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CURSO NOVA HUMANIDADE Huberto Rohden

Aula 6
O Dragão, o Cordeiro e a Serpente
O3/O5/1977

Vou focalizar um pouco o Apocalipse, o único livro profético do Novo Testamento. Os


outros livros são históricos, mas o Apocalipse é um livro, uma visão do futuro. Lá ocorre o seguinte
sobre o homem velho e o homem novo. O homem velho aparece aí como o animal que veio do mar.
E tanto o Gênesis como o Apocalipse supõe que o homem antes de ser homem já existia como ser
vivo. Isto tanto o Gênesis supõe como também o Apocalipse. O homem já existia, não como ser
humano, mas, como outro ser vivo que nós não sabemos, que ser vivo ele era antes de ter
homificado, de tornar homem.
Então, o Apocalipse diz: veio o animal do mar e recebeu todos os poderes do dragão.
É bom saber, dragão e serpente são a mesma ideia. Em muitos países o dragão substitui a
serpente. Na China e no Tibet só se fala no dragão, porque eles usam sempre a ideia do dragão em
vez da serpente. E, João quando escreveu o Apocalipse também fala no dragão. O Gênesis fala da
serpente. Então, diz o texto que o animal veio do mar e recebeu os poderes do dragão, os poderes da
serpente. E apenas o animal que veio do mar recebeu os poderes do dragão, começou a blasfemar
contra Deus.
Imagine! É muito perigoso receber os poderes do dragão. O dragão representa a inteligência
luciférica - a inteligência contra o espírito. O dragão é sempre a coisa hostil ao espírito, a
inteligência que não combina com o espírito. A Bhagavad Gita diz claramente: “O ego é o pior
inimigo do Eu”. O ego é a inteligência, é claro, é o dragão e a serpente. O ego, diz a Bhagavad Gita,
“é o pior inimigo do Eu (espírito)”. O ego representa a parte mental do homem. Todos concordam
que o mental é sempre inimigo do espiritual. O Gênesis supõe, o Apocalipse supõe, a Bhagavad
Gita também supõe isto. São os livros mais antigos da humanidade. O nosso ego mental hostiliza o
nosso Eu espiritual.
Não quer saber dele porque se vê eclipsado pelo Eu espiritual e ninguém gosta de ser
eclipsado. Cada um gosta de mandar e não de obedecer. Agora, se a inteligência é obrigada a
obedecer ao espírito, ela se revolta. Hoje em dia também acontece isto. Mas, diz a Bhagavad Gita
por outro lado: “o Eu é o melhor amigo do ego”. O Espírito é o melhor amigo da inteligência, mas a
inteligência é o pior inimigo do espírito.
Voltando ao Apocalipse, apenas o animal que veio do mar recebeu os poderes do dragão - é a
intelectualização do homem - começou a blasfemar contra Deus; porque o espírito é a emanação de
Deus e como ele não tinha mais poder, ele declarou guerra a todos os povos do mundo. O nosso ego
é assim mesmo, blasfema para cima e guerreia por todos os lados. O ego humano está sempre
guerreando os outros egos. Ele não tem paz. Não faz tratado de paz com ninguém. Nós estamos
sempre vendo isto, porque que a humanidade está sempre brigando. Guerreia dentro e fora do país.
É porque nós vivemos na zona do ego e não chegamos ainda na zona do Eu.
Então o Apocalipse diz: Apenas o animal recebeu os poderes do dragão, começou a
blasfemar contra Deus e começou a guerrear todos os povos da terra. Blasfemar para cima e
guerrear para todos os lados. Exatamente o nosso ego faz isto. Onde há 2 egos há briga e onde há 3
egos há guerra. É sempre assim. Bem, então, apareceu o cordeiro que derrotou o dragão. Não se
podia esperar que o cordeiro derrotasse o dragão, porque o cordeiro é o símbolo da paz, da
tranquilidade e o cordeiro é inerme, não tem armas. Mas, está no Gênesis que o cordeiro derrotou o
dragão.

