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DETERGENTS AND COSMETICS Experimental script for manufacturing (in


portuguese); DETERGENTES E COSMÉTICOS Roteiro experimental para
fabricação

Presentation · February 2012


DOI: 10.13140/RG.2.2.26478.61769

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Francisco Sávio Gomes Pereira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO
CAMPUS RECIFE - CURSO: TÉCNICO EM QUÍMICA INDUSTRIAL
DISCIPLINA: PROCESSOS QUÍMICOS INDUSTRIAIS
CAMPUS IPOJUCA - CURSO: TÉCNICO EM QUÍMICA
DISCIPLINA: CONTROLE DE QUALIDADE
PROFESSOR: FRANCISCO SÁVIO GOMES PEREIRA

ESTUDANTE:____________________________________TURNO:_________DATA:_______

DETERGENTES & COSMÉTICOS – ATIVIDADE PRÁTICA


FABRICAÇÃO DE ALGUNS PRODUTOS COM OS COMENTÁRIOS DO CONTROLE DE QUALIDADE

1. DOMISSANITÁRIOS OU PRODUTOS DE LIMPEZA – 1ª PARTE


1.1. OS PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA FORMULAÇÃO
Formular pode ser comparado a criar uma obra de arte. Uma formulação deve ser uma composição balanceada e
harmônica de diversos componentes com efeitos sinérgicos entre si. Nesta composição haverá sempre um ou mais
componentes ativos que tendem a personalizar o produto em função do campo de sua aplicação. Essa formulação é
complementada com outros componentes como: solventes, cargas, conservantes, emulsionantes, dispersantes,
sequestrantes, veículos, dentre outros. Estas denominações são adequadas e direcionadas aos campos ou áreas
correspondentes e estão listadas de forma abrangente e genérica. Os componentes podem, inclusive, apresentar mais
de uma classificação na formulação dependendo da sua atuação.
Portanto, a formulação deve apresentar o(s) componente(s) principal(is) e os complementares. Os complementares
podem ser todos reunidos e incluídos como coadjuvantes.
Essa história ficaria menos confusa se no rótulo de um produto lançado apresentasse os nomes oficiais dos
componentes envolvidos, cabendo aos especialistas e responsáveis técnicos das áreas governamentais e
empresariais avaliarem a eficácia dos produtos baseando-se nesta composição.
Na prática isto é desviado sutilmente e, muitas vezes, observamos misturas de nomes técnicos, comerciais e genéricos
no rótulo de um produto comercial na citação de sua composição.
Trazendo esta idéia para os campos domissanitário (produtos de limpeza) e cosmético podemos estabelecer
determinadas categorias de componentes e agrupá-los em algumas classificações. Eis alguns exemplos: Tensoativos,
Emulsionantes, Veículo Conservantes, Alcalinizantes, Solubilizantes, Acidificantes, Sequestrantes, Cargas e outras
classificações que não ocorreram em nossa mente no momento. Essas categorias serão explicadas posteriormente.

1.2. DETERGENTES ANIÔNICOS

1.2.1. DETERGENTE BASE CONCENTRADO – DBS 25


É um detergente concentrado aniônico a base de ácido p-dodecil benzeno sulfônico 90% neutralizado com soda
cáustica em solução a 50%. O resultado é um sal de ácido sulfônico (dodecil benzeno sulfonato de sódio com
concentração média de 25%, ou especificamente, aproximadamente 22,5% de ativos, pois o ácido sulfônico contém
10% de impurezas não detergentes.
É um produto de alta versatilidade na preparação de soluções detergentes comerciais como lava louças, lava pisos,
lava roupas, lava autos e outros preparados domissanitários que tenha compatibiliade com este sal (só não pode
associar com tensoativos catiônicos dos tipos clássicos quaternários de amônio) para evitar suas perdas de
propriedades simultâneas por precipitação de sais tensoativos insolúveis.
Nas formulações seguintes de limpeza, o DBS 25 é muito bom e prático, pois o fabricante irá realizar apenas uma
neutralização do ácido sulfônico e nas preparações comerciais usar o processo de diluição e, quando necessário,
ajuste de viscosidade do produto final.

DETERGENTE BASE CONCENTRADO – DBS 25


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Componentes
Ácido sulfônico 90% .......................................... 250 mL
Soda cáustica líquida 50% ................. quantidade suficiente para neutralizar o ácido (pH = 7,0)
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro..

