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Adaptações Curriculares

para a Educação Inclusiva


Disciplina: Legislação para a Inclusão

Modalidade de Curso
Curso Livre de Capacitação Profissional

Pedagógico do Instituto Souza


atendimento@institutosouza.com.br
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Educação, Inclusiva e Legislação

Constituição Federal, através do artigo 205, garante o direito à educação a todos os


indivíduos. Quando a constituição se refere ao termo “todos os indivíduos”,
subtende-se que não há distinção. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de
condições para acesso e permanência na escola. Observa-se então que, a
constituição garante a todos o direito de a educação sem distinção de raça, sexo,
cor, origem ou deficiência. Fica claro que não é permitido nenhum tipo de
discriminação ou impedimento da matrícula do indivíduo com deficiência na rede
regular de ensino. A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo
governo da Espanha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em
1994, ressalta que o direito de cada criança a educação é proclamado na
Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela
Declaração Mundial Sobre Educação para Todos. Na Declaração de Salamanca
ficou estabelecido que

Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a


oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e
“toda criança possui características, interesses, habilidades e
necessidades de aprendizagens que são únicas. Qualquer pessoa
portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com
relação à sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais
possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de
educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações
de suas crianças. (MEC/SEESP, 2006:33)

A inclusão requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada um,
considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com
deficiência e a opinião da Família em relação ao sujeito incluído.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), o


Atendimento Educacional Especializado, Assegurado no artigo 58,

§ 1º e § 2º, ressalta que: 7§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de


apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades
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da clientela de Educação Especial. § 2º. O atendimento educacional será


feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em
função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular. (LDB 9.394/96).

O artigo da LDB assegura o serviço de apoio especializado, ou atendimento


educacional especializado, aos indivíduos com deficiência sempre que for
necessário para atender as necessidades de cada aluno. Quando não for possível a
integração do aluno nas classes comuns de ensino regular, poderá ocorrer o
atendimento educacional através do serviço de apoio especializado.

A lei Nº 10.845, de 5 de março de 2004, institui o programa de Complementação ao


Atendimento Educacional Especializado às pessoas com Deficiência e ressalta no
artigo 1º que:

Fica instituído, no âmbito do Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação –


FND, programa de complementação ao Atendimento Educacional Especializado às
Pessoas Portadoras de deficiências – PAED, em cumprimento do disposto no inciso
III do artigo 208 da Constituição, com os seguintes objetivos:

I – garantir a universalização do atendimento especializado de


educandos portadores de deficiência cuja situação não permita a
integração em classes comuns de ensino regular;
II – garantir, progressivamente, a inserção dos educandos portadores de
deficiência nas classes comuns de ensino regular.” (MEC/SEESP, 2006:
190).

A lei citada destaca a necessidade de garantir às crianças com necessidades


especiais nas escolas inclusivas, apoio e suporte extra que assegurem uma
educação efetiva evitando-se o encaminhamento dessas crianças a escolas, classes
ou seções permanentes de Educação Especial, salvo exceções, quando há
incapacidade do aluno frequentar a classe regular de ensino.

Há estruturas de ação em Educação Especial, adotadas pela Conferência Mundial


em Educação Especial, que se compõe de aspectos que visam à implementação de
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políticas, recomendações e ações governamentais que visão aspectos de melhoria


para a Educação Especial, dentre eles estão incluídos os serviços externos de apoio
à Educação Especial.

De acordo com a LDB (artigo 58), existe a possibilidade do Atendimento Educacional


Especializado, ocorrer fora do ambiente escolar, entretanto, o ensino regular não
deve ser substituído, e sim, apoiado através de intervenções que visem o
aprendizado e o desenvolvimento do aluno. A importância do apoio ou suporte ao
professor que possui em sala de aula um aluno com deficiência é percebida através
da dificuldade que o educador apresenta em alfabetizar esse aluno, visto que,
normalmente as salas de aula do ensino regular público, onde a inclusão ocorre de
forma mais efetiva, normalmente apresentam problemas de superlotação. Tal fato
impossibilita o professor de desenvolver com este aluno, um trabalho mais
específico que atenda suas reais necessidades.

Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede


contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a
ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à
aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à
provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal
de apoio externo. (MEC/SEESP, 2006:335)

Click e assista ao vídeo do MEC sobre Inclusão

https://www.youtube.com/watch?v=T5E_8ct-JEA
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O DESPREPARO PARA PRÁTICA INCLUSIVA

O despreparo e o medo do desconhecido ainda pairam sobre as salas de aula frente


à inclusão. Incluir um aluno na escola regular vai muito além de permitir a frequência
e participação do mesmo nas aulas sem dá-lo condições para aprender. A inclusão
requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, socialização e
vivência. Para que isto ocorra de forma efetiva é necessário que a escola se
organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí-lo. O
currículo deve ser adaptado às necessidades dos alunos, promovendo
oportunidades que se adéquem as habilidades e interesses diferenciado na intenção
de promover a inclusão de todos.

A Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a


educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que
necessitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, uma
maior eficiência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual
está inserido.

O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma


escola para todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os
alunos com necessidades especiais.

Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que se


refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm
avançado aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que a
inclusão bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente
do atualmente disponível. Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições
linguísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou
outras e requer sistemas educacionais planejados e organizados que deem conta da
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diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e


necessidades.

A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que


representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos
e de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional
favorável. Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na
realidade brasileira, reconhecidamente ampla e diversificada.

Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos sistemas


educacionais de todo o país (nos estados e municípios), há que se contemplar
alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê? O
professor especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam
deficiências?

O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos


impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com
dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos,
pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos
grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em futuro
remoto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente
específicas de programas-modelos ou experimentais.

O que se afigura de maneira mais expressiva ao se pensar na viabilidade do modelo


de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos
humanos, especificamente dos professores das classes regulares, que precisam ser
efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa. A formação e a
capacitação docente impõem-se como meta principal a ser alcançada na
concretização do sistema educacional que inclua todos, verdadeiramente.
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É indiscutível a dificuldade de efetuar mudanças, ainda mais quando implicam novos


desafios e inquestionáveis demandas socioculturais. O que se pretende, numa fase
de transição onde os avanços são inquietamente almejados, é o enfrentamento
desses desafios mantendo-se a continuidade entre as práticas passadas e as
presentes, vislumbrando o porvir; é procurar manter o equilíbrio cuidadoso entre o
que existe e as mudanças que se propõem.

Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com


necessidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente
na rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração
no texto da lei, não devendo a integração – seja como política ou como princípio
norteador – ser penalizada em decorrência dos erros que têm sido identificados na
sua operacionalização nas últimas décadas.

O êxito da integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no


atendimento à diversidade da população estudantil. Como atender a essa
diversidade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas, dentre outras
medidas: elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos,
desde a concepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades
presentes na escola; sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de
aprendizagem dos educandos; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliar
os educandos numa abordagem processual e emancipadora, em função do seu
progresso e do que poderá vir a conquistar.

Alguns educadores defendem que uma escola não precisa preparar-se para garantir
a inclusão de alunos com necessidades especiais, mas tornar-se preparada como
resultado do ingresso desses alunos. Indicam, portanto, a colocação imediata de
todos na escola. Entendem que o processo de inclusão é gradual, interativo e
culturalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na
construção do ambiente escolar que lhe seja favorável. Embora os sistemas
educacionais tenham a intenção de realizar intervenções pedagógicas que propiciem
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às pessoas com necessidades especiais uma melhor educação, sabe-se que a


própria sociedade ainda não alcançou níveis de integração que favoreçam essa
expectativa.

Click e assista aos vídeos

E sobre avanços e desafios da inclusão

https://www.youtube.com/watch?v=krYIZ_6UtrQ

PRÁTICAS INCLUSIVAS NAS ESCOLAS


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Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar a
convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a
contribuição de cada um conforme suas condições pessoais.

A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o processo


de inclusão social dos cidadãos, tendo como mediadora uma escola realmente para
todos, como instância sociocultural.

A prática escolar tem evidenciado o que pesquisas científicas vêm comprovando: os


sistemas educacionais experimentam dificuldades para integrar o aluno com
necessidades especiais. Revelam os efeitos dificultadores de diversos fatores de
natureza familiar, institucionais e socioculturais.