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Nós sabemos que o cordeiro é o símbolo do Cristo. João Batista diz: “Eis aí o cordeiro de
Deus que tira os pecados do mundo.” É Claro, o cordeiro foi sempre o símbolo do Cristo. E como é
que o cordeiro sem arma, sem nada derrotou um dragão poderoso. Aqui não se trata de armas
materiais, nem de armas mentais, mas de um poder espiritual. O poder espiritual derrotou as
violências materiais e até as violências mentais.
E nós não tivemos exemplo em pleno século XX uma repetição disto? Lá na Índia, não vivia
mesmo um cordeiro chamado Mahatma Gandhi? Nunca ele permitiu que alguém matasse alguém.
Nunca permitiu que ferissem os outros. Nunca odiou ninguém. E quando os hindus queriam odiar
os ingleses que ocupavam a Índia, Gandhi proibia: “Vocês não têm que odiar nenhum inglês, vocês
têm que amar todos os nossos inimigos”. Os hindus diziam: “mas não é possível! Eles estão nos
maltratando há 150 anos. Nós temos que matar os ingleses e expulsar os ingleses da Índia”. “Sim,
é claro”, dizia Gandhi, “nós temos que expulsar os ingleses da Índia, e nós vamos expulsar, mas à
força de amor, não à força de armas, de canhões e metralhadoras e aviões de bombardeio e talvez
bomba atômica (agora já tem bomba atômica na Índia). Nós não vamos usar violência contra os
inimigos, nós vamos usar benevolência, Ahinsa e Satyagraha”. Ahinsa, quer dizer nãoviolência e
Satyagraha, o poder da verdade. “Vamos expulsar os ingleses pela não-violência e pelo amor à
verdade”.Bem, isto é a linguagem de um cordeiro, e ninguém poderia esperar que um único homem
sem armas, Gandhi expulsasse os ingleses – um poderoso império britânico que ocupava a Índia.
Quer dizer que aqui se manifestou mais uma vez o poder do espírito contra a violência mental e
material. Aconteceu em nosso século.
Está no Apocalipse: o cordeiro derrotou o dragão e o dragão foi vingado por 1000 anos, foi
preso e não pôde mais combater durante mil anos. É o célebre milênio do Cristo, porque 1000 anos
não sabemos. Durante 1000 anos o dragão foi vingado e houve uma paz universal no mundo
durante 1000 anos. Depois dos 1000 anos, diz o Apocalipse, o dragão foi solto, por ordem do
cordeiro. O cordeiro mandou soltar da prisão o dragão. E, depois, o que aconteceu? Não se fala
mais em luta, apesar do dragão estar solto.
O dragão é o nosso ego, é o velho homem, e o cordeiro é o nosso Eu - a nova humanidade. E
por que a velha humanidade não lutou mais contra a nova humanidade? O Apocalipse se cala - não
diz uma palavra. Mas, os experientes devem ter interpretado assim: porque o dragão depois de solto
não luta mais? Porque ele já compreendeu a sabedoria do cordeiro. Ele não lutou mais contra a
sabedoria porque durante estes 1000 anos ele compreendeu que o mental deve integrar-se no
espiritual. Se isto acontecer alguma vez aqui entre nós, então nascerá a nova humanidade. E parece
que o Apocalipse está prevendo isto. Que agora nós não conhecemos ainda a sabedoria do espírito,
do cordeiro e por isso estamos lutando, brigando. Mas, se nós conhecermos a sabedoria do mundo
espiritual, nós não lutaremos mais contra o mundo espiritual.
Assim eu entendo o Apocalipse, porque o dragão não lutou mais depois que foi solto pelo
cordeiro. Mas antes ele lutava, está lá. Quer dizer, aqui o Apocalipse apresenta o velho homem
como um animal que recebeu os poderes do dragão. Um paralelo perfeito ao Gênesis, o homem
recebeu os poderes da serpente.
Agora vamos falar um pouco na serpente. Embora alguns paises usam dragão, mas nós
estamos mais habituados à idéia da serpente como sendo a inteligência humana. Por toda a parte usa
a imagem da serpente como a inteligência. E Jesus também usa: “sede inteligentes como as
serpentes, mas sede simples como as pombas.” Aqui ele usa o símbolo da pomba em vez do
símbolo do cordeiro. No Apocalipse é cordeiro, no Evangelho é pomba. A pomba também é mansa.
