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Iyami
Iyami
HIPÓTESE
A virtude de poder trazer filhos ao mundo que têm as mulheres, um fato quase mágico,
maravilhoso que as acerca ao divino, é e foi também motivo de temor em muitos povos
antigos, algo que era inexplicável, pelo qual as mulheres sempre foram vistas como
possuidoras de certo poder especial.
Fala-se da famosa "intuição feminina", mas mais do que nada, em todas as culturas há uma
tendência a transformá-la em "bruxa", no sentido de crer que tem poderes inatos para
comunicar-se com forças além do alcance do entendimento do homem. O mito da "bruxa"
que voa na vassoura acompanhada por pássaros macabros é quase mundial, com pequenas
diferenças segundo o lugar do mundo do qual falemos.
Também se relaciona a fecundidade com o misterioso sangue menstrual, que é a marca que
pauta a conversão da menina numa mulher, daí em mais será considerada também uma
Iyami, aquela que em qualquer momento deixará de ter a regra, inchando-se o ventre,
revelando que tinha em seu interior a "cabaça da existência", o caminho pelo qual todos
vêm do Orun para o Aye. Mais para confirmar dita transformação em "mulher", levam-se a
cabo os "ritos de passagem" nos que as meninas-mulheres estarão isoladas durante vários
dias, alimentadas e vestidas de um modo especial, onde conhecerão todos os segredos
relacionados com as mulheres, os que serão devidamente dados pelas anciãs de sua
comunidade.
Os ritos assegurarão entre outras coisas que seja possuidora de uma "cabaça” fértil e o
alinhamento de seu lado espiritual feminino com seu corpo, convertendo-a numa mulher
em todo sentido. Há ao final uma apresentação em público das garotas que deixaram atrás a
etapa da meninice, para que os homens lhes tenham em conta no momento de querer
escolher uma esposa.
A palavra Iyami por si só, em realidade não identifica à mulher com o lado escuro de seu
poder, muito pelo contrário é um modo de exaltar e homenagear sua capacidade de
engendrar apelando a seu lado protetor maternal, pois significa: "Minha mãe". Esta forma
de referir-se a qualquer mulher expressa um sentido de reverência àquela que serve de
ponte entre os antepassados e os vivos, bem como também reflete seu importante papel
maternal. Desse modo todas as divindades femininas são chamadas também Iyami, mais
não no sentido de "bruxas" senão por tratar-se de uma homenagem verbal às grandes
MÃES ESPIRITUAIS.
Embora a mulher seja fértil (ao menos em teoria por ter a regra), não se lhe considera apta
para encarregar-se de certos aspectos importantes dentro das religiões africanistas, por
muitos motivos, os principais não podem revelar-se aqui por tratar-se de um conhecimento
que só devem possuir sacerdotes que adquiriram certo status na comunidade. Mais algumas
razões práticas têm a que ver com o atendimento constante que requer o culto e uma mulher
não pode dedicar-se por inteiro ao mesmo já que segue tendo a regra, pois devem abster-se
do contato com as divindades durante esse período e no caso de ficar grávida, durante os
últimos meses, o parto e a posterior quarentena (sem contar que depois por vários meses
todo seu atendimento deve ser para o bebê).
Quando se fala de Iyami Osoronga muda bastante o conceito antes exposto, pois se refere
ao mito sobre o poder feminino associado às AVES a partir de certas espécies que
atracaram a mente do homem por sua rareza ou comportamentos macabros. Ainda que
também não isolado das mulheres ou dos Orisas o mito Iyami se relaciona com estas por
seus estômagos, mais precisamente com seu útero, ao qual sempre nos referimos como Igba
Iwa (a cabaça da existência). Trata-se da comparação metafórica entre um ovo fecundado e
a barriga da mulher grávida, onde se costuma dizer que a mulher tem o “poder do pássaro
encerrado na cabaça”.
No útero da mulher não se vê a simples vista ao bebê, mas sim se sentem seus movimentos,
enquanto no ovo (de uma galinha, por exemplo) não se aprecia o movimento, mas se pode
ver a depois de luz ao filhote, em ambos os casos se pode apalpar a fecundidade e o
surpreendente poder "mágico" que isto implica.
