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2 revista abendi no 53
dezembro de 2012
expediente fale com a abendi
| Sede Abendi
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Lançamentos de livros, apostilas, anais e produtos abendimania
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(11) 5586-3196
Um dos destaques desta edição é a diversificação de temas nos artigos. Um deles trata da
certificação de competências pessoais em atmosferas explosivas e outro mostra novas aplicações de
END especificamente nos esportes. Já a reportagem principal é dedicada ao pré-sal, e busca apresentar
um panorama de como está a sua exploração. Nossa matéria mostra que a essência do petróleo
retirado dessa camada, isto é, sua qualidade e valor de mercado, compensa todo o trabalho que dá
para chegar a ele. A reportagem destaca também a importância dos ensaios não destrutivos nesse
processo, principalmente para avaliar a integridade das tubulações e dos equipamentos que lidam
com fluidos combustíveis ou não, geralmente sujeitos a altas pressões, temperaturas e contaminantes
Edson José Eufrásio
corrosivos. Há também matérias destacando as necessidades do mercado brasileiro por profissionais
Presidente da Abendi
Nível 3 e por inspetores de equipamentos, mostrando a atuação da Abendi na qualificação desses
especialistas. Esta edição marca também a minha despedida como presidente da Abendi. Na gestão
2011/2012 tive a satisfação de estar à frente da Associação, contribuindo para o seu crescimento e
aprimoramento. Nesse período, o número de associados saltou de cerca de 3.800 para mais de 5 mil,
construímos nossa sede própria e modernizamos nosso Centro de Exames e Qualificação, entre outras
realizações. Gostaria de agradecer a todos que colaboraram com esses resultados e desejar ao futuro
presidente votos de sucesso e de novas conquistas para a Associação em sua gestão.
Boa leitura!
| Se você tem ideias, sugestões ou críticas a fazer, entre em contato pelo e-mail: comunicacao@abendi.org.br
24 52
Pré-sal
34 petróleo de
alta qualidade
Capa
58
Nos últimos dez anos a
produção de petróleo
brasileiro deu um salto de
46,2%, e hoje atinge 200
mil barris por dia
06 14 18
notícias artigo especial sócios patrocinadores
Falar é fácil, mas e o fazer? Tenaris desenvolve novo centro de pesquisa
no Rio
20 24 26
END treinamentos certificação
No túnel do tempo dos ensaios não Inspetor de equipamentos está em alta • Atmosferas explosivas
destrutivos • Abendi e IPC
33 40 46
OTR artigo técnico artigo técnico
OTRs contribuem na qualificação dos A Influência de precipitados orgânicos e Avaliação da tenacidade à fratura de
profissionais de inspeção inorgânicos na corrente de corrosão em um aço de alta resistência na presença
água produzida nos campos de petróleo de proteção catódica em água do mar
off shore sintética
52 54 58
mercado calendário crônica de END
Mercado de END na America Latina mostra-se Treinamentos para os meses de janeiro e feve- Tá na hora de usar END no futebol?
promissor reiro de 2013
notícias
Com o objetivo de difundir e tra- setor, promoveu o intercâmbio en- a palestra de abertura do encontro a
tar das principais aplicações de END, tre os técnicos e a troca de experiên- a qualificação e certificação de pes-
inspeção, condições de monitora- cias entre os demais participantes, soas no Brasil e as novas regras para
mento e controle da qualidade nos que atuam nas áreas do petróleo e provedores de treinamento e candi-
diversos setores industriais da região, gás, naval, aeronáutica, automotiva, datos de nível técnico. Outros temas
a Abendi promoveu o 10º Encontro siderúrgica, papel e celulose, elétri- de grande importância também fo-
Regional de END e Inspeção, em 23 de ca e geração de energia. ram apresentados, como a aplicação
agosto, em Fortaleza (CE). O evento O consultor técnico da Abendi, dos requisitos das normas de gestão
reuniu os principais especialistas do João Rufino Teles, abordou durante da qualidade, ambiental e ocupacio-
nal, monitoramento de parques eó-
licos online, aplicações de END no
setor naval e necessidades de mão
de obra capacitada e certificada para
atender aos empreendimentos da Pe-
trobras no Ceará. O fechamento do
evento ficou por conta de Cícero
Moura, da Lubnor, que ministrou a
palestra “Capacitação profissional e
empresarial para o setor de petró-
leo e gás”. Não deixe de participar
do próximo Encontro Regional de
END e Inspeção, que acontece em
Salvador (BA), em 29 de agosto de
2013. a
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Associados da Abendi têm desconto
para participar do Accelerate Brazil e
Accelerate Oil&Gas
A Abendi é parceira institucional do ração e produção. Está confirmada
Accelerate Brazil e Accelerate Oil& também a participação do gerente Revisão da ABNT NBR 8862:1985
Gas, o que possibilita aos associados executivo de política industrial da Con-
ter o benefício de 15% de desconto federação Nacional da Indústria (CNI),
no registro online e em pacotes para Pedro Alem, e da gerente especializa- A norma ABNT NBR 8862:1985 está sendo revisada
pela comissão de normalização de ultrassom, to-
expositor e patrocinador. As inscri- da em conteúdo local do Grupo ABS,
mando como base a ISO 10893 parte 3 (Non-des-
ções já estão abertas para um núme- Thereza Moreira. A Federação das In-
tructive testing of steel tubes — Part 11: Automa-
ro limitado de participantes, por essa dústrias do Estado do Rio de Janeiro ted ultrasonic testing of weld seam of welded steel
razão é melhor se inscrever o quanto (Firjan), principal patrocinadora do tubes for the detection of longitudinal and trans-
antes (o associado da Abendi, antes evento, apresenta projetos específi- verse imperfections). Na última reunião dessa co-
de fazer a inscrição, deve entrar em cos do segmento. missão, realizada em outubro, foram trabalhados
contato com o setor de sócios da As- A expectativa é que cerca de mil o escopo, qualificação de pessoal e os requisitos
sociação para obter o seu código de executivos participem de cada even- do procedimento escrito. O escopo ficou assim de-
desconto). to. Os eventos são apoiados pelo Mi- finido: “Esta Norma especifica os requisitos para o
Os eventos acontecem em 7, 8, 21 e nistério de Desenvolvimento Indús- exame por ultrassom, utilizando ondas transversais
22 de maio de 2013 no Windsor Barra tria e Comércio Exterior (MDIC) e pelo geradas através de técnica convencional ou Phased
Hotel, Rio de Janeiro (RJ). No Acce- Governo do Estado do Rio de Janeiro. Array para a detecção de descontinuidades em sol-
das longitudinais e espirais em tubos de aço”. Inte-
lerate Oil&Gas, uma das atividades A TAM, empresa aérea parceira oficial
ressados em participar da comissão podem conta-
especiais já confirmadas na progra- dos eventos, está oferecendo descon-
tar o setor de Normalização da Abendi pelo telefo-
mação dos eventos é o painel que o tos na compra de passagens aéreas pa- ne (11) 5586-3145 ou pelo e-mail: normalizacao@
Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e ra os participantes inscritos. Mais in- abendi.org.br.
Biocombustíveis (IBP) promove para formações no site: www.accelerate-
falar dos leilões do governo de explo- brazil.com. a
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Membros do Cand visitam a
Superintendência de Geração Hidráulica
Com o objetivo de conhecer as me- instalações: “Conheço o trabalho de para manter a sustentabilidade ecoló-
lhores tecnologias desenvolvidas por uma usina, mas nada comparado à ges- gica ou ambiental ao seu redor”.
empresas de todo o mundo e dos di- tão feita em Tucuruí. O desafio é am- O Cand surgiu por uma solicitação
versos setores industriais, membros pliar esse modelo para outras unida- da Eletronuclear ao Instituto de Ener-
do Centro de Avaliação Não Destruti- des da empresa e buscar seus bene- gia da PUC-Rio. O Instituto desenvol-
va (Cand) visitaram, em 25 e 26 de ou- fícios”, disse. veu então um modelo conceitual para
tubro, a Superintendência de Geração Para o diretor executivo do Cand, atender às necessidades de diversos
Hidráulica, localizada no município de João Gabriel Hargreaves, foi uma boa setores industriais do país, que depen-
Tucuruí (PA). Entre os integrantes da oportunidade para a troca de conhe- dem da integridade estrutural de suas
comitiva estava o vice-presidente da cimentos. “Acho que a grande maioria instalações e que tenham interesse em
Abendi e superintendente de qualida- das pessoas sai daqui levando a visão estender sua vida útil, sem colocar em
de de Furnas, Luiz Fernando Corrêa de uma instalação industrial de gran- risco o meio ambiente e as comunida-
Ferreira, que se impressionou com as de porte, utilizando todos os recursos des que habitam suas proximidades. a
pela Abendi
de Normalização em END com as reuniões dos subcomi-
tês de Métodos Superficiais, Ultrassom, Emissão Acústi-
ca, Radiografia e Qualificação e Certificação. O encontro
ocorrerá durante a próxima edição da Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos (COTEQ), promovida pela
A partir de janeiro de 2013, o pro- vedores de treinamentos já haviam
Abendi, Abraco e IBP, que acontece de 18 a 21 de junho de
fissional que pretenda fazer um trei- encaminhado seus processos para 2013, no Enotel Resort & SPA, em Porto de Galinhas (PE).
namento visando à certificação deve reconhecimento dos cursos ofereci- Os profissionais interessados em participar das reuniões
buscar os reconhecidos pela Abendi. dos por eles na área de END. ou obter mais informações devem entrar em contato pelo
A decisão tomada pelo Bureau de O Documento Complementar DC- telefone (11) 5586-3145 ou pelo e-mail: normalizacao@
Certificação estabelece que os trei- 38, que define a sistemática de reco- abendi.org.br.
namentos em ensaios não destruti- nhecimento pela Abendi, estabele-
vos devem obrigatoriamente ser re- ce que os seguintes treinamentos de- ABNT aprova criação de comissões de
conhecidos pelo Sistema Nacional de vem ser reconhecidos pela Associa- normalização em RPA e ondas guiadas
Qualificação e Certificação em END ção: Ensaio Visual, Líquido Penetran- Com a finalidade de desenvolver normas técnicas nacio-
(SNQC/END). A medida visa à padro- te, Partículas Magnéticas, Ultrassom, nais para reflectometria de pulso acústico (RPA) e para
nização e harmonização das certifi- Ensaios Radiográficos, Correntes Pa- ondas guiadas, a ABNT aprovou a criação das comissões
cações mundiais e foi adotada após rasitas, Detecção de Vazamentos, E- de estudo nessas áreas. A comissão de RPA iniciou o de-
a revisão da ISO 9712. missão Acústica, Controle Dimensio- senvolvimento do documento que terá como base o pro-
jeto de norma em elaboração pela ASME. Já a comissão
Para auxiliar o candidato à certi- nal, Acesso por Corda, Termografia, de ondas guiadas tomará como base a norma Petrobras e
ficação que busque um treinamen- Análise de Vibrações, Teste por Pon- todo o conhecimento dos profissionais atuantes no tema.
to reconhecido, o site da Abendi tos, Estanqueidade, Potencial Eletro- A Abendi conta com a colaboração de empresas que te-
(www.abendi.org.br) disponibiliza- químico, Medição de Espessura Su- nham interesse em participar. Para solicitar o ingresso na
rá, a partir de 2 de janeiro, a relação baquática, Partículas Magnéticas Sub- comissão ou receber mais informações, entre em contato
pelo e-mail normalizacao@abendi.org.br ou pelo telefone
dos treinamentos reconhecidos pela aquática, ACFM e Ensaio Visual Su-
(011) 5586-3195.
Associação. Até novembro, três pro- baquático. a
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notícias
Errata: Na edição 52 da Revista Abendi, o título correto da notícia da página 8 é “CNEN aprova a Qualitec Engenharia da Quali-
dade” e o nome correto do CNEN é Comissão Nacional de Energia Nuclear.
