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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

ÁREA DE FITOTECNIA

CULTURA DO CAFEEIRO

ELABORAÇÃO: PROF. FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA, Dr.

RECIFE, PE,

ATUALIZADO EM 2012
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1. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL

O Brasil é o maior país produtor de café do mundo.

Em 2006, os 57 países cafeicultores produziram 123,8 milhões de sacas (7,4 milhões de toneladas),
das quais o País foi responsável por 34,3%.

Os maiores consumidores mundiais são os Estados Unidos, com uma média anual entre 18 e 20
milhões de sacas, seguidos pelo Brasil, com 16,3 milhões – o que equivale a 70 litros por pesso-
a/ano.

O nosso País é o maior exportador, com 32% dos negócios, arrecadando US$ 3,3 bilhões.

Os principais importadores do café brasileiro são Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgi-
ca.

O agronegócio gera, no mundo todo, recursos da ordem de 91 bilhões de dólares ao comercializar


os 115 milhões de sacas que, em média, são produzidos. A atividade envolve, ainda, meio bilhão de
pessoas da produção ao consumo final (8% da população mundial).

No Brasil, o café é produzido em 300 mil propriedades de 11 estados (1.850 municípios), empre-
gando 8,4 milhões de pessoas e gerando uma renda bruta de US$ 5 bilhões.
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PRODUTORES DO CAFÉ ROBUSTA

a) Produtores Mundiais

Vietnam, Uganda, Índia, Costa do Marfim, Indonésia, Brasil.

b) Produtores no Brasil:

Espirito Santo, Sul da Bahia, Rondônia, Leste de Minas Gerais, Oeste de São Paulo.

PRODUÇÃO NACIONAL DE CAFÉ

No Brasil, a produção cafeeira se concentra, principalmente, em três estados: MINAS GERAIS,

principal produtor, tem a participação de 50,8% no País.

O segundo, o ESPIRITO SANTO, com 25,3% do todo nacional, e SÃO PAULO, o terceiro no ran-

king com 8% de participação (CONAB, 2011).


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ASPECTOS GERAIS DA CAFEICULTURA

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES 2011


Estados (milhões de sacas beneficiadas) (sacas/ha)
Arábica Robusta Produtividade
Minas Gerais 22.449,0 260 22,76
Espírito Santo 2.991,2 7.856,7 23,80
São Paulo 3.564,3 - 21,32
Paraná 1.800,0 - 23,68
Bahia 1.911,8 700,4 19,01
Rondônia - 1.971,8 12,73
Mato Grosso 16,3 186,8 13,37
Pará - 228,6 16,93
Rio de Janeiro 237,6 12,5 19,09
Outros 201,3 302,0 20,56
Brasil 33.171,5 11.562,2 21,74
TOTAL = 44.733,7 milhões de sacas
Fonte: Mapa, SPC, Conab
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2. ORIGEM

O café é uma planta nativa da Etiópia, país do leste da África – antiga Absínia.

3. PROPAGAÇÃO

Os vizinhos árabes, no Oriente Médio, foram os primeiros a “cultivar” o café.

Os árabes foram também os primeiros a beber café – em vez de comer ou mascar, como os pionei-
ros.

Da Etiópia o cafeeiro foi levado pelos árabes para os países vizinhos.

Chegou à Europa levado por navegantes e aventureiros holandeses, alemães e italianos.


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No século XVII (Iêmen), os holandeses plantaram na Ilha de Java e de lá levaram para Amsterdã
(1706) e plantaram no Jardim Botânico de Paris. Em 1706 chegou à Guiana Holandês, posterior-
mente, na Guiana francesa, em 1718 em Caiena.

De Caiena foram então trazidas em 1727 pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta algumas
sementes e 5 mudinhas para o Estado do Pará.

No ano seguinte, o cafeeiro foi plantado no Maranhão, de onde foi finalmente levado para o Rio de
Janeiro.
O cafeeiro se propagou em direção ao vale do rio Paraíba (RJ) e de lá se presume que por volta de
1790 tenha penetrado no Estado Bandeirante.

No Brasil, o café foi primeiramente plantado no Pará em 1727 e demorou a constituir-se em artigo
de exportação. Também foi cultivado no Maranhão, Pernambuco, Ceará (mudas provenientes de
Paris) e Bahia (mudas provenientes do Espírito Santo), mas sua produção no Nordeste não chegou a
ser significativa.

Em São Paulo, tem-se referência das primeiras plantações no distrito de Bananal em 1782, mas sem
descartar a hipótese de que possam ter sido nos distritos de Ubatuba ou São Sebastião. Dessas áreas
a cultura foi levada para o Oeste da Capitania, onde foram feitos ensaios em várias localidades. No
ano de 1806, São Paulo exportava 23 420 arrobas.
No final do século XIX o café correspondia a 70% das exportações brasileiras e era responsável por
cerca de 70% da produção mundial.

Atualmente, o maior produtor de café no país é o Estado de Minas Gerais, que detém em torno de
50% da produção brasileira e o Brasil é o maior produtor mundial responsável por mais de 40 % da
produção total.

Nos arredores de Recife, em Pernambuco, por volta do ano de 1824, cultivou-se muito pouco café.
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4. BOTÂNICA DO CAFEEIRO

4.1. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

• Classe: Dicotiledoneae
• Subtribo: Coffeiae
• Tribo: Coffeae
• Família: Rubiacea
• Gênero: Coffea
• Secções: Eucoffea, Mascarocoffea, Argocoffea e Paracoffea, com 24, 18, 11 e 13 espécies,
respectivamente, totalizando 66 espécies.

• A secção Eucoffea é a mais importante, pois encerra as espécies mais cultivadas nos grandes
centros produtores de café. Ela é dividida nas subsecções:

• (1) Erythocoffea: Coffea arabica, C. canephora e C. congensis

• (2) Pachycoffea: C. liberica, C. dewevrei

• (3) Mozambicoffea: C. recemosa e C. salvatrix

• (4) Melanocoffea: C. stenophylla

• (5) Nanocoffea: C. montana

• (6) Mascarocoffea: C. resinosa e C. macrocarpa


O cafeeiro é uma planta perene, pertencente à família Rubiaceae e ao gênero Coffea.

Diferentemente das demais espécies do gênero, Coffea arabica L. é autógama e alotetraplóide segmen-
tal (tetraplóide originado da hibridação de duas espécies diplóides diferentes, com homologia parcial de
seus cromossomos), apresentando 44 cromossomos (2n = 44) (Krug, 1936).

As variedades comerciais de café arábica apresentam pequena variabilidade genética, confirmada pelos
estudos com marcadores de DNA.
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Coffea canephora Pierre é uma espécie alógama, diplóide, com 2n = 22 cromossomos. Apresenta auto-
incompatibilidade e é considerada por alguns autores como auto-estéril.

No Brasil, cultiva-se a variedade Conillon, representante dessa espécie, proveniente da África. Essa
variedade apresenta grande variabilidade fenotípica em diversas características botânicas e agronômi-
cas. É cultivada em regiões de clima mais quente e baixas altitudes (Fazuoli, 1986).

Existem mais de 80 espécies de café.

4.2. ESPÉCIEIS MAIS IMPORTANTES

1) Coffea arabica - é conhecida por café-arábico, arbusto de folhas persistentes, em que as folhas
são opostas, elípticas, acuminadas inteiras por vezes onduladas, glabras e com estípulas pequenas
persistentes. A planta é cultivada em larga escala no continente americano, é um arbusto de 2 a 4
metros de altura. Os ramos laterais, também chamados primários, são longos e flexíveis, contendo
ramificações secundarias e terciárias. As flores são bracteadas e dispostas em fascículos auxiliares
de quatro. A corola é tubulosa-assalveada, branca ou ligeiramente rosada. Os estames são em
número de cinco. O ovário é ínfero, o fruto é uma pseudo-drupa com cerca de um centímetro e meio
de comprimento, de cor vermelha ou amarela, tornando-se com a maturação castanho-anegrado, em
geral com duas sementes. No café moca o fruto só tem uma semente com uma fenda longitudinal
profunda. É uma planta autógama e possui 44 cromossomos, sendo por isto tetraplóide. Seu produto
é de qualidade superior (aroma e sabro mais apreciados no mundo inteiro) e de maior aceitação em
todos os mercados consumidores.

2) Coffea canephora - conhecida como café-robusta ou conilon, difere da espécie anterior por ser
um arbusto ou pequena árvore, geralmente multicaule, com folhas marcadamente elípticas,
onduladas mais ou menos atenuadas nas extremidades. As flores agrupam-se em fascículos de seis,
desenvolvendo-se em geral duas ou quatro. O limbo da corola apresenta-se com cinco a sete lobos.
Os estames são isômeros. O fruto mede cerca de doze milímetros de comprimento e é vermelho.
Esta espécie é espontânea desde a África Ocidental até ao Uganda. A produção é destinada a
indústria do café solúvel. Face ao tamanho pequeno dos grãos e sabor da bebida não tem
expressividade comercial.

3) Coffea liberica, conhecida por café-libérica, é um arbusto ou pequena árvore, de folhas coriáceas,
grandes, elíptico-oblongadas ou elíptico-ovadas. As flores agrupam-se em fascículos de uma a
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quatro flores. O limbo da corola tem seis a nove lobos. Os estames são isômeros. O fruto tem um
comprimento compreendido entre os dois e três centímetros. A espécie é originária da África
tropical. Não é cultivada no Brasil.

4) Coffea racemosa, conhecida por café-racemosa ou café-de-inhambane, distingue-se por ser um


arbusto ou pequena árvore muito ramosa. As folhas são ovado-lanceoladas, caducas ou
marceronsas. As flores axilares são solitárias. O limbo da corola possui seis ou nove segmentos. Os
estames são isômeros. O fruto subglaboso é vermelho. As sementes são mais pequenas e muito
desiguais. É originária da África oriental. Não é cultivada no Brasil.

5) Coffea eugenioides, assemelha-se a determinadas cultivares de C. Arabica. A espécie não expres-


sividade econômica. Seu valor se prende a uma possível relação filogenética com a C. Arabica.

6) Coffea dewevrei, um dos cultivares mais conhecidos dessa espécie é o Excelsa, caracterizado
pelo porte elevado e pelas folhas grandes e coriáceas. Produz café de qualidade inferior, razão pela
qual não é cultivado. O florescimento ocorre em várias épocas do ano. As sementes são afiladas nas
extremidades e de cor amareladas, com endocarpo espesso e película bem aderente.

7) Coffea stenophylla, o arbusto não é muito desenvolvido. Tem folhas longas, estreitas e espessas.
Os frutos têm coloração vermelha escura, quase preta, quando maduros. A produção é extremamen-
te baixa, as sementes pequenas e sem valor comercial. Apresenta resistência ao bicho mineiro.

8) Coffea congensis, apresenta características semelhantes ao café Robusta, podendo constituir uma
das espécies ancestrais do Coffea arabica. Os frutos, quando maduros, são pequenos, ovóides e de
intensa cor vermelha. As sementes são de tamanho médio e de coloração verde. É uma espécie pou-
co cultivada, porém bem estudada pelos holandeses em Java.

4.3. PRINCIPAIS ESPÉCIES CULTIVADAS NO BRASIL

CAFÉ ARÁBICA: (Coffea arabica L.)


Planta tropical de altitude, de meia sombra.
Origem: altiplanos da Etiópia e Sudão: alt. 1.600 - 2.000m
Temperatura média anual: 18 - 23°C

CAFÉ ROBUSTA: (Coffea canephora Pierre ex Froehner)


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Planta equatorial de baixa altitude, de meia sombra.
Origem: África central, regiões quentes e úmidas da bacia do Congo (Congolês); e quentes e sub-
úmidas da região oeste da África: Guiné-Bissau, Costa do Marfim (Guineano).
Temperatura média anual: 22 - 26°C

4.4. MORFOLOGIA DA PLANTA

permamentes PORTE DA PLANTA - 3 a 4 m


axiais ortogeotrópicos
verticais
RAIZ RAMIFICAÇÃO
superficiais plagiogeotrópicos
suporte
absorventes forma

FOLHAS expansão

flor completa queda


FLORAÇÃO
inflorescência forma
vingamento da flor
desenvolvimento do fruto
FRUTIFICAÇÃO
maturação do fruto

cor do fruto

Descrição morfológica da planta - C. Arabica.

a) Raiz
O sistema radicular é bem desenvolvido. A raiz principal cresce bastante nos terrenos profundos e
relativamente pouco nos solos recém-desbravados e muito ricos. Da raiz pivotante surgem inúmeras
raízes que crescem horizontalmente e se ramificam bastante com a formação de uma abundante
trama de raízes capilares que se dirigem para a parte mais superficial do solo à procura de humo. As
raízes primárias não crescem além de 0,5m de profundidade.
O sistema radicular é constituído de vários componentes conforme representação esquemática da
Figura 1.
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O sistema de raízes do cafeeiro é bastante plástico e varia em função da interação da carga genética
da planta com várias condições do ambiente, tais como textura, estrutura, arejamento, fertilidade e
reação do solo, temperatura, umidade, idade da planta, produção de frutos, sistemas de cultivo, pra-
gas e doenças (Figura 2).

Figura 1 - Representação esquemática de um sistema radicular do cafeeiro (Adaptado de Nutman,


1933b).
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Figura 2 - Representação esquemática de um cafeeiro em produção (Malavolta, 1986).

Raízes permanentes  aquelas raízes que, juntamente com suas ramificações, têm um diâmetro
maior que 3,0 mm;
Raízes axiais  raiz ou raízes que crescem verticalmente no sentido descendente, logo abaixo do
tronco;
Raízes verticais  aquelas raízes, ou porções radiculares, que, após certo crescimento lateral, mu-
dam o curso do crescimento para o sentido vertical descendente;

Placa superficial  formada pelo sistema de raízes que se estende próximo à superfície do solo;
Raízes suportes das raízes absorventes  radicelas que se formam sobre as raízes permanentes,
com diâmetro inferior a 3,0 mm, com pequeno espessamento secundário cutinizadas e desprovidas
de pelos absorventes;
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Raízes absorventes  curtas, delgadas, esbranquiçadas, túrgidas e possuindo pelos absorventes
bem desenvolvidos, normalmente formam-se nos suportes, mas podem também originar-se as por-
ções distais e jovens das permanentes.

b) Porte da planta
O cafeeiro é uma planta perene, de porte arbustivo ou arbóreo, de caule ou tronco lenhoso. A altura
da planta depende da cultivar e das condições ambientais. O tronco pode atingir de 8 a 12 cm de
diâmetro. Em Coffea arabica, a altura das plantas é muito influenciada pelas condições de ambiente.
O cafeeiro é um arbusto de, aproximadamente, 3 a 4 metros de altura.

c) Ramificação

O cafeeiro é um arbusto de crescimento contínuo, que apresenta uma característica de dimorfismo


dos ramos, a saber: ramos que crescem verticalmente (ortogeotrópicos); ramos reprodutivos (plagi-
ogeotrópicos), que crescem lateralmente numa inclinação que varia de 45 e 90o em relação eixo
principal.
No cafeeiro surgem os ramos verticais adicionais, chamados de “ladrões”, comumente nos cafeeiros
mais idosos, ou quando o ramo principal é decapitado ou danificado.
Nos ramos laterais, denominados primários, começam a aparecer na planta a partir dos 60 ao 100 nó
e daí para frente continuamente, num sistema de ramificação siléptico (crescimento simultâneo do
eixo e dos ramos).
Ramificações laterais secundárias (ou de ordem superior) podem aparecer no cafeeiro adulto por
prolepse (crescimento defasado em relação ao primário).

C. Arabica As gemas que se encontram nas axilas dos primeiros pares de folhas da haste principal
só dão origem a ramos produtivos (plagiogeotrópicos). Os laterais ou produtivos só começam a apa-
recer das axilas dos 70 aos 100 pares de folhas em diante. Só há gema para a formação de ramo
produtivos nas axilas das folhas da haste principal onde ocorrem. Nestes ramos (produtivos) somen-
te formam gemas florais.
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Figura 3 - Representação esquemática das gemas axilares do cafeeiro e dos órgãos que delas têm
origem. Gemas cabeça-de-série normalmente não estão presentes as ramificações laterais do cafeei-
ro arábico; assim, as ramificações secundárias originam-se de gemas seriadas (Adaptado de Wor-
mer & Gituana, 1970).

e) Folhas: forma, aparecimento, expansão e queda

As folhas são oval-oblongas, com pecíolos curtos, opostas e com bordos inteiros. São coriáceas, de
coloração verde-escuro, brilhantes e estipuladas (Figura 4).
O aparecimento de folhas está intimamente associado com o crescimento dos caules, especialmente
dos ramos laterais, tendo-se em vista que os primórdios foliares resultam diretamente da atividade
da gema apical. A produção de folhas (formação de nós) é um processo contínuo durante todo o
ano, mas sua taxa varia com as condições climáticas (temperaturas altas ou baixas e fotoperíodo).
A expansão das folhas é maior em estações chuvosas do que em estações secas e segue o modelo
sigmóide, mas a taxa de crescimento e a área final dependem da época em que se verifica a expan-
são. A radiação solar e a temperatura são os principais fatores que controlam a expansão foliar.
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A queda da folha se intensifica na época da seca. O cafeeiro é uma planta perene, de crescimento
mais menos contínuo, e normalmente não perde todas as folhas de uma só vez. As secas e altas
temperaturas afetam acentuadamente a duração foliar por promoverem uma diminuição dos níveis
de carboidratos das folhas. Sendo os frutos importantes drenos de carboidratos, desfolhamentos
causados por secas e altas temperaturas tornam-se mais severos durante a frutificação e após a co-
lheita. Sem dúvida, a queda de folhas é uma maneira de conservar água em período críticos.

