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CURSO DE BIOMEDICINA

Profª Juliana de Andrade Cintra

FRANCA
2017
SUMÁRIO

PATOLOGIA ................................................................................................................................... 1
ADAPTAÇÕES CELULARES ....................................................................................................... 1
HIPERPLASIA. ......................................................................................................................... 1
HIPERTROFIA. ......................................................................................................................... 2
ATROFIA. .................................................................................................................................. 3
METAPLASIA. ................................................................................................................................ 4
DISPLASIA . .................................................................................................................................... 5
LESÃO CELULAR .......................................................................................................................... 6
LESÃO CELULAR REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL ISQUÊMICA .................................. 7
LESÃO CELULAR REVERSÍVEL .......................................................................................... 7
LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL ...................................................................................... 8
NECROSE ........................................................................................................................................ 9
APOPTOSE .................................................................................................................................... 13
ACÚMULOS INTRACELULARES ............................................................................................ 15
DEGENERAÇÃO .......................................................................................................................... 15
PIGMENTOS ................................................................................................................................. 18
CALCIFICAÇÕES ........................................................................................................................ 19
INFLAMAÇÃO .............................................................................................................................. 20
INFLAMAÇÃO AGUDA .............................................................................................................. 22
MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO..................................................................... 33
INFLAMAÇÃO CRÔNICA .......................................................................................................... 38
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA ....................................................................................... 40
PADRÕES MORFOLÓGICOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA E CRÔNICA ......................... 40
REPARAÇÃO DOS TECIDOS .................................................................................................... 41
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO CELULAR / CICLO CELULAR ................................. 42
EVENTOS MOLECULARES NO CRESCIMENTO CELULAR ............................................ 43
FATORES DE CRESCIMENTO ................................................................................................. 45
REPARAÇÃO TECIDUAL PELO CONJUNTIVO (FIBROSE) ............................................. 47
FATORES LOCAIS E SISTÊMICOS QUE INFLUENCIAM A CICATRIZAÇÃO DE
FERIDAS ........................................................................................................................................ 51
DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS, TROMBOSE E CHOQUE ............................................ 52
EDEMA .................................................................................................................................... 52
CATEGORIAS FISIOPATOLÓGICAS DO EDEMA ............................................................ 53
HIPEREMIA E CONGESTÃO .................................................................................................. 55
HEMORRAGIA.......................................................................................................................... 55
HEMOSTASIA E TROMBOSE ................................................................................................. 56
TROMBOSE ............................................................................................................................... 58
EMBOLIA .................................................................................................................................. 60
TROMBOEMBOLIA PULMONAR .......................................................................................... 61
TROMBOEMBOLIA SISTÊMICA ........................................................................................... 62
EMBOLIA GORDUROSA......................................................................................................... 62
EMBOLIA GASOSA ................................................................................................................. 62
EMBOLIA DE LÍQUIDO AMINIÓTICO ................................................................................. 63
CHOQUE .................................................................................................................................... 64
HIPOTENSÃO............................................................................................................................ 64
NEOPLASIAS ................................................................................................................................ 67
NEOPLASIA BENIGNA x NEOPLASIA MALIGNA ........................................................... 69
EPIDEMIOLOGIA ........................................................................................................................ 73
TNM – CLASSIFICATION OF MALIGNANT TUMOURS .................................................... 77
BASES MOLECULARES DO CÂNCER .................................................................................... 81
AGENTES CARCINOGÊNICOS ................................................................................................ 86
MÉTODOS DE ESTUDO EM PATOLOGIA............................................................................. 87
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 101
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PATOLOGIA

Patologia significa, literalmente, o estudo (logos) do sofrimento (pathos). Mais


especificamente, é o estudo das alterações estruturais e funcionais das células, tecidos e
órgãos que dão origem a doenças, um estudo através de técnicas moleculares,
microbiológicas, imunológicas e morfológicas”

Aspectos básicos de um processo patológico:

Etiologia – Estudo da origem das doenças Para os árcades (2500 a.C.), se alguém ficasse
doente, a culpa era do próprio doente ou de agentes externos como maus odores, frio, maus
espíritos e deuses.
Patogenia – Mecanismos relevantes pelos quais os agentes etiológicos produzem as
doenças. (bioquímica, imunologia, morfologia entre outros).
Alterações Morfológicas – São alterações estruturais nas células ou nos tecidos que são
característicos da doença.
Importância Clínica - Estudos das funções dos órgãos e tecidos lesados pela doença
(evolução e prognóstico).

ADAPTAÇÕES CELULARES

As células sofrem adaptações fisiológicas ou morfológicas, são alterações do


crescimento, tamanho ou diferenciações celulares e incluem hiperplasia, hipertrofia, atrofia e
metaplasia. As adaptações patológicas podem compartilhar o mesmo mecanismo que as
adaptações fisiológicas, mas propiciam a célula a capacidade de sobreviver no seu ambiente e,
talvez escapar da lesão.

HIPERPLASIA: Constitui-se de um aumento do número de células em um órgão ou


tecido, que então pode ter aumentado de volume. A hiperplasia só ocorre se houver divisão
celular e a população celular for capaz de sintetizar DNA (Mitose). Nem toda célula adulta
tem capacidade para o crescimento hiperplásico.

- Células com grande capacidade mitótica – células da epiderme, epitélio


gastrointestinal, hepatócitos, fibroblastos e medula óssea.
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- Células com capacidade intermediária de proliferação – ossos, cartilagem e os


músculos lisos.

- Células com pouca ou nenhuma capacidade de proliferação, células nervosas


e células do músculo esquelético e cardíaco.

A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica:

* Hiperplasia fisiológica – dividi-se em H. hormonal e H. compensatória.

- Hiperplasia hormonal - ocorre por estimulação hormonal aumentada, mas em


condições não patológicas. Ex. Aumento do útero durante a gravidez (envolve hiperplasia e
hipertrofia); proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e na lactação.

- Hiperplasia compensatória – ocorre para regenerar um tecido. Ex: nas cicatrizações


da pele; na regeneração do fígado após hepatectomia parcial. (fatores de crescimento HGF-
fator de dispersão, inibidores TGF-β). Células pluripotentes na hepatite.

* Hiperplasia patológica – Ocorre com estimulação hormonal excessiva, ou resulta dos


efeitos de fatores de crescimento sobre células –alvo. Ex: Hiperplasia adenomatosa do
endométrio (desequilíbrio hormonal entre progesterona e estrogênio durante o ciclo
menstrual); Hiperplasia benigna da próstata, todos componentes da próstata sofre hiperplasia
por estímulos hormonais (glândulas, músculos lisos e tecidos conjuntivo estromal adjacente);
Bócio (folículos tireoideanos). Portanto, as hiperplasias fisiológicas ou patológicas são
induzidas por estímulos conhecidos, é um processo controlado, pois regride quando o
estímulo cessa. Porém pode ser considerada uma lesão pré-neoplásica se o processo não for
bem controlado.

HIPERTROFIA: – Constitui-se de um aumento do tamanho das células e, com essa


alteração, um aumento do tamanho do órgão.

- O tamanho aumentado das células decorre não de tumefação celular, mas da


síntese de mais componentes estruturais.

A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica:


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* Hipertrofia fisiológica – é causada por aumento da demanda funcional ou por estimulação


hormonal específica sem que haja uma patologia associada. Ex: o crescimento do útero na
gravidez (envolve hiperplasia e hipertrofia), onde ocorre um estímulo dos estrogênios sobre os
receptores do músculo liso, que permitem a interação dos hormônios com o DNA nuclear,
resultando num aumento da síntese das proteínas do músculo liso e num aumento do tamanho
celular. Halterofilista demanda funcional aumentada causando hipertrofia muscular, é a
síntese de mais membranas, mais enzimas, mais ATP e mais filamentos capazes de realizar
um desequilíbrio entre a demanda e a capacidade funcional da célula, levando a um aumento
do volume celular.

* Hipertrofia patológica – ocorre em situações onde o estímulo para hipertrofia é uma


patologia. Ex. Hipertrofia do miocárdio em pacientes com hipertensão arterial, onde as células
musculares cardíacas sofrem um aumento de volume por aumento da demanda funcional e,
com a evolução do caso entra em processo degenerativo, levando a insuficiência cardíaca.

- Hiperplasia e hipertrofia são processos distintos embora frequentemente ocorrem


juntas e podem ser desencadeadas pelo mesmo mecanismo.

FONTE: http://fisiolifealecardoso.blogspot.com.br/2014_04_01_archive.html

ATROFIA – É a diminuição do tamanho da célula por perda de substância celular.


Representa uma forma de resposta adaptativa. Quando um número suficiente de células
está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui de tamanho tornando-se atrófico. Embora
as células atróficas possam ter uma função diminuída, elas não estão mortas.

A atrofia pode ser fisiológica ou patológica:


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* Atrofia fisiológica – é comum durante o ínicio do desenvolvimento, algumas estruturas


embrionárias, sofrem atrofia durante o desenvolvimento fetal.

O útero diminui de tamanho após parto.

* Atrofia patológica – Depende da causa básica e pode ser local ou generalizada.

Causas comuns de atrofia:

- Redução da carga de trabalho (atrofia por desuso). Ex. Fratura de osso, paciente em repouso
completo no leito.

- Perda da inervação (atrofia por desnervação). Lesão em nervos acarreta atrofia nas fibras
musculares supridas por esses nervos.

- Diminuição do suprimento sanguíneo (isquemia). Aterosclerose, atrofia cerebral


progressiva.

- Nutrição inadequada (marasmo). Uso do músculo esquelético como fonte de energia.

- Perda de estimulação endócrina (menopausa). Atrofia do endométrio, epitélio vaginal e


mama.

- Envelhecimento (atrofia senil). O processo de envelhecimento está associado à perda


celular, é observada principalmente em tecidos que tem células permanentes (cérebro e
coração)

- Pressão. A compressão tecidual por qualquer período de tempo pode causar atrofia. Ex.
Tumor.

METAPLASIA – é uma alteração reversível na qual uma célula de tipo adulto (epitelial
ou mesenquimal) é substituída por outro tipo celular adulto. Também podem representar
um processo adaptativo de substituição de células mais sensíveis ao estresse por outras
células mais bem adaptadas para resistir a um meio mais adverso. Ex. O epitélio pseudo-
estratificado da traquéia e dos brônquios, em fumantes crônicos sob a ação irritante do
fumo, pode se transformar em epitélio estratificado pavimentoso.
Deficiência crônica de Vitamina A (ácido retinóico), o epitélio dos brônquios, o epitélio da
bexiga são substituídos por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. Trato
gastrointestinal ocorre metaplasia adaptativa frequentemente.
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FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

DISPLASIA – Alteração da célula adulta caracterizada por variações em seu tamanho,


aspecto e organização. Células que sofreram alterações proliferativas irregulares e atípicas,
em resposta à irritação crônica ou inflamação. A displasia epitelial apresenta-se como
perda da orientação normal de uma célula em relação à outra. Ex.: Displasia do colo
uterino (epitélio estratificado ectocervical displásico fica espessado pela hiperplasia das
células basais, acompanhado de uma maturação desordenada das células).
As displasias, principalmente cervicais e do trato respiratório estão fortemente
relacionadas com o aparecimento do câncer. A displasia pode ser reversível se tirar à causa
excitadora da transformação.
As Displasias podem ser:

Discreta: Corte histológico observam-se células normais e displásicas.

Moderada: Células displásicas.

Acentuada (Grave): Células displásicas e anaplásicas (câncer)


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LESÃO CELULAR

A lesão celular ocorre quando as células são submetidas a um estresse tão


severo que não são capazes de se adaptar ou quando são expostas a agentes perniciosos.

Lesão = conjunto de alterações morfofuncionais podendo ser macroscópicas ou


microscópicas.

Lesão pode ser reversível ou irreversível

Agente agressor pode ser endógeno ou exógeno.

Causas de lesão celular:

1- Hipóxia – É a redução da oxigenação de um tecido pelo sangue. Ex: Anemia,


intoxicação por Monóxido de Carbono e trombose.
2- Agentes físicos – Traumatismo mecânico, extremo de temperatura, choque elétrico,
radiações e alterações bruscas de pressão atmosférica.
3- Agentes químicos – Qualquer substância vital ou não para a célula em excesso causa
lesão ou morte celular. Ex: Oxigênio, Glicose, sal, Arsênico, cianeto, álcool,
narcóticos,etc
4- Agentes infecciosos – Seres macro e microscópicos causam lesão. Ex: Tênias, fungos,
bactérias, vírus, etc.
5- Reações imunológicas – Envolvem o sistema imune. Ex: Choque anafilático.
6- Alterações genéticas – Defeitos genéticos. Ex: Síndrome de Down, anemia falciforme
(1aa substituído da Hb S).
7- Desequilíbrios nutricionais – Em excesso ou escassez causam lesão. Ex: Deficiência
protéico-calórica, Excesso de gordura (esteatose).
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LESÃO CELULAR REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL ISQUÊMICA

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

LESÃO CELULAR REVERSÍVEL

Bomba Na+ e K+ = Atividade reduzida (Na+, K+, ATPase), Na+ acumula-se


intracelularmente, difusão do K+ extracelularmente, portanto, há ganho intracelularmente
de H2O, tumefação celular, dilatação do RE.
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Metabolismo energético celular = Quando níveis de O2 são baixos, a fosforilação


oxidativa cessa, e as células dependem da glicólise para produção de energia. As reservas
de glicogênio são exauridas resultando em acúmulo de ácido lático e fosfatos. ↓ pH
intracelular.
Redução da síntese de proteínas = Ocorre desprendimento dos ribossomas, do REG.