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artigo
especial
© Marcelo Vigneron
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pena que amanhã tudo continuará e não simplesmente falar a respeito sível que a resposta evocada seja:
como antes”. Outras que também de alguma coisa. Falar sobre END e “melhor usar a que já conheço” e,
são frequentes: “Sabia tudo o que ti- inspeção, por exemplo, é uma coisa, dessa forma, a pessoa ficaria auto-
nha que fazer na prova, mas na hora, decidir a técnica e realizar o ensaio confiante e tranquila por não alterar
não sei o que me deu, não fiz nada!” seguindo todos os procedimentos e o seu repertório, quando poderia
ou ainda “Seria ótimo se a Missão e normas, assinando embaixo, é outra. haver alternativas mais eficientes.
os Valores não fossem só um quadro O fazer implica em se expor a jul- No exemplo da escolha da pizza, é
na parede”. gamentos, confrontações e críticas, comum ouvir: “qualquer uma!”, as-
É no mínimo curioso perceber que além de envolver sentimentos, tais sim a pessoa se sente isenta de cen-
as pessoas tem um saber, conhecem como o medo traduzido em “arre- suras e julgamentos.
teorias, articulam ideias, são criati- pios” com o risco, em insegurança A racionalização e a intelectuali-
vas, falam com desenvoltura e com para decidir, em ter que enfrentar zação fazem parte das nossas defe-
fortes argumentos convencem sobre a consequência e a possibilidade do sas inconscientes que impedem o
o que é preciso e o que deve ser feito fracasso. É perceber que não tem fazer, buscando tranquilizar e anular
por meio de discursos e defesa de te- todas as respostas que pensava ter, o mal-estar que essas experiências
ses. No entanto, o que prevalece é a sentir-se decepcionado com o resul- poderiam causar. São esses mecanis-
dificuldade de colocar em prática, de tado, sentir a fraqueza, a limitação e mos tranquilizadores que patroci-
agir, de fazer. até mesmo a impotência. nam e favorecem a nossa perma-
Então, que saber é esse? É no fazer que se torna possível nência na zona de conforto com
Não é difícil identificar a origem do perceber os conflitos e angústias, uma falsa e perigosa sensação de
saber no campo das competências in- que fazem parte da nossa natureza segurança, ou mesmo de “dever
telectuais, racionais e lógicas do ser psíquica, como algo que nos causa cumprido”.
humano, que são valorizadas desde o desconforto e desprazer. Por exem- Assim, as ações preventivas cita-
início da vida e excessivamente esti- plo, decidir sobre qual é a melhor das no início podem ficar muito tem-
muladas. Como tem sido ávida a bus- técnica para uma situação de ensaio po nas mesas de discussões, mas
ca por conhecimento técnico, espe- ou que pizza escolher diante da so- sem ações efetivas que poderiam,
cializações, certificações, titulações licitação de amigos, implica em se no mínimo, somar conhecimento im-
de mestre, doutorado e MBA! expor a uma experiência, viver um portante para esse segmento. Essa
Certamente, a competência inte- conflito e uma angustia que vai da forma defensiva de funcionar não
lectual é condição necessária para a dor (mal-estar) ao prazer, mas que, favorece a aquisição de conheci-
resolução de problemas no campo principalmente, implica em conhe- mento, pois retira do indivíduo e
do pensar, entretanto revela-se insu- cimento. das organizações a possibilidade de
ficiente para “o fazer” cotidiano. Dessa forma, pode-se concluir viver novas experiências e aprender
O fazer é um saber que tem sua que o fazer implica em uma situa- com outra realidade.
origem do campo das competências ção de perigo ou mal-estar para a O “não fazer” significa permanecer
psicológicas e emocionais, irracionais pessoa e, ao sentir que está diante em uma zona de conforto e limitar
e ilógicas do ser humano e que, ao de uma ameaça, ela instintivamente os processos de desenvolvimento e
contrário das competências intelec- busca várias formas de neutralizá-la. amadurecimento psicológico. Falar é
tuais, não foram valorizadas desde o Como resultado, na maioria das ve- fácil! Fazer é mais difícil, mas ama-
início da vida - ainda não são – e mui- zes, a capacidade de ação fica limita- durece abrindo um caminho enorme
to pouco sabemos sobre elas. Esse da ou até mesmo anulada. para o desenvolvimento pessoal e or-
desconhecimento é fator importante No caso da técnica de END, é pos- ganizacional.
de limitação para o desenvolvimen-
to psíquico. Isto significa que somos
intelectualmente amadurecidos no
Isa Magalhães é psicóloga, psicanalista e pedagoga com 30 anos de experiência profissional clínica,
falar e emocionalmente ou psiquica-
acadêmica e organizacional. É consultora organizacional especialista em gerar e implementar soluções
mente imaturos no fazer! para o desenvolvimento da maturidade profissional em gestores, líderes, grupos, equipes e pessoas envol-
Fazer algo é viver uma experiên- vidas na busca contínua de resultados com qualidade e alta performance. É sócia-diretora da DEVELOP
cia e, portanto, viver forte emoção I.M.– Crescimento Profissional: www.maturidadeprofissional.com.br
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sócios
patrocinadores
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end
Meu primeiro contato com os en- ponteiro fino e comprido e uma só material a que se referia a tabela, pois
saios não destrutivos data de minha escala. Era um instrumento eletrôni- cada material tem sua própria frequên-
entrada na Divisão de Inspeção de co dotado de válvulas, como as dos cia dessa ressônancia. A tabela para o
Equipamentos da Refinaria Presiden- rádios antigos. O sensor era como os aço é exemplificada na figura 1.
te Bernardes, no final do ano de 1960, atuais, apenas sendo maior. Era, portanto, uma operação muito
iniciando minha carreira técnica pro- O princípio de funcionamento do trabalhosa e demorada que deman-
fissional naquela refinaria. Tinha aca- aparelho consistia na aplicação de daria muito esforço físico, pois o apa-
bado de concluir o curso de Manu- uma onda ultrassônica de um lado da relho era muito pesado e requeria
tenção de Equipamentos da Petro- parede metálica. Parte dessa onda muita atenção ao se tirar da tabela o
bras, e fiquei vivamente entusiasma- era refletida na superfície oposta valor da espessura procurada.
do pela inspeção de equipamentos. e captada de volta pelo aparelho, Uma curiosidade que os inspetores
Até hoje! Tanto é assim que, desde através do sensor acoplado à chapa falavam naquela época era que, ao fa-
1962, sou membro efetivo da Comis- com a tradicional graxa para facilitar zer medição de espessura de parede de
são de Inspeção de Equipamentos do o contato. O processo de medição tanque de armazenamento, ao variar-
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás consistia em se variar a frequência da se a frequência do ultrassom, às vezes
Natural e Biocombustíveis (IBP). onda incidente por meio de um bo- entravam em sintonia com a rádio de
tão que havia ao lado do indicador de Santos, e ficavam a ouvir música.
Audigage frequência, até encontrar uma fre- A grande evolução do sistema foi
Nessa época não se falava em en- quência que entrava em ressonância o moderno Audigage da Krautkra-
saios não destrutivos, embora eles já com a onda refletida. mer, um aparelho transistorizado, de
fossem muito utilizados na inspeção de Para se identificar a frequência de pequenas dimensões e com a escala
equipamentos como importante ferra- ressonância usava-se um par de gran- graduada diretamente em espessura.
menta de trabalho. O primeiro instru- des fones de ouvido pelos quais se Foi uma nova época na medição de
mento que me impressionou foi o de ouvia um apito. Nessa ocasião fazia- espessura de parede metálica: peque-
medir espessuras de parede metálica se uma cautelosa varredura em torno no esforço físico, mais rapidez e maior
sem precisar furar a chapa. O nome téc- desse ponto a fim de localizar-se a fre- segurança nos resultados.
nico desse instrumento era “Audigage”, quência de máxima intensidade do ruí-
que já utilizava o ultrassom. do. Era o valor dessa frequência que Magnaflux
Era um aparelho grande, com di- se anotava na caderneta de inspeção. O Magnaflux foi outro aparelho que
mensões aproximadas de 30cm x Para ter-se o valor da espessura entra- me surpreendeu, por permitir identi-
25cm x 20cm, e que pesava cerca va-se numa tabela que relacionava a ficar trincas invisíveis a olho nu. Era
de 5 quilos. No tampo superior tinha frequência de ressonância com a cor- um aparelho grande, com cerca de
um indicador de frequência com um respondente espessura da chapa do uns 70 cm de altura, montado so-
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bre rodas para facilitar o seu deslo-
camento, embora fosse necessário
levar as peças para perto dele, que
ficava em local apropriado para seu
uso. A figura 2 mostra o aparelho com
as indicações dos seus diversos compo-
nentes, conforme usado no Manual de
Engenharia de Inspeção, da Refinaria.
Para o ensaio, primeiro preparava a
superfície do local onde poderia haver
trincas, removendo-se todo o óxido e
eventual gordura, de modo a ter-se
uma superfície bem limpa e seca. A
aplicação da corrente de magnetização
era uma operação delicada e perigosa,
mediante o uso de cabos de grande
bitola ( ~1/0 AWG) com ponta que era
aplicada em ambos os lados da área a
ser pesquisada. A corrente injetada era
de alta intensidade.
A aspersão do pó sobre a superfície Figura 1. Tabela de frequência x espessura para aço carbono
preparada era ainda mais perigosa por
se colocar a mão perto da superfície,
entre os eletrodos, alí bem próximos.
Qualquer contato com a chapa ou
com os terminais seria um tremendo
choque. Esta aspersão poderia ser fei-
ta com um bulbo manual ou utilizando
um dispositivo de aspersão que usava
um equipamento de ventilação. A fi-
gura 3 mostra esse conjunto, confor-
me também o Manual de Engenharia
de Inspeção, da Refinaria.
Vê-se hoje como foi grande o pro-
gresso no emprego de partículas mag-
néticas, com simplicidade, facilidade
e segurança no seu emprego.
Penetron
O Penetron foi outra grande sur-
presa para mim, especialmente pela
natureza do princípio ativo, que per-
mitia a medição de espessura de pa-
rede de tubulação na faixa de 2 a 12
polegadas de diâmetro e espessura
até a do correspondente Sch 80. O
instrumento era portátil e energiza-
do por pilhas, usando para medição
Figura 2. Aparelho Magnaflux
a radiação gama proveniente de uma
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end
Figura 5. Gráfico mostrando as intensidades de radiação gama e as distâncias de segurança para os operadores do aparelho
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Anuncie nos veículos da Abendi em 2013. Com novo projeto gráfico e editorial, a Revista Abendi
oferece ótimas oportunidades para sua empresa anunciar seus produtos e serviços.
Ligue: (11) 5586-3171 ou carlos@abendi.org.br
Com o desenvolvimento constan- ção e especializações técnicas. São to do aluno para que possa assimilar
te dos setores de petróleo, químico seis módulos divididos da seguinte todo o conteúdo ministrado’’, diz o
e petroquímico, o inspetor de equi- forma: Conhecimentos Básicos, Co- especialista em END Nível 2 da Aben-
pamentos é cada vez mais necessário nhecimentos Específicos, Técnicas de di, Jailton Costa.
na rotina das empresas. A Associação Proteção Contra Deterioração, Técni- O ex-aluno Nilton Alvarenga de Re-
Brasileira de Ensaios Não Destrutivos cas de Inspeção I, Técnicas de Inspe- zende experimenta hoje uma nova
e Inspeção (Abendi) e a Fundação ção II e Especializações Técnicas. realidade após concluir o curso. “Logo
Brasileira de Tecnologia da Solda- Com as novas refinarias em cons- que encerraram as aulas, comecei um
gem (FBTS) qualificam engenheiros, trução, ampliação e modernização das estágio com duração de oito meses,
técnicos e profissionais com ensino existentes e um novo polo petroquí- oferecido por um colega de classe da
médio completo para traba-lhar na mico no Rio de Janeiro (RJ), o merca- turma de 2008. Depois, enviei currí-
função. Trata-se de treinamento com do está muito promissor, acredita o culos para empresas da área e, rapi-
duração aproximada de dez meses, coordenador técnico do curso, Rui damente, com a indicação de um ami-
desenvolvido em aulas de segunda à Pereira de Carvalho. Segundo ele, o go, fui contratado numa empresa de
quinta-feira, das 18h30 às 22h30 na grande diferencial desse treinamen- inspeção. Após dois anos e nove me-
sede da Abendi, em São Paulo (SP). to está no volume de conhecimento ses nessa empresa, resolvi enviar no-
Os participantes serão capacitados adquirido, “tornando o inspetor de vamente meu currículo à procura de
a realizar ou fiscalizar inspeções, me- equipamentos um generalista, ou se- uma empresa com estrutura supe-
dições e análises necessárias para ja, um profissional com conhecimen- rior à anterior e, imediatamente, fui
avaliação das condições físicas dos tos básicos de ENDs, corrosão, meta- contratado. Hoje sou líder de equipe
equipamentos. Além disso, quem con- lurgia e equipamentos utilizados em numa multinacional”, comemora.