Figura 4 - Folhagem do cafeeiro


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f) Floração: flor e inflorescência

O café é uma espécie tropical de floração gregária, ou seja, todas as plantas individuais, numa certa
extensão geográfica, florescem simultaneamente (Fig. 5).
No Brasil podem ocorrer duas a três floradas de intensidades decrescentes; na Costa Rica verifica-
ram-se até 12 e 15. As flores são curtamente pediceladas, brancas e aromáticas e o botão é verde.
A flor é completa. O cálice é pequeno e gamossépalo e a corola gamopéla, com 10 a 12 mm de
comprimento, terminando em 5 lóbulos. Os 5 estames, implantados na parte superior da corola, al-
ternam-se com as pétalas. O pistilo tem de 10 a 15 mm de comprimento com dois lobos estigmáti-
cos. Ovário ínfero-bilocular, verde e com duas lojas, normalmente com 2 óvulos cada uma; geral-
mente, porém, só um se desenvolve em cada loja.
As inflorescências têm pedúnculos curtos, e os vários botões florais estão comprimidos uns contra
outros, formando um conjunto compacto, recoberto por um calículo constituído de dois pares de
bractéolas, conjunto que se denomina glomérulo. Na axila de cada folha aparecem 4 glomérulos - só
raramente mais.
As flores abrem 8 a 10 dias após as primeiras chuvas e a florada dura de 2 a 3 dias. A polinização é
natural, auxiliada pelos ventos e pelos insetos.
A autofecundação é predominante em 90% das flores na Coffea arabica. Portanto, o cafeeiro arábi-
ca é autofértil e as autofecundações sucessivas não têm causado efeito desfavorável no vigor e na
produtividade das plantas.
A fertilidade se dá 24 horas após a polinização, a primeira divisão da célula do endosperma ocorre
de 21 a 27 dias após a fertilização e a primeira divisão do zigoto, 60-70 dias após a polinização
(Mendes, 1958).
A espécie C. canephora e várias outras espécies diplóides com 2n=22 cromossomos são autocom-
patíveis e multiplicam-se exclusivamente por fecundação cruzada.
As flores estão reunidas em cimeiras em número de 4 a 16, na axila dos ramos laterais (Fig. 6 e 7).
Em Coffea arabica, as inflorescências são formadas nas axilas das folhas dos ramos laterais (plagi-
ogeotrópicos) crescidos na estação anterior. Os nós produzem flores apenas uma vez.
Desse modo, a floração depende estreitamente do crescimento dos ramos laterais, em especial dos
primários (que surgem do eixo principal; na muda, aparecem a partir do 6o aos 100 nós e daí para
frente continuamente).
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A floração ocorre em três fases distintas:

• iniciação floral;

• desenvolvimento do botão floral e

• antese (florada) Figura 8.



• As flores permanecem abertas num único dia em café robusta, mas por maior tempo no café
arábica.

• Comumente, as flores abrem-se às primeiras horas da manhã e a corola começa a murchar


no segundo dia, caindo já no outro dia.

Figura 8 - Estádios da floração e da frutificação do cafeeiro (Adaptado de Cannell, 1983).

g) Frutificação: forma, vingamento da flor, desenvolvimento, maturação e cor do fruto


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O fruto é uma drupa elipsóide contendo dois lóculos e duas sementes; ocasionalmente pode conter
três ou mais sementes, nos casos de ovários triloculares ou pluriculares, ou mesmo em conseqüência
de uma falsa poliembrionia, quando ovários biloculares apresentam mais de um óvulo em cada ló-
culo.
No café moca (semente redonda), o fruto contém apenas uma semente resultante do abortamento de
um dos óvulos.
Endocarpo do fruto, também conhecido como pergaminho, quando maduro é coriáceo e envolve
independentemente cada semente. A frutificação do cafeeiro ocorre sob três processos seqüenciais:
vingamento da for (ou pegamento do fruto), desenvolvimento do fruto e maturação, como pode ser
visualizado na Fig. 9 e 10.
A falta de polinização e fecundação acarreta uma queda inicial de frutos (ovários), e pode resultar
em vingamento (pegamento) bastante baixo, em algumas regiões cafeeiras. A redução da poliniza-
ção se dá por anomalias das flores, a exemplo da flor atrofiada, conhecida como “estrelinha”. Di-
versos fatores têm sido associados como anormalidades florais. Observa-se grande quantidade de
flores anormais em plantas crescidas sob temperaturas relativamente altas (estrelinhas), deficiência
de água ou seca ( predispõem os cafeeiros à atrofia) e chuvas em excesso.
O crescimento do fruto de café em tamanho e matéria fresca segue um modelo sigmóide dupla, em-
bora um modelo de sigmóide simples tenha sido igualmente relatado. Inicialmente o crescimento é
desprezível, seguido de período de crescimento rápido, até o fruto verde atingir seu tamanho final
(metade do tamanho do fruto maduro).
O crescimento virtualmente cessa por um longo período, até o início da maturação, quando o cres-
cimento se reinicia e o fruto aumenta rapidamente de tamanho.
Fases de crescimento do fruto: (1) período sem crescimento visível (fase de chumbinho); (2) fase de
expansão rápida, ao fim da qual o endocarpo endurece (pergaminho); (3) formação do endosperma,
que ocorre durante a parte final da fase de expansão (endosperma leitoso); (4) endurecimento do
endosperma, que continua até antes da maturação (granação); (5) maturação (cereja).
O número médio de dias da fertilização até a maturação varia em função das condições ecológicas e
da cultivar. No café arábica, desde a antese até o fruto verde chegar ao seu tamanho máximo decor-
re um período de quatro a seis meses e o período de maturação toma dois meses ou mais. No caso
do café robusta, esse número, em média, é de 300 dias. A fase inicial (chumbinho), dura cerca de
seis semanas. Deficiência hídrica e disponibilidade de carboidratos podem afetar o crescimento do
fruto.
Na maturação, ocorrem outras modificações, além da mudança visível de cor, que passa de verde a
vermelho ou amarelo, conforme a cultivar. A coloração do exocarpo do fruto, nas espécies de Cof-
fea, é geralmente vermelha e amarela.
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Com relação à maturação, cor, densidade e teor de umidade, o fruto recebe as seguintes denomina-
ções: verdes (50 a 70% de umidade); cerejas (45 a 55% de umidade); passa (35 a 50% de umidade);
bóia (25 a 35% de umidade); coco (menos de 25% de umidade).

h) Semente: forma e cor


A semente é plano-convexa, elíptica ou oval, sulcada longitudinalmente na face plana e é constituí-
da por embrião, endosperma (tecido de maior volume ) e um envoltório, representado por uma pelí-
cula prateada ou espermoderma.
A semente apresenta coloração verde ou amarela, cobertas por uma película prateada; no entanto
algumas espécies apresentam sementes de cor amarela.
Em Coffea arabica o mutante com sementes de cor amarela é denominado Cera. O peso de 100
sementes varia de 10 a 30g. Sementes arredondadas resultam da fecundação somente de um óvulo
(chamado de café moca).
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4.5. CONTRIBUIÇÃO DAS CULTIVARES DE CAFÉ NO AGRONEGÓCIO

NO BRASIL, existe, atualmente 104 cultivares de café do tipo arábica.

CARACTERÍSTICAS QUANTO AO PORTE C. arabica


1. Porte alto e susceptíveis à ferrugem:
Bourbon Vermelho,
Bourbon Amarelo,
Mundo Novo Vermelho IAC 376-4, Mundo Novo amarelo IAC 4266, Acaiá,
Acaiá Cerrado MG 1474,
Ibauri IAC 4761 (fruto doce, pouco produtivo, fruto pequeno, mas ótima bebida),
Icatu Vermelho IAC 4045,
Icatu Amarelo IAC 2944,
Icatu Precoce IAC 3282.

2. Porte alto e resistente à ferrugem:


Mundo Novo SH3 (Mundo Novo x BA 10)

3. Porte baixo e susceptíveis à ferrugem:


Caturra Vermelho,
Caturra Amarelo na Costa Rica,
Catuaí Vermelho IAC 99,
Catuaí Amarelo IAC 62,
Ouro Verde,
Ouro Amarelo IAC 4397 (Catuaí Amarelo IAC H 2077-2-12-70 x Mundo Novo IAC 515-20),
Ouro Bronze IAC 4925 (Catuaí Amarelo IAC H 2077-2-12-70 x Mundo Novo 515-20 – folhas no-
vas bronzeadas),
Laurina IAC 870,
Rubi MG 1192 (Catuaí x M. Novo),
Topázio MG 1190 (Catuaí Amarelo x Mundo Novo).

4. Porte baixo e resistente à ferrugem:


Obatã AC 1669-20,
Obatã Amarelo AC 4730 (Obatã IAC 1669-20 x Catuaí Amarelo),
Acauã (Mundo Novo IAC 388-17 x Sarchimor),
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Araponga MG1 (Catuaí Amarelo IAC 86 x Híbrido de Timor UFV 446-08,
Catiguá MG1, MG2 e MG3 (Catuaí Amarelo IAC 86 x Híbrido de Timor UFV 440-10),
IAPAR (Villa Sarchi 971-10 x Híbrido de Timor 832-2),
IBC Palma 2 (Catuaí Vermelho IAC 81 x Catimor UFV 353),
IPR 98 (Villa Sarchi CIFC 971-10 x Híbrido de Timor CIFC 832-2,
IPR 99 (Villa Sarchi CIFC 971-10 x Híbrido de Timor CIFC 832-2),
Katipó (Catimor 245-3-7), OeirasMG 6851 (Caturra Vermelho x Híbrido de Timor CIFC 832-1),
IAC 86 x Caturdu UFV 374, cv 543).
Paraíso MG H 419-1 (Catuaí Amarelo IAC 30 x Híbrido de Timor UFV 445-46),
Pau Brasil MG1 (Catuaí Vermelho IAC 141 x Híbrido de Timor UFV 442-34),
Sabiá Tardio (Catimor UFV 386 x Acaiá),
Sacramento MG1 (Catuaí Vermelho IAC 81 x Híbrido de Timor UFV 438-52,
Catuaí Amarelo e Catuaí Vermelho (Icatu x Catuaí), IPR 103 (Catuaí Vermelho IAC 99 x Icatu x
Catuaí Amarelo IAC 66),
Catuaí Amarelo e Catuaí Vermelho (Icatu x Catuaí),
IPR 103 (Catuaí Vermelho IAC 99 x Icatu x Catuaí Amarelo IAC 66),
Catuaí SH3, Saíra (Catuaí Amarelo IAC 86 x Caturdu UFV 374, cv 543).
Catuaí Amarelo e Catuaí Vermelho (Icatu x Catuaí),
IPR 103 (Catuaí Vermelho IAC 99 x Icatu x Catuaí Amarelo IAC 66),
Catuaí SH3, Saíra (Catuaí Amarelo IAC 86 x Caturdu UFV 374, cv 543).

5. Cultivares derivadas do C. arabica X C. dewevrei


Piatã (Bourbon Vermelho x C. dewevrei
Piatã x Catuaí
Catuaí x Piatã
Mundo Novo x Piatã
Piatã x Pache Enano ou x São Bernardo

6. Resistência Múltipla, Ferrugem e Nematóides (Meloidogne exigua)


Tupi RN IAC 1669-13 (2006)

7. Resistência Bicho Mineiro (Leucoptera coffeella)


Coffea racemosa x coffea arabica – Dois genes complementares dominantes Lm1 e LM2.
24
8. CAFÉ CONILON E ROBUSTA

CLONES INCAPER:
Conilon Vitória 13 clones
Robusta Capixaba 10 clones (tolerantes à seca)
EMCAPE 8111 Precoce 9 clones
EMCAPE 8121 Médio 14 clones
EMCAPE 8131 Tardio 9 clones

EVOLUÇÃO DAS CULTIVARES


A partir da primeira cultivar cultivada no Brasil até o presente momento, a seguir mencionadas:
Típica ou Nacional – 1727
Bourbon Vermelho – 1859
Maragogipe – 1870
Amarelo Botucatu – 1871
Sumatra – 1896
Bourbon Amarelo – 1952
Mundo Novo – 1952
Catuaí Vermelho e amarelo – 1972
Acaiá novas seleções do Mundo Novo – 1977:
IAPAR 59, Acaiá Cerrado MG 1190, Rubi MG 1192, Topázio MG 1190, Obatã, Tupi 2000, Catu-
cai e Tupi RN.
25

4.6. CULTIVARES DE CAFÉS MAIS CULTIVADAS NO BRASIL

As cultivares mais plantadas são do tipo arábica, cerca de 75 % da área total cultivada, sendo 40%
da variedade com “Catuaí vermelho e amarelo” (lançadas 1972) 45% da “Mundo Novo e acaiá”,
lançadas, respectivamente em 1952 e 1977.

Cultivares de Coffea arabica selecionadas pelo IAC


Bourbon Vermelho,
Bourbon Amarelo,
Mundo Novo,
Acaiá,
Icatu Vermelho,
Icatu Amarelo,
Icatu Precoce,
Caturra Vermelho,
Caturra Amarelo,
Cultivares de Coffea arabica selecionadas pelo IAC
Catuaí Vermelho,
Catuaí Amarelo,
Ouro Verde,
Obatã,
Tupi.
Demais cultivares indicadas para cultivo
Resistentes à maioria das raças ficiológicas do agente causal da ferrugem:
Acaiá,
Rubi,
Icatu (C. arabica x C. canephora)
Resistentes à ferrugem.
Catimor (Caturra x Híbrido Timor)
Catucaí (Catuaí Amarelo x Mundo Novo)
26

NOVAS CULTIVARES TIPO ARÁBICA

VARIEDADES LANÇADAS PELO IAC


TUPI RN IAC1669-13 – resistente ao Meloidogyne exigua.
OURO VERDE IAC H 5010-5
OBATÃ AMARELO ISC 4739

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS
. Resistentes à ferrugem;
. Produtividade média entre 40 e 60 sacas/ha de café beneficiado em áreas irrigadas.
. Porte baixo

VARIEDADES LANÇADAS PELO IAPAR


.IAPAR 59 – IPR 98 – IPR 99 - IPR 103

VARIEDADE LANÇADA PELA EPAMIG


PARAÍSO – resistente à ferrugem, ao nematóide, adaptadas às temperaturas amenas das regiões
mais altas.

4.7. CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES DE CAFÉS MAIS CULTIVADAS NO BRA-


SIL

Cultivares/espécies Características Outras caracterís-


Maturação ticas
Vegetativas dos frutos
porte alto vermelhos média < tolerância à fer-
Mundo Novo rugem
(C. arabica) ramos lon- fava média mais uniforme mais sensível aos
gos a grande efeitos de ventos
frios
27
conformação
aberta
folhas meno- mais exigente em
res Zn e Mg
vigor bom
porte baixo amarelos tardia maior tolerância à
ou verme- ferrugem
lhos
ramos curtos desuniforme
Catuaí nas regiões de
maior latitude
(C. arabica)
conformação fava menor menos sensível
compacta aos efeitos de
ventos frios
folhas maio-
res
vigor muito mais exigente em
bom boro
porte alto vermelho tardia maior tolerância à
claro ao ferrugem
Conilon escuro
(C.canephora) folhas maio- fava pe- mais susceptível
res quena ao ataque da bro-
ca
adaptada ao clima
quente e úmido

4.8. OUTRAS CULTIVARES

Cultivares de Coffea arabica selecionadas pelo IAC

• Bourbon Vermelho, Bourbon Amarelo, Mundo Novo, Acaiá, Icatu Vermelho, Icatu Amare-
lo, Icatu Precoce, Caturra Vermelho, Caturra Amarelo, Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo,
Ouro Verde, Obatã, Tupi.

Demais cultivares indicadas para cultivo


28
• Acaiá, Rubi, Icatu (C. arabica x C. canephora) – resistentes à maioria das raças ficiológicas
do agente causal da ferrugem. Catimor (Caturra x Híbrido Timor) e Catucaí (Catuaí Amare-
lo x Mundo Novo) - ambas resistentes à ferrugem.

5. FENOLOGIA DA PLANTA

5.1. CICLO FENOLÓGICO


No cafeeiro tipo arábica ocorrem dois eventos em cada Estação do Ano.