A maioria dos sistemas educacionais ainda baseia-se na concepção


médicopsicopedagógica quanto à identificação e ao atendimento de alunos com
necessidades especiais. Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza
a importância do fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa
população específica. Essa visão está na base de expectativas massificadas de
desempenho escolar dos alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as
diferenças individuais.

Outras análises levam à constatação de que a própria escola regular tem dificultado,
para os alunos com necessidades especiais, as situações educacionais comuns
propostas para os demais alunos. Direcionam a prática pedagógica para alternativas
exclusivamente especializadas, ou seja, para alunos com necessidades especiais, a
resposta educacional adequada consiste em serviços e recursos especializados.

Tais circunstâncias apontam para a necessidade de uma escola transformada.


Requerem a mudança de sua visão atual. A educação eficaz supõe um projeto
pedagógico que enseje o acesso e a permanência – com êxito – do aluno no
ambiente escolar; que assume a diversidade dos educandos, de modo a contemplar
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as suas necessidades e potencialidades. A forma convencional da prática


pedagógica e do exercício da ação docente é questionada, requerendo-se o
aprimoramento permanente do contexto educacional. Nessa perspectiva é que a
escola virá a cumprir o seu papel, viabilizando as finalidades da educação.

Em uma dimensão globalizada da escola e no bojo do seu projeto pedagógico, a


gestão escolar, os currículos, os conselhos escolares, a parceria com a comunidade
escolar e local, dentre outros, precisam ser revistos e redimensionados, para fazer
frente ao contexto da educação para todos. A lei nº 9.394 – de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – respalda, enseja e oferece elementos para a transformação
requerida pela escola de modo que atenda aos princípios democráticos que a
orientam.

Click e assista o incrível


vídeo sobre a professora cadeirante

https://www.youtube.com/watch?v=ieasHdgWDJA

A REDEFINIÇÃO DO OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL


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A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma


perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos
especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos.

Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação escolar,


voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania. Como
elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se transversalmente,
em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto, organização e
prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir diferenciações
nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos. Os
serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem desenvolver-se
isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar
suas finalidades gerais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da


comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de
adaptações curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem
dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em
medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os
conhecimentos dos alunos, mas, também, seus interesses e motivações.

A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à


melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem
como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa
perspectiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a
desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da
ação educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento.

A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimensão de


características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diversas
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situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de


condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos:
• Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e
sensoriais diferenciadas;
• Crianças com deficiência e bem dotadas;
• Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;
• Crianças de populações distantes ou nômades;
• Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
• Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.

A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para referir-


se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou
de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de
aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s). O termo surgiu para
evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional –
deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados
etc. – para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos portadores
de deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de
deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles
requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem
interferir na sua aprendizagem e escolarização.

É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de


deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que
passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.

O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionalidade,


ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando frequenta
a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se
transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com
necessidades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola
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pode repercutir no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais. Não


se trata de mero jogo de palavras ou de conceitos.

Click e assista o vídeo sobre a


política de inclusão do MEC

https://www.youtube.com/watch?v=_P3gBZZ1YJI

O QUE A ESCOLA PODE FAZER PARA DAR RESPOSTAS ÀS NECESSIDADES

Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar nas


dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer
para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que
apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os
alunos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que
temporariamente, de atenção específica e poder requerer um tratamento
diversificado dentro do mesmo currículo. Não se nega o risco da discriminação, do
preconceito e dos efeitos adversos que podem decorrer dessa atenção especial. Em
situação extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou
de nossa dificuldade em lidar com ela?

Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os


especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os
trabalhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula
com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação
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pedagógica “normal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com
maiores ou menos acentuadas dificuldades para aprender.

Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual


Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no
que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem
dele necessitar.

Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessidades especiais aquele


que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no
domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer
recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.” A classificação
desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado
(preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá
ênfase a:
• portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;
• portadores de condutas típicas (problemas de conduta);
• portadores de Superdotação.