clui o treinamento está apto a elabo- plantas químicas, petroquímicas e de
rar e controlar o andamento de pro- petróleo”. Investimento - O valor do investi-
gramas e planos de inspeção, redigir ‘’Antes do curso não conhecia os mento é R$ 8.000,00 para sócio da
relatórios, recomendações técnicas processos de deterioração que os Abendi e de R$ 8.400,00 para não
de inspeção, avaliar a intensidade equipamentos sofriam durante a sua sócios. As inscrições estão abertas
das avarias e descontinuidades, com- utilização e o grau de importância e as vagas são limitadas. É possível
parando os resultados com os requi- de algumas atividades de inspeção fazer o parcelamento em até 12 ve-
sitos estabelecidos pelos códigos de realizadas no mesmo. Após o treina- zes no cartão de crédito ou no che-
projeto dos equipamentos. mento pude entender a importância que para os alunos que fecharem o
Vale destacar que a Portaria 349 de cada atividade e também a for- treinamento até 20 de dezembro de
do Inmetro exige essa formação pa- mação de vários agentes agressores 2012. Após essa data é necessário
ra trabalhar no segmento, além de do sistema, que danificam os equipa- uma entrada de 30% e o restante
estabelecer o programa e a carga ho- mentos. Este curso tem um conteúdo pode ser parcelado em até sete ve-
rária do curso, que são de 560 horas- muito rico para quem quer atuar na zes no cartão de crédito ou no che-
aula, nos quais são abordados conhe- área de Inspeção de Equipamentos, que. As inscrições podem ser reali-
cimentos básicos e específicos da com instrutores com alto de grau de zadas ou mais informações obtidas
área, como corrosão e proteção con- conhecimento na área, porém tem pelo e-mail emanuela@abendi.org.
tra deterioração, técnicas de inspe- que ter um grande comprometimen- br ou (11) 5586-3141. a
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Mercado brasileiro necessita de mais
profissionais Nível 3
O crescimento econômico do país 3 devem ter curso técnico de nível acordo com o método, nível e subní-
e as exigências de qualificação em médio ou superior em ciências exatas vel pretendido e enviá-la para o Se-
diversas atividades industriais têm e, pelo menos, 18 meses de experi- tor de Certificação da Associação (Av.
aumentado a demanda por profissio- ência profissional na área. Um profis- Onze de Junho, 1317 - Vila Clemen-
nais Nível 3 na área de ensaios não sional Nível 3 deve demonstrar com- tino - 04041-054 – São Paulo – SP).
destrutivos e inspeção. Além disso, petência para conduzir e orientar a Após a análise e aprovação da docu-
a queda de dez anos para 18 meses operação dos ENDs para os quais é mentação pela Abendi, o processo
no prazo mínimo exigido de experi- certificado. Ele pode ser autorizado segue em frente (o pagamento do
ência para um profissional Nível 2 pelo empregador para assumir toda boleto até a data de vencimento é o
tornar-se Nível 3 também é um novo responsabilidade por uma instalação que confirma a inscrição do candida-
incentivo para que mais especialistas de ensaio, por um Centro de Exame to). Após a confirmação da inscrição
busquem essa certificação no Brasil. e Qualificação e pelo pessoal envol- são agendados os exames teóricos
A Associação Brasileira de Ensaios vido nos ENDs, elaborar e validar de acordo com a disponibilidade de
Não Destrutivos e Inspeção (Abendi) instruções de ENDs e procedimentos, vagas e o número de candidatos ins-
oferece as orientações e um amplo interpretar códigos, normas, especi- critos. Após a aprovação nos exames
programa de treinamento para pre- ficações e procedimentos e designar teóricos, o candidato deverá realizar
parar esses profissionais para obter a o método específico de ensaio, os o exame prático. Ao candidato apro-
certificação como Nível 3. procedimentos e as instruções de vado – e considerado Profissional
Para 2013, estão previstas turmas ENDs a serem utilizados. Qualificado pelo SNQC/Abendi – será
de treinamentos Nível 3 nas técnicas Outras atribuições do profissional concedido então o certificado, car-
de Ensaio Visual, Líquido Penetrante, Nível 3 incluem realizar e supervisio- teira e livro de registro, conforme cer-
Correntes Parasitas, Partículas Mag- nar todas as obrigações de todos os tificação e validade vigente.
néticas, Ultrassom, Ensaios Radio- níveis, orientar os profissionais de Interessados em conhecer em deta-
gráficos e Nivelamento. Esses treina- todos os níveis, possuir competência lhes e verificar os documentos e formu-
mentos são ministrados na sede da para avaliar e interpretar resultados lários necessários para o processo de
Abendi e também podem ser realiza- conforme as exigências dos códigos, certificação em Nível 3 devem acessar
dos nas empresas. Além disso, a normas e especificações, possuir co- o site da Abendi – www.abendi.org.br
Abendi oferece também a opção de nhecimentos práticos suficientes da – na área de Certificação.
ensino a distância nas técnicas de En- aplicação de materiais, fabricação e
saio Visual, Líquido Penetrante, Par- tecnologia de produtos para selecio-
tículas Magnéticas e Ultrassom. nar o método de END, estabelecer a
No Brasil, há atualmente 177 pro- técnica de END, auxiliar no estabele-
fissionais certificados como Nível 3 cimento do critério de aceitação em
em END e outros 84 em processo de que nenhum outro é aplicável e pos-
certificação. A estimativa é de que o suir familiaridade geral com outros
país necessite do triplo do número métodos de END.
dos atuais profissionais certificados O procedimento para a qualifica-
para dar conta dos projetos em anda- ção dos profissionais envolve a aná-
mento. Com o potencial de expansão lise de documentos e a realização de
do mercado industrial brasileiro, essa exames teóricos e práticos. A Abendi
demanda deve crescer mais ainda. orienta os candidatos a Nível 3 a pre-
Os profissionais candidatos a Nível parar a documentação necessária de
tecnologia preservando a vida
www.abendi.org.br
25
certificação
A
preocupação envolvendo at- Plano de Ação Quadrienal 2012-2015, NT IECEx OD 504 especifica as com-
mosferas explosivas é cada do Programa Brasileiro de Avaliação petências pessoais requeridas para
vez mais constante nas áreas da Conformidade, a elaboração do as atividades relacionadas com equi-
industriais que apresentam elevados programa brasileiro de certificação de pamentos para atmosferas explosi-
riscos de acidentes, resultando, con- competências pessoais em atmosfe- vas, comumente denominados equi-
sequentemente, em perdas de vidas ras explosivas, baseado nos requisitos pamentos “Ex”, e os requisitos para
e destruição das instalações, além de do sistema de internacional do IECEx os quais as competências pessoais
grandes impactos ambientais. e de seus Documentos Operacionais, devam ser avaliadas e atribuídas.
Empresas e entidades pleitearam a incluindo o ABNT IECEx OD 504. Este documento apresenta tam-
certificação de competências pesso- As competências pessoais “Ex” es- bém uma orientação para a avalia-
ais para a área de atmosferas explosi- pecificadas no Documento Operacio- ção das competências pessoais basea-
vas e um grupo de especialistas cola- nal ABNT IECEx OD 504 são destina- da nos conhecimentos e habilidades
borou na elaboração do Documento das a serem competências adicionais que definem as Unidades de Compe-
Operacional ABNT IECEx OD 504, que àquelas previamente adquiridas para tências. As competências pessoais
foi publicado em 10/04/2012. os tipos de trabalhos específicos em especificadas neste documento são
Este Documento Operacional esta- áreas não classificadas. destinadas a serem competências
belece as Unidades de Competências adicionais àquelas previamente ad-
Pessoais “Ex” para a qualificação e O Documento Operacional ABNT quiridas para tipo de atividades simi-
certificação de competências pes- IECEx OD 504 e as Unidades de lares em áreas não classificadas.
soais de profissionais envolvidos em Competências Ex Este Documento Operacional da
atividades relacionadas a atmosferas ABNT é um documento idêntico em
explosivas de gases inflamáveis ou A Comissão de Estudo CE 03:031.01 conteúdo técnico, estrutura e reda-
poeiras combustíveis. do Subcomitê SC-31 do Cobei, res- ção e sem desvios técnicos em rela-
A aplicação desta Norma não dis- ponsável pela elaboração de Normas ção ao respectivo Operational Docu-
pensa o respeito aos regulamentos de Técnicas brasileiras sobre atmosferas ment (OD) do IECEx, do qual o Brasil
órgãos públicos que a instalação, os explosivas, equivalentes às normas é membro desde 01/2009.
serviços e os equipamentos devem sa- técnicas internacionais, trabalhou, Seguindo a tendência normativa
tisfazer. Podem ser citadas como e- entre 2008 e 2012, na elaboração mundial dos países membros da IEC,
xemplos de regulamentos as normas do Documento Operacional ABNT incluindo o Brasil, as Normas que en-
regulamentadoras do Ministério do IECEx OD 504 - Especificações para volvem os processos de Certificação
Trabalho e Emprego e as portarias mi- a avaliação dos resultados das uni- de Conformidade de equipamentos,
nisteriais elaboradas pelo Inmetro, dades de competência. Este grande instalações, oficinas de serviços de
contendo os Requisitos de Avaliação trabalho contou com a participação reparos e de competências pessoais
da Conformidade (RAC) para equipa- de representantes de 32 empresas, “Ex” são Normas idênticas às da IEC.
mentos para atmosferas explosivas, envolvidas com equipamentos, ser- Esta política de normalização tem
nas condições de gases e vapores in- viços, instalações e treinamentos em por objetivo harmonizar as Normas
flamáveis e poeiras combustíveis. atmosferas explosivas. Nacionais dos diversos países com a
O Inmetro já priorizou, dentro do Este Documento Operacional AB Normalização internacional, de forma
26 revista abendi no 53
dezembro de 2012
a padronizar os requisitos e procedi- Tabela 1 – Unidades de Competências Pessoais para Atmosferas Explosivas -
mentos para classificação de áreas, Documento Operacional ABNT IECEx OD 504
competências pessoais, fabricação,
ensaios, marcação, certificação, pro-
jeto, seleção, montagem, inspeção e
manutenção de instalações “Ex”, repa-
ros, revisão e recuperação de equipa-
mentos elétricos “Ex” e equipamen-
tos não elétricos “Ex”.
Ações como estas contribuem para
a integração dos fabricantes, labora-
tórios de ensaios, empresas usuárias,
organismos brasileiros de certifica-
ção de produtos e de pessoas, insti-
tuições de ensino e de treinamento e
oficinas de serviços de reparos com o
mercado e a comunidade internacio-
nal “Ex”, bem como para a elevação
dos níveis de tecnologia, qualidade,
segurança, desempenho e confiabili-
dade dos equipamentos e das insta-
lações “Ex” nacionais.
O desenvolvimento de Normas so-
bre competências pessoais para at-
mosferas explosivas é necessário em
função da preocupação com a va-
riedade de habilidades de trabalha-
dores envolvidos com eletricidade e
outros que lidam com estes tipos de
equipamentos e instalações.
De pouco adianta que os equipa- uma corrente, onde a resistência do em suas competências pessoais de
mentos “Ex” tenham sido certificados conjunto é determinada pelo seu elo acordo com as dez unidades de com-
por um OCP acreditado pelo Inmetro, mais fraco, a segurança de instalações petência descritas no Documento
se os mesmos não são devidamente elétricas e de instrumentação em at- Operacional ABNT IECEx Ex OD 504,
especificados pelos usuários, ou são mosferas explosivas não depende so- indicadas na Tabela 1.
indevidamente instalados, inspecio- mente da aquisição de equipamentos A Abendi – Associação Brasileira
nados ou mantidos, durante as dé- certificados. A segurança total depen- de Ensaios Não Destrutivos e Inspe-
cadas em que podem permanecer de, em sua grande parte, da correta ção - é um Organismo de Certificação
instalados em áreas contendo gases realização dos serviços de projeto, de Pessoas acreditado pelo Inmetro
inflamáveis ou poeiras combustíveis. seleção, especificação, instalação, (OPC-002) e encontra-se no presente
Nestes casos, a segurança fica sem- inspeção, manutenção e reparos, dos momento em processo de elabora-
pre comprometida, em função de quais depende a devida e necessária ção de seu sistema interno de cer-
deficiências nas competências das competência dos respectivos profis- tificação de competências pessoais
pessoas envolvidas com as atividades sionais envolvidos nestas atividades. “Ex”. Este sistema está sendo con-
de classificação de áreas, especifica- cebido de forma a estar totalmente
ção técnica, projeto de instalação, Relação das unidades de alinhado e harmonizado com os re-
montagem, inspeção, manutenção e competências pessoais “Ex” quisitos internacionais estabelecidos
reparos dos equipamentos “Ex”. pelo IECEx, em seus Documentos
Fazendo-se uma comparação com As pessoas devem ser certificadas Operacionais.
tecnologia preservando a vida
www.abendi.org.br
27
certificação
O representante da Abendi no Sub- pode, a critério da Abendi, substituir experiência de, no mínimo, três anos,
comitê SC IECEx BR do Cobei é tam- o requisito de treinamento. nos últimos cinco anos, em monta-
bém o representante do Brasil no Sub- Os treinamentos podem ser reali- gem elétrica e/ou automação em
comitê do IECEx para o sistema inter- zados pelo empregador ou por orga- áreas industriais. A comprovação de
nacional de certificação de competên- nismo de treinamento, que são ne- experiência pode, a critério da Aben-
cias pessoais. cessários para a obtenção dos conhe- di, substituir o requisito de treina-
Em princípio, o sistema de certifica- cimentos e habilidades requeridos mento.
