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Crítica e curadoria nas artes plásticas / Instituto Arte na Escola ; autoria de Tarcísio
Tatit Sapienza ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo :
Instituto Arte na Escola, 2006.
(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 85)
CDD-700.7
Créditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organização: Instituto Arte na Escola
Coordenação: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação
MAPA RIZOMÁTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola
Concepção: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Concepção gráfica: Bia Fioretti
Ficha técnica
Gênero: Documentário a partir de depoimentos.
Palavras-chave: Artista; crítico de arte; curador; museus; es-
paço expositivo; relação público e obra; estética; escolhas.
Foco: Mediação Cultural.
Tema: O trabalho e a função dos críticos e dos curadores den-
tro do panorama artístico.
Profissionais abordados: Os curadores Adriano Pedrosa,
Lisette Lagnado, Tadeu Chiarelli e Vitória Daniela Bousso; e os
críticos de arte Alberto Tassinari, Agnaldo Farias, Lorenzo
Mammì e Rodrigo Naves.
Indicação: 7a e 8a séries do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Direção: Hilton Lacerda.
Realização/Produção: Fundação Padre Anchieta - Centro Paulista
de Rádio e TV Educativas, São Paulo (Iniciativa: Sebrae SP com
produção da TV PUC - convênio Fundação Cultural São Paulo).
Ano de produção: 1999.
Duração: 29’.
Coleção/Série: Indústria cultural.
Sinopse
Reunindo o depoimento de diversos críticos e curadores brasi-
leiros, o documentário resgata e esclarece as funções desses
profissionais dentro do panorama artístico. A fala dos curadores
Adriano Pedrosa, Tadeu Chiarelli, Lisette Lagnado, Vitória
Daniela Bousso e dos críticos Rodrigo Naves, Lorenzo Mammì,
Alberto Tassinari e Agnaldo Farias é entremeada por imagens
de obras de arte presentes em exposições concebidas ou co-
mentadas por eles. Tais exposições ocorreram em 1998, nos
espaços da 24a Bienal Internacional de São Paulo, do Paço das
Artes e do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP.
Trama inventiva
Museus, galerias e instituições culturais abrigam exposições,
acolhem visitantes. Curador, museólogo, formas de expor,
montagem, ação educativa e professor mostram as obras aos
caminhantes, oferecendo acesso, afetando-os. Olhos-corpos
sensíveis se movem dentro das obras e ao redor delas. O visi-
tante vive a vida lenta. Experiência estética: múltiplas sensa-
ções, percepções, reflexões. Às vezes, a experiência é solitá-
ria, em seu próprio ritmo. Algumas vezes, é compartilhada com
outros numa visita mediada. Seja como for, a mediação propõe
um acasalamento entre a carne do nosso corpo e a carne das
obras de arte, também na escola. Neste documentário, tudo
parece mirar para o território Mediação Cultural da cartogra-
fia. Na geografia dos passos, celebremos a vida cultural!
O passeio da câmera
Profissionalismo. Imparcialidade. Estilo. São essas palavras que
ilustram o início do documentário, remetendo aos pontos de vista
que serão articulados nos depoimentos presentes nos dois blo-
cos, com duração aproximada de 14’ e 15’.
No primeiro bloco, em forma de conversa com a câmera, falan-
do diretamente a ela, os curadores, Adriano Pedrosa, Lisette
Lagnado, Tadeu Chiarelli e Vitória Daniela Bousso, e os críti-
cos de arte, Alberto Tassinari, Agnaldo Farias, Lorenzo Mammì
e Rodrigo Naves, apresentam suas concepções de crítica e
curadoria. Ficam reservadas para o segundo bloco as falas sobre
as relações entre crítico, curador e artista, além dos comentá-
rios sobre a estruturação dessas profissões no Brasil.
