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Pastoral urbana hoje

1. Introdução

Falar de pastoral urbana é falar da cidade. E a cidade é um fenômeno


ambíguo[1] desde a antiguidade. Se tomamos textos de Santo Atanásio[2],
podemos observar que sua própria análise da cidade é extremamente negativa,
pois, em seu tempo, a cidade era o símbolo da morte. Nela havia miséria,
marginalização, corrupção[3]. Tal como no Apocalipse (18,2-3), ela é o sinal da
grande meretriz que devora os seus filhos (Ap 17,5-6; cf. Sl 137,8-9). Com
Santo Agostinho, parece haver uma avaliação mais positiva da “cidade do
homem”, na medida em que ela se espelha na “cidade de Deus”, esta sim
definitiva[4]. Aqui também eco da própria Escritura que em várias passagens
mostra a transformação da cidade, ora a partir da história (cf. Is 65,17-25), ora
por força e graça do alto (cf. Ap 21,1-4; 2Pd 3,13). Se tomarmos Santo
Anselmo[5], vamos encontrar uma crítica feroz à cidade, na medida em que
representa a desordem, a quebra da ordem feudal. No entanto, é a partir dos
“burgos” que se abrirá uma nova fase para a vivência da liberdade. Como
podemos observar por esses poucos exemplos, a cidade é um fenômeno
humano ambíguo, ou, pelo menos, ambivalente, e não se pode simplesmente
anatematizá-la[6].
Nós cristãos, através de nossa prática política e pastoral, nos equilibramos em
um fio muito estreito em relação à cidade. Movemo-nos ora em dimensão
apocalíptica, ora em dimensão profética. Diante da injustiça, da opressão,
proclamamos o fim do mundo antigo e acreditamos no aparecimento do mundo
novo. Falamos, como o apóstolo Paulo, do homem velho e do homem novo.
Diante da caducidade e da transitoriedade do mundo presente e de sua
perversidade, defrontamo-nos com um pessimismo radical. No entanto, por
mais difícil e tormentosa que seja uma situação histórica, o otimismo na
transformação do mundo se revela no triunfo de Deus, apesar das vitórias
aparentes do mal. Essa concepção otimista é mais viva nos momentos de
crise, para poder sustentar a fé dos que estão sendo perseguidos. Tal
perspectiva enraíza-se na visão apocalíptica que pensa a história a partir do
fim. Como o fim já está assegurado pela ressurreição de Jesus, os cristãos não
devem ter medo de nada. Tal visão se, por um lado, é extremamente
mobilizadora, por outro, pode nos levar a uma atitude passiva em relação à
história, pois quem tem o definitivo, acaba dando pouca importância ao relativo,
ao provisório. Eis aí uma das razões que dificulta a ação política dos cristãos!

Entretanto, a própria dimensão apocalíptica acaba dando nascimento à


profecia. O pensamento profético pensa o fim a partir da história. As respostas
aos problemas da história devem ser buscadas na própria história. Em outras
palavras, para superar a injustiça, a opressão, os crentes devem fazer obra de
justiça, acreditando na ação de Deus na história. Isso anima os crentes na obra
de transformação histórica. No contexto da ação dos cristãos, falar-se-á da
busca da nova sociedade, da civilização do amor! Apesar dos conflitos, a visão
profética é cheia de esperança. Tira água da pedra!
Tal prática dos cristãos, eivada de ambiguidade, acaba se articulando com a
ambiguidade da cidade. Como agir na cidade? Como anunciar-lhe a Boa-
Nova? Onde se revela o Novo? Como anunciar a Salvação? A partir de quem?

Tal reflexão nos leva a compreender que a cidade é uma trama de relações


conflitivas, fruto dos conflitos de classe que acabam determinando as relações
sociais no interior das cidades. Sobretudo na América Latina e, de modo
especial, no Brasil, notamos que a urbanização acelerada dos últimos anos é
devida ao modelo de desenvolvimento econômico que privilegia o capital em
detrimento do trabalho. Pauta-se pelo lucro e pela exploração do trabalhador,
acentuando a injustiça social, que na cidade torna-se evidente na própria forma
de ocupação do espaço e na desigual distribuição de serviços (água, esgoto,
escolas, hospitais, creches, áreas de lazer…), sempre em detrimento dos
pobres[7].
Os conflitos de classe na cidade acabam se configurando no confronto entre
centro e periferia: “A população urbana percebe mais facilmente — pela
proximidade e pela frequência dos meios de comunicação social — as divisões
de classe existentes e as diferenças de poder aquisitivo e de influência política.
Projetos e serviços, dos quais dependem as condições de vida urbana, são
realizados rapidamente no centro e nos bairros de classe alta, porque são mais
rentáveis e seu reembolso é mais rápido e seguro. De outro lado, os projetos
da periferia são executados a médio e longo prazo, ocasionando uma série de
outros problemas, até que tais obras sejam entregues à população”[8].
Isso significa, concretamente, o reforço dos privilégios das classes dominantes
e a marginalização dos mais pobres, as classes populares. Diante desse
quadro, qual o papel da Igreja? Como atuar? É possível falar a partir de uma
posição neutra?