ção da Abendi está sendo elaborado para a certificação pretendida pelos
para abranger as Unidades de Compe- candidatos. Exames de qualificação
tências Ex 001, Ex 003 e Ex 006. Experiências profissionais - Evidên-
cias documentadas das experiências Exames teóricos - Os exames teó-
Pré-requisitos para candidatos à profissionais devem ser confirmadas ricos devem abranger questões nas
qualificação e certificação pelo empregador e submetidas à quantidades mínimas descritas na
análise e aprovação da Abendi. O can- Tabela 3, que avaliem os conheci-
Os candidatos à certificação em didato deve apresentar evidência de mentos das atividades para atmos-
qualquer das Unidades de Compe-
tências Pessoais em Atmosferas Ex-
Tabela 2 – Tipos e quantidades de questões para a avaliação
plosivas devem atender aos pré-re-
de conhecimentos no exame teórico
quisitos relacionados ao grau de es-
colaridade, treinamentos e experiên-
cias profissionais indicados no referi-
do Documento Operacional.
Escolaridade - Os candidatos ao
processo de certificação de suas com-
petências pessoais “Ex” devem ter
concluído cursos específicos nas áreas
aplicáveis a instalações e equipamen-
tos “Ex”, tal como elétrica, eletrotéc-
nica, eletrônica, telecomunicações,
realizados em instituições reconheci-
das pelo Sistema Oficial de Ensino.
Treinamentos - Os candidatos ao
processo de certificação de suas com-
petências pessoais “Ex” devem pro-
videnciar e fornecer evidências docu-
mentadas, tais como certificados de
conclusão de treinamentos teóricos
e práticos. Estes treinamentos de-
vem ser baseados nas unidades de
competência para as quais a avalia-
ção e certificação são requeridas, de
acordo com as Unidades de Compe-
tências indicada no Documento Ope-
racional ABNT IECEx OD 504.
A comprovação de experiência de,
no mínimo, dois anos, nos últimos
cinco anos, em montagem elétrica e/
ou automação em áreas classificadas
28 revista abendi no 53
dezembro de 2012
feras explosivas. O tempo utilizado Habilitação para os exames de qua- ficação do SACP (Sistema Abendi de
pelo candidato para completar o exa- lificação: Para habilitarem-se a exa- Certificação de Pessoas) atesta que
me deve ser baseado no número de mes de qualificação, os candidatos os profissionais atenderam satisfa-
questões, sendo concedido cerca de devem apresentar ao Setor de Certi- toriamente a todos os requisitos da
1,5 minuto para cada questão. ficação uma solicitação acompanha- norma Abendi NA-017, baseada na
De acordo com requisitos interna- da de toda a documentação compro- ABNT IECEx OD 504; todavia, o SACP
cionais estabelecidos pelo IECEx, o batória requerida para demonstrar o não confere autoridade ou licença
número final de questões pode variar cumprimento dos pré-requisitos exi- para que os profissionais possam
em caso da solicitação de limitações gidos. Os candidatos que atenderem executar as atividades relacionadas
de escopo por parte do candidato. aos pré-requisitos exigidos devem com atmosferas explosivas indicadas
Exames práticos - Os candidatos ser habilitados para a realização dos em suas competências pessoais.
devem ter sido previamente apro- exames em um Centro de Exames de O empregador deve verificar a va-
vados nos exames teóricos para, Qualificação (CEQ) aprovado pelo lidade e o escopo da certificação e a
posteriormente, realizar os exames OPC. adequação desta às condições espe-
práticos. Os exames práticos devem Reexames: O candidato que não cíficas do trabalho. O empregador é
ser realizados por Centros de Exames obtiver a nota requerida nos exames o único responsável pela autorização
de Qualificação (CEQs) reconhecidos práticos pode refazer os exames até de trabalho dos profissionais certifi-
pela Abendi, conduzidos e supervi- duas vezes, desde que o reexame cados para atmosferas explosivas.
sionados através de examinador, que ocorra após 30 dias e não mais do Validade da certificação: A certifi-
realizará a pontuação do exame de que um ano depois do exame origi- cação dos profissionais tem um prazo
acordo com uma lista de verificação nal. A Abendi, a seu critério, pode de validade de 36 meses, a contar da
que contenha pontos de conferência. permitir um reexame antes do prazo, data de emissão do certificado.
Avaliação de conhecimentos teóri- caso o candidato receba um treina- Renovação do certificado: Antes
cos: De acordo com os requisitos es- mento adicional aceito pela Abendi. de completar o primeiro período de
tabelecidos internacionalmente pelo O candidato que não passar no exa- validade, a certificação pode ser re-
IECEx, os conhecimentos teóricos de- me teórico ou nos reexames práticos novada pela Abendi por um novo
vem consistir de duas partes (ques- deve se inscrever e realizar os exa- e igual período sempre que os pro-
tões de múltiplas escolhas e questões mes de acordo com os procedimen- fissionais apresentarem evidências
dissertativas): tos para novos candidatos. documentadas de atividades profis-
• A Prova A deve conter, no mínimo, Listas de verificação: As listas de sionais contínuas satisfatórias per-
a quantidade de questões de múlti- verificação devem ser encaminhadas tinentes ao escopo da certificação
plas escolhas indicadas na Tabela 2. aos solicitantes da qualificação, no das competências pessoais, sem in-
Todas as questões da Folha A devem caso de candidatos reprovados, para terrupção significativa, e sejam apro-
ser elaboradas com questões funda- facilitar o retreinamento destes. vados no exame teórico aplicável na
mentais. Estas questões devem ser certificação das competências pesso-
respondidas com 100 % de acerto. Certificação de Competências ais “Ex” pretendidas.
• A Prova B deve conter, no mínimo, a Pessoais “Ex” Se o critério para renovação não
quantidade de questões de múltiplas for atendido, os profissionais devem
escolhas indicadas na Tabela 2. Pelo Emissão do certificado: Baseada seguir as mesmas regras aplicáveis à
menos 80 % destas questões devem nos resultados dos exames de qua- recertificação.
ser respondidas corretamente. lificação, a Abendi, através do Setor Recertificação: Antes do término
• A Prova C deve conter, no mínimo, a de Certificação, emite um certificado do segundo período de validade, ou
quantidade de questões com respos- e uma carteira de identificação expli- pelo menos a cada seis anos, os pro-
tas dissertativas, incluindo questões citando o escopo das competências fissionais devem ser recertificados
contendo cálculos quando requerido, pessoais para atmosferas explosivas pela Abendi, por um período simi-
indicadas na Tabela 2. Pelo menos para as quais os profissionais estão lar de tempo, desde que atendam
80 % destas questões devem ser res- qualificados e certificados. aos critérios para renovação e sejam
pondidas corretamente. Responsabilidade técnica: A certi- aprovados nos exames teórico e práti-
30 revista abendi no 53
dezembro de 2012
cos aplicáveis na certificação das com- Competências Pessoais “Ex” do IE- pessoal, a data de validade do certifi-
petências pessoais “Ex” pretendidas. CEx (CoPC – Certificate of Personnel cado e as unidades de competências
Competencies) emitido por um Or- pessoais para as quais a certificação
Exemplo de certificado de compe- ganismo de Certificação de Pessoas foi obtida.
tências pessoais em atmosferas acreditados internacionalmente pelo Neste caso, a certificação foi con-
explosivas sistema. cedida para as Unidades de Com-
Neste certificado podem ser ve- petência Ex 001, Ex 002, Ex 003, Ex
Na Figura apresentada na página rificadas importantes informações, 004, Ex 006, Ex 007, Ex 008, Ex 009
anterior é mostrado um exemplo de tais como a indicação do nome da e Ex 010 do Documento Operacional
um certificado de Conformidade de pessoa, sua foto de identificação ABNT IECEx OD 504.
Luiz Mauro Alves é engenheiro mecânico, Especialista Nível 3 em END da Abendi e profissional Nível 3 em Emissão Acústica. Membro do Subcomitê SC
IECEx BR do Cobei e representante deste no Working Group PCC 001 do IECEx.
Roberval Bugarelli é consultor Técnico e Engenheiro sênior da Petrobras. Coordenador do Subcomitê SC-31 do Cobei - Equipamentos e Instalações em
Atmosferas Explosivas. Membro da Comissão Técnica sobre Atmosferas Explosivas do Inmetro. Membro do Subcomitê SC IECEx BR do Cobei. Representante do
Brasil no Technical Committee TC-31 - Equipment for Explosive Atmospheres da IEC – International Electrotechnical Commission.
A segunda edição da Conferência acreditação. O evento mostrou a impor- tunidade para intercâmbio de expe-
Internacional de Certificação de Pes- tância e os benefícios do processo de riências, apresentação de resultados
soas (International Personnel Certi- certificação de pessoas para indústrias, e planejamento de futuras ações. A
fication Conference – IPC, na sigla em profissionais e clientes. O IPC 2012 apre- programação do evento teve doze pa-
inglês) aconteceu de 14 a 16 de outu- sentou também o que é o Fórum Inter- lestras, que abordaram temas de acre-
bro, no Rio de Janeiro. O evento reu- nacional de Certificação (International ditação, com Randy Dougherty, chair-
niu representantes de empresas, do Accreditation Forum) e os Acordos Mul- man da IAF, e Giancarlo Colferai, chair-
governo e dos organismos de certifi- ti-laterais de Reconhecimento (Mul- man do IPC, e sobre certificação de
cação. A Conferência foi promovida tilateral Recognition Arrangements), pessoas, com Anni Koubek, diretor do
pela Abendi e pela International Per- respectivamente IAF e MLA, nas siglas IPC, e Alister Dalrymple, líder do pro-
sonnel Certification Association. em inglês, que representam um acor- jeto ISO/CASCO 17021. João Conte, dire-
O IPC 2012 trouxe informações so- do entre os organismos de acreditação retor executivo da Abendi, fez uma apre-
bre os mais recentes desenvolvimentos para reconhecimento mútuo. sentação sobre a área de ensaios não
mundiais no mercado de certificação e O evento foi também uma opor- destrutivos.
32 revista abendi no 53
dezembro de 2012
OTR
Cetre do Brasil, Pasa e Dimensional datos à certificação Níveis 1 e 2. critérios adotados pela Associação”,
são atualmente os organismos de trei- “Acabamos de passar pela rigoro- comenta Amilton Carvalhal, diretor
namentos reconhecidos (OTR) pela sa auditoria da Abendi para enqua- de aplicações da empresa, que busca-
Abendi. Esses provedores têm a mis- dramento da Cetre à nova norma do rá também o reconhecimento como
são de contribuir na preparação de Bureau de Certificação (DC 038/2012 OTR para novas tecnologias.
mão de obra especializada e qualifica- – Reconhecimento de Treinamento A Dimensional, que se tornou OTR
da para a área de ensaios não destru- para Qualificação em END e Inspeção). no início do ano, com o objetivo de
tivos e inspeção no país. Os auditores da Associação elogiaram promover cursos de líquido penetran-
Presentes em vários estados brasi- o excelente resultado encontrado em te, partículas magnéticas e ensaio vi-
leiros, os OTRs oferecem treinamen- nosso Sistema de Qualidade Cetre sual, atua no mercado há cinco anos
tos de qualificação Nível 1 e Nível 2, (SQC). Estamos felizes e orgulhosos e está localizada no Maranhão. Esse
como detecção de vazamentos, emis- desse resultado”, diz Waldomiro Fi- fato é de extrema importância, pois
são acústica, ensaio visual de solda, gueiredo, diretor da empresa. supre a demanda de treinamentos da
líquido penetrante, partículas magné- A Pasa, do grupo Mistras South região norte e nordeste do país, onde
ticas, ultrassom, ultrassom dupla la- America, procura disseminar técnicas a Abendi possui grandes empresas e
minação, ultrassom ME, entre outros. de inspeção avançadas. “Essa busca clientes.
Para a realização dos seus treina- nos proporciona adquirir conheci- “Para nós, ser uma OTR é o dife-
mentos, a Cetre busca atender às exi- mentos e, posteriormente, replicá-los rencial de qualidade. Dentre os be-
gências do Documento Complemen- às novas gerações de profissionais em nefícios desta parceria, destacamos o
tar DC-038, que estabelece a nova sis- END. O canal mais eficiente para essa constante aperfeiçoamento de nossos
temática de reconhecimento de pro- transmissão de conhecimento é feito instrutores”, ressalta Claudio de Mo-
vedores de treinamentos para candi- através dos OTRs, sob a orientação e raes, da Dimensional.
