Você está na página 1de 4

Concentração de sacarose no enraizamento in vitro de morangueiro.

GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO; M. LEWANDOWSKI, V.T. Rooting and acclimatization RIQUELME, C.; GUIÑAZU, M.E.; TIZIO, R.
Micropropagação In: TORRES, A.C.; CALDAS, of micropropagated Vitis labrusca “Delaware”. Pre-acondicionamento y aclimataccion en
L.S. (Eds.). Técnicas e Aplicações de Cultura de HortScience, v. 126, n. 5, p. 586.588, 1991. condicciones de invernáculo de plântulas
tecidos de plantas. Brasília: ABCTP: EMBRAPA MC COWN, B.H. Adventitious rooting of tissue micropropagadas de frutilla, menta, papa y vid.
CNPHortaliças, 1990. p. 99-169. Phyton, v. 52, n. 1, p. 73-82, 1991.
cultured plants. IN: DAVIS, T.; HAISSIG, B.E.;
GROUT, B.W.W. Photosynthesis of regenerated SANKLA, N. (Eds.).Adventitious root formation SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. Fisiologia Ve-
plantlets in vitro, and stress of transplanting. Acta in cuttings. Portland-Oregon: Dioscorides, 1988. getal. México: Iberoamérica, 1994. 759 p.
Horticulturae, n. 230, p. 129-135, 1988. v. 2, p. 289-299. VILLEGAS, A.M. Micropropagación de fresa
(Fragaria x ananassa Duch.). In: ROSELL, C.H.;
HDIDER,C.; DESJARDINS, Y. Effects of sucrose MINAMI, K. Biotecnologia e Otimização da Pro- VILLALOBOS, V.M. (Eds.). Fundamentos teóri-
on photosynthesis and phosphoenolpyruvate dutividade dos Produtos Hortícolas. In: co - práticos del cultivo de tejidos vegetales. Roma:
carboxylase activity of in vitro cultured strawberry CROCOMO (Ed.) e colaboradores. Biotecnologia Organizacion de las Naciones Unidas para la Agri-
plantlets. Plant Cell,Tissue and Organ Culture, v. para produção vegetal. Piracicaba: ESALQ/USP: cultura e la Alimentacion (FAO), 1990. p. 91-95.
1, n. 36, p. 27-33, 1994. CEBTEC/FEALQ, 1991. p. 173-187. YUE, D.; DESJARDINS, Y.; GOSSELIN, A.
LANGFORD, P.J.; WAINWRIGHT, S. Effects of MURASHIGE, T.; SKOOG F.A. Revised medium Photosynthetic capacity and effects of forced
sucrose concentration on the photosynthesis ability for rapid growth and bio assays with tobacco tissue ventilation on growth of in vitro cultured
of rose shoots in vitro. Annals of Botany, v. 60, p. cultures. Physiologia Plantarum, n. 15, p. 473- strawberry plantlets. Acta Horticulturae, v. 20, p.
633-640, 1987. 497, 1962. 123-126, 1993.

MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L.C.; CARRIJO, O.A.; SILVA, H.R. Produção e qualidade de alho sob regimes de água no solo e doses de nitrogênio.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 2, p. 191-194, junho 2.002.

Produção e qualidade de alho sob regimes de água no solo e doses de


nitrogênio
Waldir A. Marouelli; Washington L. C. Silva; Osmar A. Carrijo; Henoque R. Silva
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF. E-mail: waldir@cnph.embrapa.br