Observação: o miocárdio após 60 segundos de isquemia deixa de se contrair, a


ausência de contratibilidade não significa morte celular. Já o tecido nervoso após 5
minutos de isquemia, leva a lesão irreversível às células nervosas. Se o O2 for restaurado
todas essas perturbações são reversíveis.

LESÃO CELULAR IRREVERSÍVEL

Lesão de membrana mitocondrial = Disfunção do cálcio, aumenta a captação, depleção de


ATP pelas mitocôndrias.
Perda de fosfolipídios da membrana = Sempre relacionada à lesão isquêmica, redução do
conteúdo dos fosfolipídios da membrana pelo aumento do cálcio intracelular.
Anormalidade citoesquelética = A ativação de proteases pelo cálcio aumentado pode
danificar filamentos do citoesqueleto. Tornando-se a célula suscetível a estiramento e
ruptura.
Produtos da degradação de Lipídios = Incluem ácidos graxos livres não esterificados,
acilcarnitina e lisofosfolipídios. Produtos catabólicos que tem ação detergente sobre as
membranas.
Espécies de oxigênio reativo = Os radicais livres de O2 são reduzidos e são moléculas
altamente tóxicas que causam lesão celular.
Perda de aminoácidos intracelulares = ↓ Glicina (regula ATP, protege membrana das
células hipóxicas).
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A. Micrografia eletrônica de uma célula epitelial normal do túbulo renal proximal.


B. Célula epitelial do túbulo proximal mostrando alterações isquêmicas reversíveis.

C. Célula tubular proximal mostrando lesões isquêmicas irreversíveis.

NECROSE
São alterações morfológicas que sucedem a morte celular no tecido vivo, em
grande parte resultante da ação degradativa progressiva de enzimas sobre a célula letalmente
lesada.

Autólise = São enzimas catalíticas que provêm dos lisossomas provocando a digestão
enzimática da célula morta.

Heterólise = São enzimas provenientes de lisossomas de leucócitos imigrantes que


degradam a célula morta.
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Necrose de coagulação = Lesão irreversível, caracterizada pela desnaturação de proteínas


citoplasmáticas, degradação das organelas celulares e tumefação celular. Preservação do
contorno básico da célula por alguns dias. Ex.: Infarto do miocárdio (enzimas)

A preservação da arquitetura tecidual é típica da morte hipóxica das células exceto


cérebro.

Necrose liquefativa = É típica de infecções bacterianas ou fúngicas focais. Por razões


obscuras a morte celular do tecido nervoso por qualquer motivo resulta em necrose
liquefativa. O tecido fica como uma massa viscosa líquida. Presença de Enzimas
proteolíticas.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

Necrose gangrenosa = Não é um padrão distinto de morte celular, é muito usado na


prática clinica e cirúrgica. Ex.: Infecção em um membro (perna) é a chamada gangrena.
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NECROSE + INFECÇÃO = GANGRENA

Necrose caseosa = É uma forma distinta de necrose de coagulação, muito encontrada em


focos de infecção por tuberculose. Caseosa (branco = queijo) A diferença da necrose
coagulativa é que a arquitetura celular é totalmente destruída.

Necrose gordurosa = É uma reação inflamatória causada por liberação de lípases


pancreáticas, na cavidade abdominal e no pâncreas. Ocorre saponificação no mesentério
(sabão de cálcio nos locais de degradação lipídica).

Necrose gomosa = Infecção sifilítica - (Treponema).

Pulmão com tuberculose apresentando Mesentério com áreas de necrose


área com necrose caseosa. gordurosa.
FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

EVENTOS CELULARES NA NECROSE E NA APOPTOSE

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


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PADRÕES CELULARES NA NECROSE

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


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APOPTOSE

A apoptose é a via de morte celular que é induzida por um programa


intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que
degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas.
A apoptose foi inicialmente reconhecida em 1972 por sua morfologia distinta e
nomeada pela designação grega para “decadência”. Ela ocorre normalmente em várias
situações e serve para eliminar células indesejáveis ou potencialmente danosas e células que
já não são mais úteis.

Ocorre em vários contextos:

1- Durante o desenvolvimento (embriogênese).


2- Mecanismo homeostático para manter as populações celulares nos tecidos. Ex.: Ciclo
menstrual/ Mama após amamentar/ Castração
3- Mecanismo de defesa (reação imune): Ex.: morte de células T e B após depleção
citocinas/ Neutrófilos frente a uma resposta inflamatória aguda.
4- Células lesadas por agentes nocivos ou doença. Ex.: Hepatite viral/ Obstrução ductal
(pâncreas, glândula parótida)
5- Envelhecimento. Ex.: atrofia.

APOPTOSE NECROSE
Critérios morfológicos Critérios morfológicos
- Destruição de células isoladas - Morte de grupo de células
- Alteração da membrana sem perda da - Sempre há perda da integridade da
integridade membrana celular
- Fragmentos de células – formam corpos - Edema – rompimento das células
apoptóticos.
- Fagocitose por células vizinhas e/ou - Fagocitose feita por macrófagos.
macrófagos.
- Lisossomos intactos - Rompimento lisossomal
- Condensação da cromatina em massas - Grumo – agregação de cromatina mal
densas uniformes definida
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APOPTOSE NECROSE
Critérios Bioquímicos Critérios Bioquímicos
- Induzida por estímulos fisiológicos - Estímulos por distúrbios não fisiológicos
- Processo bem regulado com etapas de - Perda da homeostase
ativação
- Requer energia - Não requer energia
- Requer síntese de macromoléculas - Não necessita da síntese de proteínas e
ácidos nucléicos.
- Transcrição de novo gene - Não transcrição de novo gene
- Fragmentação continuada do DNA - Digestão não controlada de DNA

CATABOLISMO LISOSSÔMICO

Heterofagia = Endocitose (captura de substâncias do meio externo), material particulado


(fagocitose), macromoléculas menores solúveis (pinocitose). Os vacúolos endocitados e
seu conteúdo fundem-se com um lisossoma resultando na degradação.

** Células mais comuns a praticarem a fagocitose: Macrófagos e Neutrófilos.

Autofagia = As organelas intracelulares e partes do citosol são primeiramente seqüestradas


(vacúolo autofágico), formado a partir de regiões livres de ribossomas do RE, que se funde
com lisossomas primários preexistentes para formação do autofagolisossoma. A autofagia
é um fenômeno comum implicado na remoção de organelas danificadas durante a lesão
celular e na remodelagem celular.

**Os grânulos de pigmento de lipofuscina, tatuagem, carbono são indigeríveis pelo lisossoma,
ficando no fagolisossomos de macrófagos por décadas.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


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ACÚMULOS INTRACELULARES

Substância endógena normal – é produzida há uma taxa normal ou aumentada, porém


a taxa de metabolismo é inadequada para removê-la. Ex: Degeneração gordurosa no fígado e
gotículas de proteínas por reabsorção nos túbulos renais.
Substância endógena normal ou anormal - acumula-se devido a defeitos genéticos ou
adquiridos no metabolismo, acondicionamento, transporte ou secreção dessas substâncias. Ex:
Distúrbios causados por defeitos genéticos de enzimas específicas envolvidas no metabolismo
dos lipídios e carboidratos, resultando no depósito intracelular (lisossomas).
Substância exógena anormal – deposita-se e acumula-se porque a célula não tem a
maquinaria enzimática para degradá-la nem a capacidade para transportá-la para outro local.
Ex. acúmulo de partículas de carbono e substâncias químicas não metabolizáveis (sílica).

DEGENERAÇÃO

É um processo adaptativo da célula onde ocorrem lesões celulares reversíveis


decorrentes de alterações bioquímicas que resultam em acúmulo de substâncias no interior das
células, com alteração da morfologia e diminuição das funções celulares.

As degenerações são classificadas em:

- acúmulo de lipídeos – Esteatose e Lipidose

- acúmulo de proteínas – Hialina e Mucóide

- acúmulo de água e eletrólitos – Hidrópica

- acúmulo de carboidratos – Glucogenose e Mucopolissacaridose


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FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


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Degeneração gordurosa – É o acúmulo anormal de triglicerídeos dentro das células


parenquimatosas. Ex: Fígado (principal órgão envolvido no metabolismo lipídico), mas
também ocorrem no coração, músculos e rins.
As causas de esteatose abrangem toxinas, desnutrição protéica, diabetes mellitus,
obesidade e anóxia. Em países industrializados a causa mais comum é o abuso de álcool.

Mecanismo: os ácidos graxos livres do tecido adiposo ou alimento ingerido são normalmente
transportados até os hepatócitos, no fígado são esterificados para triglicerídeos, convertidos
em colesterol ou fosfolipídios, ou oxidados a corpos cetônicos. O acúmulo excessivo de
triglicerídeos no fígado pode resultar de defeitos em qualquer um dos eventos, de entrada dos
ácidos graxos ou saída das lipoproteínas.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

Degeneração Hialina – Excesso de proteínas dentro da célula renal, com acúmulo de


albumina. Ex: mulher grávida, pressão arterial aumentada, paciente com alimentação
inadequada. Ocorre dilatação de vasos com isso as células se afastam uma da outra
permitindo a saída da albumina (pré-eclâmpsia). Proteinúria, albumina aumentada no
sangue. Outros exemplos: Hepatite, alcoolismo, endocitose de bactérias.
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Degeneração Mucóide – Acúmulo de muco dentro das células caliciformes, faz com essas
células mudem sua forma acumulando muco. Ex: Fumante, parasitas no intestino como E.
coli ou E. histolytica. Produção de muco por células neoplásicas benignas ou malignas.
Degeneração Hidrópica – É preciso que diminua a quantidade de O2 (hipóxia) na célula,
ocorrendo diminuição do suprimento de sangue (isquemia), quanto menor a quantidade de
O2 < produção de ATP, ocorre alteração na bomba de Na+ e K+, o meio fica hipotônico,
tumefação celular e distanciamento de organelas, a célula ganha água, aumentando de
volume.

Aspectos morfológicos: Tumefação celular, citoplasma granuloso e vacuolizado,


núcleo marginalizado para periferia, dilatação do REL, tumefação mitocondrial, deslocamento
dos ribossomos e REG e condensação da cromatina.

Degeneração por Glicogenose – ocorre defeitos enzimáticos na síntese ou degradação de


glicogênio, onde ele se acumula intracelularmente levando a célula a uma lesão secundária
e morte celular. Ex: Distúrbios genéticos, Diabetes mellitus.

PIGMENTOS

São substâncias coloridas, algumas constituintes normais das células (melanina),


enquanto outras são anormais e acumulam-se nas células somente sob circunstâncias
especiais.

Exógenos – Antracose (fagocitose, poeira de carvão, macrófago, alvéolos, coloração


macro negra); Tatuagem (macrófago. Interstício, corante insolúvel).
Endógenos – Derivados da hemoglobina (pigmentos biliares, hemossiderina); melanina;
lipofuscina (pigmentação por lipídios pelo avanço da idade).
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CALCIFICAÇÕES

É o depósito anormal de sais de cálcio, juntamente com quantidades menores de ferro,


magnésio e outros sais minerais. É um processo comum que pode ocorrer patologicamente em
duas formas: Calcificação em tecidos inviáveis ou morrendo = CALCIFICAÇÃO
DISTRÓFICA, e o depósito em tecidos vitais levando a hipercalcemia = CALCIFICAÇÃO
METASTÁTICA.

O corpo humano adulto contém de 1 a 2 kg de cálcio, dos quais 90% estão localizados
no esqueleto e dentes.

Calcificação distrófica – É encontrada em áreas de necrose, tipo coagulativa, caseosa ou


liquefativo, e focos de necrose enzimática de gordura. Ex.: Ateromas (calcificam) na
aterosclerose avançada. Válvulas cardíacas envelhecidas ou danificadas.

Calcificação metastática – Sempre que há hipercalcemia, ocorre em tecidos normais. Há 4


causas principais de hipercalcemia:

1- Aumento da secreção de paratormônio (PTH) – reabsorção óssea, como no


hiperparatireodismo devido a tumores paratireóideos e secreção de PTH por tumores
malignos.
2- Destruição de tecido ósseo - ocorre em tumores primários da medula óssea(ex.:
mieloma múltiplo, leucemia) ou metástases esqueléticas difusas(ex.: câncer de mama).
3- Distúrbios relacionados a vitamina D – intoxicação por vitamina D, sarcoidose(na
qual o macrófago ativa um precursor da vit D), hipercalcemia idiopática da
lactância(síndrome de Williams)
4- Insuficiência renal – causa retenção de fosfato, levando a hiperparatireodismo
secundário.
A calcificação metastática afeta principalmente os tecidos intersticiais da mucosa
gástrica, rins, pulmões, artérias sistêmicas e veias pulmonares.
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FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

INFLAMAÇÃO

É uma reação complexa local que ocorre no tecido conjuntivo (vascularizado)


às agressões, caracterizado por uma reação dos vasos sanguíneos, levando ao acúmulo de
fluídos e células sanguíneas nos tecidos extravasculares.