Alexandra Alves
U
m petróleo de alta qualidade e com maior valor de mer-
cado. Definido dessa forma pela Petrobras, o óleo retira-
do da camada pré-sal tem baixa acidez e pouco teor de
enxofre, ou seja, é considerado do tipo leve, um produto valioso
para o país. A propósito, o setor petrolífero, de forma geral, vem
revelando ao mundo um Brasil cada vez mais próximo da autos-
suficiência no segmento, um objetivo a ser alcançado em 2014.
Só para se ter uma ideia, as importações de petróleo nos dois
primeiros meses de 2012 foram 14,3% menores que no mesmo
34 revista abendi no 53
dezembro de 2012
bem, segundo avaliação da Agência De qualquer maneira, com dificul-
Instalada na Bacia de Santos, a Nacional do Petróleo, Gás Natural e dade ou não, a meta da Petrobras
plataforma semissubmersível SS-11 tem
estrutura moderna
Biocombustíveis (ANP). Afinal, nos úl- é incorporar reservas para manter a
timos dez anos, a produção de petró- sustentabilidade da produção. O Pla-
leo brasileiro deu um salto de 46,2% no de Negócios e Gestão 2012-2016
e hoje o país extrai 200 mil barris por apresenta investimentos gerais de U$
dia, com uma reserva de 15,7 bilhões 236,5 bilhões, sendo que, só para as
de barris de óleo equivalente (óleo e atividades de exploração, serão US$
gás natural). E no mar esse acréscimo 25,4 bilhões, com ênfase em novas
foi ainda maior, 55,4%. Atualmente, fronteiras, às margens Leste e Equa-
18 empresas estão autorizadas pelo torial do país, assim como consolidar
Governo a operar na camada pré-sal e delimitar as áreas do pré-sal e da
na fase exploratória e sete no perío- cessão onerosa*. Em termos práticos,
do de desenvolvimento ou produção. o número de plataformas marítimas,
Entretanto, desde a publicação da lei do tipo SS (semissubmersíveis) e
12.351 em 2010, somente a Petrobras FPSO (navio), passará de 45 para 81
pode operar nesse segmento. E tem até 2020, enquanto as unidades de
muita atividade pela frente, já que, produção do modelo jaqueta e TLWP
em mais da metade dos 168 poços (estruturas fixas) subirão de 79 para
do pré-sal pesquisados, 97 constata- 81 no mesmo período, totalizando
ram óleo ou gás. Ou seja, se hoje um 162 unidades de produção offshore.
a cada três barris de petróleo desco- Para responder a essa demanda de
berto no mundo é de origem brasilei- trabalho há a necessidade de mais
ra, com o incremento do pré-sal esse mão de obra, e é por isso que a es-
número deve subir logo. tatal tem planos de contratar mais
A essência do petróleo retirado 18 mil novos empregados até 2016,
dessa camada compensa todo o tra- para atender aos projetos gerais da
balho que dá para chegar até ele. De empresa. Vale ressaltar que a esta-
acordo com a avaliação da Área de tal tem mapeado algumas carreiras,
Exploração e Produção (E&P) da es- como Engenharias Química e Naval,
período de 2011. Em fevereiro, com- tatal, o termo pré-sal refere-se a um que, em razão da expansão do mer-
pramos a menor quantidade de bar- conjunto de rochas localizadas nas cado e moderado número de forman-
ris (seis milhões) em cinco anos, pois porções marinhas do litoral brasilei- dos, podem apresentar alguma indis-
as refinarias usaram mais petróleo ro, entre os estados de Santa Cata- ponibilidade no futuro. E não é pra
nacional e aumentaram a importa- rina e Espírito Santo, com potencial menos, se consideramos, especifica-
ção dos derivados, sobretudo da ga- para a geração e acúmulo de petró- mente, as fontes potenciais do pré-
solina, segundo dados do Ministério leo abaixo de uma camada de sal sal e poços descobertos recentemente:
de Minas e Energia (leia mais no box que, em certas áreas, como em águas • 2 de agosto - Petrobras compro-
página 39). Vale lembrar que o Brasil ultraprofundas da Bacia de Santos, va a existência de petróleo em águas
já foi autossuficiente em 2006, quan- atinge espessuras de até 2 mil me- profundas da Bacia do Ceará durante
do produzia e consumia volumes equi- tros. Essa camada não está distribu- a perfuração do poço 1-BRSA-1080-
valentes do mineral. ída de maneira uniforme. CES (1-CES-158). Conhecido informal-
Mas como anda, especificamente,
a exploração da camada pré-sal, a *Cessão Onerosa refere-se a um acordo no qual o Governo Federal autorizou, onerosamente, à Petrobras o direito de explorar e
bola da vez do setor? Anda muito produzir petróleo e gás natural em áreas não licitadas do pré-sal, até o limite de 5 bilhões de barris de óleo equivalente.
mente como Pecém, o poço está loca- da Bacia de Santos. Foram coletadas dos 5.800 fornecedores cadastrados
lizado a cerca de 76 km do município novas amostras de óleo até a profun- na Petrobras, 88% são daqui. Isso
de Paracuru, na costa do Estado do didade de 6.131m, que comprovaram sem contar os registros locais, cen-
Ceará, em profundidade de água de a boa qualidade do petróleo de cerca tralizados nos grandes órgãos ope-
2.129m. A profundidade atual do po- de 31º API. O poço comprovou, tam- racionais da empresa, totalizando
ço é de 4.410m e a perfuração pros- bém, que os reservatórios carbonáti- 22 mil fornecedores 100% nacionais.
seguirá até 5.500m. cos têm excelentes características de E o que é melhor: dados da Petro-
• 3 de agosto – É concluída a per- porosidade e permeabilidade. bras confirmam que a estatal tem
furação do terceiro poço na cessão • 21 de agosto – A estatal desco- encontrado ‘’excelente resposta do
onerosa. Denominado 1-BRSA-1045- bre petróleo de boa qualidade no mercado brasileiro supridor de bens
SPS (1-SPS-96), o poço está localiza- quarto poço perfurado na área da e serviços, inclusive em relação aos
do na área denominada Sul de Guará, Cessão Onerosa, no pré-sal da Bacia preços’’.
no pré-sal da Bacia de Santos. A des- de Santos. O novo poço, denominado Adilson Oliveira, professor do Ins-
coberta havia sido preliminarmente 3-BRSA-1053-RJS (3-RJS-699), infor- tituto de Economia da Universidade
anunciada em 11 de junho de 2012, malmente conhecido como Franco Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
quando o poço ainda estava sendo SW, está situado em profundidade coordenador de um estudo que ana-
perfurado. d´água de 2.024 metros, a cerca de lisou a competitividade e capacidade
• 13 de agosto – São divulgados os 210 km da cidade do Rio de Janeiro produtiva da cadeia de fornecedores
novos dados obtidos com a continua- e a 17 km a sul do poço descobridor do setor, acredita que a indústria bra-
ção da perfuração do poço 4-SPS-86B 2-ANP-1-RJS (Franco). sileira do petróleo deverá crescer a
(4-BRSA-971-SPS), que testa o pros- Acompanhar esse ritmo de desen- um ritmo superior a 7% ao ano nas
pecto de Carcará, no bloco BM-S-8 volvimento representa muito trabalho duas próximas décadas. ‘’Será o seg-
em águas ultraprofundas, no pré-sal ao parque industrial brasileiro, afinal, mento mais dinâmico da economia
36 revista abendi no 53
dezembro de 2012
brasileira nesse período, com capa-
cidade de gerar muitos empregos
de qualidade e forte movimento de
inovação tecnológica. A iniciativa pri-
vada tem papel fundamental nesse
cenário. A expansão da produção de
petróleo demandará pesados investi-
mentos do parque industrial brasilei-
ro sem, o qual, esse crescimento não
ocorrerá. A formação de quadros téc-
nicos para dar apoio ao programa
de investimentos da área é o grande
desafio que o Brasil tem pela frente’’,
explica.
Importação e Exportação
As importações de petróleo nos dois primeiros meses de
2012 foram 14,3% menores que no mesmo período de 2011.
Em fevereiro ocorreu a menor importação dos últimos cinco
anos (6 milhões de barris). O fato foi motivado pela maior
utilização do petróleo nacional nas refinarias e aumento da
importação dos derivados, gasolina principalmente. As im-
portações no primeiro bimestre de 2012 vieram da Nigéria
(54%), Arábia Saudita (19%), Austrália (9%), Argentina (8%)
e Argélia (8%), entre outros países. Já as exportações foram
principalmente para Estados Unidos (48%), Índia (21%), Chi-
na (12,5%), Chile (5%), Canadá (4%) e Países Baixos (4%). As
importações de gás natural diminuíram 4,6% se comparadas
ao 1º bimestre de 2011. Em fevereiro, houve um acréscimo de
28,6% na importação em relação a janeiro de 2012, motivado
O gerente-executivo do pré-sal da área de Exploração e
pelo aumento do consumo para despacho térmico. Em 2012,
Produção da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga, reafirmou a foi importada uma média de 47,97 milhões de m³/dia.
importância das descobertas no pré-sal durante partici- Fonte: MMA
pação na Rio Oil & Gas 2012
Dilhermando J. Finamore1
Anatoliy N. Matlakhov2 A influência de precipitados orgânicos e inorgânicos na correntes de
Luciana L. P. de Almeida3
corrosão em água produzida nos campos de petróleo off shore
Sinopse
Atualmente, os campos maduros de petróleo necessitam de injeção de água para balanço de massa, ou seja, o volume produzido
tem que ser compensado por um volume igual de água, caso contrário, a curva de produção cai vertiginosamente inviabilizando
a produção do campo. Por outro lado a água produzida juntamente com o petróleo para ser descartada no mar necessita de um
tratamento refinado para adequar o TOG (teor de óleo e graxa) máximo de 42 mg/L (CONAMA, 2009) (1) e o controle da tempera-
tura para atender à legislação ambiental. Em plataformas marítimas, a alternativa de reutilizar a água produzida no reservatório
ao invés de descartá-la no mar tem sido considerada uma boa opção tendo em vista as restrições ambientais cada vez mais rígi-
das. Esta alternativa, contudo, apresenta uma série de desafios tecnológicos tais como: incrustação, corrosão, geração de sólidos
orgânicos e inorgânicos e contaminação do campo produtor. Uma das vantagens de reuso da água produzida para injeção é que
não necessitaria de um tratamento tão minucioso, logo se economiza energia para captação de água do mar, produtos químicos
(bactericidas, desoxidantes) para tratamento. Outro ganho importante é que as plataformas marítimas não possuem espaço físico
para instalação de equipamentos para tratamento de grandes volumes de água, tendo como alternativa utilizar navios aliviad-
ores, transportando a água para tratamento em terra, que onera sobremaneira o custo da produção.
1. Introdução sempre, está associada ao óleo produzido. bilização do pessoal técnico envol-vido
Um reservatório de petróleo (Figura Diversos fatores devem ser levados em resultam prioritariamente da necessidade
1) durante sua exploração passa por três conta para se estabelecer e manter um de se adaptar as exigências legais.
fases distintas em relação à produção: gerenciamento cuidadoso deste efluente, O atendimento às exigências legais,
crescimento, estabilização e declínio. Du- entre eles, o volume de água produzido, geralmente resulta para as empresas em
rante este período a curva de produção que é sempre crescente em virtude da reconhecimento dos consumidores e da
de água tem um comportamento distinto maturação das jazidas e da utilização de sociedade como um todo na responsabili-
em cada fase. Na primeira e segunda processos de recuperação secundários, dade no trato das questões ambientais,
a produção de óleo cresce e a água se o conteúdo salino, a presença de óleo além da minimização dos custos opera-
mantém, na última há uma queda na residual e de produtos químicos. cionais e dos passivos ambientais.
produção de óleo e um crescimento expo- Na indústria do petróleo vários seg- A Água Produzida contém geralmente
nencial na produção de água. Na média mentos podem agredir ao meio ambiente; alta salinidade, partículas de óleo em sus-
um campo a partir de dez anos de pro- no segmento representado pela extração pensão, produtos químicos adicionados
dução, passará a produzir mais água do do petróleo, o poluente mais relevante, nos diversos processos de produção, me-
que óleo. particularmente pelo volume envolvido, é tais pesados e por vezes alguma radioa-
O presente trabalho visa estudar, qua- a água produzida juntamente com o óleo. tividade. Isto a torna um poluente de difícil
lificar e quantificar os contaminantes orgâ- Atualmente, tendo em vista os aspec- descarte agravando-se pelo expressivo
nicos e inorgânicos presentes na água pro- tos legais e econômicos pertinentes, o volume envolvido. O descarte inadequado
duzida e a influência dos mesmos na cor- melhor método indicado para a disposi- de efluentes implica em efeitos nocivos ao
rosividade e consequentemente na gera- ção da Água Produzida é a injeção no meio ambiente, na repercussão negativa
ção de resíduos sólidos que são maléficos reservatório. A injeção pode ser simples- indesejada, penalidades diversas e um cus-
ao reservatório e dificulta o controle da mente um processo de disposição ou to elevado com ações corretivas e mitiga-
corrosão do sistema. parte de um projeto de recuperação se- doras.
cundária.