Método de Preparo
1. Colocar 700 mL de água num recipiente de plástico e acrescentar o ácido sulfônico, misturar suavemente e
neutralizar com soda líquida até obtenção de pH 7,0 (usar papel indicador de pH para acompanhar o ponto final da
neutralização);
2. Acrescentar o complemento da água;
3. Homogeneizar bem esperar que a mistura esfrie. Se não for usar de imediato, colocar cerca de 10 mL de
conservante a base de isotiazolinona para evitar degradação (ficar podre).
Nota: Este concentrado servirá para produzir: detergente lava-louças, xampu automotivo, detergente lava roupas e
outros que sejam a base de ácido sulfônico como tensoativo aniônico de interesse.

1.2.2. DETERGENTE LAVA LOUÇAS


É um detergente destinado para limpeza de superfícies de porcelana, vidros, alumínios ou outras laváveis. Sua fórmula
pode ser baseada em alguns tensoativos e acrescentando-se outros produtos para proporcionar características
especiais, principalmente o desengraxe da superfície.
Este detergente é formulado geralmente em pH neutro (7,0) por ser um produto de contato imediato com as mãos dos
usuários.
Os aditivos mais especiais são tensoativos desengordurantes (do tipo nonil fenol etoxilado) e pequenas quantidades de
alcalinizantes orgânicos, principalmente a trietanolamina e a monoetanolamina, mantendo-se um pH ligeiramente
alcalino (7,5) com esses produtos.
Mesmo mais eficiente com pH alcalino, não devemos usar excesso de soda cáustica para este fim, pois evitaremos o
ataque nas mãos (agressividade e alergia).
O detergente lava louças deve produzir uma limpeza eficiente da superfície deixando-a desengordurada. O nível de
espuma do produto depende da forma de uso, se manual ou através de máquinas, além de uma concentração de
ativos tensoativos adequada.
A fórmula é complementada com alguns coadjuvantes de interesse como espessantes, sequestrantes e finalizada com
os personalizadores corantes e essências.

DETERGENTE LAVA LOUÇAS


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)
Componentes
DBS 25 ........................................................... 200 mL
Lauril éter sulfato de sódio ................................ 20 mL
Amida 80% ....................................................... 10 mL
Uréia técnica .................................................... 10g
Conservante .................................................... quantidade suficiente
Corante em solução ......................................... quantidade suficiente
Essência desejada .............................................. 2 mL
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2013 Página 2


Sal (cloreto de sódio).................................. quantidade suficiente para engrossar o produto.

Método de Preparo
1. Colocar 500 mL de água num recipiente de plástico, acrescentar o DBS 25 e misturar suavemente para
homogeneizar, evitando a formação de espuma;
2. Acrescentar o lauril e a amida e misturar bem;
3. Acrescentar a uréia, o conservante, a essência, o corante e o complemento da água;
4. Homogeneizar bem, esperar que a mistura esfrie e finalizar com adição de solução saturada de cloreto de sódio
(sal). (Cuidado: o volume não deverá ultrapassar 1L e a viscosidade deverá ser máxima).

Nota:
Se desejar um produto mais eficiente na limpeza, acrescentar 5 mL de nonil fenol etoxilado na segunda etapa. O
produto final apresentará uma viscosidade menor que este proposto, mas o efeito de limpeza e desengorduramento
serão maiores.

1.2.3. XAMPU AUTOMOTIVO


É um detergente específico para superfícies automotivas pintadas. Sua fórmula pode ser inspirada na de
um lava-louças aumentando-se a concentração de alguns tensoativos e acrescentando-se produtos para
proporcionar características especiais, principalmente o brilho da superfície.
Os aditivos mais especiais são emulsões de ceras e silicones, além de tensoativos desengordurantes e
pequenas quantidades de alcalinizantes orgânicos, principalmente a trietanolamina e a
monoetanolamina.O xampu automotivo deve produzir uma limpeza eficiente da superfície deixando-a
brilhante. O nível de espuma do produto depende da forma de uso, se manual ou através de máquinas
em lava-jato.
O pH desse produto é normalmente alcalino (entre 8 e 10), porém com alcalinizantes orgânicos como
trietanolamina ou monoetanolamina que funcionam também como solventes de resíduos oleosos e
abrilhantadores superficiais.
Os silicones incorporados produzem um efeito “repelente de água” após secagem da pintura e
intensificadores de brilho superficial.