O mito Iyami Aye então, não é o culto às mulheres bruxas nem às aves macabras, senão
que é a associação mágica e metafórica entre o poder feminino da fecundação e o poder
místico de algumas aves noturnas (principalmente) que somado a certos temores e
sentimentos negativos dos seres humanos cria no espaço etéreo os Espíritos Coletivos das
Eleye (donos das aves) ou Iyami Aje (Minha mãe feiticeira) ou mesmo Iyami Osoronga,
todas estas denominações que aludem ao mesmo.
Estes espíritos são impessoais, nunca tiveram corpo humano nem o terão, fazem parte do
homem e a natureza ao mesmo tempo, espécie de "parasitas" que aparece junto com o
homem no mundo por causa de sua existência, não têm consciência, são alimentados pela
idéias malignas e os temores, por isso se tornam consideravelmente perigosos no plano
astral. Podem ter sexo masculino ou feminino e sempre vem em casal, representando o
equilíbrio, a dualidade existente em todos os planos, inclusive no de nossos próprios
temores mais escuros.
A crença popular yoruba se crê que têm forma humanóide com plumas, mais nunca se
representam em imagens ou gravuras, só se intui seu poder através dos pássaros, os que
majoritariamente são usados como símbolos nas bengalas metálicas (osun) dos Babalawos
ou nas coroas dos Obas, representando que o possuidor tem a autoridade para acalmar-lhes
e que para ganhar tal titulo primeiro teve que render homenagem ao Poder Feminino. As
Iyami Aje atuam sob a supervisão de Oso e têm estreita relação com outros Orisa como
Ogun que é o dono dos sacrifícios e quem provê o sagrado líquido pertencente à Eléye .
Quando há uma influência negativa por parte dos Eleye masculinos se diz que são os Oso
quem estão trabalhando na contramão da pessoa, ainda que nunca haja um culpado externo
responsável destes ataques, pois em verdade sempre é a própria pessoa que muitas vezes
ganha "o castigo" através de seu comportamento. As Eleye são executoras da lei num
sentido inverso, isto é, procurar o bem a partir do mau. Toda pessoa que tenha certa
inclinação às características negativas para os demais está alimentando estas forças e ao
mesmo tempo antevendo o mau perigosamente, o que em longo prazo faz com que a
própria energia negativa da pessoa se converta em seu próprio juiz, Iyami Osoronga posará
suas patas em cima de sua cabeça.
Não há nenhum ebo capaz de vencer o trabalho destes Espíritos, o único que se pode no
máximo é apaziguar-lhes e isso é porque "vivem" em nossas entranhas, em estado latente.
Sua função se torna importante, pois apesar de ser "inimigas" das pessoas tendem a regular
o comportamento do Ser Humano através de seus medos. Quem deseja que Iyami Osoronga
não se torne um obstáculo em sua vida deve frear os sentimentos de inveja, ciúmes, rancor,
bem como qualquer pensamento negativo para seus semelhantes. Crê-se que as Iyami se
reúnem em assembléia numa mesa presidida por Oso , onde se conspiraria e especularia
sobre as maldades a realizar enviando os Ajogun após o questionamento se foi feito ou não
os *ebo marcados por Babalawos através de Ifa, deste modo servem de reguladores do
comportamento frente às dívidas geradas ante as divindades, por causa de ter rompido o
equilíbrio existente de alguma maneira seja numa vida anterior ou na presente.
A Iyami Aye pertence toda sangue derramado na terra e também são quem controlam o
sangue menstrual a que quando aparece revela a presença próxima destas criaturas, o que
explicaria as dores típicas e o comportamento histérico que costuma ter as mulheres nessa
etapa. Isto também é outra razão pela qual nos sacrifícios para Orisa o sangue não deve
tocar a terra - existindo um método ritual que evita isso - e por que a mulheres com sua
regra devem manter-se afastadas do culto. Ao suceder qualquer das duas coisas ou ambas,
seria um tabu e a cerimônia estaria quebrada, devendo conferir ao oráculo por alguma
solução.
Presume-se que a palavra Aje utilizada como "bruxa" prove da contração de Iya je(a mãe
que come) aludindo a seu voraz apetite, sempre atraída pelo cheiro a sangue e vísceras ela
pode vir sob a forma de mosca, pássaro, gracioso ou inclusive outros animais.