1
Mestrando, Engenheira e
Ciências dos Materiais –
2. Água produzida na extração do O meio ambiente tem sido cotidiana- 3- Material utilizado para escoamento de
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO petróleo mente agredido por atividades antrópicas. água produzida
NORTE FLUMINENSE. O principal resíduo ligado à atividade de A busca pela melhoria na qualidade dos Os materiais especificados para as linhas
2
PHD, Engenharia Metalurgia
e Materiais – Universidade Es- extração do petróleo é a água que, quase processos, materiais, técnicas e a sensi- e equipamentos à jusante do processo
tadual do Norte Fluminense
3
Doutoranda, Engenharia
e Ciências dos Materiais – Copyright 2011, ABENDI, ABRACO e IBP.
Universidade Estadual do Norte Trabalho apresentado durante a 11ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos. As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilida-
Fluminense de do(s) autor(es).
40 revista abendi no 53
dezembro de 2012
é o aço carbono API 5L GR-B similar ao
ASTM A 53 (5) com revestimento interno.
A percentagem em massa dos elementos
químicos pode ser vista na tabela 1 ao
lado.
O aço API 5L GR-B (4) é o material mais
empregado em tubulações na indústria de
petróleo e gás, devido à boa tenacidade,
uma excelente soldabilidade e a facilidade
na reposição de sobressalentes já que so-
mos um dos maiores e melhores produ-
tores de aço do mundo.
As características da água produzida
(Figura 2) que a tornam altamente corro- Figura 1. Perfil de um reservatório de petróleo
siva ao aço carbono são: pH ácido (< 7,0)
devido à presença de CO2 dissolvido na
AP, operar em alta temperatura (a taxa
de corrosão do aço carbono dobra a cada
incremento de 20ºC), presença de H2S Tabela 1. Composição química do material API 5L GR-B
na AP, presença de bactérias redutoras
de sulfato (cedo ou tarde), presença de
O2 dissolvido e presença de produtos
químicos com caráter ácido.
3. Materiais e métodos
3.1 Materiais
A) Célula de corrosão
A Figura 3 mostra a célula de corrosão,
localizada no laboratório de fluidos do
LENEP UENF, com os principais compo-
nentes operacionais. A célula é dotada de
bomba centrífuga, controladores de vazão
e temperatura e locais para instalação
dos sensores e cupons de corrosão (2). A
capacidade é de 7,6 litros e temperatura
máxima de operação de 80 °C. A mesma
foi adaptada para os ensaios utilizando
água como fluido principal, operando em
circuito fechado. Periodicamente foi reali-
zada limpeza em todo sistema a fim de
evitar acúmulo de produtos de corrosão.
A célula de corrosão também é dotada de
ponto de amostragem onde foram coleta-
das amostras para medidas de pH, oxi-
gênio, condutividade e análises de ferro
total e solúvel.
B) Cupom de corrosão
A Figura 4 mostra o tipo de cupom
usado na célula de corrosão. A cada en-
saio foram instalados três cupons, confor-
me ilustra a Figura 5. Os mesmos foram
pesados em balança de precisão de qua-
tro casas decimais, identificados e poste-
riormente instalados no suporte do aloja- Figura 2. Características da água produzida
dor para execução dos testes de corro-
sividade.
C) Sensores de corrosão
Para a realização do teste, utilizaram-se
as sondas corrosimétricas de resistência
elétrica (ER), de resistência à polarização
linear (LPR) e de par galvânico (Figura 6)
instaladas na célula, localizada à jusante
da bomba. A medição e aquisição dos da-
dos foram realizadas de forma automati-
zada, empregando-se estações de aqui-
sição, programadas para realizar medidas
a cada 5 minutos. Os dados armazenados
na memória da estação foram descarrega-
dos para o instrumento manual portátil e,
deste, para um computador através de
um software.
Figura 3. Célula de corrosão As sondas de resistência elétrica (ER)
1- Controlador de rotação da bomba centrífuga medem a taxa de corrosão com base no
2- Indicador de velocidade aumento da resistência elétrica durante
3- Controlador / indicador de temperatura um período, para um elemento metálico
4- Sonda galvânica exposto a um meio corrosivo (3). O au-
5- Sonda de resistência elétrica mento na resistência elétrica é ocasionado
6- Alojador dos cupons de corrosão pela redução da área da seção transversal
7- Reservatório da célula de corrosão do elemento exposto (condutor elétrico)
8- Aquecedores devido à corrosão. O aumento na resis-
9- Estações de aquisição de dados dos sensores de corrosão tência elétrica é proporcional à corrosão
acumulada para o período de exposição.
As sondas ER podem fornecer a corrosão
de períodos em períodos ou a perda de
metal do elemento sensor devido à cor-
rosão.
A sonda de LPR é dependente da trans-
ferência de corrente elétrica de um ele-
trodo para outro, e mede as mudanças
Figura 4. Cupom de corrosão
no potencial eletroquímico. Isto somen-
te pode ser alcançado se o metal (ele-
trodos de metal) estiver submerso em
um eletrólito. Os íons tornam este líqui-
do ou meio eletricamente condutor. Isto
significa que uma sonda LPR pode prima-
riamente ser usada em sistemas aquosos.
Elas podem também ser usadas em linhas
de óleo e gás contendo água (quantidade
substancial). As sondas LPR fornecem a
corrosão instantânea.
A sonda galvânica foi projetada para
medir variações na corrente galvânica,
fluindo entre dois eletrodos (refletindo
variações nos níveis de oxigênio ou outro
elemento que potencialize o eletrólito em
um liquido fluindo). As leituras de uma
sonda galvânica mostrarão um valor baixo
e estável das correntes galvânicas enquan-
to a condutividade for baixa. Esta corrente
galvânica é dada em mA. Ingresso de um
contaminante no sistema será indicado
como um forte aumento na corrente gal-
Figura 5. Cupons instalados Figura 6. Sensores de corrosão
vânica, e no gráfico será mostrado como
no suporte do alojador ER, LPR e Galvânico
um pico nas leituras, até que o nível caia
42 revista abendi no 53
dezembro de 2012
novamente. Tal redução no nível de con- 01 Litro para filtragem a vácuo (Filtro no resíduo revelou basicamente além do
taminação pode ser resultado de uma 45 µm) para análise qualitativa dos con- oxigênio, cloreto de sódio e ferro, porém
injeção de seqüestrante de oxigênio, al- taminantes por MEV em baixas concentrações e distribuído
gum produto altamente reativo ao conta- D) Análises durante o experimento uniformemente na superfície do filtro
minante como o ferro. As sondas galvâ- • Durante a etapa experimental anotar conforme pode ser visto nas figuras 8.
nicas monitoram qualitativamente a entra- de hora em hora as seguintes varáveis: B) Água salgada sintética
da de oxigênio ou outro contaminante no Temperatura Os resultados dos sensores revela-ram
sistema. Vazão (figura 9) que os dados da sonda ER curva
D) Os tipos de água que serão objetos Pressão em verde, apresentou uma taxa de corro-
do presente estudo são: E) Realizar as seguintes análises pela são média severa, principalmente durante
• Água filtrada tipo III manhã (após circular a água durante 15 com o sistema, em funcionamento, de-
• Água salgada sintética minutos), ao meio dia e a tarde antes de monstrando a grande capacidade corro-
• Água produzida in natura com con- desligar o sistema: siva do cloreto de sódio associado ao oxi-
taminantes orgânicos e inorgânicos pH gênio.
• Água produzida in natura processada Condutividade elétrica A sonda LPR curva em vermelho, apre-
para remoção dos contaminantes orgânicos Oxigênio dissolvido sentou variações significativas na taxa de
E) Duração dos ensaios E) Análises após o experimento corrosão, porém sofreu uma tendência de
Os ensaios tiveram uma duração de 40 • Após drenar da célula o inventário estabilização com o tempo, a estabilização
horas. experimental, fazer as seguintes amostra- pode ser explicada pelo óxido de ferro
gens: presente na água.
3.2 Metodologia experimental 01 frasco de 100 ml para análise quí- A sonda galvânica curva em azul, tam-
O procedimento para execução dos tes- mica bém não sofreu alterações significativas,
tes está descrito sequencialmente a seguir: 01 frasco de 0,5 litro para análise de ph, apesar de haver entrada de oxigênio na
A) Limpeza da célula condutividade e oxigênio partida do sistema o sensor não foi capaz
• Antes de iniciar qualquer experimen- 02 frascos de 100 ml para análise de de detectar muito provavelmente por pre-
to, fazer a limpeza da célula com uso ferro total e solúvel ferencialmente oxidar o ferro do cupom
de ácido, a fim de remover todo conta- 01 Litro para filtragem a vácuo (Filtro ao invés de ficar dissolvido na água.
minante (orgânico e inorgânico) existente 45 µm) para análise qualitativa dos A análise por microscopia eletrônica
no interior das tubulações, deixar contaminantes por MEV de varredura (MEV) no resíduo revelou
circulando por 30 minutos; • Ao término de cada etapa expe- uma quantidade maior de elementos con-
• Desmontar as tubulações da célula e rimental, realizar as seguintes análises: taminantes, além do oxigênio, cloreto de
remover os resíduos com uso de escova Retirar e embalar em plástico com sódio, ferro e silício ver figura 10. Como
especifica e água corrente; inibidor de corrosão volátil os cupons esta água foi preparada com um teor de
• Montar as tubulações novamente na usados e enviar para decapagem e cloreto de sódio de 35.000 mg/L, para
célula; pesagem final. aproximar a quantidade média de sal exis-
• Circular água tipo filtrada durante 1 tente na água produzida, logo na análise
hora, para remoção de resíduos ácidos; 4. Resultados obtidos e discussão nota-se uma predominância do cloreto de
• Remover todo o inventário de água; A) Água Filtrada tipo III sódio em relação aos demais elementos.
• Circular no mínimo 04 inventários Os resultados dos sensores revelaram A presença de silício pode ser de origem
de água filtrada para remoção de todo (figura 7) que os dados da sonda ER curva do próprio sal ou da água captada no
resíduo ácido do sistema. em verde, apresentou uma taxa de corro- laboratório.
B) Instalação dos sensores são média baixa, tendo algumas variações C) Água produzida in natura com conta-
• Remover os sensores velhos utilizados moderadas durante a partida do sistema, minantes orgânicos e inorgânicos
durante a limpeza; caracterizado pela entrada de oxigênio. Os resultados dos sensores revelaram
• Instalar os sensores novos (ER, LPR e A sonda LPR curva em vermelho, não (figura 11) que os dados da sonda ER
Galvânico); sofreu alterações significativas, por se curva em verde, apresentou uma taxa
• Conferir se os sensores estão ope- tratar de água filtrada não tem uma condu- de corrosão alta ao iniciar os testes,
racionais tividade alta para influenciar na polariza- porém com o passar do tempo esta taxa
C) Abastecimento da célula ção dos eletrodos. estabilizou e começou a cair; esta variação
• Antes de abastecer a célula com o A sonda galvânica curva em azul, tam- se deveu às características dos elementos
inventário experimental, fazer as seguin- bém não sofreu alterações significativas, incrustantes presentes neste tipo de água
tes amostragens: apesar de haver entrada de oxigênio na principalmente o cálcio, à presença de ele-
01 frasco de 100 ml para análise partida do sistema, o sensor não foi ca- mentos orgânicos provenientes do óleo
química paz de detectar muito provavelmente por também possuem efeito protetor já que
01 frasco de 0,5 litro para análise de ph, preferencialmente oxidar o ferro do cu- cria uma barreira aderente ao sensor.
condutividade e oxigênio pom. A sonda LPR curva em vermelho,
02 frascos de 100 ml para análise de A análise por microscopia eletrônica de apresentou variações significativas na
ferro total e solúvel varredura (MEV) com aumento de 500 X taxa de corrosão também no início bem
tecnologia preservando a vida
www.abendi.org.br
43
artigo
técnico
44 revista abendi no 53
dezembro de 2012
se todo o contaminante orgânico foi re-
movido juntamente como o solvente no
processo de extração.