XAMPU AUTOMOTIVO ESPECIAL


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Componentes
DBS 25 ............................................................ 350 mL
Lauril éter sulfato de sódio ............................... 50 mL
Amida 80% ....................................................... 10 mL
Nonil fenol etoxilado ......................................... 10 mL
Anfótero betaínico .ou espessante EP.............. 10 mL
Trietanolamina ................................................... 1 mL
Dimeticone ou dimeticone copoliol ..................... 2 mL ou 5 mL (conforme o silicone escolhido)
Uréia técnica ...................................................... 10g
Conservante .................................................... quantidade suficiente
Corante em solução ......................................... quantidade suficiente
Essência desejada .............................................. 2 mL
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro
Sal (cloreto de sódio).................................. quantidade suficiente para engrossar o produto.

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2013 Página 3


Método de Preparo
1. Colocar 500 mL de água num recipiente de plástico, acrescentar o DBS 25 e misturar suavemente
para homogeneizar, evitando a formação de espuma;
2. Acrescentar o lauril, a amida, o nonil, o anfótero (ou espesante EP), o dimeticone ou dimeticone
copoliol e misturar bem;
3. Acrescentar a uréia, o conservante, a essência, o corante e o complemento da água;
4. Homogeneizar bem, esperar que a mistura esfrie e finalizar com adição de solução saturada de
cloreto de sódio (sal). (Cuidado: o volume não deverá ultrapassar 1L e a viscosidade deverá ser
máxima).

Nota:
Se quiser produto opaco, substituir uréia por poliblanc (dispersão acrílica emulsionada opacificante).

1.2.4. LAVA ROUPAS LÍQUIDO


O termo sabão não é aconselhado para esse produto. Na verdade trata-se de um detergente sintético preparado com
diversos tensoativos destacando-se os sais derivados do ácido sulfônico aditivados com diversos ingredientes que
possuem efeitos específicos.
São mais eficientes que os sabões tradicionais por não sofrerem praticamente influência da água empregada nas
lavagens e produzirem maiores resultados visuais, olfativos e limpeza.
São compostos basicamente das seguintes matérias-primas: tensoativos, agentes branqueadores, cargas, aditivos
especiais, essência, corante, sequestrante e água.

LAVA ROUPAS LÍQUIDO


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)
Componentes
DBS 25 ............................................................ 450 mL
Lauril éter sulfato de sódio ............................... 80 mL
Amida 80% ....................................................... 10 mL
Nonil fenol etoxilado ......................................... 20 mL
Anfótero betaínico .ou espessante EP.............. 20 mL
Trietanolamina ................................................... quantidade suficiente para ajuste de pH para 8.
Tripolifosfato de sódio ...................................... 50 g
Poliblanc .............................................................. 10 mL
EDTA tetrassódico ............................................... 5 g
Conservante .................................................... quantidade suficiente
Corante em solução ......................................... quantidade suficiente
Essência desejada .............................................. 2 mL
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro
Sal (cloreto de sódio).................................. quantidade suficiente para engrossar o produto.
Método de Preparo
1. Colocar 500 mL de água num recipiente de plástico e dissolver energicamente o tripolifosfato e o
EDTA;
2. Acrescentar o DBS 25 e misturar suavemente para homogeneizar, evitando formação de espuma;
3. Acrescentar o lauril, a amida, o nonil, o anfótero (ou espesante EP), o poliblanc e misturar bem;
4. Acrescentar o conservante, homogeneizar e ajustar o pH para 8 com trietanolamina;
5. Acrescentar a essência, o corante e o complemento da água;
5. Homogeneizar bem, esperar que a mistura esfrie e finalizar com adição de solução saturada de
cloreto de sódio (sal). (Cuidado: o volume não deverá ultrapassar 1L e a viscosidade deverá ser
máxima).

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2013 Página 4


Notas:
1. Desejando-se um produto com aspecto perolado, acrescentar 50 mL de base perolizante previamente
dissolvida em água e adicionar na mistura no momento de colocar o poliblanc;
2. Pode-se transformar este lava-roupas em especial acrescentando-se branqueadores ópticos e outros aditivos
otimizadores de ação de limpeza.
3. Pode-se converter este lava roupas em um “sabão líquido” de coco não usando corante e utilizando a essência
característica desse produto.
4. Esta fórmula é bastante rica em ativos e componentes, é possível simplificar em quantidades e qualidade,
porém a eficiência é diminuída.