Marcos Históricos:

- Papiro egípcio (3000 a.C.), Celsus escritor romano (1ºséculo d.C.) citou os sinais
cardinais da inflamação: RUBOR, TUMOR, CALOR e DOR.

- Um quinto sinal clínico foi citado por Virchow: “LOSS OF FUNCTION”.

Características gerais da inflamação:

Destruir, diluir ou encerrar o agente lesivo, cicatrizando e reconstituindo o tecido


danificado.

Reparação = Ínicio na fase inicial da lesão, conclui-se na fase neutralizadora do agente


agressor.

Preenchimento da lesão por células parenquimatosas e tecido fibroblástico


(cicatrização).

Resposta protetora para causa inicial da lesão: micróbios, toxinas; e suas


conseqüências: células e tecidos necróticos.
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A resposta inflamatória ocorre no tecido conjuntivo vascularizado (plasma, células


circulantes [eosinófilos, neutrófilos, monócitos, linfócitos, basófilos e plaquetas], vasos
sanguíneos e constituintes celulares [mastócitos, macrófagos, fibroblastos e eventuais
linfócitos] e extracelulares [colágeno, elastina e proteoglicanas] do tecido conjuntivo).

As respostas vasculares e celulares da inflamação aguda e crônica são mediadas por


fatores químicos provenientes do plasma ou das células e desencadeadas pelo estímulo
inflamatório.

Inflamações agudas e crônicas, respectivamente são: duração curta de minutos, horas


ou alguns dias, tem exsudação de líquidos e proteínas plasmáticas(edema) e emigração de
leucócitos(neutrófilos); duração longa, presença de macrófagos e linfócitos, proliferação de
vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidual.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


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INFLAMAÇÃO AGUDA

É uma resposta imediata e precoce a um agente nocivo.

A inflamação aguda possui 3 componentes:

1- Alterações do calibre vascular, que acarretam um aumento do fluxo sanguíneo.

2- Alterações estruturais da microvasculatura, que permitem que as proteínas


plasmáticas e leucócitos deixem a circulação.

3- Emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco de lesão.

Edema: Excesso de líquido no interstício ou cavidades serosas; pode ser exsudato ou


transudato.

Transudato: É o líquido do edema pobre em proteínas(albumina), D=1012.

Exsudato: É o líquido do edema(extravascular inflamatório) rico em proteínas e células


sanguíneas, D=1020.

Exsudato seroso: Parece com um plasma, líquido, não muito rico em proteínas e pobre em
células. Ex.: Bolhas na pele, entorce.

Exsudato purulento: Formado por células, leucócitos vivos e mortos, bactérias vivas e
mortas, células necróticas. Ex.: Pus.

Exsudato pseudo-membranoso: Membrana acinzentada com bactérias e pus dentro. Ex.:


Difteria.

Abscesso: Coleção de exsudato inflamatório bem delimitado.

Flegmão: São graves no retroperitônio, ocorre quando se tem uma grande quantidade de
bactérias.
23

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

1- Alterações Vasculares

1.1. Alterações no fluxo e calibre vasculares.

Começam pouco após a lesão e desenvolvem-se em velocidades variadas, de acordo


com a intensidade da lesão. As alterações são:

Após uma vasoconstrição inconstante e transitória das arteríolas(por alguns segundos)


ocorre a vasodilatação ⇒ ↑ fluxo sanguíneo (calor e eritema).

Alentecimento da circulação decorre do aumento da permeabilidade da


microvasculatura, extravasamento de líquido rico em proteínas para dentro dos tecidos. ↓
líquido ↑ [ ] de hemácias nos pequenos vasos e ↑ a viscosidade sanguínea = ESTASE.
24

Com o desenvolvimento da estase começa a marginalização leucocitária, ou seja, os


leucócitos aderem ao endotélio de maneira transitória(rolagem), depois migram através da
parede endotelial para o tecido intersticial.

A estase pode durar de 15 a 30 minutos.

1.2. Aumento da permeabilidade vascular(extravasamento vascular)

O ↑ da permeabilidade vascular leva ao extravasamento de um líquido rico em


proteínas(exsudato) para o interstício é a marca da inflamação aguda.

A perda de proteína do plasma ↓ a pressão osmótica intravascular e ↑ a pressão


osmótica do líquido intersticial. Juntamente com a pressão hidrostática ↑ devido a
vasodilatação, acarreta um efluxo de líquido e acúmulo no tecido intersticial = EDEMA.

A troca líquida normal e a permeabilidade microvascular dependem de um endotélio


intacto.

De que forma o endotélio torna-se permeável na inflamação?


25

Mecanismos propostos:

1- Formação de lacunas endoteliais nas vênulas: Mecanismo mais comum e é mediados


pela histamina, bradicinina, leucotrienos, e outros mediadores químicos. Ocorre
rapidamente após a exposição ao mediador (reversível e breve) – 15 a 30 minutos =
Resposta transitória imediata.
2- Reorganização do citoesqueleto(retração endotelial): Na indução in vitro o mecanismo
mediado é por mediadores (interleucina-1 [IL-1], fator de necrose tumoral [FNT] e
26

interferon-γ [IFN-γ]. As células retraem umas as outras devido a reorganização


estrutural do citoesqueleto, com efeito da histamina (4 a 6 hs) e sem (24hs ou mais).
3- Transcitose aumentada através do citoplasma endotelial: ocorre em canais que
consistem em aglomerados de vesículas e vacúolos interconectados (organela
vesiculovascular). VEGF – Ftr. cresc. endot. Vasc.
4- Lesão endotelial direta: Esse efeito é muito encontrado em lesões necrosantes vindo
de uma lesão direta do endotélio por um estímulo nocivo. Ex.: queimaduras intensas,
infecções bacterianas líticas (botulismo). O extravasamento começa no após a lesão
por várias horas até que os vasos danificados sejam trombosados ou reparados.
RESPOSTA CONTÍNUA IMEDIATA.
5- Extravasamento prolongado tardio: ocorre após 2 a 12hs, envolve vênulas e capilares.
Ex.: Raio X, UV, Toxinas bacterianas, lesão térmica leve.
6- Lesão endotelial mediada por leucócitos: Os leucócitos aderem ao endotélio na
inflamação liberando espécies tóxicas de O2 e enzimas proteoglicanas que causam
lesão e desprendimento endotelial ↑ permeabilidade. Na inflamação aguda esta forma
de lesão restringe as vênulas e capilares dos glomérulos e pulmonares.
7- Extravasamento de novos vasos sanguíneos: Angiogênese através das células
endoteliais. Fator participante da angiogênese = VEGF.

Todos esses mecanismos são separáveis, mas todos desempenham um papel em


resposta a um estímulo.

2- Eventos celulares: Extravasamento de leucócitos e fagocitose.

Os leucócitos fagocitam agentes ofensivos, destroem bactérias, degradam


tecido necrótico, podem prolongar a inflamação e induzir uma lesão tecidual por liberação de
enzimas, mediadores químicos e radicais tóxico de O2.

As seqüências de eventos que levam leucócitos da luz para o interstício são:

1. Na luz: Marginação, rolagem e aderência.

2. Diapedese = Transmigração através do endotélio

3. Migração nos tecidos intersticiais em direção a um estímulo quimiotático.


27

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

2.1. Aderência e Transmigração

A aderência e transmigração leucocitárias são determinadas pela ligação de moléculas


de aderência na superfície leucocitária e endotelial e de mediadores químicos, quimioatratores
e citocinas afetando esse processo.

Os receptores de aderência envolvidos pertencem a 4 famílias moleculares: selectinas,


imunoglobulinas, integrinas e as glicoproteínas.

DE QUE FORMA ESTAS MOLÉCULAS SÃO MODULADAS PARA INDUZIR


ADERÊNCIA LEUCOCITÁRIA NA INFLAMAÇÃO?

A - Redistribuição das moléculas de aderência na superfície celular

A P-selectina estimulada por histamina, trombina e FAP(fator ativador plaquetário),


redistribui-se rapidamente para a superfície celular onde liga-se a leucócitos(minutos no sg
circulante). Esse processo é muito importante para rolagem.

B – Indução de moléculas de aderência no endotélio

São induzidas por mediadores inflamatórios = citocinas(IL-1) 1 a 2h. A E-selectina é


induzida pela IL-1 e faz a mediação da aderência de neutrófilos, monócitos e linfócitos. A
mesma citocina aumenta a expressão de ICAM-1 e VCAM-1 que estão presentes em baixo
nível no endotélio normal.
28

C – Aumento da avidez da ligação

É relevante para a ligação das integrinas.

Ex.: LFA-1 está nos leucócitos mas não se liga ao ICAM-1, pq tem uma baixa
afinidade para se ligar ao ICAM-1, para ter aumento na avidez é necessário a estimulação
pelas citocinas, com isso esse complexo causa aderência firme ao endotélio. Será importante
para a transmigração.

Mecanismo de mediação da aderência endotelial dos leucócitos


Moléculas que medeiam diversas etapas do extravasamento de neutrófilos na interação endotélio-
neutrófilo
29

2.2. Quimiotaxia
É a emigração dos leucócitos após o extravasamento, para o tecido em direção ao local
da lesão (Locomoção orientada a um gradiente químico).

Substâncias exógenas ou endógenas podem atuar como quimioatratores. Ex.:


Exógenos = Produtos bacterianos.

Endógenos = Componentes do sistema complemento(C5a)

Produtos da via da lipoxigenase(leucotrieno B4)

Citocinas (quimiocinas=IL-8)

LEUCÓCITOS – atraídos pelos mediadores (receptores) – projeta pseudópode


(actina e miosina) em direção a lesão – Produção de metabólitos do ácido araquidônico;
Desgranulação e secreção de enzimas lisossômicas e Ativação de surto oxidativo, modulação
de moléculas de aderência leucocitária – FAGOCITOSE.

2.3. Fagocitose

Fagocitose e liberação de enzimas por neutrófilos e macrófagos.

A fagocitose envolve 3 etapas distintas mas inter-relacionadas:

1- Reconhecimento e fixação da partícula a ser ingerida pelo leucócito

2- Seu engolfamento, com subseqüente formação de vacúolo fagocitário

3- Destruição ou degradação do material ingerido

1- Reconhecimento e Fixação
Neutrófilos e macrófagos reconhecem e engolfam bactérias e matéria estranha. Para
isso depende de opsoninas ⇒ liga-se a receptores específicos nos leucócitos. A
opsonização ↑ a eficiência da fagocitose.

Exemplos das principais opsoninas:

a) Fragmento Fc da imunoglobulina G(IgG), anticorpo de ocorrência natural


contra a partícula ingerida.
30

b) C3b, o chamado fragmento opsônico de C3(gerado por ativação do


complemento por mecanismos imunes e não imunes)
c) Colectinas, proteínas de ligação a carboidratos do plasma (lecitinas), ligam-
se a paredes celulares microbianas.
Os receptores correspondentes nos leucócitos são o FcγR, que reconhecem o
fragmento Fc, receptores do complemento 1, 2 e 3(CR1,2,3) e outros...

Além do reconhecimento os FcγRs, estão envolvidos na ativação metabólica


dos fagócitos, aumentando a degradação intracelular do material ingerido, e liberação de
proteases.

2- Engolfamento

A ligação da partícula opsonizada ao FcγR é suficiente para desencadear o


engolfamento.

Pseudópodes Fagossomo (vacúolo criado membrana citoplasmática)


Fagolisossoma(junção do vacúolo + grânulos lisossômicos) Destruição do corpo
estranho(bactérias)

3- Destruição ou degradação

Etapa final da fagocitose.

É realizada por mecanismos dependentes de oxigênio.

A fagocitose estimula consumo de O2, glicogenólise, produção de metabólitos reativos


de O2.

# A geração de metabólitos de O2 decorre da ativação de uma oxidase(NADPH-


oxidase) que oxida o NADPH(fosfato de dinucleotídio de nicotinamida-adenina reduzido)
e, no processo, reduz o O2 em ânion superóxido (O2 -)

2O2 + e- 2O2 - + NADP+ + H+

NADPH-oxidase
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O superóxido é convertido em H2O2.

2O2 - + 2H+ H2O2 + O2

MPO(mieloperoxidase) + CL-(halóide) converte H2O2 em HOCL(bactericida).

MPO enzima produzida por grânulos azurófilos de leucócitos (neutrófilos).


32
33

MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO

São substâncias originadas do plasma ou das células que participam dos


eventos do processo inflamatório agudo.

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

AMINAS VASOATIVAS

Histamina e serotonina são os primeiros mediadores a serem liberados na inflamação e


possuem reservas disponíveis.

HISTAMINA – É distribuída nos tecidos pelos mastócitos (fonte + rica), basófilos e


plaquetas sanguíneas.

A histamina pré-formada está presente nos grânulos de mastócitos e é liberada


por desgranulação em resposta a:

1- Lesão física – Traumatismo, calor, frio;

2- Reações imunes – Ligação anticorpo aos mastócitos;

3- Fragmentos do complemento – Anafilatoxinas (C3a eC5a)

4- Proteínas de liberação da histamina – Derivada dos leucócitos


34

5- Neuropeptídios – Substância P

6- Citocinas – IL-1, IL-8.

A HISTAMINA causa dilatação das arteríolas e aumenta a permeabilidade vascular


das vênulas.

