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E-book de

MEDICINA LEGAL
Organizado por CP Iuris
ISBN 978-85-5805-025-8

Medicina Legal

1º Edição

Brasília
CP Iuris
E BOOK MEDICINA LEGAL PARA CONCURSOS

Professor: Rodolfo Laterza1

1 Delegado da Polícia Civil do ES. Mestre em Segurança Pública pela UVV. Coordenador do Curso Avançado de Combate às
Organizações Criminosas e à Corrupção, ministrado em 11 Estados. Especialista em Direito Penal, Processo Penal e em Políticas e
Gestão em Segurança Pública. Docente em Ensino Policial pelo Instituto de Segurança Pública. Foi Professor de cursos de Graduação
e Pós-Graduação e da Academia da Polícia Civil do ES. Presidente da Fed. Nac. dos Delegados de Polícia Civil – FENDEPOL, do
Sind. dos Delegados de Polícia do Espírito Santo - SINDEPES e da ADEPOL-ES. Coautor e revisor do livro “Manual do Delegado:
Teoria e Prática" - Editora Forense. Coautor do livro “Temas Atuais de Polícia Judiciária". Instagram: rodolfolaterza
PROFESSOR RODOLFO QUEIROZ LATERZA

MEDICINA LEGAL

Prezado aluno,

O estudo de medicina legal deve ser focado em assimilação de conceitos e aspectos essenciais
dos temas que embasam esta modalidade de medicina.

A resposta a uma questão objetiva relativa à disciplina de Medicina Legal deve ser focada
principalmente no tópico abordado com precisão e assimilação clara e cristalina quanto à
temática enfocada. É importante para isso estudar e memorizar os argumentos-chave do
ponto estudado.

Propiciamos este E-BOOK com a finalidade de prover ao candidato uma maior objetividade
própria para a provação em concurso para as carreiras policiais. Fizemos uma subdivisão em
temas mais abordados nos concursos de carreiras policiais, com foco na didática e naquilo que
facilita a memorização do candidato. Para assimilação de conteúdo, inserimos após cada tema
uma questão aplicada.

Estudos mais aprofundados, ainda que haja muito material disponível na internet, devem ser
vinculados a livros com rigor doutrinário e científico, como dos seguintes professores:
Roberto Blanco, Helio Gomes, Higino França e Delton Croce. Este EBOOK é, acima de tudo, um
guia e roteiro que objetiva aprovação na prova com ênfase na didática, rápido acesso e
dinâmica de estudo.

Nossa obra "MANUAL DO DELEGADO: TEORIA E PRÁTICA, editora Método" possui 6 capítulos
inteiros de perícia e aspectos médico-legais que são realmente relevantes para o cargo de
delegado de polícia e como critérios de embasamento científico em investigação criminal.
Recomendamos ao aluno que utilize nossa obra com algum outro livro que o complemente
nos casos de estudos mais complexos, embora busquemos o máximo de clareza e que s ejam
evitadas dúvidas.

A disciplina de medicina legal é decisiva na aprovação do concurso de delegado de polícia, pois


é um fator diferencial na classificação, já que é pouco estudada (infelizmente) por
"concurseiros" que normalmente focam nas disciplinas jurídicas e negligenciam esta
disciplina. Portanto, para ter uma aprovação com boa perspectiva de nomeação é crucial
dominar e estudar Medicina Legal com igual relevância às demais disciplinas de Direito, pois
se torna um critério determinante de desempate atingir uma boa pontuação.
Bons estudos e que este E-BOOK contribua para seu conhecimento e foco na aprovação.

Rodolfo Queiroz Laterza


Sumário
1. INTRODUÇÃO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA MEDICINA LEGAL ...................................7
2. TEMA DE CONCURSO: A PARTICIPAÇÃO DO ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA ..........10
3. TEMA DE CONCURSO: ASFIXIAS POR AFOGAMENTO.............................................................11
4. TEMA DE CONCURSO: TIROS ENCOSTADOS..............................................................................13
5. TEMA DE CONCURSO: IDENTIFICAÇÃO HUMANA DE RESTOS MORTAIS .........................16
6. TEMA DE CONCURSO: FERIDAS INCISAS ...................................................................................17
7. TEMA DE CONCURSO: ATESTADOS MÉDICO-LEGAIS.............................................................19
8. TEMA DE CONCURSO: LESÕES PRODUZIDAS POR CALOR ....................................................21
9. TEMA DE CONCURSO: ASFIXIAS...................................................................................................25
10. TEMA DE CONCURSO: PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA E INIMPUTABILIDADE ..........27
11. TEMA DE CONCURSO: FERIDAS INCISAS ESPECIAIS NO PESCOÇO...................................29
12. TEMA DE CONCURSO: DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS ......................................................31
13. TEMA DE CONCURSO: TANATOLOGIA FORENSE EM SÍNTESE ...........................................34
14. TEMA DE CONCURSO: IMPLICAÇÕES MÉDICO-LEGAIS DO ABORTO ...............................37
15. TEMA DE CONCURSO: ASFICIAS MECÂNICAS II – SUFOCAÇÕES E ESGANADURAS ...38
16. TEMA DE CONCURSO: REVISÃO DE TANATOLOGIA .............................................................39
17. TEMA DE CONCURSO: BALÍSTICA FORENSE I.........................................................................40
18. TEMA DE CONCURSO: LAUDOS E PARECERES MÉDICO-LEGAIS.......................................43
19. TEMA DE CONCURSO: ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DA ACELERAÇÃO DE PARTO .......45
20. TEMA DE CONCURSO: ESTADOS INTERSEXUAIS ...................................................................46
21.TEMA DE CONCURSO: ANTROPOLOGIA FORENSE NA DETRMINAÇÃO DO SEXO ..........47
22.TEMA DE CONCURSO: SINAIS RECENTES DE PARTO .............................................................48
23.TEMA DE CONCURSO: ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DOS AFOGAMENTOS .......................49
24. TEMA DE CONCURSO: DIFERENÇAS ENTRE ENFOCARMENTO E ESGANADURA ..........52
25. TEMA DE COM CURSO: ENVENAMENTO ..................................................................................54
26. TEMA DE CONCURSO: LESÕES PRODUZIDAS POR DISPAROS ARMAS DE ALMA LISA 55
27.TEMA DE CONCURSO: HIMENOLOGIA FORENSE ....................................................................57
28. TEMA DE CONCURSO: GRAVIDEZ E ABORTO .........................................................................61
29.TEMA DE CONCURSO: IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL FORENSE .............................................62
1. INTRODUÇÃO: CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA MEDICINA LEGAL

A medicina legal inclui um vasto leque de serviços localizados na interface entre a


prática científica e o direito, situando-se, atualmente, no âmbito da medicina social.
No passado, a medicina legal, apesar de integrar o currículo escolar das escolas médicas
restringia-se, apenas, à tanatologia. Na verdade, ao longo da história, sempre foi atribuído aos
médicos o papel de prestar cuidados de saúde às pessoas doentes ou traumatizadas sem que se
valorizassem certos aspectos fundamentais de natureza legal, sendo a recolha de vestígios de crimes
ou a análise das consequências de casos de violência, por exemplo, frequentemente negligenciada.
Esta falta negava, inadvertidamente, o direito à obtenção de meios de prova quando
secundariamente aos ferimentos surgiam questões legais, quer fossem de natureza criminal, civil,
do trabalho ou outras.
Entretanto, grandes mudanças se operaram no último século na nossa sociedade, vindo
alterar a abrangência da medicina legal e restantes ciências forenses, nomeadamente no que se refere
ao seu papel social. Entre estas mudanças destacam-se:
a) o aumento da violência voluntária (agressões, crimes sexuais, etc.) e involuntária
(acidentes) que está na origem de inúmeras situações simultaneamente médicas e legais;
b) o desenvolvimento da ciência médica, quer no âmbito dos cuidados de emergência (o
que permite, cada vez mais, a sobrevida de pessoas à custa de seqüelas graves), quer a nível
tecnológico (o que obriga a repensar, em cada dia, a melhor solução para a readaptação e
reintegração dessas pessoas);
c) a noção mais abrangente de saúde e do papel social do médico e da medicina,
registrando-se alterações importantes no âmbito da reinserção social e dos modelos de atuação;
d) o posicionamento do direito e da lei face à tomada de consciência sobre os direitos
humanos;
e) o alargamento dos cuidados de saúde a toda a população e a extensão desses cuidados
não só às ações assistenciais curativas ou paliativas, mas também às ações de prevenção da
violência, surgindo a necessidade de desenvolver programas de prevenção fundamentados em
estudos, cientificamente aprofundados, sobre este fenômeno.
Estes e outros fatos têm levado a que os médicos, bem como outros profissionais,
sobretudo das ciências biológicas, sejam, cada vez mais, chamados a examinar e a pronunciar-se
sobre situações variadas e por vezes de grande complexidade, relacionadas com questões de direito,
seja do âmbito penal, civil, do trabalho, administrativo ou da família e menores. Estas situações

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podem incluir, por exemplo, o estudo de casos mortais ou não mortais de situações de violência
(colheita de vestígios; diagnóstico diferencial entre uma etiologia criminosa, acidental
ou natural; definição das consequências temporárias e permanentes para a vítima de um
traumatismo), a avaliação do estado de tóxico-dependência, a determinação do sexo, a identificação
de corpos ou restos cadavéricos, a determinação da imputabilidade, o estudo da filiação, a pesquisa
de drogas de abuso ou outros tóxicos em amostras biológicas, etc.
Esta complexidade e variedade de temas levaram à necessidade de considerar a
Medicina Legal como uma especialidade, capaz de formar e habilitar profissionais para o
cumprimento de tarefas que exigem, além de conhecimentos e capacidades técnicas muito
específicas, um grande rigor científico, uma atualização permanente e uma elevada capacidade de
isenção e imparcialidade, de forma a não colocar em risco o interesse público, os direitos individuais
e, portanto, a justiça.
De fato, o efeito dos pareceres médico-legais a nível do sistema judicial não pode ser
menosprezado, podendo eles significar a diferença entre uma sentença de inocência ou culpa
(punindo inocentes e deixando criminosos incólumes), entre uma indenização adequada ou uma
injustamente atribuída.
Assim, até há pouco definida como a ciência que aplica os conhecimentos médicos e
biológicos à resolução das questões de direito, a medicina legal confronta-se, atualmente, com as
exigências cada vez mais complexas relativamente à atividade probatória científica.
De uma forma genérica, a medicina legal compreende as seguintes áreas:

• Antropologia médico legal: Estuda a identificação Médico Legal e Judiciária;


• Traumatologia médico legal: Estuda as lesões corporais provocadas por energias físicas
químicas, mecânicas, etc.
• Infortunística: Estudas os Acidentes e as Doenças profissionais;
• Asfixiologia médico legal: Estuda o enforcamento, estrangulamento, esganadura, sufocação,
soterramento, afogamento, gases irrespiráveis e confinamento;
• Toxicologia médico legal: Estudo os efeitos dos cáusticos, venenos e tóxicos;
• Sexologia médico legal: Estuda os crimes contra os costumes, gravidez parto e puerpério
aborto, infanticídio, casamento, esterilização humana, identificação da paternidade e
maternidade, fecundação artificial e as anomalias sexuais;
• Tanatologia médico legal: Estuda a morte, as necropsias, as exumações, os destinos do
cadáveres, os tipos de morte e a cronotanatognose;

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• Criminalística e Criminologia médico legal: Estuda os motivos e locais dos crimes, as perícias
técnicas em busca de criminosos e a criminogênese;
• Psiquiatria/Psicologia/Psicopatologia Forense: Estuda as doenças físicas e mentais e seus
relacionamentos com a justiça;
• Vitimologia: Estuda a vítima e a sua participação no crime;
• Genética médico legal: Estuda os exames de DNA, os tipos de fecundação artificial e as
possíveis clonagens.

Relativamente à medicina forense, ou seja, àquela mais estritamente ligada à


medicina, espera-se que os seus profissionais sejam capazes de:

a) selecionar, preservar, colher e acondicionar vestígios;


b) identificar e caracterizar lesões físicas, psicológicas e sociais (frequência, causas qu incluam
a etiologia social, mecanismos e tipos) e proceder à sua interpretação;
c) identificar, caracterizar e avaliar as consequências permanentes dessas lesões (sequelas no
corpo, capacidades, subjetividade e situações da vida diária);
d) determinar a relação entre lesões e sequelas (nexo de causalidade);
e) determinar a relação entre consequências físicas, psicológicas e sociais;
f) esclarecer sobre a forma como as lesões e traumatismos possam afetar de maneira
particular o desenvolvimento físico e psicológico das crianças e jovens ou a independência
autonomia de uma pessoa, particularmente no caso das pessoas idosas;
g) identificar e despistar vítimas potenciais;
h) articular-se com os profissionais das outras ciências forenses para melhor esclarecer e
estudar os casos (ex: identificar vestígios encontrados num corpo através de estudos de DNA,
determinar a alcoolemia ou concentração de outras drogas numa morte suspeita, estudar um
projetil em uma suspeita de homicídio);
i) conhecer e colaborar nos procedimentos seguidos na investigação de crimes contra pessoas;
j) trabalhar em conjunto com os serviços médicos em geral e outros serviços de apoio a
vítimas, tendo em vista orientar o seu tratamento e reintegração/reinserção;
k) compreender e atender às questões éticas e legais levantadas pela prática médico -legal;
l) apresentar de forma clara, ao sistema de justiça, o resultado das perícias efetuadas, através
de relatórios médico-legais objetivos e bem sistematizados.

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2. TEMA DE CONCURSO: A PARTICIPAÇÃO DO ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA

A Lei 11690/08, que modificou o Código de Processo Penal no tocante ao exame de


corpo de delito e perícias em geral, concedeu a possibilidade de requerimento pelo Ministério
Público, e a participação do querelante, assistente de acusação, vítima e acusado na formação da
prova pericial, através da formulação de quesitos e indicação de assistente técnico (artigo 159, §3º).
Este assistente técnico deverá atuar somente após sua admissão pelo juiz competente e após a
conclusão dos exames e elaboração dos laudos pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas da
decisão do juiz que venha a deferir a indicação do assistente, que deverá ter especialização na área
objeto de exame (artigo 159, §4º). Às partes que promoverem o pedido de indicação de assistentes
técnicos incumbe a juntada do parecer técnico no prazo assinalado pelo juiz.

O material probatório a ser examinado pelos assistentes técnicos, poderá, a requerimento


das partes, ser disponibilizado no ambiente do órgão oficial que realizou a perícia, que normalmente
vem a ser os Institutos Médico-Legais. O exame realizado pelos assistentes técnicos deverá ser
realizado na presença de um perito oficial, com base no material que serviu de base à realização da
perícia (artigo 159, §5º).

Tratando-se de perícia complexa que venha abranger mais de uma área de conhecimento
específico, poderão ser designados mais de um perito oficial para atuar no caso, bem como será
facultada às partes indicar mais de um assistente técnico (artigo 159, §7º).

QUESTÃO APLICADA.
Na instrução penal desenvolvida para fins de convencimento quanto à existência material do delito,
a prova pericial é fundamental para o convencimento quanto à dinâmica do crime e a conseqüente
subsunção típica considerada no caso concreto. Com a lei 11690/08, passou-se a ter a possibilidade
de a parte interessada intervir na produção deste meio de prova ganhou importantes considerações
jurídico-processuais. Sendo assim, assinale a alternativa incorreta quanto à produção da prova
pericial pelo assistente técnico:

a) o exame realizado pelo assistente técnico deverá adotar como base o material usado pela perícia
oficial.
b) é dispensável a presença do perito oficial na realização do exame promovido pelo assistente
técnico indicado pela parte interessada;

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c) tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento específico,
poderão ser designados mais de um perito oficial pra atuar no caso;
d) no prazo assinalado pelo juiz deverão as partes que indicarem seus assistentes técnicos juntar o
parecer nos autos do inquérito;
e) o assistente técnico somente poderá atuar após sua admissão pelo juiz competente e após a
conclusão dos exames pelos peritos oficiais;

Portanto, incorreta a letra b, pois é obrigatória a presença do perito oficial no exame realizado por
assistente técnico indicado pela parte.

GABARITO: Alternativa (b).

3. TEMA DE CONCURSO: ASFIXIAS POR AFOGAMENTO

O afogamento é uma asfixia mecânica ocorrida por modificação do ar ambiental;


consuma-se quando o ar respirável, natural, é substituído por substância líquida ou semi-líquida no
sistema respiratório.
A penetração do líquido com significativa intensidade na região dos pulmões pode
ocasionar rotura alveolar e hemorragias subpleurais (manchas de Paltauf).

2 Imagem disponível em: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1135 -


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Muitas vezes o diagnóstico do afogamento pode ocorrer através da detecção da certeza
de aspiração do líquido, com a presença de plânctons no fígado e na medula óssea do fêmur.
Interessante observar que quando o afogamento ocorre no mar, a ingestão de água
salgada acentua edemas no pulmão, com abaixamento do ponto de congelamento do sangue
(denominado ponto crioscópico) no ventríloquo esquerdo em relação ao ventríloquo direito. O
inverso ocorre nos afogamentos verificados em água normal (“doce”).
O pulmão de um afogado apresenta devido às hemorragias subpleurais coloração
azulada, com presença de espuma (cogumelo de espuma de Brouardel, indicativo de edema d os
pulmões); a rotura dos alvéolos decorre pelo excesso de líquidos, que desencadeia pressão interna
com sangue mais concentrado. Aparece usualmente um difuso enfisema aquoso, observável através
de pleura, decorrente da intrusão de água no tecido pulmonar.
As pressões osmóticas alteradas pela entrada de água nos alvéolos e pelo contato com o
sangue capilar através da membrana alvéolo-capilar levam a uma hemoconcentração ou
hemodiluição, o que repercute no ponto crioscópico do sangue e na estrutura das hemácias (gerando
a hemólise).
Quando o cadáver permanece por muito tempo submerso, pode ocorrer fenômeno
cadavérico destrutivo dos tecidos moles (maceração). Neste caso há destacamento da epiderme
remanescente, a derme fica com maior concentração de hemoglobina, com enrugamento acentuado
da pele das mãos e dos pés. A pele pode se destacar do corpo como um encaixe descartável, como
uma luva, dá reconhecendo-se o fenômeno do desluvamento.
A hemorragia do osso temporal (sinal de Niles) e a hemorragia do osso etmóide (sinal
de Vargas-Alvarado) são importantes no diagnóstico do afogamento em cadáveres que estejam em
estado de putrefação.
As lesões post-mortem são normalmente produzidas pela fauna marinha ou por contatos
com agentes físicos exógenos (hélices de embarcações, colisões com embarcações, choques com
recifes ou corais, etc.). Portanto, as lesões produzidas após a morte devem ser analisadas com muita
cautela no diagnóstico do evento.
Como o cadáver de uma vítima de afogamento é , em geral, arrastado pelas correntezas
com a cabeça em posição de maior declividade, os livores cadavéricos acumulam-se na cabeça e no
pescoço, criando-se nestas partes corporais uma coloração púrpura-enegrecida. É o fenômeno
conhecido como “Cabeça de Negro de Lecha-Marzo”.

