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CURSO DE MESTRE

SGT LACERDA

2020
APRECIAÇÃO MUSICAL
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MÚSICA
A MÚSICA NOS TEMPOS PRÉ-HISTÓRICOS

A origem da música não pode ser estabelecida, nem a época do seu


aparecimento.

Presume-se, tenha sido a arte musical, revelada ao homem sob duas


formas:

1ª pela arte da dança;

2ª pela arte da palavra cantada.

Uma vez que, o canto foi empregado sempre, desde a época mais
remota, em todas as cerimônias religiosas quase sempre unida à dança,
considerada pelos povos da antiguidade como arte sagrada.

Deduz-se assim que os homens da era pré-histórica foram os primeiros


a expressar emoções por meio de gestos, executando estranhos movimentos
ritmados.

Consequentemente, não há dúvida de que o ritmo tenha nascido com o


primeiro homem, por isso que, ele trazia consigo mesmo o ritmo das suas
pulsações, o ritmo do andar e o ritmo da respiração, sentindo nascer em si
desde logo, a necessidade de reproduzi-los.

Supõe-se também, que os primeiros homens tivessem querido imitar os


sons da própria voz com objetos rústicos.

Não há vestígios de que ficasse gravado nenhum canto do homem pré-


histórico, e assim, nada ficou de concreto, que nos possa revelar algo da
música na era primitiva.
É interessante lembrar que os musicólogos são unânimes em considerar que
da associação da arte da dança e da palavra cantada é que surgiu a sublime
arte da música.

A MÚSICA NA ANTIGUIDADE

É em documentos antigos – baixos relevos, medalhões, inscrições,


papiros – e pelas referencias que se encontram nas obras dos grandes
filósofos, que vamos encontrar quanto se refere à arte musical na
antiguidade.

Os mais velhos documentos conhecidos são: um baixo relevo


provavelmente caldeu, representando um harpista, encontrado nas
escavações feitas em certo monte de ruínas entre os rios: TIGRE e
EUFRATES, e um fragmento de papiro, que se supõe represente um
trecho babilônico de notação musical, de cerca do ano 2000 a.C.

Entre os povos da antiguidade destacam-se pela sua civilização os


egípcios, os árabes, os assírios, os babilônicos, os caldeus, os hebreus, os
indianos, os chineses e muito especialmente, os gregos.

Embora pouco de positivo se saiba de sua música naqueles tempos, a julgar


pelos documentos encontrados, é de presumir que fosse tratada com especial
atenção.

A música dos povos antigos era absolutamente em UNÍSSONO, e


tomava parte em todos os atos solenes, principalmente nas cerimônias
religiosas.

A ARTE MUSICAL NO EGITO

O egípcio é o povo de civilização mais antiga de que se tem


conhecimento, e sabe-se que a música e os músicos gozavam de grande
consideração entre eles.
Tanto na música religiosa como na guerreira, ou ainda, na música
recreativa, davam preferência às expressões elevadas e serenas,
reservando-lhe lugar de destaque no culto dos deuses, nos banquetes
solenes e nas cerimônias fúnebres.

Os egípcios faziam escalas de 7 notas às quais davam nomes,


representando-as com os mesmos hieróglifos empregados na representação
dos planetas.

Entre os seus instrumentos encontravam-se os instrumentos de


corda: harpa e o alaúde. As primeiras harpas egípcias eram pequenas e
possuíam poucas cordas.

Os instrumentos de sopro eram as flautas de vários tipos e, em geral,


de barro, de osso ou de marfim.

Também depois de descoberto o emprego do bronze, os egípcios


fabricaram flautas e trombetas de bronze.

Até hoje são conservados em vários museus do mundo, flautas


egípcias de: barro, madeira e de bronze.

Também tinham os egípcios instrumentos de percussão, entre eles os


tambores de guerra. Com o bronze fabricavam címbalos em forma de
pandeiro e várias espécies de castanholas, entre as quais se destacava o
sistro, usado nas cerimônias celebradas em homenagem à deusa Isis,
divindade que personificava a primeira civilização egípcia.

A música entre os egípcios era praticada em coletividade, sendo


reservado à mulher o desempenho de papel importante no conjunto
musical.
A ARTE MUSICAL DOS ÁRABES

Os árabes figuram entre os povos orientais que mais cultivaram e


propagaram a arte musical.

A música era indispensável em todas as cerimônias religiosas.


No Alcorão, livro sagrado mulçumano, todos os versículos eram cantados,
e até hoje conservam os árabes essa tradição.

Sabe-se que a prática do canto e a execução dos instrumentos eram,


em remotas épocas, confiada às mulheres e aos escravos.

O primeiro “muezin” do islamismo foi um cantor negro, filho de


uma escrava etíope. Chamava-se “muezin” aquele a quem é confiado o
papel de subir ao minarete, e, entoando cânticos religiosos, chamar os fiéis –
para a prática das boas ações.

O célebre filósofo e músico Al-Farab foi um dos primeiros que, na


língua árabe, codificaram as leis da música.

Possuíam os árabes um sistema musical de 17 notas.

Nos primeiros séculos da era cristã o músico filósofo Ahmed-


Ibenkalil adaptou à música árabe a poesia métrica. Para a métrica foram
tomados como primeiros modelos de ritmo: o passo do camelo e o galope
do cavalo.

As primeiras melodias árabes associadas à métrica poética eram


cantadas pelos beduínos nos desertos, acompanhando o passo cadenciado
do camelo.

Entre os antigos instrumentos árabes encontram-se instrumentos de:


corda, sopro e de percussão.
Um dos mais velhos e rudimentares instrumentos árabes era chamado:
rabeca do poeta. Tinha somente uma corda e com ela se acompanhava o
poeta da tribo nas suas pomposas e brilhantes declamações.

Usavam também pequenas harpas para acompanhar os cantores e o


alaúde.

Entre os instrumentos de percussão figurava o adufe, que tinha a


forma de um jarro cuja boca era recoberta por uma pele animal, e servia para
marcar o ritmo das músicas coletivas.

O principal instrumento de sopro usado pelos árabes foi a flauta. Era


fabricada de bambu e tocada pelos pastores e beduínos.

Aos poucos a música foi deixando de ser, entre os povos árabes,


simples diversão ou elemento do culto religioso, passando a ocupar posição
distinta e permanente na corte dos califas, em quaisquer cerimônias.

A MÚSICA DOS ASSÍRIOS, BABILÔNICOS E CALDEUS

Pouco se sabe da arte musical desses povos, por falta de documentação


escrita; contudo, vários dos monumentos encontrados nos mostram a arte
sempre ligada à magia.

Sabe-se que entre os assírios e babilônicos a música desempenhava


função importante para animar as tropas nas batalhas.

Usavam a música também para alegrar os suntuosos banquetes e


festas, nos tempos de paz.

Vários eram os instrumentos usados por esses povos e já divididos


entre as três categorias: corda, sopro e percussão.

A lira era tocada com plectro. O plectro era uma varinha de marfim
usada para fazer vibrar as cordas da lira.
Entre os instrumentos de sopro dos assírios, babilônicos e caldeus,
figuravam as flautas e as trombetas, e entre os de percussão, os tímpanos
e o gongo.

A ARTE MUSICAL DOS HEBREUS

Tudo quanto se refere à civilização e, consequentemente, à arte


musical dos hebreus é – nos transmitido, em grande parte, pela Bíblia.

Nos livros sagrados hebreus encontram-se vários trechos onde há


referências a fatos que se prendem à música.

Os salmos eram os principais cantos sacros dos hebreus, atribuídos a


David, músico e um dos chefes do exército israelita. Era David quem
acalmava Saul, rei de Israel, nos seus acessos de cólera ou melancolia, ao
som dos acordes de sua harpa.

O canto dos salmos passou do culto israelita para o culto cristão, e


Santo Ambrósio, que tanta influência teve na música litúrgica, adaptou-os
mais tarde à Igreja Católica.

Quando David sucedeu a Saul no trono de Israel, procurou elevar a


cultura musical do povo hebreu.

David tinha por hábito reunir o povo em praça pública, convocando os


melhores instrumentistas do reino, proporcionava a todos um meio de ouvir
boa música, e nessas ocasiões, formava coros de mais de mil pessoas.

Eis aí a origem das grandes concentrações orfeônicas, tão em moda


nos tempos de hoje.

Quanto aos instrumentos hebreus é provável que se originassem dos


instrumentos egípcios e árabes.
Possuíam um instrumento de sopro muito característico e reservado ao
culto, chamava-se cshofar (xofar), é considerado um dos instrumentos de
sopro mais antigo, e era fabricado com um cifre em espiral.

Usavam trompas, flautas e pandeiros de origem egípcia e pratos de


metal de origem árabe.

A música dos hebreus era rica de instrumental, fosse nas procissões e


nas festas ou na prática do culto sagrado. Tocavam e cantavam
provavelmente em uníssono, como os demais povos da antiguidade.

Para completar, podemos dizer que algumas raríssimas melodias


tradicionais hebraicas foram encontradas e conservadas numa sinagoga do
Cairo, como uma das preciosidades da arte musical da antiguidade.

A ARTE MUSICAL DOS INDIANOS

As civilizações dos primeiros povos históricos estão extintas há


séculos. Os indianos (e também os chineses) constituem exceção à regra e
conservam carinhosamente inúmeras das suas tradições. Por esse motivo,
muito mais amplos são os conhecimentos que nos legaram do modo como
entendiam e praticavam a arte musical.

Os indianos cultivaram a música desde sua infância histórica e por


meio de seus instrumentos atingiram considerável evolução musical.
Conservaram tratados que nos transmitiram diversas noções teóricas,
inclusive a sua escala fundamental, também de 7 notas, como a dos
egípcios, persas e árabes. Na Índia tudo é simbólico. Consideravam a música
como parte integrante da formação do Universo e do sistema religioso.

A invenção da escala musical é atribuída à deusa Svaragrama e as 7


notas da escala personificavam as 7 ninfas que acompanhavam a deusa
Svaragrama.
Dos nomes das 7 ninfas proveio a denominação das notas musicais,
que é até hoje conservada na terminologia musical indiana.

Usavam a notação musical designada por caracteres sânscritos. Era o


sânscrito a língua sagrada dos indianos.

Segundo a lenda foi o grande Brama, quem imaginou e levou ao seu


povo o mais antigo e o principal instrumento indiano – a vina. Trata-se de
um instrumento de corda, genuinamente indiano.