1.3. DETERGENTES CATIÔNICOS

1.3.1. DESINFETANTES OU GERMICIDAS


Para os fabricantes artesanais de produtos de limpeza, os desinfetantes são os produtos mais fáceis de
fabricar por não precisar ajustar pH ou viscosidade (“engrossar o produto”).
Na verdade o que a maioria está produzindo é uma mistura de substâncias que tem mais características
de aromatizadores do que de desinfetantes, ou, de forma engraçada, as famosas “águas de cheiro”.
Tecnicamente falando os desinfetantes ou germicidas devem apresentar como característica principal o
poder de sanitização, ou seja, reduzir, inibir ou eliminar o crescimento de microrganismos, principalmente
patogênicos (causadores de doenças).
Os microrganismos mais comuns no nosso cotidiano são as bactérias, os vírus, as algas, os fungos, as
leveduras e os protozoários. Destes microrganismos os mais difundidos e combatidos são as bactérias.
Em função do tipo de microrganismo a ser eliminado, os desinfetantes podem receber nomes particulares
como: bactericidas, algicidas, virucidas, fungicidas etc.
Portanto, na formulação de um desinfetante devemos incluir OBRIGATORIAMENTE um ou mais agentes
sanitizantes. Os agentes sanitizantes mais comuns são: hipoclorito de sódio (cloro comercial), formol,
cloreto de benzalcônio, derivados fenólicos (ex: orto-benzil para-clorofenol), peróxido de hidrogênio
(água oxigenada) etc.
A escolha do sanitizante deve ser feita de forma coerente e científica, pois os desinfetantes são
enquadrados no Ministério da Saúde como produtos de grau II, ou seja, precisam confirmar a propriedade
de sanitizar a superfície que está sendo aplicado para receber registro oficial.
A formulação de um desinfetante então deve incluir um ou mais sanitizantes aditivados com outras
matérias-primas para implementar características comerciais, principalmente o perfume e a cor.
Os desinfetantes transparentes dão uma melhor impressão de qualidade, porém, o mercado popular
absorve melhor os opacos com resinas acrílicas do tipo brancol.
De uma forma ou de outra devemos ter em mente a seguinte condição:
UM DESINFETANTE DEVE CONTER AGENTES SANITIZANTES EM QUANTIDADE E QUALIDADE DE
FORMA QUANDO O CONSUMIDOR DILUIR O PRODUTO OS INGREDIENTES ATIVOS AINDA SEJAM
CAPAZES DE ELIMINAR OS MICRORGANISMOS HABITANTES DAQUELA SUPERFÍCIE.
Obviamente que a eficiência do produto está diretamente relacionada ao tempo de contato com a
superfície.
Alguns desinfetantes clássicos apresentam uma característica ilusionista ou efeito “mancha branca”
quando diluídos em água. Esse efeito visual pode parecer eficiência do produto porém, muitas vezes, é
apenas impacto de mudança de solubilidade de produtos da formulação com o meio que está havendo
contato (normalmente a água da diluição).

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2013 Página 5


Em linguagem popular, muitas vezes o famoso “cloro” ainda é mais eficiente do que muitas “águas de
cheiro” que alguns insistem em fabricar.
A sugestão apresentada é apenas uma dentre diversas possibilidades de formulações e envolve
componentes relativamente nobres, classificando-se como uma de classe A, podendo ser alterada sem
sacrificar o conhecimento técnico nem a sua aplicabilidade.

DESINFETANTE MULTIUSO TRANSPARENTE ESPECIAL


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)
Componentes
Nonil fenol etoxilado ......................................... 20 mL
Cloreto de benzalcônio ..................................... 30 mL
Cloreto de cetil trimetil amônio ......................... 10 mL
Corante em solução ......................................... quantidade suficiente
Essência desejada .............................................. 2 mL
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro.

Método de Preparo
1. Colocar 500 mL de água num recipiente de plástico;
2. Acrescentar o nonil, o benzalcônio, o cetil e a clorexidina e misturar bem;
3. Acrescentar a essência, o corante e o complemento da água;
4. Homogeneizar bem, esperar que a mistura estabilize e embale.
Notas:
1. Desejando um produto opaco, acrescentar 3 a 5 mL de brancol ou poliblanc (estes produtos
reduzem um pouco da atividade da essência);
2. A essência e o corante farão o diferencial do desinfetante e devem ser escolhidas de forma
harmoniosa (combinar de forma adequada).