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QUESTÃO APLICADA.

Assinale a alternativa incorreta quanto aos aspectos médico-legais da asfixia por afogamento:

a) quando o afogamento ocorre no mar, há abaixamento do ponto crioscópico no ventríloquo


esquerdo em relação ao direito;

b) pode vir a ocorrer hemoconcetração em razão da pressão da entrada de água nos alvéolos e do
contato da água com o sangue capilar.

c) Para diagnose da asfixia por afogamento o sinal de Niles e o Sinal de Vargas-Alvarado são de
interesse médico-legal;

d) O fenômeno do desluvamento é causado por lesões post-mortem nos casos de afogamento;

e) O fenômeno da “Cabeça de Negro de Lecha-Marzo” e um sinal de que o cadáver foi arrastado


por correntezas com a posição da cabeça em declive;

Portanto, errada a letra d, pois o desluvamento é fenômeno característico da maceração


como fenômeno biótico destrutivo, recorrente nos casos de afogamento em que o cadáver permanece
bastante tempo submerso, sem relação com lesões post-mortem, relacionadas com ações de outros
agentes físicos, como peixes, siris, embarcações, pedras.

GABARITO: Alternativa (d)

4. TEMA DE CONCURSO: TIROS ENCOSTADOS

Inicialmente, para melhor entendimento dos fenômenos balísticos, ressaltamos que nos
disparos à distância, o orifício de entrada possui diâmetro menor que o calibre real do projétil
justamente porque a pele distende-se com a penetração do projétil. A pele, pela sua elasticidade
natural, distende-se ao máximo, até produzir o rompimento da epiderme antes da derme e o
conseqüente surgimento de uma orla de escoriação (também chama de zona de escoriação, orla
despitelizada de França ou orla de contusão). Nos orifícios da lesão de saída do projétil, as duas
camadas que constituem a pele são forçadas de dentro para fora, no sentido inverso, gerando o
aspecto da ferida com bordos evertidos.

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O sinal de Puppe-Werkgartner é causado por dois mecanismos: ação queima d o barril
de mecânica e compressão ação resultado de pressão manual exercida pelo sujeito na pele ou pelo
efeito do acidente vascular cerebral do slide em seu retorno à posição inicial. Suas características só
aparecem nos casos de tiros encostados em qualquer parte do corpo. Este sinal consiste no seguinte:
tem-se a entrada de chumbo; lá os dois anéis concêntricos são formadas na área de FICSH; em
torno do ponto de entrada irá formar-se um outro anel, geralmente de coloração avermelhada pelo
contato da pele com arma de fogo (isto é precisamente o sinal Puppe WerKgartner).

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Sinal de Pupper-Werkgartner. Notar a marca circular da boca do cano causada pela combustão do
disparo de tiro encostado. Este fenômeno pode aparecer em qualquer parte do corpo sobre a pele.

Ele tem uma origem mecânica e de natureza térmica; mecânico no sentido de que o cano
da arma em contato com a pele produz uma espécie de impacto fulminante em que a pele se projeta
de volta, , ou seja, bate e retorna pela mesma força da explosão (efeito de ação e reação).
A razão que alternadamente nos tiros encostados pode ocorrer o buraco d a Mina de
Hoffman e o sinal de Puppe-Werkgartner, decorre que nos tiros disparados de suicídio na região
temporal há enorme destruição neurológica pode causar perda imediata do tônus muscular. Esta
situação, em conjunto com o recuo faz com que o cano remova ligeiramente o plano da pele,
permitindo que algum gás flua para o exterior.
Por não entrarem todos os gases dentro da ferida, eles não teriam energia suficiente
para produzir o rompimento da pele ( buraco da mina de Hoffman), mas o suficiente para levantar
a pele e fazer um forte impacto contra a ferida ( sinal de Puppe-Werkgartner). O buraco da mina de
Hoffmann também ocorre nos tiros encostados ou com o cano da arma apoiado sob uma superfície
plana resistente (como a têmpora), com aspecto de mina de carvão, pois forma-se uma cratera com
bordas evertidas e irregulares com presença de machas enegrecidas decorrentes dos resíduos de
combustão de pólvora, pequenas lacerações e, em alguns casos, queimaduras decorrentes da força
expansiva dos gases superaquecidos.

QUESTÃO APLICADA.

Nos tiros encostados, há a ocorrência do fenômeno conhecido como “Sinal de Puppe-Wekgartner”,


provocado pela queimadura dos gases aquecidos que emanam da boca do cano da arma de fogo.
Constitui característica fundamental para seu diagnóstico:

a) presença de cratera com bordas evertidas e irregulares;

b) detecção na ferida de machas enegrecidas decorrentes dos resíduos de combustão da carga


propelente;

c)orifício de entrada com dimensão e diâmetro maior que o calibre real do projetil;

d) imitação na pele de impressões singulares que remetem à boca do cano;

e) orifício com diâmetro maior que o calibre real do projetil.

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Portanto, correta a letra d, pois no sinal de Puppe-Werkkgarter há as impressões da boca
do cano, da massa de mira ou do extrator da arma sob a pele justamente pela queimadura produzida
a partir dos gases aquecidos que emergem da boca do cano quando há o disparo da arma de fogo.

GABARITO: Alternativa (d)

5. TEMA DE CONCURSO: IDENTIFICAÇÃO HUMANA DE RESTOS MORTAIS


Existem algumas faixas etárias juridicamente importantes para a identificação da idade: 13,
16, 18 e 21 anos. Especialmente a faixa dos 18 anos, que é a faixa da imputabilidade.

Universalmente, hoje se aceita a Tabela de Grevlisch para determinar a idade das pessoas.
Grevlich, ao radiografar os ossos dos braços das pessoas, chegou a um padrão de calcificação para
determinar as faixas etárias jurídicas. Esse processo de calcificação dos osso se encerra com 21
(vinte e um) anos. Não é possível distinguir uma radiografia de uma pessoa com 25 (vinte e cinco)
anos de outra com 35 (trinta e cinco) anos, porém, é possível identificar, pela radiografia, um
indivíduo de 20 (vinte) anos e 9 (nove) meses de outro indivíduo de 21 (vinte e um) anos.

Os ossos do antebraço são o rádio e o úmero. Posição anatômica é a posição da pessoa


voltada para a frente, com os braços voltados para a frente e as pernas ligeiramente afastadas. Sendo
essa a posição anatômica, o rádio localiza-se no exterior do antebraço.

Ossos do punho: escalóide, semilunar, piramidal, psiforme, na primeira fileira. Na segunda


fileira: trapézio, trapezóide, grande osso e ganchoso ou unciforme.

Os ossos da mão são cinco e chamam-se metacarpianos.

Dedos: indicador, polegar, médio, anular e mínimo. O polegar tem dois ossos, duas
falanges, que recebem o nome de proximidal e distal. Os quatro outros dedos possuem três falanges:
proximidal, medial e distal. Além disso, existem pequenas esferas ósseas que ajudam no processo
de articulação, chamados semamóides.

Temos então 32 (trinta e dois) pontos de observação (ossos) para identificar a idade das
pessoas. É por isso que se adota essa parte do corpo para proceder a identificação: pela quantidade
de detalhes e variedade de pontos de observação.

Para ajudar numa identificação individual, são valiosos os seguintes sinais:

a) sinais individuais: verrugas, manchas etc.;

b) malformações: lábio leporino, desvio de coluna, consolidação viciosa de uma


fratura etc.;

c) sinais profissionais: calosidade de sapateiros, calo nos lábios de sopradores de


vidro, de músicos de instrumentos de sopro etc.;

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d) cicatrizes: traumática (ação de agentes mecânicos, queimaduras), patológicas
(vacinas) ou cirúrgicas.

A identificação pelos dentes, no morto, é relevante. Porém, para que tal identificação seja
possível, seria necessário dispor de uma ficha dentária fornecida pelo dentista da vítima. Uma cárie
com restauração de determinado material, colocação de prótese, influem na identificação do
indivíduo. Deve-se levar em conta, também, as alterações adquiridas pelos agentes mecânicos,
químicos, físicos e biológicos (desgastes dos dentes, dentes manchados de fumo etc.).

A identificação por fotografia não é um método de grande segurança. Ele será usado
quando falhar os métodos mais significativos. Consiste na superposição de fotos do indivíduo tiradas
em vida sobre a foto do esqueleto do crânio.

QUESTÃO APLICADA
Acerca do processo de identificação da idade de um morto, assinale a alternativa incorreta:

a) Não é possível pelo sistema de Grevislich diferenciar pelo exame dos ossos alguém que
tenha idade entre 25 e 35 anos.
b) O processo de calcificação dos ossos se encerra aos 21 anos de idade, sendo possível
diferenciar quem tenha 20 anos de 10 meses de alguém com a idade de 21 anos de 2 meses.
c) É um exemplo de sinal de identificação do tipo profissional a presença de rugosidade nas
mãos.
d) Lábio leporino e desvio na coluna são malformações que permitem a identificação
individual.
e) Cárie com restauração em determinado dente não é um aspecto relevante para identificação
individual.

Portanto, correta a letra “e”, pois a identificação de um indivíduo por uma prótese, resina
ou restauração dentária é uma particularidade importante na identificação individual de uma pessoa
morta.

6. TEMA DE CONCURSO: FERIDAS INCISAS

Feridas incisas são aquelas produzidas por instrumentos cortantes, conforme já indicado no próprio
enunciado.

Características das feridas incisas:

regularidade das bordas (pois não foi rasgada);

regularidade do fundo da lesão;

ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida;

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hemorragia abundante;

predominância do comprimento sobre a profundidade;

afastamento das bordas da ferida, se o corpo é vivo, em razão da retratilidade da pele;

cauda de escoriação voltada para o lado em que terminou a ação do instrumento;

a extensão da ferida é quase sempre menor do que aquela que realmente foi produzida, em
virtude da elasticidade dos tecidos;

as vertentes (encostas) da lesão são emparedadas (regulares) e serão verticais se o


instrumento agiu perpendicularmente, e em forma de bizel se o instrumento agiu inclinadamente
(oblíquo);

o centro da ferida é mais profundo que as extremidades.

Observação importante:

1. Nas feridas incisas, quando existem duas lesões cruzadas, é possível determinar qual a
primeira e qual a segunda, pois a primeira foi feita sobre a pele íntegra e, na segunda, vai haver um
degrau, porque foi feita sobre a lesão anterior. A esse “degrau” dá-se o nome de Sinal de Chavigny:
angulação que se verifica na segunda ferida, na hipótese de duas feridas se entrecortarem.

2. Algumas feridas incisas têm nome próprio:

a) esgorjamento: ferida incisa na região anterior do pescoço;

b) degolamento: ferida incisa no plano posterior do pescoço (nuca);

c) decapitação: ferida incisa secionando todo o pescoço (guilhotina).

QUESTÃO APLICADA

Considerando serem as feridas incisas aquelas produzidas por instrumentos cortantes, assinale a
alternativa incorreta quanto às suas características:

A Regularidade das bordas.


B Ausências de lesões traumáticas em torno do ferimento.
C Hemorragia abundante.
D Predominância da profundidade sobre o comprimento.
E Presença do Sinal de Chavigny.

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Portanto, incorreta a letra “d”, pois nas feridas incisas há justamente predomínio do
comprimento sobre a profundidade, e não o contrário.

GABARITO: Alternativa (d)

7. TEMA DE CONCURSO: ATESTADOS MÉDICO-LEGAIS

Documentos médico-legais são instrumentos escritos, ou simples exposições verbais


mediante os quais o médico fornece esclarecimentos à justiça.

ESPÉCIES

A) Notificações

B) Atestado

C) Relatório

D) Consulta

E) Parecer

F) Depoimento Oral

ATESTADOS

DEFINIÇÃO: É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas conseqüências.

CLASSIFICAÇÃO:

a) Quanto a procedência ou destino:

Oficioso - É aquele fornecido por um médico na atividade privada com destino a uma pessoa física
ou privada. Justifica situações menos formais, como liberação para atividade física na academia.

Administrativo - É aquele fornecido por um médico servidor público ou um particular mas que vai
desempenhar seu papel junto a uma repartição pública, ou seja, servem aos interesses dos serviços
públicos.

Judicial - É aquele expedido por solicitação do Juiz ou que integra os autos judiciários. Atende a
administração da justiça.

Somente os judiciários são considerados documentos médico legais!!

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Atestados de óbito: emitidos em casos de morte.

1. Atestado natural - atribuição do próprio médico desde que tenha assistido o paciente!

2. Atestado natural mas por doenças mal definidas - suspeitas(em caso de mote inesperada,
sem causa evidente): médicos do SVO – Serviço de Verificação de Óbito

3. Em caso de morte violenta (acidente, suicídio e homicídio), incumbe ao IML – Instituto


Médico Legal a emissão do atestado.

Atestados Falsos: O atestado falso é chamado de gracioso; de favor ou complacente,


quando fornecido a alguém por amizade ou por qualquer outro motivoNão se efetiva o ato médico
(exame, por exemplo). Às vezes é dado com fim de lucro, sendo improcedente a alegação de que a
finalidade do atestado é meramente protocolar, sem importância.

Além de problemas e questões ÉTICAS, um atestado gracioso ou “lucrativo” poderá vir


a caracterizar um “atestado falso”, punível, nos termos do Código Penal, conforme prevê o artigo
302:

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Pena - detenção, de um mês a um ano

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa, de mil
cruzeiros a seis mil cruzeiros.

QUESTÃO APLICADA

A respeito dos atestados de óbito e suas conseqüências médico-legais, assinale a alternativa


incorreta:

a) O atestado natural é aquele emitido pelo médico responsável pelo procedimento clínico,
independentemente de ter assistido o paciente.
b) Os atestados emitidos em caso de mortes suspeitas são de incumbência dos Serviços de
Verificação de Óbito.
c) Os atestados de óbito emitidos nas hipóteses de suicídio são de incumbência de Institutos
Médico-Legais.
d) Atestado gracioso é uma modalidade de atestado falso.
e) Atestado complacente é aquele fornecido por motivo de amizade ou qualquer sentimento
pessoal.

Portanto, incorreta a letra “a”, pois é essencial que o médico tenha assistido o paciente
para a emissão do atestado de óbito natural.

GABARITO: Alternativa (A)

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8. TEMA DE CONCURSO: LESÕES PRODUZIDAS POR CALOR

LESÕES PRODUZIDAS POR CALOR:

QUEIMADURAS:

1º grau – surgimento de ERITEMA- apenas a epiderme é afetada. A queimadura de 1º grau atinge


a camada mais superficial da pele, a epiderme, e se traduz como uma lesão vermelha, quente e
dolorosa. A queimadura solar é um exemplo.

2º grau – aparecem FLICTEMAS - caracterizado pela formação de vesículas, que suspendem a


epiderme.

3º grau – ESCARIFICAÇÃO – formam-se manchas de cor castanha, ou cinza-amarelada,


indicativas da morte da derme.

3Quadro agudo de queimadura de primeiro grau por insolação, muito comum em bronzeamentos de praia.
4Queimadura típica de segundo grau com flictema. Verifique a formação de bolha suspensa sobre a epiderme,
normalmente muito dolorosa.

21
5

4º grau – CARBONIZAÇÃO: as lesões se particularizam pela carbonização do plano ósseo.

Obs: A gravidade das queimaduras, em relação à sobrevivência da vítima, é avaliada em


função de sua extensão e intensidade.

IRRADIAÇÃO SOLAR:

5 Lesão térmica por calor com queimadura de terceiro grau. Verifique a destruição das camadas superficiais da pele
indo até camadas mais profundas. As lesões nestes casos são indolores e a aparência varia de lesões esbranquiçadas a
lesões escuras. A pele fica seca e inelástica.

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• INSOLAÇÃO: ação da temperatura do calor ambiental em locais abertos (raramente em espaços
confinados). A desidratação e a queimadura da pele são os sintomas mais freqüentes da insolação,
especialmente em crianças e idosos. Quando alguém fica muito tempo sob o sol, a pele queima, suas
células são destruídas e o líquido que fica entre essas células é eliminado.

O suor e a respiração mais intensa facilitam a perda de água. Outros sintomas da


insolação são dor de cabeça, tontura, vertigem, falta de ar, aumento da temperatura do corpo, mal-
estar e vômitos, sem contar o envelhecimento precoce e o aumento em 25 vezes da chance de a
pessoa desenvolver tumores de pele, no caso de haver queimadura.

• INTERMAÇÃO: decorre do excesso de calor ambiental; lugares mal-arejados, quase sempre


confinados ou pouco abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente, de forma
acidental. São sintomas:

- Temperatura do corpo elevada;

- Pele quente, avermelhada e seca;

- Diferentes níveis de consciência;

- Falta de ar;

- Desidratação;

- Dores de cabeça, vertigem, náuseas;

- Quadros de insuficiência respiratória.

6Imagem típica de uma lesão por insolação. Observe a vermelhidão decorrente da queimadura na epiderme e destruição das
células.

23
7

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa incorreta quanto às lesões produzidas por calor:

a) A Nas queimaduras de segundo grau surgem as flictemas, som formações de vesículas suspensas sob a
epiderme.
b) B A insolação é um tipo de lesão produzida por irradiação solar em locais abertos e expostos a grandes
temperaturas.
c) C A gravidade das lesões produzidas por queimaduras é avaliada de acordo com sua extensão e
profundidade.
d) D Intermação decorre de queimaduras produzidas em locais confinados e abertos, mas pouco arejados.
e) E A escarificação surge em queimaduras de terceiro grau, com formação de manchas que indicam a morte
da derme.

Portanto incorreta a letra “d”, pois a intermação é própria de ambientes confinados, não de locais
abertos (insolação).
GABARITO: Alternativa (D)

7 Exemplo de lesão decorrente de intermação. Verifique a derme avermelhada e seca.

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9. TEMA DE CONCURSO: ASFIXIAS
Asfixiologia é o estudo das causas físicas e químicas que impeçam a passagem de ar
pelas vias respiratórias.

Tal circunstância leva à hipóxia (hipoxemia), anóxia (anoxemia) e finalmente, à morte.