RESUMO ABSTRACT
Avaliou-se os efeitos de regimes de água no solo e doses de Production and quality of garlic crop under soil water
nitrogênio (N) sobre a produção e qualidade de bulbos de uma culti- regimes and nitrogen levels
var de alho suscetível ao pseudoperfilhamento. O estudo foi condu- The study was carried out at Embrapa Hortaliças, Brasília, Brazil,
zido na Embrapa Hortaliças, Brasília, e os tratamentos consistiram in order to evaluate the effects of three soil water tensions (15; 35
da combinação de três tensões de água (15; 35 e 70 kPa) e três doses and 70 kPa) and three nitrogen (N) levels (20; 100 and 500 kg.ha-1)
de N (20; 100 e 500 kg.ha-1). Maior desenvolvimento vegetativo, on yield and quality of garlic bulbs of a secondary growth susceptible
produtividade total e massa média de bulbos foram obtidos para ten- cultivar. Greater vegetative growth, total yield and average bulb
sões entre 15 e 19 kPa e doses de N entre 52 e 97 kg.ha-1. A produti- weight were obtained under tensions between 15 and 19 kPa and N
vidade comercial foi maximizada para a tensão de 15 kPa, sendo levels between 52 and 97 kg.ha -1. The marketable yield was
contudo reduzida linearmente com o aumento da dose de N. A por- maximized for 15 kPa tension, and it was linearly reduced with
centagem de bulbos pseudoperfilhados foi influenciada pela tensão increasing N levels. The percentage of bulbs with secondary growth
de água, dose de N e pela interação dos fatores, tendo sido minimizada was affected by the water tension, N and the interaction of both
para a tensão de 70 kPa e 20 kg.ha-1 de N. As porcentagens de bul- factors, with minimum value obtained for the combination of 70
bos chochos e de perda de massa entre 60 e 120 dias após a colheita kPa tension and 20 kg.ha-1 of N. The percentages of dry bulbs and
aumentaram linearmente com as doses de N, mas não foram afeta- mass loss between 60 and 120 days after harvest increased linearly
das pela tensão. Assim, para maximizar a produtividade comercial with N, however, they were not affected by water tension treatments.
de cultivares suscetíveis ao pseudoperfilhamento deve-se realizar a Hence, to maximize marketable yield of cvs. susceptible to secondary
irrigação em regime de alta freqüência, mesmo favorecendo maior growth both high frequency irrigation regime is recommended,
porcentagem de pseudobulbos, e minimizar a aplicação de N. despite favoring secondary growth, and minimum N application.

Palavras-chave:Allium sativum, bulbo chocho, irrigação, nitrogê- Keywords: Allium sativum, dry bulb, irrigation, nitrogen, soil water
nio, tensão de água no solo, pseudoperfilhamento. tension, secondary growth.

(Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.002)

O alho é uma das hortaliças de maior


relevância econômica e social no
Brasil, sendo cultivada principalmente por
4,8 t ha-1 (IBGE, 2000).
O alho é cultivado na estação fria,
por ser muito influenciado por
irrigação é prática obrigatória nas prin-
cipais regiões produtoras, especialmente
em Minas Gerais e Goiás. Em Santa
pequenos agricultores. Nos últimos dez fotoperíodo e temperatura, o que coin- Catarina e Rio Grande do Sul é freqüen-
anos, a área média cultivada foi de 14,8 cide com a época mais seca do ano nas te a ocorrência de estiagens durante o
mil hectares, sendo cerca de 20% na re- regiões Sudeste e Centro Oeste. Assim, ciclo da cultura, e muitos agricultores
gião de cerrados l, principalmente nos es- para suprir as necessidades hídricas da já utilizam a prática da irrigação a fim
tados de Goiás e Minas Gerais. No mes- cultura e garantir a obtenção de produ- de possibilitar incrementos significati-
mo período, a produtividade média foi de tividade elevada e de boa qualidade, a vos de produtividade (Pola & Biasi,