1.3.2. AMACIANTE DE ROUPAS


Praticamente consiste de um sal quaternário de amônio (tensoativo catiônico) derivado do sebo acrescido de essência,
conservante e perfume.
A molécula mais comum para essa preparação é o cloreto de diestearil dimetil amônio ou simplesmente, base para
amaciante. Essa molécula é muito versátil, pois tem a propriedade de absorver água funcionando como uma “esponja”,
com isto ocorre aumento de volume e, por consequência, de viscosidade. Este sistema consiste numa pseudo-
emulsão.
A água para preparação do amaciante deve ser de boa qualidade e mole, isto é, tratada e com a mínima quantidade de
sais dissolvidos. O excesso de sais na água e o aumento da sua temperatura provocam redução drástica de
viscosidade do produto final formulado.
A concentração de substância ativa mais comum para esse quaternário de amônio é 75% porém, se não houver
observância de utilização correta pode haver dificuldades de uniformização e padronização de produtos formulados. O
quaternário na concentração de 75% forma duas camadas e na hora do uso deve ser homogeneizado bem.
O mercado está oferecendo este produto numa concentração menor em torno de 50%, acrescido de solventes inertes
para facilitar o manuseio e produção do amaciante.
No primeiro caso, a preparação do amaciante pode levar de 12 a 24 horas enquanto neste segundo, no máximo em 3
horas. Evidentemente que estamos falando de produção artesanal.
Além dessa preparação a frio pode-se preparar amaciantes a quente formando-se emulsões verdadeiras com
quaternários de amônio e materiais graxos diversos.
O par mais comum é o álcool cetoestearílico com o cloreto de cetil trimetil amônio (tensoativo catiônico).
Apresentaremos uma sugestão de preparação a frio.

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2013 Página 6


AMACIANTE DE ROUPAS A FRIO
(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Componentes
Base de amaciante líquida adequada ............. 100 mL
Ácido cítrico ...................................................... 5 g
Cloreto de benzalcônio ...................................... 5 mL
Clorexidina (se disponível) ................................. 5 mL
Corante em solução (adequado – cuidado na escolha) ..................... quantidade suficiente
Essência desejada .............................................. 2 mL
Água ................................................................ o que falta para completar 1 litro

Método de Preparo
1. Colocar 500 mL de água num recipiente de plástico e acrescentar o ácido cítrico, o cloreto de
benzalcônio e a clorexidina;
2. Acrescentar a base de amaciante (quaternário de amônio comercial para este fim) e homogeneizar
bem;
3. Acrescentar a essência, o corante e o complemento da água;
4. Homogeneizar bem, esperar estabilizar e embalar.

2. COSMÉTICOS – 2ª parte

2.1. COSMÉTICOS CAPILARES

2.1.1. XAMPUS
São preparações cosméticas destinadas à limpeza superficial destacando-se os capilares e os corporais.
Os corporais são mais comumente denominados de sabonete corporal ou banho de espuma, porém apresentam
formulações bem semelhantes aos capilares.
Os xampus capilares são os mais difundidos, afinal o cabelo é um dos itens que inspira o maior cuidado nas diversas
classes sociais, pois podem apresentar inclusive, a tendência da moda atual (essa classificação está relacionada
basicamente ao corte, formas ou tratamentos destinados ao cabelo em cada época).
Esses xampus constituem-se de misturas equilibradas de ingredientes diversos prevalecendo os tensoativos.
Os tensoativos possuem propriedades versáteis e algumas classificações. Uma dessas classificações é quanto à
ionicidade de suas estruturas que são aniônicas, não-iônicos, anfótericos e catiônicos. Os mais comuns em xampus
capilares são os três primeiros detacando-se os aniônicos como os principais e os não-iônicos e anfótericos como
secundários. Os catiônicos são mais usados em xampus enxaguantes ou condicionadores.
Além desses produtos são adicionados em suas formulações aditivos específicos para enquadrá-los em alguma
aplicação, os coadjuvantes e os personalizadores.
Como aditivos de xampus podemos citar: vitaminas, silicones, agentes microbianos, anti-caspa, extratos vegetais, etc.
Como personalizadores temos o corante e a essência ou fragrância e como coadjuvantes ingredientes colaboradores
como conservantes, veiculo, cargas ou auxiliares de reforço de característica de uma matéria-prima.
A fórmula que será fabricada é de um xampu capilar aditivado com extratos vegetais e silicone.
XAMPU CAPILAR ADITIVADO
(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Matérias-primas Quantidades
A. Lauril éter sulfato de sódio 28% 20% - 200 mL
B. Cocoamidopropil betaína 30% 3% - 30 mL
C. Dietanolamida de ácidos graxos de coco 80% 2%- 20 mL
D. Dimeticone copoliol 1% - 10 mL
E. Base perolizante 3% - 30 mL
F. Extrato vegetal hidrossolúvel (se disponível) 1% - 10 mL
G. Conservante adequado 0,5% - 5 mL
H. Essência adequada 0,5% - 5 mL
I. Corante em solução aquosa Quantidade suficiente
J. Água q.s.p. 100%
L. Cloreto de sódio (sal) Quantidade para ajuste de viscosidade
M. Ácido cítrico Para ajuste de pH entre 6,5 e 7,0