Tinham também um instrumento parecido com o alaúde, denominado


magoudi, tomado aos árabes por empréstimo, que por sua vez, já o haviam
recebido dos egípcios.

Usavam também o ravanastron, que dizem ter sido o mais antigo


instrumento de arco, de onde, provavelmente, se originou, muito mais tarde,
o violino.

Na música indiana predomina o ritmo, que apesar das inúmeras


combinações era, geralmente monótono.

Daí usarem com frequência os instrumentos de percussão, como címbalos,


tambores e outros mais, importados dos demais povos.

A ARTE MUSICAL NA VELHA CHINA

As primeiras noções de arte musical na China remontam ao reinado


do imperador FOU-HI, cerca de 4.000 anos a.C.

Sua teoria baseava-se no seguinte princípio filosófico: “do sopro do vento,


do murmúrio do oceano e do canto dos pássaros o homem fez a música
logo, a música nasceu da natureza”.

A primitiva escala chinesa era pentatônica, ou seja, formada de cinco


tons.
Foi na China que surgiu um dos primeiros músicos teóricos dos quais
se tem notícia, chamava-se Ling-Lum e estabeleceu, como base teórica da
música, o sistema de 5 tons que formavam a escala pentatônica.

Atribui-se ao príncipe Tsay-Yu a introdução dos dois sons que


faltavam à escala chinesa, transformando-a em escala de 7 sons.

Na velha China a criação da música era privilégio exclusivo de


imperadores e príncipes, quer dizer, era uma instituição oficial, tinha como
objetivo orientar o povo na prática do bem e purificar-lhes os pensamentos.
Serviam-se também da música para entoar hinos em louvor do Céu e dos
seus antepassados. Por meio da música rendiam louvores ao Céu pelas graças
e favores que lhes eram concedidos.

Também a dança chinesa na antiguidade revestia-se de caráter


religioso e simbólico: cada gesto das mãos ou dos pés representava um
símbolo, fosse da lealdade, da bondade, do amor materno, ou do amor filial,
etc.

Bastante numerosos eram os instrumentos dos antigos chineses.

O king, instrumento de percussão que consistia em pedaços de


pedras afinadas, suspensa por um fio num cavalete, era tocado com um
martelo.

Entre os instrumentos de corda, figurava em destaque o Kin, cujas


cordas eram de seda retorcida.

Outro instrumento importantíssimo inventado pelos chineses era o


tscheng. Segundo vários autores, desse instrumento originou-se muito mais
tarde, no Ocidente, o harmônio.
É curioso saber que o tscheng era um dos instrumentos de uso quase
exclusivamente religioso, e o harmônio, que teve nele o seu antepassado,
também é um dos instrumentos mais usados no templo do culto cristão.

ANTIGUIDADE CLÁSSICA – GREGOS E ROMANOS

São eles, os GREGOS e ROMANOS, os verdadeiros antepassados


da nossa arte, deles partiu o primeiro impulso para o amplo desenvolvimento
e elevação da música ao mais alto grau de perfeição.

A ARTE MUSICAL DOS GREGOS

Os Gregos legaram-nos fontes numerosas para o estudo da sua


música. Não só nos velhos monumentos, em que se encontram gravados
fragmentos de melodias, facilitando-nos o conhecimento de elementos da
sua notação musical, mas também nos tratados longos e minuciosos.

É interessante observar que todos os filósofos e matemáticos gregos


escreveram sobre música, isto porque na Grécia, país de filósofos, poetas e
artistas, a música fazia parte integrante da cultura intelectual, ocupando
lugar de destaque como um dos principais fatores dos meios educativos.

Na Grécia a música estava sempre unida à poesia, e era, geralmente,


acompanhada da dança, a essas três artes é que, verdadeiramente, davam o
nome de música.

Em grego a palavra música significa “arte das musas”, e os antigos


gregos atribuíam à mitologia a origem da música e dos instrumentos
musicais.

INSTRUMENTOS DA GRÉCIA

Sobre a lira, que parece ter sido o mais antigo instrumento grego,
contam-se várias lendas.
Dizem que Apolo, deus das musas e notável pela sua beleza,
passeando pela praia encontrou, certa vez, um casco de tartaruga com as
tripas ressequidas e esticadas. Apolo fazendo vibrar as tripas do animal,
ouviu uma série de sons melodiosos, produzidos pelo contato dos dedos nas
tripas secas. E assim surgiu a lira grega, aliás, grande número delas tinham
primitivamente a forma de casco de tartaruga.

Outras liras foram fabricadas sob a forma de chifre, devido a outra


lenda também atribuída a Apolo, que desejando um instrumento para se
acompanhar quando cantava, ligou aos chifres de um boi algumas cordas de
tripa.

Outro instrumento grego era a cítara, o instrumento nacional da


Grécia, de sonoridade suave e majestosa, destinava-se especialmente à
música séria, usavam-na os virtuosos da época quando se apresentavam em
público.

Os pastores gregos costumavam tocar a flauta de Pan, enquanto


guardavam os rebanhos. Consistia esse instrumento numa série de tubos que
emitiam cada um, um som diferente. Sua invenção era atribuída a Pan, o
deus dos pastores.

Outro instrumento de grande importância era o aulo (em grego –


aulos).

O aulo era a flauta grega, de palheta dupla, som agudo e excitante, e


apesar das transformações e dos aperfeiçoamentos, ainda hoje, conserva,
mais ou menos, a sua primeira forma. É a flauta, propriamente dita.

Os cantores que se acompanham da cítara, eram denominados


citaredos e os do aulo, eram auletas ou auletes.
CARÁTER DA MÚSICA GREGA

A música entre os gregos era praticada sob dois aspectos: nobre e


orgíaco.

Nota-se perfeitamente que esses dois tipos de música apareceram mais


tarde, na Idade Média, representados pelas músicas: religiosa e profana.

MODOS GREGOS

Os gregos davam às suas escalas o nome de: modos.

Os modos eram divididos em tetracordes, e a posição do intervalo de


semitom nos tetracordes é que distinguia os diferentes modos.

Usavam vários modos, isto é, várias escalas, sendo os principais os


seguintes: modo dórico, modo frígio, modo lídio.

Cada um deles possuía o seu caráter expressivo e a sua ação definida


sobre a moral.

Segundo Platão o modo dórico era solene e grandioso, despertando as


mais elevadas virtudes, era por isso considerado como o mais importante.

O modo frígio favorecia a impetuosidade e a orgia. O modo lídio era


usado nos cantos juvenis, favorecia a educação, despertando nos
adolescentes o gosto pelo elevado e puro.

Como dissemos, o modo dórico era o principal, assim sendo, o


sistema tonal grego era baseado nesse modo, e ao que chamavam sistema
completo, outra coisa não era senão um conjunto de quatro tetracordes
dórico.

Os gregos constituíram ainda para os seus modos três gêneros:


diatônico, cromático e enarmônico.
Notação musical

Quanto a notação musical, usavam os gregos para esse fim as letras


do seu alfabeto.

Aliás, não só os gregos, mas também a maior parte dos povos da


antiguidade fazia uso das letras do alfabeto para a grafia dos sons, tendo esse
sistema, segundo os musicógrafos de reconhecida autoridade, tido origem na
Índia com as letras do alfabeto sânscrito.

Os gregos usavam uma notação musical para a música instrumental,


por meio de letras de um alfabeto arcaico, e outra notação para a música
vocal.

RITMO

O ritmo da música grega era intimamente ligado ao ritmo da poesia. O


tempo, de acordo com a duração das sílabas, era marcado por dois valores:
a longa ( - ) e a breve ( U ). Esses valores agrupados formavam os pés
(correspondentes, hoje, ao nosso compasso). Vários pés agrupados
formavam o verso, vários versos formavam a estrofe, várias estrofes davam
formação à composição musical.

A música na Grécia era um dos fatores preponderantes da educação


dos jovens.

Assim como consideravam a ginástica indispensável ao


desenvolvimento físico, era a música imprescindível à formação moral da
juventude grega.

Gostavam também de praticar a música em festivais ao ar livre.

Desses festivais os mais importantes eram os Jogos Olímpicos,


celebrados de quatro em quatro anos, e consagrados ao culto Zeus, o rei dos
Deuses.
Essas grandes festas compreendiam o culto religioso, jogos atléticos,
certames de virtudes espirituais e artística, e os vencedores dos jogos e dos
concursos eram exaltados ao som de coros imponentes, que davam margem
a importantes competições musicais. Realizavam ainda, nestes festivais,
representações de cenas imaginárias e reais.

Foram essas representações que deram origem ao teatro clássico da


Grécia, e onde vamos encontrar o nome dos três grandes trágicos: Ésquilo,
Sófocles e Eurípedes.

Os gregos levantaram teatros em todas as cidades, e em todos os


lugares onde se reuniam para celebrar festas, e ainda, em todos os países
aonde chegavam difundiam sua arte e cultura.

A MÚSICA DOS ROMANOS

A cultura musical dos Romanos, na antiguidade, era muito inferior à


dos outros povos.

Como sabemos, Roma subjugou a Grécia à força de suas armas.

Mas, foi a Grécia, a terra conquistada que impôs a Roma a sua


civilização apurada, quem difundiu entre os ROMANOS o gosto pelas artes
e das letras, e o povo conquistador deixou-se dominar pela cultura superior
do povo vencido, aceitando-a para seu próprio uso.

Os mais eminentes professores de música, bem como os melhores


artistas e poetas eram trazidos da Grécia. E assim, Roma assimilou em cheio
a influência helênica não só na arte musical, como nas demais artes.

O teatro romano sofreu também a influência do teatro grego.

Contudo, a imponente e magnifica arte grega resvalou para a


mediocridade e converteu-se em diversão barata e vulgar: é que foi
prejudicada pela índole guerreira do povo romano da antiguidade, pouco
afeito às manifestações de arte elevada.

Os romanos eram vaidosos, e dizem que, os seus imperadores,


somente por vaidade, instituíram os primeiros concursos de canto.

Bastante conhecida é a rivalidade entre Nero e Britânico, e esta


rivalidade estendia-se em todos os setores, até mesmo na arte de cantar.

Nero costumava apresentar-se nos Jogos Olímpicos como executante


e cantos. Atribuem-lhe a instituição da claque, arranjada e organizada para
o aplaudir durante as competições.

Quanto aos instrumentos musicais, não há notícia de que algum tivesse


sido inventado pelos romanos, foram todos importados de outros povos,
sendo considerado por eles como um dos mais importantes a tíbia, que era
perfeitamente idêntica ao aulo grego. Apreciavam e usavam também,
frequentemente, a cítara e a lira.