PRIMAVERA - renovação da folhagem e florescimento


VERÃO - frutificação e pleno crescimento vegetativo
OUTONO – crescimento vegetativo e maturação
INVERNO – colheita dos frutos e repouso da planta

5.2. CICLO FENOLÓGICO COMPLETO DO CAFEEIRO

1) vegetação e gemas foliares


2) indução e maturação das gemas florais
3) Florada
4) granação dos frutos
5) maturação dos frutos
6) repouso e senescência dos ramos terciários e quaternários.

Em todas as áreas da cafeicultura comercial do Brasil, os cafeeiros exibem um ciclo fenológico pra-
ticamente bem definido, ou seja:
a) florescimento na primavera; b) frutificação no verão; c) maturação no outono e crescimento; d)
colheita e repouso no inverno; e) renovação da folhagem ocorre na primavera e o crescimento (ple-
na vegetação) no verão e no outono.

Nas principais áreas cafeeiras do Centro-Sul do Brasil em latitudes superiores a 20o, o clima, carac-
terizado pela estação chuvosa de primavera-verão, seguida da relativamente seca de outono-
inverno, favorece bastante a frutificação e produção do cafeeiro.
As fases críticas do chumbinho e da granação são beneficiadas pela primavera e verão úmidos e as
de maturação e colheita, pelo outono e inverno relativamente secos.
29
Nas áreas cafeeiras do Nordeste, a estação chuvosa é normalmente defasada de seis meses, o que
prejudica enormemente a frutificação dos cafeeiros.
A estação seca coincide com a fase crítica de florescimento e chumbinho de outubro a fevereiro.
Somente quando ocorrem as conhecidas “chuvas-do-caju”, os aguaceiros ocasionais de outubro a
janeiro, a frutificação fica menos prejudicada e obtém-se razoável produção.

5.3. FENOLOGIA DO coffea arábica

A fase reprodutiva é marcada pela capacidade da planta em produzir flores e resultante de mudan-
ças que ocorrem no meristema das gemas.
No cafeeiro, o desenvolvimento reprodutivo começa com a iniciação floral e termina com a queda
dos frutos.
O ciclo fenológico completo do cafeeiro é subdividido em seis fases distintas: 1) vegetação e gemas
foliares; 2) indução e maturação das gemas florais; 3) florada; 4) granação dos frutos; 5) maturação
dos frutos; 6) repouso e senescência dos ramos terciários e quaternários.
Escala das fases fenológicas reprodutivas do cafeeiro com base em números: 0 (gema dormente); 1
(gema intumescida); 2 (abotoado); 3 (florada); 4 (pós-florada); 5 (chumbinho); 6 (expansão dos
frutos); 7 (grão verde); 8 (verde-cana); 9 (cereja); 10 (passa); 11 (seco).
O desenvolvimento reprodutivo do cafeeiro (Figura 11) foi dividido em quatro grandes fases:

• desenvolvimento da gema floral (G), floração (FL), frutificação (F) e maturação (M), as
quais são denominadas com suas letras iniciais, a exemplo de método adotado por MARUR
e RUANO (2001) para a
• determinação dos estádios de desenvolvimento do algodoeiro.

• A fase G foi subdividida tendo como variável o tamanho das gemas; a fase F foi subdividida
de acordo com o tamanho dos frutos e para a fase M o critério adotado foi coloração dos fru-
tos.

6. MELHORAMENTO GENÉTICO DO CAFEEIRO

6.1. OBJETIVOS
• O melhoramento genético do cafeeiro visa à obtenção de novos cultivares, adaptados às di-
ferentes regiões cafeeiras e aos sistemas de cultivo, com elevada produtividade de grãos, boa
30
qualidade de bebida, maturação uniforme em épocas diferenciadas de colheita e resistência
e, ou, tolerância a doenças, pragas e a condições adversas de meio ambiente.

6.2. MÉTODOS DE MELHORAMENTO DO CAFEEIRO ARÁBICA


• Introdução de germoplasma

• Seleção de plantas individuais com teste de progênie

• Hibridação e seleção genealógica

• Retrocruzamentos

• Retrocruzamento assistidos por marcadores

• Seleção recorrente recíproca

• Método SSD (Single Seed Descent)

7. ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO CAFÉ

Requerimentos climáticos do cafeeiro. Os elementos climáticos que influenciam no processo de


produção do café são, principalmente, a temperatura do ar e a precipitação, e em menor escala, os
ventos, a umidade relativa do ar e a insolação.
7.1. Condições Térmicas

O cafeeiro C. arabica é planta tropical de altitude, adaptada a clima úmido com temperaturas
amenas, típicas dos altiplanos da Etiópia, região considerada de origem da espécie.
As exigências térmicas das espécies arábicas podem ser definidas pelas temperaturas médias
anuais.
Com respeito ao fator térmico, os parâmetros adotados para o mapeamento das aptidões climáti-
cas, associados às temperaturas médias anuais (Tma) foram os seguintes:

• Para o café arábica:


• Apto: Tma entre180 C e 230C ;
31
• Marginal : Tma entre 220C e 230C ;
• Inapto: Tma acima de 230C e abaixo de 180C .

O café robusta está adaptado a regiões com temperaturas elevadas, entre 220C e 260C de mé-
dias anuais.

• Para o café robusta:

• Apto: Tma acima de 220C e 260C

• Marginal : Tma entre 210C e 220C

• Inapto: Tma abaixo de 220C

Efeitos da Temperatura

O cafeeiro arábica, quando cultivado em condições de temperaturas elevadas, acima de 230C, apre-
senta frutos com desenvolvimento e maturação demasiado precoces.
As temperaturas elevadas na estação do florescimento poderão dificultar, por sua vez, o pegamento
das flores e provocar a formação das “estrelinhas”, ou seja, das flores abortadas, o que implica a
quebra de produção.
Temperaturas médias anuais muito baixas inferiores a 180C provocam atrasos demasiados no de-
senvolvimento dos frutos, cuja maturação pode sobrepor-se ou ultrapassar a florada seguinte, preju-
dicando a vegetação e a produção do cafeeiro.
A freqüência de geadas é outro fator a considerar. Este está estreitamente ligado às condições topo-
climáticas do terreno destinado à cafeicultura.

7.2. Exigências hídricas

É outro fator fundamental para a definição das exigências climáticas de uma cultura. Pode-se consi-
derar que as duas espécies têm exigências muito semelhantes.
O cafeeiro, para vegetar e frutificar normalmente, necessita encontrar umidade suficiente no solo
durante o período de vegetação e frutificação, que vai de setembro-outubro a maio-junho.
32
Na estação de colheita e abotoamento da planta, julho-setembro, a umidade do solo pode cair bas-
tante e aproximar-se do ponto de murchamento, sem maiores problemas à cafeicultura, nas condi-
ções de São Paulo e de Minas Gerais.
Para o cafeeiro o regime pluviométrico mínimo situa-se entre 1.200 a 1.500mm de chuvas. Todavia,
precipitações menores do que a mínima podem satisfazer, quando existem outros fatores capazes de
garantir um bom suprimento de umidade do solo.

Quanto às exigências hídricas do cafeeiro, torna-se difícil estabelecer um padrão ótimo anual de
precipitação pluvial, pois depende também de outros fatores, principalmente da distribuição dessas
chuvas ao longo do ano. Porém, precipitações anuais acima de 1.200 m são suficientes para o café
(Thomaziello et al., 2000; Matiello, 1991).

O cafeeiro para vegetar e frutificar, normalmente, necessita encontrar umidade suficiente no solo
durante o período vegetativo e frutificação. Na fase de colheita e abotoamento da planta, julho-
setembro, a umidade do solo pode reduzir bastante e aproximar-se do ponto de murcha permanente,
em alguns casos, sem maiores problemas à cafeicultura (Camargo, 1985).

O cafeeiro arábica tolera bem e pode ser beneficiado por deficiências hídricas de até 150 m/ano,
principalmente se estas coincidirem com o período de dormência da planta, não se estendendo até a
fase de floração e início da frutificação (Thomaziello et al., 2000).

7.3. Condições de umidade de ar, vento e luminosidade

A umidade do ar deve ser da ordem de 70 a 90%.


Demasiada secura do ar provoca murchamento e crestamento da folhagem. Próxima da saturação
durante longo período, é prejudicial à planta e à qualidade do produto.
Ventos forte, quentes ou frios, prejudicam o cafeeiro pela ação mecânica, dilacerando folhas e ra-
mos mais tenros. Para evitar seus efeitos negativos, recomenda-se a instalação de quebra-ventos
temporários e permanentes. Os ventos também ressecam o solo, quando quentes e secos; quando
frios, baixam a temperatura (geada) provocando a morte da planta.
Quanto à luminosidade, o café é uma planta umbrófila de fotoperiodismo curto, em virtude de seu
habitat, em baixo da floresta à sombra das grandes árvores. Este fato é questionado por vários estu-
diosos, pois a planta pode também ser cultivada a pleno sol, vegetando e frutificando muito bem.
33

8. EXIGÊNCIAS EDÁFICAS

A escolha de um solo ideal para o desenvolvimento do cafeeiro é feita com base nas exigências
fisiológicas da planta e nas condições agrícolas do solo.
As principais características físicas e químicas a serem consideradas na escolha do solo para o
cultivo do cafeeiro, devido à sua influência direta no crescimento, desenvolvimento e manuten-
ção da lavoura, são: relevo, profundidade efetiva, textura, estrutura, suprimento de nutrientes, de
água e ar.
Além das mencionadas propriedades dos solos, outros fatores, como temperatura, luz, ambiente
biológico, aspectos econômicos e sociais, são importantes na avaliação do potencial do solo pa-
ra o cultivo do cafeeiro (aptidão agrícola do solo).
O cafeeiro prefere terrenos profundos, de topografia plana ou ondulada, de boa estrutura e textu-
ra com porosidade e permeabilidade capazes de torná-los bem arejados e facilmente receptíveis
às águas das chuvas.
Deve ser relativamente fértil, drenável, pH neutro ou pouco ácido, em torno de 6.
São indesejáveis os solos alcalinos.
A planta é mais exigente quanto às propriedades físicas do que quanto às propriedades quími-
cas.
Isto porque as raízes do cafeeiro exploram mais a parte superficial: a grande maioria delas ocu-
pa os primeiros 30 cm e as restantes, inclusive a pivotante, passam de 1,0m de profundidade.
No Brasil, a grande maioria dos cafezais são plantados em solos pertencentes às subordens La-
tossolos e solos Podzólicos.

9. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DO CAFEEIRO

O cafeeiro é uma planta exigente em macro e micro nutrientes, havendo apenas variação no grau
de exigência.
Os macronutrientes exigidos em maiores quantidades são: macronutrientes: nitrogênio (N), fós-
foro (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
Os micronutrientes, os cafeeiros são mais sensíveis às deficiências de boro (B), cloro (Cl), co-
balto (Co), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), selênio (Se),
silício (Si) e zinco (Zn).
A diagnose foliar também pode e deve ser empregada na formulação e orientação de adubações
em cafezais.
34

DEFICIÊNCIA NUTRICIONAIS

a) Deficiência real – é aquela que ocorre quando realmente, há deficiência no nutriente no solo.

b) Deficiência induzida – é aquela deficiência causada por fatores físicos (adensamento do so-
lo), biológicos (pragas e doenças) e climáticos (frio e/ou calor excessivo).

10. IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE CAFEZAL

PRODUÇÃO OU AQUISIÇÃO DE MUDAS

PRÁTICAS CULTURAIS:
PREPARO DO TERRENO Calagem
Adubação mineral e orgânica
LOCAÇÃO DO CAFEZAL no plantio, na formação e pro-
dução da planta
COVEAMENTO Capinas
Arruação e esparramação
DIMENSÕES DA COVA Podas e condução
Pragas e controle
ABERTURA DAS COVAS Doenças e controle
irrigação
PREPARO DAS COVAS

SISTEMAS DE PLANTIO

PLANTIO E REPLANTIO DA MUDA


35
10.1. PRODUÇÃO DE MUDAS POR SEMENTES

A produção de mudas de café pó ser por sementes ou por estacas. Por sementes podem ser usa-
dos para os tipos de café arábica e conilon. No caso do café conilon o mais recomendado é pro-
dução de mudas por estaca. O café conilon é uma planta de polinização cruzada, sendo assim, é
mais recomendado este tipo de produção de mudas devido evidentemente a variabilidade gené-
tica produzida pela hibridação natural.

Procedimentos para produção de mudas por sementes: primeiramente deve-se obter as sementes
da seguinte maneira:

1. Colheita de frutos maduros no estado de “cereja” provenientes de plantas vigorosas de cafe-


zais sadios e produtivos.

2. Seleção dos frutos

3. Despolpa dos frutos, degomagem e lavagem das sementes

4. Secagem das sementes à sombra (12% de UR)

5. Semeadura das sementes e/ou tratamento no controle da broca e armagenagem por 6 meses.

VIVEIRO

• Para a produção de mudas de café, o viveiro deverá ter as seguintes características:

• LOCALIZAÇÃO - O viveiro deverá ser instalado em terreno seco, ensolarado, protegido de


ventos, servido de água de boa qualidade, com facilidade de acesso, alem de não estar sujei-
to a geadas.

• COBERTURA OU RIPADO - O viveiro deve ser instalado debaixo de uma cobertura ou ri-
pado, devendo essa ser construída com 2 metros de altura. Na construção, empregam-se es-
teios de madeira ou bambu gigante, fincados no terreno, guardando-se entre eles a distância
de 3 metros e 60 centímetros nos dois sentidos. Usam-se, normalmente, esteios de 2.80 me-
36
tros de comprimento e 20 centímetros de diâmetro. Os esteios deverão ser dispostos de mo-
do a formarem fileiras paralelas, no mesmo sentido do movimento do Sol (sentido leste-
oeste) e no sentido norte-sul. A cobertura deve proporcionar uma insolação de 50% até a é-
poca da aclimatação das mudas.
• Como travessas de sustentação da cobertura, podem ser usadas linhas de eucalipto ou de
bambu gigante com 8 centímetros de diâmetro aproximadamente.
• A cobertura será completada com varas de bambu colocadas sobre as travessas, deixando-se
um espaço de 4 a 5 centímetros entre uma vara e outra. As varas deverão ser dispostas no
sentido transversal ao movimento do Sol.

• TAMANHO DO VIVEIRO - O tamanho do viveiro é calculado levando em consideração


que 1 metro quadrado de canteiro comporta 200 recipientes para mudas de meio ano (saqui-
nhos com 11 cm x 20 cm x 0,006 cm).
• O quadro abaixo fornece alguns tamanhos de ripado para diferentes quantidades de mudas
desejadas.

• CANTEIROS - Os canteiros devem ter no máximo 1,2 m de largura por 20 m de compri-


mento, para facilitar as regas e os tratos culturais. São delimitados por bambus amarrados a
estacas e uma altura de 10 a 15 cm. Os corredores de circulação devem ter de 40 a 60 cm de
largura. A área útil do viveiro pode ser calculada usando-se o índice de 200 mudas de meio
ano/m2 de canteiro e para a área total, 150 mudas de maio ano/m2 de viveiro.

• CERCA DE PROTEÇÃO - O viveiro deverá ser protegido por uma cerca de bambu bem ta-
pada, construída, em toda a extensão do ripado, para barrar a passagem do vento e evitar o
excesso de Sol sobre as mudas das beiradas.

TAMANHO DO VIVEIRO

Número de mudas de café de meio ano para diferentes tamanhos de viveiro ou área de ripado, con-
siderando-se as larguras de 1,20 m para os canteiros e 0,60m para as ruas entre canteiros.

COMPRIMENTO NÚMERO
ÁREA DO RIPADO NÚMERO DE
DOS CANTEIROS DE
(mXm) CANTEIROS
(m) MUDAS
37

10,80 x 7,20 8,40 3 6.000


10,80 x 10,80 8,40 5 10.000
14,40 x 10,80 12,00 5 14.000
14,40 x 14,40 12,00 7 17.000
18,00 x 14,40 15,60 7 26.000
18,00 x 18,00 15,60 9 33.500
21,60 x 18,00 19,20 9 41.500
21,60 x 21,60 19,20 11 50.000

Esse quadro serve também de referência para a instalação de viveiros maiores, sendo oportuno lem-
brar que não é aconselhável o uso de carreadores internos para entrada de veículos, recomendando-
se fazer a retirada das mudas pelas laterais do viveiro.

Os canteiros devem ter no máximo 1,2 m de largura por 20 m de comprimento, para facilitar as re-
gas e os tratos culturais. São delimitados por bambus amarrados a estacas e uma altura de 10 a 15
cm. Os corredores de circulação devem ter de 40 a 60 cm de largura.

A área útil do viveiro pode ser calculada usando-se o índice de 200 mudas de meio ano/m2 de can-
teiro e para a área total, 150 mudas de maio ano/m2 de viveiro.

RECIPIENTES - Os saquinhos plásticos, usados como recipientes da terra para semeadura e desti-
nados à produção de mudas de meio ano, deverão ter as seguintes dimensões: 20 - 22 centímetros de
altura, 11 centímetros de largura e 0,006 centímetros de espessura. Devem possuir 30 a 36 furos na
metade inferior. Depois de receberem a terra de enchimento, ficam com 7 centímetros de diâmetro.