Hortic. bras., v. 20, n. 2, jun. 2002. 191


W. A. Marouelli et al.

1993). A aspersão é o principal método influência de níveis crescentes de N e fato de magnésio, 15 kg.ha-1 de bórax e
de irrigação utilizado no Brasil na cul- de água no solo sobre a produtividade e 20 kg.ha-1 de sulfato de zinco. Adicio-
tura do alho, sendo o sistema convenci- qualidade de bulbos de alho de uma cul- nalmente foram realizadas quatro apli-
onal o mais empregado. tivar suscetível ao pseudoperfilhamento, cações foliares (400 L.ha-1 cada) com
A água e o nitrogênio (N) são relacio- visando estabelecer estratégias para solução de 20 g.L-1 de cloreto de cálcio
nados na literatura como os fatores que manejo de água e adubação nitrogenada. e de 15 g.L-1 sulfato de magnésio. O ni-
mais freqüentemente afetam o desempe- trogênio foi aplicado em cinco parcelas
nho da cultura do alho. Irrigações defici- MATERIAL E MÉTODOS iguais, uma no plantio e as restantes com
tárias refletem diretamente na redução de freqüência de 20 dias. A fonte de N no
produtividade, enquanto irrigações ex- Três experimentos foram conduzi- primeiro ano foi o nitrato de sódio, en-
cessivas prejudicam a qualidade e a con- dos no campo experimental da Embrapa quanto nos demais utilizou-se a uréia,
servação de bulbos (Costa et al., 1993; Hortaliças, em Brasília, de 1990 a 1992. por apresentar mais baixo custo e con-
Melo & Oliveira, 1999). A tensão de água O solo foi classificado como Latossolo ter somente N em sua formulação.
no solo normalmente recomendada para Vermelho, fase cerrado, textura argilo- O sistema de irrigação utilizado foi
indicação do momento de irrigação na sa (60% de argila; 34% de silte; 6% de de microaspersão. Nos primeiros 20 dias
cultura do alho varia entre 13 e 50 kPa areia) e retenção de água (% vol.), ajus- após o plantio, todos os tratamentos re-
(Vasconcellos et al., 1971; Klar et al., tada pela equação de van Genuchten ceberam uma lâmina líquida de água de
1972; Pola & Biasi, 1993). (1980), no intervalo entre 5 e 1500 kPa: 4,5 mm a cada dois dias para possibili-
A manutenção de níveis adequados tar uma emergência uniforme das plan-
de fertilidade no solo, especialmente N, tas. A partir daí, o manejo de água foi
também é fator decisivo para o bom realizado com auxílio de tensiômetros
desempenho da cultura do alho (Maga- instalados a 0,10 m de profundidade até
lhães, 1986). Menezes Sobrinho (1997) onde θ é a umidade volumétrica do o início da diferenciação de bulbilhos,
recomenda que sejam aplicados 120 solo, em %, e h é a tensão de água no e a 0,15 cm a partir daí. A quantidade
kg.ha-1 de N, sendo 50% no plantio e o solo, em kPa. A análise química do de água aplicada foi aquela necessária
restante entre 45 e 50 dias após. Traba- solo, nos três anos de condução dos ex- para que o solo retornasse à capacidade
lhos realizados em diferentes regiões do perimentos, revelou: pH = 5,7; P = 24,5 de campo na camada correspondente à
Brasil (Magalhães, 1986; Resende et al., mg/dm-3; K = 200 mg/dm-3; Al = 0,05 profundidade efetiva do sistema
1993) indicam resposta positiva da cul- cmolc/dm-3; Ca = 3,55 cmolc/dm-3, Mg radicular. As irrigações foram paralisa-