A pomba não tem com que se defender. Ela pode ser morta, mas não mata ninguém. A pomba é
pacífica como o cordeiro é pacífico. São 2 símbolos do homem cristificado, do próprio Cristo.
Agora vamos falar da serpente. Vocês que lêm um pouco de literatura oriental hoje em dia,
porque todo o mundo ocidental está eivado de literatura oriental, sabem que na Índia a serpente se
chama Naja. Quando eles usam a palavra cobra, eles só entendem serpente venenosa. Usam a
palavra Naja para qualquer serpente. Naja é toda serpente da Índia. Também se pode escrever com

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y -Naya em vez de Naja com j. E alguns escrevem até com g- Naga. Seja Naga, Naya ou mais
usualmente Naja - é serpente. Se vocês lerem o texto hebraico de Moisés, a serpente se chama
Nahash. Vocês não vêm semelhança entre Nahash e Naja ? Em hebraico a serpente se chama
Nahash- e em sânscrito Naja. É evidente que a palavra é a mesma.
Se Moisés não tivesse tido contato com a Índia, ele não teria usado a palavra Nahash para
serpente. Mas, é claro que ele teve contato com a Índia. Eu já disse em outra aula: a Bíblia diz que
Moisés foi para a Arábia quando ele tinha 40 anos, fugindo do Egito, onde ele tinha nascido. E ficou
na Arábia 40 anos. De 40 até 80 anos ele foi pastor na Arábia. Mas a Arábia é oriente médio. A Índia
é oriente longínquo, mas ambos são paises asiáticos, não são ocidentais. São paises da Ásia tanto a
Arábia como também a Índia.
Então, é muito provável que Moisés tenha tido contato com a Índia, talvez tenha ido
pessoalmente à Índia. 40 anos tinha tempo de sobra, para ir até a pé, pois, lá não tinha muito
transporte como hoje. Bem, cavalos já havia, camelos e elefantes havia como transporte, mas não
havia trens e ônibus, muito menos aviões, mas ele podia mesmo ir a pé. Em 40 anos podia
folgadamente ir lá, ficar muito tempo na Índia e voltar para a Arábia. E, provavelmente ele fez isto,
porque no Gênesis está cheio de palavras hindus, sânscritas, inclusive a palavra serpente,
Nahash,em vez de Naja.
Então, Moisés também pegou a idéia da serpente para simbolizar o homem em certo estágio
da sua evolução. O homem mental, o homem intelectual é chamado a serpente, como na Índia Naja
e em hebraico, Nahash. Em todos os povos a idéia de serpente, ou de dragão como se diz no Tibete
e na China, é a idéia da inteligência. Quando alguém é muito inteligente eles dizem: “ele é serpente,
ele é cobra”. Nós também usamos a expressão: “ele é muito cobra”. A ideia de serpente e dragão
também quer dizer mago. Em todos paises orientais, na China, no Tibete... dragão, serpente, mago e
feiticeiro são a mesma coisa. Quando alguém tem faculdades superiores às faculdades comuns
dizem: ele é um mago, ele é um feiticeiro. Ele faz coisas que nós não podemos fazer.
Até os nossos indígenas aqui nas florestas do Brasil, usam a serpente como coisa superior.
Eu me lembro sempre de um antigo livro que eu li outrora, de um padre missionário italiano que foi
para o Mato Grosso para uma tribo de índios completamente selvagens. E ele foi tão admirado lá
pelos índios (um padre italiano chamado Colbaquini), e a tribo o nomeou membro honorário da
tribo dos índios. Fizeram uma grande festa para conferir ao padre Colbaquini o título de membro
honorário da tribo deles. E lhe deram o título de cobra grande. Na língua deles Boiguaçu. O padre
ficou com o nome de Boiguaçu. Boi, Boia quer dizer cobra, e guaçu, grande.
Por quê? Porque o padre Colbaquini sabia de coisas, sobretudo de medicina e plantas que
curavam os índios. Diziam: “este é um mago, é um feiticeiro, é uma cobra grande.” Quer dizer, os
nossos índios também entendem que cobra é qualquer coisa superior, fora do comum. Boiguaçu,
cobra grande, dragão, serpente, sempre foi a idéia prevalecendo na humanidade que representa
algum poder superior, a serpente.