4. Conclusões
Durante os testes ficou evidenciado
que os contaminantes precipitados na
água produzida, apesar de isoladamente
apresentarem alta corrosividade, quando
combinados no processo tendem a dimi-
uir a taxa de corrosão média como pode
ser verificado nas figuras 11 e 13.
Os sensores de corrosão para acompa-
nharem este sistema, terão que passar
Figura 11. Gráfico dos sensores de corrosão água produzida in natura com contaminantes
sempre por uma limpeza visto que os
orgânicos e inorgânicos
contaminantes orgânicos provenientes do
óleo e os inorgânicos provenientes da
água criam uma barreira que impedem o
contato do eletrólito com os sensores,
comparando os gráficos da figura 09 com
a figura 13 isto fica notável.
Figura 13: Gráfico dos sensores de corrosão água produzida in natura processada para
remoção dos contaminantes orgânicos
Aldo Antenhofen1
Márcio Ribeiro Antunes2 Avaliação da tenacidade à fratura de um aço de alta resistência na
Marlon Brandi Corrêa3
Russel Lysyk4
Charles Kuhn5
presença de proteção catódica em água do mar sintética
Telmo Roberto
Strohaecker6
Carlos Eduardo Fortis
Kwietniewski7 Sinopse
Aços de alta resistência solicitados mecanicamente e sujeitos às atmosferas gasosas contendo hidrogênio ou soluções aquosas
onde este gás é produzido a partir de reações eletroquímicas como, por exemplo, em processos de proteção catódica por corrente
impressa, podem ter sua tenacidade à fratura diminuída com a absorção de hidrogênio, também denominado fragilização por
hidrogênio. Este trabalho investigou o comportamento de um aço AISI 4340 em solução de água do mar sintética sob proteção
catódica, para tal investigação foi aplicada metodologia inserida na mecânica da fratura onde foram avaliadas amostras pré-
trincadas pelo processo de fadiga, para neste caso, abordar a fratura assistida pelo meio ambiente. Ensaios com a técnica de Step
Loading por carga prescrita para a determinação do limiar do fator intensidade de tensões do trincamento assistido pelo meio
foram realizados em corpos de prova divididos em dois grupos principais: corpos de provas ao ar e corpos de prova hidrogenados
onde os hidrogenados foram submetidos à proteção catódica durante o teste. Os corpos de prova hidrogenados foram submeti-
dos à proteção catódica por corrente impressa em dois potenciais diferentes -1050 mVecs e -800 mVecs. Como resultados foram
obtidos valores de KIEAC (o limiar do fator intensidade de tensões para o trincamento assistido pelo meio) em concordância com
os potenciais catódicos aplicados. Os resultados mostraram uma significativa susceptibilidade à fragilização por hidrogênio nas
condições ensaiadas para ambos os potenciais.
1. Introdução meio ambiente (EAC-Environment Assisted Em serviço, a fratura assistida pelo hi-
Fratura assistida pelo ambiente é um Cracking) engloba qualquer fenômeno de drogênio pode estar associada a ambi-
processo reconhecidamente importante interação do ambiente com uma peça entes corrosivos ou, mais classicamente,
quando associado a materiais de alta solicitada mecanicamente. Assim, efeitos ocorre sob exposição ao hidrogênio gaso-
resistência. É um processo complexo, mul- de corrosão sob tensão, fragilidade por so, ou devido à possibilidade de hidro-
ti-etapas, tempo dependente, em que hidrogênio, fragilidade por metal líqui- genação associada à proteção catódica.
materiais apresentam susceptibilidade à do, são analisados todos pela mesma Todas essas condições são facilmente en-
fratura devido à ação conjugada de esfor- metodologia, acompanhando os seus contradas na prática.
ços mecânicos (internos ao material ou efeitos sobre ensaios de laboratório, com Deste modo o objetivo do trabalho e
aplicados externamente) e de meios agres- a grande vantagem de poder-se utilizar os avaliar a tenacidade à fratura de um aço
sivos que, isoladamente, poderiam não resultados diretamente em projetos ou, de alta resistência (AISI 4340) exposto a
implicar em falha do componente (1). pelo menos, para estabelecer programas água do mar sintética em dois potenciais
A ocorrência do fenômeno de trinca- de inspeções altamente confiáveis. de proteção catódica comumente utiliza-
mento assistido pelo meio ambiente pare- O efeito do hidrogênio em materiais dos de modo a obter parâmetros de pro-
ce estar associada às condições eletroquí- de alta resistência tem sido amplamente jeto de estruturas offshore.
micas ou diretamente à ação de elemen- estudado, sendo que se conhece razoa-
tos deletérios, principalmente o hidro- velmente o processo de fragilização pelo 2. Existência de um valor limite assistida
gênio. hidrogênio, embora permaneçam algu- pelo ambiente (KIEAC)
Considerando que a existência de de- mas dúvidas quanto ao processo em es- Um dos pontos que tem merecido
feitos é praticamente inevitável em obras cala atômica (2). Esta é uma área em que grande atenção é a existência de um valor
de engenharia fica evidente a importância as técnicas da mecânica da fratura têm limite do fator intensidade de tensões
da avaliação da resistência dos materiais à mostrado um êxito considerável. aplicado (KIEAC), abaixo do qual não ocorre
propagação de trincas nos meios em que Conforme Thompson (3) o termo fra- propagação de trinca. Alguns modelos já
1
Engenheiro Metalúrgico, virão a ser utilizados. tura assistida pelo hidrogênio parece ser foram formulados para explicar este fato.
LAMEF / PPGEM – UFRGS
2
Mestre Engenheiro Mecânico – A extensiva aplicação da mecânica da mais apropriado do que fragilização por hi- Troiano e colaboradores (4), (5) ainda
LAMEF/PPGEM - UFRGS fratura aos problemas de fratura estática drogênio porque inclui não apenas o fato no final da década de 50, contribuíram de
3
Mestre Engenheiro Metalúrgico
- LAMEF / PPGEM – UFRGS
fez com que, naturalmente, esta viesse de que a fratura geralmente ocorre a me- forma significativa para a compreensão
4
Mestre Engenheiro Metalúrgico a ser estendida aos casos em que há nores níveis de tensões ou deformações do fenômeno de fratura assistida pelo
-LAMEF / PPGEM – UFRGS propagação subcrítica de trinca, como quando o hidrogênio está presente, mas hidrogênio. Os autores utilizaram corpos
5
Engenheiro Mecânico- LAMEF /
PPGEM – UFRGS
no caso da fratura assistida pelo meio também pela possibilidade de que a fra- de prova entalhados de vários materiais na
6
Doutor -Engenheiro Metalúrgi- ambiente. O termo fratura assistida pelo tura não seja necessariamente frágil. condição de previamente hidrogenados,
co, professor do Departamento
de Metalurgia da UFRGS
7
Doutor -Engenheiro Metalúrgi-
co, professor do Departamento Copyright 2011, ABENDI, ABRACO e IBP.
de Metalurgia da UFRGS Trabalho apresentado durante a 11ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos. As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilida-
de do(s) autor(es).
46 revista abendi no 53
dezembro de 2012
chegando as seguintes constatações:
• A carga suportada pelos corpos de
prova entalhados diminuía com o nível
de hidrogenação a que era submetido o
material.
• Havia uma carga mínima (valor crítico
de carga) abaixo do qual a fratura não vi-
nha a ocorrer.
• A medida que fosse utilizado um en-
talhe mais agudo a carga suportada pelo
corpo de prova era menor.
Figura 1. Corpo de prova usinado por eletroerosão
• Um recozimento a baixa temperatura
(150°C) por 24 horas, a fim de possibilitar
a saída do hidrogênio, propiciava a recu- Tabela 1. Grade de ensaio
peração da resistência à fratura do ma-
terial.
• A nucleação de trincas ocorria de
forma sub-superficial tendo sido verifi-
cado que, quanto menos agudo o entalhe
utilizado, mais para o interior do material,
onde estas eram formadas.
Estes fatos levaram Troiano et al (4),(5)
a sugerirem que a formação de trincas e
sua propagação era controlada por uma
combinação entre a concentração de hidro-
gênio no material e a tensão aplicada. fratura assistida pelo hidrogênio (8). cadas em AISI 4340. Para as análises da
Os resultados obtidos por Troiano com Nair e colaboradores (9) fazem referên- mecânica da fratura foi empregado o cor-
corpos de prova entalhados incentivaram cia a trabalhos que tentam provar que a po de prova disk-shaped, que foram di-
Brown (6), (7) a utilizar a metodologia da elevação de tensões hidrostáticas é uma mensionados de acordo com a Norma
mecânica da fratura, com corpos de prova condição necessária para a fratura as- ma ASTM E1820-99ª (10) conforme
pré-fissurados que oferecem resultados sistida pelo hidrogênio. Para verificar a im- apresentado na figura 1. Este corpo de
que podem ser utilizados diretamente em portância do hidrogênio comparativa- prova apresenta facilidades quanto a usi-
projetos. De qualquer maneira, ainda ho- mente ao mecanismo de dissolução ele- nagem, pois mantém o diâmetro da amos-
je é recomendado o uso de corpos de troquímica em estudos de corrosão sob tra inalterado bastando, então, realizar a
prova entalhados, principalmente para in- tensão, foram testados corpos de prova furação, o entalhe e o encaixe para o Clip
vestigar as interfaces preferenciais para a sob modo I de carregamento (tração pura, Gage por usinagem. A usinagem foi reali-
nucleação de trincas. presença do efeito hidrostático de ten- zada pelo processo de eletroerosão. Os
Os modelos propostos para explicar a sões) e sob o modo I I I (torção pura, au- ensaios foram divididos em dois grupos:
existência do valor limite de propagação sência do efeito hidrostático de tensões). ao ar e hidrogenados submetidos à prote-
de trinca no fenômeno de fratura assistida A constatação de ocorrência de propaga- ção catódica durante o teste. Os hidro-
pelo hidrogênio sugerem que a iniciação ção de trinca apenas para o modo I de car- genados foram submetidos à proteção
do trincamento ocorre quando a tensão regamento é tido como uma evidência da catódica por corrente impressa em dois
máxima local exceder a tensão coesiva importância da triaxialidade de tensões potenciais diferentes -1050mV ecs e
de interfaces enfraquecidas pela ação do na fratura assistida pelo meio ambiente -800mV ecs. Na tabela 1 tem-se a grade
hidrogênio. Os modelos postulam que há na presença de hidrogênio. de ensaios.
um efeito sinérgico da concentração de Por esta linha de raciocínio, o marcante 3.1 Análise química
hidrogênio e o nível de tensões alcançado. aumento da susceptibilidade à ação do Para a análise química utilizou-se um
Uma constatação é definitiva: a concen- hidrogênio com o aumento do limite de espectrômetro de emissão ótica modelo
tração de hidrogênio é maior exatamente escoamento de ligas metálicas está asso- Spectrolab tipo LAVFA18B, da Spectro.
na região de maior triaxialidade à frente ciado ao aumento da tensão principal e O aparelho é calibrado com padrões da
do entalhe. Em outras palavras, justamen- ao aumento da triaxialidade de tensões Spectro de acordo com a norma DIN ISO
te na região em que o campo de tensões decorrente. Para um dado nível de ativida- 10012.1.
atinge o seu valor máximo haverá maior de de hidrogênio associado a um meio, o 3.2 Ensaio de dureza
concentração de hidrogênio. aumento da triaxialidade de tensões reduz Os ensaios de dureza foram realizados
Isto explica a ênfase dada na utilização o valor da tensão de fratura requerida pa- utilizando-se uma carga de 150 Kg onde
de corpos de prova entalhados ou pré- ra a propagação da trinca. se traçou um perfil de dureza Rockwell C
fissurados. É quase uma unanimidade en- ao longo da amostra. Foi utilizado equi-
tre os pesquisadores que o campo de 3. Metodologia pamento de medida calibrado de acor-
tensões hidrostático à ponta de uma trinca Para a usinagem e confecção dos cor- do com a NBR ISO/IEC17025. Foi traçado
é o componente mais importante, sendo pos de prova o material encontrava-se um perfil de dureza com distâncias apro-
o parâmetro, que governa o processo de na forma de amostras de parafusos fabri- ximadas de 1/16 polegadas entre en-
48 revista abendi no 53
dezembro de 2012
O passo de carregamento foi de 12 Tabela 2. Composição Química (média de quatro medidas)
horas. O primeiro corpo de prova foi car-
regado de modo que a cada 12 horas
variasse o K em uma unidade até a fra-
tura. De posse do KIEAC deste primeiro
corpo de prova os posteriores a este fo-
ram carregados de modo que a variação
do K fosse de 2 unidades até o valor
de 80% do estimado para o material e,
posteriormente a isto, carregados nova- Tabela 3. Resultados dos ensaios de K ao AR e KIEA
mente de modo a variar o K em uma
unidade até a fratura do corpo de prova.