A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou particulares. As


políticas recentes de educação especial têm indicado as seguintes situações para a
organização do atendimento:
• Integração plena na rede regular de ensino, com ou sem apoio em sala de
recursos.
• Classe especial em escola regular. Pelas dificuldades de integração dos
alunos em salas de ensino regular, algumas escolas optam pela organização de
salas de aula exclusivas ao atendimento de alunos com necessidades especiais.
• Escola especializada, destinada a atender os casos em que a educação
integrada não se apresenta como viável, seja pelas condições do aluno, seja pelas
do sistema de ensino.
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Click e assista o vídeo sobre


a resposta da escola à inclusão

https://www.youtube.com/watch?v=w8EDNWyJKg0

A INTEGRAÇÃO DE ALUNOS NEE (NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS)


NAS ESCOLAS REGULARES

A integração dos portadores de necessidades educativas especiais no sistema de


ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política
governamental há pelo menos uma década. Mas, apesar desse relativamente longo
período, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade escolar,
de sorte que todas as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais sejam
atendidos em escolas regulares, sempre que for recomendado pela avaliação de
suas condições pessoais. A concepção da política de integração da educação
especial na rede regular de ensino abrange duas vertentes fundamentais:
 O âmbito social, a partir do reconhecimento das crianças, jovens e adultos
especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados à sociedade o mais
plenamente possível;
 O âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do
espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos) quanto na
qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar
como um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma
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escola integradora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação


da comunidade é fator essencial.

Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a


diversidade, quer porque o aspecto das necessidades especiais é variado, quer
porque as realidades são bastante diversificadas no país. Quanto às escolas
especiais, a política de inclusão as reorienta para prestarem apoio aos programas de
integração.

Enquanto modalidade de ensino, a educação especial deve seguir os mesmos


requisitos curriculares dos respectivos níveis de ensino aos quais está associada.
No entanto, de modo a considerar as especificidades dessa modalidade de ensino e
auxiliar no processo de adaptação à nova política de integração, os sistemas de
ensino contam atualmente com o documento Adaptações curriculares. Esse
documento define estratégias para a educação de alunos com necessidades
educativas especiais e orienta os sistemas de ensino para o processo de construção
da educação na diversidade.

Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os arts.
26 e 27 da LDBEN, a ser suplementada e complementada por uma parte
diversificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos.

Em casos muito singulares, em que o educando com graves comprometimentos


mentais e/ou múltiplos não puder beneficiar-se de um currículo que inclua
formalmente a base nacional comum, deverá ser proposto um currículo especial
para atender suas necessidades, com características amplas apresentadas pelo
aluno.

O currículo especial – tanto na educação infantil como nas séries iniciais do ensino
fundamental – distingue-se pelo caráter funcional e pragmático das atividades
previstas.
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Alunos com grave deficiência mental ou múltipla têm, na grande maioria das vezes,
um longo percurso educacional sem apresentar resultados de escolarização
previstos no Inciso I do art. 32 da LDBEN: «o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
cálculo».

Nesse caso, e esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. 24 da LDBEN,


deve ser dada, a esses alunos, uma certificação de conclusão de escolaridade,
denominada «terminalidade específica». Terminalidade específica, portanto, é «uma
certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresenta, de
forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos cujas necessidades
especiais, oriundas de grave deficiência mental ou múltipla, não lhes permitem
atingir o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental,
respeitada a legislação existente, esgotadas as possibilidades pontuadas no art. 24
da Lei n.º 9.394/96 e de acordo com o regimento e a proposta pedagógica da
escola».

A referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas alternativas


educacionais, tais como o encaminhamento para cursos de educação de jovens e
adultos e de preparação para o trabalho, cursos profissionalizantes e
encaminhamento para o mercado de trabalho competitivo ou não.

A educação especial para o trabalho é uma alternativa que visa à integração do


aluno com deficiência na vida em sociedade, a partir de ofertas de formação
profissional. Efetiva-se por meio de adequação dos programas de preparação para o
trabalho, de educação profissional, de forma a viabilizar o acesso das pessoas com
necessidades educacionais especiais em cursos de nível básico, técnico e
tecnológico, possibilitando o acesso ao mercado formal ou informal. As adequações
efetivam-se por meio de:
• Adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento,
currículo e outros.
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• Capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e profissionais


especializados.
• Eliminação de barreiras arquitetônicas.

