixado


em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção
coletiva de trabalho.

rwz-15 A jornada de trabalho do advogado empregado, no


exercício da profissão, não poderá exceder a duração diária de 4
(quatro) horas contínuas e a de 20 (vinte) horas semanais, salvo
acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.

§ l° Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho


o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades
externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte,


Palio MAOIADO 103
MemÉtica! 1NmÉtical
'ff
hospedagem e alimentação. Atualmente, este advogado pode prestar seus serviços emitindo
§ 2° As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são nota fiscal corno pessoa física ou, se assim desejar, constituir uma
remuneradas por um adicional não inferior a 100% (cem por cento) pessoa jurídica (sociedade unipessoal de advocacia), emitindo suas
sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. notas fiscais através desta PJ.
§ 3° As horas trabalhadas no período das 20 (vinte) horas de um dia
até as 5 (cinco) horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, Advogado sócio
acrescidas do adicional de 25 % (vinte e cinco por cento).
Quando um advogado começa a assumir uma quantidade
j..â Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa considerável de causas, chega o momento de se unir a outro, ou a
por este representada, os honorários de sucumbência são devidos outros, advogados, constituindo, juntos, uma sociedade de advogados.
aos advogados empregados. Os sócios dividem as tarefas e rateiam os lucros auferidos. Esse tema
é melhor explorado no capítulo que trata das sociedades de advogado,
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por para onde remetemos o leitor.
advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados
entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo» Advogado empregado

O advogado empregado é aquele que mantém um vínculo


empregatício com uma empresa ou com uma sociedade de advogados,
para a qual presta os seus serviços de advocacia. Ele preenche todos
COMENTÁRIOS
os requisitos caracterizadores do mencionado vínculo, a saber:
habitualidade, onerosidade, pessoalidade e subordinação.
DAS ESPÉCIES DE ADVOGADO
Pela primeira vez, essa forma de advocacia recebeu sua tutela
legal com o advento do atual Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei n°
Profissional liberal
8.906/94) nos arts. 18 ao 21. O Regulamento Geral também tratou do
assunto nos arts. 11 ao 14.
O advogado como profissional liberal é o tipo mais antigo das A relação de emprego não retira do advogado a isenção
espécies de advogado. Trata-se daquele profissional que não mantém técnica, nem tampouco reduz a independência profissional inerentes
vínculo empregatício com nenhum cliente, podendo atendê-lo de à advocacia. Advirta-se que advogado empregado não está obrigado a
forma avulsa, habitual ou permanente. Apesar de ser a forma mais prestar serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores,
antiga de se exercer a profissão, ainda é a mais comum, e a que mais fora da relação empregatícia.
se vê nos dias de hoje.

240 Supremo Tribunal Federal, na data de 14 de fevereiro de 1996, em liminar par-


cialmente concedida, na Ação Direta de Inconstitucionalidade o° 1.194-4, decidiu
limitar a aplicação deste artigo aos casos em que não exista disposição contratual
em contrário.

104 EarraRa Asomocn I 10 04 ÉTFCA - Eor,..ao PAULO MA64430 105


10emÉtica! 10ernÉtical
Vejamos alguns aspectos importantes relacionados a esta como for estabelecido em acordo. Esses dispositivos, embora tenha
espécie de advogado: sido objetos de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI n° 1.194-
4). foram declarados constitucionais pelo STF, que deu interpretação
a) Piso salarial conforme, sem redução do texto.
Os referidos honorários, por decorrerem precipuamente do
O salário mínimo do advogado empregado será fixado por exercício da advocacia e só acidentalmente da relação empregatícia,
sentença normativa, salvo quando ajustado em acordo ou convenção não integram o salário ou a remuneração do advogado empregado,
coletiva de trabalho. não podendo, assim, ser considerados para efeitos trabalhistas.
Os honorários sucumbenciais desses advogados constituem fundo
b) Jornada de trabalho e hora extra comum, cuja destinação é decidida pelos profissionais integrantes do
serviço jurídico da empresa ou por seus representantes.
A jornada de trabalho do advogado empregado não poderá
ultrapassar a duração diária de 4 (quatro) horas contínuas e a de Advogado associado
20 (vinte) horas semanais, exceto se houver acordo ou convenção
coletiva de trabalho ou, ainda, em caso de dedicação exclusiva. O O advogado associado é um tipo intermediário entre o
Estatuto considera dedicação exclusiva o regime de trabalho que for advogado sócio e o advogado empregado. Ele não é sócio, porque
previsto expressamente em contrato individual de trabalho. não figura no contrato social da sociedade de advogados como tal.
As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são Também não é empregado, porque não mantém vínculo empregatício.
remuneradas com um adicional não inferior a 100 % (cem por cento) Dessa forma, uma sociedade de advogados pode associar-
sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. se com advogados para participação nos resultados, sem vínculo de
Naqueles casos de dedicação exclusiva, serão remuneradas como emprego (art. 39 do Regulamento Geral). O contrato para tal deve ser
extras as horas trabalhadas que passarem da jornada de 8 (oito) horas averbado no registro da sociedade, que fica no Conselho Seccional.
diárias. Considera-se como período de trabalho todo o tempo em Quanto à responsabilidade civil — da mesma maneira que os
que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou advogados sócios os advogados associados respondem subsidiária e
executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo- ilimitadamente pelos danos causados diretamente ao cliente, em caso
lhe reembolsados os gastos efetuados com transporte, hospedagem e de dolo ou culpa, por ação ou omissão, no exercício dos atos privativos
alimentação. da advocacia. Obviamente, também são responsáveis disciplinar e
criminalmente, quando infringirem o Estatuto, o Regulamento Geral,
c) Os honorários de sucumbência e o advogado empregado o Código de Ética e Disciplina e a legislação penal.

O art. 21 do Estatuto e seu parágrafo único determinam que, Advogado público


nas causas em que o empregador (ou pessoa por este representada)
for parte, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados O Estatuto da Advocacia e da OAB não tratou apenas do
empregados. Já se o advogado for empregado de sociedade de advogado que atua no setor privado. Conforme determinação do
advogados, os sucurnbenciais são partilhados entre ele e a sociedade, seu art. 3°, § 1°, exercem atividade de advocacia os integrantes da

105 Eixrefa ~CGR 1 10 Ei.a Ética - Ecer,Ac, NaLo M•awco 107


10emétical ioemÉtical
Advocacia Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da devido processo administrativo. Há quem entenda que o que aqui foi
Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos dito não tem aplicação. No entanto, seguimos a posição do Estatuto
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respectivas e do Regulamento Geral, a nosso ver, em harmonia com os preceitos
entidades de administração direta ou indireta, sujeitando-se, todos constitucionais. Afinal, o art. 22, XVI, diz competir à União legislar
esses, ao regime da Lei n°8.906/94 (EAOAB), além do regime próprio sobre condições para o exercício cias profissões. E o Estatuto da
a que se subordinem. Advocacia e da OAB é lei federal...
Para os advogados públicos, o Estatuto da Advocacia é a Acrescente-se que o Novo Código de Ética e Disciplina
lei supletiva das leis específicas da advocacia pública, como, por reservou um espaço para tratar da advocacia pública. Vejamos como
exemplo, a Lei Complementar n° 80/94, para a Defensoria Pública ficou a redação do seu art. 8°:
em geral.
A questão da advocacia particular pelos advogados públicos, "Art. 8°. As disposições deste Código obrigam igualmente
ou seja, fora das suas atribuições institucionais, varia de acordo os órgãos de advocacia pública, e advogados públicos,
com a respectiva lei. Para os procuradores dos Estados, do Distrito incluindo aqueles que ocupem posição de chefia e direção
Federal e dos Municípios, somente é vedada a advocacia particular jurídica.
contra a Fazenda Pública que os remunere, a não ser que a respectiva § 1° O advogado público exercerá suas funções com
lei estipule de modo contrário, trazendo-lhes a vedação. Para os independência técnica, contribuindo para a solução ou
advogados públicos federais, de um modo geral, há proibição para a redução de litigiosidade, sempre que possível.
advocacia fora de suas funções públicas. § 2° O advogado público, inclusive o que exerce cargo
Um ponto muito debatido é sobre a obrigação ou não da de chefia ou direção jurídica, observará nas relações com
inscrição na OAB para essa espécie de advogado. No que pese as os colegas, autoridades, servidores e o público em geral,
controvérsias e discussões acerca do assunto, para o Regulamento o dever de urbanidade, tratando a todos com respeito e
Geral (art. 14) todos eles estão obrigados à inscrição no quadro de consideração, ao mesmo tempo em que preservará suas
advogados da OAB para o exercício de suas atividades públicas, prerrogativas e o direito de receber igual tratamento das
inclusive o regulamento determina que os advogados públicos pessoas com as quais se relacione."
são elegíveis e que podem integrar qualquer órgão da OAB, como
conselheiros seccionais ou federais.
Com razão, sobretudo porque os advogados públicos também
estão sujeitos às infrações e sanções disciplinares aplicadas pela
OAB. Caso um advogado público cometa um infração não-funcional,
mas relacionada a qualquer atividade privativa da advocacia
(art. 1° da Lei n° 8.906/94), e venha a ser suspenso por decisão da
OAB transitada em julgado, em razão do princípio da moralidade
administrativa (art. 37 da Constituição Federal), essa imposição deve
repercutir na respectiva instituição. Afastado temporariamente da
advocacia, haverá reflexos em suas funções, devendo ser instaurado o


108 Erra. Am.o:. I "/ O al ÉT,CA • 3' "O° PAU.0 MADIAZO 109
• 10emácd 11 10emÉtical

do Eo
2- C siA
An° der-se
B)a como período de trabalho o tempo em que o advogado
estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens,
1. (CESPE - Exame de Ordem 2010.1) Assinale a opção correta no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas
acerca da situação do advogado como empregado, de acordo com as as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação (art. 20,
disposições do Estatuto da Advocacia e da OAB. § 1°, do EAOAB).

a) O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços 3 - A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a
profissionais de interesse pessoal, fora da relação de emprego. isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à
b) Nas causas em que for parte empregador de direito privado, os advocacia (art. 18 do EAOAB).
honorários de sucumbência serão devidos a ele, empregador, e não,
aos advogados empregados.
c) Considera-se jornada de trabalho o período em que o advogado
esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens
no âmbito do escritório, não sendo consideradas as horas trabalhadas
em atividades externas.
d) A relação de emprego, no que se refere ao advogado, não retira 2. (FGV - VI Exame de Ordem) Mévio é advogado empregado de
a isenção técnica inerente à advocacia, mas reduz a independência empresa de grande porte atuando como diretor jurídico e tendo vários
profissional, visto que o advogado deve atuar de acordo com as colegas vinculados à sua direção. Instado por um dos diretores, escala
orientações de seus superiores hierárquicos. um dos seus advogados• para atuar em processo judicial litigioso,
no interesse de uma das filhas do referido diretor. À luz das normas
estatutárias, é correto afirmar que
çr,))
Comentários: a) a defesa dos interesses dos familiares dos dirigentes da empresa
A letra A está correta, porque, se o advogado tem vínculo de emprego está ínsita na atuação profissional do advogado empregado.
para defender os interesses de determinada empresa, por exemplo, não b) a atuação do advogado empregado nesses casos pode ocorrer
cabe ao advogado atuar na defesa dos interesses do empregador, fora voluntariamente, sem relação com o seu emprego.
da sua relação empregatícia (art. 18, parágrafo único, do EAOAB). c) a relação de emprego retira do advogado sua independência
profissional, pois deve defender os interesses do patrão.
As demais estão erradas porque: d) em casos de dedicação exclusiva, a jornada de trabalho máxima do
1 - Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este advogado será de quatro horas diárias e de vinte horas semanais.
representada, os honorários de sucumbência são devidos aos
advogados empregados. Sá os honorários de sucumbência, percebidos
por advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados
entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo (art 21


110 Eccroak ARMADOR I 10 EM ÉTICA - 3' Eroci Na° MAIX,00 111
10ernÉtica! 10emÉtical

Çj
Comentários:
O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
CAPÍTULO 6
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de Artigos 22 ao 26
emprego, conforme previsão do art. 18, parágrafo único, do EAOAB.

CAPÍTULO VI
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos


na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por
arbitramento judicial e aos de sucumbência.

§ 1° O advogado, quando indicado para patrocinar causa de


juridicamente necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria
Pública no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários
fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional
da OAB, e pagos pelo Estado.
§ 2° Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados
por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho
e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos
estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.
§ 3° Salvo estipulação em contrário, 1/3 (um terço) dos honorários
é devido no início do serviço, outro terço até a decisão de primeira
instância e o restante no final.
§ 4° Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários
antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz
deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da
quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os
pagou.
§ 5° O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato

112 EIXfORN ~DR I 10 EM árs, - 3 EMA. NILO MAO.n0 113


10emÉtical 10emÉtica!
outorgado por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou rAit..T7',:Ê1.0 Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas
omissão praticada no exercício da profissão. pelas quantias recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de
terceiros por conta dele (art. 34, XXI). (Incluído pela Lei n° 11.902. de 2009)
Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento
ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito O advogado substabelecido, com reserva de poderes,
autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe
que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. conferiu o substabelecimento.

A: A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários


e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e e—V-Ri COMENTÁRIOS
constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso
de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial. I HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
§ 1° A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos
autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier. Considerações gerais
§ 20 Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, Honorários advocaticios é a denominação que se dá à
os honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, contraprestação recebida pelo advogado em razão da atividade
são recebidos por seus sucessores ou representantes legais. profissional desenvolvida, que não decorra de relação de emprego
§ 3° É nula qualquer disposicão. cláusula_ regulamento ou convencão (o advogado empregado recebe salário, podendo, também, receber
individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento honorários sucumbenciais).
dos honorários de sucumbência." A Lei n° 8.906/94 (EAOAB) traz uma hipótese em que o
§ 4° O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo advogado trabalhará gratuitamente. Isso ocorrerá quando o advogado
aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os defender outro colega em processo originário de ação ou omissão
convencionados, quer os concedidos por sentença. no exercício da profissão. Entende-se, aqui, que as prerrogativas da
advocacia estão em debate, motivo pelo qual há interesse de toda
r Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários a classe, e não só daquele profissional. Veja que o defensor dativo
de advogado, contado o prazo: nomeado pela OAB faz a representação do advogado processado
disciplinarmente por delegação da própria Ordem, constituindo um
I - do vencimento do contrato, se houver; múnus (e um motivo) extremamente célebre.
II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar; O Novo Código de Ética e disciplina passou a tratar da advocacia
III - da ultimação do serviço extrajudicial; pro bano no art. 30 e seus parágrafos. Considera-se advocacia pro
IV - da desistência ou transação; bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos
V - da renúncia ou revogação de mandato. em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus
assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos
25 O Supremo Tribunal Federal, na data de 14 de fevereiro de 1996, em liminar
para a contratação de profissional.
parcialmente concedida, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1.194-4, sus-
No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor
pendeu a eficácia deste parágrafo até o julgamento final da açá.'o.
nomeado, conveniado ou dativo, o advogado empregará o zelo e a

114 Eorroak AliklAtOi 1 1 O od Él1CA - exio PAULO MA0iNZ0 115
10emÉtical 10emÉtical
dedicação habituais, de modo que a parte por ele assistida se sinta representantes legais.
amparada e confie no seu patrocínio. Apesar de o art. 24, § 30, do Estatuto, estipular que "é nula
A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou
naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para, sem coletiva que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários
prejuízo do próprio sustento, contratar advogado e não pode ser de sucumbência", o STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n°
utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar 1.194-4, declarou o aludido dispositivo inconstitucional.
instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de O Novo CED reservou um capítulo próprio para tratar dos
publicidade para captação de clientela. honorários profissionais (Titulo I, Capítulo IX, arts. 48 ao 54).
O Estatuto da Advocacia e da OAB apresenta três tipos de Vejamos:
honorários advocatícios: convencionados, arbitrados judicialmente e
sucumbenciais (art. 22). "Art. 48. A prestação de serviços profissionais por
Os convencionados, como o próprio nome diz, o advogado e o advogado, individualmente ou integrado em sociedades,
cliente combinam um valor fixo. O valor fixo é a principal característica será contratada, preferentemente, por escrito.
deste tipo de honorários. Esse valor fixo pode ser contratado de forma
verbal ou por escrito, mediante o contrato de honorários advocatícios. § 1° O contrato de prestação de serviços de advocacia não
Recomenda-se ao advogado fazer o contrato por escrito, por ser mais exige forma especial, devendo estabelecer, porém, com
seguro, inclusive para fins de cobrança, como se verá mais abaixo. clareza e precisão, o seu objeto, os honorários ajustados, a
Na ausência de combinação entre advogado e cliente sobre o forma de pagamento, a extensão do patrocínio, esclarecendo
valor dos honorários, os mesmos serão arbitrados pelo juiz, ou seja, se este abrangerá todos os atos do processo ou limitar-se-á
serão fixados por arbitramento judicial, com remuneração compatível a determinado grau de jurisdição, além de dispor sobre a
com o trabalho e o valor econômico da questão. Advirta-se que, hipótese de a causa encerrar-se mediante transação ou acordo.
mesmo nesse caso, o valor dos honorários não pode ser inferior § 2° A compensação de créditos, pelo advogado, de
ao estabelecido na tabela de honorários criada por cada Conselho importâncias devidas ao cliente, somente será admissivel
Seccional da OAB. quando o contrato de prestação de serviços a autorimr ou
O art. 22, § 10, do Estatuto, determina que quando o advogado quando houver autorização especial do cliente para esse fim,
for indicado para atuar em causa de pessoa juridicamente necessitada, por este firmada.
naqueles casos dos estados que não têm Defensoria Pública, ou têm, § 300 contrato de prestação de serviços poderá dispor sobre a
mas por qualquer motivo está impossibilitada (greve, por exemplo), o forma de contratação de profissionais para serviços auxiliares,
profissional tem direito a receber honorários fixados pelo juiz e pagos bem como sobre o pagamento de custas e emolumentos, os
pelo Estado. quais, na ausência de disposição em contrário, presumem-se
Os honorários sucumbenciais são aqueles pagos pela parte devam ser atendidos pelo cliente. Caso o contrato preveja
vencida (parte sucumbente) ao advogado da parte vencedora. que o advogado antecipe tais despesas, ser-lhe-á licito reter
Em caso de falecimento do advogado, ou se este vier a se tomar o respectivo valor atualizado, no ato de prestação de contas,
incapaz civilmente, os honorários de sucumbência, proporcionalmente mediante comprovação documental.
ao trabalho por ele desenvolvido, são devidos aos seus sucessores ou

116 Eorrou Amuam I 10 em ÊTICA - copso PAU_O MACHP1X 117


iOemÉtica! 10emÉtical
§ 40 As disposições deste capítulo aplicam-se à mediação, Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota &is, os
à conciliação, à arbitragem ou a qualquer outro método honorários devem ser necessariamente representados
adequado de solução dos conflitos. por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da
§ 5° É vedada, em qualquer hipótese, a diminuição dos sucumbência, não podem ser superiores às vantagens
honorários contratados em decorrência da solução do litígio advindas a favor do cliente.
por qualquer mecanismo adequado de solução extrajudicial.
§ 6° Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela § 1° A participação do advogado em bens particulares do
de Honorários instituída pelo respectivo Conselho Seccional cliente só é admitida em caráter excepcional, quando esse,
onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de
diligências, sob pena de caracterizar-se aviltamento de satisfazer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono,
honorários. em instrumento contratual, tal forma de pagamento.
§ 70 O advogado promoverá, preferentemente, de forma § 2° Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre
destacada a execução dos honorários contratuais ou prestações vencidas e vincendas, os honorários advocatícios
suctunbenciais. poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os
requisitos da moderação e da razoabilidade.
Art. 49. Os honorários profissionais devem ser fixados
com moderação, atendidos os elementos seguintes: Art. 51. Os honorários da sucumbência e os honorários
contratuais, pertencendo ao advogado que houver atuado
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das na causa, poderão ser por ele executados, assistindo-lhe
questões versadas; direito autônomo para promover a execução do capítulo
II - o trabalho e o tempo a ser empregados; da sentença que os estabelecer ou para postular, quando
III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir for o caso, a expedição de precatório ou requisição de
em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou pequeno valor em seu favor.
terceiros;
IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o § 1° No caso de substabelecimento, a verba correspondente
proveito para este resultante do serviço profissional; aos honorários da sucumbência será repartida entre o
V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a substabelecente e o substabelecido, proporcionalmente à
cliente eventual, frequente ou constante; atuação de cada um no processo ou conforme haja sido entre
VI - o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do eles ajustado.
domicílio do advogado ou de outro; § 20 Quando for o caso, a Ordem dos Advogados do Brasil
VII - a competência do profissional; ou os seus Tribunais de Ética e Disciplina poderão ser
VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos. solicitados a indicar mediador que contribua no sentido de
que a distribuição dos honorários da sucumbência, entre
advogados, se faça segundo o critério estabelecido no § 10.

118 Ex.as N.,Anor, 1 10 e, Éne.A - 0.ek, Po Maa.co 119


1 OemÉtied ioemÉtical
§ 3° Nos processos disciplinares que envolverem divergência Pacto quota litis
sobre a percepção de honorários da sucumbência, entre
advogados, deverá ser tentada a conciliação destes, . Pacto ou cláusula quota litis é a participação do advogado
prelirninannente, pelo relator. no resultado ou ganho obtido na causa. Paulo Lôbo lembra que o
direito romano e as Ordenações Filipinas condenavam essa foima de
Art. 52. O crédito por honorários advocaticios, seja do contratar (obra citada, p. 141). Com razão. Neste caso, o advogado
advogado autônomo, seja de sociedade de advogados, se transforma em "sócio" do cliente naquela demanda. O advogado,
não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro nesta situação, é "quase" parte...
titulo de crédito de natureza mercantil, podendo, apenas, Entretanto, o Código de Ética e Disciplina trouxe a
ser emitida fatura, quando o cliente assim pretender, com possibilidade de ser feito esse pacto, desde que estejam presentes as
fundamento no contrato de prestação de serviços, a qual, condições do art. 50 e seus parágrafos:
porém, não poderá ser levada a protesto.
o
Parágrafo único. Pode, todavia, ser levado a protesto o
upl.g,9,Wo.slevernerniecesSátiMiíeiiier'-'4". ecuni&;,
cheque ou a nota promissória emitido pelo cliente em favor yfárdykreela.„,*,., --cuálb -1"Wrg
englfr
do advogado, depois de frustrada a tentativa de recebimento oroot:£4, -s."0.Pufáraurs' r\10:14.1,_ Chtifè
amigável. a ".

artimaçao.,. c» voga p;enr,, , etis culares",HO ente,so


Art. 53. É licito ao advogado ou à sociedade de advogados venfearkerJexceppo, r)
,4
uandwesse;:,,corti Tio
empregar, para o recebimento de honorários, sistema verconcaçoes:- 'etuiiiáfiaSfieisatisfazer,n, é rtolfde onoraries,
de cartão de crédito, mediante credenciamento junto a ,
emjustarcomg;;seu atrono7'emânstrumentnwontratua:V-, orrná.
empresa operadora do ramo.
uaritlw&.t etotdafNe04,9juriditol,versarso
Parágrafo único. Eventuais ajustes com a empresa operadora km- 9gncen spostdonoOrios VOcauerr,

que impliquem pagamento antecipado não afetarão a •"+" "'
emmaseDu osusequisitós. 4no. e
responsabilidade do advogado perante o cliente, em caso de aàbihdadt
rescisão do contrato de prestação de serviços, devendo ser
, observadas as disposições deste quanto à hipótese. De toda forma, apesar da permissão pelo Código de Ética, todo
zelo deve ter .o advogado para que não incorra em infração disciplinar.
• Art. 54. Havendo necessidade de promover arbitramento
ou cobrança judicia] de honorários, deve o advogado Formas judiciais de cobrança
renunciar previamente ao mandato que recebera do
cliente em débito." Na hipótese de o constituinte faltar com a obrigação de pagar
os honorários ao advogado, este deve procurar ao máximo resolver
a situação amigavelmente. Chegando ao ponto de não haver mais

120 &ermo, AFtmixn 1 10 dl Éncw - 6100' Paup M.A0.4X/ 121


1 OemÉtical OemÉtical
solução pela forma preliminar, surge a necessidade de se buscar a via a) do vencimento do contrato, quando houver;
judicial. Para isso, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa b) do trânsito em julgado da decisão que os fixar ou arbitrar;
e constituir outro advogado para fazer a cobrança, conforme dispõe o c) da finalização do serviço extrajudicial (assessoria, consultoria e
art. 54 do Novo Código de Ética e Disciplina. direção jurídicas; acompanhamento de inquérito policial);
O art. 24 do Estatuto determina que o contrato feito por escrito d) da desistência ou transação;
(contrato de honorários advocatícios) constitui título executivo. Desse e) da renúncia ou revogação de mandato.
modo, o advogado não precisará propor ação de conhecimento. A
cobrança será feita, neste caso, através da execução por quantia certa.
Já quando o advogado contrata de forma verbal, resta claro n.,gsipEkfcg,!,1113,W •—szá,
`.41,4r,e3

que não há o que executar, ensejando, assim, uma ação de cobrança.