A inserção de registros visuais (1998) do espaço da 24a Bienal
Internacional de São Paulo, do Paço das Artes e do Museu de
Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP trazem imagens de
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material educativo para o professor-propositor
CRÍTICA E CURADORIA NAS ARTES PLÁSTICAS
Sobre os críticos-curadores
Lisette Lagnado (Kinshasa/Congo, 1961)
Naturalizada brasileira, sua primeira curadoria, A presença do
readymade, no MAC/USP, é premiada como melhor exposição
de 1993 pela APCA. No mesmo ano, com a ajuda de amigos e
familiares de Leonilson, funda o Projeto Leonilson, realizando a
catalogação de sua obra e o livro sobre o artista. Em 1994,
publica Conversações com Iberê Camargo e é curadora da Sala
Especial em sua homenagem na II Bienal do Mercosul (1999),
destaque entre suas várias curadorias. É coordenadora do
website Programa Hélio Oiticica, que dá acesso para pesqui-
sadores do mundo inteiro a um material inédito. É curadora-
coordenadora na equipe do Programa Rumos Artes Visuais no
Itaú Cultural e da 27ª Bienal Internacional de São Paulo (2006).
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material educativo para o professor-propositor
CRÍTICA E CURADORIA NAS ARTES PLÁSTICAS
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De alguma maneira, portanto, o curador é o condutor de uma
proposta e vai tentar, com mais ou menos sucesso, de-
monstrá-la por meio do espaço expositivo. Nesse sentido, a
leitura feita por um curador, ou seja, sua curadoria, é um
discurso visual que pode ser mediador quando instaura um
campo interrogante e provocador de uma leitura atenta e
estimulante do público, visando encontrar um olhar inusita-
do do fenômeno artístico.
Se aceitarmos que essa seria a prática da curadoria en-
quanto mediação cultural, possuiríamos uma chave para
abrir novos modos de apresentação de obras de arte
em sala de aula, assumindo como educadores uma prá-
tica de curadoria educativa. Talvez, seja por isso que
Agnaldo Farias afirma: “Na verdade, meu trabalho como
crítico e curador é um desdobramento da minha atividade
como professor.” 4
Saberes
Estéticos e
Culturais
qual FOCO?
qual CONTEÚDO? sociologia da arte mercado da arte, artista e sociedade,
distribuição da arte
o que PESQUISAR?
estética e filosofia da arte
Ampliando o olhar
Visita a uma instituição cultural
A visita a uma instituição cultural de sua cidade pode gerar
uma conversa com os responsáveis pela organização de suas
mostras ou programação. Junto à classe, elabore um rotei-
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ro com questões que abordem os processos de seleção re-
alizados para definir o que será exibido, como se organizam
para aproveitar o espaço de que dispõem, etc. Se não hou-
ver uma instituição de maior porte, também é interessante
visitar uma galeria de arte, um cinema...
Conversas com quem comenta arte e cultura
Convide alguém da comunidade com experiência em comen-
tar ou escrever sobre os aspectos culturais em jornais, rá-
dio ou tv para conversar com os alunos sobre seu trabalho.
Uma alternativa, caso não encontre ninguém disponível, é
orientar os alunos a entrar em contato por carta ou e-mail
com revistas que publiquem matérias, comentando os te-
mas culturais que os interessam. Também é possível entre-
vistar os comentaristas por escrito.
Curadoria virtual
O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São
Paulo – MAC/USP tem uma proposta virtual de curadorias.
Por meio da visita ao site, como os alunos percebem o re-
corte das curadorias?
A crítica do crítico
O crítico Frederico Morais diz:
É a obra, ela mesma, que indica ao crítico o método de sua
abordagem. Não há uma teoria prévia à obra. Cada obra pede
uma interpretação diferente. A história de uma obra de arte
é a história de seu autor e de sua época, mas é, também, a
história das sucessivas leituras que dela foram feitas.5
Como os alunos interpretam essa afirmação? A partir dela e
das relações com os depoimentos presentes no documentário,
problematize: o que diferencia a crítica de arte de uma expli-
cação ou julgamento sobre a obra e/ou artista?
