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Adaptações celulares:
Hipertrofia: Aumento das funções celulares com aumento volumétrico das células e
dos órgãos atingidos. Pode ter causas fisiológicas ou patológicas.
Resultado do ↑ da produção de proteínas celulares
O órgão hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores.
Primeiro há ações integradas de sensores mecânicos (que são iniciadas por aumento da carga
de trabalho), fatores de crescimento e agentes vasoativos.
Esses sinais originários da membrana celular ativam uma rede complexa de vias de transdução
de sinal. Essas vias de sinalização ativam um conjunto de fatores de transcrição. Esses fatores
de transcrição trabalham coordenadamente para aumentar a síntese das proteínas
musculares que são responsáveis pela hipertrofia. Ou seja, esses fatores aumento da síntese
de proteínas contrateis, aumento na produção de fatores de crescimento e indução de genes
embrionários/fetais.
Hiperplasia: aumento do número de células de um órgão ou parte dele por aumento
da taxa de replicação celular.
Hiperplasia Patológica: a maioria das formas de hiperplasia patológica é causada pela ação
excessiva ou inapropriada de hormônios ou fatores de crescimento sobre suas células-alvo. A
hiperplasia endometrial é um exemplo de hiperplasia anormal induzida por hormônio, além
dela, podemos citar a que ocorre de infecções virais, como o HPV.
Mecanismos da Hiperplasia:
Causas patológicas:
Mecanismos da atrofia:
Inicialmente, há uma diminuição na atividade metabólica daquela celula, podendo ser gerada
por todas as causas citadas acima. Consequentemente, há diminuição na síntese de proteínas.
Além disso, a falta de nutrientes e desuso aos quais a célula está submetida, ativa a ubiquitina,
a qual marca proteínas para serem degradadas por proteossomos, por isso usa-se o termo via
ubiquitina-proteossomo.
Vale citar ainda, que a atrofia é geralmente acompanhada pela autofagia. A autofagia é o
processo no qual as células privadas de alimento digerem seus próprios componentes na
tentativa de reduzir a demanda nutricional igualando-a ao fornecimento.
Metaplasia: um tipo celular diferenciado é substituído por outro tipo celular (mais
capaz de sobreviver ao ambiente hostil).
Exemplo: no fumante, as células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos
brônquios, são, com frequência, substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. O
epitélio escamoso estratificado, mais resistente, é capaz de sobreviver sob circunstâncias nas
quais o epitélio colunar especializado, mais frágil, teria sucumbido. Entretanto, a mudança
para células escamosas metaplásicas tem um preço. Por exemplo, no trato respiratório,
embora o revestimento epitelial se torne resistente, os importantes mecanismos de proteção
contra infecções — a secreção de muco e o movimento ciliar do epitélio colunar — são
perdidos.
Além disso, as influências que predispõem à metaplasia, se persistentes, podem iniciar a
transformação maligna no epitélio metaplásico.
Mecanismo da metaplasia:
Vale lembrar que a metaplasia não é alteração no fenótipo de um tipo celular já diferenciado,
mas sim uma reprogramação em células tronco ou mesenquimais indiferenciadas que já estão
no tecido conjuntivo.
A diferenciação de células tronco é provocada por sinais gerados por citocinas, fatores de
crescimento, vitamina A e componentes da matriz extracelular presentes no ambiente celular.
Esses estímulos externos promovem a expressão de genes que dirigem as células para uma via
de diferenciação específica.
Lesão celular :
A lesão celular surge quando a célula é estimulada tão intensamente que não consegue mais
realizar a adaptação celular (são todos os mecanismos acima, hiperplasia, metaplasia, etc). A
lesão é reversível até certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde
o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, ocorre morte celular (que pode ser por
necrose ou apoptose).
1. Lesão celular:
Causas:
Privação de Oxigênio: a hipoxia é uma deficiência de oxigênio que causa lesão celular por
reduzir a respiração celular. As causas da hipoxia incluem a redução do fluxo sanguíneo
(isquemia), a oxigenação inadequada do sangue devido à insuficiência cardiorrespiratória, e a
redução da capacidade de transporte de oxigênio do sangue, como na anemia, por exemplo.