Para avançarmos nesta reflexão é preciso compreender que falar de pastoral


urbana é falar de projetos de Igreja que procuram organizar institucionalmente
o sentido teológico da Igreja, como a comunidade dos fiéis que se reúnem ao
redor da pessoa e do projeto de Jesus Cristo, movidos pela força do Espírito
Santo. Tais modelos podem se opor, se diferenciar, entrar em conflito, sem, no
entanto, “destruir a substância teológica da Igreja”[9]. Mas na teia das relações
conflitivas e conflitantes da cidade, notamos o embate entre o modelo de
Igreja-Sociedade centralizador, autoritário e assistencialista, que se casa com
um modelo de sociedade baseado no poder da classe dominante, com um
modelo de Igreja-Comunidade mais participativo, democrático e libertador,
onde os pobres são tidos como sujeitos constitutivos de uma Igreja-rede-de-
comunidades. Tal modelo articula-se também com a busca de uma sociedade
mais democrática e participativa.
É no interior desse embate que a Igreja “deve fazer da opção prioritária pela
‘periferia’ o caminho de uma pastoral que vise à salvação de toda a cidade”[10].
Certamente tal opção provocará conflito, pois “é natural que, quando se atinge
o centro nervoso da cidade, como o trabalho, a divisão de classes existente, a
marginalização em que vive grande parte da população, a situação precária de
moradia e saúde, não há dúvida, os conflitos apareçam”[11]. A questão que a
pastoral urbana coloca à Igreja é a de se atuar em todos os níveis da
sociedade a partir da opção pelos pobres.
Sabemos que assumir tal opção traz em seu bojo a aceitação de novos
valores, novos critérios advindos das lutas populares e da vivência das classes
populares. Levando em consideração esse aspecto, temos que reconhecer que
falar de pastoral urbana é falar de cultura. “A diversidade e complexidade da
vida urbana criam condições para uma característica da cidade: o pluralismo
cultural”[12]. Na cidade, opera-se um verdadeiro choque de culturas, com o
embate de opções culturais diversas e até mesmo contraditórias. Mesmo que
se tente inculcar uma cultura global, uma cultura dominante, por melhor
consolidada que esteja, não deixa de ser uma cultura particular, e, portanto,
altamente condicionada[13]. Na cidade, esse embate de culturas se dá quer em
nível sociopolítico, quer em nível religioso. A questão básica para a ação da
Igreja é, pois, como evangelizar as culturas, como trabalhar o conflito das
interpretações, como compreender as culturas de resistência (negros, índios).
Como levar adiante os valores e critérios de uma cultura popular revolucionária
e libertadora em contraste com os valores de uma “cultura global”, veiculados
pelos meios de comunicação social?
 
2. Pastoral urbana e salvação

Nós acreditamos que a revelação de Deus se dá na história. Cremos que a


salvação acontece na história, embora a transcenda[14]. Assim, ao pensarmos
a pastoral urbana, temos que pensar a salvação da cidade. Como a Palavra de
Deus ilumina a vida da cidade, pois a Igreja não pode se contentar apenas em
dissertar sobre ela. Na verdade, a Igreja está na cidade.
Mesmo levando em conta a ambiguidade da cidade, é nela que hoje se
desenvolve a vida da maioria das pessoas do planeta[15]. Como anunciar a
quem vive na cidade a salvação? De que modo? A partir de quem? Como
podemos dizer que na cidade Deus está se revelando? Como entender suas
desigualdades? Em que medida a salvação passa pelos pobres?
 
2.1. Pobres: Novo Sujeito histórico e novos sujeitos eclesiais
Para compreendermos o processo de salvação da cidade, temos que descobrir
quem tem o poder de salvar, libertar, mudar. Não há dúvida de que são os
pobres a vanguarda dessa libertação. São eles que possuem a prioridade. Eles
são os protagonistas da novidade. Eles pleiteiam uma inversão de valores e é
por essa razão que a opção preferencial e evangélica pelos pobres não é
aceita pelos que sempre detiveram o poder.

Aqui se enraíza a grande dificuldade da pastoral urbana, que dá prioridade aos


pobres. Como pensar a cidade a partir da maioria empobrecida? Como reforçar
o modelo social que está latente nas lutas populares? Como legitimar o projeto
eclesial dos pobres?

Essas questões serão respondidas na medida em que a Igreja assumir, de fato,


a organização popular. Isso exigirá sair de uma linguagem abstrata e genérica
e colocar-se ao lado dos empobrecidos. Deixar-se conduzir pelo projeto dos
pobres e pensar a pastoral da classe média a partir da luta pela justiça. Como
nos afirma o documento da CNBB: “Numa cidade profundamente polarizada e
dividida que mantém na marginalidade a maior parte do povo, a perspectiva
prioritária da ação pastoral urbana, neste momento histórico, é a perspectiva
evangélica da libertação dos pobres e oprimidos, da promoção da justiça e de
condições mais humanas na periferia”[16].
Para que isso aconteça, é necessário que os pobres tenham acesso às forças
que hoje estão nas mãos dos poderosos. Nesse sentido, a pastoral urbana
deve articular-se com todo o dinamismo da entrada de cristãos e cristãs na luta
política de libertação no movimento popular, no movimento sindical e no partido
político. É aí que se está forjando as bases de uma nova sociedade, de uma
nova convivência social. Numa perspectiva bíblica, forja-se aí a nova
humanidade dentro da velha.