(Do livro "Mural dos Orixás" de Caribé e texto de Jorge Amado - Raízes Artes
Gráficas)
Quando se pronuncia o nome de Iyami Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar,
quem estiver de pé fará uma reverência pois êsse é um temível Orixá, a quem se deve
respeito completo. Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopáico de onde
provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyami, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a
coruja dos augúrios e preságios. Iyami Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista
aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com
Iyami todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyami Oxorongá, bruxa é
pássaro.
As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua
presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e
para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio dia e à meia-noite,
principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.
À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso
acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o
vento (afefe) de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser bom ou mau, através dele se enviam
as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de
"ar do vento". Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papél importante,
sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas
em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se
transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu
Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite.
Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o
silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem. Todas as precauções são
tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzí-la dentro do que se quer, a
única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe
l’ori (que a faca de Iansan corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe). Em caso
contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que se está
voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A
fo fagun wo’lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver
pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la
Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de
procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite. Mesmo agradando-a não se
pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se
nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos
um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo.
Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro,
afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de
maneiras de proceder em tais circunstâncias.
Do livro "Mural dos Orixás" de Caribé e texto de Jorge Amado - Raízes (Artes Gráficas)
Iyami é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se
torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.
Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da
ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o
espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.
Iyami possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus
destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso.
"Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão".
Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá
dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.
As Iyami costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyami deve levar uma vítima ou o sangue de
uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyami não pode atacar os protegidos de outra
Iyami.
Iyami Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre
irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo
que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyami se sinta
ofendida.
Iyami é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim
poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyami
fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se
uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não
pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só
Orunmilá consegue acalmá-la.
Quando se pronuncia o nome de Iyami Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma
reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo. Pássaro africano, Oxorongá emite um som
onomatopaico de onde provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyami, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja
dos augúrios e presságios. Iyami Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista aos seus ebós fatais, sobretudo
quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com Iyami todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyami
Oxorongá, bruxa é pássaro
As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios,
arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao
meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji. À meia-
noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e
esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oya ou Iansan é a dona, pode ser bom ou mau,
através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de "ar do
vento". Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo á noite, quando todo seu
espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga,
dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa
Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. Eleiye voa espalmada de um lado para o
outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem. Todas as
precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzí-la dentro do que se quer, a única coisa a se
fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l'ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou
então Fo, fo, fo (voe, voe, voe). Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em
que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo'lu
( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de
suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim
uma série de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite. Mesmo agradando-a não se pode descuidar,
porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome
durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que
representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, afim de
evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.
Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus
nomes. As Iyami representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o
caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar
os ciúmes e a ambição das Iyami em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.
O poder de Iyami é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a
moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.
Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito
por alguma Iyami empenhada em fazer proselitismo.
Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé
(feiticeiras).
Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as
segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyami são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu
nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua
LENDAS_________________________________________________________________
____</p>
<p style="margin-top: 0; margin-bottom: 0"
align="justify"> </p>
<p style="margin-top: 0; margin-bottom: 0"
align="justify"> </p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom:
0"><b>
<font size="2">Odu torna-se Iami</font></b></p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom:
0"><br>
Nos primórdios da criação, Olodumarê, o Ser Supremo que
vive no orun, mandou vir ao ayê
(universo conhecido) três divindades: Ogum (senhor do
ferro), Obarixá (senhor da criação dos homens)
(2 - Um dos orixás funfun, isto é, orixás que têm como
principal
preceito o uso do branco nos ritos e nas oferendas; em
algumas
regiões Obarixá é adotado como um cognome de Oxalá) e
Odu, a
única mulher entre eles. Todos eles tinham poderes, menos
ela,
que se queixou então a Olodumarê. Este lhe outorgou o poder
do
pássaro contido numa cabaça (igbá eleiye) e ela se tornou
então,
através do poder emanado de Olodumarê, Iyá Won, nossa mãe
para
eternidade (também chamada de Iami Oxorongá, minha mãe
Oxorongá).