tura para doses entre 50 e 100 kg.ha-1. = 1,30 cmolc/dm-3 e matéria orgânica das entre 10 e 15 dias antes da colheita.
Por outro lado, Souza & Casali (1991) = 28,5 g/dm-3. Após a colheita as plantas permane-
e Resende & Souza (2000) verificaram O delineamento experimental utili- ceram no campo durante 2 a 3 dias, sen-
redução linear da produtividade comer- zado nos três anos foi de blocos do depois armazenadas em galpão ven-
cial com o incremento das doses de N. casualizados, com quatro repetições e tilado para completar o processo de cura.
O pseudoperfilhamento é um distúr- tratamentos dispostos em esquema O corte das ramas e a toalete de bulbos
bio genético-fisiológico que deprecia a fatorial 3 x 3. O primeiro fator foi realizada aos 60 dias após a colheita
qualidade de bulbos e reduz sua capaci- correspondeu aos regimes de água no (Menezes Sobrinho, 1997).
dade de conservação. Tem sido associa- solo estabelecidos em função das ten- Foram avaliadas a massa seca da
do, dentre outros fatores, a níveis ele- sões máximas de 15; 35 e 70 kPa (2,18; parte aérea, produtividade total, massa
vados de N e de água no solo, especial- 2,55 e 2,85 pF), e o segundo às doses de média de bulbos, produtividade comer-
mente no estádio final da cultura 20; 100 e 500 kg.ha-1 de N. cial, produtividade de bulbos com diâ-
(Vasconcellos et al., 1971; Souza & A cultivar “Juréia”, que apresenta metro acima de 47 mm (classes 6 e 7),
Casali, 1986; Costa et al., 1993). Plan- folhas estreitas, bulbo branco e ciclo porcentagem de bulbos
tas que produzem pseudobulbos podem médio de 130 dias, foi utilizada por ser pseudoperfilhados e de chochos aos 60
ser reconhecidas durante os estádios de altamente suscetível ao dias após a colheita, e porcentagem de
crescimento, pela presença de brotações pseudoperfilhamento (Souza & Casali, perda de massa de bulbos entre 60 a 120
laterais que surgem entre a bainha das 1986; Costa et al., 1993). Os plantios dias e 120 a 180 dias após a colheita. A
folhas normais (Souza & Casali, 1986). foram realizados na primeira quinzena classificação foi realizada conforme
Outro problema fisiológico que reduz a de abril, no espaçamento de 0,20 m en- Portaria No 242/92, do Ministério da
conservação do alho é o chochamento. tre linhas e 0,10 m entre bulbilhos. Cada Agricultura. A produtividade comerci-
O aumento da ocorrência de bulbos cho- unidade experimental teve área útil de al incluiu bulbos com diâmetro acima
chos tem sido correlacionado, dentre 4,8 m2, localizada dentro de uma área de 32 mm, sem pseudoperfilhamento,
outros fatores, com doses crescentes de de plantio contínuo. chochamento ou danos causados por
N (Costa et al., 1993). A adubação de plantio foi feita na pragas e doenças. À produtividade total
Esse trabalho teve por objetivo ava- proporção de 2.000 kg.ha -1 de incluiu-se bulbos com diâmetro menor
liar, nas condições edafoclimáticas da superfosfato simples, 300 kg.ha-1 de que 32 mm e os com
região de cerrados do Brasil Central, a cloreto de potássio, 150 kg.ha-1 de sul- pseudoperfilhamento. A massa média de