SEROTONINA – (5-HIDROXITRIPTAMINA), é um segundo mediador vasoativo


pré-formado com ações semelhantes às da histamina. Está presente em plaquetas no ser
humano e mastócitos em roedores.

A liberação de Serotonina (e histamina) das plaquetas é estimulada quando as


plaquetas se agregam ao colágeno, trombina, ADP (difosfato de adenosina), AG-AC e
FAP(fator ativador plaquetário)

PROTEASES PLASMÁTICAS

São derivados do plasma e inter-relacionados:

1- Sistema complemento
2- Sistema de cininas
3- Sistema da coagulação

SISTEMA COMPLEMENTO – Compreende de 20 proteínas componentes, esse


sistema funciona na imunidade inata e adaptativa para defesa contra agentes microbianos,
pelo complexo de ataque à membrana (MAC) Quimiotaxia e opsonização.

Fatores derivados do complemento na inflamação aguda:

Fenômenos vasculares: C3a, C5a e C4a são produtos da clivagem dos


componentes do complemento. Aumentam a permeabilidade vascular e causam vasodilatação
por liberação de histamina (mastócitos). O C5a ativa a via da lipoxigenase do metabolismo do
ácido araquidônico (AA) nos neutrófilos e monócitos.

Aderência, quimiotaxia e ativação dos leucócitos: O C5a é um potente agente


quimiotático para os neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Aumentando a avidez das
integrinas superficiais ao ligante endotelial.
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Fagocitose: C3b e C3bi, atuam como opsoninas, favorecendo a fagocitose por


neutrófilos e macrófagos.

SISTEMA CININA – Gera peptídeos vasoativos, a partir de proteínas plasmáticas


(cininogênios). Gera Bradicinina, que aumenta a permeabilidade vascular e causa contração
muscular (liso), dilatação dos vasos sanguíneos e dor.

A ação da Bradicinina é curta porque ela é rapidamente inativada pela enzima


cininase.

SISTEMA DA COAGULAÇÃO – E a inflamação estão conectados. O sistema de


coagulação se divide em duas vias convergentes: Na ativação de Trombina e formação de
Fibrina.

METABÓLITOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO (AA)

(PROSTAGLANDINAS e LEUCOTRIENOS)

O AA é um ácido graxo poliinsaturado de 20 carbonos (5,8,11,14-ácido


eicosatetraenóico), derivado dos alimentos ou conversão do ácido graxo essencial.

Os produtos do AA influenciam uma variedade de processos biológicos:


inflamação e hemostasia.

São autacóides(hormônios que agem no local), liberado a partir de estímulos


mecânicos, químicos e físicos.
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O metabolismo do AA é explicado por duas vias:

Via das ciclooxigenases: Mediado por 2 enzimas (COX1 e COX2) –


produz Prostaglandinas(PG), sintetizada nos mastócitos, promovem vasodilatação, febre e
dor, potencializa a formação do edema. É inibida pelos fármacos: Aspirina e antiflamatórios.

Via das Lipoxigenases: 3 (LO) – sintetizam Leucotrienos(LT),


produzido por neutrófilos, quimiotáticos(5-HETE), causam vasoconstrição intensa,
broncoespasmo vascular(vênulas). Inibição: Glicocorticóides.

FATOR ATIVADOR PLAQUETÁRIO (FAP)

FAP & FUMO = Inflamação e Trombose

CITOCINAS

São proteínas produzidas por linfócitos, macrófagos ativados, células do


endotélio, epitélio e tecido conjuntivo.

Funções das citocinas:

Regulam a ativação, crescimento e diferenciação dos linfócitos (IL-2, IL-4,


IL10 e TGF-β)

Imunidade natural – citocinas inflamatórias FNT-α e a IL-1β, interferons do


tipo I (IFN-α e IFN-β)

Ativam células inflamatórias (macrófagos) – IFN-γ, FNT-α, FNT-β, IL-5, IL-


10 e IL-12.
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Quimiocinas é um grupo de citocinas caracteriza-se por atividade quimiotática


para vários leucócitos.

Estimulam a hematopoese, IL-3, IL-7 e outros.

ÓXIDO NÍTRICO

NO, vasodilatação ao relaxar o músculo liso.

É um gás solúvel produzido por células endoteliais, macrófagos e neurônios, atua de


maneira parácrina sobre células-alvo.

Meia vida de NO é de alguns segundos (células vizinhas)

É sintetizado pela L-arginina, oxigênio molecular e NADPH.


38

RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA

1- Resolução completa: neutralização do estímulo ofensivo restaurando o tecido ao


normal.
2- Formação de Abscesso: Micro-organismos piogênicos.
3- Cura(fibrose): Exsudação de fibrina, perda intensa do tecido(organização)
4- Inflamação crônica: pode suceder da inflamação aguda ou direto da lesão. Ex.:
úlcera péptica do duodeno ou estômago.

INFLAMAÇÃO CRÔNICA

É a inflamação de duração prolongada(semanas ou meses), ocorrendo


simultaneamente inflamação ativa, destruição tecidual e tentativas de reparação.

Sucessora ou não da inflamação aguda, resposta de baixo grau, latente, e


muitas vezes assintomática.

Origem da Inflamação Crônica:

1- Infecções persistentes – Bacilo da Tuberculose(Mycobacterium tuberculosis);


Treponema pallidum(sífilis) e alguns fungos. Esses microorganismos têm baixa
toxicidade e suscitam uma reação imune(Hipersensibilidade Tardia).
2- Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos – Exógeno:
Sílica(Silicose); Endógeno:Aterosclerose(componentes lipídicos tóxicos)
3- Auto-imunidade – Doenças auto-imunes(reações imunes criadas contra o próprio
organismo do indivíduo). Ex.: Artrite reumatóide, Lúpus eritematoso.

Características histológicas:

1- Infiltrado de células mononucleares – Macrófagos, linfócitos e plasmócitos.


2- Destruição tecidual – induzida por células inflamatórias.
3- Cicatrização por substituição do tecido danificado por tec. conjuntivo –
Angiogênese, fibrose.
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INFILTRAÇÃO MONONUCLEAR

1- MACRÓFAGO (principal célula) – originado do monócito(1 dia sg)

Se diferencia ao chegar ao tecido(variações celulares), depende da ativação, do


agente causador da inflamação crônica e do tecido.

Funções: Fagocitose, secreção de citocinas quimiotáticas e co-estimuladoras


substâncias microbicidas.

Manutenção da inflamação crônica:

• Recrutamento contínuo de monócitos e proliferação tecidual.


• Produção de fatores biologicamente ativos e citocinas fazendo a destruição
tecidual (marca registrada da inflamação crônica)

2- LINFÓCITOS
Ativação de linfócitos T e B para migrar para o foco inflamatório, usam moléculas de
aderência (α4β1/VCAM-1 e ICAM-1/LFA-1) e quimiocinas.

Possuem relação recíproca com os macrófagos na inflamação crônica.

Produção de anticorpos.
40

3- MASTÓCITOS
Distribuem se no tecido conjuntivo e participam das reações inflamatórias agudas e
persistentes.

Na inflamação aguda reconhecem o antígeno pelo seu receptor FcεRI – Fc(IgE). Esses
mastócitos desgranulam e liberam mediadores(histamina e produtos da oxidação de AA).

Resposta anafilática: Alimentos, venenos de insetos ou drogas.

4- EOSINÓFILOS
São típicos das reações imunes mediadas por IgE e infecções parasitárias.

Mediação por Eotaxina(quimiocina).

Liberação de grânulos (proteína básica principal) – Altamente tóxica para parasitas,


mas pode causar lise em células epiteliais de mamíferos.

INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA

É um padrão distinto de reação inflamatória crônica na qual o tipo celular


predominante é o macrófago ativado com aparência de célula epitelial (epitelióide).

É encontrado em doenças imunes e infecciosas crônicas disseminadas.

O granuloma é a área focal da inflamação granulomatosa. São macrófagos


ativados com aparência epitelial circundado por linfócitos e às vezes plasmócitos.

PADRÕES MORFOLÓGICOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA E CRÔNICA

(Depende da intensidade da reação, agente agressor, tecido e localização)

INFLAMAÇÃO SEROSA

Caracterizada pelo extravasamento de líquido pouco viscoso(derrame),


originado do soro sanguíneo ou secreções de células que revestem as cavidades peritoneal,
pleural, pericárdica, bolhas de queimaduras e infecções virais.
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INFLAMAÇÃO FIBRINOSA

Exsudação excessiva de fibrinas com estímulo pró-coagulante(Células


cancerosas), caracterizada por emaranhados de fibras e coágulo(pericárdio e pleura)

INFLAMAÇÃO SUPURATIVA OU PURULENTA

É caracterizada pela produção excessiva de pus(neutrófilos, células necróticas e


liquido de edema). Induzidos por bactérias piogênicas(Estafilococos) – Apendicite.

ÚLCERAS

São escavações superficiais da pele e mucosas devido ao desprendimento de


tecido inflamatório necrótico. (Boca, estômago, intestinos, trato geniturinários, inflamação
subcutânea de membros inferiores)

REPARAÇÃO DOS TECIDOS

(CRESCIMENTO CELULAR, FIBROSE E CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS)

É um evento reparador de substituição e preenchimento de um tecido lesado


por mecanismos que envolvem a migração, proliferação, diferenciação celular e interação
entre célula e matriz.

A reparação de tecidos envolve 2 processos:

1- Regeneração: substituição da célula lesada por células do mesmo tipo, sem deixar
vestígio residual da lesão anterior.

2- Substituição(fibrose ou fibroplasia): Tecido conjuntivo cicatriz permanente

- Importante a MB e a MEC para a regeneração ordenada epitelial e visceral.

- O tamanho de uma população de células é determinado pelas velocidades de


proliferação celular, diferenciação e morte por apoptose.

* Diferenciação = células primordiais da medula óssea.

* Proliferação = hepatectomia parcial do fígado.


42

* Apoptose = induzida por estímulos fisiológicos e patológicos (controlada por


vários genes)

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO CELULAR / CICLO CELULAR

As células do corpo humano são divididas em 3 grupos:

Células lábeis: estão em divisão contínua, seguem de uma mitose sempre para outra
proliferando durante toda vida.

Ex.: Epitélios de superfície = Superfície escamosa estratificada da pele, cavidade oral, vaginal
e cólo do útero.

Mucosa de revestimento = Todos os ductos excretores das glândulas (salivar,


pâncreas, vias biliares)

Epitélio colunar = Trato gastrointestinal e do útero.

Epitélio de transição = Vias urinárias, células da medula óssea e tecidos


hematopoéticos.

Células quiescentes: Estáveis, baixo nível de replicação. Estas células podem sofrer rápida
divisão em resposta a estímulos, conseqüentemente restauram o tecido de origem. Encontram
se na fase G0, estimuladas G1.
43

Ex.: Células parenquimatosas = Órgãos glandulares (fígado, rins, pâncreas)

Células mesenquimatosas = Fibroblasto e músculo liso.

Células endoteliais vasculares.

Células permanentes: Perenes, não se dividem, deixaram o ciclo celular e são incapazes de
sofrer divisão mitótica na vida pós-natal.

Ex.: Células nervosas = neurônios (SNC) destruídos = = células gliais

Células do músculo esquelético = alguma capacidade regenerativa (rara)

Células do músculo cardíaco = infarto seguido de cicatrização.

EVENTOS MOLECULARES NO CRESCIMENTO CELULAR

Esses eventos são complexos envolvem vias intercelulares e moléculas.

São importantes para compreensão dos fatores de crescimento que dão origem aos
cânceres através dos proto-oncogenes (tecido normal) e oncogenes.

Existe 3 esquemas de sinalização intercelular:

1- Autócrina; 2- Parácrina; 3- Endócrina.

1- Sinalização autócrina – As células respondem a substâncias de sinalização que elas


próprias secretam (citocinas). Ex.: Regeneração hepática, células tumorais.

2- Sinalização parácrina – A célula produz moléculas que só afetam uma célula-alvo vizinha.
Ex.: Reparo de feridas por tecido conjuntivo.

3- Sinalização endócrina – Os hormônios são sintetizados por células de órgãos endócrinos e


atuam sobre células alvo distantes sendo transportada pelo sangue.
44

FONTE: Robbins & Cotran, 2005.


45

FATORES DE CRESCIMENTO

São fatores específicos que exercem efeitos sobre locomoção, contratilidade e a


diferenciação celular.

1- EGF/TGF-α - EGF (fator de crescimento epidérmico), descoberto por causar erupção


precoce nos dentes. Distribui-se nas secreções e líquidos teciduais, como suor, saliva,
urina e fezes. TGF-α (Fator de crescimento tumoral) extraído do Sarcoma.
2- PDGF – (Fator de crescimento derivado das plaquetas), o PDGF é armazenado nos
grânulos α das plaquetas e liberado com ativação plaquetária. São produzidos por
macrófagos, células endoteliais, células musculares lisas, células tumorais. Provoca
migração e proliferação de fibroblastos, células musculares lisas e monócitos.
3- FGF – Família de fatores de crescimento, produzidos por uma variedade de células,
funções:
• Angiogênese;
• Reparo de feridas, o FGF participa na migração de MØ, fibroblastos, CE,
tecido lesado.
• Desenvolvimento, da musculatura esquelética e na maturação pulmonar.
• Hematopoese, desenvolvimento de linhagens específicas das células
sanguíneas e desenvolvimento do estroma da medula óssea.
4- VEGF – (Fator de crescimento endotelial vascular), promove a formação de
vasos sanguíneos no ínicio do desenvolvimento (vasculogênese). Promove a
angiogênese no câncer, nos estados inflamatórios crônicos e na cicatrização de
feridas.
5- TGF-β – Atua como fator inibidor ou estimulante, estimula a quimiotaxia dos
fibroblastos e a produção de colágenos (Fibrogênese)
6- CITOCINAS – Embora são mediadores químicos agem como fatores de
crescimento em muitas células (fator de crescimento polipeptídicos).