Esse processo requer assumir os valores presentes na luta dos pobres. Exige
assumir os conflitos culturais a partir da ótica dos pobres. Não compete à Igreja
construir uma cidade nova, mas ser sinal do Reino. E para tanto, ela deve ser
fiel ao núcleo central da mensagem de Jesus que anuncia a revelação aos
pobres: “Pai, eu te agradeço, porque escondestes estas coisas aos sábios e
entendidos e as revelastes aos pequeninos, porque assim foi do teu agrado”
(Mt 11,25-26). 

2.2. Contribuição dos cristãos à cidade

Se não compete à Igreja, como instituição, construir a cidade ou oferecer um


modelo social, qual a contribuição dos cristãos? Em outras palavras, qual a
contribuição que o cristianismo pode oferecer à cidade, ao mundo? Certamente
não uma doutrina. Muito menos um modelo social ou uma concepção de vida.
O que o cristianismo tem a oferecer é a vida, de homens e mulheres que vivem
em comunidades. “A contribuição do cristianismo são as comunidades cristãs
espalhadas pelo mundo. Essas comunidades são Jesus Cristo”[17]. Seu agir é
a “evangelização”. E evangelização a partir dos pobres, pois são eles os
encarregados da libertação da humanidade.
Hoje, na América Latina, esse processo da nova evangelização toma corpo nas
CEBs. São elas presença ativa e operante de Jesus na história, através do
Espírito do Ressuscitado. São, na verdade, a melhor pregação de Jesus por
sua prática consequente e operante. São elas, no hoje da América Latina, a
concreção das “comunidades maduras” de que fala o papa João Paulo II, em
sua exortação apostólica Chistifideles Laici[18].É por elas que Jesus continua
falando às pessoas: “Escancarar as portas a Cristo, acolhê-lo no espaço da
própria humanidade, não é, de modo algum, ameaça para o homem, mas,
antes, é a única estrada a percorrer, se quisermos reconhecer o homem na sua
verdade total e exaltá-lo nos seus valores”[19]. Essa se torna também a melhor
pregação sobre Deus: a construção de uma sociedade justa e fraterna. Pois
como diz Paulo VI: “Para conhecer a Deus é necessário conhecer o
homem”[20]. São as CEBs que mantêm vivo o Cristo e é o próprio Cristo que
mantém o povo vivo. É pela prática das comunidades que os cristãos
contribuem para a salvação da cidade e para revelar o ser de Deus[21].
 

3. Pastoral urbana e reflexão teológica


É recente a preocupação da teologia em refletir a cidade e o comportamento
dos cristãos. Na verdade o fenômeno urbano, e, sobretudo, das grandes
cidades (metrópoles), ficou ausente da reflexão teológica cristã[22]. Hoje, “a
pastoral urbana exige o aprofundamento da reflexão teológica sobre a conexão
entre evangelização e libertação, entre missão da Igreja e transformação do
mundo”[23]. Em outras palavras, temos que encarar teologicamente os
conflitos de classe e as desigualdades presentes na vida da cidade.
Tal postura nos levará a compreender a prática de Jesus Cristo e a prática dos
cristãos num mundo conflitivo. Teremos que pregar o Jesus das bem-
aventuranças, mas também o Jesus das maldições![24] Teremos de conviver
com a conflitividade histórica vivida por Jesus e com a vivência dos cristãos
nos conflitos da cidade. Tal articulação entre evangelização e libertação, já
tratada por Paulo VI na Evangelii Nuntiandi[25], ganha força na teologia da
libertação na medida em que esta assume a modernidade e procura
compreender o anúncio de Jesus Cristo no interior das tensões sociais,
provenientes dos conflitos de classe[26].
Ao assumir a modernidade, a teologia da libertação penetra o mundo do
trabalho, onde as contradições de classe são mais palpáveis. Critica a visão
harmônica da sociedade, veiculada por uma teologia feita a partir do poder.
Revela a violência estrutural sofrida pelos pobres. Articula a luta dos
trabalhadores por melhores salários, pela terra, pelo direito ao trabalho para
todos, pela redução da jornada de trabalho, com a fé. Mostra que os pobres
têm força para mudar a sociedade. E a partir dessa prática dos pobres, coloca
novas questões aos cristãos: “Como viver a fé no meio dos conflitos? Como
celebrar a fé no meio das desigualdades da cidade? Como transmitir a fé sem
que ela se torne a legitimadora de uma sociedade dividida em classes?”.

Aí está a novidade da teologia da libertação: romper com a classe dominante.