Mas Olodumarê a preveniu de que deveria usar este grande
poder
com cautela, sob pena de ele mesmo repreendê-la. </p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom:
0">Mas
ela abusou do poder do pássaro. Preocupado e humilhado,
Obarixá
foi até Orumilá fazer o jogo de Ifá, e ele o ensinou como
conquistar, apaziguar e vencer Odu, através de sacrifícios,
oferendas e astúcia. </p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom: 0">
Obarixá e Odu foram viver juntos. Ele então lhe revelou seus
segredos e, após algum tempo, ela lhe contou os seus,
inclusive
que adorava Egum. Mostrou-lhe a roupa de Egum, o qual não
tinha
corpo, rosto nem tampouco falava. Juntos eles adoraram
Egum. </p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom: 0">
Aproveitando um dia quando Odu saiu de casa, ele modificou
e
vestiu a roupa de Egum. Com um bastão na mão, Obarixá foi
à
cidade (o fato de Egum carregar um bastão revela toda a sua
ira)
e falou com todas as pessoas. Quando Odu viu Egum andando
e
falando, percebeu que foi Obarixá quem tornou isto possível.
Ela
reverenciou e prestou homenagem a Egum e a Obarixá,
conformando-se com a supremacia dos homens e aceitando
para si a
derrota. Ela mandou então seu poderoso pássaro pousar em
Egum, e
lhe outorgou o poder: tudo o que Egum disser acontecerá.
Odu
retirou-se para sempre do culto de Egugun. </p>
<p align="justify" style="margin-top: 0; margin-bottom:
0">O
conjunto homem-mulher dá vida a Egum (ancestralidade),
mas
restringe seu culto aos homens, os quais, todavia, prestam
homenagem às mulheres, castigadas por Olodumarê através
dos
abusos de Odu. Também por esta razão é que as mulheres
mortas
são cultuadas coletivamente, e somente os homens têm direito
à
individualidade, através do culto de Egum.
Iá Mi
chegam ao mundo com seus pássaros maléficos <b
>As Iá
Mi Oxorongá são as nossas mães primeiras, <br>
raízes primordiais da estirpe humana, são feiticeiras. <br>
São velhas mães feiticeiras as nossas mães ancestrais. <br>
As Iá Mi são o princípio de tudo, do bem e do mal. <br>
São vida e morte ao mesmo tempo, são feiticeiras. <br>
São as temidas ajés, mulheres impiedosas. <br>
As Oxorongá já viveram tudo o que se tem para viver. <br>
As Iá Mi conhecem as fórmulas de manipulação da vida, <br>
para o bem e para o mal, no começo e no fim. <br>
Não se escapa ileso do ódio de Iá Mi Oxorongá. <br>
O poder de seu feitiço é grande, é terrível. <br>
O poder de seu feitiço é grande, é terrível. <br>
Tão destruidor quanto é construtor e positivo o axé, <br>
que é a força poderosa e benfazeja dos orixás, <br>
única arma do homem na luta para fugir de Oxorongá. <br>
Um dia as Iá Mi vieram para Terra e forma morar nas árvores.
<br>
As Iá Mi fizeram sua primeira residência na árvore do orobô.
<br>
Se Iá Mi está na árvore do orobô e pensa em alguém, <br>
este alguém terá felicidade, será justo e viverá muito na Terra.
<br>
As Iá Mi Oxorongá fizeram sua segunda morada <br>
na copa da árvore chamada araticuna da areia. <br>
Se Iá Mi está na copa da araticuna da arei e pensa em alguém,
<br>
tudo aquilo que essa pessoa gosta será destruído. <br>
As Iá Mi fizeram sua terceira casa nos galhos do baobá. <br>
Se as Iá Mi está no baobá e pensa em alguém, <br>
tudo aquilo o que é do agrado dessa pessoa lhe será conferido.
<br>
As Iá Mi fizeram sua quarta parada <br>
no pé de Iroco, a gameleira-branca. <br>
Se Iá Mi está no pé de Iroco e pensa em alguém, <br>
essa pessoa sofrerá acidentes e não terá como escapar. <br>
As Iá Mi fizeram sua quinta residência nos galhos do pé de
Apaocá. <br>
Se Iá Mi está nos galhos do Apaocá e pensa em alguém, <br>
rapidamente essa pessoa será morta. <br>
As Iá Mi fizeram sua sexta residência na cajazeira. <br>
Se Iá Mi está na cajazeira e pensa em alguém, <br>
tudo o que ela quiser poderá fazer, <br>
pode trazer a felicidade ou a infelicidade. <br>
As Iá Mi fizeram sua sétima moradia na figueira. <br>
Se Iá Mi está na figueira e alguém lhe suplica o perdão, <br>
essa pessoa será perdoada pela Iá MI. <br>
Mas todas as coisas que as Iá MI quiserem fazer, <br>
se elas estiverem na copa da cajazeira, <br>
elas o farão, <br>
porque na cajazeira é onde as Iá Mi conseguem seu poder.