Na Índia ficou célebre a história da kundalini, que é a serpente. Kundala (enroscado), e
kundalini é uma personificação da palavra kundala que não é propriamente serpente. Quer dizer
enroscado. Porque a serpente quando faz hibernação... (todas as serpentes hibernam no inverno, nos
países frios). Aqui no Brasil também no sul, a cobra faz hibernação. Ela dorme durante 2 ou 3
meses contínuos, nos meses frios (junho, julho, agosto). A serpente se esconde debaixo duma pedra
num velho cupinzeiro ou noutro esconderijo seguro e dorme. Não come nada durante 3 meses
inteiros e não morre. Ela come muito antes de dormir, engole algum animalzinho, porque as
serpentes são carnívoras e depois se deitam aí para dormir. Durante 6 meses faz hibernação.
Anos atrás houve aqui, no Largo Paissandu, um iogue que fazia demonstrações que se podia
viver meses inteiros sem comer. Mandaram construir uma casinha para ele, com janelas de vidro. E
lá estava deitado o iogue em cima duma cama de pregos como eles costumam fazer. Ficou 130 dias
sem comer nada, vigiado pelos médicos de São Paulo, controlando cada dia o estado de saúde dele.
E quando eu fui lá, uma vez, espiar pela janelinha (não se podia entrar, mas, a gente podia espiar

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pela janela), a casinha estava cheia de cobras. Rastejando por cima dele! Não eram venenosas, eu
creio, pois, há muitas cobras que não são venenosas. Mas eram cobras verdadeiras, vivas.
Eu perguntei a alguém: “Por que é que ele tem cobras lá dentro?” “Ah!” Dissera alguém
“isto dá muita vitalidade e as auras das cobras dão muita vitalidade, por isso ele aguenta melhor o
jejum na presença das cobras.”
Coisa estranha, não? Por que é que a cobra dá vitalidade? Porque ela tem uma vitalidade
estranha. Ela pode viver meses e meses sem comer. Mesmo fora da hibernação ela pode passar um
mês inteiro comendo uma só vez, por mês. Quer dizer, a cobra foi sempre o símbolo da vitalidade.
Come pouco e vive muito bem sem comer. Então, os hindus acharam que eles deviam considerar a
Naja, a serpente, como vitalidade e atribuíram ao homem a vitalidade. E como a nossa coluna
vertebral tem a forma de uma serpente...

++ Quem vê isto assim diz que isto é uma serpente. É muito parecido.
Uma cabecinha em cima e o último chakra tem a forma de um
grande esse, assim, com duas curvas. E como toda a nossa vitalidade
passa através da coluna vertebral, a filosofia hindu de 7000 anos de
existência achou que a coluna vertebral era uma espécie de serpente,
porque dá vitalidade ao nosso corpo.

Discutiu-se muito, onde está a sede da vida no nosso corpo. Muitos acham que está no
cérebro, outros que está no coração, outros que a sede da vida está no sangue. Mas, os mais antigos
filósofos da Índia já sabiam que a sede da nossa vitalidade está na coluna vertebral. Porque a coluna
vertebral é toda atravessada pelos nervos. Porque as vértebras têm uma abertura no meio e através
desta abertura passa um líquido e dentro do líquido estão os nervos. Passam os nervos através da
medula da coluna vertebral. E, como sem nervos ninguém tem consciência, nós não podemos sentir
nada senão através dos nervos, era muito natural que os filósofos antigos considerassem os nervos a
sede da própria vida. E, descobriram que os nervos são os canais por onde a vida cósmica se
comunica a nós. Os nervos da coluna vertebral são canais que estão em contato com a vida cósmica,
com a vida universal. Comunica a nós através destes condutores misteriosos que são os nervos.
Nós sabemos que o nosso ar é condutor da nossa voz. Quando estou falando e vós estais
ouvindo a minha voz, se não tivesse ar entre mim e vós, vós não ouviríeis nada. Na lua, por
exemplo, a gente não pode falar assim. Os astronautas que estiveram lá não puderam falar um com
outro. Nem assim, um em frente ao outro. Deviam fazer sinais para se comunicar, porque na lua não
há ar. O ar transmite as vibrações da voz, mas nós podemos falar porque há ar e nós nos
comunicamos até 100 ou 200 m, muito mais, não.