Necrose:
6. Necrose fibrinoide: geralmente observada nas reações imunes que envolvem os vasos
sanguíneos quando complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes
das artérias, eles em combinação com a fibrina que extravasa, resulta nessa aparência.
Os mecanismos bioquímicos que podem ser ativados por diferentes estímulos agressivos e
que contribuem para a lesão celular e a necrose:
Depleção de ATP: A redução dos níveis de ATP é a causa fundamental da morte celular
por necrose. É frequentemente associada à lesão isquêmica e química (tóxica).
Lembrando que a produção de ATP pode ser de duas formas – via glicolítica ou via de
fosforilação oxidativa.
E quais são as causas da depleção de ATP? Redução do fornecimento de oxigênio e
nutrientes, danos mitocondriais e a ação de algumas substâncias tóxicas (p. ex.,
cianeto).
1. A bomba de sódio e
potássio que depende
desse atp, possui sua
atividade reduzida. Logo,
o sódio começa a entrar
na célula e acumular-se e
o potássio a sair. Uma vez
concentrada, a célula
ganha agua e ocorre o
processo de tumefação
celular, com dilatação do
retículo endoplasmático.
2. O metabolismo
energético celular é
alterado. Ocorre
aumento da glicólise
anaeróbica e,
consequentemente, as
reservas de glicogênio
são exauridas e ocorre
acúmulo de ácido láctico,
diminuindo o ph
intracelular e resultando na inativação de várias enzimas.
3. Falência da bomba de cálcio, cálcio acumula-se dentro da célula. Há o
desprendimento de ribossomos, na privação de oxigênio as proteínas dobram-se
anormalmente e acumulam-se, por fim, há dano irreversível às mitocôndrias e às
membranas lissosomicas e a celula sofre necrose.
1. Abertura de um canal,
chamado canal de
condutância que leva a
perda do potencial da
membrana, resultando
em falha na fosforilação
oxidativa e na depleção
progressiva do ATP,
culminando na necrose
da célula.
2. A fosforilação oxidativa anormal produz espécies reativas de oxigênio (ERO).
3. O aumento da permeabilidade externa da membrana pode liberar caspases no citosol
e resultar em apoptose.
Se ele não for restaurado, ocorrerá lesão irreversível seguida de necrose. A lesão
irreversível está associada, morfologicamente, com a intensa tumefação das
mitocôndrias, extenso dano da membrana e tumefação dos lisossomos. A morte é
principalmente por necrose, mas a apoptose também ocorre; ativada pela liberação de
moléculas pró-apoptóticas das mitocôndrias muito permeáveis.
Lesão química:
Indireta: Precisa da conversão em metabólitos tóxicos reativos, que irão agir sobre
células alvo. Ex: Paracetamol
Apoptose:
Em situações fisiológicas: eliminar células que não são mais necessárias e manter um
número constante.
Em condições patológicas:
Como ocorre dano ao DNA da célula (radiação, medicamentos, hipóxia), quando há acúmulo
de proteínas mal dobradas, morte celular em certas infecções, entre outros.
Mecanismo da apoptose:
A apoptose resulta da ativação de enzimas chamadas caspases. Duas vias distintas convergem
na ativação das caspases: a via mitocondrial e a via do receptor de morte.
Temos caspases desencadeadoras – 8 e 9.
E caspases executoras – 3 e 6, que induzem a ativação das enzimas digestivas.
1. Via intrínseca/mitocondrial: é a principal via de apoptose. Ela ocorre devido ao
aumento da permeabilidade da membrana externa da mitocôndria, resultando na
liberação de moléculas pró-apoptóticas (como o citocromo C) no citoplasma. A
liberação dessas moléculas é controlada por uma família de proteínas chamada BCL2.
Essa família é dividida em três grupos:
- pró apoptotico (BAK e BAX), antiapoptótico (BCL2, entre outras) e sensores (BH3).