<br>
Lá é sua principal casa, onde adquirem seu grande poder.
<br>
Podem mesmo ir rapidamente ao além, se quiserem, <br>
quando estão nos galhos da cajazeira. <br>
Porque é dessa árvore que vem o poder das Iá Mi <br>
e não é qualquer pessoa <br>
que pode manter-se em cima das cajazeiras. <br>
Elas vieram para a Terra. <br>
Eram duzentas e uma e cada qual tinha o seu pássaro. <br>
Eram as mulheres pássaros, donas do eié, <br>
eram as mulheres eleié, as donas do eié. <br>
Quando chegaram, foram direto para a cidade de Otá <br>
e os babalaôs mandaram preparar uma cabaça para cada uma.
<br>
Elas escolheram sua ialodê, sua sacerdotisa. <br>
Foi a ialodê quem deu a cada eleié <br>
uma cabaça para guardar seu pássaro. <br>
Então, cada Iá Mi partiu para sua casa <br>
com seu pássaro fechado na cabaça <br>
e lá cada uma guardou secretamente sua cabaça <br>
até o momento de enviar o pássaro para alguma missão. <br>
Quando Iá Mi abre a cabaça, <br>
o pássaro vai, seja onde for, <br>
aos quatro cantos do mundo ele vai e executa sua missão.
<br>
Se é para matar, ele mata. <br>
Se é para trazer os intestinos de alguém, <br>
ele espreita a pessoa marcada para abrir seu ventre <br>
e colher seus intestinos. <br>
Se é para impedir gravidez, <br>
ele retira o feto do ventre da mãe. <br>
Ele faz o que lhe for ordenado e volta para sua cabaça. <br>
Iá Mi, então, recoloca a cabaça em seu lugar secreto. <br>
Mas, se a pessoa possui um encantamento contra a feiticeira,
<br>
ele deve dizer a seguinte formula: <br>
"Que aquela que vos enviou para me pegar, não me
pegue"<br>
Assim, por mais que tente, o pássaro não poderá executar sua
tarefa. <br>
Sua dona terá de ir em busca do auxílio das outras Iá Mi. <br>
Ela vai à assembléia e relata seu problema. <br>
As ajés, as feiticeiras, devem trabalhar com ela, <br>
porque não podem realizar sua tarefa sozinhas. <br>
Então, Iá Mi leva um pouco do sangue da pessoa que quer
prejudicar. <br>
Todas as outras Iá Mi o põem na boca e o bebem. <br>
Depois, elas se separam e não deixam dormir a vítima. <br>
O pássaro é capaz de carregar um chicote, <br>
pegar um cacete, <br>
tornar-se alma do outro mundo, <br>
e até mesmo pode ter o aspecto de um orixá; <br>
tudo para aterrorizar a pessoa à qual foi enviado. <br>
Assim são as Iá Mi Oxorongá. <br>
Esta é a sua história.
;
Iyá Mi Osorongá ( Ìyá Mi Osorongà ) é a síntese do poder feminino, claramente manifesto
na possibilidade de gerar filhos e, numa noção mais ampla, de povoar o mundo. Quando os
iorubás dizem "nossas mães queridas" para se referirem às Iyá Mi, tentam, na verdade,
apaziguar os poderes terríveis dessa entidade. Donas de um axé tão poderoso quanto o de
qualquer orixá, as Iyá Mi tiveram seu culto difundido por sociedades secretas de mulheres e
são as grandes homenageadas do famoso festival Gèlèdè, na Nigéria, realizado entre os
meses de março e maio, que antecedem o início das chuvas do país, remetendo
imediatamente para um culto relacionado à fertilidade. Poder procriador, tornaram-se
conhecidas como as senhoras dos pássaros e sua fama de grandes feiticeiras as associou à
escuridão da noite; por isso também são chamadas de Eleyé e as corujas são seus maiores
símbolos. A sua relação mais evidente é com o poder genital feminino, que é o aspecto que
mais aproxima a mulher da natureza, ou seja, dos acontecimentos que fogem à explicação e
ao controle humano. Toda mulher é poderosa porque guarda um pouco da essência das Iyá
Mi; a capacidade de gerar filhos, expressa nos órgãos genitais femininos, sempre assustou
os homens e as cantigas entoadas durante o festival Gèlèdè fazem alusão a esse terrível
poder -- que não pertence apenas às Iyá Mi, mas a qualquer mulher.As mães são
compreendidas como a origem da humanidade e seu grande poder reside na decisão que
tomar sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e,
quando ele nascer, ainda decide se ele deve viver. A mulher, especialmente nas sociedades
antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma gravidez. E, até os primeiros anos de