Método de preparo
1. Colocar cerca de 50% da água da formulação num béquer adequado;
2. Acrescentar os produtos A, B, C e D e homogeneizar até completa dissolução;
3. Dispersar o produto E em água e incorporar na formulação;

4. Acrescentar os produtos F, G, H e I, complementar com água até cerca de 90% do volume final do produto;

5. Homogeneizar bem, ajustar o pH para 6,5-7,0 com solução de ácido cítrico a 50% e finalizar com adição de
solução saturada de cloreto de sódio (Cuidado: o volume não deverá ultrapassar 100% e a viscosidade deverá
ser máxima).

Notas:
(1) Desejando-se um xampu transparente, eliminar a base perolizante da formulação;

(2) Atualmente existem no mercado o uso de marketing de xampu sem sal, nesta formulação devemos eliminar o
cloreto de sódio e substituir por hidroxietilcelulose na proporção de 1% (este produto deve ser dissolvido
previamente em 50% da água da formulação para ser incorporado e receber os demais ingredientes).

2.1.2. CONDICIONADORES
São preparações capilares de uso secundário, no enxágüe, após lavagem dos cabelos com os xampus.
Essas preparações cosméticas,dão brilho, volume e maciez ao fio do cabelo. Seu uso é semelhante aos xampus.
Primeiro promove-se a limpeza dos cabelos com o xampu preferencial, enxágua-se e aplicasse o condicionador que
deve atuar por alguns minutos para penetração dos componentes na fibra do cabelo e para melhor performance.
Completa-se o tratamento enxaguando com água. O enxágüe deve ser controlado e, em cabelos do tipo seco, deve ser
rápido, diferentemente dos cabelos de tipo oleoso.
Esses produtos têm ação protetora à exposição solar, e ao contato com praias e piscinas, principalmente quando
apresentam filtros solares e silicones em suas composições.
Normalmente formados por emulsões, sendo emulsionantes tensoativos catiônicos e os materiais graxos, os álcoois
graxos, principalmente os cetílico, estearílico e o cetoestearílico. Como tensoativos, os quaternários de amônio,
principamente o cloreto de cetil trimetil amônio.
Além dessas matérias primas, podem ser acrescentados aditivos específicos para potencializar o tratamento do fio do
cabelo, também são necessários corante, essência e acidulantes para reforçar o emulsionante e ajudar a penetração
do condicionado no cabelo.

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2012 Página 8


O creme rinse é o condicionador mais clássico que surgiu e hoje, por necessidade mercadológica e exigência do
consumidor existem muitas denominações para estes produtos, tais como: máscara capilar, revitalizadores, creme de
tratamento, etc., para pequenas variações em sua formula.
A fórmula que será fabricada incluirá silicone e extrato vegetal como aditivos.

CONDICIONADOR CAPILAR ADITIVADO


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)
Matérias-primas Quantidades

FASE A
Álcool cetoestearílico 3% - 30 g
Dimeticone 0,5% - 5 mL
Nipagin 0,2%
Nipazol 0,1%
FASE B
Cloreto de cetil trimetil amônio 50% 3%
Ácido cítrico 0,5%
Água qsp 100%
FASE C
Extrato de aloe vera 1%
Essência 0,5%
Corante em solução aquosa Quantidade suficiente

Método de Preparo:

1. Aquecer os componentes da fase A e da fase B isoladamente a cerca de 80ºC e misturar a


fase B sobre a A e homogeneizar bem;
2. Acrescentar o corante e misturar bem para total incorporação;
3. Resfriar a cerca de 50ºC e acrescentar o extrato e a essência, homogeneizar e esperar
estabilizar para embalar.

Notas:
1. O uso de corante vermelho suave com essência tutti-fruti nos leva ao famoso “creme rinse”.
2. A formulação pode ser ajustada para receber outras denominações como: máscara capilar, creme
tratamento, hidratante capilar, creme para pentear etc. levando em consideração as quantidades de
ingredientes e a intenção do produto comercial.

2.2.3. REPARADOR DE PONTAS


Produto inovador e interessante, pois condiciona o cabelo após a secagem. É considerado um produto livre de óleo ( oil
free), por ser constituído tipicamente de silicones. Essa denominação deverá ser eliminada se for incorporado algum
óleo vegetal, animal ou aditivos naturais que tenham características graxas.
A formulação que será produzida é a clássica siliconada aromatizada com essência suave.