O canto de guerra era geralmente acompanhado de trombetas de


metal de som estridente.

Os executantes da tíbia eram chamados tibícenes e os de trombeta,


cornícenes.

A tíbia, sendo o instrumento predileto dos romanos, era usada em


quaisquer cerimonias, fosse nas solenidades devotadas ao culto dos seus
deuses ou nos festejos populares, considerado como o antepassado do nosso
tão conhecido carnaval.

O desprestígio e a decadência da arte musical deixam entrever


claramente até que ponto baixaram e se corromperam a sociedade e a arte
romanas.
Mas o cristianismo no seu ideal de fé e pureza, tomou a si a missão
de reerguer o pedestal da “arte divina” – a música.

E é na música cristã que vamos encontrar a origem das mais belas e


sinceras realizações da arte musical, e a fonte de inspiração daqueles que por
suas sublimes melodias e ricas harmonias deixaram seus nomes gravados na
História da Música.

E os italianos, descendentes diretos dos romanos, cerca de mil anos


mais tarde, criavam a sua música própria, individual, maravilhando o
Universo inteiro com a centelha do seu gênio artístico.

A MÚSICA NA IDADE MÉDIA

Na Idade Média predominou a música vocal sobre a música


instrumental.

Desta época, as melodias mais antigas conservadas, são as melodias


do culto cristão.

Provavelmente os primeiros cantos cristãos tiveram origem nos cantos


gregos, hebraicos e romanos.

O canto dos cristãos era praticado em conjunto, em uníssono, e


considerando o caráter religioso das cerimônias, foram banidos do culto
todos os instrumentos de que se utilizavam os pagãos em suas festas.

As primeiras melodias cristãs eram singelas, pouco extensas e


transmitidas de um para outro por tradição oral.

Só mais tarde, com o desenvolvimento da notação musical, as


melodias puderam ser ordenadas, inclusive o canto religioso.

Foi Santo Ambrósio (bispo de Milão no século IV) um dos primeiros


que se ocuparam dos cantos litúrgicos. Segundo a tradição foi ele quem
escolheu os quatro modos gregos conservados para os cantos da igreja e
que, mais tarde, receberam o nome de modos autênticos.

Santo Ambrósio compôs, também, a música para diversos trechos


litúrgicos e a ele é atribuída a introdução das antífonas (uma melodia curta,
executada em canto gregoriano, antes e depois da recitação de um Salmo) e
dos hinos da igreja do Ocidente.

O CANTO GREGORIANO

Dois séculos depois (século VI) o Papa Gregório – o Grande (mais


tarde São Gregório) contribuiu largamente para o desenvolvimento da arte
da música. Selecionando e coordenando os cantos religiosos, de acordo com
as cerimônias e festas realizadas nas diferentes épocas do ano eclesiástico,
reuniu-os num livro – o Antifonário. Este livro foi preso, com uma corrente
de ouro, ao altar-mor da igreja de São Pedro, em Roma, como modelo do
canto cristão.

O canto litúrgico recebeu, então, em homenagem ao Papa Gregório –


o Grande, o nome de canto gregoriano (também conhecido como canto-
chão ou canto-plano).

Embora bastante modificado pelo correr dos séculos o antifonário é


ainda hoje usado na Igreja Católica.

São Gregório criou também uma escola de canto (Schola


Cantorum), com a finalidade de preparar cantores para os ofícios religiosos.

O canto gregoriano muito se assemelha à música diatônica grega, e


para a sua prática foram fixados 8 modos.

Desses modos, 4 foram os de Santo Ambrósio – e receberam o nome


de modos autênticos.
Os outros 4, derivados dos modos autênticos, foram chamados
modos plagais.

- protus autêntico

1º e 2º modos:

- protus plagal

- deuterus autêntico

3º e 4º modos

- deuterus plagal

- tritus autêntico

5º e 6º modos

- tritus plagal

- tetrardus autêntico

7º e 8º modos

- tetrardus plagal

As duas principais notas de cada modo eram denominadas: FINAL


(OU TÔNICA) e DOMINANTE.

Vejamos então, como eram constituídos os modos da igreja.

Observe-se que as Finais nos modos autênticos e seus respectivos


plagais são comuns.

Obs.pag 122
Os modos do canto gregoriano eram ascendentes, ao contrário dos
modos gregos que eram descendentes.

O ritmo empregado na música gregoriana é inteiramente livre e,


geralmente, ajustado ao ritmo da palavra.

As melodias gregorianas são lindíssimas e muito puras, deixando


transparecer sempre um misto de piedade, doçura e, ao mesmo tempo,
austeridade.

O canto gregoriano marcou época na História da Música e quiça


(dúvida) da civilização em geral, uma vez que, por vários séculos foi a
música conhecida e praticada.

NOTAÇÃO MUSICAL NA IDADE MÉDIA

Os primeiros sinais de notação musical foram, naturalmente, muito


rudimentares.

Foram usados a partir dos primeiros séculos do cristianismo dois


sistemas de notação: a notação alfabética e a notação neumática.

A notação alfabética que já vinha sendo empregada pelos povos


antigos, continuou em uso na Idade Média: As letras gregas, porém, foram
substituídas pelas letras latinas:

A – B – C – D – E – F –G

LÁ – SI – DÓ – RÉ – MI – FÁ – SOL

A substituição das letras gregas por letras latinas é atribuída ao Papa


Gregório – “O Grande”, sendo dado a esse sistema de notação o nome de –
notação gregoriana.

A notação neumática foi usada a partir do século VI na Igreja Latina.


Consistia a notação neumática em um sistema de notação por meio
de sinais especiais – neumas.

Neumas eram sinais cuja significação não indicava um som preciso,


determinado.

Alguns representavam sons isolados ou grupo de sons, outros


designavam o movimento dos sons, ora subindo, ora descendo, ou ainda,
conservando-se na mesma altura, conforme o movimento melódico.

Esse sistema de notação tem sido profundamente estudado e discutido


por eminentes musicólogos, sem que tenham conseguido chegar a uma
tradução verdadeiramente satisfatória, uma vez que, embora tenham
conseguido, mais ou menos, o significado particular de cada sinal, nada
orienta como se encadeiam uns aos outros, nem o som exato que
representam.

Os nomes dos sinais neumáticos eram nomes latinos, e tinham origem


na forma do sinal que representavam ou no efeito que exprimiam.

Os principais eram o Punctum e a Virga, que constituíam os sinais


fundamentais, sendo as outras figuras neumáticas combinações a esses dois
sinais, com modificações e acréscimos de outros.

Os sinais neumáticos eram em número muito elevado, mas nada se


sabe de quem nasceu a idéia da sua criação, nem a época exata do seu
aparecimento.

Em meados do século IX esse vago e imperfeito sistema de notação


foi melhorado por Hucbald (monje do mosteiro de Santo Amando).

No século XI, surgiu outro sistema de notação, idealizado por


Hermann (cognominado CONTRACTUS por ser paralítico).
O sistema de notação de Hermann consistia em indicar com precisão,
por meio de letras, o intervalo exato que ia de um som a outro.

No século XI surgiu o grande GUIDO D’ Arezzo (monje do convento


de Pomposa), que imaginou um novo sistema indicando com precisão a
altura relativa dos sons.

Dele nasceu a idéia da criação da pauta. É bem verdade que, em


velhos manuscritos de fins do século IX já se encontra o uso de uma ou duas
linhas horizontais, paralelas, geralmente coloridas de vermelho e amarelo,
representando um som fixo. No começo dessas linhas eram colocadas as
letras F (designando o FÁ) e C (designando o DÓ) da notação alfabética
latina, indicando exatamente o som do sinal neumático colocado naquela
linda. Esse processo era, porém, ainda muito incompleto.

Guido D’ Arezzo, baseado nesse sistema de linhas, pôs fim à


incerteza dos sinais neumáticos com o seu novo processo. Juntou,
primeiramente, mais uma linha às duas já existentes, e verificando o bom
resultado obtido, juntou mais uma outra linha, dando a cada uma um som
fixo.

Esta pauta de 4 linhas constituiu o sistema Guidoneano, cujo êxito


foi completo.

Na verdade, este processo elucidava (esclarecer) extraordinariamente


a leitura dos trechos musicais, tanto assim, que todas as igrejas e claustros
abandonaram desde logo os antifonários da época, que só continham sinais
neumáticos, e os modificaram de acordo com o sistema de Guido D’ Arezzo
que determinava exatamente a altura dos sons.

Assim se originou a pauta que, até meados do século XIV só possuía


4 linhas. Nesta época foi acrescentada uma 5.3 linha, porém para o canto-
chão foi conservada a pauta guidoneana, de 4 linhas.
A letra colocada no início das linhas foi dado o nome de letra-clave,
e, mais tarde, simplesmente, clave. Várias letras foram então usadas, porem
conservadas para tal fim foram as letras C (Dó) F (Fá) e G (Sol).

Tais letras designadas ou modificadas sucessivamente pelos copistas,


sofreram transformações diversas nas suas formas até chegarem à figura que
hoje conservam.

Sempre com a ideia de facilitar a leitura musical, Guido D’ Arezzo


modificou também a configuração dos sinais neumáticos, dando-lhes uma
figura mais ou menos uniforme, com a forma de pontos negros quadrados ou
em losangos, indicando precisamente o lugar do som correnpondente.

Esta notação ficou sendo chamada notação negra ou quadrada.


Nesta ocasião surgiu também a música proporcionada (compasso), marcando
a época da música medida (ars mensurabilis).

Para as sílabas longas eram usadas notas de forma quadrada


(chamadas longas) e para as sílabas breves usavam notas em forma de
losango (chamadas breves).

Surgiu então um outro sistema: notação colorida, com notas


vermelhas (valores breves) e negras (valores longos).

Segundo a opinião de vários musicólogos foi para evitar o incômodo


emprego de duas tintas diferentes que surgiu a ideia de substituir as notas
pretas por brancas (valores longos) e as vermelhas por pretas (valores
breves).

Assim apareceu a notação branca em princípios do século XIV.

Até então, a música era sempre intimamente ligada à palavra, seguindo


as inflexões e o ritmo do texto.
Com o correr dos tempos, a evolução da música fez sentir a
necessidade de se emancipar da palavra, principalmente diante dos rápidos
progressos da música instrumental.

A vista disso, sentindo a necessidade de dar a cada som uma duração


exata, a notação proporcional foi se desenvolvendo e melhorando.