“Desde o momento que a teologia faz a opção pelos pobres, fica claro que ela
abandona o projeto de fornecer a uma sociedade a ideologia que vai orientar a
sua classe dominante”[27]. A teologia da libertação relança a novidade e
instaura o conflito que exige o discernimento, abrindo à participação do povo na
construção da nova convivência social. Desse modo, a teologia da libertação
não se preocupa da salvação do homem abstrato, mas do homem concreto,
explorado no seu trabalho, na cidade. E é a partir dos explorados que a
teologia da libertação relança a possibilidade de um novo ordenamento social.
 
4. Pastoral urbana a partir da opção pelos pobres: a difícil opção

A grande novidade da Igreja na América Latina é a entrada dos cristãos na luta


política de libertação dos pobres. Pensar a vida a partir dos pobres, anunciar a
salvação da cidade a partir dos pobres. Agir com base numa decisão política,
optando na correlação das forças sociais pelo projeto dos pobres. Assumir uma
opção ética, colocando-se contra o escândalo da miséria. Pautar-se por uma
definição evangélica, na medida em que os pobres são constituídos como
critério escatológico, mediante o qual se define a salvação ou a perdição de
cada pessoa (cf. Mt 25,31-36)[28].
Certamente tal postura coloca novas questões à fé. Instaura o conflito no
interior da cidade, pois pensar a cidade a partir dos pobres é colocar-se contra
os que se beneficiam com o modelo social concentrador e excludente no qual
vivemos.

 4.1. Exigências da opção pelos pobres na pastoral urbana

Sem dúvida, pensar a cidade a partir dos pobres exige uma verdadeira
conversão da Igreja[29]. É isso que está acontecendo, a partir de Medellín, na
Igreja da América Latina. Ao fazer opção pelos pobres, Medellín levou a sério a
realidade do ser humano latino-americano, na sua maioria marginalizado,
explorado, oprimido. É a partir dessa realidade de dor e de sofrimento que a
pastoral urbana deve dizer sua palavra ao conjunto da cidade. Eis algumas
exigências que decorrem dessa postura.
 

1ª) Luta pela justiça

Encarar a luta das classes populares como luta pela justiça. Tentar
implementar os valores que forjam a convivência humana não mais a partir das
classes dominantes, mas a partir das classes populares. Isso requer apostar na
construção de uma cidade a partir “dos debaixo”: “Viver e pensar a fé a partir
dos ausentes da história implica em recolocar o modo de se entender a
mensagem salvífica do evangelho. Situar-se plenamente no mundo da
opressão e partilhar das lutas populares pela libertação levam a uma releitura
da fé. Mas essa releitura pressupõe uma localização na história diversa
daquela em que se colocam os setores dominantes da sociedade”[30].
 

2ª) Ruptura com as classes dominantes

Tudo o que colabora com as estruturas de pecado deve ser transformado para
estar a serviço dos pobres. A Igreja não pode mais legitimar o abismo que
separa ricos e pobres, sobretudo porque os ricos são cada vez mais ricos às
custas de pobres cada vez mais pobres[31]. Fazer opção pelos pobres significa
assumir o projeto político que surge no bojo das lutas populares. Não basta
mais realizar obras assistenciais ou mesmo promocionais[32], mas importa sim
uma colaboração ativa com os movimentos populares de libertação[33]. A
Igreja deve descer do plano idealista das palavras e dos sentimentos para o
plano prático e realista do agir na sociedade[34].
 

3ª) Romper com a cultura ocidental e branca e com o racismo

A cidade é o lugar do confronto de culturas. É o lugar do pluralismo cultural. É o


lugar onde os “diferentes” se encontram. Como, pois, anunciar o evangelho
para as diferentes culturas? Como evangelizar as culturas, respeitando a
alteridade? Esse é o desafio de uma pastoral urbana que leva a sério a
diversidade das culturas, pois “para a Igreja não se trata tanto de pregar o
evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores
em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e, como que modificar, pela
força do evangelho, os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de
interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modos de vida
da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e
com o desígnio da salvação[35].
Apenas para aguçar nosso interesse! Será possível falar de evangelização na
cidade, se se desconhecer a presença dos negros que perfazem quase a
metade da população brasileira? Pode-se falar da evangelização dos povos
indígenas da América Latina, se os índios são desprezados? Certamente para
eles a Bíblia não tem sido “Boa Notícia”. Na verdade, eles devolveram a Bíblia
ao papa. Vejamos o que eles afirmam: “Nós, índios dos Andes e da América,
decidimos aproveitar a visita de João Paulo II para devolver-lhe sua Bíblia,
porque nos cinco séculos não nos deu nem amor, nem paz, nem justiça. Por
favor, pegue de novo sua Bíblia e a devolva aos nossos opressores, porque
eles necessitam seus preceitos morais mais do que nós. Porque desde a
chegada de Cristóvão Colombo foi imposta à América, com força, uma cultura,
uma língua, uma religião e valores próprios da Europa. A Bíblia chegou até nós
como parte de uma mudança cultural imposta. Ela foi a arma ideológica deste
assalto colonialista. A espada espanhola, que de dia atacava e assassinava o
corpo dos índios, de noite se convertia na cruz que atacava a alma
indígena”[36].
Toda e qualquer posição de superioridade é sinal de desprezo pela cultura do
outro e depõe contra a evangelização.