Podem ser usados outros recipientes como tubetes e laminados de madeira. Os laminados de madei-
ra são usados na pré-germinação das sementes.

PREPARO DO SUBSTRATO – O substrato "padrão" preferencialmente usado deve ser composto


de: 700 litros de terra de subsolo peneirada, 300 litros de esterco de curral curtido e peneirado, 5 kg
de superfosfatos simples e 0,5 Kg de cloreto de potássio, resultando 1 m3 de substrato, suficiente
para a produção aproximada de 1200 a 1300 mudas de meio ano. Na falta do esterco de curral po-
dem ser empregados o esterco de galinha ou a torta de mamona, nas quantidades de 80 litros e 15
litros, respectivamente, por m3 de substrato. Solos ácidos: acrescentar 2 kg de calcário dolomítico.
38
O tratamento com brometo de metila deve ser realizado na dosagem de 150 ml/m3 de substrato já
preparado, por 48-72 horas.

DESINFECÇÃO DA TERRA DE ENCHIMENTO DOS SAQUINHOS

A mistura da terra e esterco deverá ser obrigatoriamente desinfectada com brometo de metila, para
matar as sementes de ervas daninhas e evitar o aparecimento de moléstias, especialmente do nema-
tódeo.

ENCHIMENTO DOS SAQUINHOS

Para enchimento dos saquinhos, a mistura de terra deve estar seca. Depois de enchidos, os saqui-
nhos são encarreirados, devendo receber regas diárias durante 20 dias, para completar a fermenta-
ção da matéria orgânica e acamar a terra de enchimento.
Os saquinhos devem ser bem compactados e cheios de maneira que o substrato ultrapasse o limite
superior dos mesmos. O encanteiramento deve ser a posição vertical e de forma organizada, que
facilita a contagem das mudas durante a retirada das mesmas do viveiro.

SEMEADURA
A semeadura é feita diretamente nos saquinhos, sem necessidade de repicagem ou transplante.
Semeiam-se duas sementes com profundidade máxima de 1 cm em cada saquinho.
Depois de semeadas, as sementes deverão ser cobertas com meio centímetro de terra ou areia gros-
sa, peneirada sobre os saquinhos. Em seguida, cobre-se todo o canteiro com palha de arroz ou ca-
pim seco sem sementes e rega-se.
A época de semeadura para produção de mudas de meio ano vai de abril a julho. Semeando-se nessa
época, as mudas estarão prontas para o plantio aos 6 meses de idade, inicio da estação chuvosa.
As mudas de ano são semeadas em outubro-novembro, e plantadas no início da estação das chuvas
do próximo ano.
1 kg de café despolpado e seco contém em média 6 mil sementes. Para a semeadura de 30 mil sa-
quinhos são necessários 10 kg de sementes com poder germinativo de 80 %.
As mudas estarão boas para o plantio quando apresentarem 3 a 6 pares de folhas definitivas.
39
TRATOS CULTURAIS NO VIVEIRO
• Durante o desenvolvimento das mudas, o produtor deverá:
• Fazer regas;

• Retirar a cobertura de capim de cima dos saquinhos, logo que iniciar a germinação;

• Fazer as mondas (Manter os saquinhos livres de mato);

• Afofar a terra dos saquinhos, sempre que necessário;

• Fazer adubação nitrogenada, após o aparecimento do 3º par de folhas.

• Para se fazer a adubação nitrogenada, usam-se 20 gramas de sulfato amônio dissolvido em


10 litros de água. Essa quantidade de solução é aplicada por meio de rega, em cada metro quadrado
de canteiro, uma vez por mês.

• Logo depois da aplicação do sulfato de amônio, deve-se regar bem as plantas com água
pura, para evitar queimaduras nas folhas.

Adubação foliar
Após o surgimento do primeiro par de folhas verdadeiras podem ser aplicadas adubações com ni-
trogênio em cobertura, regando-se as mudas com uma solução contendo 30 g de sulfato de amônio
em 10 litros de água, suficientes para 1000 mudas.
Para que não haja "queima" das mudas recomenda-se a rega com água pura em seguida. A aduba-
ção nitrogenada em cobertura não deve ser aplicada mais do que 2 ou 3 vezes, respeitando-se um
intervalo de 15 dias entre as aplicações , evitando-se dessa forma estiolamento das mudas.

CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

O controle de doenças deve ser realizado, sempre que possível, de forma preventiva. A principal
doença é a Rhuzictoniose ou tombamento, que ataca as mudas novas na altura do colo; a preserva-
ção é obrigatória e tem início no tratamento do substrato com brometo de metila, seguido de rega
dos canteiros antes da semeadura com uma solução de pentacloronitrobenzeno (PCNB) contendo 70
g do produto comercial por 10 1 de água, quantidade suficiente para 1000 saquinhos.
40
Após a emergência, de 15 em 15 dias fazer pulverização revezando fungicidas cúpricos com orgâ-
nicos.
As pragas que podem atacar as mudas, são: Bicho-mineiro, ácaros, cochonilhas, Lagartas e grilos.

ACLIMATÃÇÃO DAS MUDAS (Controle da insolação)

• Logo depois que as sementes germinarem, a cobertura do viveiro deve ser manejada, de
modo a fornecer 50% de luz.

• Quando as mudas soltarem o 2º par de folhas definitivas, começa-se a retirar, gradativamen-


te, a cobertura, de modo que, em operações sucessivas, a insolação aumenta progressiva-
mente, devendo as mudas ficarem em pleno Sol, quando faltarem 30 dias para o plantio.

• No final do processo, a cobertura do viveiro deve ser mínima, possibilitando cerca de 70-
80% de insolação, com função apenas de proteção parcial das mudas a chuvas torrenciais ou de
granizo.

• A freqüência das regas deve aumentar, à medida que se aumenta a instalação no viveiro.
• Quando as mudas apresentaram de 3 a 6 pares de folhas, devem ser levadas para o campo e
plantadas em local definitivo.

Seleção de mudas
Antes do plantio definitivo as mudas devem passar por um processo seletivo, eliminando-se as ra-
quíticas, doentes, fracas e mal desenvolvidas que não apresentem condições de melhoria. As mudas
com possibilidade de melhor de desenvolvimento, devem voltar ao viveiro e serem submetidas a um
tratamento especial.

10.2. PREPARO DO TERRENO

Limpeza da área - No preparo do solo para instalação de uma lavoura de café, a primeira operação
consta da limpeza da área, que depende da cobertura vegetal ou de seu uso anterior e de outras con-
dições, tais como: mata natural, cerrado, capoeira, culturas permanentes, pastagens e culturas anu-
41
ais. A limpeza da área deve ser feita na estação seca; no Centro-Sul, por exemplo, é realizada de
abril a agosto.
Revolvimento do solo - Consiste na aração e gradagem e subsolagem do terreno. Nos solos com-
pactos, a aração deve ser feita à profundidade de 25 a 30cm, usando os tradicionais arados de discos
ou grade pesada. Para os terrenos de ótimas propriedades físicas, profundas, dispensa-se a aração.
Faz-se a limpeza da faixa de plantio com rotativa ou enxada.
A gradagem é feita com grades de discos, após aplicação do calcário e da aração, para ajudar a in-
corporação do calcário ao solo, dando melhores condições para sua reação.
A subsolagem é uma prática recomendável para terrenos compactos e de má drenagem. Usa-se o
subsolador individual ou um conjunto de dois ou três paralelos com a finalidade de quebrar, a cerca
de 40 cm de profundidade, a compacidade do solo.

10.3. LOCAÇÃO DO CAFEZAL

Compreende a marcação das niveladas básicas, ruas de café, covas e carreadores. As niveladas
básicas são marcadas de acordo com a declividade, uniformidade e conformação do terreno e
dimensão da área.

10.4. COVEAMENTO

Uma vez preparado o terreno e feita a demarcação das niveladas básicas e carreadores, procede-
se à abertura das covas.

A época no Centro-Sul é de outubro a dezembro.

10.4.1. DIMENSÕES DA COVA

a) plantio em covas (2 mudas):comprimento = 60 cm largura = 30 cm profundidade = 40 cm

b) plantio em renque (1 muda): comprimento = 30 cm largura = 30 cm profundidade = 40 cm.

10.4.2. ABERTURA DAS COVAS


42
Pode ser feita com enxada, arado de aiveca ou sulcador (sulcamento) e com perfurador de solo
(broca de 12” de diâmetro).

No caso da abertura mecânica, posteriormente, com os sulcos abertos, completa-se a feitura das

Fonte Teores aproximados

covas com enxadão, obedecendo às distâncias entre covas e dimensões.

10.4.3. PREPARO DAS COVAS

Após a marcação dos carreadores, colocam-se na área a matéria orgânica e adubos minerais, distri-
buídos em quantidades proporcionais a cada talhão, em pontos estratégicos que facilitem a distribu-
ição após a abertura das covas. Coloca-se manualmente junto às covas a matéria orgânica e por ci-
ma desta os adubos minerais.

No preparo das covas mistura-se os adubos com a terra retirada das covas. Em seguida esta mistura
é colocada dentro das covas até o nível do solo, de modo que a mesma fique firme, sem excesso de
porosidade, ou seja, as covas ficam fechadas, prontas para receber as mudas.

10.4.3.1. ADUBO MINERAL USADOS NA COVA OU EM ÁREA:


40-80 gramas de P2O5 na cova ou 1.000 a 1.200 kg de superfosfato simples por hectare distribuídos
de acordo com espaçamento a ser adotado (entre covas ou entre sulcos).
De 10 a 20 gramas de K2O, na cova de plantio ou em cobertura pós-plantio.
0,3 a 0,6 gramas de boro (na forma e bórax ou ácido bórico) na cova de plantio, ou então duas a
quatro aplicações foliares anuais a 0,3% de ácido bórico.

10.4.3.2. ADUBO ORGÂNICO


Quando disponível (esterco curral, esterco galinha ou torta de mamona), nas quantidades indicadas,
a seguir:
43

N %; P2O5 %; K2O % Recomendações (Kg/cova)

Esterco de galinha (gaiola) 2,0; 2,0; 1,0 1-2 ou 4 a 6 litros

Esterco de galinha (cama) 1,5; 1,0; 0,7 2-3

Esterco de curral (curtido) 0,6; 0,3; 0,6 3-5 ou 15 – 20 litros

Torta de mamona ou algodão 5,0; 2,0; 1,0 0,5-0,8

Palha de café 1,7; 0,1; 3,2 2-3 ou 15 a 20 litros

Esterco Porco 0,5; 0,3; 0,4 3-5

Esterco Cavalo 0,7; 0,3; 0,8 3-5

10.5. SISTEMAS DE PLANTIO

10.5.1. SISTEMA TRADICIONAIS (espaçamentos largos e baixa densidade de plantas ) - Os


espaçamentos que vinham sendo tradicionalmente utilizados na cafeicultura do Brasil variavam
de 3,5 a 4,0 m por 3,5 a 4,0 m , em sistema de moita, resultando em densidade de 700 a 800
plantas por hectare. Estes espaçamentos, além de promoverem subaproveitamento do terreno,
propiciam produtividade muito baixa (600 kg/ha de café beneficiado).

10.5.2. RENQUE-MECANIZADO - natural para as áreas plano-onduladas, cujos tratos irão


ser mecanizados, o que significa redução nos custos, desde a implantação até a colheita da la-
voura.
Nesse sistema os espaçamentos são abertos na rua, com distâncias de 3,5 – 4,0 m, e fechados na
linha, sendo mais usada a distância de 0,5 m entre-plantas. O sistema possibilita populações de
5-6 mil plantas por ha.

10.5.3. SISTEMA DE PLANTIO ADENSADO – adequado a pequenas áreas, especialmente


em regiões amorradas, onde a mecanização é impraticável. Nesse sistema o adensamento é o fa-
44
tor essencial para reduzir as áreas exploradas e cobrir rapidamente o solo, com economia na e-
xecução dos tratos culturais e a proteção do solo. Ainda, com maior numero de plantas por área,
consegue-se maiores níveis de produtividade, o que facilita na competição com as áreas mecani-
zadas.
No adensamento o espaçamento utilizado é de 1,7-2,0 m por 0,5m, comportando cerca de 10000
plantas por hectare.

10.5.4. SISTEMAS ALTERNATIVOS que podem ser usados são:

10.5.4.1. SEMI-ADENSADO que normalmente usa espaçamento de 2,5 – 3,0 X 0,5m e o super
adensado que usa 1,3 a 1,5 X 0,3-0,5 m.
O semi-adensado é o ideal para produtores pequenos que não querem podar no curto prazo e pa-
ra o sistema de safra zero, onde cada 2-3 safras se faz o esqueletamento.

10.5.4.2. SUPER ADENSADO se aplica em pequenas áreas com podas de recepa em ciclos
curtos, cada 3-4 safras, visando ter, sempre, plantas baixas, que facilitem a colheita manual.
Finalmente, volta-se a lembrar de que cada sistema é adequado desde que seja utilizado com as
condições de manejo também apropriadas. Por exemplo, se a escolha for por um sistema aden-
sado ou super-adensado, em área com déficit hídrico, ele deve ser manejado com irrigação.

10.5.5. SISTEMAS DE PLANTIO E ESPAÇAMENTOS

O espaçamento depende de uma série de fatores tais como: cultivar a ser plantado, declividade e
exposição do terreno, fertilidade do solo, número de covas a serem tomadas e área existente,
disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos a serem utilizados no cafezal.
A exemplo com as variedades mais plantadas e com base, pode-se indicar os seguintes espaça-
mentos:
Livre crescimento:
Mundo Novo: 4,0 x 1,5 a 2,5 m (2 mudas) ou 4,0 x 0,5 a 1,5 m (1 muda)
Catuaí: 3,5 x 1,5 a 2,0 m (2 mudas) ou 3,5 x 0,5 a 1,5 m (1 muda)
Em áreas não mecanizáveis e em propriedades pequenas, pode-se optar pelo espaçamento entre
as ruas de 3,5 m para Mundo Novo e 3,0 m para o Catuaí, respectivamente.

Com podas programadas:


45
Mundo Novo: 2,0 x 1,5 a 2,0 m (2 mudas)
2,0 x 0,5 a 1,5 m (1 muda)
Catuaí: 1,75 x 1,5 a 2,0 m (2 mudas)
1,75 x 0,5 a 1,5 m (1 muda)

10.6. INDICAÇÕES DE ESPAÇAMENTO NO SISTEMA ADENSADO

Distância nas ruas: 1,5 a 1,75 para cultivar de porte, como a Catuaí, após a 4a colheita trans-
formar em 3,0 a 3,5 m.
Para a Mundo Novo 1,8 a 2,0 m, em condições semelhantes a conversão seria para 3,6 a 4,0 m.
Distância entre covas: Catuaí de 0,5 a 1,0 m entre covas na linha (com 1 planta/cova). Mundo
Novo de 0,5 a 0,8 m.
Cultivares para plantio adensado: Dentro das cultivares de café arábica comerciais atualmente
disponíveis destacam-se basicamente a Catuaí e a Mundo Novo.
Características das cultivares:
A Catuaí, de porte baixo e folhagem mais densa, tem maturação mais desigualada e mais tardia.
A Mundo Novo, apesar do porte alto, apresenta vantagem para o sistema de plantio denso pelo
bom vigor e pela maturação mais igualada e precoce.

10.7. PLANTIO E REPLANTIO DA MUDA

O plantio manual deve ser feito durante o período chuvoso de cada região de cultivo de café.
Quanto mais próximo ao final das chuvas, maior probabilidade de perda no plantio.

O plantio deve ser realizado com mudas com 4 a 6 pares de folhas aclimatadas ao sol, em solo
úmido.

O plantio é feito abrindo-se covetas nas covas anteriormente preparadas, colocado-se o colo das
mudas ao nível do solo ou um pouco abaixo.
Decorridos 20 ou 30 dias, inicia-se o processo de replantio, com a substituição das mudas mor-
tas e daquelas mais fracas ou defeituosas.
46
10.7. PRÁTICAS CULTURAIS NO CAFEZAL

10.7.1. Conservação do solo

A erosão é, sem dúvida, a médio e longo prazo, um dos grandes inimigos da cafeicultura. Nor-
malmente, são empregados nos cafezais dois tipos de práticas conservacionistas:

(a)Vegetativas: capinas alternadas, roçadas do mato, redução das capinas, cultura intercalar, ve-
getação dos carreadores, renque de vegetação permanente e herbicidas em pós-emergência;

b) Mecânicas: plantio em nível, locação do cafezal, terraços de base larga, terraços de base es-
treita ou cordões de contorno, subsolagem, canais escoadores, patamares e banquetas individu-
ais, encordoamento do mato em contorno, caixas de retenção e sulcamento em nível.

Em síntese, para a grande maioria das áreas mecanizáveis, a adoção do plantio em nível, e de
capinas alternadas conjugadas com roçadas de mato, resolve muito bem o problema de conser-
vação do solo.