Com o correr do tempo foram os copistas modificando o feitio


quadrado das notas, até chegarem à figura oval que hoje usamos.

Cada uma das figuras da notação branca se subdividia em 2 ou 3


figuras de valor imediatamente menor. A esta subdivisão chamava prolação
(perfeita, quando se subdividia em três figuras, e imperfeita quando se
subdividia em 2 figuras).

Na Idade Média o tempo musical era denominado: perfeito


(correspondente ao atual compasso ternário) e imperfeito (correspondente
ao atual compasso binário).

Eis aí a origem dos nossos compassos simples e compostos.

Quanto a denominação dada hoje às notas musicais devemo-la quase


que inteiramente também ao grande Guido D’ Arezzo, ao qual, possuidor
de extraordinário espirito inventivo, procurou um meio de melhorar o
método de ensino então adotado.

Para que seus alunos retivessem facilmente na memória a entoação dos


graus da escala, Guido D’ Arezzo utilizou-se das primeiras sílabas das
palavras iniciais de cada metade dos versos que compunham uma estrofe
de um hino a São João.

Cada uma dessas sílabas subia um grau e correspondia exatamente aos seis
graus da escala usada naquela época (sistema de hexacordes). A estrofe era
a seguinte:
Ut queant Resonari fibris

Mira gestorum Famuli tuorum

Solve possuti Lábii reatum

Sancte Johanes

Eis aí a origem dos nomes das notas musicais: ut, ré, mi, fá, sol, lá.

Mais tarde com o acréscimo de um sétimo som a escala fundamental, várias


denominações foram propostas para esse novo som. Firmou-se para esse
sétimo som a sílaba Si, por serem as iniciais das palavras Sancte Johanes,
últimas palavras da mesma estrofe de onde Guido D’ Arezzo tirou as seis
primeiras sílabas.

Em meados do século XVII, um músico italiano, Doni, substituiu a sílaba


ut, tão incomoda para o solfejo, pela sílaba Dó, primeira do seu nome.

Desde então as notas musicais conservaram-se até hoje:

Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.

SISTEMA MUSICAL MEDIEVAL

O sistema musical medieval era baseado numa série de 6 sons


consecutivos, isto é, a escala usada era de 6 graus. Por esse motivo era
chamado sistema hexacordal, ou sistema de hexacordes.

Os 6 sons do hexacorde eram dispostos na seguinte ordem: 2 tons, 1


semitom, 2 tons.

Na Idade Média sucessão dos sons musicais era sempre diatônica


(somente o si podia ser abaixado um semitom, tal como faziam os gregos).

O hexacorde podia ser usado de três modos:

Ut – ré – mi – fá – sol – lá hexacorde natural (sem a nota si)


Sol – lá – si – dó – ré – mi hexacorde duro (com a si natural)

Fá – sol – lá – sib – dó – ré hexacorde mole (com o sib)

Como a escala só tinha 6 graus, e entre elas só havia um semitom,


qualquer semitom era designado pelas sílabas mi – fá.

Assim sendo, fosse qual fosse a verdadeira entoação dos sons, todas
as notas de qualquer hexacorde eram sempre denominadas na seguinte
ordem: ut, ré – mi – fá – sol – lá. Para diferenciar a entoação davam, então,
aos hexacordes os nomes de: hexacorde natural, quando não continha a
nota si, hexacorde duro, contendo o si natural, hexacorde mole, aquele
que continha o sib.

Quando a melodia não ultrapassava os limites de um hexacorde, a


leitura era fácil, porém, se a extensão da melodia a obrigava a passar de um
hexacorde para outro, as notas obrigatoriamente mudavam de nome. Era a
isto que davam o nome de mutação.

ORIGENS DA POLIFONIA

Na antiguidade a música era exclusivamente monódica, o canto era em


uníssono ou à oitava.

Na Idade Média surgiram as primeiras tentativas de cantos a várias


vozes diferentes e simultâneas.

O organum ou diafonia foi a primeira manifestação polifônica e


compunha-se de duas vozes apenas. Enquanto uma das vozes sustentava um
canto gregoriano, a outra, caminhando nota contra nota, partia do uníssono,
afastava-se gradativamente até o intervalo de 4ª justa, e voltava terminando
em uníssono.

Mais tarde é que os intervalos de 5ª e 8ª justa também foram admitidos.


A primeira voz, isto é, a que sustentava o canto principal, chamava-se tenor
(do latim tenere, manter) ou vox principais, a segunda voz era denominada
organalis, que, pelo nome presume-se fosse um acompanhamento ao órgão.

O organum passou a ser usado a seguir, a três vozes, guardando


harmonicamente os intervalos de 4ªs, 5ªs e 8ªs justas paralelas.

Esta era a forma usada no tempo de Hucbald (século IX).

Juntamente com o mensuralismo (valores medidos), surgiu a segunda


tentativa de polifonia – o DESCANTO (do latim – discantus).

Este era de origem francesa, e a princípio também a 2 vozes somente


– o tenor e o descanto – porém mais desenvolvido, pois a segunda voz
floreava duas, três ou mais notas contra uma.

Mais tarde o descanto passou a ser realizado a 3 e 4 vozes (discantus


triplum e quadruplum). Seus principais gêneros foram: o motete, o rondó,
etc..

No século XIV surgiu uma outra forma polifônica, usada pelos


ingleses – o falso bordão. Era formado por vozes dispostas em 3as e 6as, como
na 1ª inversão dos acordes de três sons. Foi originado do gymel (do latim
cantus gemellus), também usado na Inglaterra e formado por intervalos de
3as.

Os músicos da Idade Média davam a essa nova música o nome de


música mensurata (música medida), em contraste com o canto gregoriano,
denominado música plana.

Os músicos do século XIV davam à música dos séculos anteriores a


denominação de ars antiqua, e à música da época, ars nova.
OS TROVADORES E A CANÇÃO POPULAR

Na Idade Média, enquanto a música erudita era estudada nos


mosteiros, sujeita a uma infinidade de regras e terias, o povo no seu
entusiasmo pelas Cruzadas, invasões bárbaras, façanhas dos cavaleiros
andantes e guerras romanescas, cantava e criava seus poemas e canções,
cheios de um ardor, nem sempre encontrado na arte erudita, apesar da sua
superioridade.

Foi nesta época que, para cantar os feitos heroicos e os sentimentos de


Amor, surgiram os Trovadores.

A canção popular era cultivada pelos trovadores e menestréis (ou


jograis).

Os trovadores pertenciam à nobreza, e dedicavam-se à poesia e à


música, inspirados em sentimentos nobres e, principalmente, no culto pela
mulher.

Os menestréis (ou jograis) eram os músicos ambulantes e contadores


de histórias, e faziam desse oficio o seu meio de vida.

Os primeiros trovadores surgiram na França. Os do Sul, isto é, da


antiga região chamada Provença eram denominados troubadours
(trovadores), e os da região Norte, eram denominados trouvères
(troveiros).

Floresceram os troubadours e trouvères nos séculos XII e XIII.


Muitos deles deixaram seus nomes gravados na História da Música, como:
Guilherme – “Conde de Poitiers” (o mais antigo trovador francês),
Thibaut de Chanpagne – Rei de Navarra”, Adam de la Halle – “O corcunda”
de Arras, e outros.
Os trovadores italianos (trovattori) e alemães (minnesanger)
também tiveram papel importante no desenvolvimento da canção popular.

A arte dos minnesanger era de caráter bastante elevado. Chegaram a


fundar uma corporação musical composta de minnesangers, os trovadores
pertencentes a essa Associação eram chamados Mestres-Cantores.

Entre os minnesangers encontram-se Wolfram Eschenbach e Osvald


Walkstein (o primeiro a compor verdadeiras melodias para as palavras).

Portugal também teve seus trovadores.

O rei D. Sancho I foi trovador, Pai Soares Taveiros, foi dos mais
antigos trovadores portugueses, o mais importante.

A forma principal da música dos trovadores era a canção, que podia


ser de caráter pessoal (podo em evidência determinado personagem) ou
simples narrativa.

Entre as de caráter pessoal estavam: a canção de Amor, traduzindo o


culto do trovados à sua Dama. A serventes, dirigida ao senhor feudal, tratava
de questões políticas. A canção do cruzado, para estimular a guerra santa.
O jeu parti, discussão entre dois trovadores, que é a origem do nosso
desafio.

Às canções narrativas pertencem: a alba, que cantava as alegrias e


esperanças dos namorados. A serena, que cantava as tristezas do amor. O
romance, narrativa amorosa. A pastoreia, cantava assuntos pastoris. A
balada, cantando os feitos heroicos.

Os trovadores usavam instrumentos para acompanhar as suas


canções. Os mais usados eram: a harpa, o alaúde, e a guitarra. Os jograis,
mais ruidosos, usavam além desses a flauta, o pífaro, a trombeta, o tambor,
as castanholas, o pandeiro, etc.
Não resta dúvida que, musicalmente, o período mais importante da
Idade Média foi o da formação da polifonia, porém o período em que
floresceram os trovadores foi aquele que, verdadeiramente, conquistou a
simpatia do homem moderno.

O TEATRO NA IDADE MÉDIA

Na Idade média o teatro era, principalmente, de caráter sacro.

Eram representados assuntos religiosos extraídos da Bíblia ou da vida


dos santos. Essas representações sacras cuja época foi do século X ao século
XIII chamavam-se Autos e Mistérios, e eram realizadas nas igrejas, ou ao
ar livre, porém, sempre acompanhadas de música cantada e instrumentos.

Embora as cenas sacras fossem mais divulgadas, representavam


também espetáculos profanos.

Desses espetáculos citaremos como exemplo Le Jeu de Robin et


Marion, uma pastoral de autoria do trovados Adam de La Halle – “O
Corcunda de Arras”, contendo no seu conjunto várias canções populares.
Essa obra é considerada uma das origens da ópera cômica.

RENASCENÇA

Essa grande fase da Humanidade – A Renascença – surgiu com o


movimento intelectual e artístico influenciado nas obras primas do
pensamento e das artes antigas, desprezadas e esquecidas durante a Idade
Média.

Ao mesmo tempo, os pensadores e artistas se desprendiam das formas


escolásticas e tradicionalmente religiosas para darem vida às suas próprias
criações e descobrimento.
A MÚSICA SACRA E PRFANA NA RENASCENÇA

Tendo sido o Renascimento um movimento de libertação, foi,


naturalmente, como todo movimento dessa natureza levado a perturbações e
excessos.