192 Hortic. bras., v. 20, n. 2, jun. 2002.


Produção e qualidade de alho sob regimes de água no solo e doses de nitrogênio.

Tabela 1. Funções de resposta de produção e qualidade de bulbos de alho para tensões de água no solo entre 2;18 e 2,85 pF e doses de
nitrogênio entre 20 e 500 kg.ha-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1990 a 1992.

Y, T, N: Variável dependente, tensão de água no solo e dose de nitrogênio, respectivamente.


* Porcentagens com base em número.

bulbos foi determinada considerando dução significativa no ciclo do alho para O desenvolvimento vegetativo da
bulbos de todos os tamanhos, excluin- tensões máximas de água no solo abai- cultura, avaliado pela massa seca da
do-se os pseudoperfilhados e chochos. xo de 100 kPa e tratamentos com e sem parte aérea, apresentou correlação linear
A porcentagem de perda de massa foi adubação nitrogenada. negativa com as tensões de água no
avaliada somente em relação aos bul- O comportamento relativo de todas solo e quadrática com as doses de N
bos comerciais. as variáveis avaliadas não variou (Tabela 1). O maior desenvolvimento
Os dados obtidos foram submetidos (p>0,05) de ano para ano ou em função ocorreu para a tensão máxima de 2,18
à análise de variância e os fatores signi- da fonte de N, nitrato de sódio ou uréia, pF (15 kPa) e dose de 97 kg.ha-1 de N.
ficativos analisados com regressão linear permitindo a análise conjunta dos da- A produtividade total de bulbos apre-
pelo método de polinômios ortogonais. dos. Com exceção da porcentagem de sentou correlação quadrática, tanto para
Para que os níveis dos fatores inde- pseudobulbos, não houve interação sig- as tensões quanto para as doses de N
pendentes fossem semelhantemente nificativa entre os fatores regime de (Tabela 1), com maior produtividade
espaçados, os níveis de tensão de água água e dose de N, o que vai de encontro ocorrendo para a tensão de 2,29 pF (19
no solo foram expressos na unidade aos resultados auferidos por kPa) e dose de 64 kg.ha-1 de N. Este re-
pF 1 , enquanto que as doses de N fo- Vasconcellos et al. (1971) e Costa et al. sultado é coerente com estudos realiza-
ram transformadas em logaritmo na (1993). Na Tabela 1 são apresentadas as dos para outras regiões brasileiras que
base 10. equações de regressão ajustadas para as relatam resposta ótima da cultura para
variáveis que apresentaram correlação doses de N entre 50 e 100 kg.ha-1 (Ma-
RESULTADOS E DISCUSSÃO significativa com os fatores estudados. galhães, 1986).
As amplitudes das médias observa- A produtividade comercial foi redu-
O número total de irrigações reali- das em função dos tratamentos variou zida linearmente com o incremento da
zadas variou em média de 22 a 64, en- de 0,842 a 1,640 t ha-1 para a massa seca tensão e da dose de N (Tabela 1). Por-
quanto que a lâmina líquida de água da parte aérea; de 4,388 a 8,060 t ha-1 tanto, maior produtividade foi obtida
aplicada variou de 234 a 293 mm para para a produtividade total; de 1,975 a para a tensão de 2,18 pF (15 kPa), que é
as tensões de água no solo de 70 e 15 4,589 t ha-1 para a produtividade comer- muito menor que a tensão de 50 kPa re-
kPa, respectivamente. O uso médio de cial; de 11,7 a 20,1 g para a massa mé- comendada por Vasconcellos et al.
água pela cultura para a dose de 100 dia de bulbos; de 21,1 a 49,8% para o (1971) e Klar et al. (1972). O presente
kg.ha-1 de N foi 11% maior que para a pseudoperfilhamento; de 0,5 a 11,4% resultado, todavia, vem suportar o estu-
de 20 kg.ha-1 e 18% maior que a de 500 para bulbos chochos; e de 5,1 a 11,1% do realizado por Pola & Biasi (1993),
kg.ha-1, sendo devido ao maior desen- para a perda de massa de bulbos entre no qual verificaram que a faixa de ten-
volvimento vegetativo das plantas. A 60 a 120 dias após a colheita. são ótima para a cultura do alho está
precipitação efetiva média ocorrida du- As menores produtividades obtidas, entre 13 e 27 kPa. Diferenças de res-
rante o período de condução dos expe- em relação à média nacional (4,8 t ha-1), posta podem ser devido a variações de
rimentos foi de 63,4 mm. O ciclo da deveu-se ao fato da cultivar utilizada não retenção de água do solo, demanda
cultura foi pouco afetado pelos trata- apresentar alto potencial produtivo e ser evaporativa da atmosfera e das cultiva-
mentos, tendo sido em média de 132 altamente suscetível ao res utilizadas nos diferentes estudos
dias. Semelhantemente, Vasconcellos et pseudoperfilhamento (Menezes Sobri- (Ahuja & Nielsen, 1990).
al. (1971) também não observaram re- nho, 1997).

1
pF é definida como o logaritmo da tensão expressa em centímetros de H2O (Reeve & Carter, 1991).