A educação especial para o trabalho pode ser realizada em escolas especiais,


governamentais ou não, em oficinas pré-profissionais ou oficinas profissionalizantes
(de forma protegida ou não), em escolas profissionais do sistema S (SESI, SENAI,
SENAC, etc.), em escolas agrotécnicas e técnicas federais ou em centros federais
de educação tecnológica e em outras congêneres.

Os arts. 3º e 4º do Decreto n.º 2.208/97 contemplam a inclusão de alunos em cursos


de educação profissional de nível básico, independentemente de escolaridade
prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com
necessidades especiais também podem, com essa condição, beneficiar-se desses
cursos, qualificando-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do
trabalho.

A educação para o trabalho oferecida aos alunos com necessidades especiais que
não apresentarem condições de se integrar aos cursos profissionalizantes acima
mencionados deve ser realizada em oficinas profissionalizantes protegidas, com
vista à inserção não-competitiva no mundo do trabalho.

Sendo a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa os diversos


níveis de ensino, o nível de formação exigido equivale aos requisitos para atuação
nos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. Sendo assim, para
atuação na educação infantil e no primeiro segmento do ensino fundamental, exige-
se formação mínima em nível médio, na modalidade Normal. Para atuação no
segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio, exige-se formação
em nível superior.
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A partir de 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos níveis de
ensino e, portanto, na modalidade de educação especial será a licenciatura plena,
obtida em nível superior.

O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, também


desenvolve o Programa Nacional de Capacitação de Recursos Humanos, dirigido
aos profissionais que atuam no ensino regular. O Programa prevê atendimento
gradual dos municípios brasileiros, utilizando-se de recursos da educação à
distância, de modo a possibilitar maior oferta de atendimento aos alunos com
necessidades educacionais especiais.

O conhecimento da realidade da educação especial no país é ainda bastante


precário, porque não se dispõe de estatísticas completas nem sobre o número de
pessoas com necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do
ano 2000, o Censo Demográfico passou a oferecer dados mais precisos, permitindo
análises mais profundas da realidade.

A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população de um


país têm necessidades especiais de diversas ordens: visuais, auditivas, físicas,
mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e, também, superdotação ou altas
habilidades. Se essa estimativa se aplicar ao Brasil, estima-se a existência de cerca
de 15 milhões de pessoas nessa condição.

A informação mais recente de que se dispõe, em âmbito nacional, foi obtida pelo
Censo Demográfico de 1991, que investigou a existência de pessoas portadoras de
cegueira, surdez, paralisia, falta de membros ou parte deles e deficiência mental, em
uma amostra com aproximadamente 10% dos domicílios do país. Apuradas as
respostas, a parcela de pessoas portadoras de deficiência foi calculada em 1,5% da
população brasileira, bem inferior, portanto, às estimativas dos organismos
internacionais de saúde.
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De qualquer forma, o atendimento nos estabelecimentos escolares mostra-se muito


inferior ao necessário. Em 1999, havia cerca de 311 mil alunos matriculados,
distribuídos da seguinte forma: 53,8% deficientes mentais; 12,6% com deficiências
múltiplas; 12,6% com deficiência auditiva; 4,9% com deficiência física; 4,6% com
deficiência visual; 2,7% com problemas de condutas típicas. Apenas 0,4% com altas
habilidades/superdotados e 8,5% com outro tipo de deficiência.

Assim como o movimento inclusivo exige mudanças estruturais para as escolas


comuns e especiais, ele também propõe que haja uma articulação entre os
diferentes profissionais envolvidos neste processo. O diálogo entre diversos
profissionais é necessário para o aprofundamento e melhor desempenho, seja do
aluno, do professor ou do especialista.