E, justamente, onde se fizeram sentir mais fortes tais excessos foi no


terreno, que, pela sua própria natureza, deveria ser o mais rigoroso e o mais
exemplar: a religião. Esta em todos os setores, foi reformada.

A música religiosa passou a sofrer a influência da música profana.

O canto gregoriano de linhas tão severas, aos poucos, era abandonado,


temas de canções populares eram usados como cantus firmus, dando ao
ritmo mais liberdade.

Enfim, a música sacra sofreu inteira transformação, amoldando-se ao


caráter da música profana.

A música teve, nessa época, seus fundamentos assentados por Felipe


de Vitry, Guilherme Dufay, Marinho Lutero e Palestrina.

Numa pequena região da Flandres e do nordeste da França os músicos


ampliaram as velhas teorias, criarem novas formas, e divulgaram os seus
conhecimentos por toda a parte. Esses músicos constituíram a Escola
franco-flamenga.

Guilherme Dufay – flamengo, notável por sua cultura, criou um estilo


seu, baseado nas imitações. A imitação consta do seguinte: uma voz
apresenta o tema, e outra repete, logo a seguir, o mesmo tema. Guilherme
Dufay foi contemporâneo de Dunstable, outro nome importante dessa fase
da História da Música.

Baseado nas imitações surgiu também nessa época o Canon, outra


forma de música contrapontada. Nessa época firmou-se, definitivamente, a
Polifonia vocal, calçada das regras do Contraponto, onde sobressaiu Felipe
de Vitry. Quando se deu o choque religioso entre os povos latinos e
germânicos, foi lançada a ideia da divisão da Igreja em dois grupos distintos.
Quem mais trabalhou por esse movimento foi Matinho Lutero (o fundador
da religião protestante).

Martinho Lutero (1483 – 1546) – excluiu dos cantos toda a inovação


dos flamengos, por achar que as novidades introduzidas tiravam das
melodias o cunho religioso.

Compreendendo a necessidade dos fiéis participarem coletivamente


dos cânticos nas cerimonias religiosas, substituiu o latim pelo alemão, para
que as orações fossem por todos entendidas. Quanto à música, transformou-
a completamente. Usou melodias simples, muitas vezes as próprias melodias
populares, sem rebuscados, onde pudesse encaixar perfeitamente as palavras
das orações. Esses cânticos eram entoados a 2, 3 ou 4 vozes. Foi assim que
se originou - o coral.

Martinho Lutero tinha por princípio o seguinte conceito: “a música


governa o mundo e torna os homens melhores”.

Naturalmente que esta música havia de agradar e, assim, difundiu-se


encontrando grande número de adeptos.

Entre aqueles que se dedicarem e aprimoraram o coral, encontraremos


Henrique Shutz e um dos maiores mestres da música, em todos os tempos
– João Sebastião Bach.

Os chefes da Igreja Católica vendo o desenvolvimento tomado pelo


Protestantismo e o grande número de seguidores que atraía,
compreenderam que deviam reagir e reorganizar a Igreja Católica.

Entre as novas bases para a estabilização da Igreja Católica foi incluída


a música praticada em maiores proporções. Foi permitido que se incluísse
nas atividades religiosas, a música instrumental mais ampla, e permitido o
Canto Figurado, quer dizer, não gregoriano.

Foi nesta época que surgiu na música católica o grande Pierluigi


Palestrina (1524 – 1594) – considerado o maior gênio musical do seu tempo.
Sua música é de uma perfeição absoluta, dentro do mais puro estilo religioso.
Deixou muitas obras, entre as quais se encontra a célebre Missa, dedicada
ao Papa Marcelo.

Não podemos deixar de citar também Orlando de Lasso (1530 –


1594), músico belga, um dos mais fecundos compositores do seu tempo, e
cujas obras são de real valor.

Em Veneza aparecia, na mesma época, uma escola famosa de


compositores, Escola Veneziana, que teve como fundador Adriano
Villaert. Esta Escola criou os coros duplos, isto é, dois coros independentes
a 4 vozes cada um, que, reunidos, formavam um conjunto de 8 vozes.

As formas musicais da música profana usadas na Renascença eram:

Madrigal – Composição vocal polifônica, a 4 ou 5 vozes, sobre poesia


de caráter dramático, narrativo ou amoroso.

Vilanela – Composição de estilo ligeiro e harmonizada com


simplicidade.

Canção – Composição mais ou menos na forma da Vilanela, porém


mais trabalhada e aprimorada, servindo a mesma melodia para todas as
estrofes.

Intermédio – composição dramática que usavam representar em cena


os atos de uma representação de maior vulto.

As formas de música sacra eram:


Motete – Composição vocal polifônica, sem nenhum
acompanhamento instrumental, era baseado em textos bíblicos, geralmente
em latim, e com o correr dos tempos usados também em outras línguas.

Missa – Composição para várias vozes, sobre textos latinos, executada


durante a missa – a cerimonia mais elevada da liturgia católica.

O MELODRAMA – ORIGEM DA ÓPERA

Chama-se período clássico o período em que os artistas e intelectuais


basearam seus princípios culturais em modelos antigos consagrados.

O século XVII marca o declínio do estilo polifônico vocal e início da


nova era em que iria sobressair a música instrumental.

Tanto no gênero religioso como no profano começaram a ser escritas


peças, especialmente para os instrumentos.

As peças instrumentais eram executadas de três maneiras:

a) Um só instrumento (geralmente o cravo ou alaúde);


b) Alguns instrumentos (música de câmera);
c) Uma massa de instrumentos (orquestra).

A música religiosa passou a ser executada também em orquestra, ou


no órgão.

A música instrumental profana destinava-se principalmente à


dança.

A ORQUESTRA

Com o desenvolvimento da arte instrumental, a orquestra teve,


consequentemente, seu nível elevado.
Claudio Monteverdi (1567 – 1643) – nascido em Cremona (Itália),
na sua ópera Orfeu (considerada a primeira grande obra dramática), já
deu aos instrumentos uma importância mais definida.

A orquestra, que era primitivamente constituída por instrumentos de


corda, foi acrescida de alguns instrumentos de sopro, embora sem estrutura
estabelecida, atingiu a orquestra o período chamado da orquestra clássica,
com Haydn, Mozart e Beethoven.

A HARMONIA – Cláudio Monteverdi e João Felipe Rameau

A polifonia que surgiu, e foi o ponto culminante da música na Idade


Média, passou também a se desenvolver e evoluir, transformando-se num
dos setores mais ricos e valiosos da arte musical – a Harmonia.

Cláudio Monteverdi foi o primeiro a empregar agregações sonoras


dissonantes, isto é, os acordes dissonantes. Foi ele quem primeiro usou os
acordes de 7ª e 9ª sem preparação.

O estudo dos acordes em particular, e do seu encadeamento uns aos outros,


passou a chamar-se baixo continuo ou Harmonia.

João Felipe Rameau (1683 – 1764) foi o maior ampliados e o sistematizador


das teorias harmônicas.

É de sua autoria o primeiro “Tratado de Harminia” que se publicou, em Paris,


em 1722.

FORMAS DA MÚSICA CLÁSSICA

Fundindo-se a melodia, o ritmo e a harmonia, e sendo dada a cada


um desses 3 elementos igual importância, as formas musicais alcançaram a
culminância de sua estrutura.

Principais formas da música clássica instrumental, dramática e de dança:


Fuga – composição em estilo contrapontado.

A forma mais elevada da música polifônica. Consiste a fuga no


desenvolvimento do Sujeito (tema principal), e de acordo com determinadas
regras, todos os demais elementos da composição estão a ele, direta ou
indiretamente, relacionados.

Sonata – originou-se da Fuga. Era primeiramente monotemática


(com um só tema) e depois, diatemática (com dois temas). Divide-se em 3
ou 4 partes chamadas tempos ou movimentos.

Quando a sonata é para um ou dois instrumentos, é chamada,


simplesmente, sonata, quando escrita para música de câmera toma o nome
de duo, trio, quarteto, etc.

Sinfonia – sonata escrita para orquestra.

Concerto – sonata para orquestra, havendo um instrumento destacado


fazendo solo.

Tema e variações – Trata-se de um tema, que aparece, a seguir, com


variações, como o próprio nome da composição indica.

Formas da música dramática:

Oratório – surgiu na Itália, originando-se nas laudes dramáticas e


diálogos. Foi uma das formas do melodrama, porem só era executado em
ambiente especial, isto é, em locais de oração. O assunto do oratório era
sacro, consistindo em narrativas dramáticas, sempre baseadas em
argumentos bíblicos.

Cantata – surgiu na Itália. Na cantata o argumento podia ser,


indiferentemente, sacro ou profano. Nesta forma musical sobressaíram
Caríssimo (na Itália), Schultz e Bach (na Alemanha).

Algumas formas de danças clássicas:


Gavota – dança francesa, compasso 2/2, movimento moderado.

Giga – dança rápida, compasso ternário simples, ou qualquer


compasso composto (tempos em subdivisão ternaria). Caráter alegre e ritmo
bizarro. Bach compôs algumas gigas em compasso 4/4.

Bourée – dança francesa (de Auvergne), compasso 4/4, caráter alegre.

Passepied – dança da Bretanha, muito em voga na corte de Luis XIV,


compasso ternário.

Minueto – dança francesa, muito em voga no século XVIII. Compasso


3/4. Muito graciosa, delicada e deixando transparecer na música as cortesias
próprias da dança que ela representa.

A um conjunto de danças antigas, no mesmo tom, de caracteres


diferentes, executadas sucessivamente, no cravo, ou em pequena orquestra,
davam os franceses o nome de Suite, os italianos usavam para o mesmo fim
o nome de Partita.

OS GRANDES CLÁSSICOS

Os compositores do século XVII e XVIII que firmaram e fixaram as


bases das formas musicais, desenvolveram a estrutura da orquestra e
sobressaíram como virtuoses nos seus instrumentos, são considerados os
grandes clássicos. Podem ser agrupados em três Escolas fundamentais:

a) Escola italiana – que cultivou principalmente o bel-canto, com


melodias amplas e atraentes.
b) Escola francesa – onde se sente a elegância e a figura de um estilo,
cheio de expressão.
c) Escola alemã – que se aplicou à música filosófica, onde ressalta a
austeridade da forma e o perfeito equilíbrio das construções.
PRINCIPAIS CLÁSSICOS ITALIANOS

SCARLATTI, Domingos (1683 – 1757) – deixou óperas e poesias e


peças religiosas. Era um virtuoso do cravo, para cujo instrumento compôs
inúmeras Sonatas.