Quando for o caso de o advogado juntar aos autos o contrato 1. (FGV - IV Exame de Ordem) A prescrição para a cobrança de
de honorários advocatícios antes da expedição do mandado de honorários advocatícios tem como termo inicial, consoante as normas
levantamento ou precatório, deve o juiz determinar que lhe sejam estatutárias,
pagos diretamente, deduzindo o valor respectivo da quantia a ser a) o início do contrato de prestação de serviços.
recebida pelo constituinte, a não ser que este comprove que já o pagou. b) a sentença que julga procedente o pedido em favor do cliente do
Os honorários incluídos na condenação, seja por arbitramento, advogado.
seja por sucumbência, pertencem ao advogado, tendo o profissional c) a data da revogação do mandato.
direito autônomo de exigir o cumprimento da sentença, podendo, d) o dia do primeiro ato extrajudicial.
ainda, solicitar ao juiz que o precatório seja expedido em seu nome,
quando for o caso.
O art. 24 do Estatuto enfatizs que a decisão judicial que fixar
ou arbitrar honorários, bem como o contrato feito por escrito, têm Comentários:
força de título executivo e constituem crédito privilegiado na falência, Para o art. 25 do EA0AB, prescreve em 5 (cinco) anos -a ação de
concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação cobrança de honorários de advogado, contado o prazo:
extrajudicial. I - do vencimento do contrato, se houver;
Quando o advogado receber um substabelecimento com II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;
reserva de poderes, não poderá cobrar os honorários respectivos sem III - da ultimação do serviço extrajudicial;
a intervenção daquele que lhe substabeleceu (art. 26 do EAOAB). IV - da desistência ou transação;
V - da renúncia ou revogação do mandato.
Prescrição (art. 25, EAOAB) Também prescreve em 5 (cinco) anos a ação de prestação de
'contas pelas quantias recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de
A ação de cobrança de honorários advocatícios prescreve em terceiros por conta dele (art. 25-A, EAOAB).
5 (cinco) anos, que serão contados a partir:
trittriEgjr:.

122 ENTI334 Asevrcn I 10 a. Énu - 3' erirjo P.u.o ~no 123


10e.mÉtical

CAPÍTULO 7
Artigos 27 ao 30

CAPITULO VII
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

A incompatibilidade determina a proibição total e o


impedimento a proibição parcial do exercício da advocacia.

IAT_WM A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria,


com as seguintes atividades:

I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder


Legislativo e seus substitutos legais;
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério
• Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais,
da justiça de paz, juizes classistas, bem como todos os que exerçam
função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da
administração pública direta ou indireta;26
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da
Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em
suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público;
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem
serviços notariais e de registro;

26 O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1.127-


8 (DOU de 26.05.06), determinou a exclusão da abrangência deste inciso para os
juizes eleitorais e seus suplentes.

PAULO M..c.00 129
10emÉticd loemÉdc4
V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
indiretamente à atividade policial de qualquer natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência 41141 COMENTÁRIOS
de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições
parafiscais; 1 IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em
instituições financeiras, inclusive privadas. Essas nomenclaturas também são encontradas em diversos
§ 1° A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ramos do Direito, sendo que, em cada um deles, os conceitos e as
ou função deixe de exercê-lo temporariamente. consequências variam. No Direito Civil, a título de exemplo, existe o
§ 2° Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham impedimento para o casamento entre irmãos. No Direito Processual
poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do Civil e no Direito Processual Penal, o impedimento é regra de natureza
Conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica objetiva em que um juiz, por exemplo, não pode atuar num processo
diretamente relacionada ao magistério jurídico. em que tenha um parentesco muito próximo com o advogado ou com a
parte, ou o advogado que não pode ingressar nos autos de um processo
ME:g Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores quando já existe aquela relação de parentesco. Para a Deontologia
Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública Jurídica, impedimento e incompatibilidade significam outras coisas
direta, indireta e fundacional, são exclusivamente legitimados (art. 27 do EAOAB).
para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, impedimento é a
durante o período da investidura. proibição parcial do exercício da advocacia, ou seja, o advogado
pode continuar exercendo a profissão, menos contra ou a favor de
RirdWa São impedidos de exercer a advocacia: determinadas pessoas. No caso, são aquelas mencionadas no art. 30,
I e II, que serão estudas abaixo. Somente para ilustrar, um agente
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, administrativo da Prefeitura de Salvador pode advogar, exceto contra
contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a o Município de Salvador.
entidade empregadora; Já a incompatibilidade gera a proibição total do exercício da
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, advocacia, não podendo advogar em hipótese alguma, nem mesmo
contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas em causa própria. Essa proibição total pode ensejar apenas uma
públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades licença, quando a atividade incompatível tiver natureza temporária
paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de (art. 12, II, EAOAB), como nos casos do Prefeito, do Governador
serviço público. ou do Presidente da República (Chefes do Poder Executivo: art. 28,
I, primeira parte, do EAOAB); ou pode gerar o cancelamento da
Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes inscrição, no caso de atividade incompatível em caráter definitivo:
dos cursos jurídicos. juiz, promotor de justiça, analista judiciário, delegado de policia,
entre outras.

130 Enrrcrm ARMADOR I 10 Ext ÉliCA - 3. EfÇÃO PasLo Marathoo


1 OemÉtise! oemÉtical
O motivo paraacriação de impedimento s e de incompatibilidades Em razão deste primeiro inciso, não podem exercer a
é o de evitar que alguns advogados levem vantagens ou desvantagens advocacia os Prefeitos, os Governadores, o Presidente da República e
em relação aos demais que não exerçam tais atividades, e até mesmo seus substitutos legais (Chefes do Poder Executivo).
por implicações éticas, como no caso supracitado do funcionário Também são incompatíveis os membros da Mesa do Poder
vinculado ao Município de Salvador se pudesse advogar contra Legislativo. Observe que os membros do Poder Legislativo, conforme
quem o remunera. As vantagens podem ser em relação à captação de o art. 30, II, são impedidos (podem exercer a advocacia, menos contra
clientela, ao poder de influência nas decisões, etc. Um exemplo de ou a favor de determinadas pessoas), ao passo que os membros da
desvantagem seria a falta de independência dos militares das Forças Mesa não podem advogar em hipótese alguma.
Armadas, que, em virtude do regime próprio a que são subordinados, Para melhor entendimento do leitor, relembremos a composição
podem ficar presos no quartel, vindo a faltar uma audiência ou deixar do Poder Legislativo no Brasil:
de interpor um recurso tempestivamente. Na União, há o Congresso Nacional, que, por adotar o sistema
Resumindo, são atividades incompatíveis aquelas que não do bicameralismo, é integrado pelo Senado Federal (que representa
poderão ser desenvolvidas concomitantemente com a advocacia. os Estados e o Distrito Federal) e a Câmara do Deputados (que
Caso a pessoa já exerça uma atividade incompatível, não poderá se representa o povo). Nos Estados existem as Câmaras Legislativas; nos
inscrever na OAB (mas pode prestar o Exame da Ordem, conforme municípios, as Câmaras Municipais; e no Distrito Federal, a Câmara
visto mais acima), pois um dos requisitos mencionados no art. 8° do Distrital. Cada uma dessas Casas tem uma Mesa que a representa
Estatuto para ser advogado é "não exercer atividade incompatível com (Mesa Diretora), que é formada pelo Presidente, Vice-Presidente e
a advocacia". Por outro lado, quem já é advogado e depois passa a Secretários, cuja numeração varia de acordo com cada Regimento
exercer qualquer atividade incompatível deverá licenciar-se da OAB Interno.
ou cancelar sua inscrição. No impedimento, ele continua com sua Dessa forma, se o advogado for eleito Deputado Estadual, ele
inscrição, ficando apenas uma anotação em sua carteira profissional pode continuar exercendo a advocacia parcialmente, mas, se passar a
de que há restrições para a advocacia. ser Presidente da Assembleia Legislativa, deverá solicitar sua licença
da OAB, por se tratar de atividade incompatível temporária.
Casos de incompatibilidade Aliás, todos os casos deste inciso têm caráter temporário,
ensejando a licença.
O art. 28 do Estatuto traz em oito incisos todos os casos
de atividades incompatíveis. Porém, o legislador não definiu quais II — membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público,
têm natureza temporária e quais têm caráter definitivo, devendo ser dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da
analisadas cada uma das situações em conjunto com a Constituição, justiça de paz, juizes classistas, bem como todos os que exerçam
leis ordinárias, leis complementares, leis orgânicas, etc. função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da
administração pública direta ou indireta.
I — Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder
Legislativo e seus substitutos legais. Uma primeira observação em relação a este inciso é que
"membro" se difere de "servidor". São membros do Poder Judiciário,
os magistrados: juízes substitutos, juízes de Direito, desembargadores

132 Effroaa ASPAADCR I 10 Em ÉricA - Ecotio PALIW 133


oe mÉtica! 1 OamÉtiw,.!
e os Ministros dos Tribunais. São membros do Ministério Público 9 — Também não se incluem no inciso III aqueles que desempenham
os promotores de justiça, procuradores de justiça, procuradores da a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério
República, procuradores regionais da República. jurídico.
Outra ressalva é a extinção dos juízes classistas, que eram
os juízes que representavam a classe dos empregados e a classe dos — ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
empregadores nas antigas Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ) indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que
ao lado dos juízes togados. Atualmente, temos as Varas do Trabalho, exercem serviços notariais e de registro.
com juízes togados e sem juízes classistas.
Em relação aos membros dos juizados especiais, não podemos O legislador tratou dos membros do Poder Judiciário no
deixar de mencionar o que dispõe o art. 7°, parágrafo único, da Lei n° inciso II, e dos servidores e de outros ocupantes de cargos ou funções
9.099/95: "Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia vinculados direta ou indiretamente ao Judiciário, neste inciso. Fazem
perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas parte desta incompatibilidade os técnicos de atividade judiciária,
funções". Parece-nos que, pelo fato de uma lei de mesma hierarquia os analistas judiciários, os contadores judiciais, os assessores dos
(ordinária federal) ter tratado do mesmo assunto de modo diverso, é o desembargadores e até mesmo aqueles ligados indiretamente a este
que deve prevalecer na prática. Poder, tais como os psicólogos, seguranças e demais cargos auxiliares
Por fim, mister salientar que o Supremo Tribunal Federal, por ligados ao Poder Judiciário.
ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade Encontram-se nessa situação incompatível os que exercem
1.127-8, no dia 17 de maio de 2008 (publicado no Diário Oficial da serviços notariais e de registro (tabeliães, notários, registradores e
União em 26.05.2008) ratificou a liminar concedida e decidiu que não escreventes de cartório extrajudicial).
se incluem nessa regra os juízes eleitorais e seus suplentes.
V — ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
ILI — ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da indiretamente à atividade policial de qualquer natureza.
Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em
suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público. Da mesma forma que no inciso anterior, o Estatuto fez menção
a vínculo de natureza direta ou indireta, só que aqui é em relação
O art. 28, § 2°, do Estatuto traz duas exceções a este tipo de à atividade policial. Como exemplo, podemos citar os próprios
incompatibilidade: policiais: policiais federais (agentes, escrivães e delegados), policiais
civis (investigadores, comissários, delegados), policiais militares,
1 — Não se incluem nessa hipótese os que não detenham poder de policiais rodoviários (estaduais e federais), dentre outros (art. 144
decisão relevante sobre interesses de terceiros, a juízo do Conselho da CRFB). São também incompatíveis os integrantes do Corpo de
competente da OAB, ou seja, a Ordem irá verificar se na prática há, Bombeiro Militar.
ou não, poder de decisão relevante, para definir se haverá, ou não, a O Órgão Especial do Conselho Federal da OAB decidiu que
incompatibilidade. os guardas municipais se enquadram nessa hipótese de
incompatibilidade (processo n°252/99, DJ 19.10.99).

134 Earcra .4...coR I 10 Ent Énew - ex,Ão Puo MAr......n2 135


10emÉtica/ 10emÉtica!

O Provimento n° 62/1988, embora tenha disposto sobre Afastamento temporário da atividade incompatível
a incompatibilidade que cuidava o inciso XII do art. 84 do antigo
Estatuto (Lei n° 4.215/63), ainda nos serve, compreendendo-se entre O § 1° do art. 28 do Estatuto determina que a incompatibilidade
os cargos incompatíveis os de perito criminal, patiloscopista e seus permanece mesmo que os ocupantes de cargos e funções incompatíveis
auxiliares (como o auxiliar de necropsia) e médico-legista. deixem de exercê-los temporariamente. Desse modo, os juízes não
Paulo Luís Netto Lôbo entende que "em virtude da crescente poderão advogar enquanto estiverem de férias ou de licença da
terceirização, a vedação envolve igualmente os que prestam serviços magistratura.
às atividades policiais diretas ou indiretas, mesmo que empregados de
empresas privadas" (obra citada, p. 170). Afastamento definitivo da atividade incompatível -
desincompatibilização
VI— militares de qualquer natureza, na ativa.
Apesar de apenas o art. 28, VI, do EAOAB determinar que a
São os militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e incompatibilidade ocorre somente enquanto no exercício da atividade
Aeronáutica), seja qual for a patente e desde que estejam na ativa. ("na ativa"), às demais hipóteses deve-se dar o mesmo entendimento.
Assim, ex-policiais, ex-fiscais podem advogar.
VII — ocupantes de cargos ou funções que tenham competência Uma ressalva há de ser feita no que diz respeito aos magistrados
de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e e aos membros do Ministério Público aposentados ou exonerados. É
contribuições parafiscais. que a Emenda Constitucional n° 45/2004 acrescentou o inciso V ao
art. 95, parágrafo único, e o § 6° ao art. 128. Assim, é vedado a eles
É o caso dos fiscais e de outros servidores que tenham o exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastaram,
competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos antes de decorridos três anos do afastamento de seus cargos por
ou contribuições parafiscais. Exemplificando, temos os auditores aposentadoria ou exoneração.
fiscais, fiscais de receita previdenciária, fiscais de renda e fiscais do
trabalho. Casos de impedimento

VIII — ocupantes de funções de direção e gerência em instituições I — servidores da administração pública direta, indireta e
financeiras, inclusive privadas. fundacional.

A última hipótese de incompatibilidade trazida pelo Estatuto São impedidos, ou seja, estão proibidos de exercer a advocacia
é a dos diretores e gerentes de instituições financeiras públicas ou parcialmente, os servidores da administração pública direta, indireta
privadas. e fundacional. Neste caso, eles podem advogar, menos contra a
Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade
empregadora.

136 ECROR4 ARMADOR 1 10 04 ÉlICA - 3' 00.12 PAUUD MACtMEO 137


10emÉtical ioemÉtical
Aqui encontramos, por exemplo, o funcionário da Prefeitura ter um tratamento isonômico para os três agentes indispensáveis à
do Rio de Janeiro, que só não pode advogar contra o município do Rio administração da justiça. Embora se saiba que a Constituição se refere
de Janeiro; o agente administrativo do INSS, que não pode advogar aos casos das exceções à acumulação de cargos públicos, tal como
contra a União, por se tratar de autarquia federal; os professores de acontece com os profissionais da área da saúde, externamos aqui o
escolas estaduais, que não podem litigar contra o Estado; entre outros. nosso posicionamento sobre o tema.
Todavia, como a lei menciona apenas os docentes dos cursos
Exceção para advogados que sejam docentes de cursos jurídicos jurídicos, os docentes de outros cursos (medicina, engenharia, letras,
administração) ficam impedidos, nos termos do art. 30, inciso I, do
A exceção legal é para os docentes dos cursos jurídicos (art. Estatuto da Advocacia e da OAB.
30, parágrafo único), que, apesar de serem servidores públicos, podem
advogar livremente. II — membros do Poder Legislativo
Embora a lei, neste inciso, nada mencione, Marco Antônio
Silva de Macedo Junior e Celso Coccaro discorrem exemplificando O impedimento deste inciso II é mais abrangente do que o
na obra conjunta Ética Profissional e Estatuto da Advocacia (p. 40), anterior (inciso I). Aqui, o impedimento é maior, estendendo-se
que "docente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo contra ou a favor de qualquer órgão da administração pública direta
(autarquia estadual) poderá advogar contra o Estado de São Paulo ou indireta e não só contra quem ou remunera.
("Fa71-nda que o remunera"), mas não deverá fazê-lo contra a própria É o caso dos membros do Poder Legislativo, em seus diferentes
Universidade, em decorrência de limitações éticas". níveis (senador, deputado federal, deputado estadual, deputado
No entanto, Paulo Lôbo (obra citada, p. 178) entende que os distrital e vereador), que podem advogar, menos contra ou a favor das
docentes dos cursos jurídicos "não sofrem qualquer incompatibilidade pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades
ou impedimento para advogar. Esclarece, ainda, que "essa explicitação de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou
deve-se ao fato de que é importante, para a formação dos futuros empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.
advogados, o magistério de profissionais qualificados que doutra
forma estariam impedidos de advogar, inclusive totalmente, se sua Impedimentos especiais (ou impedimentos sui generis)
especialidade fosse o direito público". Somamos a este entendimento,
por se tratar de exceção legal, ousando apenas salientar outro motivo: Já foi dito que o Estatuto da Advocacia e da OAB determina
se a Constituição possibilita aos magistrados e aos membros do que o impedimento é a proibição parcial do exercício da advocacia.
Ministério Público o exercício de suas atividades cumulativamente No entanto, encontramos algumas hipóteses diferentes, nas quais a
com o magistério (art. 95, parágrafo único, e art. 128, § 50, II, d. da pessoa pode advogar, mas somente no âmbito do cargo público que
Constituição), igual tratamento deve ser estendido aos advogados, ocupam ou, então, podem advogar menos no setor onde trabalham.
mesmo que em situação privada, sob o aspecto de que não podem Denominamos aqui "impedimento especial". Essa denominação não
ver prejudicada sua atuação no mercado por causa da docência em pela lei.
cursos jurídicos públicos. Assim como os juízes e promotores de Conforme disposto no art. 29 do Estatuto, os Procuradores
justiça não sofrem descontos nos seus subsídios, não vemos motivo Gerais, os Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos
para o legislador vedar a advocacia integral para advogados. Há de jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional, são

138 EorroaN A.RukcoR I 10 Em ÉTICA - 3. EoeGko PALLO MAC.130 139


rj

1 OemÉtical ioemétied
exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada
à função que exerçam, durante o período da investidura. ÇD
,)
Alertamos sobre a possibilidade de outras leis trazerem outras Comentários:
hipóteses de "impedimentos especiais", como é o caso dos Defensores Todos exercem atividades incompatíveis, não podendo advogar em
Públicos que prestaram concurso anteriormente à Lei Complementar hipótese alguma, nem mesmo em causa própria, como determina o
ri° 80/94, podendo advogar particularmente. Os que foram aprovados art. 28, I (Chefe do Executivo — prefeito), V (policiais) e VI (gerente
em concursos posteriores só podem advogar no âmbito da Defensoria de instituição financeira, inclusive privada).
Pública.

COMENTADAS

I. (FGV — XIX Exame de Ordem) Formaram-se em uma Faculdade


de Direito, na mesma turma, Luana, Leonardo e Bruno. Luana, 35 2. (FGV - VIII Exame de Ordem) José, general de brigada,
anos, já exercia função de gerência em um banco quando se graduou. entusiasmado com a opção do seu filho pelo curso de Direito, resolve
Leonardo, 30 anos, é prefeito do município de Pontal. Bruno, 28 anos, acompanhá-lo nos estudos. Presta exame vestibular e matricula-se
é policial militar no mesmo município. Os três pretendem praticar em outra instituição de ensino, também no curso de Direito. Ambos
atividades privativas de advocacia. alcançam o período letivo em que há necessidade de realizar o estágio
forense. José, desejando acompanhar seu filho nas atividades forenses
Considerando as incompatibilidades e impedimentos ao exercício da nas horas de folga, vez que continua na ativa, agora como General de
advocacia, assinale a opção correta. Divisão, requer o seu ingresso no quadro de estagiários da OAB. A
a) Luana não está proibida de exercer a advocacia, pois é empregada de partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
instituição privada, inexistindo impedimentos ou incompatibilidades.
b) Bruno, como os servidores públicos, apenas é impedido de exercer a) Militar não pode, enquanto permanecer na ativa, inscrever-se no
a advocacia contra a Fazenda Pública que o remunera. quadro de advogados, mas se permite a ele a inscrição no quadro de
c) Os três graduados, Luana, Leonardo e Bruno, exercem funções estagiários.
incompatíveis com a advocacia, sendo determinada a proibição total b) Militar não pode, enquanto na ativa, obter inscrição no quadro de
de exercício das atividades privativas de advogado. advogados nem no quadro de estagiários.
d) Leonardo é impedido de exercer a advocacia apenas contra ou e) Militar da ativa pode atuar na Justiça Militar especializada, porque
em favor de pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, se inscreve no quadro especial de estagiários.
sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades d) Militar de alta patente pode obter inscrição tanto no quadro de
paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de estagiários como no de advogados, mediante permissão especial do
serviço público. Presidente da OAB.

140 Eononk AC1,403.1 I 1 O EM Énu - moo PAULO MACMADO 141


10emÉtical 10emÉtical
\y.

Entre outros casos, são impedidos de exercer a advocacia os


Çj membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou
Comentários: a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas,
O art. 8° do EAOAB traz os requisitos necessários para quem deseja sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades
se inscrever no quadro de advogados da OAB, sendo um deles não paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de
exercer atividade incompatível com advocacia. serviço público.
Veja que essa mesma exigência também serve para quem Acontece que quando qualquer um desses membros do
quiser se inscrever no quadro de estagiários (art. 90, I, do EAOAB). Legislativo passa integrar a MESA do Legislativo (Presidente, Vice-
presidente ou Secretário), passa a existir uma incompatibilidade,
conforme reza o art. 28,1, parte final , do EAOAB.