No entanto, o diálogo só acontece quando as partes que se respeitam mutuamente


e não assumem uma posição de superioridade de conhecimento e de dominação
sobre o outro. Desta forma, para que cada espaço se organize e cumpra com o que
se propõe, sem ocupar ou se sobrepor ao trabalho do outro, faz-se necessário
destacar:
• Escola (sala comum): Espaço educacional responsável pela saída da vida
particular e familiar para o domínio público tem função social reguladora e formativa
para os alunos. A escola cabe ensinar a compartilhar o saber, introduzir o aluno no
mundo social, cultural e cientifico, ou seja, cabe a escola socializar o saber
universal.
• Atendimento Educacional Especializado: Tem por objetivo ampliar o ponto
de partida e de chegada do aluno em relação ao seu conhecimento. Não se atém a
solucionar os obstáculos da deficiência, mas criar outras formas de interação, de
acessar o conhecimento particular e pessoal. É de caráter educacional, mas ao
contrário da escola que trabalha o saber universal, o AEE trabalha com o saber
particular do aluno, aquilo que traz de casa, de suas convicções visando propiciar
uma relação com o saber diferente do que possui ampliar sua autonomia pessoal,
garantir outras formas de acesso ao conhecimento (como por exemplo, através do
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BRAILLE, LIBRAS, uso de tecnologia, uso de diferentes estratégias de pensamento,


etc.)
• Atendimento Clínico: Preocupam-se com os sintomas específicos, as
patologias apresentadas em cada área, que são trabalhados de maneira a superar
ou reabilitar o indivíduo nas manifestações que ocorrem. Exemplo: o fonoaudiólogo
trabalhará com a dificuldade de linguagem expressiva ou receptiva, melhorando a
condição da pessoa neste aspecto, o fisioterapeuta buscará, por exemplo, melhorar
os movimentos perdidos, etc.

Sabemos que a pessoa é um ser indivisível, em que cada uma de suas partes
interage com a outra, influenciando e determinando a condição do seu
funcionamento e crescimento como pessoa. Como exemplo, podemos citar o
atendimento educacional especializado, que na construção do conhecimento toca
em questões subjetivas para o aluno, o que fatalmente acarretará consequências no
seu desenvolvimento global e consequentemente na resposta ao atendimento
clínico.

Se uma instituição especializada mantém o atendimento educacional e clínico, esses


especialistas devem interagir, embora cada um mantenha os limites de suas
especificidades. E mesmo naquelas escolas especiais e comuns que não têm o
propósito de desenvolver o atendimento clínico, o diálogo com os especialistas é
fundamental. E que esta interação não se estabeleça para encerrar as
possibilidades do aluno em um diagnóstico que contempla apenas as deficiências,
mas para descobrir saídas conjuntas de atuação em cada caso.

Todos esses três saberes: o clínico, o escolar e o especializado devem fazer suas
diferentes ações convergir para um mesmo objetivo, o desenvolvimento das pessoas
com deficiência. O atendimento educacional especializado foi criado para dar um
suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo.

De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008:


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Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a
finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular.

§ 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de


atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional
especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a
participação da família e ser realizado em articulação com as demais
políticas públicas.

O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza


recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena
participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser
articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem
das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009).

Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e


preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento
acontecer em uma escola próxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve
acontecer em salas de recursos multifuncionais que é um espaço organizado com
materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o
atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer
suporte necessário a estes alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento.
(MEC, 2007).
O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços na
aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular. Os professores
destas salas devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum
para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso ao aluno ao
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currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação
inclusiva.

Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com
deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá
para a inclusão, evitando atos discriminatórios.

Click e assista

https://www.youtube.com/watch?v=S7hu2sthM2I
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Referências

CURY, Carlos Roberto Jamil. Os fora de série na escola. Campinas: Armazém do Ipê, 2005.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 4024/61. Brasília :
1961.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 5692/71. Brasília :
1971.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília :
1996.
CARVALHO, Rosita Edler. A nova LDB e a Educação Especial. Porto Alegre : Mediação, 1999.
GUHUR, Maria de Lourdes Perioto. A representação da deficiência mental numa perspectiva
histórica. Revista Brasileira de Educação Especial. Marília : UNESP, 2000.
MAZZOTA, M.J.S. Educação Especial no Brasil. Histórias e Políticas Públicas. São Paulo : Cortez,
1996.
MINTO, César Augusto. Educação Especial: da LDB aos PNE. Revista Brasileira de Educação
Especial. Faculdade de Filosofia e Ciências. Marília : UNESP, 2000.
OLIVEIRA, Valeska Fortes (Org). Imagens de professor: significações do trabalho docente. Ijuí :
UNIJUI, 2000.
STAINBACK, Susan; STAINBACK, Willian. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre :
Artmed, 1996.
TUNES, Elizabeth. Identificando concepções relacionadas à prática com o deficiente mental.

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