DURANTE, Francisco (1684 – 1755) – sua obra era quase toda


religiosa: Missas, Salmos, Motetos.

PERGOLESI, J. Batista (1710 – 1736) – compositor de óperas e


música sacra. Sua ópera Seva Padrona é uma obra-prima, embora a
orquestra fosse muito reduzida.

PAISIELLO, João (1741 – 1816) – produziu grande número de obras


religiosas, óperas e peças para cravo.

CLEMENTI, Muzio (1752 – 1832) – compositor e organista. Escreveu


mais de 100 Sonatas para piano, e também exercícios de técnica pianística,
entre o os quais se encontra o célebre Gradus ad Parnassum, até hoje usado
pelos estudantes de piano.

ROSSINI, Joaquim (1792 – 1868) – um dos mais célebres


compositores italianos. Deixou cerca de 40 óperas. Entre elas: Barbeiro de
Servilha, Otelo, etc.

PRINCIPAIS CLASSICOS FRANCESES

COUPERIN, Francisco (1668 – 1733) – organista, cravista e


compositor. Suas principais obras foram para o cravo.

RAMEAU, J. Felipe (1683 – 1764) – compositor e teórico famoso.


Autor do já citado “Tratado de Harmonia).
MEHUL, Etienne Nicolau (1763 – 1817) – compositor de óperas, e de
sonatas para piano. Sua ópera “José no Egito” foi a primeira ópera escrita
sem mulheres e sem falar em amor.

LULLI, (ou Lully) J. Batista (1633 – 1687) – um dos reformadores da


ópera, pode ser considerado o verdadeiro fundador da ópera francesa.

Moliére encarregou-o de escrever a música dos bailados de suas


comédias. Nasceu em Florença, mas foi levado para a França em tenra idade.

GLUCK, Cristovão V. (1714 – 1787) – autor de muitas óperas, entre


as quais se destacam: “Orfeu” e “Alceste”. Nasceu na Alemanha, mas
filiou-se à Escola Francesa, assim como:

GRETRY, André E. Modest (1741 – 1813) – compositor muito


inspirado, autor de várias óperas. Entre todas as suas obras sobressai
“Ricardo, Coração de Leão”, considerada a obra prima das óperas-
cômicas. Nasceu em Liege (Bélgica).

GOSSEC, Francisco José (1734 – 1829) – belga, fundador da música


sinfônica na França. Compôs vários Trios, Quartetos, Óperas, Sinfonias, etc.

CHERUBINI, Carlos Salvador (1760 – 1842) – italiano, autor de


várias obras didáticas, entre as quais se encontra um “Tratado de
Contraponto”.

REICHA, Antônio (1770 – 1836) – nascido na Tchecoslováquia.


Autor de vários trabalhos didáticos, como: “Tratado de Melodia”, “Curso de
Composição Musical” e outros. Compôs também óperas e músicas de
câmera.

PRINCIPAIS CLÁSSICOS ALEMÃES

BACH, J. Sebastião (1685 – 1750) – um dos maiores gênios da música


em todos os tempos. Sua influência se faz sentir até hoje em todas as escolas.
Habilíssimo organista e cravista. Deixou numerosa obra de grande valor, em
todos os gêneros do seu tempo. A Fuga foi o gênero de composição em que
mais sobressaiu. Seus “Prelúdios e Fugas para o cravo bem temperado”
fazem parte do repertório de qualquer virtuoso do piano.

HAENDEL, Jorge Frederico (1685 – 1759) – contemporâneo de J. S.


Bach. Embora seus estilos sejam bem diferentes, seu nome não é menos
ilustre que o de Bach.

Os ingleses o consideram glória nacional. Apesar de alemão, Haendel


viveu na Inglaterra os seus últimos anos de vida. Sua obra é imensa. São
muito conhecidas e tocadas suas peças: “ O Ferreiro Harmonioso” e o
célebre “Largo”.

BACH, C. F. Emanuel (1714 – 1788) – filho de J.S. Bach. Grande


compositor, deixou obra numerosa. Emanuel Bach estabeleceu o plano da
Sonata moderna.

HAYDN, Francisco José (1732 – 1802) – escreveu lindíssimas


sinfonias. Para este gênero de composição ele fixou o plano definitivo, sendo
por isso considerado o “pai da Sinfonia”. Deixou grande número de óperas,
dois oratórios, considerados verdadeiras obras-primas: “A Creação e As
quatro estações”, e muitas obras de câmera.

MOZART, Wolfang (1756 – 1791) – considerado o mais perfeito de


todos os gênios da música. Foi menino prodígio como cravista. Como
compositor abordou todos os gêneros, e em todos eles foi insuperável.
Deixou oratórios, música de câmera, cantatas, salmos, sinfonias, concertos,
óperas, sonatas, etc., enfim cerca de 600 composições. Entre as suas obras
mais conhecidas estão as óperas “Bodas de Fígaro” e “A Flauta Mágica”,
Concertos (para piano e orquestra). Sonatas (para piano) etc.
BEETHOVEN, Luis (1770 – 1827) – na opinião de vários autores é
“o maior gênio do século”. Autor de 9 Sinfonias, cada qual mais bela, e todas
elas executadas pelas principais orquestras do mundo. Deixou uma ópera,
“Fidelio”, vários “Trios”, Quartetos, seis “Concertos para piano e
orquestra, 32 sonatas para piano, e muitas obras mais. Morreu
completamente surdo.

ROMANTISMO

Em fins do século XVIII e princípios do século XIX, os compositores


e poetas começam a libertar-se das regras de composição e estilo
estabelecidos pelos autores clássicos, e escolhem seus modelos nos
romances trovadorescos, e outros temas populares da Idade Média. É o
chamado Período Romântico ou Romantismo.

Na França, o romantismo nasceu da revolução moral que, após a


revolução política e social – A Revolução Francesa – Transformou os
modos de pensar e os sentimentos de cada um.

Nos autores clássicos sente-se a pureza das ideias e das formas


dominadas e disciplinadas, sempre obedecendo a preceitos.

Nos românticos predomina a sensibilidade, a imaginação e a


fantasia, sem obediência a formas restritivas. É o predomínio do
Individualismo.

Expansões Harmônicas, Melódicas e Rítmicas do Romantismo

A Arte Musical sofreu com o Romantismo profundas modificações.

A harmonia alargou-se, e os acordes dissonantes naturais e artificiais


passaram a ser usados sem restrições. As resoluções naturais dos acordes
dissonantes deixaram de ser uma obrigação, sendo substituídas pela ideia de
continuidade (resoluções excepcionais).
A melodia foi lançada ao sabor da fantasia, sem obstáculos ou limites.

Ao ritmo foi dada inteira liberdade. Usavam-se quaisquer


combinações rítmicas, desde as mais simples, às mais complicadas. Para
facilitar a escrita de certos ritmos confusos foram criados os compassos
mistos e alternados.

Expansão das Formas Musicais

Durante o período romântico as formas musicais também sofreram a


influência da época, embora as chamadas formas clássicas (sonatas,
quartetos, sinfonias, fugas, etc.), conservassem os seus planos tradicionais.

Na sonata, foi substituído o Minueto (aí encaixado como um cio de


movimentos) por um Sherzo.

O lied (canção) foi entre as formas românticas, a que alcançou mais


alto grau de perfeição.

Caracterizava-se pela simplicidade e pela pureza da melodia. Foram


também criados:

O Rondó – Sonata.

O poema sinfônico, outra forma nova de música instrumental. É uma


peça para orquestra, de forma livre, exprimindo uma ação, um assunto
literário ou quadros da natureza, sendo por esse motivo chamado música
com programa. É uma peça descritiva. Foi criado por Berlioz, mas foi Liszt
quem elevou as suas possibilidades expressivas.

O Drama Lírico Sinfônico, criado por Wagner, com a fusão teatral da


música, poesia, dança e arquitetura cênica, levando a música de teatro ao
apogeu.

O bailado, por sua vez, evoluiu, dando origem à Arte Coreográfica.


Na música característica apareceram:

O Noturno, o Romance sem palavras, os Estudos, a Barcarola, e outras


mais.

A orquestra também progrediu consideravelmente. Aumentarem-lhe o


número de instrumentos, sendo nela incluídos: o Flautim, o Corne-inglês,
o Clarone, o Contra-fagote, os Tambores e outro, além dos instrumentos
de percussão.

Principais Músicos Românticos

Escola romântica alemã:

WEBER, Carlos Maria (1786 – 1826) – compositor inspirado, teve sua


glória, principalmente às suas óperas. Destas, quatro se celebrizaram:
“Euryanthe”, “Freichutz”, “Oberon” e “Preciosa”. Sua conhecidíssima
“Convite à Valsa” é o primeiro exemplo de valsa concerto. Weber serviu
de modelo a vários compositores notáveis como: Wagner, Berlioz,
Mendelssohn, e outros mais.

SCHUBERT, Franz (1797 – 1828) – dotadas de encanto todo particular, suas


obras são notáveis pela beleza melódica. Seus lieds são célebres. Não há
quem desconheça a sua “Ave Maria”, “Serenata” e a “Sinfonia
Inacabada”. Deixou mais de 600 obras.

MENDELSSOHN, Feliz Bertoldo (1809 – 1847) – escreveu lindíssimos


“Concertos”, “Sonatas” e os famosos “Romances sem palavras” (gênero
por ele criado). Sua orquestração é das mais ricas e primorosas.

SHUMAN, Roberto (1810 – 1856) – só depois dos 20 anos é que se


consagrou definitivamente à música. Famoso compositor. Obras mais
conhecidas: “Carnaval”, “Peças para a Juventude”, “Estudos Sinfônico”.
Casou-se com uma pianista notável na época, Clara Wiek, a propagadora
da sua obra depois da sua morte. Morreu louco.

WAGNER, Ricardo (1813 – 1883) – extraordinário compositor de óperas.


Foi o mais discutido e o mais lisonjeado de todos os compositores. Entre suas
óperas destacam-se: Tristão e Isolda, Parsifal, a Tetralogia: O Ouro do
Reno, Walkirias, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.

BRAHMS, João (1833 – 1892) – compositor célebre pelas suas


“Danças Húngaras” uma Sinfonia, e grande número de música de câmera.

Pertencem a ainda a essa Escola os seguintes compositores:

CHOPIN, Frederico (1810 – 1849) – pianista e compositor famoso.