Mas se nós quisermos uma longa distância, não basta o ar, precisamos de outro condutor,
outro veículo. Através do ar chega a voz. Através dos fios metálicos vai a eletricidade dos antigos
telégrafos, que precisavam de fios metálicos para mandar um telegrama. A eletricidade vai pelos
fios. A eletrônica não precisa nem fios. Basta o éter. Entre nós e a lua não há ar, mas há o éter e nós
podemos mandar mensagens eletrônicas daqui para a lua. Não precisamos nem do ar. Quer dizer,
são outros veículos: ar, fios metálicos e éter. E os nervos são veículos de energia cósmica.

2a parte
Nervos são veículos de energia cósmica que é transmitida a nós. Nós não temos consciência
se não temos comunicação dos nervos. Quando vocês estão doentes e precisam de uma operação,
eles lhes dão anestesia. Se precisarem fazer operação num braço fazem anestesia local e o cirurgião
pode cortar o que quiser aqui. Vocês não sentem nada. Por que vocês não sentem? Porque os
nervos estão interrompidos, estão insensibilizados. A anestesia (palavra grega para insensibilidade)

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suspende a função dos nervos temporariamente e por isso nós não sentimos nada naquela parte do
corpo, onde não há comunicação de nervos. Quer dizer, a nossa consciência vem através dos nervos.
E quando precisamos de anestesia total, então, dão uma injeção que abrange o nosso corpo
inteiro, fora o coração. O coração é independente, graças a Deus, ele não pára. É muito estranho!
Todos os nervos param. O coração continua a bater regularmente. E a respiração também continua,
senão não poderíamos ser anestesiados sem morrer. Mas, podemos ser anestesiados e continuarmos
a viver. Mas ficamos completamente inconscientes. Não sabemos nada que o cirurgião está fazendo
durante a anestesia.
Quer dizer, os nossos nervos são veículos de consciência. Qualquer coisa de fluido cósmico
passa pelos nossos nervos. Por isso os hindus acharam que a nossa coluna vertebral é uma serpente
de alta vitalidade. E a vitalidade está graduada. Embaixo há pouca vitalidade. À medida que vai
subindo a vitalidade, a consciência aumenta. Então, localizaram na coluna vertebral 6 centros de
consciência que eles chamam chakras. Chakras quer dizer rodinha, literalmente. Acham que são
espécies de círculos ou vórtices talvez, rodinhas, que são sedes da nossa consciência. Agora, não
pensem que algum cirurgião ou algum fisiólogo possa descobrir os chakras na nossa coluna
vertebral. Não vai descobrir nada, nada, nada. Porque não são centros materiais. São centros
puramente energéticos. São centros de energia. Não são centros materiais. Por isso ninguém vai
descobrir na coluna vertebral um chakra, um centro de forças. Força é coisa invisível. Nós não
podemos analisar força pelo bisturi, nem fotografar força. Nós podemos fotografar matéria, mas não
podemos fotografar energia pura.
Einstein diz: “matéria é energia congelada, mas energia é matéria descongelada”. Nós
podemos fotografar energia congelada em matéria, mas não podemos fotografar energia pura.
Então, os hindus dizem que os chakras, os centros energéticos, de energia cósmica, que
estão na coluna vertebral são reais, mas, não são materiais. Então, vamos localizar o centro mais
baixo aqui, logo vem outro centro. Não tem rodinha nenhuma. Aqui no meio está vazio. Aqui é bem
embaixo, aqui pouco mais acima, na altura do umbigo. Aqui continua o outro na altura do coração.
Outro mais ou menos, da laringe e outro logo debaixo do cérebro. Lá termina a coluna vertebral. E
o último centro é uma forma alongada. Uma espécie de pêra mais grossa para cima e mais para
baixo.
E através de toda esta coluna vertebral cheia de nervos, todos os nervos passam aí depois se
ramificam para os membros, passa a nossa vitalidade em diversos graus. Quanto mais consciente a
vitalidade, mais poderosa ela é. Mas, lá embaixo ela é apenas subconsciente talvez, talvez
inconsciente. O último é mais ou menos inconsciente. Depois já é ligeiramente consciente no
segundo centro. Mais consciente (à medida que vai subindo). E lá em cima no último, consciente.
