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SÃO PAULO
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Rota, uma das tropas da PM de SP que


Agora não mais
Ativar
matam, terá câmera que 'grava tudo' presa
no uniforme
2.500 equipamentos devem chegar em maio deste ano para serem usados pela
primeira vez por 15 batalhões de sete cidades do estado de São Paulo. Governo
paulista pagou mais de R$ 36 milhões por 2,5 anos de contrato com empresa dos
EUA.

Por Kleber Tomaz, G1 SP — São Paulo


23/04/2021 16h08 · Atualizado há 2 meses

Rota, tropa mais letal da PM de SP, vai usar pela 1ª vez câmera nos uniformes policiais, como mostra policial militar feminina
acima de outro batalhão — Foto: Marcelo S. Camargo/Frame/Estadão Conteúdo (Arquivo) e Divulgação PM de SP

As Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), umas das tropas de elite da Polícia
Militar (PM) que mais matam em São Paulo, usará pela primeira vez câmeras
portáteis nos uniformes de seus policiais para tentar conter eventuais desvios de
conduta, abusos de autoridade e violência policial.
Segundo a corporação, a novidade agora é que essas câmeras gravam tudo
automaticamente e ininterruptamente, sem que o agente precise acioná-la, o que
daria mais transparência às ações policiais.

A informação foi publicada inicialmente na quinta-feira (22) pela "Folha de S.Paulo" e


confirmada depois pelo G1.

A Polícia Militar informou que, a partir do próximo dia 20 de maio, irá receber 2.500
aparelhos que vão gravar imagens e áudios por 12 horas seguidas. Esse é o tempo
do turno de trabalho de cada agente que usa veículos em patrulhamentos
ostensivos que visam garantir a segurança da população nas ruas das cidades. Mas
nem sempre é isso o que acontece.

Por esse motivo e outros, que tratam de monitorar a atividade policial, as câmeras
norte-americanas Axon Body 3 serão acopladas na parte frontal dos coletes à prova
de balas dos policiais militares da Rota e de outros 14 batalhões.

Ao todo, sete municípios do estado terão agentes usando os aparelhos, segundo a


PM.

Onde as 2.500 novas câmeras serão usadas:


Comando Batalhões Cidades

CPChq 1º BPChoque (Rota) Centro de São Paulo

CPA/M-2 46º BPM/M Heliópolis, Zona Sul de São Paulo

CPA/M-3 18º BPM/M Brasilândia, Zona Norte de São Paulo

CPA/M-3 43º BPM/M Jaçanã e Tremembé, Zona Norte de São Paulo

CPA/M-5 16º BPM/M Morumbi, Zona Sul de São Paulo

CPA/M-5 23º BPM/M Pinheiros e Butantã, Zona Oeste de São Paulo

CPA/M-9 28º BPM/M Guaianazes, Zona Leste de São Paulo

CPA/M-9 38º BPM/M São Mateus, Zona Leste de São Paulo

CPA/M-6 6º BPM/M São Bernardo do Campo, região metropolitana

CPA/M-7 15º BPM/M Guarulhos, região metropolitana

CPA/M-8 33º BPM/M Carapicuíba, região metropolitana

CPI-1 3º Baep São José dos Campos, interior

CPI-2 1º Baep Campinas, interior

CPI-6 2º Baep Santos, litoral

CPI-9 48º BPM/I Sumaré, interior

Fonte: Polícia Militar (PM) de São Paulo

Gravação ininterrupta e GPS


Policiais militares vão usar câmeras que gravam tudo ininterruptamente a partir de maio de 2021, segundo a
corporação — Foto: Divulgação/PM de SP

“O mais importante é que mudamos o sistema. E as câmeras


estarão gravando tudo. Esse novo sistema permite a
gravação involuntária. Ou seja, a câmera começa a gravar a
partir do momento que o policial ou a policial a coloca no
uniforme e sai para trabalhar”, disse ao G1 o coronel Robson
Cabanas Duque, coordenador do Programa Olho Vivo.

“As imagens vão para uma ‘nuvem’ ou podem ser acompanhadas em tempo real
por uma central de monitoramento da PM”, explicou Cabanas.

Segundo ele, cada aparelho conta ainda com um geolocalizador que dará a posição
exata de cada agente durante uma operação policial. “Funcionará como um GPS do
próprio policial.”

A Axon venceu em novembro do ano passado a licitação internacional feita pela


Polícia Militar para aquisição do produto. Pelo contrato, válido por 2 anos e meio, o
governo paulista pagará R$ 36.450.000.
“O povo está investindo um dinheiro que não é pouco, e a
gente precisa oferecer transparência”, falou Cabanas.

A letalidade da Rota

O Batalhão Tobias de Aguiar da Polícia Militar de São Paulo, sede da Rota — Foto: Fabio Tito/G1

Entre os batalhões que receberão os novos equipamentos está o 1º Batalhão de


Policiamento de Choque (1º BPChq) Tobias de Aguiar, que nos anos de 1970 se
tornou a Rota.

Segundo os últimos dados atualizados da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, a Rota


foi o batalhão que mais matou suspeitos de crimes em 2019 no estado. Foram
101 mortes causas por policiais da tropa de elite em serviços durante supostos
confrontos com criminosos.