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2012 Página 9


REPARADOR CAPILAR DE PONTAS
(Sugestão para preparação de 100 mL do produto)

Matérias-primas Quantidades
Ciclometicone 30% - 30 mL
Dimeticone 20% - 20 mL
Ciclometicone dimeticonol 50% - 50 mL
Essência adequada q.s.p.

Método de Preparo:
Misturar os ingredientes e homogeneizar bem.

2.2. COSMÉTICOS CORPORAIS


2.2.1. CREME HIDRATANTE
Pode ser constituído por uma emulsão do tipo óleo/água ou água/óleo. As emulsões mais suaves para a pele são do
tipo óleo/água e estes podem ser denominados cremes evanescentes, ou seja, desaparecem sem deixar resíduos, são
protetores da pele contra agressões naturais e evitam a formação de rugas. Dependendo da sua função podem ser
classificados como cremes (realçar a estética), loções (promover limpeza) ou excipientes (quando veículos de um
princípio ativo).
A composição de um creme hidratante é muito versátil, principalmente nos dias atuais pela grande gama de matérias
primas disponíveis. O seu método de preparo consiste na junção de duas fases: a oleosa e a aquosa através do
equilíbrio hidrófilo-lipófilo do meio.
A fórmula prática é de um creme hidratante corporal suave aditivado com óleo vegetal ou miristato de isopropila,
silicone e extrato vegetal.
CREME HIDRATANTE CORPORAL
(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Matérias-primas Quantidades

FASE A

Monoestearato de glicerila 5% - 50 g

Álcool cetoestearílico 5% - 50 g

Álcool cetoestearílico etoxilado (20 mol 0.E.) 5% - 50 g

Óleo vegetal (milho, soja, canola etc) ou MIristato de isopropila 1% - 10 mL

Dimeticone 1% - 10 mL

Nipagin 0,2% - 2 g

Nipazol 0,1% - 1 g

B.H.T. (Butil hidroxi tolueno) 0,1% - 1 g

FASE B

Glicerina bi-destilada 1% - 10 mL

Dimeticone copoliol 1% - 10 mL

Propilenoglicol 3% - 30 mL

FASE C

Extrato hidrossolúvel de aloe vera, pepino ou outro de interesse 1% - 10 mL

Essência 0,5% - 5 mL

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2012 Página 10


Método de Preparo:
1. Aquecer separadamente as fases A e B a 80º C;
2. Acrescentar a fase B sobre a fase A;
3. Misturar bem, esfriar e incorporar a fase C.

2.2.2. DESODORANTES
Preparações cosméticas praticamente destinados a eliminar odores provenientes de decomposição de componentes
orgânicos presentes em líquidos metabólicos, principalmente do suor. O mecanismo de atuação consiste praticamente
na incorporação de ingredientes biocidas em veículos específicos.
Com características semelhantes aos desodorantes existem os antiperspirantes, que seriam bloqueadores do processo
natural da produção do suor.
Os desodorantes mais modernos incluem agentes antiperspirantes em suas formulações e podem se apresentar em
diversas formas sendo as mais comuns a líquida, a cremosa e a gelatinosa.
O produto químico mais utilizado como agente bactericida é o triiclosan e como o agente antiperspirante
(antitranspirante) o cloridróxido de alumínio.

DESODORANTE CREMOSO ANTIPERSPIRANTE E BACTERICIDA


(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)

Matérias-primas Quantidades
FASE A
Monoestearato de glicerila 5%
Álcool cetoestearílico 5%
Álcool cetoestearílico etoxilado (20 mol o.e.) 3%
Triclosan 0,2%
Dimeticone 1%
Nipagin 0,2%
Nipazol 0,1%
FASE B
Glicerina bi-destilada 2%
Propilenoglicol 3%
Dimeticone copoliol 1%
Água q.s.p 100%
FASE C
Clorídróxido de alumínio 5%

Método de Preparo:
1. Aquecer separadamente as fases A e B a 80º C;
.2 Acrescentar a fase B sobre a fase A;
Misturar bem, esfriar e incorporar a fase C.

Nota:
Desejando-se acrescentar essência, incluir após incorporação da fase C.