Tipos de asfixia:
a) Apnéia: ausência dos movimentos respiratórios
b) Eupnéia:movimentos respiratórios normais
c) Dispnéia: dificuldade respiratória

Fases da Asfixia:

1 - DISPNÉIA INSPIRATÓRIA: dura cerca de 1 minuto, se encontrando o indivíduo consciente é


decorrente da hipoxemia, o indivíduo faz grande esforço para receber oxigênio, pois este vai se
escasseando;
2 - DISPNÉIA EXPIRATÓRIA: dura cerca de 2 a 3 minutos, devido a hipercapnia (grande
concentração de gás carbônico ), o indivíduo está inconsciente e apresenta convulsões.
3 - ESGOTAMENTO: dura cerca de 2 a 3 minutos, ocorrendo a parada respiratória, com morte
aparente, após temos os últimos movimentos respiratórios e a seguir a parada respiratória definitiva.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS ASFIXIAS (atenção!) :


1. EXTERNAS
- cianose da pele e extremidades (cor arroxeada decorrente do acúmulo de gás carbônico no sangue)
- equimoses na conjuntiva dos olhos
- cogumelo de escuma ou espuma na boca
- resfriamento lento do corpo
2. INTERNAS
- petéquias de Tardieu: equimose subpleural, manchas puntiformes avermelhadas
- manchas de Paltauf: hemorragia subpleural, semelhantes as de Tardieu, mas maiores
- fluidez sangüínea
Para didática inicial maior, faremos um quadro didático resumido sobre asfixias.

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CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS:
a) Por obstrução das vias respiratórias:
- Por sufocação direta
- Por constrição Cervical:
Divide-se em:
> Enforcamento
>Estrangulamento
> Esganadura
b) Por restrição aos movimentos do tórax:
- Compressão torácica (sufocação indireta).
- Fraturas costais múltiplas.
- Por fadiga (crucificação).
- Paralisia dos músculos respiratórios
- Em espasmo – casos de eletroplessão, efeito de drogas contraturantes;
- Em flacidez – efeito de drogas relaxantes musculares;
c) Por modificação do meio ambiente:
1. Confinamento
2. Soterramento
3. Afogamento
d) Por parada respiratória central:
- Traumatismo cranioencefálico
- Eletroplessão
- Drogas depressoras do Sistema Nervoso Central

QUESTÃO APLICADA
Dentre as características gerais das asfixias, assinale a alternativa incorreta quanto a seus sinais de
interesse médico-legal:
A Presença de cianose na pele e nas extremidades.
B Resfriamento lento do corpo.
C Cogumelo de espuma na boca da vítima. A relação de causa e efeito entre o ato e o resultado
qualificado como perigo de vida deve ser considerado pelo perito na diagnose médico-legal.
D Surgimento de equimose subpleural, com manchas avermelhadas puntiformes.

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E Ocorrência de baropatia com aumento da pressão arterial e embolia gasosa nos pulmões..

A questão na letra “e” menciona a bariopatia com aumento da pressão arterial e


surgimento embolia gasosa nos pulmões, que não corresponde a sinal de asfixia. Os principais
fenômenos resultantes das alterações de pressão são denominados BAROPATIAS. Ocorre nos casos
de diminuição da pressão, como situações típicas de mal das montanhas ou dos aviadores (rarefação
do ar em grandes altitudes) e nos casos de aumento da pressão, como o mal dos mergulhadores com
embolia gasosa (pela rápida subida à superfície). Portanto incorreta a letra “e”.
GABARITO: Alternativa (E)

10. TEMA DE CONCURSO: PSICOSE MANÍACO-DEPRESSIVA E INIMPUTABILIDADE

Atualmente classificada como transtorno bipolar, a psicose maníaco-depressiva trata-se


de uma desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor, energia e capacidade de
desempenhar funções.
Diferente das variações normais de humor que todas as pessoas têm, os sintomas do
transtorno bipolar são severos e podem resultar em danos aos relacionamentos, performance ruim
no trabalho e estudo, e até suicídio. A patologia é crônica, mas com tratamento o indivíduo pode
levar uma vida produtiva.
A psicose maníaco-depressiva causa mudanças drásticas no humor (da hiper exaltação
até a desesperança profunda) e essas variações se repetem geralmente com períodos de humor
normal entre elas.
Mudanças dramáticas de comportamento acompanham essas alterações de humor. As
fases de "alto e baixo" do humor são chamadas de ciclotímicas entre mania e depressão. O indivíduo
com transtorno bipolar costuma ser chamado de "maníaco-depressivo" por leigos.
Podem ocorrer episódios graves de mania ou depressão, inclusive sintomas psicóticos.
Os sintomas psicóticos mais comuns são alucinações (escutar, ver ou sentir presença de coisas que
não estão ali), delusões (crença forte e falsa que não é explicada influenciada pela lógica nem
explicada pelos conceitos culturais usuais da pessoa).
Os sintomas psicóticos refletem o estado extremo de humor do momento. Por exemplo,
ilusões de grandiosidade podem ocorrer durante a mania, enquanto que ilusões de culpa podem

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aparecer durante a depressão. Pessoas com transtorno bipolar que têm esses sintomas algumas vezes
são incorretamente diagnosticadas como esquizofrênicas.
Na maioria dos casos o transtorno bipolar é controlado se o tratamento for contínuo.
Porém, até quando não há paradas no tratamento, alterações de humor podem acontecer e devem ser
reportadas imediatamente ao médico. O acompanhamento psiquiátrico de perto e comunicação
aberta sobre as preocupações sobre o tratamento fazem diferença na sua eficiência.
O transtorno bipolar é uma patologia marcada por:
• grande oscilação emocional
•fases de mania (excitação, fuga de idéias, hiperatividade)
•fases de depressão (sentimentos de inadequação, retardamento de idéias e movimentos, ansiedade,
tristeza,idéias suicidas)
Juridicamente, delitos praticados por bipolares tendem a ser:
Inimputável – se o indivíduo desconhece ser portador da doença; e não passou por tratamentos
psiquiátrico e medicamentoso adequados (importante!)
Semi-imputável – se o indivíduo tem ciência de ser portador da doença e descontinua o tratamento
por conta e risco próprio.
Já a esquizofrenia refere-se a uma psicopatologia que na verdade designa um conjunto de psicoses.
Existe uma diversidade de manifestações como os sub-tipos:
- Catatônico: sintomas motores. Dor no corpo é o sintoma predominante quando começam as crises.
- Hebefrênico: condutas imprevisíveis.
- Paranóide: delírios e alucinações
- Portanto, o termo geral designa um conjunto de psicoses endógenas cujos sintomas são:
• dissociação da ação e do pensamento;
•delírios persecutórios;
•alucinações, especialmente auditivas;
• labilidade afetiva (instabilidade emocional com tendência a demonstrar, alternadamente, estados
de alegria e tristeza);
•perda do contato racional com o meio exterior.
Delitos praticados por esquizofrênicos ou esquizo-paranóides são inimputáveis na maioria dos
casos.

QUESTÃO APLICADA

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Indivíduo do sexo masculino, com idade de 36 anos, é preso ao espancar até total inconsciência um
conhecido com quem interagia em sua residência. No momento de sua detenção, apresentava aos
policiais civis um estado de hiperatividade, verborragia e agitação física e mental. Verificando ser
um possível caso de alteração psíquica com impacto na capacidade de entendimento e
autodeterminação, o delegado de polícia encaminhou o preso a exame pericial psiquiátrico, que
indicou quadro de ciclotimia temperamental, sinais de delusões, ilusão de grandiosidade, ideação
maníaca. Assinale a alternativa correta quanto aos aspectos médico-legais da psicopatologia
verificada no preso:
a) A Trata-se de um caso sintomático de transtorno de bipolaridade.
b) B Há possibilidade de haver inimputabilidade de acordo com o diagnóstico do exame.
c) C O indivíduo é portador de esquizofrenia, sendo portanto inimputável..
d) D O quadro psicopatológico do indivíduo examinado configura caso de psicose maníaco -depressiva.
e) E Verifica-se no preso um quadro de desordem cerebral que causa alterações incomuns no humor,
energia e capacidade de desempenhar funções.

Portanto, incorreta a letra “c”, pois embora haja confusão entre os sintomas do transtorno de
bipolaridade e a esquizofrenia, são psicopatologias com características distintas, conforme
analisado. Porém ambas afetam a imputabilidade penal, pois há impacto considerável no indivíduo
quanto a sua capacidade de autodeterminação e entendimento.
GABARITO: Alternativa (C)

11. TEMA DE CONCURSO: FERIDAS INCISAS ESPECIAIS NO PESCOÇO

FERIDAS ESPECIAIS POR AGENTES CORTANTES NO PESCOÇO:

- Na parte anterior do pescoço: esgorjamento

- Na parte posterior do pescoço: secção quase total do pescoço denomina-se: degolamento

- Quando há a separação total da cabeça do restante do corpo denomina-se: decapitação

O seccionamento da parte anterior do pescoço por instrumento cortante recebe a


denominação de esgorjamento. O esgorjamento é produzido, usualmente, por instrumento
cortante.

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Caso de esgorjamento.

O ferimento cortante encontrado na parte posterior do pescoço é denominado Degola. Portanto, uma
ferida incisa ou cortocontusa situada na região cervical (nuca) é denominada de Degola.

Degolamento, com corte na parte posterior do pescoço.

As lesões cortocontusas ou cortocontundentes são provocadas por instrumentos que,


mesmo com gumes, têm a sua principal ação pela contusão, pela pressão devido ao seu próprio peso.
Sua gravidade depende do ângulo de incidência, da superfície atingida e pela força de impact o. São
lesões sempre profundas, com bordas e formas irregulares, com destruição de tecidos, inclusive
com fraturas

Exemplos: foice, facão, machado, enxada, rodas de trem, guilhotina. etc

Secção das estruturas da região anterior do pescoço por instrumento cortante recebe a
denominação de Guilhotinamento.

Um instrumento que, através de seu gume, atua exclusivamente por pressão provocando
solução de continuidade dos tecidos é de natureza cortocontundente. A guilhotina é o típico
instrumento cortocontundente, no qual atua, basicamente, por pressão sobre uma linha.

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Imagem de guilhotina.

Laceração cervical nada mais é que qualquer tipo de traumatismo ou dilaceração na


região cervical por variadas causas e instrumentos, não necessariamente por instrumentos
cortocontundentes, como a guilhotina.

QUESTÃO APLICADA

A secção das estruturas anteriores do pescoço por instrumento cortante denomina-se:

a) A Degola.
b) B Decapitação.
c) C Guilhotinamento.
d) D Esgorjamento.
e) E Laceração cervical.

Portanto, correta a letra “D”, pois a secção das estruturas anteriores do pescoço é
denominada esgorjamento.
GABARITO: Alternativa (D)

12. TEMA DE CONCURSO: DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS

Documentos médico-legais são instrumentos escritos, ou simples exposições verbais


mediante os quais o médico fornece esclarecimentos à justiça.

ESPÉCIES
A) Notificações
B) Atestado

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C) Relatório
D) Consulta
E) Parecer
F) Depoimento Oral

NOTIFICAÇÕES:
São comunicações compulsórias realizadas pelos médicos às autoridades competentes de um fato
profissional, por necessidade social ou sanitária, tais como acidente do trabalho, doenças infecto-
contagiosas, uso habitual de substâncias entorpecentes ou crime de ação pública que tiverem
conhecimento e não exponham o cliente a procedimento criminal.

ATESTADOS
DEFINIÇÃO: É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas conseqüências.

CLASSIFICAÇÃO:
a) Quanto a procedência ou destino:
Oficioso - É aquele fornecido por um médico na atividade privada com destino a uma pessoa física
ou privada. Justifica situações menos formais, como liberação para atividade física na academia.
Administrativo - É aquele fornecido por um médico servidor público ou um particular mas que vai
desempenhar seu papel junto a uma repartição pública, ou seja, servem aos interesses dos serviços
públicos.
Judicial - É aquele expedido por solicitação do Juiz ou que integra os autos judiciários. Atende a
administração da justiça.
Somente os judiciários são considerados documentos médico legais!!

RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL
a) Definição: É a descrição minuciosa de um fato médico e de suas conseqüências, requisitadas por
autoridade competente.
b) Tipos: O relatório recebe o nome de AUTO quando é ditado pelo perito ao escrivão, durante ou
logo após, e denominado de LAUDO quando é redigido pelo(s) próprio(s) perito(s), posteriormente
ao exame.
c) Partes:

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a) Preâmbulo: É a parte onde os peritos declaram suas identificações, títulos, residências, qualificam
a autoridade que requereu e a autoridade que autorizou a perícia, e o examinado; hora e data em que
a perícia é realizada e a sua finalidade.
b) Quesitos: São as perguntas formuladas pela autoridade judiciária ou policial, pela promotoria ou
pelos advogados das partes.
c) Histórico: Consiste no registro dos fatos mais significativos que motivam o pedido da perícia ou
que possam esclarecer e orientar a ação do perito.
d) Descrição: Contém o “visum et repertum” É a descrição minuciosa, clara, metódica e singular de
todos os fatos apurados diretamente pelo perito. Constitui a parte essencial do relatório.
e) Discussão: É a análise cuidadosa dos fatos fornecidos pelo exame e registrado na descrição,
compará-los com os informes disponíveis relatados no histórico, encaminhando naturalmente o
raciocínio do leitor para o entendimento da conclusão.
f) Conclusão: É o sumário de todos os elementos objetivos observados e discutidos pelo perito,
constituindo a dedução sintética natural da discussão elaborada.
g) Resposta aos Quesitos: As respostas aos quesitos formulados devem ser precisas e concisas.

PARECER MÉDICO-LEGAL:
É a resposta escrita de autoridade médica, de comissão de profissionais ou de sociedade
científica, a consulta formulada com o intuito de esclarecer questões de interesse jurídico
(Preâmbulo, Exposição, Discussão, Conclusão).

DEPOIMENTO ORAL:
São os esclarecimentos dados pelo perito, acerca do relatório apresentado, perante o júri
ou em audiência de instrução e julgamento. Consideramos ainda o prontuário médico, o boletim, e
até mesmo a receita médica como documentos de importância médica e jurídica. Consideramos
ainda o prontuário médico, o boletim médico, e até mesmo a receita médica como documentos de
importância médica e jurídica.

PRONTUÁRIO MÉDICO:
a) Definição: É o registro feito pelo médico dos comemorativos do paciente. O médico incorre em
falta ética grave se deixar de elaborá-lo. (Art. 69 do CEM).

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Roteiro de um prontuário médico: a) Identificação; b) Queixa e Duração; c) Anamnese; d) Exame
Físico Geral; e) Exame Físico Especial; f) Exames Complementares; g) Diagnóstico h) Conduta; i)
Prognóstico.

QUESTÃO APLICADA
Assinale a alternativa que não corresponda a um documento médico-legal:
a) Notificação.
b) Atestado oficioso.
c) Atestado judicial.
d) Depoimento oral.
e) Auto médico-legal.

Portanto, incorreta a letra “b”, pois somente o atestado judicial é considerado documento
médico-legal, não o atestado oficioso, produzido para fins particulares.
GABARITO: Alternativa (B)

13. TEMA DE CONCURSO: TANATOLOGIA FORENSE EM SÍNTESE

Tanatologia Forense é a parte da Medicina Legal que trata do estudo da morte. É o ramo
das ciências forenses que partindo do exame do local, circunstâncias da morte e exame necroscópico
procura estabelecer:

- a identificação do cadáver
- o mecanismo da morte
- a causa da morte
- o diagnóstico diferencial médico-legal (acidente, suicídio, homicídio ou morte de causa natural).
Homicídio - Morte de um indivíduo em mãos de outro, em forma dolosa, culposa ou
preterintencional.
Suicídio - Morte de um indivíduo pelas lesões que se auto-inflige com o objetivo de por fim a sua
vida.
Acidente - Diz-se da que sofre um indivíduo por causas fortuitas e não previsíveis, ou que, em sendo
previsíveis, não o foram por ignorância, negligência ou imprudência, isto é, por culpa.

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Diagnóstico de morte se dá pela seguinte metodologia:
Morte: Cessação total e permanente das funções vitais (cerebral + respiratória+ circulatória)
Morte Cerebral ou cortical: Comprometimento da vida.
Morte Encefálica: Comprometimento irreversível da vida de relação e coordenação da vida
vegetativa - RESOLUÇÃO CFM nº 1.480/97

Abiótico: refere-se à ausência de vida.


Fenômenos abióticos imediatos são aqueles que estão presentes durante e a partir da morte:
• Perda da consciência
•Insensibilidade geral e dos sentidos
•Imobilidade e abolição total do tônus muscular
•Cessação da respiração
•Cessação da circulação

Fenômenos abióticos consecutivos são aqueles que se instalam depois da morte e indicam a
realidade da morte. São os seguintes:
• Desidratação Cadavérica - Dessecação
•Esfriamento do Cadáver – Resfriamento – “Algor Mortis”
•Livores Hipostáticos – Livores Cadavéricos – Manchas de Hipóstase- Hipóstases – “Livor Mortis”
• Rigidez Cadavérica – “Rigor Mortis”

QUADRO SINÓTICO DE MEMORIZAÇÃO

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QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que não corresponde a um fenômeno abiótico imediato na identificação da


morte:

A Insensibilidade geral e dos sentidos.


B Imobilidade do tônus muscular.
C Cessação da respiração.
D Esfriamento do corpo.
E Perda geral dos sentidos.

Portanto, incorreta a letra “d”, pois o esfriamento do corpo refere-se a um fenômeno abiótico
consecutivo, não imediato, ou seja, se instalam após o estado de morte se consolidar.

GABARITO: Alternativa (D)

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14. TEMA DE CONCURSO: IMPLICAÇÕES MÉDICO-LEGAIS DO ABORTO
Estudar os tipos de aborto sob a ótica da Medicina Legal é fundamental para se
conseguir avaliar corretamente as conseqüências jurídico-penais do delito previsto nos artigos 124
a 128 do Código Penal.
Os abortos eventuais não são penalmente puníveis, em virtude de sua ocorrência
independer da vontade da gestante. São de dois tipos:

a) patológico ou espontâneo: problemas de má formação de feto, inadequação do aparelho


reprodutor feminino, dentre outros, podem fazer com que a evolução do ciclo gravídico seja
interrompida repentinamente, com a expulsão involuntária do feto.

b) acidental: podem se originar tanto de traumas emocionais, como de traumas físicos, intoxicação
ou infecção, que venham a comprometer o processo de gestação de maneira irreversível. A perícia
deve se cercar de cautela em aceitar o trauma emocional.

Já os abortos intencionais têm interesse jurídico, e podem ser divididos em puníveis e não-puníveis.
Dentre os abortos não-puníveis, temos, de acordo com previsão no Código Penal (128, I e II), duas
situações:

a) terapêutico ou necessário: quando há risco de vida para a gestante e para o feto. Geralmente
decorre de problemas de saúde materna, como cardiopatia, tuberculose e diabetes.

b) sentimental: quando a gravidez resulta de estupro.

Em relação ao aborto eugênico, trata-se de um conceito não abarcado legalmente como causa de
exclusão de crime, ocorrendo quando é grande a probabilidade do recém-nascido ser portador de
deficiências graves. Temos também o aborto eutanásico, quando o feto não possui expectativa de
vida relevante extra-uterina, e ainda o aborto econômico, que visa principalmente o planejamento
familiar de populações carentes. Todos são puníveis em conformidade com a inteligência do artigo
128 do Código Penal.