vida, uma criança depende totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não
vinga. Em síntese, todo ser humano deve a vida a uma mulher. Se todas as mulheres juntas
decidisses não mais engravidar, a humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder
de Iyá Mi: mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos homens.Iyá
Mi é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é envolvido por tantos tabus. Seu
grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo que é redondo remete
ao ventre e, por conseqüência, as Iyá Mi. O poder das grandes mães é expresso entre os
orixás por Oxum, Iemanjá e Nanã Buruku, mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda
mulher, que, não por acaso, em quase todas as culturas, é considerada tabu. As
denominações de Iyá Mi expressam suas características terríveis e mais perigosas e por essa
razão seus nomes nunca devem ser pronunciados; mas quando se disser um de seus nomes,
todos devem fazer reverencias especiais para aplacar a ira das Grandes Mães e,
principalmente, para afugentar a morte. As feiticeiras mais temidas entre os iorubás e nos
candomblés do Brasil são as Àjé e, para referir-se à elas sem correr nenhum risco, diga
apenas Eleyé, Dona do Pássaro. O aspecto mais aterrador das Iyá Mi e o seu principal nome
, com o qual tornou-se conhecida nos terreiros, é Oxorongá, uma bruxa terrível que se
transforma no pássaro de mesmo nome e rompe a escuridão da noite com seu grito
assustador. As Yiá Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a
morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas em seu aspecto benfazejo,
são o grande ventre que povoa o mundo. Não podem, porém, ser esquecidas; nesse caso
lançam todo tipo de maldição e tornam-se senhoras da morte. O lado bom de Iyá Mi é
expresso em divindades de grande fundamento, como Apaoká, a dona da jaqueira, a
verdadeira mãe de Oxóssi Dizem que o deus caçador encontrou mel aos pés da jaqueira e
em torno dessa árvore formou-se a cidade de Kêtu.Os assentamentos de Iyá Mi ficam junto
a grandes árvores como a jaqueira e geralmente são enterrados, mostrando a sua relação
com os ancestrais, sendo também uma nítida representação do ventre. As Iyá Mi,
juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual
que , entre outras coisas, ratifica a grande realidade do poder feminino na hierarquia do
Candomblé, denotando que as grandes mães é que detém os segredos do culto, pois um dia,
quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá Mi, que são, na verdade, as mulheres
ancestrais.Os ritos assegurarão entre outras coisas que seja possuidora de uma "cabaça”
fértil e o alinhamento de seu lado espiritual feminino com seu corpo, convertendo-a numa
mulher em todo sentido. Há ao final uma apresentação em público das garotas que
deixaram atrás a etapa da meninice, para que os homens lhes tenham em conta no momento
de querer escolher uma esposa. Quando se fala de Iyami Osoronga muda bastante o
conceito antes exposto, pois se refere ao mito sobre o poder feminino associado às AVES a
partir de certas espécies que atracaram a mente do homem por sua rareza ou
comportamentos macabros. Ainda que também não isolado das mulheres ou dos Orisas o
mito Iyami se relaciona com estas por seus estômagos, mais precisamente com seu útero, ao
qual sempre nos referimos como Igba Iwa (a cabaça da existência). Trata-se da comparação
metafórica entre um ovo fecundado e a barriga da mulher grávida, onde se costuma dizer
que a mulher tem o “poder do pássaro encerrado na cabaça”.O mito Iyami Aye então, não é
o culto às mulheres bruxas nem às aves macabras, senão que é a associação mágica e
metafórica entre o poder feminino da fecundação e o poder místico de algumas aves
noturnas (principalmente) que somado a certos temores e sentimentos negativos dos seres
humanos cria no espaço etéreo os Espíritos Coletivos das Eleye (donos das aves) ou Iyami
Aje (Minha mãe feiticeira) ou mesmo Iyami Osoronga, todas estas denominações que
aludem ao mesmo.