Processos Químicos e Controle de Qualidade – Sávio Pereira - 2012 Página 11


DESODORANTE LÍQUIDO BACTERIANO
(Sugestão para preparação de 1 litro do produto)
Matérias-primas Quantidades

Álcool extra neutro 70%


Propilenoglicol 5%
Triclosan 0,3%
Dimeticone copoliol 1%
Ciclometicone 1%
Água q.s.p 100%
Essência 3%

Método de Preparo:
1. Dissolver o triclosan e o ciclometicone no álcool
.2 Dilssolver o propilenoglicol e o dimeticone copoliol na água;
.3 Misturar as duas soluções, homogeneizar e acrescentar a essência;
.4 Deixar estabilizar e envelhecer para comercialização e uso.

Nota:
Se o produto ficar ligeiramente turvo, acrescentar mais álcool até obter transparência.

2.2.3. PERFUMES E COLÔNIAS


Produtos cosméticos praticamente formados por misturas clássicas de um veículo, normalmente o álcool, com uma
composição aromática “misteriosa”, o “bouquet” ou “composição perfumada”.
O bouquet consiste de misturas de diversos ingredientes naturais e artificiais composto de poucos a milhares de itens
harmonizados para compor a natureza do perfume.
O termo colônia é comum quando utiliza-se parte da água na formulação, para minimizar o custo e reduzir a
volatilidade do álcoool e , de forma particular, umidificar a composição aromática.
O desenvolvimento da ciência cosmética já sugere perfumes livres de álcoois, sendo os veículos mais eficientes os
silicones voláteis do tipo ciclometicones.
Um perfume clássico é composto de notas de saída ou topo, notas de corpo ou meio e notas de cauda ou pouco
voláteis (conhecido usualmente como fixadores).
Comercializando os perfumes ou águas de colônias diluições desses “corações” ou “bouquet original” aditivados com
substâncias diversas para promover efeitos desejados. Alguns exemplos: triclosan (efeito bactericida), mentol, salicilato
de metila e cânfora (efeito refrescante), extratos vegetais (efeitos calmantes, adstrigentes etc).

DEO-COLÔNIA BACTERICIDA
(Sugestão para preparação de 100 mL do produto)

Matérias-primas Quantidades
Fragrância desejada 15% - 15 mL
Álcool extra neutro 70% - 70 mL
Água destilada ou filtrada q.s.p 100%
Propilenoglicol 5% - 5 mL
Extrato hidrossolúvel de pepino (se disponível) 2% - 2 mL
Triclosan 0,3% - 3 g
B.H.T. 0,2% - 2 g

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Método de Preparo:
1. Dissolver o propilenoglicol e o extrato de pepino na água;
2. Dilssolver o triclosan e o B.H.T. no álcool;
3. Misturar as duas soluções, acrescentar a fragrância e deixar estabilizar para macerar e envelhecer.
(Quanto maior o tempo de maceração, maior a qualidade do produto final – a maceração deve ser feita
em local fresco e isento de luz – não é necessário uso de refrigerador – um armário em temperatura
ambiente é suficiente para tal operação).

Notas:
1. Desejando-se uma formulação de um perfume reduzir a água para, no máximo 5%, e acrescentar silicone
do tipo ciclometicone e ingredientes emolientes para melhorar a substantividade na pele.
2. Existem algumas bases de perfume no mercado para facilitar a preparação deste produto. O importante é
conhecer o fabricante e solicitar a composição qualitativa deste produto e sua quantidade de uso para
esta preparação. Não use qualquer tipo de base de natureza como álcool fixado – é muito relativo e
incompleto esta denominação para efeito de produção de um produto cosmético que terá contato direto
com o usuário.
3. O extrato de pepino é calmante e ao mesmo tempo funciona como umectante e fixador do perfume na
pele.

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS

QUIROGA, Marcial I. & GUILLOT , Carlos F . Cosmética Dermatológica Prática: El Atenneo. Barcelona.

FONSECA, Areliano da & PRISTA, L. Nogueira. Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetologia:


Roca, 1984.

BONADENO, Igino. Cosméticos Extracutáneos: Hoepli, 1964.

CELSON, René. Les Surfactifs em Cosmétologie: Eyrolles, Paris, 1974.

BALISAM, M. S. ett alli. Cosmetics-Sciense and technology: Willey-Intercience, 1972.

BARATA, Eduardo A. Franco. A Cosmetologia: Escher, Lisboa, 1991.

SCHVARTSMAN, Samuel. Produtos Químicos de Uso Domiciliar – Segurança e riscos toxicológicos:


Almed. São Paulo, 1988.

PEREIRA, Francisco S. Gomes, Noções de Cosméticos, Semana Técnica de Química – ETFPE/PE,


1996.

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