3. (FGV - VIII Exame de Ordem) Osvaldo é vereador do município


e ocupa cargo vinculado à Mesa da Câmara de Vereadores.
Necessitando propor ação cominatória em face do seu vizinho Marcos, 4. (FGV - IX Exame de Ordem - Ipatinga) Paulo, advogado inscrito
e sendo advogado, apresenta-se em Juízo postulando em causa própria. na seccional de seu Estado há 10 anos, toma posse no cargo de Auditor-
Nos termos das normas estatutárias, assinale a afirmativa correta. Fiscal da Receita Federal do Brasil. Considerando a hipótese de
a) A função de membro do Poder Legislativo impede o advogado de Paulo continuar a exercer a função de advogado, assinale a afirmativa
atuar, mesmo em causa própria. correta.
b) A eleição para a Mesa Diretora do Poder Legislativo impede o
advogado de atuar, gerando uma incompatibilidade. a) Paulo não poderá continuar a exercer a função de advogado, tendo
c) O mandato de vereador não se inclui dentre as situações de em vista que passou a exercer função incompatível com a advocacia.
incompatibilidade, ocupe ou não cargo na Mesa Diretora. b) Paulo poderá continuar a exercer a advocacia, desde que não
d) As incompatibilidades dos membros do Poder Legislativo estão advogue contra a União, que o remunera.
circunscritas aos integrantes do Senado e da Câmara dos Deputados c) Paulo poderá continuar a exercer a advocacia, desde que não atue
Federal. em causas envolvendo matéria tributária.
d) Paulo poderá continuar a exercer a advocacia, não havendo
qualquer tipo de impedimento.

Comentários:
A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a
proibição parcial do exercício da advocacia.

142 Earao. Aaménea I 1 O au Él1CA - 3' ~o PAU-0 MAcwoo 143


10emÉtica! 10emÉtical
O estágio possui uma categoria especial que limita a atuação em
d)
Çp,) determinados processos.
Comentários:
O art. 28, VII, do EAOAB determina que é atividade incompatível
com a advocacia aquela dos ocupantes de cargos ou funções que
tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de Comentários:
tributos e contribuições parafiscais. O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com
Pelo fato de o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal ser a advocacia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva
de caráter definitivo, deve ocorrer o cancelamento da inscrição do instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a
0 0
advogado, conforme previsão do art. 11, IV, do EAOAB. inscrição na OAB (art. 9 , § 3 , do EAOAB).

.-"—§EITEM~
ez

5. (FGV - XII Exame de Ordem) Ângelo, comandante das Forças 6. (FGV — XIII Exame de Ordem) Juarez da Silva, advogado,
Especiais do Estado "B", é curioso em relação às normas jurídicas, professor adjunto de Direito Administrativo em determinada
cuja aplicação acompanha na seara castrense, já tendo atuado em Universidade Federal, foi procurado, na qualidade de advogado, por
órgãos julgadores na sua esfera de atuação. Mantendo a sua atividade um grupo de funcionários públicos federais que desejavam ajuizar
militar, obtém autorização especial para realizar curso de Direito, determinada ação contra a União.
no turno da noite, em universidade pública, à qual teve acesso pelo
processo seletivo regular de provas. Ângelo consegue obter avaliação Pode Juarez aceitar a causa, advogando contra a União?
favorável em todas as disciplinas até alcançar o período em que o a) Não. Juarez não pode aceitar a causa, pois está impedido de exercer
estágio é permitido. Ele pleiteia sua inscrição no quadro de estagiários a advocacia contra a Fazenda Pública que o remunera.
da OAB e que o mesmo seja realizado na Justiça Militar. Com base b) Sim. Juarez poderá aceitar a causa, pois o impedimento de exercício
no caso narrado, nos termos do Estatuto da Advocacia, assinale a da advocacia contra a Fazenda Pública que remunera os advogados
afirmativa correta. que são servidores públicos não inclui a hipótese de docentes de
cursos jurídicos.
a) O estágio é permitido, desde que ocorra perante a Justiça Militar c) Sim. Juarez poderá aceitar a causa, pois não há nenhum tipo de
especializada. impedimento para o exercício da advocacia por servidores públicos.
b) O estágio é permitido, mas, por tratar-se de função incompatível, é d) Não. Juarez não poderá aceitar a causa, pois exerce o cargo de
vedada a inscrição na OAB. professor universitário, que é incompatível com o exercício da
c) O estágio poderá ocorrer, mediante autorização especial da Força advocacia.
Armada respectiva.

144 Eo,a,Mwo 10 sd ÉTICA - MOO Pau_o Akkaore


145
10emÉtica! 10emÉtical

Ç;),)
Comentários:
Em regra, são impedidos de exercer a advocacia os servidores da
CAPÍTULO 8
administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública Artigos 31 ao 33
que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora.
Entretanto, não se incluem nesse caso os docentes dos•
cursos jurídicos, que poderão advogar contra a Fazenda Pública que
os remunere. Tal exceção ocorre, porque a universidades também
precisam de professores que sejam advogados, sendo certo que, muitos CAPÍTULO VIII
se recusariam a lecionar nessas instituições por estarem perdendo DA ÉTICA DO ADVOGADO
clientes.
O advogado deve proceder de forma que o torne
merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe
e da advocacia.

§ 100 advogado, no exercício da profissão, deve manter independência


em qualquer circiingtância.
§ 2° Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer
autoridade, nem o de incorrer em impopularidade, deve deter o
advogado no exercício da profissão.

T O advogado é responsável pelos atos que, no exercício


profissional, praticar com dolo ou culpa.

Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será


solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com
este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.

O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os


deveres consignados no Código de Ética e Disciplina.

146 &noa.% ARÁADOR 1 10 E. ÉTICA - 3 0,1040 PAULO MACKADO 147


oemÉtical 1 OemÉtical

Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres O Estatuto da Advocacia e da OAB, no art. 32, expôs uma
do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional regra semelhante, porém, direcionada ao profissional da advocacia:
e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência "O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,
jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos praticar com dolo ou culpa."
disciplinares. Veja que, pela simples leitura dos artigos acima transcritos,
a responsabilidade civil do advogado é subjetiva, ou seja, exige a
verificação da culpa.
Para alguns autores, os prejuízos eventualmente causados pelo
advogado aos clientes não escaparam da órbita do Código de Defesa
COMENTÁRIOS do Consumidor (Lei n° 8.078/90), que, ao conceituar "fornecedor-,
enquadrou toda pessoa física prestadora de serviço em seu mecanismo
RESPONSABILIDADE FUNCIONAL DO ADVOGADO de proteção ao cliente:
O advogado, no exercício da sua profissão, está sujeito a ser "Árt. 3°. Fornecedor é toda pessoa fisica ou jurídica,
responsabilizado por ações ou omissões que possam vir a causar pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
prejuízo a clientes ou a terceiros. entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
Assim, a responsabilidade funcional (ou profissional) se produção, montagem, criação, construção, transformação,
divide em três tipos: responsabilidade civil, responsabilidade penal importação, exportação, distribuição ou comercialização de
e responsabilidade disciplinar. Essas esferas são independentes produtos ou prestação de serviços."
umas das outras. O advogado pode, por exemplo, com urna conduta
inadequada, cometer uma infração disciplinar, mas não causar prejuízo Uma observação importante é que o CDC adotou como regra
ao seu cliente e nem praticar um crime. a responsabilidade objetiva. O art. 14, caput, diz que "o fornecedor
A seguir, faremos uma breve abordagem de cada uma dessas de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
responsabilidades. reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
Responsabilidade civil inadequadas sobre sua fruição e riscos." Entretanto, o próprio CDC
se excepciona no art. 14, § 4°: "A responsabilização pessoal dos
São vários os dispositivos no ordenamento jurídico pátrio que profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa".
tratam da responsabilidade civil aplicada ao advogado. Aqui, confirma-se que a responsabilidade civil do advogado, pelos
Podemos começar citando o art. 186 do Código Civil, que danos causados aos clientes, decorrentes de seus serviços advocatícios,
traz a regra geral da responsabilidade civil e que também alcança o exigem a verificação da culpa.
advogado: "Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."

148 arra. AMADOR 1 10 ea Én*, - enf. PAULO MAZA-IADO 149


10ernÉtical 1 OemÉtied
Lide temerária à vontade e bem confiante para que possa revelar todas as nuances
do fato, a fim de que o advogado possa exercer de maneira plena o
A lide temerária ocorre quando o advogado, em conluio com seu mister. Desse modo, as informações que o advogado obtiver no
o cliente, altera a verdade dos fatos com o objetivo de prejudicar exercício da sua profissão têm de ser resguardadas e utilizadas apenas
outrem. nos limites da defesa ou da acusação, sobretudo quando se trata de
Ao discorrer sobre o assunto, Paulo Lôbo (obra citada, página processo sob segredo de justiça. Entretanto, há fatos revelados ao
189) diz que a "lide temerária, no entanto, não se presume, nem pode advogado que não precisam ser utilizados no processo, ficando por
a condenação decorrente ser decretada pelo juiz na mesma ação. conta de complemento ao fato principal ou como desabafo por parte
Tampouco basta a prova da temeridade, que pode ser resultado da do cliente. Nesse caso, deve o advogado guardar o segredo. O segredo
inexperiência ou da simples culpa do advogado. Para responsabilizar guardado não é do advogado, é do cliente.
o advogado e imprescindível a prova do dolo." O Código Penal tipificou como crime de violação de segredo
O Estatuto da Advocacia e da OAB não deixou passar profissional "o comportamento do agente que, sem justa causa, revela
despercebido o tema e dispôs no parágrafo único do art. 32 que "em a alguém segredo que teve ciência em razão de função, ministério,
caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável ofício ou profissão, revelação essa capaz de produzir dano a outrem"
com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte (Rogério Grecco, "Curso de Direito Penal", volume III, Editora
contrária, o que será apurado em ação própria." Existe, ainda, um Impetus, 2006, p. 663). Quando a confiança é violada sem que haja
mandamento no Código de Ética que proíbe o advogado expor os um justo motivo, há de ser responsabilizado aquele que descumpriu o
fatos em juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se dever de fidelidade.
na má-fé (art. 6°, Novo CED). Para que seja configurado o crime em questão, devem estar
Podemos citar como exemplo de lide temerária, o advogado presentes os seguintes requisitos: (1) ser um segredo; (2) o segredo ter
que, mesmo sabendo que um cliente (credor) já recebeu o valor da sido obtido pelo agente em razão de sua atividade (função, ministério,
dívida, valendo-se da ciência que de que o devedor não tem recibo de oficio ou profissão); (3) revelação a outrem; (4) sem justa causa e (5)
quitação, propõe uma ação de cobrança em face deste. potencialidade de causar dano a alguém.
A respeito do justo motivo (que especialmente nos interessa
Responsabilidade Penal para a prática, a fim de que se possa revelar o segredo sem, contudo,
configurar o crime), trata-se de verdadeiro estado de necessidade,
Longe da intenção de esgotar o assunto, até mesmo por se em virtude do conflito de dois interesses, devendo um ser suprimido
tratar de matéria criminal, comentaremos brevemente a seguir alguns pela "maior importância" do outro naquele momento. Sobre isso, o
crimes próprios do advogado, ressaltando também alguns aspectos art. 37 do Código de Ética e Disciplina traz algumas informações
deontológicos. importantes. Vejamos:

a) Violação de segredo profissional (art. 154, CP) "Art. 37. O sigilo profissional cederá em face de
circunstâncias excepcionais que configurem justa causa,
A escolha do advogado pelo cliente e a relação profissional como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra
entre os dois são calcadas na fidúcia. Para tanto, o cliente deve se sentir ou que envolvam defesa própria."

150 EorroaN ARAUDOTT I 10 e. ÉTICA - 3° ECOO PAULO MACHADO 151


OemÉtical OernÉtical
sgf
É evidente que a defesa da vida e da honra, bem como a defesa b) Sonegação de autos
contra a afronta advinda do próprio cliente, devem prevalecer no
confronto com o direito ao sigilo, razão pela qual admite-se a violação. O advogado tem o direito de obter vista dos autos por um
- O Novo CED tratou do assunto de forma mais detalhada do prazo que pode variar em função de determinação legal ou judicial.
que o CED anterior. Vejamos o teor das novas redações: Ultrapassado o prazo, o advogado deverá devolvê-los ao respectivo
cartório ou secretaria. Não havendo a devolução dentro do prazo,
o juiz determinará que o oficial de justiça o intime, a fim de que
sej' am entregues em 24 (vinte e quatro) horas. Ainda assim não os
devolvendo, as seguintes consequências poderão advir: 1

1) busca e apreensão dos autos;


2) perda de vista daqueles autos fora do cartório;''
3) responsabilização criminal (art. 356, CP);
4) sanção disciplinar de suspensão (art. 34, )XII, c/c art. 37, I,
todos do EAOAB);
5) responsabilidade civil em caso de prejuízo (art. 32, EAOAB).

e) Patrocínio infiel

O crime de patrocínio infiel está tipificado no art: 355, caput,


do Código Penal e ocorre quando o advogado, ou o procurador
' judicial, trai o dever profissional, causando prejuízo a quem lhe
confiou o patrocínio de uma causa.
Como visto, trata-se de crime cujo sujeito ativo é o advogado.
Para Cezar Roberto Bitencourt, a expressão "ou procurador judicial"
pode ser interpretada como advogado público, "compreendendo-se
como tais os advogados membros da Advocacia-Geral da União,
da Procuradoria da Fazenda Nacional, das Defensorias Públicas,
•Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados. Municípios;
Distrito Federal, Autarquias e demais entidades da administração
indireta e fundacional." E continua: "É perfeitamente admissivel a
participação de terceiros, incluindo-se os estagiários."

152 arrce", Amo= I 10 xá+ Énu - 3° E09,i) Péu.o MAcatwo 153


10emÉtica! 10emÉtical
1. \t'
d) Tergiversação e patrocínio simultâneo (art. 355, parágrafo citada, p. 781).
imico, CP);
Responsadade disciplinar—remetemos o leitor aos comentários
O Código Penal pune, no parágrafo único do art. 355 do aos arts. 34 ao 41 do EAOAB.
Código Penal, a conduta do advogado que patrocina os interesses de
partes opostas na mesma causa. DEVERES DO ADVOGADO NO CÓDIGO DE ÉTICA E
A primeira conduta incriminada é a tergiversação, que DISCIPLINA
consiste em o advogado, ou o procurador judicial (veja mais sobre
o procurador judicial nos comentários ao crime de patrocínio infiel O Código de Ética e Disciplina é um ato normativo editado
logo acima), mudar de lado, ou seja, após a sua renúncia ou a pelo Conselho Federal da OAB, podendo, portanto, ser alterado por
revogação pelo cliente, passar a atuar para a parte contrária. A outra esse mesmo órgão (art. 54, V, do EAOAB). Desta forma, no ano 2015
conduta, patrocínio infiel, acontece quando o profissional defende os foi aprovado o Novo CED.
interesses de partes antagônicas, ao mesmo tempo, na mesma causa. Embora o Código de Ética e Disciplina não seja uma norma
Para Bitencourt, o termo "partes contrárias" deve ser entendido em sentido formal (é uma norma em sentido material), o seu respeito
como pessoas com interesses divergentes na mesma relação jurídico- pelos advogados é imposto pelo art. 33 da Lei n° 8.906/94 (Estatuto
processual, mesmo não estando como partes naquele processo, como da Advocacia e da OAB) e a sua violação é punida com uma censura
é caso do denunciado e do lesado, que são partes contrárias em uma aplicada pela OAB (art. 36, I, do EAOAB).
ação penal, mesmo que este não esteja habilitado como assistente do
Ministério Público (obra citada, p. 1207). "Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os
deveres consignados no Código de Ética e Disczplina".
e) Exercício de atividade com infração de decisão
administrativa (art. 205, CP) A ausência, no Código de Ética e Disciplina, de definição ou
orientação a respeito de questão de ética profissional da advocacia,
Configura-se o crime em questão quando alguém exerce relevante para o exercício da profissão, enseja consulta e manifestação
atividade de que está impedido por decisão administrativa. Explica do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal.
Cezar Bitencourt que este delito pode ser entendido como um tipo O Presidente do Conselho Seccional, da Subseção ou do
sui generis de crime próprio, eis que, embora não seja exigido pelo Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável,
tipo penal uma condição especial do agente, o ilícito apenas pode ser quando tiverem ciência de transgressão às normas do CED, sem
praticado por quem está impedido de exercer o seu trabalho, oficio ou prejuízo da instauração do devido procedimento, a fim de serem
profissão. apuradas as infrações.
Para o advogado, é a hipótese de haver decisão da OAB O Novo Código de Ética e Disciplina é dividido em três
suspendendo-o ou excluindo-o de seus quadros. É claro que, na Títulos, que regulam os deveres do advogado para com a comunidade,
pendência de recurso com efeito suspensivo ou sem trânsito em o cliente, o outro profissional e, também, a questão da publicidade,
julgado, não há se falar neste ilícito penal. Trata-se de crime habitual, da recusa do patrocínio, do dever de assistência jurídica, do dever
não se punindo a conduta isolada (Cezar Roberto Bitencourt, obra geral de urbanidade e dos respectivos procedimentos disciplinares,

154 Eorman ARIMICOR 1 10 EM Érr, - Eocio Nur) MAcmco 155
1 OemÉtical 1 Oe mÉtical

do advogado público, da advocaciapro bono, entre outros. O Título profissionais que honram e engrandecem a sua classe.
trata da "Ética do Advogado" (arts. 1° ao 54), o Título II, do "Processo Inspirado nesses postulados, o Conselho Federal da Ordem
Disciplinar" (art. 55 ao 72) e o Título III, "Das disposições gerais e dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe
transitórias" (arts. 73 ao 80). são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, da Lei n. 8.906, de 04
Assim como a Constituição da República Federativa do Brasil, de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os
o Novo Código de Ética e Disciplina é iniciado com um preâmbulo, no advogados brasileiros à sua fiel observância."
qual estão inseridos os princípios norteadores da ética do advogado,
com os seguintes dizeres: Deveres do advogado

"O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS Logo no primeiro artigo, o Código de Ética exige do advogado
ADVOGADOS DO BRASIL, ao instituir o Código de conduta compatível com os seus preceitos, bem como com os do
Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam Estatuto da Advocacia e da OAB, do Regulamento Geral, dos
a consciência profissional do advogado e representam provimentos e dos demais princípios da moral individual, social e
imperativos de sua conduta, os quais se traduzem nos profissional.
seguintes mandamentos: lutar sem receio pelo primado da De forma explícita, o parágrafo único do art. 2°, do Código de
Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo Ética e Disciplina diz que são deveres do advogado:
respeito à Lei, fazendo com que o ordenamento jurídico
seja interpretado com retidão, em perfeita sintonia com os "Art. 2° O advogado, indispensável à administração da
fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos
ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da
seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer
em suas relações profissionais e em todos os atos do seu o seu ministério em consonância com a sua elevada função
oficio; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu pública e com os valores que lhe são inerentes.
patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e
proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos Parágrafo único. São deveres do advogado:
interesses; comportar-se, nesse mister, com independência
e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e 1- preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade
poderosos; exercer a advocacia com o indispensável senso da profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e
profissional, mas também com desprendimento, jamais indispensabilidade da advocacia;
permitindo que o anseio de ganho material sobreleve a II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro,
finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo III - velar por sua reputação pessoal e profissional;
a tomar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade IV - empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento
como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal e profissional;
pessoal; agir, em suma, com a dignidade e a correção dos

156 armar, Amuam 1 10 ev Érrw - EaçÂo Po MACMADO 157


OemÉtical wernÉtica!
V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Por força do art. 4°, o advogado, ainda que vinculado ao
Direito e das leis; cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por
VI - estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de
entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou
instauração de litígios; privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Infelizmente,
VII - desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo na prática, seja no setor público ou no setor privado, deparamo-nos
preliminar de viabilidade jurídica; com diversos advogados receosos em cumprir esse dever por atitudes
VIII - abster-se de: prepotentes de alguns empregadores, sob a constante ameaça de se
a) utilizar de influência indevida, em seu beneficio ou do verem desempregados...
cliente; No art. 40, parágrafo único, do Novo CED determina-se
b) vincular seu nome a empreendimentos sabidamente que é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e
escusos; de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a
c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que
moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; tenha manifestado anteriormente.
d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha Foi mantida a imposição que havia no anterior CED, ao
patrono constituído, sem o assentimento deste; dispor que o exercício da advocacia é incompatível com qualquer
e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou procedimento de mercantilização e que é vedado o oferecimento de
judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, angariar
negociais ou familiares; ou captar clientela.
f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. O Capítulo III do Título I do Código de Ética e Disciplina
IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela anuncia os deveres dos advogados em suas relações com os clientes
efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos; (arts. 9° ao 26) em uma linguagem bem clara e autoexplicativa, razão
X - adotar conduta consentânea com o papel de elemento pela qual apenas os transcreveremos a seguir:
indispensável à administração da Justiça;
XI- cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos "Art. 9° O advogado deve informar o cliente, de modo claro
Advogados do Brasil ou na representação da classe; e inequívoco, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e
XII - zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia; das consequências que poderão advir da demanda. Deve,
XIII - ater-se, quando no exercício da função de defensor igualmente, denunciar, desde logo, a quem lhe solicite
público, à defesa dos necessitados." parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa
influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-
Lembra-nos o Código de Ética e Disciplina que o advogado lhe a causa.
deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as
desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um Art. 10. As relações entre advogado e cliente baseiam-
instrumento para garantir a igualdade de todos. se na confiança recíproca. Sentindo o advogado que essa
confiança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente

158 EDROPA SIMADOR I 10 et, Énck - 3' MOO NILO MACI-IN:0 159
10emÉtiCa! 1 OemÉtical
sua impressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, Art. 16. A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do
promova, em seguida, o substabelecimento do mandato ou motivo que a determinou, fazendo cessar a responsabilidade
a ele renuncie. profissional pelo acompanhamento da causa, uma vez
decorrido o prazo previsto em lei (EAOAB, art. 50, § 30).
Art. 11. O advogado, no exercício do mandato, atua como
patrono da parte, cumprindo-lhe, por isso, imprimir à causa § 1° A renúncia ao mandato não exclui responsabilidade por
orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar danos eventualmente causados ao cliente ou a terceiros.
a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando
esclarecê-lo quanto à estratégia traçada. § 2° O advogado não será responsabilizado por omissão do
cliente quanto a documento ou informação que lhe devesse
Art. 12. A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, fornecer para a prática oportuna de ato processual do seu
ou não, extinção do mandato, obriga o advogado a devolver interesse.
ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido
confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a Art. 17. A revogação do mandato judicial por vontade do
prestar-lhe contas, pormenorizadamente, sem prejuízo de cliente não o desobriga do pagamento das verbas honorárias
esclarecimentos complementares que se mostrem pertinentes contratadas, assim como não retira o direito do advogado de
e necessários. receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária
de sucumbência, calculada proporcionalmente em face do
Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviço efetivamente prestado.
serviços até então prestados não se inclui entre os valores a
ser devolvidos. Art. 18. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue
pelo decurso de tempo, salvo se o contrário for consignado
Art. 13. Concluída a causa ou arquivado o processo, presume- no respectivo instrumento.
se cumprido e extinto o mandato.
Art. 19. Os advogados integrantes da mesma sociedade
Art. 14. O advogado não deve aceitar procuração de quem já profissional, ou reunidos em caráter permanente para
tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, cooperação recíproca, não podem representar, em juízo ou
salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de fora dele, clientes com interesses opostos.
medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
Art. 20. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus
Art. 15. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao constituintes e não conseguindo o advogado harmonizá-los,
desamparo as causas sob seu patrocínio, sendo recomendável caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos
que, em face de dificuldades insuperáveis ou inércia do mandatos, renunciando aos demais, resguardado sempre o
cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, sigilo profissional.
renuncie ao mandato.