10.8. PRÁTICAS CULTURAIS NO CAFEZAL

10.8.1. CAPINAS - No período da seca o cafezal deve ser mantido completamente livre das
ervas, porém no período chuvoso deve-se evitar esta situação, sob pena de favorecer a erosão.

Controle do mato - manuais, com enxada, mecânicas, com tração animal e motorizada (cultiva-
dores, grades, enxadas rotativas e roçadeiras) e químicas, com aplicação de herbicidas de pré-
plantio, pré-emergência e pós-emergência.

10.8.2. ARRUAÇÃO - Também chamada de coroação, é a operação feita antes da colheita pa-
ra evitar que o café venha a se perder em mistura com a terra e restos vegetais. Facilita também
a operação de colheita, tal como a varrição ou varredura do café seco caído após a derriça, e
possibilita maior rendimento dos trabalhos.

Limpa-se o chão embaixo da saia e nas imediações do cafeeiro, e arrasta-se o “cisco” e a terra
para o meio da rua, formando leiras ou coroas que isolam covas individuais ou grupos de covas.
47
Utilizam-se rodos ou rastelos para evitar uma destruição prejudicial de radicelas do cafeeiro. O
terreno deve permanecer firme. Também podem ser usados implementos mecânicos.

10.8.3. ESPARRAMAÇÃO - é a operação inversa à arruação: logo após a colheita, as leiras


são desfeitas ou as coroas formadas, e esparramadas por igual no terreno. Esta operação pode
ser manual, com enxadas, ou mecânica, com esparramadores de ciscos tracionados a trator.

10.8.4. CALAGEM - A calagem é a prática primeira para se “construir” a fertilidade adequada


ao cafeeiro nos solos ácido, pois, sem ela, as demais práticas, como adubações com macro e mi-
cronutrientes, não alcançam a eficiência desejada.

É praticamente impossível o cultivo do cafeeiro de forma racional e econômica sem a prática da


calagem, pois a ação tóxica do Al+++ e Mn++, associada à carência de Ca++ e Mg++ , impe-
dem o desenvolvimento e conseqüentemente limitam drasticamente a produtividade.

Dosagens de calcário - O caminho certo para definição mais correta da dose de calcário a ser a-
plicada é a análise prévia do solo. Com os resultados analíticos dos teores de Ca, Mg, K, Al e H
(meq/100 g de solo), obtidos pela análise de solo, e o uso da fórmula: NC = PT(V2 - V1)/PRNT,
chega-se à dosagem de calcário por hectare.

Modo de aplicação - Na implantação da lavoura - única oportunidade em que se pode incorpo-


rar o calcário ao solo a maiores profundidades, o melhor modo consiste em espalhar em área to-
tal, seguindo-se a sua incorporação, mais uma dose na cova ou sulco de plantio.

Em lavoura adulta, o calcário é aplicado em cobertura sob e na projeção dos ramos plagiogeo-
trópicos, dada a impossibilidade de incorporação pelos tratos culturais normais.

a) Para o plantio: Modo de aplicação:

Para aplicação em área total, nas áreas mecanizáveis, incorporar o calcário em meia dose antes
da aração, que deve ser profunda nos solos argilosos, e meia dose antes da gradagem.
Nos solos arenosos, em que não é recomendável a aração para o plantio do cafeeiro, incorporar
com gradagem. Em áreas não mecanizáveis (pela topografia impeditiva ou pouca extensão), a-
plicar em cobertura e incorporar com os cultivos subseqüentes (capinas).
48

Na cova ou banqueta, misturar manualmente o calcário com a terra e com outros insumos (maté-
ria orgânica e adubos).

Nos sulcos, distribuir no fundo dos mesmos e misturar mecanicamente com o “tombamento” ou
com o misturador tipo Patrocínio acoplado ao trator.

Época: Aplicar 30 a 60 dias antes do plantio. Esse período de espera é de máxima importância
para o calcário calcinado.

b) Para lavouras adultas: Modo de aplicação: De preferência, aplicar o calcário antes da espar-
ramação do cisco, nos cafezais arruados.
Em lavouras mecanizáveis aplicar o calcário mecanicamente, em cobertura, em área total ou
com regulagem em faixa para lavouras novas (2-3 anos), de forma que o calcário atinja as áreas
sob a saia do cafeeiro.
Em lavouras não mecanizáveis, aplicar manualmente, em cobertura, em faixa ou ao redor dos
cafeeiros, atingindo as áreas sob a saia do cafeeiro.

c) Na fase de formação

Por ocasião da primeira produção econômica, é conveniente a amostragem do solo, a fim de de-
tectar eventuais falhas na correção do solo. Nesta fase, a relação folhas/frutos é estreita e há o
perigo de depauperamento do cafeeiro.

Pelo menos de 2 em 2 anos deve-se proceder à análise do solo, visando a calagem de manuten-
ção, para a correção da acidez fisiológica e para o equilíbrio do Ca e Mg na relação 3:1.

10.8.5. ADUBAÇÃO DE CAFEZAIS

É necessário considerar, um programa nutricional dos diferentes tipos de adubação (química,


orgânica e foliar), que forneçam, de forma mais adequada possível, os nutrientes N, P, K, S, Zn,
B e Cu, além do Ca e Mg, fornecidos pela calagem.
49
Na fase de formação, as exigências de N, P, K, S, Zn, B e Cu aumentam de forma quase geomé-
trica, da muda aos 18 meses, na ordem N>K>P>S para os macronutrientes e Cu>B>Zn para os
micronutrientes.

Tipos de adubação no cafeeiro

O cafeeiro pode receber adubação via solo e foliar utilizando-se de diferentes fontes de nutrien-
tes (adubos químicos e orgânicos); porém não dispensa a adubação química via solo pois, de ou-
tra forma, dificilmente consegue o equilíbrio nutricional adequado, quantitativa e qualitativa-
mente, para o suprimento dos nutrientes exigidos.

10.8.5.1. ADUBAÇÃO QUÍMICA

É mais eficiente e rápida no suprimento dos nutrientes ao cafeeiro. Sua maior eficiência é obtida
quando, além de se fornecer as quantidades exigidas, os adubos são aplicados na época certa,
com o parcelamento correto e de modo e localização perfeitos.

a) Adubação de plantio (macro e microelementos): 30 a 60 dias antes de plantio, em mistura


com os demais insumos e calcário na terra.

b) Adubação pós plantio com N (0 aos 6 meses de campo). Aplicar 2,5 g de N por vez, 30 dias
pós plantio e repetir até 4 vezes enquanto durar o período chuvoso. Em cobertura, 10 a 15 cm do
caule do cafeeiro e alternando os lados na linha de café. Doze 2,5 a 10,0 gramas de N /cova.

c) Adubação no 1o ano com N e K (7 a 18 meses). Aplicar os adubos na época das chuvas e


parcelar em 4 vezes iguais de 40 em 40 dias. Em cobertura, 15 a 30 cm do caule do cafeeiro e
alternando os lados na linha de café. Doze 15 - 30 g de N e 10 – 20 g de K2O/cova.

d) Adubação no 2o ano com N – P e K (19 a 30 meses) - Iniciar as aplicações com as chuvas e


parcelar em 3 a 4 vezes iguais. Em cobertura, 20 a 30 cm do caule do cafeeiro (projeção da saia)
e alternando os lados ou dividindo a dose de cada parceladamente pela metade aplicando em
ambos os lados na linha do café.
50
e) Adubação no 3o ano com N – P e K (31 a 42 meses) - Iniciar as aplicações com as chuvas e
parcelar em 3 a 4 vezes iguais. Em cobertura, 20 a 30 cm do caule do cafeeiro (projeção da saia)
e alternando os lados ou dividindo a dose de cada parceladamente pela metade aplicando em
ambos os lados na linha do café.

f) Adubação de produção com N, P2O5 e K2O (acima de 4 anos de campo) - A partir do 4o ano
considera-se a lavoura adulta, e a adubação deve ser feita com base na produção anual e vegeta-
ção de crescimento/reposição.

Aplicar as doses com as chuvas e parcelar 3 a 4 vezes iguais. Em cobertura sob a projeção dos
ramos da saia do cafeeiro distante 30 a 60 cm (faixa) do tronco para cafeeiros com 4 a 5 anos,
50 a 70 cm (faixa) do tronco para cafeeiros com 6 a 8 anos e 60 a 100 cm (faixa) do tronco para
cafeeiros com 9 para mais anos. Alternar os lados ou dividindo a dose de cada parcelamento pe-
la metade e aplicar em ambos os lados na linha de café.

10.8.5.2. ADUBAÇÃO ORGÂNICA

A adubação orgânica não dispensa a química. A associação das duas, de forma equilibrada, é al-
tamente benéfica, pelos bons efeitos da matéria orgânica no solo (promove a melhoria das pro-
priedades físicas, químicas e biológicas do solo, propicia maior retenção da umidade, aumenta
o aproveitamento dos adubos químicos e fornece nutrientes de forma mais lenta e constante).

Das fontes de matéria orgânicas (M.O) que podem ser utilizadas para adubação do cafeeiro,
tem-se: restos de culturas, adubos verdes, resíduos industriais e urbanos, compostos e estercos.
No caso das “palhas” a relação C/N alta (> 30), ou seja, com pouco nitrogênio, como nas de ar-
roz e milho, é necessária uma suplementação na adubação nitrogenada do cafeeiro, para evitar
deficiência temporária, que promove o amarelecimento de suas folhas.

Recomendações e uso

No plantio do cafeeiro - As recomendações para o plantio do cafeeiro, feitas com as fontes de


M.O mais disponíveis, nas regiões de cultivo são:
esterco de galinha, esterco de curral, torta de mamona, torta de algodão, palha de café curti-
da, torta de filtro, lixo tratado, compostos simples e compostos enriquecidos.
51

10.8.5.3. ADUBAÇÃO FOLIAR

A adubação foliar do cafeeiro só se justifica em situações adversas à absorção radicular. Além


do N, P, K, Ca, Mg e S, exigidos em grandes quantidades pelo cafeeiro, e fornecidos pela cala-
gem e adubação do solo, há necessidade de se fornecer Zn, B, e Cu, considerados os pequenos
nutrientes.

Embora se possa aplicar o Zn, B e Cu pelo solo, meio mais econômico é o via foliar, através de
pulverizações com sais, ácidos ou ainda adubos quelatizados foliares.
O Zinco, o Boro e o Cobre são micronutrientes importantes para o cafeeiro, tanto na fase de
formação, como na fase de plantas adultas, com cafeeiro em produção.plantas adultas, com ca-
feeiro em produção.

Recomendações da lavoura

Na formação do cafezal - quando necessário se aplica Zn ou B ou Cu na cova de plantio.

No cafeeiro em produção - a adubação foliar com Zn é necessária em solos argilosos ou no caso


de não se aplicar via solo em solos arenosos.

Nas condições de Pernambuco é recomendado aplicar uma solução de 600g de sulfato de zinco
+ 300g de ácido bórico + 1.000 g de uréia em 100 litros de água, nos meses de agosto/setembro,
janeiro/fevereiro e maio/junho.

Diagnose foliar

No cafeeiro, a coleta de folhas deve ser feita ao acaso, de plantas que representem o talhão que
está sendo amostrado. Coleta-se o 30 par de folhas, contando da extremidade para a inserção,
dos ramos localizados meia altura dos cafeeiros e ao seu redor. Trinta pares de folhas são sufici-
entes para realizar análise. As folhas devem ser colocadas num saco plástico e enviadas ao labo-
ratório.

RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO NO CAFEEIRO


52
Pode-se dividir a adubação de um cafezal em duas etapas: adubação de formação (no plantio e
na formação das plantas) e adubação de produção (cafezal adulto), em que se usam os adubos
orgânicos e químicos.

1) CALAGEM – o fornecimento de Cálcio e Magnésio deve ser feito na implantação e durante


o período de produção.
2) ADUBAÇÃO DE FORMAÇÃO – na adubação de formação podem ser estabelecidas as se-
guintes dosagens, de acordo as exigências determinadas para esta fase:
• Adubação na cova: P2O5 = 30 a 40 g - K2O = 15 a 20 g – Ca + Mg 200 a 400 g de Calcário
Dolomítico. Acrescentar na cova matéria orgânica, na mistura da cova, utilizando-se uma
das fontes e doses: Esterco de Curral (10 a 20 litros), Esterco de Galinha (2 a 3 kg ou 4 a 6
litros) e Torta de Mamona (1 a 1,5 kg ou 2 a 3 litros).
• Adubação pós-plantio:
• Adubação no 10 ano/cova: N = 10 a 20 g e K2O = 10 a 20 g. Modo de aplicação: parcelar o
N em 4 vezes iguais e K em 2 duas vezes iguais.
• Adubação no 20 ano/cova: N = 50 a 70 g e K2O = 60 a 80 g. Modo de aplicação: idem 10
ano.
• Adubação no 30 ano/cova: N = 100 a 120 g e K2O = 120 a 150 g. Modo de aplicação: par-
celar o N em 4 vezes nas proporções de 20%, 20%, 30% e 30%; e o K em 2 vezes iguais.
• Adubação no 40 ano/cova: N = 120 a 150 g; P2O5 = 30 a 40 g e K2O = 130 a 180 g. Modo
de aplicação: parcelar o N em 4 vezes nas proporções de 20%, 20%, 30% e 30%; e o K em
2 vezes iguais. Modo de aplicação: parcelar o N em 4 vezes nas proporções de 20%, 20%,
30% e 30%; e o K em 2 vezes iguais, e o P de uma só vez, com a primeira de N e K.

3) Adubação de produção

Os níveis de adubação para cafeeiros adultos pode variar de; N = 120 a 200 g; P2O5 = 30 a 50 g
e K2O = 150 a 300 g. Modo de aplicação: deve-se parcelar o N em 4 vezes nas proporções de
20%, 20%, 30% e 30%; e o K em 2 vezes iguais, com o 10 e 30 parcelamentos do N, e o P de
uma só vez, junto com o 10 parcelamento do N, e K durante o período chuvoso.

Calendário de adubação do Nordeste

Baseando-se na distribuição das chuvas, pode-se sugerir as seguintes épocas de adubação para o
Nordeste brasileiro:
53

• Estado 1a aplicação 2a aplicação 3a aplicação 4a aplicação (opcional)


• Bahia Novembro Dezembro Março Abril-Maio
• Pernambuco Dezembro Fevereiro Abril Junho
• Ceará Dezembro Janeiro Março Abril-Maio

10.9. PODAS NO CAFEEIRO

10.9.1. OBJETIVOS
• A poda deve ser feita para ajustar a arquitetura e o porte da planta, buscando aumentar a
produtividade e facilitar as operações relativas a tratamentos fitossanitários e a colheita.
• Existem várias razões que justificam podar o café:
• i) necessidade de recuperar uma planta que já não atende técnica e economicamente ao pa-
drão da cultura;
• ii) manter uma relação adequada de colheita/área foliar;
• iii) estabilizar o nível da produção;
• iv) ajudar na eficiência do controle fitossanitário;
• v) evitar a morte descendente de raízes, tronco e ramas;
• vi) facilitar e adequar lavouras para colheita.

• Alguns fatores condicionantes do cafeeiro sugerem sua poda, tais como: fechamento da la-
voura (rua e linha), depauperamento, geada ou chuvas de granizo, idade, altura das plantas e
em plantios adensados .

10.9.2. SISTEMAS DE PODAS UTILIZADOS NO BRASIL:

COMO E QUANDO FAZER ?

10.9.2.1. FINALIDADE DA PODA

A principal é eliminar toda parte vegetativa improdutiva, cuja impossibilidade de recuperação seja
praticamente nula.
54
55

10.9.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A) Renovar o tecido produtor e modificar a arquitetura da planta.


B) Manter uma adequada relação folha: fruto: 20cm 2 de área foliar por fruto de café.
C) Permitir maior luminosidade e estimular a produção em locais com fechamento ou auto sombre-
amento
D) Adequar a luminosidade e a aeração para reduzir condições predisponentes ao ataque de algumas
pragas e doenças .
E) Atenuar o ciclo bienal para regular a produção.
F) Eliminar ramos afetados por pragas e doenças, seca dos ponteiros causados por desequilíbrios
nutricionais (dieback) e depauperados após superproduções .
G) Corrigir danos causados às plantas devido a ocorrência de eventos climáticos adversos como:
seca, geada e granizo.
H) Revigorar plantas deformadas, “cinturadas”e debilitadas.
I) Facilitar operações de manejo da lavoura que necessitam utilizar equipamentos manuais ou moto-
rizados.
J) Eliminar o excesso de “ramos ladrões”
L) Economizar na aquisição e aplicação de fertilizantes e defensivos em anos de preços baixos do
café .
M) Adequação do formato e altura dos cafeeiros para facilitar a colheita.
N) Reduzir os custos por determinado período devido a menor utilização de fertilizantes e defensi-
vos.
O) Cafeeiro podado resiste mais a seca: tecido novo trabalha melhor em potenciais mais negativos .