2. Via Extrínseca da Apoptose (Iniciada por Receptor de Morte): Esta via é iniciada pela
ativação de receptores de morte na membrana plasmática. Os dois mais bem
conhecidos receptores de morte são: Fas e TNF-1.
Vamos falar um pouco sobre a ação do Fas: ele possui um ligante chamado FasL,
quando o FasL se liga ao Fas, há formação de um sítio de ligação para uma proteína
adaptadora denominada FADD. A FADD ligada aos receptores de morte, por sua vez,
liga-se a uma forma inativa da caspase-8 , ativando-a. Essa caspase-8 ativará outras
caspases executoras, as quais culminarão no processo de apoptose.
Exemplos de apoptose:
Autofagia:
É um processo no qual a célula digere seu próprio conteúdo, é uma resposta adaptativa que é
reforçada durante a privação de nutrientes, permitindo que a célula se canibalize para
sobreviver. Ela envolve a entrega de materiais citoplasmáticos ao lisossomo para degradação.
Ela é desencadeada por diversos fatores, como o envelhecimento celular e processos
patológicos. Dependendo da forma como o material é entregue, a autofagia pode ser
classificada em três tipos:
Está presente na atrofia. A diminuição da célula ocorre por dois mecanismos: digestão de
proteínas e digestão de organelas. Proteínas mal dobradas são marcadas pela ubiquitina e
degradadas pelo proteossomo. Antes desse processo de degradação pode ainda acontecer
tentativa de reparo. Existem as chaperonas, fazendo basicamente o mesmo que o p53 só que
com proteínas. Preservam integridade de proteínas dobradas corretamente e pra proteínas
que foram dobradas anormalmente ela tenta fazer o reparo. Quando esse reparo não é
possível, a ubiquitina se liga e encaminha para o proteossomo e ai ocorre degradação da
proteína mal dobrada.
Acúmulos intracelulares
“São alterações bioquímicas que resultam no acúmulo de substâncias no meio intracelular.”
Uma das manifestações de alterações metabólicas nas células é o acúmulo intracelular de
quantidades anormais de diversas substâncias que são inofensivas ou estão associadas com
graus variados de lesão. Essas substâncias, muitas vezes, podem extravasar para o interstício.
Os acúmulos podem estar em uma forma inerte ou podem representar prejuízo. As
substancias podem ter duas fontes: endógena ou exógena.
Exemplo: mecanismo da lesão pulmonar. É pela deficiência ou baixa concentração de AAT (alfa
1 antitripsina) no trato respiratório.
Quando há inflamação pulmonar, há a presença de neutrófilos que migram com intuito de
fagocitar bactérias, esses neutrófilos liberam uma enzima chamada elastase proteolítica. Essa
enzima quebra elastina, que é proteína do tecido conjuntivo e da elasticidade. Os alvéolos
apresentam grande quantidade dessa proteína porque expandem e comprimem. Para manter
os alvéolos abertos é necessária a elasticidade. Quando os neutrófilos vão pra lá, eles liberam
essa elastase. Só que indivíduos saudáveis têm capacidade de inativar essa elastase para que
os neutrófilos atuem primeiramente sobre os microrganismos sem lesar o tecido. A AAT
inativa a elastase de neutrófilos para que eles não causem lesão. Só que o indivíduo que
possui baixa AAT, não consegue neutralizar a elastase e o excesso dela no pulmão vai levar a
quebra da elastina e agressão ao parênquima pulmonar, perda progressiva da estrutura
pulmonar, aumento da produção de muco, levando a bronquite, enfisema, etc.
Lipídeos :
Proteínas:
As proteínas que se acumulam podem ser diversas, como: proteínas estruturais, enzimas,
proteínas do citoesqueleto e até proteínas inespecíficas.