MATRIZ EXTRACELULAR E INTERAÇÕES ENTRE CÉLULA E MATRIZ

As células crescem, deslocam-se, diferenciam-se em contato com a MEC.

A MEC é secretada localmente, organiza-se numa rede nos espaços intercelulares.


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Funções:

• Proteínas da matriz seqüestram macromoléculas (H2O) - turgor aos tecidos


moles.
• Sais minerais para conferir rigidez aos tecidos esqueléticos.
• Reservatório para os fatores de crescimento.
Formação da MEC:

• Proteínas estruturais fibrosas (colágeno e elastina)


• Glicoproteínas adesivas (fibronectina e laminina)
• Proteoglicanas e Hialuronan

1- COLÁGENO

Constitui uma família de proteínas que se diferenciam durante a evolução, para


exercer funções diversificadas (ossos, cartilagem, músculo liso e lâmina basal)

É a proteína mais abundante (30%) no corpo humano - Total de proteínas

Principais aminoácidos do colágeno: Glicina (33,5%), prolina (12%) e hidroxiprolina


(10%).

Constitui o arcabouço extracelular de todos organismos multicelulares.

2- FIBRAS ELÁSTICAS

A capacidade de retração dos tecidos é fornecida pelas fibras elásticas.

As fibras elásticas distinguem das cólagenas por serem mais delgadas e não
apresentarem estriação longitudinal. Formam uma trama de malha irregular.

Composição: Glicoproteína estrutural (elastina) muito resistente a diversas enzimas.


Exceto a elastase secretada pelo pâncreas. Ex: Vasos, pele, útero e pulmão.

Células produtoras de elastina são os fibroblastos, células músculatura lisa e vasos


sanguíneos.

3- GLICOPROTEÍNAS ADESIVAS E INTEGRINAS

Produzidas por fibroblastos e CE.


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Responsável pelos processos de identificação e adesão entre as células.

Adesão leucocitária (integrinas)

4- PROTEOGLICANAS E HIALURONAN

Proteoglicanas é uma proteína central ligada a um ou mais polissacarídeos


(glicosaminoglicanas)

Desempenham um papel importante na regulação da estrutura e permeabilidade dos


tecidos conjuntivos.

Podem ser integrantes da membrana com a função de moduladores do crescimento e


da diferenciação celular.

Hialuronan é uma molécula grande, atua como ligante para proteínas centrais (proteína
de ligação da cartilagem), regulam proliferação e a migração celular

REPARAÇÃO TECIDUAL PELO CONJUNTIVO (FIBROSE)

Ínicio da lesão = Ínicio do reparo (24hs)

1- ANGIOGÊNESE

Os vasos sanguíneos são formados por dois processos:

• Vasculogênese – estabelecimento de uma rede vascular primitiva durante o


desenvolvimento embrionário. (Angioblastos)
• Angiogênese – Vasos pré-existentes emitem botões capilares, produzindo
novos vasos.
Uma série de etapas são necessárias para o desenvolvimento de um novo vaso:

** Degradação proteolítica da MB do vaso original (broto capilar)

** Migração e proliferação das CE para o estímulo quimiotático

** Maturação e organização das CE em tubos capilares novos

** Maturação e organização de tecido fibroso (remodelação)

Todas essas etapas são controladas por Fatores de crescimento, C.Vasculares e MEC
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FONTE: Robbins & Cotran, 2005.

2- FIBROSE

Ocorre fibrose no interior do arcabouço do tecido de granulação de novos vasos


sanguíneos formados e da MEC frouxa que inicialmente se forma no local do reparo.

2.1. Migração e proliferação dos fibroblastos no local da lesão (VEGF)

2.2. Deposição de MEC por essas mesmas células (citocinas, TGF-β)

3- PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

Diversos processos estão envolvidos:

• Indução de um processo inflamatório agudo pela lesão inicial


• Regeneração das células parenquimatosas
• Migração e proliferação de células parenquimatosas e do tecido conjuntivo
• Síntese de proteínas da MEC
• Remodelagem do tecido conjuntivo e de componentes parenquimatosos
• Colagenização e aquisição de resistência da ferida

3.1. RESOLUÇÃO COMPLETA (REGENERAÇÃO)

Logo após processo inflamatório de curta duração e pouca destruição tecidual


neutralização de mediadores químicos retorno à normalidade vascular cessação da
migração leucocitária reabsorção do edema retirada dos restos necróticos

3.2. CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO (FERIDAS COM


BORDAS OPOSTAS)
49

Incisão cirúrgica limpa não-infectada, aproximada por suturas.


Incisão = MORTE limitada de células epiteliais, células do tecido conjuntivo e
ruptura da MB.
Preenchimento por sangue coagulado (fibrina, leucócitos, plaquetas e
hemácias); desidratação do coágulo formando a crosta da ferida.

FENÔMENOS:
• 24 HORAS = marginação de neutrófilos (coágulo e fibrina) Aumento da atividade
mitótica das células epiteliais ao redor e abaixo da incisão.
• 3 DIAS = substituição de neutrófilos por macrófagos presença de ↑ fibroblastos e
matriz colágeno Neovascularização ao redor da lesão.
• 5 DIAS = Maturação máxima da matriz colágeno Vasos neoformados Células
epiteliais.
• 1 SEMANA = Proliferação de ↑ fibroblastos e colágeno ↓ processos inflamatórios
agudos (migração, edema, permeabilidade)
• 1 MÊS = Cicatrização completa Ausência de infiltrado inflamatório epiderme
intacta.

3.3. CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO (FERIDAS COM BORDAS


SEPARADAS)

Ocorre um grande defeito tecidual que deve ser preenchido.

Infarto, Abscessos e ulcerações inflamatórias.

Não regeneração tecidual própria (lesão extensa)

Cicatrização por substituição tecidual (fibrose)

FENÔMENOS:

• ↑↑↑ Inflamação aguda grandes quantidades de fibrinas, restos necróticos e


exsudato a serem removidos.
• ↑↑↑ Tecido de granulação (Fibroblastos e matriz colágeno)
• Contração da ferida (diminuição do espaço entre as bordas) mediada por
miofibroblastos.
50

RESISTÊNCIA DA FERIDA
51

FATORES LOCAIS E S
SISTÊMICOS QUE INFLUENCIAM A CIICATRIZAÇÃO DE
FERIDAS

1- Fatores sistêmico
cos:

• Nutrição – Ex.: Deficiência de vitamina C, inibe a ssíntese de colágeno e


conseqüente
temente retardam a cicatrização.
• Estado meta
tabólico – Ex.: Diabetes mellitus
• Estado circu
rculatório – Ex.: Arteriosclerose ou anorm
rmalidades venosas
Suprimento
to sanguíneo inadequado.
• Hormônios – Ex.: glicocorticóides, possuem ação ant
ntiinflamatória, só que
esses agente
tes inibem a síntese de colágeno.

2- Fatores locais:

• Infecção – Retardamento
R da cicatrização.
• Fatores mecâ
ecânicos – Ex.: Movimentos precoces de ferida
da.
• Corpos estra
tranhos – Ex.: Suturas desnecessárias, fragm
mentos de aço, osso e
vid
idro.
• Tamanho, localização
lo e o tipo de ferida – Ex.: Feridas na
n face (área ricamente
vas
ascularizada); pé (mal vascularizado)

FORMAÇÃO DE QUELÓIDE

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Queloide
52

VIAS DA RESPOSTA REPARADORA APÓS LESAO INFLAMATÓRIA AGUDA

DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS, TROMBOSE E CHOQUE

• EDEMA
• HIPEREMIA E CONGESTÃO
• HEMORRAGIA
• HEMOSTASIA E TROMBOSE
• EMBOLIA
• INFARTO
• CHOQUE

EDEMA

“Aumento de líquido nos espaços teciduais intersticiais”

60% do peso corporal = H20 (2/3 intracelulares e 1/3 extracelulares – 5% plasma)

EDEMA em distúrbios hemodinâmicos = Transudato

EDEMA em inflamação = Exsudato

Coleções de líquidos em diferentes cavidades corporais:


53

Hidrotórax

Hidropericárdio

Hidroperitônio

Anasarca = Edema intenso e generalizado, tumefação profunda do tec. Subcutâneo. Ex:


pulmões e cérebro

CATEGORIAS FISIOPATOLÓGICAS DO EDEMA

Aumento da pressão hidrostática

Comprometimento do retorno venoso

- Insuficiência cardíaca congestiva (↓ Débito cardíaco – Hipoperfusão renal -


↑Renina, ↑ aldosterona, ↑ angiotensina II = ↑ retenção de Na = Edema)

- Pericardite constritiva

- Ascite (cirrose hepática)

- Obstrução ou compressão venosa

Trombose

Compressão externa

Inatividade do membro inferior por longos períodos


54

Dilatação arteriolar

- Calor

- Desregulação neuro-hormonal

Pressão coloidosmótica plasmática reduzida (hipoproteinemia)

Glomerulopatias perdedoras de proteína (síndrome nefrótica)

Cirrose hepática (ascite)

Desnutrição

Gastrenteropatia perdedora de proteína

Obstrução linfática

Inflamatória / Neoplásica / Pós-cirúrgica / Pós-irradiação

Retenção de Sódio

Ingestão excessiva de sal com insuficiência renal

Aumento da reabsorção tubular pelo sódio

Hipoperfusão renal

Aumento da secreção de renina-angiotensina-aldosterona

Inflamação

Inflamação aguda / Inflamação crônica / Angiogênese


55

HIPEREMIA E CONGESTÃO

“Aumento local do volume de sangue em um determinado tecido”

HIPEREMIA ATIVA = Dilatação arteriolar ↑ fluxo sanguíneo local.


H. A. Fisiológica = Necessidade maior irrigação sanguínea (↑ O2)

Ex.: Músculo esquelético no exercício físico; mucosa gastrointestinal (digestão); pele


em ambientes quentes; face frente a emoções

H. A. Patológica = Ex.: Inflamação

HIPEREMIA PASSIVA ou CONGESTÃO = Redução da drenagem venosa, provocando


distensão das veias, vênulas e capilares = ↓ O2 tecido vermelho-azulado (cianose)
H. P. Aguda = Vasos distendidos e órgão mais pesado.

Ex.: Congestão pulmonar aguda (capilares alveolares ingurgitados c/ sg – edema alveolar e/ou
hemorragia)

Congestão hepática aguda = veia central distendidos, destruição de hepatócitos =


ESTEATOSE

H. P. Crônica = a estase do sangue pouco oxigenado causa hipóxia crônica =


degeneração ou morte celular parenquimatosa e até cicatrizações microscópicas.

Ex.: Congestão pulmonar crônica (Septos espessos e fibróticos, espaços alveolares c/


macrófagos repletos de hemossiderina)

Congestão hepática crônica = maior perda de hepatócitos e hemorragia = FÍGADO EM


NOZ-MOSCADA

HEMORRAGIA

“Extravasamento de sangue em virtude a uma ruptura vascular”

Hematoma = hemorragia acumulada externamente ou contida dentro de um tecido. Ex.:


Equimose(insignificante) ou Hematoma maciço (retroperitoneal ou aneurisma) = FATAL
Petéquias = hemorragias de 1 a 2 mm na pele ou mucosas. Ex.: Trombocitopenia
56

Púrpuras = hemorragias maiores de 3 mm. Ex.: traumatismo, vasculite.


Equimose = subcutâneos maiores de 1 a 2 cm. Ex.: Traumatismo, eritrócitos são
degradados e fagocitados por macrófagos; hemoglobina(azul-avermelhada) é convertida
enzimaticamente em bilirrubina(verde-azulada) e depois em hemossiderina(castanho-
dourada)
Hemotórax, hemopericárdio ou hemoperitônio = degradação maciça de hemácias =
liberação sistêmica de bilirrubinas.

HEMOSTASIA E TROMBOSE

(Parede vascular, plaquetas e a cascata da coagulação)

HEMOSTASIA NORMAL = conjunto de processos regulatórios mantendo o sangue em


estado fluido e livre de coágulos, estando pronto para induzir um tampão hemostático rápido e
localizado.

TROMBOSE = Ativação excessiva dos processos hemostáticos normais (trombo)


57

PROCESSO HEMOSTÁTICO
NORMAL

A- Vasoconstrição (endotelina)

transitória

B- Aderência plaquetária a MEC

Alteração na forma

Liberam grânulos com

Difosfato adenosina

e tromboxano (adesão

de outras plaquetas)

C- Ativação da cascata da

coagulação

Polimerização de fibrina

(cimentando)

Tampão hemostático

D- Liberação de t-PA

(ativador plasminogênio tipo

tecidual) e trombomodulina

(bloqueia a cascata da

coagulação)
58

TROMBOSE

(Tríade de Virchow)

Lesão endotelial. Ex.: Trombos no coração (valvulite ou infarto) e na circulação arterial


(arteriosclerose, vasculite)

Alterações no fluxo sanguíneo = Fluxo sanguíneo é laminar (elementos celulares fluem


centralmente separados do endotélio por uma zona de plasma acelular), a turbulência
contribui para trombose arterial e cardíaca. Ex.: Aneurisma, policitemia (síndrome da
hiperviscosidade), anemia falciforme, infarto.