 4ª) Ruptura com o machismo e o clericalismo

A cidade é o lugar da emancipação da mulher. Sobretudo com o processo de


industrialização, tanto nos países do Primeiro Mundo, como nos países do
Terceiro Mundo, as mulheres entraram em massa no mercado de trabalho. E,
pelo fato de serem mulheres, entraram ganhando a metade do salário do
homem fazendo o mesmo trabalho. Mas nas últimas décadas, a mulher
começou a questionar sua condição, as instituições atuais e a iniciar uma luta
de superação de toda estrutura patriarcal e machista.[37]
No âmbito eclesial, fica cada dia mais clara a presença marcante e majoritária
da mulher, sobretudo nas CEBs. No entanto, em nível de decisão, seu espaço
é ainda reduzido. Já o 6º Encontro Intereclesial de CEBs apontava para tal
problemática: “Às várias instâncias da Igreja, para que abram sem tardar o
debate sobre a participação da mulher nos diferentes níveis de serviço, de
ministérios e de representação dentro da Igreja”[38].
Certamente a irrupção dos pobres ainda não integrou realmente no seu bojo a
irrupção da mulher. Por isso, na pastoral urbana a mulher tem um papel
preponderante na superação do machismo e do clericalismo. E a Igreja é
desafiada a reintegrar as mulheres em seu seio como sujeitos de decisão junto
com os homens, como nos seus primórdios. E isso antes que seja tarde!

 4.2. Desafios da opção pelos pobres na pastoral urbana

Quando falamos da opção pelos pobres, levando em consideração toda a


caminhada da Igreja desde o Vaticano II, passando por Medellín e Puebla,
notamos grandes desafios à ação pastoral da Igreja. Como encarar a
emergência dos pobres do Terceiro Mundo? Como superar o racismo? O
machismo? Como respeitar as culturas na missão evangelizadora sem cair na
“cristianização”, na “nova cristandade”? São muitos os desafios. Queremos
elencar alguns.

 1º) Como reconhecer a legitimidade da Igreja dos pobres?

A presença dos pobres na Igreja tem marcado a sua trajetória nessas últimas
décadas, sobretudo na América Latina, mas com repercussão ao nível dos
documentos do magistério universal a partir do papa João XXIII. Como ele
próprio afirmava em 1959: “A Igreja sempre foi a Igreja de todos, mas
ultimamente ela quer ser, sobretudo, a Igreja dos pobres!”. João Paulo II entra
também nessa tradição ao falar da solidariedade para com os trabalhadores
explorados e vítimas da miséria e da fome: “A Igreja acha-se vivamente
empenhada nesta causa, porque a considera como sua missão, seu serviço e
como uma comprovação da sua fidelidade a Cristo, para assim ser
verdadeiramente a ‘Igreja dos pobres’”[39].
Falar, hoje, das “CEBs como um novo modo de toda a Igreja ser” é um grande
desafio para toda a Igreja e para a pastoral da cidade. Isso significa pensar
toda a Igreja a partir dos pobres. Pensar a cidade a partir dos pobres. Tomar a
Igreja-Comunidade, a Igreja-rede-de-comunidades como modelo hegemônico.
Sabemos que ainda não é. Mas deve ficar claro sua legitimidade, pois como
afirma L. Boff: “É por este modelo que os pobres e marginalizados se sentem
Igreja”[40]. Tentar deslegitimar tal modelo é impedir que os pobres tenham
acesso aos meios de salvação. Além disso, seria ir contra um dos sinais mais
vibrantes do evangelho: os pobres, os destinatários primeiros da Boa-Nova do
Reino (cf. Lc 4,14-30; Mt 11,2-6.25-26)[41].
 

2º) Valorização do corpo do pobre

Na cidade, o corpo do pobre é violentado. Não tem casa para morar. O


transporte é precário. As condições de saneamento são sofríveis. Normalmente
o acesso à saúde é problemático. A mortalidade infantil é desastrosa no meio
da população pobre do Brasil e da América Latina. Uma pastoral urbana séria
terá que enfrentar tal problemática a partir das lutas populares. É no seu bojo
que estão presentes os valores de uma nova convivência social. Na verdade,
quem sofre é que conhece o valor do sofrimento. “O homem privilegiado
esquece-se do seu corpo. O corpo recorda e impõe a sua existência quando
sofre. Quem nunca teve fome, não sabe que o homem é em primeiro lugar um
ser que precisa comer. Quem nunca esteve doente, não sabe o que é a saúde.
Para os pobres, a libertação da humanidade é a libertação dos corpos sofridos,
esmagados, humilhados”[42]. A teologia da libertação torna-se teologia do
corpo libertado do pobre, por isso mesmo, teologia da vida[43].
 3º) Democracia de base e participação efetiva do povo nas decisões

Quem constrói a cidade tem o direito de dirigir a cidade. Quem produz, tem o
direito de usufruir do produto de seu trabalho. É um preceito bíblico (cf. Is
65,17-25; Mt 10,10; 1Cor 9,7-14). A pastoral urbana deve estar atenta à
participação efetiva do povo nas decisões referentes às diretrizes da ação
pastoral da Igreja e deve articular-se com todas as lutas populares que abrem
espaço para que o povo aceda aos canais de decisão. O exercício da
democracia na sociedade incentiva o exercício da democracia na Igreja e vice-
versa. Eis aí um dos grandes desafios para a Igreja, onde o poder é
hierarquizado e centralizado na figura dos ministros-homens-machos! Como
abrir canais de participação para os(as) leigos(as), sobretudo pobres em sua
grande maioria? Como conciliar a luta pela democracia na sociedade com a
democracia na Igreja?