Exemplo 1: acúmulo de proteínas nas células dos túbulos renais. No indivíduo normal, pelo
fato das proteínas terem tamanho grande, elas não passam para o filtrado glomerular. O
pouco de proteína que consegue passar é reabsorvido na etapa de reabsorção tubular. No
indivíduo com lesão renal uma grande quantidade de proteína chega a esse filtrado, nesse
caso, o processo de reabsorção é muito mais intenso. Se no indivíduo saudável pouca
quantidade de proteína é reabsorvida e retorna a circulação para que sejam
reaproveitadas, no indivíduo que apresenta proteinúria (perda significativa de proteína na
urina) essa reabsorção é intensa e, consequentemente, observamos grande quantidade de
proteínas nos túbulos renais. As proteínas que se acumulam são aquelas que são
reabsorvidas na tentativa de serem reaproveitadas.
Exemplo 5: fígado dos pacientes que consomem altas doses de etanol. Nessa situação,
pode haver precipitação de proteínas do citoesqueleto. Na microscopia, são observados
emaranhados pigmentados.
Exemplo 6: acúmulo de proteínas anormais em tecidos sob a pele. Como exemplo, temos
o depósito amiloide sobre a pele na região da pálpebra (pele mais fina).
Glicogênio (carboidratos):
O acúmulo de glicogênio acontece, principalmente, em situações onde há
anormalidade no metabolismo da glicose. Em pacientes com diabetes, esse acúmulo é
representado como vacúolos claros dentro do citoplasma. Podem ocorrer por defeitos
na síntese (aumentada) ou por falhas nas enzimas que quebram o glicogênio para
fazer liberação de glicose (metabolização).
Degeneração mucoide:
Essa degeneração, ou esse tipo de acúmulo intracelular, ocorre em tecidos que
apresentam epitélio mucoso. É o acúmulo de muco por células mucíparas, secretoras
de muco. Elas estão principalmente no TGI e trato respiratório e em determinadas
situações eu tenho aumento da produção de mucina, levando ao acúmulo de muco
nas células do epitélio dessas regiões. Geralmente, a produção de muco aumenta
quando a perfusão dessas mucosas aumenta, em inflamações, por exemplo.
A outra situação seria quando há produção exagerada de mucina devido ao
aparecimento de adenomas ou adenocarcinomas.
Na microscopia, o vacúolo de muco formado, desloca o núcleo da célula para a
periferia.
Pigmentos:
Temos dois tipos básicos de pigmentos: endógenos e exógenos. Os endógenos são aqueles que
são produzidos pelo nosso próprio organismo, ou fisiologicamente ou em processos
patológicos nos quais, determinado pigmento pode se acumular (melanina acumulada de
forma localizada em lesões do tipo melanoma). Pode haver distribuição desigual ou produção
em excesso. Os pigmentos exógenos entram em contato com o nosso corpo pelo trato
respiratório, pelo trato digestório ou por vias parenterais.
Pigmentos exógenos:
São fagocitados por células fagocíticas que não conseguem digeri-los de forma total, fazendo
com que essas substâncias se acumulem em determinados tecidos.
Exemplo 1: pigmento exógeno que entra em contato pelo trato respiratório, temos a
ocorrência da antracnose pulmonar. Ela ocorre
devido ao contato inalatório com carvão.
Trabalhadores em minas de carvão pela
exposição ocupacional a essa substância, pode
acontecer em pacientes tabagistas e pode
acometer pessoas idosas que vivem em cidades
muito poluídas devido a longa data de
exposição a poluentes contendo carvão.
Esse carvão assimilado por macrófagos,
encaminhado por canais linfáticos até os
linfonodos chega e se acumula no pulmão. Às
vezes, é observado no hilo ou no parênquima
pulmonar, inclusive nos linfonodos. Após esse
carvão ser assimilado, durante sua degradação,
ele é convertido em ácido carboxílico que
promove uma lesão alveolar que repercute em uma reação inflamatória, que resulta em uma
fibrose pulmonar, enfisema e pneumoconiose.
O termo pneumoconiose se refere a inflamações crônicas dos pulmões devido ao contato com
agentes externos. Nas figuras observamos microscopia evidente de depósito de carvão e na
macroscopia, as flechas vermelhas assinalam os locais onde ocorre concentração desse tipo de
pigmento.