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que indique a modalidade de aborto punível conforme previsto na legislação
penal:
a) Aborto patológico.
b) Aborto eugênico.
c) Aborto acidental.

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d) Aborto sentimental.
e) Aborto terapêutico.

Portanto, excetuando a alternativa “b”, todas as outras modalidades de aborto não são
puníveis. Fácil questão quando se compreende os conceitos.

GABARITO: ‘B”

15. TEMA DE CONCURSO: ASFICIAS MECÂNICAS II – SUFOCAÇÕES E ESGANADURAS


A asfixia é a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência ou baixíssima
concentração do oxigênio no ar respirável por impedimento mecânico das mais variadas formas.
Asfixias são todas as formas de carência ou ausência de oxigênio, vital para o ser humano. Podem
ser classificadas em naturais ou violentas. As asfixias naturais são aquelas causadas por doenças
que reduzem a ventilação ou a circulação pulmonar. Já as violentas devem-se sempre a um
traumatismo, entendido o termo num sentido amplo. Para o professor Hygino França, a asfixia pode
englobar um estado de hipoxia e hipercapnia no sangue.

- Hipóxia: situação em que está ocorrendo uma diminuição da oxigenação dos tecidos.

- Anóxia: ausência de oxigenação.

- Anóxia com acapneia: falta de oxigênio sem aumento de CO2.

- Anóxia com hipercapneia: falta de oxigênio com aumento de CO2.

Inspirado no mesmo professor, vamos fazer uma classificação bem didática das modalidades de
asfixias por espécies:

- ASFIXIAS PURAS: são manifestadas pela anoxemia (quadro decorrente de falta de oxigênio no
sangue, lembra?) e hipercapneia (aumento de concentração de Dióxido de Carbono – CO2):

1. Asfixias que ocorrem em ambientes por gases irrespiráveis:

1.a) Confinamento

1.b) Asfixia por monóxido de carbono

1.c) Asfixia por outros vícios de ambientes

2. Asfixia causada por obstáculo à penetração do ar nas vias respiratórias:

2.a) Sufocação direta (obstrução da boca e das narinas pelas mãos ou das vias respiratórias
mais inferiores)

2.b) Sufocação indireta (compressão do tórax)

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3. Com transformação do meio gasoso em meio líquido (afogamento)

4. Com transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento (soterramento)

- ASFIXIAS COMPLEXAS: constrição das vias respiratórias com anoxemia e excesso de gás
carbônico, interrupção da circulação cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos do
pescoço. São as seguintes:

A. Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo (enforcamento)

B. Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular (estrangulamento)

- ASFIXIAS MISTAS: em que se confundem e se superpõem, em graus variados, os fenômenos


circulatórios, respiratórios e nervosos ( caso da esganadura).

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que não corresponde a um caso de asfixia pura de interesse médico-legal:

a) Sufocação direta.
b) Sufocação indireta.
c) Esganadura.
d) Afogamento.
e) Confinamento.

Portanto, incorreta a letra “c”, pois a esganadura é um tipo de asfixia MISTA, em que
a constrição das vias respiratórias se dá por várias causas e não apenas por carência de oxigênio no
sangue (anoxemia) e excesso de gás carbônico.

GABARITO: “C”

16. TEMA DE CONCURSO: REVISÃO DE TANATOLOGIA

Os fenômenos cadavéricos podem ser imediatamente classificados como abortivos


imediatos, consecutivos, aparecimento de manchas de hipóstase, rigidez cadavérica, transformativos
e conservadores. Para não confundir o aluno e focar melhor na questão, vamos por enquanto apenas
abordar os fenômenos abióticos imediatos e consecutivos.

1. FENÔMENOSABIÓTICOS IMEDIATOS

• Perda da consciência

• Perda da sensibilidade (Sinal de Josat)

39
• Imobilidade e abolição do tônus muscular (Sinal de Rebouillat e a máscara da morte)

• Relaxamento dos esfíncteres (válvulas)

• Cessação da respiração (ausculta pulmonar)

• Cessação da circulação (ausculta do coração, que é o sinal de Bouchut)

2. CONSECUTIVOS

• Evaporação tegumentar (evaporação pela pele; a transpiração, por sua vez, é um fenômeno inerente
ao ser humano vivo)

• Resfriamento do corpo (o cadáver perde 0,5ºC nas 3 primeiras horas e na 4ª hora em diant e, perderá
1ºC a cada hora até equilibrar-se com a temperatura do meio ambiente. Portanto, a medição da
temperatura permite determinar a hora da morte).

QUESTÃO APLICADA
Um indivíduo é encontrado morto próximo a uma região de mata de eucalipto por equipe de policiais
civis da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, no qual verificaram com o delegado de polícia
responsável pela diligência os seguintes sinais: perda de sensibilidade, relaxamento dos esfíncteres,
imobilidade do tônus muscular, presença do sinal de Bouchult. Assinale a alternativa que não se
relaciona com uma conclusão da perícia de local no cadáver examinado:

a) A morte ocorreu pouco antes da chegada da equipe da Divisão de Homicídios.


b) O sinal de Bouchult indica cessação da circulação sanguínea no coração.
c) É também possível constatar a presença do sinal de Rebovillat.
d) A evaporação tegumentar e o resfriamento do cadáver são sinais visíveis que a equipe de policiais civis
pode verificar de imediato.
e) É possível verificar a presença do sinal de Jossat.

Portanto, excetuando a alternativa “d”, que trata dos fenômenos consecutivos (que
surgem depois do período imediato à morte), todas as demais alternativas são fenômenos abióticos
imediatos, que surgem imediatamente logo após a morte. Portanto, incorreta a letra “d”. Fica mais
fácil após entender os sinais de morte imediata.

GABARITO: ‘D”

17. TEMA DE CONCURSO: BALÍSTICA FORENSE I


Nos tiros a curta distância ou disparos a "queima-roupa" ocorrem os efeitos secundários
do tiro, os quais podem indicar a avaliação da distância entre a boca de fogo do cano da arma e o
alvo, e, eventualmente, a direção do cano da arma com relação à vítima.
Os efeitos secundários do tiro compreendem as chamas Zonas de contorno:

40
- Zona de chamuscamento/queimadura;
- Zona de esfumaçamento;
- Zona de tatuagem.
1 - Zona de chamuscamento: é produzida pelos gases superaquecidos resultantes da combustão do
explosivo propelente e se forma nos tiros encostados (distância zero) e a curta d istância. São
verificadas em queimaduras dos pelos e da pele da vítima (bem como de tecidos, podendo-se dar a
combustão das vestes quando estas se interpõem no local atingido e as roupas são de fios sintéticos).

2 - Zona de esfumaçamento (falsa tatuagem): é constituída por grânulos de fuligem, sendo


superficial e facilmente removida por lavagem. Aumentando a distância entre a boca de fogo e o
alvo, cresce o diâmetro da zona de esfumaçamento.

41
3 - Zona de tatuagem: é composta por partículas de carvão (pólvora combusta) e de grânulos de
pólvora não propelidas por combustão, dispersas em torno do orifício de entrada.

A auréola equimótica é uma zona superficial e relativamente difusa devido a


hemorragias decorrentes dos pequenos vasos localizad os próximos ao ferimento e apresenta cor
violácea, que ocorre nos tiros à curta-distância ou à “queima-roupa”. Resulta do chamado efeito
primário do tiro, que iremos explicar.
A epiderme é menos elástica do que a derme, portanto, é a primeira a se romper quando
sofre o impacto do projétil, originando o orifício de entrada. A natureza elástica da pele faz com que
ela se deforme e assim envolva o projétil, friccionando-se contra ele, limpando-o e retirando de sua
superfície as impurezas.

42
Então forma-se a orla de enxugo que fica ao redor do orifício de entrada. Se posiciona
da seguinte forma:

✓ Tiro perpendicular à superfície da pele - Orla de enxugo forma um anel ao redor do orifício de
entrada.
✓ Tiros inclinados - Têm forma excêntrica ou elíptica e indica com o seu eixo maior a direção do tiro.

Outra zona é formada com o impacto do projétil que passa do limite de elasticidade da
pele e esta rompe-se. A epiderme sofre a ação abrasiva e mecânica do projétil sendo a primeira a se
romper. Surge então uma orla escoriada ao redor do ponto de impacto que é a orla de contusão.
As orlas de enxugo e contusão localizam-se ao redor do orifício de entrada e são
produzidas pelo mesmo instrumento. Estas orlas são próprias dos tiros à distância. Nos tiros de curta
distância são mascaradas pela zona de esfumaçamento.
No ponto de impacto da passagem do projétil há lesões de pequenos vasos que provocam
o extravasamento de sangue e infiltração nos tecidos circundantes causando a auréola equimótica
(mancha colorida, cuja cor varia do vermelho ao amarelo).

QUESTÃO APLICADA
Não é considerado efeito secundário das lesões por projétil de arma de fogo:

a) Zona de chamuscamento.
b) Zona de esfumaçamento.
c) Zona de tatuagem.
d) Zona de contorno.
e) Auréola equimótica.

GABARITO: “E”

18. TEMA DE CONCURSO: LAUDOS E PARECERES MÉDICO-LEGAIS


Os pareceres médico-legais são consultas feitas a especialistas na área médica para
utilização em processo judicial (criminal, cível ou trabalhista) ou administrativo.

São documentos oficiosos ou particulares, normalmente encomendados pelas partes


para reforçar ou complementar uma tese de seu interesse, devendo por isto serem analisados com
cautela. Raramente se sobrepõem aos exames oficiais (relatório, dividido em auto/laudo médico-
legal).

43
O parecer médico-legal compõe-se de quatro partes (não possui descrição):

- Preâmbulo: qualificação do médico consultado

- Exposição: transcrição dos quesitos e do objeto da consulta

- Discussão: parte mais importante de um parecer, onde os fatos apresentados serão analisados

- Conclusão: posição final do parecerista, dando resposta aos quesitos formulados.

São elementos básicos constituintes de um laudo médico legal (documento oficial


produzido pelo perito):

• Preâmbulo: dados gerais como autoridade requisitante, objeto do exame, data da ocorrência

• Quesitos: na área criminal os quesitos são oficiais e padronizados para as principais perícias – são
perguntas relevantes para o Direito

• Histórico: é resumidamente os fatos geradores da perícia

• Descrição: pormenores e etapas dos exames realizados com apresentação dos elementos colhidos
no decorrer do exame, sendo a parte importante do laudo

• Discussão: interpretação dos fatos, diagnósticos, prognósticos – os peritos comentam os dados


obtidos, discutem várias hipóteses e exteriorizam suas impressões

• Conclusões: ilações e ponderações decorrentes do exame feito – vem a ser a síntese do laudo

• Respostas aos quesitos oficiais e aos formulados – devem ser simples, breves, com o mínimo
possível de palavras

• Desfecho ou encerramento.

QUESTÃO APLICADA
São partes integrantes de um parecer médico-legal, exceto:
a) Preâmbulo
b) Quesitos.
c) Descrição.
d) Discussão.
e) Conclusão.

Portanto, a alternativa incorreta é a letra “c”, pois a descrição não é parte do parecer
médico-legal.

44
GABARITO: “C”.

19. TEMA DE CONCURSO: ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DA ACELERAÇÃO DE PARTO

Existem inúmeros sinais recentes de parto, que dizem respeito aos órgãos genitais, ao
organismo como um todo e também às secreções. Alguns destes sinais são:

a) edema dos grandes e pequenos lábios, normalmente decorrente de lesões inevitáveis à saída do
feto.
b) sinais de episiotomia: quando é realizado um corte para facilitar a saída do feto, ficam os sinais.
c) diminuição do volume do útero: o útero diminui em dimensão, gradativamente, após o parto.
d) pigmentação da pele: é um sinal extragenital, decorrente de alterações hormonais.
e) hipertrofia dos Tubérculos de Montgomery: os tubérculos, que se entumescem durante o ciclo
gravídico, voltam ao normal após o parto.
f) estrias gravídicas: decorrem da redução repentina de volume do abdômen.
g) distensão da pele do abdômen: a pele na região abdominal se torna flácida.
h) transformação de colostro em leite: o líquido do seio materno torna-se mais gorduroso, formando
o leite materno.
i) gonadotropina coriônica: é detectada ainda por vinte dias após o parto, no sangue e na urina.
j) secreções vaginais: existem secreções vermelhas, decorrentes de hemácias e células uterinas;
secreção amarela, decorrente do plasma e da fibrina; e secreção branca, referente a leucócitos.

QUESTÃO APLICADA
Assinale a alternativa incorreta quanto aos sinais de parto recente para fins de diagnóstico de sua
aceleração:

a) Edemas nos grandes e pequenos lábios vaginais.


b) Diminuição do volume do útero.
c) Estrias gravídicas.
d) Diminuição das secreções vaginais.
e) Distensão da pele abdominal.

45
Quando a mulher não concebeu por parto natural, o orifício do colo do útero é circular
(virgem). Quando já concebeu uma vez (primípara), o orifício tem a forma de uma fenda. Quando
já concebeu mais de uma vez (multípara), o orifício é multifendilhado.
Portanto a alternativa ”d” e a que não corresponde à identificação de um sinal de parto
recente é a diminuição das secreções vaginais, quando ocorre justamente o contrário, pois há
aumento.

GABARITO: “D”

20. TEMA DE CONCURSO: ESTADOS INTERSEXUAIS

Os estados intersexuais são quadros clínicos que apresentam problemas de diagnóstico,


terapêuticos e jurídicos, na definição do verdadeiro sexo do indivíduo.

Dividem-se em:

➢ Hermafroditas: apresentam os dois tipos de órgãos sexuais internos (ovário e testículo)


➢ Pseudo-hermafroditas: são os que apresentam dos dois tipos de órgãos sexuais externos (vagina
e pênis)
➢ Síndromes Especiais (Aneuploidia), que são aberrações genéticas que envolvem o aumento ou
a diminuição do número de cromossomos.
➢ Síndrome de Turner (XO): também chamada de síndrome do ovário rudimentar, só se
desenvolve em mulheres e tem como características a amenorréia (ausência de menstruação),
mamas subdesenvolvidas, baixa estatura, pele com aspecto senil, tórax em forma de barril,
dentre outras.
➢ Síndrome de Klinefelter (XXY): esta se desenvolve em homens e tem como características a
ausência de desenvolvimento dos órgãos sexuais, ausência de esperma (azoospermia),
retardamento mental e desenvolvimento de mamas, dentre outras.
➢ Supermacho (XYY): estudos associam esta aberração cromossômica com comportamentos
anti-sociais, como a delinqüência e a agressividade. Porém, os resultados não são conclusivos
a ponto de se poder estabelecer uma relação direta entre a aberração e o comportamento.

Já o transsexualismo vem a ser o fenômeno que se dá quando a pessoa pertence a um


sexo definido, porém se comporta psicologicamente como pertencente ao de outro sexo. Tem
origens hormonais e vem se tornando comuns em procedimentos cirúrgicos.

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que não identifica um quadro de estado intersexual:

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a) Síndrome de Turner.
b) Falso hermafroditismo.
c) Síndrome de Klinefelter.
d) Transsexualismo.
e) Aneuploidia

Portanto, excetuando a alternativa “d”, que corresponde ao transsexualismo como


fenômeno próprio da sexualidade, os demais correspondem aos chamados estados intersexuais.

GABARITO: ‘D”

21.TEMA DE CONCURSO: ANTROPOLOGIA FORENSE NA DETRMINAÇÃO DO SEXO


Para a determinação do sexo, o exame do esqueleto através da bacia é de grande
relevância. Nas mulheres, a bacia em geral tem uma estrutura óssea mais delicada que a do homem;
as inserções musculares têm menos rugosidade; os diâmetros transversais do osso da bacia nas
mulheres são maiores; a grande e a pequena bacia, até em razão da maternidade, são naturalmente
maiores quando comparadas com as do homem; nas mulheres o ângulo subpubiano é mais aberto
que no homem, normalmente em até 110 graus; nas mulheres o osso sacro é mais baixo e côncavo
que no homem.
Um ponto interessante: as bacias andróides, mais tipicamente masculinas, podem
aparecer também em mulheres, assim como as bacias ginecóides (mais tipicamente femininas)
podem aparecer em homens, sem anormalidade.

8Nas imagens são notórias as diferenças entre a pelve masculina/feminina:veja como na mulher o osso sacro é mais baixo e
côncavo que no homem, em decorrência da própria função reprodutora.

47
22.TEMA DE CONCURSO: SINAIS RECENTES DE PARTO

Existem vários sinais recentes de parto, que dizem respeito aos órgãos genitais, ao
organismo como um todo, e também às secreções. Alguns destes sinais são:

a) edema dos grandes e pequenos lábios: decorrente de lesões inevitáveis à saída do feto.

b) sinais de episiotomia: quando é realizado um corte para facilitar a saída do feto, ficam os sinais
do parto.

c) diminuição do volume do útero: o útero involui, gradativamente, após o parto.

d) pigmentação da pele: é um sinal extragenital, decorrente de alterações hormonais no parto


recente.

e) hipertrofia dos Tubérculos de Montgomery: os tubérculos, que se entumescem durante o ciclo


gravídico, voltam ao normal após o parto.

f) estrias gravídicas: decorrem da redução repentina de volume do abdômen.

g) distensão da pele do abdômen: a pele na região abdominal se torna flácida.

h) transformação de colostro em leite: o líquido do seio materno torna-se mais gorduroso (leite
materno)

i) gonadotropina coriônica9 : detectada ainda por vinte dias após o parto, no sangue e na urina.

j) secreções vaginais: existem secreções vermelhas, decorrentes de hemácias e células uterinas;


amarela, decorrente do plasma e da fibrina;

9 Hormônio de glicoproteína produzido na gravidez que é feito pelo embrião logo após a concepção e mais tarde pelo sinciciotrofoblasto
(parte da placenta).

48
Quando a mulher não concebeu por parto natural, o orifício do colo do útero é circular
(virgem). Quando já concebeu uma vez (primípara), o orifício tem a forma de uma fenda. Quando
já concebeu mais de uma vez (multípara), o orifício é multifendilhado. Portanto, o formato do
orifício do colo do útero não diz respeito a sinal de parto recente, mas a antigo.

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que não identifica um sinal de parto recente:

a) Edema dos grandes e pequenos lábios vaginais.


b) Colo do útero em forma circular.
c) Episiotomia.
d) Hipertrofia dos Tubérculos de Montgomery.
e) Distensão da pele do abdomen.

Portanto, excetuando a alternativa “b”, que corresponde a sinal de parto antigo, todas as
alternativas são indicativas de parto recente.