 
4º) Enraizamento da proposta do novo modelo social e eclesial na massa e
formação de quadros

O grande desafio de uma pastoral urbana a partir dos pobres é como enraizar
a proposta de mudança na massa inorgânica que não é atingida pelas CEBs,
nem pelo movimento popular, nem pelo sindicato e nem pelo partido. Mas tal
massa é influenciada pelos meios de comunicação social, sobretudo a TV, que,
por terem o controle da classe dominante, acabam passando o projeto dos
grandes.
Para se atingir a massa é necessário trabalhar a formação de quadros saídos
da base, enraizados e articulados com as lutas populares, para poderem captar
as aspirações e necessidades do povo e poder transformá-las em propostas,
projetos viáveis. Sem a massa, o povão, não haverá transformação nem da
sociedade, nem da Igreja!

Mas para que a pastoral urbana possa ter força e fôlego, é necessário que haja
cristãos e cristãs formados(as) com clareza do projeto de sociedade e de Igreja
que se quer implementar. Nesse sentido, os quadros saídos das CEBs, do
meio popular, devem saber trabalhar criativamente as diferenças ideológicas,
devem ter adequada formação político-econômica e saber qual seu papel no
mundo de hoje. Necessitam de uma profunda mística de libertação, além de
uma sólida formação teológica.

 5º) Trabalho pastoral com a classe média a partir dos pobres

Não há dúvida de que há muitos agentes de pastoral saídos da classe média e


que se articulam como projeto das classes populares. Mas são pessoas
isoladas, não toda a classe média. Hoje, sobretudo nas cidades, onde há uma
forte presença da classe média, é preciso buscar uma pastoral organizada para
ela, mas a partir do oprimido e no interesse do oprimido. Certamente o
movimento popular e a pastoral popular ganhariam “preciosos elementos
intelectuais (teóricos e técnicos) e organizativos (pedagógicos e políticos), sem
falar da repercussão que ela (classe média) daria ao movimento popular ao
nível da opinião pública”[44].
No sistema capitalista, os membros da classe média são, normalmente,
afastados das condições de vida dos operários e camponeses, e acabam
produzindo — consciente ou inconscientemente — ideias e decisões que
acabam reforçando o poder e os privilégios dos opressores. Compete, pois, à
pastoral urbana a partir dos pobres sensibilizar[45] esses setores médios da
população diante dos sofrimentos, necessidades, interesses e luta dos
explorados. Daí estaremos a um passo da conversão ao projeto popular, que
será reforçado com a entrada de instrumentos, organismos e capacidades
sociais utilizados por setores da classe média. Cabe à pastoral urbana, a partir
dos pobres, estabelecer condições para se efetivar este diálogo, esta relação
dialética entre as classes populares e os setores de classe média. Nessa
relação, aprendendo com o povo, aprendendo do povo e aprendendo a
aprender todos juntos em comunidade, a classe média pode contribuir para o
processo de mudança e o projeto popular terá maiores chances de ser lançado
e implantado.
 

5. Uma Igreja dos pobres para ser a Igreja de todos

Na perspectiva bíblica, o pobre torna-se a mediação da salvação ou perdição


(cf. Mt 25,31-46; Ex 3,7-10; Jr 22,16). Ele se torna o valor universal. Por isso, a
opção pelos pobres torna-se a chave hermenêutica fundamental para se
compreender a Bíblia e se entender que a Igreja, para ser a Igreja de Jesus
Cristo, tem de ser a Igreja dos pobres. E, em nosso meio, a mediação deste
novo modelo eclesial está passando, hoje, pelas CEBs, que encarnam os
valores populares a partir de uma nova experiência da fé colada ao chão da
vida.[46]
 

5.1. CEBs: melhor maneira de se pregar Jesus Cristo e a Trindade

Com sua prática popular, as CEBs retomam os valores fundamentais do Reino


e da prática histórica de Jesus de Nazaré. As CEBs procuram implementar a
partilha, a não dominação e o respeito pelos outros. Há uma forte experiência,
nas CEBs, de participação democrática e, cada dia mais, elas se abrem para o
ecumenismo. Na verdade, as CEBs são uma pregação viva de Jesus Cristo.
Elas são uma das grandes contribuições que o cristianismo pode dar à
sociedade, na medida em que vivenciam e relançam os valores evangélicos,
popularmente vividos. Ajudam a dar sentido à vida e às lutas do povo. São
motivadoras da união e da organização do povo. Colaboram na reativação das
energias escondidas dos pobres, para que possam resistir à opressão
econômica e cultural. Retomam a memória perigosa das lutas populares. E, na
medida em que conseguem conviver com as diferenças, tal vivência aponta
para uma concreção histórica, ainda que tímida, da vida trinitária de Deus.