Exemplo 2: pigmento que entra em contato por meio do trato digestório. Um exemplo é na
argiria, se refere ao acúmulo de prata nos tecidos e além dele acontecer nas vísceras, pode
acontecer na pele, fazendo com que o individuo tenha modificação na tonalidade de pele.
Exemplo 3: via parenteral. Tatuagens, os pigmentos são introduzidos na derme onde são
fagocitados e permanecem nesse tecido.
Ainda sobre pigmentos exógenos, podemos ter acúmulo de chumbo presente em alimentos ou
agua. Essa intoxicação pode trazer alterações neurológicas, dores abdominais. Outra situação
que pode ocorrer é a silicose, o acumulo de sílica nos pulmões, em indivíduos com exposição
ocupacional, levando a uma inflamação crônica dos pulmões.
É necessário eliminar ou diminuir exposição ao agente. Existe a possibilidade de tratamentos
que levem a eliminação parcial desses pigmentos e o que é necessário sempre é um
tratamento de suporte, sintomático das alterações provocadas por esses acúmulos.
Pigmentos endógenos:
São produzidos pelo organismo fisiologicamente ou em situações patológicas e em
determinadas situações possuem sua produção aumentada. Um dos mais importantes é a
lipofuscina.
Exemplo 1: lipofuscina. Durante a atrofia, tenho ligação da ubiquitina a proteínas que são
degradas pelo proteossoma e organelas são envolvidas em um autossomo que se funde aos
lisossomos que digerem os componentes dessa organela e como resultado eu tenho:
diminuição no numero de organelas, diminuição no número de proteínas e a célula diminui de
tamanho, o que caracteriza a atrofia celular. O que é a lipofuscina? Seria o resto desse
processo de autodigestão, o resíduo lipídico do processo de autofagia. É um pigmento
insolúvel conhecido como lipocromo ou pigmento de desgaste.
A lipofuscina é composta de polímeros de lipídios e fosfolipídios formando complexos com
proteínas, sugerindo que é derivada da peroxidação de lipídeos. Então as membranas
celulares que envolviam essas organelas ou compunham a vesícula onde estava contida essa
organela, ao final da degradação da organela, o resíduo de membrana, esse resíduo lipídico
peroxidado que sobra é esse pigmento marrom acastanhado denominado lipofuscina.
Por si só esse acúmulo que dá coloração parda ou marrom aos tecidos, não representa risco ao
indivíduo. O significado disso é do que aconteceu antes desse depósito se consolidar. A
importância de identificar a lipofuscina é porque ela indica uma lesão por radicais livres,
desgaste, atrofia, envelhecimento. Esses depósitos podem ser observados no músculo cardíaco
de idosos. O coração já apresenta um tamanho reduzido, devido a um processo de
envelhecimento a ocorrência de doenças vasculares crônicas que diminuem a perfusão do
músculo cardíaco fazendo com que as fibras musculares diminuam em tamanho. Pode ainda
aparecer em neurônios, músculo estriado esquelético, entre outros.
Calcificações patológicas
“A calcificação patológica é a deposição anormal de sais de cálcio nos tecidos, junto com
quantidades menores de ferro, magnésio e outros sais minerais.”
Da onde vem o cálcio que se deposita? Muitas vezes esses processos de calcificação
acontecem sem trazer prejuízo para o tecido, como nos processos de cicatrização. Em outras
situações desses depósitos podem levar à morte celular. Quando o cálcio se deposita no meio
intracelular, supondo que esse depósito se inicie através das mitocôndrias, fica claro que se
um grande número de mitocôndrias for comprometido, a produção de atp fica comprometida
e sua viabilidade também.
De uma maneira geral, a concentração de cálcio no sangue é aprox. 10mg/dl já a concentração
de fosfato no sangue ela é 3,5mg/dl. Em condições normais se a calcemia e o nível de fosfato
estiverem normais, não é esperado que ocorram calcificações.