A arte contemporânea entendida como um arquipélago
Para Agnaldo Farias6 crítico e professor universitário:
Diversamente do período moderno, com suas correntes
e tendências artísticas organizadas em grupos como as
vanguardas construtivas, os futuristas, dadaístas,
surrealistas e outros, autores de manifestos, fundadores
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material educativo para o professor-propositor
CRÍTICA E CURADORIA NAS ARTES PLÁSTICAS
Valorizando a processualidade
Onde houve transformações? O que os alunos percebem que
estudaram? Como esses indícios podem não ser aparentes a
todos, cabe a você retomar nos portfólios o percurso de cada
aluno e da classe. Na conclusão desta etapa de sua viagem e
no início do planejamento de novas explorações com seus alu-
nos, você pode registrar em seu diário de bordo uma reflexão
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material educativo para o professor-propositor
CRÍTICA E CURADORIA NAS ARTES PLÁSTICAS
Glossário
Crítica de arte – do verbo grego krínein, julgar. Diz respeito às análises
e aos juízos de valor emitidos sobre as obras de arte que, no limite, reco-
nhecem e definem os produtos artísticos como tais. Envolve interpreta-
ção, julgamento, avaliação e estabelecimento de gosto. A crítica de arte
nesse sentido específico surge no século 18, num ambiente caracterizado
pelos salões literários e artísticos, acompanhando as exposições periódi-
cas, o surgimento de um público e o desenvolvimento da imprensa. Pres-
supõe que as obras de arte constituem objetos de reflexão e de conheci-
mento, ou seja, que elas se apresentam não apenas revestidas de uma
forma sensível, mas ainda representam determinados aspectos das reali-
dades culturais humanas: histórica, social, psicológica, política, econômi-
ca e religiosa. A crítica abre-se ao debate, tenta convencer, convida à
contradição. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagem da
cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 186-187.
Curadoria – “Em tese, o curador de qualquer exposição é sempre o pri-
meiro responsável pelo conceito da mostra a ser exibida, pelas escolhas
das obras, da cor das paredes, iluminação, etc. No entanto, para que suas
idéias viabilizem-se de maneira satisfatória no espaço de exposição, é
fundamental o diálogo intenso com outros profissionais que atuem na ins-
tituição onde ocorrerá a mostra, sempre no sentido de tornar possível, na
realidade do espaço disponível, os conceitos que aquele profissional tem
por objetivo apresentar.” Fonte: CHIARELLI, Tadeu (coord.). Grupo de
estudos em curadoria. São Paulo: Museu de Arte Moderna, 1998, p. 12.
“O curador tem sob sua responsabilidade a seleção do acervo a ser apre-
sentado, devendo ficar antecipadamente inteirado da tipologia da exposi-
ção: natureza do tema; espaço físico da mostra; situação geográfica; se a
exposição será única ou itinerante; público-alvo. Com esses dados, o
curador terá meios para avaliar o acervo a ser selecionado, o número de
peças que comporão a mostra (...) deverá analisar os conteúdos da expo-
sição e o seu público, podendo planejar as atividades que serão desenvol-
vidas no decorrer da mostra”. Fonte: D’ALAMBERT, Clara Correia;
MONTEIRO, Marina Garrido. Exposição: materiais e técnicas de monta-
gem. São Paulo: Secretaria de Estado de Cultura, 1990, p. 20.
Curadoria educativa – realizar uma curadoria educativa é ativar acervos
artísticos com o objetivo de explorar a potência da arte como veículo de
ação cultural. Tem a função de tornar a arte acessível a um público diver-
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sificado para dinamizar a relação entre arte/indivíduo/sociedade. Fonte:
VERGARA, Luiz Guilherme. Curadorias educativas - a consciência do olhar:
percepção imaginativa. ANPAP, anais 1996, p. 240-247.
Desenho museográfico – envolve a distribuição das obras no espaço, o
uso da luz, o emprego de cor nos painéis e paredes, a criação especial de
um ambiente. Todos esses elementos conduzem estrategicamente à men-
sagem estética projetada pela exposição. Fonte: GONÇALVES, Lisbeth
Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição de arte no século XX.