Isto seria a nossa coluna vertebral. Aqui seria do animal horizontal. E aqui seria em estado de
completa dormência.
Então, eles distinguiram kundalini, isto é, serpente enroscada, completamente enroscada,
quando estamos inconscientes. Nós sentimos instintivamente, mas não pensamos. Isto é a parte mais
baixa da consciência que seria uma subconsciência ou inconsciência. Aquilo que Freud chama id, a
coisa puramente vital, mas ainda não mental, nem emocional propriamente. Puramente vital, a
vitalidade pura do animal. Subindo já entra a idéia da reprodução, a individualidade subconsciente.
Aqui já há uma individualidade com idéia de reprodução. A parte sexual está mais ou menos à altura
dos órgãos genitais. E aqui já tem uma maior consciência, mais ou menos consciência de
possessividade, de possuir algum objeto. Aqui já tem uma consciência de emotividade, consciência
de mentalidade e lá em cima, consciência cósmica. Consciência já está em contato com outra esfera
do universo que não é mais matéria pura.
Então, eles inventaram que quando o homem está completamente inconsciente, é serpente
em forma de Kundala ou de kundalini, serpente enroscada, serpente dormente. Depois, a serpente
acorda, começa a mentalização. Começa o homem a mentalizar. Ele cria uma ligeira consciência
mental de si mesmo, uma consciência reflexiva.

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Aí a serpente se desenrola e começa a rastejar horizontalmente na terra. Isto seria a velha
humanidade. Aí no enroscado não é nem humanidade, é pura animalidade. Aqui começa a
hominalidade. Começa o despertamento da consciência do ego. Porque no subconsciente não há ego
nem eu. O puro id, diria Freud. Aqui começa a consciência do ego e o superego seria isto aqui, que
nós chamamos o Eu verdadeiro. Seria o infra-ego, o ego e o supra-ego, ou como nós dizemos, o Eu.
Nós somos os únicos seres aqui na terra, verticalizados, de cabeça para cima.Verticalizados,
de andar ereto, de cabeça para cima. Os únicos do Planeta Terra. O animal é horizontal porque a
coluna vertebral do animal é paralela à terra. E a planta também é vertical, mas de cabeça para
baixo. É claro que a planta é vertical, mas não tem a cabeça para cima. A planta é vertical de cabeça
para baixo porque as raízes da planta são a cabeça da planta. A planta se nutre pelas raízes. Come
pelas raízes. Nenhuma planta pode viver sem terra. Está presa na terra e tira sua nutrição da terra. A
planta pode ser chamada um ser vivo, vertical, mas, de cabeça para baixo. Depois vem o animal que
é um ser vivo horizontal com a cabeça para o lado e em 3o lugar vem o homem. Um ser vivo
vertical de cabeça para cima.
Por que é que nós temos a cabeça para cima? Porque precisamos da nossa antena. A nossa
antena poderosa está aqui: primeiro a coluna vertebral com suas antenas cósmicas, os nervos. Sem
nervos nós não estamos em contato com o cosmos. Então, nós temos os nervos verticalizados para
cima, porque a nossa evolução vai rumo ao infinito.A planta não precisa disto porque a sua
evolução vai rumo à terra. O animal não precisa disto porque a sua evolução é terrestre. Mas o
homem precisa da antena para cima porque a sua evolução mostra os espaços sem limites, lá em
cima.
Por isso é que nós fazemos a meditação de cabeça para cima. Muitas vezes perguntam se a
gente pode fazer meditação deitado. Eu digo, não. Não é porque deitado facilmente a gente cai
vítima do sono, mas também, deitado a antena está em posição imprópria. A nossa antena tem que
estar para cima onde não há nada, só o espaço infinito. Por isso, a meditação se pode fazer ou em
pé, ou sentado. Não se pode fazer deitado a meditação verdadeira. A antena não funciona
corretamente quando não está em posição vertical.