160 art011A Anmancw 1 1 O EM ene, ECOD PAULO AMO-MO 161
1 oemÉtical 10emÉtical
1`.
Art. 21. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra § 2° O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar
ex-cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicialmente, antecipadamente seus honorários com o substabelecente."
deve resguardar o sigilo profissional.
Sigilo profissional e honorários advocaticios
Art. 22. Ao advogado cumpre abster-se de patrocinar causa
contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja O Novo Código de Ética e Disciplina também trata dos temas
formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira; relativos ao sigilo profissional e aos honorários advocatícios. Porém,
da mesma forma, deve declinar seu impedimento ou o da para melhor didática, tais assuntos foram abordados em tópicos
sociedade que integre quando houver conflito de interesses separados nos capítulos anteriores deste livro.
motivado por intervenção anterior no trato de assunto que se
prenda ao patrocínio solicitado. Dever de urbanidade

Art. 23. É direito e dever do advogado assumir a defesa Extrema importância tem o modo como o advogado irá tratar
criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do juizo.
do acusado. Por isso, o Novo Código de Ética e Disciplina passou a tratar o
Parágrafo único. Não há causa criminal indigna de defesa, assunto com mais riqueza de detalhes no capítulo intitulado "DAS
cumprindo ao advogado agir, como defensor, no sentido RELAÇÕES COM OS COLEGAS, AGENTES POLÍTICOS,
de que a todos seja concedido tratamento condizente com AUTORIDADES, SERVIDORES PÚBLICOS E TERCEIROS"
a dignidade da pessoa humana, sob a égide das garantias (arts. 27 ao 29).
constitucionais.
"Art. 27. O advogado observará, nas suas relações com os
Art. 24.0 advogado não se sujeita à imposição do cliente que colegas de profissão, agentes políticos, autoridades, servidores
pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem fica na públicos e terceiros em geral, o dever de urbanidade, tratando
contingência de aceitar a indicação de outro profissional para a todos com respeito e consideração, ao mesmo tempo em
com ele trabalhar no processo. que preservará seus direitos e prerrogativas, devendo exigir
igual tratamento de todos com quem se relacione.
Art. 25. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo,
simultaneamente, como patrono e preposto do empregador § 1° O dever de urbanidade há de ser observado, da mesma
ou cliente. forma, nos atos e manifestações relacionados aos pleitos
eleitorais no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 26. O substabelecimento do mandato, com reserva de § 2° No caso de ofensa à honra do advogado ou à imagem da
poderes, é ato pessoal do advogado da causa. instituição, adotar-se-ão as medidas cabíveis, instaurando-se
processo ético-disciplinar e dando-se ciência às autoridades
§ 100 substabelecimento do mandato sem reserva de poderes competentes para apuração de eventual ilícito penal.
exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente.

162 Eurca> Nataxn I 10 e4 Érck - Eini0 PAULO Akkown


163
10emÉtical ioernÉtica!

Art. 28. Consideram-se imperativos de urna correta atuação "Art. 39. A publicidade profissional do advogado tem caráter
profissional o emprego de linguagem escorreita e polida, meramente informativo e deve primar pela discrição e
bem como a observância da boa técnica jurídica. - podendo configurar captação de clientela ou
sobriedade, não
mercantilização da profissão.
Art. 29. O advogado que se valer do concurso de colegas
na prestação de serviços advocatícios, seja em caráter Art. 40. Os meios utilizados para a publicidade profissional
individual, seja no âmbito de sociedade de advogados ou hão de ser compatíveis com a diretriz estabelecida no artigo
de empresa ou entidade em que trabalhe, dispensar-lhes-á anterior, sendo vedados:
tratamento condigno, que não os torne subalternos seus
nem lhes avilte os serviços prestados mediante remuneração I - a veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e
incompatível com a natureza do trabalho profissional ou televisão;
inferior ao mínimo fixado pela Tabela de Honorários que for II - o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas
aplicável. assemelhadas de publicidade;
III - as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores
Parágrafo único. Quando o aviltamento de honorários for ou em qualquer espaço público;
praticado por empresas ou entidades públicas ou privadas, IV - a divulgação de serviços de advocacia juntamente com
os advogados responsáveis pelo respectivo departamento ou a de outras atividades ou a indicação de vínculos entre uns
gerência jurídica serão instados a corrigir o abuso, inclusive e outras;
intervindo junto aos demais órgãos competentes e com poder V - o fornecimento de dados de contato, como endereço
de decisão da pessoa jurídica de que se trate, sem prejuízo e telefone, em colunas ou artigos literários, culturais,
das providências que a Ordem dos Advogados do Brasil acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa, bem assim
possa adotar com o mesmo objetivo." quando de eventual participação em programas de rádio ou
televisão, ou em veiculação de matérias pela intemet, sendo
PUBLICIDADE PROFISSIONAL permitida a referência a e-mail;
VI - a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos
A questão da publicidade dos serviços advocatícios está ou formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de
abordada nos arts. 39 ao 47 do Novo Código de Ética e Disciplina, captação de clientela.
que manteve a permissão da publicidade, mas com algumas restrições.
Não se admite, em nosso país, o uso de expressões que possam captar Parágrafo único. Exclusivamente para fins de identificação
clientes, nem a divulgação da advocacia em conjunto com outra dos escritórios de advocacia, é permitida a utilização de
atividade. Veda-se, ainda, a veiculação pelo rádio e pela televisão e a placas, painéis luminosos e inscrições em suas fachadas,
denominação de nome fantasia. desde que respeitadas as diretrizes previstas no artigo 39.
A fim de se alcançar todos os detalhes acerca deste relevante
tema, vejamos a seguir as novas redações: Art. 41. As colunas que o advogado mantiver nos meios de
comunicação social ou os textos que por meio deles divulgar

164 arren, AMACCA 1 10 Ea4 ÉTic.4 - Cor...ko PAU-0 MAGINA3


165
Oe mÉtiCal I OemÉtical
1
não deverão induzir o leitor a litigar nem promover, dessa § 1° Poderão ser referidos apenas os títulos acadêmicos do
forma, captação de clientela. advogado e as distinções honorificas relacionadas à vida
profissional, bem como as instituições jurídicas de que faça
Art. 42. É vedado ao advogado: parte, e as especialidades a que se dedicar, o endereço, e-mail,
site, página eletrônica, QR code, logotipo e a fotografia do
I - responder com habitualidade a consulta sobre matéria escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o
jurídica, nos meios de comunicação social; cliente poderá ser atendido.
II - debater, em qualquer meio de comunicação, causa sob o § 2° É vedada a inclusão de fotografias pessoais ou de
patrocínio de outro advogado; terceiros nos cartões de visitas do advogado, bem como
III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual
profissão e da instituição que o congrega; ou pretérito, em qualquer órgão ou instituição, salvo o de
IV - divulgar ou deixar que sejam divulgadas listas de clientes professor universitário.
e demandas;
V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas. Art. 45. São admissíveis como formas de publicidade o
patrocínio de eventos ou publicações de caráter científico
Art. 43. O advogado que eventualmente participar de ou cultural, assim como a divulgação de boletins, por meio
programa de televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, físico ou eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos
de reportagem televisionada ou veiculada por qualquer outro advogados, desde que sua circulação fique adstrita a clientes
meio, para manifestação profissional, deve visar a objetivos e a interessados do meio jurídico.
exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem
propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados Art. 46. A publicidade veiculada pela intemet ou por outros
pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus meios eletrônicos deverá observar as diretrizes estabelecidas
colegas de profissão. neste capítulo.
Parágrafo único. A telefonia e a intemet podem ser utilizadas
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação como veículo de publicidade, inclusive para o envio de
pública, por qualquer modo e forma, visando ao mensagens a destinatários certos, desde que estas não
esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma
advogado evitar insinuações com o sentido de promoção de captação de clientela.
pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter
sensacionalista. Art. 47. As normas sobre publicidade profissional constantes
deste capítulo poderão ser complementadas por outras que
Art. 44. Na publicidade profissional que promover ou nos o Conselho Federal aprovar, observadas as diretrizes do
cartões e material de escritório de que se utilizar, o advogado presente Código."
fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o
número ou os números de inscrição na OAB.

166 amas ~CR 10 ed ÉTICA - EaçÃo PALLO MACH4130


167
10emÉtical 10emÉtiag
-•,
Esiti5jegfeeti.KONU' 2. (FGV - VI Exame de Ordem) Daniel, advogado, resolve divulgar
seus trabalhos contratando empresa de propaganda e marketing. Esta
lhe apresenta um plano de ação, que inclui a contrafação de jovens,
1. (FGV - V Exame de Ordem) Crésio é procurado por cliente homens e mulheres, para a distribuição de prospectos de propaganda
que já possui advogado constituído nos autos. Prontamente recusa do escritório, coloridos, indicando as especialidades de atuação e
a atuação até que seu cliente apresente a quitação dos honorários apresentando determinados temas que seriam considerados acessíveis
acordados e proceda à revogação dos poderes que foram conferidos à multidão de interessados. O projeto é realizado. Em relação a tal
para o exercício do mandato. Após cumpridas essas formalidades, projeto, consoante as normas aplicáveis aos advogados, é correto
comprovadas documentalmente, Crésio apresenta sua procuração afirmar que
nos autos e requer o prosseguimento do processo. À luz das normas
aplicáveis, é correto afirmar que a) a moderna advocacia assume características empresariais e permite
publicidade como a apresentada.
a) a revogação do mandato exime o cliente do pagamento de honorários b) atividades moderadas como as sugeridas são admissíveis.
acordados. c) desde que autorizada pela OAB, a propaganda pode ser realizada.
b) permite-se o ingresso do advogado no processo mesmo que atuando d) existem restrições éticas à propaganda da advocacia, entre as quais
outro, sem sua ciência. as referidas no texto.
c) o advogado deve, antes de assumir mandato, procurar a ciência e
autorização do antecessor.
d) a verba de sucumbência deixa de ser devida após a revogação do
mandato pelo cliente. Comentários:
Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre
constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes
Ç-R) de escritório e especificação de especialidades profissionais, bem
Comentários: como boletins informativos e comentários sobre legislação, somente
Salvo melhor juízo, essa questão deveria ter sido anulada, uma vez podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem
que não existe nenhuma determinação no sentido de que deve haver ou os autorizem previamente.
"autorização" do advogado anterior, seja no Estatuto da Advocacia,
seja no Regulamento Geral, seja no Código de Ética e Disciplina (no Constitui infração disciplinar angariar ou captar causas, com ou sem
antigo e no novo). a intervenção de terceiros (art. 34, III, do EAOAB).

163 eximiu ARMADOR I 10 e, ÉTICA - EarÃo PAU.0 MArkano


/0emÉtical 10emétical
391
3. (FGV - VI Exame de Ordem - Duque de Caxias) O escritório 4. (FGV - VIII Exame de Ordem) O advogado "Y', recém formado,
de advocacia do Dr. Zangão decide patrocinar programa televisivo diante da dificuldade em conseguir clientes, passa a distribuir
juntamente com um supermercado e uma companhia de cervejas, panfletos em locais próximos aos fóruns da cidade onde reside,
O programa é de estilo popular, com belas mulheres vestidas de oferecendo seus serviços profissionais. Nos panfletos distribuídos
forma apropriada ao verão brasileiro. No intervalo do programa, o por "Y" constam informações acerca da sua especialização técnico
apresentador apresenta homenagens aos seus patrocinadores e, em científica, localização e telefones do seu escritório. Por outro lado,
relação ao escritório de advocacia, recita um texto: "Caso você tenha "Y" instalou placa na porta de seu escritório, na qual fez constar os
um problema com a Justiça, procure quem é bom. Consulte um dos valores cobrados por seus serviços profissionais, fixados, aliás, em
advogados do Escritório do Dr. Zangão. Pode não ser uma rima, mas patamares inferiores àqueles estipulados pela tabela de honorários da
é a solução." Essa situação caracteriza OAB. Quanto à conduta de "Y", assinale a afirmativa incorreta.

a) publicidade imoderada. a) "Y" incorre em infração disciplinar, consistente na captação


b) propaganda regular. irregular de causas, ao distribuir panfletos ao público oferecendo seus
c) patrocínio cultural. serviços como advogado.
d) atividade permitida pelo Estatuto. b) "Y" viola dispositivo do Código de Ética e Disciplina da OAB,
ao fixar honorários em valores inferiores aos estipulados na tabela de
honorários da OAB.
çp,J c) "Y" pode distribuir panfletos ao público, oferecendo seus serviços
Comentários: profissionais, desde que neles não conste sua especialização técnico-
O Código de Ética e Disciplina admite a publicidade da advocacia científica.
com restrições. d) "Y" viola dispositivo do Código de Ética e Disciplina da OAB, ao
fazer constar de sua placa referências aos valores cobrados por seus
Algumas dessas restrições são a propaganda em televisão, rádio e serviços profissionais.
a utilização de fotografias ou imagens que fujam da sobriedade da
advocacia.

Comentários:
A Ética permite a publicidade com algumas restrições a partir do art.
39 do Novo Código de Ética e Disciplina.
Uma dessas restrições é a captação de clientela através de distribuição
de panfletos.

170 Ectra. ArfAADDR I 10 O/ Érca - 3' EDIÇÃO Pay_o Moanoco 171


10en-Étical

CAPÍTULO 9
Artigos 34 ao 43

CAPÍTULO IX
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES

Constitui infração disciplinar:

I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar,


por qualquer meio, o seu exercício aos não-inscritos, proibidos ou
impedidos;
II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos
estabelecidos nesta lei;
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação dos
honorários a receber;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim
extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé
quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou
em pronunciamento judicial anterior;
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização
do cliente ou ciência do advogado contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a
nulidade do processo em que funcione;

Pawo ~riam 173


I OemÉtica! 1 OemÉtical

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos 1 o X)C[X - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
(dez) dias da comunicação da renúncia;
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria
Pública; a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, b) incontinência pública e escandalosa;
alegações forenses ou relativas a causas pendentes; c) embriaguez ou toxicomania habituais.
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou
de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da As sanções disciplinares consistem em:
parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, I - censura;
imputação a terceiro de fato definido como crime; II - suspensão;
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada III - exclusão;
do órgão ou autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, IV - multa_
depois de regularmente notificado;
XVII- prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do
contrário à lei ou destinado a fraudá-la; inscrito, após o trânsito em julgado da decisão, não podendo ser objeto
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para de publicidade a de censura.
aplicação ilícita ou desonesta;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados A censura é aplicável nos casos de:
com o objeto do mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte I - infrações definidas nos incisos I a XVI e X>MC do art. 34;
adversa, por si ou interposta pessoa; II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha
quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele; estabelecido sanção mais grave.
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou
em confiança; Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços oficio reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, quando
devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo; presente circunstância atenuante.
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia; A suspensão é aplicável nos casos de:
XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na
OAB; I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
XXVII- tomar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; II - reincidência em infração disciplinar.
XXVIII - praticar crime infamante;

174 175
arra.> Awatta 10 ax ÉRCA - EDIÇÃO PAULO Mwoiano
10e mÉtka! 10emÉtied
`t—
§ 1° A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as
profissional, em todo o território nacional, pelo prazo de 30 (trinta) atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstAncias e as
dias a 12 (doze) meses, de acordo com os critérios de individualização consequências da infração são considerados para o fim de decidir:
previstos neste capítulo.
§ 2° Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensã
o a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra
perdura até que satisfaça integralmente a dívida, inclusive com sanção disciplinar;
correção monetária. b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
§ 3° Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até
que preste novas provas de habilitação. rAws..ãti É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção
disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento, a reabilitação,
ki.rWS,..1. A exclusão é aplicável nos casos de: em face de provas efetivas de bom comportamento.

I - aplicação, por 3 (três) vezes, de suspensão; parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de
II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34. crime, o pedido de reabilitação depende também da correspondente
reabilitaç'ão criminal.
Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão é
necessária a manifestação favorável de 2/3 (dois terços) dos membros NiCiii; Fica impedido de exercer o mandato o profissional a
do Conselhos Seccional competente. quem forem aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou
exclusão.
tArt 39,3 A multa, variável entre o mínimo correspondente ao
valor de uma anuidade e o máximo de seu décuplo, é aplicável E-kkrt.;:ffiL. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares
cumulativamente com a censura ou suspensão, em havendo 'prescreve em cinco anos, contados da data da constatação oficial
circunstâncias agravantes. do fato.

iAr
:Liti Na aplicação das sanções disciplinares são consideradas, § 1° Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por
para fins de atenuação, as seguinte circunstâncias, entre outras: mais de três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo
ser arquivado de oficio, ou a requerimento da parte interessada, sem
I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
II - ausência de punição disciplinar anterior; § 2° A prescrição interrompe-se:
III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer
órgão da OAB; I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida
IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. feita diretamente ao representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador
da OAB.

176 PAULO MACW.00 177


Eorreas Amoco', I 10 al ÉTICA - 3' eack,
ioemÉtical 10emÉticd
à advocacia ou à causa pública).
Entendemos que a advertência não é essencialmente uma
punição. Primeiro, porque ela não consta no art. 35 do Estatuto
lij COMENTÁRIOS
Al da Advocacia; segundo, porque não é considerada para fins de
reincidência. Trata-se, portanto, de um beneficio aplicado ao
Responsabilidade disciplinar advogado que comete uma infração de natureza leve e possui alguma
circunstância atenuante. Assim, caso um advogado viole um segredo
A responsabilidade disciplinar é aquela apurada e aplicada pela profissional (art. 34, VII, EAOAB), mas já exerceu um cargo na OAB
OAB. O advogado, ou o estagiário, que infringir as normas contidas com assiduidade e proficiência, deverá ser tão-somente advertido pela
no Estatuto da Advocacia, no Regulamento Geral e no Código de OAB, sem aplicação de censura. Se porventura uma nova infração
Ética e Disciplina será processado e punido pela OAB. leve for novamente cometida pelo profissional, agora sim, sofrerá um
Passaremos, então, ao estudo das sanções e infrações censura, devendo tal sanção ser lançada nos seus assentamentos.
disciplinares (arts. 34 ao 41 do EAOAB). A suspensão é uma sanção mais grave do que a censura, eis
que impossibilita o advogado de exercer sua atividade profissional, em
Sanções disciplinares todo o país, por um prazo que pode variar, em regra, de 30 (trinta) dias
a 12 (doze) meses. O prazo da suspensão pode ainda se estender por
O art. 35 do Estatuto lista as sanções disciplinares que podem prazo indeterminado nas hipóteses do art. 37, §§ 2° e 30: (1) recusar-
ser aplicadas pela OAB: censura, suspensão, exclusão e multa. se injustificadamente a prestar contas ao cliente de quantias recebidas
A censura é urna das sanções mais leves aplicadas pela dele ou de terceiros por conta dele; (2) deixar de pagar as contribuições,
OAB, de maneira que ela pune a prática das infrações mais leves multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente
cometidas pelos advogados, que são aquelas arroladas no art. 36 do notificado a fazê-lo; e (3) incidir em erros reiterados que evidenciem
Estatuto. Com essa punição, o advogado pode continuar exercendo inépcia profissional. Nesses casos especfficos, a suspensão perdura
a sua profissão, porém, tal reprimenda deve ser registrada nos até que o advogado satisfaça integralmente a divida, inclusive com
assentamentos do inscrito, deixando o mesmo de ser primário, e com correção monetária ou até que preste novas provas de habilitação.
isso uma eventual prática de outra infração será considerada como Neste último caso de suspensão por prazo indeterminado
reincidência, ensejando, por sua vez, a aplicação de uma sanção mais (inépcia profissional), há de ser feita uma observação. A inépcia
grave (suspensão de 30 dias a 12 meses - art. 37, II, EAOAB). profissional ocorre quando o advogado comete erros reiterados
O art. 36, parágrafo único, do Estatuto da Advocacia, prevê no exercício da advocacia. Não basta um erro isolado. Há de ser
que a censura poderá ser convertida em uma simples advertência, comprovada a repetição de falhas para que haja punição pela OAB.
constituindo em oficio reservado encaminhado ao advogado, Ainda, neste ponto, cabe-nos uma explicação a respeito da
sem registro nos assentamentos, desde que presente circunstância expressão "prestar novas provas de habilitação". Para Geronimo Theml
atenuante. Essas atenuantes estão no art. 40 do Estatuto (falta cometida de Macedo, o conteúdo deve ser entendido como nova aprovação
na defesa de prerrogativa profissional, ausência de punição disciplinar no Exame da Ordem (obra citada, p. 130). Tal entendimento parece
anterior - primariedade exercício assíduo e proficiente de mandado ser o mesmo do Conselho Federal da OAB na decisão mencionada
ou cargo em qualquer órgão da OAB e prestação de relevantes serviços pelo autor: "inépcia profissional evidente e comprovada deve gerar a

179
178 &or.+ AW.DOR 10 am Nu • 3.8104 PfutO
10emÉtica! 31 Oe
\g,

necessidade da suspensão exercício profissional até que o representado Essas infrações podem ser dividas em três grupos: leves,
faça novo exame de ordem" (processo n° 1.875/98/SCA-SP, Relator graves e gravíssimas. Advirta-se que a lei não faz essa classificação.
Clovis Cunha da Gama Malcher Filho (PA), al 26.05.99). Nós assim fizemos para melhor entendimento do leitor.
No que pese os respeitáveis entendimentos, defendemos um Dessa forma, as infrações leves são punidas com censura
posicionamento diferente, no sentido de que "prestar novas provas de (que, conforme já vimos, pode ser convertida em mera advertência,
habilitação" não é prestar novo Exame da Ordem. Uma, porque se o se presentes circunstâncias atenuantes), as graves com suspensão e as
legislador quisesse que o advogado punido por inépcia profissional gravíssimas com exclusão.
se submetesse a novo Exame, assim teria dito expressamente. Outra,
porque o Estatuto somente faz referência à aprovação no Exame da Infrações punidas com censura
Ordem para quem desejar se inscrever no quadro de advogados da
OAB (art. 8°, IV). O art. 36 do Estatuto determina que a censura será aplicada
A exclusão é a sanção mais grave aplicada pela OAB. nos casos de:
O advogado que for excluído terá sua inscrição cancelada (art. 11,
EAOAB) e, consequentemente, não poderá advogar até seja . • " : -
a) infrações,definidas nos 'incisósJ aXVI e XXIX'dô,árt.,34;''
reabilitado. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão é
N.yi0é9ão,ao Códigdsde'Etica e, Disciplina; „
necessária a manifestação favorável de 2/3 (dois terços) dos membros
AviolaçãO a precOto desta lei; qiiiando para a infração não 'Se tenhá
do Conselho Seccional competente.
estabelecido sanção "mais grave.1
Por fim, a multa é uma sanção acessória, ou seja, ela não será
aplicada isoladamente, sendo aplicada em conjunto com uma censura
ou com uma suspensão sempre que houver circunstâncias agravantes, \Teremos a seguir as infrações dos incisos I a XVI e XXIX do
como a reincidência. O valor da multa pode variar de 1 (uma) a 10 art. 34:
(dez) anuidades.
As sanções disciplinares (censura, suspensão, exclusão e I — exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar,
multa) devem constar nos assentamentos do inscrito após o trânsito por qualquer meio, o seu exercício aos não-inscritos, proibidos ou
em julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de impedidos;
censura, justamente porque nesta não há problema em alguém o II — manter sociedade profissional fora das normas e preceitos
contratar. Na suspensão e na exclusão, a OAB deve ter todo o cuidado estabelecidos nesta lei;
para que ninguém contrate o profissional. Os atos praticados por III — valer-se de agenciador de causas mediante participação nos
advogado suspenso ou excluído são nulos (art. 4° e parágrafo único honorários a receber;
do EAOAB). IV — angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V — assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim
Das infrações e suas respectivas sanções extrajudicial que não tenha feito ou em que não tenha colaborado;
VI — advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé
O art. 34 do Estatuto da Advocacia e da OAB tem 29 incisos, quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou
trazendo uma série de infrações disciplinares. em pronunciamento judicial anterior;

180 Eorrov, AFWACOi 1 10 eu - saçÃo PAULO Moo 181


1 OemÉtical: 1 l OernÉtica!
VII — violar, sem justa causa, sigilo profissional; Vejamos as infrações de natureza grave (art. 34, XVII ao XXV):
VIII — estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização
do cliente ou ciência do advogado da parte contrária; XVII — prestar concurso a clientes ou a terceiros para a realização de
IX — prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio; ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la;
X — acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a XVIII— solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para
nulidade do processo em que funcione; aplicação ilícita ou desonesta;
XI — abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos 10 XIX — receber valores da parte contrária, ou de terceiros, relacionados
(dez) dias da comunicação da renúncia; com o objeto do mandato sem expressa autorização do constituinte;
XII — recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, XX — locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte
quando nomeado em virtude de impossibilidade da Defensoria adversa, por si ou interposta pessoa;
Pública; XXI — recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de
XIII — fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele;
alegações forenses ou relativas a causas pendentes; XXII — reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou
XIV — deturpar o teor de dispositivo de lei ou de citação doutrinária em confiança;
ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da XXIII — deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços
parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa; devidos à OAB, depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XV — fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, XXIV — incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia
imputação a terceiro de fato definido como crime; profissional;
XVI — deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação XXV — manter conduta incompatível com a advocacia.
emanada do órgão ou autoridade da OAB, em matéria da competência
desta, depois de regularmente notificado; Para o parágrafo único do art. 34 do Estatuto, inclui-se na
XXIX —praticar o estagiário ato excedente de sua habilitação. conduta incompatível a prática reiterada de jogo de azar não autorizado
por lei, a incontinência pública e escandalosa e a embriaguez ou
Infrações punidas com suspensão toxicomania habituais.