Hortic. bras., v. 20, n. 2, jun. 2002. 193


W. A. Marouelli et al.

A produtividade de bulbos comer- ta quadrática aos fatores avaliados, COSTA, T.M.P.; SOUZA, R.J.; SILVA, A.M. Efei-
ciais com diâmetro acima de 47 mm semelhantemente ao observado para tos de diferentes lâminas de água e doses de nitro-
gênio sobre a cultura do alho (Allium sativum L.
(média de 0,382 t ha-1) não foi afetada produtividade total e cv. Juréia). Ciência e Prática, v. 17, n. 3, p. 239-
significativamente (p>0,05) pelas ten- pseudoperfilhamento, tendo sido 246, 1993.
sões de água no solo ou doses de N es- maximizada para a tensão de 2,24 pF IBGE. Produção agrícola. Disponível: site SIDRA
tudadas. (17 kPa) e 52 kg.ha-1 de N (Tabela 1). O Sistema IBGE de recuperação automática.
Diferentemente do observado para incremento no tamanho de bulbo para http:\\www.sidra.ibge.gov.br/. Consultado em 14
doses de N até 52 kg.ha-1 não refletiu em dez. 2000.
produtividade total, a dose de 20 kg.ha-1
KLAR, A.; SCALOPI, E.J.; VASCONCELOS,
de N foi a que permitiu maior produti- aumento de produtividade comercial em
E.F.C. Potenciais de umidade do solo e nitrogê-
vidade comercial. Embora a maioria dos razão da porcentagem de bulbos nio em cobertura afetando uma cultura de alho
estudos indiquem incrementos signifi- pseudoperfilhados ter aumentado numa (Allium sativum, L. var. “Lavínia”). Ciência e
cativos de produtividade comercial para taxa muito maior. Cultura, v. 24, n. 11, p. 1045-1049, 1972.
doses de N entre 50 e 100 kg.ha-1 (Ma- As porcentagens de bulbos chochos MAGALHÃES, J.R. Nutrição mineral do alho.
Informe Agropecuário, v. 12, n. 142, p. 20-30,
galhães, 1986; Resende et al., 1993), e de perda de massa de bulbos entre 60 1986.
outros indicam, semelhantemente ao e 120 dias após a colheita aumentaram MAROUELLI, W.A.; SILVA, W.L.C. Resposta da
observado no presente estudo, efeito li- linearmente com a dose de N aplicada, cultura do alho submetida à diferentes regimes de
near decrescente (Souza & Casali, 1991; não apresentando, contudo, correlações água no solo em dois estádios de desenvolvimen-
Resende & Souza, 2000). Estas diver- significativas com a tensão de água no to. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGE-
gências, que podem ser atribuídas em solo (Tabela 1). Já a porcentagem de NHARIA AGRÍCOLA, 30., 2001, Foz do Iguaçu.
[Anais]. Foz do Iguaçu: SBEA-UNIOESTE, 2001.
parte às variações edafoclimáticas e de perda de massa entre 120 e 180 dias após CD-Rom.
manejo, as quais afetam a dinâmica do a colheita (média de 4,0%) não foi afe- MELO, J.P.L.; OLIVEIRA, A.P. Produção de alho
nitrogênio no solo, são devidas princi- tada pela tensão de água ou dose de N. em função de diferentes níveis de água e esterco
palmente às diferenças entre cultivares Tendência semelhante também foi rela- bovino no solo. Horticultura Brasileira, v. 17, n.
utilizadas nos diferentes estudos (Ma- tada por Costa et al. (1993) que obser- 1, p. 11-15, 1999.
galhães, 1986; Costa et al., 1993). varam incremento de bulbos chochos MENEZES SOBRINHO, J.A. ed. Cultivo do alho
(Allium sativum). 3.ed. Brasília: EMBRAPA-
A redução da produtividade comer- (de 35 para 51%) para doses de N entre
CNPH, 1997. 23 p. (Instruções Técnicas da
cial deveu-se principalmente à alta in- 0 e 120 kg.ha-1. A maior incidência de Embrapa Hortaliças, 2).
cidência de pseudobulbos, que foi influen- bulbos chochos encontrada por Costa et POLA, A.C.; BIASI, J. Primeiros resultados ex-