Do cérebro, não vamos falar por enquanto.Tudo isto se sabia: Aqui estão os 6 chakras e aqui
está o sétimo, na base da testa, que chama o olho de Shiva, o olho simples do Evangelho, ou o olho
do Cristo. Tudo isto é a mesma coisa. No oriente se chama o 7o chakra, entre as sobrancelhas, o
olho de Shiva. Shiva corresponde ao nosso Espírito Santo porque eles têm a trindade: Brahma,
Vishnu e Shiva. A trindade é universal em todos os povos. Não é nenhum privilégio do cristianismo
a ideia da trindade. Brahman, a Divindade, sempre se revela de 3 modos: como creador, como
continuador e como consumador, exterminador.
O creador chama Brahma.
O continuador chama Vishnu.
O consumador chama Shiva, que corresponde ao nosso Espírito Santo.
Então, o Espírito Santo seria o 7o- chakra aí na base da testa. Está em comunicação com o 6o
chakra através duma glândula no meio do cérebro. Hoje em dia, quase completamente atrofiada, e
se chama glândula pineal. Quase não funciona mais, nos grandes videntes funciona. No homem
comum a glândula pineal que seria uma ligação entre o 6o chakra e o 7o está quase atrofiada. Agora,
por uma meditação bem conduzida, esta glândula pineal que está no meio do cérebro desperta outra
vez, se regenera. Por isso convém fazer meditação, porque produz intuição espiritual. A intuição é
essencialmente no 7o chakra, na base da testa.
O resto são análises mentais. E embaixo não é sequer análise. Aqui é vitalidade, aqui é
emocionalidade, mentalidade e cosmicidade. Lá está o 7o- chakra como a intuição suprema.
Bem, Moisés introduziu a serpente no Gênesis. Evidentemente ele esteve em contato com a
filosofia hindu, no Egito onde já se sabia há muitos milênios destas coisas. O nosso Gênesis
remonta ao ano 3500, partindo do nosso tempo. Mas a filosofia oriental tem 7000 anos. Quer dizer
que é o dobro de 3500. Quando Moisés apareceu, a filosofia hindu já tinha 3500 anos de existência.

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Quer dizer que já estava muito aperfeiçoada esta ideia de que toda a nossa energia cósmica flui
através da coluna vertebral.
Em evolução muito baixa, só funcionam estes centros aqui. Isto funciona no animal também
e numa evolução mais adiantada funcionam estes centros superiores. Emocional, na altura do
coração, mental na altura da laringe, e sobretudo o centro cósmico que é o contato entre o mundo
material e o mundo espiritual. Lá no 6o- chakra, aí o verbo se faz carne propriamente. O mundo
espiritual se materializa. Isto se chama “o verbo se faz carne” quando o mundo espiritual aparece
em forma materializada. Exatamente a ideia da encarnação do verbo. O Cristo aparece em
personalidade humana.
Então vamos voltar ao Gênesis, agora. Quando Moisés diz que a serpente entrou em conflito
com o sopro de Deus, o que ele quer dizer com isto? Todo o Gênesis gira em torno desta ideia: o
sopro de Deus que tinha sido comunicado a Adão; depois não se desenvolveu o sopro de Deus
porque a serpente interveio e barrou, interceptou a passagem, entrou em conflito. A serpente é
mental. O sopro de Deus é espiritual, aí a parte mental do homem entra em conflito com sua parte
espiritual. Isto é que está no Gênesis.
Vocês nunca vão entender nada do Gênesis sem conhecerem a filosofia oriental. A filosofia
oriental tem 7000 anos de existência. O Gênesis tem 3500 anos, apenas. E somente sobre a base da
coluna vertebral do homem, através da qual passa toda a vitalidade e toda a consciência do homem.
Sem conhecer isto vocês não podem compreender o que Moisés quis dizer. Que os Elohim, as
potências creadoras, insuflaram no rosto do homem, o espírito divino. Mas, interveio a serpente e
barrou a passagem, interceptou a evolução. Então, estabeleceu o conflito entre a serpente mental e o
espírito e o sopro espiritual.
Agora, entra em conflito o sopro espiritual que veio de cima e a voz da serpente que veio de
baixo. Entraram em conflito o homem espiritual Eu, e o homem mental ego. Isto é o que está lá no
Gênesis, em forma de parábola, porque todo Gênesis é uma parábola. Vocês não podem analisar o
Gênesis ao pé da letra. Vocês têm que intuir, vocês têm que adivinhar o que Moisés quis dizer. E
quando o grande vidente fala, ele usa termos comuns do dicionário, mas o que ele viu não tem nada
que ver com o dicionário. Dicionários são analíticos, são intelectuais, mas, o que ele viu não era
intelectual. Aquilo era cósmico, era transcendente.