A suspensão é aplicada nos caso do art. 37 do Estatuto da Reincidência


Advocacia, a saber:
O advogado que já foi punido com uma censura ou uma
suspensão deixa de ser primário. Desse modo, caso venha a cometer
uma nova infração disciplinar será considerado reincidente. Por
exemplo: um advogado anteriormente punido com urna censura que
vem a ser condenado por ter abandonado uma causa sem justo motivo
(art. 34, XI — infração de natureza leve) será considerado reincidente
e será suspenso pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses.

182 PAuva MAO.D0 183


10emácal 10emÉtical
Infrações punidas com exclusão Dosimetria da sanção disciplinar. (art. 39, parágrafo único, do
EAOAB)
A exclusão será infligida nas hipóteses mencionadas no art. 38
do Estatuto da Advocacia, sendo elas: Os antecedentes profissionais do advogado ou do estagiário,
as atenuantes, o grau de culpa por eles revelada, as circunstâncias e
as consequências da infração serão consideradas para o fim de decidir
sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra
sanção disciplinar, bem como sobre o tempo de suspensão e o valor
da multa aplicáveis.
Assim, se um advogado comete uma infração de natureza
leve, como, por exemplo, violar um segredo profissional (art. 34, VII,
EAOAB), e é primário, terá a censura convertida em uma simples
advertência. Entretanto, o advogado que já foi punido com uma
Veja a seguir as infrações gravíssimas: censura, e agora viola um segredo profissional, deverá ser suspenso,
podendo, ainda, ser aplicada uma multa no valor de uma a dez
XXVI— fazer falsa prova de qualquer dos requisitos necessários para anuidades.
a inscrição na OAB;
XXVII —tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; Reabilitação (art. 41 do EAOAB)
XXVffl — praticar crime infamante.
O ordenamento jurídico pátrio não admite efeitos perpétuos
Atenuantes (art. 40, caput do EAOAB) de nenhuma punição. A par disso, o Estatuto da Advocacia permite
ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano
São consideradas atenuantes, para a aplicação das sanções após o seu cumprimento, a reabilitação, diante de provas efetivas de
disciplinares, as seguintes circunstâncias: bom comportamento. Porém, quando a sanção disciplinar resultar da
prática de crime, o pedido de reabilitação na OAB dependerá também
a) falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; da correspondente reabilitação criminal (art. 94 do Código Penal).
b) ausência de punição disciplinar anterior (primariedade);
c) exercício assíduo e proficiente de mandado ou cargo em qualquer Prescrição da pretensão punitiva (art. 43, caput, do EAOAB)
órgão da OAB;
d) prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. A aplicação da pimibilidade às infrações disciplinares
prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da constatação oficial
do fato.


184 Ecoam Amo= 10 e, Ént.4 - 3' ~to P/11.0 MAcavo3 185
MemÉticd
10emÉtica!
Prescrição intercorrente (art. 43, § 10, do EAOAB)
ESTOESCOMENTAD
Dar-se-á a prescrição intercorrente quando, durante o decorrer
do processo, o mesmo fica paralisado por mais de 3 (três) anos, 1. (FGV— XVI Exame de Ordem) Ao final de audiência de instrução
pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado ex officio e julgamento realizada em determinada vara criminal, o juiz solicita
ou por requerimento da parte interessada. Os eventuais responsáveis que o advogado não deixe o recinto, bem como que ele atue em outras
pela paralisação deverão ser punidos pela OAB. duas audiências que ali seriam realizadas em seguida. O advogado
recusa-se a participar das outras duas audiências mencionadas, até
Interrupção da prescrição (art. 43, § 20, do EAOAB) mesmo por haver Defensor Público disponível.

Interrompe-se a prescrição, devendo ter sua contagem Com base no caso exposto, assinale a afirmativa correta.
reiniciada, em duas situações: a) O advogado não cometeu infração ética, porque apenas resta
configurada infração disciplinar na recusa do advogado a prestar
assistência jurídica quando há impossibilidade da Defensoria Pública.
b) O advogado cometeu infração ética, porque ele já estava na sala de
audiências.
c) O advogado não cometeu infração ética, porque é vedado ao
advogado participar de duas
d) O advogado cometeu infração ética, porque ele tem o dever de
contribuir para a boa administração da justiça.

Comentários:
Consoante o art. 34, XII, do EAOAB constitui infração disciplinar o
advogado se recusar a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica,
mas somente quando nomeado em virtude de impossibilidade da
Defensoria Pública, o que não ocorreu no caso em tela.

EDRIMA ÂMANX:41 1 10 EM Éreca - eapco


187
10emÉticaf loemÉticd,
2. (FGV - VIII Exame de Ordem) Pedro, advogado regularmente 3. (F'GV - IX Exame de Ordem) O advogado Cândido, conhecido
inscrito nos quadros da OAB, após regular processo administrativo pelas soluções criativas para resolver os problemas dos seus
disciplinar, é apenado com a sanção de exclusão por ter sido condenado clientes, aduz, como tese defensiva, em ação de despejo por falta de
pela prática de crimes contra o patrimônio, tendo a decisão judicial pagamento, que a norma que autoriza tal desocupação forçada seria
transitada em julgado. Após cumprir a pena e tendo sido a mesma inconstitucional, pois caberia ao Estado fornecer habitação gratuita
julgada extinta pelo Juízo competente, apresenta requerimento de ou a preços módicos aos necessitados e, em caso de impossibilidade
retomo à OAB. Nos termos do Estatuto, deve o requerente financeira, custear a moradia, pagando ao locador os valores devidos,
a) apresentar a documentação prevista para inscrição inaugural no a título de aluguel social. Essa defesa foi considerada como contrária
quadro de advogados, além de submeter-se a novo Exame de Ordem. à disposição de lei que determina, como consequência do não
b) requerer a restauração da sua inscrição anterior com os documentos pagamento dos alugueres, o despejo por falta de pagamento. Em
previstos para a inscrição inaugural, sem submissão a novo Exame de razão disso, foi proferida sentença determinando a desocupação do
Ordem. imóvel e condenando o cliente do advogado Cândido ao pagamento
c) indicar provas para a inscrição nos quadros da OAB que comprovem dos alugueres devidos, bem como as demais verbas decorrentes da
a sua capacidade civil apta a permitir o retorno, e os documentos para sucumbência. Além disso, determinou o magistrado a expedição de
inscrição inaugural. oficio à Ordem dos Advogados do Brasil para abertura de processo
d) comprovar a sua reabilitação e apresentar os documentos disciplinar. Consoante as regras do Estatuto da Advocacia, assinale a
relacionados à idoneidade moral. afirmativa correta.

a) O fato de advogar contra literal disposição de lei sem exceções, não


Ç;),) constitui infração disciplinar.
Comentários: b) A alegação de inconstitucionalidade descaracteriza a infração
A reabilitação é instituto que, tal como no direito penal, oculta os disciplinar invocada.
efeitos da condenação. c) A infração disciplinar não está prevista no sistema por caracterizar
delito de hermenêutica.
O art. 41 do EAOAB diz que é permitido ao que tenha sofrido d) A referida infração somente pode ser considerada quando causar
qualquer sanção disciplinar requerer, um ano após seu cumprimento, prejuízo ao cliente o que não foi o caso.
a reabilitação, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de
reabilitação depende também da correspondente reabilitação criminal. ÇRJ
Por sua vez o art. 11, § 30, do EAOAB diz que quando o advogado for Comentários:
excluído, o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado O art. 34, VI, do EAOAB tipifica como infração disciplinar a conduta
de provas de reabilitação. do advogado que advogar contra literal disposição de lei.

188 agro-, Anwoca 1 10 eg Ética - EGÇÂO FAIXA Macwoo


189
10emÉtica! ioemácal
Acontece que se houver boa-fé por parte do advogado, tal infração
não se caracteriza. E a boa-fé é presumida quando o advogado estiver
fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em
pronunciamento judicial anterior. CAPÍTULO 10
Artigos 44 ao 50

4. (FGV - X Exame de Ordem) O advogado João, que também é


formado em Comunicação Social, atua nas duas profissões, possuindo
TÍTULO II
uma coluna onde apresenta notícias jurídicas, com informações sobre
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
atividades policiais, forenses ou vinculadas ao Ministério Público.
Semanalmente inclui, nos seus comentários, alguns em forma de
CAPÍTULO ,c
poesia, suas alegações forenses e os resultados dos processos sob sua
DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO
responsabilidade, divulgando, com isso, seu trabalho como advogado.
À luz das normas estatutárias, assinale a afirmativa correta. t4iM , A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, serviço
a) A divulgação de notícias, como aventado no enunciado, constitui
público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem
um direito do advogado em dar publicidade aos seus processos por finalidade:
b) Nos termos das regras que caracterizam as infrações disciplinares
está delineada a de publicação desnecessária e habitual de alegações
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático
forenses ou causas pendentes.
de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela
c) Diante das novas mídias que também atingem a advocacia, o
boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo
advogado pode utilizar-se dos meios ofertados para a divulgação de
aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
seu trabalho.
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção
d) A situação caracteriza o chamado desvio da função de advogado,
e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
com o prejuízo à imagem dos clientes pela divulgação.
§ 1° A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública
qualquer vínculo funcional ou hierárquico.
Ç;),J § 2° O uso da sigla "OAB" é privativo da Ordem dos Advogados do
Brasil.
Comentários:
O art. 34, XII, do EAOAB tipifica como infração disciplinar a
São órgãos da OAB:
conduta do advogado que faz publicar na imprensa, desnecessária e
habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes. I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;


190 arra,.A4MADCR 10 Em É-nca - 3. EDIÇJO PAULO MA0.120 191
1 OemÉtica! 10emÉticd
III - as Subseções; IN.W.,W Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados. têm legitimidade para agir, judicial e extrajudicialmente, contra
qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins desta lei.
§ 10 O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria,
com sede na capital da República, é o órgão supremo da OAB. Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo
§ 2° Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica têm, ainda, legitimidade para intervir, inclusive como assistentes,
própria, têm jurisdição sobre os respectivos territórios dos Estados- nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou
membros, do Distrito Federal e dos Territórios. ofendidos os inscritos na OAB.
§ 3° As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na
forma desta lei e de seu ato constitutivo. _~61, Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conselhos da
§ 4°As caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade OAB e das Subseções podem requisitar cópias de peças de autos e
jurídica própria, são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da
contarem com mais de 1.500 (mil e quinhentos) inscritos. Administração Pública direta, indireta e fundacional.27
§ 5° A OAB, por constituir serviço publico, goza de imunidade
tributária total em relação a seus bens, rendas e serviços.
§ 6° Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando reservados
ou de administração interna, devem ser publicados na imprensa oficial
ou afixados no fórum, na íntegra ou em resumo.

Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos,


contribuições, preços de serviços e multas.

Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão


passada pela diretoria do Conselho competente, relativa a crédito
previsto neste artigo.

ain!kl O pagamento da contribuição anual à OAB exclui


os inscritos nos seus quadros do pagamento obrigatório da
contribuição sindical.

Mna, O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de 27 O Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de lnconstitucionalidade n° 1.127-
órgão da OAB é de exercício gratuito e obrigatório, considerado 8 (DOU de 26.05.2006), deu interpretação a este dispositivo, sem reduzir o texto,
serviço público relevante, inclusive para fins de disponibilidade e nos seguintes termos: "de modo a fazer compreender a palavra 'requisitar' como
dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei e atendimento
aposentadoria.
de custos desta requisição. Ficam ressalvados, desde já, os documentos cobertos
por sigilo".

192 • EnnoaA Asnwon 1 10 D. Énc., - PALto MAniADO 193


10emÉtic4 10emÉtimi

ESTÂ6'COM ENT

1. (FGV — XIX Exame de Ordem) Tício, presidente de determinada Comentários:


Subseção da OAB, valendo-se da disciplina do Art. 50 da-Lei Federal O art. 50 do EAOAB diz que: "Para os fins desta lei, os Presidentes
n° 8.906/94 (Estatuto da OAB), pretende requisitar, ao cartório de dos Conselhos da OAB e das Subseções podem requisitar cópias de
certa Vara de Fazfnda Pública, cópias de peças dos autos de um peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado, cartório
processo judicial que não estão cobertas pelo sigilo. Assim, analisou e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional."
o entendimento jurisprudencial consolidado no Supremo Tribunal
Federal sobre o tema, a fim de apurar a possibilidade da requisição, Acontece que o Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de
bem como, caso positivo, a necessidade de motivação e pagamento Inconstitucionalidade n° 1.127-8 (DOU de 26.05.2006), deu
dos custos respectivos. interpretação a este dispositivo, sem reduzir o texto, nos seguintes
Diante da situação narrada, Tício estará correto ao concluir que termos: "de modo a fazer compreender a palavra 'requisitar' como
dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei
a) não dispõe de tal prerrogativa, pois o citado dispositivo legal foi e atendimento de custos desta requisição. Ficam ressalvados, desde
declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez já, os documentos cobertos por sigilo".
que compete privativamente aos tribunais organizar as secretarias
e cartórios judiciais, não se sujeitando a requisições da OAB, por
expressa disciplina constitucional.

b) pode realizar tal requisição, pois o citado dispositivo legal


foi declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
independentemente de motivação e pagamento dos respectivos custos.

c) pode realizar tal requisição, pois o Supremo Tribunal Federal,


em sede de controle de constitucionalidade, assegurou-a, desde que
acompanhada de motivação compatível com as finalidades da Lei n°
8.906/94 e o pagamento dos respectivos custos.

d) não dispõe de tal prerrogativa, pois ao citado dispositivo legal foi


conferida, pelo Supremo Tribunal Federal, interpretação conforme
a Constituição Federal para excluir os presidentes de Subseções,
garantindo a requisição apenas aos Presidentes do Conselho Federal
da OAB e dos Conselhos Seccionais, desde que motivada.

194 ED1OR4 AsconcF, 1 10 EM Érica - Ea04.0 Pwwo Macx40o 195


10ernÉdcal

CAPÍTULO 11
Artigos 51 ao 55

CAPÍTULO II
DO CONSELHO FEDERAL

O Conselho Federal compõe-se:

I - dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada


unidade federativa;
II - dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários
vitalícios.

§ 1° Cada delegação é formada por 3 (três) conselheiros federais.


§ 2° Os ex-presidentes têm direito apenas à voz nas sessões.

..ál
" Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões
do Conselho Federal, têm lugar reservado junto à delegação
respectiva e direito somente à voz.

EM O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento


definidos no Regulamento Geral da OAB.

§ 1° O Presidente, nas deliberações do Conselho, tem apenas o voto


de qualidade.
§ 2° O voto é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas
matérias de interesse da unidade que represente.

Palio Macmano 197


I OemÉtica! leemÉtical
§ 3° Na eleição para a escolha da Diretoria do Conselho Federal, cada XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o
membro da delegação terá direito a 1 (um) voto, vedado aos membros preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional
honorários vitalícios." ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da
profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho
l'Avrt.' 50 Compete ao Conselho Federal: ou de outro órgão da OAB;
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB, atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança coletivo,
II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja
individuais dos advogados; outorgada por lei;
III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar,
da advocacia; previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para
IV - representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos;
órgãos e eventos internacionais da advocacia; XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou
V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e alienação de seus bens imóveis;
Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na
VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem
Conselhos Seccionais; abrangência nacional ou interestadual;
VII - intervir no Conselho Seccional, onde e quando constatar grave XVIII - resolver os casos omissos neste Estatuto.
violação desta lei ou do Regulamento Geral;
VIII - cassar ou modificar, de oficio ou mediante representação, Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste artigo
qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário à presente depende de prévia aprovação por 2/3 (dois terços) das delegações,
lei, ao Regulamento Geral, ao Código de Ética e Disciplina, e aos garantido o amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo,
Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa; nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar.
IX -julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos
Seccionais, nos casos previstos neste Estatuto e no Regulamento A diretoria do Conselho Federal é composta de um
Geral; Presidente, de um Vice-Presidente, de um Secretário-Geral, de
X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.
respectivos símbolos privativos;
XI - apreciar o relatório anual, e deliberar sobre o balanço e as contas • § 1° O Presidente exerce a representação nacional e internacional
de sua diretoria; da OAB, competindo-lhe convocar o Conselho Federal. presidi-1o,
XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover-
contas dos Conselhos seccionais; lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões.
§ 2° O Regulamento Geral define as atribuições dos membros da
Diretoria e a ordem de substituição em caso de vacância, licença, falta
28 Este § 3° foi acrescentado pela Lei n° 11.179, de 22 de setembro de 2005. ou impedimento.

198 Earroa4 Asmoca I 10 Em Énck - rzeplo PALCO MADIN:10 199


10e rnÉtical \47 10érnÉtical
Competências do Conselho Federal Federal da OAB. Se este Conselho pode criá-los, também pode alterá-
los.
As competências do Conselho Federal estão arroladas no art.
54 do Estatuto da Advocacia, sendo elas: • 1.) adotar medidas, para assegurar o regular funcionamento' dos
t Conselhos Seccionais; - .
a) dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
Sendo o Conselho Federal o órgão supremo da OAB, com
_ O art. 44 do Estatuto • define as finalidades institucionais e "jurisdição" em todo o território nacional, comp_ete•lhe assegurar o
corporativas da OAB. Dessa forma, é através de seus órgãos que elas regular funcionamento, dos Conselhos Seccionais,--localizados:nos
serão efetivadas. : • ts
Estados-membros e no Distrito Federal. -
. 4 .
b) representar, em juízo ou fora dele, os interesses _coletivos ou g) intervir no,Conselho Seccional, onde.ë qtiando constatar grave
individuais dos advogados; violação desta lei ou do Regulamento Geral;
--t ; _
Essa competência também é em cumprimento às finalidades Essa intervenção depende de prévia' aprovação por 2/3 (dois `terços)
da OAB (art. 44,11, EAOAB). clas delegações, sendo garantido o amplo direito de defesa do Conselho
. _ - •• Seccional-respectivo, norneando:se diretoria provisória para p.prazo
_c) velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização que se fixar. •

da advocacia; ,
h) cassar, ou modificar,- de ofício ou mediante representação,
d) representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos • qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário à presente
órgãos e eventos internacionais da advocacia; lei, ao Regulamento, Geral, ao Código" de Ética e Disciplina e aos
. • . - .•' • Provimentos, ouvida a•autoridade ou o órgão em causa; - —
• Pelo_ EAOAB, esta competência é _do Conselho Federal.
Porém, o Regulamento Geral, no art. 80, parágrafo único, determina O Conselho Federal é guardião da legislação dafadvocacia e
que os ,Conselhos Seccionais podem representar a OAB em geral ou da OAB. ;
os advogados ,brasileirOs em eventos internacionais ou no exterior, • . • .
quando autorizados pelo Presidente Nacional da OAB, que , é o i) julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos
Presidente do Conselho Federal. ' Seccionais nos casos previstos neste Estatuto é' no Regulamento
Geral;
e) editar e alterar o Regulamento Geral,. o Código de i Etica e • , J ;
Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; , O Conselho Federal, órgão supremo da OAB, tem competência
para julgar em última instância os recursos na Ordem.
O Regulamente Geral e o Código de Ética e Disciplina não são
leis em sentido material. São atos normativos criados pelo Conselho

208 ED761... ARMALOI 1 10 em ÉTCA -3 etryko Nu.° lvtionvo 209


ri

I CemÉtic:a! 10ernÉtic4
j) dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os O Estatuto da Advocacia e da OAB entrou em vigor no ano de
respectivos símbolos privativos; 1994, quando a Constituição Federal arrolava no art. 103 as pessoas
legitimadas a propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e,
Para que haja uniformidade, o Conselho Federal é o ()reão no art. 105, aquelas com legitimidade para propor a Ação Declaratória
responsável pela identificação dos inscritos na OAB e pelos símbolos de Constitucionalidacle (ADC). Acontece que, por ocasião da Emenda
privativos da advocacia. Constitucional n° 45/2004, que trouxe a reforma do Judiciário, passou
a ser determinado no art. 103 que as mesmas pessoas legitimadas a
k) apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as propor a ADI, agora, também podem propor a ADC, e o Conselho
contas de sua diretoria; Federal da OAB lá está.
A Lei n° 9.882/99, no art. 2°, 1, prevê que os legitimados para
1) homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as a Ação Direta de Inconstitucionalidade têm competência para propor
contas dos Conselhos seccionais; Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, ra7".ão pela qual a
OAB também pode propor a ADPF.
m) elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o
preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito o) colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar,
nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes
exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos;
próprio Conselho ou de outro órgão da OAB;
Também em cumprimento às finalidades da OAB (art. 44,
É competência do Conselho Federal elaborar a lista sêxtupla EAOAB), o Conselho Federal desempenha o relevante papel de
quando a destinação for para os tribunais de abrangência nacional opinar, antecipadamente, nos pedidos de criação, reconhecimento e
ou interestadual, ou seja, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal credenciamento dos cursos jurídicos nos órgãos competentes.
Superior do Trabalho ou os tribunais federais cuja competência
territorial alcance mais de um estado. Sendo tribunal estadual, a p) autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a operação ou
competência passa a ser dos Conselhos Seccionais. alienação de seus bens imóveis;
A proibição para 'a inclusão de membros do próprio Conselho
Federal ou de outro órgão da OAB é justa e ética, já que são os Atente-se para o quorum exigido neste inciso: maioria
conselheiros que irão escolher os seis indicados para o Tribunal absoluta.
Judiciário, evitando-se assim que possa haver qualquer privilégio ou
tráfico de influência. q) participar de concursos públicos, nos casos previstos na
Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem
n) ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais abrangência nacional ou interestadual;
e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurança
coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação Deve a OAB, através do Conselho Federal, participar de forma
lhe seja outorgada por lei; efetiva nos concursos públicos de âmbito nacional ou interestadual,

210 Eorroan ArmAroa I 10 - EGÇÃO PAULO tv1K,Kkon 211


10emÉdical 10emÉtical
quando houver previsão na Constituição Federal e nas leis, como, por
exemplo, nos concursos públicos para o ingresso na Magistratura, no
Ministério Público e na Advocacia Geral da União. CAPÍTULO 12
Quando os concursos não tiverem abrangência nacional ou
interestadual, a competência será dos Conselhos Seccionais (art. 58,
Artigos 56 ao 59
X, EAOAB).

r) resolver os casos omissos neste Estatuto.

CAPÍTULO III
DO CONSELHO SECCIONAL

iliM7.1 O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em


número proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios
estabelecidos no Regulamento Geral.