 
5.2. A mística das CEBs como energia do Espírito no processo de libertação

Sabemos que as CEBs são ainda minoria. Os cristãos e cristãs saídos(as) das
CEBs e engajados(as) nas lutas populares também são minoria. A grande
massa ainda tem medo do compromisso e da luta. A espiritualidade da
libertação vai se tornando a grande reativadora dos valores escondidos no
meio popular. É o Espírito do Ressuscitado que está devagarinho fermentando
a massa, para que ela se torne a propulsora do projeto libertador. Ninguém
conseguirá matar este sopro do Espírito, que vai fazendo seu caminho entre
luzes e sombras da caminhada da Igreja e da sociedade. Esta mística está
alicerçada na vida dos pobres e no sangue dos mártires. Ela sonha alto, pois
seu sonho é em mutirão. Pensa alto, pois seu horizonte é o Reino!

 
5.3. CEBs e o respeito à alteridade

Não se funda a “nova cidade”, a “civilização do amor” (Paulo VI), se não houver
respeito aos valores culturais. A inculturação é, hoje, o grande desafio da
evangelização no mundo e, sobretudo, na cidade. As CEBs estão fazendo tal
caminho. Recebem em seu seio negros e índios. Estão se exercitando na
convivência com os irmãos e irmãs evangélicos. Abrem-se para a convivência
com os irmãos-ateus-marxistas que lutam pela justiça (cf. Mc 9,38-40; LG 9).
Essa experiência pode ter futuro, pois está fincada na base, no meio do povo
mais lascado de nossas periferias urbanas, onde o que conta é a luta pela vida.
É um bom começo! Mas há muito caminho a se fazer!

 
5.4. CEBs e a conjuntura eclesial de hoje

Tensões na Igreja sempre houve. Os conflitos fazem parte da sua trajetória


histórica, ainda não totalmente redimida pela ação libertadora de Jesus Cristo e
do Espírito. Portanto, não são os conflitos que deverão tirar nosso sono! É
preciso relativizar as questões eclesiais por mais graves que pareçam, pois
nem de longe chegam à altura da gravidade dos problemas sofridos pelo povo
em termos de luta pela sobrevivência, contra a fome, o desemprego, a doença,
a perseguição política de seus militantes nos movimentos populares, sindicatos
e partido.[47]
É preciso termos um olhar de globalidade, pensar além do nosso mundinho, do
nosso quintal. Pensar a cidade, a América Latina, o Terceiro Mundo, o Mundo.
Perceber onde é que o Espírito está falando. Além disso, é preciso ter
maturidade. Saber enfrentar e trabalhar os conflitos que sempre existiram,
existem e vão existir, no interior da Igreja e da sociedade. Finalmente, é
necessário que a prática das CEBs seja mais agressiva, no sentido de ocupar
espaços, relançar o projeto de uma Igreja comprometida com a grande maioria
“dos degredados filhos de Eva” e que “choram neste vale de lágrimas”,
suspirando e esperando a libertação (cf. Rm 8,18-27).