Hipercoagulabilidade = Alterações genéticas ou adquiridas nas vias de coagulação


predispondo a trombose. Ex.: Mutação no gene do fator V (genética) e traumatismo,
insuficiência cardíaca, uso de contraceptivos orais (adquirida)

• Trombos arteriais e cardíacos (aa coronárias, femurais e cerebrais) = começam


no local da lesão endotelial. Ex.: placa aterosclerótica ou turbulência (bifurcação
vascular).
• Trombos venosos (flebotrombose) = ocorrem tipicamente em áreas de
estase(veias membros inferiores 90%) em direção ao coração(êmbolo)
• Trombos murais = Denominação para os trombos aderidos nas câmaras
cardíacas.
59
60

EMBOLIA

“É uma massa sólida, líquida ou gasosa intravascular desprendida que é levada pelo sangue a
um local distante do seu ponto de origem”

99% êmbolos = trombo desalojado (tromboembolia)

95% êmbolos venosos

1% êmbolos = gotículas de gordura, bolhas de ar ou nitrogênio, restos ateroscleróticos,


fragmentos de tumores, pedaços de m.o. ou corpos estranhos.
61

TROMBOEMBOLIA PULMONAR

20 a 25%/100.000 pacientes hospitalizados

2% embolia fatal

200.000 mortes/ano nos EUA

Mecanismo:

Trombo venoso Coração (lado direito) Artéria pulmonar principal (êmbolo em sela)

• 60 a 80% dos êmbolos pulmonares são clinicamente silenciosos.


• Morte súbita – Insuficiência cardíaca direita ou colapso cardiovascular, 60%
obstrução pulmonar.
• Decorrer do tempo os êmbolos causam hipertensão pulmonar.
62

TROMBOEMBOLIA SISTÊMICA

Êmbolos dentro da circulação arterial (80% - trombos murais intracardíacos) – 30%


infarto da parede ventricular esquerda e os demais se originam de aneurisma da aorta, trombos
em placas ateroscleróticas ulceradas.

- 10 a 20% dos êmbolos sistêmicos são de causa desconhecida

- Locais de parada do êmbolo arterial (infarto) = 75% membros inferiores e 10% cérebro e
15% rins, intestinos, baço e membros superiores.

EMBOLIA GORDUROSA

Fratura de ossos longos (m.o.), raro (tecidos moles e queimaduras)

90% das lesões esqueléticas graves

1 a 3 dias após traumatismo

Sintomas:

• Início súbito de taquipnéia


• Dispnéia
• Taquicardia
• Irritabilidade e inquietude delírio e coma
• Exantema petequial (gordura + plaquetas)

EMBOLIA GASOSA

Bolhas de gás dentro da circulação

100ml de ar, nitrogênio causam obstrução vascular.

Procedimentos obstétricos / traumatismo da parede torácica

Doença por descompressão = mergulhadores, avião despressurizados.


63

EMBOLIA DE LÍQUIDO AMINIÓTICO

1 em 50.000 nascimentos do parto e pós-parto (imediato)

80% de mortalidade

INFARTO

“É uma área de necrose isquêmica causada por oclusão do suprimento arterial ou da


drenagem venosa em um determinado tecido”

99% dos infartos resultam de eventos trombóticos ou embólicos (oclusão arterial)

1% torção testicular, vólvulo intestinal, tumor, compressão por edema e hérnia.

TIPOS DE INFARTO:

• INFARTO VERMELHO (hemorrágico) = oclusões venosas (torção ovariana),


tecido frouxo (pulmão) com congestão e acúmulo de sangue.
• INFARTO BRANCO (anêmicos) = oclusões arteriais ou órgãos sólidos (coração,
baço e rins)

FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DE UM INFARTO:

1- Natureza do suprimento vascular


Ex.: Pulmão, fígado, mão, antebraço são bem resolvidos; rim e baço (infarto)

2- Taxa de desenvolvimento da oclusão


Se a taxa for lenta, ex.: Coração tem a capacidade de formar colaterais (anastomose)

3- Vulnerabilidade a hipóxia
Suscetibilidade de um tecido a hipóxia.

Ex.: Neurônios (3 a 4 min); células do miocárdio (20 a 30 min)


64

4- Conteúdo sanguíneo de O2

Pressão parcial de O2 no sangue determina o prognóstico de uma oclusão vascular.

CHOQUE

“O colapso cardiovascular constitui em hipoperfusão sistêmica devido a uma redução do


débito cardíaco ou do volume sanguíneo circulante efetivo”

HIPOTENSÃO ⇒ PERFUSÃO TECIDUAL = HIPÓXIA CELULAR

EVENTOS CLÍNICOS POTENCIALMENTE LETAIS:

• Hemorragia
• Traumatismo
• Queimaduras extensas
• Infarto do miocárdio (grande)
• Embolia pulmonar maciça
• Sepse microbiana

ESTÁGIOS DO CHOQUE:
1- Fase não progressiva inicial: durante a qual mecanismos compensatórios reflexos
(neuro-hormonal) são ativados e a perfusão para órgãos vitais é mantida
2- Fase progressiva caracterizada: por hipoperfusão tecidual e ínicio de desequilíbrios
circulatórios e metabólicos crescentes (acidose)
3- Fase irreversível: Instala depois que o corpo sofreu lesão celular e tecidual intensa =
SOBREVIDA IMPOSSÍVEL
65

CATEGORIAS GERAIS DOS CHOQUES:

TIPOS DE CHOQUE EXEMPLOS CLÍNICOS MECANISMOS


- Infarto do miocárdio - Insuficiência do coração por
Cardiogênico - Ruptura ventricular lesão miocárdica intrínseca,
- Arritmia compressão extrínsecas ou
- Tamponamento cardíaco obstrução do fluxo de saída.
- Embolia pulmonar
- Hemorragia - Volume sanguíneo ou
Hipovolêmico - Perda hídrica (vômitos, plasmático deficiente
diarréias, queimaduras e
traumatismo)
- Infecções microbianas - Vasodilatação periférica e
devastadoras acúmulo de sangue
Séptico - Choque endotóxico (G -) - Ativação/lesão endotelial
- Septicemia por Gram + - lesão induzida por leucócitos
- Sepse fúngica - CID (coagulação intravascular
- Superantígenos (proteínas disseminada)
bacterianas) - Ativação das cascatas de
citocinas

Neurogênico - Acidente por anestésico - Perda do tônus vascular e


-Traumatis. raquimedular acúmulo perif de sangue
- Antígeno em indivíduo - Resposta de hipersensibilidade
Anafilático sensibilizado (picada de insetos, generalizada mediada por IgE
alimentos, injeções) (vasodilatação, hipotensão,
hipoperfusão tecidual e anóxia
celular)
66

QUAIS SÃO AS ALTERAÇÕES NOS ÓRGÃOS APÓS UM CHOQUE?

• CÉREBRO = encefalopatia isquêmica


• CORAÇÃO = necrose de coagulação focal ou disseminada ou hemorragia
• RINS = lesão isquêmica tubular extensa
• PULMÕES = é comum ser afetado com sepse bacteriana ou traumatismo, causando
lesão alveolar difusa (pulmão de choque)
• SUPRA-RENAIS= há depleção lipídica nas células corticais ( síntese de esteróides)
• TRATO GASTROINTESTINAL = enteropatia hemorrágica (hemorragia e necrose da
mucosa)
• FÍGADO = esteatose e necrose hemorrágica
Todos estas alterações celulares e teciduais podem melhorar se o paciente sobreviver,
exceto miócitos e neurônios.
67

NEOPLASIAS

(Neo = Novo / Plasia = Crescimento = Neoplasma)

ONCOLOGIA

(Oncos = Tumor)

A neoplasia é autônoma, pode ter um estímulo, mais depois que ela aconteceu mesmo
sem estímulo ela contínua a se desenvolver. A neoplasia depende da nutrição que o organismo
lhe dá, só que o organismo não tem controle sobre a neoplasia. A neoplasia benigna pode
estacionar ou até mesmo regredir (não é comum à regressão da neoplasia mais pode
calcificar), normalmente a neoplasia benigna ou maligna cresce indefinidamente até levar o
paciente a óbito. A neoplasia tem crescimento autônomo, independendo do organismo, ou
seja, ela só depende da nutrição do organismo. As neoplasias podem ser benignas ou malignas
ou “borderline”.

NEOPLASIA BENIGNA NEOPLASIA MALIGNA


* As células são muito parecidas ou idênticas * Padrão celular diferenciado, as células
ao tecido que ela originou. sofrem mutações na sua estrutura
cromossomal, crescimento descontrolado
(anaplasia) não se percebe de que tipo de
tecido a célula originou.
* Há um crescimento encapsulado das * Crescimento desordenado, aderência a
células, crescimento expansivo delimitando a qualquer parte de modo obstinado
neoplasia (fácil cirurgia) (caranguejo)
* Facilmente enucleável * Núcleos grandes (cromatina irregular)

* Crescimento lento (poucas mitoses) * Crescimento rápido, invade tecidos,


metástases (↑ mitoses)
* Nunca vai invadir vasos sanguíneos nem * Invade vasos sanguíneos e linfáticos,
linfáticos chegando a outro órgão (metástase)
* Pode comprimir vasos * Pode romper vasos (hemorragia)
* Células proliferantes (parênquima), Tec. Conjuntivo e vasos (estroma)

* Todo câncer é uma neoplasia, mas nem toda neoplasia é um câncer.

* Imuno-histoquímica para diferenciar tipo celular nas neoplasias malignas.

* Neoplasia circulante = Leucemia (sem tumor)

Tumores benignos = OMA (sufixo), acrescentado ao nome da célula de origem.

Ex.: * Tumor benigno de células mesenquimatosas:


68

Fibroblásticas = FIBROMA

Cartilaginosas = CONDROMA

Osteoblastos = OSTEOMA

Gordurosas = LIPOMA

* Tumor benigno de células epiteliais:

(complexo, classificam-se pelo tipo de células de origem, arquitetura


microscópica, padrões macroscópicos)

Glândulas = ADENOMA

Projeções(verrugas) = PAPILOMA

Massa cística(ovário) = CISTADENOMA

Projeções(mucosa)B/M = PÓLIPOS

Vasos sanguíneos = HEMANGIOMA

Tumores malignos =

Ex.: * Tumor maligno de células mesenquimatosas:

SARCOMA (sar = carnoso)

Fibroblásticas = FIBROSSARCOMA

Cartilaginosas = CONDROSSARCOMA

Osteoblastos = SARCOMA OSTEOGÊNICO

Gordurosas = LIPOSSARCOMA

Vasos sanguíneos = ANGIOSSARCOMA

Músculo liso = LEIOMIOSSARCOMA

Músculo estriado = RABDOMIOSSARCOMA

* Tumor maligno de células epiteliais:

(CARCINOMA)
69

Células de origem ectodérmica (Epiderme)

Células de origem mesodérmica (Túbulos renais)

Células de origem endodérmica (Trato gastro/nal)

Renal = CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS

Hepatócitos = CARCINOMA HEPATOCELULAR

Glândulas= ADENOCARCINOMA

# TERATOMA = Constituído de uma variedade de células parenquimatosas.

NEOPLASIA BENIGNA x NEOPLASIA MALIGNA

1- Diferenciação e Anaplasia

Aplica-se a células parenquimatosas das neoplasias.

Diferenciação = refere-se ao grau de semelhança entre as células parenquimatosas e


células normais comparáveis, tanto a nível morfológico quanto funcional.

* Tumores (benigno) bem diferenciados:


70

*Tumores (malignos) diferenciados e indiferenciados (anaplásico = regredir = células


gigantes = ↑↑mitose ≠ células de Langhans):

Quanto + rápido for o cresc/o e + anaplásico o tumor, < a probabilidade de aparecer uma
atividade funcional especializada.

Tumores benignos são bem diferenciados (semelhanças c/ células de origem).

Tumores malignos são ± diferenciadas, mas c/ perda da diferenciação.


71

2- Velocidade de Crescimento

Neoplasia benigna = crescimento lento.

Neoplasia maligna = cresce rapidamente levando o paciente a óbito.

O crescimento neoplásico depende:

* carga hormonal

* suficiência do suprimento sanguíneo

* influências desconhecidas

3- Invasão local

Neoplasia benigna = Sem capacidade de infiltração, invasão e metástase.

Possui cápsula fibrosa (tec. Conjuntivo comprimido)

Neoplasia maligna = Infiltração progressiva.

Invasão.

Destruição do tecido circundante.

4- Metástases

São implantes tumorais descontínuos em relação ao tumor inicial.

* Definem o tumor como maligno.

*As invasões são pelos: vasos linfáticos, sanguíneos e cavidades corporais.

* Exceções: Gliomas(N. maligna) e Carcinoma basocelular de pele(úlceras roedoras)

VIAS DE DISSEMINAÇÃO

• Cavidades Corporais e Superfície: Neoplasia penetrar em um capo aberto. Ex.:


Cav. Peritoneal (verniz canceroso), pleural, pericárdica, subaracnoídea,
articular.