10.9.3. TIPOS DE PODAS

10.9.3.1. PODA DE FORMAÇÃO


a) Desbrota
b) Podas de ramos inferiores
c) Desponte

10.9.3.2. PODA DE PRODUÇÃO


a) Decote
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b) Esqueletamento

10.9.3.3. PODA DE RENOVAÇÃO


a) Recepa: Baixa e Alta

10.9.3.4. PODA SELETIVA

10.9.3.1. PODA DE FORMAÇÃO


a) DESBROTA
A desbrota é utilizada para eliminar o excesso de brotos, mantendo a planta com apenas um ramo
vertical.
Os brotos são eliminados manualmente, quando atingem altura entre 20 a 30 cm

b) PODAS DE RAMOS INFERIORES


Consiste na eliminação dos ramos laterais da parte inferior da planta até a altura de 30 cm do solo.
É aplicada em lavouras que apresentam ramos laterais muito próximos do solo, dificultando a operação
de colheita. Deve ser executada após a colheita com auxílio de serrote de poda.

c) DESPONTE
É a eliminação da gema terminal do ramo vertical.
Ë utilizado quando se deseja limitar a altura da planta ou forçar o desenvolvimento dos ramos late-
rais, secundários e terciários.
O desponte é efetuado manualmente, no início do período chuvoso em cafeeiros novos desde re-
cém-plantados até atingirem 1,20 m de altura.

10.9.3.2. PODA DE PRODUÇÃO


a) DECOTE
O decote é uma poda menos severa que o esqueletamento.
Oferece como vantagem reduzir o tamanho das plantas e renovar a parte superior, mas para ser rea-
lizada a lavoura deve apresentar boa conformação de ramos produtivos inferiores ("saia").
O decote pode ser alto (2-2,5 m) realizado apenas para reduzir o tamanho de uma copa bem forma-
da, ou baixo (1,2 a 1,8 m) indicado quando se pretende renovar a parte aérea da planta, devendo-se
nesse caso conduzir uma a duas hastes por meio de desbrotas.
57
b) ESQUELETAMENTO
O Esqueletamento consiste no corte lateral dos ramos produtivos a uma distancia de 20-30 cm do
tronco principal.
O cafeeiro não apresenta produção de café no ano do corte, o que pode ser uma vantagem, pois não
se gasta com colheita, e, no segundo ano após o corte, costuma apresentar altas produtividades que
muitas vezes compensam o sem produção.

O esqueletamento deve ser feito associado a um corte superior (1,7- 2,0 m) para quebrar a dominân-
cia apical e estimular a brotação lateral.
É uma modalidade de poda que exige muito da planta após o corte por isso uma nutrição adequada e
cuidados com doenças, principalmente ferrugem, Phoma e Aschochyta são importantes.

10.9.3.3. PODA DE RENOVAÇÃO


a) RECEPA
a.1) Baixa - É a mais drástica das podas, pois são retirados todos os ramos e o tronco é cortado de
0,3 a 0,4 m acima do solo.
a.2) Alta - O tronco é cortado a uma altura que varia de 0,5 - 0,8 m (com pulmão).
A grande vantagem da recepa é possibilitar uma renovação total da parte aérea da lavoura.
É recomendada quando houve grande depauperação da lavoura, com perda de ramos laterais produ-
tivos, perda de estrutura das plantas, forte geada ou alto grau de fechamento.
58

10.9.3.4. PODA SELETIVA

É uma variante que é executada após a análise individual de cada planta, preservando-se o potencial

produtivo da lavoura, podendo utilizar desde a recepa baixa até um decote.

Requer mão-de-obra treinada, sendo recomendada, principalmente, para pequenos produtores.

O rendimento desta prática depende dos diferentes tipos de podas que serão realizados.

10.9.4. SISTEMAS DE PODAS

10.9.4.1. PODA POR PLANTA

10.9.4.2. PODA DE LIMPEZA

10.9.4.3. PODA POR TALHÃO

10.9.4.4. PODA POR LINHA

10.9.4.5. PODA EM LINHAS ALTERNADAS

10.9.4.6. PODA BF

10.9.4.1. PODA POR PLANTA

Este sistema consiste em aplicar poda apenas nas plantas que apresentarem ramos secos e não pro-

duzirão no ano seguinte.

As plantas boas permanecem intactas e serão podadas futuramente, se for necessário.

Nas lavouras superadensadas a poda por planta é aplicada todos os anos, desde a primeira colheita.

Pode haver combinação de vários tipos de poda (decote, recepa e esqueletamento), dependendo do

estado do cafeeiro.

10.9.4.2. PODA DE LIMPEZA

É uma poda de condução realizada para dar forma e melhorar o aspecto da planta.
59
É um sistema de poda por planta.

Consiste em retirar todos os troncos e ramos improdutivos, com pouca ramificação, secos ou doen-

tes.

Neste tipo de poda apenas alguns troncos ou parte dos troncos são podados, não existindo altura

definida de corte.

Este tipo de poda é realizado anualmente.

Até o inicio dos anos 60 era uma das únicas podas adotada nas lavouras brasileiras.

10.9.4.3. PODA POR TALHÃO

Todas as plantas do talhão são podadas no mesmo ano.

Geralmente utiliza-se apenas um tipo de poda (decote, recepa ou esqueletamento).

Decote ou esqueletamento por talhão.

As podas do tipo decote e esqueletamento podem ser aplicadas em todas as plantas do talhão, no

mesmo ano, do seguinte modo.

Recepa por talhão - A recepa em plantas normais, sem dano por geada ou outro fator, deve ser apli-

cada apenas em parte do talhão, nas regiões mais sujeitas à geadas, para evitar dano às plantas nos

anos seguintes.

10.9.4.4. PODA POR LINHA

É um sistema em que as linhas são podadas em anos diferentes.

Pode haver combinação de vários tipos de poda.

Existem várias formas de podas por linhas.

10.9.4.5. PODA EM LINHAS ALTERNADAS

Poda-se uma linha e deixa a outra para podar após um ano de grande produção, e assim por diante;

ou poda-se uma linha e deixa a outra para podar no ano seguinte, e assim por diante
60

10.9.4.6. PODA BF

Recebeu esta denominação BF em homenagem aos pesquisadores Bouharmount e Fukunaga, que

desenvolveram esta prática no Hawai.

Pode ser realizada em ciclos de três, quatro ou cinco anos.

Distribuição dos ramos do cafeeiro (Melles e Guimarães, 1985): a – ramo ortogeotrópico (prin-
cipal) b – ramo plagiogeotrópico primário c – ramo plagiogeotrópico secundário d – ramo orto-
geotrópico (ladrão)
61

10.10. CONDUÇÃO DA PODA


As plantas assim decotadas podem ser conduzidas com um ou dois brotos ortogeotrópicos.

10.10. 1. PODA DE RECEPA - Também chamada de poda baixa ou poda de renovação.

Dependendo do estado da lavoura, ela pode ser total em ruas alternadas, ou ainda alternada com
decote. A recepa baixa é feita a 30 a 40 cm de altura.

É indicada nos casos de fechamento adiantado, onde houve perda total da “saia”. A recepa alta é
feita a 0,8 a 1,2 m, deixando-se as ramificações existentes abaixo do corte, as quais funcionarão
como “pulmão”, beneficiando a recuperação da planta. Esse tipo de recepa deve ser preferido
sempre que possível.

A recepa deve ser recomendada apenas quando os cafeeiros sofrerem danos severos em toda sua
extensão da parte aérea, causadas por geadas ou chuvas de granizo, fechamentos ou perda total
da saia, e deve ser feita, preferencialmente, após um ano de alta produção, ou seja, após a co-
lheita, até o mês de setembro. Nos casos em que há possibilidade de deixar as ramificações infe-
riores, denominadas “pulmões”, inseridas abaixo do corte da recepa, obtém-se comprovadamen-
te excelentes resultados na brotação, quando comparados às plantas que não possuem os ramos
pulmões.
62
• 10.10. 2. OPERAÇÃO DE RECEPA - A maneira mais prática de se fazer a recepa é pri-
meiramente desgalhar o cafeeiro com uma foice, deixando somente os troncos. Em seguida,
corta-se, em bisel, os troncos à altura de 40 cm.
• Para eliminar tronco em excesso (mais de dois pés por cova), basta cortá-lo ao nível do solo
ou um pouco abaixo e cobri-lo com terra, pois desta maneira eles não brotarão. Na recepa
com ramos pulmões, o corte pode ser feito a 50 a 60cm de altura do solo para conservá-los.

• 10.10. 3. ÉPOCA DA RECEPA – após a colheita


63
10.10. 4. CONDUÇÃO DE RECEPA - A fase mais importante da recepa é a condução dos
brotos.

Desbrota - Deve ser iniciada quando os brotos já estiverem cerca de 15-30 cm de altura. Efetuar
desbrotas periódicas e conduzir 1 broto por tronco se o espaçamento entre plantas for inferior a
1,0m, ou 2 brotos por tronco se superior a 1,0m, quando os brotos atingirem 20 a 30 cm, esco-
lhendo-se os mais vigorosos e situados no sentido da linha de café.

Adubação na recepa - Nas ruas podadas a adubação vai depender da brotação. Se esta estiver
normal, não se aduba no primeiro ano, caso contrário, usa-se somente adubo nitrogenado em
dose nunca inferior a 1/3 daquela usada para o café em produção, efetuada quando os brotos es-
tiveram com mais ou menos 30 cm de altura.
Desbrota e poda de limpeza - A desbrota consiste na eliminação de ramos ortogeotrópicos que
se desenvolvem ao longo do tronco. Esses ramos, se não eliminados, consumirão energia para
vegetação, em detrimento da produção, podendo ainda vergar para o centro das linhas nos anos
posteriores, provocando o fechamento precoce da lavoura.

10.11. PODA AUMENTA A PRODUTIVIDADE ? - E A ÉPOCA DE PODAS ?

Poda não aumenta produtividade.

Poda racionaliza custos.

Podas são necessárias para a longevidade da planta

Deve-se efetuar as podas no período entre o término da colheita e o reinício das chuvas, normal-

mente isso ocorre de junho a setembro.


64
Muitos produtores, entretanto, atarefados com outros trabalhos, costumam deixar para podar mais

tarde.

ÉPOCA DE PODAS - As podas, no geral, devem ser efetuadas sempre após uma safra alta ou na

perspectiva de safra baixa no ano seguinte. Com isso, aproveitando o ciclo bienal de produção nos

cafeeiros arábica, a perda de safra fica reduzida.

Nos cafeeiros conilon, onde se faz a poda de produção, as hastes fracas, com pouca capacidade pro-

dutiva, devem ser eliminadas todos os anos.

As podas leves em cafeeiros arábica e as podas de produção no Conilon devem ser realizadas, tam-

bém, o mais cedo possível, para promover a abertura das plantas, e, assim, melhorar as floradas.

As podas, no geral, devem ser efetuadas sempre após uma safra alta ou na perspectiva de safra bai-

xa no ano seguinte. Com isso, aproveitando o ciclo bienal de produção nos cafeeiros arábica, a per-

da de safra fica reduzida.

Nos cafeeiros conilon, onde se faz a poda de produção, as hastes fracas, com pouca capacidade pro-

dutiva, devem ser eliminadas todos os anos.

As podas leves em cafeeiros arábica e as podas de produção no Conilon devem ser realizadas, tam-

bém, o mais cedo possível, para promover a abertura das plantas, e, assim, melhorar as floradas.

11. PRAGAS E CONTROLE DO CAFEEIRO

Bicho mineiro
DANOS - É uma praga que danifica as folhas (com minas ou lesões), provoca desfolha das
plantas, e causa prejuízos na produção.

CONTROLE - pode ser feito com o uso de inseticidas organo-fosforados (Bidrin, Ethion, etc)
na base de 1 litro/ha ou piretróides (Decis, Ambush, Belmark, etc, conforme rótulo), em pulve-
rizações, devendo o controle ser efetuado quando cerca de 20 a 30% das folhas novas estiverem
65
minadas. Empregam-se também os inseticidas sistêmicos granulados (Desyston GR 50) para
controlar a praga, aplicados por incorporação ao solo, sendo uma aplicação por ano.

Cigarrinhas

DANOS - As ninfas das cigarrinhas fixam-se nas raízes da planta, onde sugam a seiva, provo-
cando redução na produção do cafeeiro.

CONTROLE - Pode ser mecânico (catação das ninfas e adultos), controle cultural (eliminação
do cafezal e plantio de novos cafeeiros), controle biológico (o fungo Metarhizium anisopiae) e
químico . Tem sido indicado o uso de inseticidas sistêmicos granulados, aplicados em torno das
plantas.

Broca do café

DANOS - A broca do café é um pequeno besouro preto que perfura os frutos do café geralmente
na região da coroa, fazendo uma galeria no seu interior, onde se reproduz e onde as larvas cau-
sam a destruição das sementes que são utilizadas na sua alimentação.

CONTROLE – O controle químico tem inicio quando se encontram aproximadamente 5% dos


frutos broqueados, da primeira florada.

Cochonilhas

DANOS - As cochonilha-da-raiz (Dysmicocus crytus) e as cochonilhas-da-parte-aérea: A co-


chonilha-da-raiz é um pequeno inseto rosado, revestido por uma substância cerosa branca e pro-
tegido por uma capa de aspecto rugoso; desenvolve-se sobre as raízes, formando criptas. As
plantas atacadas sofrem definhamento, seguido de amarelecimento e queda de folhas.

CONTROLE - Aplicar os inseticidas granulados em sulcos com 1o cm de profundidade e a 20


cm do tronco do cafeeiro, de preferência na época chuvosa. As pastilhas de fosfeto de alumínio
devem ser colocadas em buracos com 30 cm de profundidade e a 20 cm do tronco e podem ser
aplicadas na época seca. Cobrir os orifícios com terra após a aplicação.
66
DANOS - As cochonilhas-da-parte-aérea pertencem a várias espécies, geralmente os ataques
ocorrem em reboleiras e freqüentemente as plantas atacadas podem ser também reconhecidas
por um revestimento escuro nas folhas (fumagina).

CONTROLE - O controle pode ser feito eficazmente com inseticidas fosforados; porém a mis-
tura de óleo emulsionável a 1% com esses inseticidas proporciona um controle mais eficiente
das cochonilhas.

Finalmente, outras pragas podem ocorrer no cafeeiro, como o ácaro vermelho e as lagartas que
se alimentam das folhas.

12. DOENÇAS E CONTROLE DO CAFEEIRO

FERRUGEM
DANOS - A ferrugem do cafeeiro é considerada a principal doença do cafezal. O fungo ataca as
folhas, provoca manchas amarelo-alaranjadas, cobertas por uma massa de esporos (na fase infe-
rior), e evolui para a morte do tecido, ficando o centro das lesões de coloração marrom-escura.
O ataque causa danos pela desfolha prematura e pela seca de ramos laterais, que afetam o flo-
rescimento, o pegamento de frutos e a safra do ano seguinte.

CONTROLE - O cultivo de cultivares resistentes, o químico com fungicidas, são as medidas de


controle deste fungo. O uso de fungicidas sistêmicos, Bayleton BR e Bayfidan, além de proteger
as plantas por um período maior, promovem a rápida redução do índice de infeção e a erradica-
ção do inóculo, impedindo a disseminação da doença pela cultura.

CERCOPORIOSE

DANOS - A cercosporiose é uma doença que ataca as folhas e frutos. Nas folhas causa lesões e
provoca a queda prematura. Nos frutos causa lesões, que podem evoluir até tomar toda a super-
fície, provocando a maturação forçada, com a perda de peso, redução do rendimento no benefí-
cio, e ainda ocasiona a queda dos frutos, que se perdem no chão.

CONTROLE - Para regiões muito sujeitas à cercosporiose, como na Bahia e Pernambuco indi-
cam-se 2 a 3 aplicações de Benlate na dose de 200 g, no período janeiro/março.
67
PHOMA

DANOS - O fungo Phoma costarricensis ataca folhas, flores e frutos novos, extremidades de
ramos e botões florais. A penetração do fungo pode também ocorrer no ponto de abscisão das
folhas, nos cinco primeiros nós, em desfolhas causadas por outras pragas e doenças.

CONTROLE - Na implantação do cafezal devem ser evitadas as áreas desprotegidas, sujeitas a


ventos frios e fortes. Programar a instalação de quebra-ventos temporários e permanentes desde
a formação do cafezal, ou arborizá-lo. Apesar de oneroso (produtos caros e longo período de
proteção), o controle químico é muitas vezes indispensável para garantir uma boa produção.

Como a doença apresenta uma evolução muito rápida, é conveniente fazer aplicações preventi-
vas.

Os fungicidas mais recomendados para o controle são: · Iprodione - Rovral: 1,0 kg/há; · Foset-
yl-Al - Aliette: 2,0 kg/hA; · Fentin Acetate - Brestan PM: 1,0 a 1,5 kg/há; Hokko Suzu 200: 1,0
a 2,0 kg/hA; · Tebuconazole - Folicur PM: 1,0 kg/hA; Constant: 1,0 l/ha. Efetuar uma ou duas
pulverizações em intervalos de 30 dias em cada período de maior ocorrência do ataque.