GABARITO: ‘B”

23.TEMA DE CONCURSO: ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DOS AFOGAMENTOS

Os casos de morte por afogamento são típicos de asfixia por modificação do meio
ambiente. É a modalidade de asfixia, na qual ocorre a troca do meio gasoso por meio líquido,
impedindo a troca gasosa necessária à respiração.

49
Sinais externos de um afogamento:

- Baixa temperatura da pele.

- Pele anserina (pele de galinha): a pele tem um aspecto chamado anserino - arrepiada pelo
mecanismo pilo-eretor. Recebe o nome de Sinal de Bernt.

- Contração de determinadas partes do corpo: os mamilos, a bolsa escrotal, pênis e clitóris são
contraídos.

- Maceração da pele palmar e plantar: a pele das mãos (mãos de lavadeira) e dos pés ficam
maceradas (enrugadas) A pele chega a descolar e permanece tão perfeita, destacada com tanta
precisão (como uma luva) que é até possível colher as impressões digitais .

10

- Cogumelo de espuma: espuma branca ou rosada que sai da boca e dos orifícios nasais. A presença
de cogumelo de espuma no cadáver, por si só, não confirma o diagnóstico da morte por afogamento.
O que acontece é que o líquido aspirado mistura-se com o ar alveolar e com as secreções presentes
ao longo das vias respiratórias, bem como com o surfactante, uma substância que recobre o epitélio
alveolar.

- Lesões por animais aquáticos: são comuns nos afogamentos. Os animais têm predileção pelos
lábios, pálpebras e nariz.

- Escoriações e pequenas feridas nas polpas digitais: enquanto ainda vivo, o afogado tentar agarrar-
se a qualquer coisa, assim pode sofrer atrito dos dedos em pedras ou materiais do meio.

- Dentes e unhas róseos. Os dentes encontrados em algumas vítimas d e afogamento e enforcamento


apresentam-se de róseo-claro a vermelho pouco intenso. Pode ser atribuído pela dissociação da
hemoglobina que invade os canalículos dentinários, dando assim o aspecto róseo ao dente, por isso

10
Imagem de maceração da pele da mão nas palmas, com descolamento.

50
é mais comum em pessoas jovens quando as cavidades pulpares são mais amplas. Podem aparecer
apenas em algumas peças dentárias e variar de forma, cor e tamanho.

Sinais internos de afogamento

- Inundação das vias aéreas com líquido: Por meio do líquido pode-se analisar o meio aquático em
que o indivíduo se afogou. Também ocorre aspiração de corpos estranhos que entram nos pulmões
juntamente com o líquido.

- Líquidos e corpos estranhos nas vias respiratórias e digestivas.

- Manchas de Paltauf – que são equimoses de cor vermelho clara no parênquima pulmonar por
ruptura de paredes alveolares e o início da putrefação.

- Lesão dos pulmões: as manchas de Tardieu são raras sendo mais comuns as manchas de Paltauf,
que são maiores e de contornos irregulares. As manchas de Paltauf são valiosas para o diagnóstico
de afogamento, pois não são observadas em outras formas de asfixia. Quando o indivíduo aspira
uma grande quantidade de água, rompem-se os alvéolos e o líquido passa pelo espaço intra-alveolar.
O pulmão fica distendido e apresenta consistência esponjosa mais firme e se mostram armados
quando colocados sobre a mesa de necropsia.

11

- Presença de líquidos no aparelho digestivo: o indivíduo também engole água, além de inspirá-la.

Tipos de Afogados:

• AFOGADO AZUL: o indivíduo apresenta uma coloração cianótica, o indivíduo morre por
aspiração de um meio líquido, é o afogado verdadeiro;

• AFOGADO BRANCO (ou falso afogado): nesta o indivíduo apresenta uma coloração branca, sem
aspiração de água. Simulação de afogamento.

11 Pulmão de afogado; verifique presença de manchas irregulares e espalhadas, conhecidas como Manchas de Paltauf.

51
• AFOGADO BRANCO DE PARROT (morte por inibição ou choque vagal): ocorre ao tocar na
água; predisposição constitucional; lesões cardiovasculares sem sinais de asfixia.

Cogumelo de espuma em afogado - Face congesta e arroxeada. O cogumelo de espuma


observado nas narinas e na boca é um fluido proveniente dos pulmões e consiste em uma mistura
de proteínas, surfactante e água do meio líquido. Geralmente é de cor branca, mas pode ser róseo
devido a mistura com sangue pulmonar. Este fluido espumoso também é encontrado na traquéia e
nos brônquios. Na maioria dos casos, o afogamento é acidental. Raramente é decorrente de suicídio.
Como algumas vezes a vítima de um homicídio é lançada na água, é importante fazer a distinção
entre o afogamento e a imersão post-mortem do corpo. A presença de espuma nas vias aéreas indica
que a vítima estava viva ao tempo da submersão.

QUESTÃO DE CONCURSO
Assinale a alternativa incorreta quanto aos sinais externos de um afogamento:

a) Maceração da pele nas regiões plantares e palmares.


b) Baixa temperatura da pele
c) Contração de partes do corpo.
d) Escoriações nas polpas digitais.
e) Inundação das vias aéreas e respiratórias com líquido

Portanto a alternativa ”e” é a incorreta, pois não corresponde a um sinal externo de


afogamento; trata-se de um sinal interno, conforme explicado.

GABARITO: “E

24. TEMA DE CONCURSO: DIFERENÇAS ENTRE ENFOCARMENTO E ESGANADURA

Veja este quadro comparativo:

ENFORCAMENTO ESTRANGULAMENTO
Oblíquo ascendente Horizontal

Variável segundo a zona do Uniforme em toda a periferia


pescoço do pescoço

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Interrompido ao nível do nó Contínuo
Em geral, único Frequentemente múltiplo
Por cima da cartilagem Por baixo da cartilagem
tireóidea tireóidea
Quase sempre Excepcionalmente
apergaminhado apergaminhado
De profundidade desigual De profundidade uniforme

12

Já as esganaduras são exclusivamente homicidas, de natureza contundente-constritiva, efetivada


pelas mãos do oponente, joelhos, pés, dependente da utilização de segmentos corporais do agressor.

Podem ser típicas (quando efetivada pelas mãos) ou atípicas (uso de joelho ou braço). Sua grande
característica é a presença no pescoço da vítima de estigmas ungueais, marcas dos dedos ou das
unhas que permanecem no pescoço do ofendido.

13

QUESTÃO APLICADA

12 Sulco típico de estrangulamento: laço horizontal, uniforme em toda periferia, profundidade também uniforme, por
baixo da cartilagem tireóidea.
13 Lesão provocada por esganadura típica (com as mãos). Verifique as marcas do tipo “estigmas ungueais”, com dedos

do oponente/agressor.

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Cadáver com sulco de escoriação continuo, uniforme ao longo da periferia do pescoço, horizontal,
com lesão infra-hioidea, indica morte por:

a) Enfocarmento por homicídio.


b) Enforcamento acidental.
c) Estrangulamento.
d) Enforcamento por suicídio.
e) Esganadura.

Portanto, a única alternativa que corresponde ao enunciado é a letra “c”.


GABARITO: “C”.

25. TEMA DE COM CURSO: ENVENAMENTO

Veneno é toda substância mineral ou orgânica de origem animal ou de vegetal. Pode ser
produzido em laboratório e mesmo em pequenas doses, produz o seu efeito. O veneno, em pequenas
doses, causa dano à saúde, mas se entrar no organismo, reagir e só fizer o seu efeito em grande dose,
não é envenenamento , mas corresponde a um caso de intoxicação.

Mitridatismo vem a ser a intoxicação pelo arsênico, substância que tem afinidade com
a pele e derivados dela. A pessoa que morre envenenado pelo arsênico, quando já esqueletizada,
pode ainda apresentar o arsênico nos cabelos, no osso e unhas. Normalmente a queratina da pele e
dos Fâneros é rica em enxofre.

Quando a morte ocorre por envenenamento por arsênico, o cadáver ao entrar em estado
de putrefação gera um líquido podre através de seus tecidos moles, vazando até mesmo abaixo do
caixão. O solo fica manchado com coloração escura, que são resíduos dos restos mortais(sombra
cadavérica).

Saturnismo é a intoxicação pelo chumbo e uma das características dessa intoxicação é


o aparecimento da doença mental como conseqüência. Pessoas que trabalham com cerâmicas ou
material metal-mecânico e que inalam esse material podem se intoxicar, na medida em que as
partículas de chumbo vão para os glóbulos vermelhos, indo depois para todo o corpo. O chumbo
tem predileção por ossos. O chumbo pode causar intoxicação e doença mental.

Um detalhe do Saturnismo é a Orla de Burton, nas gengivas da pessoa intoxicada pelo


chumbo, nos dentes mal cuidados, a intoxicação pelo chumbo faz uma linha azul esverdeada,
indicando esse tipo de intoxicação.

54
14

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que indica um sinal de Saturnismo:

a) Orla de Burton.
b) Presença de arsênico na pele e nos ossos.
c) Líquido causado por putrefação nos tecidos moles.
d) Doença mental como causa primária.
e) Contaminação do solo.

Portanto, excetuando a alternativa “a”, que corresponde a um típico sinal de saturnismo, caso de
intoxicação por chumbo.

GABARITO: ‘A”

26. TEMA DE CONCURSO: LESÕES PRODUZIDAS POR DISPAROS ARMAS DE ALMA LISA
Nas lesões produzidas por projeteis de cartuchos múltiplos (balins), normalmente
produzidas por disparos efetuados em armas do tipo espingarda (alma lisa, sem sulcos e reentrâncias
no interior do cano) ou escopeta (as famosas calibre .12), em função da natureza do disparo, podem
surgir lesões específicas. Quando há a presença descrita no enunciado: cratera enorme com bordas
invertidas contendo pólvora, balins e buchas circulares ou pneumáticas no interior da lesão indica-
se que o disparo foi efetuado à pequena distância, normalmente de 05 a 10 metros, por armas como

14 Coloração escura da gengiva, ocasionada por saturnismo.

55
espingarda ou escopeta. Os balins, de diâmetros variados em função do tipo de cartucho utilizado
(de calibre nominal .12, .16, .20), estarão dispersos nas malhas dos tecidos superficial ou
profundamente.

15

Quando há várias perfurações representando entrada de balins separadamente, ao redor


de uma cratera também com bordas invertidas, indica-se que o disparo foi efetuado a uma distância
superior a 10-15 metros. Isso porque à medida que a boca do cano da arma vai se afastando do alvo,
a dispersão dos balins se amplia, com a capacidade de penetração diminuindo. Portanto, balins
menos dispersos e mais agrupados, tiro mais próximo; balins menos agrupados e mais dispersos,
tiros mais distantes (efeito SIMONIN).

16

A balística dos disparos de arma de fogo com cano de alma raiada (com sulcos
helicoidais que imprimem efeito giroscópio no projétil com a deflagração do disparo a partir do
impacto do percurtor na espoleta da base do cartucho e subsequente expansão da carga propelente),
como revólver, tem outra característica, pois o projétil é único, não de natureza múltipla.

Os projetis do tipo expansivo possuem carga “oca”, ogival, com maior expansividade
na cavidade temporária ao atingir o tecido orgânico. As lesões não produzem as características
típicas de cartuchos de projetis múltiplos.

Quanto ao tiro de ricochete, o projétil de arma de fogo encontra um anteparo resistente,


surgindo a possibilidade de sofrer desvios e deformações dos mais distintos graus. O PAF se

15 Cartuchos de escopeta calibre .12 com balins. Verifique o estojo pneumático, estilo “bucha”.
16Disparo à curta distância de escopeta calibre .12. Verifique a extensa cratera com bordos invertidos. Embora a imensa mancha de sangue torne difícil pela
imagem perceber a presença de pólvora e dos balins, certamente que serão constatados em exame físico.

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modifica em seu estado original e pode produzir na pele lesões com forma anômala, mas não
apresentam características de lesões por munições de projetis múltiplos.

QUESTÃO APLICADA

Um cadáver do sexo masculino é encontrado em um local ermo apresentando a seguinte lesão no


dorso: cratera extensa com bordas invertidas com presença de pólvora ; balins dispersos nas malhas
dos tecidos superficiais; buchas pneumáticas no interior das lesões. Uma análise preliminar da lesão
indica:

a) impacto de projétil de arma de fogo expansivo;


b) disparo de distância superior a 20 metros.
c) a arma que produziu o disparo pode ter sido um revólver.
d) impacto de projetis de cartuchos de projeteis múltiplos de arma de fogo como espingarda.
e) tiro de ricochete.

Portanto a alternativa correta é a letra “d”, pois a lesão é típica de espingardas, que
podem disparar cartuchos com projetis múltiplos (balins); o estojo da munição são por vezes (como
no caso das famosas escopetas) buchas pneumáticas que contém a carga propelente e os balins.

GABARITO: “D”

27.TEMA DE CONCURSO: HIMENOLOGIA FORENSE


O hímen é uma membrana formada por fibras elásticas recobertas por mucosa,
localizada na junção da vulva com a vagina. Quando examinamos o hímen, temos de considerar
uma face externa ou vulvar, uma face interna ou vaginal, sua borda de inserção, uma borda livre,
que delimita um orifício denominado óstio, e a orla do hímen, a membrana propriamente dita. A
forma da borda livre e do óstio é que dão origem as diversas classificações.

A classificação mais usada é a da Afrânio Peixoto, que divide os hímens em:

Comissurados – quando a borda livre tem forma de linhas curvas que se encontram como comissura
dos lábios; podem ser bilabiados, trilabiados, etc.

Acomissurados – quando o contorno de sua borda livre não forma linhas que se juntam formando
ângulo. Por exemplo, hímen anular.

Atípicos – quando não se enquadram em nenhum dos tipos acima. Por exemplo, hímen imperfurado,
hímen cribriforme.

57
17

18

O hímen pode se romper por outras causas que não a conjunção carnal, traumas perineais
como impalação, quedas à cavaleiro, prolapso uterino, tumores vaginais. Nestes casos, encontramos
ou a causa da rotura ou seus vestígios. Estas eventualidades são raras, sendo assim podemos
considerar o hímen roto como prova de conjunção carnal. Quando examinamos um hímen roto,
devemos analisar se há sinais de recenticidade da rotura ou se por outro lado, a rotura já está
cicatrizada. Mesmo nos atos sexuais consentidos sem emprego de violência, em que a conjunção
carnal é consentida, a rotura do hímen, do ponto de vista fisiológico, não deixa de ser um
traumatismo mecânico em que o hímen se distende até a sua rotura, sendo assim, o aspecto de uma
rotura recente de hímen não diferente do de um traumatismo mecânico recente. Nas roturas recentes

17 Tipos de hímen, conforme classificação de Afrânio Peixoto.


18 Verifique a semelhança entre a rotura himenal e o hímen complacente, o que causa confusão nos exames de corpo de delito de conjunção carnal menos
cuidadosos.

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dos hímens, vamos encontrar as bordas da rotura etemaciad as, equimoseadas, e em alguns casos
ainda sangrando.

A cicatrização da rotura do hímen se faz em torno de duas semanas, pode se completar


em prazo menor, ou um prazo maior, podendo chegar a 3 semanas ou mais, se sobreviver infecção.
Após a cicatrização da rotura do hímen, não podemos mais estimar a época da rotura, e a rotura é
chamada de rotura cicatrizada em oposição à rotura recente.

Devemos fazer o diagnóstico entre rotura do hímen e entalhe. Os entalhes são


reentrâncias que a borda livre apresenta em alguns casos, e não devem ser confundidas com roturas.

O diagnóstico se baseia nos seguintes dados. Os entalhes são características anatômicas


congênitas; são sempre simétricos; de cantos e bordas curvas; não atingem a borda de inserção; não
se coaptam bem em uma reconstituição do hímen e não apresentam cicatriz. As roturas, geralmente
únicas e situadas em maior freqüência na união dos quadrantes posteriores, quando múltiplas nunca
são simétricas, apresentam ângulos nas bordas de inserção quase sempre, sendo raros e não aceitos
por todos os autores a rotura incompleta do hímen.

Um tipo de hímen que dificulta o diagnóstico da conjunção carnal é o hímen


complacente. Chama-se hímen complacente aquela que permite a cópula sem se romper. Este tipo
de hímen aparece nas estatísticas em torno de 10 a 12%. Quando o perito se depara com um hímen
complacente e não encontra outras provas de conjunção carnal, não terá elementos para afirmar ou
negar a conjunção carnal. A complacência himenal depende de vários fatores, relacionados ao hímen
ou não.

Dividem-se estas causas em intrínsecas ao hímen e extrínsecas ao hímen.

Extrínsecas ao hímen:

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1) Desproporção entre os órgãos sexuais – Pênis exíguo, ou por exagero das dimensões dos órgãos
sexuais femininos.

2) Condições da cópula – Posição da cópula, lubrificação, natural ou artificial, dilatação gradual.

Intrínsecas ao hímen:

1) Situação himenal profunda.

2) Estrutura himenal, consistência, espessura, extensibilidade.

3) Formas himenais sem orifício desproporcional, hímens com orifício muito grande por
desenvolvimento excessivo de todo óstio ou por exigüidade da membrana, descontinuidade das
bordas himenais, relação do óstio himenal com o vulvar (mais ou menos amplo).

A complacência himenal pode ser relativa, podendo o hímen em determinado ato


comportar-se como complacente e em outro se romper.

O hímen complacente típico o mais encontrado é o hímen de forma anular, com óstio amplo
e muito distensível.

QUESTÃO APLICADA

O estudo do hímen é fundamental no diagnóstico das lesões produzidas no crime de estupro.


Assinale a alternativa incorreta que não se relaciona a esta membrana:

a) A forma da borda livre e do óstio são determinantes para a tipologia.


b) Os hímens acomissurados formam ângulos em vez de linhas.
c) A rotura himenal pode ocorrer de outros fatores que não a conjunção carnal, como prolapso
uterino.
d) Mesmo nos casos de sexo consentido a rotura himenal pode apresentar mesmo aspecto das
hipóteses de conjunção carnal.
e) Após a cicatrização do hímen, pode-se fazer uma avaliação do período em que ocorreu a rotura.

Portanto, incorreta a alternativa “e”, pois uma vez cicatrizado o hímen, não é mais
possível dimensionar quando ocorreu a rotura com precisão.

GABARITO: ‘E”

60
28. TEMA DE CONCURSO: GRAVIDEZ E ABORTO

A pseudo-ciese ou falsa gravidez ocorre quando algumas mulheres apresentam sinais


de presunção ou até mesmo probabilidade de gravidez, de boa-fé, mas não estão grávidas. Distúrbios
hormonais podem estar relacionados com os fenômenos. Não há que se falar em aborto, pois.