Suas obras são exclusivamente pianísticas. Citaremos: as Valsas, Noturnos,
Baladas, Prelúdios, Estudos, dois Concertos, etc. nasceu na Polônia, perto
de Varsóvia.

LISZT, Franz (1811 – 1886) – nascido na Hungria. Talvez o maior


pianista de todos os tempos. Grande compositor. São conhecidíssimas as
suas “Rapsódias Húngaras”. Deixou, entre outras obras, vários Poemas
Sinfônicos. Uma de suas filhas foi esposa de Wagner, de quem Liszt foi
grande amigo.

ESCOLA ROMÂNTICA ITALIANA

Os músicos desta época dedicaram-se especialmente ao gênero


operístico:

DONIZETTI, Caetano (1797 – 1848) – óperas principais: “Favorita”


(sua obra-prima). “Lúcia di Lannermoor”, “A Filha do Regimento”
(ópera cômica).

BELLINI, Vicente (1802 – 1835) – óperas principais: “Norma”, “A


Sonâmbula”, etc.
VERDI, José (1813 – 1910) – óperas principais: “Rigoleto”, “La
Traviata”, “Aida”, “Otelo”, etc. Entre os italianos foi o maior compositor
de óperas do século XIX.

Escola romântica francesa:

MEYERBEER, Giacomo (1791 – 1864) – embora tendo


experimentado outras escolas, fixou-se na escola francesa. Celebrizou-se
com as óperas: “Huguenotes” e “ O Profeta”.

HALEVY, Fromental (1799 – 1864) – compositor. Obras principais:


“Os Mosqueteiros da Rainha”, “A Rainha de Chipre”, etc. Foi professor
de Gounod, Bizet e outros músicos de renome.

BERLIOZ, Heitor (1803 – 1869) – deixou obras do mais alto valor,


como: “Sinfonia Fantástica”, “Danação de Fausto”, et.

GOUNOD, Carlos (1818 – 1893) – um dos mestres do mais alto valor


da música francesa. “Fausto”, ópera, foi a sua obra-prima. A sua famosa
“Ave-Maria” foi inspirada num dos Prelúdios de Bach.

FRANK, Cesar (1822 – 1890) – nascido na Bélgica. Além de


compositor, foi um grande mestre. Obras principais: “Redenção” (poema
sinfônico), Missas, “Preludio, Coral e Fuga”, etc.

MÚSICOS MODERNOS

Os compositores modernos procuram, hoje em dia, impregnar-se, cada


um, das cores locais características do seu próprio país. Isto dá margem a
que novas escolas sejam criadas, baseadas em tendências nacionalistas.

Entre os principais autores modernos destacam-se:

SAINT-SAÊNS, Camilo (1835 – 1902) – músico francês de projeção


universal. Notável organista e compositor. Obras principais: Sinfonias,
Poemas, Sinfônicos, etc.
MASSENET, Júlio (1842 – 1912) – grande mestre e compositor
francês. Entre suas obras, citam-se: as óperas, Manon e Werther. Foi
professor de um dos maiores músicos brasileiros: Francisco Braga.

FAURÉ, Gabriel (1845 – 1924) – músico francês. Obras principais:


Berceuse, Romance, Elegia, Sinfonia em Ré menor, etc.

D’INDY, Vicente (1851 – 1931) – músico francês. Além de


compositor, deixou obras didáticas de grande mérito, como: Tratado de
Composição.

RAVEL, Maurício (1875 – 1937) – compositor francês. Autor do


célebre “Bolero de Ravel” e mais, Sonatas, etc.

PUCCINI, GIACOMO (1858 – 1924) – Músico italiano. Autor das


óperas: “Manon Lescaut, “Boêmia”, “Madame Butterfly”, etc.

MASCAGNI, Pedro (1863 – 1945) – músico italiano. Autor das


óperas: “Amico Fritz”, “Cavalaria Rusticana” (1ato), etc.

DELIUS, Frederico (1863 – 1934) – músico inglês. Autor de: The


Magic Fountain (ópera), “Three Englishs Songs”, etc.

ELGAR, Eduardo (1875 – 1934) – músico inglês. Autor de: “O


Cavaleiro Negro” (cantata), “Rei Olaf”, “Sinfonias”, “Poemas
Sinfônicos”, etc.

ALBENIZ, Isaac (1860 – 1909) – músico espanhol. Autor de grande


número de peças para piano. Entre outras citaremos: Seguidilhas, Legenda,
Córdoba, Sevilha, etc.

GRANADOS, Henrique (1867 – 1916) – músico espanhol. Autor de grande


número de peças para piano, como: Danças Espanholas, etc.

FALLA, Manuel (1876 – 1946) – músico espanhol. Autor da


conhecida “Dança do Fogo”.
BARTOK, Bela (1876 – 1946) – músico húngaro. Autor de: Suite de
Dança, etc.

SIBELIUS (1865) – Músico Finlandês. Autor de: 7 Sinfonias, O


Cisne de Tuonela (poema Sinfônico), etc.

GRIEG, Eduardo (1843 – 1907) – músico norueguês. Uma das glórias


do seu país. Suas obras principais: Je t’aine (para canto), Concerto em Lá
menor (piano e orquestra), Peer Gynt (suíte sinfônica), etc.

SMETANA, Frederico (1824 – 1884) – músico tcheco. Autor de:


Danças Tchecas, Poemas Sinfônicos, etc.

DVORAK, Antônio (1841 – 1904) – músico tcheco. Autor de: Danças


Slavas, Sinfonia do Novo Mundo, Poemas Sinfônicos, etc.

MAC-DOWELL, E. Alexandre (1861 – 1937) – nascido em Nova


Iorque (EUA). Autor da célebre “Rhapsody in Blue, e mais “New York
Concerto”, etc.

ESCOLA RUSSA

Os compositores russos, pela originalidade e características diferentes


dos demais compositores dos outros países, deram à sua música uma feição
toda especial baseada no desenvolvimento dos cantos populares, formando a
Escola Russa. Essa Escola, que já possui lugar de relevo no cenário da
música universal, tem como principais representantes:

GLINKA, Michel (1804 – 1857) – suas obras, ricas de harmonia, são


habilmente orquestradas para a época. Autor de: La vie pour le Czar e outra.

RUBINSTEIN, Antônio (1829 – 1894) – foi compositor e grande


pianista. Suas obras: Oratório, Óperas, Sinfonias, etc.

BALAKIREFF, Alexandre (1836 – 1910) – obras principais:


Abertura sobre temas russos, Melodias Russas, etc.
BORODINI, Alexandre (1834 – 1887) – obras principais: Cenas das
Estepes, Sinfonias, Príncipe Igor, etc.

MUSSORGSKI, Modesto (1835 – 1881) – um dos maiores sinfonistas


da alta Escola Moderna Russa. Obras principais: Quadros de uma
Exposição, etc.

TCHAIRKOWSKY, Pedro (1840 – 1893) – um dos mais conhecidos


compositores russos. Obras principais: Sinfonias, grande número de peças
para piano, para canto, etc.

RIMSKI-KORSAKOFF, Nicolau (1844 – 1908) – obras principais:


sinfonias, óperas, etc.

STRAWINSKI, Igor (1882) – obras principais: Petruchka, Pássaro


de Fogo, etc.

MÚSICA E MÚSICOS CONTEMPORÂNEOS

Predomina na música contemporânea o conceito da Politonalidade e


da Atonalidade, cuja preocupação é exclusivamente produzir efeitos
inéditos e aberrantes.

Na Harmonia o acorde é tratado com função expressiva própria e


completamente liberto das determinações harmônicas.

O ritmo tornou-se autônomo. Hoje usa-se a polirritmia e a arritmia


caminhando paralelamente às combinações rítmicas tradicionais.

Na orquestra deu-se a introdução de novos elementos sonoros,


provenientes muitos do jazz norte-americano.

Os músicos contemporâneos por sua vez, se caracterizam pela “atitude


de investigação em relação aos fatos musicais.

Entre os músicos contemporâneos de maior projeção, citam-se:


DEBUSSY, Claude (1862 – 1918) – considerado por muitos o maior
representante da música francesa erudita contemporânea.

Debussy, um dos maiores cultivadores da arte impressionista,


marcou, como dizem vários autores, a “era debussyaniana”. Sendo o
impressionismo musical necessariamente descritivo, compreende-se os
títulos poéticos que Debussy deu às suas composições: A Catedral
submersa, Jardim sob a chuva, Manhã de um dia de festa, etc.

HONEGGER, Artur (1892) – nascido em Havre (França). Autor de:


Pacific – 231, Pastorale d’Eté (poema sinfônico), etc.

SCHOENBERG, Arnoldo (1874 – 1951) – nascido na Áustria. Músico


de concepções ultra modernistas, consagrou-se ao sistema dodecafônico, seu
estilo é chamado expressionista. Obras principais: Noite Transfigurada,
Cinco peças para Orquestra, Pressentimento, O Passado, O acorde
cambiante, Peripécia, O Recitativo obbligato, e outros mais.

HINDEMITH, Paulo (1893) – nascido na Alemanha. Obras


principais: Sinfonia, Os quatro temperamentos, etc.

Entre os músicos brasileiros contemporâneos figuram


destacadamente: Heitor Vila Lobos, Francisco Mignone, Camargo
Guarnieri, Lorenzo Fernandez, Assis Republicano, e outros, cujos dados
biográficos encontram-se mais adiante, ao tratarmos da Música Brasileira.

A MÚSICA BRASILEIRA NO BRASIL

A música no Brasil Colonial muito pouco desenvolvimento teve, pois


praticava-se quase que exclusivamente a música religiosa.

Segundo Guilherme de Melo, a música popular é que começou a


individualizar-se com a fusão dos elementos colonizadores. Caracterizaram-
se assim os “três tipos populares da arte musical brasileira: o lundu, a
tirana e a modinha, dos quais o primeiro foi importado pelo africano, o
segundo pelo espanhol e o terceiro pelo português.

Luis Heitor, na sua obra, Música e músicos do Brasil, diz:

É na música, entre todas as atividades artísticas, que o gênio brasileiro


conseguiu realizar alguma coisa fortemente original e diferenciada dos
moldes europeus. E essa afirmação de uma arte nacional não é obra exclusiva
da geração viva, como se diz comumente, sempre que vem à tona o assunto,
ela já era perfeitamente consciente em Alexandre Levy e Francisco Braga –
um remanescente do nosso romantismo musical – e chegou à realização
integral, pelo menos pragmática, na obra de Alberto Nepomuceno, que afinal
de contas só tem de europeu a disciplina, que em si mesma não pode ser nem
europeia nem americana, pois é universal… E por acaso o vocabulário de
Vila-Laos, Lorenzo Fernandez, Mignone ou Camargo Guarnieri, não é,
também, europeu, isto é, o vocabulário da música própria, dentro da qual
cabem todos os estilos, pela qual podem passar todas as épocas e da qual
independem as tendências individuais.