• Linfática: disseminação inicial dos carcinomas e sarcomas. Ex.: Mama →


tórax. Pulmão → traquéia.
72

• Hematogênica: Típica de sarcoma, mas pode ser utilizada por carcinoma. O


fígado e os pulmões são + afetados, drenagem portal flui para o fígado e todo
sangue caval flui para os pulmões.
Pode ocorrer embolização de células malignas.
73

EPIDEMIOLOGIA

Estuda a distribuição das várias formas de câncer entre a população, a observação e


análise das variações de sua ocorrência em diferentes grupos ou comunidades, e os fatores de
risco a que eles se expõem.

1- Incidência do Câncer

número de casos novos da doença em um período de tempo

------------------------------------------------------------------------
Taxa de incidência = X 100.000
número de pessoas expostas ao risco de desenvolver a
doença no mesmo período de tempo

número de mortes por câncer/ano

----------------------------------------------------
Taxa de mortalidade geral por câncer = X 100.000
número de pessoas expostas ao risco de
morrer por câncer no ano
74

n de casos de dças existentes num determinado momento

Taxa de prevalência = ---------------------------------------------------------------------- X 100.000

população média nesse determinado momento

2- Influência Geográfica e Ambiental

• Carcinoma de estômago no Japão, 7x > EUA.


• Carcinoma de pulmão, EUA 2x > Japão. (Bélgica é > EUA)
• Melanoma, Nova Zelândia 6x > Islândia.
• Álcool e Tabaco juntos.
• Câncer cervical X número de parceiros
• Obesidade

3- Idade

4- Hereditariedade

“Minha mãe e meu pai morreram de câncer. Isso significa que estou condenado a
morrer assim?”

(Cotran, et al., 2000)


75

5- Distúrbios Pré-neoplásicos adquiridos

“A única maneira de evitar o câncer: é de não ter nascido; viver significa correr o risco”

(Cotran, et al., 2000)

• Replicação celular (proliferações regenerativas/hiperplasia/displasia)


• Gastrite atrófica crônica.
• Ceratose solar da pele.
• Colite ulcerativa crônica.
• Leucoplasia da cavidade oral, vaginal e peniana.

Não existe nenhum risco em algumas neoplasias benignas de se transformarem em


neoplasia maligna?

Embora possa existir algum risco, as experiências cumulativas indicam que a maioria
das neoplasias não se tornam cancerosa.

O tumor era uma forma indolente de câncer desde o início ou havia um foco maligno no
tumor benigno?

Fonte: Ministério da Saúde/DataSUS


76

Estimativas para o ano de 2016 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e do
número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização primária*

Fonte: Ministério da Saúde/DataSUS


77

TNM – CLASSIFICATION OF MALIGNANT TUMOURS

1- Auxiliar o médico no planejamento do tratamento


2- Dar alguma indicação no prognóstico
3- Auxiliar na avaliação dos resultados de tratamentos
4- Facilitar a troca de informação entre os centros de tratamento
5- Contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano

T- extensão do tumor primário

N- Ausência ou presença e a extensão de metástase em linfonodos regionais

M- Ausência ou presença de metástase à distância

Adição de números indica a extensão da doença maligna.

T0, T1, T2, T3, T4 | N0, N1, N2, N3 | M0, M1

Classificação clínica (pré-tratamento) da TNM = cTNM

Ex.: Exame físico, endoscopia, biópsia, exploração cirúrgica, imagem...

Classificação patológica (histopatológica) da TNM = pTNM

Ex.: Avaliação tumor primário = pT; linfonodos regionais = pN; metástases = pM.

ESTADIAMENTO é a classificação final pelo TNM, auxiliando no tratamento e prognóstico


do câncer.

REGIÕES E LOCALIZAÇÕES ANATÔMICAS

• Regras para classificação, com os procedimentos para avaliar as categorias T, N, M


• Regiões anatômicas e sub-regiões, quando apropriado
• Definição dos linfonodos regionais
• TNM – classificação clínica
• pTNM – classificação patológica
• Graduação histopatológica (G)
78

TNM – CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA

T – Tumor primário

TX – Tumor primário não pode ser avaliado

T0 – Não há evidência de tumor primário

Tis – Carcinoma in situ

T1, T2, T3, T4 – tamanho crescente e/ou extensão local do tumor primário

N - Linfonodos Regionais

NX – Linfonodos regionais não podem ser avaliados

N0 – Ausência de metástase em linfonodos regionais

N1, N2, N3 – Comprometimento dos linfonodos regionais

M – Metástase à Distância

MX – A presença de metástase a distância não pode ser avaliada

M0 – Ausência de metástase à distância

M1 – Metástase à distância

A categoria M1 pode ser ainda pode ser mais especificada:

Pulmonar PUL (C34) Linfonodal LIN (C77)

Óssea OSS (C40,41) Medula óssea MO (C42.1)

Hepática HEP (C22) Supra-adrenal ADR (C74)

Cerebral CER (C71) Pele CUT (C44)

pTNM – CLASSIFICAÇÃO PATOLÓGICA

pT – Tumor primário

pTX – O tumor primário não pode ser avaliado histologicamente


79

pT0 – Não há evidência histológica de tumor primário

pTis – Carcinoma in situ

pT1, pT2, pT3, pT4 – aumento crescente e/ou extensão local do tumor primário,
comprovado histologicamente.

pN – Linfonodos Regionais

pNX – Linfonodos regionais não podem ser avaliados histologicamente

pN0 – Não há, histologicamente, metástase* em linfonodos regionais

PN1, pN2, pN3 – Comprometimento crescente dos linfonodos regionais, comprovado


histologicamente

pM – Metástase à distância

pMX – A presença de metástase à distância não pode ser avaliada histologicamente

pM0 – Ausência de metástase à distância

pM1 – Metástase à distância, microscopicamente

G - GRADUAÇÃO HISTOPATOLÓGICA

GX – O grau de diferenciação não pode ser avaliado

G1 – Bem diferenciado

G2 – Moderadamente diferenciado

G3 – Pouco diferenciado

G4 – Indiferenciado

SÍMBOLOS DESCRITIVOS ADICIONAIS

Identificação de casos especiais na classificação (casos analisados separadamente)

y – Classificação realizada durante ou após uma terapêutica.

r – Tumores recidivos. Ex.: rT2N0M0; rpT3N1MX

a – Indica que a classificação é primariamente determinada por necropsia.


80

“m” – Indica presença de tumores primários múltiplos em uma única localização primária.

SÍMBOLOS DESCRITIVOS OPCIONAIS

L – Invasão Linfática

LX – Invasão linfática não pode ser avaliada

L0 – Ausência de invasão linfática

L1 – Invasão linfática

V – Invasão venosa

V0 – Ausência de invasão venosa

V1 – Invasão venosa microscópica

V2 – Invasão venosa macroscópica

FATOR C

(Fator de certeza) - opcional

C1 – Evidência obtida por métodos diagnósticos padrões (inspeção, palpação, radiografias e


endoscopias)

C2 – Evidência obtida por métodos diagnósticos especiais (TC, US, Angiografia, RMN,
biopsia)

C3 – Evidência obtida por exploração cirúrgica

C4 – Evidência da extensão da doença por cirurgia definitiva (histopatologia)

C5 – Evidência obtida por necropsia

Ex.: T3C2; N2C1; M0C2

CLASSIFICAÇÃO DO TUMOR RESIDUAL (R)

(opcional)

RX – Presença de tumor residual não pode ser avaliada


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R0 – Ausência de tumor residual

R1 – Tumor residual microscópico

R2 – Tumor residual macroscópico

Defina:

pT2pN1M0; pT4pN3pM1; T2C5; T1N0MX; pT3pN2M1; M0C3; T2C5; “m”T3N2M1;


rpT1pN2M0; ypT3N3MX; pT3G4; pN2G3;

BASES MOLECULARES DO CÂNCER

Classicamente, divide-se o processo carcinogênico em 3 etapas:


• Facilitar o estudo de questões cruciais relativas à compreensão dos
mecanismos de desenvolvimento do câncer.
• Possibilita o estudo seqüencial, a identificação dos fatores envolvidos e
modificações ocorridas durante cada fase.
• Abre possibilidades de intervenção no processo de desenvolvimento tumoral.

3 ETAPAS: INICIAÇÃO *, PROMOÇÃO * E PROGRESSÃO *


*(ROUS & KIDD, 1941; MOTTRAM, 1944; BERENBLUM & SHUBIK, 1947 and
PITOT, 1989).
1- INICIAÇÃO –
- É irreversível.
- Exposição de células normais a carcinógenos químicos, físicos ou biológicos,
causadores de alterações genéticas, mutações simples e deleções no DNA.
- As células iniciadas adquirem > capacidade de expansão clonal.
2- PROMOÇÃO –
- As células iniciadas de tecidos ou órgãos dão origem a focos de proliferação
celular → atuam como precursores da carcinogênese.
3- PROGRESSÃO –
- Última fase do processo carcinogênico.
- Caracterizada pelo crescimento maligno.
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- Processo em que os focos de proliferação sejam papilomas, pólipos ou


nódulos, por meio de uma evolução gradual dão origem a neoplasias malignas.

PROTO-ONCOGENES – Genes celulares que promovem o crescimento e a diferenciação de


células normais.

ONCOGENES - Genes que causam câncer, derivados dos proto-oncogenes.

ONCOPROTEÍNAS - São codificadas pelos oncogenes.


- São destituídas de elementos reguladores importantes.
- Sua produção nas células transformadas não depende de fatores
de crescimento e/ou de sinais externos.

GENES SUPRESSORES – Atuam diminuindo a proliferação celular.


- Regulação do crescimento celular.
- A perda ou mutação deste gene consiste em aparecimento ou
aumento de tumores.
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METÁSTASES HEMATOGÊNICA DO TUMOR


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AGENTES CARCINOGÊNICOS

1- Carcinógenos químicos
• Agentes alquilantes – Ciclofosfamida, clorambucil, bussulfan = são agentes
antineoplásicos, mas causam neoplasia linfóide, leucemia e outros cânceres.
• Hidrocarboneto aromático policíclico - Combustão do tabaco, carnes
assadas e defumadas – câncer de pulmão, bexiga...
• Aminas aromáticas e corantes Azo - Anilina, amarelo-manteiga,
vermelho-scarlate(cereja) – Câncer de fígado.
• Natural - Aflatoxina B1 – produzidos por cepas de Aspergillus flavus –
amendoim inadequadamente armazenados – câncer de fígado.

2- Energia radiante
• Raios ultravioletas – Carcinoma basocelular da pele, carcinoma de células
escamosas e melanoma. Ex.: UVA , UVB e UVC .
• Radiação ionizante – Raios X, Raios γ, partículas α, β, prótons, nêutrons.
Câncer de mama, próstata, pulmão, cólon e tireóide.

3- Organismos oncogênicos (vírus, bactérias)


Vírus oncogênicos de DNA
• Vírus – HPV – papiloma vírus humano – câncer de colo de útero, região
anogenital, cânceres orais e de laringe.
• Vírus – EBV - Epstein Barr - Linfomas de células B, carcinomas
nasofaríngeos.
• Vírus – HBV – Vírus da hepatite B – Câncer Hepatocelular.
Vírus oncogênicos de RNA (retrovírus)
• Vírus – HTLV-1 – vírus da leucemia de células T humano tipo 1
Bactérias
• Helicobacter pylori – Câncer gástrico
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MÉTODOS DE ESTUDO EM PATOLOGIA

“O estudo da patologia conta com um arsenal poderoso de recursos tecnológicos, ao lado dos
procedimentos convencionais de análise macro e microscópica”

1- ESTUDO MORFOLÓGICO
1.1. Exames citopatológicos
1.2. Exames anatomopatológicos
1.2.1. Análise morfológica
1.3. Necropsia

2- IMUNOCITOQUÍMICA
2.1. Princípios fundamentais

2.2. Aplicações

3- CULTURA CELULAR
3.1. Bases metodológicas

3.2. Aplicações

4- CITOMETRIA

5- MORFOMETRIA

6- AUTO-RADIOGRAFIA

7- TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR


7.1. Hibridação molecular

7.1.1. Sondas de ácidos nucléicos

7.1.2. Amostras

7.1.3. Reação de hibridação


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7.2. Reação em cadeia de polimerase

7.2.1. Aplicações

7.2.2. Estudo de neoplasias

7.3. Doenças infecciosas

7.4. Doenças genéticas

ESTUDO MORFOLÓGICO

Estudo macro e microscópico das doenças constituem a formação tradicional de análise


em Patologia, tanto para investigação como para diagnóstico.

1.1. Exames citopatológicos

Diagnosticar neoplasias malignas e suas lesões precursoras. Ex.: Exame


colpocitológico (câncer uterino)

Material: Raspado de pele ou mucosas(cervicovaginal);

Secreções (árvore traqueobrônquica, conteúdo de cistos, tubo


gastrointestinal);

Líquidos (serosas, urina, liquido aminiótico);

Punção aspirativa (tireóides, fígado, mama).

Processamento da amostra: Amostra de células deve ser fixadas em álcool


etílico em diferentes [ ]s. Ex.: Colpocitológicos – fixado úmido em álcool 95%.

Esfregaço seco (escarro, tubo gastrointestinal) – fica até um dia na


geladeira.