NEMATÓIDES

DANOS - Os nematóides Meloidogyne exígua estão disseminados por quase todas as regiões
cafeeiras do país. O M. incognita é encontrado principalmente nos Estados do ES, PR e SP e o
M. coffeicola, nos Estados do PR e SP. Os nematóides apresentam geralmente ataques mais se-
veros em regiões de solo arenoso e de baixo teor de M.O Estes parasitas atacam as raízes das
plantas, definhando-as.

CONTROLE - é feito com mudas sadias, práticas culturais (revolvimento do solo em dias se-
cos), adubação verde com Crotolaria spectabilis ou com mucuna preta (Stilozobium aterrinum),
utilização de matéria orgânica e aplicação no solo com inseticidas fumigante.
68
13. COLHEITA DO CAFEZAL

13.1. ÉPOCA DE COLHEITA


A colheita do café é iniciada quando a maioria dos frutos está madura ou seca, com predominância
de frutos ´”cerejas” .
No Centro-Sul isto ocorre de abril até agosto. Nas condições de Pernambuco, a colheita do café
geralmente é feita no período de chuvas de inverno. A maturação é bastante desuniforme e exige 2 a
3 repasses.
O fruto ideal para ser colhido é aquele que tenha completado o estádio da maturação fisiológica,
que corresponde ao denominado fruto cereja.
Normalmente o cafeeiro apresenta, na fase de maturação, frutos em diferentes estádios (verdes,
cerejas, passas e secos), devido à características da planta em produzir várias florações.

13.2. TIPOS DE COLHEITA

13.2.1. MANUAL:

a) a dedo ou seletiva - Os frutos são colhidos um a um, no estádio de cereja. Ela é utilizada em
locais onde o florescimento ocorre durante o ano todo, provocando grande desuniformidade na ma-
turação, como na Colômbia.

b) derriça manual no pano ou no chão.

DERRIÇA NO CHÃO - A colheita compreende várias operações na derriça do café, abrangendo

as seguintes etapas:

a) arruação ou coroação consiste na limpeza da área onde cairá o café;

b) varrição é o levantamento do café caído naturalmente, antes da derriça;

c) derriça é a derrubada dos frutos manualmente;

d) levantamento é o ajuntamento do café derriçado em peneiras, onde se efetua a abanação, para

eliminação das impurezas leves;

e) esparramação é a operação inversa à arruação, quando as leiras ou “coroas” são desmanchadas

após o final da colheita.


69
Na derriça no chão, faz-se primeiramente a arruação e posteriormente, a varrição para separar o café

que já caiu daquele que será colhido.

Promove-se então a derriça, levantamento e abanação, seguido da esparramação.

No mesmo dia, recolhe-se este café, para que não tenha muito contato com a terra.

Os dois lotes assim obtidos devem ser preparados separadamente, pois terão qualidades diferentes.

O café derriçado no chão, embora sujeito a maiores riscos, poderá dar origem a um produto com a

mesma qualidade daquele derriçado no pano.

O café quando colhido em uma única vez, por derriça no pano ou no chão é constituído por uma

mistura de frutos verdes, verdoengos, cerejas (maduros), passas (mais que maduros), bóias (quase

secos), coquinhos, casquinhas (despolpados no chão).

No caso da derriça no chão, o café contém impurezas, tais como torrões, pedras, folhas, pauzinhos

etc.

Neste tipo de colheita são efetuadas as seguintes operações:

ARRUAÇÃO - VARRIÇÃO - DERRIÇA DOS FRUTOS - LEVANTAMENTO E ABANAÇÃO -

ESPARRAMAÇÃO.

DERRIÇA NO PANO

Antes da derriça é colocado um anteparo é estendido previamente sobre o solo para que os frutos

caiam sobre ele, evitando-se o contato com a terra.

Os panos usados são, em geral, de tecido grosso ou mesmo lona, medindo normalmente 3,5 a 4,5m

de comprimento por 2,0 a 3,0m de largura. Em geral são colocados dois panos, um de cada lado do

pé de café.

O café assim colhido é separado das folhas e impurezas (abanação) e ensacado.

A seguir é feita a varrição, operação de colher o café existente no chão, rastelando-o ou varrendo-o

e depois, juntando-o e separando-o da terra e folhas. Este café de varrição será ensacado separada-

mente, pois pelo contato com a terra a sua qualidade poderá estar comprometida.
70
Neste tipo de colheita são efetuadas as seguintes operações:

VARRIÇÃO - COLOCAÇÃO DO PANO - DERRIÇA DOS FRUTOS - LEVANTAMENTO E

ABANAÇÃO

13.2.2. COLHEITA SEMIMECÂNICA

A derriça é feita com auxílio das derriçadeiras portáteis, manejadas por manualmente e acionadas

por pequenos motores de combustão a gasolina.

13.2.3. COLHEITA MECÂNICA

Atualmente já existe uma colheitadeira mecânica de café, que trabalha a cavaleiro na fileira, derri-

çando com hastes vibratórias, recolhendo em esteira, ventilando o café e ensacando-o.


71
13.3. PROCESSAMENTO DOS FRUTOS PÓS-COHEITA
72
13.4. PROCESSAMENTO DO CAFÉ

13.4.1. SISTEMAS DE PREPARO PÓS-COLHEITA DO CAFÉ

Os processos de preparo do café podem ser agrupados em três sistemas:

a) Preparo por via seca, sem eliminação da casca resultando no café natural.

b) Preparo por via úmida, com eliminação da casca e da mucilagem resultando no café des-
polpado.

c) Preparo por via semi-úmida, com eliminação da casca resultando no café cereja descasca-
do.

No preparo pós-colheita do café, podem-se adotar práticas variadas, de acordo com as condições do
produtor, a disponibilidade de água, o tamanho da lavoura, etc.

Tradicionalmente, temos dois processos no preparo industrial: via úmida ou com despolpamento
( mais indicado para produção de cafés finos) e via seca ou café de terreiro.
No processo por via seca, as fases de seu processamento poderão prescindir do emprego de água,
muito embora tecnicamente seja recomendada.
No processo por via úmida, é indispensável o uso de água.
O preparo de café no Brasil é feito predominantemente por via seca ou café em coco, ou seja, a
mistura de frutos colhidos por derriça é levada ao terreiro e secador para secagem, podendo antes
passar por um lavador.
A melhor qualidade do café seria obtida se fosse processado somente o café cereja (correspondente
ao ponto ideal de maturação dos frutos, no qual a casca, a polpa, e a semente encontram-se com
composição química completa).
73

13.4.1.1. PROCESSAMENTO POR VIA SECA

No preparo por via seca, atualmente o mais comum no Brasil, o fruto é seco na sua forma integral
(com casca). Este tipo de preparo é constituído das seguintes operações:

a) Lavagem do café
O lavador é uma das estruturas mais importantes na fase de preparo do café, uma vez que propor-
ciona a separação não só das impurezas como também dos frutos nos seus diferentes estádios de
maturação (verdes, cerejas e seco).
A lavagem proporciona uma pré-limpeza do produto ao separar as impurezas, e aumenta conse-
quentemente a vida útil dos secadores e das máquinas de beneficiamento por diminuir a abrasão,
excluindo pedras, terras, folhas e paus, que vêm da lavoura com os frutos colhidos.
A separação dos frutos é feita pela densidade, dependendo dos diferentes estádios de desenvolvi-
mento, ou dos diferentes teores de umidade (verde 60 a 70%, cereja 45 a 55%; passa 30 a 40% e
coco 20 a 30%).
74
Assim, a fração constituída pelos frutos verdes e cereja afunda na água, saindo por uma bica do
lavador, sistema maravilha, recebendo simplesmente a denominação de “cereja”. A outra fração,
constituída por frutos passa e seco, que são mais leves e não afundam, recebe a denominação de
“bóia”, e sai por outra bica.
Por apresentarem tempo de secagem diferente, estas duas frações deverão ser sacadas separadamen-
te, para que se obtenha um produto final mais uniforme e de melhor qualidade.
A lavagem deve ocorrer no mesmo dia da colheita do café. É importante nunca deixá-lo amontoado
para ser lavado nos dias seguintes. Em lavadores tipo maravilha, gastam-se 3 litros de água por litro
de café; em lavadores mecânicos, com recuperação de água, gasta-se bem menos (0,3 litros de água
por litro de café).

b) Secagem do café (grão)

O processo de secagem pode ser feito em terreiros ou com auxílio de secadores podendo se obter,
em ambos os casos, um produto final de qualidade semelhante, contanto que se observem alguns
cuidados. É aconselhável trabalhar com lotes homogêneos.
A secagem em terreiros pavimentados - são mais eficientes e apresentam menores riscos de com-
prometimento da qualidade, não havendo diferença entre os tipos de pavimento utilizados. Deve-se
evitar a construção deles em lugares úmidos, com baixadas e próximas a represas ou locais sombre-
ados e com construções adjacentes.

No processo de secagem do café em terreiros devem ser observados os seguintes itens:


não misturar lotes diferentes;
esparramar o café lavado ou não, no mesmo dia da colheita, em camadas finas de 3 a 5 cm. Quanto
maior a percentagem de café verde, maior o tempo de secagem;
revolver o café, pelo menos 8 vezes ao dia, de acordo com a posição do sol;
após o segundo dia de seca, fazer pequenas leiras de 15 a 20 cm de altura, no final da tarde, e espar-
ramar no dia seguinte bem cedo, o que acelera a secagem, impedindo que o sereno umedeça muito
o café;
só amontoar o café cereja (úmido), depois da perda de umidade externa (meia-seca), ponto em que
ele não estará mais colocando na mão quando apertado. A montoa, a partir desta fase, é uma opera-
ção muito importante, devido à propriedade que o café em coco tem de trocar calor entre si, pro-
porcionando uma maior igualdade na seca;
quanto mais lenta a secagem, melhor será a uniformidade do produto.
75
Em Pernambuco, o café é colhido e é levado no mesmo dia para o terreiro pavimentado (cimento,
tijolo, etc).
No terreiro é esparramado em camadas finas (3-5 cm), que, depois, vão sendo aumentadas. Os
grandes produtores secam o café em terreiro-secador; os pequenos, em terreiro-barcaça (tecnologia
de baixo custo, também pode secar cereais), que leva de 3 a 5 dias no terreiro para “murchar” o ca-
fé. Levado ao secador ou barcaça, o café chega ao ponto de seca em 30 a 60 horas.

SECAGEM EM TERREIROS
A secagem corresponde à fase complementar a todos os processos de preparo do café, sendo que
método de secagem escolhido, com sua estrutura e manejo, tem efeito marcante nas determinações
do índice de qualidade, nível de classificação e valor comercial do produto.

TIPOS DE SECADOR
1. Terreiro de chão batido – não é recomendável pois este tipo de terreiro além de ter menor rendi-
mento de secagem, favorece a ocorrência de sujeiras e fermentações indesejáveis, originando um
produto de má qualidade.

2. Terreiro de piso revestido – Considera-se recomendável por proporcionar uma secagem mais
eficiente, mais uniforme e com menos riscos de contaminação de impurezas e fermentações, garan-
tindo um produto de melhor qualidade e com maior rendimento de secagem do que o terreiro de
chão batido.

3. Terreiro de tela suspensa – atualmente vem sendo muito recomendado, pois consiste de uma es-
trutura suspensa, que evita o contato do café com o solo, recebe maior aeração tanto por cima como
por baixo, impede o ataque de micoorganismos e garante um produto com secagem uniforme e de
melhor qualidade. Além desses benefícios este tipo de terreiro proporciona maior redução de mão-
de-obra, diminuição do tempo de secagem, é de construção simples, rápida e barata.

SECAGEM EM SECADORES

Os secadores horizontais rotativos intermitentes ou pré-secadores, são secadores mecânicos indus-


triais mais conhecidos e utilizados nas propriedades rurais que produzem o café Conilon e o café
despolpado.
76
Os secadores verticais com câmara de repouso são secadores mecânicos industriais que exigem o
café que já tenha recebido uma pré-secagem ou meia-seca, seja ele em terreiros revestidos ou sus-
pensos, secadores horizontais ou em secador-barcaça.
Os secadores-barcaças de leito fixo, são secadores manuais artesanais, podendo ser construídos com
recursos local na propriedade, sendo portanto de baixo custo.

SECAGEM MISTA
A secagem mista é considerado um sistema de secagem muito comum, através da utilização combi-
nada do terreiro-secador, no sentido de proporcionar uma maior uniformidade de seca dos grãos e
maior redução do tempo e secagem. Neste sistema, geralmente o café quer seja ele café da roça ou
café despolpado, passa por uma primeira secagem chamada de pré-secagem, feita em terreiro de
preferência revestido, para em seguida ser completado o processo de secagem em secador mecâni-
co.

c) Beneficiamento do café coco

O beneficiamento é a operação que tem por finalidade separar os grãos de café da polpa seca.

Operações do beneficiamento: limpeza-bica de jogo, catador de pedras, descascamento-descascador


e classificação-classificador.

As máquinas, nas quais são feitas essas operações, são denominadas máquinas de benefício.

Alguns cuidados para o beneficiamento do café:


1) O café, antes de ser beneficiado, necessita descansar em tulhas para ocorrer uma maior igualdade
da seca;

2) O tempo mínimo para isto é de 4 dias para café proveniente de terreiro, e 6 dias para café prove-
niente de secadores mecânicos;
3) Os lotes, antes ou após o beneficiamento, não devem ser misturados; a umidade, para beneficia-
mento, é de 10 a 12%, estando a umidade ideal entre 11 e 11,5%;
4) Abaixo de 10%, haverá quebra de grãos, e acima de 12%, o produto não terá boa conservação
durante o armazenamento;
77
5) A máquina de beneficiar o café deve ser regulada antes do uso, a fim de evitar a quebra de grãos,
a saída de grãos junto a palha ou a saída de palhas junto com os grãos.

d) Armazenamento do café

O armazenamento do café produzido pode ser feito tanto na propriedade, como em armazéns-
padrão.

Na propriedade, só se deve armazenar café coco, pois se houver ganho ou perda de umidade a-
pós a secagem, pode-se, com facilidade, secar o café novamente ou aumentar a sua umidade. No
café beneficiado, isso não é mais possível.

No armazenamento do café coco na propriedade devem-se tomar certos cuidados: não misturar
lotes diferentes; tomar cuidado com pragas; não deixar no armazém produtos que possam passar
gosto ou cheiro ao café; só se deve deixar café beneficiado na propriedade o tempo necessário
para a sua remessa a um armazém-padrão especializado.

Os armazéns-padrão (tulhas de madeira) são utilizados para o café já beneficiado, uma vez que
permitem uma boa conservação do produto a uma temperatura máxima de 210 C, umidade rela-
tiva do ar máxima de 70%, ventilação adequada, proteção contra a incidência de luz solar dire-
tamente sobre o produto, evitando-se seu branqueamento.

e) Classificação e Comercialização do café em grãos

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO

É a classificação do produto segundo seu aspecto em quantidade de defeitos.


O aspecto é influenciado pela coloração dos grãos, que pode ser prejudicada pelo contato do café
com a terra ( grãos com cor de terra ) e por uma secagem drástica ou desuniformidade (grãos
manchados).
Os defeitos provêm de grãos imperfeitos ou de impurezas.
A classificação por tipos admite 7 tipos de valores de 2 a 8, resultantes da apreciação de uma amos-
tra de 300 g de café beneficiado, segundo as normas estabelecidas na Tabela Oficial Brasileira de
Classificação.
78

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À BEBIDA

É a classificação segundo o gosto ou cheiro que o café apresenta na prova de xícara.


A bebida do café é influenciada pela presença de grãos verdes, verde-pretos, pretos ou ardidos, ou
ainda, pela ocorrência de fermentações nos grãos, durante a fase de colheita ou preparo.
A ocorrência de fermentações é o fator que mais prejudica a bebida do café, sendo facilitada não só
pela falta de cuidados no preparo, como também por condições climáticas adversas, tais como tem-
peraturas elevadas ou locais muito úmidos, como aqueles próximos a barragens, que permitem en-
contrar grãos lesionados, já fermentados quando ainda na planta.
A incidência de microorganismos nas fases pré e pós-colheita tem sido um dos principais fatores
envolvidos na qualidade do café, principalmente na modalidade de colheita e preparo adotados no
Brasil. Isto é, colheita de uma mistura de frutos em diferentes estádios de amadurecimento e prepa-
ro “via seca”, ao contrário de outros países, como a Colômbia, em que o processo de colheita é sele-
tivo (colheita a dedo) e os frutos são despolpados (via úmida),
Não há dúvida de que o fator mais importante na determinação da qualidade é a bebida. Essa avali-
ação é feita pelos degustadores, em função, principalmente, dos sentidos do gosto, do olfato e do
tato.

13.4.1.2. PROCESSAMENTO DO CAFÉ POR VIA ÚMIDA

a) Lavagem dos frutos

É o processo através do qual, após a lavagem, o café é despolpado. Este processo dá origem aos
cafés lavados ou despolpados, bastante comuns entre os produtores da América Central, México,
Colômbia, Quênia e África, e alcança boas cotações no mercado.