Há uma realidade musical brasileira, na função criadora de nossos


artistas, e começa a havê-la, não tenhamos dúvida, na compreensão popular,
na formação de uma consciência artística nacional.

FOLCLORE

A palavra folclore tem origem no inglês arcaico: folk – povo, e lore –


ciência, e significa, mais ou menos: a ciência ou saber popular.

Folclore é, pois, o ramo de estudos que versa sobre o conjunto das


tradições de um povo, ou seja, dos seus velhos costumes, das suas lendas,
mitos, contos, danças e cantos populares e superstições.
Naturalmente que se fazia necessário um estudo que conservasse esse
conjunto de costumes, lendas, etc., pois tudo isso era recolhido por tradição
oral.

O estudo do folclore está, hoje em dia, amplamente difundido, e pode-


se dizer com segurança, é assunto dos mais atraentes.

No Brasil, o folclore é variado e rico.

Vejamos alguns exemplos:

Lendas: o saci-pererê (negrinho de uma perna só, de barrete


vermelho, que deita fumo pela boca), a mãe d’água (ou iara, mulher
fantástica, sereia dos rios e dos lagos), negrinho pastoreio (menino escravo,
cujo senhor mandou matar por ter deixado fugir um “petiço (cavalo
pequeno), e que costuma correr a noite pelos montes, à procura do animal),
etc.

Contos: o sapo que foi a festa no céu, história da baratinha, etc.

Superstições: passar por baixo da escada (traz pouca sorte), jogar sal
no fogo (para que as visitas desagradáveis saiam logo, sem demora), espalhar
pimenta no chão (traz brigas e desavenças), etc.

DANÇAS FOLCLÓRICAS

Congada, Maracatu, Bumba-meu-boi, etc. (danças baseadas em


determinados assuntos, com uma parte representada).

Dança dos Pajés, Dança dos Tapuios, Caboclinhos, etc. (danças


baseadas em costumes selvícolas = vive ou nasce na selva).

Dança-dos-jardineiros, dança-da-cana-verde, etc. (danças baseadas


em determinado assunto).
A esses tipos de bailados populares brasileiros, com uma parte
representada, e calçadas num assunto qualquer, deu Mário de Andrade a
denominação de danças dramáticas.

Outros tipos de dança:

Côco, Cateretê, Samba, Frevo, etc. (todas essas danças são cantadas,
com exceção do Frevo).

Cantigas infantis:

Entre as cantigas infantis predominam as cantigas de roda: ciranda,


cirandinha, nesta rua tem bosque, atirei o pau no gato, etc.

Além das cantigas de roda, há grande número de cantigas de ninar e


brinquedos cantados.

Pregões:

São melodias, geralmente curtas, com palavras referentes aos objetos


oferecidos à venda.

Desafio:

É um torneio entre dois cantadores, que se fazem acompanhar por


violas, pandeiros, e se combatem com seus cantos, até que um se dê por
vencido.

Modinha:

É a canção amorosa e sentimental.

No centro e no sul do país é conhecida como modinha, no Nordeste,


é chamada moda.

Exemplo: a casinha pequenina, Maringá, Mulher rendeira, etc.


DADOS BIOGRÁFICOS DE MÚSICOS BRASILEIROS

Agnello França (1875 – 1964) – nasceu em Valença, no Estado do


Rio.

Agnello França foi compositor de classe e um dos nossos maiores


mestres de Harmonia.

Seu livro, a Arte de Modular é, na opinião de vários autores, não só


brasileiros, mas também da Academia de Artes e Letras de Paris,
considerado uma obra-prima, um trabalho do mais alto valor. Como
compositor possui volumosa bagagem de produções em vários gêneros.

Entre outras obras citaremos: duas Missas, Ave-Maria, Parasitas


(ópera de costumes brasileiros). Suite (para quarteto de cordas), vários hinos
e canções, e peças para piano.

Agnello França alta à finura do seu trato ao amor à arte, o culto dos
princípios e o fundo religioso dos sentimentos que constituem a nota vibrante
do seu caráter.

Vários dos atuais professores catedráticos da Escola Nacional de


Música foram seus discípulos, entre os quais se encontra a autora deste
(Maria Luisa de Mattos Priolli).

Agnello França recebeu o título de Professor Emérito da


Universidade do Brasil.

Alberto Nepomuceno (1864 – 1920) – nasceu em Fortaleza, no


Ceará. É um dos mais inspirados compositores brasileiros, tendo colaborado
grandemente para a formação da música brasileira. Iniciou os estudos com
professores da sua cidade natal, vindo depois para o Rio de Janeiro, onde
ingressou no Conservatório de Música.
Realizou uma série de concertos no Norte, com Frederico Nascimento,
violoncelista, seu maior amigo. Estudou em Roma, na Academia de Santa
Cecília, com Terziani, e na Alemanha, na Meister Schule, estudou
composição com Arno Kleffel, e piano com Erlich.

Foi nomeado diretor do Instituto Nacional Música em 1903. Dirigiu


os concertos da Exposição de 1908, e dois anos mais tarde foi convidado
pelo Governo Brasileiro para dirigir os concertos de música brasileira na
Exposição de Bruxelas.

Foi professor de órgão do Instituto de Música.

Da sua grande obra citaremos: a ópera Abul, Sinfonia em som menor,


Suite Brasileira, um Trio (para piano, violino e violoncelo), várias músicas
para piano, grande número de peças para canto).

Alberto Nepomuceno foi, com o professor Carlos de Carvalho, um


dos batalhadores da campanha do canto em português no Instituto da Música.

Ana Carolina Silva Pereira de Souza – nascida em Belém, Estado


do Pará.

Marcante vocação, pianística, Ana Carolina teve aos 5 anos, como


professor o Maestro Alípio César, e, em seguida o pianista e professor
Paulino Chaves, ambos no seu Estado Natal.

Vindo para o Rio de Janeiro, ingressou na Escola Nacional de Música,


onde estudou piano sob a orientação do professor Luís Amábile e conquistou
o 1º prêmio – medalha de ouro.

Depois de diplomada fez curso de aperfeiçoamento com o professor


Joseph Turczinski.

Como virtuose, Ana Carolina fez-se ouvir em todas as capitais do


Estado e algumas das principais cidades do Brasil e Repúblicas Platinas,
recebendo da crítica os maiores elogios. Como solista tem se apresentado
com as orquestras Sinfônica Brasileira, do Teatro Municipal, Rádio
Educativa e na Série Oficial da Escola de Música da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.

Como professora, ingressou por concurso como Docente-Livre de


piano da Escola Nacional de Música, sendo atualmente professora Titular
por concurso de títulos e provas (deste concurso, presidiu o Júri a autora
desta obra). É também professora do Conservatório Brasileiro de Música,
Professora Honorária do Instituto de Música da Bahia, Membro da Academia
Amazonense de Letras, fundadora da Escola de Música Ana Carolina (em
Manaus), professora catedrática do Conservatório Carlos Gomes (em Belém
do Pará) e Membro Titular da Academia Nacional de Música.

Ana Carolina, professora devotada, tem diversos alunos laureados no


Brasil e no Exterior, bem como, alguns deles, já professores em vários
Conservatórios e Academia de Músicas.

ANA MARIA RIBEIRO FIUZA (1911)

Nasceu no Rio de Janeiro.

É Professora Titular de Dicção da Escola de Música da Universidade


Federal do Rio de Janeiro. Diplomou-se em Canto, na mesma escola, onde
conquistou o 1º prêmio – Medalha de Ouro. É também bacharel em Ciências
Jurídicas e Sociais e em Línguas Neo-Latinas.

Ingressou no magistério como professora de Canto, no Conservatório


Brasileiro de Música e como professora de Filosofia Romântica (na ausência
do titular da cadeira), na Faculdade de Filosofia da Universidade do Estado
da Guanabara.

Dotada de excelente voz (meio-soprano), bem timbrada e muito


elegante na arte de bem dizer, Ana Maria Fiuza, participou de temporadas
oficiais de ópera no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por várias vezes integrou
o elenco da Momédie Française do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Foi solista da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira), sob a regência de


Eleazar de Carvalho. Foi ainda intérprete de Villa-Lobos, Lorenzo
Fernandez e J. Octaviano, em concertos sinfônicos, sob a direção dos
respectivos autores.

Ana Maria Ribeiro Fiuza é membro Titular da Academia Nacional de


Música e Doutor em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ARNALDO REBELLO (1905)

Natural de Manaus, onde iniciou os estudos de música.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro, entrou para o Instituto Nacional


de Música. Foi aluno de Godofredo Leão Velloso, aperfeiçoando-se mais
tarde, em Paris, com Roberto Casadesus, em virtude de Bolsa do Governo
Federal.

Fez concurso para Livre-Docente e posteriormente, para professor


Catedrático da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(antigo Instituto Nacional de Música). Tem obtido sempre grande sucesso
em sua carreira de concertista, solando com as principais orquestras do país.

Arnaldo Rabello é também compositor, e um desses raros


compositores de quem se pode dizer que à música tem sabor. Trata-se de um
tipo de música bem feita, chegando mesmo, algumas vezes, a guardar
estruturação acadêmica. Todavia, a melodia, e a harmonia de Arnaldo
Rabello tem um quê inconfundível do autor, especialmente a melodia dos
sons musicais, como os mais rebeldes.

É a simplicidade, espontaneidade, ausência de complicações e, muito


naturalmente, também, a arte de saber fazer música.
Suas composições mais divulgadas são: Quatro Valsas Amazônicas, 6
Prelúdios Amazônicos, Lundu amazonense, Tarumã, Choro em oitavas,
Caboclo maginando e A menininha da rosa (da série infantil), para piano,
toada bare, cantigas para canto.

Arnaldo Rabello – solista do piano (Sinter)

Ameno Resedá (clube do Disco)

O piano de Norte a Sul (sociedade Uirapuru)

Arnaldo Rabello e Marçal Romero interpretam canções de Arnaldo


Rabello (Academia Santa Cecília).

Arnaldo Rabello é membro Titular da Academia Nacional de Música.

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