“A Rota está nessa conta para receber as câmeras pelos


critérios adotados pela PM. É um batalhão de área livre que
está sediado na capital, mas atua em todo estado. Como não
tem territorialidade, ele entra forte no quesito população. E
entra também nesse quesito de uso da força”, explicou
Cabanas.

Segundo o coronel, os principais objetivos da corporação na aquisição e no uso das


câmeras são “fortalecer a prova judicial” e reduzir eventuais usos da força policial em
ações.

“Essa visibilidade será boa para a população e para o policial também”, falou
Cabanas. “Será uma maneira de provar, por exemplo, que uma vítima de violência
doméstica realmente foi agredida assim que a PM atender um flagrante, por
exemplo. E também vai validar que o que o policial falou foi o que de fato ocorreu.”

Especialistas

Vítimas agredidas por policiais militares em Santo André são identificadas

O Instituto Sou da Paz, que atua fazendo análises sobre segurança pública no país,
entende que a medida de colocar câmeras na Rota é positiva para reduzir a
letalidade do batalhão.
“O fato de a Polícia Militar ter escolhido uma tecnologia que
grava ininterruptamente e decidido incluir batalhões com
mais mortes, como a Rota, aumenta a expectativa positiva
sobre o programa”, falou ao G1 Bruno Langeani, gerente do
Sou da Paz.

“Certamente é uma iniciativa válida e importante visando reduzir a violência


praticada pela Rota, conhecida historicamente como a tropa mais letal da polícia
paulista. Em muitos momentos, suas atuações parecem as de um grupo de
extermínio oficializado”, disse ao G1 o advogado Ariel de Castro Alves, especialista
em políticas de direitos humanos e segurança pública pela Pontifícia Universidade
Católica (PUC) de São Paulo e membro do Grupo Tortura Nunca Mais.

Internamente há entendimento dentro da PM de que é preciso diminuir os índices


de mortes decorrentes de confrontos e eventuais casos de violência protagonizados
por seus agentes em todos os batalhões. Alguns policiais, por exemplo, foram
gravados por testemunhas com celulares ou câmeras de vigilância em ruas e
imóveis.

Em novembro do ano passado, uma testemunha filmou policiais militares


agredindo um homem durante uma abordagem em Santo André, na região
metropolitana de São Paulo (veja vídeo acima). Foi por causa das imagens, que
circularam nas redes sociais, que a PM identificou os agentes e os afastou.

Pela lei, todo cidadão pode gravar uma ação policial que está ocorrendo, até para
garantir a legalidade dela ou denunciar eventuais desvios de conduta.

Além das câmeras, a PM vem adotando há um tempo outras medidas para diminuir
os casos de letalidade e violência policial. Entre elas estão novos treinamentos para
os policiais saberem empregar armas menos letais, como eletrochoque e gás
pimenta.
Polícia proíbe o "mata-leão"

O mata-leão, golpe de imobilização no qual os braços ficam em volta do pescoço,


por exemplo, foi banido pela corporação em julho do ano passado após diversos
vídeos de violência policial viralizarem nas redes sociais.

“Não há dúvida, no entanto, que [a nova câmera] é uma


ferramenta de grande potencial para atacar abusos policiais
e contra policiais, mas também para produzir mais materiais
que possibilitem a revisão contínua de protocolos”, afirmou
Bruno, do Sou da Paz.

O Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), na capital, poderá acompanhar


em tempo real as gravações feitas pelas novas câmeras.

Desde agosto do ano passado, a PM já vem usando 500 câmeras portáteis da


Motorola em uniformes de policiais de três batalhões da capital (11º, 13º e 37º BPM-
Ms). Elas tinham sido doadas pela iniciativa privada à corporação e continuarão
sendo usadas.

Mas, diferentemente das novas aquisições, essas antigas ainda precisam ser
acionadas e desligadas pelos comandos feitos pelo próprio agente. O que, segundo
especialistas em segurança e ativistas de direitos humanos, coloca em dúvida sua
eficácia em garantir transparência ao trabalho policial, principalmente durante
abordagens policiais.
“É importante ressaltar que é preciso máxima transparência e forte monitoramento
desta implantação, uma vez que há histórico em São Paulo e em outras polícias de
unidades boicotarem a iniciativa, esvaziando seu potencial”, disse o gerente do Sou
da Paz.

Mais 7 mil câmeras

Policial militar usa câmera nova que será usada pela corporação para gravar ininterruptamente o trabalho policial
durante 12 horas de serviço em São Paulo — Foto: Divulgação/PM de SP

A PM ainda tem 30 câmeras portáteis mais antigas, que são de uma marca chinesa,
e estão guardadas. Elas eram de um lote de 120 câmeras que foram testadas por
um batalhão da Zona Sul da capital em 2016. Atualmente, as que sobraram são
utilizadas pelos policiais em situações pontuais, como acompanhar uma
manifestação nas ruas da cidade.

A corporação também pretende comprar mais 7 mil câmeras em uma nova licitação
marcada para 15 de maio. A expectativa é que até 2022 todos os batalhões na
capital e na Grande São Paulo tenham os equipamentos.
O plano da PM de usar câmeras em viaturas, como foi anunciado em 2010, foi
abandonado. O entendimento da corporação é de que as câmeras presas ao
uniforme são mais eficientes para registrar a ação policial.

Ao todo, a PM conta com mais de 84 mil policias no estado, entre homens e


mulheres.

O Assunto

A multiplicação das armas


00:00 / 24:56

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