Uma gravidez ectópica ocorre quando um óvulo fertilizado não se implanta e cresce no
útero, como é normal, mas sim noutro local, geralmente numa trompa de falópio. A trompa de
falópio é um pequeno tubo através do qual passa o óvulo fertilizado, no seu caminho do ovário para
o útero. Se a gravidez continuar, o embrião crescerá e tornar-se-á demasiado grande para a trompa
de falópio, provocando a sua ruptura. A gravidez ectópica não pode ser levada até ao fim e tem que
ser removida para salvar a vida da mulher, fazendo-se necessário aborto necessário, caso haja risco
à vida da gestante. É, portanto, necessário o tratamento médico para assegurar a boa saúde da
mulher. Se não for tratada, existe o risco de fortes hemorragias internas devido à ruptura da trompa
de falópio, podendo ser fatal.

A pré-eclâmpsia é uma síndrome que ocorre unicamente na gravidez e que se caracteriza


pela subida da pressão sanguínea, dores de cabeça persistentes, proteinúria, aumento excessivo de
peso e do inchaço (edema) das pernas e dos pés. Já a a eclâmpsia é considerada uma emergência
médica pelas graves consequências para a saúde e vida maternas, sendo uma condição caracterizada
por pressão alta, edema, presença de proteína na urina e convulsões. A eclâmpsia é considerada a
forma mais grave das complicações hipertensivas que surgem durante a gravidez, com uma
mortalidade materna de 30%, acompanhada de hemorragia cerebral. Algumas mulheres têm como
complicação a eclâmpsia sem ter sido diagnosticado pré-eclâmpsia, e ainda podem surgir no
período pós-parto (79% do total de casos), mas a maioria surge antes do parto (67%). Não
caracteriza situação autorizativa de aborto necessário, pois é pós-gravidez.

A mola hidatiforme é uma degeneração vesicular das vilosidades coriônicas (pregas que
existem nas placentas) formando inúmeras vesículas de conteúdo líquido que tornam o aspecto geral
que lembra cachos de uva. Não há concepto, apenas restos placentários degenerados e não há como
falar-se de aborto.

61
19

A superimpregnação ou superfecundação ocorre quando no mesmo ciclo menstrual dois


ou mais óvulos distintos são fecundados por espermatozóides provenientes de um ou mais de um
coito carnal, com um ou outro indivíduo. Daí resultam gêmeos que podem ter paternidades
diferentes. Não é caso de aborto, portanto.

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa que permite a realização de aborto necessário para afastar risco de vida da
gestante:

a) Pseudo-ciese.
b) Gravidez Ectópica.
c) Eclâmpsia.
d) Mola hidatiforme.
e) Superimpregnação.

Portanto a única resposta certa é a letra “b”, pois somente a gravidez ectópica autoriza
o aborto, pois é uma situação de risco à vida da mulher gestante.

GABARITO: “B”

29.TEMA DE CONCURSO: IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL FORENSE

19 Mola hidatiforme: restos de placentas degenerados.

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As principais qualidades das figuras papilares, ou seja, os postulados emitidos para a
datiloscopia e o seu valor de identificação, que são:

- VARIABILIDADE
- IMUTABILIDADE
- INDIVIDUALIDADE
- INIMITABILIDADE
- INALTERABILIDADE

De GALTON a HENRY até VUCETICH e LOCARD, todos os investigadores concordaram com a


existência destas qualidades.

VARIABILIDADE

É infinita se considerarmos o número inimaginável de combinações possíveis de tantas


particularidades epidérmicas: linhas, deltas, poros, pontos característicos, etc. Duas figuras papilares
iguais são do mesmo dedo de um só indivíduo. Dois indivíduos jamais podem apresentar figuras
papilares iguais.

IMUTABILIDADE

Esta garantia tem sido posta em relevo desde os primeiros tempos das investigações
nocampo da DERMOPAPILOSCOPIA. Vários observadores, como GALTON, HERSCHELL e
WECKER, entre outros, notaram que as figuras papilares não se modificam no mais pequenos
detalhes durante os longos períodos da vida.
GALTON e VUCETICH demonstraram claramente um fato, que hoje já ninguém discute:
“todos os pontos característicos ou particularidades, se conservam desde o nascimento até a morte”.
Para finalizar este tema, basta dizer que GALTON observando as figuras papilares obtidas
em diferentes épocas da vida de alguns indivíduos, verificou a imutabilidade, não só dos tipos de
figuras, mas também das mais delicadas características. De 296 pontos de comparação, nem um só
ponto desapareceu ou se modificou depois de muitos anos.
Por fim, eis outro dogma inatacável da datiloscopia: a impossibilidade absoluta de uma
figura papilar se transformar, de modo a se revestir de aspecto diferente, quer dizer, um arco jamais
se transformará num verticilo ou um verticilo numa presilha ou presilha num arco.

INALTERABILIDADE

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Desde os primeiros passos da datiloscopia, confirmam os autores a inalterabilidade das
figuras papilares. Porém, logo apareceram investigadores a afirmar que elas podem sofrer danosmais
ou menos extensos, de forma a alterar-lhes a fisionomia e, mesmo destruí-las.
Este é um ponto de grande interesse e importância para o conhecimento da datiloscopia.
Podemos destacar 6 casos a observar, ao identificarmos certos indivíduos:
1º - absoluta integridade da pele das papilas digitais;
2º - leves alterações na mesma (pequenas cicatrizes, etc);
3º - grandes alterações da mesma (cicatrizes deformadoras);
4º - anomalias congênitas ou acidentais;
5º - ausência absoluta de cristas papilares;
6º - ausência das falangetas e, portanto, das polpas digitais.

INDIVIDUALIDADE

Deste o 6º mês de vida intra-uterina que no feto começa a formar-se os desenhos digitais,que
permanecem por toda a vida e só desaparecem após a morte, com putrefação do cadáver.
Cada pessoa possui desenhos próprios e individuais, quer dizer, constituem formas
inconfundíveis e que servem para identificar um indivíduo entre milhões de outros, sem a menor
dúvida e sem possibilidade de erros. São diferentes entre membros de uma mesma família, não se
transmitem por hereditariedade e são diferentes até entre os gêmeos.

INIMITABILIDADE

MINOVICH, diretor do Serviço Antropométrico de Bucarest, fez experiências nesse sentido.


Submeteu impressões digitais as manobras hábeis de imitadores. No exame que se seguiu, feito por
meio ampliações fotográficas, verificaram-se diferenças tão evidentes e flagrantes entre as
impressões verdadeiras e as imitações que não houve a menor dúvida em distingui-las.
Pode-se, assim, afirmar que também as linhas papilares são inimitáveis.
Falsificar impressões digitais, não dispondo dos dedos que as produzem, originalmente, é
impossível. Assim como não é possível imitar uma impressão tomada diretamente, com tinta preta
de imprensa, o processo ordinário adotado nos serviços de identificação datiloscópica. Não se dá a
mesma coisa com a assinatura, que pode ser falsificada, sem dispor da mão original que a traçou.
Concluindo:

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a) as imitações de impressões digitais, por melhores que sejam, não produzem, exatamente, a sua
autenticidade e, portanto, a sua farsa pode ser destruída perante uma simples perícia;
b) as melhores impressões digitais são sempre obtidas com o recurso dos dedos do indivíduo cujas
impressões se queira imitar, precisando, portanto, contar com a sua aquiescência ou logro;

c) as melhores imitações que tente fazer das impressões digitais, absolutamente, não poderão se
comparar com o valor positivo e real daquelas, destinadas a estabelecer a identidade individual
legadas, cotidianamente, em toda a parte do mundo, pelos serviços de identificação datiloscópica,
porque os desenhos digitais são imutáveis e inimitáveis em sua natureza.

QUESTÃO APLICADA

Assinale a alternativa incorreta que não corresponde a um postulado da datiloscopia:

A Imutabilidade.
B Variabilidade.
C Inimitabilidade.
D Alterabilidade.
E Individualidade.

Portanto, a única alternativa incorreta que corresponde ao enunciado é a letra “d”, pois é justamente
o contrário: a inalterabilidade é pressuposto fundamental da datiloscopia.

GABARITO: “D”.

TEMA DE CONCURSO: FERIDA EM “SANFONA”

As feridas em sanfona ou acordeon de Lacassagne ocorrem quando a superfície do corpo é


depressível (parede de abdome) de modo que a lâmina produz uma lesão mais profunda que o seu
próprio comprimento. Ocorre em situações quando uma ação pérfuro-cortante atinge áreas capazes
de sofrerem acentuada depressão em razão da elasticidade natural da região local atingida, como no

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abdômen. Ocorre normalmente quando um instrumento pérfuro-cortantr como uma faca atinge
órgãos profundamente situados, causando morte agonizante.

QUESTÃO APLICADA

A ferida em sanfona de Lacassagne é caracteriza como lesão por instrumento:


A Pérfuro-cortante.
B Contundente.
C Perfurante.
D Incisa.
E Corto-contundente.

Portanto, correta a alternativa “a”.

GABARITO: ‘A”

TEMA DE CONCURSO: ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DAS CONJUNÇÕESCARNAIS

Os sinais duvidosos de conjunção são os que indicam a possibilidade da ocorrência mas não a
caracterizam. Os sinais certos de gravidez são os que uma vez constatados caracterizam a
ocorrência da conjunção carnal.

São sinais duvidosos da conjunção carnal:

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a) dor: quando ocorre o rompimento do hímen é natural o sentimento de dor, que pode se prolongar
por algum tempo. O grau e intensidade da dor vai depender das condições em que o coito foi
realizado, além da sensibilidade individual de cada mulher.

b) hemorragia: o hímen é um tecido e quando se rompe é natural o início de uma hemorragia. O


grau e intensidade da hemorragia também é variável, de acordo com cada caso: existem casos em
que a hemorragia não ocorre, e existe caso relatado na literatura médica de hemorragia até a morte
da mulher. A perícia deve tomar cuidado especial quanto à simulação, verificando, através de
análises laboratoriais, a compatibilidade entre o sangue analisado e o sangue da vítima.

c) lesões: além do rompimento do hímen propriamente dito, podem ocorrem ainda escoriações,
equimoses e lesões vulvares ou perigenitais, decorrentes em regra do emprego de violência para a
efetivação da conjunção carnal, que eventualmente podem ser constatadas pelos peritos.

d) contaminação: a contaminação da vítima por doença venérea é um indício de contato íntimo.


Entretanto, por si só não caracteriza a conjunção, pois pode resultar de prática libidinosa diversa da
conjunção. A perícia deve avaliar a existência da doença também no agressor e ainda verificar se a
evolução da doença coincide com a data alegada da conjunção.

São sinais certos da conjunção carnal:

a) ruptura do hímen: o rompimento do hímen só é um sinal certo da conjunção quando se trata de


mulher virgem, não se aplicando às defloradas. O hímen é uma membrana existente do início do
conduto vaginal, e, via de regra, se rompe durante a primeira relação sexual. Existem casos em que
o hímen é rompido por outras razões: queda sobre objetos rígidos ou pontiagudos, exames médicos
realizados com imperícia, masturbação (geralmente violenta, praticada por outro), e ainda por
doenças (muito raro)

b) esperma na vagina: a existência de esperma no interior da vagina é prova certa da conjunção


carnal. Existem dificuldades periciais em se constatar sua existência, como o lapso de tempo entre
a relação e a perícia, bem como a própria higiene da mulher. A prova pericial se faz com a coleta
do material na vagina e identificação (coloração) em lâminas de microscópio buscando identificar
células masculinas.

c) gravidez: quando ocorre a gravidez, não há necessidade de estudos para comprovar a conjunção
carnal.

QUESTÃO APLICADA

São sinais duvidosos de uma conjunção carnal, exceto:

A Hemorragia no himen.
B Lesões vaginais.
C Dor vulvar.
D Esperma na vagina.
E Contaminação por doença sexualmente transmissível.

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Portanto a alternativa”d” é a única que não corresponde a um sinal duvidoso de gravidez, sendo na
verdade um sinal certo.

GABARITO: “D”

TEMA DE CONCURSO: FENÔMENOS BIÓTICOS DESTRUTIVOS

São fenômenos cadavéricos destrutivos :

- Autólise: fenômenos fermentativos anaeróbicos, verificados no interior da célula.

- Maceração: ocorre no meio úmido (ex: afogados), os tecidos se soltam facilmente.

- Putrefação: decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de diversos germes e alguns
fenômenos daí decorrentes. O intestino é o ponto de partida (exceto nos fetos e recém-nascidos),
começando, portanto, na flora intestinal. Varia de acordo com fatores intrínsecos (idade,
constituição...) e extrínsecos (temperatura, aeração...).

Fases da Putrefação

1 - Cromática: Início: de 18 a 24 horas após o óbito, com uma duração aproximada de 7 a 12 dias,
dependendo das condições climáticas. Aparecimento de uma mancha esverdeada na pele da fossa
ilíaca direita (mancha verde abdominal). Nos recém-nascidos e nos afogados, a mancha verde é
torácica e não abdominal.

2 - Gasosa: Período: de 7 a 30 dias após o óbito. Surgimento dos gases da putrefação (enfisema
putrefativo), com bolhas de conteúdo hemoglobínico (flictenas: Circulação póstuma de Brouardel.).
Cadáver assume aspecto gigantesco, projeção dos olhos, da língua e distensão do abdome (aspecto
de boxeador); nas grávidas, o feto pode ser expelido.

3 - Coliquativa: Período: após 30 dias até 2-3 anos após o óbito.

Dissolução pútrida do cadáver, liquefação dos tecidos, surgimento de grande número de larvas
de insetos.

4 - Esqueletização: restam apenas os ossos e pêlos.

QUESTÃO APLICADA

Um cadáver é encontrado com aspecto dissolvido em relação aos tecidos, que se apresentam
liquefeitos e uma significativa quantidade de larvas de insetos. Assinale a alternativa que
corresponde ao fenômeno cadavérico verificado:

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A Putrefação coliquativa.
B Putrefação cromática.
C Putrefação gasosa.
D Autólise.
E Esqueletização.

Portanto, excetuando a alternativa “a”, que correspondeao enunciado: trata-se de um caso de


putefração coliquativa, com insetos sobre o corpo e tecidos liquefeitos. As demais estão acima
definidas, com características distintas.

GABARITO: ‘A”

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PONTOS QUE PODEM CAIR EM CONCURSO PÚBLICO

TÓPICO 1: IMPUTABILIDADE OU SEMI-IMPUTABILIDADE DAS PSICOPATIAS

Atualmente existem divergências entre os que defendem a origem desses desvios psicopaticos em
certa predisposição constitucional do individuo, sendo possível encontrar a causa nas deficiências
funcionais do cérebro e aqueles que admitem que os desvios se originam em possíveis rejeições
sofridas pela criança nos primeiros anos de vida.

Os portadores de psicopatias seriam aqueles situados em uma escala de transição entre o psiquismo
normal e as psicoses funcionais. Seus portadores são uma mistura de caracteres normais e caracteres
patológicos. São os inferiorizados ou degenerados psíquicos. Não se tratam propriamente de
doentes, mas de indivíduos cuja constituição é, “ab initio”, formada de modo diverso da que
corresponde ao “homo medius”. Quanto às personalidades psicopáticas, estas são marcadas por
desajustamento social, tendências de reação às normas, sem acomodação ao grupo, dificuldades de
adaptação ao meio e de relações com os demais. São, desta forma, parte integrante do indivíduo,
precocemente reveladas, e constantes em toda a sua existência. Caracterizada por perturbações
constitucionais, transtornos da afetividade, dos instintos, do temperamento e do caráter, vão se
intensificando com o desenvolvimento do indivíduo, tornando-se cada vez mais marcadas. Revela-
se, assim, num distúrbio da conduta, no qual verifica-se presença residual de imputabilidade penal
ou mesmo plena capacidade de entendimento do ato criminoso e de enquadramento de sua vontade,
consciência e querer. Situa-se, portanto, na seara da semi-imputabilidade e da imputabilidade, ainda
que haja fatores distintos no estado psíquico regular.

Quanto às personalidades psicopáticas, estas são marcadas por desajustamento social, tendências de
reação às normas, sem acomodação ao grupo, dificuldades de adaptação ao meio e de relações com
os demais. São, desta forma, parte integrante do indivíduo, precocemente reveladas, e constantes
em toda a sua existência.

Caracterizada por perturbações constitucionais, transtornos da afetividade, dos instintos, do


temperamento e do caráter, vão se intensificando com o desenvolvimento do indivíduo, tornando-
se cada vez mais marcadas. Revela-se, assim, num distúrbio da conduta. Situam-se em uma zona
limítrofe entre a semi-imputabilidade e a imputabilidade, pois define-se ainda que residualmente
uma capacidade de entendimento da natureza ilícita do comportamento criminoso e um
enquadramento próprio desta compreensão.

O critério adotado em nosso sistema penal atual refere-se ao biopsicologico ou misto, no qual
verifica-se ao tempo do fato se o sujeito era mentalmente sao com capacidade de entender o caráter
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com este entendimento. Por esse sistema misto verifica-
se se o transtorno mental afetou e em que gradação a capacidade analítica do ilícito e sua
determinação segundo este conhecimento.

TÓPICO 2: LESÕES DE SAÍDA DOS PROJETIS DE ARMA DE FOGO

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As lesões de saída de projéteis de armas de fogo têm formato irregular. Comumente
apresentam os bordos voltados para o exterior, e apresentam maior sangramento. Não apresentam
orla de enxugo ou zona de Fisch. Além da forma irregular destas feridas, as dimensões verificadas
geralmente são maiores que as do o orifício de entrada. Para projéteis impulsionados com grande
energia, se a formação da cavidade é máxima no ponto de saída, o resultado será uma larga saída
com grande perda de tecido.
O orifício de saída das feridas produzidas por projéteis de arma de fogo tem, além da forma
irregular, a presença de bordas invertidas, maior sangramento e não apresenta orla de escoriação
nem halo enxugo. A forma é irregular e o diâmetro maior que o do orifício de entrad a, pois o projétil
que sai não é o mesmo que entrou. Deforma-se pela resistência encontrada nos diversos planos e
nunca conserva seu eixo longitudinal.20 Nos disparos a distância, os projéteis cilindrocônicos
determinam o orifício de saída linear; será, no entanto, sempre irregular, qualquer que seja a
distância do disparo, se o projétil se deforma ou arrasta consigo projéteis secundários.” 21 Os bordos
do orifício de saída são além de irregulares, dilacerados e revirados para fora (daí o nome evertidos).
Junto aos orifícios de saída, em face da não expansão da pele em decorrência do atrito e do
efeito da compressão junto a um anteparo resistente, podem forma-se uma orla de escoriação ou de
contusão anômala, além de auréolas equimóticas (raro).

20 FRANÇA, G.V. Medicina legal. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabera Koogan, 2000.
21
CROCE, Delton Junior. Manual de Medicina Legal. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 348/9.