Os níveis de cálcio sérico são determinados por vários fatores, então o nível no sangue é
determinado pelo quanto de cálcio que absorvemos na alimentação, pelo quanto de cálcio que
eliminamos na urina e principalmente dependente do metabolismo ósseo, pois os depósitos
de cálcio nos ossos são dinâmicos. A reabsorção e a deposição são processos dinâmicos.
Outros fatores que influenciam na reabsorção e deposição: idade (até os trinta anos a
deposição de cálcio é maior que a reabsorção, gradativamente após essa idade a reabsorção se
iguala e posteriormente supera a deposição, levando ao enfraquecimento ósseo),
características genéticas, doenças pré-existentes, desnutrição e até mesmo exercícios de
impacto também atuam como estímulo para deposição de cálcio nesses tecidos.
Ademais, temos osteoclastos e osteoblastos trabalhando de forma mais intensa, absorção
intestinal de cálcio interferindo na sua concentração no plasma e excreção. É importante saber
quais os fatores determinam a concentração plasmática do cálcio porque a alteração em
qualquer um desses fatores faz com que a concentração de cálcio seja alterada podendo gerar
um dos processos de calcificação patológica.
Calcificação distrófica:
É uma condição localizada em tecidos que estão morrendo ou em células que já
sofreram necrose. Em regiões como, por exemplo, áreas de necrose gangrenosa,
caseosa, de coagulação ou até mesmo gordurosa (liberação de ácidos graxos eles
formam sais com o cálcio proveniente de células necróticas).
A calcificação distrófica ocorre apesar de níveis séricos de cálcio normais e na ausência
de alterações no metabolismo do cálcio.
Vale ressaltar que em condições normais, no meio intracelular, os níveis de cálcio são mil vezes
menores que no meio extracelular. Por quê? Devido às bombas de cálcio que jogam ele para
fora e o cálcio que estaria livre no citoplasma fica retido no RE ou em mitocôndrias. Após a
necrose ou no decorrer do processo de necrose, com a fragmentação de membranas, os
depósitos de cálcio, mitocôndrias, por exemplo, são os primeiros a se calcificar e ocorre
rompimento de membranas mitocondriais, plasmáticas ou do RE.
A liberação do cálcio desses depósitos e até do MEC esse cálcio tem acesso a locais que
chamamos de locais de nucleação, núcleos de precipitação (locais onde os íons cálcio
conseguem se aderir para precipitar) e ao se ligar a esses locais de nucleação eu tenho início
do crescimento dos cristais de cálcio.
Mas ainda encontramos nas placas de ateroma, na aterosclerose avançada. Nas quais há
processos inflamatórios crônicos da túnica íntima das artérias e deposição de colesterol nessas
placas o que confere um volume a elas, diminuindo a luz do vaso onde elas estão localizadas.
Elas são endurecidas pelos depósitos de cálcio que ocorrem nessas regiões. Também pode
acontecer em valvas cardíacas envelhecidas ou danificadas. Primeiro preciso de células
necróticas e de um ponto de adesão para que o cálcio precipite e dê início a formação dos
cristais. E ai essas valvas oferecem essa superfície de adesão para esses cristais se iniciarem.
Pode ocorrer também em locais de infecção, cicatrização.
Calcificação metástatica:
A calcificação metastática ocorre nos tecidos normais sempre que há hipercalcemia
secundária a algum distúrbio no metabolismo do cálcio. É o excesso de cálcio sérico.
Em alguns casos ainda pode ocorrer por excesso de fosfato, como no paciente com
insuficiência renal. O fosfato acumulado leva ao processo de calcificação metastática.
A formação dos cristais é semelhante nas duas calcificações, o que muda são as circunstâncias.
Sendo que na calcificação distrófica tenho calcemia normal e os depósitos de cálcio são
restritos a locais que tiveram lesão celular. O cálcio provém das células que sofreram necrose.
Na metastática, o indivíduo apresenta calcemia alta e algumas vezes, fosfato alto também.