Líquidos pobres em proteínas ou muco – ficam poucas horas em


geladeira.
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Coloração universal é de PAPANICOLAU

Resultados:

Classe 0 = Material inadequado ou insuficiente para diagnóstico. Deve-se


repetir a colheita.

Classe I = Ausência de alterações citológicas. Esfregaço normal.

Classe II = Presença de atipias celulares, porém não associadas a malignidade.


Refere-se em geral a processos inflamatórios.

Classe III = Esfregaço duvidoso para malignidade.

Classe IV = Esfregaço sugestivo mais não conclusivo para malignidade.

Classes V = Esfregaço positivo para malignidade.

1.2. Exames anatomopatológicos

São biópsias de tecidos ou órgãos para diagnóstico e/ou tratamento.

Biopsia Incisional – Quando se retira uma parte da lesão para diagnóstico. Ex.:
Endoscopia, curetagens, biopsias por agulha, colposcopia, biopsia cerebral estereotáxica.

1.2.1. Análise morfológica – Exame macroscópico, retirada dos fragmentos


representativos para o estudo histopatológico. Corado por H&E, ou histoquímica.
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Urgência usa-se o método de congelação rápida em tecidos e corte em micrótomos especiais


(criostato) - 10 a 15 minutos

TIPOS DE MICROSCÓPIOS PARA ANÁLISE DOS CORTES HISTOLÓGICOS E


PREPARAÇÕES CITOLÓGICAS:

Microscópio óptico - acima de 0,2 µm

O condensador concentra a luz e projeta um feixe luminoso para o objeto. Utilizando-


se objetivas e ocular para aumentar o objeto. A resolução é o que determina o poder de nitidez
do microscópio.

Microscópio de contraste de fase – observação das células e tecidos vivos.

Utilizam-se refrações diferentes em cada estrutura celular – contraste de fase – retina sensível.

Microscópio confocal – células são tratadas por substâncias fluorescentes, onde se emite
feixes de raio laser e são emitidas para um monitor de vídeo.

Microscópio de polarização – a luz vibra em uma única direção revelando presença de


moléculas alongadas e orientadas.

Microscópio de fluorescência – muito utilizada, marcador fluorescente, emissão de luz UV,


visualização do complexo DNA-alaranjado de acridina (verde-amarelada) e visualização do
complexo RNA-alaranjado de acridina (vermelho amarelada). Ex. Toxoplasmose, Dç
Chagas.

Microscópio eletrônico – Alta resolução. (20 a 100nm). Aumento de 1.000.000 vezes

Um filamento de Catódio se aquece no vácuo e produz elétrons formando a imagem.


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O feixe de elétrons é defletido por lentes eletromagnéticas, o condensador focaliza o


feixe de elétrons no plano do objeto e a objetiva forma a imagem. Tela fluorescente ou filme
fotográfico.

Microscópio eletrônico de varredura – utiliza-se metal pesado para transformar a projeção


do objeto em um monitor de vídeo.

1.3. Necropsia

Exame post mortem sistemático dos órgãos ou de parte deles para se determinar à
causa da morte.

Necropsias médico-cientifica:

Necropsia completa = dissecação de todos órgãos.

Necropsia parcial = incisão parcial/ reabertura de incisões pós cirurgicas/ punção com
agulha.

Necropsia médico-legais: é obrigatória por lei nas seguintes condições:

- Morte violenta (homicídio/ suicídio/ acidentes de trânsito/ ou trabalho, etc.

Retirada de órgãos, sangue e secreções para análise toxicológicas.

Queda de necropsia – ultra-sonográfia/ tomografia computadorizada/ ressonância


magnética.

Importante – Transplantes de órgãos.


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2. IMUNOCITOQUÍMICA = IMUNOISTOQUÍMICA=IMUNO-HISTOQUÍMICA

- Anticorpos específicos para detecção de antígenos presente em células e tecidos.


Ex.: proteínas da membrana/ microorganismo.
- Técnica qualitativa. (pode ser quantitativa) (intensidade)
- Para evitar erros = sempre usar junto com achados morfológicos

2.1. Princípios fundamentais


Métodos que se baseiam em reações químicas específicas ou interação
macromolecular de alta afinidade podendo-se identificar muitas moléculas orgânicas em
células e tecidos. Ex: (Fe e Fosfato).

Lipídios – localizados por corantes(Sudam IV e o Sudam Negro = vermelho e preto)

DNA – reação de Feulgen + Reativo de Schiff = vermelho(hidrólise do DNA pelo


HCL)

RNA – afinidade por corantes básicos(basofilia), azul de toluidina ou azul de metileno.

Polissacarídeos – Geralmente estão ligados a proteínas e lipídios, sendo o único


polissacarídeo livre no organismo dos mamíferos: glicogênio, podendo ser evidenciado pela
reação do ácido periódico-Schiff(P.A.S.)

Enzimas – Fosfatases(localizar lisossomos)

Peroxidase(oxidação)

Desidrogenase(retiram H de um substrato, transferindo-o para outro).

Interação antígeno-anticorpo.

1- Conjugação por composto fluorescente – ident. Ac. Marcado pelo ag. (Micr.
Fluoresc)
2- Conjugação com enzima – Ac. é localizado por técnica histoquímica (peroxidase)
mo/me.
3- Conjugação com uma substância que não se deixa atravessar pela luz e que
dispersa elétrons – Marcador mais usado é o ouro. mo/me.
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2.2. Aplicação
Doenças infecciosas e neoplasias. Muito valor na histogênese/ etiologia/ patogênese de
muitos processos patológicos.

Neoplasias = Critérios histogenético e no grau de diferenciação celular.

Infecções = diagnóstico etiológico preciso, com a contribuição da imunocitoquímica.

3. CULTURA CELULAR
Inicio do século passado.

Na patologia colaboração em diagnóstico de doenças incapazes de serem analisadas


por outros métodos convencionais.

3.1. Bases metodológicas


Manutenção e multiplicação de células in vitro de células vivas.

Meio de cultivo = aa, vitaminas, sais, pH, água, hormônios...

3.2. Aplicações
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Em cultura de células trabalha-se com populações celulares homogêneas, sem


interferências de outros tipos celulares e sem participação de fatores externos(componentes
nervosos e hormonais).

A principal finalidade deste estudo = Análise do Metabolismo e do Comportamento


Celular. Ex.: Mecanismo das proteínas, fatores de crescimento, hormônios, substâncias
tóxicas), Virologia.

4. CITOMETRIA
Consiste na determinação quantitativa de componentes celulares.

# Citofotometria (citometria estática) – Cora-se uma estrutura ou componente


celular por meio de histoquímica. Leitura – Feixe de luz.

A intensidade de luz transmitida é proporcional à quantidade de corante que


impregnou na estrutura celular pesquisada, comparando com uma estrutura normal da célula.

É um método trabalhoso e demorado, muito útil.

Finalidade: Determinação do conteúdo de DNA nuclear em lesões proliferativas,


principalmente nas neoplasias.
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# Citometria de Fluxo – É mais avançada, porém dependente de equipamentos


especializados. Utiliza-se células em suspensão, tratadas com FLUOROCRÔMIO que se liga
a estrutura de interesse, o qual é reconhecido e quantificado por um sensor, as células passam
em alta velocidade por um canal e esse sensor capta a quantidade de FLUOROCRÔMIO que
é transferida para um computador onde fornece resultados quantitativos.

Finalidade: Separar células em diversas populações(volume)

Quantificar a quantidade de DNA celular nas neoplasisas.

5. MORFOMETRIA
Técnica muito utilizada na investigação científica(melhora o entendimento de muitas
doenças).

Por meio de oculares micrometradas, podem ser feitas medidas das dimensões dos
tecidos, células, ou seus constituintes normais e patológicos.

6. AUTO-RADIOGRAFIA
É o procedimento que permite a identificação de elementos radioativos incorporados a
células ou tecidos.

Aplicação de uma substância marcada com um isótopo radioativo em: animais ou


culturas de células.

Finalidade: É o estudo dos distúrbios do crescimento celular em neoplasias.

7. TÉCNICAS DE BIOLOGIA MOLECULAR


Nos últimos anos houve avanços surpreendentes na Biologia Molecular que
juntamente com a Patologia trouxe instrumentos valiosos para aperfeiçoar o trabalho. Ex.:
Dçs. = Câncer, genéticas e infecciosas.

7.1. Hibridação molecular


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As técnicas de biologia molecular aplicada em Patologia baseiam-se na própria


estrutura dos ácidos nucléicos.

DNA - molécula simples. Sua estrutura primária é formada por 4


Nucleotídeos – Adenina(A), Citosina(C), Guanina(G) e Timidina(T) unidos por ligações
fosfodiéster.

Sua estrutura secundária é formada por dupla hélice estabilizada por pontes de
hidrogênio. Apesar de muito estável essa dupla hélice pode se desfazer por calor ou
substância química(DESNATURAÇÃO). Logo após a desnaturação as duas fitas se juntam.
A RENATURAÇÃO é muito específica, onde pontes de hidrogênio se formam entre A com
T, e C com G.

HIBRIDAÇÃO é a união de duas fitas (renaturação) que são de locais diferentes. A


seqüência empregada para reconhecer o segmento procurado é chamada de SONDA.

7.1.1. Sondas de ácidos nucléicos

É um segmento conhecido de DNA ou RNA obtido por clonagem molecular ou


por síntese química, o qual é complementar a uma seqüência de interesse(seqüência-alvo).

As sondas de DNA se comportam como anticorpos usados na


imunohistoquímica. (DNA é muito estável em relação às proteínas).

A sonda é marcada com um radioisótopo = Sonda radioativa.

A sonda marcada por substâncias não radioativas (Biotina e Digoxigenina) =


Sonda Fria (menor sensibilidade).

7.1.2. Amostras

Qualquer material biológico obtido por necropsia, biópsias, raspados celulares,


punções, secreções e outros fluídos orgânicos.

Corte histológico e esfregaços celulares.

7.1.3. Reação de Hibridação


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Desvendar a localização exata da seqüência de interesse(agente


infeccioso/neoplasia)

7.2. Reação em Cadeia de Polimerase(PCR)

A PCR sintetiza in vitro segmentos específicos de DNA e RNA.

Realizadas em termocicladores automatizados, onde várias amostras são


analisadas ao mesmo tempo.

O DNA amplificado pode ser identificado em BLOT e gel de agarose ou


poliacrilamida.

7.2.1. Aplicações e Estudo de neoplasias

Muito usada em pesquisa de ciências básicas e aplicadas.


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Estudo de neoplasias em particular foi um grande beneficiário.

Analise da expressão gênica (processos de crescimento e diferenciação


celular), oncogenes e genes supressores de tumor.

Classificação dos cânceres facilita a orientação do tratamento e prognóstico.

7.3. Doenças infecciosas

A vantagem em descobrir o agente infeccioso é que ele possui seqüências


especificas de ácidos nucléicos que lhes são próprias e que podem ser reconhecidas pelas
técnicas de Biologia molecular.

Ex.: Doenças virais, bactérias, parasitas.

O uso da PCR vem sendo aplicado cada vez mais em laboratórios de análises
clínicas e patológicas.
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7.4. Doenças genéticas

Nessas doenças tem se um ou mais genes alterados de diversas maneiras,


podendo ser identificadas tanto antes como após o nascimento.

Ex.: Fibrose cística (mucoviscidose) - mutações no gene(3 nucleotídeos)que


codifica a proteína fenilalanina 508 responsável pela doença. Polipose familial do cólon
– detecção do gene defeituoso.

DOENÇAS INFECCIOSAS DOENÇAS GENÉTICAS


VIRAIS Deficiência de α-1-antitripsina
Vírus do papiloma humano Fenilcetonúria
Citomegalovírus Distrofia muscular tipo Duchenne
Vírus de Epstein-Barr Polipose familial de cólon
Hepatites A,B,C e D Fibrose cística
Retrovírus – HIV e HTLV Hemoglobinopatias
Rotavírus Drepanocitose
Enterovírus e outros vírus Talassemia
BACTERIANAS
Escherichia coli
Salmonella
Shigella
Helicobacter pylori
Campilobacter
Micobacterium leprae
Micobacterium tuberculosis
Micoplasma pneumoniae e outras
PARASITAS
Plasmodium falciparum
Trypanossoma cruzi
Leishmania
Entamoeba histolytica
Giárdia lamblia
Toxoplasma gondii
Aplicações diagnósticas de doenças infecciosas e genéticas em hibridação molecular
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REFERÊNCIAS

1- KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; ROBBINS, S.L. 7ª ed. Patologia – bases
patológicas das doenças. Elsevier, 2005.

2- BRASILEIRO FILHO, G.; LIMA PEREIRA, F.E.; PITELLA, J.E.H.; BAMBIRA,


E.A.; BARBOSA, A.J.A. 1993. Bogliolo/Patologia geral. Editora Guanabara
Koogan.

3- CHICOTE, S.R.M. Apostila de Patologia e Anatomia Patológica. Curso de


Biomedicina. Universidade de Franca, 2013.

4- ORIGEM: Wikipédia, a enciclopédia livre. Quelóide. 2016. [Acesso em 10 fev. 2016].


Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Queloide.

5- INCA. Estimativa/2016. Incidência da câncer no Brasil. [Acesso em 14 fev. 2016].


Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016-v11.pdf.

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