São Paulo: Edusp, 2004, p. 34-35.
Exposição – é um espaço social de contato com um determinado saber.
René Vinçon propõe a idéia de “ativação” para compreender a exposição
de arte como a apresentação de obras que põem em atividade uma expe-
riência, ao mesmo tempo, estética e social. A exposição é, para esse au-
tor, um campo para a vivência do efeito estético e para a aproximação de
um conhecimento sensível da realidade. A exposição pode ser entendida,
ainda, como um processo de comunicação, uma mediação. Fonte: GON-
ÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição de
arte no século XX. São Paulo: Edusp, 2004, p. 30.
Mediação – “Ultrapassando a idéia de mediação como ponte, compreendê-
la como um estar entre implica em uma ação fundamentada e que se aper-
feiçoa na consciente percepção da atuação do mediador que está entre
muitos: as obras e as conexões com as outras obras apresentadas, o museu
ou a instituição cultural, o artista, o curador, o museógrafo, o desenho
museográfico da exposição e os textos de parede que acolhem ou afas-
tam, a mídia e o mercado de arte que valorizam certas obras e descartam
outras, o historiador e o crítico que a interpretam e a contextualizam, os
materiais educativos e os mediadores (monitores ou professores) que
privilegiam obras em suas curadorias educativas, a qualidade das repro-
duções fotográficas que mostramos (xerox, transparências, slides ou apre-
sentações em Power point) com qualidade, dimensões e informações di-
versas, o patrimônio cultural de nossa comunidade, a expectativa da escola
e dos demais professores, além de todos os que estão conosco como
fruidores, assim como nós mediadores, também repletos de outros dentro
de nós, como vozes internas que fazem parte de nosso repertório pessoal
e cultural. O estar entre da mediação cultural não pode desconhecer cada
um desses interlocutores e o seu desafio maior: provocar uma experiência
estética e estésica.” Fonte: GRUPO de Pesquisa - Mediação Arte/Cultu-
ra/Público. Revista Mediação: Provocações Estéticas. São Paulo, v.1, d.1,
out. 2005, p. 55.
Museu – instituição permanente sem finalidade lucrativa, a serviço da so-
ciedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que realiza pesqui-
sas sobre a evidência material do homem e do seu ambiente, as adquire,
conserva, investiga, comunica e exibe, com finalidade de estudo, educa-
ção e fruição. Fonte: Código de ética profissional: Conselho Internacional
de Museus – ICOM, 1986. Revista Museu. Disponível em: <www.
revistamuseu.com.br/legislacao/museologia/eticaicom.htm>.
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material educativo para o professor-propositor
CRÍTICA E CURADORIA NAS ARTES PLÁSTICAS
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PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser
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Seleção de endereços sobre arte na rede internet
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19
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Notas
1
OGUIBE, Olu, O fardo da curadoria, Concinnitas: Revista do Instituto
de Artes da UERJ, ano 5, n.6, p. 14, set. 2004.
2
Trecho da entrevista Bienal de São Paulo, um modelo em questão, con-
cedida em março de 1999 à Angela Pimenta, publicada na revista Humboldt
79, 1999. Disponível em: <www.goethe.de/kug/prj/hum/hfa/999/
pt99281.htm>.Acesso em 22 fev. 2006.
3
HERKENHOFF, Paulo. Introdução geral. In: ANTROPOFAGIA e históri-
as do canibalismos. Núcleo Histórico. 24ª Bienal Internacional de São Paulo.
São Paulo: Fundação Bienal, 1998.
4
Trecho da palestra A arte e sua relação com o espaço público proferida
por Agnaldo Farias na abertura do V Encontro Técnico dos Pólos da Rede
Arte na Escola, na Universidade de Caxias do Sul (UCS) em 28 abr. 1997.
Disponível em: <www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/
educ55>. Acesso em 22 fev. 2006.
5
MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos de arte: 801 defi-
nições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 292.
6
Agnaldo FARIAS, Arte brasileira hoje, p. 19-20.
20