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TÓPICO 3: DIFERENÇAS ENTRE DEFORMIDADE PERMANENTE DE MEMBRO,
SENTIDO OU FUNÇÃO E ENFERMIDADE INCURÁVEL

São casos típicos de enfermidade incurável o prolapso da válvula mitral, a hérnia diafragmática e
a epilepsia pós-traumática. Em relação aos casos de debilidade permanente de membro, sentido
ou função a diminuição da acuidade auditiva, alteração permanente de qualquer função orgânica,
como da respiração, digestiva e da circulação, além do enfraquecimento permanente de um
membro, superior ou inferior, por paresia. Na enfermidade incurável o dano resulta em moléstias
com estado patológico generalizado, com alteração da saúde física ou psíquica em distintas
manifestações que não são suscetíveis de desaparecer espontaneamente nem por procedimentos
médicos que levem à cura com os meios usuais da medicina, ao passo que na debilidade
permanente de membro, sentido ou função a disfunção, por mais acentuada que seja, não leva a
um estado patológico geral incurável, causando o dano um enfraquecimento funcional ou
embaraço funcional do membro, sentido ou função.

A perda da audição com surdez completa se enquadra como uma perda ou inutilização de uma
função, ou seja, de uma atividade fisiológica dos órgãos auditivos para fins de enquadramento
típico na qualificadora da lesão corporal de natureza grave revista no artigo 129, parágrafo 2º, III,
do Código Penal.

A debilidade permanente de membro, sentido ou função é a perda de força, o enfraquecimento,


resultante de um dano anatômico ou funcional. Inclui-se ainda nesta categoria a perda de um ou
dois dedos. Vem a ser definida como tipo qualificado de lesão corporal de natureza grave.

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Os membros, braços e pernas, são os membros superiores e inferiores do corpo, podendo ficar
debilitados permanentemente em consequência de lesões corporais causados por energias
mecânicas e físicas.

Sentidos são os mecanismos sensoriais que possibilitam o relacionamento do indivíduo com o


mundo (visão, audição, tato, olfato e paladar), podendo ser afetados em decorrência de
traumatismos diretos sobre os órgãos responsáveis por estes sentidos ou por lesões no crânio.

As funções passíveis de debilitação são as atividades de órgãos ou aparelhos do corpo humano


(rins, coração, olhos, ouvidos, mastigação), que apesar de reduzidas não ficam inutilizadas por
completo.

Já a enfermidade incurável corresponde a uma lesão corporal qualificada como gravíssima no


Código Penal, indicando qualquer estado mórbido de lenta evolução, que venha a resultar na
morte da vítima ou que, mesmo tendo cura, esta se dê em um longo prazo.

Incurável é aquilo que é definitivo, em face de processos normalmente utilizados para a cura.
Enfermidade é uma anomalia, patologia permanente, resultante de um trauma externo (ex.: ferida
penetrante no tórax que ocasiona lesão grave da pleura, produzindo uma aderência d o pulmão à
caixa torácica e diminuindo, assim, a capacidade respiratória do indivíduo).

TÓPICO 4 : MACERAÇÃO FETAL

A maceração fetal é um fenômeno abiótico que se relaciona com o lapso de tempo decorrido,
indicando diversas alterações no feto, como destacamento da epiderme em retalhos cutâneos; derme
embebida com hemoglobina, apresentando tonalidade vermelho-escura, cor de vinho e aspecto
sanguinolento; mobilidade anômala ; membro mobilizáveis como em um polichinelo; cavalgamento
dos ossos do crânio, com a impressão de múltiplas faturas e achatamento lateral da cabeça; cordão
umbilical encharcado de hemoglobina.

O líquido amniótico é produzido na placenta, por volta do 12º dia após a concepção e com água do
corpo da mãe. É um líquido de aspecto amarelado que protege o feto e contribui para o
desenvolvimento dos órgãos e funções vitais. A partir do 4º mês da gravidez os rins do bebê
começam a funcionar e tomam a seu cargo a produção do líquido amniótico que passa a ser
constituído, sobretudo, por urina fetal. Portanto, sua produção e evolução dependem intrinsecamente
de um feto vivo. Por isso não há maceração quando há vida intra-uterina.

A cronotanatognose (análise do tempo da morte) do feto que está morto no interior do útero possui
indicações objetivas para seu diagnóstico: a maceração começa a ser observada em 24 horas após a
morte intra-uterina. Já o cavalgamento dos ossos do crânio indica morte ocorrida há pelo menos sete
dias.

73
TÓPICO 5: LIVORES CADAVÉRICOS NA IDENTIFICAÇÃO DA MORTE

Os livores fixados de tonalidade violácea aparecem de oito a 12 horas após a morte. Portanto,
mesmo que seja modificada a posição de decúbito de cadáver após tal lapso temporal, os livores
permanecem nos locais onde estavam presentes originariamente. Portanto, o cadáver encontrado
indica uma morte ocorrida entre 8 a 12 horas após o fato, e, como há profusão pelo corpo nos
membros inferiores e posteriores, indica-se a possibilidade de ter ocorrido uma morte súbita ou
violenta.

A rigidez cadavérica presente no membro inferior somente, com flacidez ou normalidade de


tensão nos membros superiores é um indício de manipulação do cadáver quanto a sua posição, já
que pela Lei de Nysten-Sommer-Larcher inicia-se pelas musculaturas da mandíbula e da nuca,
passando para o tórax, posteriormente afetando os membros superiores do abdômen e finalmente
atingindo os membros inferiores.

Os sinais abióticos consecutivos verificados no cadáver indicam morte recente de até 1 dia
por asfixia geral a ser verificada sua espécie em exame posterior, diante da tonalidade rosácea dos
livores, profusão pelo corpo e presença de rigidez intensa até os membros inferiores.
.
Os livores cadavéricos e a rigidez cadavérica são elementos fundamentais consecutivos ou
tardios para a análise do momento da morte.

Livores são manchas de diferentes tonalidades, ora agrupadas, ora esparsas, existentes ns
regiões de maior declividade do corpo e indicam certeza de morte para a maioria dos doutrinadores
de Medicina Legal. Surgem da seguinte forma: com a morte, cessam os batimentos cardíacos
responsáveis pela circulação sanguínea; finalizada a circulação do sangue no interior dos vasos
sanguíneos, a ação da gravidade faz com que o sangue desça, no interior dos vasos para as regiões
corporais de maior declive.

O sangue escoa sempre dentro dos vasos e se aloja nos vasos situados nas regiões de maior
declive, formando locais de hipóstase, onde justamente o sangue fica mais acumulado. Em geral, os
livores são mais difíceis de serem observados nos indivíduo de pele mais escura, mas o fenômeno
ocorre da mesma forma que os indivíduos de pele clara.

74
22

A tonalidade em geral dos livores é violácea por causa d a redução de hemoglobina, ou seja, a
hemoglobina sem oxigênio em função da ausência de respiração e de circulação com o evento morte
leva a esta coloração, que progressivamente muda em decorrência da diminuição crescente de
oxigênio no sangue do cadáver, tornando-se mais escura a coloração.

MACETE PARA CORES DE LIVORES (importante para concurso público):


✓ Os livores achocolatados ocorrem nas intoxicações por clorato de potássio;
✓ Livores carminados (cor cereja) ocorrem nas intoxicações por monóxido de carbono;
✓ Livores vermelho-claro surgem nos casos de afogamento em águas frias com acentuada hemólise;

22
Corpo em decúbito dorsal com livores profusos e dispersos. Notar o membro inferior enrijecido (braço esquerdo) indicando morte em torno de 12 horas.

75
✓ Livores avermelhados surgem em casos de morte por geladura ou quando há exposição do corpo a
ambientes gelados;
✓ Livores violáceo-escuros nos casos de morte por asfixia real.

Os livores se tornam fixos de 8 a 12 horas após a morte. Mesmo que se modifique nesse
momento a posição de decúbito do cadáver após esse lapso temporal, as manchas permanecem
nos locais onde se encontravam.

Os livores ficam afixados porque a hemoglobina da região onde estão acumulados os livores
começa a extravasar com a hemólise (rompimento dos vasos sanguíneos), concentrando-se
gradativamente no local. Mesmo que se mude a posição do cadáver e uma parcela de sangue
escoe para outra área do corpo, o local original permanece manchado na região anterior.

Quanto a rigidez cadavérica, logo após a morte o cadáver fica inteiramente flácido. Mas com
o passar do tempo, vão ficando enrijecidos.

COMO OCORRE E POR QUÊ?

Isso ocorre em decorrência do fenômeno da acidez tissular post-mortem, no qual todas as


células, após a morte, são afetadas pelo processo de acidificação dos tecidos em decorrência da
progressiva falta de oxigênio no corpo. Com a morte predominam os processos anaeróbicos devido
a falta de oxigênio em virtude da cessação da respiração, surgindo uma alteração metabólica que
resulta em uma acidez generalizada. Gradativamente vão se formando pontes químicas irreversíveis,
permanentes, entre as moléculas de actina e miosina, em função da progressiva falta de ATP
(composto químico que é uma fonte de energia para as diversas funções do organismo), resultando
no fim do processo normal de contração e relaxamento muscular. As moléculas de actina e miosina
(que participam dos processos de contração muscular) se tornam fixas por meio de pontes químicas
justamente no local onde estavam logo após a morte.

76
23

A rigidez cadavérica obedece a um fenômeno típico: a Lei de NYSTEN-SOMMER-


LARCHER. Por este fenômeno, a rigidez cadavérica aparece na seguinte ordem: músculos
mandibulares, do pescoço, do tórax, dos membros superiores, do abdome e, finalmente, dos
membros inferiores. O seu desaparecimento, por sua vez, obedece à mesma ordem de seu
aparecimento. Decorridas 36 horas do óbito, em média, o processo de resolução da rigidez, já se
instalou e completou. A rigidez é, portanto, um fenômeno físico-químico nu m estado de contratura
muscular, devido à ação dos produtos católitos do metabolismo, correspondente a um a situação de
vida residual do tecido muscular. Sua importância médico-legal não se restringe apenas ao
diagnóstico de morte, mas também à determinação da data da morte, embora esteja sujeita a
exceções apresentadas por elementos extrínsecos e intrínsecos.

As mortes por asfixia em geral apresentam livores com tonalidade violácea que se disseminam
profusos e rigidez muscular intensa resultante da degradação rápida de ATP e conseqüente
acidificação muscular post-mortem, justamente o que indica o cadáver pelas suas características.

TÓPICO 6: SÍNTESE DE TRAUMATOLOGIA FORENSE

TIPOS DE LESÃO CONTUNDENTES:

1. Rubefação – É uma vermelhidão na superfície corporal provocada, muitas


vezes, por uma bofetada. A lesão é simples e em pouco tempo desaparece;

2. Escoriação – É o arrancamento ou desepitelização da epiderme. Quando a


crosta cai, a epiderme recupera-se sem deixar cicatriz. Tem grande valor para se

23 Quadro sinótico com a sequência de aparecimento da rigidez cadavérica pela Lei de Nysten -Sommer-Larcher: músculos mandibulares; músculos dos
pescoços; membros do tórax, membros superiores, membros do addomen, membros inferiores.

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diagnosticar torturas, estupros, atos libidinosos, esganaduras, etc;

3. Equimose – Pequeno infiltrado sangüíneo, superficial ou profundo, entre os


tecidos. É provocada por pressão, distensão e sucção.

✓ O espectro equimótico de Legrand du Saulle é baseado nas cores que as equimoses apresentam
durante a absorção: Vermelho violáceo + azul + verde + amarelo. Formam a palavra «Vava».
✓ O espaço de uma coloração para outra é em torno de três dias.
✓ Esta mudança de coloração é devida à transformação bioquímica da hemoglobina do sangue
extravasado para os tecidos.

4. Hematoma – Grande infiltrado sangüíneo, superficial ou profundo, entre os


tecidos em que o sangue fica coletado.

5. Bossa sero-sanguinea – Edema com infiltrado linfático ou sanguíneo em


contato com a parede óssea. É vulgarmente chamada de galo;

6. Fratura – É a quebra, localizada ou à distância, de um osso. Existem vários


tipos de fratura como, diretas, indiretas, cominutivas, fechadas, expostas,
múltiplas e em galho verde;

7. Luxação ou Entorse - É uma desarticulação provocada no cotovelo, ombro,


coxa, joelho, tornozelo, dedos, etc;

8. Ferida Contusa – É a ruptura dos tecidos provocada por pressão,


compressão, percussão, arrastamento, explosão e tração. Caracteriza-se por ter
forma estrelada ou sinuosa, bordas escoriadas e irregulares, fundo ou leito
também irregular, pouco sangramento devido à manutenção dos vasos e unindo
uma borda a outra borda existem pontes ou trabéculas do próprio tecido;

9. Lesão Visceral - É a ruptura de uma víscera como fígado, baço, estômago,


coração, bexiga, etc. Nas lesões viscerais há sempre um perigo de vida e a lesão
é qualificada como GRAVE.

10. Explosões – São lesões atípicas e violentas denominadas de Blast Injury.


Provocam a fragmentação, parcial ou total, da estrutura anatômica do corpo.

FERIDAS CORTANTES:

CONCEITO: São instrumentos rombos, pequenos, dotados de um gume ou fio,


que deslizando sobre a superfície corporal provocam lesões.
Exemplos: Navalha, gilete, faca de mesa, caco de vidro, etc.

Tipos de lesão cortantes:

Ferida incisa ou cortante. Contém extensão maior do que a profundidade, bordas


regulares, fundo regular, sangra e é dotada de uma cauda de escoriação.

FERIDAS PERFURANTES:

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CONCEITO: São instrumentos pequenos, dotados de uma ponta de diâmetro
fino, que por pressão afastam os tecidos provocando lesões profundas.
Exemplos: Prego, agulha, chave de fenda, furador de gele, espeto e outros.

Tipos de lesão perfurantes:


1. Botoeira: Assume o formato de casa de botão;
2. Punctória: Tem a forma de um ponto.
3. Em ponta de seta ou em ângulo: Quando a lesão encontra-se nas regiões de
confluências musculares.

CORTO CONTUNDENTES:

CONCEITO: São instrumentos de dupla ação, cortam por ter um gume e


contundem porque são pesados. Agem cortando e contundindo simultaneamente.
Exemplos: Facão, foice, enxada, machado, guilhotina, dentes, etc.
Tipos de lesão corto contundentes:

São extensas, profundas, hemorrágicas, deformam e mutilam por perdas de


substância. Arrancam partes da superfície corporal e têm formatos irregulares.

FRIDAS PERFURO CORTANTES:

CONCEITO: São instrumentos de dupla ação, perfuram por ter pontas finas e
cortam por ter gumes. Agem simultaneamente perfurando e cortando.

Exemplos: Faca peixeira, canivete, punhal, trinchete, etc.


Tipos de lesão perfuro cortantes:

1. Em ângulos agudos: Quando o instrumento é dotado de um dorso e gume;


2. Em botoeiras: Quando o instrumento é dotado de dois gumes;
3. Estreladas: Quando o instrumento é dotado de mais de dois gumes. Os
antigos punhais de três quinas e as limas são exemplos notórios.

TÓPICO 7: LESÕES POR CALOR, FRIO E PRESSÃO ATMOSFÉRICA

ENERGIAS FÍSICAS são todas aquelas que alteram ou modificam a estrutura


física das células podendo provocar lesões corporais, danos à saúde e morte.

TIPOS DE ENERGIA FÍSICOS: * Frio * Calor * Temperaturas Oscilantes;


* Pressão Atmosférica * Eletricidade * Radioatividade * Luz * Som.

O FRIO
Conceito: É a diminuição da temperatura.
1.1- Sinais próprios externos ou Geladuras:
• Geladuras de 1º grau – Provocam um vermelho pálido na superfície corporal
devido à vasoconstrição;
• Geladuras de 2º grau – Provocam flictemas ou bolhas hemorrágicas;

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• Geladuras de 3º grau – Provocam isquemias;
• Geladuras de 4º grau – Provocam a necrose dos tecidos ou gangrena.

Fatos históricos: As geladuras dos famosos pés de trincheira dos soldados da


primeira guerra mundial que provocaram muitas amputações.

1.2- Sinais próprios externos e internos vistos na necropsia:


• Pele de cor rósea e engruvinhada, retração dos mamilos e saco escrotal,
isquemia cerebral, congestão poli visceral e sangue fluido e claro.]

Causas Jurídicas de morte: Homicídios e Acidentes.

2. O CALOR
Conceito: É o aumento da temperatura. Pode ser Direto e Difuso.

2.1.CALOR DIRETO (fogo): As Queimaduras são provocadas pelas chamas,


pelos sólidos incandescentes e líquidos ferventes. Segundo Hoffmann
classificam-se em 4 (Quatro) Graus:
• Queimaduras de 1º grau – Provocam um vermelhidão na superfície corporal
• Queimaduras de 2º grau – Provocam bolhas ou flictemas cheias de liquido
sero hemático (Sinais de Chambert);
• Queimaduras de 3º grau – Provocam uma escarificação – Deixam cicatrizes.
• Queimaduras de 4º grau – Provocam a Carbonização. Esta Carbonização
poderá ser parcial ou total.

CARACTERISTICAS DO CARBONIZADO TOTAL:


Cor enegrecida, diminuição de tamanho, atitude de boxeador ou de saltimbanco,
fendas nas cavidades (craniana, torácica e abdominal), pelos crestados, fuligem
no pulmão (Sinal de Muntalti).
As queimaduras levam a morte por choque Neurogênico, Hipovolêmico,
Toxêmico e Séptico.
Causas jurídicas de morte: Homicídio – Suicídio – Acidente.

2.2.CALOR DIFUSO: (Insolação e Intermação).

• Insolação – É provocado pelo sol – Produz queimaduras de 1º e 2º graus. A


morte quase sempre é acidental.
• Intermação – É motivada pelo exagero dos aquecedores, quenturas das
caldeiras ou dos fornos em geral e dos ambientes fechados. Provoca um
mormaço sistêmico com convulsões e asfixia. A morte é quase sempre
acidental, podendo também acontecer homicídios.

3. TEMPERATURAS OSCILANTES
Conceito: É a variação da temperatura corporal. Diminuem as resistências e
facilitam as doenças e aos acidentes de trabalho. .
3.1.Diminuição ou hipotermia: Predispõe a todo tipo de infecção;
3.2.Aumento ou hipertermia: A febre é um sinal alarmante de infeções.

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4. A PRESSÃO ATMOSFÉRICA

Conceito: É o peso do ar. Ao nível do mar é igual a 760 mm de Hg ou 1.036 kg


por centímetros cúbitos. Tem interesse nos casos de doenças e acidentes do
trabalho.