A lavagem pós-colheita visa a separação dos frutos verdes, cerejas e secos.

Quando bem preparados, apresentam invariavelmente na classificação qualitativa bebida suave,


mole ou estritamente mole, seja qual for a região de produção.

Nas condições climáticas do Nordeste, o período de maturação e colheita coincide, normalmente,


com épocas chuvosas, o que causa sérias dificuldades para o preparo do café de terreiro, particular-
mente em Pernambuco.
79
A elevada umidade e o demasiado tempo de secagem favorecem a fermentação do café e a deterio-
ração da qualidade da bebida. Em virtude das dificuldades da secagem do café em coco o depolpa-
mento (para obtenção de produto de boa qualidade ) é prática comum em Pernambuco.

Em Pernambuco, a maturação é bastante desuniforme e exige 2 a 3 repasses, devido as várias flora-


das de verão.

b) Despolpa dos frutos cerejas

1) Despolpamento - consiste na retirada da casca do fruto maduro ou cereja e posterior fermenta-


ção e lavagem dos grãos, retirando-se a mucilagem, substrato adequado para o desenvolvimento de
microorganismos que podem provocar a ocorrência de fermentações prejudiciais à qualidade final
do produto.
Outras vantagens do despolpamento são a diminuição da área necessária para a secagem (redução
do volume 60%) e a redução do tempo de secagem, não só por ser um café uniforme, como também
por apresentar um teor de umidade mais baixo (em torno de 50%).
Os despolpadores são máquinas que agem por pressão e possuem dispositivos para separar os frutos
maduros dos verdes, uma vez que esta parcela faz parte do café cereja (separado na lavagem).

2) Degomagem - Após o despolpamento, o café vai para tanques com água onde sofre uma fermen-
tação lenta (com duração aproximada de 12 horas) visando eliminar a mucilagem (degomagem).

3) Lavagem - Após este período, os grão são lavados até que não se perceba qualquer sinal desta
mucilagem. O término da degomagem é reconhecido pelo ruído característico, quando os grãos,
colocados entre os dedos, são esfregados.

4) Secagem – Após a lavagem é feita a secagem. Como no caso do café preparado por via seca -
pode ser realizada em terreiro ou em secadores ou ainda através do sistema misto, no qual os grãos
são submetidos a uma pré-secagem em condições de terreiro, completando-se o processo em seca-
dores mecânicos. A secagem deve ser processada cuidadosamente, evitando temperaturas elevadas
por muito tempo e fazendo o descanso necessário do café a fim de lhe conferir uniformidade e cor
azulada, características dos bons despolpados.
80
5) Armazenamento das sementes – As sementes são armazenadas em sacos da 60 kg, em geral nas
tulhas (armazéns de madeiras, notadamente no Sudeste do Brasil), conforme descrito anteriormente.

6. Classificação e Comercialização do café

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO

É a classificação do produto segundo seu aspecto em quantidade de defeitos.


O aspecto é influenciado pela coloração dos grãos, que pode ser prejudicada pelo contato do café
com a terra ( grãos com cor de terra ) e por uma secagem drástica ou desuniformidade (grãos
manchados).
Os defeitos provêm de grãos imperfeitos ou de impurezas.
A classificação por tipos admite 7 tipos de valores de 2 a 8, resultantes da apreciação de uma amos-
tra de 300 g de café beneficiado, segundo as normas estabelecidas na Tabela Oficial Brasileira de
Classificação.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À BEBIDA

É a classificação segundo o gosto ou cheiro que o café apresenta na prova de xícara.


A bebida do café é influenciada pela presença de grãos verdes, verde-pretos, pretos ou ardidos, ou
ainda, pela ocorrência de fermentações nos grãos, durante a fase de colheita ou preparo.
A ocorrência de fermentações é o fator que mais prejudica a bebida do café, sendo facilitada não só
pela falta de cuidados no preparo, como também por condições climáticas adversas, tais como tem-
peraturas elevadas ou locais muito úmidos, como aqueles próximos a barragens, que permitem en-
contrar grãos lesionados, já fermentados quando ainda na planta.
A incidência de micro-organismos nas fases pré e pós-colheita tem sido um dos principais fatores
envolvidos na qualidade do café, principalmente na modalidade de colheita e preparo adotados no
Brasil. Isto é, colheita de uma mistura de frutos em diferentes estádios de amadurecimento e prepa-
ro “via seca”, ao contrário de outros países, como a Colômbia, em que o processo de colheita é sele-
tivo (colheita a dedo) e os frutos são despolpados (via úmida),
Não há dúvida de que o fator mais importante na determinação da qualidade é a bebida. Essa avali-
ação é feita pelos degustadores, em função, principalmente, dos sentidos do gosto, do olfato e do
tato.
81

14. CLASSIFICAÇÃO DO CAFÉ

14.1. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO

É a classificação do produto segundo seu aspecto em quantidade de defeitos.

O aspecto é influenciado pela coloração dos grãos, que pode ser prejudicada pelo contato do café
com a terra ( grãos com cor de terra ) e por uma secagem drástica ou desuniformidade (grãos
manchados).

Os defeitos provêm de grãos imperfeitos ou de impurezas.


A classificação por tipos admite 7 tipos de valores de 2 a 8, resultantes da apreciação de uma amos-
tra de 300 g de café beneficiado, segundo as normas estabelecidas na Tabela Oficial Brasileira de
Classificação.

14.2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À BEBIDA

É a classificação segundo o gosto ou cheiro que o café apresenta na prova de xícara.

A bebida do café é influenciada pela presença de grãos verdes, verde-pretos, pretos ou ardidos, ou
ainda, pela ocorrência de fermentações nos grãos, durante a fase de colheita ou preparo.

A ocorrência de fermentações é o fator que mais prejudica a bebida do café, sendo facilitada não só
pela falta de cuidados no preparo, como também por condições climáticas adversas, tais como tem-
peraturas elevadas ou locais muito úmidos, como aqueles próximos a barragens, que permitem en-
contrar grãos lesionados, já fermentados quando ainda na planta.
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A incidência de microorganismos nas fases pré e pós-colheita tem sido um dos principais fatores
envolvidos na qualidade do café, principalmente na modalidade de colheita e preparo adotados no
Brasil. Isto é, colheita de uma mistura de frutos em diferentes estádios de amadurecimento e prepa-
ro “via seca”, ao contrário de outros países, como a Colômbia, em que o processo de colheita é sele-
tivo (colheita a dedo) e os frutos são despolpados (via úmida).

Não há dúvida de que o fator mais importante na determinação da qualidade é a bebida. Essa avali-
ação é feita pelos degustadores, em função, principalmente, dos sentidos do gosto, do olfato e do
tato.

Classificação Características
Estritamente mole Bebida de sabor suavíssimo e adocicado
Mole Bebida de sabor suave, acentuado e adocicado
Apenas mole Bebida de sabor suave, porém com leve adstringência
Dura Bebida com sabor adstringente, gosto áspero
Riada Bebida com leve sabor de iodofórmio ou ácido fênico
Rio Bebida com sabor forte e desagradável, lembrando
iodofórmio ou ácido fênico
Rio zona Bebida de sabor e odor intoleráveis ao paladar e ao
olfato

16. COMERCIALIZAÇÃO DO CAFÉ BRASILEIRO

O Brasil, por produzir um terço de toda a produção cafeeira mundial e ser o maior país exportador e
o segundo maior consumidor desse produto, abono o estudo do mercado do café, em suas duas
dimensões: interno e externo.

O café é um produtor de exportação e faz parte do agronegócio brasileiro.


83
Como um tema de grande relevância para a economia brasileira, justifica, assim, os esforços para se
alcançar um melhor entendimento das relações mercadológicas envolvidas nesses dois universos,
que apresentam características e dinâmicas tão distintas.

No momento em que o País marcha para a conquista de mercados cada vez mais globalizados e
exigentes, a importância de gerar novos conhecimentos sobre esse assunto fica ainda mais evidente,
tornando imprescindível que se apontem alternativas para melhor inserção comercial da produção
brasileira de café.

Boa parte deste café é direcionado ao mercado exterior, onde quem consome nossos produtos são:
Alemanha, Espanha, Reino Unido, Noruega, Dinamarca e muitos outros; o restante da produção é
destinada ao mercado nacional. Possuímos café de variadas classificações.

Mercado Interno Exportação


Projeções do ministério indicam que o consumo Os principais destinos das exportações brasileiras
interno de café deve crescer 2,62% ao ano, na de café são Alemanha, Estados Unidos, Itália e
próxima década, devido ao aumento da produtivi- Japão. O Brasil supre 32% do mercado mundial
dade. O consumo médio no Brasil é de 4,3 quilos em grão in natura, seguido do Vietnã, Colômbia,
de café torrado e moído por habitante/ano. Indonésia e Guatemala.

No Brasil, o café, principalmente o café verde, é um dos produtos agrícolas de maior relevância no
comércio internacional.

Apesar dessa grande importância, as exportações do café verde brasileiro também são afetadas pela
barreira imposta pelos custos de transporte, uma vez que o País exporta o produto para diversas
localidades em todo o mundo. Suas exportações vão tanto para países vizinhos, como Argentina,
Paraguai e Uruguai, quanto para países distantes, como Japão e Austrália. Além disso, assim como
outras tantas commodities agrícolas, o café caracteriza se pela baixa relação entre valor das exporta-
ções do produto e seu volume correspondente. Em outras palavras, o transporte internacional de
certo valor de café corresponde a volume e peso maiores do que de muitos produtos industrializa-
dos, por exemplo. Tal fato influencia, de forma direta, o custo de transporte do produto.

No mercado externo, o maior consumidor de café continua sendo os Estados Unidos, onde a planta
não é cultivada. Os norte-americanos, assim como alemães e italianos, compram o café verde, co-
84
mercializado como produto primário. Posteriormente, através de grandes empresas, transformam o
café em um artigo sofisticado, reexportando pelo mundo afora, até mesmo para o Brasil, ficando
com o verdadeiro lucro que o café pode gerar.

O mercado internacional de café encontra-se oligopolizado. Atualmente cinco grandes indústrias de


torrefação (Nestlé, Kraft Foods, Procter & Gamble, Sara Lee e Tchibo) adquirem quase metade da
oferta mundial de café verde.

Uma novidade no mercado mundial de café aparece na Ásia, pois o Japão aos poucos vem substitu-
indo o chá e se tornando um grande consumidor de café, principalmente entre os jovens. A China,
também se apegando a hábitos ocidentais é um almejado mercado para os países reexportadores.

O Brasil no mercado externo

O Complexo do café é de grande importância para geração de renda e de divisas resultantes de ex-
portação. O Brasil mantém-se como maior produtor e exportador mundial, embora sua participação
no mercado internacional tenha decrescido.
O mercado mundial de café não depende mais significativamente do Brasil, como ocorria até o
passado recente. Com o ingresso dos novos produtores, diminuiu bastante o poder de influên-
cia de que o país dispunha. Mesmo considerando que nas últimas três safras o Brasil tenha
apresentado um grande aumento de participação no mercado internacional, numa perspectiva de
longo prazo a cafeicultura brasileira perdeu participação, permitindo o crescimento de seus concor-
rentes. No início do século, o país era responsável por cerca de 80% das exportações mundiais de
café. Na década de 50, essa fatia cada de 80, encontra-se na casa dos 25%. Mesmo assim o Brasil
ainda tem participação média de 25% nas exportações mundiais. O produto representa 2,4% de tudo
o que o país vende para o exterior.

Apenas no final dos anos 90, com a desvalorização do real em relação ao dólar, houve uma recupe-
ração parcial da importância do Brasil no comércio internacional do produto. Na década de 1990
houve uma mudança importante no cenário mundial dos países produtores do café. Esta mudança
reflete um aumento considerável da produção para exportação dos países asiáticos, com destaque
para o Vietnã. O decréscimo da produção brasileira foi resultado de uma política de erradicação de
pés e controle de estoques, empreendia pelo governo brasileiro, até a década de 90. A partir daí,
com a desregulamentação, a produção de café passou a ser definida por produtores ou por grupos de
produtores. A redução da produção de café em grãos afetou também o comportamento do segmento
85
de produção de café solúvel, que teve perda de participação no mercado internacional.

Nos últimos anos percebemos que nos tradicionais mercados importadores de café do Brasil ocorreu
o crescimento da demanda por cafés especiais frente a demanda por café commodity, ou café verde.
Embora já houvesse sinais de mudança na demanda externa nesta direção, o Brasil pouco investiu,
enquanto país produtor, neste segmento de café de qualidade. A movimentação do Brasil e dos go-
vernos foi sempre no sentido de controle da produção e dos estoques nacionais e internacionais e
não na diferenciação das exportações. Por outro lado, os produtores brasileiros, acostumados ao
peso das exportações brasileiras no mercado de café commodity, também pouco investiram neste
segmento de cafés especiais, que apresentam preços diferenciados e mais elevados no mercado ex-
terno.

Apesar das grandes dificuldades enfrentadas no momento pelos agricultores brasileiros, o Brasil é
hoje muito competitivo, produzindo Arábica com um dos custos de produção mais baixos do mundo
e oferecendo um novo produto, de qualidade diferenciada e preço competitivo: o cereja descascado,
que vem conquistando novos mercados, principalmente dos países centro-americanos. Os custos
diretos de produção de Robusta não são muito superiores aos do Vietnã. O sistema de derriça ma-
nual, usado pela maioria dos cafeicultores brasileiros, principalmente na agricultura familiar, permi-
te colher, por pessoa, mais do que o sistema de colheita seletiva utilizada pela maioria dos países
produtores de Arábica e muitos produtores de Robusta.

Infelizmente, exportamos commodities e importamos marcas. É costume exportar o nosso café ver-
de e importar as pastilhas de café expresso a preços alucinantes, se comparados com aquilo que o
produtor brasileiro recebe.

A debilidade da cadeia do agronegócio favorece alguns poucos em detrimento de muitos e faz com
que haja fortes distorções, como o fato da Alemanha ser um dos maiores re-exportadores de café,
sem condições climáticas para plantar o produto, aproveitando-se dos preços extremamente depri-
midos na ponta produtora da cadeia, reexportando, então, o grão processado.

As economias de alguns países mais pobres do mundo são extremamente dependentes da cafeicultu-
ra, especialmente em alguns países africanos – como Uganda, Etiópia e Guatemala. No Brasil, ainda
que o café responda por menos de 5% das divisas geradas pela exportação, o produto sustenta de
86
250 a 300 mil produtores, empregando no setor um contingente de três milhões de trabalhadores
diretamente dependentes da cafeicultura.

15. CUSTO DE PRODUÇÃO

A utilização de coeficientes técnicos tem o intuito de auxiliar o técnico ou o cafeicultor no seu pla-
nejamento ou no gerenciamento de sua lavoura, orientando-o quanto à demanda dos fatores de pro-
dução.
As lavouras devem ser instaladas em regiões climáticas aptas à cultura, para minimizar os riscos
inerentes a exploração da cafeicultura.

Operação Condição Unidade Ano Agrícola


1o 2o 3o
Limpeza da área:
Mata Trator de esteira HM1 30 a 35 - -
Motoserra DH2 25 a 30 - -
Manual DH 200 a 300 - -
Transporte de lenha HM 10 a 12 - -
Cerrado Trator de esteira HM1 3a7 - -
Motoserra DH2 10 a 12 - -
Manual DH 60 a 70 - -
Transporte de lenha HM 6a8 - -
Aração Trator HM 4a6 - -
Animal DH 3a5 - -
Calagem Tração mecânica (Trator) HM 1,5 a 2,5 1a2 1a2
Manual DH 2a3 2a3 2a3
Gradagem Tração mecânica HM 2a3 - -
Tração animal DH 3a6 - -
Alinhamento (NB) Manual DH 2a3 - -
Sulcamento Tração mecânica HM 1,5 a 2,5 - -
Coveamento Manual DH 5a7 - -
No sulco DH 3a4 - -
Conservação do solo Tração mecânica HM 3a4 1 a 1,5 1 a 1,5
Manual DH 5 a 10 - -
Distribuição M.O Tração mecânica DH 5 a 10 1 a 1,5 1 a 1,5
Distribuição de adubos Manual DH 1 a 1,5 - -
Mistura e enchimento de covas Manual DH 5a6 - -
Plantio da muda Manual DH 4a5 - -
Adubação em cobertura Manual (por aplicação) DH 1 1 1
Capina (por unidade) Mecânica HM 1 1 1
Manual DH 4 4 4
Tratos fitossanitários Manual DH 0,5 a 1 0,5 1 2a3
Costal motorizado DH 0,2 a 0,8 0,5 a 1 2a3
87
Turbo-atomizador HM - - 1 a 1,5
Arruação Manual DH - - 6a7
Colheita Manual DH - - 20 a 25
Varrição Manual DH - - 4a5
Abanação Manual DH - - 3a4
Secagem Terreiro DH - - 10 a 15
Secador DH - - 1a2
1 2
HM = hora-máquina DH = dia-homem

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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