§ 1° São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes,


somente com direito à voz em suas sessões.
§ 2° O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro
honorário, somente com direito à voz, nas sessões do Conselho.
§ 3° Quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente
do Conselho Federal, os Conselheiros Federais integrantes da
respectiva delegação, o Presidente da Caixa de Assistência dos
Advogados e os Presidentes das Subseções, têm direito à voz.

O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo


território, as competências, vedações e funções atribuídas ao
Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua competência
material e territorial, e as normas gerais estabelecidos nesta lei,
no Regulamento Geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos
Provimentos.

212 EorroRA AAMPDal I 10 a* ÉlICA - 3. e2çÂo PAI1.0 MACkL.DO 213


10ernética! 10emÉtical
LMIi.,15& Compete privativamente ao Conselho Seccional: 1~1` A diretoria do Conselho Seccional tem composição
idêntica e atribuições equivalentes às do Conselho Federal, na
I - editar seu Regimento Interno e Resoluções; forma do regimento interno daquele.
II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu
Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas
Diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;
41i COMENTÁRIOS
IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e
deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria, das diretorias
das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados; I CONSELHOS SECCIONAIS
V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
VI - realizar o Exame de Ordem; De acordo com o art. 45, § 2°, do EAOAB, os Conselhos
VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e Seccionais têm "jurisdição" sobre os respectivos Estados-membros,
estagiários; do Distrito Federal e dos territórios, embora se saiba que no Brasil,
VIII - manter cadastro de seus inscritos; atualmente, não há mais territórios.
IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de
serviços e multas; Composição e voto
X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas
fases, nos casos previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu A composição desses conselhos é diferente do Conselho
território; Federal. Nos Conselhos Seccionais, a composição é proporcional
XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos ao número de advogados inscritos (art. 106 do Regulamento Geral
advogados, no exercício profissional; do EAOAB com nova redação dada pela Resolução 02 de 2009 do
XII - aprovar e modificar seu orçamento anual; Conselho Federal). Desse modo, se houver menos de 3.000 advogados
XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e inscritos na Seccional, poderá ter até 30 conselheiros seccionais,
Disciplina, e escolher os seus membros; podendo ser acrescentado mais um conselheiro a cada grupo completo
XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para de 3.000, até atingir o número máximo de 80 conselheiros seccionais.
preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de sua Integram, ainda, os Conselhos Seccionais os seus ex-
competência e na forma do Provimento do Conselho Federal, vedada presidentes, na qualidade de membros honorários vitalicios, valendo
a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da para estes a mesma regra do art. 81 do EAOAB quanto ao direito de
OAB; voto, ou seja. continuam com direito de voz e voto apenas os que
XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados; tenham assumido originariamente o cargo de Presidente até a data da
XVI - desempenhar outras atribuições previstas no Regulamento publicação da Lei n° 8.906/94 (05 de julho de 1994). Os demais, de
Geral. acordo com esta lei, possuem apenas o direito de voz.
O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro
honorário do Conselho Seccional, tendo direito a voz em suas sessões.

214 acro. ARMADOR i 10 ed Éar..4 - meçÃo PALLO Mar:~ 215


I OemÉtiCal
10emÉtical
Diretoria do Conselho Seccional d) fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual
e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria, das
A Diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;
e atribuições equivalentes às do Conselho Federal: Presidente, Vice-
Presidente, Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro. Sendo da competência do Conselho Seccional a criação das
Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados, será também
Competências do Conselho Seccional de sua responsabilidade a fiscalização da aplicação da receita, da
apreciação do relatório anual e da deliberação sobre as contas e os
O art. 58 do Estatuto da Advocacia diz competir privativamente balanços desses órgãos.
ao Conselho Seccional:
e) fixar a tabela de honorários, válida para todo o território
a) editar seu Regimento Interno e Resoluções; estadual;
b) criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
Compete a cada Conselho Seccional determinar a tabela de
A criação das Subseções e da Caixa de Assistência dos honorários advocaticios, que terá validade para aquele Estado-membro
Advogados é da competência exclusiva dos Conselhos Seccionais, ou Distrito Federal. Não existe, portanto, uma tabela nacional. A
não podendo ser criadas pelo Conselho Federal. tabela de honorários do Rio de Janeiro, por exemplo, é diferente da
tabela fixada pelo Conselho Seccional da Bahia.
c) julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu
Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, f) realizar o Exame de Ordem;
pelas Diretorias das Subseções e pela Caixa de Assistência dos
Advogados; O art. 58, VI, do Estatuto determina que cabe a cada Conselho
Seccional realizar o Exame de Ordem.
O Conselho Seccional também funciona como tribunal de Entretanto, na prática, por convênio entre os Conselhos
recursos. Digamos que, via de regra, os recursos em segunda instância Seccionais, a competência passou a ser do Conselho Federal
na OAB são julgados por esse Conselho.
Na OAB, algumas decisões são da competência do Presidente, g) decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e
outras da Diretoria do Conselho, das Subseções ou da Caixa de estagiários;
Assistência dos Advogados. Já os processos disciplinares contra
advogados e estagiários são, em regra, julgados pelo Tribunal de h) manter cadastro de seus inscritos;
Ética e Disciplina (1 t,D). As decisões proferidas pelo Presidente do
Conselho Seccional, por aquelas Diretorias ou pelo TED terão seus
Incumbe aos Conselhos Seccionais atualizar, até o dia 31 de
recursos encaminhados para o Conselho Seccional, não podendo ser dezembro de cada ano, o cadastro dos advogados inscritos, organizando
remetidos diretamente ao Conselho Federal, sob pena de supressão de a lista correspondente. Esse cadastro contém o nome completo de
instância. cada advogado com os respectivos números de inscrição (principal
216 EDITORA ARMADCR I 10 eu Énr, - 3' EWA° Puxo MACHADO
217
10emÉtica! 10emÉtical
e suplementar), além dos endereços e os telefones dos locais onde k) determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos
exerçam sua profissão e o nome da sociedade de que faça parte, se for advogados no exercício profissional;
o caso.
Nesse cadastro devem ser incluídas a lista dos cancelamentos É competência exclusiva dos Conselhos Seccionais a
de inscrição e a lista das sociedades de advogados registradas nos determinação dos trajes dos advogados, não podendo nem mesmo os
Conselhos Seccionais, indicando os nomes dos sócios e o número do magistrados interferir nessa regulamentação.
registro na OAB.
1) aprovar e modificar seu orçamento anual;
i) fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de
serviços e multas; Compete ao Conselho Seccional da OAB aprovar e, se
necessário, modificar o orçamento do ano que se segue.
Cada Conselho Seccional fica responsável para estabelecer e
receber: m) definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e
1) as contribuições, que são as anuidades, tanto dos advogados Disciplina, e escolher os seus membros;
como dos estagiários;
2) os preços de serviços, que são os valores fixados para emissão O Tribunal de Ética e Disciplina, localizado em cada Conselho
de carteira, inscrição no Exame da Ordem, etc. Seccional, será por este organizado, recrutando seus membros, que
3) as multas. podem, ou não, ser conselheiros seccionais.

j) participar da elaboração dos concursos públicos, em todas n) eleger as listas, constitucionalmente previstas, para
as suas fases, nos casos previstos na Constituição e nas leis, no preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de
âmbito do seu território; sua competência e na forma do provimento do Conselho Federal,
vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer
Compete ao Conselho Seccional participar de forma efetiva órgão da OAB;
nos concursos públicos de âmbito estadual, quando houver previsão na
Constituição e em leis específicas como, por exemplo, nos concursos Será competência do Conselho Seccional elaborar a lista
públicos para o ingresso na Magistratura, no Ministério Público e em sêxtuplo., quando a indicação for para tribunais de abrangência
outras carreiras jurídicas. estadual. Se o tribunal tiver abrangência nacional ou interestadual, a
O representante da OAB, indicado pelo Conselho Seccional, competência será do Conselho Federal (art. 54, XIII, EAOAB).
tem atuação em todas as fases do concurso, desde a fase da elaboração A proibição para a inclusão de membros do próprio Conselho
do edital, fiscalizando e intervindo quando houver suspeita de Seccional ou de outro órgão da OAB é justa e ética, já que são os
irregularidades. conselheiros que irão escolher os seis indicados para o respectivo
Quando os concursos tiverem abrangência nacional ou tribunal judiciário, evitando-se, com isso, que haja qualquer privilégio
interestadual, a competência será do Conselho Federal (art. 54, XVII, ou tráfico de influência.
EAOAB).

21B Emana AFIWOCR 10 sm ÉTIC.., • 3. EDÇÂO Po Moo-pno 219


10emÉtical 10eméled
o) intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;

Vimos acima que compete ao Conselho Seccional criar CAPÍTULO 13


as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados, podendo,
entretanto, intervir nestes, O quorum nesse caso é de 2/3 (dois terços).
Artigos 60 ao 61

CAPÍTULO 1V
DA SUBSEÇÃO

p) desempenhar outras atribuições previstas no Regulamento A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que
Geral. fixa sua área territorial e seus limites de competência e autonomia.

O Regulamento Geral tem função supletiva aos casos omissos § 1°A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios,
no Estatuto da Advocacia e da OAB. ou parte de município, inclusive da capital do Estado, contando
com um mínimo de 15 (quin7p) advogados, nela profissionalmente
domiciliados.
§ 2° A Subseção é administrada por urna diretoria, com atribuições e
composição equivalentes às da diretoria do Conselho Seccional.
§ 3° Havendo mais de 100 (cem) advogados, a Subseção pode ser
integrada, também, por um Conselho em número de membros fixado
pelo Conselho Seccional.
§ 4° Os quantitativos referidos nos parágrafos primeiro e terceiro
deste artigo podem ser ampliados, na forma do regimento interno do
Conselho Seccional.
§ 5° Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações
específicas destinadas à manutenção das Subseções.
§ 6° O Conselho Seccional, mediante o voto de 2/3 (dois terços) de
seus membros, pode intervir nas Subseções, onde constatar grave
violação desta Lei ou do Regimento Interno daquele.

220 ano. ARMADCR 1 10 eu Érck - Erwr,kn • Ru.° WCNODO 221


10emÉtiati 'fr
\
10emÉtical

urt2:7ffiJ Compete à Subseção no âmbito de seu território: Compete às subseções:

I - dar cumprimento efetivo ás finalidades da OAB; a) dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB (art. 44 do
II - velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e EA0Al3);
fazer valer as prerrogativas do advogado; b) velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia,
III - representar a OAB, perante os poderes constituídos; fazendo valer as prerrogativas da advocacia;
IV - desempenhar as atribuições previstas no Regulamento Geral ou c) representar a OAB perante os poderes constituídos;
por delegação de competência do Conselho Seccional. d) desempenhar as atribuições previstas no Regulamento Geral
Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete ou por delegação de competência do Conselho Seccional.
exercer as funções e atribuições do Conselho Seccional, na forma do
Regimento Interno deste, e ainda: Caso haja mais de 100 (cem) advogados domiciliados
a) editar seu Regimento Interno, a ser referendado pelo Conselho profissionalmente na respectiva área da subseção, esta pode contar
Seccional; com um Conselho (Conselho da Subseção), cujo número de membros
b) editar resoluções, no âmbito de sua competência; será fixado pelo Conselho Seccional, competindo-lhe, agora, exercer
c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo as mesmas funções do Conselho Seccional, na forma do Regimento
Tribunal de Ética e Disciplina; Interno deste, e ainda:
d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário,
instruindo e emitindo parecer prévio, para decisão do Conselho a) editar seu Regimento Interno, a ser referendado pelo Conselho
Seccional. Seccional (e não pelo Conselho Federal);
b) editar resoluções no âmbito de sua competência;
c) instaurar e instruir processos disciplinares.

O julgamento ficará a cargo do Tribunal de Ética e Disciplina,


Altj COMENTÁRIOS que fica localizado em cada Conselho Seccional;

SUBSEÇÕES d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogados e


estagiários da OAB, instruindo e emitindo parecer prévio, para
As subseções são partes autônomas dos Conselhos Seccionais, decisão do Conselho Seccional.
funcionando como extensões. Elas têm a função de descentralizar
algumas atividades destes Conselhos. Perceba quer quando é criado um conselho na subseção, suas
Sua área territorial pode abranger um município, mais de una atribuições são ampliadas sobremodo.
município ou parte de um município, inclusive na capital do Estado.
Para que uma subseção seja criada pelo Conselho Seccional O art. 60, § 4°, do Estatuto, ressalta que os quantitativos acima
é necessário que haja pelo menos quinze advogados domiciliados referidos para a criação da subseção ou do conselho da subseção
profissionalmente na respectiva área de abrangência. (quinze e cem, respectivamente) podem ser aumentados, mas não

222 arra,.ARMADOR 1 10 Eu ÉrIco, - 13191.0 NOLO MAC...DO 223
10emÉtica! OemÉtical
§ 70 O Conselho Seccional, mediante voto de 2/3 (dois terços) de Nacional um órgão de assessoramento do Conselho Federal para a
seus membros, pode intervir na Caixa da Assistência dos Advogados, política nacional de assistência e seguridade dos advogados, tendo
no caso de descumprimento de suas finalidades, designando diretoria o seu coordenador, nas sessões, direito a voz nas matérias a elas
provisória, enquanto durar a intervenção. pertinentes.
Caso a Caixa seja extinta ou desativada, o seu patrimônio se
incorpora ao do Conselho Seccional que a criou.
Sendo da competência do Conselho Seccional criar a Caixa de
Assistência dos Advogados, pode este Conselho, por voto de 2/3 (dois
Alti COMENTÁRIOS
terços) de seus membros, intervir nesta, se houver descumprimento de
suas finalidades, designando para tanto diretoria provisória enquanto
I CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS
durar a intervenção (art. 58, XV, do EAOAB).
Como o próprio nome já diz, a Caixa de Assistência dos
Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados
Advogados tem a finalidade de prestar assistência aos advogados e
aos estagiários vinculados ao respectivo Conselho Seccional.
A Diretoria da Caixa é composta de cinco membros, com
A Caixa de Assistência dos Advogados é criada pelo Conselho
atribuições definidas no seu Regimento Intemo.
Seccional quando estes contarem com mais de 1.500 inscritos,
adquirindo personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu
Fontes de renda
estatuto, o que se faz no próprio Conselho Seccional.
A assistência aos inscritos na OAB é definida no Estatuto da
As fontes de renda da Caixa de Assistência dos Advogados
Caixa e está condicionada à:
são:
a) regularidade do pagamento da anuidade;
a) metade líquida das anuidades;
b) carência de um ano, após o deferimento da inscrição;
c) disponibilidade de recursos da Caixa de Assistência.
Conforme o art. 56 do Regulamento Geral, com a nova redação
dada pela Resolução n°2 de 2007 do Conselho Federal, do valor bruto
O art. 123 do Regulamento Geral deter tina que, em casos
mensal das anuidades são descontados 60 % (sessenta por cento) com
especiais, o Estatuto da Caixa pode prever a dispensa dos requisitos
o seguinte destino:
de regularidade do pagamento da anuidade e de carência de um ano.
A Caixa de Assistência pode promover a seguridade
complementar em benefício dos advogados na forma do Regulamento
Geral.
As Caixas promovem entre si convênios de colaboração
e execução de suas finalidades e mantêm a Coordenação Nacional
das Caixas, composta por seus presidentes, sendo esta Coordenação

226 ano. ~ui I 10 an Él1CA - EPÇÀC PAuw MA0.00 227


10emÉtical icernÉrical
c) Ambos os conflitos de competência serão decididos, em única
°recinto ara,,n Conselho Fel
instância, pelo Conselho Federal da OAB.
or,,pentO. arad fundo cultura
erior da Advocacia: (ESA);
d) O conflito de competência entre as subseções deve ser decidido,
em única instância, pelo Conselho Seccional Z. O conflito entre a
esenvo viniento Assistencial dos Advogados Fid
Subseção X e o Conselho Seccional Z será decidido, em única
% (quarenta e cinco por cento) pan
-
instância, pelo Conselho Federal da OAB.
Conselho eccion

b) contribuições obrigatórias devidas pelos advogados,


incidentes sobre os atos decorrentes do efetivo exercício da advocacia,
4
1.
Comentários:
que são fixadas pelo Conselho Seccional (art. 62, § 30, do EAOAB). Dispõe o art. 119 do Regulamento Geral do EAOAB que "Os conflitos
de competência entre subseções e entre estas e o Conselho Seccional
são por este decididos, com recurso voluntário ao Conselho Federal."
,ÊstõgtiOMEWA:

1. (FGV — XIX Exame de Ordem) As Subseções X e Y da OAB,


ambas criadas pelo Conselho Seccional Z, reivindicam a competência
para desempenhar certa atribuição. Não obstante, o Conselho
Seccional Z defende que tal atribuição é de sua competência. 2. (FGV — XVI Exame de Ordem) Compete ao Conselho Seccional
Caso instaurado um conflito de competência envolvendo as Subseções ajuizar, após deliberação,
X eYe outro envolvendo a Subseção X e o Conselho Seccional Z,
assinale a opção que relaciona, respectivamente, os órgãos competentes a) ação direta de inconstitucionalidade em face de leis ou atos
para decidir os conflitos. normativos federais.
b) queixa-crime contra quem tenha ofendido os inscritos na respectiva
a) O conflito de competência entre as subseções deve ser decidido Seccional.
pelo Conselho Seccional z; cabendo recurso ao Conselho Federal da c) mandado de segurança individual em favor dos advogados inscritos
OAB. Do mesmo modo, o conflito entre a Subseção X e o Conselho na respectiva Seccional, independentemente de vinculação com o
Seccional Z será decidido pelo Conselho Seccional Z, cabendo recurso exercício da profissão.
ao Conselho Federal da OAB. d) mandado de segurança coletivo, em defesa de seus inscritos.
independentemente de autorização pessoal dos interessados.
b) O conflito de competência entre as subseções deve ser decidido
pelo Conselho Seccional Z, cabendo recurso ao Conselho Federal da
OAB. Já o conflito entre a Subseção X e o Conselho Seccional Z será
decidido, em única instância, pelo Conselho Federal da OAB.

228 Eorrom Amoncç: I 10 as Énes. - toçÃo PAULO MACHADO 229
10emÉtical 10emÉtical
A alienação ou oneração de bens imóveis depende de autorização
da maioria das delegações, no Conselho Federal, e da maioria dos
membros efetivos, no Conselho Seccional.
Comentários:
As competências dos Conselhos Seccionais estão no art. 58 do
EAOAB, bem corno no art. 105 do RG.
A alternativa A está errada, pois a competência para propor ADI em
face de leis e atos normativos FEDERAIS é o Conselho Federal.
A alternativa B está errada, pois Queixa-crime somente pode ser 4. (FGV - VIII Exame de Ordem) As alternativas a seguir apresentam
ofertada pelo ofendido ou seu representante legal. algumas das competências do Conselho Federal da Ordem dos
A letra C está errada, porque tem de ser por ato relativo à advocacia. Advogados do Brasil, à exceção de uma. Assinale-a.
Por fim, a letra D corresponde aos termos do art. 105, V. c, do
Regulamento Geral do EAOAB. a) Representar, em juizo ou fora dele, os interesses coletivos dos
advogados.
b) Velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização
da advocacia.
e) Representar, sem exclusividade, os advogados brasileiros nos
órgãos e eventos internacionais da advocacia.
3. (FGV - VII Exame de Ordem) Nos termos do Regulamento Geral d) Editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina,
do Estatuto da Advocacia e da OAB quanto à aquisição de patrimônio e os Provimentos que julgar necessários.
pela Ordem dos Advogados do Brasil, revela-se correto afirmar que
(A) a alienação de bens é ato privativo do Presidente da Seccional da
0A13.
(B) a aquisição de bens depende de aprovação da Diretoria da OAB. Comentários:
(C) a oneração de bens é ato do Presidente do Conselho Federal. As competências do Conselho Federal estão arroladas no art. 54 do
(D) a disposição sobre os bens móveis é atribuição do Presidente da EAOAB.
Seccional. Assim, a letra C indica uma que não é, pois a representação é COM
exclusividade, e não SEM exclusividade (at. 54, IV, do EAOAB).

Ç,J
Comentários:
Nos termos do art. 48 do RU, a alienação ou oneração de bens
imóveis depende de aprovação do Conselho Federal ou do Conselho
Seccional, competindo à Diretoria do órgão decidir pela aquisição de
qualquer bem e dispor sobre os bens móveis.

230 AFMNCOI 10 EM Érea - EWA° Pmr,n MACMADO 231


1 Oe mÉtic:a! 1 Oe mÉtic:4
5. (FGV - IX Exame de Ordem) Assinale a afirmativa que indica
corno ocorrerá, em havendo necessidade, a criação de novos
Conselhos Seccionais, de acordo com as normas do Regulamento Comentários:
Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. A questão decorre da passagem do mandato eleitoral. Na aludida
a) Por meio de Lei aprovada pelo Congresso Nacional. transferência a prestação de contas é um dever do Presidente que está
b) Por meio de Medida Provisória Federal. saindo.
c) Por Provimento do Conselho Federal. A respeito veja o teor do art. 59 do Regulamento Geral: "Deixando o
d) Por meio de Resolução do Conselho Federal cargo, por qualquer motivo, no curso do mandato, os Presidentes do
Conselho Federal, do Conselho Seccional, da Caixa de Assistência e
da Subseção apresentam, de forma sucinta, relatório e contas ao seu
Ç3,) sucessor."
Comentários:
O fundamento da resposta está no art. 46 do RG, que diz que os novos
Conselhos Seccionais serão criados mediante Resolução do Conselho
Federal.

6. (FGV - IX Exame de Ordem - Ipatinga) O cargo de Presidente


da Caixa dos Advogados é dos mais relevantes para a OAB. Um
advogado eleito para tal cargo, não tendo como concluir o seu
mandato, de acordo com as normas do Regulamento Geral do Estatuto
da Advocacia e da OAB, deve prestar contas

a) ao presidente do Conselho Federal titular.


b) ao secretário do Conselho Seccional em exercício.
c) ao coordenador do Conselho Fiscal ou Deliberativo.
d) ao presidente da Caixa dos Advogados sucessor.


232 EIXTOAA ~oca 1 10 ex ÉTICA - 3 EGÇÃO PAULO hbONDO 233
`t. 10emáml

CAPÍTULO 15
Artigos 63 ao 67

CAPITULO VI
DAS ELEIÇÕES E DOS MANDATOS

.413À: A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será


realizada na segunda quinzena do mês de novembro, do último
ano de mandato, mediante cédula única e votação direta dos
advogados regularmente inscritos.

§ 1° A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos


estabelecidos no Regulamento Geral, é de comparecimento obrigatório
para todos os advogados inscritos na OAB.
§ 2° O candidato deve comprovar situação regular junto à OAB,
não ocupar cargo exonerável ad nutum, não ter sido condenado por
infração disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivamente a
profissão há mais de 5 (cinco) anos.

E • Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa


que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 1° A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos


candidatos ao Conselho e à sua Diretoria e, ainda, à delegação do
Conselho Federal e à diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados,
para eleição conjunta.
§ 2° A chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à
diretoria, e de seu Conselho quando houver.

PAULO MACHADO 235


leemÉtical 10emÉtica!