Não tem palavras para dizer o que se vê numa visão. A gente vê a realidade, mas, se começa
a pensar já está adulterado. E se começa a falar está 2 vezes adulterado. E se começa a escrever está
3 vezes adulterado. Nós não podemos reproduzir a visão da verdade em forma de pensamentos, em
forma de palavras, em forma de um livro.
Tudo isto são tentativas de dizer o indizível, como diz São Paulo. Não se pode nem pensar a
verdade. Muito menos dizer a verdade. Então, os grandes videntes fazem o possível, dizendo em
palavras humanas o que eles viram no espírito. Mas, através destas concepções da filosofia oriental
que é muito profunda e antiga, a gente pode adivinhar mais ou menos, o que é que Moisés quis
dizer com o sopro de Deus e o sibilo da serpente, que interveio e obstruiu o sopro de Deus.
À primeira vista parece como nossos os bons teólogos dizem, que Deus foi derrotado pela
serpente. E eles entendem que a serpente era o diabo. Então, Deus foi derrotado pelo diabo. Bem,
isto é uma idéia muito infantil. Deus não pode ser derrotado por nenhuma creatura, nem pelo diabo.
É claro que ele não foi derrotado, mas era necessário que estas duas forças da natureza humana: o
espírito e a mente entrassem em conflito. Porque o ego é o pior inimigo do Eu, embora o Eu seje o
melhor amigo do ego. O mental é o pior inimigo do espiritual, mas o espiritual é o melhor amigo do
mental. Isto está na Bhagavad Gita.
E Moisés sabia tudo isto. E por isso ele apresentou o Gênesis, em forma de conflito entre 2
forças do homem. Entre a força espiritual que ele chama o sopro dos Elohim e a força mental, que
ele identifica com a serpente. A serpente nada tem que ver com uma cobra. É a coluna vertebral, por
onde passa a consciência do homem. Também não tem nada que ver com o diabo. Bem, se a nossa

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mente é o diabo, então é o diabo mesmo. A nossa mente muitas vezes funciona como se fosse o
diabo.
Quando Pedro não quis aceitar a idéia de Jesus, de que ele devia morrer. Jesus disse: “Vá de
retro satanás”. Vá à retaguarda satanás. Chamou Pedro de satanás, mas Pedro era uma pessoa
humana. Não era nenhum satanás de outro mundo. O que Jesus quis dizer: “Tu estás procedendo
como adversário do espírito. A tua mente humana está opondo ao meu espírito.” Satanás é a
palavra hebraica para adversário. E de Judas ele diz: “Eu vos escolhi a vós 12, mas, um de vós é
diabo.” Aí ele usa a palavra grega, diabo. Diabo, quer dizer opositor e satanás quer dizer adversário.
A nossa mente muitas vezes é muitas vezes satanás, e muitas vezes o diabo. Quando ela se
opõe ao espírito, então ela é adversária. Ela é opositor. Então, ela pode ser chamada satanás. Jesus
chama a mente de Pedro satanás. E a mente de Judas, ele chama diabo, mas eram pessoas humanas.
Quer dizer, satanás e diabo não são personalidades. São funções do homem. Nós podemos funcionar
satanicamente, nós podemos funcionar diabolicamente, quando a nossa parte mental, o nosso ego
propriamente se opõe à nossa parte espiritual, ao nosso Eu. Então nós funcionamos como satanás.
Funcionamos como diabo.
Tudo isto precisam saber porque sem isto, não é possível compreender a parábola do
Gênesis. Porque Moisés sabia de tudo isto. Ele tinha feito meditação de 40 anos. Não de 1 hora,
como nós fazemos, ou de meia hora como fazemos na 2a- feira. Uma meditação nos desertos da
Arábia. 40 anos de pastor. Ele deve ter feito meditações prolongadas e profundas e chegou à
intuição espiritual, para além de toda análise intelectual.
Bem, vamos terminar aqui hoje, isto dá para digerir uma semana.

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