Após a fratura foi realizada a medição do
tamanho de trinca efetivo e recalculado o
valor exato de KIEAC. A figura 3 apresenta
o equipamento desenvolvido para a rea-
lização dos ensaios.
3.5 Determinação do tamanho de trinca
Inicialmente estimava-se o tamanho da
trinca a como sendo 16,48 mm já que du-
rante a abertura da trinca de fadiga consi-
derava-se que a/W=0,5. Assim terminado
o ensaio e de posse da fratura do corpo
de prova se mediu com o paquímetro o
tamanho efetivo da trinca. Os resultados
encontram-se na tabela 3.
3.6 Análise fractográfica
Para análise de fratura dos corpos de
provas foram realizados ensaios fracto-
gráficos. As fractografias dos corpos de
prova foram realizadas em microscópio
eletrônico de varredura, com o objetivo de
visualizar o comportamento do material
ensaiado ao ar e em ambiente fragilizante,
sendo o foco principal a observação do
micromecanismo de propagação instável
de trinca na região imediatamente após a Figura 5. Micrografia do parafuso – Sentido longitudinal com aumento de 500 X
pré-trinca de fadiga, região esta de maior
nível de tensões (estado triaxial) e conse-
qüente maior concentração de hidrogênio 4.3 Metalografia em Step Loading e os ensaios realizados
no caso do ambiente fragilizante. Os cor- A microestrutura do material do pa- ao ar foi denominado então um Kmáx aparente
pos de prova foram analisados nas mes- rafuso é a martensita revenida como po- como resultado do ensaio realizado ao ar.
mas regiões definidas em análise macros- de ser observado nas metalografias abai- Resultado este apresentado na Tabela 3.
cópica, estas regiões foram: xo, indicando que o material sofreu en- 4.5 Resultados de KIEAC (ver tabela 3)
• Região de interface pré-trinca de durecimeto por têmpera e posterior tra- 4.6 Análise fractográfica
fadiga e propagação instável; tamento de revenimento até a dureza Na amostra ensaiada ao ar, figura 6 ob-
• Região de propagação instável de trinca; desejada. serva-se que após a trinca de fadiga o
4.4 Ensaio de K ao ar material rompe de maneira predominan-
4. Resultados e discussão Os valores obtidos no ensaio ao ar e temente dúctil, isto pode ser avaliado
4.1 Composição química calculado com a metodologia descrita pa- pela presença predominante de microca-
Para os resultados de análise química ra a determinação de KIC não podem ser vidades (dimples), demonstrando a carac-
foram uma média de quatro análises e utilizados como dados para projeto, já terística dúctil do material na condição de
estão apresentados na tabela 2 que para a espessura de material testada não fragilizado por proteção catódica.
4.2 Ensaio de dureza o corpo de prova apresentou deformação Já para as amostra obtidas de corpos de
Os resultados de dureza foram plotados maior do que a máxima permitida para a prova fraturados durante o ensaio de Step
em um gráfico como pode ser observado validade de KIC. A abordagem ideal neste Loading na condição de proteção catódica
na Figura 4 O material apresentou homo- caso seria a da mecânica da fratura elasto- (-1050 mVECS), e (-800 mV ECS) observa-se
geneidade de dureza ao longo do perfil plástica com a obtenção dos valores de nas figuras 7 e figura 8 um mecanismo
ficando esta em aproximadamente 39/40 CTOD ou integral J. Para a praticidade e de fratura predominantemente frágil por
HRC. possibilidade de comparação dos ensaios fratura intergranular.
5. Conclusões
• O material analisado apresen-a dure-
za e composição química homogêneas e
adequadas ao uso offshore tendo como
base as amostras analisadas;
• No ensaio ao ar (tenacidade à fra-
tura ao ar) o valor obtido não pode ser
utilizado como dado de projeto direta-
mente no regime linear elástico, visto
que a deformação foi excessiva para a
abordagem de KIC. O valor obtido neste
teste foi meramente com o objetivo de
Figura 6. Interface do material - aumento de 400X, região da pré-trinca de comparação com os ensaios em step
fadiga à esquerda, propagação dúctil à direita com presença de dimples loading.
• Para o aço estudado a utilização
de potenciais menos agressivos, na or-
dem de -800 mVECS, apresentam perda
significativa em sua tenacidade, inclusive
sendo esta redução da mesma magnitude
de quando aplicado o potencial de
-1050 mVECS, ficando assim evidenciado
que mesmo quantidades menores de
hidrogênio são altamente deletérias às
propriedades de tenacidade do material.
• O equipamento desenvolvido inter-
namente para os ensaios de step loading
foi validado com sucesso, apresentando
valores similares aos valores obtidos em
Figura 7. Região de propagação instável da trinca, aumento de 1000X, mecanismo de fratura MTS.
frágil intergranular predominante. - Corpo de prova com proteção catódica (-1050 mVECS) • De acordo com as fractografias, o
material ensaiado na condição ao ar apre-
senta mecanismo de fratura essencial-
mente dúctil (coalescência de microcavi-
dades) fato claro pela alta tenacidade a
fratura medida, já na condição em que o
material foi exposto a proteção catódica,
em ambos os potenciais, o mecanismo
de fratura foi frágil inclusive com fratura
intregranular evidenciando assim o cará-
ter fragilizante do meio.
Referências
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(2) Sandoz G. “A Unified Theory For Some Effects of Hydrogen Source, Alloying Elements, and Potencial on Crack Growth in Martensitic AISI 4340 Steel”
Metallurgical Transactions Vol.2 1972.
(3) Thompson, A. W. “Hydrogen-Assisted Fracture at Notches”, Material Science and Technology, vol. 1, nº 9, pp 711-718, 1985.
(4) Troiano, A. R., “The Role of Hydrogen and Other Interstitials in the Mechanical Behavior of Metals”, Transcriptions of ASM, vol. 52, pp 54-80, 1960.
(5) Johnson, H. H., Morlet, J. G. e Troiano, A. R., “Hydrogen Crack Initiation and Delayed Failure in Steel”, Trans. Met. Soc. Of AIME, v.212, pp. 526-541,
1958.
(6) Brown, B. A., “A New Stress-Corrosion Cracking Test for High-Strength Alloys”, Materials Research and Standards, vol. 6, nº 3, pp. 129-135, 1966.
(7) Brown, B. A. e Beachen, C. D., “A Study of the Stress Factor in Corrosion Cracking by Use of the Pre-Cracked Cantilever Beam Specimen”. , Corrosion
Science, vol. 5, pp 745-750, 1965.
(8) Gerberich, W.W., Chen, Y. T. e John, C. St., “ A Short-Time Diffusion Correlation for Hydrogen-Induced Crack Growth Kinetics”, Metallurgical
Transactions, vol. 6A, pp. 1485-1498, 1975.
(9) Nair, S. V., Tien, J. K, e Bates, R. C., “On the Criteria for Hydrogen Assisted Fracture at the Threshold Stress Intensity”, Metallurgica, vol. 17, nº 5, pp
639-641, 1983.
(10) ASTM E1820, “Standard Test Method for Measurement of Fracture Toughness” 1999.
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and Exhibition 2013
ment%20MINDTCE13%20
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19 e 20 de julho SINCE 2013 2nd Singapore International non destructive Cingapura www.ndt.net/
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7 a 10 de outubro International Workshop on Smart Materials and Struc- Alberta (Canadá) events.cinde.ca
tures, SHM and NDT for the Energy Industry
9 de outubro MATEST 2013 50th year of CrSNDT anniversary Zagreb (Croácia) www.hdkbr.hr
18 a 22 de novembro 14th Asia-Pacific Conference on NDT (APCNDT 2013) Mumbai (Índia) www.isnt.org.in
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A história do futebol é repleta de po- bol também tem uma história repleta nado sinal refletido referia-se à presen-
lêmicas. Na Copa do Mundo de 1966, de tentativas de se burlar as regras do ça de cortiça ou seria devido a alguma
a Inglaterra levou o título ao vencer a jogo. Uma das artimanhas mais utiliza- imperfeição nos grãos da madeira. Estu-
Alemanha com um gol em que a bola das é a de preencher parte dos tacos dos mais recentes, no entanto, mostram
não entrou. Como se fosse uma vingan- usados pelos rebatedores com cortiça, técnicas de ultrassom promissoras para
ça do destino, 20 anos depois, na Copa para torná-los mais leves. A regra da a detecção desse tipo de irregularidade.
no México, a Inglaterra acabou elimina- liga principal de beisebol nos Estados Enquanto no beisebol esse tipo de
da pela Argentina nas quartas-de-final Unidos exige que os tacos sejam feitos problema não é frequente e não há
com um gol de mão feito por Diego Ma- a partir de uma peça sólida de madeira, uma evidência física de que o taco com
radona, “la mano de Dios”. Na última e somente de madeira. As fraudes de cortiça ofereça alguma melhora na per-
década, nos campeonatos mundiais ou preenchimento dos tacos com cortiça formance da rebatida, no softbol ele é.
mesmo nos regionais aqui pelo Brasil, são descobertas geralmente quando Além disso, nesse esporte, principalmen-
a bola tem sido protagonista de várias eles quebram e revelam o seu interior. te entre os amadores, as alterações nos
polêmicas. A “jabulani”, usada na Copa Isso aconteceu com Graig Nettles, do tacos geram comprovadamente grandes
do Mundo da África do Sul (2010), foi New York Yankees, em 1974, e com ganhos na performance. Russell esten-
criticada por tomar trajetória diferente Sammy Sosa, do Chicago Clubs, em deu seu estudo também aos tacos uti-
do esperado, segundo os atletas, espe- 2003, entre outros. lizados nesse esporte e identificou que
cialmente os goleiros. Há também epi- Em seu artigo Russell mostra que, se uma das modificações ilegais mais fre-
sódios de gols validados em que a bola na análise física (a colisão de um taco quentes visa aumentar o “efeito tram-
entrou por fora do gol, em função de preenchido com cortiça contra a boli- polim” - que ocorre quando há a colisão
redes que não resistiram à força com nha não resulta em vantagem para o do taco com a bolinha, que produz um
que ela chegou ou por que estavam rebatedor) não é possível mostrar se armazenamento temporário da energia
mal fixadas. Se nos casos em que a fa- o taco é inteiriço de madeira ou não, e acaba retornando quase totalmente
lha é humana, geralmente dos árbitros, a aplicação de algumas técnicas de para a bolinha quando a elasticidade do
os ensaios não destrutivos não podem ensaios não destrutivos pode resolver alumínio do taco retorna à sua forma
ajudar muito, mas naqueles em que há essa questão. Após o incidente com original. A conclusão de Russell em seu
um problema no material utilizado nas Sosa, a liga de beisebol norte-america- estudo é de que os métodos de ensaios
partidas, decorrentes dos processos de na ordenou o uso de radiografia em to- não destrutivos, como radiografia e ul-
produção, os ENDs podem contribuir. dos os outros 76 tacos pertencentes ao trassom, podem ser efetivamente usa-
Poderíamos, por exemplo, seguir o jogador e em nenhum deles foi identi- dos para detectar alterações ilegais fei-
exemplo dos norte-americanos que já ficada a presença de cortiça no lugar tas nos tacos de beisebol ou softbol.
estão aplicando as técnicas de ensaios de madeira. Estudo feito em 1987 pelo Em relação ao futebol, os ensaios não
não destrutivos para investigar ma- National Institute of Standards and Te- destrutivos estão sendo aplicados nas
teriais de um de seus mais populares chnology, dos Estados Unidos, a pedi- obras de construção dos estádios para
esportes: o beisebol. A edição de ou- do da liga principal de beisebol do país, a Copa do Mundo no Brasil, por exem-
tubro de 2012 do The NDT Technician, mostrou que a tomografia computado- plo. Mas já pode ser a hora de contribuir
publicação da The American Society rizada oferecia a melhor qualidade de além das grandes obras no futebol e aju-
for Nondestructive Testing (ASNT), imagem para detectar a fraude nos ta- dar também dentro das quatro linhas.
destaca um artigo de Daniel A. Russell, cos, embora o uso do raio X fosse mais Afinal, se os ensaios não destrutivos
professor da Universidade Estadual da prático e rápido. Russell cita que esse têm se mostrado úteis para um dos mais
Pensilvânia, sobre a aplicação de END mesmo estudo considerou que o uso populares esportes nos Estados Unidos,
em tacos de beisebol e de softbol (uma da técnica do ultrassom não era a mais por que não pensarmos em utilizá-los
versão mais “light” do beisebol). Rus- recomendada, pois ela não permitia também para melhorar o mais popular
sell começa mostrando que o beise- uma conclusão segura se um determi- esporte do mundo? a
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