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As dificuldades aparecem nas monarquias novas. Em primeiro lugar, se não trata de


um governo inteiramente novo, mas de um membro acrescentado a um Estado misto,
por assim dizer, tenderá a sofrer variações originadas em uma dificuldade própria aos
novos Estados: os homens mudam de governante com grande facilidade, esperando
sempre uma melhoria. Essa esperança os leva a se levantar em armas contra os
atuais. E isto é um engano, pois a experiência demonstra mais tarde que a mudança
foi para pior. Isto, por sua vez, reflete outra necessidade muito natural ± as injúrias
com que o novo monarca inevitavelmente ofende seus novos súditos, provocadas
pelos soldados ou por outros motivos relacionados com a imposição do novo governo.

O soberano fará, assim, inimigos ± aquelas pessoas injuriadas com a ocupação do


seu território ± e não poderá manter a amizade dos que o ajudaram na conquista do
poder, por não lhe ser possível satisfazer suas expectativas. Não poderá também
aplicar medidas vigorosas contra estes últimos, de vido aos compromissos assumidos.
Por esse motivo, o príncipe precisará sempre do favor dos habitantes de um território
para poder dominá -lo, por mais poderoso que seja seu exército. Foi por isto que Luís
XII da França, depois de ocupar Milão sem dificuldad e, perdeu-a em seguida, e as
poucas forças de Ludovico foram suficientes para re tomar a cidade uma primeira vez;
os milaneses, que haviam inicialmente aberto suas portas ao exército francês, quando
perceberam seu engano, sem obter as vantagens que tinham p retendido, não
puderam suportar as ofensas sofridas com o domínio do novo senhor.

              



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Passa-se algo parecido com a tísica, que, conforme os médicos, no princípio é fácil de
curar, mas difícil de diagnosticar, e que, com o tempo, quando não é desde logo
reconhecida e tratada, torna -se fácil de reconhecer e difícil de tratar. É o que ocorre
com os negócios do Estado: pois a antevisão (o que só é dado ao homem prudente)
dos males que virão torna possível curá-los facilmente. Porém, quando esses males
se avolumam, por falta de tal previsão, de modo que todos podem já reconhecê -los,
não há mais remédio que possa controlá -los. Por isso os romanos, prevendo as
desordens quando ainda remotas, podiam sempre encontrar-lhes solução, e jamais
permitiam que crescessem com o propósito de evitar uma guerra. Sabiam eles que as
guerras não podem ser evitadas e que, quando adiadas, só trazem benefícios ao
inimigo. Foi assim que declararam guerra contra Antíoco e Filipe, na Grécia ± para não
precisar combatê-los em território italiano -, embora na ocasião tivessem podido evitar
a ambos. Mas preferiram não fazê -lo, ignorando o conselho tão ouvido hoje, o da
protelação -, e preferindo confiar no seu próprio valor e prudência, já que o tempo traz
consigo todas as coisas, indiferentemente: o bem e o mal.

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Era pois necessário que Moisés encontrasse o povo de Israel escravizado e oprimido
pelos egípcios, disposto a segui -lo para escapar à servidão. Como foi necessário que
Rômulo não pudesse permanecer em Alba, tendo sido abandonado ao nascer, para
que se tornasse rei de Roma e fundador daquela nação. E foi necessário que Ciro
encontrasse os Persas descontentes com o domínio dos medas, e estes últimos fracos
e efeminados, por um longo período de paz. Teseu não poderia ter demonstrado seu
valor se não tivesse encontrado os atenienses dispersados. Foram tais circunstâncias,
portanto, que deram a esses homens a grande oportunidade; e suas próprias e
elevadas qualidades fizeram que a aproveitassem, trazendo honra e felicidade à
pátria.

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Aqueles que se tornaram príncipes pelo seu valor conquistam domínios com
dificuldade, mas os mantêm facilmente; a dificuldade se origina em parte nas
inovações que são obrigados a introduzir para organizar seu governo com segurança.
Vale lembrar que não há nada mais difícil de executar e perigoso de manejar (e de
êxito mais duvidoso) do que a instituição de uma nova ordem de coisas. Quem toma
tal iniciativa suscita a inimizade de todos os que são beneficiados pela ordem antiga, e
é defendido tibiamente por todos os que seriam beneficiados pela nova ordem ± falta
de calor que se explica em parte pelo medo dos adversários, que têm as leis do seu
lado, e em parte pela incredulidade dos homens. Estes, com efeito, não acredit am nas
coisas novas até que as experimentam; portanto, os adversários, todas as vezes que
podem atacá-las, o fazem com empenho, e os que as defendem defendem -nas
tepidamente, de modo que a seu lado se tem pouca segurança.

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Sendo obrigado a saber agir como um animal, deve ser o príncipe valer -se das
qualidades da raposa e do leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas , e a
raposa não consegue defender-se dos lobos. É preciso, portanto, ser raposa para
reconhecer as armadilhas, e leão para afugentar os lobos. Aqueles que desejam ser
apenas como o leão não compreendem isto. Um príncipe prudente não deverá, pois,
agir com boa-fé quando, para fazê-lo, precise agir contra seus interesses, e quando os
motivos que o levaram a empenhar a palavra deixarem de existir. Esse preceito não
seria bom se todos os homens fossem bons; mas como eles são maus, e não mantêm
a palavra, não se está obrigad o a agir de boa-fé. E nunca faltaram razões legítimas
para mascarar a inobservância das promessas. Seria possível apresentar incontáveis
exemplos atuais, mostrando como muitas vezes tratados de paz foram rompidos e
promessas anuladas pela infidelidade dos príncipes; e que os mais capazes de imitar
a raposa lograram maior êxito. Mas é necessário saber disfarçar bem essa natureza, e
dissimular perfeitamente; os homens são tão pouco argutos, e se inclinam de tal modo
às necessidades imediatas, que quem quiser enganá-los encontrará sempre quem se
deixe enganar.

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Deve o príncipe ter muito cuidado para que suas palavras nunca deixem de
aparentar estar ele repleto das cinco qualidades acima indicadas, de forma que quem
o veja e ouça pense ser ele todo piedade, fé, integridade, humanidade e religião. Nada
é mais necessário do que a aparência da religiosidade. De modo geral, os homens
julgam mais com os olhos do que com o tato: todos podem ver, mas poucos são
capazes de sentir. Todos vêem nossa aparência , poucos sentem o que realmente
somos, e esses poucos não ousarão opor-se à maioria que tenha a majestade do
Estado a defendê -la. Na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a
qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um príncipe pretende
conquistar e manter o poder, os meios que empreg ue serão sempre tidos como
honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os
resultados; o mundo se compõe só de pessoas do vulgo e de umas poucas que, não
sendo vulgares, ficam sem oportunidade quando a multidão se reúne em torno do
soberano.

Há em nossos dias um certo príncipe, que é melhor não nomear, que só faz pregar a
paz e a boa fé, embora na verdade seja um inimigo visceral de ambas as coisas; se
observasse uma ou outra, teria em muitas oportunidades perdido seus do mínios ou a
reputação.

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