.ij 6 O mandato em qualquer órgão da OAB é de 3 (três) anos, IV - no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselho
iniciando-se em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da eleição, Federal elegerá, em reunião presidida pelo conselheiro mais antigo,
salvo o Conselho Federal. por voto secreto e para mandato de 3 (tês) anos, sua diretoria, que
tomará posse no dia seguinte;"
Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam seus V -- será considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos
mandatos em primeiro de fevereiro do ano seguinte ao da eleição. votos dos Conselheiros Federais, presente a metade mais 1 (um) de
seus membros."
06' Extingue-se o mandato automaticamente, antes de seu
término, quando: Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente, os demais
integrantes da chapa deverão ser conselheiros federais eleitos.
I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de
licenciamento do profissional;
II - o titular sofrer condenação disciplinar;
III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias
Al4qj COMENTÁRIOS
consecutivas de cada órgão deliberativo do Conselho ou da diretoria
da Subseção, ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não podendo
ELEIÇÕES E MANDATOS NA 0A13
ser reconduzido no mesmo período de mandato.
As eleições na OAB são realizadas trienalmente. Assim, todos
Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses deste
os mandatos na OAB têm a duração de três anos.
artigo, cabe ao Conselho Seccional escolher o substituto, caso não
As eleições dos membros de todos os órgãos da OAB se
haja suplente.
realizam na segunda quinzena do mês de novembro do último ano
do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados
A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará
regularmente inscritos.
. posse )30 dia 1° de fevereiro, obedecerá às seguintes regras:
O voto é obrigatório para todos os advogados, sob pena de
multa equivalente a 20 % (vinte por cento) do valor da anuidade, a
I - será admitido o registró, junto ao Conselho Federal, de candidatura
não ser que a ausência seja justificada por escrito. Os estagiários não
à presidência, desde 6 (seis) meses até 1 (um) mês antes da eleição;
votam.
II- o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoiamento
O advogado que tem inscrição suplementar pode exercer opção
de, no mínimo, 6 (seis) Conselhos Seccionais;
de voto, comunicando ao Conselho Seccional no qual tem inscrição
IH - até 1 (um) mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da
principal.
chapa completa, sob pena de cancelamento da candidatura respectiva;
29 A redação deste inciso IV foi alterada pela Lei n° 11.179, de 22 de setembro de
2005.
30 A redação deste inciso V foi alterada pela Lei n° 11.179, de 22 de setembro de
2005.

236 EDITCPA ARNWOR i EM ÉlICA - 3. FnOn PAU1.0 MPOW30 237


10emÉtica! 10emÉticai
É vedada a votação em trânsito, ou seja, votar, por exemplo, iniciam os seus mandatos no dia 1° de fevereiro do ano seguinte ao da
no local mais perto do seu escritório, da sua residência ou na comarca eleição).
onde o profissional for participar de uma audiência. Para isso, a OAB Ocorre a extinção do mandato, automaticamente, antes de seu
designa ao advogado o local onde deve votar. término, quando:
O candidato a membro da OAB deve fazer prova dos seguintes
requisitos, a saber: a) ocorrer qualquer hipótese de cancelamento da inscrição ou de
licença do advogado;
a) ser advogado regularmente inscrito no respectivo Conselho b) o titular sofrer condenação disciplinar na OAB;
Seccional (com inscrição principal ou suplementar); c) o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias
b) estar em dia com as anuidades, consecutivas de cada órgão deliberativo do Conselho, da Diretoria
c) não ocupar cargos ou funções incompatíveis com a advocacia da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não
(art.28, EAOAB) em caráter permanente ou temporário; podendo ser reconduzido no mesmo período de mandado.
d) não ocupar cargos ou funções dos quais possa ser exonerável ad
nutum (mesmo que compatíveis com a advocacia); Nos casos de extinção de qualquer mandato na OAB, resultante
e) não ter sido condenado por qualquer infração disciplinar por das hipóteses supracitadas, caberá ao Conselho Seccional escolher o
decisão transitada em julgado, salvo de estiver reabilitado pela substituto, no caso de não haver suplentes (art. 66, parágrafo único, do
OAB; EAOAB).
f) exercer efetivamente a profissão há mais de cinco anos (não se Conforme acima comentado, a votação será de forma direta
conta o período de estagiário); nos Conselhos Seccionais, sendo na modalidade indireta para a
g) não estar em débito com a prestação de contas ao Conselho escolha da Diretoria do Conselho Federal.
Federal, caso seja dirigente do Conselho Seccional.
Dispõe o art. 67 do EAOAB que:
A chapa para o Conselho Seccional é composta dos candidatos
à Diretoria (Presidente, Vice-Presidente, Secretário Geral, Secretário "A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará
Geral Adjunto e Tesoureiro) e ao Conselho (conselheiros seccionais), posse no dia primeiro de fevereiro, obedecerá às seguintes
à delegação do Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de Assistência regras:
dos Advogados.
A eleição é conjunta e consideram-se eleitos os candidatos I — será admitido o registro, junto ao Conselho Federal, de
integrantes da chapa que obtiver a maioria dos votos válidos (art. 64, candidaturas à presidência, desde 6 (seis) meses até 1 (um)
EAOAB). mês antes da eleição;
A chapa para a Subseção é composta cornos candidatos à sua II — o requerimento de registro deverá vir acompanhado do
Diretoria e ao Conselho da Subseção, quando houver. apoio de, no mínimo, 6 (seis) Conselhos Seccionais;
Os mandatos na OAB têm início em 10 de janeiro do ano III — até 1 (um) mês antes das eleições, deverá ser requerido
seguinte ao da eleição para os todos os órgãos da OAB, com exceção o registro da chapa completa, sob pena de cancelamento da
para o Conselho Federal (os conselheiros federais eleitos na chapa candidatura respectiva;

238 1130.4 M,W20=1 1 O an ÉT,CA - 3. sprÃo 239


10ernÉtica! `‘. 10emÉtica!
IV - no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Parágrafo único. A vedação estabelecida neste artigo não
Conselheiro Federal elegerá, em reunião presidida pelo se aplica aos dirigentes de Seccionais quando atuem, nessa
conselheiro mais antigo, por voto secreto e para mandato de qualidade, como legitimados a recorrer nos processos em
3 (três) anos, sua diretoria, que tomará posse no dia seguinte; trâmite perante os órgãos da OAB.
V — será considerada eleita a chapa que obtiver maioria
simples dos votos dos Conselheiros Federais, presente a Art. 34. Ao submeter seu nome à apreciação do Conselho
metade mais 1 (um) de seus membros." Federal ou dos Conselhos Seccionais com vistas à inclusão em
listas destinadas ao provimento de vagas reservadas à classe
Com exceção do candidato a Presidente do Conselho Federal, nos tribunais, no Conselho Nacional de Justiça, no Conselho
os demais integrantes da deverão ser conselheiros federais eleitos. Nacional do Ministério Público e em outros colegiados, o
O Novo Código de Ética e Disciplina, pela primeira vez, passou candidato assumirá o compromisso de respeitar os direitos
a tratar do exercício de cargos e funções na OAB e na representação e prerrogativas do advogado, não praticar nepotismo nem
da classe, no Capítulo VI, do Título I, especificamente, nos arts. 31 ao agir em desacordo com a moralidade administrativa e com
34. dispondo da seguinte maneira: os princípios deste Código, no exercício de seu mister."

"Art. 31. O advogado, no exercício de cargos ou funções Para outros detalhes sobre o assunto, recomendamos ao leitor
em órgãos da Ordem dos Advogados do Brasil ou na a leitura dos arts. 128 a 137 do Regulamento Geral.
representação da classe junto a quaisquer instituições,
órgãos ou comissões, públicos ou privados, manterá conduta
consentânea com as disposições deste Código e que revele
plena lealdade aos interesses, direitos e prerrogativas da
classe dos advogados que representa_

Art. 32. Não poderá o advogado, enquanto exercer cargos


ou funções em órgãos da OAB ou representar a classe junto
a quaisquer instituições, órgãos ou comissões, públicos ou
privados, firmar contrato oneroso de prestação de serviços
ou fornecimento de produtos com tais entidades nem adquirir
bens postos à venda por quaisquer órgãos da OAB.

Art. 33. Salvo em causa própria, não poderá o advogado,


enquanto exercer cargos ou funções em órgãos da OAB ou
tiver assento, em qualquer condição, nos seus Conselhos,
atuar em processos que tramitem perante a entidade nem
oferecer pareceres destinados a instruí-los.

240 Eorrow, AR.001 I 10 EM Érr-A - MOO Paux MADMDO 241


10ernÉtica! 1 Ge mái cal .
Nzr
ESTAO.COMENT
CAPÍTULO 16
1. (FGV - IX Exame de Ordem - Ipatinga) A respeito do voto e
da participação na eleição para o Conselho Seccional da Ordem dos Artigos 68 ao 69
Advogados do Brasil, de acordo com as normas do Regulamento Geral
do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.

a) É voluntário o voto, podendo candidatar-se o advogado com mais


de cinco anos de atividade. TÍTULO III
b) É obrigatório o voto, podendo inscrever-se, para ocupar cargos no DO PROCESSO NA OAB
Conselho, qualquer advogado independente do tempo de exercício.
c) É voluntário o voto, sendo a eleição direta e secreta, escolhendo os CAPÍTULO
membros do Conselho Seccional e Federal. DISPOSIÇÕES GERAIS
d) É obrigatório o voto, podendo o advogado com inscrição
suplementar há mais de cinco anos ser candidato na seccional. Salvo disposição em contrário, aplicam-se
subsidiariamente ao processo disciplinar as regras da legislação
processual penal comum e, aos demais processos, as regras
gerais do procedimento administrativo comum e da legislação
Comentários: processual civil, nessa ordem.
De fato, o voto é obrigatório para todos os advogados. Caso o
advogado não vote ou Todos os prazos necessários à manifestação de advogados,
O tema é tratado nos arts. 128 ao 137 do Regulamento Geral. estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de
D não tenha sua justificativa aceita pela OAB, terá de pagar uma multa quinze dias, inclusive para interposição de recursos.
de 20% do valor da anuidade. Os estagiários não votam.
O candidato deve comprovar situação regular junto à OAB, não ocupar § 1° Nos casos de comunicação por oficio reservado, ou de
cargo exonerável ad nutum, não ter sido condenado por infração •notificação pessoal, o prazo se conta a partir do dia útil imediato ao da
disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivamente a profissão há notificação do recebimento.
mais de cinco anos (art. 63, § 2°. EAOAB). •§ 2° Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão,
o prazo inicia-se no primeiro dia útil seguinte.


242 enc., Ansnarcn 10 em Énr, - 3' EWA° PAULO MAG-INJu 243
10emÉtic:al
`t.

CAPÍTULO 17
Artigos 70 ao 74

CAPÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR

O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB


compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base
territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida
perante o Conselho Federal.

§ 1° Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional


competente, julgar os processos disciplinares, instruídos pelas
Subseções ou por relatores do próprio Conselho.
§ 2° A decisão condenatória irrecorrivel deve ser imediatamente
,comunicada ao Conselho Seccional onde o representado tenha

inscrição principal, para constar dos respectivos assentamentos.


§ 3° O Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho onde o acusado
tenha inscrição principal, pode suspendê-lo preventivamente, em
caso de repercussão à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em
sessão especial para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se
não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser
concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.

__A:47P A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando


o fato constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às
autoridades competentes.

P1.0 MAo-uno 245


MernÉlicd 10emÉtica!
,
Wt.1 O processo disciplinar instaura-se de oficio ou mediante ESTOESX0IVIENTAU
representação de qualquer autoridade ou pessoa interessada.

§ 1° O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de 1. (FGV - VI Exame de Ordem) Após recebida representação
admissibilidade da representação e os procedimentos disciplinares. disciplinar sem fundamentos, cabe ao relator designado pelo presidente
§ 2° O processo disciplinar tramita em sigilo, até ao seu término, do Conselho Seccional da OAB, à luz das normas aplicáveis,
só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a a) arquivar o processo ato continuo.
autoridade judiciária competente. b) propor ao presidente o arquivamento do processo.
c) designar data para a defesa oral pelo advogado.
Fia,W3 Recebida a representação, o Presidente deve designar d) julgar improcedente a representação.
relator, a quem compete a instrução do processo e o oferecimento
de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal de Ética e
Disciplina.
Comentários:
§ 1° Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, Nos termos do art. 73, § 2°, do EAOAB, se, após a defesa prévia,
podendo acompanhar o processo em todos os termos, pessoalmente o relator se manifestar pelo indeferimento liminar da representação,
ou por intermédio de procurador, oferecendo defesa prévia após este deve ser decidido pelo Presidente do Conselho Seccional, para
ser notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante o determinar seu arquivamento. Veja que quem arquiva é o Presidente.
Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento. O relator somente pode propor o arquivamento.
§ 2° Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento
liminar da representação, este deve ser decidido pelo Presidente do•
Conselho Seccional, para determinar seu arquivamento.
§ 3° O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo
relevante, a juizo do relator.
§ 4° Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente 2. (FGV - VI Exame de Ordem - Duque de Caxias) Entre as
do Conselho ou da SUbseção deve designar-lhe defensor dativo. competências do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, NÃO se
§ 5° É também perniitida a revisão do processo disciplinar, por erro de inclui, à luz das normas aplicáveis do Estatuto da Advocacia e do
julgamento ou por condenação baseada em falsa prova. Código de Ética,

O Conselho Seccional pode adotar as medidas a) instaurar de oficio processo sobre ato que considere em tese infração
administrativas e judiciais pertinentes, objetivando a que o à norma de ética profissional.
profissional suspenso ou excluído devolva os documentos de b) mediar pendências entre advogados, bem como conciliar questões
identificação. sobre partilha de honorários.
c) responder a consultas "em tese", aconselhando e orientando sobre
ética profissional.

246 Eorrow, 10 EM ÉTICA - Pau.° I~Nno 247


10emÉtical 10emÉtical
d) elaborar seu orçamento financeiro a ser submetido ao Conselho
Seccional.

çr),) 3. (FGV - IX Exame de Ordem) Caio é advogado que atua em


Comentários: três estados da federação, possuindo uma inscrição principal e duas
O art. 71 do NCED traz uma série de competências do Tribuna de suplementares, tendo em vista o número elevado de causas que possui.
Ética, não constando a mencionada na opção D (Art. 71. Compete aos Em decorrência de conflitos ocorridos em função dos processos em
Tribunais de Ética e Disciplina: que atua, foram instaurados três processos disciplinares, um em
I - julgar, em primeiro grau, os processos ético-disciplinares; cada seccional onde atua. De acordo com as normas do Estatuto da
II - responder a consultas formuladas, em tese, sobre matéria ético- Advocacia, a competência para julgamento desses processos cabe ao
disciplinar; (A) Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
III - exercer as competências que lhe sejam conferidas pelo Regimento (B) Conselho Seccional em que o advogado possui inscrição principal.
Interno da (C) Conselho Seccional de cada infração disciplinar.
Seccional ou por este Código para a instauração, instrução e julgamento (D) Conselho Nacional de Justiça.
de processos
ético-disciplinares;
IV - suspender, preventivamente, o acusado, em caso de conduta ç;,))
suscetível de Comentários:
acarretar repercussão prejudicial à advocacia, nos termos do Estatuto A regra acerca da competência está no art. 70 do EAOAB.
da Advocacia e O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete
da Ordem dos Advogados do Brasil; exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha
V - organizar, promover e ministrar cursos, palestras, seminários e ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida perante o Conselho
outros eventos da Federal.
mesma natureza acerca da ética profissional do advogado ou Lembre-se de que o Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o
estabelecer parcerias com acusado tenha inscrição principal pode suspendê-lo preventivamente,
as Escolas de Advocacia, com o mesmo objetivo; em caso de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois
VI - atuar como órgão mediador ou conciliador nas questões que de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
envolvam: comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o processo
a) dúvidas e pendências entre advogados; disciplinar deve ser concluído no prazo máximo de noventa dias.
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou decorrentes de
substabelecimento, bem como os que resultem de sucumbência, nas
mesmas hipóteses;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de
advogados.)

248 arra. A.Lkoca 1 10 ed Énr, eteçÃo Paulo MAC.01:0 249


10emÉdcd 10emÉtiall
4. (FGV - IX Exame de Ordem - Ipatinga) O advogado José da 5. (FGV - XI Exame de Ordem) O advogado Caio solicitou vista de
Silva defronta-se com uma situação em que surge dúvida quanto à sua autos de processo disciplinar instaurado na OAB contra seu desafeto,
atuação ética. Consultando a legislação de regência, não vislumbra o advogado Ticio. Caio justificou seu pedido afirmando que juntaria
solução para sua dúvida. Nesse caso, não havendo previsão no Código às informações contidas no processo disciplinar em questão as de um
de Ética e Disciplina da OAB, deve o advogado formular consulta ao determinado processo judicial no qual ambos atuaram, visando, com
isso, demonstrar que Tido costumava ter comportamento aético. Com
a) Conselho Seccional. relação à hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
b) Tribunal de Ética e Disciplina. a) Caio não poderá ter acesso aos autos do processo disciplinar
c) Presidente da Instituição. instaurado contra Ticio, porque demonstrou que juntaria às
d) Tribunal Pleno. informações nele contidas as de um processo judicial em que ambos
atuavam, prejudicando, assim, a boa administração da justiça.
b) Caio não poderá ter acesso aos autos do processo disciplinar
Qi) instaurado contra Ticio, uma vez que os processos disciplinares
Comentários: instaurados na OAB contra advogados tramitam em sigilo, até o seu
O Tribunal de Ética e Disciplina tem outras competências, além daquela término, só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores
de processar e julgar os advogados. O TED também é competente e a autoridade judiciária competente.
para orientar e aconselhar sobre ética profissional, respondendo às c) Caio poderá ter acesso aos autos do processo disciplinar instaurado
consultas em tese (art. 71 do Novo CED). contra Ticio, desde que assine termo pelo qual se compromete a não
divulgar a terceiros as informações nele contidas.
d) Caio poderá ter acesso irrestrito aos autos do processo disciplinar
instaurado contra Ticio, uma vez que processos disciplinares
'instaurados na OAB contra advogados não tramitam em sigilo.

ç;,))
Comentários:
O processo disciplinar da OAB tem suas regras delineadas nos arts.
70 ao 77 do EAOAB e nos arts. 55 ao 71 do NCED.
Entre essas regras, o art. 72, § 2°, do EAOAB determina que o processo
disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às
suas informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária
competente.


250 EtrroRa AANKKA 10 a. ÉTICA - Eoçao PAL.° M.0.00 251
ioemÉtical

CAPÍTULO 18
Artigos 75 ao 77

CAPÍTULO III
DOS RECURSOS

rkt.:17.51 Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões


definitivas proferidas pelo Conselho Seccional, quando não
tenham sido unânimes, ou, sendo unânimes, contrariem esta Lei,
decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e,
ainda, o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina e os
Provimentos.

Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho


Seccional é legitimado a interpor o recurso referido neste artigo.

Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões


proferidas por seu Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina,
ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos
Advogados.
ers-
t~7.2g1.: Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando
tratarem de eleições (arts.: 63 e s.), de suspensão preventiva
decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de cancelamento
da inscrição obtida com falsa prova.

Parágrafo único. O Regulamento Geral disciplina o cabimento de


recursos específicos, no âmbito de cada órgão julgador.

PAULO MAWADO
253
oemácal 1NmÉtica!
Novidade trazida pelo Novo CED, no art. 72, foi a questão das
Corregedorias-Gerais:

Ali COMENTÁRIOS

PROCESSO DISCIPLINAR no .mbito-


diréáriI
eu -4eplp.
Da competência do Tribunal de Ética e Disciplina

O Tribunal de Ética e Disciplina (TED) tem suas competências buiès da mesma natureza, servan 4e‘la?-11
arroladas no art. 71 do Novo Código de Ética e Disciplina, quais viinento do Conselho Federál sobre a matéria.
sejam: Orlegedoria-Oerà1 do Processo Disciplinar. coordenará
I - julgar, em primeiro grau, os processos ético-disciplinares; s do 011$,e1 eia Conselhos çccionais.woltadas
II - responder a consultas formuladas, em tese, sobre matéria ético- OÇS:discipliare
disciplinar;
- exercer as competências que lhe sejam conferidas pelo Regimento
Interno da Seccional ou por este Código para a instauração, instrução
Do processo disciplinar na OAB
e julgamento de processos ético-disciplinares;
IV - suspender, preventivamente, o acusado, em caso de conduta
O poder de punir disciplinarmente os inscritos na Ordem
suscetível de acarretar repercussão prejudicial à advocacia, nos termos
compete ao Conselho Seccional do estado onde ocorreu a infração,
do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil;
exceto se a falta for cometida perante o Conselho Federal. Em
V - organizar, promover e ministrar cursos, palestras, seminários e
verdade, compete ao Tribunal de Ética e Disciplina daquele Conselho
outros eventos da mesma natureza acerca da ética profissional do
Seccional julgar os processos disciplinares instruídos pelas Subseções
advogado ou estabelecer parcerias com as Escolas de Advocacia, com
ou por relatores do próprio Conselho Seccional. A representação
o mesmo objetivo;
contra membros do Conselho Federal também deve ser processada e
VI - atuar como órgão Mediador ou conciliador nas questões que
julgada pelo Conselho Federal (art. 70 do EAOAB).
envolvam: As regras do processo disciplinar são tratadas tanto na Lei
a) dúvidas e pendências entre advogados; 8.906/94 (EA0AB), quanto no Código de Ética e Disciplina. O Novo
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou decorrentes de CED trouxe mais detalhes a respeito do aludido tema no Capítulo 1
substabelecimento, bem como os que resultem de sucumbência, nas
do Título II (arts. 55 a 71). Vejamos:
mesmas hipóteses;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de
advogados.