ciada de forma linear e negativa pela al. (1993) pode ter sido devido a pro- perimentais de irrigação na cultura do alho em
tensão de água no solo, de forma blemas de deficiência de Caçador, SC. Agropecuária Catarinense, v. 6, n.
micronutrientes e/ou ao processo de cura 2, p. 18-20, 1993.
quadrática pela dose de N e pela
REEVE, M.J; CARTER, A.D. Water release
interação dos fatores (Tabela 1). Menor dos bulbos (Magalhães, 1986; Menezes
characteristic. In: SMITH, K.A.; MULLINS, C.E.
porcentagem de pseudoperfilhamento Sobrinho, 1997). Marouelli et al. (2001), Soil analysis: physical methods. New York:
foi observada para a tensão de 2,85 pF avaliando diferentes regimes de água no Marcel Dekker, 1991. p. 111-160
(70 kPa) e dose de 20 kg.ha-1 de N. Por solo, também não verificaram efeito sig- RESENDE, G.M.; SOUZA, R.J. Doses e épocas
outro lado, a maior incidência esteve nificativo da irrigação sobre a incidên- de aplicação de nitrogênio sobre a produtividade
cia de bulbos chochos e a perda de mas- e características comerciais do alho. Horticultura
associada com doses de N entre 116 e
Brasileira, v. 18, p. 759-760, 2000. Suplemento.
137 kg.ha-1, respectivamente para ten- sa de bulbos durante o armazenamento,
RESENDE, G.M.; SOUZA, R.J.; LUNKES, J.A.
sões de 2,85 e 2,18 pF (70 e 15 kPa). no período entre 60 e 120 dias após a Influência do nitrogênio e paclobutrazol em alho
Utilizando cultivares suscetíveis, colheita. cv. Quitéria. Horticultura Brasileira, v. 11, n. 2,
Pola & Biasi (1993) também observa- Apesar da importância do N no de- p. 126-128, 1993.
ram redução linear significativa do senvolvimento vegetativo das plantas e SOUZA, R.J.; CASALI, V.W.D. Efeitos do nitro-
produtividade de bulbos de alho, doses gênio e potássio nas características comerciais do
pseudoperfilhamento de bulbos em alho (Allium sativum, L.). Ciência e Prática, v.
plantas submetidas a diferentes tensões elevadas podem provocar alta incidên- 15, n.3, p. 276-281, 1991.
de água no solo, diferentemente de Cos- cia de pseudoperfilhamento e menor SOUZA, R.J.; CASALI, V.W.D.
ta et al. (1993) que não verificaram efei- conservação de bulbos, reduzindo a pro- Pseudoperfilhamento – Uma anomalidade gené-
to significativo da irrigação. Costa et al. dutividade comercial. Assim, para cul- tico-fisiológica em alho. Informe Agropecuário,
tivares suscetíveis ao v. 12, n. 142, p. 36-41, 1986.
(1993), todavia, verificaram que o
pseudoperfilhamento, deve-se van GENUCHTEN, M.T. A closed-form equation
pseudoperfilhamento foi afetado de for- for predicting the hydraulic conductivity of
ma quadrática pela dose de N e pela minimizar a aplicação de N. unsaturated soils. Soil Science Society American
interação entre N e irrigação. Já Souza Journal, v. 50, p. 288-291, 1980.
& Casali (1991) e Resende & Souza LITERATURA CITADA VASCONCELLOS, E.F.C.; SCALOPI, E.J.;
(2000) observaram correlação linear KLAR, A. A influência da irrigação e adubação
positiva com a dose de N. AHUJA, L.R.; NIELSEN, D.R. Field soil-water nitrogenada na precocidade e “superbrotamento”
relations. In: STEWART, B.A.; NIELSEN, D.R. da cultura do alho (Allium sativum, L.). O Solo, v.
A massa média de bulbos sem Irrigation of agricultural crops. Madison: ASA/ 63, n. 2, p. 15-19, 1971.
pseudoperfilhamento apresentou respos- CSSA/SSSA, 1990. p. 143-190

194 Hortic. bras., v. 20, n. 2, jun. 2002.

Você também pode gostar