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DESPACHO:
1. Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado em
favor dos Senadores da República Omar Aziz, Randolfe Rodrigues e
Renan Calheiros, respectivamente Presidente, Vice-Presidente e Relator
da Comissão Parlamentar de Inquérito instituída no Senado Federal para
apurar ações e omissões no enfrentamento da pandemia da COVID-19 no
Brasil, apontando-se como autoridade coatora o Diretor-Geral da Polícia
Federal e Delegados de Polícia Federal responsáveis pela instauração e
condução dos inquéritos policiais dirigidos à apuração de suposta
divulgação de documentos sigilosos no âmbito da CPI.
Alega-se que, no dia 04 de agosto de 2021, os pacientes foram
surpreendidos com notícias veiculadas pela imprensa de que o
Departamento de Polícia Federal instaurara inquérito policial com o
propósito de investigar suposta divulgação de documentos sigilosos no
âmbito do inquérito parlamentar. Posteriormente, neste mesmo dia, a
Divisão de Comunicação Social da Polícia Federal deu publicidade a nota
na qual referia o envio à CPI dos autos do inquérito que apura eventuais
irregularidades na aquisição da vacina Covaxin, contendo vídeos de
depoimentos de oito pessoas intimadas. A nota apontava também, em
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o código CCDE-88A3-B791-F44F e senha EE4D-3DD4-68BA-3D12
Supremo Tribunal Federal
HC 205275 MC / DF
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Supremo Tribunal Federal
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Supremo Tribunal Federal
HC 205275 MC / DF
É o relatório.
Decido.
2. As razões apresentadas na peça exordial revelam não apenas
elevado rigor lógico-argumentativo, mas também coerência com o corpo
de precedentes que informam a jurisprudência dominante deste Supremo
Tribunal Federal.
Do ponto de vista estritamente normativo, na esteira do precedente
firmado na Questão de Ordem no Inquérito nº 2.411, não há dúvidas de
que a Constituição da República determina a supervisão judicial da
abertura de procedimento investigatório contra parlamentar que
responde, por crime comum, perante o STF (art. 102, I, b, da CRFB/88).
Não há tampouco espaço razoável para dúvida quanto à iniciativa do
procedimento investigatório confiada ao MPF; ou quanto à proibição de
que a Polícia Federal inaugure de ofício inquérito policial para apurar a
conduta de parlamentares federais.
O raciocínio exposto pelo Impetrante parece, em princípio, ser
irreprochável. Afinal, a partir dos elementos fáticos trazidos aos autos,
seria muito difícil imaginar que a investigação noticiada no eDOC 2
poderia não envolver um Senador da República. Ao citar a divulgação
pela imprensa de documentos sobre os quais teria sido demandado sigilo
à CPI da pandemia, referida nota aparenta reduzir o universo de
investigados ao conjunto de pessoas que trabalham na Comissão.
Conjunto esse, com as vênias do truísmo, composto também, e de forma
necessária, por Senadores da República.
A despeito, uma vez mais, do sólido raciocínio esgrimido na
impetração, reputo indispensável a prévia colheita de esclarecimentos. E
o faço por duas razões: a) em primeiro lugar, pela conhecida entronização
do precedente da Questão de Ordem no Inquérito nº 2.411 na prática
reiterada da Polícia Federal; b) em segundo lugar, para o alargamento do
conjunto de fatos trazidos aos autos, possibilitando o melhor cotejo da
forte evidência a priori de atração da competência do Supremo Tribunal
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Supremo Tribunal Federal
HC 205275 MC / DF
Federal.
3. Solicitem-se, com urgência, informações às autoridades coatoras,
pelo meio mais expedito, para que esclareçam, no prazo de até quarenta e
oito horas, as alegações do Impetrante, especialmente quanto à existência
de indícios de envolvimento de autoridade com foro por prerrogativa de
função nos atos investigados, atraindo-se a competência deste Supremo
Tribunal Federal.
Com a vinda das informações, voltem-me imediatamente conclusos
os autos.
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 12 de agosto de 2021.
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