[1] Cf. CELAM. Elementos para una reflexión pastoral en preparación de la IV


Conferencia general del Episcopado latino-americano, Bogotá, 1990, p. 92.
[2] Cf. Atanásio. “Sur I’Incarnation du Verbe”, Sources Chrétiennes, Cerf, Paris,
1946, pp. 207-317.
[3] Cf. R. Luxemburgo. O Socialismo e as Igrejas: o Comunismo dos primeiros
cristãos. Rio de Janeiro: Achiamé, s/d.
[4] Cf. F. M. T. Ramos. A ideia de Estado na doutrina ético-política de S.
Agostinho. São Paulo: Loyola, 1984, p. 354: “O cristão, como de resto todo
homem ‘pio e justo’ de todas as épocas e lugares, sempre em luta (estará),
solicitando pelas ‘Duas Cidades’ que se defrontam, até o ingresso na ‘cidade
suprema e divina’, onde já não haverá nem calamidades a suportar com
incômodo, nem paixões a refrear com fadiga, mas apenas o amor de Deus e do
próximo a conservar, sem nenhuma dificuldade e com perfeita liberdade (…). E
enquanto ‘aguarda’, com paciência e vivo desejo, a vinda do seu ‘Senhor’, cuja
hora ignora, como o ‘servo bom e fiel’, ele vai construindo a história”.
[5]Cf. Anselmo. “Cur Deus Homo”, em Obras Completas, BAC, tomo I, por
Julien Alameda, Madrid, 1952, pp. 742-891. Seria bom lembrar o famoso ditado
da Idade Média, colocado em evidência por Max Weber: “O ar da cidade dá
liberdade”, citado por J. Comblin, em La Théologie de Ia Ville, Éditions
Universitaires, Paris, 1968, p. 13.
[6] Cf. CELAM, op. cit., p. 93: “A Nova Evangelização (…), em lugar de
anatematizar a vida urbana como se fosse por si mesma desumana e
essencialmente a-religiosa ou antirreligiosa, em vão pretenderia fazer-nos
voltar à vida agrária. Por isso deve impregnar a cultura com o Evangelho,
fortalecendo seus valores humanos e purificando-a dos antivalores em que
pode cair… Longe de propor soluções agrárias nos problemas urbanos, a
pastoral deve buscar audaz e criativamente, com bastante imaginação, a
inculturação do Evangelho na cultura moderna”.
[7] CNBB. “Pistas para uma Pastoral Urbana”, in: Estudos da CNBB 22, nº 1.2.
São Paulo: Paulinas, 1979, pp. 10-11.
[8] CNBB, op. cit., nº 1.3, pp. 12-13.
[9] L. Boff. “CEBs: que significa ‘novo modo de toda a Igreja ser?’”, in: Missão:
Testemunho e Solidariedade. Petrópolis: Vozes, Grande Sinal, 1989, pp. 574-
575.
[10] CNBB, op. cit., nº 13, p. 13.
[11] Arquidiocese de São Paulo. Missão na cidade. Pastoral urbana, projeto
arquidiocesano. Doc. 1, SP, 1990, p. 14.
[12] CNBB, op. cit., nº 1.7, p. 18.
[13] J. Santa Ana. “Sobre Teologia y Modernidad”, Mimeografado, s/d, p. 2.
[14] Cf. J. H. Cone. O Deus dos oprimidos. São Paulo: Paulinas, 1985, p. 91.
[15] Cf. J. Comblin, op. cit., p. 13.
[16] CNBB, op. cit., p. 25.
[17] J. Comblin. Antropologia cristã. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 17.
[18] João Paulo II, Vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, nº 34.
[19] João Paulo II, op. cit., n. 34.
[20] Medellín, “Introdução às conclusões”, nº 1.
[21] “Neste assunto da ideia de Deus, é mais importante a maneira de viver do
que o modo de se expressar” (Segundo J. L. A nossa ideia de Deus. São
Paulo: Loyola, 1977, p. 9).
[22] J. Comblin. “Théologie de Ia Ville”, op. cit., pp. 20-21.
[23] CNBB, Doc. 22, nº 2. 8a, p. 34.
[24] Cf. J. Sobrino. Cristologia a partir da América Latina. Petrópolis: Vozes,
1983, pp. 14-15.
[25] Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, nn. 30-39.
[26] Cf. J. Santa Ana, op. cit., p. 17.
[27] J. Comblin. Antropologia cristã, op. cit., p. 16.
[28] Cf. C. Boff e L. Boff. Da libertação. O teológico das libertações sócio-
históricas. Petrópolis: Vozes, 1979, p. 50.
[29] Cf. Puebla, 1.134, 1.147.
[30] G. Gutiérrez. A força histórica dos pobres. Petrópolis: Vozes, 1981, p. 283.
[31] Cf. Puebla, 28.
[32] “Nesta angústia e dor, a Igreja discerne uma situação de pecado social,
cuja gravidade é maior quando se dá em países que se dizem católicos e que
têm a capacidade de mudar: ‘Que se derrubem as barreiras da exploração…
contra as quais se estraçalham seus maiores esforços de promoção’” (João
Paulo II, Alocução Oaxaca, citado em Puebla, nº 28).
[33] Cf. G. Guitiérrez, op. cit., p. 245.
[34] Cf. J. Comblin. “Evangelização na atualidade”, em América Latina: 500
anos de evangelização. São Paulo: Paulinas, 1990.
[35] EN, 19.
[36] Carta aberta ao papa João Paulo II em sua visita ao Peru, assinada pelo
“Movimento índio Kollasuyo”, pelo “Partido índio” e pelo “Movimento Tupac
Katari”, em “‘Outros 500’, nesses 500 anos de evangelização”, AGEN191 (São
Paulo 1/3/1990), p. 11.
[37] Cf. R. M. Muraro. “Mulher, cultura e Igreja”, em REB 196 (dez./1989), p.
876.
[38] Documento final do 6º Encontro Intereclesial de CEBs, 17. 2º.
[39] Laborem Exercens, nº 8.
[40] L. Boff. “CEBs: que significa ‘novo modo de ser Igreja’”, op. cit., p. 575.
[41] Cf. EN, 12.
[42] J. Comblin, op. cit., p. 18.
[43] Cf. F. Hinkelammert. As armas ideológicas da morte. São Paulo: Paulinas,
1983, p. 290.
[44] C. Boff. “Desafios atuais da pastoral popular”, em Tempo e presença 132
(julho/1988), p. 32.
[45] Cf. O. Maduro. “O profissional da classe média e as lutas populares”,
em CEAS 91, p. 55.
[46] Cf. GS, 1.11.
[47] L. Boff, op. cit., p. 591.

Pe. Benedito Ferraro

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