Ocorre em tecidos normais. O paciente pode apresentar os dois tipos de calcificação. Ele pode
ter tido um infarto que leva a necrose de células musculares estriadas cardíacas e no processo
de reparo tenho calcificação distrófica. Por outra doença concomitante, pode ser que esse
mesmo paciente tenha calcificação metastática também. Devido a uma alteração hormonal,
por exemplo. O nível de cálcio sanguíneo aumentado, ela pode agravar a calcificação distrófica
que ocorreu devido a uma necrose.
Considerando que não ha lesão e que não há causa para calcificação distrófica, só a calcemia
aumentada já é suficiente para levar a precipitação de cristais de cálcio em determinadas
regiões do organismo.
Situações que podem levar a essa calcemia elevada: é um aumento de cálcio no sangue.
Apesar do cálcio ser capaz de se depositar em qualquer tecido, observamos preferência por
tecidos como estômago, rim (não tem haver com cálculos renais), superfícies ósseas.
Causas:
Hiperparatireoidismo – excesso de produção do paratormônio. Podemos ter aumento
do paratormônio por causa primária ou secundária. O aumento por causa primária
seria devido, por exemplo, a um tumor benigno da glândula paratireoide, produção
aumentada de paratormônio, o qual ativa atividade de osteoclastos e ai muito
paratormônio, muito osteoclasto ativo (que faz reabsorção óssea), fazendo com que a
calcemia aumente. Outros tumores, de outras regiões que apresentam células capazes
de produzir paratormônio.
Outras causas menos comuns de aumento da calcemia: intoxicação por alumínio que ocorre
em pacientes sob diálise renal crônica e Síndrome do leite-álcali, que resulta da ingestão
excessiva de cálcio e antiácidos absorvíveis como o leite ou carbonato de cálcio.
Sinônimo= litíase. Dependendo do órgão em que se forma: nome do órgão afetado + litíase,
por exemplo: nefrolitíase (rim), colelitíase (vesícula biliar), sialolitíase (glândula salivar).
Composição dos cálculos varia de acordo com o órgão, com a causa que gerou os compostos.
Na vesícula biliar, ele se forma a partir de modificações dos componentes da bile: colesterol,
bilirrubinato, sais orgânicos e inorgânicos de cálcio e sais biliares. Nos cálculos, ocorre
saturação de um desses componentes (quando uma solução fica saturada, o mesmo soluto ao
ser adicionado na mesma solução passa a precipitar), daí tem precipitação das frações
insolúveis.
O que é preocupante, é que os cálculos que se formam nas vesículas biliares eles podem se
alojar nos ductos, obstruindo os fluxos de secreções. Pode haver obstrução das vias biliares
com acúmulo de bile, ou quando obstrui uma porção abaixo da união com o ducto
pancreático, pode ter pancreatite aguda, pois as secreções pancreáticas não terão vasão para
a luz intestinal.
Os cálculos renais se formam de maneira semelhante...no sistema urinário observa-se
formações de cálculos formados por oxalato de cálcio ou de fosfato de cálcio. Para esses
cristais se formarem, eles precisam de um ponto de adesão: geralmente, alguma região com
um tipo de lesão que apresente alguma rugosidade, que sirva como ponto de “ancoragem”
para os íons cálcio irem se fixando. No sistema urinário, os cálculos podem se formar na pelve
renal, obstruindo a saída da urina do rim; podem estar localizados nos ureteres ou na bexiga.
Quando pequenos (desde que o diâmetro permita), eles podem passar pela uretra e serem
eliminados na urina. Os maiores devem ser fragmentados ou o indivíduo tem que ser
submetido a alguma cirurgia, ou colocar um cateter para ajudar na retirada dos cálculos.
3. Lesão no DNA – também pode ser causada por radicais livres. Os defeitos no reparo no
DNA podem ser por outras causas, como mutações no p53, no p16 que levam a lesões
no DNA não corrigidas e o acúmulo dessas mutações pode acelerar o processo de
envelhecimento.