4.1.Diminuição – É o mal das altitudes. As vítimas são os aviadores e os


montanhistas. Acontece a rarefação devida diminuição do oxigênio e do gás
carbônico prejudicando assim o fenômeno da Hematose. Provoca ainda
epistaxes, hemorragias cerebrais e distúrbios gastro intestinais;

4.2.Aumento – É o mal das profundidades. É a doença dos mineiros e dos


mergulhadores. Devido os gases (oxigênio, nitrogênio e gás carbônico)
ganharem a corrente circulatória haverá intoxicação do organismo, embolias,
descompressão com rupturas de vísceras e hemorragias internas consecutivas.

Observação: O instrumento destinado a medir a Pressão Atmosférica é o


Barômetro.

TÓPICO 8: LESÕES PROVOCADAS POR DESCARGA ELÉTRICA

ELETRICIDADES

Classificação: Podem ser Natural e Industrial.

1.ELETRICIDADE NATURAL OU CÓSMICA: É representada pelo Raio.


As lesões provocadas pelo Raio são arboriformes ou em zigue-zague e são
chamadas Lesões de Lichtenberg. Quando há somente queimaduras dizemos
que houve Fulguração. Quando acontece a morte dizemos que houve
Fulminação.

As causas jurídicas de morte são Acidentais.

2.ELETRICIDADE INDUSTRIAL OU ARTIFICIAL: É a que produz a


iluminação comum e impulsiona o progresso mundial. Tem como lado maléfico
o Choque Elétrico. Este provoca lesões de entrada denominadas de saca bocado
ou marcas de Jellinek e outros tipos de lesão de saída.

2.1.Marcas de Jellinek: Têm como características as bordas irregulares e


elevadas, leitos deprimidos, não sangram, são assépticas e tem cor branca
amarelada. Às vezes apresenta a forma ou desenho do eletroduto com salpicos
metálicos (metalização).

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2.2.Lesões de saída: Estas se assemelham com as queimaduras de 1º-2º-3º-4º
graus provocados pelo fogo, anteriormente descritas.
2.3.Causas jurídicas de morte: Homicídios – Acidentes – Suicídios.

2.4.Causa Mortis: Ao assinar o Atestado de Óbito, o médico perito deverá


optar pelo diagnóstico de Eletroplessão ou eletrocussão ou simplesmente choque
elétrico.
• Até l20 voltes à morte é pelo coração, ou seja, fibrilação aurícula ventricular.
• De 120 a 1200 Voltes à morte é pulmonar, isto é asfixia.
• Acima de 1200 Voltes à morte é encefálica, ou melhor, isquemia cerebral.

TÓPICO 9: SOBRE BREVES CONSIDERAÇÕES SEXOLOGIA FORENSE

A - DESVIOS DAS ANOMALIAS SEXUAIS

1-Anafrodizia - É a diminuição do apetite sexual no homem;


2-Frigidez – É a diminuição do apetite sexual na mulher:
3-Donjoanismo – É a mania do homem em comentar conquistas amorosas;
4-Erotismo – É o aumento do apetite sexual no homem e na mulher;
4.1.No homem é denominada de Satiríase que é a ereção quase contínua e
dolorosa. Não confundir com priaprismo.
4.2.Na mulher é chamada de Ninfomania ou uteromania que as torna
insaciáveis pelo sexo. É o chamado furor uterino.

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5-Auto Erotismo – É a excitação sexual contemplativa do homem ou da mulher
(retratos, esculturas, etc.);
6-Erotomania – É a excitação sexual criativa ou imaginativa tanto do homem
como da mulher (Criam personagens como sereias, índias, princesas etc.);
7-Exibicionismo – É a excitação sexual do homem e da mulher em expor suas
genitálias externas;

8-Narcisismo – É a admiração pelo próprio corpo. Tem origem com o fidalgo


Narcisus que um dia viu sua imagem refletida na água d e um lago e logo se
apaixonou. É mais comum nas mulheres.
9-Mixoscopia ou voyeurismo – É a excitação em ambos os sexos de espreitar as
relações sexuais de outras pessoas (são famosos brecheiros);
10-Fetichismo – É a excitação sexual do homem e da mulher por objetos
preferenciais ou partes físicas do corpo.
10.1.Objetos: Calcinhas, cuecas, lenços, pentes, blusas, camisas, etc.
10.2.Partes do corpo: Olhos, mãos, pés, cabelos e até os defeitos físicos.
11-Lubricidade Senil – É a excitação sexual dos velhos (as) pelos jovens;
12-Gerontofilia – É a paixão dos jovens, através de excitações sexuais, pelos
velhos (as). Jovem rico (a) apaixonado (a) por velha (o) pobre só pode ser
loucura;
13-Cromo inversão – É a excitação sexual pela cor diferente da pele;
14-Etno Inversão – É a excitação sexual por raças diferentes;
15-Topo Inversão ou cópula ectópica – É o prazer sexual em região do corpo,
diferente da região normal. Na boca (felação ou cunilingua), no anus (sodomia),
nas axilas, nos seios, entre os dedos dos pés e em muitas outras regiões
anatômicas.
16-Urolagnia – É a excitação sexual do homem e da mulher vendo ou cheirando
a urina do parceiro(a);
17-Coprolalia – é a excitação sexual ouvindo ou pronunciando em voz alta
nomes obscenos;
18-Coprofilia – É a excitação sexual vendo ou machucando com o corpo as
fezes do parceiro(a). Manda inclusive tomar de véspera um laxante, pois quanto
mais diluída as fezes, melhor;
19-Pigmalionismo – É a excitação sexual agarrado nas estátuas. Começou com
o nobre Pigmaleão que se apaixonou por uma estátua (Galatéia) que mandou
esculpir;
20-Edipismo – é a excitação sexual do homem por sua própria mãe;
21-Dolismo – É a excitação sexual por bonecas comuns e manequins;
22-Pluralismo ou troca interconjugal – É o prazer sexual entre dois ou mais
casais em forma de orgia ou sexo coletivo;
23-Frotteurismo – É o prazer em roçar a genitália externa nas partes
exuberantes dos outros (mais comum nos homens);
24-Clismafilia – É o desejo sexual de tomar clister (Água no anus);
25-Onanismo ou coito interruptus – É a ejaculação fora da cavidade vaginal;
26-Masturbação – É o prazer sexual do homem (pênis) e da mulher (clitóris)
em friccionar estas genitálias externas.
26.1.Auto masturbação: Usando as próprias mãos ou instrumentos mecânicos
26.2.Hetero masturbação: Quando é executada por outra pessoa.
27-Erotografia – É a excitação sexual em ler ou escrever trechos obscenos

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B - ABERRAÇÕES ou PERVERSÕES SEXUAIS

1-Pedofilia – É a excitação sexual por crianças masculinas ou femininas.


Transforma-se sempre em violência;
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2-Riparofilia – É a excitação sexual do homem ou mulher pela falta de asseio,
sujeiras, imundices, etc. Há homem que só procura a mulher quando esta está
menstruada;
3-Triolismo ou troilismo – É a relação sexual entre três pessoas, dois homens e
uma mulher ou em sentido contrário. O francês prefere chamar de ménage à trois
e o brasileiro de suruba;
4-Vampirismo – É a excitação sexual masculina e feminina em ao ver sangue. È
mais comum nos homens que se excitam por mulheres menstruadas. Podem
provocar derrames sangüíneos;
5-Bestialismo ou Zoofilia – É o prazer sexual do homem e da mulher com os
animais (jumentas, cabras, cães treinados e outras bicharadas);
6-Necrofilia – É a excitação sexual de ambos os sexos por cadáveres. De início
não perdem um velório e quando sozinhos se aproveitam do cadáver;
7-Homossexualismo – É o prazer sexual com pessoas do mesmo sexo:
7.1.Pederastia ou Uranismo - Relação sexual do homem com outro homem;
7.2.Lesbianismo ou Safismo – Excitação sexual de uma mulher solteira ou
casada com outra mulher;
7.3.Travestismo – É o prazer em vestir roupas aconselhadas ao sexo oposto;
7.4.Transexualismo – São os revoltados com o próprio sexo.
8-Sadismo – É prazer sexual vendo o sofrimento do parceiro(a);
8.1.Pequeno sadismo: Beliscões, criticas, palavrões e unhadas;
8.2.Médio sadismo: Tapas, bufetes, mordidas e coices;
8.3.Grande sadismo: Homicídios ou até a destruição de animais domésticos.
9-Masoquismo – É o prazer sexual sofrendo diante do parceiro(a).
Não é tão raro. Os motéis famosos mantêm nos armários apetrechos como
chibatas, palmatórias, chicotes ou outros excitadores preferenciais dos hóspedes.

C- ANOMALIAS CONGÊNITAS
«Inviabilizam a relação sexual normal»
1-Intersexualismo: São os portadores ao nascer, de sexo dúbio. Como exemplo,
temos o pseudo-hermafroditismo;
2-Impotência sexual masculina: 1-Coeundi ou instrumental, 2-Hipertrofia de
pênis, 3-Exiguidade de pênis, 4-Ausência de pênis, 5-Hérnias gigantes escrotais;
3-Acopulia Feminina: 1-Ausência congênita de vagina, 2-Atresias ou
estreitamentos vulvo vaginais, 3-Gigantismo vaginal.

CAUSAS DAS ANOMALIAS SEXUAIS

Existem vários estudos determinando suas causas. Por enquanto preferimos


deixar uma interrogação em cada item citado.
1. Genéticas – Há um gene responsável por estas anomalias;
2. Mentais – São os loucos de todos os gêneros;
3. Endócrinas – O sistema grandular poderá ser a causa;

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4. Sociais – Os internatos, as promiscuidades, a falta de educação sexual e a.
marginalização podem ser causas.

TÓPICO 10: RESUMO DE TANALOTOGIA FORENSE (REVISÃO)

1 - FENÔMENOS CADAVÉRICOS

CONCEITO: São séries de transformações Químicas, Físicas e Biológicas que


passam o cadáver desde o momento do óbito até muito tempo depois.
Divisão: Abióticos ou Avitais e Transformativos.

ABIÓTICOS OU AVITAIS:
São as provas que não mais existe vida

Subdivisão: IMEDIATOS e CONSECUTIVOS

1.1. IMEDIATOS: Havendo o óbito eles logo aparecem. São considerados


duvidosos por constatarem superficialmente a morte.
• Parada cárdia respiratória irreversível;
• Insensibilidade, inconsciência e imobilidade.
• flacidez muscular generalizada com relaxamento dos esfíncteres.
• Fácies hipocrática ¹

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¹ Fácies Hipocrática: Testa enrugada, cercado de coloração escura, têmporas
deprimidas, cavas e enrugadas, queixo franzido e endurecido, epiderme seca, lívida e
plúmbea, pêlos das narinas e dos cílios cobertos por uma espécie de poeira de branco
fosca, fisionomia nitidamente contornada e irreconhecível.

1.2. CONSECUTIVOS: Demoram algumas horas para aparecer, porém,


afirmam em definitivo a inexistência da vida.

• Desidratação: Há evaporação tegumentar do cadáver que se caracteriza


pelos sinais: a) perda de peso b) pele pergaminhada, endurecida e
sonora c) dessecação da mucosa dos lábios d) modificação do globo
ocular com falta de transparência ou opacificação da córnea.
• Resfriamento progressivo (algor mortis): A temperatura corporal de
37 graus baixa paulatinamente além da temperatura ambiente.
• Livores de Hipóstase (livor mortis): São manchas de coloração róseas,
provocadas pelo sangue que, se deposita por gravidade nas regiões de
decúbito. Mudam de posição todas as vezes que o cadáver for
manuseado. Depois de certo espaço de tempo se fixam em locais
adversos não mais alterando de posição. São de difícil visualização nos
melanodermos.
• Rigidez cadavérica (rigor mortis): Acontece devido à falta de oxigênio
e a presença da acto miosina. Começa pelas extremidades e depois se

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generaliza.
• Espasmo cadavérico: O cadáver assume posições atípicas ou de
boxeador.
• Mancha verde abdominal: É de coloração violácea sendo bem
visualizada na fossa ilíaca direita motivada pelo excesso de vísceras ali
existente.

2. TRANSFORMATIVOS:
«Destroem ou conservam em partes, o aspecto do cadáver».

Divisão: DESTRUTIVOS e CONSERVADORES

2.1. DESTRUTIVOS: Destroem parcial o totalmente o cadáver.


Subdivisão: Autólise, Putrefação e Maceração.
• Autólise: É a destruição celular por enzimas em torno de 24 horas.
• Putrefação: É provocada por bactérias (aeróbias e anaeróbias), fauna
cadavérica (alguns tipos de inseto), flora cadavérica (alguns fungos).
• A putrefação apresenta quatro fases:
1. Fase de coloração: Iniciando pela mancha verde abdominal, o cadáver
ganha uma cor esverdeada no período que vai de 01 a 07 dias;
2. Fase gasosa: O Cadáver fica edemaciado ou inchado. Mostra a
circulação póstuma de Brouardel que é o desenho formado pelos vasos
sanguíneos na superfície corporal. Vai de 07 a 21 dias;
3. Fase coliquativa: As vísceras do cadáver amolecem e passam a ter uma
consistência amolecida e gelatinosa entre 01 a 03 meses;
4. Fase de esqueletização: O Cadáver é reduzido a uma ossada durante o
tempo de 06 meses a 03 anos. Nesta fase poderá haver auxilio dos
76
animais predadores, como, pebas, ratos, urubus, etc. Todo cemitério que
se preza deverá ter o cultivo destes animais.
• Maceração: É o destacamento da pele do cadáver devido ficar muito
tempo dentro de água. A pele vai se soltando em blocos. Este fenômeno
também é comum nos fetos retidos na cavidade uterina.

2.2. CONSERVADORES:
«Mantém a conservação total ou parcial do cadáver».
• Mumificação: É a conservação do cadáver motivada pela temperatura
ambiente alta, ventilação intensa e ou o sol causticante incidindo sobre
algumas sepulturas consideradas rasas.
• Saponificação ou Adipocera: É a preservação do cadáver, devido
temperatura baixa e ou por inumação em terrenos úmidos e argilosos.
Ficam amarelados e com a semelhança de queijo rançoso.
• Courificação ou corificação: Cadáveres sepultados em urnas metálicas
ou em túmulos hermeticamente lacrados. Aparentam aspecto de couro
curtido.
• Calcificação: Os fetos são petrificados na cavidade uterina (litopédio).
• Congelação: Os cadáveres são encontrados congelados nas geleiras ou
em câmaras frigoríficas, daí os motivos de suas conservações.

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CRONOTANATOGNOSE ou CRONOTANATODIAGNOSE

CONCEITO: É o diagnóstico do tempo de morte, identificado através dos


sinais externos e internos do cadáver. Exemplificando.
1. Esfriamento progressivo: A temperatura corporal que normalmente é de 37
graus, baixa no espaço considerado entre 02 a 17 horas.
2. Desidratação: Perdas de peso por evaporação de liquido tegumentar de 10 a
18 gramas por quilo de peso dia;
3. Rigidez cadavérica: Começa pelas extremidades dos membros superiores,
inferiores e mandíbulas em 02 horas e generaliza-se entre 08 a 12 horas.
4. Livores de hipóstase: São placas de coloração rósea nas regiões de decúbito
visualizadas entre 30 minutos a 12 horas.
5. Fixação dos livores: Depois de 12 horas.
6. Mancha Verde Abdominal: Aparece na fossa ilíaca direita entre 18 a 24
horas depois da morte. A maioria dos autores a considera como início d a
putrefação.
7. Gases da Putrefação: Surgem entre 09 a 12 horas.
8. Perda da transparência da córnea: Acontecem depois de 24 horas;
9. Flacidez Cadavérica: A rigidez cadavérica se desfaz entre 36 a 48 horas.
10. Fauna Cadavérica: As larvas dos insetos se revezam. Conhecendo-se cada
inseto determina-se o tempo da morte.
11. Esqueletização: Normalmente está completa depois de 36 meses.
Postscriptum: A medicina não é uma ciência exata como a matemática,
podendo variar a apresentação dos sinais cadavéricos citados, para mais ou
para menos, o tempo de apresentação, existência e desaparecimento.

CAUSAS JURÍDICAS DE MORTE


1. Natural: A morte acontece por motivos de doença comum ou devido ao
envelhecimento;
2. Violenta: A morte é provocada por homicídios, suicídios e acidentes;
3. Indeterminada: Quando não se tem condições de determinar a Causa
Mortis devido falta de condições técnicas ou pelo o corpo se encontrar em
estado de esqueletização.
Observação: Não é atribuição de o médico perito determinar a Causa Jurídica
de Morte. Tanto é assim que, os quesitos oficiais do auto de exame cadavérico
não incluem esta indagação.
2. TIPOS DE MORTE
Sob o ponto de vista Médico Legal existem dez tipos de morte.
2.1. Aparente: Tem valor histórico. Antigamente nas epidemias ou em ataques
de catalepsias, alguém parecia está morto e não estava. Era então encaminhado
à sepultura ainda em vida. O costume de inumar o cadáver somente depois de
24 horas, remonta desta época.
2.2. Relativa ou Indeterminada: É a parada cárdia respiratória nos acidentes
cirúrgicos. Após massagens especializadas, o morto relativo, volta a viver.
2.3. Anatômica ou Real: É a parada irreversível do coração.
2.4. Histológica ou Celular: Algumas células vão morrendo paulatinamente
como as do sistema piloso, sudoríparo e gastro-intestinais. Existem cadáveres
que as vísceras continuam a digerir os alimentos. Durante o velório devido à

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vida de algumas células e os gases da putrefação, arrotam e até soltam traques.
Continuam exagerados e a fazerem vergonha a família;
2.5. Súbita ou Rápida: Morre rapidamente. (enfarte, acidentes vasculares e
mortes violentas). Mantêm as rugas na face, olhos entreabertos e ficam em
posições de espasmo cadavérico;
2.6. Agônica ou Lenta: Morre vagarosamente. Quando lúcidos, as despedidas
para a família são emocionantes e de cortar o coração;
2.7. Violenta: São as provocadas por Homicídios, Acidentes e Suicídios;
2.8. Natural: Morre por doenças comuns ou velhice. (Não se faz necropsia);
2.9. Eutanásia: É a morte sem dor e encomendada por interesse de alguém.
• Eutanásia Ativa (Apressar a morte): É proibida por nossa legislação;
• Eutanásia passiva ou ortotanásia (deixar morrer em paz): Sempre existiu e
não é proibida no meio médico;
• Distanásia: É a determinação de prorrogar a vida.
2.10. Cerebral ou Encefálica: É a morte das células do cérebro (coma
profundo) em que a vida passa a ser vegetativa.
• Está indicada para a retirada de órgãos quando dos transplantes. Ver Lei de
n.º 9.434/97 e o Decreto de n.º 2.268/97.
• Por gerar polêmica, a vigência desta lei encontra-se suspensa.
2.11. Catastrófica: É toda morte violenta com grande número de vítimas.
2.12. Presumida: É a morte que se verifica pelo desaparecimento de uma
pessoa, depois de transcorrido um prazo determinado pela Lei.

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