255
254 Ebrroaa Agawza.a 10 EM ÉTICA - EDIÇÃO Peo. Maca.°
10errÉtica! ioerriÉticd

"Art. 55. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou Art. 58. Recebida a representação, o Presidente do
mediante representação do interessado. Conselho Seccional ou o da Subseção, quando esta
dispuser de Conselho, designa relator, por sorteio, um de
§ 1° A instauração, de ofício, do processo disciplinar dar-se-á seus integrantes, para presidir a instrução processual.
em função do conhecimento do fato, quando obtido por meio
de fonte idônea ou em virtude de comunicação da autoridade § 1° Os atos de instrução processual podem ser delegados
competente. ao Tribunal de Ética e Disciplina, conforme dispuser o
§ 2° Não se considera fonte idônea a que consistir em regimento interno do Conselho Seccional, caso em que
denúncia anônima. caberá ao seu Presidente, por sorteio, designar relator.
§ 2° Antes do encaminhamento dos autos ao relator, serão
Art. 56. A representação será formulada ao Presidente juntadas a ficha cadastral do representado e certidão negativa
do Conselho Seccional ou ao Presidente da Subseção, por ou positiva sobre a existência de punições anteriores, com
escrito ou verbalmente, devendo, neste último caso, ser menção das faltas atribuídas. Será providenciada, ainda,
reduzida a termo. certidão sobre a existência ou não de representações em
andamento, a qual, se positiva, será acompanhada da
Parágrafo único. Nas Seccionais cujos Regimentos Internos informação sobre as faltas imputadas.
atribuírem competência ao Tribunal de Ética e Disciplina para § 3° O relator, atendendo aos critérios de admissibilidade,
instaurar o processo ético disciplinar, a representação poderá emitirá parecer propondo a instauração de processo
ser dirigida ao seu Presidente ou será a este encaminhada por disciplinar ou o arquivamento liminar da representação, no
qualquer dos dirigentes referidos no caput deste artigo que a prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de redistribuição do feito
houver recebido. pelo Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção para
outro relator„ observando-se o mesmo prazo.
Art. 57. A representação deverá conter: § 4° O Presidente do Conselho competente ou, conforme o
caso, o do Tribunal de Ética e Disciplina, proferirá despacho
- a identificação do representante, com a sua qualificação declarando instaurado o processo disciplinar ou determinando
civil e endereço;' o arquivamento da representação, nos termos do parecer do
II - a narração dos fatos que a motivam, de forma que permita relator ou segundo os fundamentos que adotar.
verificar a existência, em tese, de infração disciplinar; § 5° A representação contra membros do Conselho Federal
III - os documentos que eventualmente a instruam e a e Presidentes de Conselhos Seccionais é processada e
indicação de outras provas a ser produzidas, bem como, se julgada pelo Conselho Federal, sendo competente a Segunda
for o caso, .o rol de testemunhas, até o máximo de cinco; Câmara reunida em sessão plenária. A representação contra
IV - a assinatura do representante ou a certificação de quem membros da diretoria do Conselho Federai, Membros
a tomou por termo, na impossibilidade de obtê-la. Honorários Vitalícios e detentores da Medalha Rui Barbosa
será processada e julgada• pelo Conselho Federal, sendo
competente o Conselho Pleno.
257
256 Enroctik AFMACCR 1 10 EM - axr,Ao PAULO MMGRADO
10e.mÉtica! MemÉticd
\tr
§ 6° A representação contra dirigente de Subseção é § 7° Concluída a instrução, o relator profere parecer preliminar,
processada e julgada pelo Conselho Seccional. a ser submetido ao Tribunal de Ética e Disciplina, dando
enquadramento legal aos fatos imputados ao representado.
Art. 59. Compete ao relator do processo disciplinar § 8° Abre-se, em seguida, prazo comum de 15 (quinze) dias
determinar a notificação dos interessados para prestar para apresentação de razões finais.
esclarecimentos ou a do representado para apresentar
defesa prévia, no prazo de 15 (quinze) dias, em qualquer Art. 60. O Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina,
caso. após o recebimento do processo, devidamente instruido,
designa, por sorteio, relator para proferir voto.
§ 1° A notificação será expedida para o endereço constante
do cadastro de inscritos do Conselho Seccional, observando- § 10 Se o processo já estiver tramitando perante o Tribunal
se, quanto ao mais, o disposto no Regulamento Geral. de Ética e Disciplina ou perante o Conselho competente, o
§ 2° Se o representado não for encontrado ou ficar revel, o relator não será o mesmo designado na fase de instrução.
Presidente do Conselho competente ou, conforme o caso, o § 2° O processo será incluído em pauta na primeira sessão
do Tribunal de Ética e Disciplina designar-lhe-á defensor de julgamento após a distribuição ao relator, da qual serão
dativo. as partes notificadas com 15 (quinze) dias de antecedência.
§ 3° Oferecida a defesa prévia, que deve ser acompanhada dos § 30 O representante e o representado são notificados pela
documentos que possam instruí-la e do rol de testemunhas, Secretaria do Tribunal, com 15 (quinze) dias de antecedência,
até o limite de 5 (cinco), será proferido despacho saneador e, para comparecerem à sessão de julgamento.
ressalvada a hipótese do § 2° do art. 73 do EAOAB, designada, § 4° Na sessão de julgamento, após o voto do relator, é
se for o caso, audiência para oitiva do representante, do facultada a sustentação oral pelo tempo de 15 (quinze)
representado e das testemunhas. minutos, primeiro pelo representante e, em seguida, pelo
§ 4' O representante e o representado incumbir-se-ão representado.
do comparecimento de suas testemunhas, salvo se, ao
apresentarem o respectivo rol, requererem, por motivo Art. 61. Do julgamento do processo disciplinar lavrar-
justificado, sejam elas notificadas a comparecer à audiência se-á acórdão, do qual constarão, quando procedente
de instrução do processo. 15 a representação, o enquadramento legal da infração,
§ 5° O relator pode determinar a realização de diligências a sanção aplicada, o quórum de instalação e o de
que julgar convenientes, cumprindo-lhe dar andamento deliberação, a indicação de haver sido esta adotada com
ao processo, de modo que este se desenvolva por impulso base no voto do relator ou em voto divergente, bem como
oficial. as circunstâncias agravantes ou atenuantes consideradas
§ 6° O relator somente indeferirá a produção de e as razões determinantes de eventual conversão da
determinado meio de prova quando esse for ilícito, censura aplicada em advertência sem registro nos
impertinente, desnecessário ou protelatório, devendo fazê-lo assentamentos do inscrito.
fundamentadamente.

258 ErxrcRA AF.100,11 10 EM ÉTICA - 3' ear,ko Psxo MAp-usno 259


OemÉdcal letemácd
Art. 62. Nos acórdãos serão observadas, ainda, as Art. 66. A conduta dos interessados, no processo
seguintes regras: disciplinar, que se revele temerária ou caracterize a
§ 1° O acórdão trará sempre a ementa, contendo a essência intenção de alterar a verdade dos fatos, assim como a
da decisão. interposição de recursos com intuito manifestamente
§ 2° O autor do voto divergente que tenha prevalecido protelatório, contrariam os princípios deste Código,
figurará como redator para o acórdão. sujeitando os responsáveis à correspondente sanção.
§ 3 0 O voto condutor da decisão deverá ser lançado nos autos,
com os seus fundamentos. Art. 67. Os recursos contra decisões do Tribunal de
§ 4° O voto divergente, ainda que vencido, deverá ter seus Ética e Disciplina, ao Conselho Seccional, regem-se
fundamentos lançados nos autos, em voto escrito ou em pelas disposições do Estatuto da Advocacia e da Ordem
transcrição na ata de julgamento do voto oral proferido, com dos Advogados do Brasil, do Regulamento Geral e do
seus fundamentos. Regimento Interno do Conselho Seccional.
§ 5° Será atualizado nos autos o relatório de antecedentes do
representado, sempre que o relator o determinar. Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as
suas decisões ao Conselho Seccional, para que determine
Art. 63. Na hipótese prevista no art. 70, § 30, do periodicamente a publicação de seus julgados.
EAOAB, em sessão especial designada pelo Presidente
do Tribunal, serão facultadas ao representado ou ao seu Art. 68. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma
defensor a apresentação de defesa, a produção de prova prevista no Estatuto da Advocacia e da Ordem dos
e a sustentação oral. Advogados do Brasil (art. 73, § 50).

Art. 64. As consultas submetidas ao Tribunal de Ética e § 1° Tem legitimidade para requerer a revisão o advogado
Disciplina receberão autuação própria, sendo designado punido com a sanção disciplinar.
relator, por sorteio, para o seu exame, podendo o § 2° A competência para processar e julgar o processo de
Presidente, em face da complexidade da questão, designar, revisão é do órgão de que emanou a condenação final.
subsequentemente; revisor. § 3° Quando o órgão competente for o Conselho Federal, a
revisão processar-se-á perante a• Segunda Câmara, reunida
Parágrafo único. O relator e o revisor têm prazo de 10 (dez) em sessão plenária.
dias cada um para elaboração de seus pareceres, apresentando- § 4° Observar-se-á, na revisão, o procedimento do processo
os na primeira sessão seguinte, para deliberacão. disciplinar, no que couber.
§ 5° O pedido de revisão terá autuação própria, devendo os
Art. 65. As sessões do Tribunal de Ética e Disciplina autos respectivos ser apensados aos do processo disciplinar
obedecerão ao disposto no respectivo Regimento Interno, a que se refira.
aplicando-se lhes, subsidiariamente, o do Conselho
Seccional.

260 EotTo..4 ARNIAbca 10 w - PAULO IVSADIADO


261
10emÉticabi 1 OemÉtica!

Art. 69. O advogado que tenha sofrido sanção disciplinar se no primeiro dia útil seguinte (art. 69, § 2°, do EAOAB).
poderá requerer reabilitação, no prazo e nas condições O prazo para a defesa prévia pode ser prorrogado por motivo
previstos no Estatuto da Advocacia e da Ordem dos relevante, a jili7o do relator (art. 73, § 3°, do EAOAB).
Advogados do Brasil (art. 41).
Suspensão preventiva
§ 1° A competência para processar e julgar o pedido de
reabilitação é do Conselho Seccional em que tenha sido É possível que o Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho
aplicada a sanção disciplinar. Nos casos de competência Seccional no qual o advogado tenha inscrição principal o suspenda
originária do Conselho Federal, perante este tramitará o preventivamente nos casos de condutas com grave repercussão à
pedido de reabilitação. dignidade da advocacia. Para tanto, há de ser respeitado o direito
§ 2° Observar-se-á, no pedido de reabilitação, o procedimento de o acusado ser ouvido em sessão especial, especialmente mamada
do processo disciplinar, no que couber. para esse fim, para a qual deve ser notificado a comparecer, salvo
§ 3° O pedido de reabilitação terá autuação própria, devendo se não atender à notificação. Nesta sessão, especialmente designada
os autos respectivos ser apensados aos do processo disciplinar pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado, ou ao
a que se refira. seu defensor, a apresentação de defesa, a• produção de provas e a
§ 4° O pedido de reabilitação será instruído com provas de sustentação oral, restritas, no entanto, para a questão do cabimento,
bom comportamento, no exercício da advocacia e na vida ou não, da medida cautelar.
social, cumprindo à Secretaria do Conselho competente Na suspensão preventiva, o processo disciplinar deve ser
certificar, nos autos, o efetivo cumprimento da sanção concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias.
disciplinar pelo requerente.
§ 5° Quando o pedido não estiver suficientemente instruído, Dos recursos
o relator assinará prazo ao requerente para que complemente
a documentação; não cumprida a determinação, o pedido Das decisões emanadas pelo Presidente do Conselho Seccional,
será liminarmente arquivado. pelo Tribunal de Ética e Disciplina ou, ainda, pela Diretoria da
Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados caberá recurso
Dos prazos para o Conselho Seccional (art. 76 do EAOAB).
Já das decisões proferidas pelo Conselho Seccional, desde que
Os prazos necessários para a manifestação de advogados, não sejam unânimes ou, sendo unânimes, contrariarem o Estatuto, o
estagiários e terceiros, nos processos em geral na OAB, são de 15 Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, os Provimentos,
(quinze) dias, inclusive para a interposição de recursos (art. 69 do as decisões do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional
EAOAB). (requisitos de admissibilidade), caberá recurso ao Conselho Federal,
Em caso de comunicação mediante oficio reservado, ou de órgão supremo da OAB. O Presidente do Conselho Seccional, além
notificação pessoal, o prazo contar-se-á a partir do dia útil imediato ao dos interessados, tem legitimidade para interpor esse recurso.
da notificação do recebimento (art. 69, § 1°, do EAOAB) e nos casos
de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-

262 EcircRn ARMACan I 10 a< Énox - saçio PAULO MACK400


263
I OemÉtical 10emÉtical ,
Todos os recursos na OAB têm efeito suspensivo, salvo quando
se tratarem de eleições, de suspensão preventiva decidida pelo TED
e de cancelamento de inscrição obtida com falsa prova (art. 77 do CAPÍTULO 19
EAOAB).
Artigos 78 ao 87
Revisão disciplinar (art. 73, § 5°, do EA0AB e art. 68 do CED)

Tal como no processo penal, o Estatuto da Advocacia e da


OAB permite que seja feita uma revisão do processo disciplinar por
erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa prova. Como TÍTULO IV
o art. 68 do Estatuto determina que se aplica o direito processual penal DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
subsidiariamente ao processo disciplinar, entendemos que também
cabe a revisão quando, após a decisão, forem descobertas novas Cabe ao Conselho Federal da OAB, por deliberação de
provas da inocência do punido ou de circunstância que determine a 2/3 (dois terços), pelo menos, das delegações, editar o Regulamento
diminuição da sanção imposta (art. 621 do Código de Processo Penal). Geral deste Estatuto, no prazo de 6 (seis) meses, contados da
publicação desta Lei.
QUESTÃO COMENTADA
Wffi* Aos servidores da OAB, aplica-se o regimento
;
1. (CESPE - Exame de Ordem 2010.1) De acordo com o Estatuto da trabalhista.
Advocacia e da OAB, tem efeito suspensivo recurso contra
a) decisão não unânime proferida por conselho seccional. § 1° Aos servidores da OAB, sujeitos ao regime da Lei n° 8.112, de
b) decisão que trate de eleições de membros dos órgãos da OAB. 11 de dezembro de 1990, é concedido o direito de opção pelo regime
c) suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina. trabalhista, no prazo de 90 (noventa) dias a partir da vigência desta
d) cancelamento da inscrição obtida com falsa prova. Lei, sendo-lhes assegurado o pagamento de indenização, quando da
aposentadoria, correspondente a 5 (cinco) vezes o valor da última
remuneração.
(;),J § 2° Os servidores que não optarem pelo regime trabalhista serão
Comentários: posicionados no quadro em extinção, assegurado o direito adquirido
Em regra, os recursos na OAB têm efeito suspensivo. Entretanto, por ao regime legal anterior.
força do art. 77, não terão tal efeito os recursos que tratarem sobre
eleições, suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Wati2 Os Conselhos Federal e Seccionais devem promover,
Disciplina e cancelamento da inscrição obtida com falsa prova. trienalmente, as respectivas Conferências, em data não coincidente
com o ano eleitoral, e, periodicamente, reunião do Colégio de
111"
- Wal Presidentes a eles vinculados, com finalidade consultiva.

264 Euroak ~AMA 1 10 em ÉDCA - 3° EnçA, PAULO ktromno


265
10emética! OemÉtical
grealNão se aplicam aos que tenham assumido originariamente
o cargo de Presidente do Conselho Federal ou dos Conselhos Kali Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Seccionais, até à data da publicação desta lei, as normas contidas
no Título II, acerca da composição desses Conselhos, ficando
assegurado o pleno direito de voz e voto em suas sessões.
~a Revogam-se as disposições em contrário, especialmente
a Lei n° 4.215, de 27 de abril de 1963, a Lei n° 5.390, de 23 de
fevereiro de 1968, o Decreto-lei n° 505, de 18 de março de 1969,
Aplicam-se as alterações previstas nesta Lei, quanto a a Lei n° 5.681, de 20 de julho de 1971, a Lei n° 5.842, de 06 de
mandatos, eleições, composição e atribuições dos órgãos da OAB, dezembro de 1972, a Lei n° 5.960, de 10 de dezembro de 1973,
a partir do término do mandato dos atuais membros, devendo a Lei n° 6.743, de 05 de dezembro de 1979, a Lei 6.884, de 09 de
os Conselhos Federal e Seccionais disciplinarem os respectivos dezembro de 1980, a Lei n° 6.994, de 26 de maio de 1982, mantidos
procedimentos de adaptação. os efeitos da Lei n° 7.346, de 22 de julho de 1985.

Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos da OAB, Brasilia, 4 de julho de 1994; 173° da Independência e 106° da
eleitos na primeira eleição sob a vigência desta Lei, e na forma do República.
Capitulo VI do Titulo II, terão início no dia seguinte ao término dos
atuais mandatos, encerrando-se em 31 de dezembro do terceiro ano Itamar Franco
do mandato e em 31 de janeiro do terceiro ano do mandato, neste caso
com relação ao Conselho Federal.

Ern Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta Lei,
Alj COMENTÁRIOS
aos membros do Ministério Público que, na data de promulgação
da Constituição, se incluam na previsão do art. 29, § 3', do seu Ato
Em relação às disposições finais, a leitura já é autoexplicativa.
das Disposições Constitucionais Transitórias.
Porém, aproveitando o tema, colacionamos abaixo o teor das
kisiw O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica
dispensado do Exame Ordem, desde que comprove, em até
Disposições Gerais e Transitórias do Novo Código de Ética e
Disciplina:
2 (dois) anos da promulgação desta Lei, o exercício e resultado
"Art. 73. O Conselho Seccional deve oferecer os meios
do estágio profissional ou a conclusão, com aproveitamento, do
e o suporte de apoio material, logístico, de informática
estágio de Prática Forense e Organização Judiciária, realizado
e de pessoal necessários ao pleno funcionamento e ao
junto à respectiva faculdade, na forma da legislação em vigor.
desenvolvimento das atividades do Tribunal de Ética e
7 O Instituto dos Advogados Brasileiros e as instituições a
ele filiadas têm qualidade para promover perante a OAB o que
julgarem do interesse dos advogados em geral ou de qualquer dos
seus membros.

266 arrogo, Aradslca 10 Eu ÉlICA - E000 PAULO MAQM)0 267


10emÉtica! 10ernÉticd
§ 1° Os Conselhos Seccionais divulgarão, trimestralmente, Art. 78. Os autos do processo disciplinar podem ter
na intemet, a quantidade de processos ético-disciplinares em caráter virtual, mediante adoção de processo eletrônico.
andamento e as punições decididas em caráter definitivo,
preservadas as regras de sigilo. Parágrafo único. O Conselho Federal da OAB regulamentará
§ 2° A divulgação das punições referidas no parágrafo em Provimento o processo ético-disciplinar por meio
anterior destacará cada infração tipificada no artigo 34 da eletrônico.
Lei n. 8.906/94.
Art. 79. Este Código entra em vigor 180 (cento e oitenta)
Art. 74. Em até 180 (cento e oitenta) dias após o inicio dias após a data de sua publicação, cabendo ao Conselho
da vigência do presente Código de Ética e Disciplina da Federal e aos Conselhos Seccionais, bem como às
OAB, os Conselhos Seccionais e os Tribunais de Ética e Subseções da OAB, promover-lhe ampla divulgação.
Disciplina deverão elaborar ou rever seus Regimentos
Internos, adaptando-os às novas regras e disposições Art. 80. Fica revogado o Código de Ética e Disciplina
deste Código. No caso dos Tribunais de Ética e Disciplina, editado em 13 de fevereiro de 1995, bem como as demais
os Regimentos Internos serão submetidos à aprovação do disposições em contrário."
respectivo Conselho Seccional e, subsequentemente, do
Conselho Federal.

Art. 75. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada


em órgão oficial e no quadro de avisos gerais, na sede
do Conselho Seccional, com antecedência de 15 (quinze)
dias, devendo ser dada prioridade, nos julgamentos,
aos processos cujos interessados estiverem presentes à
respectiva sessão.

Art. 76. As disposições deste Código obrigam igualmente


as sociedades de advogados, os consultores e as sociedades
consultoras em direito estrangeiro e os estagiários, no que
lhes forem aplicáveis.

Art. 77. As disposições deste Código aplicam-se, no que


couber, à mediação, à conciliação e à arbitragem, quando
exercidas por advogados.

268 Eorrom AFP.ÉCR I 10 EM. ÉTCP - 3' mçÁo PAULO MAGHOO 269
1 Oe mézicaif

CAPÍTULO 20
ADENDO

DAS CONFERÊNCIAS E DOS


COLÉGIOS DE PRESIDENTES
(arts. 145 a 150, RG)

A Conferência Nacional dos Advogados (CNA) é órgão de


consulta máximo do Conselho Federal da OAB, tendo por objetivo o
estudo e o debate das questões e dos problemas que digam respeito
às finalidades da OAB (art. 44 do EAOAB) e ao congraçamento dos
advogados.
Há também as Conferências Estaduais e a Distrital, que são
órgãos consultivos dos Conselhos Seccionais.
As Conferências dos Advogados (a Nacional, as Estaduais e a
Distrital) se reúnem de três em três anos, no segundo ano do mandato.
A data, o local e o tema central serão decididos no primeiro ano do
mandato do Conselho Federal ou do Conselho Seccional.
As conclusões das Conferências possuem caráter de mera
recomendação aos respectivos Conselhos, não tendo, portanto, caráter
vinculante.

Membros das Conferências

De acordo com o art. 146 do Regulamento Geral, as


Conferências são formadas por membros efetivos e membros
convidados.

NILO MACHADO
271
(IamÉtical OemÉtica!

São membros efetivos os Conselheiros e os Presidentes dos dos participantes.


órgãos da OAB que estejam presentes, os advogados e estagiários
inscritos na Conferência. Todos esses têm direito de voto. Do Colégio de Presidentes
Os membros convidados são aqueles a quem a Comissão
Organizadora conceder essa qualidade. Os convidados somente terão No mesmo sentido das Conferências, foi criado o Colégio de
direito de voto, se forem advogados. Presidentes dos Conselhos Seccionais, com a finalidade de promover
Os convidados, expositores e membros dos órgãos da OAB o intercâmbio de experiências entre as diversas Seccionais e a
têm identificação especial durante o funcionamento da Conferência. formulação de propostas e sugestões ao Conselho Federal, bem como
O art. 146, § 2°, do Regulamento Geral menciona a existência servir de instância consultiva do Conselho Federal, sempre que a este
de membros ouvintes, que são os estudantes de Direito, mesmo parecer necessário.
inscritos como estagiários na OAB, os quais escolherão um porta-voz O Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais é
entre os presentes em cada sessão da Conferência. regulamentado em provimento.
Existe, ainda, o Colégio de Presidentes das Subseções. Este
Da Comissão Organizadora e dos trabalhos da Conferência tem sua regulamentação no Regimento Interno de cada Conselho
Seccional.
A direção da Conferência ficará por conta de uma Comissão
Organizadora, designada pelo Presidente do Conselho, que será I MEDALHA RUI BARBOSA
por ele presidida e integrada pelos membros da Diretoria e outros
convidados. A Medalha Rui Barbosa é a comenda máxima conferida pelo
Cabe à Comissão Organizadora definir a distribuição do Conselho Federal, órgão supremo da OAB, às grandes personalidades
ternário, os nomes dos expositores, a programação dos trabalhos, os da advocacia brasileira.
serviços de apoio e infraestrutura e o regimento interno da Conferência A Medalha só pode ser concedida uma vez no prazo do
dos Advogados. mandato do Conselho e será entregue ao homenageado em sessão
A Comissão Organizadora é representada pelo Presidente, solene.
tendo este poderes para cumprir a programação estabelecida e decidir Os agraciados com a Medalha Rui Barbosa podem participar
as questões ocorrentes e os Casos omissos. das sessões do Conselho Pleno do Conselho Federal com direito
Os trabalhos da Cbnferência são desenvolvidos sem sessões somente à voz.
plenárias, painéis ou outros modos de exposição ou atuação dos
participantes.
As sessões plenárias são dirigidas por um Presidente e um
relator, escolhidos pela Comissão Organizadora. Quando as sessões
se desenvolverem em forma de painéis, os expositores ocupam a
metade do tempo total, sendo a outra parte destinada para os debates
e para a votação de propostas ou conclusões dos participantes. É
facultado aos expositores submeter as suas conclusões à aprovação

272 Eu-m.4k Araoreg I 10 EM ÉTICA - 3. mr,),9 PAU-0 MACI.00 273


1 OemÉtical
BIBLIOGRAFIA

BAHIA. Flávia. Direito Constitucional. 18 Ed. Rio de Janeiro. Editora


Impetus. Rio de Janeiro. 2007.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal comentado. 5' ed. São


Paulo. Editora Saraiva. 2009.

CARDELLA, Haroldo Paranhos. Coordenador: BONFIM, Edilson


Mougenot. Ética Profissional da Advocacia. São Paulo. Editora
Saraiva. 2006.

CINTRA, Antonio Carlos de Araújo com GRINOVER, Ada Pellegrini


e DINAMA.RCO, Candido Rangel. Teoria Geral do Processo. 24' ed.,
São Paulo: Editora Malheiros. 2008.

COSTA, Elcias Ferreira da. Deontologia Jurídica. Ética das Profissões


r
Jurídicas. ed. São Paulo. Editora Forense. 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua


portuguesa. 4a ed., Curitiba: Editora Positivo. 2009.

GONDIM, Viviane Coelho de Séllos. Ética:aplicada à advocacia.


Rio de Janeiro Editora Elsevier, 2008.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 2 ed. Niterói. Editora


Impetus. Vol. II. 2006.

JÚNIOR, Antônio Laert Vieira. Responsabilidade Civil do Advogado.


Rio de Janeiro. Ed. Lumen Juris. 2003.

JÚNIOR, Marco Antonio Araújo. Ética Profissional. 5' ed.. São


Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2009.

JÚNIOR, Marco Antonio Silva de Macedo com COCCARO, Celso.

PAuLo MAcroao 275


.......OUTRAS
. OBRAS
1 OemÉtical
Ética Profissional e Estatuto da Advocacia — Coleção OAB Nacional.
São Paulo. Ed. Saraiva. 2009.

LOBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5'


ed., São Paulo: Editora Saraiva. 2009.

MACEDO. Geronimo Theml. Deontologia Jurídica. 1' ed. Rio de


Janeiro: Editora Lumen Juris. 2009.

TOURINHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 15' São


Paulo: Editora Saraiva. 2012.

Prática
Penal

PRÁTICA CIVIL

276 • EDITOR.. Anwoca 1 10 ao Énc.. -3 &CÃO

Você também pode gostar